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Vocês conhecem a disciplina Direito Penal Especial e Extravagante e sua importância na sua formação acadêmica? Vamos entender para que serve esta disciplina? O Direito Penal Especial se concentra em delitos específicos, como crimes contra a ordem econômica, crimes ambientais e crimes de trânsito. Essa especialização permite que os alunos entendam profundamente as nuances desses crimes e desenvolvam competências especializadas. A disciplina de Direito Penal Especial oferece uma oportunidade única de adquirir um conhecimento profundo sobre regras e regulamentos específicos. Isso é valioso para quem busca uma carreira como advogado, promotor, juiz ou consultor jurídico, uma vez que muitos casos envolvem crimes especializados, mostrando-se por demais importante para aqueles que atuam nas áreas ligadas à segurança e precisam conhecer esses delitos Muitos setores, como o financeiro, o ambiental e o de trânsito, exigem especialistas em Direito Penal Especial para lidar com questões legais complexas. Ter essa especialização pode tornar você um candidato mais atraente para empregadores e agências governamentais. Os profissionais com conhecimento em Direito Penal Especial e Extravagante têm uma ampla gama de oportunidades de carreira. Eles podem trabalhar como advogados de defesa, promotores, advogados de empresas, consultores de conformidade ou até mesmo no setor público, como é o caso das carreiras policiais Além do conhecimento, a disciplina de Direito Penal Especial ajuda a desenvolver habilidades analíticas, de pesquisa e argumentação, que são essenciais para o sucesso profissional. Em síntese: o Direito Penal Especial e Extravagante é uma disciplina fundamental para a sua formação e carreira. Ela oferece conhecimento especializado e habilidades que são altamente valorizadas no mercado de trabalho, abrindo portas para diversas oportunidades profissionais. Portanto, dediquem-se ao estudo do Direito Penal Especial e Extravagante, pois ele será um ativo valioso em sua jornada educacional e profissional. Crimes Contra o Patrimônio Propósito Realizar uma análise precisa dos crimes contra o patrimônio é essencial na formulação de soluções jurídicas para os conflitos sociais a partir da correta interpretação constitucional dos institutos de Direito Penal pelo profissional de ciências jurídicas. Preparação Antes de iniciar seus estudos, pesquise e acesse os arts. 155 a 180 do Código Penal (CP) para investigar as figuras típicas contra o patrimônio. Objetivos · Identificar os conceitos de patrimônio para fins penais e as figuras típicas do delito de furto. · Distinguir as condutas de furto, roubo, extorsão e extorsão mediante sequestro. · Categorizar os delitos de usurpação, dano e apropriação indébita. · Avaliar as figuras típicas de estelionato, as demais fraudes e a receptação. Introdução Antes de iniciarmos os estudos sobre os crimes contra o patrimônio, há uma série de indagações a serem respondidas para que possamos compreender melhor suas características elementares. Elenquemos três delas: · Qual é o conceito de patrimônio para fins penais? · Que conceitos de Direito Civil precisam ser revisitados para a compreensão do alcance das expressões “propriedade”, “posse” e “detenção”, assim como de suas características? · Qual é a distinção entre o bem móvel e o imóvel? Perceba que tais indagações resultam da interdisciplinaridade do Direito. Graças à compreensão de tais conceitos, podemos identificar o bem jurídico-penal tutelado e os critérios utilizados pelo legislador para fins de tipificação e diferenciação das principais figuras típicas contra o patrimônio. O conceito de patrimônio utilizado para fins extrapenais pode ser compreendido como o conjunto de relações jurídicas de um indivíduo com um potencial economicamente apreciável. Nesse conceito, são incluídas as relações jurídicas positivas e negativas, ou seja, créditos e débitos. Diferentemente disso, o Direito Penal somente contempla o conceito de patrimônio positivo. É fácil compreender essa distinção, uma vez que não é possível imaginar o interesse na realização do furto de um débito ou dívida. Ainda que utilizemos o valor econômico para caracterizar o patrimônio, podemos acrescentar no âmbito penal outro critério: Valor de troca: Corresponde ao valor economicamente apreciável. Valor de uso: Corresponde ao valor sentimental conferido ao bem. Segundo Greco (2019), ambos são objeto de proteção do Direito Penal. Exemplo: Pensemos numa boneca de pano guardada por uma neta como recordação de sua avó. Ainda que tal bem móvel só possua valor sentimental, ele poderá ser objeto de crimes contra o patrimônio, como furto e roubo. Crimes Contra Dignidade Sexual Propósito As modalidades dos crimes sexuais integram importante parte do ordenamento jurídico penal, sendo fundamental que se conheçam as modalidades, os elementos dos tipos penais em espécie e que se reflita sobre o que estrutura tais delitos. Preparação Antes de iniciar este tema, tenha em mãos a Constituição e o Código Penal. Objetivos · Identificar os crimes contra a liberdade sexual. · Reconhecer os crimes sexuais contra vulneráveis. · Analisar os delitos do título “lenocínio e tráfico de pessoa para fim de prostituição ou outra forma de exploração sexual”. · Classificar os tipos do “ultraje público ao pudor”. Introdução Abusos sexuais de toda espécie são uma realidade infeliz em todo o mundo. Suas diversas modalidades distribuem-se desigualmente em nosso país e atingem, principalmente, mulheres negras, pobres e periféricas (ANDRADE, 2018). Além disso, ao contrário do senso comum, diversas pesquisas têm noticiado que os principais agressores, especialmente no que se refere ao crime de estupro, são homens dos círculos de convivência íntimo de mulheres (IPEA, 2014). Considerando essas condições, iniciamos este duro tema convidando você, que é estudante, a quebrar os paradigmas hegemônicos sobre “autores” e “vítimas” e a refletir de forma sistêmica sobre o assunto, mais especificamente, sobre como o cisheteropatriarcado influencia a ocorrência desses fatos. Chamamos atenção para uma visão mais estrutural de como a “cultura do estupro” (SOUSA, 2017), aqui abrigando uma ampla gama de abusos sexuais, tem contextualizado os delitos com maior ocorrência nos módulos que apresentamos. Queremos despertar em você senso crítico para, não só conhecer as espécies de delito, que é sobre o que mais nos debruçaremos neste material, mas também para problematizar qualquer estereotipo lançado a respeito das partes envolvidas e todo tipo de cultura antidemocrática que subjaz aos conflitos que descreveremos. Uma das evidências de como o sexismo influiu – e ainda influi –, inclusive na legislação criminal, é o fato que, até 2005, para crimes como “Sedução” (art. 217), “Rapto violento ou mediante fraude” e “Rapto consensual” (arts.219 e 220), se o algoz se casasse com a vítima, haveria uma diminuição de pena (art. 221). Essa prática contribui para a construção cultural de que não há abusos em casamentos instituídos e tem intimidado, há décadas, mulheres a denunciarem casos de abusos no próprio lar. Além disso, havia dispositivo (revogado) que previa aumento de pena (art. 226, III) caso o agressor fosse casado e, a pior violação de todas: todo o título VI, até 2009, era chamado de “crimes contra os costumes”. A partir desta linguagem, reforçava-se que tais delitos não tutelavam a liberdade sexual, a dignidade humana, ou sequer o direito à sexualidade, mas sim os “costumes” da família baseada na moralidade cristã. Por esses e outros motivos, por muitas décadas, o sistema de justiça criminal assentou o entendimento, amparado na legislação disponível, de que mesmo com aparência de violação sexual, muitas práticas, desde que costumazes e praticadas em meio ao seio familiar, não configuravam crime. Assim, também, tudo o que transcendia a moralidade desse modelo de família nuclear, não constituía violação relevante, motivo pelo qual a população LGBTQI+ e as(os) trabalhadoras(es) sexuais encontram grandes dificuldades ao enfrentaro sistema quando são vítimas de crimes sexuais. Neste conteúdo, portanto, exploraremos todos os chamados crimes sexuais e, em síntese, buscamos nesta introdução incentivar uma pesquisa interdisciplinar sobre o tema. Isto é, uma busca engajada aos pontos que possam ir além dos limites da racionalidade jurídico descritiva, e implicar cada um para a discussão pública e pauta de práticas democraticamente localizadas no trato das pessoas que vivem conflitos como esses. Qualquer um/a que atua no sistema de justiça criminal e está diante de casos como esses deve se revisitar sempre, sobretudo para não reproduzir os mecanismos de vitimização secundária das pessoas que relatam abusos, produzindo ainda maior sofrimento a essas partes.