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<p>POLÍTICAS PÚBLICAS E</p><p>LEGISLAÇÃO EDUCACIONAL</p><p>Aula 1</p><p>AS POLÍTICAS PÚBLICAS NA EDUCAÇÃO</p><p>As políticas públicas na educação</p><p>Olá, estudante! Nesta aula, conversaremos um pouco sobre as políticas públicas e educacionais</p><p>a partir da perspectiva da organização da educação nacional. Você sabe qual é o papel e a</p><p>importância da política no contexto educacional e como ela impacta na educação e no</p><p>trabalho do professor? Essas são questões importantes, pois todo trabalho pedagógico que</p><p>acontece na escola segue regras, normatizações e orientações que decorrem das políticas.</p><p>Desse modo, entender o funcionamento da educação brasileira é fundamental para qualquer</p><p>profissional da educação. Prepare-se para essa jornada de conhecimento. Vamos lá!</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, estudante! Bem-vindo à disciplina Funcionamento da Educação Brasileira e Políticas</p><p>Públicas. Queremos, nesta aula, apresentar a você alguns conceitos relacionados às políticas</p><p>públicas e suas relações com a educação. Para isso, conversaremos sobre a história das</p><p>legislações educacionais e da organização da educação brasileira, bem como discutiremos duas</p><p>importantes leis: a Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação (LDB).</p><p>Você pode se perguntar: afinal, que ligação tem as políticas públicas com a minha atual ou</p><p>futura atuação no âmbito da educação? Para responder a essa questão de antemão, podemos</p><p>dizer que é significativa a relação entre legislação, políticas públicas e educação, e cabe a</p><p>nós, acadêmicos e futuros profissionais da educação, compreendermos essas relações, pois</p><p>elas embasam e determinam muitas das mudanças e ações que tomamos dentro das escolas.</p><p>Para começar nosso primeiro tópico, queremos lançar um desafio. Imagine a seguinte situação:</p><p>Viviane, coordenadora pedagógica da escola KWY, está planejando o calendário pedagógico do</p><p>próximo ano e percebe que precisará, junto aos professores da escola, reformular o Projeto</p><p>Político-Pedagógico (PPP), para alinhá-lo aos novos direcionamentos das políticas educacionais</p><p>vigentes. Sendo a primeira vez como coordenadora que ela fará isso, surgem alguns</p><p>questionamentos: de que maneira as atuais políticas educacionais influenciam a construção e a</p><p>implementação do Projeto Político-Pedagógico na escola? Como os professores podem colaborar</p><p>com a reformulação do PPP a partir das mudanças na legislação? Como posso trazer e</p><p>apresentar essa temática para os professores da escola, para promover uma construção</p><p>participativa e inclusiva do PPP que atenda às demandas das políticas educacionais?</p><p>Nosso objetivo, é contribuir para o seu aprendizado, abordando uma ampla variedade de</p><p>temas que possam ajudar você e a Viviane a compreenderem a importância das políticas</p><p>educacionais e como elas estão diretamente relacionadas com a nossa formação e atuação</p><p>enquanto professores. Você está sendo convidado a analisar, refletir, questionar e construir</p><p>novas ideias a partir dos conhecimentos que serão apresentados adiante. Vamos à leitura!</p><p>Vamos Começar!</p><p>A educação brasileira, sua trajetória histórica e a relação com as</p><p>políticas e legislações educacionais</p><p>Você já se perguntou sobre o que é política? Para que ela serve? Essas questões parecem</p><p>simples, mas trazem uma série de reflexões sobre a sociedade, a organização política e os</p><p>impactos na educação e seu funcionamento. Ao adentrarmos na esfera da política,</p><p>imediatamente evocamos concepções associadas aos partidos políticos, à legislação, aos</p><p>compromissos e até mesmo à corrupção, dada a profusão de informações disseminadas pelas</p><p>diversas mídias em nosso cotidiano, abordando as dinâmicas dentro e fora do nosso país.</p><p>Podemos inferir que essa pode ser uma parte da política, mas não o todo, é redutivo</p><p>limitarmos a política apenas a esses elementos apresentados nos noticiários ou nas diferentes</p><p>mídias. A política, enquanto ato de governar e de tomar decisões, é um conceito de natureza</p><p>consideravelmente abrangente, exigindo uma compreensão que transcenda aspectos</p><p>superficiais, ou seja, para uma melhor compreensão do seu papel e da sua função, deve-se</p><p>analisar sua dimensão histórica e social.</p><p>A etimologia da palavra "política" vem do vocábulo grego politiké, resultado da combinação de</p><p>duas outras palavras gregas, polis e tikós, que fazem alusão à organização e ao pensamento</p><p>grego referente à cidade e à participação e atuação dos sujeitos na organização das</p><p>cidades-estados, dentro do regime de democracia ateniense na Antiguidade. Entre alguns</p><p>pensadores políticos importantes desse período, podemos destacar o filósofo Aristóteles, que</p><p>se dedicou ao estudo da política enquanto ciência, cuja finalidade seria a felicidade humana,</p><p>pautada na ética, olhando para o homem individualmente, e na política em si, considerando</p><p>a coletividade das relações. Portanto, na perspectiva aristotélica, a política deve buscar</p><p>boas ações para o bem-estar tanto individual como coletivo.</p><p>Da Antiguidade à atualidade, diferentes concepções e regimes políticos e governamentais</p><p>surgiram ao passo que as sociedades se tornaram mais complexas e numerosas, assim como</p><p>diferentes demandas sociais e relacionais, e a política se tornou um meio para administrar</p><p>essa complexidade das relações, através de tomada de decisões e de ações.</p><p>Quando falamos nas ações decorrentes da política, tratamos das chamadas políticas públicas,</p><p>que são ações ligadas ao governo para abordar problemas específicos e alcançar metas de</p><p>bem-estar coletivo. Dada a abrangência das políticas públicas, podemos ter políticas voltadas</p><p>à economia, à educação, à saúde, ao meio ambiente, à ciência e tecnologia, ao trabalho, à</p><p>moradia, entre outras, a depender das demandas sociais percebidas. Para Cunha e Cunha</p><p>(2002, p. 12), “as políticas públicas têm sido criadas como resposta do Estado às demandas</p><p>que emergem da sociedade e do seu próprio interior, sendo a expressão do compromisso público</p><p>de atuação numa determinada área a longo prazo”.</p><p>Podemos observar que, para que a política e as políticas públicas sejam efetivas, precisamos</p><p>delimitar o papel do Estado e do governo. Quando falamos sobre o Estado, referimo-nos à</p><p>estrutura política e social que detém o controle sobre um território e seus habitantes,</p><p>incluindo funções legislativas, executivas e judiciárias. Já o governo pode ser compreendido</p><p>como o grupo político temporário no poder, responsável pela administração do Estado. De</p><p>acordo com Rocha (2008), enquanto o governo faz parte do Estado e está vinculado ao grupo</p><p>político no comando, uma Política de Estado é regulamentada por leis e possui uma</p><p>durabilidade, independentemente do grupo político no poder, como a Constituição Federal</p><p>Brasileira de 1988.</p><p>Em suma, a política nasce dentro das sociedades na busca de organizar, administrar e mediar</p><p>conflitos e interesses. E o que seria, então, a política educacional nesse contexto? Quando</p><p>falamos das questões educacionais, não é diferente. Existem interesses, visões e percepções</p><p>sobre o sujeito e as relações e os contextos que fazem surgir novas legislações e revisitar</p><p>outras, mas, de modo geral, podemos conceituar as políticas educacionais como o conjunto de</p><p>normas, ações e estratégias governamentais para o desenvolvimento, a implementação e a</p><p>avaliação de práticas e programas no sistema educacional, visando melhorar a qualidade, a</p><p>equidade e a eficiência do ensino.</p><p>Lembra que no começo da nossa aula falamos que a política precisa ser compreendida a partir</p><p>da história e dos aspectos sociais? Podemos ver muitos dos interesses e das influências do</p><p>contexto social na elaboração de políticas, a partir dos estudos históricos.</p><p>No período colonial brasileiro (1500-1822), tínhamos uma sociedade latifundiária,</p><p>escravocrata, aristocrata, baseada em uma economia agrícola, na qual a educação, conforme</p><p>os estudos de Ribeiro (1993), era organizada e feita pela Companhia de Jesus, sob forte</p><p>influência da Igreja Católica. Nesse cenário, por exemplo, a catequese desempenhou um papel</p><p>crucial na conversão</p><p>um conjunto abrangente de avaliações</p><p>externas em larga escala que viabiliza ao Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas</p><p>Educacionais Anísio Teixeira (Inep) realizar uma análise diagnóstica da educação básica no</p><p>Brasil, identificando fatores que possam influenciar no desempenho dos estudantes. Através</p><p>da aplicação periódica de testes e questionários a cada dois anos, abrangendo tanto a rede</p><p>pública quanto uma amostra representativa da rede privada, o SAEB espelha os níveis de</p><p>aprendizado evidenciados pelos estudantes avaliados. Esses resultados são contextualizados</p><p>por meio de uma variedade de informações, oferecendo uma compreensão mais profunda.</p><p>Os resultados dessas avaliações servem como indicadores da qualidade do ensino no Brasil,</p><p>fornecendo elementos fundamentais para a formulação, o monitoramento e o aprimoramento</p><p>de políticas educacionais baseadas nos dados obtidos. Desde seu surgimento, as áreas, os</p><p>públicos e as etapas avaliadas foram alteradas ao longo do aperfeiçoamento do sistema e, a</p><p>partir de 2013, passou a ter um foco maior na alfabetização, trazendo a Avaliação Nacional</p><p>de Alfabetização (ANA) para o cenário de avaliações.</p><p>A partir de 2019, com a adequação dos currículos à Base Nacional Comum Curricular (BNCC),</p><p>novas matrizes de referência foram implementadas, inicialmente, para as avaliações de</p><p>Língua Portuguesa e Matemática no 2º ano do ensino fundamental, além de Ciências Humanas</p><p>e Ciências Da Natureza no 9º ano, de modo a evitar impactos no cálculo do Índice de</p><p>Desenvolvimento da Educação Básica.</p><p>Nesse processo todas as avaliações passam a ser identificadas como SAEB,</p><p>acompanhadas das etapas, áreas de conhecimento e tipos de instrumentos utilizados.</p><p>Além disso, a avaliação da alfabetização ocorre de forma amostral no 2º ano do</p><p>ensino fundamental, enquanto a avaliação da educação infantil inicia-se como um</p><p>estudo-piloto, incluindo questionários eletrônicos para professores, diretores e</p><p>secretários municipais e estaduais. (Brasil, 2020, [s. p.])</p><p>Em síntese, o SAEB emerge como uma ferramenta crucial no panorama educacional brasileiro,</p><p>desempenhando um papel essencial na identificação de desafios e no direcionamento de</p><p>estratégias para a melhoria contínua da qualidade do ensino. Ao alinhar-se com a BNCC, o</p><p>SAEB não apenas avalia o desempenho dos estudantes mas também se adapta às demandas</p><p>contemporâneas da educação, proporcionando uma visão abrangente e contextualizada.</p><p>Entretanto, apesar dos avanços proporcionados pelo SAEB, a educação brasileira ainda</p><p>enfrenta desafios significativos. A equidade no acesso à educação, a formação adequada de</p><p>professores, a infraestrutura das escolas e a necessidade de superar as disparidades</p><p>regionais permanecem como questões prementes. Além disso, a pandemia de Covid-19</p><p>evidenciou a importância da adaptação rápida e eficaz dos sistemas educacionais, destacando</p><p>a urgência em integrar tecnologias educacionais e estratégias de ensino a distância de</p><p>maneira equitativa.</p><p>Assim, a implementação contínua de políticas educacionais embasadas em evidências, com base</p><p>nos resultados do SAEB, é fundamental para enfrentar esses desafios persistentes.</p><p>Investir na formação contínua de educadores, promover a inclusão digital e garantir</p><p>recursos adequados são passos indispensáveis. Somente por meio de um compromisso coletivo e</p><p>ações deliberadas será possível assegurar que o SAEB não seja apenas uma ferramenta de</p><p>avaliação mas também um instrumento eficaz para transformar a educação brasileira,</p><p>garantindo a todos os estudantes as oportunidades de aprendizado de qualidade,</p><p>independentemente de sua origem ou localidade.</p><p>Siga em Frente...</p><p>Desafios atuais da implementação e acompanhamento da</p><p>efetivação das políticas públicas para uma educação de qualidade</p><p>A busca por uma educação de qualidade é um imperativo fundamental para o desenvolvimento</p><p>sustentável de uma sociedade. Contudo, a implementação e o acompanhamento efetivo das</p><p>políticas públicas voltadas para esse fim enfrentam desafios significativos na</p><p>contemporaneidade.</p><p>Um dos principais desafios reside na necessidade de equidade. Apesar dos avanços, persistem</p><p>disparidades no acesso à educação de qualidade, especialmente entre regiões urbanas e</p><p>rurais, bem como em comunidades economicamente desfavorecidas. Garantir que todos os</p><p>estudantes, independentemente de sua origem ou contexto socioeconômico, tenham acesso a</p><p>recursos educacionais adequados é uma tarefa complexa.</p><p>Para entendermos melhor esses desafios, é importante relembramos como ocorre o processo</p><p>de criação e elaboração das políticas públicas. As políticas públicas para sua construção</p><p>seguem um ciclo que passa pelas fases de: formação da agenda, formulação da política,</p><p>tomada de decisão, implementação da política e avaliação. Além disso, dependendo de seu</p><p>objetivo, apoio e características, podem ser classificadas como distributivas, redistributivas,</p><p>regulatórias e constitutivas.</p><p>As políticas regulatórias são visíveis ao público, envolvendo a burocracia estatal, os</p><p>políticos e os grupos de interesses. Exemplos incluem proibições de fumo em locais</p><p>fechados, regras para a publicação de certos produtos, códigos de obras e trânsito.</p><p>Políticas distributivas favorecem uma parcela específica da população, sem considerar</p><p>a limitação dos recursos públicos. Exemplos incluem gratuidade de taxas para certos</p><p>usuários do transporte público, incentivos fiscais e emendas parlamentares para obras</p><p>públicas.</p><p>As políticas redistributivas alocam bens ou serviços a segmentos específicos da</p><p>sociedade, usando recursos extraídos de outros grupos. Exemplos incluem a Reforma</p><p>Agrária e os sistemas previdenciário, trabalhista e tributário.</p><p>As políticas constitutivas estabelecem as "regras do jogo", como normas para a</p><p>formulação e a implementação de outras políticas. Exemplos incluem as regras de</p><p>distribuição de competência entre os poderes, o sistema político eleitoral e as regras</p><p>de participação da sociedade civil nas decisões políticas.</p><p>A seguir, veremos um pouco das características das fases das políticas (Unale, 2023):</p><p>Formação da agenda: planejamento, visando identificar os problemas existentes que</p><p>merecem maior atenção. Nesta fase inicial, analisam-se os dados referentes à</p><p>situação, à emergência e aos recursos disponíveis.</p><p>Formação da política: definição dos objetivos, dos programas e das ações que deverão</p><p>ser desenvolvidos. As ideias são organizadas, os recursos são direcionados e as</p><p>opiniões de especialistas são coletadas para estabelecer os objetivos e resultados a</p><p>serem alcançados.</p><p>Processo de tomada de decisão: após avaliação das alternativas, determina-se o curso</p><p>de ação a ser adotado. Os recursos necessários e o prazo para a implementação da</p><p>política são estabelecidos.</p><p>Implementação da política: é o momento prático, no qual o planejamento e as ações</p><p>acordadas nas fazes anteriores são colocados em ação.</p><p>Avaliação: é uma das fases mais importantes e deve acontecer durante todas as</p><p>etapas anteriores. Além de servir como uma fonte de aprendizado para melhorar os</p><p>resultados, a supervisão da política inclui o controle, a correção de falhas e a análise</p><p>do desempenho do projeto. Com base no sucesso alcançado, o poder público decide se é</p><p>necessário reiniciar o ciclo das políticas públicas com ajustes ou se o projeto deve ser</p><p>mantido e continuado.</p><p>Dada a especificidade de como as políticas públicas são construídas, podemos pensar na</p><p>importância do acompanhamento e da implementação das políticas nas mais variadas esferas,</p><p>incluindo a educação.</p><p>A formação e a valorização dos profissionais da educação também se apresentam como</p><p>desafios prementes. O desenvolvimento contínuo dos educadores, aliado ao reconhecimento de</p><p>sua importância na formação integral dos estudantes, é essencial. A atração de talentos</p><p>para a carreira docente e a criação de condições de trabalho que estimulem a excelência são</p><p>desafios atuais e futuros neste cenário. A integração de tecnologias educacionais é outra</p><p>questão desafiadora. Embora a tecnologia ofereça oportunidades de inovação e</p><p>personalização do ensino, a sua implementação requer investimentos significativos em</p><p>infraestrutura e formação de professores. A pandemia de Covid-19 evidenciou a urgência</p><p>de superar barreiras tecnológicas e garantir que o acesso digital seja inclusivo.</p><p>A participação efetiva da comunidade escolar e a transparência na gestão educacional são</p><p>fatores-chave para o sucesso das políticas públicas. A construção de parcerias entre</p><p>escolas, famílias e órgãos governamentais é fundamental para garantir a efetividade e a</p><p>sustentabilidade das ações empreendidas. Além disso, o compartilhamento de experiências</p><p>intermunicipais bem-sucedidas pode ser um novo caminho para se pensar a efetivação das</p><p>políticas públicas e a qualidade educacional, considerando as dimensões continentais do país e</p><p>a colaboração entre os entes federados.</p><p>Em síntese, os desafios atuais na implementação e no acompanhamento das políticas públicas</p><p>para uma educação de qualidade demandam uma abordagem integrada e persistente. É</p><p>necessário um compromisso coletivo para superar as disparidades, investir na formação de</p><p>educadores, integrar tecnologias de maneira inclusiva e promover uma gestão transparente e</p><p>participativa. Somente assim será possível construir um sistema educacional que</p><p>verdadeiramente proporcione oportunidades iguais de aprendizado e desenvolvimento para</p><p>todos.</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Estudante, vamos retomar as questões iniciais apresentadas por Carla? Conforme nossos</p><p>estudos, podemos dizer que a discussão sobre a qualidade educacional é complexa e envolve</p><p>pensar as relações entre aprendizado, instituições, ensino e políticas públicas. Erroneamente,</p><p>pode- se pensar, muitas vezes, que esses saberes não têm relação efetiva com a prática</p><p>educacional dos professores, todavia o trabalho pedagógico em sala de aula deve se pautar</p><p>pela ética, pelo respeito à diversidade e pela qualidade educacional, temáticas essas que</p><p>estão presentes nos diferentes instrumentos, documentos e legislações que regulamentam a</p><p>educação brasileira. Por fim, o professor participará de processos avaliativos junto aos</p><p>estudantes, não só internamente mas também externamente, por exemplo, por meio das</p><p>provas que compõem o SAEB. A partir desse entendimento mais amplo, podemos refletir sobre</p><p>nosso papel e nossa ação em relação ao acompanhamento das políticas educacionais e sobre</p><p>como esses aspectos legais e políticos se refletem nas práticas de ensino.</p><p>Até breve!</p><p>Saiba Mais</p><p>Estudante, para aprofundar seus estudos a partir das temáticas apresentadas na aula,</p><p>sugerimos a leitura do texto Avaliação da aprendizagem e a subjetividade: repensando os</p><p>processos educativos, que faz parte do livro Conjuntura política e educacional brasileira na</p><p>contemporaneidade, organizado por Francisco Roberto Diniz, disponibilizado na Biblioteca</p><p>Virtual. O texto em questão apresenta apontamentos significativos sobre a avaliação não</p><p>como ação singular, mas como processo complexo envolvendo as práticas educativas; além</p><p>disso, o livro apresenta considerações sobre a formação dos professores e os desafios</p><p>frente ao sistema atual educacional e político no país.</p><p>DINIZ, F. R.; OLIVEIRA, K. M. A. de; BATISTA, M. T. de O. (org.). Conjuntura política e</p><p>educacional brasileira na contemporaneidade. Jundiaí: Paco e Littera, 2020.</p><p>Bons estudos!</p><p>Referências Bibliográficas</p><p>BRASIL. Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira. Histórico.</p><p>Brasília: INEP, 2020. Disponível em: https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-</p><p>atuacao/avaliacao-e-exames-educacionais/saeb/historico. Acesso em: 25 jan. 2024.</p><p>BRASIL. Decreto nº 6.094, de 24 de abril de 2007. Dispõe sobre a implementação do Plano</p><p>de Metas Compromisso Todos pela Educação, pela União Federal, em regime de colaboração</p><p>com Municípios, Distrito Federal e Estados, e a participação das famílias e da comunidade,</p><p>mediante programas e ações de assistência técnica e financeira, visando a mobilização social</p><p>pela melhoria da qualidade da educação básica. Brasília: Presidência da República, [2024].</p><p>Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2007-</p><p>2010/2007/decreto/d6094.htm. Acesso em: 3 jan. 2024.</p><p>BONAMINO, A.; FRANCO, C. Avaliação e política educacional: o processo de institucionalização</p><p>do SAEB. Cadernos de pesquisa, p. 101-132, 1999.</p><p>JEDUCA. Guia explica o IDEB. Jeduca, 2018. Disponível em: https://jeduca.org.br/guia/guia-</p><p>explica-o-</p><p>ideb#:~:text=O%20Ideb%20%C3%A9%20calculado%20a,x%206%20%3D%205%2C4. Acesso</p><p>em: 25 jan. 2024.</p><p>UNIÃO NACIONAL DOS LEGISLADORES E LEGISLATIVOS ESTADUAIS. O ciclo das políticas</p><p>públicas. Unale, 2023. Disponível em: https://unale.org.br/o-ciclo-das-politicas-publicas/.</p><p>https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/avaliacao-e-exames-educacionais/saeb/historico</p><p>https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/avaliacao-e-exames-educacionais/saeb/historico</p><p>https://jeduca.org.br/guia/guia-explica-o-ideb#:~:text=O%20Ideb%20%C3%A9%20calculado%20a,x%206%20%3D%205%2C4</p><p>https://jeduca.org.br/guia/guia-explica-o-ideb#:~:text=O%20Ideb%20%C3%A9%20calculado%20a,x%206%20%3D%205%2C4</p><p>https://jeduca.org.br/guia/guia-explica-o-ideb#:~:text=O%20Ideb%20%C3%A9%20calculado%20a,x%206%20%3D%205%2C4</p><p>https://unale.org.br/o-ciclo-das-politicas-publicas/</p><p>Acesso em: 25 jan. 2024.</p><p>VASCONCELOS, C. R. D.; LEAL, I. O. J.; CERQUEIRA ARAÚJO, J. A. Q. de. Nexos entre gestão,</p><p>avaliação e o Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB) em escolas</p><p>públicas. Revista online de Política e Gestão Educacional, v. 24, n. 1, p. 55-70, 2020.</p><p>Encerramento da Unidade</p><p>POLÍTICAS PÚBLICAS E LEGISLAÇÃO</p><p>EDUCACIONAL</p><p>Videoaula de Encerramento</p><p>Olá, estudante! Nesta aula, refletiremos sobre aspectos importantes que envolvem a</p><p>organização política e a estruturação da educação brasileira, considerando os aspectos</p><p>qualitativos, avaliativos, financeiros e políticos que se relacionam mutuamente para gerir o</p><p>funcionamento do sistema de ensino. Essa síntese de ideias e conceitos é fundamental para a</p><p>assimilação dos temas que estamos estudando e para uma reflexão sobre a importância das</p><p>políticas públicas a partir de uma perspectiva histórica, social e educacional no Brasil. Vamos</p><p>lá! Boa leitura!</p><p>Ponto de Chegada</p><p>Como futuros educadores, é de suma importância adquirir conhecimento sobre a legislação</p><p>educacional e as diretrizes que regem o trabalho pedagógico, ou seja, aquelas que</p><p>regulamentam a educação nacional.</p><p>Em relação ao termo "política", sua origem remonta à palavra grega polis, que significa cidade,</p><p>mas era utilizada também como sinônimo de cidade-Estado. Na polis, a vida era dividida em</p><p>duas esferas: uma privada, relacionada aos assuntos particulares da casa, e outra pública,</p><p>expressa pelo espaço urbano público e político, junto às suas instituições. A política</p><p>representava a maneira de normalizar a convivência entre os habitantes das cidades e</p><p>entre cidades-Estado vizinhas. Quando aplicada dentro de um mesmo Estado, era chamada</p><p>de política interna; quando aplicada entre diferentes Estados, era denominada política</p><p>externa.</p><p>Direcionando o olhar para as sociedades modernas, Saravia e Ferrarezi (2006) destacam que</p><p>as relações sociais se tornaram complexas tanto entre seus membros quanto entre as</p><p>instituições que as compõem. Isso ocorre devido à diversidade de interesses, ideias e valores,</p><p>resultando na ocorrência de conflitos. Dessa forma, a política emerge como um meio capaz de</p><p>gerenciar essa complexidade e, por meio da tomada de decisões e ações, impulsiona o</p><p>progresso da sociedade.</p><p>Assim, a política representa uma forma pela qual os indivíduos gerenciam suas relações,</p><p>concretizando intenções em ações com o objetivo de atender às necessidades coletivas,</p><p>visando ao bem comum.</p><p>O termo "Estado" abrange toda a sociedade política, incluindo o governo, que desempenha</p><p>funções executiva, legislativa e judiciária. O governo, por sua vez, faz parte do Estado e é</p><p>identificado pelo grupo</p><p>político no comando. No entanto, uma Política de Estado é</p><p>regulamentada por leis e tem uma duração abrangente, independentemente do grupo político</p><p>no poder.</p><p>Um exemplo concreto de Política de Estado é o Plano Nacional de Educação (PNE), cuja</p><p>vigência é de 10 anos. O PNE estabelece metas para municípios, estados e federação,</p><p>independentemente dos grupos no poder. Por outro lado, uma Política de Governo perdura</p><p>enquanto um grupo específico mantém o controle. Em questões municipais de educação</p><p>infantil, por exemplo, costuma haver novas normatizações a cada quatro anos, refletindo a</p><p>mudança no governo local. No entanto, as políticas de Estado devem ser seguidas</p><p>independentemente do governo local, sendo regulamentadas por legislação.</p><p>No Brasil, a organização do Estado adotou o modelo federativo. Conforme destacado por</p><p>Pinho (2012), a Federação representa uma aliança de Estados para a formação de um</p><p>Estado único, no qual as unidades federadas mantêm autonomia política, enquanto a</p><p>soberania é transferida para o Estado Federal.</p><p>A Constituição Federal de 1988 marcou uma nova fase para o Brasil, ampliando as</p><p>responsabilidades do Estado e da sociedade em relação à educação, em consonância com as</p><p>demandas do mundo moderno e globalizado. A descentralização político-administrativa, um</p><p>princípio da ordem política, deu à sociedade o direito de formular e controlar políticas,</p><p>alterando as relações entre Estado e sociedade civil.</p><p>A Constituição de 1988 também introduziu a ideia do Plano Nacional de Educação (PNE),</p><p>destacando sua necessidade. A ideia existia desde a década de 1930, mas apenas planos</p><p>menores ocorreram. Com a Constituição de 1988, o PNE tornou-se um plano de Estado, não</p><p>de governo, podendo ser elaborado em diferentes instâncias (federal, estadual e municipal),</p><p>com vigência de dez anos.</p><p>A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (Lei nº 9.394/1996) estabeleceu que o PNE</p><p>seria elaborado pela União com a colaboração de estados, municípios e Distrito Federal,</p><p>refletindo a responsabilidade compartilhada prevista na Constituição. O art. 211 da CF</p><p>reforça a distribuição de responsabilidades entre municípios, estados e Distrito Federal no</p><p>que diz respeito aos níveis de ensino.</p><p>Na década de 1990, a descentralização e a gestão democrática tornaram-se temas centrais</p><p>na educação brasileira, buscando a participação de diferentes atores no processo educativo,</p><p>refletindo uma abordagem mais democrática na prática social da educação.</p><p>A LDB estabeleceu dois principais níveis educacionais no Brasil: Educação Básica e Ensino</p><p>Superior. A Educação Básica abrange a educação infantil (creche e pré-escola), o ensino</p><p>fundamental (nove anos de estudos), e o ensino médio, cada um com objetivos específicos,</p><p>como o desenvolvimento integral da criança e a preparação para o mundo do trabalho. A</p><p>Educação Superior compreende graduação e pós-graduação.</p><p>Além desses níveis, a LDB introduziu modalidades educacionais, como a Educação de Jovens e</p><p>Adultos (EJA), que estabelece idades mínimas para cursar o ensino fundamental e o ensino</p><p>médio; a Educação Profissional, voltada para o desenvolvimento de competências para o</p><p>mundo produtivo; a Educação Especial, visando à inclusão preferencialmente na rede regular</p><p>de ensino.</p><p>Refletir sobre a educação envolve contemplar um contínuo movimento de transformações</p><p>que, ao longo de toda sua trajetória histórica, buscou aproximar-se da sociedade por meio de</p><p>propostas, conhecimentos e aprendizagens, conferindo significado a diversas situações.</p><p>Abordar o funcionamento da Educação Básica significa, primordialmente, contemplar as</p><p>transformações ocorridas no panorama educacional até alcançarmos a realidade atual. A</p><p>integração desses documentos é crucial. Mesmo sendo homologados em períodos e contextos</p><p>diversos, é por meio da relação que podem estabelecer com o cotidiano e o funcionamento de</p><p>todas as instituições educacionais que ocorrem as mudanças.</p><p>Cabe ainda destacarmos o papel do Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB),</p><p>criado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (INEP) em</p><p>2007. Ele é um índice que avalia a qualidade da aprendizagem dos estudantes em todo o</p><p>Brasil, e utiliza dados do Sistema de Avaliação da Educação Básica (SAEB), incluindo taxas</p><p>de aprovação, reprovação e evasão escolar. Os recursos para a melhoria da educação estão</p><p>vinculados ao Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica (Fundeb), criado</p><p>em 2007. Esse fundo destina-se a aumentar os recursos na Educação Básica, incluindo a</p><p>formação de professores e a melhoria dos salários. Estados e municípios recebem recursos</p><p>com base no número de alunos matriculados, devendo destinar 60% para remuneração de</p><p>profissionais e 40% para ações de manutenção e desenvolvimento do ensino.</p><p>Os dados do IDEB e das provas do SAEB auxiliam no acompanhamento e na avaliação da</p><p>qualidade educacional e das políticas públicas, trazendo novas orientações e perspectivas</p><p>para superação dos desafios educacionais presentes no Brasil. Dessa forma, é crucial</p><p>compreender a legislação educacional e examinar o conjunto de valores socialmente</p><p>consensuais que influenciam as ações educacionais em vigor no nosso país.</p><p>É Hora de Praticar!</p><p>Estudante, a partir dos conhecimentos adquiridos durante nossos estudos, analise a seguinte</p><p>situação: no município X, localizado em uma região diversificada economicamente e</p><p>historicamente, há a necessidade de revisitar e reformular as políticas educacionais para</p><p>melhor atender às demandas locais e promover uma educação de qualidade. Para essa</p><p>mudança, primeiro, foi necessário entender melhor a relação entre as políticas e a</p><p>organização da educação, considerando que a estruturação da educação nacional por meio de</p><p>políticas públicas visa garantir a uniformidade e a qualidade do ensino em todo o país, ao</p><p>mesmo tempo em que possibilita a adaptação a realidades regionais e locais específicas.</p><p>O Estado pode desempenhar um papel vital na organização do sistema educacional através da</p><p>formulação e da implementação de políticas educacionais. Essas políticas devem abranger</p><p>desde a definição de currículos até a alocação de recursos financeiros, para garantir uma</p><p>oferta educacional eficiente e equitativa. O contexto histórico exerce uma influência</p><p>significativa na concepção da educação e não deve ser deixado de lado.</p><p>A partir desse entendimento, como o munícipio pode coordenar e desenvolver essas melhorias?</p><p>Reflita</p><p>Qual é a função das políticas na estruturação da educação nacional?</p><p>De que maneira o Estado pode desempenhar um papel na organização do sistema</p><p>educacional?</p><p>Em que medida o contexto histórico influencia a concepção e a reflexão sobre a</p><p>educação?</p><p>Resolução do estudo de caso</p><p>Pensando o contexto apresentado, alguns aspectos podem ser considerados, para pensar</p><p>estratégias e pontos de melhoria. No município X, é necessário analisar como eventos passados</p><p>moldaram as abordagens educacionais e como essas influências podem ser ajustadas para</p><p>atender às necessidades atuais. As leis que regem a atividade educacional no Brasil incluem a</p><p>Constituição Federal, a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), o Plano</p><p>Nacional de Educação (PNE), a Base Nacional Comum Curricular (BNCC) e outras normativas.</p><p>Elas fornecem o arcabouço legal para a gestão e a implementação das políticas educacionais.</p><p>Tendo clara essa percepção, entre algumas possibilidades, destacam-se:</p><p>Revisão e formulação de políticas: a administração do município X deve revisar as</p><p>políticas educacionais existentes, envolvendo a comunidade escolar, para garantir que</p><p>se alinhem às necessidades locais e aos padrões nacionais de qualidade.</p><p>Participação do Estado: é fundamental estabelecer uma parceria eficaz com o Estado,</p><p>para garantir a implementação adequada das políticas educacionais. Isso inclui a busca</p><p>de recursos financeiros e técnicos para apoiar iniciativas locais.</p><p>Análise do contexto histórico: uma análise do contexto</p><p>histórico local deve ser</p><p>realizada, para compreender como eventos passados moldaram as atitudes em relação</p><p>à educação. Isso permitirá ajustes adequados para melhor atender às demandas</p><p>atuais.</p><p>Conformidade legal: as autoridades educacionais do município devem garantir total</p><p>conformidade com as leis nacionais, atualizando as práticas para refletir as</p><p>normativas mais recentes.</p><p>Desenvolvimento de diretrizes pedagógicas: a criação de diretrizes pedagógicas</p><p>alinhadas com as políticas educacionais garantirá uma prática pedagógica moderna e</p><p>eficaz, enfocando a inovação e a adaptação às necessidades locais.</p><p>Esse estudo de caso destaca a importância da revisão constante das políticas educacionais,</p><p>considerando a participação da comunidade, a colaboração com o Estado, a compreensão do</p><p>contexto histórico e a conformidade legal para promover uma educação de qualidade no</p><p>município X.</p><p>Bons estudos!</p><p>Dê o play!</p><p>Assimile</p><p>Referências</p><p>BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.</p><p>Brasília: Congresso Nacional, [2024]. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao37.htm. Acesso em: 28 abr.</p><p>2024.</p><p>BRASIL. Lei nº 13.005, de 25 de junho de 2014. Aprova o Plano Nacional de Educação –</p><p>PNE e dá outras providências. Brasília: Presidência da República, [2024]. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm. Acesso em:</p><p>28 abr. 2024.</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao37.htm</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2014/lei/l13005.htm</p><p>BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da</p><p>educação nacional. Brasília: Presidência da República, [2024]. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 28 abr. 2024.</p><p>PINHO, R. C. R. Da organização do estado, dos Poderes, e histórico das constituições. 12. ed.</p><p>São Paulo: Saraiva, 2012.</p><p>SARAVIA, E.; FERRAREZI, E. (orgs.). Políticas públicas. Brasília: ENAP, 2006.</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm</p><p>da população indígena. Além disso, foi um período marcado por uma</p><p>forte distinção entre os saberes ensinados aos indígenas e aos filhos dos colonos. Em 1759,</p><p>o Marquês de Pombal rompeu com os jesuítas da Companhia de Jesus, iniciando o que ficou</p><p>conhecido por "Reforma Pombalina". Essa reforma perdurou de 1759 a 1827 e pode ser</p><p>considerada como um antecedente da implementação da educação pública estatal.</p><p>Com a expulsão dos jesuítas, apenas uma pequena parcela da população tinha acesso às</p><p>escolas. Como destaca Marcílio (2005, p. 3), "ficavam excluídas as mulheres (50% da</p><p>população), os escravos (40%), os negros livres, os pardos, filhos ilegítimos e crianças</p><p>abandonadas". De 1889 a 1930, ou seja, durante a Primeira República, o ensino no Brasil</p><p>continuou estagnado, com grande número de analfabetismo, correspondendo a mais da</p><p>metade da população brasileira.</p><p>Com a independência do Brasil em 1822, instaurou-se o Primeiro Império, política esta que</p><p>estabeleceu uma nova diretriz educacional e instituiu as escolas de primeiras letras em todas</p><p>as cidades, vilas e lugares mais populosos. Por meio da Lei de 15 de outubro de 1827, foi</p><p>estabelecida a criação das chamadas “Escolas de Primeira Letras”, e houve a disseminação</p><p>do “Método Mútuo”, em que um número grande de alunos eram divididos em grupos conforme</p><p>seus níveis de conhecimento. e os estudantes mais adiantados (monitores) instruíam seus</p><p>colegas menos adiantados. O professor tinha como função instruir os monitores antes do</p><p>início das aulas e dirigir a escola e as demais funções pedagógicas. Em 1854, tivemos à</p><p>“Reforma Couto Ferraz”, a qual estabeleceu a ideia de um sistema nacional de ensino com</p><p>currículo básico, formação docente e uma educação mais voltada para prática. Em Parte</p><p>superior do formulário1890, a “Reforma de Benjamin Constant” buscou um rompimento com o</p><p>modelo educacional praticado durante o período colonial e estabeleceu um ensino mais</p><p>enciclopédico, seriado, gratuito e obrigatório.</p><p>Apesar dessas reformas, ainda havia no país grandes disparidades educacionais e baixa</p><p>escolaridade da população em geral, além de disputas entre a Igreja Católica e os</p><p>movimentos que buscavam a reformulação da educação no país. Dentro desse cenário, a</p><p>partir de 1930, iniciou-se um movimento conhecido como “Movimento da Escola Nova”,</p><p>formado por educadores, como Anísio Teixeira, Lourenço Filho, Fernando de Azevedo e</p><p>Francisco Campos, que buscavam renovar o ensino, organizando um manifesto, o qual seria</p><p>conhecido mais tarde como “Manifesto dos Pioneiros da Educação”. Esse documento criticava</p><p>as deficiências do sistema educacional brasileiro na época, destacando a urgência de</p><p>expandir a educação para toda a população, com ênfase na educação formal.</p><p>A partir de 1930, temos a criação de órgãos importantes para a organização da educação</p><p>brasileira, como o Ministério da Educação e Saúde Pública e o Conselho Nacional de Educação.</p><p>A Constituição dos Estados Unidos do Brasil, de 10 de novembro de 1937, estabelecida</p><p>durante o Estado Novo e a presidência de Getúlio Vargas, destaca o papel do Estado na</p><p>oferta e no financiamento da educação. O objetivo desses órgãos e legislações era</p><p>coordenar as reformas educacionais que se desdobrariam posteriormente em outras políticas</p><p>públicas e decretos, influenciados tanto por mudanças nacionais, no que se refere à</p><p>organização da educação, quanto internacionais sobre o direito à educação.</p><p>Siga em Frente...</p><p>Políticas públicas e educação: influências internacionais</p><p>Conforme o Brasil foi se industrializando e a globalização foi ganhando forças, as discussões</p><p>internacionais envolvendo a educação também influenciaram as discussões aqui no país. Você,</p><p>já ouviu falar de entidades como o Banco Mundial, Unesco e Unicef?</p><p>O Banco Mundial, criado em 1944, inicialmente desempenhou um papel crucial na reconstrução</p><p>de países afetados pela Segunda Guerra Mundial. Ao longo das décadas de 1950 até o início</p><p>dos anos 1970, em meio às crescentes tensões da Guerra Fria, sua missão evoluiu para a</p><p>integração de nações em desenvolvimento. Isso foi alcançado por meio da implementação de</p><p>programas de assistência econômica e concessão de empréstimos, direcionados. Principalmente.</p><p>às políticas de industrialização.</p><p>A Unesco, sigla para Organização das Nações Unidas para a Educação, a Ciência e a Cultura,</p><p>é uma agência especializada da Organização das Nações Unidas (ONU), estabelecida em 4 de</p><p>novembro de 1946, com a missão principal de assegurar a paz por meio da cooperação</p><p>intelectual entre as nações. Seu propósito abrange o acompanhamento do desenvolvimento</p><p>global e a prestação de assistência aos Estados-membros – atualmente, totalizando 193</p><p>países. Já o Unicef, criado pela Organização das Nações Unidas em 1946, promove os direitos</p><p>e o bem-estar de crianças e adolescentes em mais de 190 países e territórios. Está</p><p>presente no Brasil desde 1950.</p><p>Todos esses órgãos, durante a segunda metade do século XX, traziam várias discussões</p><p>importantes relacionadas aos direitos humanos, à promoção da equidade, à inclusão social e à</p><p>qualidade na educação por meio de cooperações para o desenvolvimento de todas as nações.</p><p>Em 1990, tivemos a divulgação da Declaração Mundial sobre a Educação para Todos,</p><p>aprovada durante a Conferência de Jontiem, na Tailândia, visando à satisfação das</p><p>necessidades básicas de aprendizagem, indo de encontro às discussões internacionais que se</p><p>estabeleceram desde o fim da Segunda Guerra Mundial, conforme Bordin (2015, p. 4):</p><p>Restritamente no Brasil, de 1990 até os dias atuais, houve a edição de vários</p><p>regulamentos com o propósito de oferecer a população uma educação de qualidade e</p><p>atingir a meta estipulada na Conferência para que, com isso, obtivesse investimentos</p><p>e financiamentos de organismos internacionais e mantivesse assim, seu crédito.</p><p>Destacam-se duas regulamentações de grande relevância: a Constituição Federal de</p><p>1988 e a LDB de 1996, duas normas elaboradas antes e após a adoção de tais</p><p>políticas.</p><p>Os estudos de Limana (1999) corroboram com essa perspectiva ao apontarem que, a partir de</p><p>1988, com a nova Constituição, houve uma mudança institucional significativa no Brasil. Essa</p><p>transformação permitiu a descentralização nas decisões governamentais, dando à população</p><p>o poder de decidir por meio de representantes eleitos e introduzindo instrumentos de</p><p>democracia direta, como referendo, plebiscito e iniciativa popular. Durante a década de</p><p>1990, a "descentralização" tornou-se um tema central na educação brasileira, acompanhada</p><p>da "gestão democrática", que buscava permitir a participação de diversos atores no processo</p><p>educativo.</p><p>O movimento pela descentralização administrativa e pela implementação de práticas de</p><p>gestão democrática também refletiu a adesão a modelos internacionais que visavam envolver</p><p>a comunidade na tomada de decisões educacionais, principalmente a partir de 1990,</p><p>buscando alinhar o sistema educacional brasileiro aos padrões globais de excelência.</p><p>Podemos inferir que as políticas internacionais visando à educação exercem influência nas</p><p>práticas educacionais locais de um país na atualidade, em decorrência da interconexão global</p><p>e do compartilhamento de ideias. A busca por padrões e abordagens eficazes, impulsionada</p><p>por diferentes organizações internacionais e acordos de cooperação, leva os países a</p><p>adotarem políticas alinhadas às normas globais. Além disso, a troca de informações e</p><p>experiências contribui para a melhoria da qualidade educacional, permitindo que as nações se</p><p>beneficiem de estratégias bem-sucedidas implementadas em contextos similares.</p><p>Ligação entre a Constituição Federal e a Lei de Diretrizes e</p><p>Bases da Educação</p><p>A política tem um papel de mediar conflitos e estabelecer ações visando ao bem coletivo. Ela</p><p>é aplicada por meio de legislações, leis, decretos, regimentos etc. Quando falamos em lei,</p><p>referimo-nos a uma norma ou conjunto de normas jurídicas criadas através dos processos</p><p>próprios do ato normativo e estabelecidas</p><p>pelas autoridades competentes. As leis possuem</p><p>papéis e funções diferentes, que se organizam por meio de uma hierarquia. No Brasil, vigora o</p><p>princípio da Supremacia da Constituição, ou seja, as normas constitucionais estão em um</p><p>patamar de superioridade em relação às demais leis, servindo de fundamento de validade</p><p>para estas. Por exemplo, a Constituição Federal é a principal lei do Brasil, e dela decorrem</p><p>outras, como a LDB, o Código Civil e o Código Penal. Podemos caracterizar a hierarquia das</p><p>leis pela seguinte ordem de importância:</p><p>Quadro 1 | Hierarquia das leis. Fonte: adaptado de Sinesp (2020).</p><p>A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB) trata especificamente dos fins e do</p><p>funcionamento da educação brasileira em consonância com a Constituição. A versão de 1961</p><p>da LDB (Lei nº 4.024/1961) apresentava uma estrutura organizacional diferente da versão</p><p>de 1996, que passou a trazer o papel da descentralização administrativa e a implementação</p><p>da política educacional para estados e municípios com mais ênfase, por meio do regime de</p><p>colaboração entre a União, os estados, o Distrito Federal e os municípios. Conforme os</p><p>Constituição Federal Norma que orienta todas as outras leis (como devem ser feitas, por quem etc.).</p><p>Emenda</p><p>Constitucional</p><p>Modificação na Constituição requer aprovação por 3/5 das duas câmaras do Congresso, em</p><p>dois turnos. Certos princípios fundamentais, conhecidos como "cláusulas pétreas" (artigo 60,</p><p>§ 4º, I a IV), como os relacionados à federação, voto direto, secreto, universal e periódico,</p><p>separação de poderes e direitos e garantias individuais, não podem ser objeto de emenda</p><p>constitucional.</p><p>Lei Complementar</p><p>A legislação complementar à Constituição é especificada em relação às suas áreas</p><p>temáticas. Para sua aprovação, é necessário obter maioria absoluta de votos em ambas as</p><p>casas do Congresso.</p><p>Lei Ordinária</p><p>Refere-se à estruturação do Poder Judiciário e do Ministério Público de questões de</p><p>nacionalidade, cidadania, direitos individuais, políticos e eleitorais, bem como abrange planos</p><p>plurianuais, orçamentos e todo o corpo do direito material e processual, incluindo os códigos</p><p>civil, penal e tributário, junto aos seus procedimentos correspondentes.</p><p>Lei Delegada</p><p>A Lei Delegada é criada pelo presidente mediante delegação específica do Congresso,</p><p>entretanto não possui autoridade para legislar sobre assuntos de competência exclusiva do</p><p>Congresso, de cada casa isoladamente, sobre temas que requerem legislação complementar,</p><p>nem sobre certas matérias sujeitas à legislação ordinária.</p><p>Medida Provisória</p><p>A medida provisória, emitida pelo Presidente da República, requer submissão ao Congresso e</p><p>não pode ser aprovada automaticamente pelo decorrer do tempo nem ter efeitos em caso</p><p>de rejeição.</p><p>Decreto Legislativo</p><p>Compete exclusivamente ao Congresso Nacional, sem exigir sanção presidencial. A resolução</p><p>legislativa é também uma prerrogativa do Congresso ou de cada casa individualmente, por</p><p>exemplo, a suspensão de uma lei considerada inconstitucional.</p><p>Resoluções e</p><p>Portarias</p><p>Resoluções são atos legislativos de conteúdo concreto, de efeitos internos. É a forma que</p><p>revestem determinadas deliberações da Assembleia da República. Já portarias são</p><p>documentos referentes a um ato administrativo de autoridade pública que fornece</p><p>orientações sobre a aplicação de leis ou regulamentos, recomendações de natureza geral,</p><p>normas para a execução de serviços, nomeações, demissões, penalidades ou qualquer outra</p><p>decisão dentro de sua competência.</p><p>estudos de Fischmann (2009), as lutas pela democracia no Brasil eram antigas, mas foram</p><p>interrompidas pelo período da ditadura que se instalou no país em 1964. A Constituição de</p><p>1988 foi elaborada e proclamada justamente após a ruptura com o autoritarismo,</p><p>representando um momento fundador da reconstrução democrática no Brasil.</p><p>A Constituição Federal do Brasil e a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB)</p><p>mantêm uma relação intrínseca, delineando os princípios e as diretrizes fundamentais que</p><p>orientam todo o sistema educacional do país. No contexto educacional, a Constituição Federal</p><p>é a lei que fundamenta a legislação subsequente, incluindo a LDB. Ela reconhece a educação</p><p>como um direito de todos e um dever do Estado e da família, conforme expresso no art. 205.</p><p>Além disso, destaca a igualdade de condições para o acesso e a permanência na escola, a</p><p>liberdade de aprender, ensinar, pesquisar e divulgar o pensamento, a arte e o saber, como</p><p>previsto nos artigos 206 e 207.</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Estudante, retomando nossa situação-problema inicial sobre como os professores podem</p><p>colaborar com a reformulação do PPP a partir das mudanças na legislação e o papel da</p><p>coordenadora da escola nesta mediação, temos diferentes caminhos possíveis. Todavia,</p><p>algumas estratégias podem ser adotadas. Por exemplo, no contexto de formação continuada,</p><p>apresentar e discutir com os docentes da instituição os documentos, como a BNCC e as</p><p>Diretrizes Curriculares, que trazem apontamentos significativos para a organização dos</p><p>currículos escolares e das competências e habilidades a serem desenvolvidas ao longo de todo</p><p>o processo de escolarização. E, a partir dessas discussões e percepções dos docentes, traçar</p><p>planos de ação de melhorias curriculares e metodológicas. Outro caminho significativo é</p><p>trazer para a escola momentos de participação ativa da comunidade escolar na tomada de</p><p>decisões e mudanças, partindo do princípio da gestão democrática.</p><p>Bons estudos e até breve!</p><p>Saiba Mais</p><p>Prezado acadêmico, para aprofundar seus estudos sobre as temáticas aqui estudadas, leia o</p><p>artigo intitulado Política educacional brasileira: limites e perspectivas, escrito por Demerval</p><p>Saviani. O artigo apresenta considerações históricas sobre a organização política brasileira,</p><p>além de considerações.</p><p>SAVIANI, D. Política educacional brasileira: limites e perspectivas. Revista de Educação PUC-</p><p>Campinas, n. 24, p. 7-16, 2008.</p><p>Bons estudos!</p><p>Referências Bibliográficas</p><p>BORDIN, T. M. Influências das políticas educacionais internacionais no currículo: algumas</p><p>incursões. Saberes: Revista Interdisciplinar de Filosofia e Educação, v. 1, n. 11, fev. 2015.</p><p>BRASIL. [Constituição (1988)]. Constituição da República Federativa do Brasil de 1988.</p><p>Brasília: Congresso Nacional, [2024]. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao37.htm. Acesso em: 28 abr.</p><p>2024.</p><p>FISCHMANN, R. Constituição brasileira, direitos humanos e educação. Revista Brasileira de</p><p>Educação, v. 14, p. 156-167, 2009.</p><p>LIMANA, A. O processo de descentralização política-administrativa no Brasil. Scripta Nova:</p><p>Revista Electrónica de Geografía y Ciencias Sociales, v. 3, 1999.</p><p>MARCÍLIO, M. L. História da escola em São Paulo e no Brasil. São Paulo: Imprensa Oficial,</p><p>2005.</p><p>RIBEIRO, P. R. M. História da educação escolar no Brasil: notas para uma reflexão. Paidéia,</p><p>Ribeirão Preto, p. 15-30, 1993.</p><p>ROCHA, M. I. C. Estado e Governo: diferença conceitual e implicações práticas na pós-</p><p>modernidade. Revista Brasileira Multidisciplinar, v. 11, n. 2, p. 140-145, 2008. Disponível</p><p>em: https://revistarebram.com/index.php/revistauniara/article/view/183. Acesso em: 25</p><p>jan. 2024.</p><p>SINDICATO DOS ESPECIALISTAS DE EDUCAÇÃO DO ENSINO PÚBLICO MUNICIPAL DE SÃO</p><p>PAULO. Hierarquia das leis no Brasil. SINESP, 2020. Disponível em:</p><p>https://www.sinesp.org.br/images/2020/cursos2021/anexo_Hierarquia_das_Leis_no_Brasil.</p><p>pdf. Acesso em: 28 abr. 2024.</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao37.htm</p><p>https://www.sinesp.org.br/images/2020/cursos2021/anexo_Hierarquia_das_Leis_no_Brasil.pdf</p><p>https://www.sinesp.org.br/images/2020/cursos2021/anexo_Hierarquia_das_Leis_no_Brasil.pdf</p><p>Aula 2</p><p>AS INSTITUIÇÕES FORMADORAS DO</p><p>SISTEMA EDUCACIONAL BRASILEIRO</p><p>As instituições formadoras do sistema educacional</p><p>brasileiro</p><p>Olá, estudante! Neste momento, aprofundaremos um pouco mais os aspectos referentes à</p><p>organização da educação e ao seu funcionamento, bem como compreender o papel</p><p>e a função</p><p>dos órgãos públicos responsáveis pela sua administração e analisar o papel e a importância do</p><p>Plano Nacional de Educação. Esses aspectos, do funcionamento e da estruturação da</p><p>educação nacional, são fundamentais para refletirmos sobre as dinâmicas que envolvem a</p><p>educação e como ela ocorre em diferentes partes do Brasil, considerando as dimensões</p><p>continentais do nosso país. Vamos lá?</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, estudante! Para darmos sequência aos nossos estudos, imagine que Célia, diretora de uma</p><p>escola estadual, está participando de algumas palestras promovidas pela secretaria de</p><p>educação de seu munícipio, cujo tema é o Plano Nacional de Educação (PNE). Durante as</p><p>palestras, ressaltou-se que, desde a implementação do PNE, muitas metas ainda não foram</p><p>plenamente atingidas, como erradicar o analfabetismo, visto que ainda há significativa</p><p>parcela da população brasileira não alfabetizada, especialmente em regiões mais vulneráveis.</p><p>Esse desafio compromete diretamente a promoção de uma educação inclusiva e de qualidade</p><p>para todos, e Célia, presencia diretamente isso com as turmas de Educação de Jovens e</p><p>Adultos (EJA) que atende em sua escola. Algumas questões que podemos pensar diante disso</p><p>é: considerando a descentralização da implementação das políticas educacionais para estados</p><p>e municípios, como podemos fortalecer a colaboração entre os diferentes níveis de governo</p><p>para garantir a efetivação das metas estabelecidas no PNE? Quais são os principais</p><p>obstáculos que têm impedido o alcance da meta, por exemplo, de erradicação do</p><p>analfabetismo, e como podemos superá-los?</p><p>Não perca essas questões de vista, pois elas serão necessárias para compreendermos um</p><p>pouco mais as questões de organização da educação brasileira e ajudarão você e a Célia a</p><p>entenderem melhor essas dinâmicas. Vamos lá? Bons estudos!</p><p>Vamos Começar!</p><p>Os entes federados e o regime de colaboração na organização da</p><p>educação brasileira (papel e função da União, dos estados e dos</p><p>munícipios em relação à educação)</p><p>Estudante, para iniciarmos essa discussão, é importante retomarmos alguns aspectos</p><p>políticos e históricos importantes. Com a promulgação da Constituição de 1988 e a</p><p>redemocratização do país, o Brasil adotou o sistema federativo, sendo composto por quatro</p><p>entes federados (União, estados, municípios e Distrito Federal). Esse sistema é</p><p>caracterizado, principalmente, pela cooperação, envolvendo responsabilidades comuns entre</p><p>os entes federativos. Conforme os estudos de Costa (2010), para entender o princípio da</p><p>federação, é necessário diferenciar federalismo e federação:</p><p>Quando dizemos Federação, estamos nos referindo a um Estado organizado</p><p>constitucionalmente sob um regime federativo, isto é, que reconhece duas ou mais</p><p>esferas de poder político – com graus diferenciados de autonomia – dentro de um</p><p>mesmo espaço territorial cujo monopólio da coerção legítima, e, portanto, a soberania,</p><p>é exercido por um único corpo político: o governo federal. Quando usamos a palavra</p><p>federalismo, estamos fazendo referência a um princípio de organização política tão</p><p>complexo e relevante para a compreensão do mundo contemporâneo como o</p><p>liberalismo, o socialismo ou o comunismo. (Costa, 2010, p. 730)</p><p>Em comparação a outras formas de organização, o federalismo se distingue dos sistemas</p><p>unitários pelos princípios de representação popular e territorial. A representação popular</p><p>abrange todos os cidadãos com direito a voto, enquanto a representação territorial concede</p><p>a cada governo o direito de designar representantes junto ao poder nacional, limitando a</p><p>esfera de ação da representação popular. O Regime de Colaboração estabelece a</p><p>necessidade de cooperação entre os entes federativos para a oferta da educação. Isso</p><p>implica que certas áreas devem receber prioridade de cada ente, embora as competências</p><p>não sejam exclusivas. Na prática, o governo federal (União) assume a principal</p><p>responsabilidade pelo planejamento e pelo gerenciamento do sistema educacional nacional. Ele</p><p>elabora normas, como a Política Nacional de Educação, regula as instituições de ensino e</p><p>supervisiona os ensinos superior e técnico.</p><p>Os governos estaduais, por sua vez, têm a responsabilidade principal pelo ensino médio e</p><p>fundamental II, enquanto os municípios são encarregados das creches, da educação infantil e</p><p>do ensino fundamental I.</p><p>Quadro 1 | Atribuições dos entes federados Fonte: adaptado de Campioni (2018).</p><p>Em síntese, o sistema federativo brasileiro, baseado na divisão de competências entre União,</p><p>estados, municípios e Distrito Federal, exerce impacto significativo na organização da</p><p>educação. A Constituição atribui responsabilidades específicas a cada ente federativo,</p><p>Ente federado Função Órgãos</p><p>União</p><p>Organizar e financiar o sistema federal</p><p>de ensino MEC e Conselho Nacional de Educação (CNE)</p><p>Estados e Distrito</p><p>Federal</p><p>Manter e zelar pelas redes de ensino de</p><p>níveis fundamental e médio e</p><p>universidades estaduais.</p><p>Conselho Estadual de Educação (CEE) e</p><p>Secretarias Estaduais de Educação (SEE)</p><p>Municípios</p><p>Manter, coordenar e zelar pelas</p><p>instituições de ensino fundamental -anos</p><p>iniciais e educação infantil</p><p>Secretaria Municipal de Educação (SME) e</p><p>Conselho Municipal de Educação (CME)</p><p>permitindo autonomia na elaboração de políticas educacionais. Isso resulta em diversidade</p><p>nas abordagens pedagógicas e nas condições de ensino, refletindo desafios e oportunidades</p><p>para a busca de uma educação equitativa em todo o país.</p><p>Os órgãos responsáveis pela educação brasileira: princípios e fins</p><p>da educação nacional</p><p>Dentro do sistema federativo, para que o regime de colaboração se efetive, cada ente e os</p><p>órgãos competentes devem se articular para fiscalização, avaliação e acompanhamento das</p><p>políticas e organização da educação básica. A começar pelo Ministério da Educação (MEC) e</p><p>pelo Conselho Nacional (CNE) sob responsabilidade da União. Esses dois órgãos têm papel</p><p>fundamental para a organização da educação na esfera federal. Conforme a LDB, no art.</p><p>8º, “Caberá à União a coordenação da política nacional de educação, articulando os</p><p>diferentes níveis e sistemas e exercendo função normativa, redistributiva e supletiva em</p><p>relação às demais instâncias educacionais” (Brasil, 1996, [s. p.]).</p><p>O MEC foi criado na década de 1930, durante o governo de Getúlio Vargas, sob o nome de</p><p>Ministério dos Negócios da Educação e Saúde Pública. A partir de 1995, passou a atuar</p><p>exclusivamente nos assuntos educacionais. É responsável pela política nacional de educação</p><p>em sua totalidade, bem como pelo gerenciamento de diferentes programas, como o Programa</p><p>Universidade para Todos (PROUNI), o Exame Nacional do Ensino Médio (ENEM), o Fundo de</p><p>Financiamento Estudantil (FIES) e o Sistema de Seleção Unificada (SISU), além de elaborar</p><p>Planos Nacionais de Educação (PNE) e supervisionar a Secretaria de Articulação com os</p><p>Sistemas de Ensino (SASE), dedicada ao fomento do diálogo nas comunidades educacionais.</p><p>O CNE é previsto no art. 8º da LDB: “[...] na estrutura educacional, haverá um Conselho</p><p>Nacional de Educação, com funções normativas e de supervisão e atividade permanente,</p><p>criado por lei” (Brasil, 1996, [s. p.]). Teve seus primórdios durante o processo de</p><p>estabelecimento de órgãos educacionais no Brasil, como na Bahia, em 1842, com funções</p><p>semelhantes aos "boards" ingleses. Em 1911, a ideia de um Conselho Superior foi concretizada</p><p>com o Decreto nº 8.659. Sucessivamente, foram criados o Conselho Nacional de Ensino</p><p>(1925), o Conselho Nacional de Educação (1931), o Conselho Federal de Educação e os</p><p>Conselhos Estaduais e Municipais de Educação (1961 e 1971). O Conselho Nacional de</p><p>Educação, instituído em 1995 pela Lei nº 9.131, é um órgão colegiado do Ministério da</p><p>Educação, responsável por contribuir na formulação da Política Nacional de Educação e</p><p>acompanhar, em todos os níveis, o desenvolvimento e a aplicação do PNE e dar suporte ao</p><p>MEC para melhoria das modalidades de ensino, documentação, notas e ofícios para as esferas</p><p>governamentais.</p><p>Na esfera estadual, podemos destacar as secretarias e os conselhos estaduais de educação.</p><p>Os conselhos são encarregados de tomar decisões com base em discussões realizadas em</p><p>audiências públicas conduzidas pelo CNE. Suas responsabilidades incluem a autorização de</p><p>critérios para a infraestrutura escolar, validação do projeto pedagógico, disciplinas</p><p>oferecidas, carga horária e corpo docente das escolas estaduais. As secretarias estaduais</p><p>têm caráter de gestão de questões, como alimentação, transporte e calendário escolar, e</p><p>promoção de políticas públicas diversas – como planos estaduais de educação.</p><p>Na esfera municipal, as secretarias municipais de educação têm como função</p><p>implementar iniciativas para fomentar a interação entre escolas, pais, alunos e comunidades,</p><p>incluindo a realização de plantões pedagógicos. Além disso, são encarregadas de organizar e</p><p>administrar eventos culturais e esportivos para a comunidade escolar, disseminar tecnologias</p><p>educacionais, como bibliotecas digitais, e garantir a conformidade com os padrões de</p><p>qualidade de ensino estabelecidos por órgãos federais e pela BNCC.</p><p>O Conselho Municipal define normas para o município conforme as leis federais e/ou estaduais.</p><p>O Conselho Municipal de Educação (CME) decide a viabilidade das escolas públicas municipais,</p><p>estabelece o currículo básico da rede municipal de ensino e atende a questionamentos do</p><p>poder público e da sociedade durante audiências municipais. A partir dessa relação e</p><p>distribuição de funções, temos características importantes do nosso sistema educacional, mas</p><p>que, para se tornar um sistema nacional de educação efetivo, ainda precisa superar alguns</p><p>obstáculos. Segundo Saviani (2010), um sistema nacional de educação pode ser compreendido</p><p>como integração intencional de vários aspectos ou serviços educacionais em um país, formando</p><p>um conjunto coerente que opera eficazmente no processo educacional da população.</p><p>Embora haja esforços para a construção de um sistema mais integrado e coeso, o sistema</p><p>educacional brasileiro é predominantemente descentralizado, com responsabilidades</p><p>distribuídas entre União, estados, municípios e Distrito Federal. A legislação educacional,</p><p>como a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), busca estabelecer diretrizes</p><p>gerais, mas a efetivação de um sistema nacional de educação integrado coeso e equitativo</p><p>ainda é um desafio. Diversos debates e propostas têm sido apresentados para fortalecer a</p><p>coordenação e a integração do sistema educacional no país. Um exemplo disso é o Projeto de</p><p>Lei apresentado pelo senador Flávio Arns (Rede-PR) no Senado Federal. O Projeto de Lei</p><p>Complementar (PLP) 235/2019 cria normas para efetivar a cooperação entre União, estados,</p><p>Distrito Federal e municípios na área da educação. O objetivo é instituir o Sistema Nacional</p><p>de Educação (SNE) e fixar as normas para a cooperação entre os entes federativos.</p><p>Siga em Frente...</p><p>Plano Nacional de Educação (2014-2024)Parte superior do</p><p>formulário</p><p>A educação, conforme previsto pela LDB, no art. 3º, tem como princípios:</p><p>Igualdade de condições para o acesso e permanência na escola; II- liberdade de</p><p>aprender, ensinar, pesquisar e divulgar a cultura, o pensamento, a arte e o saber;</p><p>III - pluralismo de ideias e de concepções pedagógicas; IV - respeito à liberdade e</p><p>apreço à tolerância; V - coexistência de instituições públicas e privadas de ensino; VI</p><p>- gratuidade do ensino público em estabelecimentos oficiais; VII - valorização do</p><p>profissional da educação escolar; VIII - gestão democrática do ensino público, na</p><p>forma desta Lei e da legislação dos sistemas de ensino; IX - garantia de padrão de</p><p>qualidade; X - valorização da experiência extraescolar; XI - vinculação entre a</p><p>educação escolar, o trabalho e as práticas sociais. (Brasil, 1996, [s. p.]</p><p>Pensando na efetivação desses princípios e no direito à educação, foi elaborado o Plano</p><p>Nacional de Educação, o qual foi aprovado pela Lei nº 13.005/2014. É um plano decenal, que</p><p>permanecerá em vigor até 2024. Diferente dos planos anteriores, esse PNE tem caráter</p><p>constitucional, transcende governos e possui vinculação de recursos, prevalecendo sobre os</p><p>planos plurianuais. O Plano Plurianual (PPA) é uma lei que guia as metas e as estratégias do</p><p>governo, definindo programas, recursos e objetivos para cada setor a cada quatro anos. Ele</p><p>começa a valer no segundo ano do mandato do governo eleito. Em resumo, o PPA é um plano</p><p>de longo prazo que orienta como serão realizadas grandes obras e serviços públicos para</p><p>melhorar a qualidade de vida da população.</p><p>O primeiro Plano Nacional de Educação começou em 1962, durante a vigência da primeira Lei</p><p>de Diretrizes e Bases da Educação Nacional, Lei nº 4.024/1961, como uma iniciativa do</p><p>Ministério da Educação e Cultura, aprovada pelo Conselho Federal de Educação. Era um</p><p>conjunto de metas a serem atingidas em oito anos. Em 1965, passou por uma revisão, que</p><p>introduziu normas para incentivar planos estaduais. Com a Constituição Federal de 1988, a</p><p>ideia de um plano nacional de longo prazo ressurgiu, cinquenta anos após a primeira tentativa</p><p>oficial. A lei também instituiu a “Década da Educação” e estipulou que a União deve</p><p>encaminhar o Plano ao Congresso Nacional, um ano após a publicação da lei, com diretrizes e</p><p>metas para os dez anos seguintes, alinhadas com a Declaração Mundial sobre Educação para</p><p>Todos.</p><p>Em 10 de fevereiro de 1998, o Deputado Ivan Valente apresentou, na Câmara dos</p><p>Deputados, o Projeto de Lei nº 4.155, que "aprovou o Plano Nacional de Educação". Esse plano</p><p>foi feito em resposta aos compromissos do Fórum Nacional em Defesa da Escola Pública, desde</p><p>a época da Assembleia Nacional Constituinte. Ele incorporou ideias discutidas nos congressos</p><p>de educação e contribuições de vários setores da sociedade civil. O autor destaca na</p><p>justificativa a importância desse documento, que trata de questões sociais, culturais,</p><p>políticas e educacionais do Brasil, fundamentado nas lutas por uma sociedade mais justa e</p><p>igualitária.</p><p>O PNE (2001-2010) pode ser caracterizado, conforme estudos de Melo e Moura (2017), como</p><p>um plano mais formal, carecendo de mecanismos de financiamento e demonstrando uma</p><p>articulação frágil com políticas mais abrangentes. Na prática, esse plano não conseguiu</p><p>orientar diretrizes de planejamento, gestão e implementação, resultando em significativos</p><p>desafios para a educação brasileira. Por sua vez, o PNE (2014-2024) apresenta uma</p><p>ampliação de metas e objetivos mais específicas e focalizadas, abordando questões, como a</p><p>expansão do acesso à educação, a melhoria na qualidade do ensino, a valorização dos</p><p>profissionais da educação e a destinação de 10% do Produto Interno Bruto (PIB) à</p><p>educação.</p><p>O PNE, entrando em seu último ciclo no ano de 2024, apresentou alguns avanços em relação</p><p>às metas indicadas, mas ainda mostra os desafios para se pensar a próxima década em</p><p>termos de qualidade educacional. Em seguida, podemos ver um quadro-síntese sobre algumas</p><p>metas do PNE ligadas à formação de professores e à universalização da educação e seus</p><p>indicadores de cumprimento.</p><p>META 1: Universalizar até 2016 a educação</p><p>infantil (4 e 5 anos), com cobertura de pelo menos</p><p>50% das crianças até 3 anos.</p><p>A taxa de cobertura foi de 37% para crianças até 3 anos em</p><p>2019 e de 94,1% para 4 e 5 anos.</p><p>META2: Universalizar o ensino fundamental (6</p><p>a 14 anos) e garantir que pelo menos 95%</p><p>dos alunos concluam na idade recomendada.</p><p>A cobertura sofreu grande impacto entre 2020 e 2021,</p><p>período da pandemia, com frequência ou conclusão em 95,9%,</p><p>abaixo do índice estimado em 2013, de 96,9%. Quanto à</p><p>conclusão na idade recomendada, o índice estava em 81,1%</p><p>na idade até 16 anos, em 2021, bem abaixo dos 95%</p><p>projetados para 2024.</p><p>META 7: Fomentar a qualidade da educação básica</p><p>em todas as etapas.</p><p>Nesse caso, houve evolução positiva, com aumento das taxas de</p><p>aprovação. Contudo, seja para o ensino fundamental ou médio,</p><p>ainda há um número significativo de alunos com desempenho</p><p>situado nos</p><p>níveis mais baixos das escalas de proficiência em</p><p>Língua Portuguesa e Matemática.</p><p>META 12: Elevar a taxa bruta de matrícula (TBM)</p><p>na educação superior para 50% e a taxa líquida de</p><p>escolarização (TLE) para 33% da população de 18 a</p><p>24 anos, com expansão para, pelo menos, 40% das</p><p>novas matrículas no segmento público.</p><p>Todos os indicadores estão abaixo do planejado. A TBM</p><p>alcançou 37,4% em 2021, enquanto a meta para 2024 é de</p><p>50%. A TLE ficou em 25,5% no mesmo período. A participação</p><p>do segmento público na expansão de matrículas de graduação</p><p>foi de 3,6% entre 2012 e 2020, muito distante dos 40%</p><p>estipulados.</p><p>META 13: Elevar a qualidade da educação superior</p><p>e ampliar a proporção de mestres e doutores do</p><p>corpo docente para 75%, com, no mínimo, 35% de</p><p>doutores.</p><p>O objetivo de atingir 75% dos docentes com mestrado ou</p><p>doutorado foi alcançado em 2015 e chegou a 83,8% em 2020.</p><p>No mesmo ano, o número de doutores chegou a 48,9%.</p><p>META 15: Garantir, em regime de colaboração</p><p>dos entes federativos, que os professores de</p><p>educação básica possuam formação específica</p><p>de nível superior.</p><p>Em 2021, as docências ministradas por professores com</p><p>formação superior adequada à área de conhecimento</p><p>atingiram o percentual de 60,7% na educação infantil, 71,2%</p><p>nos anos iniciais do ensino fundamental, 58,5% nos anos finais</p><p>do ensino fundamental e 66,6% no ensino médio; índices ainda</p><p>longe dos 100% planejados.</p><p>META 16: Formar, em nível de pós-graduação,</p><p>50% dos professores da educação básica e</p><p>garantir formação continuada para 100%.</p><p>O percentual de professores da educação básica com pós-</p><p>graduação (lato sensu ou stricto sensu) passou de 30,2% para</p><p>44,7%, em 2021. O percentual de professores da educação</p><p>básica que realizaram cursos de formação continuada</p><p>aumentou, no período de 2013 a 2021, de 30,6% para 40,0%.</p><p>Quadro 2 | Análise das metas do PNE (2014-2024). Fonte: adaptado de Agência do Senado</p><p>(2023).</p><p>Em síntese, podemos observar que, em relação às metas voltadas para a formação de</p><p>professores em nível superior, tivemos uma significativa melhora, bem como na formação</p><p>continuada, todavia a execução real das 20 metas propostas do plano não foi satisfatória.</p><p>A partir dos relatórios de acompanhamento emitidos nos últimos anos, podemos destacar que</p><p>o Plano Nacional de Educação (PNE) representa um marco importante para a educação</p><p>brasileira, estabelecendo metas e diretrizes para o aprimoramento do sistema educacional do</p><p>país. Desde a sua implementação, alguns avanços foram observados. Houve uma expansão</p><p>significativa do acesso à educação, com maior inclusão de crianças e jovens nas salas de aula,</p><p>especialmente nas etapas iniciais do ensino. Também, é um importante instrumento para</p><p>promoção de discussões e planos, visando a melhorias na qualidade do ensino, com ênfase no</p><p>fortalecimento da formação de professores, na modernização dos métodos pedagógicos e na</p><p>avaliação contínua dos resultados educacionais.</p><p>Contudo, o PNE enfrenta desafios consideráveis para sua total efetivação. É importante</p><p>destacarmos também que a pandemia da Covid-19 trouxe desafios adicionais, evidenciando a</p><p>necessidade de adaptações rápidas e eficazes para garantir a continuidade do ensino. A</p><p>equidade digital também se tornou uma questão crítica, uma vez que a falta de acesso à</p><p>tecnologia prejudicou a participação igualitária dos estudantes nas atividades remotas.</p><p>Pode-se concluir que o PNE representa um esforço significativo entre todos os entes</p><p>federados e a sociedade civil para fortalecer e reconhecer a importância da educação no</p><p>Brasil, com avanços significativos ao longo da história, mas ainda enfrenta desafios</p><p>persistentes que demandam atenção contínua e esforços coordenados para garantir uma</p><p>educação inclusiva, equitativa e de qualidade.</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Acadêmico, retomando a discussão inicial da nossa aula sobre a situação apresentada na</p><p>escola da Célia, é importante ressaltarmos que se trata de uma situação complexa</p><p>META 17: Valorizar profissionais das redes públicas</p><p>de educação básica, com equiparação do rendimento</p><p>médio ao dos demais profissionais com escolaridade</p><p>equivalente até 2020.</p><p>A equiparação do rendimento médio dos profissionais do</p><p>magistério das redes públicas de educação básica aumentou de</p><p>65,2%, em 2012, para 82,5% em 2021. Prevista para 2020,</p><p>a meta não foi alcançada.</p><p>envolvendo mudanças no âmbito da política educacional na totalidade. Porém, a partir dos</p><p>estudos realizados, podemos observar que se faz necessário traçar novos caminhos de</p><p>articulação, fiscalização e diálogo entre os entes federados, visando efetivar os objetivos e</p><p>as estratégias para alcançar as metas que ainda não foram satisfatoriamente atingidas.</p><p>Além disso, é necessário desenvolver diferentes instrumentos de acompanhamento e</p><p>implementação das metas, considerando a diversidade e a realidade brasileira a curto, médio</p><p>e longo prazo. Desse modo, pensar estratégias de avaliação, acompanhamento e intervenções</p><p>para atingir as metas é essencial. Cabe destacar que a participação da sociedade e o diálogo</p><p>com os educadores e gestores escolares são fundamentais para um panorama maior de como</p><p>superar os desafios e traçar novas metas e objetivos, visando à qualidade educacional.</p><p>Saiba Mais</p><p>Hora de aprofundar um pouco mais seus conhecimentos sobre os temas abordados na aula.</p><p>Consulte o site do PNE, elaborado pelo Ministério da Educação. Lá, você encontrará várias</p><p>informações importantes sobre o plano, como a apresentação da Lei nº 13.005/2014,</p><p>informações sobre as metas, relatórios de acompanhamento e compartilhamento de</p><p>experiências de cooperação entre municípios, visando à melhoria da realidade educacional.</p><p>Bons estudos!</p><p>Referências Bibliográficas</p><p>AGÊNCIA SENADO. As 20 metas do PNE e a avaliação do INEP. Agência Senado, 2023.</p><p>Disponível em: https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2023/02/17/as-20-metas-</p><p>do-pne-e-a-avaliacao-do-inep. Acesso em: 28 dez 2023.</p><p>BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da</p><p>educação nacional. Brasília: Presidência da República, [2024]. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 28 abr. 2024.</p><p>CAMPIONI, P. Órgãos de Educação: responsáveis pelo sistema educacional. Politize, 2018.</p><p>Disponível em: https://www.politize.com.br/orgaos-de-educacao-responsaveis-educacao/.</p><p>Acesso em: 26 dez. 2023.</p><p>COSTA, V. M. F. Federalismo e relações intergovernamentais: implicações para a reforma da</p><p>educação no Brasil. Educação & Sociedade, v. 31, p. 729-748, 2010.</p><p>https://pne.mec.gov.br/17-cooperacao-federativa/32-experiencias-de-cooperacao</p><p>https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2023/02/17/as-20-metas-do-pne-e-a-avaliacao-do-inep</p><p>https://www12.senado.leg.br/noticias/materias/2023/02/17/as-20-metas-do-pne-e-a-avaliacao-do-inep</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm</p><p>https://www.politize.com.br/orgaos-de-educacao-responsaveis-educacao/</p><p>MELO, T. G. S.; MOURA, D. H. PNE (2001-2010), PNE (2014-2024): orientações para a</p><p>Educação Profissional no Brasil. Holos, v. 3, p. 3-15, 2017.</p><p>PIMENTA, P. Plano Nacional de Educação entra na reta final sem cumprir maioria das metas.</p><p>Agência do Senado, 2023. Disponível em:</p><p>https://www12.senado.leg.br/noticias/infomaterias/2023/02/plano-nacional-de-educacao-</p><p>entra-na-reta-final-sem-cumprir-maioria-das-metas. Acesso em: 23 dez. 2023.</p><p>SAVIANI, D. Sistema nacional de educação articulado ao plano nacional de educação. Revista</p><p>Brasileira de Educação, v. 15, p. 380-392, 2010.</p><p>Aula 3</p><p>ORGANIZAÇÃO DA EDUCAÇÃO NACIONAL</p><p>Organização da educação nacional</p><p>Olá, estudante! Em continuidade aos nossos estudos, nesta aula, falaremos sobre como se</p><p>organizam e se dividem as etapas e modalidades da Educação Básica. Também, trataremos</p><p>sobre os aspectos envolvendo o financiamento e o acompanhamento das políticas públicas. São</p><p>vários pontos essenciais para sua formação acadêmica que se relacionam intimamente com</p><p>aquilo que acontece nos espaços escolares, considerando a realidade educacional</p><p>e a relação</p><p>da política pública com a educação no Brasil. Preparado? Juntos, trilharemos novos caminhos</p><p>de aprendizagem.</p><p>https://www12.senado.leg.br/noticias/infomaterias/2023/02/plano-nacional-de-educacao-entra-na-reta-final-sem-cumprir-maioria-das-metas</p><p>https://www12.senado.leg.br/noticias/infomaterias/2023/02/plano-nacional-de-educacao-entra-na-reta-final-sem-cumprir-maioria-das-metas</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, estudante! Durante esta aula, veremos a organização política e os modos pelos quais se</p><p>estrutura a Educação Básica, partindo das concepções relacionadas ao sistema federativo</p><p>brasileiro e ao papel dos entes federados. Para esse estudo, você deverá refletir sobre a</p><p>seguinte situação: Joana é uma estudante do curso de Pedagogia e, em breve, terá que</p><p>apresentar um seminário na sua sala sobre a organização da Educação Básica e os entes</p><p>federados. Como será seu primeiro seminário, Joana está com algumas dúvidas: quais</p><p>elementos são relevantes para a compreensão do funcionamento e da estruturação da</p><p>Educação Básica? Qual é a atribuição e o papel dos entes federados neste contexto e como</p><p>esses aspectos se relacionam com o trabalho do professor?</p><p>Partindo desses questionamentos, conheceremos um pouco mais sobre a organização do sistema</p><p>educacional brasileiro. Lembre-se de que esse é um momento importante de aprendizado, por</p><p>isso reserve um tempo para seus estudos e realize as reflexões propostas.</p><p>Boa leitura!</p><p>Vamos Começar!</p><p>Etapas e modalidades de ensino da Educação Básica ao ensino</p><p>superior</p><p>Conforme destacado no art. 21 da LDB de 1996, a educação nacional compõe-se de dois</p><p>níveis: a educação básica, formada pelas etapas da educação infantil, do ensino fundamental</p><p>e do ensino médio, e a educação superior, formada por cursos de graduação e pós-</p><p>graduação. Conforme os estudos de Bezerra et al. (2019), desde sua promulgação, a Lei nº</p><p>9.394/96.</p><p>trouxe significativas alterações para o sistema educacional, como reforma da educação</p><p>profissional, delimitação de porcentagem de financiamento educacional, ênfase em método</p><p>avaliativo contínuo e progressivo e formação de professores em nível superior. Além dos</p><p>níveis escolares, temos modalidades diversas para atender a todos os públicos, considerando</p><p>suas características específicas.</p><p>Quadro 1 | Níveis escolares.</p><p>Educação Básica</p><p>Educação Infantil</p><p>Creche – crianças de 0-</p><p>3 anos</p><p>Pré-escola – crianças de</p><p>4-5 anos</p><p>Ensino Fundamental</p><p>Anos Iniciais – 1º ao 5º</p><p>ano – crianças de 6-10</p><p>anos</p><p>Anos Finais – 6º ao 9º</p><p>ano –alunos de 11-14</p><p>anos</p><p>Ensino Médio – 1º ao 3º</p><p>ano – estudantes de 15-</p><p>17 anos</p><p>Educação Superior</p><p>Cursos sequenciais</p><p>Graduação</p><p>Licenciaturas</p><p>Bacharelados</p><p>Tecnólogos</p><p>Pós-graduação</p><p>Latu sensu</p><p>(Especialização)</p><p>Strictu sensu (Mestrado e</p><p>Doutorado)</p><p>Extensão</p><p>Modalidades de Ensino</p><p>Educação de Jovens e</p><p>Adultos</p><p>Educação Especial</p><p>Educação Profissional e</p><p>Tecnológica</p><p>Educação do Campo</p><p>Educação Indígena</p><p>Educação Quilombola</p><p>Educação em</p><p>estabelecimentos penais</p><p>Educação a Distância</p><p>Desse modo, dentro da estrutura e organização da educação brasileira, temos os níveis de</p><p>ensino (básico e superior), que se referem ao patamar geral de instrução alcançado pelos</p><p>estudantes ao término de um período de estudos. Dentro desses níveis, temos as etapas</p><p>(educação infantil, ensino fundamental e ensino médio), que representam um período</p><p>específico de formação escolar e as modalidades de ensino que se relacionam com a forma</p><p>como a educação é oferecida.</p><p>Em termos de organização da Educação Básica, conforme prevê o art. 23 da LDB, pode ser</p><p>feita “em séries anuais, períodos semestrais, ciclos, alternância regular de períodos de</p><p>estudos, grupos não-seriados, com base na idade, na competência e em outros critérios, ou por</p><p>forma diversa de organização, sempre que o interesse do processo de aprendizagem assim o</p><p>recomendar” (Brasil, 1996, [s. p.]). Em relação específica dos ciclos, no ensino fundamental,</p><p>conforme Resolução SE nº 74, de 8 de novembro de 2013, o art. 5º estabelece três ciclos em</p><p>regime de progressão continuada compreendidos como espaços temporais interdependentes e</p><p>articulados entre si, ao longo dos nove anos, sendo esses:</p><p>1. Ciclo de Alfabetização, do 1º ao 3º ano.</p><p>2. Ciclo Intermediário, do 4º ao 6º ano.</p><p>3. Ciclo Final, do 7º ao 9º ano.</p><p>Os ciclos, neste contexto, tratam de uma forma de organização pedagógica que divide os anos</p><p>dessa etapa da educação em períodos nos quais os estudantes avançam para o próximo ano</p><p>sem a necessidade de reprovação. No primeiro ciclo, o foco maior está na alfabetização e no</p><p>desenvolvimento das habilidades iniciais de leitura, escrita e raciocínio matemático. No ciclo</p><p>seguinte, o objetivo é consolidar e ampliar os conhecimentos adquiridos nos ciclos iniciais. E no</p><p>último ciclo, a finalidade é preparar os alunos para a transição ao ensino médio, consolidando</p><p>e aplicando os conhecimentos adquiridos.</p><p>Financiamento da educação brasileira: do Fundef ao novo Fundeb</p><p>No Brasil, o financiamento da educação provém de recursos da União, dos estados, do Distrito</p><p>Federal e dos municípios. A Constituição Federal estabelece que, no mínimo, 18% da receita</p><p>de impostos arrecadados pela União e, no mínimo, 25% da receita de impostos arrecadados</p><p>pelos estados, pelo Distrito Federal e pelos municípios devem ser destinados à educação</p><p>pública. Dentre esses valores, 20% de determinados impostos listados na Constituição</p><p>Federal compõem a receita do Fundo de Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básica e</p><p>de Valorização dos Profissionais da Educação (Fundeb). Quando essa parcela de 20% não é</p><p>suficiente para garantir uma educação de qualidade, conforme indicadores nacionais, a União</p><p>complementa esse montante para assegurar os padrões mínimos de manutenção e</p><p>desenvolvimento da Educação Básica no país.</p><p>A LDB apresenta, em seu art. 68, que os recursos financeiros, provindos da educação, serão</p><p>arrecadados de “receita de impostos próprios da União, dos Estados, do Distrito Federal e</p><p>dos Municípios; receita de transferências constitucionais e outras transferências; receita do</p><p>salário-educação e de outras contribuições sociais; receita de incentivos fiscais; outros</p><p>recursos previstos em lei” (Brasil, 1996, [s. p.]).</p><p>Um dos principais órgãos responsáveis por executar parte das ações do MEC relacionadas à</p><p>Educação Básica, prestando auxílio financeiro e técnico aos municípios, é o Fundo Nacional de</p><p>Desenvolvimento da Educação (FNDE), criado pela Lei nº 5.537, de 21 de novembro de 1968.</p><p>As transferências financeiras são realizadas mediante de mecanismos constitucionais,</p><p>automáticos e voluntários, através de convênios. Entre alguns dos programas sob</p><p>responsabilidade do FNDE, estão: Programa Nacional de Alimentação Escolar, Salário-</p><p>Educação, Programa Dinheiro Direto na Escola e Programa Nacional do Livro Didático.</p><p>Conforme Castioni, Cardoso e Capuzzo (2020), inicialmente, o Fundo de Manutenção e</p><p>Desenvolvimento do Ensino Fundamental e de Valorização do Magistério (Fundef), aprovado</p><p>pela Emenda Constitucional nº 14, de 1996, foi um mecanismo de redistribuição de recursos</p><p>para manutenção e desenvolvimento do ensino fundamental no âmbito de cada estado.</p><p>Pontos positivos do fundo foram evidenciados como, ampliação das matrículas no</p><p>ensino fundamental nos Municípios, redução das desigualdades nos recursos per</p><p>capita entre eles, promovendo a municipalização e universalização dessa etapa da</p><p>educação básica. No entanto, o financiamento restringiu-se ao ensino fundamental;</p><p>as demais etapas e modalidades da educação básica ficaram em segundo plano</p><p>quanto à cobertura, à infraestrutura e à contratação de professores, tanto nos</p><p>estados-membros como nos municípios. (Castioni; Cardoso; Capuzzo, 2020, p. 83)</p><p>Apesar dos avanços no ensino fundamental, o Fundef não conseguiu reverter as</p><p>desigualdades regionais e estaduais em termos do valor aluno. O Fundef foi encerrado e, em</p><p>31 de dezembro de 2006, foi instituído, pela Emenda Constitucional (EC) nº 53/2006, e</p><p>regulamentado,</p><p>pela Lei nº 11.494/2007, o Fundeb, em substituição ao Fundef, com vigência</p><p>de 2007-2020. Em comparação ao Fundef, o Fundeb tem a função de redistribuir a maior</p><p>parte dos recursos estaduais e municipais destinados à educação, abrangendo desde a creche</p><p>até o ensino médio, ou seja, todas as etapas e modalidades da educação básica.</p><p>Cada estado e o Distrito Federal possuem um fundo que opera como uma espécie de conta</p><p>coletiva. Nela, entram recursos de diferentes fontes, como impostos estaduais, municipais e,</p><p>em alguns casos, repasses do governo federal para estados e municípios. Cada fundo</p><p>estadual distribui seus recursos conforme o número de estudantes que estão matriculados em</p><p>sua rede de Educação Básica. Essa regra é estabelecida a partir dos dados obtidos do Censo</p><p>Escolar do ano anterior, tendo como base um valor mínimo por aluno estabelecido pelo</p><p>Governo Federal.</p><p>O dinheiro arrecadado e distribuído pelo Fundeb pode ser usado, por exemplo, para</p><p>pagamento dos salários dos professores da rede pública e formação continuada, mas não</p><p>deve ser usado no pagamento de profissionais em desvio de função e outras despesas</p><p>especificadas no art. 71 da LDB.</p><p>Desde 2020, temos o Novo Fundeb, o qual, por meio da Emenda Constitucional nº 108/2020,</p><p>passou a ser mecanismo permanente de financiamento da Educação Básica. Entre as</p><p>mudanças propostas, estão o aumento do patamar da complementação da União para 23% e</p><p>prioridade à educação infantil. Com a aprovação e a regulamentação do novo Fundeb,</p><p>renovam-se as esperanças de fortalecimento do sistema educacional.</p><p>O aumento gradual da participação da União nos recursos destinados à Educação Básica é</p><p>uma medida significativa para assegurar padrões mínimos de qualidade em todo o país.</p><p>Espera-se que o novo Fundeb não apenas mantenha os avanços conquistados mas também</p><p>impulsione melhorias adicionais. A focalização em áreas críticas, como a formação de</p><p>professores e a infraestrutura escolar, é essencial para elevar os padrões educacionais.</p><p>Além disso, a constante avaliação e adaptação do Fundeb às demandas emergentes do</p><p>cenário educacional brasileiro são cruciais para garantir sua eficácia a longo prazo.</p><p>Siga em Frente...</p><p>O Censo Escolar e o acompanhamento da efetivação das políticas</p><p>públicas</p><p>O Censo Escolar é um importante instrumento de coleta de dados da educação brasileira,</p><p>realizado anualmente sob a coordenação do Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas</p><p>Educacionais Anísio Teixeira (Inep). Os dados coletados pelo Censo são fundamentais para a</p><p>formulação de políticas públicas e a execução de programas na área da educação. Trata-se</p><p>de uma pesquisa de caráter estatístico em regime de colaboração entre as secretarias</p><p>estaduais e municipais de educação e com a participação de todas as escolas públicas e</p><p>privadas do país, sendo aplicado da seguinte forma:</p><p>A primeira etapa do Censo Escolar coleta informações sobre os estabelecimentos de</p><p>ensino, gestores, turmas, alunos e profissionais escolares em sala de aula. A segunda</p><p>etapa coleta informações sobre o movimento e o rendimento escolar dos alunos, ao</p><p>final do ano letivo. O Censo Escolar é realizado anualmente e a declaração é</p><p>obrigatória para todas as escolas públicas e privadas do país. Além disso, é</p><p>regulamentado por instrumentos normativos que instituem a obrigatoriedade, os</p><p>prazos, os responsáveis e suas responsabilidades, bem como os procedimentos para</p><p>realização de todo o processo de coleta de dados. (Brasil, 2023, [s. p.])</p><p>Por ser um teste aplicado em regime de colaboração, existem responsabilidades e deveres</p><p>entre os envolvidos. As funções podem ser visualizadas no quadro a seguir.</p><p>Quadro 2 | Censo Escolar. Fonte: adaptado de Brasil (2023).</p><p>Os dados censitários desempenham um papel crucial no acompanhamento e na avaliação do</p><p>desenvolvimento dos sistemas de ensino em todo o país. Essas informações são essenciais</p><p>Responsável Função</p><p>INEP</p><p>Definir e disponibilizar o cronograma das atividades, dos instrumentos e dos</p><p>meios para aplicação do Censo; também, organiza e compartilha os resultados</p><p>obtidos</p><p>Gestores estaduais e</p><p>municipais</p><p>Treinar os agentes que coordenarão o processo censitário nas respectivas</p><p>escolas. Acompanhar e controlar o censo em sua região.</p><p>Diretores e dirigentes</p><p>escolares</p><p>Responsáveis por preencher as informações do Censo Escolar da Educação</p><p>Básica no Sistema Educacenso e pela veracidade das informações declaradas.</p><p>para análises comparativas e estudos, subsidiando a formulação de políticas públicas e a</p><p>distribuição de recursos. Os dados do Censo Escolar também são fundamentais para a gestão</p><p>de diversos programas federais, como PNLD, PNAE, PNAT, PDDE, ProInfo, entre outros.</p><p>O Censo Escolar, junto a avaliações do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb),</p><p>fornece resultados sobre o rendimento e o movimento escolar dos alunos do ensino</p><p>fundamental e do ensino médio. Esses dados são utilizados no cálculo do Índice de</p><p>Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB), um indicador de referência para as políticas</p><p>educacionais brasileiras.</p><p>Vamos Exercitar?</p><p>Estudantes, retomando o caso da Joana, apresentado inicialmente nesta aula, podemos</p><p>sugerir alguns pontos importantes para discussão e apresentação do seminário. Pode-se</p><p>começar com uma apresentação contextualizando um pouco sobre o sistema federativo no</p><p>Brasil e o regime de colaboração entre os entes federados e, a partir desses aspectos,</p><p>categorizar e diferenciar as modalidades e etapas de ensino da Educação Básica e do Ensino</p><p>Superior, destacando o papel da União, dos estados e dos municípios na organização e na</p><p>responsabilidade sobre cada etapa e modalidade. Essa relação é importante para</p><p>compreendermos como as políticas se articulam com o sistema educacional e sua estruturação.</p><p>Saiba Mais</p><p>Acadêmico, nossos estudos não param por aqui! Precisamos avançar nas discussões e buscar</p><p>novos conhecimentos, não é mesmo? Desse modo, indicamos a leitura do artigo Direito à</p><p>educação básica: cooperação entre os entes federados”. Nele, a autora discute o sistema</p><p>federativo brasileiro e o regime colaborativo, visando garantir os preceitos da Constituição</p><p>Federal sobre o direito à educação para todos.</p><p>ARAÚJO, G. C. de. Direito à educação básica: a cooperação entre os entes</p><p>federados. Retratos da escola, v. 4, n. 7, 2010.</p><p>Bons estudos!</p><p>Referências Bibliográficas</p><p>BEZERRA, W. M. et al. Níveis e modalidades da educação brasileira após a LDB 9394/96. In:</p><p>CONGRESSO NACIONAL DE EDUCAÇÃO, 6., 2019, Fortaleza. Anais [...]. Fortaleza: CONEDU,</p><p>2019. Disponível em:</p><p>https://editorarealize.com.br/editora/anais/conedu/2019/TRABALHO_EV127_MD4_SA2_I</p><p>D7387_16082019142006.pdf. Acesso em: 25 jan. 2024.</p><p>BRASIL. Lei nº 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases da</p><p>educação nacional. Brasília: Presidência da República, [2024]. Disponível em:</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 28 abr. 2024.</p><p>BRASIL. INEP – Censo Escolar. Brasília: MEC, 2023. Disponível em:</p><p>https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/pesquisas-estatisticas-e-</p><p>indicadores/censo-escolar. Acesso em: 25 jan. 2024.</p><p>CASTIONI, Remi; CARDOSO, Mônica Serafim; CAPUZZO, Alisson. FUNDEF, FUNDEB e Novo</p><p>FUNDEB: perspectivas para o financiamento da educação de Estados e Municípios. Revista</p><p>Educação, Cultura e Sociedade, v. 10, n. 1, 2020.</p><p>SÃO PAULO. Resolução nº 74, de 8 de novembro de 2013. Dispõe sobre a reorganização do</p><p>Ensino Fundamental em Regime de Progressão Continuada, oferecido pelas escolas públicas</p><p>estaduais, e dá providências correlatas. São Paulo: Secretaria de Educação, [2024].</p><p>Disponível em: http://siau.edunet.sp.gov.br/ItemLise/arquivos/74_13.HTM?</p><p>Time=19/08/2014. Acesso em: 25 jan. 2023.</p><p>Aula 4</p><p>AVALIAÇÃO DA EDUCAÇÃO NACIONAL E</p><p>A RELAÇÃO COM AS POLÍTICAS</p><p>EDUCACIONAIS</p><p>https://editorarealize.com.br/editora/anais/conedu/2019/TRABALHO_EV127_MD4_SA2_ID7387_16082019142006.pdf</p><p>https://editorarealize.com.br/editora/anais/conedu/2019/TRABALHO_EV127_MD4_SA2_ID7387_16082019142006.pdf</p><p>https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm</p><p>https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/pesquisas-estatisticas-e-indicadores/censo-escolar</p><p>https://www.gov.br/inep/pt-br/areas-de-atuacao/pesquisas-estatisticas-e-indicadores/censo-escolar</p><p>http://siau.edunet.sp.gov.br/ItemLise/arquivos/74_13.HTM?Time=19/08/2014</p><p>http://siau.edunet.sp.gov.br/ItemLise/arquivos/74_13.HTM?Time=19/08/2014</p><p>Avaliação da educação nacional e a relação com as</p><p>políticas educacionais</p><p>Olá, estudante! Nesta aula, conversaremos sobre o IDEB, as políticas educacionais e a relação</p><p>das avaliações e políticas com a qualidade educacional. Esse é um tema vital e importante</p><p>para nossa formação docente. Você já se perguntou como se acompanha a efetivação de</p><p>políticas públicas? Como se mensura ou avalia se ela foi ou não efetiva? Pensando nessas</p><p>questões, discutiremos esse assunto em nossa aula. É hora de adquirir novos conhecimentos!</p><p>Contamos com você! Bons estudos!</p><p>Ponto de Partida</p><p>Olá, acadêmico! Até agora, estamos conversando sobre as políticas, a legislação educacional, o</p><p>financiamento da educação e a estrutura da Educação Básica. Neste momento, partindo</p><p>desses saberes prévios, aprofundaremos a discussão sobre a relação entre avaliação</p><p>educacional, políticas educacionais e qualidade da educação. Para isso, imagine a seguinte</p><p>situação: Carla, professora da rede pública de ensino, está participando da semana de</p><p>formação pedagógica do seu município. As palestras deste ano são sobre a temática da</p><p>qualidade educacional. Diante das falas apresentadas no evento, Carla levantou os seguintes</p><p>questionamentos: o que seria a qualidade educacional e como ela se relaciona com o trabalho</p><p>pedagógico que eu desenvolvo em sala de aula? Como acompanhar e gerir a efetivação das</p><p>políticas públicas voltadas para a Educação Básica?</p><p>Essas questões levantadas por Carla são pertinentes e significativas, por isso, não perca</p><p>elas de vista, pois subsidiarão nossas discussões seguintes. Bons estudos!</p><p>Vamos Começar!</p><p>Índice de Desenvolvimento da Educação Básica (IDEB)</p><p>Provavelmente, ao longo da sua formação acadêmica ou profissional, você já realizou algum</p><p>tipo de avaliação. Esse é um aspecto importante das práticas educacionais e não se aplica só</p><p>aos contextos de sala de aula, mas engloba a avaliação em uma escala maior, no contexto</p><p>nacional, para identificarmos aspectos positivos e negativos do ensino brasileiro e os pontos</p><p>de melhoria, visando à qualidade da educação oferecida.</p><p>Para avaliar a qualidade da Educação Básica, elaborar e repensar políticas públicas nacionais</p><p>no âmbito educacional, é necessário utilizar alguns dados estatísticos e instrumentos de</p><p>avaliação. Desse modo, desde 2007, temos a aferição do Índice de Desenvolvimento da</p><p>Educação Básica (IDEB), o qual foi criado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas</p><p>Educacionais Anísio Teixeira (Inep), como parte do Plano de Desenvolvimento da Educação</p><p>(PDE). O resultado do IDEB serve para avaliar a qualidade da aprendizagem em âmbito</p><p>nacional e estabelecer metas para aprimorar o ensino. Quando falamos em qualidade na</p><p>educação, pensamos na eficácia e na relevância do sistema educacional, considerando a</p><p>multiplicidade de fatores que envolve esse sistema, como a aprendizagem dos estudantes, a</p><p>equidade, os currículos, os recursos, a infraestrutura, os professores etc. Desse modo, trata-</p><p>se de um conceito complexo e que ainda apresenta divergências entre os teóricos sobre sua</p><p>definição exata.</p><p>O IDEB permite que a população e o governo monitorem a qualidade da educação por meio de</p><p>dados concretos, visando a melhorias. O cálculo é baseado em dois componentes principais: a</p><p>taxa de rendimento escolar (aprovação) e as médias de desempenho em exames, como Prova</p><p>Brasil, nome pelo qual é conhecida a Avaliação Nacional de Rendimento Escolar (Anresc), e</p><p>Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb). Essas provas compõem o Sistema de Avaliação</p><p>da Educação Básica (SAEB). Os índices de aprovação são obtidos a partir do Censo Escolar.</p><p>Desse modo, de forma simplificada, o IDEB mostra em que medida os estudantes estão</p><p>aprendendo e passando de ano em uma escala de 0 a 10. Conforme Jeduca (2018), para</p><p>alcançar níveis mais altos no IDEB, é essencial aumentar tanto o número de estudantes com</p><p>boas notas quanto o de alunos aprovados. Em outras palavras, é necessário garantir a</p><p>aprendizagem e o progresso dos alunos. Não é suficiente ter estudantes com notas elevadas</p><p>se isso resultar em reprovações frequentes, impedindo a conclusão da educação básica. Da</p><p>mesma forma, não é desejável aprovar estudantes sem o devido aprendizado, apenas para</p><p>aumentar as taxas de conclusão de curso.</p><p>O Decreto nº 6.094, de 24 de abril de 2007, em seu art. 3º, assim dispõe sobre o Plano de</p><p>Metas Compromisso Todos pela Educação:</p><p>A qualidade da educação básica será aferida, objetivamente, com base no IDEB,</p><p>calculado e divulgado periodicamente pelo INEP, a partir dos dados sobre rendimento</p><p>escolar, combinados com o desempenho dos alunos, constantes do censo escolar e do</p><p>Sistema de Avaliação da Educação Básica - SAEB, composto pela Avaliação Nacional</p><p>da Educação Básica - ANEB e a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Prova</p><p>Brasil). O IDEB será o indicador objetivo para a verificação do cumprimento de</p><p>metas fixadas no termo de adesão ao Compromisso. (Brasil, 2007, [s. p.])</p><p>Podemos observar que o IDEB desempenha um papel significativo na avaliação e na melhoria</p><p>do sistema educacional, fornecendo uma medida abrangente da qualidade do ensino no Brasil.</p><p>Sua importância se estende a diversos aspectos, destacando-se como uma ferramenta valiosa</p><p>para a compreensão do panorama educacional e a implementação de políticas eficazes. Com</p><p>base nos estudos de Vasconcelos, Leal e Cerqueira Araújo (2020), a partir da avaliação do</p><p>IDEB, o Ministério da Educação (MEC) concede apoio técnico e financeiro aos municípios que</p><p>apresentaram índices insuficientes de qualidade de ensino. A provisão de recursos é</p><p>realizada mediante a participação no Compromisso Todos pela Educação e na elaboração do</p><p>Plano de Ações Articuladas (PAR).</p><p>O PAR é uma estratégia de suporte técnico e financeiro que proporciona aos entes federados</p><p>uma ferramenta abrangente para diagnóstico e planejamento de políticas educacionais.</p><p>Por fim, o IDEB pode ser calculado tanto por etapas de ensino quanto por dimensões</p><p>geográficas e administrativas. Para compreender um pouco mais como se dá o cálculo do IDEB,</p><p>é necessário considerarmos a seguinte fórmula (Jeduca, 2018):</p><p>, e</p><p>Em que:</p><p>i = ano do exame (Saeb e Prova Brasil) e do Censo Escolar.</p><p>IDEB</p><p>ji</p><p>= N</p><p>ji</p><p>P</p><p>ji</p><p>0 ≤ N</p><p>j</p><p>; 0 ≤ 10; 0 ≤ P</p><p>j</p><p>0 ≤ IDEB</p><p>j</p><p>≤ 10</p><p>Nji = média da proficiência em Língua Portuguesa e Matemática, padronizada para um</p><p>indicador entre 0 e 10, dos alunos da unidade j, obtida em determinada edição do exame</p><p>realizado ao final da etapa de ensino.</p><p>Pji = indicador de rendimento baseado na taxa de aprovação da etapa de ensino dos alunos</p><p>da unidade j.</p><p>Em suma, o IDEB desempenha um papel fundamental na avaliação, no monitoramento e no</p><p>aprimoramento da Educação Básica no Brasil, proporcionando uma base sólida para a</p><p>implementação de políticas educacionais eficazes e o avanço constante na qualidade do</p><p>ensino.</p><p>Sistema de Avaliação da Educação Básica</p><p>Conforme Bonamino e Franco (1999), o surgimento do SAEB está ligado à demanda do Banco</p><p>Mundial para desenvolver um sistema de avaliação. Essa demanda, junto ao interesse do MEC</p><p>em estabelecer um sistema abrangente de avaliação educacional a partir da década de</p><p>1990, resultou inicialmente na criação do Sistema Nacional de Avaliação do Ensino Público de</p><p>1º Grau (SAEP). Apesar de uma aplicação piloto em 1988 nos estados do Paraná e do Rio</p><p>Grande do Norte, dificuldades financeiras impediram o progresso do projeto. Somente em</p><p>1990, com a alocação de recursos pela Secretaria Nacional de Educação Básica, o SAEB pôde</p><p>ser efetivamente lançado.</p><p>O Sistema de Avaliação da Educação Básica constitui</p>