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DEODORO, COMANDANTE DAS ARMAS DO R. G. DO SUL - 55 
soal, pela independência e nobreza de suas atitudes e 
seus serviços na guerra, como um dos mais prestigiosos 
generais do nosso Exército. Numa ocasião em que não 
mais existiam Caxias, Os6rio, Polidora, Argolo, Pôrto­
-Alegre, Andrade Neves, Mena Barreto e tantos outros 
heróis da Guerra do Paraguai, D eodoro podia ser tido, 
sem favor, como um dos militares de maior projeção, 
tanto nas fileiras como no cenário político do Império. 
O único que podia ganhá-lo em prestígio e popularidade 
era o Gen1eral Câmara, com a gl6ria que conquistara por 
haver perseguido e acabado com Solano Lopez. 
Não sendo um homem de grandes expansões de 
amizade, Deodoro sabia, no entanto, como angariar 
amigos e criar devoções. Oliveira Lima, que o iria 
conhecer no comêço da República, dizia que êle tinha uma 
cabeça fraca mas um bom coração; que "foi a cabeça 
· que o f êz insurgir-se contra o seu Soberano e atraiçoar 
a sua fé, e foi pelo coração que expiou a sua falta pois 
que, da mesma forma que o Imperador, n1ão quis que 
se derramasse sangue brasileiro para sustentar-se no 
Poder''42 • Para o historiador pemamôucano, D eodoro não 
era um "tarimbeiro vulgar, como o descreveram os seus 
adversários : tinha certa nobreza de sentimentos e certa 
elevação de idéias, se bem que não possuísse ilustração". 
De fato, êle era sabidamente um homem de poucas 
letras, o que aoont-ecia, aliás, com grande número de 
oficiais-generais daquele tempo, que, entrando para o 
Exército ou assentando praça na primeira juventude, mal 
haviam tido tempo de aprender a ler e a escrever. Deo­
doro, por exemplo, assentou l?raça com 16 anos de idade, 
( 42) Oliveira Lima, M em6rlaa. Oliveira Limn q ueria referir-se à situaçl\o 
diflcil em que se encontraria Deodoro depois de haver dissolvido a Cons­
tituinte republicana, ,1uando s6 poderia mnntcr-se no Poder, como f nria 
pouco depois Floriano Peixoto, se tivesse qul·rido enfrentar militnrmcnte 
seus adversários poHticos. Não quis, preferindo renunciar à Presidência 
da República. 
56 - HTh'I'ÓRIA DA QUEDA DO IMPÉRIO 
e não é de crer que depois disso, com as obrigações 
militares que teria, lhe sobrasse tempo para se ilustrar. 
Não se podia dizer que fôsse um homem inteligente. 
Mas como era bom observador e sabia ouvir, aprendia 
com relativa facilidade o que lhe diziam. Seduzia geral­
mente o seu interlocutor pelo seu feitio simples e aco­
lhedor, ao lado de uma rude franqueza de expressões 
que agradava, muito embora por vêzes exagerasse, dei­
xando confusos e meio contrafeitos aquêles que o ouviam. 
Conhece-se a resposta que êle deu quando, já Chefe do 
Govêrno, lhe falaram num projeto de lei instituindo o 
divórcio. Perguntando em que situação ficava a mulher 
divorciada, disseram-lhe que se podia casar de nôvo. 
:E:le então observou: "Isso se chama p ... , e já aqui 
temos há muito tempo". 
· 10 
Generais políticos 
Tem-se dito que "quase todos os generais da Mo­
narquia eram políticos, a começar por Caxias, o espada 
do Partido Conservador", citando-se, em abono dessa 
afirmativa, uma frase do General Tibúrcio, ~ue achava 
"quase impossível deixar-se de fazer política'. Há cer­
tamente exagêro nessa apreciação, sobretudo nessa gene­
ralidade, porque com exceção de uns poucos, pode dizer­
se que de uma maneira geral os militares daquele tempo 
n1ão se metiam em política, ou melhor, não fat..iam 
política43, e muito menos se locupletavam com ela, no 
( 4'3 ) Dentre os mnis conhecidos generais do Segundo Reinado -
Caxias. Os6rio, Polidora , Argolo. mesmo Câmara - pode dizer-se q ue 
o único que era realmente doubM de poHtico, mas visceralmente político, 
político até à alma, era Os6rio, " O ho,nem de São Cristóv'ão, dizia-lhe 
uma vez Caxias referindo-se ao lm!;M'rador, manda perguntar se não é 
possível você deixar d e ser tão pollhco". Sendo um dos mais b rilhantes 
e dos mais bravos dos nossos generais, Martinho Campos dizia que 
apreciava muito mnis nêle o J?.OIÍtico do que o militar. Seria talvez mais 
exnto dizer gue êle era tão bnlhante político quanto o era militar. Porque 
se a sua gl6rin está hoje ligada. sobretudo, aos seus feitos de guerra, 
o certo é que em seu tempo, sua atuação polít ica não deixava de ser 
igualmente elogiada - e requestada, a ponto de seus camaradas apelarem 
para êle sempre que precisavam angariar votos entre n oficialidade e os 
subalternos do Exército. transformando-o, assim, numa espécie de cabo 
eleitoral. Quando Caxias. por exemplo, se candidatou a uma cndeira no 
Senado, foi parn Osório que êle recorreu, apesar dêste ser, politicamente, 
um seu adversário, para o fim d e ir cabalar nos quartéis d e Bagé -
e cabalar forte, dizia Caxias, d eixando "o mais" por conta dêle. E 
acrescentava. justificando o pedido. que se os soldados nft.o votavam, ecos 
cabos e oficiais não deixam de fazer número". De outra vez era o 
Marechal Marques de Sousn, Conde de l'llrto Alegre, q ue apelava igual­
mente para Osório, no sentido de ajudar sua candidah1rn ao Senado, 
"para não ser derrotado. dizia, o que seria uma vergonha". Vergonha 
para êle, Marques de Sousa, é claro. Hoje se diria que era sobretudo 
 
 
 
 
A mão da limpeza 
 
 
(...) 
Ê, imagina só 
O que o negro penava 
(...) 
Negra é a mão de quem faz a limpeza 
Lavando a roupa encardida, esfregando o chão 
Negra é a mão, é a mão da pureza 
(...) 
Limpando as manchas do mundo 
com água e sabão 
Negra é a mão da imaculada nobreza 
(...) 
Gilberto Gil 
 
 
A luta dos negros pela igualdade de direitos contou, nos Estados Unidos, nas décadas de 1950 e 
1960, com a liderança do pacifista Martin Luther King. No Brasil, por meio de sua música, Gilberto 
Gil é uma das vozes que denunciam as condições precárias de vida de parcela dessa população. 
O processo histórico que deu origem à exclusão social de parte considerável da população negra, 
tanto no caso norte-americano quanto no brasileiro, e uma de suas conseqüências estão 
relacionados em: 
a) oficialização do apartheid – acesso a escolas segregadas 
b) implantação do escravismo nas colônias – desvalorização do trabalho manual 
c) empreendimento de política imperialista – restrição à ocupação de cargos de liderança 
 
 
d) existência de relações escravistas na África – uso diferenciado de meios de transporte coletivos 
 
 
41 - (FURG RS) 
Podemos afirmar que foram formas de resistência dos negros à escravidão ao longo dos períodos 
colonial e imperial da História do Brasil 
 
 
I. a organização de quilombos. 
II. os suicídios. 
III. a tentativa de homicídio contra seus senhores. 
IV. as fugas. 
V. as rebeliões. 
 
 
Estão corretos os itens: 
a) I, II e III. 
b) II, III e IV. 
c) I, IV e V. 
d) II, III e V. 
e) Todos. 
 
 
42 - (FMJ SP) 
O movimento abolicionista, que teve como resultado final a promulgação da Lei Áurea, libertando 
incondicionalmente todos os escravos do país, contou com a participação de várias camadas da 
sociedade brasileira. Um dos grupos sociais que se opôs à libertação dos escravos foi o 
a) dos cafeicultores paulistas. 
b) da classe média urbana. 
c) dos militares do exército. 
 
 
d) da elite canavieira do nordeste. 
e) dos membros da intelectualidade. 
 
 
43 - (UNIFOR CE) 
As relações escravistas de produção entravam em declínio, mas a principal interessada nesse 
processo − a classe escravizada − não tinha participação ativa. (...) A classe dominante, que criara a 
escravidão, agora fazia leis para extingui-la gradualmente, de acordo com seus interesses. 
(Francisco Alencar et al. História da sociedade brasileira. Rio de Janeiro: ao Livro Técnico, 1994. p. 143) 
 
 
A abolição do trabalho escravo no Brasil se processou por etapas até se completar em 1888, com a 
Lei Áurea. Seus resultados em termos sociais e políticos foram a 
a) imediata inserção dos recém-libertos ao mercado de trabalho com apoio de todos os setores da 
sociedade brasileira e a perda do prestígio dos senhores de terra. 
b)dificuldade para a lavoura cafeeira que perdeu sua força de trabalho e o fim da resistência dos 
fazendeiros paulistas à imigração. 
c) conquista efetiva da liberdade pela população de origem africana que teve acesso à posse da 
terra e o isolamento do Imperador que perdeu suas bases políticas. 
d) integração social do escravo com a reafirmação da superioridade do branco e a conquista do 
direito de voto garantido na Constituição. 
e) profunda desigualdade social da população negra em função de escassas oportunidades de 
trabalho e a emergência dos fazendeiros do oeste paulista no cenário político. 
 
 
44 - (UFPA) 
O trecho abaixo foi retirado de um livro de viagem escrito pelo naturalista Henry W. Bates em 1848. 
Nele Bates descreve os arredores de Belém e seus poços públicos. Leia atentamente o trecho: 
“Nesse local *nos poços públicos de Belém+ é lavada toda a roupa da cidade, trabalho este que é 
feito por um bando de tagarelas escravas negras; aí também são enchidas as carroças de água (...) 
Grupos de vociferantes negros e [de] galegos [portugueses] – proprietários dos carrospipas – 
discutem entre si continuamente, enquanto vão tomando os seus tragos matinais nos sujos 
botequins das esquinas”. 
58 - HISTÓRIA DA QUEDA 00 IMPÉRIO 
sentido de competirem com os civis na disputa dos 
cargos eletivos ou de outros reservados geralmente 
aos paisanos, como iria acontecer tão freqüentemente na 
Hepública, e mais do que nunca em nossos dias. Tinham, 
naturalmente, as suas simpatias ou preferências políticas, 
ou quando muito a sua côr partidária; mas apenas no 
sentido de uma certa afinidade de idéias com os dois 
partidos constitucionais. Assim, uns eram "conservado­
res"; outros eram "liberais". Mas essa filiação ou essa 
côr p artidária resultava menos de uma atitude ou de 
uma ação propriamente política, do que de um senti­
meruto puramente platônico, quase sempre domés,tico, 
digamos -assim, de um traço de solidariedade com a 
política dos pais, quando êstes eram políticos, ou de um 
parente ou amigo poll.ticamente importante. Assim, 
militar, filho de pai conservador, era quase sempre con­
servador; como era liberal o militar filho de pai liberal. 
O que se dava, aliás, no geral das famílias dos civis. 
uma vergonha para a elas.e, com o vêzo que têm agora o• militares, de 
se escudarem atrás da classe sempre que sl\o mal sucedidos em suas 
empreitadas políticas. - A propensão para a política em Osório vinha de 
longe. desde os seus mais verdes anos. Foi, assim, tão precoce quanto 
a sua vocação militar, pois com apenas 23 anos de idade fá êle se 
achava filiado ao Partido Liberal do Rio Grande do Sul, com o qual 
se meteu numa revolta pnrn depor o respt"ctivo Presidente Fernandes 
Braga. Eleito e nomeado. mai~ tarde. para uma cadeira 'no Senado, 
xecebeu por isso umn grande manifestação na Bahia, sendo ali saudado 
por um jovem deputado liberal, Rui Barbosa, o qual dizia, repetindo o 
mesmo conceito de Martinh~ Campos, que aplaudia nêle menos o grande 
soldado do que o grande cidadão. Mas como era d ifícil conciliar aquela 
farda de general tantas vêzes vencedora nos campos de batalha com a 
cadeira que Osório iria ocupar no Senado, onde os atos de br~vura só 
P!)diam ser contados pelos arroubos de eloqüência, o deputado saiu-se 
d1z~ndo que ao entra~ para a Câmara Alta a farda do general se tomaria 
civ,ca, o que não deixava de ter o seu pitoresco. - Pitoresco num certo 
sentido t rnnqüilizador, porque se ficava sabendo que a farda de todo 
gen~ral _que se metia e~ poHtíca, apesar dos bordados que a guarneciam 
(ho1e diríamos das estrelas ), se tornaria desde logo inofensiva, pois de 
outra maneira não ~e pod.1a, compreend_er uma farda clvica. Restava, porém, 
saber se essa condição c1v1ca qu~ o 1ovem deputado baiano emprestava à 
farda de todo general politico, era o bastante para ela deixar de ser um 
espantalho tôda vez que se levantava contra o Poder Civil e ameaçava 
des~nair . a ordem c~nstitucional. - Como tnntos outros de seus correHgio­
nános liberais, Osóno era, no fundo, um republicano - sentimento, alláa,

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