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2 AULA 02 MOD 7- NOTAS SOBRE O NASCIMENTO DAS RELIGIÕES - historia-das-religioes-religiosidade/a Professor DR. SAULO HENRIQUE JUSTINIANO SILVA SUMÁRIO 1. Conceitos importantes Olá, alunos! A crença no sobrenatural é inerente à condição humana. Ao longo da história, homens e mulheres criaram para si e para sua comunidade um arcabouço de possibilidades que procuravam entender acontecimentos do mundo material como parte de uma ordem transcendental. A crença em seres sobre-humanos acompanha as sociedades humanas desde os tempos pré-históricos. A necessidade de sobrevivência contra outros predadores fez com que os hominídeos utilizassem a natureza a seu favor. O ato de transformar a natureza para o próprio benefício é chamado de “trabalho”, portanto, ao trabalhar, os seres humanos passaram a se sobressair quando comparado a outros animais. Apesar do “domínio” de alguns aspectos do mundo natural, os primeiros humanos perceberam que existiam fatores que não estavam ao seu alcance, como as variações temporais, chuvas, ventos, estiagem, neve, etc. A busca de explicação para a realidade vivenciada culminou na crença em seres sobrenaturais, o que controlava o que era incontrolável aos seres humanos. Esse processo que se deu no período neolítico, durante a Revolução Agrícola, também possibilitou o desenvolvimento da noção de consciência, responsável pela descoberta da finitude. Marilena Chauí (2012) traz uma história interessante para a compreensão desta noção de consciência: “[...] um filósofo disse que somente os seres humanos sabem que são mortais, e outro escreveu: ‘o animal acaba, mas o homem morre’” (p. 172). A consciência acerca do tempo e consequentemente da finitude desenvolveu nos humanos a crença em uma vida que não se extingue neste plano. A palavra religião vem do latim religare, que significa ligar novamente. Deste modo, religião nada mais é do que a tentativa de seres-humanos se ligarem à esfera do Sagrado. O outro plano é a esfera de seres maiores, controladores da natureza e de todas as coisas inalcançáveis aos humanos. Essa é a esfera que conhecida como sagrado; o que é secreto, o que foge na explicação do natural. O sobrenatural é a essência por trás dos movimentos do mundo real. É habitado por seres superiores, seja Deus, antepassados, deuses controladores da natureza, etc. É o sobrenatural que fortalece o fiel enfermo e levanta os caídos. O contato com o Sagrado requer simbolismos próprios e se faz por meio do rito, do símbolo, do culto e de maneira que provoque ruptura com o não sagrado, ao qual chamamos de profano, ou seja, a base do mundo cotidiano. O rito é fundamental para ligar o humano da esfera profana para a esfera sobre-humana. Segundo Eliade, o sagrado existe em oposição ao profano e se constitui na concepção de um mundo trans-humano, comumente de origem divina, que diz respeito à existência de uma transcendência que extrapola os quadros da realidade imediatamente visível e sensível. Esse “sagrado” se revela no mundo através de determinados sinais e elementos, os quais são chamados hierofanias. Conceitos importantes Ao longo de milênios, a maneira como os humanos se relacionaram com o Sagrado apresentou diversas formas, e a fim de estabelecer similaridades e diferenças entre as religiões, historiadores, teólogos e sociólogos das religiões estabeleceram as seguintes definições: · Animismo: Considerado o estágio religioso mais primitivo. As crenças animistas baseiam-se na ideia de que todas as formas identificáveis na natureza dispõem de alma e agem de modo intencional no mundo dos viventes. · Panteísmo: Do grego Pan (tudo) Theos (deus). Crença de que a divindade pode ser identificada como uma grande força da natureza e, dessa forma, tudo pode ser expressão da divindade. · Politeísmo: Do grego Poli (vários) Theos (deus). Crença que admite a existência de vários deuses, geralmente ligados a aspectos da natureza. · Monoteísmo: Do grego Mono (um) Theos (deus). Crença de que só existe um deus. · Ateísmo: Do grego Atheos, ou seja, “sem deus”. O ateísmo é a crença na não existência de deus, deuses ou de seres divinos. ANIMISMO PANTEÍSMO POLITEÍSMO MONOTEÍSMO ATEÍSMO Com o passar do tempo, a religião constituiu um modo específico e normativo de lidar com o sagrado. A função dos sacerdotes foi importante neste aspecto, no entanto o crente não necessariamente segue as determinações impostas pela Religião, a isso chamamos de Religiosidade, sendo ela a maneira que o fiel estabeleceu por si, ou por um grupo, que deve lhe dar com o Sagrado. Como exemplo de religiosidade, podemos citar hipoteticamente um fiel que, apesar de pertencer ao judaísmo, fazer uma oferenda a Iemanjá, entidade do Candomblé na virada do ano. É certo que do ponto de vista da Religião essa prática é inadmissível, mas da religiosidade não, pois se trata da maneira como a pessoa se relaciona com o sagrado. É importante deixar claro que a Religião e a Religiosidade caminham juntas, mesmo quando combatida pelos líderes religiosos. Fonte: @freepik image1.png image2.jpeg image3.jpeg