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LEGISLAÇÃO E POLÍTICAS EDUCACIONAIS Me. Paula de Freitas Denari GUIA DA DISCIPLINA 1 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância INTRODUÇÃO Através da análise da legislação educacional do Brasil, é viável compreender os direitos e responsabilidades dos diversos atores do ambiente escolar, tais como o professor, o estudante, a equipe diretiva e todos os colaboradores da instituição, uma vez que aborda questões presentes em todas as fases do processo educativo. Adicionalmente, a existência de normas educacionais contribui para a padronização equitativa de todas as escolas do território nacional. Os líderes educacionais, ou seja, todo o corpo administrativo e pedagógico da escola, necessitam familiarizar-se com a legislação educacional brasileira para efetivamente coordenar o funcionamento da instituição, incorporando os princípios políticos e sociais defendidos pela nação. A disciplina de Legislação e Políticas Educacionais é fundamental para fornecer aos estudantes um entendimento abrangente do arcabouço legal e das políticas que regem o sistema educacional do Brasil. Abaixo, elenco os temas das nossas aulas 1. INTRODUÇÃO AO SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO: 2. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL: 3. LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL: 4. LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO, REFERENCIAIS CURRICULARES NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO E PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS: 5. POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS 6. FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO: 7. EDUCAÇÃO INCLUSIVA E DIVERSIDADE 8. A FORMAÇÃO E A CARREIRA DOCENTE NA LEGISLAÇÃO 9. GESTÃO EDUCACIONAL 2 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 1. INTRODUÇÃO AO SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO "Não se muda a sociedade por decreto, mas sim pela conscientização de seus integrantes e pelo seu trabalho perseverante e consequente." FREIRE. Paulo. "Pedagogia do Oprimido" (1968), p. 78. Objetivo Refletir sobre a estrutura e organização do sistema educacional. Apreender os níveis de ensino: educação básica, educação superior e educação profissional. Discutir os principais desafios e características do sistema educacional brasileiro. 1.1 Entendendo as leis O Brasil, uma República Federativa, é composto por entidades federativas, sendo os Estados seus componentes principais. Esta República é estruturada em três poderes: o Executivo, responsável pela administração e execução das leis; o Legislativo, incumbido de formular novas legislações; e o Judiciário, encarregado de resolver litígios jurídicos através de julgamentos. Em virtude de ser uma República Federativa, cabe ao Estado (União) determinar as leis aplicáveis em todo o território nacional, ainda que conceda aos estados- membros e municípios a prerrogativa de legislar sobre questões de interesse local. Apenas uma lei tem o poder de impor obrigações, proibições ou restringir direitos, sendo este princípio fundamental consagrado na Constituição Federal de 1988, a lei maior do país. No sistema hierárquico das leis, a Constituição Federal ocupa o mais alto patamar, prevalecendo sobre qualquer outra legislação. Ela delineia as instituições sociais fundamentais, a estrutura governamental, a divisão de poderes, os direitos e garantias dos cidadãos, constituindo a base do Estado Nacional. Ressalta-se que emendas constitucionais podem modificar o texto constitucional, integrando-se a ele. Na sequência hierárquica, encontram-se as leis complementares, mais detalhadas e específicas, que complementam a Constituição Federal, seguidas pelas leis ordinárias, tais como o Código Civil, Código Penal, Estatuto da Criança e do Adolescente, entre outras, que representam a legislação comum do país. Existem, contudo, exceções nessa hierarquia, como as leis delegadas, editadas pelo presidente da República em casos de 3 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância relevância e urgência, e as medidas provisórias, que são leis temporárias promulgadas pelo presidente em situações similares, dispensando prévia delegação legislativa. Prosseguindo na hierarquia legal, encontram-se os atos normativos, como decretos, portarias e resoluções, utilizados para detalhar e implementar as leis. A legislação educacional, que abrange todos os atos e fatos jurídicos relacionados ao direito à educação, desempenha um papel crucial na carreira docente, exigindo familiaridade por parte dos professores. A interpretação das leis segue técnicas jurídicas padronizadas, facilitando a compreensão e aplicação das normas, especialmente no contexto da educação brasileira. 1.2. Estrutura e organização do sistema educacional. No Brasil, o sistema educacional é composto por diferentes níveis de ensino, que incluem a Educação Básica, a Educação Superior e a Educação Profissional. A Educação Básica engloba a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio, visando oferecer uma formação integral aos estudantes. Já a Educação Superior abrange os cursos de graduação, pós-graduação e extensão, com o objetivo de promover a formação acadêmica e profissional, além da produção e disseminação do conhecimento. Por sua vez, a Educação Profissional busca qualificar os estudantes para o mercado de trabalho, fornecendo habilidades técnicas e profissionais. Paulo Freire sobre a estrutura e organização do sistema educacional afirma: "A educação não pode ser neutra, ela é sempre uma forma de intervenção no mundo. E, como intervenção no mundo, é sempre política. A educação não pode ser vista apenas como um processo de transmitir conhecimento, mas também como um processo de formar sujeitos críticos, capazes de compreender e transformar a realidade em que vivem. Nesse sentido, a estrutura e organização do sistema educacional devem ser pensadas e reconfiguradas para promover uma educação libertadora, que valorize a participação ativa dos alunos na construção de uma sociedade mais justa e democrática." No que diz respeito aos órgãos e instituições responsáveis pela gestão do sistema educacional, destaca-se o papel do Ministério da Educação (MEC) a nível federal, que formula e implementa políticas educacionais em todo o país. Além disso, existem os 4 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Conselhos Estaduais e Municipais de Educação, bem como as Secretarias de Educação, que são responsáveis pela execução das políticas educacionais em seus respectivos estados e municípios. As escolas, por sua vez, são as unidades de ensino responsáveis pela oferta direta dos serviços educacionais. No que se refere à organização curricular, o currículo escolar é o conjunto de conhecimentos, habilidades, valores e atitudes que se espera que os estudantes desenvolvam ao longo de sua trajetória escolar. É importante que o currículo seja elaborado de forma a contemplar as necessidades e realidades locais, respeitando os princípios da diversidade e da inclusão. Além disso, a avaliação da aprendizagem é um instrumento fundamental para monitorar o progresso dos estudantes e identificar eventuais dificuldades de aprendizagem. No entanto, o sistema educacional brasileiro enfrenta diversos desafios, como as desigualdades educacionais, o déficit de qualificação docente e a carência de infraestrutura nas escolas. Além disso, é necessário incorporar as tecnologias digitais na prática educativa para promover uma aprendizagem mais significativa e contextualizada. Assim, compreender a estrutura e organização do sistema educacional é fundamental para promover uma educação de qualidade e equitativa, capaz de contribuir para o desenvolvimento humano e social do país. 1.3 Níveis de ensino: educação básica, educação superior e educação profissionalrelação à qualidade do ensino no Brasil, incluindo a defasagem idade-série, a falta de infraestrutura adequada nas escolas, a baixa remuneração e formação dos professores, e a falta de recursos pedagógicos e tecnológicos. A equidade na educação refere-se à garantia de oportunidades iguais para todos os alunos, independentemente de suas características individuais. Isso inclui não apenas o acesso à educação, mas também a distribuição justa de recursos, a valorização da diversidade cultural e étnico-racial, e a promoção de políticas afirmativas para grupos historicamente marginalizados. Embora tenham sido implementadas diversas ações nesse sentido, como cotas raciais e sociais nas universidades e programas de apoio à inclusão de alunos com deficiência, ainda há muito a ser feito para garantir uma educação verdadeiramente equitativa no Brasil. Em suma, as políticas educacionais voltadas para a universalização do acesso, qualidade e equidade são fundamentais para promover uma educação de qualidade para todos os brasileiros. No entanto, para que essas políticas sejam efetivas, é necessário um compromisso contínuo do Estado, das instituições educacionais e da sociedade civil na implementação de medidas que garantam o acesso, a permanência e o sucesso escolar de todos os alunos, independentemente de suas condições socioeconômicas, étnico-raciais ou de gênero. 5.2 Programas e ações governamentais para a melhoria do ensino Os programas e ações governamentais desempenham um papel crucial na promoção da qualidade da educação. No Brasil, diversos programas têm sido implementados ao longo dos anos com o objetivo de enfrentar os desafios educacionais e melhorar os índices de aprendizagem. Neste texto, vamos analisar alguns desses programas, destacando seus objetivos, estratégias e impactos na realidade escolar brasileira. 35 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Programa Nacional de Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) O Programa Nacional de Alfabetização na Idade Certa (PNAIC) é uma iniciativa do governo federal que visa garantir que todas as crianças estejam plenamente alfabetizadas até os oito anos de idade. Para isso, o programa oferece formação continuada para professores, material didático específico e acompanhamento pedagógico nas escolas. Embora tenha sido elogiado por sua abordagem focada na formação de professores e na qualidade do ensino, o PNAIC enfrenta desafios relacionados à sua implementação efetiva em todas as escolas do país e à sustentabilidade das ações a longo prazo. Programa Nacional de Educação Integral (ProEI) O Programa Nacional de Educação Integral (ProEI) tem como objetivo ampliar o tempo de permanência dos alunos na escola, oferecendo uma formação mais ampla e integrada que contemple não apenas o ensino regular, mas também atividades extracurriculares, culturais e esportivas. O programa busca promover uma educação mais completa e que atenda às necessidades específicas de cada aluno. No entanto, sua implementação enfrenta desafios relacionados à infraestrutura das escolas, à formação de professores e à articulação com as redes de ensino locais. Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo) O Programa Nacional de Tecnologia Educacional (ProInfo) tem como objetivo promover o uso da tecnologia na educação, oferecendo recursos e equipamentos tecnológicos para as escolas públicas. Isso inclui a instalação de laboratórios de informática, a capacitação de professores para o uso de tecnologias digitais e o desenvolvimento de conteúdos educacionais digitais. Embora tenha contribuído para a modernização das escolas e para a promoção de práticas pedagógicas inovadoras, o ProInfo enfrenta desafios relacionados à formação adequada dos professores e à garantia de acesso equitativo às tecnologias digitais. Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) O Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE) é uma das políticas públicas mais importantes do Brasil, garantindo alimentação escolar gratuita e de qualidade a milhões de crianças e adolescentes matriculados na rede pública de ensino. Criado em 1954, o PNAE tem como objetivo principal garantir o direito à alimentação adequada e saudável, contribuindo para o crescimento, desenvolvimento, aprendizagem e rendimento escolar dos estudantes. 36 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância O PNAE é financiado pelo governo federal e é coordenado pelo Fundo Nacional de Desenvolvimento da Educação (FNDE), órgão vinculado ao Ministério da Educação (MEC). Por meio do programa, são repassados recursos financeiros para estados e municípios, que devem utilizar esses recursos para adquirir alimentos, contratar serviços de alimentação e promover ações de educação alimentar e nutricional nas escolas. Uma das principais diretrizes do PNAE é a promoção da alimentação saudável e a valorização da agricultura familiar. Assim, os gestores do programa são incentivados a priorizar a compra de alimentos produzidos por agricultores familiares locais, contribuindo para o desenvolvimento econômico das comunidades rurais e para a oferta de alimentos frescos e de qualidade nas escolas. Além disso, o PNAE tem um papel importante na promoção da segurança alimentar e nutricional dos estudantes, especialmente daqueles em situação de vulnerabilidade social. Por meio do programa, milhões de crianças têm acesso diário a refeições balanceadas e nutritivas, contribuindo para a redução da fome e da desnutrição infantil no país. No entanto, apesar dos avanços alcançados pelo PNAE ao longo dos anos, ainda existem desafios a serem enfrentados. Entre eles, destacam-se a garantia da qualidade nutricional das refeições servidas, a adequação dos cardápios às necessidades específicas dos estudantes, a promoção de hábitos alimentares saudáveis e a prevenção da obesidade infantil. Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) O Programa Nacional do Livro Didático (PNLD) é uma iniciativa do governo federal brasileiro que visa promover o acesso dos estudantes da rede pública de ensino a materiais didáticos de qualidade. Desde sua criação em 1985, o PNLD desempenha um papel fundamental na distribuição de livros didáticos para milhões de alunos em todo o país, abrangendo desde a educação infantil até o ensino médio. O PNLD é coordenado pelo Ministério da Educação (MEC) e tem como principal objetivo fornecer material didático gratuito e atualizado para as escolas públicas brasileiras. Por meio do programa, o governo federal adquire os livros didáticos de diversas editoras, 37 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância após um rigoroso processo de avaliação e seleção, e os distribui para as escolas de acordo com o número de alunos matriculados em cada série. Uma das principais características do PNLD é sua abrangência, que contempla diversas áreas do conhecimento, como língua portuguesa, matemática, ciências, história, geografia, entre outras. Além disso, o programa também inclui a distribuição de obras de literatura, dicionários, atlas geográficos e outros materiais complementares que enriquecem o processo de ensino e aprendizagem nas escolas. O PNLD desempenha um papel crucial na democratização do acesso ao conhecimento, garantindo que todos os estudantes, independentemente de sua condição socioeconômica ou local de residência, tenham acesso a materiais didáticos de qualidade. Além disso, o programa contribui para a padronização do ensino e para a promoção da equidade educacional, uma vez que todos os alunos têm acesso aos mesmos recursos pedagógicos. Brasil. (2012). Programa Nacional de Alfabetização na Idade Certa. Ministério da Educação. Brasil. (2016). Programa Nacionalde Educação Integral. Ministério da Educação. Brasil. (2019). Programa Nacional de Tecnologia Educacional. Ministério da Educação. Os programas e ações governamentais desempenham um papel crucial na melhoria do ensino no Brasil. No entanto, é importante reconhecer que essas iniciativas enfrentam desafios significativos em sua implementação efetiva e sustentabilidade a longo prazo. Para garantir o sucesso desses programas, é necessário um compromisso contínuo do Estado, das instituições educacionais e da sociedade civil na promoção de uma educação de qualidade para todos os brasileiros. 38 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Freire, P. (1997). Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Paz e Terra. Saviani, D. (2007). Escola e democracia. Autores Associados. Gatti, B. A. (Org.). (2010). Formação de professores no Brasil: características e problemas. Autores Associados. 39 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 6. FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO "O financiamento adequado da educação é um investimento no futuro da sociedade, uma vez que contribui para o desenvolvimento econômico, social e cultural de um país." - Paulo Freire Objetivo Compreender a importância dos investimentos educacionais - Fundeb (Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação). Conhecer o Orçamento da Educação e sua distribuição. Refletir sobre os desafios e debates sobre o financiamento da educação no Brasil. O financiamento da educação é uma questão fundamental para o desenvolvimento social, econômico e cultural de um país. No contexto brasileiro, esse tema assume uma relevância ainda maior devido aos desafios históricos e estruturais enfrentados pelo sistema educacional. Neste texto acadêmico, discutiremos os principais aspectos relacionados ao financiamento da educação no Brasil, analisando os desafios enfrentados e as perspectivas para o futuro. A história do financiamento da educação no Brasil é marcada por desigualdades e limitações. Durante grande parte do século XX, os investimentos na área educacional foram insuficientes e concentrados em determinados segmentos da sociedade, deixando milhões de brasileiros sem acesso a uma educação de qualidade. Essa realidade reflete a desigualdade estrutural presente na sociedade brasileira, onde as oportunidades educacionais são frequentemente determinadas pela condição socioeconômica dos indivíduos. Ao longo das últimas décadas, o Brasil avançou significativamente na formulação de políticas públicas voltadas para o financiamento da educação. A Constituição Federal de 1988 estabeleceu a educação como um direito de todos e um dever do Estado, determinando que uma parcela significativa dos recursos públicos seja destinada à área educacional. Além disso, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) e o Plano Nacional de Educação (PNE) estabeleceram metas e diretrizes para a melhoria da qualidade e da equidade na educação brasileira. 40 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Apesar dos avanços legislativos, o financiamento da educação no Brasil ainda enfrenta uma série de desafios. Um dos principais obstáculos é a insuficiência de recursos, especialmente em um contexto de crise econômica e fiscal. A dependência de financiamento público também pode tornar o sistema educacional vulnerável a cortes orçamentários e instabilidade política. Além disso, a má gestão dos recursos e a falta de transparência na aplicação dos mesmos são questões que comprometem a eficácia dos investimentos em educação. A burocracia excessiva e a falta de mecanismos adequados de monitoramento e avaliação dificultam o acompanhamento dos resultados e a identificação de áreas prioritárias para investimento. Apesar dos desafios, existem perspectivas promissoras para o financiamento da educação no Brasil. O fortalecimento da participação social e do controle democrático sobre os recursos educacionais pode contribuir para uma maior eficiência e transparência na gestão dos recursos. Além disso, a busca por fontes alternativas de financiamento, como parcerias público-privadas e captação de recursos externos, pode ajudar a complementar os recursos públicos e ampliar o acesso à educação de qualidade. Investimentos em tecnologia educacional e inovação também podem desempenhar um papel crucial na melhoria da qualidade e da eficiência do sistema educacional brasileiro. A utilização de ferramentas digitais e plataformas de ensino a distância pode ampliar o acesso à educação em áreas remotas e marginalizadas, reduzindo as desigualdades educacionais e promovendo a inclusão social. O financiamento adequado da educação é um pré-requisito essencial para o desenvolvimento humano e social de um país. No Brasil, apesar dos avanços alcançados nas últimas décadas, ainda há muito a ser feito para garantir que todos os brasileiros tenham acesso a uma educação de qualidade. É fundamental que o governo, a sociedade civil e outros atores envolvidos trabalhem em conjunto para superar os desafios existentes e construir um sistema educacional mais equitativo, inclusivo e eficaz. 41 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 6.1 O FUNDEB O Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb) é uma importante política pública brasileira voltada para o financiamento da educação básica. Criado pela Emenda Constitucional nº 53/2006, o Fundeb substituiu o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef), ampliando sua abrangência para todos os níveis da educação básica, da creche ao ensino médio. O Fundeb é um fundo de natureza contábil e financeira, formado por recursos provenientes de impostos e transferências dos estados, municípios e da União. A sua principal fonte de financiamento é o Imposto sobre Circulação de Mercadorias e Serviços (ICMS), além de outras receitas tributárias. Esses recursos são redistribuídos de forma equitativa entre os entes federativos, levando em consideração o número de alunos matriculados na educação básica. Uma das características mais importantes do Fundeb é a vinculação de recursos à educação, garantindo que uma parcela significativa dos recursos arrecadados seja destinada à área educacional. Além disso, o Fundeb prevê a complementação da União em casos onde os recursos disponibilizados pelos estados e municípios não sejam suficientes para garantir um padrão mínimo de qualidade na educação. Desde sua implementação, o Fundeb tem sido fundamental para ampliar o acesso à educação básica e reduzir as desigualdades educacionais no Brasil. Os recursos provenientes do Fundo são utilizados para financiar diversas despesas, tais como pagamento de salários de professores, aquisição de material didático, manutenção de infraestrutura escolar e implementação de políticas de inclusão e permanência dos alunos na escola. Além disso, o Fundeb tem contribuído para valorização dos profissionais da educação, através do estabelecimento de pisos salariais e outras medidas de valorização da carreira docente. Isso é crucial para atrair e manter professores qualificados nas escolas, garantindo a qualidade do ensino oferecido. Apesar dos avanços alcançados, o Fundeb ainda enfrenta uma série de desafios. Um dos principais obstáculos é a necessidade de ampliar os investimentos na educação 42 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância básica, garantindo recursos suficientes parapromover uma educação de qualidade para todos os brasileiros. Além disso, a gestão transparente e eficiente dos recursos do Fundeb é fundamental para garantir que esses recursos sejam utilizados de forma adequada e eficaz. Outro desafio é a necessidade de aprimorar os mecanismos de monitoramento e avaliação do Fundeb, para garantir que os recursos sejam aplicados de forma eficiente e que os objetivos educacionais sejam alcançados. Além disso, é importante promover o debate e a participação da sociedade civil na definição das políticas educacionais e na gestão dos recursos do Fundeb. O Fundeb representa um importante avanço na garantia do direito à educação no Brasil, contribuindo para a redução das desigualdades educacionais e para a valorização dos profissionais da educação. No entanto, é fundamental que o Fundo seja constantemente aprimorado e fortalecido, para garantir que todos os brasileiros tenham acesso a uma educação de qualidade, capaz de promover o desenvolvimento humano, social e econômico do país. https://g1.globo.com/educacao/noticia/2020/07/20/fundeb-o-que-e-o-fundo- que-financia-a-educacao-publica-no-brasil-como-e-hoje-e-o-que-pode- mudar.ghtml Fonte: https://g1.globo.com/educacao/noticia/2020/07/20/fundeb-o-que-e-o-fundo-que-financia-a-educacao- publica-no-brasil-como-e-hoje-e-o-que-pode-mudar.ghtml 43 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 7. EDUCAÇÃO INCLUSIVA E DIVERSIDADE "Na educação inclusiva, a diversidade é a matéria-prima do processo educacional, e a igualdade de oportunidades é o objetivo máximo a ser alcançado." - Miguel Arroyo Objetivos Compreender as políticas e práticas inclusivas no contexto educacional. Refletir sobre o atendimento educacional especializado. Analisar os desafios e avanços na promoção da educação inclusiva e respeito à diversidade. A Educação Inclusiva é um paradigma educacional que visa garantir o acesso, a participação e o aprendizado de todos os alunos, independentemente de suas características individuais, necessidades especiais ou contextos sociais. Em seu cerne, está o reconhecimento e a valorização da diversidade humana como uma riqueza a ser celebrada e incorporada ao processo educacional. Neste contexto, a diversidade não se restringe apenas à presença de alunos com deficiência, mas abrange uma ampla gama de características, incluindo raça, etnia, gênero, orientação sexual, religião, classe social e habilidades diversas. A Educação Inclusiva fundamenta-se no princípio da equidade, que reconhece que cada indivíduo é único e possui necessidades e potencialidades diferentes. Portanto, o objetivo primordial da educação inclusiva é criar um ambiente que promova o respeito à diversidade e ofereça oportunidades igualitárias de aprendizado para todos os alunos. Isso implica em um conjunto de práticas pedagógicas, estratégias de ensino e adaptações curriculares que considerem as características individuais de cada estudante, garantindo que todos possam alcançar seu pleno desenvolvimento acadêmico, social e emocional. A diversidade no ambiente educacional enriquece o processo de ensino- aprendizagem, proporcionando experiências enriquecedoras e oportunidades de aprendizado significativas para todos os alunos. Ao conviverem com colegas de diferentes origens culturais, sociais e étnicas, os estudantes têm a oportunidade de ampliar sua visão de mundo, desenvolver empatia e respeito pelas diferenças, e adquirir habilidades essenciais para a vida em sociedade. 44 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Além disso, a presença de alunos com deficiência e necessidades especiais desafia o sistema educacional a adotar uma abordagem mais inclusiva e flexível, que valorize a diversidade de habilidades e promova a participação ativa de todos os estudantes. Isso implica em oferecer suportes e recursos adequados, adaptar o currículo e as metodologias de ensino, e garantir o acesso a espaços e atividades educacionais de forma equitativa. Apesar dos avanços alcançados, a implementação efetiva da Educação Inclusiva ainda enfrenta uma série de desafios. A falta de formação adequada dos professores, a infraestrutura inadequada das escolas, a resistência institucional e a falta de recursos são alguns dos obstáculos que impedem a efetivação desse modelo educacional. No entanto, é fundamental reconhecer que a superação desses desafios requer um compromisso coletivo e contínuo de toda a sociedade. Isso inclui investimentos em formação de professores, adequação das estruturas escolares, promoção de políticas públicas inclusivas e engajamento da comunidade escolar e da sociedade civil. A Educação Inclusiva é mais do que uma abordagem pedagógica; é um compromisso ético e moral com a promoção da equidade e da justiça social. Ao reconhecer e valorizar a diversidade humana, a educação inclusiva não apenas transforma vidas individuais, mas também contribui para a construção de uma sociedade mais justa, democrática e inclusiva. Portanto, é fundamental que todos os atores envolvidos no processo educacional trabalhem juntos para tornar a Educação Inclusiva uma realidade em todas as escolas, garantindo que cada aluno tenha a oportunidade de desenvolver seu pleno potencial, independentemente de suas diferenças. 7.1 Políticas e práticas inclusivas na educação brasileira A implementação de políticas e práticas inclusivas na educação brasileira é um desafio complexo que envolve não apenas questões pedagógicas, mas também sociais, políticas e culturais. Este texto acadêmico propõe uma análise crítica das políticas e práticas inclusivas no contexto educacional brasileiro, explorando suas bases teóricas, desafios enfrentados e possíveis caminhos para avançar nesse campo. Teóricos como Paulo Freire e Miguel Arroyo ressaltam a importância da educação como um instrumento de transformação social e de promoção da cidadania. 45 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Além disso, a teoria da educação inclusiva, desenvolvida por pesquisadores como Susan Stainback e William Stainback, enfatiza a necessidade de promover a participação e o aprendizado de todos os alunos, reconhecendo e valorizando a diversidade humana. Essa abordagem destaca a importância da adaptação curricular, do suporte individualizado e da criação de ambientes educacionais acolhedores e acessíveis para todos os estudantes. Apesar dos avanços nas políticas de inclusão educacional no Brasil, ainda existem muitos desafios a serem enfrentados. Um dos principais obstáculos é a falta de recursos e infraestrutura adequados nas escolas, que muitas vezes dificultam a implementação efetiva de práticas inclusivas. Além disso, a formação inicial e continuada dos professores nem sempre contempla as demandas e especificidades da educação inclusiva, o que pode comprometer a qualidade do atendimento aos alunos com deficiência e necessidades especiais. Outro desafio é a resistência cultural e institucional às mudanças propostas pelas políticas inclusivas. Muitas vezes, existe uma visão tradicional e excludente da educação, que privilegia determinados grupos sociais em detrimento de outros. Superar essa cultura institucional e promover uma verdadeira mudança de paradigma requer um esforço conjunto de todos os atores envolvidos no processo educacional. Para avançar no campo das políticas e práticas inclusivas na educação brasileira, é necessário adotar uma abordagem holística e multidimensional, que leve em consideração não apenas as questões pedagógicas, mas também as dimensões sociais, políticas e culturais envolvidas. Isso inclui investimentos em infraestrutura escolar, formação de professores,adaptação curricular e promoção de uma cultura inclusiva nas escolas e na sociedade como um todo. Além disso, é fundamental promover uma maior participação e empoderamento das comunidades escolares, incluindo alunos, pais, professores e gestores, no processo de elaboração e implementação das políticas inclusivas. A construção de uma educação verdadeiramente inclusiva requer o envolvimento de todos os atores sociais e a promoção de uma cultura de respeito, valorização e celebração da diversidade humana. 46 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância As políticas e práticas inclusivas na educação brasileira são fundamentais para garantir o acesso, a participação e o aprendizado de todos os alunos, independentemente de suas características pessoais. No entanto, para que essas políticas sejam efetivas, é necessário superar os desafios e limitações existentes e adotar uma abordagem integrada e holística, que leve em consideração as dimensões sociais, políticas e culturais envolvidas. Somente assim será possível construir uma educação verdadeiramente inclusiva e democrática, que promova a equidade, a justiça social e o desenvolvimento humano. 7.2 Atendimento Educacional Especializado na Educação Inclusiva O Atendimento Educacional Especializado (AEE) desempenha um papel crucial na efetivação da educação inclusiva, proporcionando suporte e recursos necessários para que alunos com deficiência e necessidades educacionais especiais possam participar plenamente do processo de ensino-aprendizagem. Nesta análise reflexiva, exploraremos a importância do AEE no contexto da educação inclusiva, discutindo suas bases teóricas, desafios enfrentados e perspectivas futuras. O AEE é fundamentado em uma abordagem centrada no aluno, que reconhece e valoriza a diversidade de habilidades e necessidades presentes no contexto educacional. Teóricos como Maria Teresa Eglér Mantoan e Teresa Cristina Rego defendem que o AEE deve ser concebido como um direito de todos os alunos, assegurando que cada estudante receba o suporte necessário para alcançar seu pleno desenvolvimento acadêmico e social. 47 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Além disso, o AEE está alinhado com os princípios da educação inclusiva, conforme proposto por pesquisadores como Susan Stainback e William Stainback. Essa abordagem enfatiza a importância de promover a participação e o aprendizado de todos os alunos, independentemente de suas características individuais, reconhecendo a diversidade como uma fonte de enriquecimento para o ambiente educacional. Apesar dos avanços alcançados, a implementação efetiva do AEE ainda enfrenta uma série de desafios e complexidades. Um dos principais obstáculos é a falta de recursos e infraestrutura adequados nas escolas, que muitas vezes dificultam a oferta de serviços especializados e adaptados às necessidades individuais dos alunos. Além disso, a formação dos profissionais responsáveis pelo AEE nem sempre contempla as demandas específicas da educação inclusiva, o que pode comprometer a qualidade do atendimento oferecido. Outro desafio é a necessidade de superar barreiras culturais e institucionais que ainda persistem no sistema educacional, como preconceitos e estereótipos em relação à deficiência. É fundamental promover uma mudança de paradigma que valorize a diversidade e promova uma cultura de inclusão e respeito mútuo no ambiente escolar. Apesar dos desafios enfrentados, existem perspectivas promissoras para o avanço do AEE no contexto da educação inclusiva. Investimentos em formação de professores, infraestrutura escolar e recursos pedagógicos adaptados podem contribuir para melhorar a qualidade do atendimento oferecido aos alunos com deficiência e necessidades educacionais especiais. Além disso, é fundamental promover uma maior articulação entre os diferentes atores envolvidos no processo educacional, incluindo professores, gestores escolares, famílias e especialistas em educação especial. A construção de uma rede colaborativa e solidária pode favorecer a troca de experiências e boas práticas, além de contribuir para a construção de uma cultura inclusiva e acolhedora nas escolas. O Atendimento Educacional Especializado desempenha um papel fundamental na efetivação da educação inclusiva, garantindo que todos os alunos tenham acesso a uma educação de qualidade, independentemente de suas características individuais. No entanto, para que o AEE seja efetivo, é necessário superar desafios e complexidades 48 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância existentes, promovendo investimentos em formação, infraestrutura e recursos pedagógicos adaptados. Somente assim será possível construir uma educação verdadeiramente inclusiva e democrática, que promova o respeito à diversidade e o pleno desenvolvimento de todos os estudantes. Freire, P. (1997). Pedagogia da autonomia: saberes necessários à prática educativa. Paz e Terra. Arroyo, M. (2005). Ofício de Mestre: Imagens e Auto-imagens. Vozes. Stainback, S., & Stainback, W. (1999). Inclusão: Um guia para educadores. Artmed Editora. 49 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 8. A FORMAÇÃO E A CARREIRA DOCENTE NA LEGISLAÇÃO Ao longo da história da educação brasileira, os professores vivenciaram vários entendimentos sobre seu papel. Na escola tradicional, o professor, possuía um certo status na comunidade, mesmo sem formação, era alguém que detinha de uma vocação. Ensinar era uma missão, um sacerdócio. Diante disso, os ganhos são eram o mais importante. As mulheres dominavam a educação e não possuíam uma carreira institucionalizada, elas exerciam sua vocação durante meio período, e conseguiam assim ainda cuidar da família e auxiliar no orçamento doméstico. Na década de 1970, a Lei 5.692/71 instituiu a carreira de professor baseada na qualificação e não em função do grau de atuação. Os cursos passaram a ser chamados de magistérios e tinham início os concursos públicos, a organização de associações e confederações. A ditadura não permitiu a sindicalização, mas houveram muitas greves pela luta de melhores condições de trabalho. Após a Constituição Federal de 1988 os professores puderam se sindicalizar e a valorização dos profissionais tornou-se um princípio garantido por lei, com planos de carreira, piso salarial e ingresso exclusivo por concurso público. A LDB (Lei N. 9.394/96) reiterou o princípio da valorização dos professores, assegurando a promoção de uma carreira dos profissionais da educação. A formação de professores da Educação infantil e dos anos iniciais do Ensino fundamental passou a ser feita preferencialmente em nível superior, com graduação plena, a exemplo dos outros professores da Educação básica. Art. 62. A formação de docentes para atuar na educação básica far-se-á em nível superior, em curso de licenciatura, de graduação plena, em universidades e institutos superiores de educação, admitida, como formação mínima para o exercício do magistério na educação infantil e nas quatro primeiras séries do ensino fundamental, a oferecida em nível médio, na modalidade Normal. Essa exigência deveria ser organizada em todas as instituições de ensino do Brasil. E por isso, os professores que já atuavam deveriam buscar a formação superior. A formação pode ser feita tanto em cursos regulares como a distância. 50 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância A LDB (Lei N. 9.394/96) também estabeleceu as incumbências dos professores e os princípios dos sistemas de ensino. Art. 13. Os docentes incumbir-se-ão de: I - participar daelaboração da proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; II - elaborar e cumprir plano de trabalho, segundo a proposta pedagógica do estabelecimento de ensino; III - zelar pela aprendizagem dos alunos; IV - estabelecer estratégias de recuperação para os alunos de menor rendimento; V - ministrar os dias letivos e horas-aula estabelecidos, além de participar integralmente dos períodos dedicados ao planejamento, à avaliação e ao desenvolvimento profissional; VI - colaborar com as atividades de articulação da escola com as famílias e a comunidade. Art. 14. Os sistemas de ensino definirão as normas da gestão democrática do ensino público na educação básica, de acordo com as suas peculiaridades e conforme os seguintes princípios: I - participação dos profissionais da educação na elaboração do projeto pedagógico da escola; II - participação das comunidades escolar e local em conselhos escolares ou equivalentes. Apesar do esforço de décadas, nem todas as escolas possuíam a sua Proposta Pedagógica. Algumas escolas haviam adotado planos de outras instituições, ou ainda contratavam especialistas, que não conheciam o contexto ali encontrado para a elaboração de uma proposta. Havia, além disso, a necessidade de retomar o processo de planejamento da escola, exercendo a autonomia presente, consolidada pela legislação. Os sistemas estaduais e municipais, diante da postura da nova LDB, tiveram que se reorganizar e orientar suas escolas, públicas e particulares, para que se adequassem aos preceitos legais. A elaboração da Proposta pedagógica de uma escola, de qualquer uma das etapas da Educação básica (Educação infantil, Ensino fundamental e Ensino médio) exige o 51 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância conhecimento básico da legislação educacional e de aspectos administrativos, pedagógicos e financeiros. Cada comunidade escolar, ao elaborar e executar seu Projeto Político Pedagógico deve conhecer o perfil do corpo docente (formação e experiência pedagógica dos professores), e da equipe de funcionários (compromisso social e competência técnica), analisar os resultados quantitativos e qualitativos alcançados pelos alunos nos anos anteriores, levantar as necessidades físicas da estrutura do prédio escolar e de seus equipamentos, pesquisar as características geográficas, históricas e sociais da comunidade onde a escola se localiza, definir a concepção de escola que atenderá melhor as necessidades e finalmente, colocar em prática as estratégias de implementação que foram decididas e assumidas por todos os envolvidos no planejamento. E ainda, uma avaliação deve permear todo o processo, para que problemas e dificuldades sejam resolvidos ou que alguma ação seja replanejada. Resumidamente, o Projeto político pedagógico envolve: a finalidade da escola, sua estrutura organizacional, os dados estatísticos de desempenho dos alunos, o perfil do corpo docente, o planejamento curricular, o calendário escolar, os processos decisórios (administração, supervisão, orientação pedagógica), e a avaliação constante. As finalidades da escola devem apresentar, além da meta de formação integral dos alunos, as dimensões culturais, políticas, sociais e humanísticas. O importante é decidir, coletivamente, o que se quer reforçar dentro da escola, detalhando as finalidades para se conseguir um processo ensino-aprendizagem bem-sucedido e se forma o cidadão crítico, envolvido com a realidade de seu tempo. A participação do professor em momentos de planejamento coletivo como a elaboração da proposta pedagógica da escola, foi uma vitória na luta pela valorização do professor, que faz parte da comunidade escolar. As discussões e troca de experiências destes momentos coletivos faz com que o professor se sinta parte do ambiente escolar, entenda melhor as dificuldades e a realidade de todos ali envolvido. Além disso, promove um sentimento de pertencimento e cumplicidade entre todos. O que é importantíssimo para os momentos de estresse e desmotivação comuns a qualquer ambiente de trabalho. 52 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 9. GESTÃO EDUCACIONAL Objetivos Estudar o papel e funções dos gestores escolares. Refletir sobre os modelos de gestão educacional. Analisar os desafios e boas práticas em gestão escolar. A gestão educacional desempenha um papel central na organização e no funcionamento das instituições de ensino, influenciando diretamente a qualidade e a eficácia do processo educativo. Este texto acadêmico tem como objetivo analisar os fundamentos, os desafios e as perspectivas da gestão educacional, explorando suas bases teóricas e sua importância para o contexto escolar. A gestão educacional é fundamentada em diferentes abordagens teóricas, que variam de acordo com as concepções sobre educação, organização escolar e liderança. Uma das perspectivas mais influentes é a abordagem sistêmica, que concebe a escola como um sistema complexo, composto por diferentes elementos inter-relacionados. Teóricos como Libâneo (2004) e Luck (2012) destacam a importância de uma gestão democrática e participativa, que promova a articulação entre os diversos atores escolares e a construção de um projeto educativo coletivo. Além disso, a gestão educacional é influenciada por abordagens gerenciais, que enfatizam a eficiência, a eficácia e a racionalidade na administração dos recursos e processos escolares. Autores como Mintzberg (2009) e Davel (2008) destacam a importância de uma gestão estratégica e proativa, que articule objetivos, estratégias e ações para alcançar os resultados desejados. Apesar dos avanços alcançados, a gestão educacional ainda enfrenta uma série de desafios e complexidades. Um dos principais obstáculos é a falta de recursos financeiros e infraestrutura adequados, que comprometem a qualidade do ensino e a oferta de serviços essenciais aos alunos. Além disso, a gestão democrática nem sempre é uma realidade nas escolas, sendo necessário promover uma maior participação e engajamento da comunidade escolar nas decisões e ações institucionais. Outro desafio é a necessidade de promover uma gestão pedagógica eficaz, que articule as dimensões administrativa e pedagógica de forma integrada e complementar. A 53 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância formação e o apoio aos gestores escolares também são questões importantes, visto que muitos enfrentam dificuldades na condução da gestão escolar e na tomada de decisões estratégicas. Para avançar no campo da gestão educacional, é necessário adotar uma abordagem holística e multidimensional, que leve em consideração não apenas as questões administrativas e pedagógicas, mas também as dimensões sociais, políticas e culturais envolvidas. Isso inclui investimentos em formação de gestores, melhoria da infraestrutura escolar, promoção de uma gestão participativa e democrática, e fortalecimento da articulação entre escola, família e comunidade. Além disso, é fundamental promover uma cultura de avaliação e monitoramento contínuo, que permita acompanhar e analisar os resultados alcançados, identificar pontos de melhoria e promover ajustes e intervenções necessárias. A construção de uma gestão educacional eficaz e democrática requer o envolvimento de todos os atores escolares e o compromisso com a busca constante pela qualidade e equidade na educação. A gestão educacional desempenha um papel fundamental na organização e no funcionamento das instituições de ensino, influenciando diretamente a qualidade e a eficácia do processo educativo. No entanto, para que a gestão educacional seja efetiva, é necessário superar desafios e complexidades existentes, promovendo uma abordagemintegrada e multidimensional que leve em consideração as dimensões administrativas, pedagógicas, sociais, políticas e culturais envolvidas. Somente assim será possível construir escolas mais democráticas, inclusivas e comprometidas com a promoção do desenvolvimento humano e social. Como dissemos, a gestão escolar no Brasil enfrenta uma série de desafios, mas também apresenta exemplos de boas práticas que têm contribuído para a melhoria da qualidade da educação. Nesta análise, exploraremos alguns dos principais desafios enfrentados pela gestão escolar no país, bem como exemplos de boas práticas que têm sido adotadas para superar esses desafios. Desafios em Gestão Escolar no Brasil: 1. Falta de recursos financeiros: Muitas escolas no Brasil enfrentam sérias dificuldades financeiras, que afetam diretamente a qualidade do ensino e a oferta 54 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância de serviços essenciais aos alunos. A falta de recursos financeiros limita a capacidade das escolas de investir em infraestrutura, materiais didáticos, formação de professores e atividades extracurriculares. 2. Gestão democrática e participativa: Apesar dos avanços na legislação brasileira que garantem a gestão democrática das escolas, na prática, muitas instituições ainda enfrentam desafios para promover a participação efetiva de todos os atores escolares nas decisões e ações institucionais. A falta de espaços e mecanismos formais de participação, bem como resistências culturais e institucionais, podem dificultar a implementação da gestão democrática. 3. Desigualdades regionais e sociais: O Brasil é um país marcado por profundas desigualdades regionais e sociais, que se refletem na educação. Escolas localizadas em regiões mais vulneráveis enfrentam desafios adicionais, como falta de infraestrutura adequada, violência, evasão escolar e baixo desempenho acadêmico. Por outro lado, podemos ressaltar boas práticas em gestão escolar no Brasil que incluem: Gestão participativa e colegiada: Algumas escolas têm adotado práticas eficazes de gestão participativa e colegiada, que envolvem todos os atores escolares nas decisões e ações institucionais. Por meio de conselhos escolares, grêmios estudantis, associações de pais e mestres e outras instâncias participativas, essas escolas promovem o diálogo, a transparência e o engajamento da comunidade escolar. Capacitação e formação continuada: Escolas que investem na capacitação e formação continuada de seus gestores e professores têm obtido melhores resultados em termos de qualidade do ensino e desempenho dos alunos. Por meio de cursos, workshops, seminários e outras atividades de formação, os profissionais da educação podem adquirir novos conhecimentos, habilidades e competências necessárias para enfrentar os desafios da gestão escolar. Parcerias e redes de cooperação: A formação de parcerias e redes de cooperação entre escolas, organizações da sociedade civil, empresas e outras instituições tem se mostrado uma estratégia eficaz para ampliar o acesso a recursos e serviços, compartilhar boas práticas e promover a troca de experiências. Essas parcerias podem beneficiar as escolas por meio de 55 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância programas de apoio financeiro, voluntariado, mentoria, intercâmbio de professores e alunos, entre outras atividades. A gestão escolar no Brasil enfrenta uma série de desafios, mas também apresenta exemplos de boas práticas que têm contribuído para a melhoria da qualidade da educação. Por meio de uma gestão participativa, capacitação de profissionais e formação de parcerias, as escolas podem superar os desafios existentes e promover um ambiente escolar mais democrático, inclusivo e eficaz. Libâneo, J. C. (2004). Organização e gestão da escola: teoria e prática. Editora Alternativa. Luck, H. (2012). Gestão educacional: uma questão paradigmática. Editora Vozes. Mintzberg, H. (2009). Managing. Berrett-Koehler Publishers. Davel, E. (2008). Gestão com pessoas e subjetividade. Editora Atlas. É fundamental que a legislação e a política educacional no Brasil sejam pautadas por princípios de equidade, democracia e participação social, garantindo o acesso universal à educação de qualidade, independentemente da origem social, étnica, racial, religiosa ou regional dos alunos. Além disso, é necessário promover uma maior articulação entre os diferentes níveis e esferas de governo, bem como uma maior participação e engajamento da sociedade civil, para garantir que as políticas educacionais sejam efetivamente implementadas e monitoradas. A construção de uma educação verdadeiramente inclusiva, democrática e de qualidade no Brasil requer um esforço conjunto e contínuo de todos os atores envolvidos no processo educacional, incluindo governo, instituições de ensino, professores, alunos, famílias e comunidade em geral. Somente assim será possível superar os desafios existentes e promover uma educação que contribua efetivamente para o desenvolvimento humano, social e econômico do país. 56 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Em resumo, a legislação e a política educacional no Brasil desempenham um papel fundamental na construção de um sistema educacional mais justo, inclusivo e eficaz. No entanto, é necessário continuar avançando na elaboração e implementação de políticas que garantam o direito à educação para todos os brasileiros, promovendo a equidade, a qualidade e a participação social em todos os níveis e modalidades de ensino. 1. INTRODUÇÃO AO SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO 1.1 Entendendo as leis 1.2. Estrutura e organização do sistema educacional. 1.3 Níveis de ensino: educação básica, educação superior e educação profissional 1.4 Principais desafios e características do sistema educacional brasileiro 2. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL 2.1 Evolução histórica da educação desde o período colonial até os dias atuais. 3. LEIS EDUCACIONAIS 3.1 Constituição Federal de 1988 e a educação como direito fundamental. 3.2 Outras leis e normativas educacionais relevantes (ex: Plano Nacional de Educação, Estatuto da Criança e do Adolescente, entre outras). 4. LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO, REFERENCIAIS CURRICULARES NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO E PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS 4.1 LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL 4.2 Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação 4.3 Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) 5. POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS 5.1 Políticas educacionais voltadas para a universalização do acesso, qualidade e equidade. 5.2 Programas e ações governamentais para a melhoria do ensino 6. FINANCIAMENTO DA EDUCAÇÃO 6.1 O FUNDEB 7. EDUCAÇÃO INCLUSIVA E DIVERSIDADE 7.1 Políticas e práticas inclusivas na educação brasileira 7.2 Atendimento Educacional Especializado na Educação Inclusiva 8. A FORMAÇÃO E A CARREIRA DOCENTE NA LEGISLAÇÃO 9. GESTÃO EDUCACIONALA formação em Pedagogia e demais licenciaturas exige compreender a complexidade e a importância dos diferentes níveis de ensino presentes no sistema educacional. Os três principais níveis de ensino no Brasil são a Educação Básica, a Educação Superior e a Educação Profissional. Cada um desses níveis desempenha um papel fundamental na construção do conhecimento e no desenvolvimento dos indivíduos ao longo de suas vidas acadêmicas e profissionais. Educação Básica: A Educação Básica é o primeiro e mais amplo nível de ensino, compreendendo a Educação Infantil, o Ensino Fundamental e o Ensino Médio. Segundo a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), a Educação Básica é obrigatória e tem como objetivo 5 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância proporcionar uma formação integral aos estudantes, promovendo o desenvolvimento de habilidades cognitivas, sociais, emocionais e físicas. Educação Superior: A Educação Superior compreende os cursos de graduação, pós-graduação (lato sensu e stricto sensu) e extensão. Ela visa a formação acadêmica e profissional dos estudantes, além da produção e disseminação do conhecimento científico e tecnológico. A Educação Superior desempenha um papel crucial na preparação dos indivíduos para o mercado de trabalho e para o exercício da cidadania ativa na sociedade. Educação Profissional: A Educação Profissional é voltada para a qualificação e formação técnica dos estudantes, preparando-os para o mercado de trabalho em áreas específicas. Ela engloba os cursos técnicos, tecnológicos e de aprendizagem profissional, visando atender às demandas do mercado e promover a inserção dos indivíduos na vida produtiva. Em suma, os diferentes níveis de ensino desempenham papéis distintos, mas complementares, na formação dos indivíduos e na construção de uma sociedade mais justa e igualitária. A compreensão desses níveis é essencial para os futuros pedagogos e professores, pois lhes permite contribuir de forma eficaz para a promoção da educação de qualidade em todas as suas dimensões. 1.4 Principais desafios e características do sistema educacional brasileiro O sistema educacional brasileiro enfrenta uma série de desafios e apresenta características marcantes que impactam diretamente a qualidade e a equidade da educação oferecida no país. Ao longo das últimas décadas, diversos teóricos têm analisado e refletido sobre esses aspectos, oferecendo insights importantes para compreender as complexidades do sistema educacional brasileiro. Um dos principais desafios enfrentados pelo sistema educacional brasileiro é a persistente desigualdade no acesso e na qualidade da educação. Segundo dados do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), ainda existe uma grande disparidade entre as regiões rurais e urbanas, assim como entre as áreas mais e menos desenvolvidas do país. Nesse sentido, Oliveira (2019) destaca que a falta de infraestrutura adequada, a 6 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância carência de recursos materiais e a escassez de profissionais qualificados são fatores que contribuem para a reprodução das desigualdades educacionais no Brasil. Além disso, a falta de investimentos adequados na formação e valorização dos profissionais da educação também é um desafio significativo. Autores como Saviani (2009) argumentam que a precarização das condições de trabalho dos professores, aliada à baixa remuneração e à falta de políticas de formação continuada, compromete a qualidade do ensino oferecido nas escolas brasileiras. Nesse sentido, é fundamental que o Estado adote medidas efetivas para valorizar e qualificar os profissionais da educação, garantindo condições adequadas para o exercício da docência. Outro ponto importante a ser considerado são as desigualdades de gênero e raça presentes no sistema educacional brasileiro. Segundo dados do Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA), mulheres e indivíduos negros ainda enfrentam maiores dificuldades de acesso, permanência e conclusão dos estudos em comparação com homens brancos. Para Oliveira (2017), a adoção de políticas afirmativas e a promoção da igualdade de oportunidades são essenciais para superar essas desigualdades estruturais e promover uma educação verdadeiramente inclusiva e democrática. Diante desses desafios, é fundamental repensar as políticas educacionais e adotar medidas efetivas para promover uma educação de qualidade e equidade para todos. Como defende Freire (1996), é necessário que a educação seja entendida como um processo de transformação social, capaz de promover a conscientização crítica dos indivíduos e contribuir para a construção de uma sociedade mais justa e igualitária. Nesse sentido, é fundamental que o Estado assuma o papel de promotor da educação pública, garantindo o acesso universal, a qualidade e a equidade em todos os níveis de ensino. 7 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Freire, P. (1996). Pedagogia da autonomia: Saberes necessários à prática educativa. Paz e Terra. Oliveira, D. A. (2017). Desigualdades de gênero e raça no acesso à educação superior no Brasil: uma análise a partir do ENEM. Revista Ibero-Americana de Estudos em Educação, 12(1), 254-271. Oliveira, R. P. (2019). As desigualdades educacionais no Brasil: realidade ou ficção? Revista Brasileira de Educação, 24, e240027. Saviani, D. (2009). Escola e democracia. Cortez Editora. 8 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 2. HISTÓRIA DA EDUCAÇÃO NO BRASIL "A história da educação no Brasil é uma narrativa complexa que reflete não apenas as mudanças nas políticas e práticas educacionais, mas também os desafios sociais, econômicos e culturais enfrentados pelo país ao longo dos séculos." - Moacir Gadotti." Objetivo Refletir sobre a evolução histórica da educação desde o período colonial até os dias atuais e os principais marcos e reformas educacionais ao longo da história. 2.1 Evolução histórica da educação desde o período colonial até os dias atuais. A jornada da educação no Brasil é um mosaico complexo de transformações sociais, políticas e econômicas que se desdobraram ao longo dos séculos. Desde os primeiros anos do período colonial até os tempos atuais, a educação brasileira atravessou distintas fases e enfrentou uma miríade de desafios, adaptando-se de acordo com as exigências e aspirações de cada era. Nos primórdios do Brasil colonial, a educação estava profundamente ligada à catequização e à assimilação cultural dos povos indígenas. As escolas jesuíticas, estabelecidas pelos missionários da Companhia de Jesus, desempenharam um papel preponderante nesse processo. Por meio do ensino da língua portuguesa e da doutrina católica, os jesuítas buscavam difundir a cultura europeia entre as populações nativas. Teóricos como Pierre Bourdieu ressaltam a relevância desse período para a formação dos sistemas de dominação simbólica no Brasil, onde a Igreja Católica exerceu um domínio significativo sobre a educação e a sociedade. "A educação é, com efeito, a instância que mais claramente encarna a transmissão das disposições legítimas, e aquele em que as diferenças de cultura são as mais facilmente apreendidas e, ao mesmo tempo, em que o poder simbólico do pedagogo, que é um poder de impor a definição legítima do que é legítimo, é exercido de forma mais direta e eficaz." - Pierre Bourdieu, "A Distinção: Crítica Social do Julgamento" 9 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a DistânciaCom a chegada da Família Real ao Brasil em 1808, surgiram as primeiras iniciativas de organização do sistema educacional brasileiro. A abertura dos portos às nações amigas e a criação de instituições como a Biblioteca Nacional e a Escola de Medicina e Cirurgia do Rio de Janeiro assinalaram o início de uma nova fase para a educação no país. Durante o período imperial, a educação era caracterizada pela elitização e centralização do ensino, com acesso restrito à elite branca e ao clero. Teóricos como Florestan Fernandes destacam a educação como um instrumento de perpetuação das estruturas de poder, destinado a reproduzir as desigualdades sociais e consolidar o regime monárquico. Com a Proclamação da República em 1889, ocorreu uma maior expansão do sistema educacional brasileiro, com a implementação de políticas de universalização do ensino. Durante o governo de Getúlio Vargas, foram estabelecidos o Ministério da Educação e Saúde (1930) e a Reforma Capanema (1942), que visavam democratizar o acesso à educação e promover o desenvolvimento nacional. Nesse contexto, surgiram teóricos como Fernando de Azevedo, cuja obra "A Cultura Brasileira" analisa a formação do sistema educacional brasileiro e suas implicações sociais. "A educação no Brasil foi sempre dirigida e monopolizada pelas classes privilegiadas, que, se não a fizeram simples instrumento de exploração, a conservaram longe dos braços das classes trabalhadoras, reservando-a para seus filhos. Nessa intenção de inculcar nos povos o desprezo pela instrução, parece haver nos dirigentes uma espécie de instinto de conservação de suas classes dirigentes, um desejo secreto de perpetuação dos privilégios de que gozam." - Fernando de Azevedo, "A Cultura Brasileira" Durante a ditadura militar (1964-1985), a educação foi marcada por políticas autoritárias e repressivas, com perseguição a professores e estudantes considerados subversivos. No entanto, também surgiram movimentos de resistência e luta pela democratização do ensino, como o Movimento dos Trabalhadores em Educação (MTE). Teóricos como Dermeval Saviani analisam esse período como uma fase de retrocesso para a educação brasileira, com a imposição de currículos autoritários e a restrição à liberdade de expressão nas escolas. O autor aborda a ditadura militar como um momento de intensificação do controle estatal sobre a educação, com políticas que visavam moldar a educação de acordo com os interesses do regime. Durante a ditadura militar, houve uma 10 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância forte intervenção do Estado na educação, com a implementação de uma série de reformas que visavam controlar o ensino e reprimir ideias consideradas subversivas. Saviani argumenta que essas políticas foram marcadas por uma visão autoritária e repressiva da educação, que buscava doutrinar os estudantes e impedir o pensamento crítico. Além disso, Saviani destaca que, durante esse período, houve um distanciamento das políticas educacionais dos princípios democráticos e participativos, com a imposição de currículos e metodologias que não refletiam as necessidades e realidades da população brasileira. Após a redemocratização, a Constituição de 1988 estabeleceu a educação como um direito de todos e um dever do Estado, promovendo a descentralização e a municipalização do ensino. Nas últimas décadas, a educação brasileira tem enfrentado desafios como a qualidade do ensino, a desigualdade de acesso e a valorização dos profissionais da educação. Diversos teóricos, como Dermeval Saviani e Paulo Freire, têm contribuído para o debate sobre essas questões, buscando caminhos para uma educação mais inclusiva, democrática e de qualidade para todos os brasileiros. https://www.facebook.com/canalumbrasil/videos/1020347124831898/ Fazendo um levantamento sobre os principais marcos da educação no país, teremos: 11 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Período Colonial (séculos XVI a XVIII): Domínio da Igreja Católica na educação, com destaque para as escolas jesuíticas. Educação voltada para a catequização e assimilação cultural dos povos indígenas e da população escravizada. Ênfase na transmissão de valores religiosos e na formação moral dos indivíduos. Período Imperial (século XIX): Centralização e elitização do ensino, com acesso restrito à elite branca e ao clero. Iniciativas de organização do sistema educacional, como a criação de instituições de ensino superior e a implantação de políticas educacionais pelo governo imperial. República Velha (fim do século XIX até 1930): Expansão do sistema educacional, com a implementação de políticas de universalização do ensino. Surgimento de movimentos de renovação pedagógica e discussões sobre a educação popular. Era Vargas (1930-1945): Estabelecimento do Ministério da Educação e Saúde (1930) e da Reforma Capanema (1942). Democratização do acesso à educação e promoção do desenvolvimento nacional. Ditadura Militar (1964-1985): Políticas autoritárias e repressivas na educação, com perseguição a professores e estudantes considerados subversivos. Movimentos de resistência e luta pela democratização do ensino, como o Movimento dos Trabalhadores em Educação (MTE). 12 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Redemocratização (a partir de 1985): Constituição de 1988 estabelece a educação como um direito de todos e um dever do Estado. Desafios atuais incluem a qualidade do ensino, a desigualdade de acesso e a valorização dos profissionais da educação. Saviani, Dermeval. História das ideias pedagógicas no Brasil. Campinas: Autores Associados, 2013. Carvalho, Marta Maria Chagas de. A escola pública no Brasil (1835-1995). São Paulo: EDUC, 1998. Romanelli, Otaíza de Oliveira. História da Educação no Brasil. 33ª ed. Petrópolis: Vozes, 2010. Freire, Paulo. Pedagogia do Oprimido. 50ª ed. Rio de Janeiro: Paz e Terra, 2018. 13 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 3. LEIS EDUCACIONAIS "Os sistemas educacionais de cada país refletem os interesses e projetos da classe dominante em cada sociedade, embora sofram influências das classes subalternas e mesmo dos organismos internacionais." José Carlos Libâneo Objetivo Refletir sobre a Constituição Federal de 1988 e a educação como direito fundamental. Abordar a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) - Lei nº 9.394/96. Analisar outras leis e normativas educacionais relevantes (ex: Plano Nacional de Educação, Estatuto da Criança e do Adolescente, entre outras). A história das leis educacionais no Brasil é um reflexo das transformações sociais, políticas e culturais que o país experimentou ao longo dos séculos. Desde os primórdios da colonização até os dias atuais, o Brasil tem sido palco de uma constante busca por políticas educacionais capazes de promover a inclusão, a igualdade e o desenvolvimento humano. Desde a promulgação da primeira lei de ensino, em 1827, conhecida como Lei de Criação das Escolas de Primeiras Letras, até a legislação educacional vigente, como a atual Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), de 1996, o país passou por diversas reformas e mudanças no sistema educacional. Cada lei educacional reflete não apenas as demandas e necessidades da época em que foi promulgada, mas também os diferentes interesses políticos, econômicos e sociais que permeiam a sociedade brasileira. Seja na tentativa de universalizar o acesso à educação básica, de promover a formação de professores qualificados ou de garantir a autonomia das instituições de ensino,as leis educacionais têm sido instrumentos fundamentais na construção do sistema educacional brasileiro. No entanto, apesar dos avanços alcançados ao longo dos anos, o Brasil ainda enfrenta desafios significativos em relação à qualidade, equidade e efetividade de seu sistema educacional. Nesse sentido, compreender a história e o contexto das leis educacionais no país é fundamental para o debate e a formulação de políticas públicas que possam contribuir para a construção de uma educação mais justa, inclusiva e democrática para todos os brasileiros. 14 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 3.1 Constituição Federal de 1988 e a educação como direito fundamental. A Constituição Federal de 1988 é nossa carta magna e com isso rege todas as outras leis do Brasil. O presidente da câmara dos deputados era então Ulysses Guimarães que em 27 de julho de 1988 homologou a Constituição Cidadã, assim chamada porque contou com a participação do povo que ainda era recém-saído da ditadura. Esta constituição declara que o cidadão tem todos os seus direitos garantidos tanto os sociais como os educacionais e ainda os afetivos, especialmente seu artigo 5º ao 17º que assegura os direitos fundamentais às pessoas para a possibilidade de ter uma vida digna, livre e igualitária. No artigo 5º, são encontrados 77 incisos, dois parágrafos e o caput. Nele, são garantidos os diretos à vida, à liberdade, à igualdade, à moradia e à segurança. Também é dado a todo brasileiro, segundo os registros, o direito de exercer os cultos religiosos, seja qual for sua religião, o benefício de trabalho, dentre outros. Enfim, todo cidadão é livre e pode recorrer à justiça, quando necessário for, sem ser oprimido. É essencial que todo brasileiro saiba dos seus direitos e garantias, para que não sobrevenha sobre ele nenhum tipo de injustiça. Essa constituição ampliou os direitos dos indivíduos e permitiu sua proteção em várias situações. Dentro do artigo 5º da CF, existem diversos princípios relacionados aos direitos e garantias fundamentais, um dos mais polêmicos e importantes é o princípio da igualdade. No decorrer da história, uma série de princípios foram criados para nortear e estruturar o Estado de Direito. Esses princípios estão na Constituição e existentes no mundo, pois são responsáveis por definir a estrutura básica, fundamentos e bases para determinado sistema. Os princípios foram influenciados principalmente pelas Revoluções Francesa e Americana. No Brasil, desde o século XIX, havia certa resistência na elaboração de uma Constituição Brasileira, visto que, o país era comandado por um rei que tinha suas regras próprias. Com o passar dos anos, foram criadas sete constituições que fizeram mudanças na história do país. A partir delas, muitos princípios foram implantados e, atualmente, representam o pilar do Estado Brasileiro. http://www.okconcursos.com.br/apostilas/apostila-gratis/122-direito-constitucional/301-direitos-e-garantias-fundamentais 15 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância A palavra princípio no dicionário significa o início de algo, o que vem antes, a causa, o começo e também um conjunto de leis, definições ou preceitos utilizados para nortear o ser humano. É uma verdade universal, aquilo que o homem acredita como um dos seus valores mais inegociáveis. Os princípios constitucionais são as principais normas fundamentais de conduta de um indivíduo mediante às leis já impostas, além de exigências básicas ou fundamentos para tratar uma determinada situação. É indispensável tomar nota dos assuntos que rodeiam os seus direitos e deveres. Segundo o Art. 6, a educação é um direito social de todo cidadão. O Capítulo III, Seção I da Constituição Federal trata sobre a Educação. Art. 205. A educação, direito de todos e dever do Estado e da família, será promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Nossa constituição apresenta um conjunto de princípios que norteiam toda a educação brasileira. Esses mesmos princípios estão presentes nas Constituições estaduais e nas Leis orgânicas, no Estatuto da criança e do adolescente e na Lei de diretrizes e bases. São eles, portanto, que vão garantir a unidade nas políticas educacionais através das orientações que estão respaldadas numa educação com perspectiva democrática. Art. 206. O ensino será ministrado com base nos seguintes princípios: I - igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II - liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber; III - pluralismo de idéias e de concepções pedagógicas, e coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; IV - gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; V - valorização dos profissionais da educação escolar, garantidos, na forma da lei, planos de carreira, com ingresso exclusivamente por concurso público de provas e títulos, aos das redes públicas; VI - gestão democrática do ensino público, na forma da lei; VII - garantia de padrão de qualidade. 16 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância VIII - piso salarial profissional nacional para os profissionais da educação escolar pública, nos termos de lei federal. O art. 208 apresenta os deveres do Estado frente a educação. Art. 208. O dever do Estado com a educação será efetivado mediante a garantia de: I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria; I - ensino fundamental, obrigatório e gratuito, assegurada, inclusive, sua oferta gratuita para todos os que a ele não tiveram acesso na idade própria; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996) I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, assegurada inclusive sua oferta gratuita para todos os que a ela não tiveram acesso na idade própria; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009) (Vide Emenda Constitucional nº 59, de 2009) II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio; II - progressiva universalização do ensino médio gratuito; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996) III - atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino; IV - atendimento em creche e pré-escola às crianças de zero a seis anos de idade; IV - educação infantil, em creche e pré-escola, às crianças até 5 (cinco) anos de idade; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; VI - oferta de ensino noturno regular, adequado às condições do educando; VII - atendimento ao educando, no ensino fundamental, através de programas suplementares de material didático-escolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. VII - atendimento ao educando, em todas as etapas da educação básica, por meio de programas suplementares de material didáticoescolar, transporte, alimentação e assistência à saúde. A organização dos sistemas de ensino está descrita no Art. 211. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc14.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc59.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc59.htm#art6 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc59.htm#art6 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc14.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc53.htm#art117 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Art. 211. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios organizarão em regime de colaboração seus sistemas de ensino. § 1º A União organizará e financiará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, e prestará assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios para o desenvolvimento de seus sistemas de ensino e o atendimento prioritário à escolaridade obrigatória. § 1º A União organizará o sistema federal de ensino e o dos Territórios, financiará as instituições de ensino públicas federais e exercerá, em matéria educacional, função redistributiva e supletiva, de forma a garantir equalização de oportunidades educacionais e padrão mínimo de qualidade do ensino mediante assistência técnica e financeira aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996) § 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e pré-escolar. § 2º Os Municípios atuarão prioritariamente no ensino fundamental e na educação infantil. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996) § 3º Os Estados e o Distrito Federal atuarão prioritariamente no ensino fundamental e médio. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996) § 4º Na organização de seus sistemas de ensino, os Estados e os Municípios definirão formas de colaboração, de modo a assegurar a universalização do ensino obrigatório. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996) § 4º Na organização de seus sistemas de ensino, a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios definirão formas de colaboração, de modo a assegurar a universalização do ensino obrigatório. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 59, de 2009) § 5º A educação básica pública atenderá prioritariamente ao ensino regular. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc14.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc14.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc14.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc14.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc59.htm#art2 18 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância (Incluído pela Emenda Constitucional nº 53, de 2006) A constituição federal de 1988 foi considerada a “Constituição cidadã”, e na área educacional colocou a educação na condição de direito de todos: das crianças em idade pré-escolar (de 0 a 6 anos), das pessoas com necessidades especiais, dos jovens e adultos. Tornou o ensino fundamental um direito, estabeleceu os deveres do Estado para a família e a sociedade. Neste link está disponível a Constituição Federal na íntegra. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm A Constituição Federal de 1988 aborda a educação como um direito fundamental em diversos de seus dispositivos. Em primeiro lugar, ela reconhece a educação como um direito de todos e um dever do Estado e da família, conforme estabelecido no artigo 205. Esse reconhecimento coloca a educação em um patamar essencial para o pleno desenvolvimento da pessoa, para o exercício da cidadania e para a qualificação para o trabalho. Além disso, a Constituição estabelece que a educação deve ser promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, garantindo o acesso à escola, ao ensino gratuito em estabelecimentos oficiais e à gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais, conforme previsto no artigo 206. Outro aspecto relevante é a determinação de que o Estado deve garantir o atendimento educacional especializado aos portadores de deficiência, preferencialmente na rede regular de ensino, conforme disposto no artigo 208. Além disso, a Constituição estabelece a obrigatoriedade do ensino fundamental e a progressiva universalização do ensino médio gratuito, conforme disposto no artigo 208, garantindo assim o acesso à educação básica para todos os brasileiros. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/Emendas/Emc/emc53.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao.htm 19 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 3.2 Outras leis e normativas educacionais relevantes (ex: Plano Nacional de Educação, Estatuto da Criança e do Adolescente, entre outras). Como já dissemos, a Constituição Federal de 1988 marcou um ponto crucial na história da educação brasileira ao reconhecer a educação como um direito fundamental de todos os cidadãos. No artigo 205, estabelece-se que a educação é um dever do Estado e da família, devendo ser promovida e incentivada com a colaboração da sociedade, visando ao pleno desenvolvimento da pessoa, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Além disso, o artigo 206 estabelece os princípios que devem nortear a educação nacional, como a igualdade de condições para o acesso e permanência na escola, a liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a pluralidade de ideias e concepções pedagógicas, e a gestão democrática do ensino público. Paralelamente à Constituição, diversas leis e normativas educacionais foram estabelecidas para promover a efetivação desse direito. Entre elas, destaca-se o Plano Nacional de Educação (PNE), instituído pela Lei nº 13.005/2014, que estabelece metas e estratégias para o desenvolvimento da educação no país em um horizonte de 10 anos. O PNE visa garantir o acesso, a permanência e a qualidade da educação em todos os níveis e modalidades, promovendo a inclusão social, a equidade e a valorização dos profissionais da educação. O Plano Nacional de Educação (PNE), instituído pela Lei nº 13.005/2014, representa um marco importante nas políticas educacionais do Brasil, estabelecendo metas e diretrizes para o desenvolvimento da educação no país ao longo de um período de 10 anos. Nesse sentido, o PNE surge como uma ferramenta essencial para a promoção de uma educação de qualidade, inclusiva e democrática, alinhada com os princípios estabelecidos na Constituição Federal de 1988. Segundo Gatti (2015), o PNE surge como um instrumento de planejamento estratégico que visa orientar as políticas públicas educacionais em diferentes níveis e modalidades de ensino, buscando assegurar o acesso, a permanência e a qualidade da educação para todos os brasileiros. Dessa forma, o PNE reflete o compromisso do Estado brasileiro com a garantia do direito à educação, reconhecido como um dos pilares fundamentais para o desenvolvimento humano e social. Para Libâneo (2018), o PNE representa uma importante conquista no campo da educação ao estabelecer metas e estratégias claras para a melhoria do sistema educacional brasileiro. Entre as metas estabelecidas pelo PNE, destacam-se a 20 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância universalização do acesso à educação infantil, o ensino fundamental obrigatório e gratuito, a ampliação do acesso à educação profissional e tecnológica, e a elevação da taxa de alfabetização. No entanto, apesar dos avanços proporcionados pelo PNE, Santos (2019) ressalta a importância de uma análise crítica das políticas educacionais implementadas a partir deste plano. O autor destaca a necessidade de monitoramento e avaliação constante das metas estabelecidas, bem como de políticas de financiamento adequadas para sua efetivação, a fim de garantir que o PNE cumpra seu papel de promover uma educação de qualidade e equitativa para todos os brasileiros. Em suma, o Plano Nacional de Educação representa um avanço significativonas políticas educacionais do Brasil, estabelecendo metas e diretrizes para a melhoria do sistema educacional do país. No entanto, sua efetivação requer o compromisso contínuo do Estado, da sociedade civil e de todos os atores envolvidos na promoção de uma educação verdadeiramente inclusiva e democrática. Outra legislação importante é o Estatuto da Criança e do Adolescente (ECA), instituído pela Lei nº 8.069/1990. Este documento estabelece os direitos fundamentais das crianças e adolescentes, incluindo o direito à educação de qualidade e à proteção contra qualquer forma de negligência, discriminação, exploração, violência, crueldade e opressão. O ECA reforça a importância da educação como um instrumento essencial para o pleno desenvolvimento e exercício da cidadania das crianças e adolescentes. Além dessas, há uma série de outras leis e normativas educacionais que contribuem para a consolidação do sistema educacional brasileiro, tais como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDBEN), o Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (FUNDEB), entre outras. Todas essas normativas refletem o compromisso do Estado brasileiro com a promoção de uma educação de qualidade, inclusiva e democrática, visando ao desenvolvimento integral de todos os cidadãos. 21 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Gatti, B. (2015). O Plano Nacional de Educação (PNE) como instrumento de planejamento educacional. Cadernos de Pesquisa, 45(157), 738-760. Libâneo, J. C. (2018). O Plano Nacional de Educação (2014-2024) e seus desafios para a melhoria da qualidade da educação brasileira. Educação em Revista, 34(2), 21-39. Santos, R. (2019). Análise crítica das políticas educacionais no contexto do Plano Nacional de Educação (PNE). Revista Brasileira de Educação, 24, e240065. 22 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 4. LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO, REFERENCIAIS CURRICULARES NACIONAIS PARA A EDUCAÇÃO E PARÂMETROS CURRICULARES NACIONAIS "Ensinar não é transferir conhecimento, mas criar as possibilidades para a sua própria produção ou a sua construção." - Paulo Freire Objetivo Refletir sobre as principais normativas educacionais, os Referenciais nacionais para a Educação e os Parâmetros Curriculares Nacionais Apesar de já termos citados em aulas anteriores, é fundamental esmiuçar as principais normativas educacionais. Vamos trazer partes da lei para poder discutir e refletir sobre elas. 4.1 LEI DE DIRETRIZES E BASES DA EDUCAÇÃO NACIONAL Até a década de 1960 vigoravam as Leis Orgânicas distintas para o Ensino primário, Ensino secundário e o Ensino normal. Não havia ainda, uma lei que estabelecesse as Diretrizes (grandes linhas de orientação) e as Bases (referências para a estrutura e o funcionamento), de forma a garantir unidade em todas as esferas da educação. O período que antecedeu a aprovação da primeira Lei de diretrizes e bases 4.024/61 caracterizou-se pelo confronto entre escola pública e privada, e entre educadores católicos e laicos, que durou longos 13 anos, de 1948 a 1961. Esta lei trouxe como avanços a flexibilização dos currículos, a garantia de equivalência de estudos, e principalmente, a descentralização. Ela instituiu os sistemas estaduais de ensino, criando os Conselhos estaduais de educação e as secretarias estaduais e municipais de educação. Porém, havia uma crítica muito forte a esta lei, que reproduzia a organização da sociedade em classes. A lei 4024/61 começa a ser muito questionada, e deixa de servir para a sociedade que ingressa em 1964 no período de regime militar e ditatorial. Em 1971 a nova LDB foi aprovada, N. 5.692, abrangendo o ensino de 1º e 2º graus. O 1º grau, com 8 anos de duração, atendia a faixa etária de 7 a 14 anos de idade, e o 2º grau envolvia o ensino profissionalizante. Esta lei estabeleceu os requisitos mínimos de 23 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância qualificação para atuar em cada grau, instituindo a carreira do professor, articulada à sua qualificação, porém independentemente do nível de atuação. Após aprovação do Estatuto da criança e do adolescente, e as mudanças no cenário educacional graças a homologação da Nova Constituição Federal em 1988, houve um reinício das discussões para uma nova Lei de diretrizes e bases da educação nacional. Até que em 24 de dezembro de 1996, oito anos após aprovação da Constituição Federal, foi homologada a Lei de diretrizes e bases, Lei 9.394/96. Um importante avanço na Lei de diretrizes e bases da educação (LDB) foi o alargamento da Educação básica. Atualmente a Educação básica brasileira abrange: ● Educação infantil (creche 0 a 3 anos de idade e pré-escola 4 e 5 anos), ● Ensino fundamental (1º ao 9ºano) ● Ensino médio (1º ao 3º ano). Ao nos reportarmos para o início da nossa história, na prática pedagógica dos jesuítas, podemos ver que muito se reflete nos dias de hoje. Grandes transformações, reformas de ensino foram feitas, porém, muitas vezes, a prática fica longe dos discursos, dos projetos pedagógicos, das missões das Instituições de Ensino e dos objetivos da LDB vigente. A vida dentro da sala de aula, a maneira que se ensina e consequentemente, que se aprende, conserva-se aquém do que se discute. Parece haver um descompasso entre o que a escola se propõe e o que realmente acontece no seu cotidiano. Cada sujeito inserido no contexto educacional traz conhecimentos e aprendizagens que influirão no papel que irão desempenhar, quer seja como docente, ou como discente. A finalidade da LDB é ajustar os princípios enunciados no texto constitucional para a sua aplicação a situações reais que envolvem várias questões, entre elas: o funcionamento das redes escolares, a formação de especialistas e docentes, as condições de matrícula, aproveitamento da aprendizagem e promoção de alunos, os recursos financeiros, materiais, técnicos e humanos para o desenvolvimento do ensino, a participação do poder público e da iniciativa particular no esforço educacional, a superior 24 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância administração dos sistemas de ensino e as peculiaridades que caracterizam a ação didática nas diversas regiões do país. Considerando a multiplicidade de realidades do país, a LDB é uma lei indicativa e não resolutiva das questões do dia a dia. Portanto, trata das questões da educação de forma generalizada e sintética, sendo o detalhamento do funcionamento do sistema objeto de decretos, pareceres, resoluções e portarias. Sem sombra de dúvida, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional avançou nas questões de acolhimento e pertencimento da criança brasileira e desta forma houveram sim grandes mudanças. Com o passar dos anos e o avanço rápido de algumas regiões do país, se fizeram necessárias outras mudanças que vem se delineando em municípios e estados brasileiros e em culturas muito distintas. Destaques: Art. 2º A educação, dever da família e do Estado, inspirada nos princípios de liberdade e nos ideais de solidariedade humana, tem por finalidade o pleno desenvolvimento do educando, seu preparo para o exercício da cidadania e sua qualificação para o trabalho. Art. 4º O dever do Estado com educação escolar pública será efetivado mediante a garantia de: I - Ensino fundamental, obrigatório e gratuito, inclusive para os que a ele não tiveram acesso na idade própria; I - educação básica obrigatória e gratuita dos 4 (quatro) aos 17 (dezessete) anos de idade, organizada da seguinte forma: (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) a) pré-escola; (Incluído pela Lei nº12.796, de 2013) b) ensino fundamental; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) c) ensino médio; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) II - progressiva extensão da obrigatoriedade e gratuidade ao ensino médio; II - universalização do ensino médio gratuito; (Redação dada pela Lei nº 12.061, de 2009) II - educação infantil gratuita às crianças de até 5 (cinco) anos de idade; (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12061.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2009/Lei/L12061.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm#art1 25 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com necessidades especiais, preferencialmente na rede regular de ensino; III - atendimento educacional especializado gratuito aos educandos com deficiência, transtornos globais do desenvolvimento e altas habilidades ou superdotação, transversal a todos os níveis, etapas e modalidades, preferencialmente na rede regular de ensino; (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) IV - atendimento gratuito em creches e pré-escolas às crianças de zero a seis anos de idade; IV - acesso público e gratuito aos ensinos fundamental e médio para todos os que não os concluíram na idade própria; (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) V - acesso aos níveis mais elevados do ensino, da pesquisa e da criação artística, segundo a capacidade de cada um; [...] Art. 10. Os Estados incumbir-se-ão de: I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas de ensino; II - definir, com os Municípios, formas de colaboração na oferta do ensino fundamental, as quais devem assegurar a distribuição proporcional das responsabilidades, de acordo com a população a ser atendida e os recursos financeiros disponíveis em cada uma dessas esferas do Poder Público; III - elaborar e executar políticas e planos educacionais, em consonância com as diretrizes e planos nacionais de educação, integrando e coordenando as suas ações e as dos seus Municípios; IV - autorizar, reconhecer, credenciar, supervisionar e avaliar, respectivamente, os cursos das instituições de educação superior e os estabelecimentos do seu sistema de ensino; [...] Art. 11. Os Municípios incumbir-se-ão de: I - organizar, manter e desenvolver os órgãos e instituições oficiais dos seus sistemas de ensino, integrando-os às políticas e planos educacionais da União e dos Estados; II - exercer ação redistributiva em relação às suas escolas; III - baixar normas complementares para o seu sistema de ensino; IV - autorizar, credenciar e supervisionar os estabelecimentos do seu sistema de ensino; V - oferecer a educação infantil em creches e pré-escolas, e, com prioridade, o ensino fundamental, permitida a atuação em outros níveis de ensino somente quando http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm#art1 26 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância estiverem atendidas plenamente as necessidades de sua área de competência e com recursos acima dos percentuais mínimos vinculados pela Constituição Federal à manutenção e desenvolvimento do ensino. VI - assumir o transporte escolar dos alunos da rede municipal. (Incluído pela Lei nº 10.709, de 31.7.2003) Seção II Da Educação Infantil Art. 29. A educação infantil, primeira etapa da educação básica, tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até 5 (cinco) anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) Art. 30. A educação infantil será oferecida em: I - creches, ou entidades equivalentes, para crianças de até três anos de idade; II - pré-escolas, para as crianças de quatro a seis anos de idade. II - pré-escolas, para as crianças de 4 (quatro) a 5 (cinco) anos de idade. (Redação dada pela Lei nº 12.796, de 2013) Art. 31. Na educação infantil a avaliação far-se-á mediante acompanhamento e registro do seu desenvolvimento, sem o objetivo de promoção, mesmo para o acesso ao ensino fundamental. [...]II - carga horária mínima anual de 800 (oitocentas) horas, distribuída por um mínimo de 200 (duzentos) dias de trabalho educacional; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) III - atendimento à criança de, no mínimo, 4 (quatro) horas diárias para o turno parcial e de 7 (sete) horas para a jornada integral; (Incluído pela Lei nº 12.796, de 2013) Seção III Do Ensino Fundamental Art. 32. O ensino fundamental, com duração mínima de oito anos, obrigatório e gratuito na escola pública, terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante: Art. 32. O ensino fundamental, com duração mínima de oito anos, obrigatório e gratuito na escola pública a partir dos seis anos, terá por objetivo a formação básica do cidadão mediante: (Redação dada pela Lei nº 11.114, de 2005) http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.709.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2003/L10.709.htm#art2 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2013/Lei/L12796.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2005/Lei/L11114.htm#art1 27 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Art. 32. O ensino fundamental obrigatório, com duração de 9 (nove) anos, gratuito na escola pública, iniciando-se aos 6 (seis) anos de idade, terá por objetivo a formação básica do cidadão, mediante: (Redação dada pela Lei nº 11.274, de 2006) [...] § 1º É facultado aos sistemas de ensino desdobrar o ensino fundamental em ciclos. § 2º Os estabelecimentos que utilizam progressão regular por série podem adotar no ensino fundamental o regime de progressão continuada, sem prejuízo da avaliação do processo de ensino-aprendizagem, observadas as normas do respectivo sistema de ensino. § 3º O ensino fundamental regular será ministrado em língua portuguesa, assegurada às comunidades indígenas a utilização de suas línguas maternas e processos próprios de aprendizagem. § 4º O ensino fundamental será presencial, sendo o ensino a distância utilizado como complementação da aprendizagem ou em situações emergenciais. § 5º O currículo do ensino fundamental incluirá, obrigatoriamente, conteúdo que trate dos direitos das crianças e dos adolescentes, tendo como diretriz a Lei no 8.069, de 13 de julho de 1990, que institui o Estatuto da Criança e do Adolescente, observada a produção e distribuição de material didático adequado. (Incluído pela Lei nº 11.525, de 2007). § 6º O estudo sobre os símbolos nacionais será incluído como tema transversal nos currículos do ensino fundamental. (Incluído pela Lei nº 12.472, de 2011). [...] Seção IV Do Ensino Médio Art. 35. O ensino médio, etapa final da educação básica, com duração mínima de três anos, terá como finalidades: I - a consolidaçãoe o aprofundamento dos conhecimentos adquiridos no ensino fundamental, possibilitando o prosseguimento de estudos; II - a preparação básica para o trabalho e a cidadania do educando, para continuar aprendendo, de modo a ser capaz de se adaptar com flexibilidade a novas condições de ocupação ou aperfeiçoamento posteriores; III - o aprimoramento do educando como pessoa humana, incluindo a formação ética e o desenvolvimento da autonomia intelectual e do pensamento crítico; IV - a compreensão dos fundamentos científico-tecnológicos dos processos produtivos, relacionando a teoria com a prática, no ensino de cada disciplina. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2004-2006/2006/Lei/L11274.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/L8069.htm http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11525.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2007-2010/2007/Lei/L11525.htm#art1 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2011-2014/2011/Lei/L12472.htm#art1 28 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Art. 35-A. A Base Nacional Comum Curricular definirá direitos e objetivos de aprendizagem do ensino médio, conforme diretrizes do Conselho Nacional de Educação, nas seguintes áreas do conhecimento: (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) I - linguagens e suas tecnologias; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) II - matemática e suas tecnologias; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) III - ciências da natureza e suas tecnologias; (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) IV - ciências humanas e sociais aplicadas. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) § 1º A parte diversificada dos currículos de que trata o caput do art. 26, definida em cada sistema de ensino, deverá estar harmonizada à Base Nacional Comum Curricular e ser articulada a partir do contexto histórico, econômico, social, ambiental e cultural. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) § 2º A Base Nacional Comum Curricular referente ao ensino médio incluirá obrigatoriamente estudos e práticas de educação física, arte, sociologia e filosofia. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) § 3º O ensino da língua portuguesa e da matemática será obrigatório nos três anos do ensino médio, assegurada às comunidades indígenas, também, a utilização das respectivas línguas maternas. (Incluído pela Lei nº 13.415, de 2017) [...] Neste link está disponível a Lei de diretrizes e bases da educação nacional. Lei 9.394/96. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm Vale ressaltar que a implementação do Novo Ensino Médio trouxe mudanças que estão sendo discutidas e reformuladas no governo atual 4.2 Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação Os Referenciais Curriculares Nacionais para a Educação representam um marco fundamental na estruturação e organização do sistema educacional brasileiro. Esses referenciais são documentos elaborados pelo Ministério da Educação (MEC) que fornecem diretrizes e orientações para a construção dos currículos escolares em diferentes níveis de ensino, desde a Educação Infantil até o Ensino Médio. http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13415.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13415.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13415.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13415.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13415.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13415.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13415.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13415.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_Ato2015-2018/2017/Lei/L13415.htm#art3 http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm 29 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Esses documentos têm como objetivo principal promover a qualidade e a equidade da educação em todo o país, garantindo que todos os estudantes tenham acesso a uma formação consistente e abrangente, independentemente de sua origem socioeconômica ou regional. Os Referenciais Curriculares Nacionais estabelecem os conhecimentos essenciais que devem ser desenvolvidos pelos alunos em cada etapa da educação básica, bem como as competências e habilidades que se espera que eles adquiram ao longo de sua trajetória escolar. Eles também fornecem orientações sobre metodologias de ensino, avaliação do aprendizado e organização curricular, contribuindo para a melhoria contínua do processo educativo. Além disso, os Referenciais Curriculares Nacionais têm como base os princípios da educação inclusiva, da diversidade cultural e da promoção da cidadania, buscando garantir que a educação seja um instrumento de transformação social e de construção de uma sociedade mais justa e democrática. Especificamente os Referenciais curriculares de educação infantil foram publicados em 1998, e é composto por três volumes, abrangendo desde a creche até a pré- escola. O primeiro volume é a introdução apresenta uma reflexão sobre as creches e pré- escolas no Brasil. O volume 2 aborda a formação pessoal e social, através da promoção da identidade e autonomia das crianças. No volume 3 são encontradas orientações sobre a formação de Conhecimento de Mundo, que engloba os eixos: Movimento, Música, Artes Visuais, Linguagem Oral e Escrita, Natureza e Sociedade e Matemática. 30 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume2.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume3.pdf 4.3 Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN) Os Parâmetros Curriculares Nacionais (PCN), publicados em 1997 (1º a 4º série/5º ano) e 1998 (5ª e 8ª série/9º ano), foi uma inovação para o sistema educacional, pois instaurou uma política de currículo que se caracterizou pela transversalidade. Ou seja, defendia um currículo com as áreas de conhecimento básicas e suas relações com temas transversais. Esses temas são abrangentes com foco em questões atuais e devem permear todas as áreas de conhecimento. São eles: ética, meio ambiente, pluralidade cultural, saúde, orientação sexual e trabalho e consumo. Os PCNs apresentam objetivos gerais e específicos, conteúdos, orientações didáticas e critérios de avaliação. Dividido em 10 volumes. 1º ao 5º ano (1ª a 4ª série): http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf Volume 01 - Introdução aos PCNs Volume 02 - Língua Portuguesa Volume 03 - Matemática Volume 04 - Ciências Naturais Volume 5.1 - História e Geografia Volume 5.2 - História e Geografia Volume 6 - Arte Volume 7 - Educação Física Volume 8.1 - Temas Transversais - Apresentação Volume 8.2 - Temas Transversais - Ética Volume 9.1 - Meio Ambiente Volume 9.2 - Saúde http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/rcnei_vol1.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume2.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/volume3.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro01.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro02.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro02.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro03.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro03.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro04.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro04.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro051.pdfhttp://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro051.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro052.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro052.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro06.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro06.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro07.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro07.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro081.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro081.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro082.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro082.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro091.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro091.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro092.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro092.pdf 31 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância Volume 10.1 - Pluralidade Cultural Volume 10.2 - Orientação Sexual 6º ao 9º ano (5ª a 8ª série): http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/introducao.pdf Volume 01 - Introdução aos PCNs Volume 02 - Língua Portuguesa Volume 03 - Matemática Volume 04 - Ciências Naturais Volume 05 - Geografia Volume 06 - História Volume 07 - Arte Volume 08 - Educação Física Volume 09 - Língua Estrangeira Volume 10.1 – Temas transversais - Apresentação Volume 10.2 - Temas Transversais - Pluralidade Cultural Volume 10.3 - Temas Transversais - Meio Ambiente Volume 10.4 - Temas Transversais - Saúde Volume 10.5 - Temas Transversais - Orientação Sexual http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro101.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro101.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/livro102.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/introducao.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/introducao.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/introducao.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/portugues.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/portugues.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/matematica.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/matematica.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/ciencias.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/geografia.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/geografia.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/pcn_5a8_historia.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/pcn_5a8_historia.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/arte.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/arte.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/fisica.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/fisica.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/pcn_estrangeira.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/pcn_estrangeira.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/pluralidade.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/pluralidade.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/meioambiente.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/meioambiente.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/saude.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/saude.pdf http://portal.mec.gov.br/seb/arquivos/pdf/orientacao.pdf 32 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância 5. POLÍTICAS PÚBLICAS EDUCACIONAIS "Políticas públicas não são meras declarações de intenção, mas sim a expressão do compromisso efetivo do Estado com a garantia do direito à educação para todos." - Maria Teresa Mantoan Objetivos Estudas as políticas educacionais voltadas para a universalização do acesso, qualidade e equidade. Conhecer os programas e ações governamentais para a melhoria do ensino, como o Programa Nacional de Alimentação Escolar (PNAE), o Programa Nacional do Livro Didático (PNLD), entre outros. Refletir sobre a Avaliação e monitoramento das políticas públicas educacionais. As políticas públicas educacionais desempenham um papel fundamental na organização e no desenvolvimento dos sistemas de ensino em todo o mundo. Elas são o resultado de um complexo processo de formulação, implementação e avaliação de ações governamentais destinadas a promover a educação de forma abrangente e equitativa. Nesse contexto, diversos teóricos têm contribuído com reflexões críticas e propostas para o aprimoramento dessas políticas. Uma das vozes importantes nesse debate é a de José Carlos Libâneo, que argumenta que as políticas públicas educacionais devem ser guiadas pelo princípio da qualidade social da educação. Para ele, isso implica na busca por uma educação que atenda às necessidades de todos os alunos, independentemente de suas condições socioeconômicas, étnico-raciais ou de gênero. Libâneo destaca a importância da valorização dos profissionais da educação, da gestão democrática das escolas e do investimento adequado em infraestrutura e recursos pedagógicos. Outro teórico relevante é Boaventura de Sousa Santos, que ressalta a necessidade de uma abordagem mais crítica e participativa na formulação e implementação das políticas públicas educacionais. Ele argumenta que as políticas educacionais devem ser sensíveis às demandas e aspirações das comunidades locais, promovendo uma educação que valorize a diversidade cultural e contribua para a construção de uma sociedade mais justa e democrática. Santos também destaca a importância do monitoramento e avaliação 33 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância contínua das políticas educacionais, a fim de garantir sua eficácia e adequação às necessidades reais dos alunos e das escolas. Diante dessas perspectivas, fica claro que as políticas públicas educacionais têm um papel crucial na promoção da equidade e da qualidade na educação. No entanto, para que isso seja efetivamente alcançado, é necessário um compromisso contínuo dos governos, das instituições educacionais e da sociedade civil na construção de políticas que atendam às necessidades e aos direitos de todos os cidadãos. LIBÂNEO, José Carlos. Democratização da escola pública: a pedagogia crítico- social dos conteúdos. São Paulo: Loyola, 1985. SANTOS, Boaventura de Sousa. A universidade no século XXI: para uma reforma democrática e emancipatória da universidade. 3. ed. São Paulo: Cortez, 2011. 5.1 Políticas educacionais voltadas para a universalização do acesso, qualidade e equidade. As políticas educacionais voltadas para a universalização do acesso, qualidade e equidade têm sido uma preocupação constante em diversos países, incluindo o Brasil. Essas políticas visam garantir que todos os cidadãos tenham acesso a uma educação de qualidade, independentemente de sua origem socioeconômica, gênero, raça ou local de residência. Neste texto, faremos uma análise crítica dessas políticas, examinando seus objetivos, desafios e impactos na realidade educacional brasileira. A universalização do acesso à educação é um dos pilares das políticas educacionais voltadas para a equidade. No Brasil, avanços significativos foram alcançados nas últimas décadas, com a expansão da oferta de vagas na educação infantil, no ensino fundamental e médio, bem como o aumento do acesso ao ensino superior por meio de programas como o ProUni e o FIES. No entanto, ainda existem desafios a serem enfrentados, especialmente no que diz respeito à garantia do acesso de grupos historicamente excluídos, como pessoas com deficiência, indígenas e população quilombola. 34 Legislação e Política Educacionais Universidade Santa Cecília - Educação a Distância A busca pela qualidade da educação é outro objetivo importante das políticas educacionais. Isso envolve não apenas o acesso à escola, mas também a garantia de uma educação que proporcione aprendizagem significativa e desenvolvimento integral dos estudantes. No entanto, diversos estudos apontam para desafios persistentes em