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Juizados Especiais Cíveis - Comentários à legislação © Fernando Augusto de Vita Borges de Sales J. H. MIZUNO 2019 Revisão: Paulo de Moraes Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (eDOC BRASIL, Belo Horizonte/MG) S163j Sales, Fernando Augusto de Vita Borges de. Juizados especiais cíveis: comentários à legislação / Fernando Augusto de Vita Borges de Sales. – Leme (SP): JH Mizuno, 2019. 272 p. : 16 x 23 cm Inclui bibliografia ISBN 978-85-7789-427-7 1. Acesso à justiça – Brasil. 2. Juizados especiais cíveis - Brasil. I. Título. CDD 347.81067 Elaborado por Maurício Amormino Júnior – CRB6/2422 Nos termos da lei que resguarda os direitos autorais, é expressamente proibida a reprodução total ou parcial destes textos, inclusive a produção de apostilas, de qualquer forma ou por qualquer meio, eletrônico ou mecânico, inclusive através de processos xerográficos, reprográficos, de fotocópia ou gravação. 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Aos amigos de advocacia e de docência Marcel Kléber Mendes, Magda Torquato de Araújo, Marco Aurélio Sanches, Ricardo Manssini, Amira Abdo, Vander Brusso da Silva, Geancarlos Lacerda Prata, Vanessa Vieira de Mello, Evandro Anibal, Marco Lorencini, Glauco Baub Boschi, Paulo Henrique de Oliveira, Cibele Mara Dugaich e Andrea Wild. À toda equipe da Editora JHMizuno. Agradecimento especial a Patrícia de Rosa Pucci, amiga de todas as horas. Dedicatória Dedico este livro ao Dr. Mauro Russo, que me deu a primeira oportunidade profissional no mundo do Direito, e com quem muito aprendi sobre a arte da advocacia. Para Lorena, como sempre. “Aquele que habita no esconderijo do Altíssimo, à sombra do Onipresente descansará”. (Salmos, 91:1) Apresentação Caro leitor, É com muito orgulho que vejo essa nova obra ganhar corpo e vir à luz, podendo dividi-la com você, esperando que lhe seja útil, tanto nos estudos acadêmicos como na utilização prática do dia a dia do profissional do Direito. O juizado especial cível contempla, hoje, uma importante parcela do sistema processual brasileiro. Para mim, o JEC tem um significado especial, pois foi onde iniciei meu aprendizado nas lides forenses, por volta de 1992 quando, recém-formado e inscrito nos quadros da OAB, passei a cuidar das ações de “pequenas causas” do escritório do saudoso Dr. Antonio Russo, ainda na égide da Lei nº 7.244/1984. (Foi de minha autoria o primeiro mandado de segurança impetrado no âmbito dos Juizados no Estado de São Paulo – e no Colégio Recursal central ninguém sabia como proceder com ele…). Fazíamos as audiências no período da noite – elas começavam às 18 horas e não tinham hora para acabar (e eu me lembro de um dia sair do JEC do fórum regional de Santo Amaro, em São Paulo, depois das 23h00!) – meio que na base do improviso. Sobreveio a Lei nº 9.099/1995, e as pequenas causas viraram juizados especiais cíveis, que ganharam estrutura e se “profissionalizaram”. Por conta disso tudo, fazer um livro sobre o JEC sempre foi um sonho. Iniciei esse projeto há algum tempo, mas ele acabou sendo engavetado, em razão de outros mais urgentes. Mas, agora, finalmente, levei-o a cabo e, com o apoio da Editora JH Mizuno, ele se torna realidade. Na presente obra, comentamos apenas a parte cível (arts. 1º ao 59) da Lei nº 9.099/1995, artigo por artigo, parágrafo por parágrafo, acrescentando e fazendo remissão à legislação pertinente, bem como aos enunciados do FONAJE e do FONAJEF, súmulas dos Tribunais Superiores, entre outros. Além disso, e como bônus, comentamos também as Leis nº 12.153/2009 (Juizados Especiais da Fazenda Pública) e nº 10.259/2001 (Juizados Especiais Federais). E tudo isso de acordo com o novo Código de Processo Civil! O objetivo, como sempre, é ser simples, pretendendo mais facilitar do que complicar, produzindo uma ferramenta funcional, e não um mero exercício acadêmico. E, como sempre, esperamos tê-lo alcançado. Saudações! São Paulo, junho de 2018. O autor. Lista de abreviações ADCT – Atos das Disposições Constitucionais Transitórias BACEN – Banco Central do Brasil CC – Código Civil CDC – Código de Defesa do Consumidor CF – Constituição Federal CLT – Consolidação das Leis do Trabalho CP – Código Penal CPC – Código de Processo Civil CTN – Código Tributário Nacional DRT – Delegacia Regional do Trabalho EAOAB – Estatuto da Advocacia e da Ordem dos Advogados do Brasil FONAJE – Fórum Nacional dos Juizados Especiais FONAJEF – Fórum Nacional dos Juizados Especiais Federais FPPC – Fórum Permanente de Processualistas Civis JEC – Juizados Especiais Cíveis JEFP – Juizados Especiais da Fazenda Pública JEF – Juizados Especiais Federais LACP – Lei da ação civil pública LAP – Lei da ação popular LArb – Lei da Arbitragem LF – Lei de Recuperação e Falências LI – Lei do Inquilinato LINDB – Lei de Introdução às Normas do Direito Brasileiro LMS – Lei do mandado de segurança par. único – Parágrafo único RPV – Requisição de pequeno valor STJ – Superior Tribunal de Justiça STF – Supremo Tribunal Federal TJ – Tribunal de Justiça TRF – Tribunal Regional Federal TRT – Tribunal Regional do Trabalho TST – Tribunal Superior do Trabalho TRJEFSP – Turma Recursal dos Juizados Especiais Federais de São Paulo TUJEF – Turma de uniformização de interpretação do Juizado Especial Federal. Sumário PARTE I. Apontamentos sobre o sistema dos Juizados Especiais 1. Dos Juizados Especiais de Pequenas Causas aos Juizados Especiais Cíveis: um pouco de história 2. A Lei nº 9.099/1995 e os Juizados Especiais Cíveis 3. A Lei nº 12.153/2009 e os Juizados Especiais da Fazenda Pública 3.1. O sistema dos Juizados Especiais estaduais 4. A Lei nº 10.259/2001 e os Juizados Especiais Federais PARTE II. Comentários à Lei 9.099/1995 – Juizados Especiais Cíveis Art. 1º Art. 2º Art. 3º Art. 4º Art. 5º Art. 6º Art. 7º Art. 8º Art. 9º Art. 10 Art. 11 Art. 12 Art. 13 Art. 14 Art. 15 Art. 16 Art. 17 Art. 18 Art. 19 Art. 20 Art. 21 Art. 22 Art. 23 Art. 24 Art. 25 Art. 26 Art. 27 Art. 28 Art. 29 Art. 30 Art. 31 Art. 32 Art. 33 Art. 34 Art. 35 Art. 36 Art. 37 Art. 38 Art. 39 Art. 40 Art. 41 Art. 42 Art. 43 Art. 44 Art. 45 Art. 46 Art. 47 Art. 48 Art. 49 Art. 50 Art. 51 Art. 52 Art. 53 Art. 54 Art. 55 Art. 56 Art. 57 Art. 58 Art. 59 PARTE III. Comentários à Lei nº 12.153/2009 – Juizados Especiais da Fazenda Pública Art. 1º Art. 2º Art. 3º Art. 4º Art. 5º Art. 6º Art. 7º Art. 8º Art. 9º Art. 10 Art. 11 Art. 12 Art. 13 Art. 14 Art. 15 Art. 16 Art. 17 Art. 18 Art. 19 Art. 20 Art. 21 Art. 22 Art. 23 Art. 24 Art. 25 Art. 26 Art. 27 Art. 28 PARTE IV. Comentários à Lei nº 10.259/2001 – Juizados Especiais Cíveis Federais Art. 1º Art. 2º Art. 3º Art. 4º Art. 5º Art. 6º Art. 7º Art. 8º Art. 9º Art. 10 Art. 11 Art. 12 Art. 13 Art. 14 Art. 15 Art. 16 Art. 17 Art. 18 Art. 19 Art. 20 Art. 21 Art. 22 Art. 23 Art. 24 Art. 25 Art. 26 Art. 27 PARTE V. Revisão de conteúdo: Questões de concursos referentes aos Juizados Especiais PARTE VI. Referências bibliográficas APÊNDICEaplicáveis no JEC, por incompatibilidade procedimental. FONAJE, enunciado 163. Os procedimentos de tutela de urgência requeridos em caráter antecedente, na forma prevista nos arts. 303 a 310 do CPC/2015, são incompatíveis com o Sistema dos Juizados Especiais. Tutelas provisórias e multa cominatória. No deferimento das tutelas provisórias, o juiz poderá estabelecer multa diária pelo seu descumprimento (CPC/2015, art. 297). A multa cominada será revertida em favor do autor, podendo ser executada antes mesmo do trânsito em julgado da sentença, sendo cabível desde o descumprimento da medida, não estando limitada ao valor de 40 salários mínimos. FONAJE, enunciado 22. A multa cominatória é cabível desde o descumprimento da tutela antecipada, nos casos dos incisos V e VI, do art. 52, da Lei nº 9.099/1995. FONAJE, enunciado 120. A multa derivada de descumprimento de antecipação de tutela é passível de execução mesmo antes do trânsito em julgado da sentença. FONAJE, enunciado 144. A multa cominatória não fica limitada ao valor de 40 salários mínimos, embora deva ser razoavelmente fixada pelo Juiz, obedecendo ao valor da obrigação principal, mais perdas e danos, atendidas as condições econômicas do devedor. Requisitos do pedido. Como vimos acima, no procedimento do JEC, do pedido não se exigem os rigores de uma petição inicial. O pedido deve ser deduzido em forma simples e em linguagem acessível, especialmente se a causa, pelo seu valor, não exigir a representação por advogado (art. 9º, primeira parte). Os requisitos do pedido são: 1) identificação das partes , que são os elementos subjetivos da demanda, contendo o nome, a qualificação e o endereço do autor e do réu. Isso é importante para que se possa individualizar e identificar a ação e para que se possa aferir a legitimidade; 2) causa de pedir , apontando os fatos e os fundamentos do pedido, de forma sucinta, mas que permita compreender a lide, propiciando a garantia ao contraditório e à ampla defesa; e, 3) pedido , delimitando o objeto da ação e o seu valor. FONAJE, enunciado 39. Em observância ao art. 2º da Lei nº 9.099/1995, o valor da causa corresponderá à pretensão econômica objeto do pedido. Pedido genérico. Pedido genérico é aquele que não se pode determinar no início do processo, por não dispor, ainda, de todos os elementos necessários para mensurar a extensão da obrigação, como ocorre nas ações de ato ilícito, em que o valor depende de fatores ainda não ocorridos (como, por exemplo, a alta médica para saber o valor total da conta do hospital). O procedimento do JEC admite o pedido genérico, embora o juiz, ao julgar, deverá liquidá-lo (art. 38, par. único). Pedido oral. Pelo princípio da oralidade, admite-se que o pedido seja deduzido oralmente (art. 14). Quando o pedido for deduzido oralmente, a Secretaria do Juizado deverá reduzi- lo a termo, ou seja, “colocá-lo no papel”, de sorte a documentá-lo. Pedidos alternativos. O pedido alternativo tem lugar quando a obrigação que se pretende que se cumpra é alternativa (CC, arts. 252 a 256). Obrigações alternativas são aquelas que permitem o seu cumprimento por mais de uma forma, cuja escolha, em geral, cabe ao devedor, salvo estipulação contratual em sentido contrário. O procedimento do JEC admite pedidos alternativos, conforme permissão desse art. 15 em comento. Pedidos cumulativos. Cumular pedidos é juntar vários pedidos num mesmo processo. Verdadeiramente, se trata de cumulação de ações, porque cada pedido cumulado se refere a uma ação, que poderia ser deduzido individual e independentemente em demanda própria. A autorização da lei que permite ao autor cumular pedidos decorre do princípio da economia processual, evitando, destarte, a proliferação de demandas. No sistema do JEC, admite-se a cumulação de pedidos, desde que eles sejam conexos. Além disso, no caso do inciso I do art. 3º, a soma do valor dos pedidos cumulados não pode ultrapassar ao limite de 40 salários mínimos. Recebendo o pedido. O pedido é apresentado na forma do art. 14, não estando sujeito a distribuição nem a autuação, mas deve ser registrado. Ato contínuo, a Secretaria deverá designar audiência de conciliação, citando-se o réu na forma do art. 18. Em regra, o pedido não é submetido previamente à apreciação do juiz, não havendo necessidade de despachá-lo. A exceção fica por conta dos pedidos em que há requerimento de tutela provisória ou em casos de improcedência liminar do pedido. Improcedência liminar do pedido (CPC/2015, art. 332). Improcedência é a rejeição da pretensão do autor. Improcedência liminar é aquela que ocorre logo no início do processo, in limine litis (no começo da lide), antes da citação do réu. Ajuizada e distribuída a ação, o juiz, verificando a ocorrência das hipóteses do art. 332 do CPC/2015, deverá julgar improcedente o pedido. Não se trata de ato discricionário nem de uma faculdade do juiz, mas de imposição legal (…o juiz… julgará liminarmente improcedente o pedido…). São cinco as hipóteses previstas no CPC/2015 em que haverá a improcedência liminar. Quatro delas (previstas no caput do art. 332) decorrem da aplicação de precedentes da jurisprudência: I) quando o pedido contrariar súmula do STF ou STJ; II) quando contrariar acórdão do STF ou STJ em julgamento de recursos repetitivos; III) quando contrariar decisão do STF ou STJ em incidente de demandas repetitivas ou de assunção de competência; IV) quando contrariar súmula do tribunal de justiça sobre direito local. A quinta hipótese, prevista no § 1º, do art. 332, ocorre nos casos de reconhecimento de prescrição ou decadência. Além disso, a improcedência liminar só pode ocorrer nas causas que dispensam a fase instrutória, ou seja, em ações que versem sobre matéria de direito ou, se de fato, que seja provada apenas por prova documental. Se a ação demanda instrução processual com a produção de outras provas (testemunhal ou pericial) não será possível julgar liminarmente a improcedência. É importante salientar que o instituto da improcedência liminar do pedido, do art. 332 do CPC/2015, tem aplicação nos procedimentos do Juizado Especial Cível, conforme entendimento do enunciado 101 do FONAJE: FONAJE, enunciado 101. O art. 332 do CPC/2015 aplica-se ao Sistema dos Juizados Especiais; e o disposto no respectivo inc. IV também abrange os enunciados e súmulas de seus órgãos colegiados (nova redação – XXXVIII Encontro – Belo Horizonte-MG). O objetivo desse dispositivo legal é abreviar a atuação judicial quando se trata de ações repetitivas (que possuem o mesmo fundamento e/ou objeto, embora entre partes diferentes), que, em sua maioria, são ações que envolvem relações de consumo. Ora, se a ação vai ser mesmo julgada improcedente, não há sentido em se despender tempo e dinheiro do Poder Judiciário só para instruí-la com atos inúteis (citação e resposta do réu, designação de audiência, etc.). Vale ressaltar, desde logo, não haver nada de errado ou de inconstitucional com o referido dispositivo legal. Não há afronta ao princípio do contraditório, como pretendem alguns. É que o julgamento de plano só pode ocorrer quando for caso de improcedência da ação, não havendo qualquer prejuízo para o réu ou para a defesa. Como ensina Luiz Guilherme Marioni (2007: 364), o réu é o principal beneficiado pelo instituto do julgamento liminar das ações repetitivas, uma vez que fica dispensada de convencer o juízo de primeiro grau a respeito da improcedência. Esse entendimento é perfilhado por Fredie Didier Jr. (2007: 420): não há qualquer violação à garantia do contraditório, tendo em vista que se trata de um julgamento de improcedência. O réu não precisa ser ouvido para sair vitorioso. Não há qualquer prejuízo para o réu decorrente da prolação de uma decisão que lhe favoreça. Comparecimento conjunto das partes. Se, a fim de solucionar o litígio existente, as partes comparecerem conjuntamente perante o Juizado, será instaurada, imediatamente, a sessão de conciliação (art. 21). Nesse caso, não haverá necessidadede registro prévio – o registro será feito posteriormente – nem de citação – por conta do comparecimento espontâneo do réu. No caso de comparecimento conjunto, conforme divisado no caput, em havendo pedido contraposto, o juiz poderá dispensar a formalidade da contestação e apreciar ambos os pedidos na mesma sentença. Na realidade, o que vai ocorrer é que, se não for possível obter a conciliação, cada parte deduzirá a sua pretensão, o juiz as analisará e decidirá. Citação. Citação é o ato pelo qual o juízo comunica ao réu a existência de uma ação contra ele, possibilitando-o de se defender. Através da citação se garante o contraditório, princípio constitucional estampado na CF, art. 5º, LV. A citação é pressuposto de constituição e desenvolvimento válido do processo, sem o qual o processo não pode prosseguir, sendo que a ausência de citação válida acarreta a nulidade do processo. Para ser válida, a citação deve ser feita na forma da lei. No caso, o art. 18, em comento, estabelece as formas pela qual a citação deverá ser realizada no procedimento do JEC. Formas de citação. No procedimento do JEC, a citação pelo correio é a regra. Ela se faz através de uma carta de citação expedida pelo juízo ao endereço do réu com aviso de recebimento (AR). O AR é o comprovante de que a correspondência foi efetivamente entregue no endereço declinado. Ele deverá sempre identificar o recebedor, sendo devolvido ao cartório para posterior juntada aos autos, fazendo prova da citação. Se o AR não identificar o recebedor, temos que a citação não se aperfeiçoou. Quando frustrada a tentativa de citação pelo correio, ou for ela invalidada pelo juízo, far-se-á a citação por oficial de justiça. Também se fará assim se a parte autora requerer na petição inicial. Para a citação por oficial de justiça não há a necessidade da expedição de mandado de citação, bastando apenas a contrafé a ser entregue ao réu. As diligências a serem efetuadas pelos oficiais de justiça, mesmo em cartas precatórias, independem do pagamento de custas. FONAJE, enunciado 44. No âmbito dos Juizados Especiais, não são devidas despesas para efeito do cumprimento de diligências, inclusive, quando da expedição de cartas precatórias. Citação pessoal do réu pessoa física. Como regra geral, a citação, para ser válida, deve ser feita ao réu, pessoalmente, mesmo – e principalmente – quando realizada pelo correio. O inciso I desse art. 18 estabelece peremptoriamente que a correspondência deve ser entregue em mão própria. Logo, no caso de réu pessoa física, o AR assinado por pessoa diversa não deveria ser considerado válido. Todavia, o enunciado 5 do FONAJE revela entendimento diferente, admitindo que a simples entrega da carta de citação no endereço do réu, desde que o recebedor seja identificado, torna eficaz o ato. FONAJE, enunciado 5. A correspondência ou contrafé recebida no endereço da parte é eficaz para efeito de citação, desde que identificado o seu recebedor. Citação do réu pessoa jurídica e a teoria da aparência. A citação da pessoa jurídica se perfaz com o simples recebimento da contrafé pela pessoa encarregada da recepção, desde que identificada. Desta forma, não se exige que a citação seja feita ao representante legal da pessoa jurídica, mas tão somente a quem aparenta ter esse poder. A ideia é que, se a pessoa jurídica confiou a importante tarefa de receber as correspondências a ela dirigidas a uma dada pessoa, é porque essa pessoa tem poderes para receber a citação. Trata-se da teoria da aparência, já pacificada em nossos tribunais e positivada por meio do inciso II do art. 18 em comento. Requisitos da citação. Para que a citação se aperfeiçoe, ela deve atender aos requisitos estabelecidos nesse § 1º, sem os quais a citação será nula. É necessário que contenha cópia do pedido, para que o réu saiba o que está sendo pretendido contra ele, e assim poder se defender. Deve indicar, precisamente, o dia e a hora (e o local) da audiência de conciliação (art. 21) à qual o réu deve comparecer. Deve, ainda, alertar o réu sobre os efeitos da revelia (art. 20) e do julgamento imediato (art. 23). Tratando-se de ação que envolva relação de consumo, a citação deverá, também, trazer a advertência de que poderá haver a inversão do ônus da prova (CDC, art. 6º, VIII), como determinado pelo enunciado 53 do FONAJE. FONAJE, enunciado 53. Deverá constar da citação a advertência, em termos claros, da possibilidade de inversão do ônus da prova. Citação por edital. A citação por edital é a forma de citação para o réu que se encontra em local incerto e não sabido, ocorrendo apenas quando se esgotarem todos os meios possíveis para sua localização. Segundo Marcus Vinícius Rios Gonçalves (2013: 346), é aquela que se aperfeiçoa pela publicação de editais, que, por sua natureza pública, tornam-se de conhecimento geral, sendo de se presumir que se tornem também conhecidos do réu. É forma de citação ficta, porque não recebida diretamente pelo réu. O procedimento do JEC, em razão dos princípios que o norteiam, e por se tratar de causas de menor complexidade, não admite, em hipótese alguma, a citação por edital, que é com ele incompatível. Destarte, na demanda submetida ao procedimento do JEC, caso o réu não seja encontrado em nenhum lugar, o juiz deverá extinguir o processo sem resolução de mérito, possibilitando que o autor possa ajuizar a ação perante Justiça Comum. Comparecimento espontâneo do réu. O comparecimento espontâneo pressupõe que não tenha havido citação, ou a citação feita não foi válida. Se o réu foi validamente citado, o seu comparecimento nos autos não será, obviamente, espontâneo. Assim, se o réu comparece aos autos espontaneamente, ele se dará por citado, suprindo, destarte, a falta ou a nulidade de citação. Convém salientar que, se o réu comparecer aos autos apenas para alegar a ausência ou a nulidade da citação, e o juízo vier a acolher essa alegação, deverá conceder nova oportunidade para o réu apresentar sua resposta. Intimação. Intimação é o ato pelo qual o juízo dá ciência às partes ou terceiros, dos atos e termos do processo, para que façam ou deixem de fazer alguma coisa. As intimações, no âmbito do JEC, são feitas da mesma forma prevista para a citação (art. 18). Os advogados constituídos nos autos do processo poderão ser intimados pelo Diário Oficial. Em sendo a intimação por carta, o simples recebimento no escritório do advogado, desde que identificado o recebedor, é bastante para a validade do ato. FONAJE, enunciado 41. A correspondência ou contrafé recebida no endereço do advogado é eficaz para efeito de intimação, desde que identificado o seu recebedor. Intimação e prazos. A intimação tem um papel importante no processo, porque é a partir dela que os prazos começam a correr. No procedimento do JEC não é diferente. Deve-se observar, todavia, que há uma diferença significativa entre a contagem do prazo no JEC e no procedimento comum do CPC/2015: no procedimento do JEC, o prazo conta-se da intimação da parte, e não da juntada aos autos do comprovante (AR ou mandado de intimação). FONAJE, enunciado 13. Nos Juizados Especiais Cíveis, os prazos processuais contam-se da data da intimação ou da ciência do ato respectivo, e não da juntada do comprovante da intimação (nova redação – XXXIX Encontro - Maceió-AL). Contagem dos prazos: dias corridos ou dias úteis? A questão mais controvertida até o momento do fechamento desta edição diz respeito à forma da contagem dos prazos no JEC, se em dias corridos ou dias úteis. Tal controvérsia surgiu com o CPC/2015, que no seu art. 219 dispõe que os prazos processuais estabelecidos em dias serão computados apenas pelos dias úteis. Seguiu-se, daí, um extenso debate sobre a aplicabilidade de tal dispositivo no procedimento do JEC. Duas correntes se formaram: a primeira, pela não aplicação do CPC/2015, apoia-se nos princípios informadores do JEC, especialmente o da celeridade (ver art. 2º), ao argumento de que a contagem de prazos apenas em dias úteis atrasariao processo. A segunda corrente, pela aplicação do CPC/2015, baseia-se no fato de que a Lei nº 9.099/1995 nada dispõe sobre a forma da contagem do prazo, de sorte que, sistematicamente, deve-se adotar o que dispuser o Código de Processo Civil. Nesse momento, a corrente que está se sobressaindo é aquela que não admite a aplicação do art. 219 do CPC/2015, respaldada pelos entendimentos do STJ, do CNJ e do FONAJE, como se vê do enunciado 165: FONAJE, enunciado 165. Nos Juizados Especiais Cíveis, todos os prazos serão contados de forma contínua. O que temos hoje, então, é que os prazos, no procedimento do JEC, são contados por dias corridos. Mas a questão ainda está longe de ser pacificada. No Congresso Nacional existem dois Projetos de Lei tratando dessa questão. Um, de iniciativa da Câmara dos Deputados (PL 4982/2016), estabelece a contagem dos prazos em dias corridos. O outro, de iniciativa do Senado Federal (PL 36/2018), estabelece a contagem dos prazos em dias úteis. Esse do Senado está mais avançado, eis que já votado e aprovado naquela Casa e enviado, em 12/04/2018, para votação na Câmara. Resta aguardar que nossos legisladores se empenhem em votar rapidamente a questão para acabar com essa insegurança que se instalou no âmbito dos JEC’s em todo o País. De qualquer forma, enquanto isso não ocorre, aconselhamos aos advogados e profissionais do Direito a observar o disposto no enunciado 165 do FONAJE, contando os prazos em dias corridos, até para que não tenhamos nenhuma surpresa desagradável. Procuradores diferentes e prazo em dobro. O processo civil comum possui uma regra específica de que, havendo réus com diferentes procuradores pertencentes a escritórios de advocacia diferentes, o prazo será computado em dobro (CPC/2015, art. 229). Tal regra, no entanto, não se aplica aos procedimentos do JEC, em face dos princípios que os informam, especialmente o da celeridade (art. 2º). Desta forma, mesmo havendo litisconsórcio passivo, contando os litisconsortes cada qual com seus próprios advogados, de escritórios diferentes, os prazos serão contados de forma simples. Nesse sentido, os enunciados 123 e 229 do FONAJE: FONAJE, enunciado 123. O art. 191 do CPC não se aplica aos processos cíveis que tramitam perante o Juizado Especial. [N. do A.: refere-se ao CPC/1973, com correspondência no art. 229 do CPC/2015]. FONAJE, enunciado 164. O art. 229, caput, do CPC/2015 não se aplica ao Sistema de Juizados Especiais. Intimação em audiência. Todos os atos realizados em audiência são publicados na própria audiência, razão pela qual as partes já se consideram deles cientes e intimadas a partir dali, conforme dispõe esse § 1º. É importante notar que, mesmo que a parte esteja ausente à sessão, ela será considerada ciente do ato praticado, se fora intimada validamente acerca da audiência. Obrigação de comunicar mudança de endereço. Manter o endereço atualizado no processo é obrigação das partes. Como as intimações das partes serão realizadas, em regra, pelo correio (art. 19 c.c. 18), a parte deve manter sempre seu endereço atualizado. Desta forma, qualquer alteração no endereço deve prontamente ser informada ao juízo. Caso a parte não comunique nos autos eventual mudança de endereço, será considerada válida a intimação enviada para o endereço anterior. Revelia. Revelia é a condição em que se coloca o réu que, validamente citado, não apresenta contestação. Ela decorre, pois, da ausência do animus de defesa por parte do réu. O efeito da revelia é fazer presumirem-se verdadeiros os fatos alegados pelo autor, presunção essa que é relativa. - (efeito material da revelia). O réu revel pode intervir no processo a qualquer momento, mas recebe-o no estado em que se encontrar, podendo praticar os atos apenas dali para frente. - (efeito processual da revelia) Revelia no procedimento do JEC. No procedimento do JEC, aceita a petição inicial, o juiz determinará a citação do réu, e a sua intimação para comparecer à audiência de tentativa de conciliação (art. 18, § 1º). O comparecimento do réu à sessão de conciliação é obrigatório. A sua ausência implica em revelia, fazendo-se presumir verdadeiros os fatos alegados pelo autor, conforme esse art. 20 em comento. O mesmo ocorrerá se o réu deixar de comparecer à audiência de instrução (art. 27). Como se vê, no procedimento do JEC a revelia decorre do não comparecimento do réu às audiências designadas e das quais ele fora intimado. O seu não comparecimento equivale à ausência do animus de se defender. Nesse particular, pouco importa se houve o oferecimento de contestação: não comparecendo o réu, decreta-se-lhe a revelia. Assim, o entendimento do enunciado 78 do FONAJE: FONAJE, enunciado 78. O oferecimento de resposta, oral ou escrita, não dispensa o comparecimento pessoal da parte, ensejando, pois, os efeitos da revelia. O só comparecimento do advogado, mesmo portando procuração e defesa não é suficiente para elidir a revelia decorrente da ausência do réu. E bem a propósito, é preciso dizer que não é permitido, por infração ao Estatuto da Advocacia e do Código de Ética, que uma mesma pessoa cumule as funções de advogado e de preposto, conforme enunciado 98 do FONAJE: FONAJE, enunciado 98. É vedada a acumulação SIMULTÂNEA das condições de preposto e advogado na mesma pessoa (art. 35, I e 36, II da Lei 8906/1994 combinado com o art. 23 do Código de Ética e Disciplina da OAB). Com a revelia, presumir-se-ão verdadeiros os fatos alegados no pedido inicial, podendo o juiz proferir sentença de imediato (art. 23). Tal presunção, no entanto, não é absoluta. É que a revelia não produzirá esse efeito se o juiz não se convencer da veracidade dos fatos. Nesse caso, ele poderá determinar ao autor que produza prova do alegado. Ausência de defesa. Também implica revelia a ausência de contestação, nas ações cujo valor seja superior a 20 salários mínimos, mesmo que presente à sessão a parte-ré, conforme dispõe o enunciado 11 do FONAJE. FONAJE, enunciado 11. Nas causas de valor superior a vinte salários mínimos, a ausência de contestação, escrita ou oral, ainda que presente o réu, implica revelia. Isso se dá, porque nas causas superiores a 20 salários mínimos, a parte deve obrigatoriamente estar assistida por advogado (art. 9º), e a defesa deve, por ele, ser apresentada. Se a parte-ré comparecer pessoalmente, mas desacompanhada de advogado, não poderá fazer a sua defesa (por ausência do jus postulandi), e deverá ser declarada revel. Comparecimento pessoal. Para todas as audiências do processo, o comparecimento pessoal das partes é exigência obrigatória (ver art. 9º). As pessoas jurídicas serão representadas por quem seus atos constitutivos indicam (sócios ou administradores), podendo ser substituídos por prepostos (ver art. 9º, § 4º). A ausência do réu implica em revelia, e a do autor, na extinção do processo (art. 51, I). FONAJE, enunciado 20. O comparecimento pessoal da parte às audiências é obrigatório. A pessoa jurídica poderá ser representada por preposto. Conciliação. A conciliação é o objetivo maior do JEC, como se vê do próprio art. 21 em comento. Os juízes, togados ou leigos, têm a obrigação funcional de tentar a conciliação, como se denota do verbo no imperativo “esclarecerá…”. Essa etapa do processo não pode ser suprimida, nem ignorada. Sobre a conciliação, o CC, art. 840 dispõe: CC, art. 840. É lícito aos interessados prevenirem ou terminarem o litígio mediante concessões mútuas. O acordo – ou transação – quando se dá sobre direitos postos em juízo, deve ser homologado pelo juiz, conforme CC, art. 842, parte final: CC, art. 842. A transação far-se-á por escritura pública, nas obrigações em que a lei o exige, ou por instrumento particular, nas em que ela o admite; se recair sobre direitos contestados em juízo, será feita por escritura pública, ou por termo nos autos, assinado pelos transigentes e homologado pelo juiz. Vantagens da conciliação. A conciliação é o meio mais eficaz – e rápido – de se acabar com um litígio.É também o meio mais econômico, pois não haverá o pagamento de custas processuais (art. 54), nem de eventuais honorários advocatícios em caso de recurso (art. 55). Além disso, para o autor a conciliação é importante também porque não incide a limitação de alçada prevista no art. 3º, I, em face do que dispõe o § 3º daquele mesmo artigo, de sorte que, em caso de acordo, o valor pode exceder aos 40 salários mínimos. Por isso mesmo que o juiz, togado ou leigo, que presidir a audiência deverá esclarecer aos litigantes as vantagens da conciliação. Audiência de conciliação. No procedimento do JEC, especialmente em face dos princípios que os informam, a audiência de conciliação é ato indispensável. O juiz não poderá suprimi-la, sob nenhum fundamento. Então, distribuída a ação ao Juizado competente, deve ser designada audiência de conciliação, citando-se e intimando-se o réu a nela comparecer (art. 18, § 1º, a cujos comentários remetemos o leitor). A sessão de conciliação poderá ser dirigida tanto pelo juiz togado (art. 5º), quanto pelo juiz leigo ou pelo conciliador (art. 7º). No caso do conciliador, ele conduzirá a audiência sob orientação do juiz togado ou do juiz leigo, embora não seja necessário que estes estejam presentes à sessão. FONAJE, enunciado 6. Não é necessária a presença do juiz togado ou leigo na Sessão de Conciliação, nem a do juiz togado na audiência de instrução conduzida por juiz leigo. (nova redação - XXXVII - Florianópolis/SC). Homologação do acordo. Já vimos que a transação levada a efeito, em se tratando de direitos contestados em juízo, deve ser feita mediante termo nos autos, e homologado pelo juiz (vide comentários ao art. 21). No procedimento do JEC não é diferente: obtida a conciliação das partes na audiência, ela será reduzida a termo nos autos, e será homologada pelo juiz togado. Essa homologação se dá por sentença, da qual não cabe nenhum recurso (art. 41), nem mesmo a ação rescisória (art. 59). Mas poderá ser anulada, em ação anulatória, desde que presentes as hipóteses do CC, art. 171, II (ver comentários ao artigo 26). Também o acordo celebrado fora da audiência deverá ser reduzido à termo, que pode ser por petição conjunta das partes, e homologado pelo juiz. A sentença que homologa o acordo vale como título executivo judicial, podendo, em caso de inadimplemento, ser executada no próprio juizado (art. 52). Ausência do réu à audiência de conciliação. A ausência do réu à audiência para a qual foi devidamente intimado acarreta a sua revelia (art. 20, a cujos comentários remetemos o leitor). O efeito material da revelia é de se fazer presumir verdadeiros os fatos alegados pelo autor. Em razão dessa presunção – que é relativa – o juiz poderá dispensar a produção de outras provas e proferir de imediato a sentença, como autorizado pelo art. 23 em comento. Todavia, se, apesar da revelia, o juiz não estiver convencido dos fatos, poderá determinar ao autor que faça prova do alegado. Juízo arbitral. A arbitragem é um método alternativo de solução de controvérsia, em que as partes litigantes elegem um árbitro, de comum acordo, que irá decidir a questão controversa. A arbitragem está prevista, principalmente, na Lei nº 9.307/1996 (LArb). A decisão do árbitro é irrecorrível e não precisa ser homologada pelo juiz (LArb, art. 18), só podendo ser anulada no caso de vício, nas hipóteses do CC, art. 171, através de uma ação anulatória. Consumidor e arbitragem. Nas relações de consumo, aquelas disciplinadas pelo CDC, o consumidor só se submeterá ao juízo arbitral se ele o quiser e desejar. É que o CDC, art. 51, VII, dispõe ser abusiva – e, pois, nula – a cláusula contratual que obrigue o consumidor a se valer da arbitragem. CDC, art. 51. São nulas de pleno direito, entre outras, as cláusulas contratuais relativas ao fornecimento de produtos e serviços que: […] VII – determinem a utilização compulsória de arbitragem; Pela mesma razão, nas ações de competência do JEC, o juízo arbitral só será instaurado se o autor, quando consumidor, concordar, pouco importando que haja cláusula contratual nesse sentido. Juízo arbitral no JEC. Como regra geral, a arbitragem será instaurada mediante uma convenção de arbitragem, assim entendida a cláusula compromissória e o compromisso arbitral (LArb, art. 3º). Todavia, a instauração do juízo arbitral no JEC independe de compromisso arbitral prévio, bastando que, não havendo acordo na audiência de conciliação, as partes ali optem pela arbitragem e, de comum acordo, escolham o árbitro. O árbitro será escolhido entre os juízes leigos (§ 2º), e convocado pelo juiz togado, que designará audiência de instrução. Do árbitro. O árbitro será escolhido pelas partes litigantes, de comum acordo: esse é um requisito essencial da arbitragem. A escolha deve recair sobre um dos juízes leigos que atuam perante o respectivo juizado. O árbitro deve desempenhar suas funções com imparcialidade, independência, competência, diligência e discrição (LArb, art. 13, § 6º), submetendo-se às mesmas regras de impedimento e suspeição dos juízes, na forma da lei processual em vigor (LArb, art. 14). Quaisquer das partes poderão arguir a recusa do árbitro, por motivo de suspeição ou impedimento, em manifestação fundamentada, dirigida ao próprio árbitro ou ao presidente do tribunal arbitral (ou, no caso, ao juiz presidente do JEC). Atuação do arbitro no JEC. No juízo arbitral, o árbitro terá as mesmas atribuições do juiz na condução do processo, conforme arts. 5º e 6º, ou seja, terá ampla liberdade para determinar as provas a serem produzidas, para apreciá-las e, ainda, para dar especial valor às regras de experiência comum ou técnica. Além disso, deverá adotar, em cada caso, a decisão que julgar mais justa e equânime, atendendo aos fins sociais da lei e às exigências do bem comum. Equidade. Além das atribuições dantes mencionadas, o árbitro também poderá, por permissão legal, decidir por equidade. Equidade tem o significado de igualdade, imparcialidade, retidão, justiça. Mas o julgamento por equidade é, aqui, tomado no sentido de se afastar da norma jurídica, ou seja, do direito objetivo, para decidir com base em seus critérios pessoais de justiça. O nosso sistema processual não adota a equidade como regra. Para que se possa decidir com base nela é preciso autorização expressa da lei, como ocorre, por exemplo, no art. 108 do CTN, ou nesse art. 25 em comento. Sem autorização legal, a equidade não é admitida. Da sentença arbitral no JEC. No procedimento do JEC, o árbitro elaborará um laudo arbitral e o submeterá à homologação do juiz togado. Trata-se de um procedimento próprio, diferente do previsto na Lei de Arbitragem, no qual a sentença arbitral prescinde de homologação judicial (LArb, art. 18). O prazo para apresentação do laudo é de 5 dias após o encerramento da instrução. Mas esse é um prazo impróprio, porque destituído de sanção. O laudo arbitral deverá conter os requisitos mesmos da sentença arbitral, conforme previsto na LArb, art. 26: LArb, art. 26. São requisitos obrigatórios da sentença arbitral: I – o relatório, que conterá os nomes das partes e um resumo do litígio; II – os fundamentos da decisão, onde serão analisadas as questões de fato e de direito, mencionando-se, expressamente, se os árbitros julgaram por equidade; III – o dispositivo, em que os árbitros resolverão as questões que lhes forem submetidas e estabelecerão o prazo para o cumprimento da decisão, se for o caso; e IV – a data e o lugar em que foi proferida. Da sentença que homologa o laudo arbitral não caberá nenhum recurso, conforme dispõe expressamente o art. 26, em comento, na sua parte final, e reforça o enunciado 7 do FONAJE: FONAJE, enunciado 7. A sentença que homologa o laudo arbitral é irrecorrível. Contra ela também não cabe ação rescisória (art. 59). Todavia, ela poderá ser anulada, através de uma ação anulatória, nas hipóteses próprias para anulação de qualquer ato jurídico, conforme previsto no CC, art. 171, II: CC, art. 171. Alémdos casos expressamente declarados na lei, é anulável o negócio jurídico: […] II – por vício resultante de erro, dolo, coação, estado de perigo, lesão ou fraude contra credores. A sentença que homologa o laudo arbitral é título executivo judicial, permite a sua execução, em caso de inadimplemento, perante o próprio Juizado (art. 52). Audiência de instrução e julgamento. A audiência de instrução e julgamento é quando se colhe a prova a ser produzida pelas partes e se profere a sentença, na forma do art. 28. Ela se segue à audiência de conciliação, se não for instituído o juízo arbitral (art. 24). Pelos princípios da concentração dos atos processuais, da oralidade e da simplicidade, todos os atos devem ocorrer nas audiências, então o normal é que a ação processada perante o JEC tenha duas audiências e o julgamento. A audiência de instrução poderá se realizar em ato contínuo logo após a de conciliação, a não ser que tal situação possa causar prejuízo para a defesa, caso em que deverá ocorrer em outra data (art. 27, par. único). O prejuízo para a defesa pode decorrer, por exemplo, da ausência de testemunhas não intimadas pelo juízo (art. 34). FPPC, enunciado 510. Frustrada a tentativa de autocomposição na audiência referida no art. 21 da Lei nº 9.099/1995, configura prejuízo para a defesa a realização imediata da instrução quando a citação não tenha ocorrido com a antecedência mínima de quinze dias. Adiamento da instrução. Sempre que não for possível realizar a audiência de instrução em seguida da sessão de conciliação – principalmente por conta da possibilidade de causar prejuízo para a defesa – o juiz deverá adiá-la. Determina a lei, nesse parágrafo único em comento, que a audiência deverá ser designada para um dos 15 dias subsequentes à audiência de conciliação. Sabe-se que, por conta do excesso e acúmulo de processos no Poder Judiciário, em nível nacional, nem sempre será possível atender a esse comando legal, por não haver condição de acomodá-la na pauta já existente. Por isso mesmo que não há qualquer tipo de sanção para a sua não observância. Do adiamento da audiência de instrução, sairão intimadas as partes e eventuais testemunhas que se encontrem presentes. Da ordem dos atos na audiência de instrução. Na audiência de instrução, o juiz que a presidir deverá obedecer a seguinte ordem de atos: 1. Receber a resposta do réu: Se o réu ainda não apresentou sua resposta, deverá fazê-lo no início da sessão. No procedimento do JEC, a resposta do réu pode ser apresentada até a audiência de instrução (ver comentários ao art. 30). Assim, logo no início da audiência, o juiz deverá dar ao réu a oportunidade de apresentar sua resposta à pretensão do autor. 2. Ouvir as partes: O segundo passo é tomar os depoimentos pessoais das partes, primeiro do autor e depois do réu, devendo evitar que uma parte ouça o depoimento da outra. 3. Produzir as provas: No procedimento do JEC todas as provas devem ser produzidas em audiências (art. 33), o que inclui, evidentemente, as provas documentais. A produção das provas na audiência deve ser feita da seguinte forma: 3. 1. Provas documentais: O juiz deverá receber os documentos apresentados pelas partes, salvo se já apresentados com a inicial ou com a contestação. 3. 2. Provas técnicas: Exigindo a natureza da prova, o juiz poderá ouvir especialistas no assunto (art. 35), bem como inspecionar coisas ou pessoas (art. 35, par. único). A prova técnica deve ser realizada após a produção da prova documental, mas antes das testemunhas. Se houver necessidade de interromper a audiência para realizar a inspeção, o juiz deverá designar audiência em continuação para ouvir as testemunhas. 3. 3. Provas testemunhais: Até o máximo de 3 (três) testemunhas para cada parte (art. 34), serão ouvidas primeiro as do autor e depois as do réu. 4. Debates: Finda a colheita da prova o juiz poderá dar a palavra às partes, primeiro ao autor e depois ao réu, para a apresentação de suas alegações finais, que devem focar apenas e tão somente na prova realizada. Os debates não são obrigatórios, podendo o juiz, a seu critério exclusivo, dispensá-los. Nesse sentido, o enunciado 35 do FONAJE: FONAJE, enunciado 35. Finda a instrução, não são obrigatórios os debates orais. 5. Sentença: Terminada a instrução processual, o juiz proferirá sentença (art. 38). A regra, no procedimento do JEC, é que a sentença seja proferida na própria audiência. Todavia, não sendo possível proferir sentença de imediato, o juiz poderá proferi-la depois (ver comentários ao art. 40), sendo as partes dela intimadas pessoalmente, ou através de seu advogado constituído nos autos. Incidentes processuais. Ainda pelo princípio da concentração dos atos, todos os incidentes processuais que possam interferir na audiência, serão decididos de plano. Os demais serão decididos na sentença. Destarte, no início da audiência de instrução, o juiz deverá decidir especialmente sobre questões ligadas à citação do réu e intimação das partes para a audiência; referentes à incompetência do juízo, suspeição ou impedimento do juiz; e atinentes à produção das provas, impugnação de documentos, necessidade de prova técnica, indeferimento de testemunhas, etc. Ausência de preclusão das questões decididas incidentalmente. É importante observar que, ante a ausência de recurso específico, as questões decididas incidentalmente (as chamadas decisões interlocutórias) não sofrem o efeito da preclusão. É que no procedimento do JEC (específico da Lei nº 9.099/1995) não é admitido o recurso de agravo (salvo para destrancar recurso), conforme reforça o enunciado 15 do FONAJE: FONAJE, enunciado 15. Nos Juizados Especiais não é cabível o recurso de agravo, exceto nas hipóteses dos artigos 544 e 557 do CPC. [N. A.: refere-se ao CPC/1973, com correspondência no art. 1.042 do CPC/2015]. Não estando sujeitas a preclusão, as questões decididas incidentalmente poderão ser discutidas no recurso inominado a ser interposto contra a sentença. Em casos em que a decisão interlocutória é manifestamente ilegal, abusiva ou arbitrária, e possa causar um prejuízo iminente ou imediato à parte, ela poderá ser atacada através de um mandado de segurança (LMS, art. 5º, II). Produção da prova documental na audiência. Tendo em vista que, no sistema processual do JEC, todas as provas serão produzidas em audiência (art. 33), a prova documental também será, de sorte que não se aplica aos juizados a regra da justiça comum de que a petição inicial deverá ser instruída com os documentos indispensáveis. Assim sendo, tanto o autor quanto o réu poderão apresentar a prova documental de que dispuserem até a audiência de instrução. E o parágrafo único em comento não deixa a menor margem de dúvida quanto a isso. Prova documental e contraditório. A produção da prova documental deve obedecer ao princípio do contraditório (CF, art. 5º, LV). Assim, apresentados documentos por uma das partes, o juiz deverá, de imediato, dar oportunidade para a parte contrária se manifestar. A manifestação sobre os documentos deve ocorrer na própria audiência, sem interrupção desta. A ausência desta oportunidade, vale dizer, caso o juiz não dê vista dos documentos à outra parte, poderá conduzir à eventual anulação da sentença, por error in procedendo (ver art. 13, § 1º). Resposta do réu. “Resposta do réu” é uma expressão abrangente, que, no processo comum, implica em todas as possibilidades de ação do réu quando citado, envolvendo não apenas a contestação, mas também reconvenção, pedido contraposto e exceções (de competência, impedimento e suspeição). O sistema processual do JEC adota a expressão “resposta do réu”, indicando, portanto que o réu, ao se defender, poderá se valer de múltiplos atos. Todavia, o réu não poderá reconvir, porque a reconvenção não é admitida (art. 31). Também a arguição de incompetência, mesmo que relativa, deverá ser feita na própria contestação (art. 30 – vide comentários). No fim das contas, o termo “resposta do réu”, que dá nome àseção X, não nos parece o mais adequado. Convém ressaltar que o novo CPC eliminou a expressão “resposta do réu”, passando a tratar apenas da contestação, ato único que deve conter toda a matéria de defesa, incluindo a arguição de incompetência, a impugnação ao valor da causa e a reconvenção. Da contestação. Contestação é a peça de resistência, a defesa propriamente dita, na qual o réu irá impugnar a pretensão do autor, rebatendo as suas alegações. No procedimento do JEC, a contestação será apresentada em audiência, podendo sê-la até a audiência de instrução, conforme explicita o enunciado 10 do FONAJE: FONAJE, enunciado 10. A contestação poderá ser apresentada até a audiência de Instrução e Julgamento. A contestação poderá ser apresentada por escrito ou oralmente, e deverá conter toda a matéria de defesa, excluindo a suspeição ou o impedimento do juiz, que serão feitos na forma do CPC/2015, através de exceção. Vigoram, deste modo, os princípios da concentração da defesa (eventualidade) e o ônus da impugnação específica, tal como na legislação processual comum. Deve-se ressaltar que eventual incompetência do juízo – mesmo que relativa – também deverá ser alegada na própria contestação, não sendo o caso de apresentar exceção em forma autônoma, pois o art. 30 em comento apenas excepciona as arguições de suspeição e a de impedimento. Reconvenção e pedido contraposto. Reconvenção, conforme previsto no CPC/1973, é uma ação que o réu move contra o autor, dentro do mesmo processo. Não se trata de uma defesa propriamente dita, como ocorre na contestação e na exceção, mas sim de uma manifestação de ataque contra o autor da ação. A reconvenção constitui-se num contra-ataque do réu em face do autor. Uma das principais características da reconvenção no CPC/1973 era de ser autônoma e independente em relação à ação principal, apresentada em peça própria, separada da contestação. No procedimento do CPC/2015, a reconvenção é apresentada na própria contestação (CPC/2015, art. 343). O procedimento do JEC não admite a reconvenção específica, mas permite ao réu formular pedidos contra o autor, na própria contestação. É o que se convencionou chamar de “pedido contraposto”. O pedido contraposto é uma espécie de reconvenção, mas sem maiores formalidades, sendo apresentado na própria contestação. Para ser admitido o pedido contraposto, é necessário que ele se relacione com o pedido do autor, ou seja, que se fundamente nos mesmos fatos que embasam a pretensão inicial, embora não esteja limitado ao mesmo valor, de sorte que, se o pedido inicial for de até 20 salários mínimos, o pedido contraposto poderá ser de até 40 salários mínimos. FONAJE, enunciado 27. Na hipótese de pedido de valor até 20 salários mínimos, é admitido pedido contraposto no valor superior ao da inicial, até o limite de 40 salários mínimos, sendo obrigatória à assistência de advogados às partes. O pedido contraposto poderá ser feito pelo réu mesmo quando este for pessoa jurídica: FONAJE, enunciado 31. É admissível pedido contraposto no caso de ser a parte ré pessoa jurídica. Respondendo ao pedido contraposto. Invocando novamente o princípio do contraditório, aliado ao da ampla defesa e do devido processo legal, havendo pedido contraposto na contestação o juiz deverá permitir ao autor que o responda. A não observância desse comando legal pode acarretar a anulação da sentença, por error in procedendo (ver art. 13, § 1º). A resposta do autor em face do pedido contraposto poderá ocorrer na própria audiência de instrução, ou, não sendo possível respondê-lo de imediato, o autor poderá requerer prazo, com a designação de uma audiência em continuação, cuja data será fixada, desde logo, pelo juiz, da qual sairão intimados todos os presentes. Prova. Entende-se por prova todo meio apto a demonstrar a veracidade de uma proposição ou a realidade de um fato. É através da prova que se tenta convencer alguém sobre alguma coisa. No processo, a prova deve incidir sobre os fatos da causa, tendo por finalidade a formação da convicção do juiz a respeito dos fatos da causa. A prova é uma reconstituição dos fatos perante o juiz, que é o seu destinatário, e rege-se pelos seguintes princípios (cf. SALES e MENDES, 2015.b: 219-220): 1. Necessidade da prova: Os fatos narrados pela parte devem ser cabalmente provados. Não basta apenas alegar, mas é preciso que se prove o que se alega, demonstre a veracidade de suas alegações. Fato não provado é fato inexistente. 2. Unidade da prova: A prova deve se apreciada em seu conjunto, em sua unidade, globalmente, e não isoladamente. 3. Lealdade da prova: As provas devem ser feitas com lealdade. São inadmissíveis no processo as provas obtidas por meios ilícitos, na forma do que dispõe a CF/5º, LVI. 4. Contraditório: Apresentada uma prova em juízo, a parte contrária tem o direito de sobre ela se manifestar, impugnando-a. 5. Igualdade da oportunidade de prova: O tratamento igualitário que o juiz deve administrar às partes também alcança as provas, devendo ser conferida a mesma igualdade de oportunidade para apresentação das provas no momento processual adequado. É o que se chama de paridade de armas. 6. Oportunidade da prova: A prova deve ser produzida nos momentos próprios para esse fim. Em situações de perigo de perecimento da prova, ela poderá ser antecipada. 7. Comunhão da prova: A prova produzida nos autos não pertence a uma ou outra parte, mas diz respeito – e aproveita – a ambas as partes. 8. Legalidade: As partes estão submetidas à lei, a qual disciplina o regramento quanto à produção das provas, considerando o momento da sua produção, o lugar onde serão produzidas, os meios de prova admitidos e a utilização da prova adequada à natureza do fato a ser provado. 9. Imediação: O magistrado é quem tem a direção do processo e principalmente das provas a serem produzidas pelas partes. É diante do juiz que a prova será produzida. 10. Obrigatoriedade da prova: A prova é de interesse não só das partes, mas também do Estado, que pretende o esclarecimento da verdade. Tem o juiz ampla liberdade na direção do processo, podendo determinar que seja feita a prova que julgar necessário. 11. Aptidão para a prova: A parte que tem melhores condições de fazer a prova a fará, por ter melhor acesso a ela ou porque é inacessível à parte contrária. Deve provar quem tem condições de fazê-lo, quem estiver mais apto a fazê-lo, independentemente de ser autor ou réu. 12. Disponibilidade da prova: A prova deve ser apresentada nos momentos próprios previstos em lei ou para a instrução do processo. 13. Livre convencimento motivado ou persuasão racional: O juiz deve formar o seu convencimento mediante a livre apreciação do valor das provas contidas no caderno processual, desde que atenda aos fatos e circunstâncias ali contidos, mesmo que não alegados pelas partes, mas deverá indicar, na sentença, os motivos que lhe formaram o convencimento. Objeto da prova. O objeto da prova são os fatos relevantes, pertinentes e controvertidos narrados no processo pelo autor e réu. A prova tanto tem natureza processual, de ser apresentada no processo, como é forma de demonstrar os negócios jurídicos praticados pelas partes. Sua natureza é mista, pois a prova pode ser feita extrajudicialmente. Meios de provas admitidos no JEC. No procedimento do JEC estão previstos, expressamente, os seguintes meios de prova: documental (art. 29, par. único); oral (depoimento pessoal – art. 28, e oitiva de testemunhas – art. 34); técnica (perícia – art. 35, e inspeção – art. 35, par. único). Todavia, a lei reconhece que qualquer meio de prova será admitido, mesmo que não previsto expressamente, desde que seja moralmente legítimo. Não serão admitidas, todavia, as provas obtidas por meio ilícito (CF, art. 5º, LVI). Prova emprestada. Prova emprestada é a prova produzida em um processo e que pode ser copiada para outro, mediante certidão, admitida expressamente no CPC/2015, art. 372, que dispõe que o juiz poderá utilizar a provaproduzida em outro processo, desde que observado o contraditório, dando-lhe o valor que entender adequado. O STJ entende que a prova emprestada não precisa ter sido produzida em processo em que figurem partes idênticas (RESp 617.428/SP). A prova emprestada não é incompatível com os princípios do JEC, sendo, portanto, admitida. Oportunidade da prova. Como vimos, o princípio da oportunidade da prova dispõe que as provas devem ser produzidas no momento apropriado, conforme previsto na lei. No caso da Lei nº 9.099/1995, levando em conta o princípio da concentração dos atos processuais, o art. 35 dispõe expressamente que todas as provas serão produzidas em audiência. Por óbvio, isso inclui a prova oral, a prova técnica, e a prova documental. Desta forma, não incide no procedimento do JEC a regra do processo comum de que o autor deve apresentar a prova documental com a inicial e o réu, com a contestação. A reforçar essa ideia, o disposto no parágrafo único do art. 29, a cujos comentários remetemos o leitor. Provas excessivas, impertinentes ou protelatórias. Tendo a direção do processo, e sendo o destinatário da prova, o juiz poderá indeferir as provas que se mostrem excessivas, impertinentes ou protelatórias. Excessivas são as provas que, em demasia, tornam-se desnecessárias, como, por exemplo, a parte apresentar 3 testemunhas para falarem do mesmo fato. Impertinentes são as provas que não têm cabimento, como, por exemplo, prova testemunhal para fazer prova de pagamento de dívida de valor. Protelatórias são as provas cuja única finalidade é atrasar o processo, sem utilidade prática para sua solução. Todavia, o juiz sempre deve ter cuidado redobrado para limitar ou indeferir determinada prova, para não ocasionar cerceamento de defesa à parte. Testemunhas. Testemunha é um terceiro em relação à lide que vem prestar depoimento em juízo, por ter conhecimento dos fatos narrados pelas partes. Conceitua-se como testemunha a pessoa chamada a juízo para depor sobre fatos constantes do litígio, atestando ou não a veracidade dos mesmos ou ainda prestando esclarecimentos sobre fatos indagados pelo juiz. O depoimento prestado em juízo é considerado serviço público. A testemunha, quando sujeita ao regime da legislação trabalhista, não sofre, por comparecer à audiência, perda de salário nem desconto no tempo de serviço. Se a testemunha for funcionário civil ou militar, e tiver de depor em hora de serviço, será requisitada ao chefe da repartição para comparecer à audiência marcada. O juiz pode ordenar de ofício ou a requerimento da parte a inquirição de testemunhas referidas nas declarações da parte ou das testemunhas, bem como a acareação de duas ou mais testemunhas ou de algumas delas com aparte, quando sobre determinado fato, que possa influir na decisão da causa, divergir de suas declarações. O depoimento das partes e testemunhas que não souberem falar a língua nacional será feito por meio de intérprete nomeado pelo juiz ou presidente. Produção da prova testemunhal no JEC. No procedimento do JEC cada parte poderá ouvir até 3 testemunhas. Não há necessidade de prévia apresentação do rol de testemunhas, nem de sua intimação, bastando que a parte leve a testemunha à audiência, para que ela seja ouvida. Se houver necessidade de intimação, proceder-se-á conforme § 1º, abaixo. As testemunhas serão ouvidas pelo juiz, primeiro as do autor e depois as do réu, sendo que seus depoimentos não serão reduzidos a termo (art. 36), podendo, no entanto, ser gravados (art. 13, § 3º). O juiz deve tentar, sempre que possível, ouvir todas as testemunhas na mesma audiência, evitando, assim, cindir a prova, o que é prejudicial para o processo e para as partes. Intimação de testemunhas. Sempre que for requerido por qualquer uma das partes (art. 34, parte final), as testemunhas deverão ser intimadas pelo juízo. Para tanto, a parte deverá requerer a intimação da testemunha ao juízo, qualificando-a e ofertando seu endereço, no prazo de cinco dias antes da audiência de instrução e julgamento. É importante observar que esse prazo conta-se de trás para frente, ou seja, partindo do dia da audiência faz-se a contagem retrocedendo os dias. Assim, se a audiência está marcada para o dia 15 de março, devemos contar, para trás, 14, 13, 12, 11, 10 de março, que será a data final para o protocolo do requerimento. De lembrar, a contagem se faz desprezando o dia do início e incluindo o dia do término. Se não for dado à parte o direito de intimar a testemunha, incorrerá o juízo em cerceamento de defesa, que pode conduzir à anulação do processo. Testemunhas de fora da terra poderão ser ouvidas no juízo do seu domicílio por carta precatória, ou outro meio idôneo (art. 19). Ausência da testemunha. A testemunha que, apesar de intimada, não comparecer à audiência, poderá ser conduzida coercitivamente por ordem do juízo. Não sendo possível a condução imediata da testemunha, o juiz poderá designar uma audiência em continuação, em outro dia. A condução da testemunha será feito pelo oficial de justiça, que poderá contar com auxílio de força policial. Perícia informal. Embora a prova pericial não seja admitida no procedimento do JEC, admite-se a chamada perícia informal, prevista nesse art. 35 em comento. FONAJE, enunciado 12. A perícia informal é admissível na hipótese do art. 35 da Lei nº 9.099/1995. Essa perícia informal é feita colhendo-se o depoimento de um técnico de confiança do juiz na própria audiência sobre o objeto da prova, permitindo-se às partes que apresentem pareceres técnicos. Inspeção. A Lei nº 9.099/1995 autoriza, também, a inspeção judicial. A inspeção poderá ser feita, em pessoas ou coisas, pelo próprio juiz ou por pessoa de sua confiança. A inspeção será feita na própria audiência, salvo se não for possível, razão pela qual o juiz poderá suspender a sessão para a sua realização, retomando-a posteriormente. Prova oral. No procedimento do JEC, a produção da prova oral tem suas particularidades, conforme vimos no art. 34, complementadas agora pelo art. 36, ora em análise. Os depoimentos das testemunhas não serão reduzidos a escrito, vale dizer, não serão transcritos para o termo de audiência. Quando muito, os depoimentos poderão ser gravados em fita magnética ou similar (art. 13, § 3º). Ao proferir a sentença, o juiz deverá se referir aos informes prestados pelas testemunhas, naquilo que for essencial. Esse art. 37 apresenta outra situação decorrente dos princípios da informalidade e da simplicidade que norteiam o procedimento do JEC: a instrução do processo poderá ser dirigida por um juiz leigo, sob a supervisão do juiz togado. Sobre o juiz leigo, ver comentários ao art. 7º. O juiz leigo poderá abrir a sessão; conduzir a conciliação; e colher a prova (art. 28); e, até mesmo, proferir a sentença (art. 40). Sentença. Sentença é o ato do juiz que põe fim à fase cognitiva do processo de conhecimento ou extingue a execução. As sentenças podem ser terminativas, quando extinguem o processo sem resolução de mérito, ou definitivas, quando resolvem o mérito da ação. Elementos da sentença. A sentença, no procedimento do JEC, deverá ter, como elementos essenciais, a fundamentação e o dispositivo. É na fundamentação que o juiz resolve as questões de fato e de direito que lhe foram submetidas, devendo mencionar os elementos de convicção e um breve resumo dos fatos ocorridos na audiência, inclusive os depoimentos das testemunhas (art. 36). Admite-se que a fundamentação da sentença seja proferida oralmente e gravada em fita magnética ou equivalente, sem necessidade de reduzi-la a termo. FONAJE, enunciado 46. A fundamentação da sentença ou do acórdão poderá ser feita oralmente, com gravação por qualquer meio, eletrônico ou digital, consignando-se apenas o dispositivo na ata. O dispositivo é a parte da sentença na qual o juiz efetivamente decide a lide, ou seja, julga o processo, acolhendo ou rejeitando o pedido do autor, ou extinguindo o processo sem resolução de mérito. Nas sentenças proferidasnos processos submetidos ao procedimento da Lei nº 9.099/1995 o relatório é elemento não essencial, estando, por isso mesmo, dispensado. FONAJE, enunciado 162. Não se aplica ao Sistema dos Juizados Especiais a regra do art. 489 do CPC/2015 diante da expressa previsão contida no art. 38, caput, da Lei nº 9.099/95. A sentença de natureza condenatória, proferida no JEC, deve sempre ser líquida, ou seja, deve sempre indicar o valor da condenação, mesmo que o pedido tenha sido genérico (art. 14, § 2º). Não se admite sentença ilíquida, razão pela qual não há fase de liquidação de sentença. O juiz deverá, sempre, determinar o valor da condenação na sentença, quando julgar procedente o pedido condenatório. A alçada aqui referida é aquela estabelecida no art. 3º, I, ou seja, até o valor de 40 salários mínimos. Não há valor de alçada nas hipóteses do art. 3º, II. Desta forma, o disposto nesse art. 39 em comento só é aplicado às causas cujo fundamento seja o art. 3º, I. E nesses casos, a sentença condenatória não terá eficácia na parte que exceder o valor de 40 salários mínimos, vale dizer, o valor excedente ao limite da alçada não poderá ser executado, por não produzir efeito jurídico. Dentre as funções do juiz leigo está a de proferir a decisão, quando tiver dirigido a audiência de conciliação. Poder-se-ia dizer que é uma forma de “identidade física” do juiz leigo, posto que, tendo ele conduzido a audiência de instrução, teve contato direto com a prova produzida. Todavia, a sentença proferida pelo juiz leigo não tem eficácia imediata, dependendo de homologação do juiz togado. Trata-se, na verdade, de uma “proposta” de sentença que, encaminhada ao juiz togado para análise, poderá homologá-la ou proferir outra em substituição, podendo, inclusive, determinar a realização de atos probatórios. FONAJE, enunciado 95. Finda a audiência de instrução, conduzida por Juiz Leigo, deverá ser apresentada a proposta de sentença ao Juiz Togado em até dez dias, intimadas as partes no próprio termo da audiência para a data da leitura da sentença. O juiz leigo também poderá proferir sentença nos embargos à execução. FONAJE, enunciado 52. Os embargos à execução poderão ser decididos pelo juiz leigo, observado o art. 40 da Lei nº 9.099/1995. Recurso inominado. Em obediência ao princípio do duplo grau de jurisdição, contra a sentença proferida nas ações trilhadas pelo procedimento do JEC cabe recurso, conforme dispõe o art. 41 em comento. Por não ter, tal recurso, um nome específico, convencionou-se chamá-lo de recurso inominado. Sentença homologatória: irrecorribilidade. Das sentenças meramente homologatórias, seja de conciliação (art. 22, par. único) ou de laudo arbitral (art. 26), não cabe recurso, por expressa disposição legal. Todavia, contra elas caberá, nas hipóteses de vício, ação anulatória, nos termos do CPC/2015, art. 966, § 4º. Essa ação correrá perante a Justiça Comum. Turma ou Colégio Recursal. O julgamento do recurso inominado será afeito a um órgão especial, composto por 3 (três) juízes togados em exercício no 1º grau de jurisdição, ao qual se deu o nome, na praxe forense, de Colégio Recursal ou Turma Recursal. O Colégio Recursal, embora seja uma segunda instância (art. 46), não é, tecnicamente, um Tribunal, daí porque contra suas decisões não cabe recurso especial para o STJ (ver comentários ao art. 46). Sobre julgamento monocrático, ver comentários ao art. 46. Obrigatoriedade de advogado na fase recursal. Na fase recursal, tanto para interpor o recurso como para contrarrazoá-lo, as partes deverão, obrigatoriamente, estar representadas por advogado, independentemente da natureza ou do valor da causa. Assim, mesmo que a parte não tenha sido representada por advogado na fase de conhecimento (art. 9º, primeira parte), para recorrer ou contrarrazoar o recurso deverá constituir advogado para representá-la. Não tendo a parte condições financeiras de contratar um profissional, deverá ser- lhe nomeado um defensor público. Prazo e regularidade formal. O recurso inominado deve ser interposto no prazo de 10 dias. Esse prazo conta- se da ciência da sentença de mérito, ou da sentença que julga os embargos de declaração. A ciência da sentença se dará mediante intimação da parte, ou de seu advogado se houver. A intimação poderá se dar na própria audiência, quando a sentença nela for publicada, ou por carta (quando dirigida à própria parte) ou através do Diário Oficial (quando a parte estiver representada nos autos por advogado). Sendo o réu revel, não se faz necessária a sua intimação pelo Diário Oficial. FONAJE, enunciado 167. Não se aplica aos Juizados Especiais a necessidade de publicação no Diário Eletrônico quando o réu for revel - art. 346 do CPC. O recurso inominado deve ser interposto por petição escrita, obrigatoriamente elaborada e assinada por advogado (art. 41, § 2º), da qual deverão constar as razões – os fundamentos com que pretende impugnar a sentença –, e o pedido – de anulação ou reforma da sentença, conforme se alegue error in procedendo ou error in judicando, respectivamente. Preparo. Preparo é o pagamento das custas do recurso. O recurso inominado está sujeito ao pagamento de custas (art. 54, § 1º) e o seu processamento depende desse pagamento, sendo um de seus pressupostos extrínsecos de admissibilidade. A falta do pagamento do preparo implica no fenômeno da deserção. E a consequência é que o recurso deserto não poderá ser conhecido. Na sistemática do JEC, o preparo do recurso deve ser feito no prazo de até 48 horas após a sua interposição, independentemente de intimação, ou seja, ao interpor o recurso, a parte já deve saber que tem que efetuar o preparo, não havendo intimação posterior para realização do ato. Importante observar que tal prazo de 48 horas conta-se sempre da data da interposição do recurso, e não da data final do prazo para interposição do recurso. Assim, se apesar de o prazo recursal ser de 10 dias, o recurso foi interposto no 5º dia, o preparo deve ser recolhido e comprovado em até 48 horas depois. Outra coisa importante a se observar é que não basta o pagamento das custas: é preciso que o pagamento seja comprovado nos autos no prazo de 48 horas. Não se admite, também, a complementação do pagamento em momento posterior: se o recolhimento não for integral, opera-se a deserção. FONAJE, enunciado 80. O recurso Inominado será julgado deserto quando não houver o recolhimento integral do preparo e sua respectiva comprovação pela parte, no prazo de 48 horas, não admitida a complementação intempestiva (art. 42, § 1º, da Lei nº 9.099/1995). Aos beneficiários da gratuidade judiciária não será devido o preparo do recurso. Todavia, caso o requerimento da justiça gratuita seja feito concomitantemente à interposição do recurso, se for este indeferido, o recorrente será intimado para recolher e comprovar o preparo no prazo de 48 horas sob pena de deserção. FONAJE, enunciado 115. Indeferida a concessão do benefício da gratuidade da justiça requerido em sede de recurso, conceder-se-á o prazo de 48 horas para o preparo. Contrarrazões. Pelo princípio do contraditório, do recurso interposto por uma das partes, tem a outra o direito de a ele responder. E isso se faz através das contrarrazões do recurso. No procedimento do JEC, depois de comprovado o preparo (art. 42, § 1º), a parte recorrida será intimada para ofertar as suas contrarrazões, que deve ser feita e assinada por advogado, obrigatoriamente (art. 41, § 2º). O prazo para contrarrazoar o recurso é sempre o mesmo do recurso, que no caso é de 10 dias. Recurso adesivo. Questão interessante diz respeito ao recurso adesivo, que é a possibilidade da parte recorrida de aderir ao recurso interposto pela parte recorrente, e que está previsto no CPC/2015, art. 997, §§ 1º e 2º. O entendimento predominante, manifestado pelo FONAJE, é no sentido de que no procedimento do JEC não cabe, por falta de amparo legal, o recurso adesivo. FONAJE, enunciado 88. Não cabe recurso adesivo em sede de JuizadoEspecial, por falta de expressa previsão legal. Efeitos do recurso. Em decorrência do princípio da celeridade que informa o procedimento do JEC (art. 2º), os recursos previstos na Lei nº 9.099/1995 não são dotados de efeito suspensivo, vale dizer, a interposição do recurso não suspende a eficácia da decisão recorrida. Todavia, a lei prevê a possibilidade de se conceder o efeito suspensivo para evitar a ocorrência de dano irreparável. A concessão do efeito suspensivo é atribuição exclusiva do relator do recurso (CPC/2015, art. 995, parágrafo único). Nesse sentido, a conclusão do enunciado 465 do FPPC: FPPC, enunciado 465. A concessão do efeito suspensivo ao recurso inominado cabe exclusivamente ao relator na turma recursal. Quanto ao efeito devolutivo, há de se consignar que nos casos em que há sentença terminativa, ou quando a sentença de mérito reconheceu a prescrição, e a matéria for unicamente de direito, ou, sendo de fato, as provas já constarem dos autos, a turma recursal, se der provimento ao recurso, já poderá julgar o mérito da demanda. Trata-se do efeito devolutivo em profundidade, previsto no CPC/2015, art. 1.013, § 3º. FONAJE, enunciado 160. Nas hipóteses do artigo 515, § 3º, do CPC, e quando reconhecida a prescrição na sentença, a turma recursal, dando provimento ao recurso, poderá julgar de imediato o mérito, independentemente de requerimento expresso do recorrente. [N. do A.: refere-se ao CPC/1973, com correspondência no art. 1.013, § 3º, do CPC/2015]. Transcrição dos depoimentos. Como os depoimentos das testemunhas não são reduzidos a termo (art. 36), sendo armazenados em fitas magnéticas ou equivalentes (art. 13, § 3º), por ocasião do recurso, as partes têm o direito de requerer a sua transcrição. Transcrever significa reproduzir por escrito ou passar para o papel algo que está sendo ouvido. É direito das partes, portanto, que os depoimentos gravados sejam reproduzidos e passados para o papel e juntado aos autos. Isso é importante para que se possa fundamentar o recurso ou as contrarrazões, mostrando o desacerto ou o acerto da sentença, conforme o caso. Da data do julgamento do recurso pela turma recursal, as partes devem ser intimadas. A intimação será feita na pessoa do advogado que a representa via Diário Oficial, ou, se não o tiver, ou se for representado pela defensoria pública, a intimação será pessoal, por carta com AR. A ausência de intimação poderá acarretar a nulidade do julgamento. Julgamento do recurso. O julgamento do recurso pela turma julgadora se dá através de um acórdão. Para a elaboração do acórdão, é dispensável o relatório, sendo necessário tão somente a fundamentação e o dispositivo. A fundamentação pode ser sucinta, apontando apenas os elementos de convicção. FONAJE, enunciado 92. Nos termos do art. 46 da Lei nº 9099/1995, é dispensável o relatório nos julgamentos proferidos pelas Turmas Recursais. Caso a sentença seja mantida e confirmada por seus próprios fundamentos, a própria súmula do julgamento, com tal indicação, servirá de acórdão, não sendo necessário que se lhes redijam os votos. Julgamento monocrático. Na forma do disposto no CPC/2015, art. 932, IV e V, o relator do recurso poderá proferir decisão monocrática, negando provimento a recurso contrário a súmulas dos tribunais superiores ou do próprio tribunal, a acórdão proferido no julgamento de recursos repetitivos, e a entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência, ou dando provimento a recurso se a decisão recorrida for contrária a súmulas dos tribunais superiores ou do próprio tribunal, a acórdão proferido no julgamento de recursos repetitivos, e a entendimento firmado em incidente de resolução de demandas repetitivas ou de assunção de competência. Tais poderes são reconhecidos e conferidos ao relator nos recursos do JEC: FONAJE, enunciado 102. O relator, nas Turmas Recursais Cíveis, em decisão monocrática, poderá negar seguimento a recurso manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em desacordo com Súmula ou jurisprudência dominante das Turmas Recursais ou da Turma de Uniformização ou ainda de Tribunal Superior, cabendo recurso interno para a Turma Recursal, no prazo de cinco dias. FONAJE, enunciado 103. O relator, nas Turmas Recursais Cíveis, em decisão monocrática, poderá dar provimento a recurso se a decisão estiver em manifesto confronto com Súmula do Tribunal Superior ou Jurisprudência dominante do próprio Juizado, cabendo recurso interno para a Turma Recursal, no prazo de cinco dias. Ocorrendo a decisão monocrática do relator, ela será impugnável por meio de agravo interno (CPC/2015, art. 1.021), cabível no sistema do JEC. FPPC, enunciado 464. A decisão unipessoal (monocrática) do relator em Turma Recursal é impugnável por agravo interno. Recurso especial: não cabimento. Recurso especial é o recurso próprio para o STJ, nas hipóteses previstas no art. 105, III, da CRFB, cuja finalidade é permitir o controle de legalidade das decisões dos tribunais estaduais e da Justiça Federal, bem como promover a uniformidade de interpretação do direito federal. O STJ tem competência para julgar, em recurso especial, as causas decididas, em única ou última instância, pelos Tribunais Regionais Federais ou pelos tribunais dos Estados, do Distrito Federal e Territórios, quando a decisão recorrida: a) contrariar tratado ou lei federal, ou negar-lhes vigência; b) julgar válido ato de governo local contestado em face de lei federal; c) der a lei federal interpretação divergente da que lhe haja atribuído outro tribunal. É preciso bem observar que o recurso especial somente tem lugar quando a decisão que se pretende recorrer emanar de um tribunal, seja ele federal ou estadual. Decisão que não seja emanada de um tribunal não comporta o recurso especial. Por essa razão, não cabe recurso especial contra decisão do juizado especial que julga o recurso inominado, pois tal decisão é proferida por um Colégio Recursal, compostos por juízes de 1º grau, que não se constitui num tribunal (ver comentários ao art. 41, § 1º). STJ, súmula nº 203. Não cabe recurso especial contra decisão proferida por órgão de segundo grau dos Juizados Especiais. Recurso extraordinário: cabimento. Recurso extraordinário é o recurso próprio ao STF, cujo objetivo é discutir questões ligadas a ofensa às normas constitucionais, nas hipóteses delimitadas no art. 102, III, da CF, tendo por finalidade manter, dentro do sistema federal e da descentralização do Poder Judiciário, a autoridade e a unidade da Constituição. O STF tem competência para julgar, mediante recurso extraordinário, as causas decididas em única ou última instância, quando a decisão recorrida: a) contrariar dispositivo desta Constituição; b) declarar a inconstitucionalidade de tratado ou lei federal; c) julgar válida lei ou ato de governo local contestado em face desta Constituição; d) julgar válida lei local contestada em face de lei federal. Diferentemente do que ocorre com o recurso especial, o art. 102 da CF não faz menção a decisão de tribunal. Assim, qualquer decisão judicial, mesmo que não seja proferida por um tribunal, está sujeita ao recurso extraordinário, razão pela qual é cabível recurso extraordinário contra acórdão prolatado pelo Colégio Recursal no juizado especial. STF, súmula nº 640. É cabível recurso extraordinário contra decisão proferida por juiz de primeiro grau nas causas de alçada, ou por turma recursal de juizado especial cível e criminal. FONAJE, enunciado 63. Contra decisões das Turmas Recursais são cabíveis somente os embargos declaratórios e o Recurso Extraordinário. O recurso extraordinário deve ser interposto no prazo de 15 dias contados da data da intimação da decisão da Turma Recursal. FONAJE, enunciado 85. O Prazo para recorrer da decisão de Turma Recursal fluirá da data do julgamento. A sua interposição deve se dar perante a Turma Recursal, competindo ao seu Presidente o exame de admissibilidade. FONAJE, enunciado84. Compete ao Presidente da Turma Recursal o juízo de admissibilidade do Recurso Extraordinário, salvo disposição em contrário. A inadmissibilidade, por qualquer razão, do recurso extraordinário enseja agravo ao STF, ao qual o JEC de origem não poderá deixar de dar encaminhamento. STF, súmula nº 727. Não pode o magistrado deixar de encaminhar ao Supremo Tribunal Federal o agravo de instrumento interposto da decisão que não admite recurso extraordinário, ainda que referente a causa instaurada no âmbito dos juizados especiais. Mandado de segurança. Conforme tivemos oportunidade de afirmar anteriormente em obra sobre o tema (SALES, 2015.d: 15), o mandado de segurança é uma ação constitucional que tem por objetivo assegurar um direito líquido e certo que foi negado, de maneira abusiva ou ilegal, pelo ato de uma autoridade pública. Nesse sentido, é o disposto na Lei nº 12.016/2009, art. 1º: Conceder-se-á mandado de segurança para proteger direito líquido e certo, não amparado por habeas corpus ou habeas data, sempre que, ilegalmente ou com abuso de poder, qualquer pessoa física ou jurídica sofrer violação ou houver justo receio de sofrê-la por parte de autoridade, seja de que categoria for e sejam quais forem as funções que exerça. No sistema do JEC é cabível o mandado de segurança, contra ato do juiz, do qual não caiba recurso. A competência para processar e julgar o mandado de segurança será da turma recursal do próprio juizado. STJ, súmula nº 376. Compete a turma recursal processar e julgar o mandado de segurança contra ato de juizado especial. FONAJE, enunciado 62. Cabe exclusivamente às Turmas Recursais conhecer e julgar o mandado de segurança e o habeas corpus impetrados em face de atos judiciais oriundos dos Juizados Especiais. O art. 47 foi vetado pelo Presidente da República. O texto vetado tinha o seguinte teor: Art. 47. A lei local poderá instituir recurso de divergência desse julgamento ao Tribunal de Alçada, onde houver, ou ao Tribunal de Justiça, sem efeito suspensivo, cabível quando houver divergência com a jurisprudência do próprio Tribunal de ou outra turma de Juízes, ou quando o valor do pedido julgado improcedente ou da condenação for superior a vinte salários mínimos. As razões do veto: O art. 47 do projeto de lei deve ser vetado, com fundamento no interesse público, porque a intenção que norteou a iniciativa parlamentar foi propiciar maior agilidade processual, o que não aconteceria com a sanção deste dispositivo, visto que ele ensejaria o aumento de recursos nos tribunais locais, em vez de sua diminuição. Daí, não mais haveria brevidade na conclusão das causas, contrariando todo o espírito que moveu a proposição e que traduz o anseio de toda a sociedade brasileira. Alteração legislativa. A atual redação do art. 48 foi dada pelo CPC/2015, art. 1.064, remetendo os embargos de declaração, no JEC, aos casos previstos no Código de Processo Civil. O art. 1.022 do CPC/2015 estabelece, como hipóteses de cabimento dos embargos de declaração, a omissão, a contradição e a obscuridade. Como se pode observar, essa significativa alteração acaba por excluir, das hipóteses de cabimento dos embargos de declaração, a dúvida, que constava da redação original do art. 48. Destarte, devemos ficar atentos ao fato de que a dúvida não é mais um ponto sobre o qual poderão incidir os embargos de declaração, que serão rejeitados pelo órgão julgador quando assim manifestados. Embargos de declaração. Denomina-se embargos de declaração o recurso próprio para esclarecer e integrar a decisão atacada, fundando-se na ideia de que a prestação jurisdicional deve ser completa e clara. Destina-se, no ato impugnado, à supressão de omissão, à eliminação de contradição e ao afastamento de obscuridade, pelo juiz ou relator prolator da decisão (cf. SALES, 2014.b: 670). O recurso não se presta a corrigir a decisão impugnada, mas tão somente integrá- la, sanando os vícios de obscuridade, contradição e omissão. No procedimento do JEC, os embargos de declaração terão cabimento nas hipóteses do art. 48, ressaltando-se o entendimento de serem cabíveis, também, contra decisões interlocutórias, por aplicação do CPC/2015, art. 1.022. FPPC, enunciado 475. Cabem embargos de declaração contra decisão interlocutória no âmbito dos juizados especiais. Cabimento dos embargos de declaração no JEC. São requisitos dos embargos de declaração no procedimento do JEC a existência, na decisão impugnada, de obscuridade, contradição ou omissão sobre algum ponto sobre o qual a decisão deveria se pronunciar. No caso de omissão, o julgamento dos embargos irá supri-la, decidindo a questão que eventualmente tenha escapado à decisão embargada, ao passo que nos casos de contradição e obscuridade, a decisão será expungida, eliminando-se o defeito nela detectada. Os embargos de declaração são dotados de efeito suspensivo, mas é um recurso não devolutivo, porque julgado pelo mesmo juiz ou órgão que julgou a decisão recorrida. Têm efeito apenas integrativo, mas podem ter, por via reflexa, efeito modificativo, especialmente nos casos de omissão (cf. SALES, 2014: b. 670). FONAJE, enunciado 159. Não existe omissão a sanar por meio de embargos de declaração quando o acórdão não enfrenta todas as questões arguidas pelas partes, desde que uma delas tenha sido suficiente para o julgamento do recurso. Erros materiais. Erros materiais são erros de escrita ou de digitação, que não influem no julgamento e, como tal, são corrigíveis de ofício. Percebendo, o juiz, que há na sentença algum erro material, ele deverá corrigi-lo, independentemente de provocação. Essa regra, todavia, não exclui a possibilidade da parte apontar o erro ao juiz, através de uma simples petição, ou através mesmo de embargos de declaração, como prevê o CPC/2015, art. 1.022, III. Requisitos formais e prazo. Os embargos de declaração podem ser interpostos tanto por petição escrita quanto oralmente. Sendo oral, eles deverão ser reduzidos a termo pelo escrivão. O prazo para sua interposição é de 5 (cinco) dias, que se contam da ciência, pelo embargado, da decisão que se pretende embargar. Alteração legislativa. A redação do art. 50 foi alterada por força do CPC/2015, art. 1.065, passando a estabelecer que os embargos declaratórios interrompem o prazo para outros recursos. A sua redação original dizia que os embargos suspendiam o prazo para outros recursos. Além de adequar e sintonizar os embargos de declaração do JEC com os do processo comum, a diferença entre interromper e suspender é abismal. A interrupção do prazo pressupõe a sua paralisação e a restituição integral do prazo ao término do motivo que originou a interrupção, ao passo que a sua suspensão implica na paralisação do prazo, retomando-o, quando findar o motivo da suspensão, pelo tempo que faltar para acabar o prazo. Com a mudança propiciada pelo CPC/2015, art. 1.065, os embargos de declaração, no JEC, passam a interromper o prazo para outros recursos, tal como ocorre no processo comum (CPC/2015, art. 1.026). Efeitos da interposição dos embargos de declaração em relação ao recurso inominado. Publicada a sentença, cientes as partes, começa a correr o prazo para os recursos. Contra a sentença cabe, em tese, recurso inominado ou embargos de declaração, conforme o caso. Tendo em vista que apenas um único recurso poderá ser ofertado, no caso de se optar pelos embargos de declaração, como fica o recurso inominado? A resposta vem como esse art. 50 em comento: - os embargos interromperão o prazo para o recurso inominado. Apresentados os embargos, desde que tempestivos, o prazo para o recurso inominado fica automaticamente interrompido. Julgados os embargos, intimadas as partes, começará a correr o prazo integral, de 10 dias, para o recurso inominado. Sentença terminativa. Terminativas são as sentenças que extinguem o processo sem resolução do mérito. Elas ocorrem porque o processo apresenta algum vício processual insanável, que constitui uma barreira intransponível, não o permitindoFórum Nacional dos Juizados Especiais - FONAJE - Enunciados Cíveis - FONAJE - Enunciados da Fazenda Pública Fórum Nacional dos Juizados Especiais Federais – FONAJEF - Enunciados Cíveis Súmulas do Conselho da Justiça Federal - Turma de uniformização das decisões das turmas recursais dos Juizados Especiais Federais - Turmas recursais do Juizado Especial Federal de São Paulo/SP Parte I. Apontamentos sobre o sistema dos Juizados Especiais 1. Dos Juizados Especiais de Pequenas Causas aos Juizados Especiais Cíveis: um pouco de história As questões que envolvem direitos civis de cunho patrimonial, especialmente aquelas que dizem respeito à responsabilidade civil contratual e extracontratual, constituem parcela substancial dos litígios de natureza civil que grassam a justiça pátria. Mas o grande problema sempre residiu na dificuldade de acesso ao processo civil, grandiloquente na essência e na estrutura, o que afastava do judiciário as pequenas causas, assim ditas em razão do seu conteúdo econômico. Pequenos problemas do dia a dia, de pouca expressão econômica, especial e principalmente aqueles ligados às relações de consumo, acabavam por ficar sem solução, porque o acesso ao processo comum, por ser muito expansivo, tornava- se inviável. Afinal, o interessado deveria contratar advogado e adiantar as custas do processo, o que sairia muito mais caro do que o proveito econômico que poderia galgar, sem contar o tempo de demora do trâmite processual. Havia, portanto, a necessidade de se encontrar uma alternativa que tornasse viável, para aquelas situações, o acesso à justiça, o que viria, então, na forma do chamado Juizado de Pequenas Causas. As origens dos Juizados de Pequenas Causas remontam ao início do século passado, nos EUA. Posteriormente, a experiência foi transferida para a Europa e Japão, até chegar ao Brasil. Em 1973, com o advento do, então, novo Código de Processo Civil, contemplou- se uma alternativa visando obter celeridade processual no chamado “procedimento sumaríssimo”, para atender causas de menor complexidade. Todavia, ainda persistiam os problemas do processo comum, traduzidos no binômio custo/tempo, que conduziriam à iniquidade daquele procedimento – e que acabou sendo descartado e suprimido do CPC/2015. Por conta disso, e para atender aos anseios da sociedade, em 1984 foi promulgada a Lei nº 7.244, introduzindo no ordenamento jurídico o Juizado Especial de Pequenas Causas, cujo objetivo era, exatamente, criar um mecanismo de solução diferenciada para conflitos de menor complexidade. Por força do que expressamente dispunha aquela lei, eram consideradas “pequenas causas”, ou causas de reduzido valor econômico, todas as causas em que a pretensão envolvesse direitos patrimoniais disponíveis e cujo valor não excedesse a 20 salários mínimos. Tal lei exerceu um importante papel nos pouco mais de 10 anos em que esteve em vigor, eis que grande parte dos problemas que antes era relegada ao esquecimento encontrou abrigo nesse novo modelo de justiça, principalmente porque em 1990 foi promulgado o Código de Defesa do Consumidor, aumentando a consciência do cidadão médio sobre seus direitos. A Lei nº 7.244/1984 trouxe profundas novidades para o processo civil, sendo a principal delas a possibilidade da parte formular sua pretensão diretamente ao juizado, sem necessitar de um advogado (art. 9º). Assim, um dos primeiros problemas do jurisdicionado – o custo com o advogado – estaria solucionado. Além disso, o ajuizamento da ação independia do pagamento de custas (art. 51), o que facilitava, sem dúvida, o acesso ao judiciário. Essa lei cumpriu bem essa sua função, de propiciar à população o acesso ao judiciário, o que se pode observar pela quantidade de processos que foram submetidos ao procedimento das “pequenas causas”, que bem caiu no gosto e na boca do povo, mostrando que a experiência deu mais do que certo. E o sucesso dessa experiência conduziu, naturalmente, para um passo acima. E em 1995 foi promulgada a Lei nº 9.099, passando a contemplar o Juizado Especial Cível. 2. A Lei nº 9.099/1995 e os Juizados Especiais Cíveis A Lei nº 7.244/1984 foi revogada expressa e totalmente pela Lei nº 9.099/1995 (art. 97), que passou a regulamentar o Juizado Especial Cível. Essa Lei nº 9.099/1995 representa uma evolução, em vários aspectos, em relação à lei antiga. Ela mantém os princípios básicos que regem os juizados, mas amplia seu espectro, incidência e alcance, para causa até 40 salários mínimos, e para todas aquelas que o CPC/1973 reservava para o procedimento sumário, no art. 275, II, passando a regular, também, a execução. Por essa razão, deixa-se de se falar em Juizado Especial de “Pequenas Causas”, passando à atual denominação de Juizado Especial Cível. Na Lei nº 9.099/1995, a presença do advogado é obrigatória para as causas de valor superior a 20 salários mínimos. Até esse valor, a presença de advogado é facultativa. E por falar em faculdade, é sempre bom lembrar que o ajuizamento da ação perante o JEC é sempre opcional, podendo o autor, se quiser, escolher propô-la perante o juízo comum. Enquanto na lei anterior somente pessoas físicas eram admitidas a propor ação no juizado, a Lei nº 9.099/1995 passou a admitir que algumas pessoas jurídicas, como as microempresas e empresas de pequeno porte, possam fazê-lo. Os Juizados Especiais Cíveis, assim, passaram a representar uma importante parcela do judiciário brasileiro, ganhando, definitivamente, o reconhecimento e respeito que merece por parte do jurisdicionado. Mas ainda deixava de lado outro segmento importante, na medida em que não admitia, como rés, as pessoas jurídicas de direito público, ligadas à administração pública direta e indireta. A solução viria a seguir, quase uma década depois. 3. A Lei nº 12.153/2009 e os Juizados Especiais da Fazenda Pública A Lei nº 9.099/1995 aumentou o alcance dos juizados especiais, traduzindo-se em grande utilidade ao jurisdicionado, representando uma importante parcela dos processos submetidos à justiça estadual. Mas ela apresentava uma sensível lacuna, ao não permitir nem admitir, como parte, as pessoas jurídicas de direito público, seja da administração direta ou da indireta. É inegável que as ações contra o Estado e contra as suas autarquias e empresas públicas representam grande parte no número de processos judiciais, fenômeno que se verifica com maior intensidade em face desse Estado moderno, que tem um viés de fornecedor de serviços públicos. Para suprir aquela lacuna, foi promulgada a Lei nº 12.153/2009, que instituiu o Juizado Especial da Fazenda Pública, para as ações de valor até 60 salários mínimos em que houvesse o interesse dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, e suas respectivas autarquias, fundações e empresas públicas (art. 5º, II). Outra diferença significativa em relação à Lei nº 9.099/1995 é que o procedimento do Juizado da Fazenda Pública não é uma opção. Sua observância, onde houver instalada vara própria, é obrigatória, eis que sua competência funcional é absoluta (art. 2º, § 4º). 3.1. O sistema dos Juizados Especiais estaduais Os Juizados Especiais Cíveis e os Criminais, juntamente com os Juizados da Fazenda Pública, integram o sistema de Juizados Especiais dos Estados e Distrito Federal. Esse sistema é regido, precipuamente, pela Lei nº 9.099/1995, sendo que os Juizados Especiais da Fazenda Pública observarão o que dispuser a Lei nº 12.153/2009 (CPC/2015). Mas o Código de Processo Civil é aplicável apenas supletivamente, no que não conflitar com as regras e princípios que regem o sistema dos Juizados Especiais Estaduais. Nesse sentido, o enunciado 161 do FONAJE: FONAJE, enunciado 161. Considerado o princípio da especialidade, o CPC/2015 somente terá aplicação ao Sistema dos Juizados Especiais nos casos de expressa e específica remissão ou na hipótese de compatibilidade com os critérios previstos no art. 2º da Lei nº 9.099/95. 4. A Lei nº 10.259/2001 e os Juizados Especiais Federais A Lei nº 9.099/1995 veio instituiralcançar a discussão de fundo. A sentença terminativa apenas põe fim à relação jurídica processual, deixando intocada a relação de direito material que originou o processo, razão pela qual, salvo exceções, não impede que a ação seja reproposta. Motivos para a extinção do processo sem resolução do mérito. Os motivos que levam à extinção do feito sem resolução do mérito estão, em primeiro lugar, previstas no CPC/2015, art. 485 (… além dos casos previstos em lei…). São elas: CPC/2015, art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando: I - indeferir a petição inicial; II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes; III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias; IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo; V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada; VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual; VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência; VIII - homologar a desistência da ação; IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e X - nos demais casos prescritos neste Código. Além dessas hipóteses, comuns a todos os processos, o art. 51 em comento lista hipóteses específicas para os processos sujeitos ao procedimento do JEC. São elas: 1. Quando o autor deixar de comparecer a qualquer das audiências do processo. No procedimento do JEC o comparecimento do autor às audiências é obrigatório (ver comentários ao art. 9º). A ausência do autor a qualquer das audiências do processo (seja de conciliação ou de instrução, para prestar depoimento ou não), enseja a extinção do processo por abandono. Ao deixar de comparecer à sessão designada, pressupõe-se que o autor desistiu da ação, abandonando-a. FONAJE, enunciado 90. A desistência da ação, mesmo sem a anuência do réu já citado, implicará a extinção do processo sem resolução do mérito, ainda que tal ato se dê em audiência de instrução e julgamento, salvo quando houver indícios de litigância de má-fé ou lide temerária (nova redação – XXXVIII Encontro – Belo Horizonte-MG). Entende-se que, no caso de extinção por abandono do autor, a sentença deverá condená-lo no pagamento das custas processuais (§ 2º). FONAJE, enunciado 28. Havendo extinção do processo com base no inciso I, do art. 51, da Lei nº 9.099/1995, é necessária a condenação em custas. 2. Quando for inadmissível o procedimento instituído pela Lei nº 9.099/95 ou o seu prosseguimento, após a conciliação. Ocorre a inadmissibilidade do procedimento quando a ação proposta não corresponder àquelas relacionadas no art. 3º, a cujos comentários remetemos o leitor. O ajuizamento de uma ação que não esteja prevista no rol do art. 3º, para a qual o JEC não tenha competência funcional, ensejará a sua extinção, sem resolução do mérito. 3. Quando for reconhecida a incompetência territorial. No procedimento do JEC, a incompetência territorial (em razão do lugar) conduz à extinção do processo, diferentemente do que ocorre na Justiça comum, em que ocorre apenas a modificação da competência, com a remessa dos autos ao juízo competente. E, por isso mesmo, também diferentemente do que ocorre na Justiça comum, no JEC a incompetência territorial, embora relativa, pode ser conhecida de ofício. FONAJE, enunciado 89. A incompetência territorial pode ser reconhecida de ofício no sistema de juizados especiais cíveis. 4. Quando sobrevier qualquer dos impedimentos do art. 8º. A hipótese aqui tratada cuida de situação verificada a posteriori, depois do ajuizamento da ação. Verificado o impedimento antes do ajuizamento da ação, ela não deverá ser distribuída. Se, apesar do impedimento, a ação vier a ser distribuída, será caso de indeferimento da inicial (que é outro motivo de extinção). O que se cuida, aqui, entrementes, é de impedimento superveniente, ou seja, ocorrido após o ajuizamento da ação; se, no curso dela, a parte for recolhida ao sistema prisional, tiver sua falência decretada, ou for considerada insolvente, deve, em qualquer dos casos, ser extinto o processo sem resolução de mérito. 5. Quando, falecido o autor, a habilitação depender de sentença. Falecendo o autor, seus sucessores deverão assumir o processo, habilitando-se. Se não houver nenhum tipo de questionamento entre os sucessores, a habilitação se fará nos próprios autos. Mas se houver algum tipo de disputa ou de impugnação entre pessoas que se entendam sucessoras, deverá se promover a ação de habilitação, com dilação probatória (CPC/2105, art. 691). Nesse caso, por ser incompatível com o procedimento do JEC, a ação deverá ser julgada extinta. 6. Quando, falecido o réu, o autor não promover a citação dos sucessores no prazo de 30 dias. Comunicado nos autos o falecimento do réu, se não houver habilitação, o autor deve promover a regularização do polo passivo, fazendo a citação dos sucessores (CPC/2015, art. 313, § 2º, I). Caso o autor não promova a citação dos sucessores no prazo de 30 dias, prazo esse que deve ser contado da data da intimação do juízo acerca do óbito, o processo deverá ser extinto. A menção, no texto em comento, a “qualquer hipótese”, contempla, não apenas as situações retratadas no art. 51, como também as do CPC/2015, art. 485. Em razão dos princípios que informam o procedimento do JEC, em especial os da simplicidade e da economia processual, é a previsão legal, desse § 1º, de que a extinção do processo não dependerá da intimação prévia das partes, nem mesmo nos casos de abandono do processo, nas hipóteses dos incisos II e III do CPC/2015, art. 485. Como mencionamos acima, a extinção do processo em decorrência da ausência do autor a qualquer das audiências implica em condená-lo nas custas processuais. Todavia, o juiz poderá isentá-lo dessa obrigação, se ele comprovar que sua ausência decorreu de motivo de força maior. Para tanto, a parte deverá requerer a isenção ao juiz, anexando ao requerimento documentos que comprovem o alegado. Cumprimento de sentença. O art. 52 em comento trata da execução da sentença, que na sistemática atual do processo civil recebe o nome de “cumprimento de sentença”. É, em verdade, a execução do título executivo judicial. A execução – ou cumprimento – da sentença se fará nos próprios autos do processo onde proferida, seguindo-se as normas do Código de Processo Civil. Aplicam-se, portanto, as disposições contidas no CPC/2015, arts. 513 a 538 (relativos ao cumprimento de sentença). Desta forma, totalmente aplicável a multa estabelecida no CPC/2015, art. 523, § 1º: FONAJE, enunciado 97. A multa prevista no art. 523, § 1º, do CPC/2015 aplica-se aos Juizados Especiais Cíveis, ainda que o valor desta, somado ao da execução, ultrapasse o limite de alçada; a segunda parte do referido dispositivo não é aplicável, sendo, portanto, indevidos honorários advocatícios de dez por cento (nova redação – XXXVIII Encontro – Belo Horizonte-MG). Aos dispositivos do CPC, dantes mencionados, devem-se observar as alterações introduzidas pelos vários incisos do art. 52. 1. Liquidez e atualização do débito (incisos I e II). As sentenças condenatórias devem ser liquidadas, como já vimos nos comentários ao art. 38. Isso vem reforçado no inciso I. Os cálculos referentes à atualização monetária, aos juros, honorários advocatícios, despesas processuais e outras parcelas devidas serão efetuados sempre pelo contador judicial (inciso II). 2. Intimação da sentença e cumprimento (incisos III e IV). A intimação da sentença deve ocorrer na própria audiência em que for proferida. Nessa intimação, o juiz já deverá comunicar ao vencido a obrigação de cumprir a sentença tão logo ocorra o trânsito em julgado, advertindo-lhe dos efeitos do seu não cumprimento (inciso III). Não haverá nova citação nem intimação para o cumprimento. Se não houver o cumprimentoespontâneo, o interessado poderá requerer a execução forçada (inciso IV), com o pagamento da multa de 10% do CPC/2015, art. 523, § 1º. FONAJE, enunciado 38. A análise do art. 52, IV, da Lei nº 9.099/1995, determina que, desde logo, expeça-se o mandado de penhora, depósito, avaliação e intimação, inclusive da eventual audiência de conciliação designada, considerando-se o executado intimado com a simples entrega de cópia do referido mandado em seu endereço, devendo, nesse caso, ser certificado circunstanciadamente. FONAJE, enunciado 106. Havendo dificuldade de pagamento direto ao credor, ou resistência deste, o devedor, a fim de evitar a multa de 10%, deverá efetuar depósito perante o juízo singular de origem, ainda que os autos estejam na instância recursal. 3. Obrigações de entregar, de fazer ou de não fazer (incisos V e VI). Tratando-se de obrigação de entregar, de fazer ou de não fazer, o juiz poderá estabelecer uma multa diária pelo atraso no seu cumprimento. Persistindo o descumprimento, o credor poderá requerer ao juiz que se eleve o valor da multa, ou que se converta a obrigação em perdas e danos, arbitrada pelo juiz, com execução nos próprios autos. FONAJE, enunciado 22. A multa cominatória é cabível desde o descumprimento da tutela antecipada, nos casos dos incisos V e VI, do art. 52, da Lei nº 9.099/1995. Na obrigação de fazer, o juiz poderá determinar que a obrigação seja cumprida por um terceiro, fixando o valor que o devedor terá que depositar para as despesas, sob pena de multa diária. 4. Expropriação (incisos VII e VIII). Na expropriação do bem penhorado, admite-se a alienação por iniciativa particular (também prevista no CPC/2015, art. 880). Na alienação judicial, sendo os bens de pequeno valor, ficam dispensados os editais em jornais. 5. Embargos à execução (inciso IX). Aqui, uma diferença significativa: a forma pela qual o devedor pode se opor ao cumprimento de sentença, no procedimento do JEC, é através de embargos à execução (no sistema do CPC chama-se impugnação). É importante ficar atento a isso. Os embargos serão opostos no prazo de 15 dias contados da intimação da penhora ou da data do depósito espontâneo, sendo que a garantia do juízo é indispensável para que os embargos possam ser recebidos. FONAJE, enunciado 142. Na execução por título judicial o prazo para oferecimento de embargos será de quinze dias e fluirá da intimação da penhora. FONAJE, enunciado 156. Na execução de título judicial, o prazo para oposição de embargos flui da data do depósito espontâneo, valendo este como termo inicial, ficando dispensada a lavratura de termo de penhora. FONAJE, enunciado 117. É obrigatória a segurança do Juízo pela penhora para apresentação de embargos à execução de título judicial ou extrajudicial perante o Juizado Especial. Nos embargos à execução, o embargante somente poderá alegar as matérias enumeradas nas letras “a” a “d” do inciso IX, rol este que é taxativo. FONAJE, enunciado 121. Os fundamentos admitidos para embargar a execução da sentença estão disciplinados no art. 52, inciso IX, da Lei nº 9.099/95 e não no artigo 475-L do CPC, introduzido pela Lei nº 11.232/05. [N.A: refere-se ao CPC/1973]. A decisão que julga os embargos à execução, porque sentença, é impugnável mediante recurso inominado. FONAJE, enunciado 143. A decisão que põe fim aos embargos à execução de título judicial ou extrajudicial é sentença, contra a qual cabe apenas recurso inominado. Desconsideração da personalidade jurídica e o JEC. Desconsideração da personalidade jurídica é o fenômeno processual por meio do qual, em determinadas situações, a lei autoriza ao juiz que desconsidere a autonomia patrimonial decorrente da personificação da sociedade para imputar a responsabilidade pelo cumprimento da sua obrigação aos seus sócios, estando prevista no CDC, art. 28 e no CC, art. 50, além de outros diplomas legais. Conforme entendimento manifestado no enunciado 60 do FONAJE, a desconsideração é cabível em sede do juizado especial. FONAJE, enunciado 60. É cabível a aplicação da desconsideração da personalidade jurídica, inclusive na fase de execução. Com o advento do novo CPC, a desconsideração da personalidade jurídica passa a contar com um procedimento próprio para ser realizada, constituindo um incidente processual, conforme dispõem os arts. 133 a 137. Por meio de tal incidente, o juiz, antes de promover a desconsideração, deverá fazer a citação dos sócios da pessoa jurídica para que se manifestem (CPC/2015, art. 135), seguindo-se a instrução do incidente e a decisão do juiz (CPC/2015, art. 136), tudo isso com a suspensão do processo principal (CPC/2015, art. 134, § 3º). No Livro Complementar, destinado às disposições finais e transitórias, o CPC/2015, no art. 1.062, estabelece que o referido incidente aplica-se aos processos do JEC: CPC/2015, art. 1.062. O incidente de desconsideração da personalidade jurídica aplica-se ao processo de competência dos juizados especiais. Todavia, entendemos que tal procedimento incidental não pode ser aplicado aos processos submetidos ao procedimento do JEC. É que ele está inserido no título III, do Livro III, da Parte Geral, que trata da intervenção de terceiros. Desta forma, tal incidente, como determinado no novo CPC, é, inequivocamente, uma forma de intervenção de terceiros, e o art. 10 (a cujos comentários remetemos o leitor) expressamente proíbe qualquer forma de intervenção de terceiros nos processos de competência do JEC. Assim, a desconsideração é cabível no JEC, mas o incidente previsto no CPC não. Ação de execução no JEC. O JEC tem competência para processar as ações de execução (alicerçadas em títulos executivos extrajudiciais) no valor de até 40 salários mínimos (art. 3º, § 1º, II). A execução seguirá as regras do CPC/2015 (arts. 771 a 925), com as modificações constantes da própria Lei nº 9.099/1995, especialmente dos §§ 1º ao 4º. Penhora e audiência. A primeira modificação do procedimento em relação ao processo de execução do CPC é que, citado o executado e efetivada a penhora, ele será intimado a comparecer à audiência de conciliação que foi designada. Como a conciliação é o princípio norteador do JEC, a designação de audiência para esse fim é essencial e indispensável. FONAJE, enunciado 71. É cabível a designação de audiência de conciliação em execução de título judicial. Para a realização da audiência de conciliação, não é indispensável a penhora, porque o juiz pode convocar as partes a qualquer momento para tentativa de conciliação. FONAJE, enunciado 145. A penhora não é requisito para a designação de audiência de conciliação na execução fundada em título extrajudicial. Todavia, para a apresentação dos embargos, a penhora é requisito necessário. A penhora deverá obedecer aos dispositivos do CPC/2015 (arts. 831 a 869), especialmente quanto à ordem de preferência e à impenhorabilidade. FONAJE, enunciado 14. Os bens que guarnecem a residência do devedor, desde que não essenciais à habitabilidade, são penhoráveis. FONAJE, enunciado 140. O bloqueio on-line de numerário será considerado para todos os efeitos como penhora, dispensando-se a lavratura do termo e intimando-se o devedor da constrição. Embargos à execução. O exequente poderá se opor à execução por meio de embargos (art. 52, IX), que devem ser apresentados na própria audiência. Os embargos poderão ser apresentados por escrito ou de forma oral, e o embargante não estará restrito às matérias enumeradas nas letras “a” a “d” do art. 52, IX. É que, tratando-se de título executivo extrajudicial, deve se dar ampla possibilidade de defesa ao embargante, que poderá alegar qualquer matéria que poderia alegar em sua contestação no processo de conhecimento, e entender o contrário seria negar-lhe o direito à ampla defesa. Os embargos dependem de prévia garantia do juízo – por meio de penhora, depósito ou caução –, não podendo ser recebidos sem isso. Diferentemente do que ocorre no processo comum, a garantia é requisito essencial e indispensáveldos embargos à execução no procedimento do JEC. FONAJE, enunciado 117. É obrigatória a segurança do Juízo pela penhora para apresentação de embargos à execução de título judicial ou extrajudicial perante o Juizado Especial. Recebido os embargos, o embargado deverá ter a oportunidade de respondê-los, passando-se à instrução processual e ao seu julgamento. Se a audiência foi dirigida pelo juiz leigo, a ele caberá elaborar a proposta de sentença, na forma do art. 40. FONAJE, enunciado 52. Os embargos à execução poderão ser decididos pelo juiz leigo, observado o art. 40 da Lei nº 9.099/1995. Contra a decisão que julga os embargos à execução será cabível o recurso inominado (arts. 41 e 42). FONAJE, enunciado 143. A decisão que põe fim aos embargos à execução de título judicial ou extrajudicial é sentença, contra a qual cabe apenas recurso inominado. Embargos à arrematação ou à adjudicação. O novo CPC pôs fim aos embargos à arrematação e à adjudicação, antes previstos no CPC/1973, art. 746. Na nova sistemática adotada pela lei processual, o executado somente poderá impugnar a arrematação ou a adjudicação no prazo preclusivo de 10 dias do aperfeiçoamento do ato, findo o qual será expedida a respectiva carta ou o mandado de entrega. Depois disso, o executado somente poderá pleitear a invalidação da arrematação em ação autônoma, da qual o arrematante deverá compor, necessariamente, o polo passivo, em litisconsórcio com o exequente. No JEC, vigora o entendimento de que a arrematação ou a adjudicação podem ser impugnadas por simples petição, no prazo de 5 (cinco) dias do ato. FONAJE, enunciado 81. A arrematação e a adjudicação podem ser impugnadas, no prazo de cinco dias do ato, por simples pedido. Embargos de terceiro. Embargos de terceiro é o meio processual adequado para quem, não sendo parte no processo, sofrendo constrição ou ameaça de constrição sobre seus bens, em razão de uma ordem judicial como a penhora, o arresto, o sequestro, entre outros, obter o seu desfazimento ou sua inibição. Eles estão previstos no CPC/2015, art. 674, e são admitidos no JEC. FONAJE, enunciado 155. Admitem-se embargos de terceiro, no sistema dos juizados, mesmo pelas pessoas excluídas pelo parágrafo primeiro do art. 8º da lei nº 9.099/95. Os princípios norteadores da Lei nº 9.099/1995 aplicam-se, como não poderia deixar de ser, ao processo de execução, especialmente a celeridade, a informalidade e a conciliação. Por isso mesmo que, na audiência designada, deve-se buscar o meio mais propício para solucionar o litígio de maneira rápida e eficaz. Afasta-se, assim, dos meios tradicionais da execução comum, principalmente da alienação judicial, podendo o conciliador propor formas alternativas para cumprimento da obrigação, como o pagamento a prazo ou em parcelas, a adjudicação pelo credor do bem penhorado, o desconto em folha de pagamento (enunciado 59 do FONAJE), ou ainda a alienação por iniciativa particular. FONAJE, enunciado 59. Admite-se o pagamento do débito por meio de desconto em folha de pagamento, após anuência expressa do devedor e em percentual que reconheça não afetar sua subsistência e a de sua família, atendendo sua comodidade e conveniência pessoal. A mesma situação contemplada no § 2º, acima, pode se verificar no caso da não apresentação dos embargos, ou da sua rejeição ou improcedência. Execução frustrada. Frustrada é a execução em que não se localizam o devedor ou seus bens passíveis de penhora. Em face dos princípios que informam o procedimento do JEC, especialmente o da simplicidade, em caso de execução frustrada, a solução é a extinção do processo. É por isso que, não localizado o executado ou não existindo bens que possam ser penhorados, o juiz deverá extinguir a execução, devolvendo os documentos ao exequente. Arresto. Apesar do disposto no § 4º em comento, consagrou-se o entendimento de ser cabível o arresto dos bens do executado quando este não for localizado, providenciando-se, posteriormente, a sua citação por edital e convolação do arresto em penhora. FONAJE, enunciado 37. Em exegese ao art. 53, § 4º, da Lei nº 9.099/1995, não se aplica ao processo de execução o disposto no art. 18, § 2º, da referida lei, sendo autorizados o arresto e a citação editalícia quando não encontrado o devedor, observados, no que couber, os arts. 653 e 654 do Código de Processo Civil. [N. do A.: refere-se ao CPC/1973, com correspondência no art. 830 do CPC/2015]. Certidão da dívida. Nos casos deste § 4º, ocorrendo a extinção do processo por não haver bens penhoráveis, o exequente poderá requerer a expedição de certidão da dívida, para inscrição, por sua conta e responsabilidade, nos cadastros de inadimplentes. FONAJE, enunciado 76. No processo de execução, esgotados os meios de defesa e inexistindo bens para a garantia do débito, expede-se a pedido do exequente certidão de dívida para fins de inscrição no serviço de Proteção ao Crédito – SPC e SERASA, sob pena de responsabilidade. A mesma providência poderá ser tomada no caso de cumprimento de sentença (execução de título judicial). FONAJE, enunciado 75. A hipótese do § 4º, do 53, da nº Lei 9.099/1995, também se aplica às execuções de título judicial, entregando-se ao exequente, no caso, certidão do seu crédito, como título para futura execução, sem prejuízo da manutenção do nome do executado no Cartório Distribuidor. Despesas. As despesas do processo incluem as custas processuais e os honorários advocatícios. Custas processuais são a contraprestação devida ao Estado pela realização do serviço forense, e tem natureza tributária, conforme entendimento do STF (ADI 1.378-MC e ADI 3.826). Conforme dispõe o CPC/2015, art. 84, as despesas processuais abrangem não só as custas devidas ao Estado, mas também verbas devidas a terceiros, como a indenização de viagem, a remuneração do assistente técnico e a diária das testemunhas. Despesas no JEC. A opção pelo procedimento do JEC tem um diferencial que é a isenção do pagamento de custas processuais. Para propor ação perante o juizado, a parte autora não terá custas a pagar. Mas é preciso notar que tal isenção tem albergue apenas em 1º grau de jurisdição. No caso de recurso, serão devidas custas que compreendem todas as despesas processuais (ver parágrafo único), inclusive a título de preparo. Preparo é o pagamento das custas do recurso (ver comentários ao art. 42, § 1º). No procedimento do JEC, o preparo deverá corresponder a todas as despesas processuais, incluindo as despesas de 1º grau de jurisdição. Sentença e despesas. Nos processos sujeitos ao procedimento do JEC a sentença, qualquer que seja o tipo, não condenará o vencido no pagamento das custas e honorários advocatícios, como ocorre no processo comum. É que a isenção conferida ao autor (art. 54) estende-se ao vencido em 1º grau de jurisdição. A exceção, aqui, fica por conta do reconhecimento, em sentença, da litigância de má-fé, situação essa que fará a sentença condenar o litigante de má-fé no pagamento das custas processuais e honorários advocatícios, além da multa e da indenização, previstas no CPC/2015, art. 81. FONAJE, enunciado 136. O reconhecimento da litigância de má-fé poderá implicar em condenação ao pagamento de custas, honorários de advogado, multa e indenização nos termos dos artigos 55, caput, da Lei nº 9.099/95 e 18 do Código de Processo Civil. [N. do A.: refere-se ao CPC/1973, com correspondência no art. 81 do CPC/2015]. Acórdão e despesas. Em segundo grau de jurisdição, ao julgar o recurso inominado, o acórdão imporá ao recorrente, se vencido, o pagamento das custas e honorários advocatícios. A condenação deverá ocorrer mesmo que o a decisão do colégio recursal seja pelo não conhecimento do recurso. FONAJE, enunciado 122. É cabível a condenação em custas e honorários advocatícios na hipótese de não conhecimento do recurso inominado. Os honorários advocatícios serão arbitrados entre 10% e 20% do valor da condenação, ou, não a havendo, do valor da causa atualizado. Os honorários serão devidos,mesmo que a parte contrária não tenha oferecido contrarrazões ao recurso. FONAJE, enunciado 96. A condenação do recorrente vencido, em honorários advocatícios, independe da apresentação de contrarrazões. Importante observar que no caso de provimento do recurso não haverá condenação nas custas e honorários, porque nesse caso o recorrente será o vencedor, não incidindo, pois, a previsão legal. Execução e custas. Nos processos de execução sujeitos ao procedimento do JEC (art. 53), também não haverá, como regra, o pagamento de custas. A exceção fica por conta das 3 hipóteses previstas nesse parágrafo único: 1) quando a parte for considerada litigante de má-fé (CPC/2015, art. 81); quando os embargos do devedor (art. 52, IX) forem julgados improcedentes; ou, 3) quando se tratar de execução de sentença da qual tenha havido recurso do devedor improvido. Os serviços de assistência judiciária devem ficar a cargo da Defensoria Pública, conforme atribuição que lhe deu a Constituição Federal (art. 134). Celebrado acordo extrajudicial, este poderá ser submetido à homologação do juiz competente. Homologado o acordo, tal sentença será considerada título executivo judicial, cuja execução, se não cumprida, será feita no próprio juizado (art. 52). O acordo extrajudicial celebrado por instrumento escrito referendado pelo MP é considerado título executivo extrajudicial, cuja execução, se necessária, será feita perante o próprio juizado, em processo autônomo (art. 53). Para efeito exclusivamente de conciliação, as normas de organização judiciária estadual poderão autorizar que a autocomposição abarque outras causas, além das previstas no art. 3º. Ação rescisória. Ação rescisória é a ação de competência originária do tribunal, própria para rescindir sentença de mérito transitada em julgado, nas hipóteses previstas no art. 966 do CPC/2015. Trata-se de uma “ação de conhecimento, de rito especial, que tem por objeto desconstituir ou anular uma decisão transitada em julgado, por motivos da existência de vícios em seu bojo” (SALES e MENDES, 2013: 254). Na definição de Alexandre F. Câmara (2013: 14), é a “ação por meio da qual se pede a desconstituição de sentença transitada em julgado, com eventual rejulgamento, a seguir, da matéria nela julgada”. Por força do que dispõe o art. 59 em comento, não é admitida ação rescisória nas ações submetidas ao procedimento do JEC, por qualquer que seja o motivo, principalmente por conta dos princípios que norteiam a Lei nº 9.099/1995 (art. 2º). Temos, desta forma, que a sentença proferida em processo submetido ao procedimento do JEC, uma vez transitada em julgado é definitiva mesmo. Parte III. Comentários à Lei nº 12.153/2009 Juizados Especiais da Fazenda Pública A Lei nº 12.153/2009 criou os Juizados Especiais da Fazenda Pública (JEFP), para processamento e julgamento das causas cuja competência está estabelecida no art. 2º. Os Juizados da Fazenda Pública são órgãos da Justiça Comum, estadual (com exceção do Distrito Federal, onde o juizado é criado pela União), integrando o sistema dos Juizados Especiais, na forma do parágrafo único. Sistema de Juizados Especiais dos Estados e do DF. Os Juizados Especiais da Fazenda Pública integram o sistema de Juizados Especiais dos Estados e Distrito Federal, juntamente com os Juizados Especiais Cíveis e os Juizados Especiais criminais. A Lei nº 9.099/1995 é a lei principal que rege o sistema de Juizados Especiais, aplicável, portanto, aos Juizados Especiais da Fazenda Pública, observado, no particular, o que dispuser a Lei nº 12.153/2009. Assim, ao lado das disposições constantes da Lei nº 12.153/2009, o procedimento nos Juizados Especiais da Fazenda Pública há de observar o disposto na Lei nº 9.099/1995. E, por essa mesma razão, os enunciados do FONAJE referentes aos Juizados Especiais Cíveis aplicam-se aos processos trilhados nos Juizados da Fazenda Pública, no que couber. FONAJE, enunciado Fazenda Pública 01. Aplicam-se aos Juizados Especiais da Fazenda Pública, no que couber, os Enunciados dos Juizados Especiais Cíveis. Competência do JEFP. Os JEFP têm competência funcional para julgar as ações de interesse dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios, cujo valor seja de até 60 salários mínimos. Dois critérios, portanto, são adotados para fixar a competência do JEFP, de maneira cumulativa: 1) subjetivo, em razão da pessoa (Estados, DF, Municípios) e, 2) econômico, em razão do valor (até 60 salários mínimos). Litisconsórcio ativo. Admite-se, no JEFP, o litisconsórcio ativo, ou seja, a reunião de dois ou mais autores no polo ativo da mesma ação. Nesse caso, estabelece-se, por construção jurisprudencial, que o limite de 60 salários mínimos será para cada um dos autores, individualmente considerado. FONAJE, enunciado Fazenda Pública 02. É cabível, nos Juizados Especiais da Fazenda Pública, o litisconsórcio ativo, ficando definido, para fins de fixação da competência, o valor individualmente considerado de até 60 salários mínimos. Causa de menor complexidade. Aos critérios dantes estabelecidos, deve-se ter em mente que o sistema dos Juizados abarca apenas processos de menor complexidade, sendo que esta é medida pela necessidade de dilação probatória e pelo tipo de prova a ser produzida, especialmente pela prova pericial. Desta forma, em se tratando de causa cuja prova se mostra complexa, fica afastada a competência do JEFP. FONAJE, enunciado Fazenda Pública 11. As causas de maior complexidade probatória, por imporem dificuldades para assegurar o contraditório e a ampla defesa, afastam a competência do Juizado da Fazenda Pública. Causas excluídas da competência do JEFP. Independentemente do seu valor, algumas causas estão excluídas da competência do JEFP em razão da sua natureza. Tais ações estão relacionadas nesse § 1º, e devem ser propostas perante o juízo comum. FONAJE, enunciado 139. A exclusão da competência do Sistema dos Juizados Especiais quanto às demandas sobre direitos ou interesses difusos ou coletivos, dentre eles os individuais homogêneos, aplica-se tanto para as demandas individuais de natureza multitudinária quanto para as ações coletivas. Se, no exercício de suas funções, os juízes e tribunais tiverem conhecimento de fatos que possam ensejar a propositura da ação civil coletiva, remeterão peças ao Ministério Público e/ou à Defensoria Pública para as providências cabíveis. Critério para fixação da competência: obrigações vincendas. Obrigações vincendas são aquelas ainda não vencidas, que vencerão no curso do processo ou após o seu encerramento. Normalmente, são prestações periódicas que o réu venha a ser condenado a cumprir, como pensão mensal vitalícia (nos casos de ato ilícito, por exemplo). Para efeitos de fixar a competência do JEFP, quando o pedido versar sobre condenação em obrigações vincendas a soma de 12 parcelas vincendas, mais eventuais parcelas vencidas, não poderá superar 60 salários mínimos. O texto vetado tinha a seguinte redação: § 3º Nas hipóteses de litisconsórcio, os valores constantes do caput e do § 2º serão considerados por autor. As razões do veto: Ao estabelecer que o valor da causa será considerado individualmente, por autor, o dispositivo insere nas competências dos Juizados Especiais ações de maior complexidade e, consequentemente, incompatíveis com os princípios da oralidade e da simplicidade, entre outros previstos na Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995. Competência absoluta do JEFP. Diferentemente do que ocorre no JEC, a competência funcional do JEFP é absoluta, não havendo se falar em opção. No foro onde houver Juizado da Fazenda Pública, a sua competência será absoluta, ou seja, o autor deverá, obrigatoriamente, propor a sua ação no Juizado, desde que presentes os requisitos do caput, evidentemente. FONAJE, enunciado Fazenda Pública 09. Nas comarcas onde não houver Juizado Especial da Fazenda Pública ou juizados adjuntos instalados, as ações serão propostas perante as Varas comuns que detêm competência para processaros feitos de interesse da Fazenda Pública ou perante aquelas designadas pelo Tribunal de Justiça, observando-se o procedimento previsto na Lei nº 12.153/09. Tutelas provisórias. Sob o título “tutela provisória” o novo CPC alberga as medidas cautelares e de urgência, de antecipação, liminares, etc. As tutelas de urgência são antecipadas (CPC/2015, arts. 303 e 304) ou cautelares (CPC/2015, arts. 305 a 310), e podem ser requeridas de forma antecedente ou incidental. As tutelas provisórias decorrem do poder geral de cautela do juiz, pelo qual lhe é permitido adotar qualquer medida que entender necessária para evitar danos irreparáveis ou de difícil ou incerta reparação. Esse art. 3º, em análise, confere ao juiz, no JEFP, o poder de adotar as tutelas provisórias que entender cabíveis para evitar o dano, seja de ofício ou a requerimento do interessado. Agravo de instrumento. O art. 4º em comento admite a possibilidade de recurso contra o ato do juiz que decide a tutela provisória, vista no art. 3º. Cria-se, assim, uma exceção à regra geral do juizado, de que as decisões interlocutórias são irrecorríveis (ver comentários ao art. 29 da Lei nº 9.099/1995, na parte II). Como o ato que decide a tutela provisória é, por sua natureza, uma decisão interlocutória, o recurso cabível contra ela deve ser um agravo de instrumento, por aplicação supletiva do Código de Processo Civil (art. 27, supra). O prazo desse recurso será de 10 dias, conforme entendimento manifestado pelo FONAJE: FONAJE, enunciado Fazenda Pública 05. É de 10 dias o prazo de recurso contra decisão que deferir tutela antecipada em face da Fazenda Pública. Sujeito ativo. Somente são admitidas a propor ação perante o JEFP pessoas físicas e pessoas jurídicas que se enquadrem como microempresas e empresas de pequeno porte. Aplicam-se ao JEFP as restrições constantes do art. 8º da Lei nº 9.099/1995 (o preso, o incapaz, o insolvente e a massa falida não podem ser parte), a cujos comentários remetemos o leitor. Sujeito passivo. Como se trata do Juizado Especial da Fazenda Pública, o sujeito passivo só poderá ser pessoa jurídica de direito público, ligada à administração pública direta (Estados e Municípios) e indireta (autarquias, fundações e empresas públicas, no âmbito dos Estados e Municípios). Como se insere no contexto do sistema dos Juizados Especiais dos Estados, não são admitidos, como parte, a União, suas empresas públicas e autarquias, nem o INSS. Para esses, foram criados os Juizados Especiais Federais (Lei nº 10.259/2001, comentada na parte IV deste livro). FONAJE, enunciado Fazenda Pública 08. De acordo com a decisão proferida pela 3ª Seção do Superior Tribunal de Justiça no Conflito de Competência 35.420, e considerando que o inciso II do art. 5º da Lei nº 12.153/09 é taxativo e não inclui ente da Administração Federal entre os legitimados passivos, não cabe, no Juizado Especial da Fazenda Pública ou no Juizado Estadual Cível, ação contra a União, suas empresas públicas e autarquias, nem contra o INSS. A menção, no texto do art. 6º, da Lei nº 5.869/1973 (CPC/1973) passa a se referir à Lei nº 13.105/2015, por força do disposto no CPC/2015, art. 1.046, § 4º. Observação importante a se fazer é que, no JEFP, as citações e as intimações não seguem o disposto na Lei nº 9.099/1995, mas sim as do Código de Processo Civil. Prazos. No procedimento do JEFP não há prazo diferenciado para as pessoas jurídicas de direito público, não se aplicando aquela regra de prazo em dobro. O ato processual, qualquer que seja ele, deve ser realizado no prazo exato fixado em lei. A única ressalva estabelecida pela lei é que a audiência de conciliação não deve ocorrer a menos de 30 dias da citação, ou seja, entre a citação e a audiência de conciliação deve haver um lapso de tempo igual ou superior a 30 dias. Isso se justifica para dar tempo suficiente para que a Fazenda Pública possa preparar a sua defesa. Também não haverá prazo diferenciado para a Defensoria Pública. FONAJE, enunciado Fazenda Pública 03. Não há prazo diferenciado para a Defensoria Pública no âmbito dos Juizados Especiais da Fazenda Pública. Representantes judiciais. Representantes judiciais são os procuradores que atuam na defesa do ente demandado. No âmbito dos JEFP, o réu será representado por um procurador judicial, não havendo necessidade de “preposto” como ocorre na Lei nº 9.099/1995. Tais procuradores judiciais exercem dupla função no processo: postulatória e representativa. Assim, além de cuidar dos interesses processuais do ente demandado, o representante judicial tem poderes para conciliar, transigir ou desistir do processo, conforme estabelecer a lei estadual respectiva. Princípio da cooperação. Apesar de agora encontrar abrigo expresso no CPC/2015, art. 6º, o princípio da cooperação já aparecia em outros diplomas legais, tal como nesse art. 9º em comento. Como nos procedimentos do JEFP a parte ré é ligada à administração pública, e seus atos devem ser guiados pelo princípio da legalidade, ela deverá apresentar ao processo toda a documentação que tenha em seu poder que possa ajudar o juiz a esclarecer os fatos da causa. E, por conta disso, não poderá se furtar a cumprir o comando legal, que lhe é impositivo. Prova técnica. O procedimento do JEFP admite prova técnica, mediante exame realizado por pessoa habilitada, sempre que necessária à conciliação ou ao julgamento da causa. O técnico nomeado pelo juiz para realizar o exame deverá entregar o laudo até 5 dias antes da audiência. Não será indispensável a intimação das partes acerca da apresentação do laudo, tendo em vista que elas terão ciência das suas conclusões na própria audiência, ocasião em que poderão se manifestar imediatamente, ou requerer prazo para tanto. FONAJE, enunciado Fazenda Pública 12. Na hipótese de realização de exame técnico previsto no art. 10 da Lei nº 12.153/09, em persistindo dúvida técnica, poderá o juiz extinguir o processo pela complexidade da causa. Reexame necessário. Conforme previsto no CPC/2015, art. 496, nas ações contra a Fazenda Pública, a sentença está sujeita à confirmação pelo tribunal para produzir efeitos, estabelecendo-se o chamado duplo grau obrigatório, também denominado de reexame necessário ou remessa necessária. O duplo grau será obrigatório: 1) nas ações contra a União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios, e suas respectivas autarquias e fundações e, 2) nos embargos à execução fiscal quando julgados procedentes no todo ou em parte. A justificativa para tanto repousa no fato de que o dinheiro do erário é dinheiro do povo e, qualquer decisão judicial que implique numa diminuição desse dinheiro, em razão da supremacia do interesse público, deve ser confirmada pelo órgão superior. Assim, nos casos acima mencionados, não sendo interposto recurso voluntário pela parte interessada, o juiz determinará a remessa dos autos ao tribunal, para o reexame da matéria. Se não o fizer, o presidente do Tribunal deverá avocar o processo, ou seja, determinar que os atos sejam remetidos a ele. Todavia, nas ações submetidas ao procedimento do JEFP, a sentença não está sujeita ao duplo grau obrigatório, não havendo o reexame necessário. Isso se dá principalmente em razão do valor de alçada do JEFP, de 60 salários mínimos (art. 2º), que é considerado pequeno para causar prejuízo ao erário, não justificando, pois, a submissão da sentença à remessa ex officio. Cumprimento de sentença de obrigação de fazer e não fazer ou de entregar coisa certa. A primeira observação a se fazer é que o cumprimento de sentença só se processa se houver o trânsito em julgado. Isso significa que no procedimento do JEFP não haverá execução provisória. Em se tratando de obrigação de fazer ou não fazer, ou de entregar coisa certa, o cumprimento da sentença será feito mediante a simples expedição de ofício judicial ao réu, acompanhado de cópia de sentença. Cumprimento de sentença de obrigação de pagar quantia certa. A mesma observação feita no artigo antecedente, sobreexecução provisória, vale para a sentença que comporta obrigação de pagar quantia certa. A execução contra a Fazenda Pública é normalmente feita através de ofício requisitório, ou precatório. A exceção fica por conta de obrigações de pequeno valor, assim definidas em lei, que é feita por simples requisição, chamada de RPV (requisição de pequeno valor), conforme CF, art. 100, § 3º: CF, art. 100, § 3º. O disposto no caput deste artigo relativamente à expedição de precatórios não se aplica aos pagamentos de obrigações definidas em leis como de pequeno valor que as Fazendas referidas devam fazer em virtude de sentença judicial transitada em julgado. No JEFP o cumprimento da sentença que reconhece obrigação de pagar quantia certa segue duas situações: 1) obrigação de pequeno valor. Sendo a obrigação considerada de pequeno valor (ver comentários ao § 2º), o pagamento deverá ocorrer no prazo de 60 dias contados do dia da entrega da requisição do juiz ao réu. 2) obrigação normal. Não sendo a obrigação definida como de pequeno valor, o seu cumprimento se fará através da expedição do precatório, na forma da CF, art. 100. No caso do inciso I do art. 13, sendo a obrigação de pequeno valor, o não atendimento da requisição no prazo legal autorizará o juiz a determinar o sequestro da quantia devida, sem necessidade de se ouvir a Fazenda Pública. Esse sequestro pode ser feito por meio eletrônico, através do mesmo sistema de “penhora on line” do BACENJUD. FONAJE, enunciado Fazenda Pública 07. O sequestro previsto no § 1º do artigo 13 da Lei nº 12.153/09 também poderá ser feito por meio do BACENJUD, ressalvada a hipótese de precatório. A definição do que seja obrigação de pequeno valor fica a cargo da lei estadual. Assim, cada ente da federação definirá, em lei própria, qual o limite da obrigação para ser enquadrada como sendo de pequeno valor, para efeito do disposto no inciso I do art. 13, atentando-se para o que dispõe o art. 87 do ADCT, da CF (ver comentários ao § 3º). Esse § 3º praticamente repete o ADCT da CF, art. 87: ADCT, art. 87. Para efeito do que dispõem o § 3º do art. 100 da Constituição Federal e o art. 78 deste Ato das Disposições Constitucionais Transitórias serão considerados de pequeno valor, até que se dê a publicação oficial das respectivas leis definidoras pelos entes da Federação, observado o disposto no § 4º do art. 100 da Constituição Federal, os débitos ou obrigações consignados em precatório judiciário, que tenham valor igual ou inferior a: I - quarenta salários mínimos, perante a Fazenda dos Estados e do Distrito Federal; II - trinta salários mínimos, perante a Fazenda dos Municípios. Ficam estabelecidos, assim, os valores provisórios para definição do que seja “pequeno valor”, válidos até promulgação da lei estadual que o defina. O dispositivo desse § 4º em comento encontra eco no ADCT da CF, art. 87, parágrafo único. Sempre que o valor da obrigação for superior ao limite definido como de pequeno valor, o seu pagamento deve se dar, obrigatoriamente, através do precatório, salvo na hipótese do § 5º. Por isso, não é permitido o fracionamento do valor, para que faça uma parte por RPV e outra por precatório. Também com amparo no ADCT da CF, art. 87, parágrafo único, esse § 5º constitui a exceção à obrigatoriedade do pagamento por precatório. No caso do valor da obrigação exceder o limite definido como de pequeno valor, o credor poderá renunciar ao excedente, para promover o cumprimento da sentença através de RPV. O levantamento da quantia depositada independe de mandado ou de alvará: o autor poderá sacar a quantia em qualquer agência do banco depositário, desde que o faça pessoalmente. No caso de a parte estar representada por procurador, o levantamento da quantia somente poderá ser feito na própria agência destinatária do depósito contra apresentação de procuração específica, com poderes especiais e firma reconhecida. Por fazerem parte da Justiça Estadual, a instalação dos JEFP é atribuição dos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal. Juizados adjuntos. Juizados adjuntos são juizados instituídos de maneira não autônoma, ou seja, utilizando-se de pessoal (servidores, juízes) e de estrutura da vara comum. Os Juizados Especiais Adjuntos serão instalados em áreas cuja demanda regular não justifique a estrutura autônoma, conforme providência definida pelo Conselho Nacional de Justiça como “Prioridade Estratégica dos Juizados Especiais Estaduais” (Recomendação nº 1, de 6 de dezembro de 2005), e terão mesma composição e competência das unidades jurisdicionais, e funcionam anexados às varas judiciais da comarca, utilizando o mesmo quadro de servidores lotados nas varas a que estiverem anexados, tendo como Juiz Togado o respectivo Juiz Titular dessas unidades. Juízes leigos e conciliadores no JEFP. No procedimento do JEFP, também haverá a função de conciliadores e juízes leigos, com as atribuições previstas nos arts. 22, 37 e 40 da Lei nº 9.099/1995 (na parte II, a cujos comentários remetemos o leitor). Sobre juízes leigos e conciliadores, remetemos o leitor aos comentários ao art. 7º, caput, da Lei nº 9.099/1995, na parte II. A diferença do JEFP em relação ao JEC é que exige-se, para o juiz leigo, apenas 2 anos de experiência (no JEC são exigidos 5 anos). Juiz leigo: incompatibilidade de exercer a advocacia nos JEFP. Diferentemente do que ocorre no JEC, em que a incompatibilidade do juiz leigo se dá exclusivamente em relação ao juizado onde ele exerce suas funções (ver comentários ao art. 7º, parágrafo único, da Lei nº 9.099/1995, na parte II), no JEFP a incompatibilidade do juiz leigo atinge todos os Juizados Especiais da Fazenda Pública instalados no território nacional, não podendo exercer a advocacia neles enquanto perdurar essa situação. A audiência de conciliação será conduzida pelo conciliador, sob a supervisão do juiz, togado ou leigo (Lei nº 9.099/1995, art. 22). O disposto no art. 16 em comento não impede, todavia, que a audiência de conciliação seja conduzida pelo próprio juiz, diretamente. Na condução da audiência de conciliação, com vistas a alcançar a composição amigável, o conciliador tem o poder de ouvir as partes e testemunhas sobre os fatos que envolvem a lide. Não havendo conciliação, seguir-se-á a instrução processual, na forma do disposto nos arts. 27 a 29 da Lei nº 9.099/1995. A instrução será conduzida pelo juiz, togado ou leigo (Lei nº 9.099/1995, art. 37), com os poderes instrutórios definidos no art. 33 da Lei nº 9.099/1995. Turmas recursais. No procedimento do JEFP, os recursos são julgados por uma turma recursal composta por juízes togados em exercício no primeiro grau de jurisdição, tal como ocorre no procedimento do JEC. A ressalva que se faz é que no JEFP, a lei estabelece um “mandato” de 2 (dois) anos para o juiz exercer suas funções no colégio recursal. A escolha de juízes para integrar o colégio recursal se dará mediante os critérios de antiguidade e merecimento. Findo o “mandato” de 2 (dois) anos (art. 17, caput), o juiz deixará de exercer suas funções no colégio recursal, não podendo ser reconduzido, a não ser que não haja outro juiz na sede que possa exercer tais funções. Uniformização de jurisprudência. Sempre que, no julgamento do recurso, a decisão da Turma Recursal divergir, em questão de direito material, de decisão proferida por outra Turma Recursal, a parte interessada poderá formular pedido de uniformização de interpretação da lei, objeto da divergência. Na prática, isso equivale a pedido de uniformização de jurisprudência. A divergência pode se dar com Turmas Recursais do mesmo Estado (§ 1º) ou de outros Estados (§ 3º), mas só será admitido o pedido quando a divergência se der em relação a direito material. Não se admitirá pedido de uniformização de jurisprudência quando a divergência tratar de matéria processual. Divergência entre Turmas Recursais do mesmo Estado. Quando o pedido de uniformização tiver por base decisões de Turmas Recursais do mesmo Estado, o julgamentodo pedido será feito em sessão conjunta em que participarão as Turmas em conflito, caso em que será presidida por um desembargador indicado pelo Tribunal de Justiça. A sessão conjunta de que trata o § 1º retro, em havendo juízes domiciliados em diferentes cidades, poderá ser realizada por meio eletrônico de transmissão de sons e imagens, teleconferência ou qualquer outro meio similar. Divergência entre Turmas Recursais de Estados diferentes. Quando a divergência se estabelecer entre Turmas Recursais de Estados diferentes, o pedido de uniformização será julgado pelo Superior Tribunal de Justiça. Divergência da decisão com súmula do STJ. Se a divergência se der entre a decisão e súmula do STJ, ou seja, quando a decisão da Turma Recursal contrariar súmula do STJ, o julgamento do pedido de uniformização também ficará a cargo deste Tribunal. Pedido de uniformização ao STJ. No caso de divergência entre Turmas Recursais do mesmo Estado (art. 18, § 1º), quando a decisão do pedido de uniformização acolher orientação contrária à súmula do STJ, a parte interessada poderá requerer ao STJ, por requerimento próprio, que se manifeste, dirimindo a divergência. Julgamentos repetitivos. Na hipótese divisada no caput do art. 19, havendo pedidos de uniformização repetitivos, ou seja, multiplicidade de outros pedidos que tratem da mesma questão e que sejam recebidos subsequentemente por qualquer Turma Recursal quando já houver um pedido em análise no STJ, estes pedidos posteriores deverão ficar retidos nos autos de origem, no aguardo do pronunciamento do STJ, que valerá para todos eles. FONAJE, enunciado Fazenda Pública 10. É admitido no juizado da Fazenda Pública o julgamento em lote/lista, quando a matéria for exclusivamente de direito e repetitivo. Efeito suspensivo. Quando o pedido de uniformização tiver de ser apreciado pelo STJ (nos casos do art. 19 e do § 3º do art. 18), o Ministro relator poderá conceder liminar para suspensão dos processos em que haja a controvérsia, de ofício ou a requerimento da parte, desde que haja os pressupostos do “fumus boni juris” e do “periculum in mora”. Requisitando informações e ouvindo o MP. Ainda no STJ, o relator do pedido de uniformização poderá requisitar informações ao Presidente da Turma Recursal ou da Turma de Uniformização, se entender necessário para dirimir a controvérsia. Se for caso em que a intervenção do MP é obrigatória, o relator mandará intimá- lo para se manifestar no prazo de 5 dias. O texto vetado tinha a seguinte redação: § 4º Eventuais interessados, ainda que não sejam partes no processo, poderão se manifestar no prazo de 30 (trinta) dias. As razões dos veto: Ao permitir a intervenção de qualquer pessoa, ainda que não seja parte do processo, o dispositivo cria espécie sui generis de intervenção de terceiros, incompatível com os princípios essenciais aos Juizados Especiais, como a celeridade e a simplicidade. Preferência no julgamento. O pedido de uniformização, no STJ, tem preferência sobre os demais processos, com exceção daqueles em que há réu preso, os pedidos de habeas corpus e os mandados de segurança. Tão logo finde os prazos do § 3º, o relator deverá incluir o pedido de uniformização em pauta na sessão. Depois do julgamento do pedido de uniformização no STJ, e da publicação do acórdão, todos os pedidos que foram sobrestados na origem (§ 1º) passarão a ser apreciados pelas Turmas Recursais, aplicando o que foi decidido pela Corte Superior. No STJ, foi editada a Resolução 10/2007 para regulamentar o processamento do pedido de uniformização (ver comentários ao art. 14 da Lei nº 10.259/2001, na parte IV). O recurso extraordinário é cabível nas hipóteses previstas na CF, 102, III. O seu processamento se dará na forma do previsto no art. 19 e no Regimento Interno do STF. Regra de transição, determinando a instalação do JEFP no prazo de até 2 anos da vigência da lei, prazo esse já superado. Outra regra de transição, igualmente superada pelo decurso do prazo. A instalação do Juizado Especial da Fazenda Pública em determinada localidade ocasiona a competência absoluta para as ações ajuizadas apenas a partir da data da instalação. As ações ajuizadas anteriormente perante a Justiça comum continuaram tramitando perante o juízo original, não havendo de ser remetidas ao juizado. Os JEFP’s são órgãos da Justiça Estadual, subordinados aos Tribunais de Justiça dos Estados e do Distrito Federal. Desta forma, o suporte administrativo necessário ao seu funcionamento deve ser prestado pelo Tribunal de Justiça respectivo. O art. 16, que trata da função dos conciliadores, é aplicável ao JECF. Aplicação subsidiária do Código de Processo Civil. Além dos dispositivos que lhes são próprios, o procedimento do JEFP seguirá o previsto na Lei nº 9.099/1995, com aplicação supletiva e subsidiária do Código de Processo Civil apenas no que for omisso e que não for incompatível. Evidente que, apesar do dispositivo legal fazer referência ao CPC/1973, aplica- se, agora, o CPC/2015. Publicada em 22 de dezembro de 2009, a lei entrou em vigor em 21 de junho de 2010, já escoado, de há muito, o prazo de vacatio legis. Parte IV. Comentários à Lei nº 10.259/2001 Juizados Especiais Cíveis Federais Legislação aplicável. Aos processos de competência dos Juizados Especiais Cíveis Federais (JECF) aplica-se o procedimento disposto na Lei nº 9.099/1995, observando-se, todavia, o disposto na Lei nº 10.529/2001. Desta forma, a Lei nº 10.529/2001 institui os JECF, estabelecendo regras procedimentais próprias, às quais se somam os dispositivos da Lei nº 9.099/1995, que com ela não conflitem. FONAJEF, enunciado nº 44. Não cabe ação rescisória no Juizado Especial Federal. O art. 59 da Lei nº 9.099/1995 está em consonância com os princípios do sistema processual dos Juizados Especiais, aplicando-se também aos Juizados Especiais Federais. Ainda de maneira supletiva, aplica-se aos procedimentos do JEF o Código de Processo Civil, para suprir as lacunas, desde que não colidente com os princípios e dispositivos da legislação especial. FONAJEF, enunciado nº 151. O CPC/2015 só é aplicável nos Juizados Especiais naquilo que não contrariar os seus princípios norteadores e a sua legislação específica. Juizado Especial Federal Criminal. Este art. 2º estabelece a competência do Juizado Especial Criminal no âmbito da Justiça Federal. Competência. Os JECF’s terão competência para processar e julgar as ações de competência da Justiça Federal que tenham valor até 60 salários mínimos, apurado conforme valor do salário mínimo vigente na data da propositura da ação. TRJEFSP, enunciado 11. A Justiça Federal é competente para apreciar pedido de concessão de auxílio acidente decorrente de acidente não vinculado ao trabalho. TRJEFSP, enunciado 24. O valor da causa, em ações de revisão da renda mensal de benefício previdenciário, é calculado pela diferença entre a renda devida e a efetivamente paga multiplicada por 12 (doze). TRJEFSP, enunciado 25. A competência dos Juizados Especiais Federais é determinada unicamente pelo valor da causa e não pela complexidade da matéria (art. 3º da Lei nº 10.259/2001). FONAJEF, enunciado nº 15. Na aferição do valor da causa, deve-se levar em conta o valor do salário mínimo em vigor na data da propositura da ação. FONAJEF, enunciado nº 49. O controle do valor da causa, para fins de competência do Juizado Especial Federal, pode ser feito pelo juiz a qualquer tempo. Diferentemente do que ocorre no JEC (Lei nº 9.099/1995, art. 3º, § 3º), em que a opção pelo procedimento implica em renúncia ao crédito excedente do limite, no procedimento do JECF não há renúncia tácita, de tal sorte que se o valor objeto do pedido superar o limite de 60 salários mínimos, não poderá ser admitido, salvo se a parte autora renunciar expressamente ao excedente. FONAJEF, enunciado nº 16. Não há renúncia tácita nos Juizados Especiais Federais para fins de fixação de competência. TNUJEF, súmula 17. Não há renúncia tácita no Juizado EspecialFederal, para fins de competência. As ações de competência da Justiça Federal estão previstas na CF, art. 109, observando-se as exceções previstas no § 1º, abaixo. Caso reconhecida a incompetência do JECF, a ação deverá ser julgada extinta, sem resolução de mérito. FONAJEF, enunciado nº 24. Reconhecida a incompetência do Juizado Especial Federal, é cabível a extinção do processo, sem julgamento de mérito, nos termos do art. 1º da Lei nº 10.259/2001 e do art. 51, III, da Lei nº 9.099/1995, não havendo nisso afronta ao art. 12, parágrafo 2º, da Lei nº 11.419/06. Valor da causa. Para que se possa aferir a competência do JEF, com base no art. 3º, o valor da causa, na petição inicial, deve atender aos critérios estabelecidos nos arts. 259 e 260 do CPC/2015. FONAJEF, enunciado nº 123. O critério de fixação do valor da causa necessariamente deve ser aquele especificado nos arts. 259 e 260 do CPC, pois este é o elemento que delimita as competências dos JEFs e das Varas (a exemplo do que foi feito pelo art. 2º, § 2º, da Lei nº 12.153/09). Litisconsórcio ativo. No caso de haver litisconsórcio ativo, o valor limite de 60 salários mínimos contar-se-á por autor, individualmente considerado. FONAJEF, enunciado nº 18. No caso de litisconsorte ativo, o valor da causa, para fins de fixação de competência, deve ser calculado por autor. Causas excluídas da competência do JECF. Nem todas as causas de competência da Justiça Federal poderão ser propostas no JECF, listando, esse § 1º, as exceções. São causas que, mesmo tendo valor até 60 salários mínimos, não poderão ser processadas e julgadas no JECF em razão de sua natureza. Procedimentos especiais. Os procedimentos especiais, previstos no CPC/2015, arts. 539 a 770, não são admitidos no procedimento do JECF, por serem incompatíveis com o sistema dos Juizados Especiais. FONAJEF, enunciado nº 9. Além das exceções constantes do § 1º do art. 3º da Lei nº 10.259, não se incluem na competência dos Juizados Especiais Federais os procedimentos especiais previstos no Código de Processo Civil, salvo quando possível a adequação ao rito da Lei nº 10.259/2001. Perícias complexas ou onerosas. O JEF não tem competência para processar e julgar causa que depende de prova pericial considerada complexa ou custosa. FONAJEF, enunciado nº 91. Os Juizados Especiais Federais são incompetentes para julgar causas que demandem perícias complexas ou onerosas que não se enquadrem no conceito de exame técnico (art. 12 da Lei nº 10.259/2001). Critério para fixação da competência: 1. Obrigações vincendas. Obrigações vincendas são aquelas ainda não vencidas, que vencerão no curso do processo ou após o seu encerramento. Normalmente, são prestações periódicas que o réu venha a ser condenado a cumprir, como benefícios previdenciários, por exemplo. Para o fim de fixar a competência do JECF, quando o pedido versar sobre condenação em obrigações vincendas a soma de 12 parcelas não poderá superar 60 salários mínimos, não se admitindo renúncia, para fins de competência, das parcelas vincendas. TRJEFSP, enunciado 13. O valor da causa, quando a demanda envolver parcelas vincendas, corresponderá à soma de doze parcelas vincendas controversas, nos termos do art. 3º, § 2º, da Lei nº 10.259/01. FONAJEF, enunciado nº 17. Não cabe renúncia sobre parcelas vincendas para fins de fixação de competência nos Juizados Especiais Federais. FONAJEF, enunciado nº 20. Não se admite, com base nos princípios da economia processual e do juiz natural, o desdobramento de ações para cobrança de parcelas vencidas e vincendas. 2. Obrigações vencidas. No caso de haver no pedido prestações vencidas, é de se aplicar a regra estabelecida no CPC/2015, art. 292, § 1º, tomando-se por base o valor das vencidas + vincendas. FONAJEF, enunciado nº 48. Havendo prestação vencida, o conceito de valor da causa para fins de competência do Juizado Especial Federal é estabelecido pelo art. 260 do CPC. Competência absoluta do JECF. Tal como ocorre no JEFP, onde houver vara do JECF, sua competência funcional será exclusiva. Isso significa dizer que não há alternativa nem opção: no foro onde houver instalada vara do JECF, as causas que se enquadrem na hipótese do art. 3º, caput, deverão ser propostas lá, obrigatoriamente. Tutelas provisórias. As medidas cautelares foram contempladas, no novo CPC, no título que trata da “tutela provisória”, juntamente com as medidas de urgência, de antecipação, liminares, etc. As tutelas provisórias podem ser de urgência (CPC/2015, arts. 300 a 310) ou de evidência (CPC/2015, art. 311). As tutelas de urgência são antecipadas (CPC/2015, arts. 303 e 304) ou cautelares (CPC/2015, arts. 305 a 310), e podem ser requeridas de forma antecedente ou incidental. As tutelas provisórias decorrem do poder geral de cautela do juiz, pelo qual lhe é permitido adotar qualquer medida que entender necessária para evitar danos irreparáveis ou de difícil ou incerta reparação. Esse art. 4º, em análise, confere ao juiz, no JECF, adotar as tutelas provisórias que entender cabível para evitar o dano, de ofício ou a requerimento do interessado. Irrecorribilidade das decisões interlocutórias. Seguindo o que já é previsto na Lei nº 9.099/95 (arts. 29 e 41), as decisões interlocutórias, no procedimento do JEF, não possuem recurso imediato, não cabendo, contra elas, agravo de instrumento. Assim, havendo uma decisão interlocutória da qual a parte não concorde, sua impugnação deverá ser manifestada em preliminar no recurso inominado tirado contra a sentença. FONAJEF, enunciado n. 107. Fora das hipóteses do artigo 4º da Lei nº 10.259/2001, a impugnação de decisões interlocutórias proferidas antes da sentença deverá ser feita no recurso desta (art. 41 da Lei nº 9.099/95). A exceção fica por conta das decisões referentes às tutelas provisórias, que desafiam recurso de agravo de instrumento, conforme previsão contida no art. 4º. Agravo de instrumento. Este art. 5º em comento tem a mesma função do art. 4º da Lei nº 12.153/2009, admitindo a possibilidade de recurso contra o ato do juiz que decide a tutela provisória (art. 4º), estabelecendo uma exceção à regra geral do juizado, de que as decisões interlocutórias são irrecorríveis, como vimos nos comentários ao art. 29 da Lei nº 9.099/1995, na parte II. Por se tratar de uma decisão interlocutória, o recurso cabível é agravo de instrumento, por aplicação supletiva do Código de Processo Civil. Mas o prazo desse recurso será de 10 dias. FONAJEF, enunciado nº 58. Excetuando-se os embargos de declaração, cujo prazo de oposição é de cinco dias, os prazos recursais contra decisões de primeiro grau no âmbito dos Juizados Especiais Federais são sempre de dez dias, independentemente da natureza da decisão recorrida. TRJFFSP, enunciado 10. É de 10 (dez) dias o prazo para interposição de recurso contra medida cautelar prevista no art. 4º da Lei nº 10.259/2001. Mandado de segurança. Se a decisão interlocutória proferida no processo não disser respeito à tutela provisória (art. 4º), não caberá recurso, como expressamente dispõe este art. 5º. Todavia, se tal decisão puder causar um dano irreparável ou um gravame à parte, será cabível o mandado de segurança (LMS, art. 5º, II), cujo processamento e julgamento competem à Turma Recursal. FONAJEF, enunciado nº 88. É admissível mandado de segurança para Turma Recursal de ato jurisdicional que cause gravame e não haja recurso. STJ, súmula 376. Compete à turma recursal processar e julgar o mandado de segurança contra ato de juizado especial. Sujeito ativo. Apenas poderão propor ação perante o JECF pessoas físicas e pessoas jurídicas que se enquadrem como microempresas e empresas de pequeno porte. FONAJEF, enunciado 11. No ajuizamento de ações no Juizado Especial Federal, a microempresa e a empresa de pequeno porte deverão comprovar essa condição mediante documentação hábil. O condomínio edilício é admitido como sujeito ativo no JEF, com base no art. 6º, I. FONAJEF, enunciado nº 128. O condomínioedilício, por interpretação extensiva do art. 6º, I, da Lei nº 10.259/01, pode ser autor no JEF. Aplicam-se ao JECF as restrições constantes do art. 6º da Lei nº 9.099/1995, embora a jurisprudência tenha admitido que o incapaz possa ser parte, desde que representado. TRJEFSP, enunciado 27. O incapaz pode ser parte autora nas ações perante o Juizado Especial Federal. FONAJEF, enunciado nº 10. O incapaz pode ser parte autora nos Juizados Especiais Federais, dando-se- lhe curador especial, se ele não tiver representante constituído. FONAJEF, enunciado nº 81. Cabe conciliação nos processos relativos a pessoa incapaz, desde que presente o representante legal e intimado o Ministério Público. Admite-se o litisconsórcio, mas não se admite intervenção de terceiros. FONAJEF, enunciado nº 14. Nos Juizados Especiais Federais, não são cabíveis a intervenção de terceiros ou a assistência. As pessoas jurídicas de direito público não são admitidas como sujeito ativo no JEF. FONAJEF, enunciado nº 121. Os entes públicos, suas autarquias e empresas públicas não têm legitimidade ativa nos Juizados Especiais Federais. Sujeito passivo. Tratando-se de Juizado Especial Federal, o sujeito passivo só poderá ser pessoa jurídica de direito público, ligada à administração pública federal direta (União) e indireta (autarquias, fundações e empresas públicas federais). Admite-se a participação, no polo passivo, de pessoas jurídicas de direito público estadual, desde que em litisconsórcio necessário. FONAJEF, enunciado nº 21. As pessoas físicas, jurídicas, de direito privado ou de direito público estadual ou municipal podem figurar no polo passivo, no caso de litisconsórcio necessário. A LC 73/1993 instituiu a Advocacia-Geral da União e, dentre outras providências, regulamentou a citação da União, nos arts. 35 a 38: Art. 35. A União é citada nas causas em que seja interessada, na condição de autora, ré, assistente, oponente, recorrente ou recorrida, na pessoa: I - do Advogado-Geral da União, privativamente, nas hipóteses de competência do Supremo Tribunal Federal; II - do Procurador-Geral da União, nas hipóteses de competência dos tribunais superiores; III - do Procurador-Regional da União, nas hipóteses de competência dos demais tribunais; IV - do Procurador-Chefe ou do Procurador-Seccional da União, nas hipóteses de competência dos juízos de primeiro grau. Art. 36. Nas causas de que trata o art. 12, a União será citada na pessoa: I - (Vetado); II - do Procurador-Regional da Fazenda Nacional, nas hipóteses de competência dos demais tribunais; III - do Procurador-Chefe ou do Procurador-Seccional da Fazenda Nacional nas hipóteses de competência dos juízos de primeiro grau. Art. 37. Em caso de ausência das autoridades referidas nos arts. 35 e 36, a citação se dará na pessoa do substituto eventual. Art. 38. As intimações e notificações são feitas nas pessoas do Advogado da União ou do Procurador da Fazenda Nacional que oficie nos respectivos autos. FONAJEF, enunciado nº 55. A nulidade do processo por ausência de citação do réu ou litisconsorte necessário pode ser declarada de ofício pelo juiz nos próprios autos do processo, em qualquer fase, ou mediante provocação das partes, por simples petição. No caso dos demais legitimados passivos, tal como as autarquias, fundações e empresas públicas da União, a citação se fará pessoalmente ao representante máximo da entidade. Da sentença, quando não prolatada e publicada em audiência, as partes deverão ser intimadas por via postal, com aviso de recebimento. Trata-se de regra própria do JECF, de sorte que não será válida outra forma de intimação da sentença. Intimações. As intimações dos demais atos processuais que não for a sentença serão feitas na pessoa dos advogados e procuradores que oficiarem no processo, pessoalmente ou por via postal. FONAJEF, enunciado nº 7. Nos Juizados Especiais Federais o procurador federal não tem a prerrogativa de intimação pessoal. FONAJEF, enunciado nº 74. A intimação por carta com aviso de recebimento, mesmo que o comprovante não seja subscrito pela própria parte, é válida desde que entregue no endereço declarado pela parte. Intimação por telefone. Admite-se, no procedimento do JEF, que a intimação pessoal da parte se faça por telefone, desde que feita direta e pessoalmente à parte, e seja certificada nos autos. FONAJEF, enunciado nº 73. A intimação telefônica, desde que realizada diretamente com a parte e devidamente certificada pelo servidor responsável, atende plenamente aos princípios constitucionais aplicáveis à comunicação dos atos processuais. Intimação por WhatsApp. Embora difícil de crer que alguém ainda não saiba o que é o WhatsApp, cabe explicar que se trata de um programa (aplicativo) próprio dos telefones celulares que permite a troca de mensagens por meio da rede mundial de computadores (internet). O JEF tem admitido a intimação por WhatsApp, observado alguns cuidados. 1) Havendo termo de adesão: a parte ou seu procurador poderá assinar um termo de adesão pelo qual autoriza que as intimações sejam feitas por meio do aplicativo. Nesse caso, o prazo será contado a partir da data do envio da intimação. Ao aderir ao termo, a parte se obriga a comunicar ao juízo qualquer alteração no número do seu telefone, sob pena de se considerar válida a intimação enviada para o número cadastrado. FONAJEF, enunciado nº 194. Existindo prévio termo de adesão, a intimação por Whatsapp ou congênere é válida independentemente de visualização da mensagem pelo destinatário ou resposta à mensagem enviada, bastando certificação de envio nos autos. FONAJEF, enunciado n. 195. Existindo prévio termo de adesão à intimação por Whatsapp ou congêneres, cabe à parte comunicar eventuais mudanças de número de telefone, sob pena de se considerarem válidas as intimações enviadas para o número constante dos autos. FONAJEF, enunciado n. 196. O termo de adesão a intimação por WhatsApp ou congêneres subscrito pela parte ou seu advogado pode ser geral, para todos os processos em tramitação no Juízo, que será arquivado em Secretaria. 2) Não havendo termo de adesão: caso a parte não tenha aderido ao termo de intimação por WhatsApp, para a validade da intimação feita dessa forma, é necessário que se verifique que houve a visualização de mensagem. Nesse caso, a contagem do prazo começa a partir da leitura da mensagem. FONAJEF, enunciado n. 193. Para a validade das intimações por WhatsApp ou congêneres, caso não haja prévia anuência da parte ou advogado, faz-se necessário certificar nos autos a visualização da mensagem pelo destinatário, sendo suficiente o recibo de leitura, ou recebimento de resposta à mensagem enviada. As intimações referidas no § 1º, supra, poderão ser realizadas por meio eletrônico. Aliás, todo o processo poderá ser eletrônico. Prazos. Tal como ocorre no JEFP, no procedimento do JECF também não há prazo diferenciado para as pessoas jurídicas de direito público, não se aplicando aquela regra de prazo em dobro do CPC/2015. O ato processual, qualquer que seja ele, deve ser realizado no prazo exato fixado em lei. TRJEFSP, enunciado 30. Não cabe a concessão de prazo especial, em quádruplo ou em dobro, no âmbito do Juizado Especial Federal. A única ressalva estabelecida pela lei é que a audiência de conciliação não deve ocorrer a menos de 30 dias da citação, ou seja, entre a citação e a audiência de conciliação deve haver um lapso de tempo igual ou superior a 30 dias. Também não haverá prazo diferenciado para a Defensoria Pública. FONAJEF, enunciado nº 53. Não há prazo em dobro para a Defensoria Pública no âmbito dos Juizados Especiais Federais. Contagem de prazo em dias úteis. No procedimento do JEF os prazos são contados em dias úteis, por aplicação supletiva do art. 219 do CPC/2015. FONAJEF, enunciado nº 175. Por falta de previsão legal específica nas leis que tratam dos juizados especiais, aplica-se, nestes, a previsão da contagem dos prazos em dias úteis (CPC/2015, art. 219).Prazo para a contestação. A Lei do JECF não estabelece prazo para o oferecimento da contestação. Seguindo o procedimento da Lei nº 9.099/95, a contestação deve ser oferecida até a audiência de instrução e julgamento. TRJEFSP, enunciado 8. A contestação poderá ser apresentada até a audiência de instrução e julgamento. Presença de advogado. Nos procedimentos submetidos ao JECF a parte não precisa estar representada por advogado, qualquer que seja o valor da causa, não incidindo a regra prevista no art. 9º da Lei nº 9.099/1995. FONAJEF, enunciado nº 67. O caput do art. 9º da Lei nº 9.099/1995 não se aplica subsidiariamente no âmbito dos Juizados Especiais Federais, visto que o art. 10 da Lei nº 10.259/2001 disciplinou a questão de forma exaustiva. Todavia, as partes poderão designar representantes, que sejam advogados ou não, desde que o façam por escrito. A designação de representante não-advogado deve ser pontual e justificada, valendo especificamente para aquele determinado processo, não podendo haver representantes profissionais que não sejam advogados. FONAJEF, enunciado nº 83. O art. 10, caput, da Lei nº 10.259/2001 não autoriza a representação das partes por não-advogados de forma habitual e com fins econômicos. O estagiário de Direito só pode praticar atos em conjunto com o advogado. FONAJEF, enunciado nº 68. O estagiário de advocacia, nos termos do Estatuto da OAB, tão-só pode praticar, no âmbito dos Juizados Especiais Federais, atos em conjunto com advogado e sob responsabilidade deste. Poderes para conciliar. Os representantes judiciais da União, bem como os das autarquias, fundações e empresas públicas estão autorizados, pela lei, a celebrar acordos, exclusivamente nos processo de competência do JECF. FONAJEF, enunciado nº 76. A apresentação de proposta de conciliação pelo réu não induz a confissão. Desistência. As Turmas Recursais do JECF de São Paulo têm o entendimento pacificado de que a desistência da ação não depende de consentimento do réu. TRJEFSP, enunciado 1. A homologação do pedido de desistência da ação independe da anuência do réu. Princípio da cooperação. Tal como vimos ao comentar o art. 9º da Lei nº 12.153/2009 (na parte III), esse art. 11 em comento contempla o princípio da cooperação no JECF. Tendo em vista que a parte ré será sempre ligada à administração pública federal, e seus atos devem ser guiados pelo princípio da legalidade, ela deverá apresentar ao processo toda a documentação que tenha em seu poder que possa ajudar o juiz a esclarecer os fatos da causa. E, por conta disso, não poderá se furtar a cumprir o comando legal, que lhe é impositivo. Reportamo-nos aos comentários do art. 10. Prova técnica. A prova técnica também é admitida no procedimento do JECF, através de exame realizado por pessoa habilitada, sempre que necessária à conciliação ou ao julgamento da causa. Não há necessidade de que o perito seja médico especialista para a realização da perícia. FONAJEF, enunciado nº 112. Não se exige médico especialista para a realização de perícias judiciais, salvo casos excepcionais, a critério do juiz. O técnico nomeado pelo juiz para realizar o exame deverá entregar o laudo até 5 (cinco) dias antes da audiência. A critério do juiz, a perícia poderá ocorrer na própria audiência. FONAJEF, enunciado nº 117. A perícia unificada, realizada em audiência, é válida e consentânea com os princípios informadores dos juizados especiais. Não há necessidade de intimação das partes acerca da apresentação do laudo, tendo em vista que elas terão ciência das suas conclusões na própria audiência, ocasião em que poderão se manifestar imediatamente, ou requererem prazo para tanto. Não se admite a presença do advogado na perícia médica. FONAJEF, enunciado nº 126. Não cabe a presença de advogado em perícia médica, por ser um ato médico, no qual só podem estar presentes o próprio perito e eventuais assistentes técnicos. A perícia poderá ocorrer antes da citação, desde que se possibilite ao réu acompanhá-la. FONAJEF, enunciado nº 118. É válida a realização de prova pericial antes da citação, desde que viabilizada a participação das partes. Deferida a prova técnica, o valor dos honorários será adiantado pelo respectivo Tribunal Federal. Vencido o réu, ele restituirá o valor ao Tribunal. FONAJEF, enunciado nº 52. É obrigatória a expedição de RPV em desfavor do ente público para ressarcimento de despesas periciais quando este for vencido. Nas causas de natureza previdenciária ou de assistência social, sendo designado exame técnico, as partes devem ser intimadas para oferecer quesitos e indicar assistentes técnicos, se quiserem, no prazo de 10 dias. FONAJEF, enunciado nº 127. Para fins de cumprimento do disposto no art. 12, § 2º, da Lei nº 10.259/01, é suficiente intimar o INSS dos horários preestabelecidos para as perícias do JEF. Reexame necessário. Sobre o reexame necessário, remetemos o leitor aos comentários do art. 11 da Lei nº 12.153/2009, na parte III. Tal como ocorre no procedimento do JEFP, as causas de competência do JECF também não estão sujeitas ao reexame necessário. Recurso inominado. Contra a sentença, caberá recurso inominado, no prazo de 10 dias, nos termos do art. 41 da Lei nº 9.099/1995, mesmo que seja sentença terminativa, vale dizer, que extingue o processo sem resolução de mérito. TRJEFSP, enunciado 31. Cabe recurso da sentença que julga extinto o processo sem o julgamento do mérito. FONAJEF, enunciado nº 144. É cabível recurso inominado contra sentença terminativa se a extinção do processo obstar que o autor intente de novo a ação ou quando importe negativa de jurisdição. Não haverá juízo prévio de admissibilidade do recurso inominado, à luz do art. 1.010, § 3º, do CPC/2015, cabendo este exclusivamente à Turma Recursal à qual o recurso for distribuído. FONAJEF, enunciado nº 182. O juízo de admissibilidade do recurso inominado deve ser feito na turma recursal, aplicando-se subsidiariamente o art. 1.010, § 3º, do CPC/2015. A tempestividade do recurso pode ser aferida por qualquer meio idôneo. FONAJEF, enunciado nº 109. A tempestividade do recurso pode ser comprovada por qualquer meio idôneo, inclusive eletrônico. O recurso deve ser recebido no efeito devolutivo e suspensivo, salvo se a sentença confirmar o deferimento de tutela provisória. FONAJEF, enunciado nº 61. O recurso será recebido no duplo efeito, salvo em caso de antecipação de tutela ou medida cautelar de urgência. O efeito devolutivo do recurso, tanto em extensão quanto em profundidade, tem cabimento amplo no sistema do JECF, podendo a Turma recursal conhecer de matéria não apreciada na sentença, desde que aventada no pedido. FONAJEF, enunciado nº 54. O art. 515 e parágrafos do CPC interpretam-se ampliativamente no âmbito das Turmas Recursais, em face dos princípios que orientam o microssistema dos Juizados Especiais Federais. [N. do A.: refere-se ao CPC/1973, com correspondência no art. 1.013 do CPC/2015]. FONAJEF, enunciado nº 60. A matéria não apreciada na sentença, mas veiculada na inicial, pode ser conhecida no recurso inominado, mesmo não havendo a oposição de embargos de declaração. Recurso adesivo – não cabimento. Nos processos submetidos ao procedimento do JEF, não cabe recurso adesivo. FONAJEF, enunciado nº 59. Não cabe recurso adesivo nos Juizados Especiais Federais. TRJEFSP, enunciado 34. Não cabe recurso adesivo nos Juizados Especiais Federais. Sucumbência e honorários advocatícios. O recorrente, vencido, pagará honorários advocatícios à parte contrária, cuja execução se fará no próprio Juizado. TRJEFSP, enunciado 18. São devidos honorários advocatícios por parte do recorrente vencido em segundo grau (art. 55 da Lei nº 9.099/1995), quando houver atuação de advogado constituído. FONAJEF, enunciado nº 57. Nos Juizados Especiais Federais, somente o recorrente vencido arcará com honorários advocatícios. FONAJEF, enunciado nº 90. Os honorários advocatícios impostos pelas decisões do Juizado Especialo Juizado Especial Cível no âmbito da Justiça Estadual e do Distrito Federal (art. 1º), com a proibição expressa de serem partes as pessoas jurídicas de direito público, assim como as empresas públicas da União (art. 8º). Desta forma, seja por não admitir pessoa jurídica de direito público como parte, seja porque afeito à Justiça Estadual, os Juizados Especiais Cíveis não se aplicavam a ações de interesse da União. Para preencher mais essa lacuna, em 2001 foi promulgada a Lei nº 10.259, instituindo o Juizado Especial Federal (JEF), para o processamento e julgamento de causas de competência da Justiça Federal (CF, art.109) de valor até 60 salários mínimos (art. 3º). Cronologicamente, os Juizados Especiais Federais surgiram logo após os Juizados Especiais Cíveis, e antes dos Juizados Especiais da Fazenda Pública. A bem da verdade, a Lei nº 10.259/2001 (JECF) serviu de inspiração para a Lei nº 12.153/2009 (JEFP). O procedimento do JECF toma por base os dispositivos da Lei nº 9.099/1995, naquilo que não conflitar com a Lei nº 10.259/2001, e não é opcional, sendo obrigatório no foro onde estiver instalado, eis que sua competência é absoluta. Algumas diferenças significativas são estabelecidas entre o JEC e o JECF. Neste, não se admite o pedido contraposto por parte da União, autarquia, fundação ou empresa pública, consoante o enunciado 12 do FONAJEF: FONAJEF, Enunciado nº 12. No Juizado Especial Federal, não é cabível o pedido contraposto formulado pela União, autarquia, fundação ou empresa pública federal. No plano recursal, o JECF passa a admitir o recurso de agravo de instrumento contra a decisão que defere a tutela provisória, o que não é previsto na Lei nº 9.099/1995. Além disso, possibilita-se a uniformização da interpretação de lei federal, sempre que houver divergência entre Turmas Recursais, seja da mesma Região ou de Regiões diferentes, ou, ainda, a súmulas do STJ, no que foi seguido pelos JEFP. Na execução ou no cumprimento de sentença, não são admitidos embargos, sendo que eventuais impugnações devem ser analisadas independente da instauração de incidente processual. FONAJEF, Enunciado nº 13. Não são admissíveis embargos de execução nos Juizados Especiais Federais, devendo as impugnações do devedor ser examinadas independentemente de qualquer incidente. Parte II. Comentários à Lei 9.099/1995 Juizados Especiais Cíveis (arts. 1º a 59) Juizados especiais cíveis. Os Juizados Especiais Cíveis (JEC), contemplados nessa Lei nº 9.099/1995, são, basicamente, órgãos da justiça comum dos Estados, estando vinculados, portanto, ao Tribunal de Justiça do respectivo Estado da Federação. Juizados especiais da Fazenda Pública. Os Juizados Especiais da Fazenda Pública (JEFP) foram instituídos pela Lei nº 12.153/2009, tendo competência para conciliar e julgar causas cíveis de interesse dos Estados, Distrito Federal, Territórios e Municípios, de valor até 60 salários mínimos (ver parte III deste livro). Tais juizados têm existência própria e distinta dos Juizados Especiais Cíveis e, por isso mesmo, suas inovações, especialmente as do art. 5º, não se aplicam a estes. FONAJE, enunciado 134. As inovações introduzidas pelo artigo 5º da Lei nº 12.153/09 não são aplicáveis aos Juizados Especiais Cíveis (Lei nº 9.099/95). O referido art. 5º da Lei nº 12.153/2009 dispõe: Podem ser partes no Juizado Especial da Fazenda Pública: I – como autores, as pessoas físicas e as microempresas e empresas de pequeno porte, assim definidas na Lei Complementar n. 123, de 14 de dezembro de 2006; II – como réus, os Estados, o Distrito Federal, os Territórios e os Municípios, bem como autarquias, fundações e empresas públicas a eles vinculadas. Por não ter aplicação nos procedimentos previstos na Lei nº 9.099/1995, esse art. 5º não altera as disposições do art. 8º da Lei nº 9.099/1995. Juizados especiais federais. Os Juizados Especiais Cíveis Federais (JECF) foram instituídos pela Lei nº 10.259/2001, com competência para processar e julgar ações de competência da Justiça Federal, até 60 salários mínimos (ver parte IV deste livro). Princípios processuais do JEC. Estabelece, esse art. 2º, os princípios que norteiam o procedimento do JEC. Em realidade, há um superprincípio – celeridade – do qual os demais princípios são corolários e decorrentes. São, os seguintes, os princípios do JEC: 1. Celeridade. É o que chamamos, acima, de superprincípio. Os juizados especiais foram instituídos com o propósito inescondível de dar solução rápida ao litígio. Os processos submetidos ao procedimento do JEC devem ser orientados, destarte, pela celeridade. Célere significa rápido, ágil, e assim deve ser o desenvolvimento dos processos do JEC. Para garantir a celeridade a Lei nº 9.099/1995 adota, como regra, situações para tornar mais fluído o processo, tais como a concentração dos atos processuais, não permitindo incidentes que o atrasem; não se admite a reconvenção nem a intervenção de terceiros; os recursos não têm efeito suspensivo, entre outros. 2. Oralidade. No procedimento do JEC, a palavra oral tem prevalência sobre a sua forma escrita. Os atos processuais podem ser realizados oralmente, com muito mais ênfase do que ocorre no processo comum, contribuindo, assim, com a celeridade. A petição inicial pode ser deduzida oralmente (art. 14), assim como a contestação (art. 30); dos atos processuais, apenas os essenciais são registrados em termo (art. 13, § 3º); a prova oral não será reduzida a termo (art. 36); os embargos de declaração podem ser opostos oralmente (art. 49). 3. Informalidade. Exatamente por pretender promover a rápida solução do litígio, o procedimento do JEC não pode conter todas as exigências do processo comum, principalmente em relação à forma. É por isso a disposição contida no art. 13, caput, de que “os atos processuais serão válidos sempre que preencherem a finalidade para os quais foram realizados”, e a § 1º, de que “não se pronunciará qualquer nulidade sem que tenha havido prejuízo”. 4. Simplicidade. O procedimento do JEC é um procedimento simplificado, caracterizado principalmente pela concentração dos atos processuais. À apresentação do pedido se seguem a audiência de conciliação e a audiência de instrução, quando todos os atos são praticados e concentrados. 5. Economia processual. Concentração dos atos processuais, ausência de incidentes processuais, irrecorribilidade de decisões interlocutórias, são algumas das situações que revelam a economia processual que permeia o procedimento do JEC. Competência. Diz-se que a competência é a medida da jurisdição, vale dizer, é o quanto de jurisdição que possui cada órgão julgador, limitando a sua atuação. Ela pode ser classificada em absoluta (em razão da matéria, da função e da pessoa) e relativa (em razão do lugar e do valor). Competência funcional sui generis. O art. 3º estabelece quais as causas que podem ser processadas e julgadas perante o JEC. Trata-se de competência funcional, que é absoluta. Mas trata-se de uma competência sui generis, porque a competência fixada no art. 3º é exclusiva, ou seja, ela só é absoluta no que ela exclui, pois no que ela admite, ela é opcional (ver § 3º). Desta forma, para causas que não estejam previstas no rol, taxativo, do art. 3º, ou que sejam excluídas expressamente pelo § 2º, o JEC não terá competência. Causas de menor complexidade. O primeiro critério a ser aferido para fixação da competência do JEC é que a causa seja considerada como sendo de menor complexidade. Em razão dos princípios estabelecidos no art. 2º, e pelas próprias regras processuais do juizado, causas complexas não serão admitidas ao processamento e julgamento do JEC. Em princípio, são consideradas de menor complexidade as causas elencadas no próprio art. 3º. Temos, entrementes, o entendimento predominante de que a complexidade da causa decorre da prova a ser produzida no processo e não da pretensão, ou seja, do direito material que nele se discute. Nesse sentido, o enunciado 54 do FONAJE. FONAJE, enunciado 54.Federal serão executados nos próprios Juizados Especiais Federais, por quaisquer das partes. Todavia, havendo provimento do recurso, mesmo que de maneira parcial, não se condenará a parte recorrente em honorário. FONAJEF, enunciado nº 99. O provimento, ainda que parcial, de recurso inominado afasta a possibilidade de condenação do recorrente ao pagamento de honorários de sucumbência. Os honorários deverão ser fixados conforme dispõe o art. 55 da Lei nº 9.099/1005. FONAJEF, enunciado n. 145. O valor dos honorários de sucumbência será fixado nos termos do artigo 55, da Lei nº 9.099/95, podendo ser estipulado em valor fixo quando for inestimável ou irrisório o proveito econômico ou, ainda, quando o valor da causa for muito baixo, observados os critérios do artigo 20, § 3º, CPC. [N. do A.: refere-se ao CPC/1973, com correspondência no art. 82, § 2º do CPC/2015]. Embargos de declaração Os embargos de declaração são cabíveis, nos termos do art. 48 da Lei nº 9.099/1995, podendo ser deduzidos de forma escrita ou oral, no prazo de cinco dias. FONAJEF, enunciado nº 42. Em caso de embargos de declaração protelatórios, cabe a condenação em litigância de má-fé (princípio da lealdade processual). Uniformização da jurisprudência no JECF. Assim como ocorre no procedimento do JEFP (ver comentários ao art. 18 da Lei nº 12.153/2009, na parte III), o JECF admite o pedido de uniformização de interpretação de lei federal, sempre que houver divergência entre decisões de Turmas Recursais sobre direito material. Não cabe incidente de uniformização sobre matéria processual. FONAJEF, enunciado nº 43. É adequada a limitação dos incidentes de uniformização às questões de direito material. FONAJEF, enunciado nº 98. É inadmissível o reexame de matéria fática em pedido de uniformização de jurisprudência. TNUJEF, súmula 7. Descabe incidente de uniformização versando sobre honorários advocatícios por se tratar de questão de direito processual. TNUJEF, súmula 42. Não se conhece de incidente de uniformização que pretenda o reexame de matéria de fato. TNUJEF, súmula 43. Não cabe incidente de uniformização que verse sobre matéria processual. FONAJEF, enunciado nº 97. Cabe incidente de uniformização de jurisprudência quando a questão deduzida nos autos tiver reflexo sobre a competência do juizado especial federal. Divergência entre Turmas Recursais da mesma região. Se a divergência se der entre Turmas Recursais da mesma Região, ou seja, subordinadas ao mesmo TRF, o julgamento do pedido de uniformização se dará em sessão conjunta das Turmas em conflito, sob a presidência do Juiz Coordenador do Juizado Especial Federal na respectiva Região. FONAJEF, enunciado nº 110. A competência das turmas recursais reunidas, onde houver, deve ser limitada à deliberação acerca de enunciados das turmas recursais das respectivas seções judiciárias. Turmas de Uniformização. As Turmas de Unificação são órgãos colegiados com atribuição de julgar os pedidos de uniformização de interpretação de lei federal. FONAJEF, enunciado nº 104. Cabe à Turma de Uniformização reformar os acórdãos que forem contrários à sua jurisprudência pacífica, ressalvada a hipótese de supressão de instância, em que será cabível a remessa dos autos à Turma de origem para fim de adequação do julgado. FONAJEF, enunciado nº 105. A Turma de Uniformização, ao externar juízo acerca da admissibilidade do pedido de uniformização, deve considerar a presença de similitude de questões de fato e de direito nos acórdãos confrontados. Divergência entre Turmas Recursais de diferentes Regiões. Sendo a divergência estabelecida entre decisões de Turmas Recursais de Regiões diferentes, o pedido de uniformização será julgado por uma Turma de Uniformização, composta por juízes integrantes de Turmas Recursais, sob a presidência do Juiz Coordenador da Justiça Federal. Divergência da decisão com súmula do STJ. Se a divergência se der entre a decisão e súmula do STJ, ou seja, quando a decisão da Turma Recursal contrariar súmula do STJ, o julgamento do pedido de uniformização também ficará a cargo da Turma de Uniformização. Sempre a sessão de julgamento do pedido de uniformização contar com juízes domiciliados em diferentes cidades, poderá ser realizada por meio eletrônico de transmissão de sons e imagens, teleconferência ou qualquer outro meio similar. Pedido de uniformização ao STJ. No caso de pedido de uniformização, quando a decisão da Turma de Uniformização acolher orientação contrária à súmula do STJ, a parte interessada poderá requerer ao STJ, por requerimento próprio, que se manifeste, para dirimir a divergência. Efeito suspensivo. Quando o pedido de uniformização tiver de ser apreciado pelo STJ (nos casos do § 4º, supra), o Ministro relator poderá conceder liminar para suspensão dos processos em que haja a controvérsia, de ofício ou a requerimento da parte, desde que haja os pressupostos do “fumus boni juris” e do “periculum in mora”. Julgamentos repetitivos. Na hipótese divisada no § 4º, supra, havendo pedidos de uniformização repetitivos, ou seja, ocorrendo a multiplicidade de outros pedidos que tratem da mesma questão e que sejam recebidos subsequentemente por qualquer Turma Recursal quando já houver um pedido em análise no STJ, tais pedidos repetitivos posteriores deverão ficar retidos nos autos de origem, no aguardo do pronunciamento do STJ. Na prática, tais pedidos posteriores ficarão sobrestados, até que a Corte julgue aquele primeiro. A decisão tomada pela Corte valerá para todos eles. Requisitando informações e ouvindo o MP. Ainda no STJ, o relator do pedido de uniformização poderá requisitar informações ao Presidente da Turma Recursal ou da Turma de Uniformização, se entender necessário para dirimir a controvérsia. Se for o caso em que a intervenção do MP é obrigatória, o relator mandará intimá-lo para se manifestar no prazo de 5 (cinco) dias. Eventuais interessados (amici curiae) poderão se manifestar no prazo de 30 dias. Preferência no julgamento. O pedido de uniformização, no STJ, tem preferência sobre os demais processos, com exceção daqueles em que há réu preso, os pedidos de habeas corpus e os mandados de segurança. Tão logo finde os prazos do § 7º, o relator deverá incluir o pedido de uniformização em pauta na sessão. Depois do julgamento do pedido de uniformização pelo STJ, e da publicação do acórdão, todos os pedidos que foram retidos e sobrestados na origem (§ 5º) passarão a ser apreciados pelas Turmas Recursais, aplicando o que foi decidido pela Corte Superior. FONAJEF, enunciado nº 132. Em conformidade com o art. 14, § 9º, da Lei nº 10.259/2001, cabe ao colegiado da Turma Recursal rejulgar o feito após a decisão de adequação de Tribunal Superior ou da TNU. Resolução 10/2007, do STJ: Art. 1º. O incidente de uniformização da jurisprudência do Juizado Especial Federal dirigido ao Superior Tribunal de Justiça, nos termos do art. 14, § 4º, da Lei nº 10.259, de 12 de julho de 2001, será suscitado perante a Turma Nacional de Uniformização, cujo Presidente procederá ao juízo prévio de admissibilidade. § 1º. Admitido o incidente ou, se inadmitido, houver requerimento da parte, o pedido de uniformização será distribuído no Superior Tribunal de Justiça a relator integrante da Seção competente. § 2º. Se o relator indeferir o pedido, dessa decisão caberá agravo à Seção respectiva, que proferirá julgamento irrecorrível. Art. 2º. Admitido o incidente, o relator: I - poderá, de ofício ou a requerimento da parte, presentes a plausibilidade do direito invocado e o fundado receio de dano de difícil reparação, deferir medida liminar para suspender a tramitação dos processos nos quais tenha sido estabelecida a mesma controvérsia; II - oficiará ao Presidente da Turma Nacional de Uniformização e aos Presidentes das Turmas Recursais, comunicando o processamento do incidente e solicitando informações; III - ordenará a publicação de edital no Diário da Justiça, com destaque no noticiário do STJ na internet, para dar ciênciaaos interessados sobre a instauração do incidente, a fim de que se manifestem, querendo, no prazo de 30 (trinta) dias; IV - decidir o que mais for necessário à instrução do feito. § 1º. Da decisão concessiva da medida liminar prevista no inciso I, caberá agravo à Seção. § 2º. As partes e os terceiros interessados, nos seus prazos, poderão juntar documentos, arrazoados e memoriais. Art. 4º. Será de 10 (dez) dias o prazo para agravar das decisões proferidas pelo relator. Art. 5º. Cumpridos os prazos, com ou sem manifestação das partes, do Ministério Público ou de eventuais terceiros interessados, o feito será incluído na pauta da sessão, com preferência sobre os demais, ressalvados os processos com réu preso, os habeas corpus e mandados de segurança. Parágrafo único. As partes, o representante do Ministério Público e, por decisão do Presidente da Seção, os terceiros interessados poderão produzir sustentação oral na conformidade do que dispõe o art. 160 do Regimento Interno do Superior Tribunal de Justiça. Art. 6º. O acórdão do julgamento do incidente conterá, se houver, súmula sobre a questão controvertida, e dele será enviada cópia ao Presidente da Turma Nacional de Uniformização. Art. 7º. Fica revogada a Resolução nº 2, de 12 de março de 2002. Art. 8º. Esta Resolução entra em vigor na data de sua publicação. No âmbito do CJF, foi editada a Resolução 345/2015. O recurso extraordinário é cabível, nas hipóteses previstas na CF, 102, III. O seu processamento se dará na forma do previsto no art. 14, §§ 4º ao 9º e no Regimento Interno do STF. FONAJEF, enunciado nº 157. Aplica-se o art. 1030, par. único, do CPC/2015 aos recursos extraordinários interpostos nas Turmas Recursais do JEF (Aprovado no XII FONAJEF). Cumprimento de sentença de obrigação de fazer e não fazer ou de entregar coisa certa. Tal como ocorre no JEFP, no JECF o cumprimento de sentença só se processa se houver o trânsito em julgado, de sorte que não haverá execução provisória. Em se tratando de obrigação de fazer ou não fazer, ou de entregar coisa certa, o cumprimento da sentença será feito mediante a simples expedição de ofício judicial ao réu, acompanhado de cópia de sentença. A intimação para cumprimento da obrigação poderá ser feita na pessoa do procurador federal, independentemente de ofício. FONAJEF, enunciado nº 8. É válida a intimação do procurador federal para cumprimento da obrigação de fazer, independentemente de oficio, com base no art. 461 do CPC. [N. do A.: refere-se ao CPC/1973, com correspondência no art. 497 do CPC/2015]. O atraso ou o não cumprimento da obrigação após a entrega do ofício da intimação sujeita o ente público à multa moratória, mas não cabe multa direcionada pessoalmente ao procurador judicial. FONAJEF, enunciado nº 63. Cabe multa ao ente público pelo atraso ou não-cumprimento de decisões judiciais com base no art. 461 do CPC, acompanhada de determinação para a tomada de medidas administrativas para a apuração de responsabilidade funcional e/ou por dano ao erário. Havendo contumácia no descumprimento, caberá remessa de ofício ao Ministério Público Federal para análise de eventual improbidade administrativa. [N. do A.: refere-se ao CPC/1973, com correspondência no art. 497 do CPC/2015]. FONAJEF, enunciado nº 64. Não cabe multa pessoal ao procurador ad judicia do ente público, seja com base no art. 14, seja no art. 461, ambos do CPC. [N. do A.: refere-se ao CPC/1973, com correspondência nos arts. 77 e 497 do CPC/2015, respectivamente]. Cumprimento de sentença de obrigação de pagar quantia certa. A mesma observação feita no artigo antecedente, sobre não caber execução provisória, vale para a sentença que comporta obrigação de pagar quantia certa. FONAJEF, enunciado nº 35. A execução provisória para pagar quantia certa é inviável em sede de Juizado, considerando outros meios jurídicos para assegurar o direito da parte. A execução da sentença no limite da competência do JECF (ver § 1º, abaixo) será feita independentemente de precatório, através de RPV. O pagamento deve ser feito no prazo máximo de 60 dias, contados do recebimento da requisição, diretamente na agência mais próxima da Caixa Econômica Federal ou do Banco do Brasil. FONAJEF, enunciado nº 47. Eventual pagamento realizado pelos entes públicos demandados deverá ser comunicado ao Juízo para efeito de compensação quando da expedição da RPV. Sendo o valor executado superior a 60 salários mínimos, será possível a expedição de precatório. TRJEFSP, enunciado nº 20. É possível a expedição de precatório no Juizado Especial Federal, nos termos do art. 17, § 4º, da Lei nº 10.259/2001, quando o valor da condenação exceder 60 (sessenta) salários mínimos. No caso de a parte estar representada por procurador, o levantamento por este das quantias pagas, seja por RPV ou por precatório, somente poderá ocorrer contra apresentação de procuração com poderes especiais e com firma reconhecida. FONAJEF, enunciado nº 69. O levantamento de valores decorrentes de RPVs e Precatórios, no âmbito dos Juizados Especiais Federais, pode ser condicionado à apresentação, pelo mandatário, de procuração específica com firma reconhecida, da qual conste, ao menos, o número de registro do Precatório ou RPV ou o número da conta do depósito, com o respectivo valor. As parcelas vencidas depois de realizado o cálculo judicial poderão ser pagas administrativamente, independentemente de requisição ou precatório. FONAJEF, enunciado nº 72. As parcelas vencidas após a data do cálculo judicial podem ser pagas administrativamente, por meio de complemento positivo. Pequeno valor. No procedimento do JECF será considerado como pequeno valor, para efeito do disposto na CF, art. 100, § 3º, o valor limite da alçada de 60 salários mínimos (art. 3º), cuja execução independerá da expedição de precatório. Nos casos previstos no caput, o não atendimento da requisição no prazo legal autorizará o juiz a determinar o sequestro da quantia devida, sem necessidade de se ouvir a Fazenda Pública. Esse sequestro pode ser feito por meio eletrônico, através do mesmo sistema de “penhora on line” do BACENJUD. O dispositivo desse § 3º tem apoio no ADCT da CF, art. 87, parágrafo único. Sempre que o valor da obrigação for superior ao limite definido como de pequeno valor, o seu pagamento deve se dar, obrigatoriamente, através do precatório, salvo na hipótese do § 4º. Por essa razão, não se permite o fracionamento do valor, para que se faça uma parte por RPV e outra por precatório. Apoiado, também, no ADCT da CF, art. 87, parágrafo único, esse § 4º constitui a exceção à obrigatoriedade do pagamento por precatório. No caso do valor da obrigação exceder o limite definido como de pequeno valor, o credor poderá renunciar ao excedente, para promover o cumprimento da sentença através de RPV. Essa renúncia deve ser expressa, por ocasião da execução, depois de efetivamente constituído o crédito. FONAJEF, enunciado nº 71. A parte autora deverá ser instada, na fase da execução, a renunciar ao excedente à alçada do Juizado Especial Federal, para fins de pagamento por RPV, não se aproveitando, para tanto, a renúncia inicial, de definição de competência. Por serem federais, os JECF’s são instalados por determinação do respectivo Tribunal Regional Federal. No âmbito do JECF, os conciliadores exercerão sua função por designação do seu Juiz Presidente, pelo período de 2 anos, sendo admitida a recondução, sendo gratuito o exercício da função. Juizados adjuntos. Juizados adjuntos são juizados instituídos de maneira não autônoma, ou seja, utilizando-se de pessoal (servidores, juízes) e de estrutura da vara comum. Os Juizados Especiais Adjuntos serão instalados em áreas cuja demanda regular não justifique a estrutura autônoma, conforme providência definida pelo Conselho Nacional de Justiça como “Prioridade Estratégica dos Juizados Especiais Estaduais” (Recomendação nº 1, de 6 de dezembro de 2005), e terão a mesma composição e competência das unidades jurisdicionais, e funcionamanexados às varas judiciais da comarca, utilizando o mesmo quadro de servidores lotados nas varas a que estiverem anexados, tendo como Juiz Togado o respectivo Juiz Titular dessas unidades. Regra meramente de transição, já sem efeito pelo decurso do prazo. Importante dispositivo legal, esse parágrafo único estabelece autorização para criação de JECF com competência exclusiva para processar e julgar ações previdenciárias, nas capitais dos Estados e do DF, e em outras cidades onde, em razão do número de habitantes, justificar a sua instalação. A importância se dá pela evidente grande quantidade de ações previdenciárias em todo o País, cujo valor está no limite da alçada do JECF. Criando-se varas especializadas em ações previdenciárias, tem-se uma dupla vantagem: 1) a especialização na matéria que torna a prestação jurisdicional mais eficiente; e 2) o desafogamento dos JECF’s comuns. Caso no foro de competência não haja vara da Justiça Federal ou do JECF, a ação poderá ser proposta no Juizado Federal mais próximo. Todavia, não se pode aplicar a Lei nº 10.259/2001 na justiça estadual. Dispositivo correlacionado com o art. 18. Turmas recursais. Os recursos interpostos contra a sentença serão julgados por uma Turma recursal. As Turmas Recursais do JECF são instituídas pelo TRF respectivo, que determinará a sua composição e área de atuação. Uma Turma recursal poderá abranger mais de uma seção judiciária. Dentre os poderes e competência das Turmas Recursais, destacamos as seguintes: à Instruir o processo: a Turma Recursal terá poder para complementar a instrução processual, evitando a anulação da sentença. FONAJEF, enunciado nº 101. A Turma Recursal tem poder para complementar os atos de instrução já realizados pelo juiz do Juizado Especial Federal, de forma a evitar a anulação da sentença. FONAJEF, enunciado nº 102. Convencendo-se da necessidade de produção de prova documental complementar, a Turma Recursal produzirá ou determinará que seja produzida, sem retorno do processo para o juiz do Juizado Especial Federal. FONAJEF, enunciado nº 103. Sempre que julgar indispensável, a Turma Recursal, sem anular a sentença, baixará o processo em diligências para fins de produção de prova testemunhal, pericial ou elaboração de cálculos. à Conhecer do mérito quando a sentença acolher prescrição ou decadência – o chamado efeito devolutivo em profundidade. FONAJEF, enunciado nº 100. No âmbito dos Juizados Especiais Federais, a Turma Recursal poderá conhecer diretamente das questões não examinadas na sentença que acolheu prescrição ou decadência, estando o processo em condições de imediato julgamento. à Julgar conflitos de competência: as Turmas Recursais julgarão os conflitos de competência que ocorram entre os Juizados Especiais Federais que estão sob a sua jurisdição. FONAJEF, enunciado nº 106. Cabe à Turma Recursal conhecer e julgar os conflitos de competência apenas entre Juizados Especiais Federais sujeitos a sua jurisdição. Nos JECF’s haverá um juiz coordenador, que será escolhido dentre os juízes do TRF respectivo. A escolha será feita pelos próprios juízes que compõem o TRF, para um mandato de 2 (dois) anos. Itinerante é um adjetivo que significa aquilo que transita; que se desloca. Juizado itinerante é, portanto, um juizado móvel, que se desloca de local a local, mediante ajuste prévio, estabelecido mediante autorização do TRF. Regra meramente de transição, já sem efeito pelo decurso do prazo. Regra meramente de transição, já implantada. A instalação do Juizado Especial Federal em determinada localidade ocasiona a competência absoluta para as ações ajuizadas apenas a partir da data da instalação. As ações ajuizadas anteriormente perante a Justiça Federal comum continuaram tramitando perante o juízo original, não havendo de serem remetidas ao juizado. Os JECF’s são órgãos da Justiça Federal, subordinados aos Tribunais Regionais Federais. Desta forma, o suporte administrativo necessário ao seu funcionamento deve ser prestado pelo TRF respectivo. Publicada em 12 de julho de 2001, a lei entrou em vigor no dia 11 de janeiro de 2002. Parte V. Revisão de conteúdo: Questões de concursos referentes aos Juizados Especiais. 01. (OAB 132º) Assinale a alternativa correta. A) É obrigatório o procedimento perante os Juizados Especiais Cíveis quando o valor da causa for até 40 salários mínimos. B) É facultado ao autor optar por litigar perante os Juizados Especiais ou na Justiça Comum, desde que dentro dos limites econômicos e da matéria sob a sua jurisdição. C) As hipóteses de cabimento das demandas perante os Juizados Especiais Cíveis são idênticas às do procedimento sumário. D) Não é cabível recurso em sede de Juizados Especiais. Gabarito oficial: B 02. (JUIZ - TJCE-2014) Nos Juizados Especiais Cíveis, A) não se admitirá, no processo, qualquer forma de intervenção de terceiro, assistência ou litisconsórcio. B) nas ações para reparação de dano de qualquer natureza, o foro competente será sempre, e exclusivamente, o do domicílio do réu ou do local do ato ou fato. C) podem ser julgadas as causas cíveis de menor complexidade, entre elas as ações de despejo para uso próprio e as que não excedam a quarenta vezes o salário mínimo, inclusive as ações possessórias sobre bens imóveis, limitadas a esse valor. D) não poderão propor ações quaisquer pessoas jurídicas, o incapaz, o preso, a massa falida e o insolvente civil. E) o réu, sendo pessoa jurídica ou titular de firma individual, poderá ser representado por preposto credenciado, munido de carta de preposição com poderes para transigir, desde que possua vínculo empregatício com a pessoa jurídica. Gabarito oficial: C 03. (JUIZ - TJMT-2005). O juizado cível da justiça comum tem competência para julgar a(s) I - causas cujo valor não exceda a 40 vezes o salário mínimo ou as de valor superior, desde que, não havendo conciliação, haja renúncia ao valor excedente ao teto. II - execução de seus próprios julgados. III - causas relativas ao estado e à capacidade das pessoas, desde que de cunho patrimonial. IV - causas de interesse da fazenda pública, desde que não excedam o valor de 40 salários mínimos. Estão certos apenas os itens A) I e II. B) I e III. C) II e III. D) III e IV. Gabarito oficial: A 04. (JUIZ - TJAP-2014) No que se refere aos Juizados Especiais Cíveis, é correto afirmar: A) Somente pessoas físicas podem propor ações perante os Juizados Especiais Cíveis, sendo defeso a qualquer pessoa jurídica fazê-lo. B) Podem ser propostas ações de despejo para uso próprio, bem como por falta de pagamento e por infração contratual. C) Podem ser propostas ações de cunho patrimonial cujo valor não exceda a sessenta vezes o salário mínimo. D) Em qualquer hipótese, poderá a ação ser proposta no foro do domicílio do réu ou, a critério do autor, do local onde aquele exerça atividades profissionais ou econômicas ou mantenha estabelecimento, filial, agência, sucursal ou escritório. E) A opção pelo procedimento dos Juizados Especiais Cíveis não implica renúncia ao crédito excedente ao limite legal, que poderá ser cobrado em ação autônoma, pelo procedimento ordinário. Gabarito oficial: D 05. (OAB 133º) Pode figurar como parte no polo ativo das ações promovidas perante o Juizado Especial Cível A) o insolvente civil. B) o preso. C) o incapaz, desde que devidamente assistido na forma da Lei. D) a microempresa. Gabarito oficial: D 06. (OAB unificada 2010-2) A Lei nº 9.099/95 disciplina os chamados Juizados Especiais Cíveis no âmbito Estadual. Nela é possível encontrar diversas regras especiais, que diferenciam o procedimento dos Juizados do procedimento comum do CPC. Segundo a Lei nº 9.099/95, assinale a alternativa que indique uma dessas regras específicas. A) Não é cabível nenhuma forma de intervenção de terceiros nem de assistência. B) É vedado o litisconsórcio. C) Nas ações propostas por microempresas, admite-se a reconvenção. D) Se o pedido formulado for genérico, admite-se, excepcionalmente, sentençailíquida. Gabarito oficial: A 07. (OAB unificada 2008-1) Acerca da Lei dos Juizados Especiais Cíveis (JEC), Lei nº 9.099/1995, assinale a opção correta. A) Segundo os princípios da simplicidade e da informalidade que regem o julgamento nos juizados especiais, qualquer que seja o valor da causa, a parte vencida, ainda que não possua capacidade postulatória, pode recorrer da decisão monocrática e requerer a sua revisão pela turma recursal. B) O pedido do autor e a resposta do réu podem ser feitos por escrito ou oralmente; as provas orais produzidas em audiência, entretanto, devem ser necessariamente reduzidas a termo escrito, pois nessas demandas não se exige a obediência ao princípio da identidade física do juiz. C) Como regra, deve ser decretada a revelia do réu que não compareça à audiência de instrução e julgamento, ainda que compareça o seu advogado ou que seja apresentada defesa escrita, pois a presunção de veracidade dos fatos alegados no pedido inicial decorre da ausência do demandado à sessão de conciliação ou à audiência de instrução. D) No sistema recursal dos juizados especiais, contra as decisões interlocutórias é cabível o agravo na forma retida, que impede a interrupção da marcha do processo, atendendo aos princípios da celeridade e concentração dos atos processuais, com a finalidade de assegurar a rápida solução do litígio. Gabarito oficial: C 08. (OAB 132º) No Juizado Especial Cível, em não comparecendo o autor à audiência de conciliação, será A) decretada a sua revelia. B) reconhecida a renúncia ao direito. C) adiada a audiência. D) arquivado o processo. Gabarito oficial: D 09. (OAB/SP 126º) A competência executiva dos juizados especiais restringe-se aos A) julgados proferidos pelo juizado especial, somente. B) julgados proferidos pelo juizado especial e aos títulos executivos extrajudiciais no valor de até 20 salários mínimos. C) títulos executivos extrajudiciais no valor de até 20 salários mínimos, somente. D) julgados preferidos pelo juizado especial e aos títulos executivos extrajudiciais no valor de até 40 salários mínimos. Gabarito oficial: D 10. (JUIZ - TJPR-2013). Pedro, bacharel em direito, interpôs reclamação junto ao Juizado Especial Cível, no valor de vinte salários mínimos. Entretanto, por ser bacharel e se considerar um excelente aluno, recusou a assistência por advogado. Tendo como fundamento a Lei nº 9.099/95, é correto afirmar que: A) em nenhuma hipótese poderia postular junto ao Juizado Especial Cível sem ser assistido por advogado. B) em qualquer hipótese para postular junto ao Juizado Especial Cível deveria ser assistido por advogado. C) como bacharel em direito, poderia recorrer, desde que assistido por advogado. D) em qualquer hipótese poderia postular junto ao Juizado Especial Cível sem ser representado por advogado, exceto para recorrer. Gabarito oficial: D 11. (JUIZ - TJMT-2005). Em relação à sentença dos juizados cíveis, julgue os itens subsequentes. I - Da sentença proferida, caberá recurso no prazo de 10 dias, sendo o julgamento de competência do próprio juizado, por turma composta por três juízes togados. II - Não há necessidade de homologação, pelo juiz togado, da decisão proferida pelo juiz leigo. III - O recurso terá, em regra, efeito apenas devolutivo, sendo possível conferir- lhe, excepcionalmente, efeito suspensivo para evitar dano irreparável para a parte. IV - Das decisões proferidas em processos de competência do juizado especial, não caberá a interposição de recurso especial ou extraordinário. Estão certos apenas os itens A) I e II. B) I e III. C) II e IV. D) III e IV. Gabarito oficial: B 12. (JUIZ - TJMT-2009). Sobre a jurisdição e seus predicados, assinale a assertiva correta. A) A possibilidade do nomeado à autoria vir a recusar essa qualidade no processo não chega a constituir uma exceção à característica da inevitabilidade da jurisdição. B) Nos juizados especiais cíveis, o árbitro tem autorização legal para julgar por equidade, dispensada a autorização das partes. C) O Código de Processo Civil brasileiro, seguindo a orientação do direito moderno, não prevê hipótese de exigência da identidade física do juiz. D) A Jurisdição como função do Estado é destinada à solução imperativa de conflitos e exercida mediante a atuação da vontade do julgador em casos concretos. E) O caráter da substitutividade tem a ver com a substituição de pessoas e não de atividades. Por isso, quando um dos sujeitos litigantes é o próprio Estado, não estará presente tal caráter, pois o juiz representa o próprio Estado. Gabarito oficial: B 13. (JUIZ - TJGO-2012). No regime dos Juizados Especiais A) as testemunhas devem comparecer à audiência de instrução e julgamento independentemente de intimação, mesmo que esta tenha sido requerida. B) a sentença deve necessariamente conter relatório, fundamentação e dispositivo. C) a sentença condenatória somente poderá ser ilíquida quando o pedido tiver sido genérico. D) não se admite a conciliação quando o Estado for parte. E) não se admitirá a reconvenção. Gabarito oficial: E 14. (JUIZ - TJMT-2005). Julgue os itens que se seguem, referentes aos atos processuais e procedimentos dos juizados especiais cíveis. I - Quando o réu for pessoa jurídica, a citação será realizada pelo correio com aviso de recebimento em mão própria, devendo, para a sua validade, ser entregue ao sócio-gerente. II - Embora os juizados especiais sejam regidos pelos princípios de oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade, admite-se a produção de prova técnica na audiência. III - Não se admite a reconvenção nos juizados especiais. Será possível, contudo, a formulação de pedido contraposto. IV - O maior de 18 anos e menor de 21 anos de idade poderá ser autor, desde que esteja assistido por seu representante legal. Estão certos apenas os itens A) I e II. B) I e IV. C) II e III. D) III e IV. Gabarito oficial: C 15. (JUIZ - TJAP-2005). Sobre as normas processuais contidas na Lei nº 9.099/95 (Juizados Especiais Cíveis e Criminais), é correto afirmar que: A) a competência do Juizado Especial Cível para processar e julgar causas de até 40 (quarenta) salários mínimos, não comporta exceção; B) a competência é determinada, primeiramente, pelo juizado do foro do domicílio do autor, em qualquer caso; C) admitir-se-á apenas o litisconsórcio; não se admitirá a reconvenção; o recurso será para a Turma Recursal do próprio juizado; o cumprimento da obrigação de fazer contida na sentença pode ser por outrem; D) o recurso da sentença prolatada nas causas de até 20 (vinte) salários mínimos independe de advogado; Gabarito oficial: C 16. (JUIZ - TJSP-2013). Acerca do Juizado Especial Cível, é correto dizer que A) no processo perante o Juizado Especial não se admitirá nem o litisconsórcio nem tampouco qualquer modalidade de intervenção de terceiro ou a assistência. B) no recurso interposto da sentença, as partes serão obrigatoriamente representadas por advogados. C) os bancos podem ajuizar execução contra seus devedores no Juizado Especial, desde que a cobrança não exceda o limite de 40 (quarenta) salários mínimos. D) as pessoas físicas incapazes, desde que regularmente representadas, podem propor ação perante o Juizado Especial. Gabarito oficial: B 17. (JUIZ - TJAC-2005 – com modificações). Assinale a alternativa incorreta: No juizado especial cível, os embargos de declaração A) têm o mesmo procedimento que no processo de conhecimento na justiça comum. B) têm o mesmo efeito que no processo de conhecimento na justiça comum. C) são opostos no mesmo prazo que no processo de conhecimento na justiça comum. D) devem ser opostos para viabilizar a correção de erro material. Gabarito oficial: D 18. (JUIZ - TJPR-2013). O acesso ao Juizado Especial Cível é gratuito. Entretanto, Pedro, não beneficiário da assistência judiciária gratuita, que figurava como autor em uma determinada causa, foi condenado, sem litigância de má-fé, dentre outras coisas, ao pagamento decustas e honorários advocatícios. Tendo como fundamento a Lei nº 9.099/95, é correto afirmar que: A) em nenhuma hipótese poderia ser condenado, em primeiro grau de jurisdição, ao pagamento de custas e honorários advocatícios. B) em recurso interposto junto ao Tribunal de Justiça, o colegiado poderia isentá-lo do pagamento de custas e honorários, eis que não era litigante de má-fé. C) em recurso interposto junto à Turma Recursal, uma vez preparado o recurso, o colegiado poderia afastar a condenação ao pagamento de custas e honorários advocatícios. D) em recurso interposto junto à Turma Recursal, sem o preparo do recurso, este deveria ser recebido, tendo em vista que o acesso ao Juizado Especial é gratuito. Gabarito oficial: C 19. (JUIZ - TJDF-2008). Assinale a alternativa correta, considerando doutrina e jurisprudência prevalentes: Em execução de título executivo extrajudicial de valor inferior a quarenta salários mínimos, processada em Juizado Especial Cível, em consonância com a Lei nº 9.099/95, efetuada a penhora: A) o devedor dela será intimado para oferecer embargos, no prazo de quinze dias; B) o devedor dela será intimado para oferecer proposta de pagamento, no prazo de dez dias, pena de adjudicação do bem penhorado; C) o devedor será intimado a comparecer à audiência de conciliação, quando poderá oferecer embargos, por escrito ou verbalmente; D) nenhuma das alternativas anteriores é correta. Gabarito oficial: C 20. (JUIZ - TJSE-2008). Com referência ao juizado especial cível (JEC), instituído pela Lei nº 9.099/1995, assinale a opção correta. A) Contra a decisão proferida em última instância pelo JEC que afronta a lei infraconstitucional, é cabível o recurso especial para o STJ. B) O recurso contra a sentença será recebido somente no efeito devolutivo e, como consequência, a decisão só será efetivada ao final, após o trânsito em julgado da decisão, mesmo quando se tratar de causa de natureza alimentar. C) Os embargos de declaração, no âmbito do JEC, interrompem o prazo para apresentação de eventual recurso contra sentença. Ocorrendo causa de interrupção de prazo, e uma vez cessada a causa, o mesmo recomeça do início, como se nunca tivesse começado a fluir. D) Compete ao JEC homologar acordo extrajudicial, de qualquer natureza ou valor, independentemente de termo, valendo a sentença como título executivo judicial. Sendo de valor superior a quarenta salários mínimos, optando a parte pela execução no JEC, terá que renunciar ao excedente do crédito. E) Segundo os princípios da simplicidade e da informalidade que regem o julgamento nos JECs, qualquer que seja o valor da causa, a parte vencida, ainda que não possua capacidade postulatória, poderá recorrer da decisão monocrática e requerer a sua revisão pela turma recursal. Gabarito oficial: D Parte VI. Referências bibliográficas. CÂMARA, Alexandre Freitas. 2013. Lições de direito processual civil – vol. 2. São Paulo: Atlas. COELHO, Fábio Ulhoa. 2008. Manual de direito comercial. São Paulo: Saraiva, 20ª edição. DIDIER JR., Fredie, et alli. 2007. Curso de direito processual civil, vol. 1: teoria geral e processo de conhecimento. Salvador: Jus Podium, 7ª ed. 2007.a. Curso de direito processual civil, vol. 2: direito probatório, decisão judicial, cumprimento e liquidação da sentença e coisa julgada. Salvador: Jus Podium. DINAMARCO, Cândido Rangel. 2003.a. Instituições de direito processual civil – vol. 1. São Paulo: Malheiros, 3ª edição. 2003.b. Instituições de direito processual civil – vol. 2. São Paulo: Malheiros, 3ª edição. 2003.c. Instituições de direito processual civil – vol. 3. São Paulo: Malheiros, 3ª edição. GONÇALVES, Marcus Vinícius Rios. 2013. Novo curso de direito processual civil, vol. 1: teoria geral e processo de conhecimento. São Paulo: Saraiva, 10ª ed. MARIONI, Luis Guilherme. 2007. Curso de processo civil, vol. 1: teoria geral do processo. São Paulo: Revista dos Tribunais, 2ª. ed. MARTINS, Sérgio Pinto. 2005. Direito processual do trabalho. São Paulo: Atlas. SALES, Fernando Augusto De Vita Borges de. 2017. Manual de direito processual civil. São Paulo: Rideel. 2017a. Direito ambiental empresarial. Araçariguama: Rumo Legal. 2017b. Direito empresarial contemporâneo. Araçariguama: Rumo Legal. 2017c. Súmulas do STJ em matéria processual civil comentadas em face do novo CPC. Araçariguama: Rumo Legal. 2016. Novo CPC comentado. São Paulo: Rideel. 2015.a. Estudo comparativo do CPC de 1973 com o CPC de 2015. São Paulo: Rideel. 2015.b. Súmulas do TST comentadas. São Paulo: LTr. 2015.c. “Direito processual civil”. In PRATA, Geancarlos Lacerda e BRUSSO, Vander (coords.), Magistratura estadual (Gabaritado e aprovado). São Paulo: Rideel. 2015.d. Comentários à lei do mandado de segurança: Lei nº 12.016/2009 comentada e anotada. São Paulo: Rideel. 2015.e. “Sobre boa-fé processual, direito intertemporal, dúvida razoável, fungibilidade e instrumentalidade, tudo a um só tempo”. In Revista dos Tribunais, ano 104, julho de 2015, vol. 957. São Paulo: RT. 2014.a. “Direito empresarial”. In BRUSSO, Vander e JORGE, Jefferson (coords.), Passe agora OAB 1ª fase: questões comentadas da OAB. São Paulo: Rideel, 13ª edição 2014.b. “Recursos cíveis”. In PRATA, Geancarlos Lacerda e BRUSSO, Vander (coords.), Passe agora OAB 1ª fase: Doutrina simplificada. São Paulo: Rideel. SALES, Fernando Augusto De Vita Borges de Sales, e MENDES, Marcel Kléber. 2015. Ética: para concursos e OAB. São Paulo: Rideel. 2ª edição, ampliada e revista. 2015.b. Direito do trabalho de A a Z. São Paulo: Saraiva, 2ª edição, ampliada e revista. THEODORO JR., Humberto. 2007. Curso de direito processual civil, vol. 1: teoria geral do direito processual civil e processo de conhecimento. Rio de Janeiro: Forense, 47ª ed. Apêndice. FÓRUM NACIONAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS - FONAJE - ENUNCIADOS CÍVEIS ENUNCIADO 1 – O exercício do direito de ação no Juizado Especial Cível é facultativo para o autor. ENUNCIADO 3 – Lei local não poderá ampliar a competência do Juizado Especial. ENUNCIADO 4 – Nos Juizados Especiais só se admite a ação de despejo prevista no art. 47, inciso III, da Lei nº 8.245/1991. ENUNCIADO 5 – A correspondência ou contrafé recebida no endereço da parte é eficaz para efeito de citação, desde que identificado o seu recebedor. ENUNCIADO 6 – Não é necessária a presença do juiz togado ou leigo na Sessão de Conciliação, nem a do juiz togado na audiência de instrução conduzida por juiz leigo. (nova redação - XXXVII - Florianópolis/SC). ENUNCIADO 7 – A sentença que homologa o laudo arbitral é irrecorrível. ENUNCIADO 8 – As ações cíveis sujeitas aos procedimentos especiais não são admissíveis nos Juizados Especiais. ENUNCIADO 9 – O condomínio residencial poderá propor ação no Juizado Especial, nas hipóteses do art. 275, inciso II, item b, do Código de Processo Civil. ENUNCIADO 10 – A contestação poderá ser apresentada até a audiência de Instrução e Julgamento. ENUNCIADO 11 – Nas causas de valor superior a vinte salários mínimos, a ausência de contestação, escrita ou oral, ainda que presente o réu, implica revelia. ENUNCIADO 12 – A perícia informal é admissível na hipótese do art. 35 da Lei nº 9.099/1995. ENUNCIADO 13 – Nos Juizados Especiais Cíveis, os prazos processuais contam-se da data da intimação ou da ciência do ato respectivo, e não da juntada do comprovante da intimação (nova redação – XXXIX Encontro - Maceió-AL). ENUNCIADO 14 – Os bens que guarnecem a residência do devedor, desde que não essenciais a habitabilidade, são penhoráveis. ENUNCIADO 15 – Nos Juizados Especiais não é cabível o recurso de agravo, exceto nas hipóteses dos artigos 544 e 557 do CPC. (nova redação – XXI Encontro – Vitória/ES). ENUNCIADO 20 – O comparecimento pessoal da parte às audiências é obrigatório. A pessoa jurídica poderá ser representada por preposto. ENUNCIADO 22 – A multa cominatória é cabível desde o descumprimento da tutela antecipada, nos casos dos incisos V e VI, do art. 52, da Lei nº 9.099/1995. ENUNCIADO26 – São cabíveis a tutela acautelatória e a antecipatória nos Juizados Especiais Cíveis (nova redação – XXIV Encontro – Florianópolis/SC). ENUNCIADO 27 – Na hipótese de pedido de valor até 20 salários mínimos, é admitido pedido contraposto no valor superior ao da inicial, até o limite de 40 salários mínimos, sendo obrigatória à assistência de advogados às partes. ENUNCIADO 28 – Havendo extinção do processo com base no inciso I, do art. 51, da Lei nº 9.099/1995, é necessária a condenação em custas. ENUNCIADO 30 – É taxativo o elenco das causas previstas na o art. 3º da Lei nº 9.099/1995. ENUNCIADO 31 – É admissível pedido contraposto no caso de ser a parte ré pessoa jurídica. ENUNCIADO 33 – É dispensável a expedição de carta precatória nos Juizados Especiais Cíveis, cumprindo-se os atos nas demais comarcas, mediante via postal, por ofício do Juiz, fax, telefone ou qualquer outro meio idôneo de comunicação. ENUNCIADO 35 – Finda a instrução, não são obrigatórios os debates orais. ENUNCIADO 36 – A assistência obrigatória prevista no art. 9º da Lei nº 9.099/1995 tem lugar a partir da fase instrutória, não se aplicando para a formulação do pedido e a sessão de conciliação. ENUNCIADO 37 – Em exegese ao art. 53, § 4º, da Lei nº 9.099/1995, não se aplica ao processo de execução o disposto no art. 18, § 2º, da referida lei, sendo autorizados o arresto e a citação editalícia quando não encontrado o devedor, observados, no que couber, os arts. 653 e 654 do Código de Processo Civil (nova redação – XXI Encontro – Vitória/ES). ENUNCIADO 38 – A análise do art. 52, IV, da Lei nº 9.099/1995, determina que, desde logo, expeça-se o mandado de penhora, depósito, avaliação e intimação, inclusive da eventual audiência de conciliação designada, considerando-se o executado intimado com a simples entrega de cópia do referido mandado em seu endereço, devendo, nesse caso, ser certificado circunstanciadamente. ENUNCIADO 39 – Em observância ao art. 2º da Lei nº 9.099/1995, o valor da causa corresponderá à pretensão econômica objeto do pedido. ENUNCIADO 40 – O conciliador ou juiz leigo não está incompatibilizado nem impedido de exercer a advocacia, exceto perante o próprio Juizado Especial em que atue ou se pertencer aos quadros do Poder Judiciário. ENUNCIADO 41 – A correspondência ou contrafé recebida no endereço do advogado é eficaz para efeito de intimação, desde que identificado o seu recebedor (nova redação – XXI Encontro – Vitória/ES). ENUNCIADO 43 – Na execução do título judicial definitivo, ainda que não localizado o executado, admite-se a penhora de seus bens, dispensado o arresto. A intimação de penhora observará ao disposto no artigo 19, § 2º, da Lei nº 9.099/1995. ENUNCIADO 44 – No âmbito dos Juizados Especiais, não são devidas despesas para efeito do cumprimento de diligências, inclusive, quando da expedição de cartas precatórias. ENUNCIADO 46 – A fundamentação da sentença ou do acórdão poderá ser feita oralmente, com gravação por qualquer meio, eletrônico ou digital, consignando-se apenas o dispositivo na ata (nova redação – XIV Encontro – São Luis/MA). ENUNCIADO 48 – O disposto no parágrafo 1º do art. 9º da Lei nº 9.099/1995 é aplicável às microempresas e às empresas de pequeno porte (nova redação – XXI Encontro – Vitória/ES). ENUNCIADO 50 – Para efeito de alçada, em sede de Juizados Especiais, tomar-se-á como base o salário mínimo nacional. ENUNCIADO 51 – Os processos de conhecimento contra empresas sob liquidação extrajudicial, concordata ou recuperação judicial devem prosseguir até a sentença de mérito, para constituição do título executivo judicial, possibilitando a parte habilitar o seu crédito, no momento oportuno, pela via própria (nova redação – XXI Encontro – Vitória/ES). ENUNCIADO 52 – Os embargos à execução poderão ser decididos pelo juiz leigo, observado o art. 40 da Lei nº 9.099/1995. ENUNCIADO 53 – Deverá constar da citação a advertência, em termos claros, da possibilidade de inversão do ônus da prova. ENUNCIADO 54 – A menor complexidade da causa para a fixação da competência é aferida pelo objeto da prova e não em face do direito material. ENUNCIADO 58 (Substitui o Enunciado 2) – As causas cíveis enumeradas no art. 275, II, do CPC, admitem condenação superior a 40 salários mínimos e sua respectiva execução, no próprio Juizado. ENUNCIADO 59 – Admite-se o pagamento do débito por meio de desconto em folha de pagamento, após anuência expressa do devedor e em percentual que reconheça não afetar sua subsistência e a de sua família, atendendo sua comodidade e conveniência pessoal. ENUNCIADO 60 – É cabível a aplicação da desconsideração da personalidade jurídica, inclusive na fase de execução. (nova redação – XIII Encontro – Campo Grande/MS). ENUNCIADO 62 – Cabe exclusivamente às Turmas Recursais conhecer e julgar o mandado de segurança e o habeas corpus impetrados em face de atos judiciais oriundos dos Juizados Especiais. ENUNCIADO 63 – Contra decisões das Turmas Recursais são cabíveis somente os embargos declaratórios e o Recurso Extraordinário. ENUNCIADO 68 – Somente se admite conexão em Juizado Especial Cível quando as ações puderem submeter-se à sistemática da Lei nº 9.099/1995. ENUNCIADO 69 – As ações envolvendo danos morais não constituem, por si só, matéria complexa. ENUNCIADO 70 – As ações nas quais se discute a ilegalidade de juros não são complexas para o fim de fixação da competência dos Juizados Especiais, exceto quando exigirem perícia contábil (nova redação – XXX Encontro – São Paulo/SP). ENUNCIADO 71 – É cabível a designação de audiência de conciliação em execução de título judicial. ENUNCIADO 73 – As causas de competência dos Juizados Especiais em que forem comuns o objeto ou a causa de pedir poderão ser reunidas para efeito de instrução, se necessária, e julgamento. ENUNCIADO 74 – A prerrogativa de foro na esfera penal não afasta a competência dos Juizados Especiais Cíveis. ENUNCIADO 75 (Substitui o Enunciado 45) – A hipótese do § 4º, do art. 53, da Lei nº 9.099/1995, também se aplica às execuções de título judicial, entregando-se ao exequente, no caso, certidão do seu crédito, como título para futura execução, sem prejuízo da manutenção do nome do executado no Cartório Distribuidor (nova redação – XXI Encontro – Vitória/ES). ENUNCIADO 76 (Substitui o Enunciado 55) – No processo de execução, esgotados os meios de defesa e inexistindo bens para a garantia do débito, expede-se a pedido do exequente certidão de dívida para fins de inscrição no serviço de Proteção ao Crédito – SPC e SERASA, sob pena de responsabilidade. ENUNCIADO 77 – O advogado cujo nome constar do termo de audiência estará habilitado para todos os atos do processo, inclusive para o recurso (XI Encontro – Brasília-DF). ENUNCIADO 78 – O oferecimento de resposta, oral ou escrita, não dispensa o comparecimento pessoal da parte, ensejando, pois, os efeitos da revelia (XI Encontro – Brasília-DF). ENUNCIADO 79 – Designar-se-á hasta pública única, se o bem penhorado não atingir valor superior a sessenta salários mínimos (nova redação – XXI Encontro – Vitória/ES). ENUNCIADO 80 – O recurso inominado será julgado deserto quando não houver o recolhimento integral do preparo e sua respectiva comprovação pela parte, no prazo de 48 horas, não admitida a complementação intempestiva (art. 42, § 1º, da Lei nº 9.099/1995) (nova redação – XII Encontro Maceió-AL). ENUNCIADO 81 – A arrematação e a adjudicação podem ser impugnadas, no prazo de cinco dias do ato, por simples pedido (nova redação – XXI Encontro – Vitória/ES). ENUNCIADO 82 – Nas ações derivadas de acidentes de trânsito a demanda poderá ser ajuizada contra a seguradora, isolada ou conjuntamente com os demais coobrigados (XIII Encontro – Campo Grande/MS). ENUNCIADO 84 – Compete ao Presidente da Turma Recursal o juízo de admissibilidade do Recurso Extraordinário, salvo disposição em contrário (nova redação – XXII Encontro – Manaus/AM). ENUNCIADO 85 – O Prazo para recorrer da decisão de Turma Recursal fluirá da data do julgamento(XIV Encontro – São Luis/MA). ENUNCIADO 86 – Os prazos processuais nos procedimentos sujeitos ao rito especial dos Juizados Especiais não se suspendem e nem se interrompem (nova redação – XXI Encontro – Vitória/ES). ENUNCIADO 87 – A Lei nº 10.259/2001 não altera o limite da alçada previsto no artigo 3º, inciso I, da Lei nº 9.099/1995 (XV Encontro – Florianópolis/SC). ENUNCIADO 88 – Não cabe recurso adesivo em sede de Juizado Especial, por falta de expressa previsão legal (XV Encontro – Florianópolis/SC). ENUNCIADO 89 – A incompetência territorial pode ser reconhecida de ofício no sistema de juizados especiais cíveis (XVI Encontro – Rio de Janeiro/RJ). ENUNCIADO 90 – A desistência da ação, mesmo sem a anuência do réu já citado, implicará a extinção do processo sem resolução do mérito, ainda que tal ato se dê em audiência de instrução e julgamento, salvo quando houver indícios de litigância de má-fé ou lide temerária (nova redação – XXXVIII Encontro – Belo Horizonte-MG). ENUNCIADO 91 (Substitui o Enunciado 67) – O conflito de competência entre juízes de Juizados Especiais vinculados à mesma Turma Recursal será decidido por esta. Inexistindo tal vinculação, será decidido pela Turma Recursal para a qual for distribuído (nova redação – XXII Encontro – Manaus/AM). ENUNCIADO 92 – Nos termos do art. 46 da Lei nº 9.099/1995, é dispensável o relatório nos julgamentos proferidos pelas Turmas Recursais (XVI Encontro – Rio de Janeiro/RJ). ENUNCIADO 94 – É cabível, em Juizados Especiais Cíveis, a propositura de ação de revisão de contrato, inclusive quando o autor pretenda o parcelamento de dívida, observado o valor de alçada, exceto quando exigir perícia contábil (nova redação – XXX FONAJE – São Paulo/SP). ENUNCIADO 95 – Finda a audiência de instrução, conduzida por Juiz Leigo, deverá ser apresentada a proposta de sentença ao Juiz Togado em até dez dias, intimadas as partes no próprio termo da audiência para a data da leitura da sentença (XVIII Encontro – Goiânia/GO). ENUNCIADO 96 – A condenação do recorrente vencido, em honorários advocatícios, independe da apresentação de contrarrazões (XVIII Encontro – Goiânia/GO). ENUNCIADO 97 – A multa prevista no art. 523, § 1º, do CPC/2015 aplica- se aos Juizados Especiais Cíveis, ainda que o valor desta, somado ao da execução, ultrapasse o limite de alçada; a segunda parte do referido dispositivo não é aplicável, sendo, portanto, indevidos honorários advocatícios de dez por cento (nova redação – XXXVIII Encontro – Belo Horizonte-MG). ENUNCIADO 98 (Substitui o Enunciado 17) – É vedada a acumulação SIMULTÂNEA das condições de preposto e advogado na mesma pessoa (art. 35, I e 36, II da Lei nº 8.906/1994 combinado com o art. 23 do Código de Ética e Disciplina da OAB) (XIX Encontro – Aracaju/SE). ENUNCIADO 99 (Substitui o Enunciado 42) – O preposto que comparece sem carta de preposição, obriga-se a apresentá-la no prazo que for assinado, para validade de eventual acordo, sob as penas dos artigos 20 e 51, I, da Lei nº 9.099/1995, conforme o caso (XIX Encontro – Aracaju/SE). ENUNCIADO 100 – A penhora de valores depositados em banco poderá ser feita independentemente de a agência situar-se no Juízo da execução (XIX Encontro – Aracaju/SE). ENUNCIADO 101 – O art. 332 do CPC/2015 aplica-se ao Sistema dos Juizados Especiais; e o disposto no respectivo inc. IV também abrange os enunciados e súmulas de seus órgãos colegiados (nova redação – XXXVIII Encontro – Belo Horizonte-MG). ENUNCIADO 102 – O relator, nas Turmas Recursais Cíveis, em decisão monocrática, poderá negar seguimento a recurso manifestamente inadmissível, improcedente, prejudicado ou em desacordo com Súmula ou jurisprudência dominante das Turmas Recursais ou da Turma de Uniformização ou ainda de Tribunal Superior, cabendo recurso interno para a Turma Recursal, no prazo de cinco dias (Alterado no XXXVI Encontro – Belém/PA). ENUNCIADO 103 – O relator, nas Turmas Recursais Cíveis, em decisão monocrática, poderá dar provimento a recurso se a decisão estiver em manifesto confronto com Súmula do Tribunal Superior ou Jurisprudência dominante do próprio juizado, cabendo recurso interno para a Turma Recursal, no prazo de 5 dias (alterado no XXXVI Encontro – Belém/PA). ENUNCIADO 106 – Havendo dificuldade de pagamento direto ao credor, ou resistência deste, o devedor, a fim de evitar a multa de 10%, deverá efetuar depósito perante o juízo singular de origem, ainda que os autos estejam na instância recursal (XIX Encontro – Aracaju/SE). ENUNCIADO 107 – Nos acidentes ocorridos antes da MP 340/06, convertida na Lei nº 11.482/07, o valor devido do seguro obrigatório é de 40 (quarenta) salários mínimos, não sendo possível modificá-lo por Resolução do CNSP e/ou Susep (nova redação – XXVI Encontro – Fortaleza/CE). ENUNCIADO 108 – A mera recusa ao pagamento de indenização decorrente de seguro obrigatório não configura dano moral (XIX Encontro – Aracaju/SE). ENUNCIADO 111 – O condomínio, se admitido como autor, deve ser representado em audiência pelo síndico, ressalvado o disposto no § 2º do art. 1.348 do Código Civil (nova redação – XXI Encontro – Vitória/ES). ENUNCIADO 112 – A intimação da penhora e avaliação realizada na pessoa do executado dispensa a intimação do advogado. Sempre que possível o oficial de Justiça deve proceder a intimação do executado no mesmo momento da constrição judicial (art. 475, § 1º, CPC) (XX Encontro – São Paulo/SP). ENUNCIADO 113 – As turmas recursais reunidas poderão, mediante decisão de dois terços dos seus membros, salvo disposição regimental em contrário, aprovar súmulas (XIX Encontro – São Paulo/SP). ENUNCIADO 114 – A gratuidade da justiça não abrange o valor devido em condenação por litigância de má-fé (XX Encontro – São Paulo/SP). ENUNCIADO 115 – Indeferida a concessão do benefício da gratuidade da justiça requerido em sede de recurso, conceder-se-á o prazo de 48 horas para o preparo (XX Encontro – São Paulo/SP). ENUNCIADO 116 – O Juiz poderá, de ofício, exigir que a parte comprove a insuficiência de recursos para obter a concessão do benefício da gratuidade da justiça (art. 5º, LXXIV, da CF), uma vez que a afirmação da pobreza goza apenas de presunção relativa de veracidade (XX Encontro – São Paulo/SP). ENUNCIADO 117 – É obrigatória a segurança do Juízo pela penhora para apresentação de embargos à execução de título judicial ou extrajudicial perante o Juizado Especial (XXI Encontro – Vitória/ES). ENUNCIADO 118 – Quando manifestamente inadmissível ou infundado o recurso interposto, a turma recursal ou o relator em decisão monocrática condenará o recorrente a pagar multa de 1% e indenizar o recorrido no percentual de até 20% do valor da causa, ficando a interposição de qualquer outro recurso condicionada ao depósito do respectivo valor (XXI Encontro – Vitória/ES). ENUNCIADO 120 – A multa derivada de descumprimento de antecipação de tutela é passível de execução mesmo antes do trânsito em julgado da sentença (XXI Encontro – Vitória/ES). ENUNCIADO 121 – Os fundamentos admitidos para embargar a execução da sentença estão disciplinados no art. 52, inciso IX, da Lei nº 9.099/95 e não no artigo 475-L do CPC, introduzido pela Lei nº 11.232/05 (XXI Encontro – Vitória/ES). ENUNCIADO 122 – É cabível a condenação em custas e honorários advocatícios na hipótese de não conhecimento do recurso inominado (XXI Encontro – Vitória/ES). ENUNCIADO 123 – O art. 191 do CPC não se aplica aos processos cíveis que tramitam perante o Juizado Especial (XXI Encontro – Vitória/ES). ENUNCIADO 124 – Das decisões proferidas pelas Turmas Recursais em mandado de segurança não cabe recurso ordinário (XXI Encontro – Vitória/ES). ENUNCIADO 125 – Nos juizados especiais, não são cabíveis embargos declaratórios contra acórdão ou súmula na hipótese do art. 46 da Lei nº 9.099/1995, com finalidade exclusiva de prequestionamento, para fins de interposição de recurso extraordinário (XXI Encontro – Vitória/ES). ENUNCIADO 126 – Em execução eletrônica de título extrajudicial, o título de crédito serádigitalizado e o original apresentado até a sessão de conciliação ou prazo assinado, a fim de ser carimbado ou retido pela secretaria (XXIV Encontro – Florianópolis/SC). ENUNCIADO 127 – O cadastro de que trata o art. 1º, § 2º, III, “b”, da Lei nº 11.419/2006 deverá ser presencial e não poderá se dar mediante procuração, ainda que por instrumento público e com poderes especiais (XXIV Encontro – Florianópolis/SC). ENUNCIADO 128 – Além dos casos de segredo de justiça e sigilo judicial, os documentos digitalizados em processo eletrônico somente serão disponibilizados aos sujeitos processuais, vedado o acesso a consulta pública fora da secretaria do juizado (XXIV Encontro – Florianópolis/SC).l ENUNCIADO 129 – Nos juizados especiais que atuem com processo eletrônico, ultimado o processo de conhecimento em meio físico, a execução dar-se-á de forma eletrônica, digitalizando as peças necessárias (XXIV Encontro – Florianópolis/SC). ENUNCIADO 130 – Os documentos digitais que impliquem efeitos no meio não digital, uma vez materializados, terão a autenticidade certificada pelo Diretor de Secretaria ou Escrivão (XXIV Encontro – Florianópolis/SC). ENUNCIADO 131 – As empresas públicas e sociedades de economia mista dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios podem ser demandadas nos Juizados Especiais (XXV Encontro – São Luís/MA). ENUNCIADO 133 – O valor de alçada de 60 salários mínimos previsto no artigo 2º da Lei nº 12.153/09, não se aplica aos Juizados Especiais Cíveis, cujo limite permanece em 40 salários mínimos (XXVII Encontro – Palmas/TO). ENUNCIADO 134 – As inovações introduzidas pelo artigo 5º da Lei nº 12.153/09 não são aplicáveis aos Juizados Especiais Cíveis (Lei nº 9.099/95) (XXVII Encontro – Palmas/TO). ENUNCIADO 135 (substitui o Enunciado 47) – O acesso da microempresa ou empresa de pequeno porte no sistema dos juizados especiais depende da comprovação de sua qualificação tributária atualizada e documento fiscal referente ao negócio jurídico objeto da demanda. (XXVII Encontro – Palmas/TO). ENUNCIADO 136 – O reconhecimento da litigância de má-fé poderá implicar em condenação ao pagamento de custas, honorários de advogado, multa e indenização nos termos dos artigos 55, caput, da Lei nº 9.099/95 e 18 do Código de Processo Civil (XXVII Encontro – Palmas/TO). ENUNCIADO 139 (substitui o Enunciado 32) – A exclusão da competência do Sistema dos Juizados Especiais quanto às demandas sobre direitos ou interesses difusos ou coletivos, dentre eles os individuais homogêneos, aplica-se tanto para as demandas individuais de natureza multitudinária quanto para as ações coletivas. Se, no exercício de suas funções, os juízes e tribunais tiverem conhecimento de fatos que possam ensejar a propositura da ação civil coletiva, remeterão peças ao Ministério Público e/ou à Defensoria Pública para as providências cabíveis (Alterado no XXXVI Encontro – Belém/PA). ENUNCIADO 140 (Substitui o Enunciado 93) – O bloqueio on-line de numerário será considerado para todos os efeitos como penhora, dispensando-se a lavratura do termo e intimando-se o devedor da constrição (XXVIII Encontro – Salvador/BA). ENUNCIADO 141 (Substitui o Enunciado 110) – A microempresa e a empresa de pequeno porte, quando autoras, devem ser representadas, inclusive em audiência, pelo empresário individual ou pelo sócio dirigente (XXVIII Encontro – Salvador/BA). ENUNCIADO 142 (Substitui o Enunciado 104) – Na execução por título judicial o prazo para oferecimento de embargos será de quinze dias e fluirá da intimação da penhora (XXVIII Encontro – Salvador/BA). ENUNCIADO 143 – A decisão que põe fim aos embargos à execução de título judicial ou extrajudicial é sentença, contra a qual cabe apenas recurso inominado (XXVIII Encontro – Salvador/BA). ENUNCIADO 144 (Substitui o Enunciado 132) – A multa cominatória não fica limitada ao valor de 40 salários mínimos, embora deva ser razoavelmente fixada pelo Juiz, obedecendo ao valor da obrigação principal, mais perdas e danos, atendidas as condições econômicas do devedor (XXVIII Encontro – Salvador/BA). ENUNCIADO 145 – A penhora não é requisito para a designação de audiência de conciliação na execução fundada em título extrajudicial (XXIX Encontro – Bonito/MS). ENUNCIADO 146 – A pessoa jurídica que exerça atividade de factoring e de gestão de créditos e ativos financeiros, excetuando as entidades descritas no art. 8º, § 1º, inciso IV, da Lei nº 9.099/95, não será admitida a propor ação perante o Sistema dos Juizados Especiais (art. 3º, § 4º, VIII, da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006) (XXIX Encontro – Bonito/MS). ENUNCIADO 147 (Substitui o Enunciado 119) – A constrição eletrônica de bens e valores poderá ser determinada de ofício pelo juiz (XXIX Encontro – Bonito/MS). ENUNCIADO 148 (Substitui o Enunciado 72) – Inexistindo interesse de incapazes, o Espólio pode ser parte nos Juizados Especiais Cíveis (XXIX Encontro – Bonito/MS). ENUNCIADO 155 – Admitem-se embargos de terceiro, no sistema dos juizados, mesmo pelas pessoas excluídas pelo § 1º do art. 8º da Lei nº 9.099/95 (XXIX Encontro – Bonito/MS). ENUNCIADO 156 – Na execução de título judicial, o prazo para oposição de embargos flui da data do depósito espontâneo, valendo este como termo inicial, ficando dispensada a lavratura de termo de penhora (XXX Encontro – São Paulo/SP). ENUNCIADO 157 – Nos Juizados Especiais Cíveis, o autor poderá aditar o pedido até o momento da audiência de instrução e julgamento, ou até a fase instrutória, resguardado ao réu o respectivo direito de defesa (nova redação – XXXIX Encontro - Maceió-AL). ENUNCIADO 159 – Não existe omissão a sanar por meio de embargos de declaração quando o acórdão não enfrenta todas as questões arguidas pelas partes, desde que uma delas tenha sido suficiente para o julgamento do recurso (XXX Encontro – São Paulo/SP). ENUNCIADO 160 – Nas hipóteses do artigo 515, § 3º, do CPC, e quando reconhecida a prescrição na sentença, a turma recursal, dando provimento ao recurso, poderá julgar de imediato o mérito, independentemente de requerimento expresso do recorrente. ENUNCIADO 161 – Considerado o princípio da especialidade, o CPC/2015 somente terá aplicação ao Sistema dos Juizados Especiais nos casos de expressa e específica remissão ou na hipótese de compatibilidade com os critérios previstos no art. 2º da Lei nº 9.099/95 (XXXVIII Encontro – Belo Horizonte-MG). ENUNCIADO 162 – Não se aplica ao Sistema dos Juizados Especiais a regra do art. 489 do CPC/2015 diante da expressa previsão contida no art. 38, caput, da Lei nº 9.099/95 (XXXVIII Encontro – Belo Horizonte-MG). ENUNCIADO 163 – Os procedimentos de tutela de urgência requeridos em caráter antecedente, na forma prevista nos arts. 303 a 310 do CPC/2015, são incompatíveis com o Sistema dos Juizados Especiais (XXXVIII Encontro – Belo Horizonte-MG). ENUNCIADO 164 – O art. 229, caput, do CPC/2015 não se aplica ao Sistema de Juizados Especiais (XXXVIII Encontro – Belo Horizonte-MG). ENUNCIADO 165 – Nos Juizados Especiais Cíveis, todos os prazos serão contados de forma contínua (XXXIX Encontro - Maceió-AL). ENUNCIADO 166 – Nos Juizados Especiais Cíveis, o juízo prévio de admissibilidade do recurso será feito em primeiro grau (XXXIX Encontro - Maceió-AL). ENUNCIADO 167 – Não se aplica aos Juizados Especiais a necessidade de publicação no Diário Eletrônico quando o réu for revel - art. 346 do CPC (XL Encontro - Brasília-DF). ENUNCIADO 168 – Não se aplica aos recursos dos Juizados Especiais o disposto no artigo 1.007 do CPC 2015 (XL Encontro - Brasília-DF). ENUNCIADO 169 – O disposto nos §§ 1º e 5º do art. 272 do CPC/2015 não se aplica aos Juizados Especiais (XLI Encontro - Porto Velho-RO). ENUNCIADO 170 – No Sistema dos Juizados Especiais, não se aplica o disposto no inc. V do art. 292 do CPC/2015 especificamente quanto ao pedido de dano moral; caso o autor opte por atribuir um valor específico, este deverá ser computado conjuntamente com o valor da pretensão do dano material para efeito de alçada e pagamentode custas (XLI Encontro - Porto Velho-RO). - FONAJE - ENUNCIADOS DA FAZENDA PÚBLICA ENUNCIADO 01 – Aplicam-se aos Juizados Especiais da Fazenda Pública, no que couber, os Enunciados dos Juizados Especiais Cíveis (XXIX Encontro – Bonito/MS). ENUNCIADO 02 – É cabível, nos Juizados Especiais da Fazenda Pública, o litisconsórcio ativo, ficando definido, para fins de fixação da competência, o valor individualmente considerado de até 60 salários mínimos (XXIX Encontro – Bonito/MS). ENUNCIADO 03 – Não há prazo diferenciado para a Defensoria Pública no âmbito dos Juizados Especiais da Fazenda Pública (XXIX Encontro – Bonito/MS). ENUNCIADO 05 – É de 10 dias o prazo de recurso contra decisão que deferir tutela antecipada em face da Fazenda Pública (nova redação – XXX Encontro – São Paulo/SP). ENUNCIADO 06 – Vencida a Fazenda Pública, quando recorrente, a fixação de honorários advocatícios deve ser estabelecida de acordo com o § 4º, do art. 20, do Código de Processo Civil, de forma equitativa pelo juiz (XXIX Encontro – Bonito/MS). ENUNCIADO 07 – O sequestro previsto no § 1º do artigo 13 da Lei nº 12.153/09 também poderá ser feito por meio do BACENJUD, ressalvada a hipótese de precatório (XXX Encontro – São Paulo/SP). ENUNCIADO 08 – De acordo com a decisão proferida pela 3ª Seção do Superior Tribunal de Justiça no Conflito de Competência 35.420, e considerando que o inciso II do art. 5º da Lei nº 12.153/09 é taxativo e não inclui ente da Administração Federal entre os legitimados passivos, não cabe, no Juizado Especial da Fazenda Pública ou no Juizado Estadual Cível, ação contra a União, suas empresas públicas e autarquias, nem contra o INSS (XXXII Encontro – Armação de Búzios/RJ). ENUNCIADO 09 – Nas comarcas onde não houver Juizado Especial da Fazenda Pública ou juizados adjuntos instalados, as ações serão propostas perante as Varas comuns que detêm competência para processar os feitos de interesse da Fazenda Pública ou perante aquelas designadas pelo Tribunal de Justiça, observando-se o procedimento previsto na Lei nº 12.153/09 (XXXII Encontro – Armação de Búzios/RJ). ENUNCIADO 10 – É admitido no juizado da Fazenda Pública o julgamento em lote/lista, quando a matéria for exclusivamente de direito e repetitivo (XXXII Encontro – Armação de Búzios/RJ). ENUNCIADO 11 – As causas de maior complexidade probatória, por imporem dificuldades para assegurar o contraditório e a ampla defesa, afastam a competência do Juizado da Fazenda Pública (XXXII Encontro – Armação de Búzios/RJ). ENUNCIADO 12 - Na hipótese de realização de exame técnico previsto no art. 10 da Lei nº 12.153/09, em persistindo dúvida técnica, poderá o juiz extinguir o processo pela complexidade da causa (XXXVIII Encontro – Belo Horizonte-MG). ENUNCIADO 13 - A contagem dos prazos processuais nos Juizados da Fazenda Pública será feita de forma contínua, observando-se, inclusive, a regra especial de que não há prazo diferenciado para a Fazenda Pública - art. 7º da Lei nº 12.153/09 (XXXIX Encontro - Maceió-AL). FÓRUM NACIONAL DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS – FONAJEF - ENUNCIADOS CÍVEIS ENUNCIADO 1. O julgamento de mérito de plano ou prima facie não viola o princípio do contraditório e deve ser empregado na hipótese de decisões reiteradas de improcedência pelo juízo sobre determinada matéria. ENUNCIADO 2. Nos casos de julgamentos de procedência de matérias repetitivas, é recomendável a utilização de contestações depositadas na Secretaria, a fim de possibilitar a imediata prolação de sentença de mérito. ENUNCIADO 3. A auto intimação eletrônica atende aos requisitos das Leis nºs 10.259/2001 e 11.419/2006 e é preferencial à intimação por e-mail. ENUNCIADO 4. Na propositura de ações repetitivas ou de massa, sem advogado, não havendo viabilidade material de opção pela auto intimação eletrônica, a parte firmará compromisso de comparecimento, em prazo predeterminado em formulário próprio, para ciência dos atos processuais praticados. ENUNCIADO 5. As sentenças e antecipações de tutela devem ser registradas tão-somente em meio eletrônico. ENUNCIADO 6. Havendo foco expressivo de demandas em massa, os Juizados Especiais Federais solicitarão às Turmas Recursais e de Uniformização Regional e Nacional o julgamento prioritário da matéria repetitiva, a fim de uniformizar a jurisprudência a respeito e de possibilitar o planejamento do serviço judiciário. ENUNCIADO 7. Nos Juizados Especiais Federais o procurador federal não tem a prerrogativa de intimação pessoal. ENUNCIADO 8. É válida a intimação do procurador federal para cumprimento da obrigação de fazer, independentemente de ofício, com base no art. 461 do CPC. ENUNCIADO 9. Além das exceções constantes do § 1º do art. 3º da Lei nº 10.259, não se incluem na competência dos Juizados Especiais Federais os procedimentos especiais previstos no Código de Processo Civil, salvo quando possível a adequação ao rito da Lei nº 10.259/2001. ENUNCIADO 10. O incapaz pode ser parte autora nos Juizados Especiais Federais, dando-se-lhe curador especial, se ele não tiver representante constituído. ENUNCIADO 11. No ajuizamento de ações no Juizado Especial Federal, a microempresa e a empresa de pequeno porte deverão comprovar essa condição mediante documentação hábil. ENUNCIADO 12. No Juizado Especial Federal, não é cabível o pedido contraposto formulado pela União, autarquia, fundação ou empresa pública federal. ENUNCIADO 13. Não são admissíveis embargos de execução nos Juizados Especiais Federais, devendo as impugnações do devedor ser examinadas independentemente de qualquer incidente. ENUNCIADO 14. Nos Juizados Especiais Federais, não são cabíveis a intervenção de terceiros ou a assistência. ENUNCIADO 15. Na aferição do valor da causa, deve-se levar em conta o valor do salário mínimo em vigor na data da propositura da ação. ENUNCIADO 16. Não há renúncia tácita nos Juizados Especiais Federais para fins de fixação de competência. ENUNCIADO 17. Não cabe renúncia sobre parcelas vincendas para fins de fixação de competência nos Juizados Especiais Federais. ENUNCIADO 18. No caso de litisconsorte ativo, o valor da causa, para fins de fixação de competência, deve ser calculado por autor. ENUNCIADO 19. Aplica-se o parágrafo único do art. 46 do CPC em sede de Juizados Especiais Federais. ENUNCIADO 20. Não se admite, com base nos princípios da economia processual e do juiz natural, o desdobramento de ações para cobrança de parcelas vencidas e vincendas. ENUNCIADO 21. As pessoas físicas, jurídicas, de direito privado ou de direito público estadual ou municipal podem figurar no polo passivo, no caso de litisconsórcio necessário. ENUNCIADO 22. A exclusão da competência dos Juizados Especiais Federais quanto às demandas sobre direitos ou interesses difusos, coletivos ou individuais homogêneos somente se aplica quanto a ações coletivas. ENUNCIADO 24. Reconhecida a incompetência do Juizado Especial Federal, é cabível a extinção do processo, sem julgamento de mérito, nos termos do art. 1º da Lei nº 10.259/2001 e do art. 51, III, da Lei nº 9.099/1995. ENUNCIADO 25. Nos Juizados Especiais Federais, no ato do cadastramento eletrônico, as partes se comprometem, mediante adesão, a cumprir as normas referentes ao acesso. ENUNCIADO 26. Nos Juizados Virtuais, considera-se efetivada a comunicação eletrônica do ato processual, inclusive citação, pelo decurso do prazo fixado, ainda que o acesso não seja realizado pela parte interessada. ENUNCIADO 27. Não deve ser exigido o protocolo físico da petição encaminhada via Internet ou correio eletrônico ao Juizado Virtual, não se aplicando as disposições da Lei nº 9.800/1999. ENUNCIADO 28. É inadmissível a avocação, por Tribunal Regional Federal, de processos ou matéria de competência de Turma Recursal, por flagrante violação ao art. 98 da Constituição Federal. ENUNCIADO 29. Cabe ao Relator, monocraticamente, atribuir efeito suspensivo a recurso, bem assim lhe negar seguimento ou dar provimento, nas hipóteses tratadas no art. 557, caput e § 1º-A, do CPC equando a matéria estiver pacificada em súmula da Turma Nacional de Uniformização, enunciado de Turma Regional ou da própria Turma Recursal. ENUNCIADO 30. A decisão monocrática referendada pela Turma Recursal, por se tratar de manifestação do colegiado, não é passível de impugnação por intermédio de agravo regimental. ENUNCIADO 32. A decisão que contenha os parâmetros de liquidação atende ao disposto no art. 38, parágrafo único, da Lei nº 9.099/1995. ENUNCIADO 35. A execução provisória para pagar quantia certa é inviável em sede de Juizado, considerando outros meios jurídicos para assegurar o direito da parte. ENUNCIADO 38. A qualquer momento poderá ser feito o exame de pedido de gratuidade com os critérios da Lei nº 1.060/1950. Para fins da Lei nº 10.259/2001, presume-se necessitada a parte que perceber renda até o valor do limite de isenção do imposto de renda. ENUNCIADO 39. Não sendo caso de justiça gratuita, o recolhimento das custas para recorrer deverá ser feito de forma integral, nos termos da Resolução do Conselho da Justiça Federal, no prazo da Lei nº 9.099/1995. ENUNCIADO 42. Em caso de embargos de declaração protelatórios, cabe a condenação em litigância de má-fé (princípio da lealdade processual). ENUNCIADO 43. É adequada a limitação dos incidentes de uniformização às questões de direito material. ENUNCIADO 44. Não cabe ação rescisória no Juizado Especial Federal. O art. 59 da Lei nº 9.099/1995 está em consonância com os princípios do sistema processual dos Juizados Especiais, aplicando-se também aos Juizados Especiais Federais. ENUNCIADO 45. Havendo contínua e permanente fiscalização do juiz togado, conciliadores criteriosamente escolhidos pelo juiz poderão, para certas matérias, realizar atos instrutórios previamente determinados, como redução a termo de depoimentos, não se admitindo, contudo, prolação de sentença a ser homologada. ENUNCIADO 46. A litispendência deverá ser alegada e provada, nos termos do Código de Processo Civil (art. 301), pelo réu, sem prejuízo dos mecanismos de controle desenvolvidos pela Justiça Federal. ENUNCIADO 47. Eventual pagamento realizado pelos entes públicos demandados deverá ser comunicado ao Juízo para efeito de compensação quando da expedição da RPV. ENUNCIADO 48. Havendo prestação vencida, o conceito de valor da causa para fins de competência do Juizado Especial Federal é estabelecido pelo art. 260 do CPC. ENUNCIADO 49. O controle do valor da causa, para fins de competência do Juizado Especial Federal, pode ser feito pelo juiz a qualquer tempo. ENUNCIADO 50. Sem prejuízo de outros meios, a comprovação da condição socioeconômica do autor pode ser feita por laudo técnico confeccionado por assistente social, por auto de constatação lavrado por oficial de justiça ou através de oitiva de testemunha. ENUNCIADO 51. O art. 20, § 1º, da Lei nº 8.742/1993 não é exauriente para delimitar o conceito de unidade familiar. ENUNCIADO 52. É obrigatória a expedição de RPV em desfavor do ente público para ressarcimento de despesas periciais quando este for vencido. ENUNCIADO 53. Não há prazo em dobro para a Defensoria Pública no âmbito dos Juizados Especiais Federais. ENUNCIADO 54. O art. 515 e parágrafos do CPC interpretam-se ampliativamente no âmbito das Turmas Recursais, em face dos princípios que orientam o microssistema dos Juizados Especiais Federais. ENUNCIADO 55. A nulidade do processo por ausência de citação do réu ou litisconsorte necessário pode ser declarada de ofício pelo juiz nos próprios autos do processo, em qualquer fase, ou mediante provocação das partes, por simples petição. ENUNCIADO 56. Aplica-se analogicamente nos Juizados Especiais Federais a inexigibilidade do título executivo judicial, nos termos do disposto nos arts. 475-L, § 1º, e 741, parágrafo único, ambos do CPC. ENUNCIADO 57. Nos Juizados Especiais Federais, somente o recorrente vencido arcará com honorários advocatícios. ENUNCIADO 58. Excetuando-se os embargos de declaração, cujo prazo de oposição é de cinco dias, os prazos recursais contra decisões de primeiro grau no âmbito dos Juizados Especiais Federais são sempre de dez dias, independentemente da natureza da decisão recorrida. ENUNCIADO 59. Não cabe recurso adesivo nos Juizados Especiais Federais. ENUNCIADO 60. A matéria não apreciada na sentença, mas veiculada na inicial, pode ser conhecida no recurso inominado, mesmo não havendo a oposição de embargos de declaração. ENUNCIADO 61. O recurso será recebido no duplo efeito, salvo em caso de antecipação de tutela ou medida cautelar de urgência. ENUNCIADO 62. A aplicação de penalidade por litigância de má-fé, na forma do art. 55 da Lei nº 9.099/1995, não importa na revogação automática da gratuidade judiciária. ENUNCIADO 63. Cabe multa ao ente público pelo atraso ou não- cumprimento de decisões judiciais com base no art. 461 do CPC, acompanhada de determinação para a tomada de medidas administrativas para a apuração de responsabilidade funcional e/ou por dano ao erário. Havendo contumácia no descumprimento, caberá remessa de ofício ao Ministério Público Federal para análise de eventual improbidade administrativa. ENUNCIADO 64. Não cabe multa pessoal ao procurador ad judicia do ente público, seja com base no art. 14, seja no art. 461, ambos do CPC. ENUNCIADO 65. Não cabe a prévia limitação do valor da multa coercitiva (astreintes), que também não se sujeita ao limite de alçada dos Juizados Especiais Federais, ficando sempre assegurada a possibilidade de reavaliação do montante final a ser exigido na forma do § 6º do art. 461 do CPC. ENUNCIADO 66. Os Juizados Especiais Federais somente processarão as cartas precatórias oriundas de outros Juizados Especiais Federais de igual competência. ENUNCIADO 67. O caput do art. 9º da Lei nº 9.099/1995 não se aplica subsidiariamente no âmbito dos Juizados Especiais Federais, visto que o art. 10 da Lei nº 10.259/2001 disciplinou a questão de forma exaustiva. ENUNCIADO 68. O estagiário de advocacia, nos termos do Estatuto da OAB, tão-só pode praticar, no âmbito dos Juizados Especiais Federais, atos em conjunto com advogado e sob responsabilidade deste. ENUNCIADO 69. O levantamento de valores decorrentes de RPVs e Precatórios, no âmbito dos Juizados Especiais Federais, pode ser condicionado à apresentação, pelo mandatário, de procuração específica com firma reconhecida, da qual conste, ao menos, o número de registro do Precatório ou RPV ou o número da conta do depósito, com o respectivo valor. ENUNCIADO 70. É compatível com o rito dos Juizados Especiais Federais a aplicação do art. 112 da Lei nº 8.213/1991, para fins de habilitação processual e pagamento. (Precedente da 3ª Seção do STJ – ERESP 498864- PB, DJ de 2/3/2005.) ENUNCIADO 71. A parte autora deverá ser instada, na fase da execução, a renunciar ao excedente à alçada do Juizado Especial Federal, para fins de pagamento por RPV, não se aproveitando, para tanto, a renúncia inicial, de definição de competência. ENUNCIADO 72. As parcelas vencidas após a data do cálculo judicial podem ser pagas administrativamente, por meio de complemento positivo. ENUNCIADO 73. A intimação telefônica, desde que realizada diretamente com a parte e devidamente certificada pelo servidor responsável, atende plenamente aos princípios constitucionais aplicáveis à comunicação dos atos processuais. ENUNCIADO 74. A intimação por carta com aviso de recebimento, mesmo que o comprovante não seja subscrito pela própria parte, é válida desde que entregue no endereço declarado pela parte. ENUNCIADO 75. É lícita a exigência de apresentação de CPF para o ajuizamento de ação no Juizado Especial Federal. ENUNCIADO 76. A apresentação de proposta de conciliação pelo réu não induz a confissão. ENUNCIADO 77. O ajuizamento da ação de concessão de benefício da seguridade social reclama prévio requerimento administrativo. ENUNCIADO 78. O ajuizamento da ação revisional de benefício da seguridade social que não envolva matéria de fato dispensa o prévio requerimento administrativo. ENUNCIADOA menor complexidade da causa para a fixação da competência é aferida pelo objeto da prova e não em face do direito material. A partir daí, pode-se enumerar uma série de situações que são consideradas de menor complexidade, autorizando o processamento e julgamento pelo JEC, salvo se houver necessidade de prova pericial complexa. São elas: 1. Dano moral. Admite-se, no procedimento do JEC, ações em que se postulam indenizações por dano moral, pelo entendimento de que tal questão, em si, não é complexa. FONAJE, enunciado 69. As ações envolvendo danos morais não constituem, por si só, matéria complexa. É claro que somente a análise do caso concreto poderá definir a complexidade ou não da pretensão, mas a princípio não haverá óbice a que a questão seja submetida ao procedimento do JEC. 2. Juros abusivos. Discussão sobre abusividade de taxas de juros são admitidas ao procedimento do JEC porque, também a princípio, são causas que envolvem apenas análise de cláusulas e condições contratuais, não havendo maior complexidade nisso. A exceção fica por conta dos casos em que houver necessidade de perícia contábil. FONAJE, enunciado 70. As ações nas quais se discute a ilegalidade de juros não são complexas para o fim de fixação da competência dos Juizados Especiais, exceto quando exigirem perícia contábil. 3. Revisão contratual. Pelo mesmo fundamento utilizado para admitir a discussão sobre juros abusivos, conforme visto acima, admitem-se, no JEC, ações de revisão contratual. FONAJE, enunciado 94. É cabível, em Juizados Especiais Cíveis, a propositura de ação de revisão de contrato, inclusive quando o autor pretenda o parcelamento de dívida, observado o valor de alçada, exceto quando exigir perícia contábil. Causas de menor complexidade previstas no art. 3º. O art. 3º estabelece o rol das causas que são consideradas de menor complexidade. Esse rol é taxativo e não pode ser ampliado por lei estadual ou municipal. FONAJE, enunciado 30. É taxativo o elenco das causas previstas no art. 3º da Lei nº 9.099/1995. FONAJE, enunciado 3. Lei local não poderá ampliar a competência do Juizado Especial. Segundo o art. 3º, são consideradas causas de menor complexidade: 1. Causas que não excedam a 40 vezes o valor do salário mínimo (inciso I): O primeiro critério a se adotar para a fixação da competência é econômico. São consideradas de menor complexidade todas as causas que, independentemente do direito discutido ou do objeto, tenham valor de até 40 salários mínimos, com as exceções constantes do § 2º do art. 3º. Deve-se tomar por base, para apuração do valor de referência, o salário mínimo nacional. FONAJE, enunciado 50. Para efeito de alçada, em sede de Juizados Especiais, tomar-se-á como base o salário mínimo nacional. FONAJE, enunciado 39. Em observância ao art. 2º da Lei nº 9.099/1995, o valor da causa corresponderá à pretensão econômica objeto do pedido. Tanto a Lei do Juizado Especial Federal quanto a Lei do Juizado Especial da Fazenda Pública estabelecem como limite de alçada o valor equivalente a 60 salários mínimos. Tais leis, no entanto, não modificaram nem alteraram o limite estabelecido nesse art. 3º, I. FONAJE, enunciado 87. A Lei nº 10.259/2001 não altera o limite da alçada previsto no artigo 3º, inciso I, da Lei nº 9.099/1995. FONAJE, enunciado 133. O valor de alçada de 60 salários mínimos previsto no artigo 2º da Lei nº 12.153/09, não se aplica aos Juizados Especiais Cíveis, cujo limite permanece em 40 salários mínimos. 2. Causas enumeradas no art. 275, II, do Código de Processo Civil: O art. 275, II, referido nesse art. 3º, é do CPC/1973 (antigo CPC) e tratava do procedimento sumário, que era definido por dois critérios: o primeiro, do inciso I, era o econômico, estabelecendo o limite de 60 salários mínimos. O segundo, do inciso II, dizia respeito à natureza da causa, independentemente de valor. Esse inciso II, que é o aplicado à Lei do JEC, contém a lista das causas – rol não taxativo – em que se deve observar o procedimento sumário. CPC/1973, art. 275. Observar-se-á o procedimento sumário: […] II – nas causas, qualquer que seja o valor: a) de arrendamento rural e de parceria agrícola; b) de cobrança ao condômino de quaisquer quantias devidas ao condomínio; c) de ressarcimento por danos em prédio urbano ou rústico; d) de ressarcimento por danos causados em acidente de veículo de via terrestre; e) de cobrança de seguro, relativamente aos danos causados em acidente de veículo, ressalvados os casos de processo de execução; f) de cobrança de honorários dos profissionais liberais, ressalvado o disposto em legislação especial; g) que versem sobre revogação de doação; h) nos demais casos previstos em lei. Todas as ações de natureza igual às listadas acima têm cabimento no procedimento do JEC. Além delas, ainda podemos listar outras causas sujeitas ao procedimento sumário por leis especiais: Ação revisional de aluguel – Lei nº 8.245/1991, art. 68. Ação de adjudicação compulsória – Decreto-Lei nº 58/1937, art. 16, com a redação dada pela Lei nº 6.014/1973. Ação decorrente de danos pessoais causados por embarcações ou por sua carga – Lei nº 8.374/91, art. 12; Ação decorrente de lides entre representante comercial autônomo e representado – Lei nº 4.886/65, art. 39, com a redação dada pela Lei nº 8.420/92; Ação de retificação de erro de grafia no registro civil das pessoas naturais – art. 110, § 4º da Lei nº 6.015/73; Ação de cobrança da indenização coberta pelo seguro obrigatório de veículos – art. 10 da Lei nº 6.194/74; Ação discriminatória – art. 20 da Lei nº 6.383/76. Não é demais esclarecer que, da mesma forma como ocorre com o procedimento sumário, a competência do JEC para as causas elencadas no inciso II do art. 3º independem de valor de alçada. Desta forma, eventual condenação poderá superar o limite do inciso I, de 40 salários mínimos. FONAJE, enunciado 58. As causas cíveis enumeradas no art. 275, II, do CPC admitem condenação superior a 40 salários mínimos e sua respectiva execução, no próprio Juizado. [N. do A.: refere-se ao CPC/1973, sem correspondência no CPC/2015]. É bom observar que o Novo Código de Processo Civil (CPC/2015) deixa de prever o procedimento sumário, restando revogado o art. 275 mencionado no inciso II em comento, sem correspondência no CPC/2015. Todavia, as hipóteses de competência divisadas no revogado art. 275, II, permanecem aplicadas à Lei nº 9.099/1995 até que se edite uma lei específica, por força do CPC/2015, no art. 1.063: CPC/2015, art. 1.063. Até a edição de lei específica, os juizados especiais cíveis previstos na Lei nº 9.099, de 26 de setembro de 1995, continuam competentes para o processamento e julgamento das causas previstas no art. 275, inciso II, da Lei nº 5.869, de 11 de janeiro de 1973. 3. Ação de despejo para uso próprio (inciso III): As ações de despejo estão previstas na Lei nº 8.245/1991 (Lei do Inquilinato), sendo próprias para rescindir o contrato de locação e tirar o inquilino do imóvel locado. Na referida lei estão previstas várias formas de despejo, tais como por denúncia vazia (LI, art. 46, § 2º), por infração contratual (LI, art. 47 c.c. art. 9º, II), por falta de pagamento (LI, art. 47 c.c. art. 9º, III) e para uso próprio (LI, art. 47, III). Somente esta última, ou seja, a ação de despejo para uso próprio é admitida ao procedimento do JEC. FONAJE, enunciado 4. Nos Juizados Especiais só se admite a ação de despejo prevista no art. 47, inciso III, da Lei nº 8.245/1991. E como há uma regra específica para ação de despejo, de maneira expressa, nesse inciso III em comento, as demais ações de despejo, que não sejam para uso próprio, não podem ser propostas perante o JEC, nem mesmo em razão do valor da causa. Entendimento diverso revelaria a inutilidade do disposto nesse inciso III, o que não se pode admitir em se tratando de interpretação legislativa. Destarte, a sua inclusão expressa no rol do art. 3º exclui da competência do JEC as demais formas de despejo, de sorte79. A comprovação de denúncia da negativa de protocolo de pedido de concessão de benefício, feita perante a ouvidoria da Previdência Social, supre a exigência de comprovação de prévio requerimento administrativo nas ações de benefícios da seguridade social. ENUNCIADO 80. Em juizados itinerantes, pode ser flexibilizada a exigência de prévio requerimento administrativo, consideradas as peculiaridades da região atendida. ENUNCIADO 81. Cabe conciliação nos processos relativos a pessoa incapaz, desde que presente o representante legal e intimado o Ministério Público. ENUNCIADO 82. O espólio pode ser parte autora nos Juizados Especiais Cíveis Federais. ENUNCIADO 83. O art. 10, caput, da Lei nº 10.259/2001 não autoriza a representação das partes por não-advogados de forma habitual e com fins econômicos. ENUNCIADO 85. Não é obrigatória a degravação, tampouco a elaboração de resumo, para apreciação de recurso, de audiência gravada por meio magnético ou equivalente, desde que acessível ao órgão recursal. ENUNCIADO 86. A tutela de urgência em sede de Turmas Recursais pode ser deferida de ofício. ENUNCIADO 87. A decisão monocrática proferida por Relator é passível de agravo interno. ENUNCIADO 88. É admissível mandado de segurança para Turma Recursal de ato jurisdicional que cause gravame e não haja recurso. ENUNCIADO 89. Não cabe processo cautelar autônomo, preventivo ou incidental, no âmbito do Juizado Especial Federal. ENUNCIADO 90. Os honorários advocatícios impostos pelas decisões do Juizado Especial Federal serão executados nos próprios Juizados Especiais Federais, por quaisquer das partes. ENUNCIADO 91. Os Juizados Especiais Federais são incompetentes para julgar causas que demandem perícias complexas ou onerosas que não se enquadrem no conceito de exame técnico (art. 12 da Lei nº 10.259/2001). ENUNCIADO 92. Para a propositura de ação relativa a expurgos inflacionários sobre saldos de poupança, deverá a parte autora providenciar documento que mencione o número da conta bancária ou prova de relação contratual com a instituição financeira. ENUNCIADO 93. Para a propositura de demandas referentes a contas de FGTS anteriores à centralização deverá a parte comprovar que diligenciou ou solicitou os extratos junto à CEF ou à instituição mantenedora das contas vinculadas anteriormente ao período de migração. ENUNCIADO 94. O artigo 51, inc. I, da Lei nº 9.099/95 aplica-se aos JEFs, ainda que a parte esteja representada na forma do artigo 10, caput, da Lei nº 10.259/01. ENUNCIADO 95. Nas ações visando a correção do saldo das cadernetas de poupança, pode o juiz, havendo prova inequívoca de titularidade da conta à época, suprir a inexistência de extratos por meio de arbitramento. ENUNCIADO 96. A concessão administrativa do benefício no curso do processo acarreta a extinção do feito sem resolução de mérito por perda do objeto, desde que corresponda ao pedido formulado na inicial. ENUNCIADO 97. Cabe incidente de uniformização de jurisprudência quando a questão deduzida nos autos tiver reflexo sobre a competência do juizado especial federal. ENUNCIADO 98. É inadmissível o reexame de matéria fática em pedido de uniformização de jurisprudência. ENUNCIADO 99. O provimento, ainda que parcial, de recurso inominado afasta a possibilidade de condenação do recorrente ao pagamento de honorários de sucumbência. ENUNCIADO 100. No âmbito dos Juizados Especiais Federais, a Turma Recursal poderá conhecer diretamente das questões não examinadas na sentença que acolheu prescrição ou decadência, estando o processo em condições de imediato julgamento (Aprovado no VI FONAJEF). ENUNCIADO 101. A Turma Recursal tem poder para complementar os atos de instrução já realizados pelo juiz do Juizado Especial Federal, de forma a evitar a anulação da sentença (Aprovado no VI FONAJEF). ENUNCIADO 102. Convencendo-se da necessidade de produção de prova documental complementar, a Turma Recursal produzirá ou determinará que seja produzida, sem retorno do processo para o juiz do Juizado Especial Federal (Aprovado no VI FONAJEF). ENUNCIADO 103. Sempre que julgar indispensável, a Turma Recursal, sem anular a sentença, baixará o processo em diligências para fins de produção de prova testemunhal, pericial ou elaboração de cálculos (Aprovado no VI FONAJEF). ENUNCIADO 104. Cabe à Turma de Uniformização reformar os acórdãos que forem contrários à sua jurisprudência pacífica, ressalvada a hipótese de supressão de instância, em que será cabível a remessa dos autos à Turma de origem para fim de adequação do julgado (Aprovado no VI FONAJEF). ENUNCIADO 105. A Turma de Uniformização, ao externar juízo acerca da admissibilidade do pedido de uniformização, deve considerar a presença de similitude de questões de fato e de direito nos acórdãos confrontados (Aprovado no VI FONAJEF). ENUNCIADO 106. Cabe à Turma Recursal conhecer e julgar os conflitos de competência apenas entre Juizados Especiais Federais sujeitos a sua jurisdição (Aprovado no VI FONAJEF). ENUNCIADO 107. Fora das hipóteses do artigo 4º da Lei nº 10.259/2001, a impugnação de decisões interlocutórias proferidas antes da sentença deverá ser feita no recurso desta (art. 41 da Lei nº 9.099/95) (Aprovado no VI FONAJEF). ENUNCIADO 108. Não cabe recurso para impugnar decisões que apreciem questões ocorridas após o trânsito em julgado (Aprovado no VI FONAJEF). ENUNCIADO 109. A tempestividade do recurso pode ser comprovada por qualquer meio idôneo, inclusive eletrônico (Aprovado no VI FONAJEF). ENUNCIADO 110. A competência das turmas recursais reunidas, onde houver, deve ser limitada à deliberação acerca de enunciados das turmas recursais das respectivas seções judiciárias (Aprovado no VI FONAJEF). ENUNCIADO 111. Tratando-se de benefício por incapacidade, o recolhimento de contribuição previdenciária não é capaz, por si só, de ensejar presunção absoluta da capacidade laboral, admitindo-se prova em contrário. (Cancelado no XI FONAJEF) ENUNCIADO 112. Não se exige médico especialista para a realização de perícias judiciais, salvo casos excepcionais, a critério do juiz. ENUNCIADO 113. O disposto no art. 11 da Lei nº 10.259/2001, não desobriga a parte autora de instruir seu pedido com a documentação que lhe seja acessível junto às entidades públicas rés. ENUNCIADO 114. Havendo cumulação de pedidos, é ônus da parte autora a identificação expressa do valor pretendido a título de indenização por danos morais, a ser considerado no valor da causa para fins de definição da competência dos Juizados Especiais Federais. ENUNCIADO 115. Para a reunião de processos, a competência funcional dentro dos Juizados Especiais Federais se define em virtude da natureza do pedido do qual decorra a pretensão de indenização por danos morais. ENUNCIADO 116. O dever processual, previsto no art. 11 da Lei nº 10.259/2001, não implica automaticamente a inversão do ônus da prova. ENUNCIADO 117. A perícia unificada, realizada em audiência, é válida e consentânea com os princípios informadores dos juizados especiais. ENUNCIADO 118. É válida a realização de prova pericial antes da citação, desde que viabilizada a participação das partes. ENUNCIADO 119. Além dos casos de segredo de justiça e de sigilo judicial, os documentos digitalizados em processo eletrônico somente serão disponibilizados aos sujeitos processuais, vedado o acesso à consulta pública fora da secretaria do juizado. ENUNCIADO 120. Não é obrigatória a degravação de julgamentos proferidos oralmente, desde que o arquivo de áudio esteja anexado ao processo, recomendando-se o registro, por escrito, do dispositivo ou acórdão. ENUNCIADO 121. Os entes públicos, suas autarquias e empresas públicas não têm legitimidade ativa nos Juizados Especiais Federais. ENUNCIADO 122. É legítima a designação do oficial de justiça, na qualidade de longa manus do juízo, para realizar diligência de constatação de situação socioeconômica. ENUNCIADO 123. O critério de fixação do valor da causa necessariamente deve ser aquele especificado nos arts. 259 e 260do CPC, pois este é o elemento que delimita as competências dos JEFs e das Varas (a exemplo do que foi feito pelo art. 2º, § 2º, da Lei nº 12.153/09). ENUNCIADO 124. É correta a aplicação do art. 46 da Lei nº 9.099/95 nos Juizados Especiais Federais, com preservação integral dos fundamentos da sentença. ENUNCIADO 125. É possível realizar a limitação do destaque dos honorários em RPV ou precatório. ENUNCIADO 126. Não cabe a presença de advogado em perícia médica, por ser um ato médico, no qual só podem estar presentes o próprio perito e eventuais assistentes técnicos. ENUNCIADO 127. Para fins de cumprimento do disposto no art. 12, § 2º, da Lei nº 10.259/01, é suficiente intimar o INSS dos horários preestabelecidos para as perícias do JEF. ENUNCIADO 128. O condomínio edilício, por interpretação extensiva do art. 6º, I, da Lei nº 10.259/01, pode ser autor no JEF. ENUNCIADO 129. Nos Juizados Especiais Federais, é possível que o juiz determine que o executado apresente os cálculos de liquidação. ENUNCIADO 130. O estabelecimento pelo Juízo de critérios e exigências para análise da petição inicial, visando a evitar o trâmite de ações temerárias, não constitui restrição do acesso aos JEFs. ENUNCIADO 131. A Turma Recursal, analisadas as peculiaridades do caso concreto, pode conhecer documentos juntados na fase recursal, desde que não implique apreciação de tese jurídica não questionada no primeiro grau. (Revisado no XI FONAJEF). ENUNCIADO 132. Em conformidade com o art. 14, § 9º, da Lei nº 10.259/2001, cabe ao colegiado da Turma Recursal rejulgar o feito após a decisão de adequação de Tribunal Superior ou da TNU (Aprovado no X FONAJEF). ENUNCIADO 133. Quando o perito médico judicial não conseguir fixar a data de início da incapacidade, de forma fundamentada, deve-se considerar para tanto a data de realização da perícia, salvo a existência de outros elementos de convicção (Aprovado no X FONAJEF). ENUNCIADO 134. O cumprimento das ordens judiciais que determinam concessão de medicamentos deve ser feito prioritariamente pela parte ré, evitando-se o depósito de valores para aquisição direta pela parte (Aprovado no X FONAJEF). ENUNCIADO 135. A despeito da solidariedade dos entes da federação no âmbito do direito à saúde, a decisão judicial que conceder medicamentos deve indicar, preferencialmente, aquele responsável pelo atendimento imediato da ordem (Aprovado no X FONAJEF). ENUNCIADO 136. O cumprimento da decisão judicial que conceder medicamentos deve ser feito prioritariamente pelo Estado ou Município (aquele que detenha a maior capacidade operacional) ainda que o ônus de financiamento caiba à União (Aprovado no X FONAJEF). ENUNCIADO 137. Nas ações de saúde, a apresentação pelas partes de formulário padronizado de resposta a quesitos mínimos previamente aprovados por acordo entre o judiciário e entidades afetadas pode dispensar a realização de perícia (Aprovado no X FONAJEF). ENUNCIADO 138. A despeito da solidariedade, as decisões judiciais podem indicar a qual (sic) da federação incumbe o dispêndio financeiro para atendimento do direito reconhecido, nos termos da Portaria 1.554, de 30 de julho de 2013 do Ministério da Saúde ou outro ato que vier a substituí-la (Aprovado no X FONAJEF). ENUNCIADO 139. Não serão redistribuídas a Juizado Especial Federal (JEF) recém-criado as demandas ajuizadas até a data de sua instalação, salvo se as varas de JEFs estiverem na mesma sede jurisdicional (Aprovado no XI FONAJEF). ENUNCIADO 140. A fixação do valor do dano moral deve representar quantia necessária e suficiente para compensar os danos sofridos pelo autor da demanda, como também para desestimular futuras violações de mesma natureza (Aprovado no XI FONAJEF). ENUNCIADO 141. A Súmula 78 da TNU, que determina a análise das condições pessoais do segurado em caso de ser portador de HIV, é extensível a outras doenças igualmente estigmatizantes (Aprovado no XI FONAJEF). ENUNCIADO 142. A natureza substitutiva do benefício previdenciário por incapacidade não autoriza o desconto das prestações devidas no período em que houve exercício de atividade remunerada (Aprovado no XI FONAJEF). ENUNCIADO 143. Não importa em julgamento extra petita a concessão de benefício previdenciário por incapacidade diverso daquele requerido na inicial (Aprovado no XI FONAJEF). ENUNCIADO 144. É cabível recurso inominado contra sentença terminativa se a extinção do processo obstar que o autor intente de novo a ação ou quando importe negativa de jurisdição (Aprovado no XI FONAJEF). ENUNCIADO 145. O valor dos honorários de sucumbência será fixado nos termos do artigo 55, da Lei nº 9.099/95, podendo ser estipulado em valor fixo quando for inestimável ou irrisório o proveito econômico ou, ainda, quando o valor da causa for muito baixo, observados os critérios do artigo 20, § 3º CPC (Aprovado no XI FONAJEF). ENUNCIADO 146. A Súmula 421 do STJ aplica-se não só à União como também a todos os entes que compõem a Fazenda Pública (Aprovado no XI FONAJEF). ENUNCIADO 147. A mera alegação genérica de contrariedade às informações sobre atividade especial fornecida pelo empregador, não enseja a realização de novo exame técnico (Aprovado no XI FONAJEF). ENUNCIADO 148. Nas ações revisionais em que se se postula aplicação da tese de direito adquirido ao melhor benefício, é requisito da petição inicial que seja apontada a data em que verificada tal situação (Aprovado no XI FONAJEF). ENUNCIADO 149. É cabível, com fundamento no art. 14, par. único, do CPC, a aplicação de multa pessoal à autoridade administrativa responsável pela implementação da decisão judicial (Aprovado no XI FONAJEF). ENUNCIADO 150. A multa derivada de descumprimento de antecipação de tutela com base no artigo 461, do CPC, aplicado subsidiariamente, é passível de execução mesmo antes do trânsito em julgado da sentença (Aprovado no XI FONAJEF). ENUNCIADO 151. O CPC/2015 só é aplicável nos Juizados Especiais naquilo que não contrariar os seus princípios norteadores e a sua legislação específica (Aprovado no XII FONAJEF). ENUNCIADO 152. A conciliação e a mediação nos juizados especiais federais permanecem regidas pelas nºs 10.259/2001 e 9.099/1995, mesmo após o advento do novo Código de Processo Civil (Revisado no XIII FONAJEF). ENUNCIADO 153. A regra do art. 489, § 1º do NCPC deve ser mitigada nos juizados por força da primazia dos princípios da simplicidade e informalidade que regem o JEF (Aprovado no XII FONAJEF). ENUNCIADO 154. O art. 46, da Lei nº 9.099/1995, não foi revogado pelo novo CPC (Aprovado no XII FONAJEF). ENUNCIADO 155. As disposições do CPC/2015 referentes às provas não revogam as disposições específicas da Lei nº 10.259/2001, sobre perícias (art. 12), e nem as disposições gerais da Lei nº 9.099/1995 (Aprovado no XII FONAJEF). ENUNCIADO 156. Não se aplica aos juizados especiais a técnica de julgamento não unânime (art. 942, CPC/2015) (Aprovado no XII FONAJEF). ENUNCIADO 157. Aplica-se o art. 1030, par. único, do CPC/2015 aos recursos extraordinários interpostos nas Turmas Recursais do JEF (Aprovado no XII FONAJEF). ENUNCIADO 158. Conta-se em dias corridos o prazo para confirmação das intimações eletrônicas (art. 5º, § 3º, Lei nº 11.419/2006) (Aprovado no XII FONAJEF). ENUNCIADO 159. Nos termos do enunciado nº 1 do FONAJEF e à luz dos princípios da celeridade e da informalidade que norteiam o processo no JEF, vocacionado a receber demandas em grande volume e repetitivas, interpreta-se o rol do art. 332 como exemplificativo (Aprovado no XII FONAJEF). ENUNCIADO 160. Não causa nulidade a não-aplicação do art. 10 do NCPC e do art. 487, parágrafo único, do NCPC nos juizados, tendo em vista os princípios da celeridade e informalidade (Aprovado no XII FONAJEF). ENUNCIADO 161. Nos casos de pedido de concessão de benefício por segurado facultativo de baixa renda, a comprovação da inscrição da família no CadÚnico é documento indispensável para propositura da ação, sob pena de extinção sem exame do mérito (Aprovado no XII FONAJEF). ENUNCIADO 162.Em caso de incapacidade intermitente, o pagamento de parcelas anteriores à perícia depende da efetiva comprovação dos períodos em que o autor esteve incapacitado (Aprovado no XII FONAJEF). ENUNCIADO 163. Não havendo pedido expresso na petição inicial de aposentadoria proporcional, o juiz deve se limitar a determinar a averbar os períodos reconhecidos em sentença, na hipótese do segurado não possuir tempo de contribuição para concessão de aposentadoria integral (Aprovado no XII FONAJEF). ENUNCIADO 164. Julgado improcedente pedido de benefício por incapacidade, no ajuizamento de nova ação, com base na mesma doença, deve o segurado apresentar novo requerimento administrativo, demonstrando, na petição inicial, o agravamento da doença, juntando documentos médicos novos (Aprovado no XII FONAJEF). ENUNCIADO 165. Ausência de pedido de prorrogação de auxílio-doença configura a falta de interesse processual equivalente à inexistência de requerimento administrativo (Aprovado no XII FONAJEF). ENUNCIADO 166. A conclusão do processo administrativo por não comparecimento injustificado à perícia ou à entrevista rural equivale à falta de requerimento administrativo (Aprovado no XII FONAJEF). ENUNCIADO 167. Nas ações de benefício assistencial, não há nulidade na dispensa de perícia socioeconômica quando não identificado indício de deficiência, a partir de seu conceito multidisciplinar (Aprovado no XIII FONAJEF). ENUNCIADO 168. A produção de auto de constatação por oficial de justiça, determinada pelo Juízo, não requer prévia intimação das partes, sob pena de frustrar a eficácia do ato, caso em que haverá o contraditório diferido (Aprovado no XIII FONAJEF). ENUNCIADO 169. A solução de controvérsias pela via consensual, pré- processual, pressupõe a não distribuição da ação (Aprovado no XIII FONAJEF). ENUNCIADO 170. Aos conciliadores que atuarem na fase pré-processual não se aplicam as exigências previstas no art. 11 da Lei nº 13.140/2015 (Aprovado no XIII FONAJEF). ENUNCIADO 171. Sempre que possível, as sessões de mediação/conciliação serão realizadas por videoconferência, a ser efetivada por sistema de livre escolha (Aprovado no XIII FONAJEF). ENUNCIADO 172. Apenas a prescrição médica não é suficiente para o fornecimento de medicamentos e/ou insumos não incluídos nas listas do SUS (Aprovado no XIII FONAJEF). ENUNCIADO 173. Nas demandas individuais de saúde, a decisão judicial acerca da pretensão de fornecimento de medicamentos, insumos ou procedimentos não fornecidos pelo SUS deve ser fundamentada, sempre que possível, na medicina baseada em evidências (Aprovado no XIII FONAJEF). ENUNCIADO 174. Nas demandas individuais de saúde veiculando pretensão de fornecimento de medicamentos, insumos ou procedimentos não fornecidos pelo SUS pode o juiz exigir que a parte instrua a demanda com elementos mínimos oriundos da medicina baseada em evidências (Aprovado no XIII FONAJEF). ENUNCIADO 175. Por falta de previsão legal específica nas leis que tratam dos juizados especiais, aplica-se, nestes, a previsão da contagem dos prazos em dias úteis (CPC/2015, art. 219) (Aprovado no XIII FONAJEF). ENUNCIADO 176. A previsão contida no art. 51, § 1º, da Lei nº 9.099/1995 afasta a aplicação do art. 317 do CPC/2015 no âmbito dos juizados especiais (Aprovado no XIII FONAJEF). ENUNCIADO 177. É medida contrária à boa-fé e ao dever de cooperação, previstos nos arts. 5º e 6º do CPC/2015, a impugnação genérica a cálculos, sem a indicação concreta dos argumentos que justifiquem a divergência (Aprovado no XIII FONAJEF). ENUNCIADO 178. A tutela provisória em caráter antecedente não se aplica ao rito dos juizados especiais federais, porque a sistemática de revisão da decisão estabilizada (art. 304 do CPC/2015) é incompatível com os arts. 4º e 6º da Lei nº 10.259/2001 (Aprovado no XIII FONAJEF). ENUNCIADO 179. Cumpre os requisitos do contraditório e da ampla defesa a concessão de vista do laudo pericial pelo prazo de cinco dias, por analogia ao caput do art. 12 da Lei nº 10.259/2001 (Aprovado no XIII FONAJEF). ENUNCIADO 180. O intervalo entre audiências de instrução (CPC/2015, art. 357, § 9º) é incompatível com o procedimento sumaríssimo (CF, art. 98, I) e com os critérios de celeridade, informalidade, simplicidade e economia processual dos juizados (Lei nº 9.099/1995, art. 2º) (Aprovado no XIII FONAJEF). ENUNCIADO 181. Admite-se o IRDR nos juizados especiais federais, que deverá ser julgado por órgão colegiado de uniformização do próprio sistema (Aprovado no XIV FONAJEF). ENUNCIADO 182. O juízo de admissibilidade do recurso inominado deve ser feito na turma recursal, aplicando-se subsidiariamente o art. 1.010, § 3º, do CPC/2015. (Aprovado no XIV FONAJEF). ENUNCIADO 183. O magistrado, ao aplicar ao caso concreto a ratio decidendi contida no precedente vinculante, não precisa enfrentar novamente toda a argumentação jurídica que já fora apreciada no momento de formação do precedente, sendo suficiente que demonstre a correlação fática e jurídica entre o caso concreto e aquele já apreciado (Aprovado no XIV FONAJEF). ENUNCIADO 184. Durante a suspensão processual decorrente do IRDR e de recursos repetitivos pode haver produção de provas no juízo onde tramita o processo suspenso, em caso de urgência, com base no art. 982, § 2º, do CPC. (Aprovado no XIV FONAJEF). ENUNCIADO 185. Os mecanismos processuais de suspensão de processos não impedem a realização de atos processuais necessários para o exame ou efetivação da tutela de urgência. (Aprovado no XIV FONAJEF). ENUNCIADO 186. É requisito de admissibilidade da petição inicial a indicação precisa dos períodos e locais de efetivo exercício de atividade rural que se pretende reconhecer, sob pena de indeferimento (Aprovado no XIV FONAJEF). ENUNCIADO 187. São da competência da Justiça Federal os pedidos de benefícios ajuizados por segurados especiais e seus dependentes em virtude de acidentes ocorridos nessa condição (Aprovado no XIV FONAJEF). ENUNCIADO 188. O benefício concedido ao segurado especial, administrativamente ou judicialmente, configura início de prova material válida para posterior concessão aos demais integrantes do núcleo familiar, assim como ao próprio beneficiário (Aprovado no XIV FONAJEF). ENUNCIADO 189. A percepção do seguro desemprego gera a presunção de desemprego involuntário para fins de extensão do período de graça nos termos do art. 15, § 2°, da Lei nº 8.213/91 (Aprovado no XIV FONAJEF). ENUNCIADO 190. Nos casos em que o pedido em ação judicial seja de medicamento, produto ou procedimento já previsto nas listas oficiais do SUS ou em Protocolos Clínicos e Diretrizes Terapêuticas (PDCT) para tratamento particular, dever ser determinada a inclusão do demandante em serviço ou programa já existentes no Sistema Único de Saúde (SUS), para fins de acompanhamento e controle clínico. (Aprovado no XIV FONAJEF). ENUNCIADO 191. Nas demandas que visam o acesso a ações e serviços da saúde diferenciada daquelas oferecidas pelo Sistema Único de Saúde, o autor deve apresentar prova da evidência científica, a inexistência, inefetividade ou impropriedade dos procedimentos ou medicamentos constantes dos protocolos clínicos do SUS (Aprovado no XIV FONAJEF). ENUNCIADO 192. Sempre que possível, as decisões liminares sobre saúde devem ser precedidas de notas de evidência científica emitidas por Núcleos de Apoio Técnico em Saúde – NATS – ou similares (Aprovado no XIV FONAJEF). ENUNCIADO 193. Para a validade das intimações por WhatsApp ou congêneres, caso não haja prévia anuência da parte ou advogado, faz-se necessário certificar nos autos a visualização da mensagem pelo destinatário, sendo suficiente o recibo de leitura, ou recebimento de resposta à mensagem enviada (Aprovado no XIV FONAJEF). ENUNCIADO 194. Existindo prévio termo de adesão, a intimação por Whatsapp ou congênere é válida independentemente de visualização da mensagem pelo destinatário ou resposta à mensagem enviada, bastando certificação de envio nos autos. ENUNCIADO 195. Existindo prévio termo de adesão,o prazo da intimação por WhatsApp ou congênere conta-se do envio da mensagem, cuja data deve ser certificada nos autos; em não havendo prévio termo de adesão, o termo inicial corresponde à data da leitura da mensagem ou do recebimento da resposta, que deve ser certificada nos autos (Aprovado no XIV FONAJEF). ENUNCIADO 196. Existindo prévio termo de adesão à intimação por WhatsApp ou congêneres, cabe à parte comunicar eventuais mudanças de número de telefone, sob pena de se considerarem válidas as intimações enviadas para o número constante dos autos (Aprovado no XIV FONAJEF). ENUNCIADO 197. O termo de adesão a intimação por WhatsApp ou congêneres subscrito pela parte ou seu advogado pode ser geral, para todos os processos em tramitação no Juízo, que será arquivado em Secretaria (Aprovado no XIV FONAJEF). SÚMULAS DO CONSELHO DA JUSTIÇA FEDERAL TURMA DE UNIFORMIZAÇÃO DAS DECISÕES DAS TURMAS RECURSAIS DOS JUIZADOS ESPECIAIS FEDERAIS SÚMULA 1. A conversão dos benefícios previdenciários em URV, em março/94, obedece às disposições do art. 20, incisos I e II da Lei nº 8.880/94 (MP nº 434/94). DJ 16/10/2002. SÚMULA 2. Os benefícios previdenciários, em maio de 1996, deverão ser reajustados na forma da Medida Provisória nº 1.415, de 29 de abril de 1996, convertida na Lei nº 9.711, de 20 de novembro de 1998. DJ 13/03/2003 e 10/04/2003. SÚMULA 3. Os benefícios de prestação continuada, no regime geral da Previdência Social, devem ser reajustados com base no IGP-DI nos anos de 1997, 1999, 2000 e 2001. DJ 09/05/2003. SÚMULA 4. Não há direito adquirido, na condição de dependente, pessoa designada, quando o falecimento do segurado deu-se após o advento da Lei nº 9.032/95. DJ 24/07/2003. SÚMULA 5. A prestação de serviço rural por menor de 12 a 14 anos, até o advento da Lei nº 8.213, de 24 de julho de 1991, devidamente comprovada, pode ser reconhecida para fins previdenciários. 25/09/2003 SÚMULA 6. A certidão de casamento ou outro documento idôneo que evidencie a condição de trabalhador rural do cônjuge constitui início razoável de prova material da atividade rurícula. DJ 25/09/2003. SÚMULA 7. Descabe incidente de uniformização versando sobre honorários advocatícios por se tratar de questão de direito processual. DJ 25/09/2003. SÚMULA 8. Os benefícios de prestação continuada, no regime geral da Previdência Social, não serão reajustados com base no IGP-DI nos anos de 1997, 1999, 2000 e 2001. DJ 05/11/2003. SÚMULA 9. O uso de Equipamento de Proteção Individual (EPI), ainda que elimine a insalubridade, no caso de exposição a ruído, não descaracteriza o tempo de serviço especial prestado. DJ 05/11/2003. SÚMULA 10. O tempo de serviço rural anterior à vigência da Lei nº 8.213/91 pode ser utilizado para fins de contagem recíproca, assim entendida aquela que soma tempo de atividade privada, rural ou urbana, ao de serviço público estatutário, desde que sejam recolhidas as respectivas contribuições previdenciárias. DJU 03/12/2003 - REPUBLICADA DJ 23/12/2003 SÚMULA 11. A renda mensal, per capita, familiar, superior a ¼ (um quarto) do salário mínimo não impede a concessão do benefício assistencial previsto no art. 20, § 3º, da Lei nº 8.742 de 1993, desde que comprovada, por outros meios, a miserabilidade do postulante. DJ 14/04/2004 - CANCELADA DJ 12/05/2006 SÚMULA 12. Os juros moratórios são devidos pelo gestor do FGTS e incidem a partir da citação nas ações em que se reclamam diferenças de correção monetária, tenha havido ou não levantamento do saldo, parcial ou integralmente. DJ 14/04/2004 SÚMULA 13. O reajuste concedido pelas Leis nºs 8.622/93 e 8.627/93 (28,86%) constituiu revisão geral dos vencimentos e, por isso, é devido também aos militares que não o receberam em sua integralidade, compensado o índice então concedido, sendo limite temporal desse reajuste o advento da MP nº 2.131 de 28/12/2000. DJU 10/05/2004 SÚMULA 14. Para a concessão de aposentadoria rural por idade não se exige que o início de prova material corresponda a todo o período equivalente à carência do benefício. DOU de 24/05/2004 SÚMULA 17. Não há renúncia tácita no Juizado Especial Federal, para fins de competência. DOU de 24/05/2004. SÚMULA 18. Provado que o aluno aprendiz de Escola Técnica Federal recebia remuneração, mesmo que indireta, à conta do orçamento da União, o respectivo tempo de serviço pode ser computado para fins de aposentadoria previdenciária. DJU de 07/10/2004. SÚMULA 19. Para o cálculo da renda mensal inicial do benefício previdenciário, deve ser considerada, na atualização dos salários de contribuição anteriores a março de 1994, a variação integral do IRSM de fevereiro de 1994, na ordem de 39,67% (art. 21, § 1º, da Lei nº 8.880/94). DJU de 07/10/2004. SÚMULA 20. A Lei nº 8.112, de 11 de dezembro de 1990, não modificou a situação do servidor celetista anteriormente aposentado pela Previdência Social Urbana. DJU de 07/10/2004. SÚMULA 21. Não há direito adquirido a reajuste de benefícios previdenciários com base na variação do IPC (Índice de Preço ao Consumidor), de janeiro de 1989 (42,72%) e abril de 1990 (44,80%). DJU de 07/10/2004. SÚMULA 22. Se a prova pericial realizada em juízo dá conta de que a incapacidade já existia na data do requerimento administrativo, esta é o termo inicial do benefício assistencial. DJU de 07/10/2004. SÚMULA 23. As substituições de cargos ou funções de direção ou chefia ou de cargo de natureza especial ocorridas a partir da vigência da Medida Provisória nº 1.522, de 11/10/1996, e até o advento da Lei nº 9.527, de 10/12/1997, quando iguais ou inferiores a trinta dias, não geram direito à remuneração correspondente ao cargo ou função substituída. DJU de 10/03/2005. SÚMULA 24. O tempo de serviço do segurado trabalhador rural anterior ao advento da Lei nº 8.213/91, sem o recolhimento de contribuições previdenciárias, pode ser considerado para a concessão de benefício previdenciário do Regime Geral de Previdência Social (RGPS), exceto para efeito de carência, conforme a regra do art. 55, § 2º, da Lei nº 8.213/91. DJU de 10/03/2005. SÚMULA 25. A revisão dos valores dos benefícios previdenciários, prevista no art. 58 do ADCT, deve ser feita com base no número de salários mínimos apurado na data da concessão, e não no mês de recolhimento da última contribuição. DJU de 22/06/2005. SÚMULA 26. A atividade de vigilante enquadra-se como especial, equiparando-se à de guarda, elencada no item 2.5.7. do Anexo III do Decreto nº 53.831/64. DJU de 22/06/2005. SÚMULA 27. A ausência de registro em órgão do Ministério do Trabalho não impede a comprovação do desemprego por outros meios admitidos em Direito. DJU de 22/06/2005. SÚMULA 28. Encontra-se prescrita a pretensão de ressarcimento de perdas sofridas na atualização monetária da conta do Plano de Integração Social - PIS-, em virtude de expurgos ocorridos por ocasião dos Planos Econômicos Verão e Collor I. DJU de 05.01.2006. SÚMULA 29. Para os efeitos do art. 20, § 2º, da Lei nº 8.742, de 1993, incapacidade para a vida independente não é só aquela que impede as atividades mais elementares da pessoa, mas também a impossibilita de prover ao próprio sustento. DJU de 13.02.2006. SÚMULA 30. Tratando-se de demanda previdenciária, o fato de o imóvel ser superior ao módulo rural não afasta, por si só, a qualificação de seu proprietário como segurado especial, desde que comprovada, nos autos, a sua exploração em regime de economia familiar. DJU de 13.02.2006. SÚMULA 31. A anotação na CTPS decorrente de sentença trabalhista homologatória constitui início de prova material para fins previdenciários. DJU de 13.02.2006. SÚMULA 33. Quando o segurado houver preenchido os requisitos legais para concessão da aposentadoria por tempo de serviço na data do requerimento administrativo, esta data será o termo inicial da concessão do benefício. DJU de 04.08.2006. SÚMULA 34. Para fins de comprovação do tempo de labor rural, o início de prova material deve ser contemporâneo à época dos fatos a provar. DJU de 04.08.2006. SÚMULA 35. A Taxa Selic,composta por juros de mora e correção monetária, incide nas repetições de indébito tributário. DJU de 09/01/2007. SÚMULA 36. Não há vedação legal à cumulação da pensão por morte de trabalhador rural com o benefício da aposentadoria por invalidez, por apresentarem pressupostos fáticos e fatos geradores distintos. DJ de 21/03/2007. SÚMULA 37. A pensão por morte, devida ao filho até os 21 anos de idade, não se prorroga pela pendência do curso universitário. DJ de 20/06/2007. SÚMULA 38. Aplica-se subsidiariamente a Tabela de Cálculos de Santa Catarina aos pedidos de revisão de RMI - OTN/ORTN, na atualização dos salários de contribuição. DJ de 20/06/2007. SÚMULA 39. Nas ações contra a Fazenda Pública, que versem sobre pagamento de diferenças decorrentes de reajuste nos vencimentos de servidores públicos, ajuizadas após 24/08/2001, os juros de mora devem ser fixados em 6% (seis por cento) ao ano (art. 1º–F da Lei nº 9.494/97). DJ de 20/06/2007. SÚMULA 40. Nenhuma diferença é devida a título de correção monetária dos depósitos do FGTS, relativos ao mês de fevereiro de 1989. DJ de 26/09/2007. SÚMULA 41. A circunstância de um dos integrantes do núcleo familiar desempenhar atividade urbana não implica, por si só, a descaracterização do trabalhador rural como segurado especial, condição que deve ser analisada no caso concreto. DJ de 17/03/2010. SÚMULA 42. Não se conhece de incidente de uniformização que pretenda o reexame de matéria de fato. DOU de 03/11/2011. SÚMULA 43. Não cabe incidente de uniformização que verse sobre matéria processual. DOU de 03/11/2011. SÚMULA 44. Para efeito de aposentadoria urbana por idade, a tabela progressiva de carência prevista no art. 142 da Lei nº 8.213/91 deve ser aplicada em função do ano em que o segurado completa a idade mínima para concessão do benefício, ainda que o período de carência só seja preenchido posteriormente. DOU 14/12/2011, DOU 30/01/2012. SÚMULA 45. Incide correção monetária sobre o salário-maternidade desde a época do parto, independentemente da data do requerimento administrativo. DOU 14/12/2011, DOU 30/01/2012. SÚMULA 46. O exercício de atividade urbana intercalada não impede a concessão de benefício previdenciário de trabalhador rural, condição que deve ser analisada no caso concreto. DOU 15/03/2012. SÚMULA 47. Uma vez reconhecida a incapacidade parcial para o trabalho, o juiz deve analisar as condições pessoais e sociais do segurado para a concessão de aposentadoria por invalidez. DOU 15/03/2012. SÚMULA 48. A incapacidade não precisa ser permanente para fins de concessão do benefício assistencial de prestação continuada. DOU 18/04/2012. SÚMULA 49. Para reconhecimento de condição especial de trabalho antes de 29/4/1995, a exposição a agentes nocivos à saúde ou à integridade física não precisa ocorrer de forma permanente. DOU 15/03/2012. SÚMULA 50. É possível a conversão do tempo de serviço especial em comum do trabalho prestado em qualquer período. DOU 15/03/2012. SÚMULA 51. Os valores recebidos por força de antecipação dos efeitos de tutela, posteriormente revogada em demanda previdenciária, são irrepetíveis em razão da natureza alimentar e da boa-fé no seu recebimento. DOU 15/03/2012. SÚMULA 52. Para fins de concessão de pensão por morte, é incabível a regularização do recolhimento de contribuições de segurado contribuinte individual posteriormente a seu óbito, exceto quando as contribuições devam ser arrecadadas por empresa tomadora de serviços. DOU 18/04/2012. SÚMULA 53. Não há direito a auxílio-doença ou a aposentadoria por invalidez quando a incapacidade para o trabalho é preexistente ao reingresso do segurado no Regime Geral de Previdência Social. DOU 07/05/2012, 17/05/2012, 28/05/2012. SÚMULA 54. Para a concessão de aposentadoria por idade de trabalhador rural, o tempo de exercício de atividade equivalente à carência deve ser aferido no período imediatamente anterior ao requerimento administrativo ou à data do implemento da idade mínima. DOU 07/05/2012, 17/05/2012, 28/05/2012. SÚMULA 55. A conversão do tempo de atividade especial em comum deve ocorrer com aplicação do fator multiplicativo em vigor na data da concessão da aposentadoria. DOU 07/05/2012, 17/05/2012, 28/05/2012. SÚMULA 56. O prazo de trinta anos para prescrição da pretensão à cobrança de juros progressivos sobre saldo de conta vinculada ao FGTS tem início na data em que deixou de ser feito o crédito e incide sobre cada prestação mensal. DOU 07/05/2012, 17/05/2012, 28/05/2012. SÚMULA 57. O auxílio-doença e a aposentadoria por invalidez não precedida de auxílio-doença, quando concedidos na vigência da Lei nº 9.876/1999, devem ter o salário de benefício apurado com base na média aritmética simples dos maiores salários de contribuição correspondentes a 80% do período contributivo, independentemente da data de filiação do segurado ou do número de contribuições mensais no período contributivo. DOU 24/05/2012, 04/06/2012. SÚMULA 58. Não é devido o reajuste na indenização de campo por força da alteração trazida pelo Decreto nº 5.554/2005. DOU 24/05/2012, 04/06/2012. SÚMULA 59. A ausência de declaração do objeto postado não impede a condenação da ECT a indenizar danos decorrentes do extravio, desde que o conteúdo da postagem seja demonstrado por outros meios de prova admitidos em direito. DOU 24/05/2012, 04/06/2012. SÚMULA 62. O segurado contribuinte individual pode obter reconhecimento de atividade especial para fins previdenciários, desde que consiga comprovar exposição a agentes nocivos à saúde ou à integridade física. DOU 03/07/2012, 08/08/2012. SÚMULA 63. A comprovação de união estável para efeito de concessão de pensão por morte prescinde de início de prova material. DOU 23/08/2012, 10/09/2012. SÚMULA 65. Os benefícios de auxílio-doença, auxílio acidente e aposentadoria por invalidez concedidos no período de 28/3/2005 a 20/7/2005 devem ser calculados nos termos da Lei nº 8.213/1991, em sua redação anterior à vigência da Medida Provisória nº 242/2005. DOU 24/09/2012, 29/10/2012. SÚMULA 66. O servidor público ex-celetista que trabalhava sob condições especiais antes de migrar para o regime estatutário tem direito adquirido à conversão do tempo de atividade especial em tempo comum com o devido acréscimo legal, para efeito de contagem recíproca no regime previdenciário próprio dos servidores públicos. DOU 24/09/212, 29/10/2012. SÚMULA 67. O auxílio alimentação recebido em pecúnia por segurado filiado ao Regime Geral da Previdência Social integra o salário de contribuição e sujeita-se à incidência de contribuição previdenciária. DOU 24/09/212, 29/10/2012. SÚMULA 68. O laudo pericial não contemporâneo ao período trabalhado é apto à comprovação da atividade especial do segurado. DOU 24/09/212, 29/10/2012. SÚMULA 69. O tempo de serviço prestado em empresa pública ou em sociedade de economia mista por servidor público federal somente pode ser contado para efeitos de aposentadoria e disponibilidade. DOU 13/03/2013. SÚMULA 70. A atividade de tratorista pode ser equiparada à de motorista de caminhão para fins de reconhecimento de atividade especial mediante enquadramento por categoria profissional. DOU 13/03/2013. SÚMULA 71. O mero contato do pedreiro com o cimento não caracteriza condição especial de trabalho para fins previdenciários. DOU 13/03/2013. SÚMULA 72. É possível o recebimento de benefício por incapacidade durante período em que houve exercício de atividade remunerada quando comprovado que o segurado estava incapaz para as atividades habituais na época em que trabalhou. DOU 13/03/2013. SÚMULA 73. O tempo de gozo de auxílio-doença ou de aposentadoria por invalidez não decorrentes de acidente de trabalho só pode ser computado como tempo de contribuição ou para fins de carência quando intercalado entre períodos nos quais houve recolhimento de contribuições para a previdência social. DOU 13/03/2013. SÚMULA 74. O prazo de prescrição fica suspenso pela formulação de requerimento administrativo e volta a correr pelo saldo remanescente apósa ciência da decisão administrativa final. DOU 22/05/2013, 07/06/2013, 03/09/2013. SÚMULA 75. A Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) em relação à qual não se aponta defeito formal que lhe comprometa a fidedignidade goza de presunção relativa de veracidade, formando prova suficiente de tempo de serviço para fins previdenciários, ainda que a anotação de vínculo de emprego não conste no Cadastro Nacional de Informações Sociais (CNIS). DOU 13/06/2013, 03/09/2013, 13/09/2013, 20/09/2013. SÚMULA 76. A averbação de tempo de serviço rural não contributivo não permite majorar o coeficiente de cálculo da renda mensal inicial de aposentadoria por idade previsto no art. 50 da Lei nº 8.213/91. DOU 14/08/2013, 13/09/2013, 20/09/2013. SÚMULA 77. O julgador não é obrigado a analisar as condições pessoais e sociais quando não reconhecer a incapacidade do requerente para a sua atividade habitual. DOU 13/09/2013, 20/09/2013. SÚMULA 78. Comprovado que o requerente de benefício é portador do vírus HIV, cabe ao julgador verificar as condições pessoais, sociais, econômicas e culturais, de forma a analisar a incapacidade em sentido amplo, em face da elevada estigmatização social da doença. DOU 26/09/2014. SÚMULA 79. Nas ações em que se postula benefício assistencial, é necessária a comprovação das condições socioeconômicas do autor por laudo de assistente social, por auto de constatação lavrado por oficial de justiça ou, sendo inviabilizados os referidos meios, por prova testemunhal. DOU 08/05/2015. SÚMULA 80. Nos pedidos de benefício de prestação continuada (LOAS), tendo em vista o advento da Lei nº 12.470/11, para adequada valoração dos fatores ambientais, sociais, econômicos e pessoais que impactam na participação da pessoa com deficiência na sociedade, é necessária a realização de avaliação social por assistente social ou outras providências aptas a revelar a efetiva condição vivida no meio social pelo requerente. Precedente: PEDILEF nº 0528310-94.2009.4.05.8300, julgamento: 15/4/2015. Relator Juiz Wilson José Witzel. DOU 08/05/2015. SÚMULA 81. Não incide o prazo decadencial previsto no art. 103, caput, da Lei nº 8.213/91, nos casos de indeferimento e cessação de benefícios, bem como em relação às questões não apreciadas pela Administração no ato da concessão. Precedentes: PEDILEF 0503504-02.2012.4.05.8102, julgamento: 18/6/2015. PEDILEF0507719-68.2010.4.05.8400, julgamento: 18/6/2015. DOU 24/06/2015. SÚMULA 82. O código 1.3.2 do quadro anexo ao Decreto nº 53.831/64, além dos profissionais da área da saúde, contempla os trabalhadores que exercem atividades de serviços gerais em limpeza e higienização de ambientes hospitalares. Precedentes: PEDILEF nº 501475-35.1.2012.4.04.7001, julgamento: 08/04/2013. DOU 16/8/2013. PEDILEF nº 000002- 69.8.2013.4.90.0000, julgamento: 09/04/2014. DOU 25/4/2014. PEDILEF nº 5002599-28.2013.4.04.7013, julgamento: 19/11/2015. DOU 30/11/2015. SÚMULA 83. A partir da entrada em vigor da Lei nº 8.870/94, o décimo terceiro salário não integra o salário de contribuição para fins de cálculo do salário de benefício. Precedente: PEDILEF nº 0055090-29.2013.4.03.6301, julgamento: 16/3/2016. DOU 21/03/2016. TURMAS RECURSAIS DO JUIZADO ESPECIAL FEDERAL DE SÃO PAULO/SP - ENUNCIADOS CÍVEIS. ENUNCIADO 1 – A homologação do pedido de desistência da ação independe da anuência do réu. ENUNCIADO 2 – Na hipótese de direito adquirido ao pecúlio, o prazo prescricional começa a fluir do afastamento do trabalho. ENUNCIADO 3 – Com a implantação do Plano de Benefício da Previdência Social (Lei nº 8213/91), o benefício previdenciário de prestação continuada não está mais vinculado ao número de salários mínimos da sua concessão. ENUNCIADO 4 – É devida a revisão da renda mensal inicial do benefício previdenciário cujo período básico de cálculo considerou o salário de contribuição de fevereiro de 1994, que deve ser corrigido pelo índice de 39,67%, relativo ao IRSM daquela competência. ENUNCIADO 5 – A renda mensal per capita de ¼ (um quarto) do salário mínimo não constitui critério absoluto de aferição da miserabilidade para fins de benefício assistencial. ENUNCIADO 6 – Nas ações envolvendo o benefício assistencial previsto no art. 20 da Lei nº 8742/73 o INSS detém a legitimidade passiva exclusiva. ENUNCIADO 7 – A comprovação de tempo de serviço rural ou urbano depende de início de prova material da prestação de serviço, nos termos do art. 55, § 3º, da Lei nº 8.213/91. ENUNCIADO 8 – A contestação poderá ser apresentada até a audiência de instrução e julgamento. ENUNCIADO 9 – A correção dos 24 primeiros salários de contribuição pela ORTN/OTN nos termos da Súmula nº 7 do Egrégio Tribunal Regional Federal da 3ª Região não alcança os benefícios de auxílio-doença, aposentadoria por invalidez, pensão por morte e auxílio-reclusão (Art. 21, I, da Consolidação das Leis da Previdência Social aprovada pelo Decreto nº 89.312/84). ENUNCIADO 10 – É de 10 (dez) dias o prazo para interposição de recurso contra medida cautelar prevista no art. 4º da Lei nº 10.259/2001. ENUNCIADO 11 – A Justiça Federal é competente para apreciar pedido de concessão de auxílio acidente decorrente de acidente não vinculado ao trabalho. ENUNCIADO 12 – Nos benefícios concedidos a partir de 01.03.94, na hipótese do salário de benefício exceder ao limite previsto no art. 29, § 2º, da Lei nº 8.213/91, aplica-se o disposto no art. 21, § 3º, da Lei nº 8.880/94. ENUNCIADO 13 – O valor da causa, quando a demanda envolver parcelas vincendas, corresponderá à soma de doze parcelas vincendas controversas, nos termos do art. 3º, § 2º, da Lei nº 10.259/01. ENUNCIADO 14 – Em caso de morte de filho segurado, os pais têm direito à pensão por morte, se provada a dependência econômica mesmo não exclusiva. ENUNCIADO 15 – Para efeitos de cômputo da renda mensal per capita com vistas à concessão do benefício assistencial previsto no art. 20 da Lei nº 8.742/93, considera-se família o conjunto de dependentes do Regime Geral de Previdência Social que vivam sob o mesmo teto. ENUNCIADO 16 – Para a concessão de aposentadoria por idade, desde que preenchidos os requisitos legais, é irrelevante o fato do requerente, ao atingir a idade mínima, não mais ostentar a qualidade de segurado. ENUNCIADO 17 – Em matéria de comprovação de tempo de serviço especial, aplica-se a legislação vigente à época da prestação de serviço. ENUNCIADO 18 – São devidos honorários advocatícios por parte do recorrente vencido em segundo grau (art. 55 da Lei nº 9.099/1995), quando houver atuação de advogado constituído. ENUNCIADO 19 – O juiz deverá, de ofício, reconhecer a prescrição quinquenal nas ações envolvendo parcelas vencidas de benefícios previdenciários (art. 103, parágrafo único da Lei nº 8.213/1991), inclusive em grau recursal. ENUNCIADO 20 – É possível a expedição de precatório no Juizado Especial Federal, nos termos do art. 17, § 4º, da Lei nº 10.259/2001), quando o valor da condenação exceder 60 (sessenta) salários mínimos. ENUNCIADO 22 – O reconhecimento de tempo de serviço rural anterior à Lei nº 8.213/1991, como segurado empregado ou especial, só pressupõe o recolhimento das respectivas contribuições, quando destinado à contagem recíproca junto a regime próprio de previdência social de servidor público. ENUNCIADO 23 – A qualidade de segurado, para fins de concessão de auxílio-doença e aposentadoria por invalidez, deve ser verificada quando do início da incapacidade. ENUNCIADO 24 – O valor da causa, em ações de revisão da renda mensal de benefício previdenciário, é calculado pela diferença entre a renda devida e a efetivamente paga multiplicada por 12 (doze). ENUNCIADO 25 – A competência dos Juizados Especiais Federais é determinada unicamente pelo valor da causa e não pela complexidade da matéria (art. 3º da Lei nº 10.259/2001). ENUNCIADO 26 – As ações de repetição de indébito de contribuições previdenciárias têm natureza tributária e não previdenciária. ENUNCIADO 27 – O incapaz pode ser parte autora nas ações perante o Juizado EspecialFederal. ENUNCIADO 28 – O prazo para a interposição e para a resposta do Recurso Sumário é de 10 (dez) dias. ENUNCIADO 29 – A interposição do Recurso Sumário independe de traslado de peças. ENUNCIADO 30 – Não cabe a concessão de prazo especial, em quádruplo ou em dobro, no âmbito do Juizado Especial Federal. ENUNCIADO 31 – Cabe recurso da sentença que julga extinto o processo sem o julgamento do mérito. ENUNCIADO 33 – Incide contribuição previdenciária sobre o 13º salário nos termos do § 2º do artigo 7º da Lei nº 8620/93. ENUNCIADO 34 – Não cabe recurso adesivo nos Juizados Especiais Federais. ENUNCIADO 35 – O ajuizamento da ação de concessão de benefício da seguridade social reclama prévio requerimento administrativo. ENUNCIADO 36 – O ajuizamento da ação revisional de benefício da seguridade social que não envolva matéria de fato dispensa o prévio requerimento administrativo. ENUNCIADO 37 – É possível ao relator negar seguimento ou não conhecer de recurso manifestamente inadmissível, prejudicado, improcedente ou em confronto com a Jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal, Superior Tribunal de Justiça, Turma Nacional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais, Turma Regional de Uniformização de Jurisprudência dos Juizados Especiais Federais e de Enunciados destas Turmas Recursais. ENUNCIADO 38 – A decisão monocrática que negar seguimento ou não conhecer de recurso no âmbito destas Turmas Recursais substitui, para todos os efeitos, a decisão colegiada. ENUNCIADO 39 – Aplicam-se as disposições contidas no parágrafo único do artigo 14 do CPC às multas impostas no âmbito do Juizado Especial Federal, em decorrência do descumprimento de suas decisões. Cover Page Capa Folha de rosto Créditos Agradecimentos Dedicatória Apresentação Lista de abreviações Sumário Parte I. Apontamentos sobre o sistema dos Juizados Especiais 1. Dos Juizados Especiais de Pequenas Causas aos Juizados Especiais Cíveis: um pouco de história 2. A Lei nº 9.099/1995 e os Juizados Especiais Cíveis 3. A Lei nº 12.153/2009 e os Juizados Especiais da Fazenda Pública 3.1. O sistema dos Juizados Especiais estaduais 4. A Lei nº 10.259/2001 e os Juizados Especiais Federais Parte II. Comentários à Lei 9.099/1995 – Juizados Especiais Cíveis Parte III. Comentários à Lei nº 12.153/2009 – Juizados Especiais da Fazenda Pública Parte IV. Comentários à Lei nº 10.259/2001 – Juizados Especiais Cíveis Federais Parte V. Revisão de conteúdo: Questões de concursos referentes aos Juizados Especiais Parte VI. Referências bibliográficas Apèndice Fórum Nacional dos Juizados Especiais - FONAJE - Enunciados Cíveis - Fonaje - Enunciados da Fazenda Pública Fórum Nacional dos Juizados Especiais Federais – FONAJEF - Enunciados Cíveis Súmulas do Conselho da Justiça Federal - Turma de uniformização das decisões das turmas recursais dos Juizados Especiais Federais - Turmas recursais do Juizado Especial Federal de São Paulo/SPque, uma ação de despejo por falta de pagamento, mesmo que o valor não exceda a 40 salários mínimos, não poderá ser processada e julgada pelo JEC, por não ter competência para tanto. 4. Ações possessórias sobre bens imóveis cujo valor não exceda a 40 salários mínimos (inciso IV): Estabelece-se, aqui, um duplo critério: em razão da natureza da ação e econômico. As ações possessórias são a manutenção e reintegração de posse e o interdito proibitório (previstas no CPC/2015, arts. 560 a 568). Todas essas ações são admitidas no JEC, desde que se refiram a bens imóveis, cujo valor não exceda a 40 salários mínimos. Competência para a execução. Entende-se por execução o processo ou procedimento próprio para a realização de título executivo judicial ou extrajudicial, conforme o caso. O JEC tem competência, também, para a execução, seja de seus próprios julgados (procedimento incidental ao processo de conhecimento), seja para títulos executivos extrajudiciais (processo autônomo), como veremos a seguir. 1. Seus próprios julgados (inciso I). As sentenças proferidas pelo JEC, inclusive as de conciliação, são títulos executivos judiciais e, se não cumpridas espontaneamente, sujeitam-se à execução forçada, na forma do disposto no art. 52. No processo comum, esse tipo de execução recebe o nome de cumprimento de sentença. A execução da sentença far-se-á perante o próprio juízo que a proferiu. 2. Títulos executivos extrajudiciais (inciso II). Também se confere ao JEC a competência para execução de títulos executivos extrajudiciais, desde que seja no valor de até 40 salários mínimos, seguindo-se o disposto no art. 53. Essa forma de execução constitui um processo autônomo. Exclusão da competência funcional do JEC. Esse § 2º relaciona as causas que, independentemente de valor, não estão sujeitas à competência do JEC, ou seja, estão excluídas da sua competência funcional. Como já vimos, ao analisar o caput do art. 3º, a competência do JEC é exclusiva ao inverso, ou seja, ela é absoluta naquilo que ela exclui. Desta forma, não serão admitidas ao procedimento do JEC, por exclusão expressa, as seguintes causas: 1. Alimentar: As ações de alimentos são ações de procedimento especial que contam com lei própria (Lei nº 5.478/1968), competindo o seu conhecimento e julgamento às vara de família (onde houver). 2. Falimentar: As ações de natureza falimentar (incluindo a recuperação judicial) estão previstas em lei própria (Lei nº 11.101/2005) e, por si só, são demasiadamente complexas para serem processadas no JEC. Todavia, ações de competência do JEC, movidas contra empresas que se encontrem em liquidação extrajudicial ou em recuperação judicial poderão ser processadas no JEC, até que alcancem decisão de mérito transitada em julgada, constituindo o título executivo judicial, para posterior habilitação de crédito. FONAJE, enunciado 51. Os processos de conhecimento contra empresas sob liquidação extrajudicial, concordata ou recuperação judicial devem prosseguir até a sentença de mérito, para constituição do título executivo judicial, possibilitando a parte habilitar o seu crédito, no momento oportuno, pela via própria. 3. Fiscal e fazenda pública: As execuções fiscais são processadas perante as varas de execução fiscal (onde houver) ou varas de serviços anexos das Fazendas, que detêm competência absoluta para tanto. Para as ações contra a Fazenda Pública, existe o Juizado Especial da Fazenda Pública (Lei nº 12.153/2009). 4. Ações de procedimento especial: As ações de procedimento especial, previstas no CPC/2015, arts. 539 a 770, não são admitidas para processamento no JEC, conforme enunciado 8 do FONAJE. FONAJE, enunciado 8. As ações cíveis sujeitas aos procedimentos especiais não são admissíveis nos Juizados Especiais. Desta forma, independentemente do valor, não serão admitidas ação consignatória, ação de exigir contas, ação de divisão e demarcação de terras, inventário e arrolamento, ação monitória, entre outras. Serão admitidas, todavia, as ações possessórias, na forma do art. 3º, IV. O procedimento do JEC é sempre opcional. Como já salientamos, a competência do JEC é sui generis, porque ela é absoluta apenas no que exclui. Naquilo que é admitido, ela é opcional e concorrente. Desta forma, ninguém pode ser obrigado a propor sua ação no JEC: a escolha é do autor da ação, que poderá propô-la perante a Justiça Comum, se assim o desejar. Nesse particular, a redação desse § 3º não deixa margem a dúvidas: “a opção pelo procedimento previsto nesta lei…”. Como é certo que a lei não emprega expressões inúteis, e o § 3º em comento está ligado à questão da competência, não há nenhuma dificuldade em estabelecer tal afirmação. Para espancar de vez qualquer controvérsia que ainda se pudesse estabelecer sobre essa questão, foi editado o enunciado 1 do FONAJE: FONAJE, enunciado 1. O exercício do direito de ação no Juizado Especial Cível é facultativo para o autor. Opção pelo procedimento e renúncia do crédito excedente. Esse § 3º estabelece que ao exercer a opção pelo procedimento do JEC – em detrimento da opção pela Justiça Comum – o autor da ação renuncia a eventual valor excedente do limite de 40 salários mínimos. Essa renúncia é tácita. É preciso analisar esse dispositivo com muita calma, para não tirar conclusões precipitadas e equivocadas. Como afirmamos alhures, a lei estabelece dois critérios para a competência do JEC, sendo que apenas um deles é econômico (art. 3º, I). Destarte, o dispositivo do § 3º em comento só há de ser aplicado nos casos fundamentados no inciso I do art. 3º, ou seja, que estabelece a competência em razão do valor, limitando-o a 40 salários mínimos. Nesses casos, para o que passar de 40 salários mínimos, haverá a renúncia do crédito excedente. Todavia, para as hipóteses divisadas no inciso II do art. 3º, em que a competência é determinada não pelo valor, mas pela natureza da causa, não se aplicará o comando deste § 3º. É que, em tais situações, não há limitação de valor de alçada, de sorte que nunca haverá “crédito excedente”, não tendo, pois, o que renunciar. Deste modo, por exemplo, um condomínio poderá ajuizar ação de cobrança contra o condômino inadimplente de uma dívida de valor superior a 40 salários mínimos perante o JEC, sem que haja renúncia do “valor excedente”. Conciliação como exceção. Em casos de conciliação, que é a essência da Lei nº 9.099/1995, não haverá limite de alçada. Por isso mesmo que é perfeitamente cabível que haja conciliação em valor superior a 40 salários mínimos. Nesse sentido, não haverá renúncia de “crédito excedente”. A conciliação se apresenta, assim, como uma exceção ao disposto nesse § 3º em comento. Competência em razão do lugar. Definida a competência funcional do juizado especial cível para uma determinada ação, resta então saber em qual juizado a ação deve ser proposta, vale dizer, qual o foro competente. Diz-se, pois, da competência em razão do lugar. Esse tipo de competência é fixado segundo as regras estabelecidas na lei processual e é sempre relativa, admitindo-se a prorrogação de competência, caso não seja alegada pelo réu no momento oportuno. Por isso mesmo, o juiz não pode, de ofício, conhecer da incompetência relativa, cuja alegação deve ser feita pelo réu na sua contestação (vide comentários ao art. 30). Critérios para fixação da competência “ratione loci”. O art. 4º em comento estabelece os critérios para fixação da competência. São eles: 1. Foro do domicílio do réu: É a regra geral. A ação processada perante o JEC sempre poderá ser ajuizada no foro do domicílio do réu (ver parágrafo único abaixo). Inclui-se, aí, o foro do local onde o réu exerça suas atividades econômicas ou mantenha estabelecimento, agência, filial, sucursal ou escritório (todos equivalentes ao “domicílio do réu”). 2. Foro do lugar onde a obrigação deva ser satisfeita: Como alternativa, a critério do autor, a ação poderá ser proposta no foro do local onde a obrigação deva ser cumprida. Esse local normalmente constado contrato ou da declaração de vontade quando a obrigação foi assumida. Essa regra vale para as ações de obrigação de dar, de fazer e de não fazer. 3. Foro do domicílio do autor, ou do local do fato, se a ação for de reparação de danos de qualquer natureza: Essa regra, também alternativa e a critério do autor, vale para qualquer tipo de ação indenizatória. Conflito de competência. Ocorre conflito de competência quando dois ou mais juízes se declaram competentes ou incompetentes. Será conflito positivo quando se consideram competentes para julgar uma ação, e será negativo quando se consideram incompetentes. No caso dos JEC, havendo conflitos de competência, a decisão compete à Turma Recursal. Se o conflito de dá entre juizados subordinados à mesma Turma Recursal, a ela cabe decidir o conflito. Se subordinados a Turmas diferentes, o julgamento do incidente caberá à Turma Recursal para a qual foi distribuído originalmente. FONAJE, enunciado 91. O conflito de competência entre juízes de Juizados Especiais vinculados à mesma Turma Recursal será decidido por esta. Inexistindo tal vinculação, será decidido pela Turma Recursal para a qual for distribuído. Conexão. Ocorrerá conexão quando houver duas ou mais ações com identidade comum do pedido ou da causa de pedir, ou seja, dos elementos objetivos da demanda, na forma do disposto no CPC/2015, art. 55. A conexão reconhecida implica na modificação da competência (CPC/2015, art. 54), porque as ações conexas devem ser reunidas, obrigatoriamente, para decisão conjunta, na forma do CPC/2015, art. 58. Os processos submetidos ao procedimento do JEC estão sujeitos à conexão. FONAJE, enunciado 73. As causas de competência dos Juizados Especiais em que forem comuns o objeto ou a causa de pedir poderão ser reunidas para efeito de instrução, se necessária, e julgamento. Regra geral de competência. No sistema processual do JEC, a regra geral de competência, qualquer que seja a natureza da causa, é que a ação pode ser proposta no foro do domicílio do réu. As regras de competência em razão do lugar são criadas para conveniência do jurisdicionado (ao contrário das regras de competência em razão da matéria, que o são para conveniência do Estado). Por isso se tratam de regras relativas, que podem ser alteradas por vontade das partes. Assim sendo, o critério de escolha do foro competente, em razão do lugar, recai sobre o autor da ação, vale dizer, nas ações em que a regra de competência favorece o autor (como nas ações indenizatórias, por exemplo) ele pode optar por propor a ação no foro do domicílio do réu, abrindo mão da vantagem que a lei lhe oferece. O juiz. Juiz de direito é a pessoa que exerce a jurisdição (CPC/2015, art. 16). Para ser juiz, a pessoa deve submeter-se a um concurso público (CF, art. 37, II c.c 93, I), ser aprovada e tomar posse do cargo, quando será investida na jurisdição, estando apta para julgar os processos dentro do limite da sua competência. O juiz é um dos sujeitos do processo, sendo responsável pela sua condução. Ele deve dirigir o processo com isenção, imparcialidade, dispensando tratamento igual entre as partes (CF, art. 5º, caput; CPC/2015, art. 7º). Ao aplicar o ordenamento jurídico, o juiz deve atender aos fins sociais e às exigências do bem comum, resguardando e promovendo a dignidade da pessoa humana e observando a proporcionalidade, a razoabilidade, a legalidade, a publicidade e a eficiência (CPC/2015, art. 8º). Além disso, o juiz, no sistema do JEC, tem ampla liberdade para determinar as provas a serem produzidas, podendo indeferir as que entender excessivas, impertinentes ou protelatórias (art. 33, a cujos comentários remetemos o leitor), bem como para apreciá-las e valorá-las. O juiz tem, ainda, a prerrogativa de dar valor às regras de experiência, comuns ou técnicas. Isso significa que o juiz, ao analisar os fatos, valorar a prova e julgar o processo, pode levar em conta suas próprias experiências de vida para encontrar a melhor solução para a lide. Regras de julgamento. O juiz do JEC não pode ser um mero aplicador de lei, em seu sentido estrito e/ou literal. Por isso, no julgamento de uma ação submetida ao procedimento do JEC, o juiz deverá buscar a decisão que for mais justa e equânime. Justa é a decisão correta, íntegra e reta, que melhor se encaixa naquele determinado caso concreto. Equânime é a decisão que é ponderada, equilibrada, prudente. Ao julgar a ação, o juiz do JEC deve buscar atender aos fins sociais da lei e às exigências do bem comum. Isso na verdade é regra de interpretação da lei, sendo que comando igual consta do art. 5º da LINDB: LINDB, art. 5º. Na aplicação da lei, o juiz atenderá aos fins sociais a que ela se dirige e às exigências do bem comum. Na interpretação da lei, o seu aplicador não deve se guiar apenas pelo seu sentido literal, ou analisá-la isoladamente. Deve-se buscar um sentido mais profundo para dar a ela, verificando os fins sociais que a norteiam. Como afirmamos em outra oportunidade (SALES, 2017: 112), o juiz não deve ser um mero aplicador da letra fria da lei, mas deve, sim, buscar o sentido da lei, o ‘espírito’ dela, que lhe permita atingir os fins sociais e as exigências do bem comum, de sorte a resguardar a promover a dignidade da pessoa humana (art. 1º, III, da CF). Além disso, a lei tem uma função essencial que é servir à sociedade, por isso deve-se buscar sentido em face do que dela exige o bem comum. Não bastasse, ela deve ser analisada em seu conjunto, dentro do sistema jurídico, e de acordo com os princípios que a informam. Os juízes leigos e os conciliadores. Juízes leigos são pessoas admitidas a auxiliar o juiz de Direito (togado) na condução do processo e no próprio julgamento. É uma criação própria da Lei nº 9.099/1995. Os juízes leigos devem, de preferência, ser advogados, com mais de 5 (cinco) anos de carreira, e admitido ao serviço público mediante concurso. Conciliadores são auxiliares da justiça, preferencialmente bacharéis em Direito, e admitidos por concurso, tendo a função de conduzir as sessões de conciliação, sob a supervisão de um juiz, togado ou leigo. Impedimento ou incompatibilidade? Segundo o que consta desse parágrafo único em comento, o juiz leigo – e também o conciliador – que for advogado, ficará impedido de exercer a advocacia perante o Juizado Especial. Não se trata, efetivamente, de impedimento, mas sim de incompatibilidade, na forma do disposto no EAOAB, art. 28, II. Essa incompatibilidade, todavia, é restrita apenas ao próprio Juizado onde o juiz leigo ou o conciliador exercem sua função. Nesse sentido, o enunciado 40 do FONAJE: FONAJE, enunciado 40. O conciliador ou juiz leigo não está incompatibilizado nem impedido de exercer a advocacia, exceto perante o próprio Juizado Especial em que atue ou se pertencer aos quadros do Poder Judiciário. Assim, não há nenhum impeditivo legal para que o juiz leigo ou o conciliador possa exercer a advocacia perante outros órgãos do Poder Judiciário, e até mesmo perante outros Juizados Especiais. A única restrição, pois, se dá, por incompatibilidade, com o próprio Juizado onde ele exerce as funções em questão. Partes. Ao lado do juiz, as partes são os outros sujeitos do processo. São sujeitos parciais, que têm interesse direto na solução da lide. A relação processual parcial é polarizada entre autor e réu, que representam, respectivamente, a parte ativa (ou legitimado ativo) e a parte passiva (ou legitimado passivo) da demanda, ocupando, cada qual, o seu polo respectivo (ativo e passivo), defendendo os seus próprios interesses processuais. Impedidos de ser parte no Juizado Especial Cível. Por se tratar de um procedimento especial, baseado nos princípios da simplicidade, da oralidade e da celeridade, algumas pessoas estão impedidas de ser parte nos processos sujeitos ao JEC, seja como autor ou como réu. Tais pessoas estão relacionadas no art. 8º em comento, em numerus clausus, ou seja, em rol taxativo. São elas: 1. O incapaz: Capacidade é a aptidão das pessoasnaturais de exercerem os atos da vida civil. Incapaz é quem não tem capacidade, ou seja, não está apto a, sozinho, praticar tais atos. Os incapazes estão relacionados no CC, arts. 3º e 4º (com a redação dada pela nº Lei 13.146/2015), que os classificam em absolutamente incapazes e relativamente incapazes: CC, art. 3º. São absolutamente incapazes de exercer pessoalmente os atos da vida civil os menores de dezesseis anos. CC, art. 4º. São incapazes, relativamente a certos atos, ou à maneira de os exercer: I – os maiores de dezesseis e menores de dezoito anos; II – os ébrios habituais e os viciados em tóxico; III – aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade; IV – os pródigos. Detém capacidade processual (qualidade para ser parte no processo) quem tem capacidade para os atos da vida civil. Logo, quem é incapaz não poderá, sozinho, ser parte no processo. Para que isso ocorra, os absolutamente incapazes devem ser representados, ao passo que os relativamente capazes devem ser assistidos, por seus representantes legais. É por essa razão que o incapaz não está autorizado a ser parte no procedimento do JEC, em razão dos princípios que o informam. Vale ressaltar que não há diferença, para a proibição em referência, entre o absolutamente e o relativamente incapaz. 2. O preso: Preso é quem está recolhido à unidade prisional, seja em virtude de uma sentença penal condenatória, seja por conta de alguma modalidade de prisão cautelar, de sorte que ele tem sua liberdade tolhida, estando impedido pela autoridade judiciária, legalmente, de exercer o seu direito de ir e vir. No procedimento do JEC, o comparecimento da parte às audiências é obrigatório, tanto para o autor (art. 51, I), quanto para o réu (art. 20). É por essa razão – óbvia – que o preso não está admitido a ser parte. 3. As pessoas jurídicas de Direito Público: São pessoas jurídicas de Direito Público, conforme dispõe os arts. 41 e 42 do Código Civil: CC, art. 41. São pessoas jurídicas de direito público interno: I – a União; II – os Estados, o Distrito Federal e os Territórios; III – os Municípios; IV – as autarquias, inclusive as associações públicas; V – as demais entidades de caráter público criadas por lei. CC, art. 42. São pessoas jurídicas de direito público externo os Estados estrangeiros e todas as pessoas que forem regidas pelo direito internacional público. A lei do JEC não faz diferença entre pessoas jurídicas de direito público interno ou externo: ambas estão impedidas de serem partes no procedimento do JEC. 4. As empresas públicas da União: A competência para julgar ações que envolvem empresas públicas da União é da Justiça Federal, daí porque não se admite que sejam parte nos processos do JEC. Para tanto, existe o Juizado Especial Federal. 5. A massa falida: Massa falida é o acervo ativo e passivo de bens e interesses do falido, sem personalidade jurídica própria, que passa a ser administrado e representado pelo Administrador Judicial, após a decretação judicial da falência do empresário ou da sociedade empresária. Por força do princípio do juízo universal, as ações de interesse da massa devem ser julgadas pelo juiz da falência. Como explica Fábio Ulhoa Coelho (2008: 319), “é a chamada aptidão atrativa do juízo falimentar, ao qual conferiu a lei a competência para conhecer e julgar todas as medidas judiciais de conteúdo patrimonial referentes ao falido ou à massa falida”. Todavia, tem-se entendido que as ações contra empresa em liquidação judicial, concordata ou recuperação judicial, em fase de conhecimento, devem seguir no JEC até o trânsito em julgado da sentença de mérito. FONAJE, enunciado 51. Os processos de conhecimento contra empresas sob liquidação extrajudicial, concordata ou recuperação judicial devem prosseguir até a sentença de mérito, para constituição do título executivo judicial, possibilitando a parte habilitar o seu crédito, no momento oportuno, pela via própria. 6. O insolvente civil: As ações contra o insolvente civil também estão sujeitas ao juízo universal da insolvência. Quem pode demandar perante o JEC. Enquanto o caput do art. 8º estabelece o rol de pessoas excluídas da alçada do JEC, esse § 1º é bem mais restritivo, estabelecendo quem está apto a ser autor da ação perante o JEC. E tal restrição se nota pelo uso do advérbio “somente”, o que significa que quem não se enquadrar no rol dos incisos I a IV não poderá propor ação no juizado. 1. Pessoas físicas. Em geral, as pessoas físicas estão admitidas a propor ação perante o JEC, desde que não incluídas no rol do caput do art. 8º (o incapaz, o preso, o insolvente). Todavia, estão excluídas as pessoas físicas que sejam cessionárias de direito de pessoa jurídica. Essa proibição se justifica, porque como a pessoa jurídica, em regra, não é admitida como autor no JEC, a pessoa física a quem ela ceder o direito também não será. Não fosse assim, haveria um jeito de burlar aquilo que a lei quis proibir. 2. Pessoas jurídicas. A regra, aqui, é oposta: a pessoa jurídica não é admitida como autor no JEC. A exceção fica por conta dos microempreendedores individuais, microempresas e empresas de pequeno porte, em razão do tratamento diferenciado que lhes é conferido pela CF, arts. 170, IX, e 179 e pela LC 123/2006. FONAJE, enunciado 135. O acesso da microempresa ou empresa de pequeno porte no sistema dos juizados especiais depende da comprovação de sua qualificação tributária atualizada e documento fiscal referente ao negócio jurídico objeto da demanda. FONAJE, enunciado 141. A microempresa e a empresa de pequeno porte, quando autoras, devem ser representadas, inclusive em audiência, pelo empresário individual ou pelo sócio dirigente. FONAJE, enunciado 146. A pessoa jurídica que exerça atividade de factoring e de gestão de créditos e ativos financeiros, excetuando as entidades descritas no art. 8º, § 1º, inciso IV, da Lei nº 9.099/95, não será admitida a propor ação perante o Sistema dos Juizados Especiais (art. 3º, § 4º, VIII, da Lei Complementar nº 123, de 14 de dezembro de 2006). 3. OSCIP’s. OSCIP – organização da sociedade civil de interesse público – é uma pessoa jurídica de direito privado, sob a forma de associação, que tem reconhecimento jurídico pela Lei nº 9.790/1999. 4. Sociedades de crédito ao microempreendedor. As sociedades de crédito ao microempreendedor têm como objetivo, conforme definido pelo Inciso I do Art. 1º da Lei nº 10.194/2001, alterado pelo art. 10 da Lei nº 11.110/2005, a concessão de financiamentos a pessoas físicas e microempresas, com vistas à viabilização de empreendimentos de natureza profissional, comercial ou industrial, de pequeno porte, equiparando-se às instituições financeiras para os efeitos da legislação em vigor, podendo exercer outras atividades definidas pelo Conselho Monetário Nacional. 5. Condomínio edilício. O condomínio edilício é um ente despersonalizado e, embora não conste expressamente da relação desse § 1º, tem sido admitido a propor ação de cobrança de cotas condominiais perante o JEC, por força de construção doutrinária e jurisprudencial. Nesse sentido, os enunciados 09 e 111 do FONAJE: FONAJE, enunciado 9. O condomínio residencial poderá propor ação no Juizado Especial, nas hipóteses do art. 275, inciso II, item b, do Código de Processo Civil. FONAJE, enunciado 111. O condomínio, se admitido como autor, deve ser representado em audiência pelo síndico, ressalvado o disposto no § 2° do art. 1.348 do Código Civil. Maioridade civil no Código Civil/2002. Com o advento do Código Civil de 2002, a maioridade civil passou a ser atingida quando a pessoa natural completa 18 anos de idade, conforme art. 5º, ficando ela apta e habilitada a todos os atos da vida civil. O parágrafo 2º em comento não tem mais nenhuma utilidade ou aplicação prática. Ele remonta à época da promulgação da Lei nº 9.099, em 1995, quando vigorava, ainda, o Código Civil de 1916, que estabelecia a idade de 21 anos para cessação da menoridade, desorte que havia sentido em estabelecer que o maior de 18 anos (que era, então, relativamente incapaz) pudesse demandar no JEC sem assistência. Como hoje a menoridade – e, logo, a incapacidade – cessa aos 18 anos, por óbvio não há necessidade, mesmo, de assistência. Comparecimento obrigatório e pessoa das partes. No sistema do JEC, o comparecimento pessoal das partes é obrigatório (ver comentários art. 20). Já quanto à sua representação por advogado, duas situações se afiguram: 1) para casos cujo valor seja de até 20 salários mínimos: a assistência por advogado é facultativa; e, 2) para casos cujo valor seja superior a 20 salários mínimos: a assistência por advogado é obrigatória. O FONAJE tem entendimento, consubstanciado no enunciado 36 – com o qual não concordamos –, de que a assistência só é obrigatória a partir da fase de instrução, de sorte que o pedido e a conciliação não dependeriam da assistência do advogado. FONAJE, enunciado 36. A assistência obrigatória prevista no art. 9º da Lei nº 9.099/1995 tem lugar a partir da fase instrutória, não se aplicando para a formulação do pedido e a sessão de conciliação. Da nossa parte, entendemos que essa é uma interpretação tanto quanto extensiva do texto legal, indo além do que nele está dito, fazendo uma distinção que a própria lei não fez e, segundo a nossa ótica, se a causa a ser proposta é de valor superior a 40 salários mínimos, a presença do advogado já deve ser exigida desde o início, para a sua propositura. Por outro lado, o advogado será indispensável para a fase recursal, qualquer que seja o valor da ação (art. 41, § 2º). Nas causas cujo valor seja de até 20 salários mínimos, em que a participação do advogado é facultativa, se uma das partes estiver assistida por advogado e a outra não, esta terá, se quiser, a assistência de um profissional habilitado, nomeado, na hora, pelo juiz, dentre os indicados pelo órgão instituído junto ao Juizado, na forma da lei local. Esse serviço de assistência judiciária é de competência da Defensoria Pública, que pode delegá-lo, mediante convênio, para a Ordem dos Advogados do Brasil. O objetivo do dispositivo desse § 1º é garantir a paridade e a igualdade de condições entre os litigantes. FONAJE, enunciado 48. O disposto no § 1º do art. 9º da lei nº 9.099/1995 é aplicável às microempresas e às empresas de pequeno porte. Embora a obrigatoriedade de representação por advogado esteja ligada apenas ao conteúdo econômico da demanda, muitas vezes a causa se apresenta com elevado grau de complexidade, mesmo que tenha valor inferior a 20 salários mínimos. Nestes casos, o juiz deverá sempre alertar as partes da importância e da conveniência da presença de um advogado que patrocine a causa. Mandato é o contrato que se estabelece entre o cliente e o advogado, conforme previsto no CC, art. 653, primeira parte. O instrumento do mandato é a procuração, vale dizer, é o documento em que o cliente outorga poderes para que o advogado o represente em juízo ou fora dele. Em razão disso, é o comando do EAOAB, art. 5º, de que o advogado postula, em juízo ou fora dele, fazendo prova do mandato (cf. SALES e MENDES, 2014: 34). Para a atuação no JEC, todavia, o advogado não precisa de procuração (que é forma escrita do mandato que lhe foi outorgado). O mandato poderá ser outorgado verbalmente, na própria audiência, devendo ficar constando do termo da sessão. O mandato verbal, chamado apud acta, habilita o advogado para todos os atos do processo, inclusive em grau de recurso. FONAJE, enunciado 77. O advogado cujo nome constar do termo de audiência estará habilitado para todos os atos do processo, inclusive para o recurso. Preposto. Conforme explica MARTINS (2005: 250), “preposto vem do latim praepostus, de praeponere, que tem o significado de posto adiante, à testa da operação, para conduzi-la ou dirigi-la”. Nos dicionários de língua portuguesa, encontramos o vocábulo preposto, substantivo masculino, no sentido de pessoa que dirige um negócio, uma empresa, por indicação do proprietário. No procedimento do JEC, o preposto é quem, por nomeação, delegação ou incumbência recebida de outro, irá representar o empregador junto ao Poder Judiciário. Não há necessidade de que o preposto mantenha vínculo de emprego com o preponente. O preposto deve ter autorização escrita para poder representar o empregador, conforme determina o CC, art. 1.169. Não se admite autorização oral. O preposto, para representar a parte na audiência, deve apresentar uma carta de preposição (ou documento equivalente). Não se pode admitir como preposto quem não apresenta tal documento. A carta de preposição, ou documento equivalente, deve ser apresentada ao juiz no início da audiência. Todavia, tem-se admitido a juntada posterior do documento, devendo o juiz assinalar prazo para tanto. Nesse sentido, o enunciado 99 do FONAJE. FONAJE, enunciado 99. O preposto que comparece sem carta de preposição, obriga-se a apresentá- la no prazo que for assinado, para validade de eventual acordo, sob as penas dos artigos 20 e 51, I, da Lei nº 9.099/1995, conforme o caso. Intervenção de terceiros. Intervenção de terceiros é uma forma incidental de ampliação subjetiva da lide, vale dizer, é o meio pelo qual um terceiro passa a integrar a lide, alterando a relação processual original. Como ensina Cândido Rangel Dinamarco (2003.b: 368), “intervenção de terceiros é o ingresso de um sujeito em processo pendente entre outros, como parte”. Para Fredie Didier Jr. (2007.a: 299), a intervenção de terceiros é fato jurídico processual que implica modificação de relação jurídica processual já existente. Trata-se de ato jurídico processual pelo qual um terceiro, autorizado por lei, ingressa em processo pendente, transformando-se em parte. Terceiro é qualquer pessoa que, originalmente, não faça parte do processo, e o fundamento da sua intervenção é a existência de certa proximidade entre ele e o objeto da ação, prevendo-se que o julgamento da lide projetará algum efeito indireto sobre sua esfera de direito (cf. DINAMARCO, 2003.b: 369). As formas de intervenção de terceiros, previstas no CPC/2015, são: 1) assistência; 2) denunciação da lide; 3) chamamento ao processo; 4) incidente de desconsideração da personalidade jurídica; e, 4) amicus curiae. Vedação da intervenção de terceiros no procedimento do JEC. A Lei nº 9.099/1995, ao instituir o procedimento dos Juizados Especiais Cíveis (JEC), estabeleceu, como seus princípios norteadores, a oralidade, simplicidade, informalidade, economia processual e celeridade (art. 3º). Em atenção a esses princípios, especialmente a celeridade, proíbe-se qualquer forma de intervenção de terceiros, como se vê desse art. 10 em comento. O ingresso de terceiros nos autos, por meio de intervenção, cria um complicador para o processo, ao estabelecer, dentro dele, outra relação jurídica e, com isso, atrasa-se a prestação jurisdicional. Daí o porquê da proibição. Fredie Didier Jr. (2007.a: 301) ressalta que “no procedimento dos Juizados Especiais Cíveis, de acordo com o art. 10, LF nº 9.099/95, não se admite intervenção de terceiro no juizado especial cível”, em razão de que, se admitida, comprometeria a celeridade do rito. Da mesma forma, Cândido Rangel Dinamarco (2003.c: 786), ao esclarecer que “integra o modelo diferenciado do processo dos juizados cíveis a exclusão de qualquer modalidade de intervenção de terceiro, quer voluntária, quer provocada”. Assim, por expressa e clara disposição legal – e que não dá margem a nenhum tipo de interpretação divergente – não cabe nenhum tipo de intervenção de terceiros no procedimento do JEC. Litisconsórcio. Litisconsórcio é a reunião de duas ou mais pessoas no polo ativo ou no polo passivo da ação. Ele pode ser: 1. Ativo, passivo ou misto: Ativo é o litisconsórcio de autores; passivo é o de réus; e misto é o que ocorre nos dois polos. 2. Inicial ou ulterior: Inicial é o que se forma com a formação do processo; ulterior é o que se forma posteriormente. 3. Unitário ou simples:Unitário é aquele em que o provimento jurisdicional tem que decidir de modo uniforme a situação jurídica dos litisconsortes, não se admitindo, para eles, julgamento diferente; simples é aquele em que a decisão não precisa ser igual para os litisconsortes. 4. Necessário e facultativo: Necessário é o litisconsórcio que ocorre quando a presença conjunta de todos os litisconsortes é indispensável; facultativo é aquele cuja formação fica a critério exclusivo do autor. O litisconsórcio, em qualquer das suas modalidades, é admitido no JEC por expressa determinação legal, como visto na parte final do art. 10 em comento. Participação do Ministério Público. O Ministério Público é uma instituição essencial à justiça, com atribuições específicas definidas na CF, art. 127: CF, art. 127. O Ministério Público é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe a defesa da ordem jurídica, do regime democrático e dos interesses sociais e individuais indisponíveis. As atribuições do MP não contemplam os direitos individuais disponíveis (cuja defesa, no caso dos necessitados, fica a cargo da defensoria pública). Como fiscal da ordem pública (custos legis), o MP atua intervindo em processos, conforme previsto em lei ou na Constituição. Além disso, conforme disposto no CPC/2015, art. 178, o MP intervirá nos processos em que envolvam 1) interesse público ou social, revelado pela natureza da causa; 2) interesse de incapaz, sempre que este for autor ou réu; e 3) litígios coletivos pela posse da terra rural ou urbana, em razão, exatamente, da sua natureza coletiva ou difusa. Vislumbra-se, daí, a quase nenhuma participação do MP nas ações do JEC. Uma vez que incapazes não são admitidos como partes nos processos de competência do JEC (art. 8º) e que conflitos coletivos pela posse de terra urbana ou rural dificilmente terão valor até 40 salários mínimos (art. 3º, IV), só sobraria o interesse público ou social para justificar atuação do MP. Nos casos em que o MP tenha de intervir, como custos legis, ele deverá ser intimado para se manifestar no prazo de 30 dias (CPC/2015, art. 178). Além disso, ele terá o direito de ter vistas dos autos sempre depois das partes, a ser intimado de todos os atos processuais e a produzir provas, formular requerimentos ao juiz e recorrer da decisão (CPC/2015, art. 179). Princípio da publicidade. O princípio da publicidade está previsto na CF/88, no art. 93, IX: CF, art. 93. […] IX - todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interesse público à informação; No procedimento do JEC, como não poderia deixar de ser por conta da previsão constitucional, todos os atos processuais são públicos, na forma do art. 12 em comento. De maneira geral, não há motivos para que o processo corra em segredo de justiça – que é a exceção ao princípio da publicidade – eis que não se processam ações de família ou de Estado, nem de alimentos, ou qualquer outra que o justifique. É claro que, dependendo da peculiaridade do caso concreto, o juiz pode decretar o segredo de justiça no processo, em razão do interesse público ou social de que ele se reveste, mas são casos raros e isolados. Uma particularidade interessante é que a Lei nº 9.099/1995 autoriza que os atos processuais realizem-se em horário noturno, ou seja, após as 20h00, que é o horário normal de encerramento do expediente forense (CPC/2015, art. 212). Princípio da instrumentalidade e da liberdade das formas. Em face dos princípios da simplicidade e da oralidade, os atos processuais não dependem de forma predefinida. Os atos processuais podem ser realizados de qualquer forma, e serão reputados válidos sempre que alcançarem a finalidade. O que importa, de verdade, é que o ato processual tenha atingido seu objetivo, não importando a forma. “Pas de nulitté sans grief”. A nulidade do ato processual só poderá ser declarada se dela decorreu prejuízo efetivo para a parte. Se não houve prejuízo, ou se este não ficar demonstrado, não há o que se anular. O sistema do JEC privilegia ao máximo a validade dos atos processuais, desde que os fins de justiça do processo e a finalidade do ato sejam alcançados (caput). Por isso que a declaração da nulidade dos atos processuais depende da demonstração da existência de prejuízo à parte interessada. Trata-se, aqui, de aplicação do princípio “pas de nullité sans grief” (não há nulidade sem prejuízo). Meios de comunicação processual. Para a prática de atos processuais em outras comarcas, não é necessária a expedição de carta precatória, podendo esta ser substituída por qualquer meio de comunicação que se mostre idôneo, inclusive por meios digitais e telemáticos. FONAJE, enunciado 33. É dispensável a expedição de carta precatória nos Juizados Especiais Cíveis, cumprindo-se os atos nas demais comarcas, mediante via postal, por ofício do Juiz, fax, telefone ou qualquer outro meio idôneo de comunicação. Dos atos praticados de forma oral, especialmente em audiência, somente os que forem considerados essenciais serão reduzidos a termo. Os demais atos, incluindo depoimentos pessoais, de peritos e de testemunhas, podem ser gravados em fita magnética ou outro meio idôneo de armazenamento de dados (ver art. 36). Tais registros serão inutilizados após o trânsito em julgado da decisão. Com exceção das gravações dos atos orais, que serão inutilizados após o trânsito em julgado, as demais peças do processo, bem como os documentos que o instruem, devem ser conservadas, de acordo com o que dispuser a lei estadual. Princípio dispositivo. A inércia do Poder Judiciário se reflete, também, nos procedimentos do JEC, no qual a atuação estatal, via poder jurisdicional, está condicionada à sua provocação, pelo interessado. Daí se vê a regra estatuída, prima facie, nesse art. 14, de que o processo será instaurado com a apresentação do pedido à Secretaria do Juizado, o que pressupõe, pois, o exercício do direito de ação da parte autora. Pedido ou petição inicial? Tanto faz. Em razão dos princípios da oralidade, simplicidade e da informalidade que norteiam o procedimento do JEC, não se exige, para instaurar o processo, os rigores da petição inicial, conforme previsto no CPC/2015, art. 319, até mesmo porque há situações em que a parte estará desassistida de advogado (art. 9º, primeira parte), daí porque esse art. 14 em comento faz referência apenas a pedido. Os requisitos do pedido são aqueles previstos no § 1º, abaixo. Nada impede, todavia, que a parte apresente uma petição inicial completa, especialmente se estiver representada por advogado. Não é demais lembrar que o autor poderá aditar o seu pedido até o início da audiência de instrução e julgamento. FONAJE, enunciado 157. Nos Juizados Especiais Cíveis, o autor poderá aditar o pedido até o momento da audiência de instrução e julgamento, ou até a fase instrutória, resguardado ao réu o respectivo direito de defesa (nova redação – XXXIX Encontro - Maceió-AL). Tutelas provisórias. Sobre a rubrica de tutelas provisórias, o novo CPC albergou as medidas cautelares, as antecipações de tutelas e liminares, sob a forma de tutelas de urgência e de evidência, todas elas cabíveis no procedimento do JEC, conforme dispõe o enunciado 26 do FONAJE: FONAJE, enunciado 26. São cabíveis a tutela acautelatória e a antecipatória nos Juizados Especiais Cíveis. As tutelas provisórias podem ser de urgência (CPC/2015, arts. 300 a 310) ou de evidência (CPC/2015, art. 311). As tutelas de urgência são antecipadas (CPC/2015, arts. 303 e 304) ou cautelares (CPC/2015, arts. 305 a 310), e podem ser requeridas de forma antecedente ou incidental. Uma única observação a ser feita é que as tutelas provisórias de urgência em caráter antecedentes não são