Prévia do material em texto
Técnico em Enfermagem Módulo I HISTÓRIA DA ENFERMAGEM, ÉTICA E LEGISLAÇÃO Evolução Histórica ➢ O cuidar de pessoas enfermas tem sido observado como a essência da profissão de enfermagem. No entanto o modo como esse cuidado vem sendo exercido ao longo dos anos exerce estreita relação com a história da humanidade. ➢ Os povos desenvolveram sua arte de tratar os doentes, baseados em seus conhecimentos, crenças e costumes locais. Com base nisto, se pode afirmar que o hospital, antes do século XVIII, era uma instituição de assistência aos pobres e feridos em guerras. Evolução Histórica ➢ Mas as transformações ocorridas ao longo do tempo, além das descobertas científicas, permitiram que os hospitais passassem a ser concebidos como um espaço para cuidar, tratar e curar os doentes. Tudo isto, se pode dizer, graças às mudanças resultantes da organização do trabalho de enfermagem. ➢ O dia 12 de maio é mundialmente comemorado como o Dia Internacional da Enfermeira. Era a da de nascimento de Florence Nightingale, a figura mais marcante da enfermagem mundial. Ela viveu até os 90 anos, sendo cultuada até os dias atuais, em Londres, como uma das grandes heroínas inglesas. Evolução Histórica ➢ Florence, desde a infância, gostava de cuidar de animais e crianças doentes, e se revelava uma revolucionária, não aceitando o destino reservado às mulheres de sua época: casar e ter filhos. Assim, aos 24 anos decidiu trabalhar em um hospital. ➢ No entanto, àquela época, os hospitais ingleses não ofereciam condições recomendáveis de trabalho, dado que as pessoas que prestavam algum tipo de cuidado ou assistência na área eram religiosas católicas ou anglicanas, em sua maioria composta por mulheres, sem preparo nem princípios morais, muitas vezes atuando embriagadas, sendo, por isto, mal vistas pela sociedade. Evolução Histórica ➢ De acordo com Brasil (2003), aos 31 anos Florence conseguiu autorização dos pais para fazer estágios na Alemanha, numa instituição de diaconisas, sob orientação do Pastor Fliedner, onde aprendeu a cuidar de doentes pobres. ➢ Sendo poliglota, Florence aproveitou sua estada em um hospital de Paris, onde conheceu, aprendeu e acompanhou por vários meses o trabalho assistencial e administrativo realizado pelas irmãs de caridade de São Vicente Paulo. Evolução Histórica ➢ Foi com elas que Florence aprendeu sobre regras, a cuidado com os doentes, a fazer anotações, elaborar gráficos, listas de atividades desenvolvidas, etc. Durante a Guerra de Crimeia, em 1854, Florence ofereceu seus serviços e partiu com outras 38 voluntárias de diferentes hospitais. ➢ Ao encontrar 4.000 feridos em imensos galpões, organizou a lavanderia, a cozinha e todos os serviços necessários para o cuidado dos feridos, conseguindo baixar a mortalidade de 40% para 2%. Evolução Histórica ➢ À noite, ela percorria os alojamentos e corredores do hospital improvisado com uma lamparina para poder ver os pacientes, passando a ser conhecida como a Dama da Lâmpada – motivo pelo qual até hoje a enfermagem é representada pela lâmpada, símbolo da sentinela, de vigília constante e do cuidado contínuo do profissional que trabalha junto aos doentes. ➢ Após a guerra da Criméia, Florence publicou dois livros: Notas Sobre Hospitais, em 1858, e Notas Sobre Enfermagem, em 1859. Devido ao sucesso de sua missão, recebeu homenagens do povo e do governo, além de um prêmio em dinheiro, utilizado para a organização da primeira escola de enfermagem dos tempos modernos no Hospital São Tomas, em Londres, tendo as primeiras 15 alunas matriculadas no ano seguinte. Evolução Histórica ➢ A ideia de Florence era reformar a enfermagem não apenas na Inglaterra, mas no mundo inteiro, a partir da seleção de candidatas jovens, educadas e de elevada posição social. Este rigor se dava pelo intuito de eliminar o baixo nível social daquelas que, até então, presavam assistência aos pacientes em hospitais. ➢ Apesar disto, o início foi de intensa luta, visto que poucos entendiam a necessidade de se ter enfermeiras cultas e com elevados dotes morais. E o mais grave: não se acreditava que seriam necessários estudos e preparação especial para cuidar de pessoas doentes. Evolução Histórica ➢ Acredita-se que as experiências de Florence durante sua passagem pela França, aquelas adquiridas com as regras das irmãs de caridade, de São Vicente de Paulo, além da rígida convivência com a disciplina militar, a influenciaram quanto à concepção de um modelo militarizado de organização das atividades de enfermagem. ➢ Algumas das enfermeiras diplomadas em sua escola trabalharam na Europa, e outras forma para os EUA, Canadá, Nova Zelândia e Austrália, o que permitiu a divulgação do sistema Nightingale em todo o mundo, chegando, inclusive ao Brasil. Evolução Histórica ➢ Este sistema tinha como pontos centrais: a) As enfermeiras deveriam assumir a direção das escolas de enfermagem, sendo as principais responsáveis pelo ensino metódico da profissão; b) Os critérios de conduta moral, intelectual, bem como de aptidão, deveria ser usados na seleção das candidatas. História da Enfermagem no Brasil ➢ “No Brasil, como em muitos outros países, durante um longo período, as funções de enfermagem foram relegadas ao plano doméstico ou religioso, sem nenhum caráter técnico ou científico” (BRASIL, 2003, p. 127). ➢ Os poucos hospitais que existiam àquela época, voltavam-se para o atendimento das vítimas de epidemias, soldados feridos em guerra e indigentes. Às parteiras cabia o atendimento às mulheres grávidas e doentes. História da Enfermagem no Brasil ➢ No início do século XIX, entre os graves problemas de saúde pública existentes no território nacional, destacavam-se a falta de saneamento das cidades, a precariedade das habitações, a necessidade de controle sanitário dos portos e das doenças epidêmicas, assim como alguns problemas sociais decorrentes da presença de doentes mentais perambulando pelas ruas (BRASIL, 2003, p. 127). História da Enfermagem no Brasil ➢ Nesse sentido, entre as múltiplas propostas de intervenção sobre o espaço urbano com vistas ao saneamento, tem especial importância a criação, no Rio de Janeiro, em 1824, de um hospício, chamado posteriormente de Hospital Nacional de Alienados. A criação deste pode ser considerada um marco histórico que antecedeu à criação da primeira escola de enfermagem no país. ➢ A Escola Profissional de Enfermeiros e Enfermeiras foi crida em 1890, por força de um decreto federal, no 791, que funcionava dentro do Hospital Nacional de Alienados. História da Enfermagem no Brasil ➢ Essa escola denominou-se, posteriormente, Escola de Enfermagem Alfredo Pinto, que hoje pertence à Universidade Federal do Rio de Janeiro (Unirio). Observa-se que a escola não fora instalada nos moldes do sistema Nightingale, dado que sua divulgação não havia chegado ainda Brasil. ➢ O primeiro curso de enfermagem seguindo os moldes “nightingaleanos” surgiu em São Paulo, no ano de 1895, por iniciativa de enfermeiras inglesas que praticavam também a enfermagem domiciliar, que era muito importante na época, tendo em vista que havia muita resistência à hospitalização, especialmente no que diz respeito às camadas sociais elevadas. História da Enfermagem no Brasil ➢ Por ser um grupo restrito, dirigido por pessoas ligadas à religião presbiteriana, essa iniciativa não teve grandes repercussões. Em 1916, no Rio de Janeiro, durante a Primeira Guerra Mundial, a Cruz Vermelha Brasileira criou sua escola de enfermagem, com o objetivo de preparar voluntárias para o exercício da enfermagem em frentes de batalha (BRASIL, 2003). ➢ O início da década de 1920 foi marcado pelas epidemias que assolavam o País: tifo, cólera e febre amarela. Surgiu, então, o Departamento Nacional de Saúde Pública, organizado pelo Dr. Carlos Chagas. História da Enfermagem no Brasil ➢ Com vistas a conter a epidemia de febre amarela, Carlos ChagasEutanásia ➢ A Holanda configura com o país onde a eutanásia é mais conhecida e estudada, com cerca de 2.300 a 4.000 casos a cada ano, de acordo com pesquisas, com a maioria acontecendo em casa do paciente. ➢ No que diz respeito à opinião médica, muitos são os estudos acerca do tema, porém de difícil compreensão, em virtude das diferentes linguagens e metodologias utilizadas por eles. Os dados quanto a este tema no Brasil também são muito limitados. Eutanásia ➢ Entre os oncologistas, por exemplo, não há um consenso de que a eutanásia, uma vez legalizada, possa melhorar os cuidados no final da vida. Um estudo feito pelos membros da Sociedade Americana de Oncologia revelou que, em pacientes terminais, com dor intratável, a eutanásia e suicídio assistido tiveram o apoio de apenas 22,5% dos oncologistas. ➢ Eles consideram que se o paciente recebe cuidados paliativos de forma adequada não suscita encerrar a sua vida. Eutanásia ➢ Urban (2010) afirma que no Brasil são raros os pacientes que desejariam praticar ou realizar a eutanásia, mesmo se esta fosse permitida por lei. ➢ “Os conflitos relacionados a ela são geralmente resultantes de interpretações errôneas sobre a situação real do paciente, pouca atenção aos problemas físicos, emocionais ou espirituais do mesmo e de seus familiares” (URBAN, 2010, p. 90). Eutanásia ➢ Segundo o autor, os médicos que se opõem à eutanásia, embora não neguem o valor intrínseco que a autonomia e o alívio do sofrimento possuem, advogam que a cada direito se deva empregar um dever, e que este se Urban (2010), que nenhuma sociedade democrática existe sem levar em conta os critérios de justiça, portanto não deve ser limitada a autonomia de cada cidadão. ➢ No Brasil, uma vez permitida a eutanásia, os riscos seriam maiores que os benefícios, uma vez que o acesso à saúde não é igual para todos. Nem todo cidadão brasileiro consegue receber os melhores tratamentos, seque os cuidados paliativos. Eutanásia ➢ Outro agravante reside na falta de preparação dos profissionais de saúde. “A formação médica brasileira não contempla os elementos mais importantes envolvidos nas decisões sobre o final da vida” (URBAN, 2010, p. 90). ➢ Outra questão ainda mais relevante é o fato de que as decisões sobre a eutanásia poderiam levar em conta os aspectos socioeconômicos, voltando-se para os pacientes que tenham o custo elevado para o sistema único de saúde bem como para os seus familiares. Eutanásia ➢ Há ainda a questão da dificuldade em se realizar um controle efetivo para que o processo pudesse ocorrer de acordo com os ditames legais. ➢ Sabe-se que, muitas vezes, o sofrimento do paciente suscita dos médicos e familiares muitas questões, que envolvem o afeto e compaixão pela sua dor, mas também os aportes legais e o direito de dispor da vida do outro. Eutanásia ➢ Não se tem uma preparação neste sentido. O autor sugere que o debate acerca deste tema, no Brasil, deva ser tratado no sentido de redirecionar a formação médica, humanizando-a, levando o profissional a entender o seu papel de cuidar, mais do que de curar, e a buscar aprimorar os cuidados paliativos de modo a alcançar todos os pacientes que dele necessitem. Relação médico-paciente ➢ Em artigo publicado em 2007, o Doutor Cláudio Barsanti, diretor de defesa profissional, da Sociedade de Pediatria de São Paulo, afirmou que a medicina atual vem crescendo cada vez mais, ao ponto de estar preparada para eliminar sofrimentos e salvar vidas. ➢ Os avanços da ciência e da tecnologia têm permitido às pessoas melhores condições de saúde mais longevidade. A cada quinquênio o conhecimento médico vem e ampliando, trazendo novas descobertas, com possibilidades de curas para muitas doenças até então incuráveis. Relação médico-paciente ➢ Apesar disto, segundo Barsanti (2007), a relação médico- paciente continua carecendo de melhor tratamento. É sabido que o sucesso do tratamento depende, sem dúvidas, da inter- relação que se estabelece entre o médico e o seu paciente. ➢ O autor afirma que é preciso que haja confiança, reciprocidade, compaixão, autoridade, sem que, para isso, haja submissão, de ambas as partes, além do saber ouvir e atenção aos detalhes. Relação médico-paciente ➢ O médico sabe que a sua terapêutica pode não trazer os efeitos desejados, mas este não pode furtar ao paciente a informação sobre todos os dados de sua doença, os tratamentos que serão utilizados, as possíveis complicações, riscos, do início ao fim, e até mesmo deixando claro que pode não haver evolução esperada. ➢ O autor advoga que os problemas na relação médico-paciente poderiam ser minimizados se os serviços de saúde não estivessem deteriorados, se houvesse melhores relações de trabalho para os profissionais da saúde, se houvesse melhoria na educação, desde o ensino médio, e se o nível socioeconômico fosse mais equânime entre os pacientes. Cabe ao médico evitar qualquer interferência na sua relação com o paciente. Relação médico-paciente ➢ É importante elencar quais os direitos dos pacientes e quais aqueles dos médicos . Observa-se, então, o que descrevem as alíneas A e B e seus subitens: a) direitos do paciente: Abandono - após iniciado o tratamento, o médico não pode abandonar o paciente, a não ser que tenham ocorrido fatos que comprometam a relação médico-paciente e o desempenho profissional. Deve estar assegurada a continuidade na assistência prestada. Entretanto, no caso de atendimento ambulatorial, sem caráter de urgência, o médico pode se recusar a atender determinado paciente, não se configurando omissão de socorro. Relação médico-paciente Acompanhante - o paciente tem o direito de ser acompanhado por pessoa por ele indicada, em todos os atos médicos por ele sofridos. Alta - o médico pode, ou melhor, deve se negar a conceder alta a paciente sob seus cuidados, quando considerar que isso possa acarretar risco à integridade do mesmo. Quando não incorrer em risco para o paciente, se este ou seus familiares decidirem pela alta, sem parecer favorável do médico, devem responsabilizar-se por escrito. Relação médico-paciente Anestesia - o paciente tem o direito de receber anestesia em todas as situações indicadas, bem como, pode recusar tratamentos dolorosos ou extraordinários para tentar prolongar a vida. Atendimento digno - o paciente tem direito a um atendimento digno, atencioso e respeitoso, sendo identificado e tratado pelo nome ou sobrenome. Autonomia - consentir ou recusar, de forma livre, voluntária e esclarecida, com adequada informação, procedimentos diagnósticos ou terapêuticos a serem nele realizados, desde que em posse da capacidade e discernimento de escolha. Relação médico-paciente Criança - a criança, ao ser internada, terá em seu prontuário a relação das pessoas que poderão acompanhá- la integralmente durante o período de internação. Exames - é vedada a realização de exames compulsórios, sem autorização do paciente, como condição necessária para internação hospitalar, exames pré-admissionais ou periódicos e ainda em estabelecimentos prisionais e de ensino. Gravação - o paciente tem o direito de gravar a consulta, caso tenha dificuldade em assimilar as informações necessárias para seguir determinado tratamento. Relação médico-paciente Identificação - o paciente deve poder identificar as pessoas responsáveis direta e indiretamente por sua assistência, por meio de crachás visíveis, legíveis e que contenham o nome completo, a função e o cargo do profissional, assim como o nome da instituição. Informação - o paciente deve receber informações claras, objetivas e compreensíveis sobre todos os atos médicos e de todos os riscos inerentes ao tratamento e possíveis procedimentos invasivos. Medicação - ter anotado no prontuário todas as medicações, com dosagens utilizadas. Relação médico-paciente Morte - o paciente tem o direito de optar pelo local de morte (conforme Lei Estadual válidapara os hospitais do Estado de São Paulo). É importante verificar a legislação nos demais estados da Federação. Pesquisa - ser prévia e expressamente informado, quando o tratamento proposto for experimental ou fizer parte de pesquisa, que deve seguir rigorosamente as normas regulamentadoras de experimentos com seres humanos no país e ser aprovada pelo Comitê de Ética em Pesquisa (CEP) do hospital ou instituição. Relação médico-paciente Prontuário - ter acesso, a qualquer momento, ao seu prontuário médico, recebendo por escrito o diagnóstico e o tratamento indicado, com a identificação do nome do profissional e o número de registro no órgão de regulamentação e controle da profissão. Receituário - receber as receitas com o nome genérico dos medicamentos prescritos, datilografadas ou em letra legível, sem a utilização de códigos ou abreviaturas, com o nome, assinatura do profissional e número de registro no órgão de controle e regulamentação da profissão. Relação médico-paciente Recusa - o paciente pode desejar não ser informado do seu estado de saúde, devendo indicar quem deva receber as informações em seu lugar. Respeito - ter asseguradas a satisfação de necessidades, a integridade física, a privacidade, a individualidade, o respeito aos valores éticos e culturais, a confidencialidade de toda e qualquer informação pessoal, e a segurança do procedimento; ter um local digno e adequado para o atendimento; receber ou recusar assistência moral, psicológica, social ou religiosa. Relação médico-paciente Sangue - conhecer a procedência do sangue e dos hemoderivados e poder verificar, antes de recebê-los, os carimbos que atestaram origem, sorologias efetuadas e prazo de validade. Segunda Opinião - direito de procurar uma segunda opinião ou parecer de outro médico sobre o seu estado de saúde. Sigilo - ter resguardado o segredo sobre dados pessoais, por meio da manutenção do sigilo profissional, desde que não acarrete riscos a terceiros ou à saúde pública. Relação médico-paciente b) direitos do médico: Exercer a Medicina sem ser discriminado por questões de religião, raça, sexo, nacionalidade, cor, opção sexual, idade, condição social, opinião política ou de qualquer outra natureza. Indicar o procedimento adequado ao paciente, observadas as práticas reconhecidamente aceitas e respeitando as normas legais vigentes no país. Relação médico-paciente Apontar falhas nos regulamentos e normas das instituições em que trabalhe, quando as julgar indignas do exercício da profissão ou prejudiciais ao paciente, devendo dirigir-se, nesses casos, aos órgãos competentes e, obrigatoriamente, à Comissão de Ética e ao Conselho Regional de Medicina de sua jurisdição. Recusar-se a exercer sua profissão em instituição pública ou privada onde as condições de trabalho não sejam dignas ou possam prejudicar o paciente. Relação médico-paciente Suspender suas atividades, individual ou coletivamente, quando a instituição pública ou privada para a qual trabalhe não oferecer condições mínimas para o exercício profissional ou não o remunerar condignamente, ressalvadas as situações de urgência e emergência, devendo comunicar imediatamente sua decisão ao Conselho Regional de Medicina. Internar e assistir seus pacientes em hospitais privados com ou sem caráter filantrópico, ainda que não faça parte do seu corpo clínico, respeitadas as normas técnicas da instituição. Relação médico-paciente Requerer desagravo público ao Conselho Regional de Medicina, quando atingido no exercício de sua profissão. Dedicar ao paciente, quando trabalhar com relação de emprego, o tempo que sua experiência e capacidade profissional recomendarem para o desempenho de sua atividade, evitando que o acúmulo de encargos ou de consultas prejudique o paciente. Recusar a realização de atos médicos que, embora permitidos por lei, sejam contrários aos ditames de sua consciência. Relação médico-paciente ➢ No que diz respeito à natureza jurídica da relação médico- paciente, Barsanti (2007) afirma que apesar de não ser agradável para a maioria dos médicos, a relação médico- paciente, neste caso, assume contornos de relação de consumo, passando, assim, a ser tutelado pelo Código de Defesa do Consumidor (CDC). ➢ Em seus artigos 2º e 3º, percebe-se que o paciente se enquadra no conceito de consumidor e, o médico, no de fornecedor de serviços. Deste modo, uma vez firmado um negócio jurídico, será contratual o vínculo entre o médico e o paciente. Assédio moral ➢ Barreto (2000) afirma o assédio moral como um fenômeno antigo, tanto quanto o trabalho, embora a reflexão e o debate sobre o tema sejam recentes no Brasil. ➢ Apenas do ano 2000 para cá o assunto tem sido recorrente em revistas, jornais, com discussão ampla nos movimentos sindicais, na sociedade como um todo e no âmbito legislativo. ➢ E o que vem a ser, de fato, assédio moral? O mesmo autor afirma se tratar da exposição dos trabalhadores a situações de humilhações e constrangimentos, de modo repetitivo e prolongado, durante a sua jornada de trabalho. Assédio moral ➢ É mais comum que ocorram em relações hierárquicas autoritárias e assimétricas, onde predominam condutas negativas, relações desumanas e aéticas, vindas de um ou mais chefes em direção a um ou mais subordinados. ➢ Geralmente, a vítima escolhida é isolada do grupo sem prévias explicações, e passa a ser hostilizada, ridicularizada, inferiorizada e desacreditada diante dos pares. ➢ O assédio moral constitui uma violência psicológica, podendo causar danos à saúde física e mental do assediado, inclusive daqueles que testemunham tais atos. Assédio moral ➢ Ainda de acordo com Barreto (2000), a humilhação repetitiva, de longa duração, interfere na vida do trabalhador de modo direto, podendo comprometer a sua dignidade e suas relações afetivas e sociais, ocasionando, muitas vezes, a incapacidade laborativa. ➢ Há registros de casos extremos, por exemplo, levando o indivíduo à morte. Trata-se de um risco invisível, segundo o autor, no entanto concreto, nas relações e condições de trabalho. Assédio moral ➢ A violência moral no trabalho vem sendo objeto de pesquisa pela Organização Internacional do Trabalho (OIT), que, em seu levantamento, apontou diversos distúrbios de saúde mental relativos ao tema em países como Finlândia, Alemanha, Reino Unido, Polônia e Estados Unidos. ➢ De acordo com a OIT, as perspectivas não são boas para as próximas duas décadas, visto que se prevê um ‘mal-estar na globalização’, com predominância para as depressões, angústias e demais danos psíquicos, todos relacionados às novas políticas de gestão organização do trabalho. Aids ➢ A Síndrome da Imunodeficiência Adquirida (Aids) constituiu-se em um dos grandes desafios enfrentados pela Medicina. Espalhou-se no mundo todo com rapidez considerável, causando a morte de muitas pessoas, de forma leta e sofrida. De acordo com Rosenthal (2001), os profissionais de saúde não estavam preparados para enfrentá-la e foram pegos de surpresa. ➢ A Aids tornou-se um evento tão sério, epidemicamente falando, que saiu da esfera médica, para se tornar uma doença sob a responsabilidade de toda sociedade, passando também a envolver múltiplas disciplinas, passando por todos os campos da ciência. Aids ➢ Neste sentido, os profissionais, em todas as áreas, se viram também instigados a fazer profundas reflexões no campo da ética e dos direitos humanos, provocando debates e levando a classe médica a se posicionar perante a sociedade. Até os dias atuais, os profissionais de saúde continuam se deparando com questões éticas, para as quais nem sempre encontram respostas. ➢ Rosenthal (2001) afirma que o advento da Aids provocou o aumento de posturas discriminatórias contra alguns grupos sociais identificados como susceptíveis em maior grau à infecção pelo HIV. Aids ➢ Para o autor: “Na verdade, tais posturas traduzem a intolerância experimentadaem face de comportamentos que se consideram indesejáveis. Em outras palavras, o que se deseja combater, assim, não é a doença, mas o comportamento” (ROSENTHAL, 2001, p. 38). ➢ O autor preconiza, ainda, que os profissionais de saúde devem ter, para com o paciente infectado pelo vírus da Aids, respeito e consideração, de modo que se possa obter uma situação favorável ao encaminhamento adequado das alternativas de abordagem dos problemas advindos da doença. Além disso, é imprescindível que o médico busque desprender-se de quaisquer preconceitos que estejam vinculados à postura profissional. Aids ➢ E, neste sentido, a questão ética se apresenta em duas vertentes: [...] deve o médico ter presente a natureza da profissão e, principalmente, a finalidade (Código de Ética Médica, Arts. 1º, 2º e 6º); deve o médico buscar a mais ampla informação possível acerca daquilo que vai cuidar, não só fundamentando cientificamente sua conduta, mas tendo em vista também que o conhecimento é o caminho para a eliminação do preconceito (Código de Ética Médica, Arts. 2º e 5º). Aids ➢ Conforme preconiza Rosenthal (2001), a Medicina está a serviço da saúde do ser humano e da coletividade, devendo ser exercida isenta de discriminação de qualquer natureza. O alvo da atenção do médico é o ser humano. Não se trata de um negócio, um comércio. ➢ É em benefício deste ser humano que o médico deve agir, com zelo e a com a melhor capacidade profissional, conforme rege o Código de Ética Médica, em seus artigos 1º, 2º e 9º. Aids ➢ O autor encerra a sua reflexão afirmando (2001, p. 39): O médico não pode recusar-se a atender o portador da doença sob alegação de risco profissional, ou de ser infectado, porque a sua função é exatamente essa. O mesmo ocorre com o pessoal da área médica e com o hospital. Deve o médico guardar absoluto respeito pela vida humana, atuando sempre em benefício do paciente. Jamais utilizar conhecimentos para gerar sofrimento físico ou moral, para o extermínio do ser humano, ou para permitir acobertar tentativa contra a dignidade e a integridade (Código de Ética Médica, art. 6°). Ética Virtual ➢ A Internet está mudando o comportamento ético das empresas. A Internet muda a velocidade dos acontecimentos, a forma de remuneração dos funcionários e o ambiente de trabalho. Mas se deve tomar cuidado com o uso que se faz dessa ferramenta no ambiente de trabalho. ➢ Utilidades com bate-papo e sites de relacionamentos não compreendem um comportamento profissional ético, exceto se for para uso da empresa. Downloads e e-mails pessoais também não devem ser acessados. ➢ Como afirma Robert Henry Srour: "difícil não é fazer o que é certo, é descobrir o que é certo fazer". Código de Ética Profissional da Enfermagem ➢ De acordo com Jorge (2008), sempre que se fala em virtudes profissionais, faz-se necessário mencionar a existência dos códigos de ética profissional. ➢ As relações de valor entre o ideal moral e os mais variados campos da conduta humana reúnem-se enquanto instrumento regulador. ➢ Neste sentido, dá-se o código de ética, como uma espécie de contrato de classe assumido pelos órgãos de fiscalização para o exercício de cada profissão. Código de Ética Profissional da Enfermagem ➢ Ainda de acordo com a autora, o interesse no cumprimento do referido código deve ser de todos. Embora seja utópico admitir uniformidade de conduta, a disciplina, entretanto, deve ser um contrato de atitudes, de deveres, de estados de consciência, que deve formar um código de ética. ➢ Uma ordem deve existir para que se consiga eliminar conflitos e especialmente evitar que se macule o bom nome e o conceito social de uma categoria. O Exercício da Enfermagem ➢ De acordo com Santos (2012), os profissionais Técnicos em Enfermagem, com exercício regulamentado por lei, integram uma equipe que desenvolve, sob a supervisão do Enfermeiro, ações de promoção, prevenção, recuperação e reabilitação referenciadas nas necessidades de saúde individuais e coletivas, determinadas pelo processo gerador de saúde e doença. O Exercício da Enfermagem ➢ Suas atividades profissionais são desempenhadas em instituições de saúde bem como em domicílios, sindicatos, empresas, associações, escolas, lar de idosos e outros. ➢ Para atender às exigências educacionais demandadas pelo mundo do trabalho, os profissionais Técnicos em Enfermagem deverão receber uma formação ampla, sistêmica, constituída por competências gerais e específicas que lhes permitam acompanhar as transformações da Área (SANTOS, 2012). Evolução Histórica da Legislação Básica de Enfermagem ➢ É sabido que o mais antigo sistema de normas legais escritas no mundo foi aquele estabelecido por Hamurabi, rei babilônico, que viveu entre 1782 a.C. e 1750 a.C. É conhecido como código de Hamurabi. ➢ É um texto considerado atual, embora tenha sido escrito há mais de 2000 anos. Nele se observam o direito de propriedade, a família, as sucessões e até a proteção do consumidor. ➢ No que diz respeito à enfermagem, o primeiro dispositivo legal ocorreu com a Lei nº 775, de 6 de agosto de 1949, que, ao dispor sobre o ensino da enfermagem, criou oficialmente o curso auxiliar de enfermagem, em dezoito meses, aberto para homens e mulheres. Evolução Histórica da Legislação Básica de Enfermagem ➢ De acordo com a Lei, a principal atividade desta categoria deveria ser a de auxiliar o enfermeiro em suas atividades de assistência curativa. Não previa, portanto, o trabalho do auxiliar de enfermagem nos serviços de saúde pública (SANTOS, 2012). ➢ Em 1959, um estudo foi feito por lideranças ligadas à Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn) sobre a situação acima descrita. Publicaram, então, um documento intitulado Levantamento de Recursos e Necessidades de Enfermagem no Brasil. Evolução Histórica da Legislação Básica de Enfermagem ➢ Tal documento, além das enormes diferenças existentes nos currículos dos cursos de auxiliar de enfermagem em todo o País, apontou para a insuficiência nos conteúdos das disciplinas, uma vez que os auxiliares de enfermagem executavam atividades mais complexas do que as previstas no ensino, e quase sempre sem a devida supervisão ou orientação de um enfermeiro (BRASIL, 2003). ➢ Ainda em Brasil (2003), observou-se que o estudo comprovou a existência de elevado número de pessoas que realizavam atividades de enfermagem sem o título ou preparo formal em curso reconhecido. Evolução Histórica da Legislação Básica de Enfermagem ➢ Tal grupo era composto por atendentes de enfermagem que atuavam nos serviços de saúde, e, embora constituíssem mais da metade da força de trabalho nestes serviços, eram marginalizados dentro da própria enfermagem. ➢ Estes profissionais eram preparados, muitas vezes, por instituições hospitalares privadas ou filantrópicas, ou ainda por meio de cursos não reconhecidos pela Secretaria de Educação. ➢ A Lei no 4.025/61, de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), foi de grande importância na regulamentação dos cursos na área de enfermagem. Evolução Histórica da Legislação Básica de Enfermagem ➢ A partir dos dados obtidos no levantamento acima citado, a ABEn fez diversas recomendações ao Ministério da Educação e Cultura, que baixou, então, a Portaria 106/65 para fixar normas reguladoras do curso de Auxiliar de Enfermagem. ➢ Porém, é importante salientar que, de acordo com esta portaria, o currículo deveria ser desenvolvido em dois anos letivos, incluindo cinco disciplinas de cultura geral. Evolução Histórica da Legislação Básica de Enfermagem ➢ No ano de 1967, os enfermeiros conseguiram a aprovação de um curso intensivo de auxiliar de enfermagem, reduzindo o currículo para onze meses letivos, tendo como requisito para o ingresso o certificado de conclusão do curso ginasial,permitindo aos alunos maior dedicação às matérias específicas de enfermagem (BRASIL, 2003). ➢ A LDB, em vigor desde 1996, mudou a estruturade cursos técnicos de nível médio no País, passando a considerar o curso de Enfermagem como uma qualificação e não mais como habilitação, agora restrita ao técnico de enfermagem. Negligência, Imprudência e Imperícia: Cliente x Enfermagem ➢ De acordo com o Conselho Regional de Medicina do Estado de São Paulo (Cremesp), em seu Capítulo I, das considerações sobre a responsabilidade médica, a negligência evidencia-se pela falta de cuidado ou de precaução com que se executam certos atos, normalmente é algo que se deixa de fazer. ➢ A imprudência resulta da imprevisão do agente em relação às consequências do ato ou ação. Age com imprudência o profissional que tem atitudes precipitadas, sem ter cautela. A imperícia, por sua vez, ocorre quando o profissional revela, em sua atitude, falta ou deficiência de conhecimentos técnicos da profissão. Ou seja, o despreparo prático. Negligência, Imprudência e Imperícia: Cliente x Enfermagem ➢ Este é um tema polêmico. Os erros dentro da área da saúde deveriam ser exceções. Infelizmente, não é bem assim. O profissional de saúde, ao exercer sua profissão, deve, em obediência a princípios éticos norteadores de sua atividade, zelar e trabalhar pelo perfeito desempenho ético da Medicina e Enfermagem e pelo prestígio e bom conceito das respectivas profissões. ➢ Nesse sentido, a falha médica (e da equipe de saúde) deve ser vista como exceção, acontecimento isolado ou episódico, sendo certo de que a responsabilidade do profissional pode gerar efeitos nas esferas ética, cível e criminal. Negligência, Imprudência e Imperícia: Cliente x Enfermagem ➢ De acordo com o Conselho Regional de Enfermagem (Coren) e o Conselho Regional de Medicina (CRM), ao profissional é vedado praticar atos profissionais danosos ao paciente que possam ser caracterizados como imperícia, imprudência ou negligência. Essas modalidades de culpa podem ser aferidas pelos mesmos conselhos como falta de ética, na Justiça Cível, para fins de indenização, ou na Justiça Criminal para enquadrar a conduta a um tipo penal. Porém é de responsabilidade total dos mesmos evitar que tais atos aconteçam. Entidades Nacionais da Enfermagem ➢ A Associação Brasileira de Enfermagem (ABEn) é o órgão de representação mais antigo da enfermagem, fundado em agosto de 1926. Naquela época, tinha como denominação Associação Nacional de Enfermeiras Diplomadas Brasileiras. ➢ Em agosto de 1954 sofreu nova alteração em seu estatuto, que a denominou da forma com a qual se conhece até os dias atuais. A ABEn foi responsável pela criação de duas outras entidades: o Conselho de Enfermagem e o Sindicato dos Enfermeiros. Entidades Nacionais da Enfermagem ➢ A ABEn congrega enfermeiros, obstetrizes e técnicos de enfermagem, embora seja facultativa a sua associação e tem como finalidade promover o desenvolvimento de pesquisa, intercâmbio com outras organizações nacionais e internacionais, divulgar estudos e trabalhos de interesse para o desenvolvimento técnico e científico da enfermagem. É composta de várias diretorias e um conselho fiscal, com mandato de 3 anos. Entidades Nacionais da Enfermagem ➢ Com a proliferação de diferentes grupos e níveis educacionais, os enfermeiros passaram a sentir a necessidade de ter a sua profissão regulamentada. Neste sentido, a solução estava voltada para a criação de um conselho. ➢ Assim posto, elaborou-se o primeiro anteprojeto do Conselho de Enfermagem, no ano de 1945. A Lei no 5.905/73 criou o Conselho Federal de Enfermagem (Cofen), bem como seus Conselhos Regionais de Enfermagem (Coren). Entidades Nacionais da Enfermagem ➢ As entidades que disciplinam a profissão do enfermeiro são o Conselho Federal de Enfermagem e Conselho Regional de Enfermagem (Cofen e Coren, respectivamente). Enquanto tribunal de ética, o conselho tem por função: a) designar as pessoas com competência técnica e científica para o exercício da profissão nas suas diferentes categorias; b) impedir o exercício profissional de pessoas que não dispõem das condições legais para o exercício; c) avaliar o exercício legal da profissão relacionados às competências; e, d) aplicar a punição relacionada ao exercício irregular das suas atividades. Entidades Nacionais da Enfermagem ➢ Os conselhos profissionais, incluído o sistema COFEN‐CORENs, poderão exercer a fiscalização das profissões, cobrar e executar as contribuições anuais devidas por pessoas físicas ou jurídicas, de todas as categorias de enfermagem e das instituições de saúde que deixarem de pagar as respectivas taxas e anuidades. ➢ De acordo com Santos (2012), para que existisse um Conselho na Enfermagem, não bastaram a vontade e a decisão de um grupo de enfermeiros. Seria necessária a promulgação de uma lei que dispusesse sobre a criação deste Conselho. Entidades Nacionais da Enfermagem ➢ Só vinte e oito anos depois, esta lei, no 5.905, de 13/07/1973, se tornou realidade, criando o Conselho Federal (Cofen) e os Conselhos Regionais de Enfermagem (Corens). Esta lei garante a abrangência estadual destes conselhos, incluindo todas as categorias de enfermeiros regulados por lei. ➢ Santos (2012) afirma que, de 1975 a 1978, os Corens provisionaram atendentes de enfermagem, visitadores sanitários e instrumentadores cirúrgicos. A Federação dos Profissionais de Enfermagem, junto com massagistas, duchistas e empregados de hospitais e casas de saúde de São Paulo, solicitaram ao Ministro do Trabalho que baixasse ato determinando ao Cofen tornar insubsistentes as resoluções referentes ao provisionamento, o que lhes fora concedido. Entidades Nacionais da Enfermagem ➢ Em cumprimento ao parágrafo único do Art. 10 da lei no 5.905/73, o Cofen organizou, então, três quadros distintos para fins de inscrição, sendo, o quadro I para os enfermeiros e obstetrizes; o quadro II para técnicos de enfermagem; e o quadro III para auxiliares de enfermagem, práticos de enfermagem e parteiras práticas (SANTOS, 2012). ➢ De acordo com a Lei 2.604/55, o plenário do Cofen é composto de nove membros efetivos e nove suplentes: enfermeiros e/ou obstetrizes, enquanto que os Corens compõem seus plenários entre 5 a 21 membros, sendo três quintos formados de profissionais de enfermagem e dois quintos das demais categorias reguladas em Lei. Entidades Nacionais da Enfermagem ➢ Os membros efetivos e suplentes dos Corens são eleitos por voto pessoal, secreto e obrigatório, em assembleia geral, de acordo com o Art. 12. Cada categoria profissional vota na chapa correspondente ao quadro a que pertence. O inscrito que deixar de votar fica sujeito ao pagamento de multa correspondente ao valor da anuidade. ➢ No caso do Cofen, os membros efetivos e suplentes são eleitos para mandato de três anos, em escrutínio secreto de delegados regionais ou eleitorais, como preconiza o Art. 6º da lei no 5.905/73 (SANTOS, 2012). Entidades Nacionais da Enfermagem ➢ Os Conselhos atuam como poder executivo e também com competência legislativa e judiciária. Competência legislativa, quando baixam provimentos disciplinadores da profissão, que têm força de lei sobre os que nele estão inscritos, ou por eles provisionados. ➢ Judiciária, quando julgam em processo ético os profissionais que transgridem as normas do Código de Ética dos Profissionais de Enfermagem, constante da Resolução 15, de 1993, baixada pelo Cofen. Conforme afirma Santos (2012), o Conselho é a única entidade de classe onde a vinculação é compulsória, como condição para o exercício da profissão. No Conselho não há opção, pois a inscrição é obrigatória. Entidades Nacionais da Enfermagem ➢ As associações profissionais e os sindicatos são órgãos de finalidade econômica, de assistência, de defesa e representação da classe. A associação profissional constitui normalmente uma fase ou estágio necessário que precede a existência do respectivo sindicato. ➢ O sindicalismo brasileiro adotou o sistema de unidade sindical, isto é, dentro deuma área geográfica, também denominada base territorial, e, para cada uma das categorias profissionais (representadas pelos empregadores) que nele se encontram, só pode haver um único sindicato. Entidades Nacionais da Enfermagem ➢ Não há concorrência de outro. Por ser único, o sindicato possui o privilégio legal da representação exclusiva e monopolista. A base territorial de um sindicato pode ser distrital, municipal, intermunicipal, estadual ou interestadual e, excepcionalmente, nacional. ➢ É competência do Ministro do Trabalho delimitar a base territorial no momento que outorga a carta sindical à associação profissional que satisfizer aos requisitos exigidos pela Consolidação das Leis do Trabalho (CLT). Entidades Nacionais da Enfermagem ➢ A entidade sindical constitui reflexo da própria organização política do País, que é uma federação de Estados. O Brasil apresenta três níveis de organização política e administrativa, a saber, em ordem crescente: o Município, o Estado e a União. ➢ Da mesma forma, a organização sindical normalmente apresenta três níveis hierárquicos: o sindicato, de âmbito municipal; a federação; de âmbito estadual; e a confederação, de âmbito nacional. Entidades Nacionais da Enfermagem ➢ Quanto maior base territorial de um sindicato, maior a dificuldade para prestar aos associados os serviços a que está obrigado por lei. Além disso, a situação e as condições econômicas e de trabalho variam de um município para outro dentro de um mesmo estado, dificultando a representação dos interesses dos associados por um sindicato estadual. ➢ Para a existência de um sindicato, há necessidade prévia de criação de associação profissional; para a existência da federação, deve haver pelo menos cinco sindicatos; e, para a existência de uma confederação, há necessidade de três federações. Entidades Nacionais da Enfermagem ➢ A criação de associação profissional também depende, como no caso de associação cultural, de que um grupo de pessoas, com interesses comuns, elabore um estatuto, preencha os demais requisitos legais exigidos e solicite registro, dessa vez à Delegacia Regional do Trabalho. A sindicalização é o ato pelo qual o profissional, preenchendo os requisitos necessários, solicitando a sua admissão no sindicato de sua categoria ou classe. ➢ Uma vez filiando-se de forma voluntária ao seu sindicato, o indivíduo assume também o compromisso de pagar as mensalidades ou anuidades exigidas pelo órgão. Se a sindicalização é livre, também terá que ser livre a filiação das pessoas da mesma categoria ou profissão à associação profissional. Entidades Nacionais da Enfermagem ➢ Outra distinção importante é o voto nas eleições sindicais, que é obrigatório a todos os sindicalizados, conforme previsto na CLT (Art. 529). ➢ A diretoria e o Conselho Fiscal de sindicatos são eleitos pela assembleia geral, enquanto que na associação profissional não existe a obrigatoriedade aos associados de votar, cabendo à entidade convocar eleições, pautando-se por seu próprio estatuto, dado que a CLT só dispõe sobre eleições para os sindicatos. ➢ De acordo com Santos (2012), a lei que trata do exercício profissional da enfermagem é de no 7.498, de 25 de junho de 1986, regulamentada pelo Decreto 94.406, de 08 de junho de 1987. Atual Lei do Exercício Profissional da Enfermagem ➢ Ela dispõe, em seu art. 1º, que “é livre o exercício da enfermagem em todo o território nacional, observadas as disposições legais desta lei”. ➢ Esta lei responde a duas questões muito importantes para a enfermagem, de acordo com o autor: a) em que consiste o exercício da enfermagem? b) quem pode exercer legalmente a profissão de enfermagem no País? ➢ Este Decreto também descreve as atividades privativas do enfermeiro e aquelas que ele deve realizar como integrante da equipe de saúde. Atual Lei do Exercício Profissional da Enfermagem ➢ Portanto, aquele que não possui um desses títulos não pode exercer a enfermagem. Ainda conforme Santos (2012), em virtude da carência de recursos humanos de nível médio nessa área, entretanto, a Lei 7.498/96, no art. 23, permitiu que o pessoal sem formação específica, como atendentes e agentes de saúde, que se encontrava executando tarefas de enfermagem, continuasse nessa atividade, desde que autorizado pelo Conselho Federal de Enfermagem. ➢ Embora essa autorização devesse expirar em junho de 1996, teve seu texto alterado pela Lei 8.967, de 28‐12‐1994, assegurando aos atendentes de enfermagem admitidos antes da sua vigência o exercício de atividades elementares de enfermagem. Atual Lei do Exercício Profissional da Enfermagem ➢ Neste sentido, observa-se que não existe prazo legal que obrigue as pessoas amparadas pela Lei 8.967/94 a buscar uma formação específica. ➢ O Ministério da Saúde, preocupado com o problema, mediante projeto de grande alcance social, como o Projeto de Profissionalização dos Trabalhadores da Área de Enfermagem (Profae), profissionalizou esses trabalhadores, atendentes de enfermagem e outros agentes de saúde, reduzindo o percentual de pessoas não qualificadas de 65% para 35% (SANTOS, 2012). Atual Lei do Exercício Profissional da Enfermagem A titularidade constitui, pois, condição de capacidade técnica para o exercício profissional em qualquer profissão. Daí a importância que a lei confere à qualificação ou ao título profissional de acordo com o grau de preparo e formação. Por isso, na divisão do trabalho de enfermagem, as atividades mais complexas e de maior responsabilidade foram atribuídas aos enfermeiros, profissionais de maior preparo acadêmico (SANTOS, 2012, p. 03). Atual Lei do Exercício Profissional da Enfermagem ➢ Legalmente, o técnico de enfermagem exerce atividade de nível médio, envolvendo orientação, intervenção mediante cuidados prescritos pelos médicos, participação no planejamento da assistência de enfermagem, cabendo-lhe especialmente participar da programação da assistência de enfermagem, de acordo com as seguintes ações: a) executar ações assistenciais de enfermagem, exceto as privativas do enfermeiro, observado o disposto no parágrafo único do Art. 11º da lei no 7.498/96; b) participar da orientação e supervisão do trabalho de enfermagem em grau auxiliar; e, c) participar da equipe de saúde. Direitos e Garantias Fundamentais ao Homem ➢ De acordo com Mafra (2005, p. 01), “O reconhecimento dos direitos fundamentais do homem é matéria recente em enunciados explícitos. São prerrogativas que os indivíduos têm em face do Estado Constitucional, onde o exercício dos poderes soberanos não pode ignorar um limite para atividades, além do qual se invade a esfera jurídica do cidadão”. ➢ Em eras passadas, os bens pertenciam a todos, conjuntamente. Havia uma comunhão democrática de interesses. Não havia poder dominante nem subordinação. O progresso, bem-vindo e necessário, trouxe, em contrapartida, a propriedade privada e com ela uma forma de subordinação, onde aquele que detém a propriedade impõe seu domínio. Direitos e Garantias Fundamentais ao Homem ➢ Como afirma o autor, ao longo da evolução observaram-se várias formas de declarações de direitos, mas com elas surgiram também um movimento social em defesa da liberdade contra o arbítrio e o poder. As revoluções históricas, então, buscaram libertar o homem, a exemplo do pensamento iluminista da França, no século XVIII, e a independência americana. ➢ A primeira declaração de direitos surgiu na Virgínia, de 12 de junho de 1776, seguida por outros estados norte-americanos. Em 1789 surgiu a “Declaração dos Direitos do Homem e do Cidadão”, advinda da Revolução Francesa, que influenciou fortemente o desenvolvimento histórico do mundo Direitos e Garantias Fundamentais ao Homem ➢ A primeira Constituição no Brasil data de 1824. Desde então, em todas as suas modificações, ela contempla a declaração dos direitos dos brasileiros e dos estrangeiros residentes no País.De acordo com Mafra (2005), não bastava a simples existência das declarações de direitos, mas buscou-se, sobretudo, assegurar a efetividade de tais direitos mediante recursos jurídicos. ➢ O cidadão tem seus direitos garantidos pela Constituição Federal. Contudo, estes direitos são negados constantemente, fazendo que a Lei Maior perca sua autoridade, assim como os cidadãos perdem direitos e a esperança de melhoria da sua condição de vida. Direitos Fundamentais do Cidadão ➢ De acordo com Canotilho (1999 apud LORA, 2014), as expressões ‘direitos do homem’ e ‘direitos fundamentais’ são continuamente usadas como sinônimos. Porém, ambas se distinguem em função de sua procedência e significado. Os direitos do homem são aqueles válidos para todos os povos, em todas as épocas. ➢ Quanto aos direitos fundamentais são aqueles garantidos jurídica e institucionalmente. Ou seja, os direitos do homem são inerentes à natureza humana e, neste sentido, seu caráter é inviolável, intemporal e universal, enquanto os direitos fundamentais são aqueles objetivamente vigentes em uma ordem jurídica concreta. Direitos Fundamentais do Cidadão ➢ São direitos derivados das aspirações sociais por igualdade e não pregam a distinção de cor, raça, sexo ou ideologia política. Estes direitos são extremamente necessários ao homem, para que este possa viver com dignidade, em comunhão com a sociedade. ➢ Já por garantias fundamentais, segundo Mafra (2005), podem-se entender os meios processuais disponíveis para fazer valer os direitos fundamentais dos seres humanos presentes naquele em cada país. Características dos Direitos e Garantias Fundamentais ➢ Os direitos e garantias fundamentais possuem características que garantem a sua efetivação. Estas podem ser elencadas como: a) imprescritibilidade: garante que os direitos e garantias fundamentais não se extinguem com o percurso de tempo; b) inalienabilidade: impossibilita a transferência desses direitos, seja de forma gratuita ou onerosa; c) irrenunciabilidade: impossibilita a renúncia de tais direitos, garantindo a preservação dos mesmos e impedindo a perca deles de forma arbitraria. Como exemplo temos a proibição da eutanásia e do aborto; Características dos Direitos e Garantias Fundamentais d) inviolabilidade: garante o respeito aos direitos e garantias fundamentais por parte de entidades e autoridades públicas, sobre pena de sanções; e) universalidade: caracteriza a abrangência total desses direitos, englobando todas as pessoas sem qualquer forma de distinção; f) efetividade: prevê o empenho do poder público para a efetivação de tais direitos, caracterizando a não satisfação desses direitos com o simples objetivo abstrato; Características dos Direitos e Garantias Fundamentais g) interdependência: toca a ligação existente entre todas estas classes de direitos, pois todos eles contém basicamente a mesma finalidade que é a dignidade da pessoa humana; e, h) complementaridade: possibilita a interpretação dos direitos e garantias fundamentais de maneira conjunta, pois todos possuem a mesma finalidade criada pelo legislador constituinte. Direitos Fundamentais segundo a Constituição Federal de 1988 ➢ A Constituição Federal de 1988 se trata de uma Constituição extremamente preocupada com o social, ou seja, com a população de uma maneira geral. ➢ Os direitos fundamentais foram divididos em diversas áreas de classificação, direitos individuais e coletivos, direitos sociais, direitos de nacionalidade, direitos políticos e os direitos relacionados à estruturação e organização dos partidos políticos, a saber: a) direitos individuais e coletivos: correspondem àqueles direitos que são intimamente ligados à pessoa humana e sua personalidade; Direitos Fundamentais segundo a Constituição Federal de 1988 b) direitos sociais: são aqueles direitos relacionados com obrigatoriedade de determinados serviços por parte do Estado. Sua principal função é zelar pela melhoria na qualidade de vida das pessoas, buscando a igualdade entre os cidadãos, pois esta constitui o pilar do Estado Democrático de Direito; c) direitos de nacionalidade: todos os cidadãos brasileiros têm um vínculo com o País, possibilitando as pessoas exigirem seus direitos elencados na Constituição Federal perante o Estado; Direitos Fundamentais segundo a Constituição Federal de 1988 d) direitos políticos: é um conjunto de regras que tem a função de disciplinar as formas de atuação da soberania popular. São direitos que possibilitam as pessoas exigir liberdade de participação nos negócios públicos dos Estados, para conferir os atributos da cidadania, caracterizando um princípio democrático; e, e) direitos relacionados à existência, organização e participação em partidos políticos: os partidos políticos, são segundo a Lei Maior, fundamentais para o exercício da democracia. Para assegurar a igualdade entre as pessoas, se caracterizou a liberdade de participação em partidos políticos, afirmando que qualquer pessoa, desde que atenda aos critérios legais exigidos, pode participar de qualquer partido político para democratizar o sistema representativo. Função dos direitos fundamentais ➢ Em relação à função dos direitos fundamentais, observam-se duas óticas distintas: uma negativa e outra positiva. As negativas podem ser caracterizadas como aquelas que proíbem a participação de maneira indevida do Estado na vida particular das pessoas, enquanto que, numa ótica positiva, pode-se afirmar que é aquela possibilidade de exigência por parte da população para que ocorra a efetivação de seus direitos constitucionalmente protegidos, além da garantia de não agressão por parte dos órgãos públicos. As gerações dos direitos fundamentais ➢ Apesar de ter passado por várias gerações, os direitos fundamentais ainda se encontram em evolução. Essas fases são conhecidas como gerações dos direitos fundamentais. A primeira dessas gerações se voltava exclusivamente para a questão dos direitos do homem individual, com ideologia relacionada à questão das liberdades. ➢ Como derivada desta, surge uma segunda geração, que se portava de maneira distinta, visto que sua preocupação estava mais relacionada aos interesses coletivos da sociedade. Essa segunda geração veio complementar a geração anterior. As gerações dos direitos fundamentais ➢ A preocupação com o social suscitou a criação de um grupo de direitos mais voltados para a questão fraternal do homem, derivando daí a criação do nome de geração dos direitos fraternais. Essa geração se preocupava inteiramente com a questão dos direitos de uma maneira generalizada. Depois disto, surgiu a quarta geração, advinda da necessidade de universalização dos direitos e garantias fundamentais. ➢ Desta forma, a sociedade, de um modo geral, teria um grupo de direitos exigidos e existentes em todo o mundo, independente do país ou continente onde se encontre, igualmente aos direitos relacionados na Declaração dos Direitos Humanos. Direitos Humanos ➢ A Declaração dos Direitos do Homem foi feita em 1948, e constituiu um marco para toda a humanidade. É um documento que reconhece todos os direitos e deveres, designando à República a tarefa de proteger o cidadão, tanto na sua pessoa como na sua família; propriedade e trabalho. ➢ Tal acordo prega a igualdade entre todas as pessoas habitantes deste planeta, sem qualquer forma de discriminação. Direitos Humanos ➢ Com este acordo surgiram inúmeras aspirações de uma nova era na história da humanidade, pois se passou a valorizar a natureza humana como um todo, sem restrições de quaisquer gêneros. ➢ Entretanto, para que os Direitos Humanos tenham validade, os países signatários devem seguir seus princípios nas suas constituições, caso contrário, a declaração se tornará apenas mais um texto utópico de igualdade. Slide 1 Slide 2 Slide 3: Evolução Histórica Slide 4: Evolução Histórica Slide 5: Evolução HistóricaSlide 6: Evolução Histórica Slide 7: Evolução Histórica Slide 8: Evolução Histórica Slide 9: Evolução Histórica Slide 10: Evolução Histórica Slide 11: Evolução Histórica Slide 12: História da Enfermagem no Brasil Slide 13: História da Enfermagem no Brasil Slide 14: História da Enfermagem no Brasil Slide 15: História da Enfermagem no Brasil Slide 16: História da Enfermagem no Brasil Slide 17: História da Enfermagem no Brasil Slide 18: História da Enfermagem no Brasil Slide 19: Introdução à Ética Slide 20: Moral Slide 21: Ética Slide 22: Ética Slide 23: Ética Slide 24: Fundamentos da Ética Slide 25: Fundamentos da Ética Slide 26: Ética e Cidadania - Atitude Ética Slide 27: Ética e Cidadania - Atitude Ética Slide 28: Ética e Cidadania - Atitude Ética Slide 29: Ética e Cidadania - Atitude Ética Slide 30: Ética e Cidadania - Atitude Ética Slide 31: Ética e Cidadania - Atitude Ética Slide 32: Principais Teorias Éticas Slide 33: Principais Teorias Éticas Slide 34: Principais Teorias Éticas Slide 35: Principais Teorias Éticas Slide 36: Principais Teorias Éticas Slide 37: Principais Teorias Éticas Slide 38: Principais Teorias Éticas Slide 39: Principais Teorias Éticas Slide 40: Principais Teorias Éticas Slide 41: Principais Teorias Éticas Slide 42: Principais Teorias Éticas Slide 43: Principais Teorias Éticas Slide 44: Principais Teorias Éticas Slide 45: Principais Teorias Éticas Slide 46: Principais Teorias Éticas Slide 47: Ética e Desenvolvimento Sustentável Slide 48: Ética e Desenvolvimento Sustentável Slide 49: Ética e Desenvolvimento Sustentável Slide 50: Ética e Desenvolvimento Sustentável Slide 51: Ética e Desenvolvimento Sustentável Slide 52: Ética e Desenvolvimento Sustentável Slide 53: Ética e Desenvolvimento Sustentável Slide 54: Ética e Desenvolvimento Sustentável Slide 55: Ética e Desenvolvimento Sustentável Slide 56: Ética e Desenvolvimento Sustentável Slide 57: Ética e Desenvolvimento Sustentável Slide 58: Ética e Desenvolvimento Sustentável Slide 59: Ética e Desenvolvimento Sustentável Slide 60: Ética e Desenvolvimento Sustentável Slide 61: Ética e Desenvolvimento Sustentável Slide 62: Ética empresarial Slide 63: A importância da ética empresarial Slide 64: A importância da ética empresarial Slide 65: A importância da ética empresarial Slide 66: A importância da ética empresarial Slide 67: A importância da ética empresarial Slide 68: A importância da ética empresarial Slide 69: A importância da ética empresarial Slide 70: A importância da ética empresarial Slide 71: A importância da ética empresarial Slide 72: A importância da ética empresarial Slide 73: A importância da ética empresarial Slide 74: A importância da ética empresarial Slide 75: A responsabilidade social das empresas Slide 76: A responsabilidade social das empresas Slide 77: A responsabilidade social das empresas Slide 78: A responsabilidade social das empresas Slide 79: Evolução da ética empresarial Slide 80: Evolução da ética empresarial Slide 81: Evolução da ética empresarial Slide 82: Evolução da ética empresarial Slide 83: Evolução da ética empresarial Slide 84: Evolução da ética empresarial Slide 85: Evolução da ética empresarial Slide 86: Evolução da ética empresarial Slide 87: Evolução da ética empresarial Slide 88: Evolução da ética empresarial Slide 89: Valores éticos: interpretação Slide 90: Valores éticos: interpretação Slide 91: Valores éticos: interpretação Slide 92: Valores éticos: interpretação Slide 93: Valores éticos: interpretação Slide 94: Razões para a empresa ser ética Slide 95: Razões para a empresa ser ética Slide 96: Razões para a empresa ser ética Slide 97: Razões para a empresa ser ética Slide 98: Ética profissional Slide 99: Ética profissional Slide 100: Ética profissional Slide 101: Ética profissional Slide 102: Problemas Morais Slide 103: Problemas Morais Slide 104: Problemas Morais Slide 105: Problemas Morais Slide 106: Problemas Morais Slide 107: Bioética Slide 108: Bioética Slide 109: Bioética Slide 110: Bioética Slide 111: Aborto Slide 112: Aborto Slide 113: Terminologia Slide 114: Terminologia Slide 115: Terminologia Slide 116: Terminologia Slide 117: Terminologia Slide 118: Legislação Slide 119: Legislação Slide 120: Legislação Slide 121: Legislação Slide 122: Legislação Slide 123: Legislação Slide 124: Legislação Slide 125: Legislação Slide 126: O aborto enquanto um problema ético Slide 127: O aborto enquanto um problema ético Slide 128: O aborto enquanto um problema ético Slide 129: O aborto enquanto um problema ético Slide 130: O aborto enquanto um problema ético Slide 131: O aborto enquanto um problema ético Slide 132: O aborto enquanto um problema ético Slide 133: Eutanásia Slide 134: Eutanásia Slide 135: Eutanásia Slide 136: Eutanásia Slide 137: Eutanásia Slide 138: Eutanásia Slide 139: Eutanásia Slide 140: Eutanásia Slide 141: Eutanásia Slide 142: Relação médico-paciente Slide 143: Relação médico-paciente Slide 144: Relação médico-paciente Slide 145: Relação médico-paciente Slide 146: Relação médico-paciente Slide 147: Relação médico-paciente Slide 148: Relação médico-paciente Slide 149: Relação médico-paciente Slide 150: Relação médico-paciente Slide 151: Relação médico-paciente Slide 152: Relação médico-paciente Slide 153: Relação médico-paciente Slide 154: Relação médico-paciente Slide 155: Relação médico-paciente Slide 156: Relação médico-paciente Slide 157: Relação médico-paciente Slide 158: Relação médico-paciente Slide 159: Assédio moral Slide 160: Assédio moral Slide 161: Assédio moral Slide 162: Assédio moral Slide 163: Aids Slide 164: Aids Slide 165: Aids Slide 166: Aids Slide 167: Aids Slide 168: Aids Slide 169: Ética Virtual Slide 170: Código de Ética Profissional da Enfermagem Slide 171: Código de Ética Profissional da Enfermagem Slide 172: O Exercício da Enfermagem Slide 173: O Exercício da Enfermagem Slide 174: Evolução Histórica da Legislação Básica de Enfermagem Slide 175: Evolução Histórica da Legislação Básica de Enfermagem Slide 176: Evolução Histórica da Legislação Básica de Enfermagem Slide 177: Evolução Histórica da Legislação Básica de Enfermagem Slide 178: Evolução Histórica da Legislação Básica de Enfermagem Slide 179: Evolução Histórica da Legislação Básica de Enfermagem Slide 180: Negligência, Imprudência e Imperícia: Cliente x Enfermagem Slide 181: Negligência, Imprudência e Imperícia: Cliente x Enfermagem Slide 182: Negligência, Imprudência e Imperícia: Cliente x Enfermagem Slide 183: Entidades Nacionais da Enfermagem Slide 184: Entidades Nacionais da Enfermagem Slide 185: Entidades Nacionais da Enfermagem Slide 186: Entidades Nacionais da Enfermagem Slide 187: Entidades Nacionais da Enfermagem Slide 188: Entidades Nacionais da Enfermagem Slide 189: Entidades Nacionais da Enfermagem Slide 190: Entidades Nacionais da Enfermagem Slide 191: Entidades Nacionais da Enfermagem Slide 192: Entidades Nacionais da Enfermagem Slide 193: Entidades Nacionais da Enfermagem Slide 194: Entidades Nacionais da Enfermagem Slide 195: Entidades Nacionais da Enfermagem Slide 196: Entidades Nacionais da Enfermagem Slide 197: Entidades Nacionais da Enfermagem Slide 198: Atual Lei do Exercício Profissional da Enfermagem Slide 199: Atual Lei do Exercício Profissional da Enfermagem Slide 200: Atual Lei do Exercício Profissional da Enfermagem Slide 201: Atual Lei do Exercício Profissional da Enfermagem Slide 202: Atual Lei do Exercício Profissional da Enfermagem Slide 203: Direitos e Garantias Fundamentais ao Homem Slide 204: Direitos e Garantias Fundamentais ao Homem Slide 205: Direitos e Garantias Fundamentais ao Homem Slide 206: Direitos Fundamentais do Cidadão Slide 207: Direitos Fundamentais do Cidadão Slide 208: Características dos Direitos e Garantias Fundamentais Slide 209: Características dos Direitos e Garantias Fundamentais Slide 210: Característicasdos Direitos e Garantias Fundamentais Slide 211: Direitos Fundamentais segundo a Constituição Federal de 1988 Slide 212: Direitos Fundamentais segundo a Constituição Federal de 1988 Slide 213: Direitos Fundamentais segundo a Constituição Federal de 1988 Slide 214: Função dos direitos fundamentais Slide 215: As gerações dos direitos fundamentais Slide 216: As gerações dos direitos fundamentais Slide 217: Direitos Humanos Slide 218: Direitos Humanospromoveu a vinda de um grupo de enfermeiras norte- americanas, tendo a colaboração da Fundação Rockfeller. ➢ Embora já funcionasse, há mais de vinte anos, uma escola profissional e enfermeiros e enfermeiras, contando com a ajuda do Departamento Nacional de Saúde Pública, criado por Chagas, estas enfermeiras fundaram, então, em 1923 uma escola de enfermagem, vinculada a este departamento, denominada Escola de Enfermagem Anna Nery, que atualmente faz parte da Unirio. ➢ Deste modo, as duas escolas passaram a coexistir de forma totalmente independente. História da Enfermagem no Brasil ➢ Após a formatura da primeira turma de enfermeiras dessa nova escola, surgiu, então, a Associação Brasileira de Enfermagem (Aben), em 1926. Diz-se que a história da enfermagem brasileira se confunde com a história da Aben, cujas pioneiras (Edith de Magalhães Fraenkel, Glete de Alcântara, Marina de Andrade Resende, Haydée Guanais Dourado, Maria Rosa de Souza Pinheiro, Irmã Maria Tereza Notarnicola, Maria Ivete Ribeiro de Oliveira, entre muitas outras) lideraram, com intensa luta, todas as conquistas da profissão (BRASIL, 2003). Introdução à Ética ➢ O ser humano age no mundo em que vivemos de acordo com valores pré-estabelecidos. Isso significa que as coisas e as ações realizadas podem ser hierarquizadas de acordo com as noções de bem e de justo, compartilhadas por um grupo de peso. ➢ O homem é um ser que avalia sua conduta a partir de valores morais, ou seja, a partir da moralidade que possui, portanto, o homem é um ser moral. ➢ Embora os termos moral e ética, na maioria das vezes, sejam usados como sinônimos, existe diferença entre os conceitos, carecendo que se faça distinção entre eles. Mas o que é a moral? E o que é a ética? E qual a diferença entre moral e ética? Estes temas serão explorados a seguir. Moral ➢ A palavra moral vem do latim moralis, morale e significa o que é relativo aos “costumes”. É o conjunto de regras de conduta admitidas em determinada época ou por um determinado grupo de pessoas, com o objetivo fundamental de obter melhor reação em sociedade. ➢ Como as comunidades humanas são distintas entre si, tanto no espaço quanto no tempo, os valores podem ser distintos de uma comunidade para outra, o que origina códigos morais diferentes. Pode-se dizer, de modo simplificado, que o sujeito moral é aquele que age bem ou mal, na medida em que acata ou transgride as regras morais. Ética ➢ A palavra ética vem do grego ethikos, e significa o que é relativo ao “modo de ser”, “comportamento”. A ética está presente em todas as raças. Ela é um conjunto de regras, princípios ou maneira de pensar e expressar. ➢ É a parte da filosofia que se ocupa com a reflexão a respeito das noções e princípios que fundamentam a vida moral. A ética é uma disciplina teórica sobre uma prática humana. ➢ As reflexões éticas não se restringem apenas à busca de conhecimento teórico sobre valores humanos, cuja origem e desenvolvimento levantam questões de caráter sociológico, antropológico, religioso e etc. A ética é uma filosofia prática, sobre a prática humana. Ética ➢ Pode-se afirmar que a Ética é um conjunto de valores morais e princípios que norteiam a conduta humana na sociedade. A ética contribui para que haja um equilíbrio e bom funcionamento social, possibilitando que ninguém saia prejudicado. Neste sentido, a ética, embora não possa ser confundida com as leis, está relacionada com o sentimento de justiça social. ➢ A ética é construída por uma sociedade, com base nos valores históricos e culturais. Do ponto de vista da Filosofia, a Ética é uma ciência que estuda os valores e princípios morais de uma sociedade e seus grupos. Ética ➢ Cada sociedade e cada grupo possuem seus próprios códigos de ética. Num país, por exemplo, sacrificar animais para pesquisa científica pode ser ético, dentro dos princípios da bioética, que rege as pesquisas biológicas. Entretanto, em outro país esta atitude pode desrespeitar os princípios éticos estabelecidos. ➢ Além dos princípios gerais que norteiam o bom funcionamento social, existe também a ética de determinados grupos ou locais específicos. Neste sentido, citam-se: ética médica, ética de trabalho, ética empresarial, ética educacional, ética nos esportes, ética jornalística, ética na política, etc. ➢ Uma pessoa que não segue a ética da sociedade à qual pertence é chamada de antiética, assim como o ato praticado. Fundamentos da Ética ➢ Antes de tratar sobre qualquer elemento em que se fundamenta a ética, é necessário entender o significado do termo. Este pode ser definido como o resultado do julgamento da sociedade em busca da normatização dos aspectos corretos, em resposta a diversas questões humanas. ➢ Para que se inicie um julgamento, é necessário, antes de tudo, que existam as questões. Para tratar destas questões, é necessário um pensamento crítico e racional, a partir do qual se estabelecerão os julgamentos, podendo, dar origem a novos questionamentos. Fundamentos da Ética ➢ Os fundamentos da ética têm como base os estudos da Filosofia, que se entende também como a investigação crítica e racional dos princípios fundamentais relacionados ao mundo e ao homem. ➢ Neste sentido, se entende que sem o pensamento filosófico, seria impossível extinguir os questionamentos e definir uma ética completa e coerente. Ética e Cidadania - Atitude Ética ➢ Ser Ético é agir corretamente sem prejudicar os outros. É cumprir com os valores da sociedade em que se vive, mora, trabalha, estuda etc. ➢ Ética é tudo que envolve integridade, é ser honesto em qualquer situação, é ter coragem para assumir seus erros e decisões, ser tolerante e flexível, é ser humilde. ➢ Todo ser ético reflete sobre suas ações, pensa se fez o bem ou o mal para o seu próximo. É ter a consciência “limpa". Ética e Cidadania - Atitude Ética ➢ Se a política tem como finalidade a vida justa e feliz, isto é, a vida propriamente humana digna de seres livres, então é inseparável da ética. De fato, para os gregos, era inconcebível a ética fora da comunidade política – apóliscomokoinonia ou comunidade dos iguais, pois nela a natureza ou essência humana encontrava sua realização mais alta. ➢ Quando se estuda a ética, percebe-se que Aristóteles distinguira entre teoria e prática e, nesta, entre fabricação e ação, isto é, diferenciar a poiesis de práxis. Percebe-se também que reservara à práxis um lugar mais alto do que à fabricação, definindo-a como ação voluntária de uma gente racional em vista de um fim considerado bom. A práxis por excelência é a política. Ética e Cidadania - Atitude Ética ➢ A este respeito, na Ética a Nicômaco, escreve Aristóteles, segundo Chauí (2000): • [...] se, em nossas ações, há algum fim que desejamos por ele mesmo e os outros são desejados só por causa dele, e senão escolhemos indefinidamente alguma coisa em vista de outra (pois, nesse caso, iríamos ao infinito e nosso desejo seria fútil e vão), é evidente que tal fim só pode ser o bem, o Sumo Bem (...). Se assim é, devemos abarcar, pelo menos em linhas gerais, a natureza do Sumo Bem e dizer de qual saber ele provém. Ética e Cidadania - Atitude Ética • Consideramos que ele depende da ciência suprema e arquitetônica por excelência. Ora, tal ciência é manifestamente apolítica, pois é ela que determina, entre os saberes, quais são os necessários para as cidades e que tipos de saberes cada classe de cidadãos deve possuir (...). Ética e Cidadania - Atitude Ética ➢ A política se serve das outras ciências práticas e legisla sobre o que é preciso fazer e do que é preciso abster-se; assim sendo, o fim buscado por ela deve englobar os fins de todas as outras, onde se conclui que o fim da política é o bem propriamente humano. ➢ Mesmo se houver identidade entre o bem do indivíduo e o da cidade, é manifestamente uma tarefa muito mais importante e mais perfeita conhecer e salvaguardar o bem da cidade, poiso bem não é seguramente amável mesmo para um indivíduo, mas é mais belo e mais divino aplicado a uma nação ou à cidade. Ética e Cidadania - Atitude Ética ➢ Platão identificara a justiça no indivíduo e a justiça na polis. Aristóteles subordina o bem do indivíduo ao Bem Supremo da polis. ➢ Esse vínculo interno entre ética e política significava que as qualidades das leis e do poder dependiam das qualidades morais dos cidadãos e vice-versa, isto é, das qualidades da cidade dependiam as virtudes dos cidadãos. ➢ Somente na cidade boa e justa os homens podem ser bons e justos; e somente homens bons e justos são capazes de instituir uma cidade boa e justa. Principais Teorias Éticas ➢ Os conceitos éticos são extraídos da experiência e do conhecimento da humanidade. Baseado nas lições de estudiosos da ética, há algumas teorias a respeito da formação dos conceitos éticos, os quais também se denominam como preceitos, apresentados a seguir. Principais Teorias Éticas • O relativismo moral: O relativismo moral é a teoria que conceitua as afirmações morais (isso é bom, aquilo é mau) como relativas à cultura. Para o relativista moral, não existe algo objetivamente bom ou mau; o relativista moral afirma que algo considerado mau em determinada cultura pode ser considerado bom em outra cultura. O relativista moral tende a considerar que “bom” é aquilo que é socialmente aprovado e “mau” é aquilo que é socialmente desaprovado em determinada cultura. Principais Teorias Éticas • O absolutismo moral: O absolutismo moral é a teoria que afirma que existem valores morais objetivos. Para o absolutista moral, uma ação é boa ou má, independentemente da cultura à qual o agente pertença. O absolutista moral parte de princípios éticos definidos e deles deduz suas proposições morais. Principais Teorias Éticas • O utilitarismo: O utilitarismo é a teoria que afirma que se deve buscar maximizar os benefícios e minimizar os malefícios para a maior quantidade de pessoas. O utilitarista faz uma espécie de cálculo ético para chegar à conclusão de que uma ação é boa (a que maximiza os benefícios e minimiza os malefícios) e outra é má (a que não maximiza os benefícios e/ou não minimiza os malefícios). Principais Teorias Éticas • O fundamentalismo: Esta teoria propõe que os conceitos éticos sejam obtidos de uma fonte externa ao ser humano, a qual pode ser um livro (como a Bíblia), um conjunto de regras, ou até mesmo outro ser humano. • A teoria kantiana: Defendida por Emanuel Kant, propõe que o conceito ético seja extraído do fato de que cada um deve se comportar de acordo com princípios universais. Principais Teorias Éticas • A teoria contratualista: Baseada nas ideias de John Locke e Jean Jacques Rousseau, parte do pressuposto de que o ser humano assumiu com seus semelhantes a obrigação de se comportar de acordo com as regras morais, para poder conviver em sociedade. Os conceitos éticos seriam extraídos, portanto, das regras morais que conduzissem à perpetuação da sociedade, da paz e da harmonia do grupo social. Principais Teorias Éticas ➢ O estudo de todas essas teorias revela que os conceitos éticos precisam ser elaborados tendo em conta todas elas, mas sem se ater a uma em especial. Cada conceito ético, para ser aceito como tal precisa claramente encontrar guarida em pelo menos uma teoria. ➢ São todos relativos, e como tal devem ser entendidos. Não existem verdades absolutas ou exatas em matéria de ética. A reflexão permanente é requerida. Principais Teorias Éticas ➢ Teorias éticas – práticas: a) A ética da convicção, entendida como deontologia (estudo dos deveres); b) A ética da responsabilidade, conhecida como teleologia (estudo dos fins humanos). ➢ Toda atividade orientada pela ética pode subordinar-se a duas máximas totalmente diferentes e irredutivelmente opostas. Ela pode orientar-se pela ética da responsabilidade ou pela ética da convicção. Principais Teorias Éticas ➢ Isso não quer dizer que a ética da convicção seja idêntica à ausência de responsabilidade e a ética da responsabilidade à ausência de convicção. Não se trata evidentemente disso. ➢ Todavia, há uma oposição abissal entre a atitude de quem age segundo as máximas da ética da convicção. Em linguagem religiosa, diz-se: “o cristão faz seu dever e no que diz respeito ao resultado da ação remete-se a Deus”. ➢ Enquanto a atitude de quem age segundo a ética da responsabilidade diz: “devemos responder pelas consequências previsíveis de nossos atos”. Principais Teorias Éticas ➢ A ética da convicção é uma ética que se pauta por valores e normas previamente estabelecidos, cujo efeito primeiro consiste em moldar as ações que deverão ser praticadas. Ela se subdivide em: a do princípio e a da esperança. ➢ A primeira está restrita às normas morais estabelecidas, num deliberado desinteresse pelas circunstâncias, e cuja máxima sentencia: respeite as regras haja o que houver. A segunda se ancora em ideais, moldada por uma fé capaz de mover montanhas, e cuja máxima preconiza: o sonho antes de tudo. Principais Teorias Éticas ➢ Essas vertentes correspondem a modulações de deveres, preceitos, dogmas ou mandamentos introjetados pelos agentes ao longo dos anos. ➢ Como exemplo da ética da convicção, o Cônsul português Aristides de Sousa Mendes, lotado no porto francês de Bordeaux, preferiu ter compaixão a obedecer cegamente a seu governo e regeu seu comportamento pela ética da convicção. ➢ Priorizou a seus riscos e custos um valor em relação ao outro. Diante do avanço do exército alemão em junho de 1940, salvou a vida de 30 mil pessoas, entre as quais 10 mil judeus, ao emitir vistos de entrada em Portugal a qualquer um que pedisse, num ritmo frenético. Principais Teorias Éticas ➢ A ética da responsabilidade se caracteriza por considerar cada um responsável por aquilo que faz. Os agentes avaliam os efeitos previsíveis que uma ação produz; constam obter resultados positivos para a coletividade; e ampliam o leque das escolhas ao preconizar que “dos males, o menor”. ➢ Exemplificando a ética da responsabilidade, diante da queda acentuada das receitas, um dos cenários possíveis é o da forte redução das despesas com o consequente corte de pessoal. Principais Teorias Éticas ➢ O que fazer? Manter o dispêndio representado pela folha de pagamento e agravar a crise (talvez até pedir concordata), ou diminuir o desembolso e devolver à empresa o fôlego necessário para tentar ficar à tona na tormenta? Vale dizer, cabe ou não cabe sacrificar alguns tripulantes para tentar assegurar a sobrevinda ao resto da tripulação e ao próprio navio? E o que mais interessa do ponto de vista social? Uma empresa que feche as portas ou uma empresa que gere riquezas? Principais Teorias Éticas ➢ A ética da responsabilidade, assim como a da convicção, está alicerçada em duas vertentes: a utilitarista e da finalidade. A primeira exige que as ações produzam o máximo de bem para o maior número, isto é, que possam combinar a mais intensa felicidade possível (critério da eficácia) com a maior abrangência proporcional (critério da equidade). Sua máxima recomenda: faça o maior bem para mais gente. ➢ A segunda determina que a bondade dos fins justifique as ações empreendidas e supõe que todas as medidas necessárias serão tomadas. Sua máxima ordena: alcance os objetivos custe o que custar. Principais Teorias Éticas ➢ A doutrina enfocada, conclui-se que, enquanto aqueles que pendem pela ética da convicção guiam-se por imperativos da consciência e os que seguem a ética da responsabilidade guiam- se por uma análise de riscos. ➢ É necessário lembrar-se: a moral é a consideração do que é bem ou mal. A ética é o estudo das teorias que vão explicar a moral. A moral é a prática, a ética é a teoria. Ética e Desenvolvimento Sustentável ➢ A definição mais aceita para desenvolvimento sustentável é o desenvolvimento capaz de suprir as necessidades da geraçãoatual, sem comprometer a capacidade de atender as necessidades das futuras gerações. É o desenvolvimento que não esgota os recursos para o futuro. ➢ Essa definição surgiu na Comissão Mundial sobre Meio Ambiente e Desenvolvimento, criada pelas Nações Unidas para discutir e propor meios de harmonizar dois objetivos: o desenvolvimento econômico e a conservação ambiental. O que é preciso fazer para alcançar o desenvolvimento sustentável? Ética e Desenvolvimento Sustentável ➢ Para ser alcançado, o desenvolvimento sustentável depende de planejamento e do reconhecimento de que os recursos naturais são finitos. Esse conceito representou uma nova forma de desenvolvimento econômico, que leva em conta o meio ambiente. ➢ Muitas vezes, desenvolvimento é confundido com crescimento econômico, que depende do consumo crescente de energia e recursos naturais. Esse tipo de desenvolvimento tende a ser insustentável, pois leva ao esgotamento dos recursos naturais dos quais a humanidade depende. Ética e Desenvolvimento Sustentável ➢ Atividades econômicas podem ser encorajadas em detrimento da base de recursos naturais dos países. Desses recursos depende não só a existência humana e a diversidade biológica, como o próprio crescimento econômico. ➢ O desenvolvimento sustentável sugere, de fato, qualidade em vez de quantidade, com a redução do uso de matérias-primas e produtos e o aumento da reutilização e da reciclagem. Ética e Desenvolvimento Sustentável ➢ Os modelos de desenvolvimento dos países industrializados devem ser seguidos? O desenvolvimento econômico é vital para os países mais pobres, mas o caminho a seguir não pode ser o mesmo adotado pelos países industrializados, mesmo porque não seria possível. ➢ Caso as sociedades do Hemisfério Sul copiassem os padrões das sociedades do Norte, a quantidade de combustíveis fósseis consumida atualmente aumentaria 10 vezes e a de recursos minerais, 200 vezes. Ao invés de aumentar os níveis de consumo dos países em desenvolvimento, é preciso reduzir os níveis observados nos países industrializados. Ética e Desenvolvimento Sustentável ➢ Os crescimentos econômico e populacional das últimas décadas têm sido marcados por disparidades. Embora os países do Hemisfério Norte possuam apenas um quinto da população do planeta, eles detêm quatro quintos dos rendimentos mundiais e consomem 70% da energia, 75% dos metais e 85% da produção de madeira mundial. ➢ Conta-se que Mahatma Gandhi, ao ser perguntado se depois da independência, a Índia perseguiria o estilo de vida britânico, teria respondido: "a Grã-Bretanha precisou de metade dos recursos do planeta para alcançar sua prosperidade. Quantos planetas não seriam necessários para que um país como a Índia alcançasse o mesmo patamar?". Ética e Desenvolvimento Sustentável ➢ A sabedoria de Gandhi indicava que os modelos de desenvolvimento precisam mudar. Os estilos de vida das nações ricas e a economia mundial devem ser reestruturados para levar em consideração o meio ambiente. ➢ O Fórum de Copenhagen (01/2010) serviu para medir de uma vez por todas o tamanho do egoísmo dos países desenvolvidos, sobretudo quanto ao consumo de energia, que é igual a quanto maior, mais crescimento, de parte dos países em desenvolvimento. Ética e Desenvolvimento Sustentável ➢ Ficou claro que eles podem consumir a energia que quiserem, enquanto que os países em desenvolvimento terão que diminuir o consumo de energia, que significa diminuir a produção, gerar menos emprego e renda, crescer menos, etc. Barbaridade em dose dupla. ➢ Mais uma vez eles mistificam a realidade. De um lado, preservar o meio ambiente é uma necessidade vital e um comportamento fundamental para o ser humano. Ética e Desenvolvimento Sustentável ➢ Diminuir a emissão de CO² é necessário para o planeta como um todo, porém não dá mais para aceitar tanta mistificação porque, na realidade, o problema climático, ambiental e etc., não está localizado dentro do contexto econômico que eles mistificam para evitar o avanço inexorável dos países emergentes, sobretudo aqueles relativos aos BRICS, acrônimo para o grupo constituído pelo Brasil, Rússia, Índia, China e África do Sul. ➢ São conhecidos os riscos do atual modelo de desenvolvimento, há recursos e tecnologia e se sabe o que deve ser feito para alcançar a justiça social e cuidar do planeta. Neste sentido, opção pelo desenvolvimento sustentável depende apenas da vontade política dos governos e da sociedade como um todo. Ou seja, trata-se de uma escolha ética. Ética e Desenvolvimento Sustentável ➢ Nessa dimensão reflexiva, é importante pontuar a correlação ou a relação biunívoca existente entre as ciências sociais. Assim sendo, não poderemos deixar de considerar o universo que compõe esse cenário, evidenciando os seguintes fatores básicos para o estudo da economia: a) dotação de recursos: compreende todos os recursos disponíveis numa economia. É o que se usa para produzir bens; b) tecnologia: é o menu da economia moderna, oferece todas as combinações diferentes de recursos que podem ser utilizados para a produção de bens e serviços; Ética e Desenvolvimento Sustentável c) preferência dos indivíduos: depende dos bens e serviços que a economia deve produzir. As preferências das pessoas determinam suas decisões; e, d) instituições econômicas: são as normas que regulam as relações em uma determinada economia. São formalmente codificadas em leis (leis tributárias, leis trabalhistas, leis da propriedade, etc.). Ética e Desenvolvimento Sustentável ➢ E dentro desse contexto de análise centrada na fundamentação econômica que se pontuam, também, alguns aspectos da ação econômica e seus principais condicionamentos, ou seja, os fatores condicionantes da ação, das relações e do comportamento econômico e que podem também ser condicionados por elas: a) forma de organização política da sociedade; b) posturas ético-religiosas; c) modos de relacionamento social; d) condições limitativas do meio ambiente; e) estrutura da ordem jurídica; f) formação cultural da sociedade; g) padrões das conquistas tecnológicas. Ética e Desenvolvimento Sustentável ➢ Muitas vezes são as empresas criticadas por não desenvolverem produtos ecológicos ou por seguirem lógicas produtivas socialmente nefastas. ➢ No entanto, se realmente se defende a liberdade e a responsabilidade dever-se-á, para além de inquirir as empresas, confrontar os consumidores com os seus atos e as suas opções. ➢ Não é justo nem benéfico utilizar as empresas como bode expiatório da má consciência global e, por outro lado, tratar os consumidores como se fossem crianças. Ética e Desenvolvimento Sustentável ➢ Os clientes, os consumidores, são a chave para alguns dos dilemas que se colocam no que respeita à exequibilidade da ética empresarial. ➢ Proliferam os rankings de empresas que são boas empregadoras, desenhados por instituições ou órgãos de comunicação; há também já múltiplos fundos éticos e até índices como o FTSE4Good, destinado a facilitar o investimento socialmente responsável e a aposta em empresas guiadas por uma gestão transparente. A ética do consumidor é a melhor contrapartida que pode haver para uma ética da empresa. Ética e Desenvolvimento Sustentável ➢ À responsabilidade da empresa deve corresponder a responsabilidade do consumidor, que deve se preocupar em adotar um consumo consciente e crítico em face de políticas de contratação, higiene, segurança, transparência, honestidade no seio das empresas que produzem os bens ou fornecem os serviços que vai adquirir. ➢ De fato, muito da crítica ao capitalismo é uma crítica à democracia, na medida em que é uma crítica à capacidade de escolha de cada indivíduo. A maturidade em todas as escolhas efetuadas pelas pessoas é decisiva para formatar os estados em que vivem, as sociedades na qual se movem e os mercados que as abastecem. Ética e Desenvolvimento Sustentável ➢ Isto correspondeprecisamente à persecução do projeto iluminista numa época pós-convencional de, como Kant afirmou, de o indivíduo ser capaz de guiar-se por si próprio, assumir o peso de sair da menoridade confortável a que o consumo automático o restringe. A ética do consumo não faz parte da ética empresarial, mas é a consequência lógica da mesma, uma exigência de justiça; movendo-nos no plano da ética e não do direito, a coação não pode ser jurídica. ➢ No entanto, a coação moral num sujeito coletivo como é a empresa, só pode dar-se a partir de algo tangível. O consumismo (ético e ecológico) é a recompensa prática da empresa ética e a punição da empresa que se furta a ser responsável. Ética empresarial ➢ Ética empresarial é o comportamento da empresa - entidade lucrativa - quando ela age em conformidade com os princípios morais e as regras do bem proceder aceitas pela coletividade (regras éticas). A atividade empresarial é eticamente fundada e orientada, quando se cria emprego, se proporciona habitação, alimentação, vestuário e educação, detendo os bens como quem os administra. Para os cristãos, a ética empresarial é justiça e obras de misericórdia. ➢ Para muitos outros será a lei natural que diz que ninguém pode ser feliz / rico no meio de infelizes / pobres. A ética empresarial, ainda, consiste na busca do interesse comum, ou seja, do empresário, do consumidor e do trabalhador. A importância da ética empresarial ➢ Todo sistema que diminui a relevância da ética, tornando tal valor desprezível, tende a não respaldar os reclamos da sociedade, a tornar o Estado que o produziu menos democrático, quando não totalitário, e termina por durar tempo menor que os demais ordenamentos que a reconhecem. ➢ Além de outros dispositivos constitucionais, onde a ética permeia, verifica-se que é no capítulo VII, do título III da Constituição Federal de 1988, que se encontra de forma mais evidente a imposição da necessidade da ética, no exercício da honrosa função de servir a sociedade, estando esse princípio dentre os mais importantes da Administração Pública, a saber: legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade e eficiência. A importância da ética empresarial ➢ No âmbito da atividade empresarial, os princípios éticos que norteiam o direito, estampados na Ordem Econômica e Financeira, fundamentam-se na valorização do trabalho humano e na livre iniciativa, reprimindo o abuso do poder econômico, incentivando a livre concorrência, dando tratamento preferencial às empresas de pequeno porte, proibindo a atuação do Estado na área específica da iniciativa privada, a não ser em caráter excepcional (segurança nacional ou relevante interesse coletivo). A importância da ética empresarial ➢ O § 4º, do art. 173, da Constituição Federal de 1988, estabeleceu as práticas que devem ser evitadas na exploração da atividade econômica, por ferir a ética empresarial, dispondo que: "A lei reprimirá o abuso do poder econômico que vise à dominação dos mercados, à eliminação da concorrência e ao aumento arbitrário dos lucros". ➢ Evoluímos, assim, para uma sociedade em que alguns denominaram "pós-capitalista" e outros "neocapitalista" ou ainda "sociedade do saber", caracterizada pela predominância do espírito empresarial e pelo exercício da função reguladora do direito. O Estado reduz-se a sua função de operador para tornar- se o catalisador das soluções, o regulador e o fiscal da aplicação da lei e a própria administração se desburocratiza. A importância da ética empresarial ➢ O espírito empresarial, por sua vez, cria parcerias que se substituem aos antigos conflitos de interesses que existiam, de modo latente ou ostensivo, entre empregados e empregadores, entre produtores e consumidores e entre o Poder Público e a iniciativa privada. ➢ A sociedade contemporânea apresenta um novo modelo para que a empresa possa progredir e o Estado evolua adequadamente, mediante a mobilização construtiva de todos os participantes, não só do plano político, pelo voto, mas também no campo econômico, mediante várias formas de parceria, com base na confiança e na lealdade que devem presidir as relações entre as partes. A importância da ética empresarial ➢ Neste contexto, a empresa, abandonando a organização hierarquizada, "apodera do mundo empresarial, com os valores que lhes são próprios, como iniciativa, corresponsabilidade, comunicação, transparência, qualidade, inovação e flexibilidade”. ➢ Vê-se, portanto, que a empresa, abandonando sua estrutura originária, sob o comando dos proprietários de companhia, agora, se sujeita, a uma nova forma de governo, com maior poder atribuído aos acionistas e empregados e até a própria sociedade civil, passando a ter verdadeiros deveres, não só com os seus integrantes e acionistas, mas também com os seus consumidores, clientes e até com o meio ambiente. A importância da ética empresarial ➢ A Lei n. 6.404/76, que disciplina as sociedades por ações, enumera de forma precisa e detalhada os deveres e responsabilidades dos administradores, a função social da empresa, orientando no sentido de que o administrador deve exercer as atribuições que a lei e o estatuto lhe conferem para lograr os fins e no interesse da companhia, satisfeitas as exigências do bem público e da função social da empresa (art. 154). A importância da ética empresarial ➢ É preciso ressaltar que hoje, no que tange à matéria contratual, ao contrário do que acontecia no passado, onde o direito além de exigir a completa boa-fé, proporciona proteção mais adequada ao comerciante mais frágil, transmuta-se, assim, de um regime de completa liberdade para uma nova ordem na qual a liberdade das partes importa responsabilidade, devendo inspirar-se em princípios éticos, abandonando-se a igualdade formal para atender às situações respectivas dos contratantes, ou seja, à igualdade material. A importância da ética empresarial ➢ Na questão ambiental, há que se ressaltar que o meio ambiente transformou-se em um valor permanente para a sociedade, de forte conteúdo ético. Assim, protegê-lo tornou-se um imperativo para todos os habitantes da terra, exigindo que cada um se conscientize dessa grande necessidade, requerendo esforço comum, em resposta aos desafios do futuro. A importância da ética empresarial ➢ Exige-se, portanto, que as empresas promovam o desenvolvimento sustentável, conforme tem insistido a Câmara de Comércio Internacional. É preciso pensar e pensar rápido, com coragem e ousadia, numa nova ética, para o desenvolvimento. ➢ Numa ética que transcenda a sociedade de mercadoria, da suposta generalização dos padrões de consumo dos países ricos para as sociedades periféricas – promessa irrealizável de certas correntes desenvolvimentistas do passado e dos neoliberais de hoje em dia. A importância da ética empresarial ➢ Tal promessa não passa de um jogo das contas de vidro, recheado de premissas falsas, devido a obstáculos políticos criados pelos países ricos (que brecam a generalização da riqueza) e as limitações impostas pela base de recursos naturais. ➢ Ou seja, as limitações ecológicas inviabilizam (devido ao efeito estufa, destruição da camada de ozônio, dilapidação das florestas tropicais etc.) a homogeneização para toda a humanidade dos padrões dos gastos do consumo. A importância da ética empresarial ➢ Hoje, as grandes entidades financeiras nacionais e estrangeiras só aprovam financiamentos cujos projetos não afetem o meio ambiente. Dentro desse contexto, decidindo a empresa adotar os postulados éticos em suas relações, nada mais necessário do que estabelecer as regras de conduta a partir de um instrumento interno, ou seja, elaborar um Código de Ética, que teria a incumbência de padronizar e formalizar o entendimento da organização empresarial em seus diversos relacionamentos e operações. A importância da ética empresarial ➢ Com ele, poder-se-á evitar que os julgamentos subjetivos deturpem, impeçamou restrinjam a aplicação plena dos princípios, além de que, pode constituir uma prova legal de determinação da administração da empresa, de seguir os preceitos nele refletidos. A responsabilidade social das empresas ➢ A empresa tem sido entendida, doutrinariamente, como uma "atividade econômica organizada, exercida profissionalmente pelo empresário, através do estabelecimento". ➢ Extraem-se daí os três conceitos básicos da empresariedade: o empresário, o estabelecimento e a atividade. Para melhor entendimento da empresa sob o enfoque da ética, traz-se à colação o pensamento de Alfredo Lamy Filho e José Luiz Bulhões Pedreira sobre a empresa – a grande empresa – enfocando-a como a célula de base de toda a economia industrial. A responsabilidade social das empresas ➢ Em economia de mercado, é, com efeito, no nível da empresa que se efetua a maior parte das escolhas que comandam o desenvolvimento econômico: definição de produtos, orientação de investimentos e repartição primária de vendas. ➢ Este papel motor da empresa é, por certo, um dos traços dominantes de nosso modelo econômico: por seu poder de iniciativa, a empresa está na origem da criação constante da riqueza nacional; ela é, também, o lugar da inovação e da renovação. A responsabilidade social das empresas ➢ A macroempresa envolve tal número de interesses e de pessoas - empregados, acionistas, fornecedores, credores, distribuidores, consumidores, intermediários, usuários -, que tende a transformar-se realmente em centro de poder tão grande que a sociedade pode e deve cobrar-lhe um preço em termos de responsabilidade social. ➢ Seja a empresa, seja o acionista controlador, brasileiro ou estrangeiro, todos têm deveres para a comunidade na qual vivem. A responsabilidade social das empresas ➢ Os autores concluem dizendo que essa revolução que se está operando nos países da vida ocidental - como resposta, até certo ponto surpreendente e admirável, às exigências de conciliar a eficiência insubstituível da macroempresa com a liberdade de iniciativa e a distribuição da riqueza - não foi feita, nem poderá sê-lo, sem a compreensão e a efetiva colaboração dos empresários - que a lideraram -, das instituições comerciais, que a secundaram, dos investidores que a compreenderam e apoiaram, e do Estado, que a estimularam, disciplinaram e removeram os obstáculos jurídicos para que ela se realizasse na plenitude. Evolução da ética empresarial ➢ A doutrina no âmbito do direito empresarial tem conceituado a empresa como uma atividade econômica organizada pelo empresário, que se utiliza dos fatores da produção - a natureza, o capital e o trabalho - para produzir um resultado, que pode ser um serviço, um bem ou um direito, para venda no mercado, com o objetivo final de lucro. ➢ A história nos dá conta de que, nas sociedades primitivas e antigas, a atividade econômica se baseava na troca de mercadoria por mercadoria, não existindo nesse período a ideia de lucro e nem de empresa. Portanto, a ética se restringia às relações de poder entre as partes e pelas eventuais necessidades presentes de obtenção de certos bens ou artigos. Evolução da ética empresarial ➢ O surgimento do conceito de lucro nas operações de natureza econômica trouxe certa dificuldade para a moral, posto que ele (o lucro) era originariamente considerado um acréscimo indevido, sob o ponto de vista da moralidade. ➢ Somente no século XVIII, o economista Adam Smith, na sua obra A Riqueza das Nações, conseguiu demonstrar que o lucro não é um acréscimo indevido, mas um vetor de distribuição de renda e de promoção do bem-estar social, expondo pela primeira vez a compatibilidade entre ética e atividade lucrativa. Evolução da ética empresarial ➢ A encíclica Rerum Novarum, do Papa Leão XIII, foi a primeira tentativa formal de impor um comportamento ético à empresa. Esse documento papal trouxe no seu bojo princípios éticos aplicáveis nas relações entre a empresa e empregados, valorizando o respeito aos direitos e à dignidade dos trabalhadores. ➢ Surge nos Estados Unidos em 1890, a Lei Shelman Act, destinada a proteger a sociedade contra os acordos entre empresas, contrários ou restritivos da livre concorrência. Evolução da ética empresarial ➢ No início do século XX, foi editada a Lei Clayton, alterada pela Pattman-Robison, que complementou a lei Shelman Act, proibindo a prática de discriminação de preços por parte de uma empresa em relação aos seus clientes. ➢ Em 1972, realizou-se a Conferência Internacional Sobre o Meio Ambiente, em Estocolmo, Suécia, organizada pela Organização das Nações Unidas, que teve como finalidade conscientizar todos os segmentos sociais, inclusive as empresas sobre a necessidade de se preservar o planeta. Evolução da ética empresarial ➢ Cinco anos após, o governo americano legisla sobre a ética empresarial, por meio da edição da Lei Foreign Corrupt Practices Act, que proíbe e estabelece penalidades às pessoas ou organizações que ofereçam subornos às autoridades estrangeiras, com a finalidade de obter negócios ou contratos. ➢ No Brasil, foi editada a Lei n. 4.137/62, alterada pela Lei n. 8.884/94, que reprime o abuso do poder econômico e as práticas concorrenciais. Em diversas outras áreas, como nas de proteção ao trabalho, do meio ambiente, do consumidor, existem leis específicas, tratando da questão da ética. Evolução da ética empresarial ➢ Diante dessa preocupação mundial com a ética empresarial, pode-se afirmar que se vive uma nova era nessa matéria. Relativamente, a evolução da ética na empresa societária, ao que se tem notícia, até o fim da primeira metade do século XX, os conflitos societários eram solucionados na própria empresa, sendo poucas as demandas judiciais. ➢ Prevalecia o poder daquele que majoritariamente comandava a empresa. Esse período foi chamado de fase monárquica da sociedade comercial. Evolução da ética empresarial ➢ Aplicava-se a visão do banqueiro alemão, ao qual se atribui a qualificação dos acionistas minoritários como sendo tolos e arrogantes. Tolos porque lhe entregavam o dinheiro, e arrogantes, pois ainda pretendiam receber os dividendos. ➢ Paulatinamente, vai-se criando nova consciência nessas relações, e os controladores passam a buscar o consenso junto aos demais participantes da sociedade (empregados, minoritários etc.). Evolução da ética empresarial ➢ No Brasil, a partir da metade do século XX, já há uma preocupação do direito brasileiro para com os direitos dos minoritários, possibilitando-lhes o recebimento dos dividendos, o recesso e responsabilizar os administradores e controladores da companhia. ➢ É o primeiro passo para a democratização e moralização da empresa, mediante a criação de um sistema de liberdade com responsabilidade, que sucedeu ao regime da mais completa irresponsabilidade. Evolução da ética empresarial ➢ Verifica-se, modernamente, que a legislação brasileira consagra os conceitos de abuso de direito e de responsabilidade pelo desvio de poderes. A Lei n. 6.404/76, assim como a legislação do mundo inteiro, tem reconhecido que o poder do voto deve ser exercido no interesse da sociedade, consoante dispõe o artigo 115 da citada lei: O acionista deve exercer o direito de voto no interesse da companhia; considerar-se-á abusivo o voto exercido com o fim de causar dano à companhia ou a outros acionistas, ou de obter, para si ou para outrem, vantagem a que não faz jus e de que resulte, ou possa resultar prejuízo para companhia ou para outros acionistas. Evolução da ética empresarial ➢ A obediência à ética e aos bons costumes se impôs até aos acordos de acionistas, cujas cláusulas ilegais, abusivas ou imorais não podem ser consideradas vinculatórias para os seus signatários. Valores éticos: interpretação ➢ Como interpretar os valores éticos? A interpretação de valores éticos pode ser absoluta ou relativa. A primeira baseia-se na premissa de que as normasde conduta são válidas em todas as situações, e a segunda de que as normas dependem da situação. ➢ No que tange à ética relativa, os orientais entendem que os indivíduos devem dedicar-se inteiramente à empresa, que constitui uma família à qual pertence a vida dos trabalhadores. Valores éticos: interpretação ➢ Já, para os ocidentais, o entendimento é de que há diferença entre a vida pessoal e a vida profissional. Assim, encerrado o horário normal do trabalho, o restante do tempo é do trabalhador e não do patrão. ➢ Quanto à ética absoluta, parte-se do princípio de que determinadas condutas são intrinsecamente erradas ou certas, qualquer que seja a situação, e, dessa maneira, devem ser apresentadas e difundidas como tal. Um problema sério da ética absoluta é que a noção de certo e errado depende de opiniões. Valores éticos: interpretação ➢ Como exemplo disto, os bancos suíços construíram uma reputação de confiabilidade com base na preservação do sigilo sobre suas contas secretas. ➢ Sob a perspectiva absoluta, para o banco, o correto é proteger a identidade e o patrimônio do cliente. Durante muito tempo, os bancos suíços foram admirados por essa ética, até ficar evidente que os clientes nem sempre eram respeitáveis. Valores éticos: interpretação ➢ Traficantes de drogas, ditadores e nazistas haviam escondido nas famosas contas secretas muito dinheiro ganho de maneira ilícita. Os bancos continuaram insistindo em sua política, enquanto aumentavam as pressões internacionais, especialmente dos países interessados em rastrear a lavagem de dinheiro das drogas, ou recuperar o que havia sido roubado pelos ditadores e nazistas. Valores éticos: interpretação ➢ Para as autoridades destes países, a ética absoluta dizia que o sigilo era intrinsecamente errado, uma vez que protegia dinheiro obtido de forma desonesta. ➢ Finalmente, as autoridades suíças concordaram em revelar a origem dos depósitos e iniciar negociações visando à devolução do dinheiro para os seus donos. Razões para a empresa ser ética ➢ A maioria dos autores que estudam a questão da ética empresarial estabelece que o comportamento ético seja a única maneira de obtenção de lucro com respaldo moral. ➢ A sociedade tem exigido que a empresa sempre puna pela ética nas relações com seus clientes, fornecedores, competidores, empregados, governo e público em geral. Razões para a empresa ser ética ➢ O comportamento ético dentro e fora da empresa permite às companhias inteligentes baratear os produtos, sem diminuir a qualidade e nem baixar os salários, porque uma cultura ética torna possível reduzir os custos de coordenação. ➢ Além dessas, outras razões podem ser invocadas como o não pagamento de subornos, compensações indevidas etc. Agindo eticamente, a empresa pode estabelecer normas de condutas para seus dirigentes e empregados, exigindo que ajam com lealdade e dedicação. Razões para a empresa ser ética ➢ Os procedimentos éticos facilitam e solidificam os laços de parceria empresarial, quer com clientes, quer com fornecedores, quer, ainda, com sócios efetivos ou potenciais, Isso ocorre em função do respeito que um agente ético gera em seus parceiros. ➢ A ética da empresa trata de mostrar, então, que optar por valores que humanizam é o melhor para a empresa, entendida como um grupo humano, e para a sociedade em que ela opera. Razões para a empresa ser ética ➢ A atividade empresarial não é só para ganhar dinheiro. Uma empresa é algo mais que um negócio: é antes de tudo um grupo humano que persegue um projeto, necessitando de um líder para levá-lo a cabo, e que precisa de um tempo para desenvolver todas as suas potencialidades. ➢ Entende-se que a ética deve estar acima de tudo, e que a empresa que age dentro dos postulados éticos aceitos pela sociedade só tende a prosperar. Ética profissional ➢ Um profissional deve saber diferenciar a Ética da moral e do direito. A moral estabelece regras para garantir a ordem independente de fronteiras geográficas. O direito estabelece as regras de uma sociedade delimitada pelas fronteiras do Estado. ➢ As leis têm uma base territorial, valendo apenas para aquele lugar. As normas jurídicas obrigam os cidadãos de forma coercitiva, ou seja, independente da vontade pessoal. Já a norma ética não obriga coativamente a pessoa que a descumpre. Ética profissional ➢ Pessoas afirmam que em alguns pontos elas podem gerar conflitos. O desacato civil ocorre quando argumentos morais impedem que uma pessoa acate certas leis. Às vezes as propostas da ética podem parecer justas ou injustas. Ética é diferente da moral e do direito, porque não estabelece regras concretas. ➢ A Ética profissional se inicia com a reflexão. Quando se escolhe uma profissão, passa-se a ter deveres profissionais obrigatórios. Os jovens quando escolhem sua carreira, escolhem pelo dinheiro e não pelos deveres e valores. Ética profissional ➢ Ao completar a formação em nível superior, a pessoa faz um juramento, que significa seu comprometimento profissional. Isso caracteriza o aspecto moral da ética profissional. Mesmo que não se exerça uma atividade dentro da área de interesse do profissional, isto não o isenta dos deveres e obrigações que este tem a cumprir. ➢ Ser um profissional ético nada mais é do que ser profissional mesmo nos momentos mais inoportunos. Para ser uma pessoa ética, devemos seguir um conjunto de valores. Ser ético é proceder sem prejudicar os outros. Algumas das características básicas de como ser um profissional ético é ser bom, correto, justo e adequado. Ética profissional ➢ Além de ser individual, qualquer decisão ética tem por trás valores fundamentais, tais como: a) ser honesto em qualquer situação - é a virtude dos negócios; b) ter coragem para assumir as decisões - mesmo que seja contra a opinião alheia; c) ser tolerante e flexível - deve-se conhecer para depois julgar as pessoas; d) ser íntegro - agir de acordo com seus princípios; e, e) ser humilde - só assim se consegue reconhecer o sucesso individual. Problemas Morais ➢ A ética não é algo superposto à conduta humana, dado que todas as nossas atividades envolvem uma carga moral. O que define a nossa realidade são as ideias sobre o bem e o mal, o certo e o errado, o permitido e o proibido. Problemas Morais ➢ Nas relações do dia a dia apresentam-se problemas do tipo: • Deve-se sempre dizer a verdade ou existem ocasiões em que se pode mentir? • Será que é correto tomar tal atitude? • Deve-se ajudar um amigo em perigo, mesmo correndo risco de vida? • Existe alguma ocasião em que seria correto atravessar um sinal de trânsito vermelho? • Os soldados que matam numa guerra, podem ser moralmente condenados por seus crimes ou estão apenas cumprindo ordens? • Como tratar a questão do aborto? • Como lidar com a eutanásia, com o assédio moral? Problemas Morais ➢ Essas perguntas evocam problemas cujas soluções, normalmente, não envolvem apenas a pessoa que os propõe, mas também outras pessoas que poderão sofrer as consequências das decisões e ações, consequências que poderão muitas vezes afetar uma comunidade inteira. Diante dos dilemas da vida, temos a tendência de conduzir nossas ações de forma quase que instintiva, automática, fazendo uso de alguma "fórmula" ou "receita" presente em nosso meio social, de normas que julgamos mais adequadas de serem cumpridas, por terem sido aceitas intimamente e reconhecidas como válidas e obrigatórias. (ALENCASTRO, 1997, p. 2) Problemas Morais Fazemos uso de normas, praticamos determinados atos e, muitas vezes, nos servimos de determinados argumentos para tomar decisões, justificar nossas ações e nos sentirmos dentro da normalidade (ALENCASTRO, 1997, p. 2) ➢ As normas sobre as quais se fala têm relação com valores morais. São os meios pelos quais os valores morais de um grupo social são manifestos e acabam adquirindoum caráter normativo e obrigatório. ➢ Quando os valores e costumes estabelecidos numa determinada sociedade são bem aceitos, não há muita necessidade de reflexão sobre eles. Problemas Morais ➢ Mas, quando surgem questionamentos sobre a validade de certos costumes ou valores consolidados pela prática, surge a necessidade de fundamentá-los teoricamente, ou, para os que discordam deles, criticá-los (ALENCASTRO, 1997). ➢ Para que se compreenda melhor acerca de alguns problemas relativos à moral, que abrangem a área da saúde, aqui especificamente a enfermagem, é necessário que se abordem os conceitos da Bioética e seus principais temas: aborto, assédio moral, eutanásia, Aids e as relações médico-paciente. Bioética ➢ Schramm (2002) trata a Bioética como uma ética aplicada, que visa “dar conta” dos conflitos e controvérsias morais implicados pelas práticas no âmbito das Ciências da Vida e da Saúde, do ponto de vista de algum sistema de valores (chamado também de “ética”). ➢ Para o autor, ela se destina a resolver os conflitos éticos concretos, aqueles que surgem das interações humanas em sociedades. Bioética ➢ A bioética tem uma tríplice função: a) enquanto função descritiva, ela descreve e analisa os conflitos em pauta; em sua função normativa, a bioética lida com os conflitos, no sentido de abolir os comportamentos que podem ser considerados reprováveis e de prescrever aqueles considerados corretos; e, em sua função protetora, intuitivamente, ela ampara, dentro do possível, todos os envolvidos em alguma disputa de interesses e valores, priorizando os mais fracos, quando isto se fizer necessário. Bioética ➢ Mais claramente falando, a bioética é um conjunto de pesquisas, discursos e práticas, cuja finalidade é esclarecer e resolver questões éticas suscitadas pelos avanços e pela aplicação da medicina e da biologia. ➢ Vários são os grupos, com interesses distintos, que debatem sobre a bioética, tais como indústrias farmacêuticas, laboratórios de biotecnologia, organizações ambientalistas, associações de consumidores e entidades de classe. Bioética ➢ Entre os temas mais abordados na bioética, observam-se o aborto, a eutanásia, os transgênicos, a fertilização in vitro, a clonagem e os testes com animais, além da relação médico- paciente, assédio moral, as questões envolvendo os pacientes com Aids, etc. As próximas seções tratarão sobre aborto, eutanásia, relações médico-paciente, assédio moral e Aids. Aborto ➢ Conforme afirmam Diniz e Almeida (1998), dentro da bioética o tema aborto é aquele sobre o qual mais se tem escrito, debatido e realizado congressos científicos e discussões públicas. No entanto, pouco se caminhou nesta questão nos últimos anos. ➢ Para os autores, a maior dificuldade para um leigo no assunto reside na literatura, pois fica difícil discernir sobre quais são os argumentos filosóficos e científicos consistentes em meio a uma infinidade de manipulações retóricas, o que dificulta apresentar um panorama dos estudos bioéticos relativos ao tema. Aborto ➢ Uma gama considerável de textos acadêmicos, políticos e religiosos entram em cena e é uma difícil missão selecionar dentre eles quais os mais significativos para se estabelecer um debate frutífero. ➢ Neste sentido, abordar-se-á aqui: a) a terminologia e os principais tipos de aborto; b) dados sobre a legislação; c) o aborto enquanto um problema ético. Terminologia ➢ Diniz e Almeida (1998) advogam, ainda, que seria necessária uma avaliação semântica dos conceitos utilizados pelos pesquisadores que escrevem sobre o aborto, pelo fato de a variedade conceitual ser proporcional ao impacto social causado pela escolha de cada termo. ➢ Observa-se uma cadeia interminável de definições que geram confusões semânticas para os pesquisadores interessados em se aprofundar nesta temática. Os autores sugerem que se usem as nomenclaturas mais próximas do discurso médico oficial, para melhor entendimento do assunto. Terminologia ➢ Assim sendo, eles apontam para quatro tipos de situação para o aborto: a) interrupção eugênica da gestação (IEG) – nestes casos, interrompe-se a gestação por valores racistas, sexistas ou étnicos. De uma forma geral, este tipo de aborto acontece alheio à vontade da gestante, que é obrigada a praticar o aborto; b) interrupção terapêutica da gestação (ITG) – nos casos em que se deve preservar a saúde da gestante. Dado o avanço da medicina, estes casos são considerados raros hoje em dia; Terminologia ➢ Assim sendo, eles apontam para quatro tipos de situação para o aborto: c) interrupção seletiva da gestação (ISG) – nos casos de anomalias fetais. Nestes casos, justificam-se as solicitações de aborto dada a incompatibilidade da vida extrauterina, como o feto portador de anencefalia, por exemplo; d) interrupção voluntária da gestação (IVG) – nos casos em que a gestação é interrompida pela autonomia da gestante, como uma gravidez indesejada, seja ela fruto ou não de um abuso sexual. Terminologia ➢ Observa-se que, exceto pela interrupção eugênica, as demais levam em consideração a vontade da gestante (ou do casal) em manter ou não a gravidez. Sobre estas formas também recaem as maiores discussões bioéticas. ➢ A ITG e ISG se assemelham, especialmente em países onde a legislação permite ambos os casos. No entanto, observa-se que além dos limites gestacionais impostos de forma diferente para cada caso, é importante salientar que no caso da ISG a saúde do feto é a razão do aborto, e na ITG, privilegia-se a saúde materna. Terminologia ➢ Outra dificuldade reside, de acordo com Diniz e Almeida (1998), em nomear o resultado do aborto. Alguns autores chamam de ‘feto’, outros de ‘embrião’, outros ainda de ‘criança’, ‘não nascido’, ‘pessoa’ ou ‘indivíduo’. Uns autores argumentam que um feto de 12 semanas, por exemplo, pode sentir dor, enquanto que estudos da neurofisio-embriologia negam esta tese. ➢ Estas controvérsias geram ainda mais dificuldade no entendimento sobre o tema, uma vez que se mesclam argumentos científicos e crenças morais como se fossem receitas de bolo, afirmam os autores. E isto se observa tanto entre os proponentes da questão quanto entre os seus oponentes. Legislação ➢ Um marco para a legislação e políticas nacionais e internacionais acerca do aborto foi a Conferência Internacional sobre População e Desenvolvimento, que ocorreu no Cairo, no ano de 1994. Antes deste evento, é sabido que o tema do aborto não fazia parte da agenda de saúde pública de inúmeros países (DINIZ e ALMEIDA, 1998). ➢ Um dos métodos para o controle de natalidade mais utilizado e difundido desde o século XIX tem sido o aborto. Porém, é difícil estimar um cálculo preciso para a taxa mundial de aborto, dado que este é considerado crime em alguns países. Legislação ➢ Ainda assim, as taxas mundiais de aborto são muitíssimo elevadas, especialmente nos países da África e América Latina. Em que pese a contestabilidade sobre o levantamento demográfico acerca do número de abortos, o estudo das legislações comparadas se apresenta mais confiável, segundo Diniz e Almeida (1998). ➢ No ano de 1869 o Papa Pio IX declarou que a alma incorpora quando da concepção. Assim, as leis vigentes naquele século não permitiam qualquer forma de interrupção da gravidez. Entre os anos de 1950 e 1985, quase todos os países desenvolvidos liberalizaram as suas leis sobre o aborto por motivos de direitos humanos e segurança. Legislação ➢ E, desde, então da década de 1985 alguns países vêm modificando a sua legislação, tornando-a mais aberta para a prática. Em países onde o aborto ainda é ilegal, sente-se uma forte influência de antigas leis coloniais, que muitas vezes não refletem a opinião da população local. ➢ De acordo com levantamento feito em 2013, aproximadamente 25% da população mundial vivem em países com leis sobre o aborto altamente restritivas, especialmente na América Latina, África eÁsia. Em alguns países, como o Chile, as mulheres ainda vão para a prisão por praticarem um aborto ilegal. Legislação ➢ Alguns autores defendem a tese de que a legislação restritiva do aborto viola os direitos humanos das mulheres, prescritos com base na Conferência Internacional sobre a População e o Desenvolvimento, na Quarta Conferência Mundial das Mulheres em Pequim e na Declaração Universal dos Direitos. ➢ Atualmente, a legislação aponta para os seguintes casos: a) para alguns países, o aborto é ilegal em todas as circunstâncias ou é permitido apenas em caso de risco de vida da mulher, como, por exemplo, no Brasil, Chile, República Dominicana, Venezuela, México, Angola, Benin, Costa do Marfim, Senegal, Egito, Líbano, Indonésia, Filipinas, Irlanda, etc.; Legislação ➢ b) o aborto é permitido por lei, apenas em risco de vida ou para proteger a saúde física da mulher, como no caso da Argentina, Bolívia, Equador, República dos Camarões, Moçambique, Marrocos, Tailândia, Polônia, etc. ➢ No Brasil, a legislação que trata do aborto foi criada na década de 1940. Embora seja crime, poucos são os casos conhecidos de pessoas que foram presas em virtude da prática ilegal do aborto. Legislação ➢ Os artigos que tratam do aborto no Código Penal Brasileiro (Dos Crimes Contra as Pessoas), Capítulo I são: Aborto provocado pela gestante ou com seu consentimento: Art. 124 - Provocar aborto em si mesma ou consentir que outrem lho provoque. Pena - detenção, de 1 (um) a 3 (três) anos. Aborto provocado por terceiro: Art. 125 - Provocar aborto, sem o consentimento da gestante. Pena - reclusão, de 3 (três) a 10 (dez) anos. Art. 126 - Provocar aborto com o consentimento da gestante. Pena - reclusão, de 1 (um) a 4 (quatro) anos. Legislação ➢ Os artigos que tratam do aborto no Código Penal Brasileiro (Dos Crimes Contra as Pessoas), Capítulo I são: Parágrafo único - Aplica-se a pena do artigo anterior, se a gestante não é maior de 14 (quatorze) anos, ou é alienada ou débil mental, ou se o consentimento é obtido mediante fraude, grave ameaça ou violência. Forma qualificada: Art. 127 - As penas cominadas nos dois artigos anteriores são aumentadas de um terço, se, em consequência do aborto ou dos meios empregados para provocá-lo, a gestante sofre lesão corporal de natureza grave; e são duplicadas, se, por qualquer dessas causas, lhe sobrevém a morte. Art. 128 - Não se pune o aborto praticado por médico. Legislação ➢ Os artigos que tratam do aborto no Código Penal Brasileiro (Dos Crimes Contra as Pessoas), Capítulo I são: Aborto necessário: I - se não há outro meio de salvar a vida da gestante; Aborto no caso de gravidez resultante de estupro: II - se a gravidez resulta de estupro e o aborto é precedido de consentimento da gestante ou, quando incapaz, de seu representante legal. O aborto enquanto um problema ético ➢ As ciências da vida, tais como a biologia e a medicina criaram uma série de dilemas éticos que são estudados pela filosofia. Dentro da filosofia encontra-se a bioética, e dentro desta encontra-se a médica ética, que trata de temas polêmicos tal como o aborto. ➢ Como já citado aqui, este é um dos pontos mais difíceis da ética médica, dado que envolve aspectos legais, religiosos, médicos, socioculturais, políticos. O aborto enquanto um problema ético ➢ A discussão acerca do tema se situa entre duas posições que se opõem: de um lado, uma posição conservadora em favor da vida, que defende o direito moral da vida do feto; de outro lado, uma escolha libera, que entende a mulher em seu direito moral de dispor sobre o próprio corpo. ➢ Não se pode deixar de ressaltar também as posições intermediárias, como aquele que advoga ser errado o aborto, mas que apoia a sua prática quando em casos específicos, tais como o risco de morte para a mãe ou filho ou em casos de estupro. Há também os que são totalmente contra, sobretudo nos casos avançados da gestação. O aborto enquanto um problema ético ➢ Em relação ao argumento de que o feto ou embrião tem direito moral à vida, este se sobressai diante da escolha da mulher, posto que a vida é um valor superior. ➢ A questão, então, recai sobre o fato de se considerar o feto como uma pessoa. Enquanto pessoa, não há dúvidas de que ele tem direito à vida, e neste sentido, o aborto é errado, se torna um problema ético. ➢ Para aquecer o debate, observa-se a conceituação de John Locke, que afirma que a pessoa é um ser inteligente, possuidor de razão e capacidade de reflexão. O aborto enquanto um problema ético ➢ Neste sentido, o feto não possui autoconsciência nem capacidade de reflexão, portanto, não pode ser definido enquanto pessoa. Ampliando ainda mais a polêmica, percebe-se que, sendo assim, os pacientes em coma não teriam direito à vida, nem mesmo os recém-nascidos, visto que ainda não possuem a noção de self. ➢ Para tentar pôr fim à questão, a literatura muda a perspectiva, conceituando o feto como um indivíduo em potencial e, em razão disso, realizar um aborto seria privá-lo do direito à vida futura. O aborto enquanto um problema ético ➢ Por outro lado, a mulher possui direito sobre o seu corpo e, assim sendo, pode decidir pela interrupção de uma gravides se assim o desejar. Este argumento se fortalece quando atrelado àquele que afirma que o embrião ainda não é um indivíduo com as capacidades desenvolvidas, portanto, não haveria conflito de interesses entre direitos da mulher e do feto. ➢ Ao se olhar por um prisma de uma gravidez indesejada, o aborto se justificaria pela preservação futura do bem-estar do feto, como argumentam alguns. O aborto enquanto um problema ético ➢ O aborto fica mais evidente do ponto de vista de um problema ético, quando há um conflito entre direitos e deveres morais. Mas não há clareza qual obrigação ética gera o direito ao aborto, muito menos quem é o titular deste direito ou dever. ➢ Diante de um diagnóstico antenatal, de ‘ter os filhos que se quer e não os que não se quer’, como descreve a autora, levantam-se dúvidas sobre as técnicas e sua utilização, custos envolvidos, escolhas sociais e políticas aí implícitas em relação à autoridade de jugar a qualidade da vida humana e quanto às relações interpessoais. O aborto enquanto um problema ético ➢ Tais questionamentos trazem dúvidas cada vez maiores e alimentam o debate, tornando o aborto, de fato, um problema ético de saúde pública. ➢ A questão não se encerra e os debates continuam, buscando estabelecer, em definitivo, se o feto é uma pessoa, portanto, possuidora de direito à vida, tendo este direito sobreposto à vontade da mãe, que, por sua vez, tem o direito de dispor como queira do seu corpo. ➢ Espera-se que esses debates permaneçam, se fundamentem cada vez mais e que forneçam dados concretos para a elaboração de leis sobre o aborto e para a criação de políticas públicas que valorizem Eutanásia ➢ De acordo com Urban (2010), a eutanásia é um tema polêmico, caracteristicamente ambíguo, causando confusão entre médicos, legisladores e cidadãos, especialmente no que diz respeito ao Brasil. ➢ Por sua etimologia, cuja raiz é grega, eu-thanatos quer dizer boa morte, ou seja, é a supressão piedosa da vida do paciente, no que tange ao plano ético e prático. ➢ Entende-se, então, que a eutanásia é a ação ou omissão realizada com o objetivo de suprimir a vida de um paciente, com o intuito de lhe garantir o fim do sofrimento, seja ele físico ou psíquico. Eutanásia ➢ Diante do exposto, já se pode observar a primeira polêmica, dado que a eutanásia não apenas consiste na ação, mas também na omissão de algo que poderia salvar a vida de um paciente. E o que fazer? Como atua a ética neste sentido? Como se apresentam aqui os valores morais? ➢ Em alguns países, como na Holanda e na Bélgica, por exemplo, a eutanásia é permitida, amparada, inclusive por lei. No estado de Oregon, nos EUA, vigora desde 2006 e há propostas de lei em outros estados.