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Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Beja Mestrado em Segurança e Higiene no Trabalho Avaliação e Controlo de Riscos Profissionais nas Operações com Tratores Agrícolas numa Exploração Agropecuária do Baixo Alentejo Márcia Filipa de Matos Bartolomeu Beja setembro 2022 Instituto Politécnico de Beja Escola Superior de Tecnologia e Gestão de Beja Mestrado em Segurança e Higiene no Trabalho Dissertação de Mestrado apresentado na Escola Superior de Tecnologia e Gestão do Instituto Politécnico de Beja Avaliação e Controlo de Riscos Profissionais nas Operações com Tratores Agrícolas numa Exploração Agropecuária do Baixo Alentejo Elaborado por: Márcia Filipa de Matos Bartolomeu Orientado por: Doutor Rui Isidoro Beja setembro 2022 Agradecimentos Durante o meu percurso académico contei com a colaboração de pessoas muito especiais, que contribuíram para o meu crescimento pessoal e profissional. A realização da dissertação de mestrado foi possível graças ao apoio incondicional de inúmeras pessoas que me acompanharam ao longo desta minha caminhada. Em primeiro lugar e do fundo do meu coração agradeço às pessoas mais importantes da minha vida, á minha família mais próxima, aos meus pais, aos meus avós ao meu irmão e ao meu marido, pela força, carinho e toda a paciência que demonstraram e tiveram comigo durante este meu percurso, estou eternamente grata, obrigada por terem acreditado em mim. Em Segundo, quero agradecer a duas pessoas muito importantes que decidiram embarcar comigo nesta que foi uma aventura a três, á minha amiga de longa data Sónia Fortes e ao meu amigo Rui Guerreiro, foram sem dúvida uns colegas e acima de tudo bons amigos, obrigada. Ao Professor Doutor Rui Isidoro, meu orientador, agradeço a sua disponibilidade, orientação e todo o apoio que me demonstrou ao longo desta minha caminhada. Por último, mas não menos importante agradeço a Engª. Inês Braga Nobre, engenheira responsável da exploração Félix Nobre por ter dispensado todo o material necessário à realização desta dissertação. I Resumo A avaliação de riscos é a base para a prevenção de acidentes e doenças profissionais. O sector agrícola apresenta características próprias e, por vezes, muito diferentes da maioria dos outros sectores económicos, constitui entre todas as atividades características do mundo rural, um dos mais perigosos e onde se verificam muitos e graves acidentes. A presente dissertação tem como finalidade a elaboração de um Manual de Boas Práticas, na exploração Félix Nobre, onde a utilização de maquinaria agrícola com tração é uma constante. De modo a atingir o objetivo final, foi necessário definir algumas etapas, levantamento dos perigos, trabalho de campo com observação visual das atividades de trabalho com o intuito ao preenchimento de uma lista de verificação que será o ponto de partida para a aplicação do método de avaliação, Método de Avaliação de Riscos e de Acidentes no Trabalho (MARAT). Palavras Chave: Perigos e Riscos Profissionais; Avaliação e Controlo de Riscos Profissionais; Operações com Tratores Agrícolas. II Abstract Risk assessment is the basis for the prevention of accidents and occupational diseases. The agricultural sector has its own characteristics and, at times, very different from most other economic sectors, it constitutes among all the activities characteristic of the rural world, one of the most dangerous and where there are many and serious accidents. The purpose of this project is the Evaluation and Control of Professional Risks in Operations with Agricultural Tractors, in the Félix Nobre exploration. The use of agricultural machinery with traction is a constant. In order to reach the final objective, it was necessary to define some steps, survey of the dangers, interviews with the two agricultural tractor drivers, fieldwork with visual observation of the work activities in order to complete a checklist that will be the starting point for the application of the assessment method, Method of Assessment of Risks and Accidents at Work (MARAT). Keywords: Professional Hazards and Risks; Evaluation and Control of Professional Risks; Operations with Agricultural Tractors. III Índice Agradecimentos……………………………………………………………………………………...I Resumo…………………………………………………………………………..…………. ……….II Abstrat……………………………………………………………………………………………….III Definições Importantes………………………………..……………………………………………VII Introdução ........................................................................................................................................... 1 Capítulo 1. Enquadramento do Estudo ............................................................................................. 4 1.1. Objetivos do Estudo ................................................................................................................. 5 1.2. Métodos a Utilizar .................................................................................................................... 6 1.3 Estado da Arte ........................................................................................................................... 7 Capítulo 2. Caracterização da Empresa ............................................................................................ 8 2.1. História do Fundador da Exploração Félix Nobre ................................................................. 8 2.2. Caracterização da Exploração Félix Nobre ............................................................................ 8 2.2.1. Caraterização/Identificação de Tarefas na Exploração .................................................. 9 2.2.2. Equipamentos utilizados na exploração ......................................................................... 10 Capítulo 3. Enquadramento Teórico ............................................................................................... 11 3.1 Segurança e Higiene no Trabalho .......................................................................................... 11 3.2. Sector Agrícola ....................................................................................................................... 11 3.2.1. Segurança e Higiene no Trabalho Agrícola ................................................................... 11 3.2.2. Caracterização do Setor Agrícola em Portugal ............................................................. 12 3.2.3. Caraterização do Sector Agrícola na Região do Alentejo ............................................. 14 3.2.4. Sinistralidade no Setor Agrícola ..................................................................................... 17 Capítulo 4. Avaliação de Riscos ....................................................................................................... 23 4.1. Análise/identificação de perigos relacionados com os postos de trabalho .......................... 26 4.1.1. Identificação de Pessoas que Poderão estar expostas ao perigo ................................... 26 4.2. Identificação de Grupos de Risco Profissionais .................................................................... 27 4.2.1. Principais Riscos a que um Trabalhador Agrícola que opera com tratores agrícolas está exposto ................................................................................................................................ 30 4.3. Metodologia de Avaliação de Riscos Profissionais ............................................................... 30 4.3.1. Métodos Quantitativos.....................................................................................................a avaliação realizada pelos Métodos Qualitativos se considera insuficiente para alcançar uma adequada valoração dos riscos e a complexidade subjacente aos métodos quantitativos não justifica o custo associado à sua aplicação. A escolha do método, deve-se ao fato de que através do MARAT é possível identificar, avaliar e quantificar a magnitude dos riscos existentes nas diferentes tarefas operacionais e processos no local de trabalho, estabelecendo, uma ordem de prioridades de intervenção e correção de riscos, estabelecendo os riscos que poderão ser tolerados e não tolerados, sendo expresso em cinco níveis de controlo, cada um deles identificado através de uma esquema de cores de fácil perceção, sendo: Risco = Frequência X Gravidade X Extensão das pessoas exposta 33 Método MARAT O Método de Avaliação de Riscos e Acidentes de Trabalho (MARAT) carateriza-se como método semi-quantitativo de matriz composto e que tem como base o sistema simplificado de risco de acidentes de trabalho, ou seja, permite quantificar a magnitude dos riscos existentes e, como consequência, hierarquizar de modo racional a prioridade da sua eliminação ou correção. Este permite identificar perigos, avaliar e quantificar a magnitude dos riscos existentes nas diferentes atividades operacionais assim como processos/atividades no local de trabalho, tendo em conta uma ordem de prioridades que deve ser previamente estabelecida, tendo em conta a intervenção e correção dos riscos, designando os riscos que poderão ser tolerados e os não tolerados. Através do MARAT e com a informação obtida é possível comparar o nível de probabilidade apurado, com o nível de probabilidade resultante da análise dos dados estatísticos de sinistralidade e informação histórica. Utilizando este método e com poucos recursos podem-se detetar muitas situações de risco e como consequência eliminá-las. O método permite apresentar níveis de risco, probabilidade e severidade, em forma de escala com várias possibilidades, assim, é possível distinguir diferentes situações e determinar o nível de risco adequado. Para a realização da dissertação, o método que será apresentado e aplicado para identificar os perigos e riscos associados nas operações com tratores agrícolas na exploração agrícola Félix Nobre, será o MARAT. O método pode ser apresentado da seguinte forma: Nível de Deficiência Nível de Probabilidade Nível Nível de de Exposição Nível de Risco Severidade Nível de Intervenção Figura 2. Esquema do Método MARAT 34 Este método indica-nos o Nível de Risco (NR) das tarefas em estudo. Este resultado é obtido através de uma fórmula específica em que o NR provém do produto entre o Nível de Probabilidade (NP) e o Nível de Severidade ou consequência (NS). Por sua vez o valor de NP é obtido através do produto entre o Nível de Deficiência (ND) e o Nível de Exposição (NE). Dando origem à seguinte fórmula: NR=NP x NS, em que NP=ND x NE O NP obtido através do estudo do local de trabalho e/ou atividade tendo em conta as deficiências (ND) nele existentes, bem como o tempo de exposição (NE) de cada trabalhador a este local e/ou atividade. Após a estimativa da probabilidade (NP), calcula-se o NS através do estudo de precedentes. Este método procura hierarquizar os riscos através da observação de factos reais e de pressupostos predefinidos, de modo a obter resultados fiáveis. O Método MARAT obedece aos seguintes pressupostos: O ND corresponde ao indicador que classifica o nível de ausência de medidas preventivas em caso de um possível acidente, estabelecendo-se o seguinte quadro 35 Quadro 1. Nível de Deficiência Nível de Deficiência ND Significado Aceitável 1 Não foram detetadas anomalias, o perigo está controlado. Foram detetados fatores de risco de menor importância. É de Insuficiente 2 admitir que o dano possa ocorrer algumas vezes. Foram detetados fatores de risco significativos. O conjunto de Deficiente 6 medidas existentes tem a sua eficácia reduzida de forma significativa. Foram detetados fatores de risco significativos. As medidas Mto.Deficiente 10 preventivas existentes são ineficazes. O dano ocorrerá na maior parte das circunstâncias. Medidas preventivas inexistentes ou desadequadas. São esperados Deficiência Total 14 danos na maior parte das situações O NE traduz a frequência com que se está exposto ao risco, dando origem ao seguinte quadro: Quadro 2. Nível de Exposição Nível de Exposição NE Significado Esporádica 1 Uma vez por ano e por pouco tempo. Pouco frequente 2 Algumas vezes por ano e por período de tempo determinado. Ocasional 3 Algumas vezes por mês Frequente 4 Várias vezes durante o período laboral, ainda que com períodos de tempo curtos. Continuada/Rotina 5 Várias vezes por dia com tempo prolongado. 36 O NP resultada do produto entre o ND e o NE e é expresso nos seguintes resultados: Quadro 3. Nível de Probabilidade Nível de Probabilidade NP Significado Muito baixa [1;3] Não é de esperar a situação perigosa se materialize, ainda que possa ser concebida. Baixa [4;6] A materialização da situação perigosa pode ocorrer. Média [8;20] A materialização da situação perigosa é possível de ocorrer pelo menos uma vez. Alta [24;30] A materialização da situação perigosa pode ocorrer várias vezes durante o período de estudo. Muito Alta [40;70] Normalmente a materialização da situação perigosa ocorre com frequência. O NS são considerados 5 níveis categorizados em danos pessoais e danos materiais, os quais devem ser considerados independentemente, dando sempre maior importância aos pessoais, dando origem ao seguinte quadro: Quadro 4. Nível de Severidade Nível de Severidade NS Significado Dados pessoais Dados materiais Insignificante 10 Não existem danos Pequenas perdas pessoais. materiais. Leve 25 Pequenas lesões que não Reparação, sem paragem requerem hospitalização, do trabalho. apenas primeiros socorros. Moderado 60 Lesões com incapacidade Requer o encerramento laboral transitória que do processo produtivo requerem tratamento para reparação do medico. equipamento. Grave 30 Lesões graves passiveis de Destruição parcial do serem inseparáveis. equipamento (reparação complexa e onerosa). 37 Mortal 155 Incapacidade total ou Destruição de um ou permanente. Um ou mais mais equipamentos mortos. (difícil reparação). Por fim, o NR, como já foi referenciado, é obtido através do produto entre o NP e o NS, dando origem ao seguinte quadro de referência: Quadro 5. Níveis de Risco Através do NR consegue-se chegar ao resultado do Nível de Controlo ou Intervenção (NC) que pretende estabelecer linhas de orientação para a eliminação ou redução do risco, atendendo à avaliação do custo-eficácia. Esta intervenção deve ser feita ao abrigo da legislação. Quadro 6. Níveis de Controlo 38 Através dos resultados que irei obter com a aplicação do MARAT irei desenvolver um manual de boas praticas na operação com tratores agrícolas e florestais. Este manual será dirigido para todos os funcionários da empresa onde, estará estruturado de forma a recolher todas as informações necessárias para que os mesmos o possam consultar. Irão consultar toda a segurança na operação dos tratores, o painel de instrumentos, os comandos do trator, e toda a preparaçãonecessária para iniciar o trabalho, sempre associadas as medidas de controlo que os mesmos devem seguir para executar todas as suas tarefas em segurança, tendo disponível também um manual de boas práticas na operação com os tratores agrícolas. 39 Capítulo 5. Materiais e Métodos 5.1 Materiais Parque de máquinas da entidade estudada. 5.1.1. Equipamento – Trator O trator é um veículo com motor suscetível de fornecer elevado esforço de tração relativamente ao seu peso, mesmo em pisos com fracas condições de aderência, e construídos principalmente para puxar, empurrar, transportar e acionar máquinas e equipamentos destinados aos trabalhos agrícolas e florestais (ex: charrua, fresa, semeador, reboque...). (ACT - Autoridade para as Condições de Trabalho). Equipamentos da Exploração Agrícola Félix Nobre Figura 3. Trator New Holland T6 175 EC, 2015 New Holland modelo T6 175 EC,2015 está provido de estrutura de proteção anti- capotamento (EPAC) com cabine, ar climatizado no interior, guarda corpos e sistemas de retenção como cinto de segurança, retrovisores e luz sinalizadores de marcha atrás. Na fotografia esta adaptado um carregador frontal. 40 Figura 4. Trator Case IH Farmal 115 A, 2014 Case IH Farmal 115 A, 2014 dispõe de estrutura de proteção anti capotamento com cabine, sistema de retenção como cinto de segurança, assento hidráulico, ar climatizado no interior, guarda corpos e espelhos retrovisores. Figura 5. Trator Case IH Farmal 95 A, 2013 41 Case IH Farmal 95 A, 2013 dispõe de estrutura de proteção anti capotamento com cabine, sistema de retenção como cinto de segurança, assento hidráulico, ar climatizado no interior, guarda corpos e espelhos retrovisores. Figura 6. Trator Same Laser 110, 1990 Same Laser 110, 1990 é um equipamento antigo, não dispõe de qualquer dispositivo de segurança como, estrutura de proteção anti capotamento (EPAC), proteção de órgãos móveis, guarda corpos, espelhos retrovisores, nem sistema de retenção. 5.1.2. Identificação de tarefas alvo de avaliação A metodologia adotada para a realização do presente projeto divide-se nas seguintes etapas: • Aquisição de dados através de pesquisa e solicitação de informação relacionada a atividade desenvolvida diariamente pelos operadores de tratores agrícolas na exploração Félix Nobre; • Dentificação de perigos e riscos associados às atividades desenvolvidas; • Estudo das atividades, assim como de equipamentos utilizados de forma observacional; 42 • Identificar as tarefas que estes operacionais desempenham, com recurso à utilização de tratores. A exploração Félix Nobre dedica-se á produção agropecuária, mas também à produção de trigo e cevada aveia para a alimentação dos seus efetivos. Diariamente, e com recurso à utilização de máquinas agrícolas (trator) é necessário a execução de tarefas distintas. 43 5.2. Métodos Como foi referido acima o Método de Avaliação de Riscos e Acidentes de Trabalho (MARAT) carateriza-se como método semi-quantitativo de matriz composto e que tem como base o sistema simplificado de risco de acidentes de trabalho, ou seja, permite quantificar a magnitude dos riscos existentes e, como consequência, hierarquizar de modo racional a prioridade da sua eliminação ou correção. Assim é possível identificar perigos, avaliar e quantificar a magnitude dos riscos existentes nas diferentes atividades operacionais assim como processos/atividades no local de trabalho, tendo em conta uma ordem de prioridades que deve ser previamente estabelecida, tendo em conta a intervenção e correção dos riscos, designando os riscos que poderão ser tolerados e os não tolerados. Através do método MARAT e com a informação obtida é possível comparar o nível de probabilidade apurado, com o nível de probabilidade resultante da análise dos dados estatísticos de sinistralidade e informação histórica. Utilizando este método e com poucos recursos podem-se detetar muitas situações de risco e como consequência eliminá-las. O método permite apresentar níveis de risco, probabilidade e severidade, em forma de escala com várias possibilidades, assim, é possível distinguir diferentes situações e determinar o nível de risco adequado. Para a realização da presente dissertação, o método que será apresentado e aplicado para identificar os perigos e riscos associados nas operações com tratores agrícolas na exploração agrícola Félix Nobre, será o MARAT. A avaliação de riscos realizada permitiu elaborar um manual de boas práticas que visa minimizar os riscos considerados acima de um nível aceitável e manter os riscos que já se encontram controlados. 44 Capítulo 6. Apresentação e Discussão de Resultados Serão apresentados todos os resultados obtidos com a aplicação do presente método, MARAT. Irá ser possível percecionar, a exploração com maior número de nível controlo I, o pior de uma escala de cinco, assim como aferir quais as tarefas desempenhadas pelos funcionários da exploração que operam com tratores agrícolas, quais os maiores perigos e riscos a que estes “profissionais” do ramo agrícola estão sujeitos diariamente, com isto atuar em conformidade para a minimização do risco para um nível considerado aceitável. Para além da apresentação de resultados, serão expostas algumas medidas coletivas e individuais que poderão ser levadas em consideração. 6.1. Avaliação de Riscos - Atividades desempenhadas pelos funcionários da exploração que operam com tratores agrícolas O sector agrícola apresenta características próprias e, por vezes, muito diferentes da maioria dos outros sectores económicos. O Trator Agrícola e respetivas alfaias, enquanto equipamentos agrícolas são considerados perigos devidamente identificados que, mediante determinadas circunstâncias e/ou comportamentos, se podem traduzir em riscos que devem ser devidamente avaliados para que se possam definir as medidas preventivas com vista a evitar os acidentes de trabalho e as doenças profissionais. Nas atividades desempenhadas diariamente na exploração foram identificados alguns riscos a que este estão sujeitos. Tabela 2. Descrição dos riscos a que estão expostos os tratoristas da exploração Riscos Queda de pessoas em desnível Queda de pessoas ao mesmo nível Queda de objetos em manipulação Queda de objetos desprendidos, suspensos 45 Tropeçar em objetos Choques contra objetos imóveis Choques contra objetos móveis Golpe/corte/perfuração Projeção de fragmentos ou partículas Compressão por ou entre objetos (entalamento) Compressão por máquinas/equipamentos Atropelamento por máquinas/veículos Choque ou capotamento rodoviário Contato com animais Esforço excessivo Postura Exposição a temperaturas ambientais extremas Exposição a descargas atmosféricas Contato térmico Contato elétrico - direto Contato elétrico - indireto Contato cutâneo com agentes químicos Inalação de poeiras, gases, vapores de substâncias nocivas Exposição a agentes Biológicos (vírus, bactérias, fungos) Exposição a vibrações Exposição ao ruído Exposição à luz deficiente ou mal concebida Incêndio Fadiga mental Fadiga Física Insatisfação 46 6.2. Análise do Método MARAT Para a realização da avaliação de risco a que se propõe a presente dissertação, tal como já inicialmente mencionado, foi utilizado o método de avaliação MARAT. Que seráaplicado na exploração Félix Nobre. 6.2.3. Resultados obtidos através do método MARAT Anteriormente referido, a exploração Félix Nobre é uma exploração de média/grande dimensão com estrutura familiar. Conta com 6 funcionários, mas apenas 2 é que operam com máquinas agrícolas, estando apenas 1 deles habilitado com a licença para a condução dos mesmos. Foram identificadas as tarefas realizadas pelos funcionários, com recurso à utilização dos tratores: • Preparação de Solos (passar terra, sementeira); • Aplicação de produtos químicos (fertilizantes e fitofarmacêuticos); • Gadanhar/Juntar/ Enfardar/Armazenar; Para cada uma das tarefas desempenhadas pelos tratoristas da exploração, com a aplicação do método MARAT foi possível identificar quais as situações que merecem intervenção mais ou menos imediata com vista à segurança dos mesmos. Tabela 3. Resultados Obtidos com a aplicação do Método MARAT na Exploração Félix Nobre NC I NC II NC III NC IV NC V Preparação dos solos, (passar a terra, sementeira). 2 6 8 8 1 Aplicação de produtos químicos (fertilizantes e fitofarmacêuticos); 4 6 6 6 1 Gadanhar/Juntar/ Enfardar/Armazenar; 1 7 8 8 4 TOTAL 7 19 22 22 6 47 Mencionado anteriormente nas páginas acima, esta exploração agrícola conta com quatro tratores, sendo que um deles não esta dotado de qualquer dispositivo de segurança. Por isso, o Nível de Deficiência (ND) e o Nível de Exposição (NE) foram extrapolados. Após a aplicação do método e análise da tabela acima, concretiza-se que existem 7 situações com NC I, 19 COM NC II, 22 com NC III, 22 com NC IV e por último 6 situações com NC V. 48 Capítulo 7. Medidas de Controlo e Manual de Boas Práticas 7.1. Medidas de Controlo De uma forma genérica quando falamos e atuamos ao nível das medidas de controlo, a consciencialização a formação e informação dos trabalhadores no local de trabalho são a melhor forma de prevenir a ocorrência de acidentes, neste sentido, acresce a aplicação de todas as medidas de segurança coletiva e individual inerente às atividades desenvolvidas. Assim, às medidas de controlo, pode-se dizer que se trata de um processo de tomada de decisões para tratar e/ou reduzir os riscos, para implementar medidas corretivas, exigir o seu cumprimento e avaliar, de forma periódica, a sua eficácia. Para prevenir os acidentes e as doenças decorrentes do trabalho, a ciência e as tecnologias colocam à nossa disposição uma série de medidas e equipamentos de proteção coletiva e individual. 7.1.1. Formação e informação A formação profissional é o conjunto de atividades que visam a aquisição de conhecimentos, capacidades, práticas, atitudes e formas de comportamento exigidas no exercício de uma profissão ou conjunto de profissões. A aquisição de formação ocorre de duas formas, ou através de formação profissional inicial ou de formação profissional contínua. Para finalizar o processo formativo na organização, deve ser dada uma atenção especial à validação da formação, que deve incidir sobre três vertentes: • Trabalhadores; • Empresa; • Formação. No que diz respeito aos trabalhadores há que analisar se as expectativas foram, de facto, correspondidas, qual a reação que os formandos tiveram sobre a formação, especialmente sobre a qualidade, compreensão e relevância para o desempenho do cargo. 49 Por outro lado, também se deve fazer a avaliação dos resultados dos formandos: • Assimilação; • Compreensão; • Estruturação dos conteúdos da formação, através de sistema de avaliações formais individuais e/ou coletivas. A empresa também deve validar o processo formativo através da avaliação dos resultados dos formandos, do impacto da formação sobre a melhoria da qualidade do trabalho, da performance e se os objetivos e finalidades da formação foram atingidos. A informação enquanto princípio da Prevenção implica que haja, permanentemente, introdução e circulação de conhecimento adequado ao trabalho a executar. Esta deve: • Permitir um conhecimento mais profundo dos componentes do processo produtivo possibilitando a identificação dos riscos que lhe estão associados; • Integrar o conhecimento de forma a prevenir esses riscos; • Apresentar-se da forma mais adequada e sempre acessível. Todos os trabalhadores devem ter acesso a toda e qualquer informação, no âmbito da e Segurança e Higiene no Trabalho relevante para o desempenho das suas tarefas da forma mais segura, nomeadamente no que diz respeito a máquinas, equipamentos e produtos com que contactam. A formação/informação é indispensável sempre que um novo trabalhador chega à empresa e sempre que um trabalhador muda de funções. 7.2. Manual de Boas Práticas na Operação com Tratores Agrícolas e Florestais O manual de boas práticas, é um documento onde estão descritas as atividades e procedimentos que a empresas efetua, é um sistema adotado para garantir que os funcionários operem/trabalhem em segurança. Este deverá ser atualizado sempre que a empresa realize alterações na sua estrutura física ou operacional. É fundamental que todos os funcionários conheçam e apliquem o conteúdo de maneira integral. 50 A garantia de segurança e higiene nos locais de trabalho é um direito de todos os trabalhadores e também um imperativo constitucional. A melhoria da produtividade passa necessariamente por uma intervenção, no sentido de melhorar as condições de trabalho e pela transferência de conhecimento para os trabalhadores da empresa. Este manual contém informações fundamentais para a execução das tarefas diárias em segurança. No apêndice V encontra-se o Manual de Boas Práticas na Operação com Tratores Agrícolas e Florestais que resulta da avaliação de riscos feita anteriormente e visa minimizar os riscos detetados. Este manual possui a seguinte estrutura: • Listagem de legislação relevante no âmbito da temática de Segurança e Higiene no Trabalho • Medidas preventivas na operação com tratores • Máquinas e equipamentos agrícolas • COTS (conduzir e operar o trator em segurança) e comandos da máquina agrícola. • Tipos de lastreamento • Habilitações necessárias para a condução de equipamentos agrícolas • Equipamentos de proteção coletiva e individual • Listas de verificação É um manual descritivo e ilustrado, que deve servir de suporte a ações de formação aos trabalhadores e deve ser disponibilizado aos mesmos, de modo que estes fiquem formados e informados devidamente. 51 7.3. Lacunas Detetadas na Avaliação de Riscos Efetuada Os principais riscos da atividade são: • Atropelamento, os tratores devem estar devidamente sinalizados com pirilampo, luz de marcha a trás, e o perímetro dos trabalhos deve estar assinalado. • Choque ou capotamento, é um dos riscos iminentes da atividade com tratores, para evitar danos fatais aos trabalhadores, os tratores devem possuir estruturas permitindo obter um espaço indeformável que protege no seu interior o trabalhador, impedindo-o de ser esmagado na sequência de um reviramento, a fim de garantir que o trabalhador permaneça no espaço indeformável, criado pelas estruturas de segurança, é determinante o uso de cinto de segurança. • Fadiga física/Postura, para melhorar a postura e minimizar os riscos para a saúde, os tratores devem estar equipados com bancos com amortecedores, assim como diminuir a exposição as vibrações e evitar esforços excessivos. • Exposição temperaturas, os tratoristas por vezes trabalham em situações metrológicas adversas, logo em dias de muito calor devem consumir bastante água, usar equipamentos adequados e se for possível usar ostratores agrícolas que estejam equipadas com a cabine, em dias de muita chuva e frio devem usar galochas, impermeável e se possível usar também o equipamento agrícola fechado com a capota. • Ruido, para diminuir um pouco os ruídos usar os tratores com capota fechada e colocar abafadores ou tampões. • Encandeamento, o trator deve ter as palas, e caso necessário uso de óculos de proteção escuros • Agentes químicos, uso obrigatório de luvas e fato descartável. 52 8. Conclusões 8.1. Conclusão Parcial O trabalho agrícola e florestal constitui entre todas as atividades características do mundo rural, um dos mais perigosos e onde se verificam muitos e graves acidentes. É caracterizado por um conjunto de especificidades que determinam a necessidade da observância de regras próprias, particularmente no que respeita à sua organização, à massiva utilização de máquinas e equipamentos, manuseamento e aplicação de produtos químicos, transporte de cargas, contacto com animais, a pulverização e dispersão dos locais de trabalho, os fatores ambientais e organizacionais, o isolamento e a sazonalidade dos trabalhos, a dependência climatérica, a idade avançada e a reduzida informação e formação dos trabalhadores e a falta de representação, tornam-nos distintos de outros sectores de atividade económica. As tarefas, na sua maioria, exigem esforço físico considerável, posturas penosas e condições ambientais desfavoráveis. Este conjunto de situações pode implicar diversos riscos profissionais prejudiciais para a saúde do trabalhador, dado que a tendência é improvisar práticas, o que potencia o risco. No que respeita a estes fatores devia haver uma maior preocupação por parte dos responsáveis das explorações no que diz respeito á sensibilização, para que estes tenham consciência dos perigos que correm a realizar determinadas tarefas diárias, devia haver mais informação e formação disponível onde estes a pudessem consultar sempre que necessário. Concluindo que a agricultura não é um sector fácil, mas é um sector fundamental para o desenvolvimento do Alentejo, mas que é preciso que as explorações/empresas tenham consciência e acima de tudo se preocupem com o bem estar dos seus trabalhadores, as medidas de segurança devem ser tidas em conta. Se as normas de segurança foram cumpridas consegue-se reduzir os danos aos trabalhadores. 53 8.2. Conclusão Geral Estudos anteriores realizados pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), mostraram que as atividades agrícolas, em especial a utilização de máquinas agrícolas, estão entre as três atividades mais perigosas para os trabalhadores, sendo que para cada três acidentes ocorridos no meio rural, um ocasionou a incapacidade permanente do trabalhador. A operação com tratores e equipamentos agrícolas são as que oferecem os maiores riscos de acidentes, sendo que os acidentes de trabalho representam enorme importância social e económica, estudos estatísticos têm demonstrado a gravidade deste problema, seja pela incidência de acidentes, seja pela idade dos acidentados, seja pelas suas consequências. O setor agrícola apresenta particularidades que exigem por parte das instituições uma acuidade muito especial. As intervenções no âmbito da segurança e saúde no trabalho constituem, um importante desafio devido às caraterísticas das atividades desenvolvidas, à dispersão dos locais de trabalho, e à dimensão e caraterísticas socioeconómicas das empresas agrícolas. Para elaboração deste estudo, considerei pertinente a elaboração de uma avaliação de riscos aos profissionais, onde foi possível aferir resultados, recorrendo a trabalho de campo e observação, conseguindo assim o preenchimento de uma lista de verificação, com o auxílio dos respetivos funcionários (Apêndice IV). Com a observação dos trabalhos na exploração, foi possível ir ao encontro de algumas ideias já pré-concebidas, e elaborar a avaliação de riscos através do método de MARAT. (Apêndice III) O risco mais grave nas operações com tratores agrícolas é o choque e capotamento rodoviário (nível I), situações essas que estão associadas a causas como falta de conhecimento a respeito das medidas de segurança nas operações com tratores, faltas de atenção para a tarefa executada e equipamento inadequado. Sendo que a exploração deve ter os equipamentos conforme o Decreto-Lei nº 103/2008. De modo a reduzir danos aos trabalhadores é obrigatório o uso do cinto de segurança, o arco de segurança deve estar presente em todos os tratores, em alguns casos tem de se fazer mesmo adaptações pois os equipamentos são muito antigos. https://dre.pt/application/file/456136 54 Sendo preferível que os tratores disponham de cabine, contudo são equipamentos de valores muito elevados e nem sempre as explorações conseguem adquiri-los, a cabine fechada é uma mais valia pois reduz a exposição a temperaturas ambientais extremas (calor/ frio), e reduzir o ruido. Concluindo que as operações, gadanhar, juntar, enfardar, armazenar e preparação dos solos são das tarefas com mais riscos associados (nível II), alguns destes riscos podem ser reduzidos com a aplicação de suspensões para reduzir os impactos na coluna (reduz os riscos ergonómicos das vibrações, e a fadiga física), sendo também uma mais valia para reduzir estes riscos o uso de abafadores ou tampões provocados pelos ruídos que se fazem ouvir durantes os trabalhos. No que respeita a aplicação de produtos fitofármacos, é uma operação que tem como risco muito grave o contacto coetâneo com agentes químicos, para reduzir os danos para a saúde dos trabalhadores estes devem manipular os produtos químicos equipados com luvas e fatos apropriados, outro dano muito grave é a inalação de poeiras, gases, vapores, substancias químicas, que causam danos de asma, fibrose pulmonar entre outras, para reduzir este risco os trabalhadores deverão usar mascara de filtro de partículas e sempre que necessário proceder á substituição dos filtros. Os trabalhadores para realizarem esta tarefa devem ter formação especifica e terem informação dos riscos a que estão sujeitos e quais os seus danos. 8.3. Linhas Futuras Durante a elaboração deste trabalho observei que a empresa precisa de fazer algumas alterações a nível de segurança e higiene no trabalho. Para esse fim foi elaborado um Manual de Boas Práticas na Operação com Tratores Agrícolas e Florestais, esperando assim que seja utilizado para uma melhoria a nível dos trabalhos na exploração. Este manual tem como finalidade ajudar a melhorar a cultura de segurança da empresa. Nas visitas realizadas, observou-se que há pontos a serem melhorados, tais como, equipar o trator mais antigo da exploração, mas que ainda se encontra a funcionar com o arco de segurança “Sto. Antonio”. 55 Os trabalhadores devem ser sensibilizados e informados sobre as vantagens/ desvantagens da utilização e não utilização dos EPI’s, assim como os riscos a que estão expostos e os danos para a saúde que podem vir a sofrer a médio e longo prazo. Como linhas futuras, conseguir fazer uma comparação entre as medições de ruido, poeiras entre outras. A exploração em questão tem o serviço externo de uma empresa de prestação de serviços de segurança e higiene no trabalho, o qual não me foi facultado os valores das medições necessárias da empresa para a elaboração da avaliação de riscos. A exploração Félix Nobre deve apostar mais em ações de sensibilização, na informação e formação dos seus trabalhadores para que estes se sintam seguros e tenham confiança naquela que é a sua segunda casa, o seu local de trabalho onde todos os dias tentam dar o seu melhor na realização das tarefas em prol da exploração. 569.Bibliografia ALGS Galaio 2016 - Operações com Tratores Agrícolas: https://repositorio.ipbeja.pt › Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT), (2013). Plano de Ação para o Setor Agrícola e Florestal (Relatório Final 2013). Lisboa. 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Constituem obrigações do trabalhador: a) Cumprir as prescrições de segurança e de saúde no trabalho estabelecidas nas disposições legais e em instrumentos de regulamentação coletiva de trabalho, bem como as instruções determinadas com esse fim pelo empregador; b) Zelar pela sua segurança e pela sua saúde, bem como pela segurança e pela saúde das outras pessoas que possam ser afetadas pelas suas ações ou omissões no trabalho, sobretudo quando exerça funções de chefia ou coordenação, em relação aos serviços sob o seu enquadramento hierárquico e técnico; c) Utilizar corretamente e de acordo com as instruções transmitidas pelo empregador, máquinas, aparelhos, instrumentos, substâncias perigosas e outros equipamentos e meios postos à sua disposição, designadamente os equipamentos de proteção coletiva e individual, bem como cumprir os procedimentos de trabalho estabelecidos; d) Cooperar ativamente na empresa, no estabelecimento ou no serviço para a melhoria do sistema de segurança e de saúde no trabalho, tomando conhecimento da informação prestada pelo empregador e comparecendo às consultas e aos exames determinados pelo médico do trabalho; e) Comunicar imediatamente ao superior hierárquico ou, não sendo possível, ao trabalhador designado para o desempenho de funções específicas nos domínios da segurança e saúde no local de trabalho, as avarias e deficiências por si detetadas que se lhe afigurem suscetíveis de originarem perigo grave e iminente, assim como qualquer defeito verificado nos sistemas de proteção; f) Em caso de perigo grave e iminente, adotar as medidas e instruções previamente estabelecidas para tal situação, sem prejuízo do dever de contatar, logo que 61 possível, com o superior hierárquico ou com os trabalhadores que desempenham funções específicas nos domínios da segurança e saúde no local de trabalho. 2 - O trabalhador não pode ser prejudicado em virtude de se ter afastado do seu posto de trabalho ou de uma área perigosa em caso de perigo grave e iminente nem por ter adotado medidas para a sua própria segurança ou para a segurançade outrem. 3 - As obrigações do trabalhador no domínio da segurança e saúde nos locais de trabalho não excluem as obrigações gerais do empregador, tal como se encontram definidas no artigo 15°. 4 - Constitui contraordenação muito grave a violação do disposto na alínea b) do n°1. 5 - Sem prejuízo do disposto no número anterior, o trabalhador que viole culposamente os deveres referidos no n°1 ou o trabalhador cuja conduta tiver contribuído para originar uma situação de perigo incorre em responsabilidade disciplinar e civil. Obrigações do Trabalhador Segundo o Artigo 17° do DL 102/2009 o trabalhador tem obrigação: a) Cumprir as prescrições de segurança e de saúde no trabalho estabelecidas nas disposições legais e em instrumentos de regulamentação coletiva de trabalho, bem como as instruções determinadas com esse fim pelo empregador; b) Zelar pela sua segurança e pela sua saúde, bem como pela segurança e pela saúde das outras pessoas que possam ser afetadas pelas suas ações ou omissões no trabalho, sobretudo quando exerça funções de chefia ou coordenação, em relação aos serviços sob o seu enquadramento hierárquico e técnico; 62 c) Utilizar corretamente e de acordo com as instruções transmitidas pelo empregador, máquinas, aparelhos, instrumentos, substâncias perigosas e outros equipamentos e meios postos à sua disposição, designadamente os equipamentos de proteção coletiva e individual, bem como, cumprir os procedimentos de trabalho estabelecidos; d) Cooperar ativamente na empresa, no estabelecimento ou no serviço para a melhoria do sistema de segurança e de saúde no trabalho, tomando conhecimento da informação prestada pelo empregador e comparecendo às consultas e aos exames determinados pelo médico do trabalho; e) Comunicar imediatamente ao superior hierárquico ou, não sendo possível, ao trabalhador designado para o desempenho de funções específicas nos domínios da segurança e saúde no local de trabalho, as avarias e deficiências por si detetadas que se lhe afigurem suscetíveis de originarem perigo grave e iminente, assim como qualquer defeito verificado nos sistemas de proteção; f) Em caso de perigo grave e iminente, adotar as medidas e instruções previamente estabelecidas para tal situação, sem prejuízo do dever de contatar, logo que possível, com o superior hierárquico ou com os trabalhadores que desempenham funções específicas nos domínios da segurança e saúde no local de trabalho. 2 - O trabalhador não pode ser prejudicado em virtude de se ter afastado do seu posto de trabalho ou de uma área perigosa em caso de perigo grave e iminente nem por ter adotado medidas para a sua própria segurança ou para a segurança de outrem. A legislação não determina qual o método de avaliação de riscos a utilizar. No entanto, diversos são os métodos disponíveis, pelo que se considera este estudo importante para a definição de critérios que facilitem a seleção mais adequada ao nível da complexidade do sistema a analisar. 63 Apêndice II- Imagens de todos os equipamentos agrícolas utilizados na exploração Todas as imagens dos equipamentos foram tiradas na exploração, estes são os equipamentos utilizados diariamente nas tarefas a realizar na mesma. Nas imagens abaixo podemos ver que alguns equipamentos já são antigos, alguns até mesmo com mais de 20 anos de idade, assim é espectável que os mesmos necessitem de manutenção com uma maior assiduidade para que os trabalhadores não sofram acidentes, pois estas máquinas são mais vulneráveis à ocorrência de acidentes de trabalho, devido à sua estrutura envelhecida. Trator New Holland T6 175 EC, 2015 Trator Case IH Farmal 115 A, 2014 Trator Case IH Farmal 95 A, 2013 Trator Same Laser 110, 1990 64 Enfardadeiras Carro de Fardos Sem fim Escarificador Espalhador Gadanheira 65 Grades de Disco Chisel Reboques 66 Apêndice III - Mapa Representativo Da Aplicação Do Método MARAT 67 PERIGO RISCOS ASSOCIADOS CONSEQUENCIAS/DANOS ND NE NP NS NR NC Queda de pessoas em desnível Traumatismos Diversos; Morte 2 3 6 25 150 IV Queda de pessoas ao mesmo nível Entorses; Pequenas Escoriações; Hematomas 2 3 6 25 150 IV Queda de objetos em manipulação Pequenas Escoriações; Hematomas 2 3 6 25 150 IV Queda de objetos desprendidos, suspensos Traumatismos 1 2 2 25 50 V Tropeçar em objetos Traumatismos; Entorses 2 3 6 25 150 IV Choques contra objetos imóveis Traumatismos 2 2 4 60 240 IV Golpe/corte/perfuração (selecionar) Lesões devidas a corte, perfurações; 1 3 3 25 75 V Gadanhar/Juntar/ amputações Enfardar/Armazenar Projeção de fragmentos ou partículas Hematomas; Escoriações; Lesões na Vista 1 3 3 25 75 V Atropelamento por máquinas/veículos Atropelamentos; Fracturas ou lesões físicas 6 2 12 155 1860 II com gravidade Choque ou capotamento rodoviário Traumatismos Diversos; Morte 10 3 30 155 4650 I Contato com animais Doenças Infecto-contagiosas; Mordeduras 2 2 4 60 240 IV Exposição a agentes Biológicos (vírus, bactérias, Leptospiras, salmonelas, infecções focais e 2 2 4 60 240 IV fungos, etc.) sistémicas, vírus de hepatite, anemia, insuficiência cardíaca. Esforço excessivo Lesões músculo esqueléticas 6 4 24 25 600 III Postura Hérnias discais, lesões na coluna e nos braços, 10 5 50 25 1250 II tendinites e epicondilites 68 Exposição a temperaturas ambientais extremas Insolação; Constipações; Gripes 10 5 50 60 3000 II Contato elétrico - direto Perigo de electrocução 2 2 4 90 360 III Contato elétrico - indireto Electrocução 2 2 4 90 360 III Contato elétrico - eletricidade estática Insónia, sensação de ansiedade; tensão 2 2 4 90 360 III Contato cutâneo com agentes químicos Úlceras cutâneas e outras manifestações 6 2 12 60 720 III clínicas graves Inalação de poeiras, gases, vapores de substâncias Asma, fibroses pulmonares, perturbações 6 1 6 60 360 III nocivas gastrointestinais, intoxicações. Exposição a vibrações Equilíbrio, falta de concentração e visão turva, 10 5 50 60 3000 II diminuindo a acuidade visual Exposição ao ruído Dificuldade de concentração; Irritação; Stress; 10 5 50 60 3000 II Perda progressiva da audição Encadeamento Fadiga visual; Tensão Ocular; Desconforto 6 5 30 90 2700 II Visual Incêndio Queimaduras; intoxicações; Morte 2 2 4 155 620 IV Fadiga mental Elevado grau de stress, depressões, síndrome 6 3 18 60 1080 III de barnaut Fadiga Física Fadiga física, stress, Perturbações 10 5 50 60 3000 II gastrointestinais. Insatisfação Maior predisposição a acidentes de trabalho 6 3 18 60 1080 III 69 Preparação dos solos, (passar a terra, sementeira). Queda de pessoas em desnível Traumatismos Diversos; Morte 2 3 6 25 150 IV Queda de pessoas ao mesmo Entorses; pequenas escoriações; hematoma 2 3 6 25 150 IV nível Queda de objetos em Pequenas Escoriações; Hematomas 2 3 6 25 150 IV manipulaçãoQueda de objetos desprendidos, Traumatismos 1 2 2 25 50 V suspensos Tropeçar em objetos Traumatismos; Entorses 2 3 6 25 150 IV Choques contra objetos imóveis Traumatismos 2 2 4 60 240 IV Golpe/corte/perfuração Lesões devido cortes, perfurações; amputações 1 3 3 60 180 IV (seleccionar) Compressão por ou entre Esmagamentos; Entalamento 6 3 18 60 1080 III objetos (entalamento) Atropelamento por Atropelamentos; Fracturas ou lesões físicas com 14 2 28 155 4340 I máquinas/veículos gravidade Choque ou capotamento Traumatismos Diversos; Morte 10 3 30 155 4650 I rodoviário Contato com animais Doenças Infecto-contagiosas; Mordeduras 2 2 4 25 100 IV Exposição a agentes Biológicos Leptospiras, salmonelas, infecções focais e sistémicas, 2 2 4 60 240 IV (vírus, bactérias, fungos, etc.) vírus de hepatite, anemia, insuficiência cardíaca. Esforço excessivo Lesões músculo esqueléticas 6 4 24 25 600 III 70 Postura Hérnias discais, lesões na coluna e nos braços, 10 5 50 60 3000 II tendinites e epicondilites Exposição a temperaturas Insolação; Constipações; Gripes 10 5 50 60 3000 II ambientais extremas Exposição a vibrações Equilíbrio, falta de concentração e visão turva, 10 5 50 60 3000 II diminuindo a acuidade visual Exposição ao ruído Dificuldade de concentração; Irritação; Stress; Perda 10 5 50 60 3000 II progressiva da audição Contacto elétrico - indireto Electrocução 2 2 4 90 360 III Contacto elétrico - directo Electrocução 2 2 4 90 360 III Encadeamento Fadiga visual; Tensão Ocular; Desconforto Visual 6 4 24 90 2160 II Incêndio Queimaduras; intoxicações; Morte 2 2 4 155 620 III Explosão Queimaduras; intoxicações; Morte 2 2 4 155 620 III Fadiga Física Fadiga física, stress, Perturbações gastrointestinais. 10 5 50 60 3000 II Fadiga mental Elevado grau de stress, depressões, síndrome de 6 3 18 60 1080 III barnaut Insatisfação Maior predisposição a acidentes de trabalho 6 3 18 60 1080 III 71 Aplicação de produtos químicos (fertilizantes e fitofarmacêuticos); Queda de pessoas em desnível Traumatismos Diversos; Morte 2 3 6 25 150 IV Queda de objetos em Pequenas Escoriações; Hematomas 2 3 6 25 150 IV manipulação Queda de objetos desprendidos, Traumatismos 1 2 2 25 50 V suspensos Choques contra objectos imóveis Traumatismos 2 2 4 60 240 IV Choques contra objetos móveis Traumatismos 2 2 4 60 240 IV Golpe/corte/perfuração Lesões devido a cortes, perfurações; amputações 1 3 3 60 180 IV (selecionar) Projecção de fragmentos ou Hematomas; Escoriações; Lesões na Vista 2 3 6 25 150 IV partículas Compressão por ou entre objetos Esmagamentos; Entalamento 6 3 18 60 1080 III (entalamento) Atropelamento por Atropelamentos; Fracturas ou lesões físicas com 14 2 28 155 4340 I máquinas/veículos gravidade Choque ou capotamento Traumatismos Diversos; Morte 10 3 30 155 4650 I rodoviário Esforço excessivo Lesões músculo esqueléticas 6 4 24 25 600 III Postura Hérnias discais, lesões na coluna e nos braços, 10 5 50 60 3000 II tendinites e epicondilites Exposição a temperaturas Insolação; Constipações; Gripes 10 5 50 60 3000 II ambientais extremas 72 Contato cutâneo com agentes Úlceras cutâneas e outras manifestações clínicas 10 4 40 90 3600 I químicos graves Inalação de poeiras, gases, Asma, fibroses pulmonares, perturbações 10 4 40 90 3600 I vapores de substâncias gastrointestinais, intoxicações. Exposição a vibrações Equilíbrio, falta de concentração e visão turva, 10 5 50 60 3000 II diminuindo a acuidade visual Exposição ao ruído Dificuldade de concentração; Irritação; Stress; 10 5 50 60 3000 II Perda progressiva da audição Encadeamento Fadiga visual; Tensão Ocular; Desconforto Visual 6 4 24 90 2160 II Incêndio Queimaduras; intoxicações; Morte 2 2 4 155 620 III Explosão Queimaduras; intoxicações; Morte 2 2 4 155 620 III Fadiga mental Elevado grau de stress, depressões, síndrome de 6 5 50 60 1080 III barnaut Fadiga Física Fadiga física, stress, Perturbações gastrointestinais 10 5 50 60 3000 II Insatisfação Maior predisposição a acidentes de trabalho 6 3 18 60 1080 III 73 Apêndice IV - Lista de Verificação Lista de Verificação Empresa: Função: Máquinas Agrícolas: Sim Não NA Observações Tratores: Livrete, verificações e ensaios periódicos, certificado CE de conformidade e manual de instruções Formação Específica Operação no interior das explorações Sim Não NA Observações Carta de condução Licença de condução Formação COTS (Conduzir e Operar Trator com Segurança) Condução em estrada Sim Não NA Observações Carta de condução ou Licença de condução Principais Medidas de Prevenção Fabricante Sim Não NA Observações Sistema de retenção (obrigatórios cintos de segurança em alguns modelos de tratores) Proteção dos veios telescópicos de cardans 74 Proteção dos órgãos móveis das máquinas operadoras, guarda corpos, corrimões Pirilampo (marcha lenta) Colocação de espelhos retrovisores; Utilizador Sim Não NA Observações Formação e informação do operador; Avaliação dos riscos inerentes à sua utilização Regulação da via ou bitola na posição mais larga possível Lastrar adequadamente o trator para aumentar a estabilidade do conjunto trator-máquina (ex: água nas rodas, pesos nas rodas e massas frontais) Principais Medidas de Proteção Equipamento Sim Não NA Observações Arco de segurança Rebatimento do Arco (Utilizar o arco rebatido em situações estritamente necessárias (ex: entrar em estufas, passar por baixo da copa das árvores); Quadro de segurança; Cabine de segurança (em função da categoria da cabina, verificar a instalação do filtro e substitui-lo de acordo com as orientações do manual de instruções); Proteção do veio de tomada de força; (veio telescópico de cardans); Utilizador Sim Não NA Observações Equipamento de Proteção individual 75 Local da Atividade (situações a ter atenção na envolvente solo, condições de utilização) Sim Não NA Observações Operação em locais de trabalho declivosos, nomeadamente, com socalcos, valas, toros de madeira; Utilização do trator em locais de trabalho com fracas condições de aderência e de transitabilidade; Inexistência de cabos elétricos ou outras instalações técnicas (condutas) na envolvente dos trabalhos, por exemplo nos trabalhos com gruas Circulação em estrada com os pedais de travão de pé desligados, com o arco de segurança rebaixado e em velocidade excessiva; Alterações, adaptações de máquinas para trabalhos ou condições de utilização não previstas pelo fabricante; Fatores Ambientais Extremos76 Lista de Verificação Empresa: Exploração Félix Nobre Função: Tratorista Máquinas Agrícolas: Sim Não NA Observações Tratores: Livrete, verificações e ensaios periódicos, certificado CE de ✓ conformidade e manual de instruções Formação Específica Operação no interior das explorações Sim Não NA Observações Carta de condução ✓ Licença de condução ✓ Apenas um dos tratoristas está habilitado para a condução deste tipo de veículos, com a licença de veículos agrícolas. Formação COTS (Conduzir e Operar ✓ Trator com Segurança) Condução em estrada Sim Não NA Observações Carta de condução ou Licença de Apenas um dos condução ✓ tratoristas está habilitado para a condução deste tipo de veículos, com a licença de veículos agrícolas. 77 Principais Medidas de Prevenção Fabricante Sim Nao NA Observações Sistema de retenção (obrigatórios cintos ✓ Trator Same Laser de segurança em alguns modelos de 110, 1990 não está tratores) dotado de sistema de retenção. Proteção dos veios telescópicos de cardans ✓ Três tratores; New Holland T6 175 EC, 2015; Case IH Farmal 115 A, 2014; Case IH Farmal 95 A, 2013; 78 Proteção dos órgãos móveis das máquinas ✓ Três tratores; operadoras, guarda corpos, corrimões New Holland T6 175 EC, 2015; Case IH Farmal 115 A, 2014; Case IH Farmal 95 A, 2013; Pirilampo (marcha lenta) ✓ Colocação de espelhos retrovisores; ✓ Três tratores; New Holland T6 175 EC, 2015; Case IH Farmal 115 A, 2014; Case IH Farmal 95 A, 2013; Utilizador Sim Não NA Observações Formação e informação do operador; ✓ Avaliação dos riscos inerentes à sua ✓ utilização Regulação da via ou bitola na posição mais Três tratores; larga possível New Holland ✓ T6 175 EC, 2015; Case IH Farmal 115 A, 2014; Case IH Farmal 95 A, 2013; Lastrar adequadamente o trator para Três tratores; aumentar a estabilidade do conjunto ✓ New Holland trator-máquina (ex: água nas rodas, pesos T6 175 EC, nas rodas e massas frontais) 2015; Case IH Farmal 115 A, 2014; 79 Case IH Farmal 95 A, 2013; Principais Medidas de Proteção Equipamento Sim Não NA Observações Arco de segurança ✓ Rebatimento do Arco (Utilizar o arco ✓ rebatido em situações estritamente necessárias (ex: entrar em estufas, passar por baixo da copa das árvores); Quadro de segurança; Três tratores; New Holland T6 175 EC, ✓ 2015; Case IH Farmal 115 A, 2014; Case IH Farmal 95 A, 2013; Cabine de segurança (em função da Três tratores; categoria da cabina, verificar a instalação ✓ New Holland do filtro e substitui-lo de acordo com as T6 175 EC, orientações do manual de instruções); 2015; Case IH Farmal 115 A, 2014; Case IH Farmal 95 A, 2013; Proteção do veio de tomada de força; (veio ✓ telescópico de cardans); Utilizador Sim Não NA Observações Equipamento de Proteção individual ✓ 80 Local da Atividade (situações a ter atenção na envolvente solo, condições de utilização) Sim Não NA Observações Operação em locais de trabalho ✓ declivosos, nomeadamente, com socalcos, valas, toros de madeira; Utilização do trator em locais de trabalho ✓ com fracas condições de aderência e de transitabilidade; Inexistência de cabos elétricos ou outras ✓ instalações técnicas (condutas) na envolvente dos trabalhos, por exemplo nos trabalhos com gruas Circulação em estrada com os pedais de ✓ travão de pé desligados, com o arco de segurança rebaixado e em velocidade excessiva; Alterações, adaptações de máquinas para ✓ trabalhos ou condições de utilização não previstas pelo fabricante; Fatores Ambientais Extremos ✓ 81 Apêndice V – Manuel de Boas Praticas Manual de Boas Práticas na Operação com Tratores Agrícolas e Florestais Exploração Félix Nobre Beja setembro 2022 82 Conteúdos Listagem de legislação relevante no âmbito da temática de Segurança e Higiene no Trabalho Medidas preventivas na operação com tratores Máquinas e equipamentos agrícolas COTS (conduzir e operar o trator em segurança) e comandos da máquina agrícola. Tipos de lastreamento Habilitações necessárias para a condução de equipamentos agrícolas Equipamentos de proteção coletiva e individual Listas de verificação 83 Listagem de legislação relevante no âmbito da temática de Segurança e Higiene no Trabalho Lei 102/2009 de 10 de setembro - Regime Jurídico da Promoção da Segurança e saúde no Trabalho; Lei 3/2014, de 28 de janeiro - altera a Lei n.° 102/2009, de 10 de setembro, que aprova o regime jurídico da promoção da segurança e saúde no trabalho, transpõe a Diretiva n.° 2006/123/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 27 de dezembro, relativa aos serviços no mercado interno e procede à sua republicação, bem como altera o Decreto- Lei n.° 116/97, de 12 de maio, que transpõe para a ordem jurídica interna a Diretiva n.° 93/103/CE, do Conselho, de 13 de dezembro relativa às prescrições mínimas de segurança e de saúde no trabalho a bordo dos navios de pesca; Lei n° 7/2009, de 12 de fevereiro - aprova o Código do Trabalho; Lei 98/2009, de 4 de setembro - regulamenta o regime de reparação de acidentes de trabalho e de doenças profissionais, incluindo a reabilitação e reintegração profissionais, nos termos do artigo 284.° do Código do Trabalho, aprovado pela Lei n.° 7/2009, de 12 de Fevereiro; Portaria 55/2010, de 21 de janeiro - regula o conteúdo do relatório anual referente à informação sobre a atividade social da empresa e o prazo da sua apresentação, por parte do empregador, ao serviço com competência inspetiva do ministério responsável pela área laboral Alterado o art. 5°, pela PORT.108- A/2011.14.03.2011; Portaria n° 299/2007, de 16 de Março - aprova o novo modelo de ficha de aptidão a preencher pelo médico do trabalho face aos resultados dos exames de admissão periódicos e ocasionais; Decreto-Lei n° 291/2000, de 14 de Novembro - aprova o regulamento de homologação dos tratores agrícolas e florestais de rodas e transpõe para o direito interno várias diretivas referentes à homologação dos tratores agrícolas e florestais de rodas; Decreto-Lei n° 81/2011, de 20 de junho - regula elementos e características dos tratores agrícolas ou florestais de rodas, transpõe as Diretivas n°s 2010/22/UE e 2010/52/UE, 84 ambas da Comissão, de 15 de Março e de 11 de Agosto, e altera o DL 3/2002, de 4.01, bem como altera o DL 114/2002, de 20.04; Decreto-Lei n°214/95, de 18 de Agosto - estabelece as condições de utilização e de comercialização de máquinas usadas, com vista a eliminar os riscos para a saúde e segurançadas pessoas, quando utilizadas de acordo com os fins a que se destinam; Portaria n° 172/2000, de 23 de Março - definição de máquinas usadas que pela sua complexidade e características revistam especial perigosidade; Decreto-Lei n° 103/2008, de 29 de Dezembro - estabelece as regras relativas à colocação no mercado e entrada em serviço das máquinas e respetivos acessórios, transpondo para a ordem jurídica interna a Diretiva n.° 2006/42/CE, do Parlamento Europeu e do Conselho, de 17 de Maio, relativa às máquinas; Decreto-Lei n° 333/2007, de 10 de Outubro - transpõe parcialmente a Diretiva n° 2006/26/CE, da Comissão, de 2 de Março, no que refere ao nível sonoro e aprova o regulamento relativo ao nível sonoro à altura dos ouvidos dos condutores de tratores agrícolas ou florestais de rodas. 85 Segurança na Operação de Tratores Agrícolas Precauções de Segurança O trator proporciona grandes benefícios ao homem, mas podem causar danos materiais e pessoais. Para preveni-los precisamos de seguir algumas orientações. Medidas Preventivas • O operador deve estar familiarizado com todos os comandos e controlos da máquina antes de operar com a mesma; • Antes de trabalhar com implementos, faça uma leitura do manual de instrução, fornecido pelo fabricante, pois certos instrumentos requerem técnicas especiais de operação. Figura 1. Manual de Operação Fonte: John Deere • Se o trator estiver equipado com Arco de Segurança ou estrutura de proteção contra capotamento (EPCC), use o cinto de segurança. 86 • Nunca use o cinto de segurança se o trator não possuir arco de segurança ou EPCC. Figura 2. Cinto de Segurança Fonte: John Deere • O acesso deve ser feito pela plataforma de operação pelo lado esquerdo do trator e não segure no volante. • Desça sempre de costas colocando as mãos nos apoios e os pés nos degraus. • Mantenha a plataforma do operador e os degraus limpos, livres de lama e outras sujidades. Figura 3. Plataforma de Operação Fonte: John Deere 87 • Ao transportar outras pessoas no trator além do operador, utilize reboques ou plataformas para o transporte. Figura 4. Transporte de Pessoas Fonte: John Deere • Não sobrecarregue o trator ou opere com implementos fora das condições de segurança, ou sem manutenção adequada; • Mantenha sempre os decalques de segurança limpos, legíveis e troque- os quando se danificarem. Manutenção • Não efetue operações de manutenção quando o motor estiver a funcionar; • Nunca utilize equipamentos hidráulicos para trabalhar em baixo do trator, use calços reforçados para suportar o peso da máquina; • Nunca faça reparos nas mangueiras ou conexões do sistema hidráulico, quando o mesmo estiver sob pressão ou com o motor do trator. 88 . Figura 5. Conexões de Pressão Fonte: John Deere • Cuidado ao remover a tampa do radiador com motor quente. Espere que o motor fique frio para abri-la, cubra com um pano e gire-a até o primeiro estágio para aliviar a pressão. Figura 6. Tampa do Radiador Fonte: John Deere • Nunca fume quando estiver a abastecer o trator ou a trabalhar com o sistema de combustível. Figura 7. Cuidados no Abastecimento Fonte: John Deere 89 • Desligue sempre o motor do trator ao abastecer o tanque de combustível; • Mantenha a tampa do tanque firmemente apertada, em caso de perda, substitua por uma tampa original, não improvise; • Ao manusear a bateria, não provoque chamas, faíscas, evite o contato da solução com roupas e a pele, pode haver risco de queimaduras graves. Figura 8. Cuidados com a Bateria Fonte: John Deere • Ao remover os cabos da bateria retire primeiro o cabo negativo e depois o positivo, ao conectar proceda à operação inversa. Figura 9. Conexões da Bateria Fonte: John Deere 90 Operações com o Motor • Somente coloque o motor a funcionar quando estiver devidamente acomodado no assento do operador; • Ao parar o trator desligue o motor e aplique o freio de estacionamento antes de descer do trator; • Jamais permaneça com o motor em funcionamento em locais fechados, os gases do escapamento podem causar sérios riscos à saúde do operador. Figura 10. Cuidados na Operação Fonte: Massey Ferguson • Utilize somente a barra de tração para os serviços de reboque e nunca a viga C do terceiro ponto. 91 Figura 11. Cuidados na utilização da Barra de Tração Massey Ferguson Condução do Trator • Não se desloque com o trator em velocidades excessivas; Figura 12. Cuidados na Condução do Trator Fonte: Massey Ferguson 92 • Ao conduzir o trator em estradas utilize os pedais de freios unidos pelo travão. Figura 13. Cuidados na Condução do Trator Fonte: John Deere 93 • Ao descer ladeiras utilize o freio motor e os freios do trator, jamais pise a embreagem ou desça em ponto morto. Figura 14. Cuidados na Condução do Trator Fonte: Massey Ferguson • Não faça trocas de marcha no meio de subidas ou descidas. • Não transporte pessoas no trator Figura 15. Cuidados na Condução do Trator Fonte: Valtra 94 Operando com a Tomada de Força • Pare o motor e espere que o eixo da tomada de força pare de girar, antes de acoplar ou desacoplar o equipamento por ele acionado; • Não se aproxime da tomada de força utilizando roupas largas ou folgadas que possam se prender em qualquer uma das partes rotativas. Figura 16. Cuidados com a Tomada de força Fonte: John Deere • Desligue sempre a tomada de potência quando não estiver utilizando a mesma; • Quando a tomada de potência não estiver a ser utilizada mantenha o protetor no seu lugar; • Não improvise pinos para unir os cardãns utilize sempre pinos originais. 95 Painel de Instrumentos Os painéis de instrumentos utilizados nos tratores possuem diferenças no arranjo dos instrumentos. O importante, é saber interpretar o significado de cada um dos instrumentos, as luzes de aviso, teclas ou botões, com base no símbolo estampado sobre estes componentes. Figura 17. Painéis de Instrumentos Fonte:John Deere, Massey Ferguson, New Holland, Valtra Horímetro Marca as horas trabalhadas e é a base para todo serviço de assistência e manutenção. Figura 18. Manual de Operação Fonte: John Deere Termômetro Indica as faixas de temperatura da água do sistema de arrefecimento 1a Faixa: Motor frio 96 2a Faixa: Temperatura normal de trabalho 3a Faixa: Motor superaquecido Figura 19. Marcador de Temperatura do Motor Fonte: John Deere Tacômetro ou Conta giros Marca as rotações por minuto (RPM) desenvolvidas pelo motor Figura 20. Marcador de Rotações do Motor Fonte: John Deere 97 Indicador de Combustível Indica o nível do combustível dentro do deposito.Figura 21. Marcador do Nível de Combustível Fonte: John Deere Indicador de Pressão do Óleo Lubrificante do Motor Indica a pressão do óleo do motor Figura 22.Marcador de Pressão de Óleo do Motor Fonte: John Deere Luz de Alerta para Carga da Bateria Indica se a bateria está a carregar ou não pelo alternador 98 Figura 23. Marcador de Carga da Bateria Fonte: John Deere Indicador de Restrição Indica o momento que deve ser feita a limpeza do filtro de ar do motor, pode fazer-se de dois tipos: • Indicador Mecânico: quando a faixa vermelha aparecer no visor indica que o filtro está obstruído. • Indicador Elétrico: quando ascender à luz no painel indica que o filtro está obstruído. Figura 24. Indicador de Restrição Elétrico Fonte: John Deere Luz de Alerta da Pressão de Óleo da Transmissão Indica a pressão do óleo lubrificante do sistema de transmissão Figura 25. Indicador de Pressão do Óleo da Transmissão Fonte: New Holland 99 Chave de Partida Aciona o sistema de partida do trator Figura 26. Chave de Partida Fonte: John Deere 7.2.3 Comandos do Trator Volante de direção A direção é do tipo hidráulico hidrostática, a coluna de direção pode ser inclinada até 15 graus, proporcionando maior conforto para o operador. A-Botão de Acionar B - Alavanca Figura 27. Coluna de Direção Ajustável Fonte: John Deere 100 Pedal de Embraiagem Tem a função de desligar a transmissão de potência do motor para a transmissão e permitir as trocas de marcha, saída e parada do trator. Figura 28. Pedal de Embraiagem Massey Ferguson Pedais de Freios O sistema de freios é de acionamento hidráulico, o circuito é independente para cada roda traseira. Para executar curvas fechadas, pode- se utilizar o auxílio dos freios, aplicando apenas o pedal do lado cuja direção se deseja, porém, este recurso deve ser utilizado sem exageros evitando acidentes e desgastes prematuros do conjunto. Figura 29. Pedais de Freio Fonte: John Deere 101 Alavancas de Cambio São duas: Alavanca de seleção de marchas Alavanca de escalonamento de marchas Figura 30. Alavancas de Câmbio Fonte: John Deere 102 Simbologia Universal Figura 31. Simbologia Universal Fonte: New Holland 103 Assento do Operador As posições de ajuste são: A) Manivela de Avanço/recuo. B) Manivela de travamento pivô; C) Alavanca de regulagem de altura; D) Manivela do ângulo de encosto; E) Botão d apoio do braço; F) Apoio lombar. Figura 32. Assento do Operador Fonte: John Deere 7.2.4. Preparação do Trator para o Trabalho Lastramento Consiste em adicionar pesos no trator com o objetivo de reduzir a perda de força de tração, aumentar o rendimento operacional e diminuir o desgaste dos pneus reduzindo a patinagem. O lastreamento não pode ser excessivo, pois causa a compactação do solo e maior consumo de combustível. 104 A tabela abaixo fornece os valores ideais de patinagem, para os diferentes tipos de terreno. Uma maneira prática de verificar se o índice de patinagem esta dentro do recomendado é analisar o formato do rastro deixado pelas rodas de tração do trator. 1. Marcas no solo pouco definido, patinagem excessiva aumente a quantidade de lastro do trator; Figura 33. Lastragem Insuficiente 2. Marca claramente definidas, patinagem insuficiente diminua o lastro; Figura 34. Lastragem Excessiva 105 3. O lastramento e a patinagem estarão corretos quando no centro do rastro houver sinais de deslizamento e as marcas nas extremidades laterais estiverem bem definidas; Figura 35. Lastragem Correta Tipos de Lastramento Lastreamento com água Consiste em colocar água nos pneus conforme o recomendado pelo fabricante. O percentual de água nos pneus é determinado pela posição do bico em relação à superfície do solo (MONTEIRO 2008). Adição de 75 % de água nos pneus: Para adição de 75 % de água no pneu o bico deverá ser posicionado na parte superior, formando um ângulo de 900 em relação ao solo. Figura 36. Bico a 900 em Relação ao Solo Adição de 75 % de Água no Pneu Fonte: Monteiro (2008) 106 Adição de 60 % de água nos pneus: Para adição de 60 % de água no pneu o bico deverá ser posicionado na parte superior formando um ângulo de 450 em relação a superfície do solo. Figura 37. Bico a 450 na Parte Superior Adição de 60 % de Água no Pneu Fonte: Monteiro (2008) Adição de 50 % de água nos pneus: Para adição de 50 % de água no pneu o bico deverá ser posicionado na parte mediana do pneu. Figura 38. Bico na Posição Mediana Adição de 50 % de Água no Pneu Fonte: Monteiro (2008) Adição de 40% de água nos pneus: Para adição de 40 % de água no pneu, a válvula (bico de enchimento), foi posicionada formando um ângulo de 450 em relação ao solo na parte inferior. 107 Figura 39. Bico a 450 na Parte Inferior Adição de 40 % de Água no Pneu Fonte: Monteiro (2008) Adição de 25 % de água nos pneus: Para adição de 25 % de água nos pneus, posicionar a válvula (bico de enchimento) na posição inferior. Figura 40. Bico na Posição Inferior Adição de 25 % de Água no Pneu Fonte: Monteiro (2008) Procedimentos para Lastragem Coloque o trator sobre uma superfície plana, levante a roda que deseja adicionar água e solte a válvula para retirada do ar. Gire a roda de modo que o bico fique na posição referente ao percentual de água que se deseja adicionar no pneu, em seguida coloque a mangueira de água e comece a encher o pneu. Quando começar a sair água pelo bico, o mesmo, estará preenchido com água, em seguida repete-se a operação nos demais pneus do trator. 108 Figura 41. Colocação de Água no Pneu Fonte: Massey Ferguson Lastramento com pesos metálicos (contrapesos) Pode ser feito através de discos metálicos (A) fixado as rodas traseiras ou placas metálicas (B) montadas na dianteira do trator Figura 42. Lastro Sólido Fonte: Massey Ferguson A quantidade de peso total colocado sobre o eixo dianteiro e traseiro nunca deve exceder o máximo recomendável, excesso de peso danifica e desgasta os pneus, além de provocar compactação do solo. Nos tratores 4x2 TDA, o lastreamento deve obedecer a um equilíbrio, de forma que o peso total (trator + lastro) que incide sobre os eixos dianteiro e traseiro, seja de aproximadamente 40% no eixo dianteiro e 60% no eixo traseiro. 109 Figura 43. Distribuição de Peso no Trator Fonte: Massey Ferguson Ajuste da Bitola A bitola é medida de centro a centro dos pneus traseiros. A bitola pode ser ajustada de acordo com as operações que se deseja executar, tais como: • Tipo de cultura; • Tipo de solo ou terreno; • Tipo de operação e implemento.31 4.3.2. Métodos Qualitativos ....................................................................................................... 32 4.3.3. Métodos Semi-Quantitativos ........................................................................................... 32 Capítulo 5. Materiais e Métodos ...................................................................................................... 39 5.1 Materiais .................................................................................................................................. 39 5.1.1. Equipamento – Trator ..................................................................................................... 39 5.1.2. Identificação de tarefas alvo de avaliação ...................................................................... 41 5.2. Métodos ................................................................................................................................... 43 Capítulo 6. Apresentação e Discussão de Resultados ..................................................................... 44 6.1. Avaliação de Riscos - Atividades desempenhadas pelos funcionários da exploração que operam com tratores agrícolas ..................................................................................................... 44 6.2. Análise do Método MARAT .................................................................................................. 46 6.2.3. Resultados obtidos através do método MARAT ............................................................ 46 Capítulo 7. Medidas de Controlo e Manual de Boas Práticas ....................................................... 48 7.1. Medidas de Controlo .............................................................................................................. 48 7.1.1. Formação e informação ................................................................................................... 48 7.2. Manual de Boas Práticas na Operação com Tratores Agrícolas e Florestais..................... 49 7.3. Lacunas Detetadas na Avaliação de Riscos Efetuada .......................................................... 51 8. Conclusões ..................................................................................................................................... 52 8.1. Conclusão Parcial ................................................................................................................... 52 8.2. Conclusão Geral ..................................................................................................................... 53 8.3. Linhas Futuras........................................................................................................................ 54 9.Bibliografia ..................................................................................................................................... 56 Apêndices ........................................................................................................................................... 59 IV Índice de Figuras Figura 1. Mapa Portugal com a área de Influência do Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva ........................................................................................................ 15 Figura 2. Esquema do Método MARAT .................................................................... 33 Figura 3. Trator New Holland T6 175 EC, 2015........................................................ 39 Figura 4. Trator Case IH Farmal 115 A, 2014 ........................................................... 40 Figura 5. Trator Case IH Farmal 95 A, 2013 ............................................................. 40 Figura 6. Trator Same Laser 110, 1990 ...................................................................... 41 Índice de Gráficos Gráfico 1. Distribuição dos acidentes com veículos agrícolas por distrito .............. 18 Gráfico 2. Vítimas segundo a natureza do acidente .................................................. 20 Gráfico 3. Condutoras vítimas por mês ...................................................................... 20 Gráfico 4. Condutoras vítimas segundo o dia da semana ......................................... 21 Gráfico 5. Condutoras segundo o grupo etário .......................................................... 21 Índice de Quadros Quadro 1. Nível de Deficiência .................................................................................... 35 Quadro 2. Nível de Exposição ...................................................................................... 35 Quadro 3. Nível de Probabilidade ............................................................................... 36 Quadro 4. Nível de Severidade .................................................................................... 36 Quadro 5. Níveis de Risco ............................................................................................ 37 Quadro 6. Níveis de Controlo ...................................................................................... 37 V Siglas ACT – Autoridade para as Condições do Trabalho CEE – Comunidade Económica Europeia EFMA – Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva MAQl – Métodos de Avaliação Qualitativos MAQt – Métodos de Avaliação Quantitativos MARAT - Método de Avaliação de Riscos de Acidentes de Trabalho MASqt – Métodos de Avaliação Semi-Quantitativos NC – Nível de Consequências ND – Nível de Deficiência NE – Nível de Exposição NP – Nível de Probabilidade NS – Nível de Severidade NR – Nível de Risco NC – Nível de Controlo OIT – Organização Internacional do Trabalho SHT – Segurança e Higiene no Trabalho SSHT – Segurança, Saúde e Higiene no Trabalho VI Definições Importantes Acidente de Trabalho – Situação que se verifique no local e no tempo de trabalho, produzindo lesão corporal, perturbação funcional ou doença de que resulte redução na capacidade de trabalho, ou de ganho, ou a morte (Fundo de Acidentes de Trabalho, s/data). Componentes materiais do trabalho – O local de trabalho, o ambiente de trabalho, as ferramentas, as máquinas, equipamentos e materiais, as substâncias e agentes químicos, físicos e biológicos e os processos de trabalho (Lei nº 102/2009 de 10 de setembro). Empregador – A pessoa singular ou coletiva com um ou mais trabalhadores ao seu serviço e responsável pela empresa ou estabelecimento ou, quando se trate de organismos sem fins lucrativos, que detenha competência para a contratação de trabalhadores (Lei nº 102/2009 de 10 de setembro). Higiene do Trabalho – Estudo, avaliação e controlo dos riscos ambientais ocupacionais; Prevenção de Doenças Profissionais (Miguel, 2012). Local de Trabalho – O lugar em que o trabalhador se encontra ou de onde ou para onde deva dirigir-se em virtude do seu trabalho, no qual esteja direta ou indiretamente sujeito ao controlo do empregador (Lei nº 102/2009 de 10 de setembro). Perigo – A propriedade intrínseca de uma instalação, atividade, equipamento, um agente ou outro componente material do trabalho com potencial para provocar dano (Lei nº 102/2009 de 10 de setembro). Prevenção – O conjunto de políticas e programas públicos, bem como disposições ou medidas tomadas ou previstas no licenciamento e em todas as fases de atividade da empresa, do estabelecimento ou do serviço, que visem eliminar ou diminuir os riscos profissionais a que estão potencialmente expostos os trabalhadores (Lei nº 102/2009 de 10 de setembro). Quase Acidente – Situação em que não ocorre, mas existe a probabilidade de ocorrência de acidente. VII Risco – A probabilidade de concretização do dano em função das condições de utilização, exposiçãoA bitola é de fundamental importância na adaptação do trator implemento ao trabalho a ser executado. Procedimentos para o ajuste de bitola A) Eixo dianteiro 4x2 A bitola pode ser alterada de 2 formas: 1) Pelo deslocamento da barra telescópica (2) Para dentro ou para fora da canaleta (1) presa a mesa frontal do trator. Cada furo da barra altera-se a bitola em 50 mm no respetivo lado, portanto a alteração total da bitola dianteira será de 100 mm (50 mm em cada lado). 110 Figura 44. Bitola Dianteira Fonte: New Holland B) Pela inversão do lado de montagem da roda (aro + pneu) Consiste na mudança da montagem no aro. As rodas destes eixos são do tipo aro e discos reversíveis. Este sistema permite alterar a bitola em até 8 tipos diferentes. Figura 45. Bitola Traseira Fonte: Massey Ferguson Bitola do eixo traseiro O ajuste de bitola do eixo traseiro depende do tipo de rodado utilizado A) Roda do tipo aro e disco reversível: O procedimento para alteração da bitola é feito da mesma forma que as rodas tipo aro e disco, do eixo dianteiro. Figura 46. Rodado Traseiro 111 Fonte: Massey Ferguson B) Rodas tipo arrozeiras: Estas rodas não permitem ajuste de bitolas, pois são fixas no aro, além disso, o pneu empregado nessas rodas é mais largo impossibilitando a inversão do lado de montagem das rodas. Figura 47. Roda Arrozeira Fonte: Massey Ferguson C) Roda com disco fundido: Estas rodas possuem um disco fundido, permitem montagem de contrapesos internos. É utilizada para pneus largos para uso em solo firme. D) Rodas com sistema PAVT: É um sistema servo ajustável, que oferece grande facilidade para a mudança de bitola traseira. Figura 48. Sistema PAVT Fonte: Massey Ferguson 112 Barra de Tração A barra de tração do tipo oscilante, travada na sua posição central através de 2 pinos removíveis o que a torna oscilante para as aplicações que requeiram. Além da oscilação a barra de tração permite regular a altura e do comprimento conforme descrito a seguir. Figura 49. Barra de Tração Fonte: Massey Ferguson Ajuste da Altura das Barras de Tração A razão de se ajustar a altura da barra de tração, é permitir que o cabeçalho do implemento ou carreta fique na posição mais horizontal possível. Uma barra muito inclinada, ao ser submetido a altos esforços de tração pode provocar a perda de firmeza de um dos eixos dianteiro ou traseiro • Barra muito baixa, o eixo traseiro perde firmeza. • Barra muito alta, eixo dianteiro perde firmeza. • Barra reta não permite a alteração da altura 113 Figura 49. Manual de Operação Fonte: Massey Ferguson Barra com Degrau Permite 2 opções de altura, degrau virado para cima (maior altura), ou degrau virado para baixo); Barra com degrau e cabeçote permite 4 posições: 1- Com degrau para baixo e cabeçote para cima 2- Com degrau e cabeçote para baixo 3- Com degrau para cima e cabeçote para baixo 4- Com degrau e cabeçote para cima Figura 50. Barra de Tração Fonte: Massey Ferguson 114 Sistema Hidráulico A- Barras inferiores B- Braços niveladores C- Braço do terceiro ponto D- Viga c ou de controle E- Estabilizadores laterais (tipo corrente ou telescópico) F- Braços superiores G- Cilindros hidráulicos Figura 51. Sistema de Engate de 3 Pontos Fonte: Massey Ferguson Forma de Acoplamento e Engates O trator possui diversos pontos onde podem ser acoplados ou mesmo engatados uma infinidade de equipamentos ou implementos agrícolas, para as mais variadas condições de trabalho. Estes pontos possuem diversas possibilidades de regulagens, que facilitam e aumentam a eficiência nos mais variados trabalhos de campo. Os tipos de acoplamentos são: • Engate de 3 pontos: Localizado na parte traseira do trator, serve para o acoplamento de implementos no sistema hidráulico do trator. Possui 3 pontos de fixação braço esquerdo, 3º ponto e braço direito 115 Figura 52. Viga C Fonte: Massey Ferguson • Controlo remoto: Muito utilizado em implementos de arrasto principalmente para movimentação das rodas de transporte. Figura 53. Válvulas de Controlo Remoto Fonte: Case IH Seleção de Marchas, Rotação e Velocidade A seleção de marcha e a rotação correta são fundamentais para o bom desempenho do trator e um baixo consumo de combustível. A velocidade deve ser compatível com o tipo de terreno e implemento com que o trator vai trabalhar. 116 Figura 54. Escalonamento de Marchas Fonte: New Holland Passos para a escolha da velocidade e rotação correta A) Determine qual a velocidade adequada para a operação B) Determine qual a rotação a ser usada no motor de acordo com a tabela de escala de velocidades. Conduzir e Operar o Trator com Segurança Em 2019, um novo despacho criou a obrigação do chamado COTS (Conduzir e Operar Trator com Segurança) para quem conduz tratores e máquinas agrícolas similares. Agora a carta de condução e licença não são suficientes. Esta formação obrigatória aplica-se indistintamente a todos que conduzem tratores, mesmo que de forma não profissional. A partir de 2021 entrou em vigor. Esta obrigatoriedade, criada Pelo Decreto-lei nº 151/2017, de 7 de dezembro, visa prevenir acidentes com máquinas agrícolas, aplicando-se aos condutores habilitados com cartas de condução: • A habilitação para a condução do trator agrícola é atribuída pela licença de condução correspondente à categoria II ou III, através da aprovação em exame de condução (prova teórica e prova prática). • Os condutores habilitados com a categoria B (automóveis ligeiros) podem conduzir veículos correspondentes à categoria II e os condutores habilitados com 117 a categoria C (automóveis pesados de mercadorias) e categoria D (automóveis pesados de passageiros) podem conduzir os veículos da categoria III. Relativamente à condução de veículos agrícolas, o despacho introduz a obrigatoriedade de frequência de ação de formação, com vista à melhoria da segurança rodoviária O despacho define que os condutores com carta de condução que os habilite a conduzir veículos das categorias B, C e/ou D que pretendam conduzir veículos agrícolas da categoria II e III, devem realizar a ação de formação “Conduzir e operar com o trator em segurança”, de 35 horas, ou a formação de curta duração “Condução e operação com o trator em segurança” de 50 horas. No dia 27 de Novembro de 2020 o Ministério da Administração Interna avançou que todos os tratores agrícolas vão passar a ser obrigados a ter um arco de proteção, ficando o seu incumprimento sujeito a uma coima de 120 a 600 euros, Entre as principais alterações está a obrigatoriedade de instalação e utilização de arcos de proteção, chamados “arcos de Santo António”, em tratores, máquinas agrícolas ou florestais e industriais. Documentos que devem sempre acompanhar o trator • Livrete do equipamento • Registo de verificações e ensaios periódicos • Certificado de conformidade (CE) • Manual de instruções. Equipamentos de Proteção O equipamento de proteção, tal como o nome indica, é todo aquele equipamento que pode ser usado pelo trabalhador no sentido de o proteger quanto a possíveis perigos no desempenhar das suas funções. O Equipamentode Proteção pode ser: • Coletivo (EPC); • Individual (EPI). 118 Um equipamento de proteção pode ser constituído por vários meios ou dispositivos associados de forma a proteger o seu utilizador contra um ou vários riscos em simultâneo. O uso deste tipo de equipamento só deverá ser levado a cabo quando não for possível tomar medidas que permitam eliminar os riscos no ambiente em que se desenvolve a atividade. Igualmente, deve-se dar, sempre, primazia aos EPCs, pois são estruturantes abrangendo todos os trabalhadores. Só quando estes não são aplicáveis se deve recorrer aos EPIs. No caso da empresa agrícola, contra o que seria mais recomendável, acaba por se revelar mais aplicável o uso de EPIs pelo facto do trabalhador executar um grande número de funções “a céu aberto” ou em estreita relação com máquina/equipamento ou produto perigoso tendo que se proteger de forma individual. Para determinar qual o equipamento de proteção mais adequado é necessário proceder à avaliação e controlo dos riscos, concretamente: • Avaliação dos agentes a que os trabalhadores vão estar sujeitos e contra os quais devem ser protegidos (físicos, químicos ou biológicos); • Análise do posto de trabalho; • Definição da necessidade de usar EPI no caso de outras medidas não serem suficientes. Todos os trabalhadores devem conhecer o local onde está guardado este equipamento e ter acesso a ele. E, se por um lado, o empregador é obrigado a adquirir e fornecer estes equipamentos, a manter disponível informação sobre o seu uso e necessidade, por outro, os trabalhadores devem utilizá-los sempre que necessário e de forma correta, conservá- los em bom estado e reportar qualquer anomalia que detetem. • Equipamentos de Proteção Coletiva (EPC) Os Equipamentos de Proteção Coletiva, para esta classe profissional passam essencialmente pelas boas condições dos equipamentos, assim como a utilização de equipamentos com sistemas de segurança. No caso em particular dos tratores salientasse a utilização de tratores que disponham EPAC (Estrutura de Proteção Anti Capotamento), assim como de sistemas de retenção (cinto de segurança). Existem vários tipos de EPAC, sendo o exemplo mais seguro, EPAC- Cabine como representa a figura: 119 Estrutura de Proteção Anti- Capotamento Figura 55. Adaptado do Modelo Computacional de Trator Agrícolas Fonte: Tese de Mestrado "Sinistralidade Rodoviária Envolvendo Veículos Ligeiros de Mercadorias e Tratores Agrícolas" de Eng.º Nuno Miguel Justino Tabela 1. Síntese de Proteção Coletiva, face a utilização de tratores agrícolas Com Sistema de Sem Sistema de Retenção Retenção Sem EPAC Muito inseguro Muito inseguro Com EPAC I Seguro Inseguro Com EPAC II Seguro Moderadamente Seguro Com EPAC Cabine Seguro Moderadamente Seguro https://fenix.tecnico.ulisboa.pt/downloadFile/395139404365/TESE.pdf https://fenix.tecnico.ulisboa.pt/downloadFile/395139404365/TESE.pdf https://fenix.tecnico.ulisboa.pt/downloadFile/395139404365/TESE.pdf 120 Sistema de retenção (cinto de segurança): Figura 56. Modelo Computacional de Trator Agrícolas Fonte: Tese de Mestrado "Sinistralidade Rodoviária Envolvendo Veículos Ligeiros de Mercadorias e Tratores Agrícolas" de Eng.º Nuno Miguel Justino Ainda como equipamentos de segurança, a considerar como EPC'S, pois são associados aos equipamentos e não ao utilizador são: • Proteção dos veios telescópicos de cardans; • Proteção dos órgãos móveis das máquinas operadoras, guarda corpos, corrimões; • Luz avisadora de marcha-lenta (pirilampo); • Colocação de espelhos retrovisores. A utilização diária e constantes por parte deste operacionais com a utilização de tratores acarretam inúmeros riscos para a saúde e segurança dos mesmos, sendo efetivamente os mais evidentes com maior severidade, o risco de acidente, no entanto existem vários, como exposição ao ruído, fatores ambientais severos, exposição a agentes químicos (etc), assim, e para minimizar a exposição aos mesmos existe a necessidade de que estes operacionais utilizem a devida proteção individual para a atividade desenvolvida. Na globalidade, e tendo em conta as tarefas realizadas de forma diária e continuada por estes operacionais, para além das medidas de proteção coletiva, que passam essencialmente pela utilização de equipamentos seguros. É importante também que a utilização de proteção individual não seja descorada. https://fenix.tecnico.ulisboa.pt/downloadFile/395139404365/TESE.pdf https://fenix.tecnico.ulisboa.pt/downloadFile/395139404365/TESE.pdf 121 • Equipamentos de Proteção Individual EPI Proteção dos Olhos e do Rosto Os olhos e o rosto protegem-se através da utilização de óculos e viseiras apropriadas, cujos vidros deverão resistir ao choque e às radiações, conforme os casos. É importante a utilização deste tipo de equipamento em situações como: projeção de fragmentos ou partículas, ou ainda em situações em que haja a necessidade de efetuar qualquer tipo de reparação ao trator recorrendo a processo de soldadura, muitas vezes são os próprios operacionais que no terreno procedem a pequenas reparações mecânicas. Exemplos: Figura 57. Óculos de Segurança (Ampla Visão) Fonte: Departamento de gestão de pessoas divisão de medicina e segurança do trabalho engenharia de segurança do trabalho Descrição: Armação com borda larga em PVC anatômico, incolor em peça única, com válvulas laterais para ventilação, visor de policarbonato incolor com tratamento ante embaçante e elástico em neoprene contendo regulagens. Objetivo: Proteção dos olhos contra partículas volantes leves multidirecionais, respingos de produtos químicos e contra poeiras totais. 122 Figura 58. Óculos de Segurança Lente Escura Fonte: Departamento de gestão de pessoas divisão de medicina e segurança do trabalho engenharia de segurança do trabalho Descrição: Óculos de segurança com armação convencional injetada em acetato de celulose, policarbonato ou propionato, hastes tipo espátula com protetores laterais não perfurados sendo injetados na mesma peça, lentes de policarbonato escura, ante embaçante. Encaixe nasal de borracha, regulagem nas pernas dos óculos. Objetivo: Proteção dos olhos do usuário contra impactos de partículas volantes e luminosidade intensa. Proteção das Vias Respiratórias A proteção das vias respiratórias é feita através dos chamados dispositivos de proteção respiratória, que consiste na utilização de máscaras. É importante a utilização deste tipo de equipamento, em tarefas como a aplicação de produtos químicos, como os fertilizantes e produtos fitofarmacêuticos, principalmente, quando estes são aplicados com recurso a trator sem cabine. Dependendo do produto químico utilizado assim será a escolha do EPI adequado. 123 Exemplos: Figura 59. Máscara tipo peça semifacial pff2-vo Fonte: Departamento de gestão de pessoas divisão de medicina e segurança do trabalho engenharia de segurança do trabalho Descrição: Respirador sem manutenção descartáveis, em peça semifacial dobrável. A espessura do respirador deve ficar entre 2 a 5 mm, possuindo 2 tirantes elásticos grampeados em pontos diferentes para uma melhor vedação, com largura mínima de 5mm, e borda de vedação, a peça metálica para ajuste ao nariz deve ser resistente ao corpo da máscara. Objetivo: Proteção das vias respiratórias do usuário contra poeiras, névoas e fumos. Figura 60. Respirador PFF-2. Purificador de ar filtrante para vaporesácidos Fonte: Departamento de gestão de pessoas divisão de medicina e segurança do trabalho engenharia de segurança do trabalho Descrição: Poeiras Névoas e Fumos PFF2 - Respiradores sem manutenção, descartáveis, em peça semifacial formato concha, com válvula tipo cortina soldada na concha e posicionada frontalmente, abrindo com maior facilidade durante a exalação. A espessura 124 do respirador deve ficar entre 2 a 5 mm, possuindo dois tirantes grampeados em pontos diferente, com largura mínima de 5mm, em elástico resistente e borda de vedação com excelente acabamento, a peça metálica para ajuste ao nariz deve ser resistente e bem firme ao corpo da máscara, de maneira a não sair facilmente. Os respiradores são utilizados para oferecer proteção, em baixa concentração, contra os contaminantes. Utilizados nas atividades onde há manuseio de produtos em baixas concentrações de cloro, ácidos. Objetivo: Proteção das vias respiratórias do usuário contra poeiras, névoas e fumos. Proteção Auditiva Os dispositivos de proteção do aparelho auditivo são de dois tipos: protetores auriculares do tipo abafador e os dispositivos de inserção no canal auditivo. Essenciais, caso o operador desempenhe as suas atividades num trator sem cabine. Exemplos: Figura 61. Protetor auditivo Fonte: Departamento de gestão de pessoas divisão de medicina e segurança do trabalho engenharia de segurança do trabalho Descrição: Protetor auricular acolchoado com espuma para absorção de ruído que atenue nível de pressão sonora NRRsf no mínimo de 23 dB(A), formado por duas conchas almofada externa, macia preenchida internamente com espuma de poliuretano. Haste de sustentação em aço inoxidável, espuma antirruído, almofada desmontável para um perfeito ajuste na cabeça. 125 Objetivo: Para uso em trabalhos realizados em locais onde os níveis de ruído sejam superiores aos limites de tolerância. Figura 62. Protetor auricular tipo inserção bicolor Fonte: Departamento de gestão de pessoas divisão de medicina e segurança do trabalho engenharia de segurança do trabalho Descrição: Deve ser composto de três flanges de silicone, onde a primeira, a segunda e a terceira são maciças e cônicas, viradas para trás, moldadas, flexíveis, antialérgicas, laváveis, reutilizáveis, tamanho único, moldável a diferentes canais auditivos, sendo bicolor. Os plugs devem possuir cordão de interligação de algodão antialérgico. Objetivo: Para uso em trabalhos realizados em locais onde os níveis de ruído sejam superiores aos limites de tolerância estabelecidos. Proteção do Tronco O tronco é protegido através do vestuário, que pode ser confecionado em diferentes tecidos. É aconselhado vestuário apropriado, não só na sequência do contato com produtos químicos, mas também, à exposição a temperaturas ambientais extremas, que mais uma vez é agravado, aquando da utilização de tratores sem cabine. 126 Exemplos: Figura 63. Vestuário tipo japona para baixas temperaturas Fonte: Departamento de gestão de pessoas divisão de medicina e segurança do trabalho engenharia de segurança do trabalho Descrição: Japona confeccionada em tecido 100% poliamida com resina, forrada com manta térmica e acolchoada. Possuir bolsos embutidos nas laterais, capuz conjugado, fechamento frontal até o pescoço por meio de velcro alinhado, por botão guia e barra lisa, para baixas temperaturas de até - 35°C. Objetivo: Proteção do tronco do usuário contra agentes térmicos. 127 Figura 64. Vestuário conjunto capa de chuva com faixa refletora Fonte: Departamento de gestão de pessoas divisão de medicina e segurança do trabalho engenharia de segurança do trabalho Descrição: Jaqueta de segurança confecionada em náilon (poliamida revestida com PVC), fecho com costuras seladas por meio do processo termo eletrônicas, capuz fixo ajustado por cordão, punhos ajustados por velcro, fecho frontal com zíper e pela afixada com velcro, faixas refletoras na circunferência das mangas e tórax. Calça de segurança confecionada em náilon (poliamida revestida com PVC), fecho com costuras selados através do processo termo eletrônico, elástico na cintura, barra com acabamento reto, faixas refletoras na circunferência das pernas. Objetivo: Proteção do tronco, membros superiores e das pernas do usuário contra umidade proveniente de operação com água Proteção de Pés A proteção dos pés deve ser considerada quando há possibilidade de lesões a partir de efeitos mecânicos, térmicos, químicos ou elétricos. Quando há possibilidade de queda de materiais, deverão ser usados sapatos ou botas revestidas interiormente com biqueira de aço. Exemplos: Figura 65. Botas de Biqueira de Aço Fonte: Departamento de gestão de pessoas divisão de medicina e segurança do trabalho engenharia de segurança do trabalho 128 Descrição: Bota com elástico, Cabedal, confecionado em couro vaqueta, hidrófuga, espessura de 1,8 a 2,0 mm, resistente a agentes químicos, cano acolchoado em espuma densidade 80, forrados em vaqueta vestuário curtida ao cromo, forro da gáspea em couro raspa camurça natural, palmilha de limpeza bactericida, removível, Alma em fibra plástica, solado em poliuretano densidade bicolor, injetado diretamente ao cabedal, com entressola em poliuretano de baixa densidade e sola em poliuretano compacto, antiderrapante, biqueira Composite Contraforte, termoplástico, formato anatômico, com espessura mínima de 1,6 mm, costuras em linha de nylon fio 30, sendo 4 costuras para união da gáspea com as partes laterais, taloneira: reforçadas. Objetivo: Proteção dos pés e tornozelos contra escoriações provocadas por agentes externos, proteção contra queda de objetos pesados e impactos frontais. Figura 66. Botas de Borracha com Biqueira de Aço Fonte: Departamento de gestão de pessoas divisão de medicina e segurança do trabalho engenharia de segurança do trabalho Descrição: Bota de segurança, confecionada em borracha, com uma biqueira em aço. Objetivo: Proteção dos membros inferiores contra humidade e produtos químicos, importante nas atividades desenvolvidas pelos tratorista e ambos os funcionários em dias de chuva. 129 Proteção das Mãos Os ferimentos das mãos constituem o tipo de lesão mais frequente. Daí a necessidade da sua proteção. Como dispositivo de proteção individual utilizam-se luvas. Neste caso em particular, é importante a utilização de luvas, com vista a minimizar os efeitos em caso de golpe, corte ou perfurações, e ainda no que diz respeito à manipulação de agentes químicos. Exemplos: Figura 67. Luvas de segurança contra agentes mecânicos Fonte: Departamento de gestão de pessoas divisão de medicina e segurança do trabalho engenharia de segurança do trabalho Descrição: Luva de segurança tricotada em fio de algodão e poliéster, revestida em látex de borracha natural na palma, face palmar dos dedos pontas dos dedos, palma antiderrapante com acabamento corrugado, punho tricotado em algodão. Objetivo: Proteção das mãos do usuário contra agentes abrasivos, cortantes e perfurantes. 130 Figura 68. Luvas de segurança, proteção contra escoriações Fonte: Departamento de gestão de pessoas divisão de medicina e segurança do trabalho engenharia de segurança do trabalho Descrição: Luvas confecionadas em raspa de couro de 1ª qualidade tipo groupon 100% couro com formato de cinco dedos, curtida ao cromo, comreforço interno na palma, dedo polegar e indicador, tira de reforço entre polegar e indicador, punho com costura dupla e acabamento com viés (independente de cor), costura em fio de algodão com 2 a 3 pontos por centímetro linear. Objetivo: Proteção das mãos contra agentes abrasivos e escoriantes. Figura 69. Luvas de segurança contra agentes mecânicos e químicos Fonte: Departamento de gestão de pessoas divisão de medicina e segurança do trabalho engenharia de segurança do trabalho 131 Descrição: Luvas de segurança, confecionadas em malha de algodão (palma, dedos e dorso revestidos de nitrilo), face palmar da mão e dedos antiderrapantes em grafatex, punho tricotado em malha. Objetivo: Proteção das mãos do usuário contra riscos mecânicos e químicos. Proteção contra Vibrações Destinado a proteger as mãos em trabalhos com incidência de impacto, manipulação de máquinas de impacto, como britadeiras, parafusadoras, entre outras. Exemplos: Figura70. Luvas de segurança proteção anti vibração Fonte: Departamento de gestão de pessoas divisão de medicina e segurança do trabalho engenharia de segurança do trabalho Descrição: Confecionadas em 50% Algodão, 45% Nylon, 5% Borracha de cloropreno . Especialmente concebidas para reduzir os efeitos da vibração para utilização com martelos perfuradores, demolidores de cimento, entre outros, revestimento calibre 10 para destreza. Objetivo: Proteção das mãos contra vibrações. 132 Lista de Verificação Empresa: Função: Máquinas Agrícolas: Sim Não NA Observações Tratores: Livrete, verificações e ensaios periódicos, certificado CE de conformidade e manual de instruções Formação Específica Operação no interior das explorações Sim Não NA Observações Carta de condução Licença de condução Formação COTS (Conduzir e Operar Trator com Segurança) Condução em estrada Sim Não NA Observações Carta de condução ou Licença de condução Principais Medidas de Prevenção Fabricante Sim Não NA Observações Sistema de retenção (obrigatórios cintos de segurança em alguns modelos de tratores) Proteção dos veios telescópicos de cardans 133 Proteção dos órgãos móveis das máquinas operadoras, guarda corpos, corrimões Pirilampo (marcha lenta) Colocação de espelhos retrovisores; Utilizador Sim Não NA Observações Formação e informação do operador; Avaliação dos riscos inerentes à sua utilização Regulação da via ou bitola na posição mais larga possível Lastrar adequadamente o trator para aumentar a estabilidade do conjunto trator-máquina (ex: água nas rodas, pesos nas rodas e massas frontais) Principais Medidas de Proteção Equipamento Sim Não NA Observações Arco de segurança Rebatimento do Arco (Utilizar o arco rebatido em situações estritamente necessárias (ex: entrar em estufas, passar por baixo da copa das árvores); Quadro de segurança; Cabine de segurança (em função da categoria da cabina, verificar a instalação do filtro e substitui-lo de acordo com as orientações do manual de instruções); Proteção do veio de tomada de força; (veio telescópico de cardans); Utilizador Sim Não NA Observações Equipamento de Proteção individualou interação do componente material do trabalho que apresente perigo (Lei nº 102/2009 de 10 de setembro). Segurança no Trabalho – Estudo, avaliação e controlo dos riscos de operação; Prevenção de acidentes (Miguel, 2012). Trabalhador – A pessoa singular que, mediante retribuição, se obriga a prestar um serviço a um empregador e, bem assim, o tirocinante, o estagiário e o aprendiz estejam na dependência económica do empregador em razão dos meios de trabalho e do resultado da sua atividade (Lei nº 102/2009 de 10 de setembro). VIII 1 Introdução A preocupação com as condições de trabalho e com a saúde dos trabalhadores foi sendo algo esporádico ao longo da história da humanidade pois a qualidade das condições de trabalho é um dos fatores fundamentais para o sucesso de um sistema produtivo. Nesse âmbito, a melhoria da produtividade e da competitividade das empresas portuguesas passa, necessariamente, por uma intervenção no sentido da melhoria das condições de trabalho. (Portal das PME, SD). A segurança e higiene no trabalho (SHT) surge como um fenómeno que decorre da parte menos agradável da história do trabalho, tornando-se um sinal da transformação dos modelos sociais e organizacionais no âmbito da necessidade social, que foi emergindo devido aos constrangimentos que o exercício ocupacional acarretou para o bem-estar do ser humano. O enfoque sistémico perfilhado pelos domínios da SHT nas organizações contemporâneas foi um sinal da transformação dos modelos sociais e organizacionais de gestão do trabalho e da forma como as sociedades começaram a percecionar este tema. (Neto, 2011). Todo este invólucro só tem sido possível devido a todo um conjunto de acontecimentos que se têm vindo a registar ao longo dos séculos, afirmando assim que a SHT tem vindo a sofrer um processo evolutivo (Neto, 2011). A agricultura foi o primeiro ponto de viragem para o surgimento da SHT pois acarretou com transformações profundas em todo o sistema social sendo que estas também se refletiam nas próprias representações sobre quais deveriam ser as condições de realização das atividades laborais, sendo a natureza do trabalho um dos pontos mais importantes para a necessidade de SHT. As grandes mudanças de paradigma social têm o trabalho como operador elementar, até porque este foi uma invenção humana que tem vindo a ser moldada pelas diferentes épocas em função das necessidades e ideologias, sendo um ponto extremamente útil a SHT (Neto, 2011). De acordo com a Autoridade para as Condições de Trabalho (ACT, 2022) os números referentes à sinistralidade laboral no grupo profissional: agricultores e trabalhadores qualificados da agricultura e pescas, foram de 27 acidentes mortais entre 2019 e 2021 (9 em cada ano) e de 35 acidentes graves no mesmo período (11 em 2019, 12 em 2020 e 12 em 2021). 2 Relativamente à sinistralidade laboral no Código de Atividade Económica Agricultura, Produção Animal, Caça, Floresta e Pesca, registaram-se no mesmo período 48 acidentes mortais (16 em 2019, 15 em 2020 e 17 em 2021) e 68 acidentes graves (27 em 2019, 25 em 2020 e 16 2021). Estes números são preocupantes e pouco tem sido feito muito pouco para inverter estes números. Existe alguma legislação nesse sentido, bem como guias práticos, manuais sobre o tema até algumas publicações que fornecem alguma informação importante, mas insuficiente. A existência de legislação e manuais é de fato importante, no entanto, os conteúdos presentes no mesmo não chegam até aos devidos intervenientes que são os agricultores. Por isso considera-se que a elaboração de um manual de boas práticas, que englobe todas as atividades realizadas pelos tratoristas, seja um tema pertinente e uma mais-valia para a salvaguarda dos trabalhadores e da entidade patronal. Pretende-se com o estudo, reunir e compilar os conteúdos e as temáticas presentes nos manuais e guias práticos, e, com recurso a trabalho de campo, realizando uma avaliação de risco às atividades desenvolvidas pelos condutores de máquinas agrícolas, mais propriamente tratores. A presente dissertação encontra-se esquematizada da seguinte forma: Capítulo 1: Neste primeiro capítulo apresento o enquadramento do estudo, bem como objetivos do estudo e os métodos a utilizar; Capítulo 2: Caracterização da empresa, história do fundador da exploração, caracterização bem como de toda a sua envolvência, quer a nível de tarefas e equipamentos; Capítulo 3: Efetua-se o enquadramento teórico, abordando temas com relevância para a dissertação, como a Segurança, Higiene no Trabalho, caracterização do sector agrícola em Portugal e no Alentejo, sinistralidade no sector. Capítulo 4: Introdução de avaliação de riscos, uma breve analise aos perigos relacionados com o posto de trabalho, identificação de pessoas que poderão estar expostas ao risco, identificação dos grupos de risco, principais riscos a que um trabalhador agrícola que opera com tratores agrícolas está exposto, metodologia de avaliação de riscos profissionais e por fim uma breve introdução do método MARAT; 3 Capítulo 5: Neste capítulo 5 aborda-se todos os matérias e métodos que são utilizados para o desenvolvimento e concretização desta dissertação. Capítulo 6: Penúltimo capítulo, apresentação e discussão dos resultados, análise do método. Capítulo 7: Por último, no capítulo 7 apresento algumas medidas de controlo, um manual de boas praticas na operação com tratores agrícolas e florestais e também as lacunas detetadas na avaliação de riscos. 4 Capítulo 1. Enquadramento do Estudo “A existência de problemas sérios e persistentes no desenvolvimento do setor agrícola em Portugal (…) é um fator reconhecido que se encontra documentado.” (Girão, 2001) Nos dias de hoje cada vez mais a vertente humana assume um papel de elevada importância na atividade laboral. Não há muito tempo a produtividade era o fator de maior importância para as empresas, ficando as condições de trabalho em último lugar. Não contrariando que o aumento da produtividade continua a ser o principal objetivo das organizações, houve um aumento no desenvolvimento de medidas para satisfazer as necessidades dos trabalhadores assim que ficou claro que o aumento da produtividade está fortemente ligado ao nível de bem-estar e à segurança dos trabalhadores (Batalha, 2012). Com esta nova visão sobre as condições de trabalho a que os trabalhadores estão sujeitos surgiu a Segurança Higiene e no Trabalho (SHT) focada as condições de trabalho e na respetiva segurança e saúde dos trabalhadores, bem como na adequação do trabalho ao Homem e nunca vice-versa, de modo a que os resultados sejam vantajosos para ambas as partes: trabalhador e empregador. A implementação da SHT contribuiu para a redução dos acidentes de trabalho e das doenças profissionais, o que leva à diminuição do absentismo, conduzindo, assim, ao aumento da produtividade e competitividade, fatores que representam um grande peso no sucesso de uma organização (Batalha, 2012). No que diz respeito às empresas agrícolas, estas apresentam muitas dificuldades na aplicação de regras ou de formas de trabalho seguras e na aplicação da legislação laboral, em particular a que se refere à prevenção de riscos. A agricultura é um sector que apresenta características próprias e, por vezes, muito diferentes da maioria dos outros sectores económicos. • Muitas empresas familiares; • Muitos trabalhadores por conta própria; • O trabalho desenvolve-se maioritariamente ao ar livre; • Grande variedade de máquinas e equipamentos agrícolas; 5 • Repetido contacto com animais; • Repetido contacto com produtos químicos; •Sazonalidade das atividades; • Necessidade de contratação de pessoal não especializado nos “picos “de maior trabalho; • Um cada vez maior número de trabalhadores estrangeiros com outras práticas de trabalho e poucos conhecimentos da língua portuguesa. Uma avaliação e o controlo de riscos profissionais visam tratar e/ou reduzir os riscos, implementando medidas corretivas, exigindo assim o seu cumprimento. Estas medidas deverão ser avaliadas de forma periódica para saber a sua eficácia. A presente dissertação engloba a segurança do trabalho, tendo como objetivo a Avaliação e Controlo de Riscos Profissionais nas Operações Com Tratores Agrícolas, na exploração Félix Nobre. A prevenção dos riscos profissionais deve integrar-se num sistema coerente que abranja a produção, a organização, as condições de trabalho e o diálogo social. Deve-se adotar prioritariamente as medidas de proteção coletiva, recorrendo às medidas de proteção individual em última instância. Deverão ser utilizadas técnicas operativas de controlo (prevenção, proteção, normalização, sinalização e formação/informação). 1.1. Objetivos do Estudo A avaliação e o controlo de riscos são um ponto importante no melhoramento da realização das tarefas agrícolas. Controlar os riscos significa intervir sobre eles, obtendo a minimização dos seus efeitos até a um nível aceitável. A eficácia do controlo depende assim em larga medida de tal ação, incidir na fonte da sua génese e se direcionar no sentido da adaptação do trabalho ao homem. (Ramos, 2013). A presente dissertação visa a identificação de perigos e valoração dos riscos em contexto real de trabalho, e posteriormente no controlo dos riscos existentes de forma a conseguir-se minimizá-los. 6 Constitui uma etapa chave no processo de prevenção, na medida em que, ao permitir conhecer o risco, contribui com informação muito importante para o planeamento das intervenções preventivas adequadas. (Ramos, 2013) Objetivos fulcrais do projeto: - Definir as normas e práticas de SHT que devem ser implementadas e seguidas ao nível das operações com tratores agrícolas na exploração; - Identificar os principais perigos e avaliar os riscos das atividades desenvolvidas, expor medidas controlo, elaboração de manual de boas práticas na operação de tratores agrícolas e florestais contribuindo para reduzir ao mínimo a possível ocorrência de acidentes de trabalho e de doenças profissionais. - Contribuir para a implementação de uma cultura de segurança. 1.2. Métodos a Utilizar Nos tempos como os que correm nos dias de hoje, e dada a situação que o País atravessa não foi tão fácil a identificação das tarefas, mas com esforço e com todas as medidas de segurança, as mesmas foram identificadas através de mecanismos observacionais, e com o auxílio de uma ficha de verificação (Apêndice III). Após reunida e compilada a informação adquirida. Foi elaborada uma avaliação de riscos, sendo que a mesma será realizada com recurso a utilização do Método de Avaliação de Riscos e Acidentes de Trabalho (MARAT). A escolha do método, deve-se ao fato de que através do MARAT é possível identificar, avaliar e quantificar a magnitude dos riscos existentes nas diferentes tarefas operacionais e processos no local de trabalho, estabelecendo, uma ordem de prioridades de intervenção e correção de riscos, estabelecendo os riscos que poderão ser tolerados e não tolerados, sendo expresso em cinco níveis de controlo, cada um deles identificado através de um esquema de cores. Após a aplicação do método e mediante os resultados serão propostas as respetivas medidas de controlo e alguns procedimentos de segurança, que são a base para o manual de boas práticas. 7 1.3 Estado da Arte Foram desenvolvidos vários trabalhos com a implementação de manuais de segurança laboral e guias de boas práticas em segurança e higiene no trabalho. Em 2014 Ana Maria Silva Rodrigues desenvolveu um Manual de segurança de uma P.M.E: Lamarserv. A Lamarserv, presta serviços especializados de manutenção e limpeza industrial, que se limita a seguir as orientações sobre SHT de cada um dos clientes a quem presta serviços. Este trabalho incide em medidas preventivas de riscos e profissionais na empresa. As atividades não foram analisadas de forma detalhada nas questões de avaliação de risco e existe realmente a necessidade de desenvolver uma ferramenta útil de SHT. O projeto permitiu criar um Manual de Segurança no Trabalho adaptado à empresa Lamarserv. Gabriel Mestre Varela em 2016 publicou uma dissertação onde desenvolveu um Manual de Boas Práticas em higiene e segurança no trabalho lota de Vila Real de Santo António Docapesca - O manual desenvolvido tinha como principal objetivo consciencializar e informar os trabalhadores dos diversos riscos que estão associados e sensibilizar para adoção de posturas preventivas cativas. A implementação da política de segurança e saúde no trabalho exigiu um planeamento estratégico centrado na avaliação e controlo de riscos, e no cumprimento da legislação aplicável à organização. Para melhor avaliação dos riscos foram estruturadas sete categorias, e cada categoria foi associada a um conjunto de funções. Ainda em 2016 Cláudia Sofia Ludovina Matos Silva publicou uma dissertação onde realizou um Manual de boas práticas em segurança e higiene no trabalho - Centros de recuperação de animais selvagens. O manual destina-se a ser uma referência para os Centros de Recuperação de Animais Selvagens, que trabalham muito com voluntários e onde os riscos para os mesmos muitas vezes são descorados. É um documento que pretende contribuir para uma cultura de segurança nos Centros de Recuperação através da introdução de regras e de normas de segurança que atuam desde a chegada do animal até à sua libertação ou transferência para outra entidade. A avaliação de riscos e o cumprimento com a legislação foram os pilares do manual. O objetivo da dissertação é a replicação do Manual a todos os centros que o pretendam, sendo que deverão ser meticulosamente efetuados e adequados à realidade de cada Centro de Recuperação de Animais Selvagens. 8 Capítulo 2. Caracterização da Empresa 2.1. História do Fundador da Exploração Félix Nobre José Cândido Matos Félix Nobre, foi presidente e grande dinamizador da Associação de Criadores do Porco Alentejano e membro da direção da Associação de agricultores do sul. Faleceu aos 54 anos de idade em 2012, vítima de doença prolongada. Reconhecido pelo dinamismo que imprimia aos projetos em que se envolvia, José Cândido foi um dos grandes responsáveis pela recuperação da raça de Porco Alentejano, que ameaçava extinguir-se, criando com um grupo de suinicultores da região do Campo Branco e Associação de Agricultores de Porco Alentejano com o objetivo de defender os seus interesses coletivos, promovendo e organizando a atividade suinícola extensiva da Raça Alentejana. Defensor acérrimo do Montado como ecossistema fundamental para a região, travou com sucesso a última batalha pela organização em Ourique do Congresso Mundial do Presunto. Para além de todos estes projetos onde estava inserido tinha também a sua atividade de produção agropecuária. 2.2. Caracterização da Exploração Félix Nobre Situada em Ourique, Capital do Porco Alentejano, a exploração Félix Nobre têm como principal objetivo a produção agropecuária. Com cerca de 1000 hectares de terra é composta nos dias de hoje por vários efetivos, ovinos de raça merina, com cerca de 1000 animais adultos, bovinos de raça limousine cerca de 180, sendo a sua “atividade principal “os suínos, sendo uma exploração reconhecida por ter suínos de excelência, composta por 350 porcos de raça alentejana em regime de montanheira, 150 porcas em parição e 20 varrascos para cobrir. Podemos ainda encontrar infraestruturasde apoio à atividade agrícola, malhadas e parques de engorda. Conta com 6 funcionários, um moiral do gado ovino, um moiral do gado bovino, dois tratoristas, um empregado polivalente e um encarregado geral, na http://www.vozdaplanicie.pt/index.php?q=C/NEWSSHOW/50791 http://www.vozdaplanicie.pt/index.php?q=C/NEWSSHOW/50791 http://www.vozdaplanicie.pt/index.php?q=C/NEWSSHOW/50791 9 liderança licenciada em Agronomia pela Universidade de Évora e seguindo sempre as pisadas do pai José Cândido hoje dona de toda a exploração a Engª Inês Nobre. Para aumentar a produtividade, aliado à maior eficiência das atividades agrícolas, devem ser utilizadas máquinas, estas devem tornar-se menos árduas e mais atraentes, pois condicionam e exigem avanços tecnológicos constantes. Sendo uma exploração de média/grande dimensão com uma estrutura familiar é comum prática de atos inseguros. Diariamente é utilizado um vasto leque de maquinaria. Nos dias de hoje a exploração conta com seis máquinas agrícolas, quatro tratores, duas enfardadeiras (enfardadeira de fardos retangulares, enfardadeira de fardos redondos), na execução das tarefas é necessário o uso de diversas alfaias agrícolas. 2.2.1. Caraterização/Identificação de Tarefas na Exploração A prática agrícola está associada à multiplicidade de tarefas e à particularidade do meio onde estas se realizam. Normalmente um agricultor, no dia-a-dia, desenvolve várias tarefas. Na exploração agrícola em questão, a produção agropecuária é o seu ponto forte, dedicando-se também à produção de trigo e cevada aveia para a alimentação dos seus efetivos. Diariamente, e com recurso à utilização de máquinas agrícolas (trator) é necessário a execução de tarefas distintas, tais como: Tarefas diárias ao longo do ano • Com o apoio do trator verificar se estão todos os efetivos daquela raça na cerca/curral, alimentação dos mesmos, abastecer os bebedouros com água; • Pode ou não haver necessidade de separar gado por algum motivo, recorrendo aos tratores e aos reboques; 10 Em meados de outubro, novembro dá-se início • Preparação de Solos (passar terra) e à sementeira; Caso seja necessário ou não e recorrendo sempre as máquinas agrícolas em janeiro / fevereiro temos a • Aplicação de produtos químicos (fertilizantes e fitofarmacêuticos); Para finalizar a sementeira e dar inico ao feno no mês de maio que se prolonga até agosto/setembro a tarefa inicial é • Gadanhar, de seguida juntar, depois de gadanhado e junto o feno tem que se enfardar com o auxílio das enfardadeiras engatadas nos tratores, quando o feno já se encontra todo enfardado inicia-se a armazenagem do mesmo onde é necessário tratores, carregadores frontais e reboques. Como se consta em cima todas as tarefas são realizadas com o auxílio da máquina agrícola o trator, este é um equipamento de trabalho destinado a fornecer energia de tração, aplicada em qualquer tipo de piso, para atividades de transporte, servindo também por vezes para operações de empilhamento e acionamento de outros equipamentos (alfaias; reboques). 2.2.2. Equipamentos utilizados na exploração Máquinas agrícolas: são máquinas utilizadas para ajudar na produção rural. É um veículo com motor suscetível de fornecer elevado esforço de tração relativamente ao seu peso, mesmo em pisos com fracas condições de aderência. Estes têm de um modo geral, como órgãos de propulsão rodas (podendo ser de duas ou de quatro rodas motrizes) ou lagartas. (ACT - Autoridade para as Condições de Trabalho). Alfaias: São um conjunto de instrumentos de trabalho diretamente manuseados pelo homem, na sequência de operações que visam a produção de culturas hortícolas, realizando ações necessárias para o bom desenvolvimento das plantas cultivadas. Têm como função complementar as máquinas agrícolas. Reboques: Podem ser definidos como veículos de transporte de mercadorias com a finalidade de transportar as sementes das culturas, adubos, fardos de feno ou palha, e outros produtos agrícolas. 11 Capítulo 3. Enquadramento Teórico 3.1 Segurança e Higiene no Trabalho A Segurança, Higiene no trabalho é um conjunto de ações que nasceu das preocupações dos trabalhadores da indústria em meados do século 20, pois as condições de trabalho nunca eram levadas em conta, mesmo que tal implicasse riscos de doença ou mesmo de morte dos trabalhadores. A política de SHST é a base de sustentação de todas as outras políticas de recursos humanos. A saúde num sentido lato, em termos físicos e mentais, de todos os colaboradores, bem como a prevenção de riscos e manutenção de um sistema de HST, ajustado às necessidades da atividade da empresa, são pedras basilares da edificação de uma gestão estratégica de recursos humanos em que as pessoas são, efetivamente, o fator-chave de competitividades das empresas. Como tal, a atividade principal de SHT é tomar medidas necessárias para prevenir os riscos profissionais e promover a segurança e saúde dos trabalhadores. Para isso deve-se proceder à identificação de perigos, à avaliação de riscos e à integração dos trabalhadores na empresa, combatendo os riscos na origem, por forma a eliminar ou reduzir a exposição e aumentar os níveis de proteção (ACT, 2013). 3.2. Sector Agrícola 3.2.1. Segurança e Higiene no Trabalho Agrícola A atividade agrícola está sujeita a acontecimentos imprevistos e eventualmente prejudiciais para a saúde dos agricultores. A informação e a sensibilização dos riscos mais graves e frequentes nas diferentes situações de trabalho desenvolvidas pelo agricultor e a divulgação das medidas mais adequadas à prevenção contribuem para reduzir o número de acidentes na agricultura, promovendo as boas práticas agrícolas. As boas práticas agrícolas são um conjunto de princípios, normas e recomendações técnicas aplicadas para a produção, processamento e transporte de alimentos, orientadas essencialmente de forma a salvaguardar a saúde humana, proteger o meio ambiente e melhorar as condições de trabalho dos produtores. 12 “Todos os trabalhadores, sem distinção de idade, sexo, raça, cidadania, território de origem, religião, convicções políticas ou ideologias têm direito à prestação do trabalho em condições de higiene e segurança” (alínea e) do n.º 1 do art. 59.º da CRP), pelo que a segurança, higiene e saúde no trabalho deve ser vista como um investimento e não como um custo. 3.2.2. Caracterização do Setor Agrícola em Portugal Segundo a Autoridade Nacional para as Condições do Trabalho (ACT) em Portugal Continental existem cerca de 140 mil explorações com tratores, o que expõe um número muito elevado de trabalhadores a riscos inerentes à sua utilização e conduz a um elevado índice de sinistralidade. A prática agrícola está associada à multiplicidade de tarefas e à particularidade do meio onde estas se realizam. Normalmente um agricultor, no dia-a-dia, desenvolve várias tarefas desde contacto com animais, revirar o solo, cultivar, plantar, manusear e aplicar produtos químicos, até colher e transportar cargas. A agricultura é um setor com elevado número de riscos profissionais por cada exploração pode conter uma ou mais das seguintes particularidades: empresas familiares, muitos trabalhadores independentes; condução de tratores e utilização de máquinas, equipamentos e ferramentas agrícolas; exposição a doenças animais transmissivas ao Homem e exposição ao ruído, vibrações e produtos químicos perigosos. A tudo isto acresce a sazonalidade das atividades, havendo muitas vezes a necessidade de contratação de pessoas não especializadas nas épocas de mais trabalho (sementeira, feno) sem contar que nestas alturas se recorre muitas vezes a mão-de-obra estrangeira onde a comunicação continua a ser uma barreira. Estas caraterísticas traduzem-se muitas vezes, por umtrabalho não formal, pouco qualificado com ausência de formação, o que torna estas empresas pouco eficazes ou seguras no que diz respeito à prevenção de riscos laborais. De facto, as empresas agrícolas, especialmente as de dimensões pequenas, apresentam muitas dificuldades na aplicação de regras ou de formas de trabalho seguras e na aplicação da legislação laboral, em particular a que se refere à prevenção de riscos. 13 A Organização Internacional do Trabalho (OIT) tem insistido na necessidade de se atuar no setor agrícola, no que diz respeito à aplicação de medidas de prevenção de riscos profissionais. Esta prevenção terá de atuar, fundamentalmente, em quatro fontes de risco: • A utilização de máquinas agrícolas; • A utilização de produtos fitofármacos; • A movimentação de cargas; • A exposição a riscos biológicos. Trata-se de um setor onde ainda se verifica pouco ou nenhum investimento na formação e qualificação dos seus ativos, o que o torna mais inseguro do ponto de vista da prevenção de riscos profissionais. Assim, carateriza-se como sendo um setor onde ocorrem inúmeros acidentes, quer pela introdução de novos equipamentos máquinas, novas técnicas e fatores de produção, quer ainda pela utilização de mão-de-obra não qualificada. Existe também uma elevada taxa de incapacidade temporária e permanente, assim como um elevado número de acidentes mortais. Dos efeitos nefastos que o trabalho pode trazer para a saúde, os acidentes de trabalho são indicadores imediatos e evidentes de algumas más condições de trabalho e, dada a gravidade das suas consequências, a luta contra eles é sempre o primeiro passo a dar quando se pretende a sua prevenção. No setor agrícola os trabalhadores encontram-se expostos a situações perigosas no seu dia há dia. Os acidentes classificam-se quanto às suas consequências (incapacidade temporária, permanente ou morte); à forma do acidente (queda, choque, entaladela, etc.) à natureza da lesão (fratura, luxações, entorses, etc.) e à localização da lesão (cabeça, olhos, pés, mãos, etc. Assim, considera- se que as particularidades do trabalho agrícola, mais precisamente aquele em que são utilizados tratores, dificultam a intervenção no âmbito da Segurança e Saúde no Trabalho (SST) devido às caraterísticas das atividades desenvolvidas. 14 3.2.3. Caraterização do Sector Agrícola na Região do Alentejo Após a adesão de Portugal à Comunidade Económica Europeia, a evolução da agricultura portuguesa foi influenciada, no essencial, pelas mudanças ocorridas na Política Agrícola Comum. Nos primeiros anos após a adesão à CEE, os ajustamentos estruturais e as alterações tecnológicas tiveram como consequência uma evolução bastante favorável dos resultados económicos do setor agrícola nacional e da viabilidade e competitividade das explorações agrícolas portuguesas. (Avillez, 2015). Segundo o INE o Alentejo é a região de Portugal que apresenta a maior extensão da superfície agrícola utilizada (47% a nível nacional), no entanto apesar de ser a mais extensa, tem um número reduzido de explorações (aproximadamente 30.000). A agricultura e os recursos agroalimentares do Alentejo apresentam características singulares que lhes conferem uma posição relevante no seio das cadeias de valor da região, registando-se um alargado leque de produtos de qualidade. O desenvolvimento das infraestruturas de acessibilidade e de conetividade reforça a importância do posicionamento geoeconómico do Alentejo no contexto das relações económicas nacionais e internacionais e constitui um fator importante para a atração de investimento e acolhimento empresarial. (Plano de Ação Regional- Alentejo 2020 (CCDR Alentejo)). Tirando partido do posicionamento geográfico, da significativa melhoria das acessibilidades nacionais e internacionais e das dinâmicas de integração económica do espaço europeu e mundial, o Alentejo é uma região funcionalmente mais aberta ao exterior e com condições objetivas para intensificar as relações económicas e reforçar a inserção em mercados de maior amplitude territorial. (Fonte: Plano de Ação Regional- Alentejo 2020 (CCDR Alentejo)). A barragem do Alqueva, situada no rio Guadiana, na região do Alentejo, veio alterar o paradigma da agricultura no Alentejo, assumindo-se como investimento âncora do desenvolvimento regional. Assenta no conceito de fins múltiplos com a implementação de cerca de 120 mil hectares de regadio, numa primeira fase, e o seu aproveitamento integral, poderá contribuir decisivamente para que o setor agrícola consiga aumentar as suas produções. 15 Figura 1. Mapa Portugal com a área de Influência do Empreendimento de Fins Múltiplos de Alqueva Fonte: Plano de Ação Regional- Alentejo 2020 (CCDR Alentejo). Este projeto visou garantir o futuro da região, permitiu concretizar o maior sonho do Alentejo e viabilizar do ponto de vista económico-social uma das regiões mais desfavorecidas na Europa. Tendo como objetivo o abastecimento público, para habitantes e para a agricultura, com uma área equipada de regadio de cerca de 120 mil hectares, para a indústria, para a produção de energia limpa e para o turismo. A sua área tem influência direta em 20 concelhos dos distritos de Beja, Évora, Setúbal e Portalegre. O Sistema Global de Rega de Alqueva divide-se em três subsistemas, de acordo com as diferentes origens de água, nomeadamente, Alqueva, Ardila e Pedrógão. O Subsistema de Alqueva, com origem de água na albufeira de Alqueva, desenvolve-se a partir da Estação Elevatória dos Álamos. Esta infraestrutura permite elevar a água a uma altura de 90 m, através de uma conduta forçada com 850 m de comprimento 3,2 m de diâmetro, para as albufeiras dos Álamos, as quais garantem a distribuição de água a todo o subsistema de Alqueva. Com este projeto pretendeu-se o relançamento do desenvolvimento económico e social. É igualmente sustentável de base regional, nomeadamente: apoiando o tecido social, empresarial e institucional da região; mantendo e valorizando o carácter, cultura e 16 identidade regional; promovendo Alqueva como paradigma da qualidade ambiental; gerando critérios de competitividade e de rentabilidade dos investimentos. (EDIA,2017) Solo Os solos alentejanos numa perspetiva meramente agronómica são de uma grande mais valia quanto à sua riqueza em nutrientes. No entanto, apenas um terço dos solos alentejanos dispõe de capacidade de uso agrícola. Clima As caraterísticas climáticas do Alentejo são conhecidas. A chuva é normalmente insuficiente em termos globais, mas é sobretudo a sua repartição ao longo do ano que mais penaliza a agricultura com excessos no invernos e carências graves da Primavera e no Verão. O Alentejo situa-se aliás, numa variante particular do clima mediterrâneo com verão muito quente e seco, as chuvas muito concentradas na estação fria e as geadas muito irregulares. Esta circunstância afeta severamente as culturas determinando-lhes ciclos vegetativos muito curtos especialmente quando comparados com o que acontece no Centro e Norte da Europa. (Para Uma Nova Base Económica do Alentejo - Volume II). Recursos Hídricos O Alentejo é, globalmente, a região portuguesa em que o défice entre a precipitação e a evapotranspiração potencial é mais importante. Relacionado com esta circunstância com o fato de também ser a região em que a percentagem da área irrigada é a mais pequena de todas as regiões do país, cerca de 4% (perto de 70 mil ha), é fácil concluir-se que as carências hídricas do Alentejo constituem hoje uma das suas mais graves limitações em termos agrícolas. (Para Uma Nova Base Económica do Alentejo - Volume II). 17 3.2.4. Sinistralidade no Setor Agrícola A agriculturaé o setor na União Europeia que representa a maior taxa de acidentes mortais, sendo Portugal o segundo país da Europa com mais acidentes mortais com tratores agrícolas. A atividade agrícola é de há muito reconhecida como um setor de elevado risco relativo à sinistralidade, onde os trabalhadores encontram-se expostos a situações perigosas quase diariamente. (Miguel, 2014) Segundo a Organização Internacional do Trabalho (OIT) Na Europa, mais de 10 milhões de pessoas trabalham no setor agrícola. Embora o número de trabalhadores e de explorações agrícolas esteja a diminuir, a agricultura continua a ser um setor de atividade extremamente relevante. Este setor emprega atualmente cerca de metade da mão-de-obra mundial (cerca de 1.3 milhões de pessoas) e a OIT estima que 170.000 trabalhadores agrícolas morrem por ano, o que significa um risco de morte no trabalho duas vezes maior para estes trabalhadores em relação aos outros, sendo que uma grande percentagem do número de vítimas esta associado à condução de tratores Agrícolas. Embora nos dias de hoje se verifique uma evolução nas abordagens preventivas no que diz respeito aos acidentes de trabalho, é fato que a sinistralidade laborar se mantém em níveis elevados, não sendo o setor agrícola exceção. Os acidentes laborais provocam inúmeros danos não só ao trabalhador, que pode ficar levemente lesionado e até em situações limite pode perder a vida, mas também para a empresa para a qual este presta os seus serviços por todos os custos inerentes a esses. O princípio da causalidade dos acidentes demonstra que todos os acidentes têm causas que os originam e que se podem evitar ou identificar e controlar as causas que os produzem. Assim, a prevenção deve ser instituída desde a deteção dos perigos, à avaliação e controlo dos riscos tendo sempre presentes os princípios gerais da prevenção, que segundo a Autoridade Nacional para as Condições do Trabalho (ACT) são: • Evitar os riscos; • Avaliar os riscos que não possam ser evitados; • Adaptar o trabalho ao homem, especialmente no que se refere à conceção dos postos de trabalho, bem como à escolha dos equipamentos de trabalho, atenuar o trabalho monótono e o trabalho cadenciado e reduzir os efeitos destes sobre a saúde; 18 • Ter em conta os estados de evolução técnica; • Substituir o que é perigoso pelo que é isento de perigo ou menos perigoso; • Planificar a prevenção com um sistema coerente que integre a técnica, a organização do trabalho, as condições de trabalho, as relações sociais e a influência dos fatores ambientais no trabalho; • Dar prioridade às medidas de prevenção coletiva em relação às medidas de proteção individual; • Dar instruções adequadas aos trabalhadores; Assim, é possível aferir que os acidentes de trabalho podem traduzir sinais imediatos e evidentes de más condições de trabalho. Segundo a Guarda Nacional Republicana Comando Operacional num relatório de Sinistralidade com Veículos Agrícolas no Ano 2018 constou: Foram registados 667 acidentes envolvendo veículos agrícolas. Os distritos que registaram o maior número de acidentes foram Coimbra com 61, seguindo-se Porto com 56 e logo a seguir Braga e Viseu com 55, conforme podemos constatar através do gráfico 1. Gráfico 1. Distribuição dos acidentes com veículos agrícolas por distrito Fonte: relatório de Sinistralidade com Veículos Agrícolas 2018 da GNR 19 Dos acidentes registados resultaram 58 mortos, 70 feridos graves e 246 feridos leves, distribuídos por distrito da seguinte forma: Tabela 1. Distribuição de vítimas por distrito Fonte: relatório de Sinistralidade com Veículos Agrícolas 2018 da GNR A Natureza dos acidentes com tratores agrícolas é muito variada, pode estar na origem de uma simples colisão frontal, despiste com colisão, colisão lateral, colisão traseira, despiste simples, despiste com capotamento, no entanto, aquilo que se evidencia de forma negativa, dados o número de feridos graves ou até mesmo morte é o despiste com capotamento. 20 Gráfico 2. Vítimas segundo a natureza do acidente Fonte: Unidade de Prevenção Rodoviária (2014) – Ficha Temática “Veículos Agrícolas” Em relação aos meses do ano, o número de vítimas registado entre os meses de maio e agosto é muito idêntico e elevado, é nos meses onde o volume de trabalho no campo aumenta, tendo uma diminuição nos meses mais frios, janeiro, fevereiro e março o volume de trabalho diminui. Gráfico 3. Condutoras vítimas por mês Fonte: Unidade de Prevenção Rodoviária (2014) – Ficha Temática “Veículos Agrícolas” 21 Em relação aos dias da semana, o número de vítimas registado entre segunda e sexta-feira é muito idêntico, sofre um ligeiro aumento ao sábado e diminui consideravelmente ao domingo, dia em que se regista o menor número de vítimas, ao contrário do que sucede com a sinistralidade em geral. Gráfico 4. Condutoras vítimas segundo o dia da semana Fonte: Unidade de Prevenção Rodoviária (2014) – Ficha Temática “Veículos Agrícolas” Os condutores de tratores agrícolas são maioritariamente do sexo masculino e pertencem aos grupos etários com idades iguais ou superiores a 65 anos, logo o numero das vítimas mortais é mais elevado nessa idade. Gráfico 5. Condutoras segundo o grupo etário Fonte: Unidade de Prevenção Rodoviária (2014) – Ficha Temática “Veículos Agrícolas” 22 No setor agrícola observam-se muitos mais acidentes do que as estatísticas oficiais nos revelam. São constantes as notícias de acidentes ocorridos e que não são considerados acidentes de trabalho, embora aconteçam efetivamente no setor agrícola. Exemplo disso são alguns acidentes com tratores agrícolas, acidentes sofridos por trabalhadores não agrícolas que após a sua jornada laboral chegam a casa e trabalham no seu quintal, acidentes com agricultores ilegais, assim como os acidentes rodoviários envolvendo tratores, entre outros que não são declarados como acidentes de trabalho. 23 Capítulo 4. Avaliação de Riscos A avaliação de riscos profissionais apresenta larga importância no setor agrícola e deve ser a base de uma gestão eficaz da segurança e da saúde do trabalho para reduzir os acidentes de trabalho e as doenças profissionais. Apresenta-se como uma ferramenta fundamental para qualquer sistema de gestão da prevenção e de segurança no trabalho, permitindo que, após a identificação dos riscos existentes, se possam definir medidas de controlo, eliminando ou reduzindo, para níveis aceitáveis, esses mesmos riscos. Qualquer avaliação está envolvida num processo de melhoria contínua, ou seja, não é um processo estanque e deverá ser revisto periodicamente para se identificar riscos não previstos em revisões anteriores. (Ramos, 2013). A sua identificação é o ponto fulcral de toda a atividade relacionada com a segurança. Este processo deve ser dinâmico e cobrir todas as atividades da organização, envolver todos os setores e todos os domínios da atividade produtiva, e acompanhar os seus momentos determinantes. A entidade empregadora deve estabelecer prioridades, por meio de uma avaliação dos principais fatores que contribuem para os perigos que estão associados às consequências mais graves. Têm o dever de garantir a segurança e saúde dos seus colaboradores, em todos os aspetos relacionados com o trabalho. Desta forma, a avaliação de riscos permite, aosempregadores adotarem medidas: • A prevenção dos riscos profissionais; • Estabelecer prioridades de atuação; • A prestação de informação/formação aos trabalhadores; • A adequação da organização e de meios para a implementação das medidas necessárias. As práticas agrícolas expõem constantemente os funcionários a diversos riscos de natureza biológica, química e física tornando assim esta atividade de elevado risco. Além disso, Portugal regista uma das populações agrícolas mais envelhecidas da Europa o que, por si, constitui um fator de risco elevado. Sendo mais vulneráveis a doenças e acidentes, as faixas etárias mais elevadas apresentam também maior resistência, dificuldades na adoção de novos conhecimentos e na aplicação de regras básicas de segurança. 24 Trata-se de um setor onde ainda se verifica pouco investimento na formação e qualificação dos seus ativos, o que o torna mais inseguro do ponto de vista da prevenção de riscos profissionais. A inseparabilidade entre o trabalho e o indivíduo que o realiza, a implicação do trabalhador na atividade laboral, determina uma exigência na avaliação da sua atividade e do seu posto de trabalho. O serviço de inspeção é a forma de tornar efetivas as regulamentações do processo de trabalho. O princípio da precaução não se aplica sem um procedimento prévio de identificação e avaliação de riscos. Esta etapa é essencial para a racionalização dos riscos, devendo conduzir à separação do risco potencial da simples apreensão. A avaliação de riscos tem por objetivo a avaliação do grau de probabilidades dos efeitos adversos de um certo produto ou método para a saúde humana e da gravidade desses efeitos potenciais. Para além da saúde humana a avaliação de riscos abrange ainda o meio ambiente. Este processo consiste em identificar e caracterizar um perigo e avaliar e caracterizar o risco. Esta avaliação e controlo visa agir com antecipação, atuando preventivamente utilizando diversos fundamentos, ou seja, é um processo analítico muito importante/útil que gera valiosas contribuições para a gestão dos riscos. Esta deverá ser a base de tudo contribuindo para as adequadas disposições e medidas a adotar em todas as fases e domínios de atividade numa empresa. É essencial que todas as empresas realizem avaliações regulares na medida em que, todos os riscos são tidos em consideração (não apenas os que se encontram mais visíveis), é verificada a eficácia das medidas de segurança adotadas pela empresa, e feito um registo dos resultados da avaliação e uma proposta de métodos para possíveis melhorias. (Matos, 2012). 25 Duas etapas a ter em conta numa análise de risco são: • A identificação dos perigos existentes no local de trabalho: trata-se de uma etapa essencialmente descritiva sobre os elementos e processos de trabalho e visa compreender a atividade profissional desempenhada. É um procedimento que exige rigor e engloba, para além da observação, a descrição e a interpretação do trabalho, de modo a identificar os potenciais fatores de risco. Pretende-se, como tal, identificar os perigos que existem no local de trabalho. Esta etapa pode ser considerada como a mais crítica em todo o processo de uma análise de riscos, uma vez que, se um perigo não for identificado, não será avaliado e por consequência não será controlado. • Identificação de riscos: nesta etapa faz-se uma identificação dos riscos que advêm da exposição aos perigos. Identificam-se as causas potenciais de prejuízo para os trabalhadores, sejam elas um acidente de trabalho, uma doença ocupacional ou uma doença relacionada com o trabalho. A avaliação de riscos tem como objetivo identificar o que pode causar lesões ou danos nos trabalhadores, envolve a avaliação, classificação dos riscos avaliados e classificação da aceitabilidade do risco. Essa avaliação atua, fundamentalmente, em quatro fontes: • utilização de tratores máquinas e ferramentas agrícolas; • utilização de produtos fitofármacos; • movimentação de cargas; • exposição a riscos biológicos. A melhoria das condições de trabalho e a redução dos riscos de acidente e/ou de doenças a que os trabalhadores estão sujeitos, passam pela necessidade de implementar metodologias de prevenção. Princípios gerais de prevenção: identificar e eliminar riscos; avaliar os riscos (sempre que não possam ser eliminados); combater o risco na origem; adaptar o trabalho ao homem; atender ao estado de evolução da técnica; substituir o que é perigoso pelo que é isento de perigo ou menos perigoso; organizar o trabalho; dar prioridade à proteção coletiva; proteção individual; informar e formar. 26 4.1. Análise/identificação de perigos relacionados com os postos de trabalho Deve ser realizada Através das Seguintes Ações: • Circular pelo Local de trabalho e observar tudo o que possa causar danos; • Consultar os trabalhadores e/ou os seus representantes sobre os problemas que lhes tenham surgido; • Analisar sistematicamente todos os aspetos do trabalho; • Analisar as operações não rotineiras e intermitentes (por exemplo, operações de manutenção, alterações nos ciclos de produção); • Ter atenção a acontecimentos não planeados, mas previsíveis, como, por exemplo, interrupções da atividade laboral; • Ter em conta os perigos a longo prazo para a saúde, como os níveis elevados de ruído ou a exposição a substâncias prejudiciais, bem como riscos mais complexos ou menos óbvios, por exemplo, fatores de risco psicossociais ou decorrentes da organização do trabalho; • Consultar os registos de acidentes de trabalho e de problemas de saúde da empresa; Procurar obter informações de outras fontes, tais como: Manuais de instruções ou fichas de dados dos fabricantes e fornecedores; Organismos nacionais, associações comerciais ou sindicatos; Regulamentos e normas técnicas 4.1.1. Identificação de Pessoas que Poderão estar expostas ao perigo Nesta fase deve-se ter em conta a experiência profissional dos trabalhadores, a formação, as horas de trabalho a que cada trabalhador está exposto, bem como a informação disponibilizada pelo local de trabalho entre outros fatores que se considerem importantes. (Matos, 2012). Devem ser identificados os trabalhadores que interagem com os perigos direta ou indiretamente. • Grupos de trabalhadores que podem correr riscos acrescidos ou ter requisitos específicos; • Trabalhadores com deficiência; 27 • Trabalhadores estrangeiros; • Trabalhadores jovens ou idosos; • Trabalhadoras grávidas ou lactantes; • Trabalhadores inexperientes ou sem formação; • Trabalhadores temporários. É importante identificar a forma como essas pessoas poderão ser afetadas, isto é, o tipo de lesão ou problema de saúde que pode ocorrer. De referir ainda que de acordo com Comissão Europeia 1996, é importante considerar todas as pessoas que poderão estar expostas, ou seja, não só os trabalhadores diretamente afetos ao posto de trabalho em análise, mas também todos os outros trabalhadores no espaço de trabalho. Importante ainda, é considerar também aqueles que podem não estar sempre presentes, tais como: clientes, visitantes, construtores, trabalhadores de manutenção, assim como grupos de sujeitos que possam ser particularmente vulneráveis: trabalhadores jovens e inexperientes, grávidas e lactantes, trabalhadores com mobilidade condicionada, ou ainda trabalhadores que tomam medicação passível de aumentar a sua suscetibilidade. 4.2. Identificação de Grupos de Risco Profissionais Os riscos nos locais de trabalho estão relacionados com as características do processo de trabalho, ambiente e organização. Por isso, a primeira fase da avaliação consiste na identificação dos perigos. É estritamente necessário identificar os fatores de riscos, numa caracterizaçãomais próxima das situações reais de trabalho, ter, com clareza, uma visão dos potenciais perigos para a saúde e segurança dos trabalhadores e dispor de uma forma segura de localizar as atividades e os trabalhadores expostos a esses problemas. A avaliação pode ser efetuada com base no histórico dos acidentes e incidentes ocorridos na empresa e na análise das não conformidades. Bem como nos resultados de auditorias aos processos e locais de trabalho (com apoio de check-list), comunicações dos trabalhadores e outras partes interessadas, informações sobre as instalações e as atividades da empresa, das instalações, opções tecnológicas, dados técnicos (manuais dos equipamentos), inventário dos materiais perigosos (matérias primas, produtos químicos), dados 28 toxicológicos e outros e no contexto das medidas de proteção (coletiva e individual) implementadas na empresa. São identificados seis grupos de riscos: Risco de Acidente Estão subjacentes as condições de segurança e o conforto a que o trabalhador está sujeito, na realização das suas tarefas laborais, bem como a interação que este possui com máquinas ou equipamentos de trabalho. Neste sentido, as lesões mais vulgares, consequência das situações acima mencionadas, são as seguintes (CRPG, 2005): • Quedas e entorses; • Queimaduras; • Eletrocussões; • Esmagamento por objetos ou pessoas; • Asfixia ou sufocação; • Perda de visão; • Perda de líquidos; • Doenças variadas provocadas por falta de higiene. Riscos Químicos Agentes ambientais causadores de doenças profissionais, devido à sua ação química sob o organismo dos trabalhadores. Podem ser encontrados tanto na forma sólida, como líquida ou gasosa e podem ser transmitidos aos trabalhadores por via respiratória, via digestiva, via cutânea e transferência através da placenta. Assim sendo, os agentes químicos responsáveis pelos riscos químicos são (CRPG, 2005): • Partículas e aerossóis (Poeiras, fumos, fumaça, névoas, neblinas); • Gases; • Vapores. Riscos Biológicos Penetrando no organismo do homem por via digestiva, respiratória, olhos e pele, os fatores de risco associados a agentes biológicos são responsáveis por algumas doenças profissionais, podendo dar origem a doenças menos graves como infeções intestinais ou simples gripes, ou mais graves, como a hepatite, meningite ou sida. Estas doenças são transmitidas por (CRPG, 2005): • Fungos; 29 • Bactérias; • Vírus. Riscos Ergonómicos São aqueles relacionados com fatores fisiológicos e psicológicos e que são subjacentes à execução das atividades laborais. Estes fatores podem produzir alterações no organismo e no estado emocional dos trabalhadores, comprometendo a sua saúde, a sua segurança e a sua produtividade. Alguns dos exemplos de riscos ergonómicos são, nomeadamente (CRPG, 2005): • Movimentos repetitivos; • Transporte manual de cargas; • Atividades monótonas; • Esforço físico intenso; • Posturas inadequadas ou forçadas; • Imposição de ritmos excessivos; • Trabalho em turnos e trabalho noturno. Riscos Psicossociais São os aspetos de programação de organização e gestão do trabalho, que em interação com os seus contextos sociais e ambientais, têm potencial para causar dano psicológico, social ou físico (AESST, 2005). Riscos Físicos São os agentes físicos inerentes ao ambiente de trabalho que influenciam o desempenho de cada trabalhador. Estes agentes podem igualmente contribuir para o aparecimento de doenças ou provocar acidentes lesivos para o mesmo. Estes agentes físicos são (CRPG,2005): • Ruído; • Iluminação; • Vibrações; • Ambiente Térmico; • Radiações Ionizantes e não ionizantes. 30 4.2.1. Principais Riscos a que um Trabalhador Agrícola que opera com tratores agrícolas está exposto Risco Físico • Exposição à radiação solar intensa por longos períodos; • Exposição a ruídos altos, como motosserras, tratores e outras máquinas; • Exposição frequente à vibração, por causa do manuseio de certas máquinas. Risco Químico • Exposição a fertilizantes químicos, agrotóxicos, produtos veterinários, venenos para controle de parasitas. Risco Biológico • Exposição a agentes infeciosos e parasitários endêmicos que provocam doenças; • Exposição a agentes causadores de doenças respiratórias, como ácaros, pólenes, pós. Risco Mecânico • Acidentes com ferramentas e máquinas agrícolas; • Acidentes com animais, como coices, mordidas e cabeçada. Organização do trabalho • Rotina repetitiva sem pausa ao executar determinadas tarefas, como colheita, pode causar LER/ DORT - Lesões por Esforços Repetitivos/Doenças Oste musculares relacionadas com o trabalho. 4.3. Metodologia de Avaliação de Riscos Profissionais Em termos metodológicos, não existem regras fixas sobre a forma como a avaliação de riscos deve ser efetuada. No entanto segundo a Comissão Europeia em 1996, dois princípios devem ser considerados quando se pretende fazer uma avaliação: • Estruturar a operação, de modo a que sejam abordados todos os perigos e riscos relevantes; • Identificar o risco, de modo a equacionar se o mesmo pode ser eliminado. 31 Qualquer que seja a metodologia que se pretenda implementar, a abordagem deverá ser comum e integrar os seguintes aspetos (adaptado de Comissão Europeia, 1996): • Observação do meio circundante do local de trabalho; • Identificação de atividades realizadas no local de trabalho; • Consideração dos trabalhos realizados no local de trabalho; • Observação de trabalhos em progresso; • Consideração de padrões de trabalho; • Consideração de fatores externos que podem afetar o local de trabalho; • Revisão de fatores psicológicos, sociais e físicos que possam contribuir para a ocorrência de stress no trabalho. As metodologias de avaliação de riscos devem ser eficientes e suficientemente detalhadas para possibilitar uma adequada hierarquização dos riscos e consequente controlo. 4.3.1. Métodos Quantitativos A avaliação quantitativa envolve o uso de dados numéricos o que permite obter um resultado quantitativo e por essa razão diminuindo a subjetividade da avaliação. Os Métodos quantitativos permitem obter uma resposta numérica à estimativa da magnitude do risco sendo de grande utilidade quando existe a necessidade de aprofundar o estudo para justificar o custo ou a dificuldade na adoção de algumas soluções preventivas. Incidem numa avaliação objetiva dos riscos: • Quantificação da probabilidade e gravidade dos riscos; • Caraterizam-se por serem métodos de alguma simplicidade do que diz respeito ao modo de aplicação e que permitem fazer uma boa análise de todas as tarefas envolvidas, permitindo uma rápida e eficaz perceção das ações de melhoria aos riscos prioritários; • Apto a aplicar para a avaliação de riscos, em atividade com elevado risco ou de maior complexidade; 32 4.3.2. Métodos Qualitativos A gravidade e a probabilidade de ocorrência dos riscos associados aos perigos identificados podem ser avaliadas com base em métodos qualitativos, a partir da utilização de determinados elementos como a comparação do histórico de dados estatísticos. (ex: Sinistralidade da empresa ou do setor). Por oposição dos métodos quantitativos esta abordagem apresenta caraterísticas de subjetividade, por não apresentar resultados numéricos, mas, no entanto, permite uma maior generalização, logo carateriza-se por ser um método menos restritivo. Incidem numa avaliação subjetiva dos riscos: • Aplicação através de análise visual; • Avaliação de situações em elevado grau de simplicidade, em que os perigos são facilmente identificados por observação; 4.3.3. Métodos Semi-Quantitativos Bastante úteis quando