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XVII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e XIII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 1 O IMPACTO DA GRAVIDEZ NA VIDA ESCOLAR DO ADOLESCENTE Autoras*: Livaneide Cavalcante Borges livaneide_cavalcante@hotmail.com Luciana de Araújo Campos lucianalac11@hotmail.com Márcia Maria da Silva Araújo marcia.gledson@hotmail.com Alunas do Curso de licenciatura em pedagogia da Universidade Estadual Vale do Acaraú - Convênio UNAVIDA Orientadora: Profa. Dra. Marlene Helena de Oliveira França Universidade Federal da Paraíba/Departamento de Mídias Integradas na Educação (DEMIE) Centro de Educação/Campus I, marlenecel@hotmail.com Resumo: Este estudo teve o propósito de analisar o impacto da gravidez na vida escolar de um grupo de adolescentes residentes numa comunidade periférica de João Pessoa. O objetivo principal foi analisar as consequências da gravidez na adolescência e seus reflexos na família e na sociedade. As pesquisas acerca dessa temática mostram que o número de adolescentes grávidas vem crescendo assustadoramente, promovendo graves consequências no desenvolvimento psicossocial e no aumento do abandono escolar. O universo da pesquisa incluiu profissionais da educação e da saúde, os adolescentes cadastrados no Programa Saúde na Família, alunos do 7º ano e professores. Para coleta de dados, aplicamos um questionário contendo apenas perguntas abertas, visando identificar o nível de conhecimento dos mesmos. O recorte amostral foi composto por quatro adolescentes, uma psicopedagoga de uma escola pública, uma enfermeira do PSF e uma agente de saúde que passou por esta experiência. A pesquisa mostrou a necessidade de contribuir com atividades educativas aos adolescentes no intuito de aumentar as informações sobre a sexualidade e as formas de prevenção da gravidez. Palavras-chave: Gravidez na adolescência. Escola. Vulnerabilidade. Área do Conhecimento: Ciências humanas Introdução Este artigo teve o propósito de analisar o crescente número de adolescentes grávidas nas escolas das comunidades periféricas, tendo como um sinal de alerta para os pais e educadores, pois percebemos o quanto esse problema tem gerado sérios transtornos para seu desenvolvimento psicossocial, com consequências irreversíveis tanto para o(a) adolescente, quanto para a criança. Essa pesquisa teve como fonte de inspiração autores como: Aguiar; Ozella, (2008), Yazelle, (2006), Vitalle; Amâncio (2008), alguns artigos e revistas; nos quais os resultados obtidos são de que, este é um problema que ocorre em praticamente todas as famílias, mas que atualmente vem crescendo gradativamente, trazendo graves consequências tanto para a família quanto para a sociedade. Os autores destacam a importância da orientação dos pais acerca do desenvolvimento da sexualidade de seus filhos. Como também, a necessidade de se promover mais campanhas educativas por parte do poder público, de forma que oriente mais adequadamente o adolescente acerca de sua vida sexual, mostrando como a gravidez na adolescência pode se tornar também um problema de saúde pública. Presenciamos em nossas comunidades um número excessivo de adolescentes grávidas, sendo necessário, portanto que haja um melhor diálogo entre os adolescentes e seus familiares sobre o assunto em destaque, já que percebemos um distanciamento entre pais e filhos. É notório os investimentos do governo nessa mailto:marcia.gledson@hotmail.com XVII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e XIII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 2 área, sobretudo por meio de campanhas de divulgação, na tentativa de conscientização sobre a prevenção e o uso de métodos contraceptivos: como distribuição de camisinhas e pílulas anticoncepcionais gratuitos, para que os adolescentes não venham trazer para si o risco de uma gravidez indesejada, porém, reconhecemos que apesar do esforço governamental ainda presenciamos um excessivo número de adolescentes grávidas, cuja situação interfere em todo o contexto familiar, acarretando em uma responsabilidade sobre a qual não estava preparada. Nossa meta e objetivo são de colaborar com a sociedade, através de mais uma pesquisa na área sem desconsiderar a realidade das comunidades periféricas já citadas. Pretendemos a partir desse estudo provocar debates e reflexões por parte dos diferentes sujeitos sociais. Para tanto, pretendemos utilizar os próprios relatos dos sujeitos entrevistados, bem como, as vivências cotidianas observadas entre os adolescentes. O estudo buscou ainda, abranger novos dados estatísticos das consequências ocorridas aos adolescentes, diante de uma gravidez inesperada e precoce. Esta investigação objetivou esclarecer aos adolescentes e seus familiares sobre o importante papel de “romperem” os tabus existentes sobre este assunto e terem um relacionamento mais aberto e completo em relação à educação sexual, podendo interagir e buscar ajuda junto aos profissionais da área. Levantando questões importantes dos cuidados e prevenção que o adolescente deve ter em sua vida sexual, orientando-o para que não se torne promíscuo. E assim, comprometer o seu desenvolvimento e toda sua estrutura emocional, física, intelectual e moral. Nosso compromisso é de colaborar com informações no contexto social como um todo. Despertando o interesse de levantar discussões abertas e esclarecedoras para o público alvo que são os adolescentes. Temos o objetivo de salientar a importância do uso dos métodos contraceptivos de prevenção, para que não agreguem danos a uma responsabilidade fora de seus planos futuros. 2 Adolescência na perspectiva sócio-histórica A adolescência corresponde ao período da vida entre os 10 e 19 anos, no qual ocorrem profundas mudanças, caracterizadas principalmente por crescimento rápido, surgimento das características sexuais secundárias, conscientização da sexualidade, estruturação da personalidade, adaptação ambiental e integração social (YAZLLE, 2006). A compreensão da adolescência ocorre através de diversas abordagens teóricas. No presente trabalho, a adolescência é compreendida através da abordagem sócio histórica, que tem Vygotsky como um dos principais representantes. Para esse autor, o sujeito se constitui nas relações com os outros, por meio de atividades caracteristicamente humanas, que são mediadas por ferramentas técnicas e semióticas. Nessa concepção, a adolescência não é negada, mas, como apontam Aguiar; Bock; Ozella (2001), é criada historicamente pelo homem, como representação e como fato social e psicológico. É constituída como significado na cultura e na linguagem que permeia as relações sociais. Fatos sociais surgem nas relações e os homens atribuem significados a esses fatos; definem, criam conceitos que expressam esses fatores. Quando definimos a adolescência como isto ou aquilo, estamos atribuindo significações (interpretando a realidade), com base em realidades sociais e em "marcas", significações essas que serão referências para a constituição dos sujeitos. Nesse sentido, a adolescência não é vista como um período natural do desenvolvimento. Essa abordagem não desconsidera o corpo se desenvolvendo com suas características próprias, no entanto, nenhum elemento biológico ou fisiológico tem expressão direta na subjetividade. As características fisiológicas aparecem e são significadas pelos adultos e pela sociedade (OZELLA, 2002). Dessa forma, a adolescência é entendida não como um fenômeno natural e universal, mas produto de sua história de vida, enquanto sujeito pertencente a um grupo social, a uma cultura, da qual recebe influência e sobre a qual age dialeticamente. Cada sujeito vivenciará o período da adolescência de uma maneira, dependendo de suas interações sociais, interesses e suas necessidades, bem como, da significaçãoque as mudanças biológicas têm ou tiveram. A chamada crise da adolescência, por exemplo, pode ser saudável, possibilitando que cada um seja sujeito de sua própria história, capaz de fazer suas escolhas dentro de suas possibilidades objetivas e subjetivas, desenvolvendo uma autoconsciência e autonomia diante do contexto. Essa compreensão não nega as mudanças biológicas, mas as entende também como (re)significadas do ponto de vista histórico e socialmente (AGUIAR; OZELLA, 2008). No momento em que os adolescentes estão em plena formação de seus valores, enfrentam XVII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e XIII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 3 mudanças, angústias e medos, e buscando um sentido para suas satisfações mergulham no seu novo universo desafiando todos em sua volta, mesmo sem terem a capacidade de administrar seus próprios sentimentos, embarcam precocemente em situações que, na maioria das vezes, deixam marcas profundas para toda sua vida. Uma realidade que está presente em nosso cotidiano e que deixa um alerta para pais e toda a sociedade é a gravidez precoce e indesejada vivida por milhares de adolescentes. A gravidez na adolescência é abordada como um problema de saúde pública. Nessa perspectiva, a gravidez estaria inserida em um contexto de desvantagem social para as adolescentes e resultaria da falta de acesso à informação e aos serviços de saúde. Ainda sob esta ótica, é muitas vezes considerada como um reforço à pobreza e à marginalidade, inserida em um contexto de desvantagem social para as adolescentes. Assim, sua ocorrência já se daria num âmbito pontuado por oportunidades restritas, poucas opções de vida e estaria marcada por interrupções na trajetória escolar. A gravidez na adolescência pode ser um fator de limitação para a adolescente no que tange à educação, ao trabalho, ao matrimônio e a perspectivas futuras. Uma das privações que a maternidade acarreta na vida da adolescente está na formação educacional, frequentemente interrompida, gerando atrasos na vida estudantil e distanciamento do grupo de convivência (YAZLLE, 2006). Para Moreira; Viana; Queiroz; Jorge (2008), a gestação na adolescência é, de modo geral, enfrentada com dificuldade porque a gravidez nessas condições significa uma rápida passagem da situação de filha para mãe, do querer colo para dar colo. Nessa transição abrupta do seu papel de mulher, ainda em formação, para o de mulher- mãe, a adolescente vive uma situação conflituosa e, em muitos casos, penosa. A grande maioria é despreparada física, psicológica, social e economicamente para exercer o novo papel materno, o que compromete as condições para assumi-lo adequadamente e, associado à repressão familiar, contribui para que muitas fujam de casa e abandonem os estudos. Sem contar com as que são abandonadas pelo parceiro, muitas vezes, também adolescente. Conforme Silva (et.al. 2006) efeitos negativos na qualidade de vida das jovens que engravidam, com prejuízo no seu crescimento pessoal e profissional também são apontados na literatura. De acordo com esses autores, numa pesquisa realizada por Blum os resultados mostraram que 53% das adolescentes que engravidam completam o segundo grau, enquanto que, entre as adolescentes que não engravidam, essa cifra corresponde a 95%. Existem evidências do abandono escolar, por pressão da família, pelo fato da adolescente sentir vergonha devido à gravidez, e ainda, por achar que "agora não é necessário estudar". Pode haver também rejeição da própria escola, por pressão dos colegas ou seus familiares e até de alguns professores. Entretanto, alguns autores consideram que se referir a este evento como um "problema" constitui-se em uma visão reducionista e pode expor as adolescentes a riscos e preconceitos adicionais. Estudos têm apontado a maternidade na adolescência como um evento almejado pelas jovens, sendo um projeto de vida, o que é um indicativo de mudança nos padrões de reprodução, resultante do desejo das mulheres e de suas famílias de iniciarem mais cedo sua vida reprodutiva. Assim, ainda que a gravidez seja processada no corpo das mulheres, seus significados são construídos com base na experiência social e cultural e variam conforme a classe social, a idade, o sexo, dentre outros fatores. A maternidade na adolescência tem merecido atenção especial nos últimos tempos, em razão do número expressivo desta ocorrência em nossa sociedade Estudar a gravidez na adolescência torna-se, assim, importante, sobretudo devido às possíveis repercussões psicossociais acarretadas pela gestação precoce. Considerando-se que, a gravidez na adolescência pode resultar no abandono escolar e que, o retorno aos estudos se dá em menores proporções, torna-se difícil a profissionalização e o ingresso no grupo de população economicamente ativa, com agravamento das condições de vida de pessoas já em situação econômica desfavorável. Considera- se de grande relevância conhecer a problemática na nossa região, bem como identificar a população mais vulnerável aos efeitos negativos, que a gravidez possa acarretar, tanto para a mãe como para a criança. De acordo com Charbonneau (1987), o fenômeno da gravidez na adolescência acontece mais frequentemente do que se imagina. Quando se chega a esse impasse, todas as soluções que se oferecem são extremamente precárias. Não há na verdade, senão três saídas possíveis para tal gravidez. Ou a adolescente aborta, o que é sempre trágico, ou ela será mãe solteira, hipótese insuportável que ela carregará durante toda a sua vida, ou fará um casamento precipitado, que é, XVII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e XIII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 4 quase infalivelmente destinado ao malogro. Uma ou outra dessas soluções conduz apenas a infelicidade. Se nos dias atuais os jovens têm acesso às informações de como praticar sexo seguro, por outro lado percebemos que entre pais e filhos não existem diálogo e nem uma preparação por parte dos pais para com a vida sexual da vida de seus filhos. Essa falta de intimidade desfavorece os esclarecimentos em assuntos “delicados” e a participação no desenvolvimento emocional da vida dos seus filhos. Segundo Maria Sylvia de Souza Vitalle e Olga Maria Silvéria Amâncio, da UNIFESP, quando a atividade sexual resulta a gravidez gera consequências tardias, em longo prazo, tanto para a adolescente quanto para o recém-nascido. A adolescente poderá apresentar problemas de crescimento e desenvolvimento, emocionais e comportamentais, educacionais de aprendizado, além de complicações de gravidez e problemas no parto. É por isso que alguns autores consideram a gravidez na adolescência como sendo uma das complicações da atividade sexual. O contexto familiar tem uma relação direta com a época em que se inicia a atividade sexual. As adolescentes que iniciam vida sexual precocemente ou engravidam nesse período, geralmente vêm de famílias cujas mães se assemelharam a essa biografia, ou seja, também iniciaram vida sexual precoce ou engravidaram durante a adolescência. 3 Análise e Interpretação dos Dados Após a coleta dos dados organizamos a análise da seguinte forma. Na visita feita as escolas, perguntou-se às adolescentes qual foi sua reação ao descobrir que estavam grávidas. Vejamos a resposta de uma delas. A princípio tive medo, mas ao mesmo tempo fiquei feliz com a ideia de ser mãe. (adolescente). Percebemos no depoimento dessa adolescente que, mesmo despreparada e sem ter elaborado o seu projeto de vida, ela manteve o desejo de ter o seu filho. Deixou-se envolver numa relação sexual sem nenhuma proteção, acreditando que no primeiro momento não havia o risco de uma gravidez e, com isso mudar a história de sua vida. O que se percebeé que geralmente, as adolescentes não param para pensar na questão de que uma criança é uma responsabilidade para toda uma vida e que deixarão de realizar seus sonhos e objetivos para agora enfrentarem uma vida de adulto. Uma fase que não estão preparadas para enfrentar e o pior: mais tarde vão sentir as cobranças exigidas pela sociedade, pois deixaram de ser “a adolescente” e passaram a ser chamadas de mãe. Passaram a ouvir frases do tipo: “vá dar banho no menino”, “quem inventou de ter menino logo cedo”, “devia agora tá se embelezando e passear com as amigas, mas, já que escolheu esta vida, agora ouça bem: “quem pariu Mateus, que balance”, entre outras do gênero. São frases como essas que ouvirão ecoar o tempo todo e sem estarem preparadas para um mundo de adultos que não é fácil e nem gentil, terão que crescerem na base da experiência precoce. Falamos isso de acordo com a realidade vista e vivida em nossas comunidades. Embora não tenha sido possível gravar todas as entrevistas feitas com as adolescentes, acompanhadas pelo Programa de Saúde Familiar (PSF) do bairro de Mandacaru (João Pessoa), destacamos aqueles depoimentos que nos pareceram mais significativos. Começamos com o caso de uma adolescente que engravidou com a idade de 14 anos e uma Agente Comunitária de Saúde que também teve sua primeira experiência de gravidez também nesta idade. Ambas, não usaram preservativos algum, uma porque não sabia o que era camisinha e outra por não dar importância, achando que não poderia engravidar na sua primeira vez. Ao descobrirem a gravidez surgiu o medo da família e muita vontade de chorar e, por muitas vezes, veio o pensamento de abortar. Uma se sentia muito nova para tamanha responsabilidade e a outra não fez o aborto por achar que era pecado. Percebemos nas entrevistas que os rapazes assumiram a paternidade, mas foram obrigados a pararem seus estudos, para tomarem conta da criança. Assim, todos abandonaram a escola. As meninas por vergonha de continuar estudando na condição de grávidas e, os meninos por que tiveram que trabalhar para garantir o leite do menino, já que a família de ambas não lhe apoiaram. No entanto, com o tempo seus namorados os deixaram por outras meninas. Momentos de tristezas e arrependimentos foram demonstrados a todo o momento durante os depoimentos. Os sonhos de serem atletas ficaram para trás e hoje uma não tem sonhos e nem planos para seu futuro. E a outra, com o crescimento forçado da responsabilidade que carregava, sonhava em fazer enfermagem. Percebemos na entrevista com ambas, um olhar de tristeza e desilusão, por terem começado a assumir uma responsabilidade que não foi XVII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e XIII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 5 planejada e a dor maior é de ver suas amigas com quem agora não tem mais contato, lhe esquecerem, além de puderem passear sem o compromisso de cuidar de filhos. Em suas falas disseram que se pudessem voltar atrás, jamais tomariam esta decisão, jamais teriam engravidado nesta idade. Destacamos abaixo alguns depoimentos que retratam melhor a estória de vida relatada. [...] é duro passar por tudo isto aqui, eu achava que podia superar más é difícil, hoje não posso estudar, nem brincar e tão pouco voltar ao corpo que tinha e viver a alegria que antes sentia meu tempo hoje é de trabalhar para sustentar meu filho, pois não tenho apoio nenhum de minha família, não tenho planos e nem penso más no futuro. (Valéria, 14 anos). A agente de saúde (em 2012), depois de 20 anos sem estudar, voltou novamente a enfrentar uma sala de aula, terminou o ensino médio e estava concluindo o curso profissionalizante de enfermagem. Mesmo depois de tanto tempo perdido, voltou a sonhar e com certeza irá realizá- lo, mas segundo ela, como agente de saúde, ela sempre orienta e explica as adolescentes de sua comunidade que este passo não é tão simples, pois o tamanho da responsabilidade é grande demais e que o melhor mesmo é usar preservativos, assim estará evitando doenças e uma gravidez indesejada fora dos seus planos. Em uma das visitas nas escolas perguntou-se a psicopedagoga e também a enfermeira da Unidade Básica de Saúde, qual o procedimento da escola e do PSF, com relação às adolescentes grávidas para que essas não abandonem seus estudos. Obtivemos os seguintes depoimentos: Toda a equipe de orientação da escola e do PSF conversam visitam regularmente as famílias das adolescentes, orientando- as com os devidos cuidados com a nova vida que vai chegar, e que agora, mais que tudo, elas precisam continuar seus estudos para dar uma condição melhor para criança que vai nascer. (psicopedagoga) Sempre é apresentado trabalhos de orientação sexual, como, palestras e feiras de saúde, promovido pelo PSF em cada bairro, com psicólogas, ginecologistas, pediatras e filmes decorrentes do assunto abordado, além dos agentes de saúde, fazerem visitas domiciliares sempre reforçando, a importância do uso do preservativo e entre aquelas que já se encontram grávidas, há orientações e acompanhamentos do pré-natal. (enfermeira). Observamos nas respostas da enfermeira e da psicopedagoga, que a escola e o PSF cumprem o seu papel de participar ativamente na vida dos seus adolescentes, ajudando a família a encaminhá-los para sua formação pessoal e orientando-os para uma gravidez não planejada, que mudará o rumo de suas vidas e de toda sua história. Conclusão Essa pesquisa nos possibilitou entender que este tema precisa ser aprofundado em outras investigações, pois as informações reveladas pela mesma nos mostraram que essa problemática é muito mais complexa do que imaginávamos e, por entendermos que o conhecimento científico é inacabado, sugerimos a continuidade dessas investigações em estudos em nível de mestrado e doutorado. Percebemos tamanha responsabilidade não só da escola e do PSF, mas de toda sociedade que tem lançado aos nossos jovens campanhas abertas de preservação, mas que, no entanto, deveriam ampliar melhor o tamanho da responsabilidade que é de gerar um filho precocemente. Diversas vezes vemos campanhas de prevenção, mas, consideramos importante que existam campanhas também para um despertar, para um alerta a todos os jovens, de que uma gravidez indesejada, mudará o rumo de toda sua vida e de toda sua trajetória escolar. Esclarecendo que ele deixará de ser um adolescente e que terá que ser incluindo no meio das responsabilidades de um adulto. Não será chamado de “playboizinho” e nem de “patricinha”, passará a ser chamado de papai e de mamãe e esta responsabilidade irá acompanhá-los em todos os passos que precisará dar. Referências AGUIAR, W. M. J. & OZELLA, S. Desmistificando a concepção de adolescência. Revista Cadernos de Pesquisa. V.38, n.133, 2008. SILVA, L. A.; NAKANO, A. M. S.; GOMES, F. A. & XVII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e XIII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 6 STEFANELLO, J. Significados atribuídos por puérperas adolescentes à maternidade: autocuidado e cuidado com o bebê. 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