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21/03/17 – 27/03/17 - 28/03/17 BACTÉRIAS GRAM-NEGATIVAS 1. NIESSEIRA SP. ❖ Taxonomia: • Família: Neisseriaceae • Gênero: Neisseria • Espécies: gonorhoeae, meningitides, outros ▪ Agente etiológico da gonorreia (neisseria gonorheae) ▪ Agente etiológico da meningite menincocócica (neisseira meningitides) – uma das meningites mais letais ❖ Características gerais do gênero: • São cocos gram-negativos, que geralmente estão em pares (diplococcos intracelulares) ▪ Geralmente estão encontrados dentro dos leucócitos • Aeróbias estritas: dependem do oxigênio para o metabolismo, produzem catalase e superóxido desmutase • Capsuladas ou não, sendo as capsuladas mais resistentes • Imóveis e não esporulados • Oxidam vários carboidratos formando ácido (geralmente o lático), porém sem a formação de gás ❖ NEISSERIA GONORHOEA • Transmitida principalmente pela via sexual, mas pode ocorrer transmissão vertical infecção decorrente do contato durante o nascimento, devido à passagem do neonato pelas mucosas de uma mãe portadora • Para prevenção de possíveis infecções, é inserido o nitrato de prata nos olhos do neonato, pois as bactérias neisseria sp. são sensíveis a ele previne oftalmia gonorreica ▪ No caso de filhas, é inserido o nitrato de prata também na genitália externa • Epidemiologia – DST mais disseminada devido aos fatores: ▪ Alto grau de transmissibilidade prevenção com preservativo ▪ Alta taxa de portadores assintomáticos ✓ Sintomatologia é mais característica em homens (uretrite), mulheres são mais assintomáticas ▪ Não tem vacinação ✓ Carboidratos presentes na neisseria estão sempre se modificando, dificultando o desenvolvimento de uma vacina para um antígeno específico da parede celular ▪ Aumento da resistência aos antimicrobianos – as neisserias são sensíveis a antibióticos simples, mas devido ao uso inadequado, as bactérias se tornam resistentes ▪ Liberdade sexual torna a doença mais descontrolada • Fatores de virulência ▪ Lipo-oligossacarídeos: não são chamados coletivamente de LPS, mas de antígeno somático O ✓ Apresentam cadeias curtas do antígeno somático O ▪ Lipídeo A permanece igual ▪ Pili: Aumenta a fixação do organismo na mucosa do hospedeiro. É sempre produzido pelo gênero neisseriagonoheae ▪ IgA secretória estão, geralmente, nas mucosas – a bactéria produz essa enzima (proteinase) que vai destruir a IgA presente nas mucosas, facilitando a penetração dos microorganismos Mecanismos de Agressão e Defesa | Mariana Gurgel 2 ▪ Proteínas por formam poros na superfície da célula do hospedeiro alteram a permeabilidade seletiva da membrana, provocando a lise celular • Aspectos clínicos: ▪ Infecções genitais: uretrite, vaginite, cervicite ✓ Complicações no homem: epididimite, prostatite, etc ✓ Complicações nas mulheres: abcessos tubo ovarianos, doença inflamatória pélvica (PID) ▪ Sintomatologia normal: sensação de prurido, disúria (dor ao urinar), corrimento (inicialmente mucoide, depois se torna abundante e purulento) ▪ Complicações: infecções disseminadas bacteremia, dor nas articulações, endocardite • Tratamento: doxiciclina ou tetraciclina, VO, dose única ❖ NEISSERIA MENINGITIDES • Transmitida por gotículas de saliva entre pessoas com contato prolongado • Estas bactérias podem ser chamadas de meningococcus, por isso o nome da doença é meningite meningocócica • Aspectos clínicos: ▪ Inflamação das meninges, cujos sintomas resultam da infecção e da PIC aumentada cefaleia, febre, calafrio e rigidez da nuca (sintomas iniciais, maior frequência), além da desorientação e comprometimento da memória ✓ Crianças e recém-nascidos – vomito em jato OBS: doença pré-natal de risco precoce ocorre devido a Streptococcus gram-negativos galactae, quando começam a se multiplicar muito. Antes do parto, devem ser administradas altas doses de penicilina ou eritromicina para prevenir que o recém-nascido adoeça sintomas semelhantes aos de meningite ou pneumonia ▪ Meningococcemia (apoplexia) – complicação da meningite. Quando as bactérias Neisseria meningitides estão na circulação, elas estimulam a liberação de fatores de coagulação, que podem permitir a formação de trombose dos pequenos vasos sanguíneos e comprometimento de múltiplos órgãos ✓ Quando os trombos são formados, dificultam a passagem do sangue. Os vasos se rompem devido ao comprometimento de vários vasos, pode ser desencadeada uma coagulação intravascular disseminada com choque endotóxico irreversível ✓ São observadas petéquias, principalmente nos membros inferiores e no tronco • Tratamento: deve ser um antimicrobiano capaz de atravessar a BHE e a bactéria deve ser sensível a ele. Geralmente o clorafenicol, que deve ter uso restrito, pois o seu uso a longo prazo causa a anemia aplásica (redução na produção dos elementos figurados do sangue pela MO) 2. GRAM-NEGATIVAS FERMENTADORAS: ENTEROBACTÉRIAS ❖ Taxonomia • Família: enterobacteriaceae • Grupos: ▪ Enterobactérias Bacilos gram-negativos fermentadores: escherichia spp, shiguella spp, salmonela enterica, enterobacter spp, citrobacter spp, proteis spp, klebisiella spp, providencia spp Mecanismos de Agressão e Defesa | Mariana Gurgel 3 ✓ Klebisiella pneumoniae carbapenae produz uma enzima chamada de carbapenase, que inativa o antimicrobiano carbapeneno – induz resistência ao antibiótico que seria normalmente utilizado ▪ Bacilos gram-negativos não-fermentadoras: pseudomonas spp, moraxella spp, acinetobacter spp e stenotrophomonas spp responsáveis por infecções oportunistas ❖ Características gerais • São bacilos gram-negativos • Geralmente imóveis, porém algumas espécies e gêneros apresentam flagelos peritríquios • Anaeróbias facultativas • Fermentam a glicose como fonte de carbono para obtenção de energia • Reduzem nitrato a nitrito • Utilizam amônia como fonte de energia • São catalase positivos • São oxidase negativos – a enzima oxidase é produzida apenas nos fermentadores ❖ Estrutura antigênica • Antígeno somático O é a parte polissacarídica da LPS (é uma endotoxina termoestável) OBS 1: ▪ Endotoxinas, quando liberadas, matam a bactéria ▪ Exotoxinas podem ser liberadas e ela permanecer viva OBS 2: ▪ Termoestável: são constituintes que suportam elevadas temperaturas até certo tempo ▪ Termolábel: são constituintes que são inativados por elevadas temperaturas • Antígeno capsular K: apresenta natureza polissacarídica em algumas enterobactérias e proteica em outras. É termolábel e só está presente nas bactérias que possuem cápsula • Antígeno flagelar H: localiza-se nos flagelos e são desnaturados pelo calor e removidos pelo álcool ❖ ESCHERICHIA COLI • A maioria das infecções causadas pela E. Coli são endógenas, ou seja, não são provenientes de fontes externas, mas do próprio organismos (Ex: intestino, pois faz parte da microbiota normal desse local) • Este microorganismo está associado a uma série de doenças, incluindo meningite, gastroenterites, infecções das vias urinarias e sepse (infecção generalizada) • Fatores de virulência ▪ Lipopolissacarídeo (endotoxina) fator de virulência comum às bactérias gram-negativas ▪ Cápsula – protege os microorganismos da fagocitose ▪ Elevada resistência a antimicrobianos – devido ao processo de transferência dos plasmídeos no processo de conjugação ▪ Adesinas – são proteínas (podem ser fimbrias, glicocálice, fibrilas) que têm a capacidade de aderir ao trato gastrointestinal ou nas vias urinárias ▪ Exotoxinas – são toxinas extracelulares que podem ser excretadas nos tecidos do hospedeiro. Estas toxinas incluem as toxinas de Shiga (STx-1, STx-2), toxinas termoestáveis (STa e STb) e toxinas termolábeis (LT-I e LT-II) • Síndromes clínicas ▪ Sepse geralmente origina-se de infecções nas vias urinárias ou no TGI Mecanismos de Agressão e Defesa |Mariana Gurgel 4 ▪ Infecção do trato urinário: são infecções que podem afetar a uretra, bexiga e rins (pielonefrite); tem origem intestinal, na qual as bactérias podem migrar e colonizar as regiões periuretrais I. Quadro clínico da cistide ▪ Disúria – dor ao urinar ▪ Polaciúria – necessidade iminente de urinar ▪ Hematúria – presença de sangue na urina ▪ Lombalgia ▪ Febre II. Quadro clínico da pielonefrite ▪ Dor intensa ▪ Náuseas ▪ Vômito ▪ Febre ▪ Sudorese III. Quadro clínico da gastroenterite – causada por diferentes cepas de E. coli ▪ EPEC – E. coli enteropatogênica ✓ Inclui vários tipos de antígeno somático O ✓ Associada a várias diarreias em bebês (porque estes não possuem imunidade protetora) ✓ Capacidade de aderir nas células epiteliais do intestino delgado com subsequente destruição das microvilosidades (lesão attaching) OBS: Diarreia tem impacto no ID, enquanto a disenteria é relacionada ao IG, apresentando muco e sangue nas fezes ▪ EHEC – E. coli enterohemorrágica ✓ A doença é mais comum nos lugares quentes e a incidência é mais elevada em crianças com menos de 5 anos ✓ Maioria dos casos foi atribuída ao consumo de carne moída ou através carnes pouco cozidas, leites, etc ✓ Produz a toxina de Shiga, conhecida como verotoxina (semelhante à toxina produzida pela shiguella dysenteriae) ▪ ETEC – E. coli enterotoxigênica ✓ Comum em países em desenvolvimento; presente em maior frequência em pessoas viajantes ✓ Produz duas toxinas: termolábeis e termoestáveis ✓ A diarreia produzida se desenvolve após um período de incubação de 1 a 2 dias e persiste por 3 a 4 dias ✓ Sintomas incluem: diarreia aquosa, cólicas abdominais, náuseas e vômitos ▪ EIEC – E. coli enteroinvasora ✓ Capazes de invadir e destruir o epitélio do cólon, produzindo uma doença caracterizada incialmente por diarreia aquosa ✓ Pode progredir para a forma disentérica, que consiste em cólicas abdominais fortes, febre, sangue e leucócitos nas fezes ▪ EAEC – E. coli enteroagregativa Mecanismos de Agressão e Defesa | Mariana Gurgel 5 ✓ Tem sido identificada como causa de diarreia aquosa persistente com desidratação ✓ Estimula a produção de muco aprisionando as bactérias em um biofilme que recobre o epitélio do ID, provocando o encurtamento das microvilosidades ❖ SHIGUELLA – 4 espécies 1. SHIGELLA FLEXNERI 2. SHIGELLA BOIDII 3. SHIGELLA SONNEI 4. SGUIGELLA DESYNTERIAE • Causa a disenteria bacilar • Epidemiologia ▪ A shiguella ou disenteria bacilar é uma doença aguda dos intestinos, particularmente no cólon ▪ As shiguellas são introduzidas no organismo via oral-fecal (derivados fecais e por pessoas com mãos contaminadas e com menor frequência através dos alimentos e líquidos) • Síndromes clínicas ▪ Cólicas abdominais, disenteria, febre ▪ Os sinais e os sintomas surgem de a 30 minutos a 3 dias após a ingestão das bactérias ▪ A infecção ocorre devido a liberação de uma exotoxina camada toxina de shiga, produzindo ulcerações na mucosa do cólon ❖ OUTRAS ENTEROBACTÉRIAS: Proteus, morganella, providencia, lebseiella, emterobacter, citrobacter • Todas essas espécies são encontradas regularmente no interior do intestino humano e acometem principalmente o trato urinário, podendo também causar otite, infecções na pele, peritonite, pneumonia, infecções hospitalares e outros 3. GRAM-NEGATIVOS NÃO-FERMENTADORES ❖ Introdução • Estes grupos são taxonomicamente heterogêneos, distribuindo-se em numerosos gêneros e/ou espécies • Os mais significativos são: pseudomonas aeruginosas, acinetobacter balmanii, stenotrophomonas maltophilia e moraxella catarrhalis ❖ Características gerais • São microorganismos aeróbios estritos • Não esporulados • Não fermentam carboidratos como fonte de energia • Os pacientes se caracterizam pelo fato de apresentarem as seguintes condições: ▪ Uso de instrumentos cirúrgicos, cateterização, traqueostomia, punção lombar e respiração mecânica ▪ Tratamento prolongado com corticoesteroides, antimicrobianos e quimioterápicos ▪ Doenças crônicas com complicações infecciosas (fibrose cistia,DPOC) ▪ Queimaduras, feridas abertas e lesões exudativas ❖ PSEUDOMONAS AERUGINOSAS • Características gerais Mecanismos de Agressão e Defesa | Mariana Gurgel 6 ▪ São germes ubiquitários (encontrados no solo, na água, matéria orgânica em decomposição, etc.) ▪ São bactérias oportunistas, restritas praticamente a pacientes com defesas comprometidas, hospitalizados, idosos e com grandes queimaduras • Epidemiologia ▪ Transmissão entre pacientes: hospitais, centros de reabilitação ▪ Utilização indiscriminada de antimicrobianos ▪ Infecção de pacientes imunocomprometidos e queimados • Aspectos clínicos ▪ Bacteremia: presença de bactérias no sangue ✓ Bacteremia transitória: pode ser da manipulação de superfícies mucosas não estéreis como procedimentos urológicos, odontológicos, endoscopia, outros ✓ Bacteremia intermitente: devido a abcessos não drenados intra-abdominais, pélvicos e hepáticos ✓ Bacteremia continua: característica de endocardite e febres entéricas como samonelose, leptospirose, brucelose e outros OBS: qualquer bactéria presente no corpo pode causar bacteremia, mas geralmente é transitória e possui pouca probabilidade de desenvolver infecção generalizada ▪ Desenvolvimento pode ser por: ✓ DPOC ✓ Infecções no ouvido – muito dolorosas e difíceis de tratar ✓ Queimaduras ✓ Infecção hospitalar (feridas cirúrgicas, escaras/úlceras de decúbito, lesões cutâneas) ❖ ACINETOBACTER BALMANII • É a segunda em importância entre os bacilos gram-negativos não fermentadoras, estando muito abaixo das pseudomonas aeruginosas em número de ocorrências • São isoladas em hospitais como oportunistas por infecções respiratórias • Desenvolvidas em ambientes úmidos e são contaminantes comuns em equipamento de terapia respiratória, ocasionando pneumonia associada a ventiladores mecânicos ❖ STERNOTROPHOMONAS MALTOPHILIA • Considerado um importante patógeno oportunista hospitalar • Causa pneumonias, bacteremias e infecções de feridas cirúrgicas • Epidemia hospitalar para este microorganismo foram observados devido aos desinfetantes e outros • Tratamento com vancomicina, eritromicina, pois são resistentes a aminoglicosídeos, penicilina e imipenem ▪ Aminoglicosídeos (gentomicina) são nefrotóxicos, ototóxicos e neutoróxicos ▪ Essas bactérias produzem beta-lactamase, que destrói o anel beta-lactamico, que é o grupo químico responsável pela ação terapêutica das penicilinas ▪ Imipenem é um tipo de carbanen. As bactérias podem produzir a enzima carbapenase, que vai inibir o carbapene, impedindo a ação terapêutica ❖ MORAXELLA CATARRHALIS • Presente normalmente na microbiota normal do trato respiratório superior; mas pode causar bronquites nos pacientes portadores de DPOC • São bactérias imóveis; são sensíveis a penicilina, eritromicina, tetraciclina e outros