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XVII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e 
XIII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 
 
 
1 
O IMPACTO DA GRAVIDEZ NA VIDA ESCOLAR DO ADOLESCENTE 
 
Autoras*: Livaneide Cavalcante Borges 
livaneide_cavalcante@hotmail.com 
Luciana de Araújo Campos 
lucianalac11@hotmail.com 
Márcia Maria da Silva Araújo 
marcia.gledson@hotmail.com 
 
Alunas do Curso de licenciatura em pedagogia da Universidade Estadual Vale do Acaraú - 
Convênio UNAVIDA 
 
Orientadora: Profa. Dra. Marlene Helena de Oliveira França 
 
Universidade Federal da Paraíba/Departamento de Mídias Integradas na Educação (DEMIE) 
Centro de Educação/Campus I, marlenecel@hotmail.com 
 
 
Resumo: Este estudo teve o propósito de analisar o impacto da gravidez na vida escolar de um grupo de 
adolescentes residentes numa comunidade periférica de João Pessoa. O objetivo principal foi analisar as 
consequências da gravidez na adolescência e seus reflexos na família e na sociedade. As pesquisas acerca 
dessa temática mostram que o número de adolescentes grávidas vem crescendo assustadoramente, 
promovendo graves consequências no desenvolvimento psicossocial e no aumento do abandono escolar. O 
universo da pesquisa incluiu profissionais da educação e da saúde, os adolescentes cadastrados no 
Programa Saúde na Família, alunos do 7º ano e professores. Para coleta de dados, aplicamos um 
questionário contendo apenas perguntas abertas, visando identificar o nível de conhecimento dos mesmos. 
O recorte amostral foi composto por quatro adolescentes, uma psicopedagoga de uma escola pública, uma 
enfermeira do PSF e uma agente de saúde que passou por esta experiência. A pesquisa mostrou a 
necessidade de contribuir com atividades educativas aos adolescentes no intuito de aumentar as 
informações sobre a sexualidade e as formas de prevenção da gravidez. 
 
Palavras-chave: Gravidez na adolescência. Escola. Vulnerabilidade. 
Área do Conhecimento: Ciências humanas 
 
Introdução 
 
Este artigo teve o propósito de analisar o 
crescente número de adolescentes grávidas nas 
escolas das comunidades periféricas, tendo como 
um sinal de alerta para os pais e educadores, pois 
percebemos o quanto esse problema tem gerado 
sérios transtornos para seu desenvolvimento 
psicossocial, com consequências irreversíveis 
tanto para o(a) adolescente, quanto para a 
criança. 
Essa pesquisa teve como fonte de inspiração 
autores como: Aguiar; Ozella, (2008), Yazelle, 
(2006), Vitalle; Amâncio (2008), alguns artigos e 
revistas; nos quais os resultados obtidos são de 
que, este é um problema que ocorre em 
praticamente todas as famílias, mas que 
atualmente vem crescendo gradativamente, 
trazendo graves consequências tanto para a 
família quanto para a sociedade. 
Os autores destacam a importância da 
orientação dos pais acerca do desenvolvimento da 
sexualidade de seus filhos. Como também, a 
necessidade de se promover mais campanhas 
educativas por parte do poder público, de forma 
que oriente mais adequadamente o adolescente 
acerca de sua vida sexual, mostrando como a 
gravidez na adolescência pode se tornar também 
um problema de saúde pública. 
Presenciamos em nossas comunidades um 
número excessivo de adolescentes grávidas, 
sendo necessário, portanto que haja um melhor 
diálogo entre os adolescentes e seus familiares 
sobre o assunto em destaque, já que percebemos 
um distanciamento entre pais e filhos. 
É notório os investimentos do governo nessa 
mailto:marcia.gledson@hotmail.com
 
 
XVII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e 
XIII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 
 
 
2 
área, sobretudo por meio de campanhas de 
divulgação, na tentativa de conscientização sobre 
a prevenção e o uso de métodos contraceptivos: 
como distribuição de camisinhas e pílulas 
anticoncepcionais gratuitos, para que os 
adolescentes não venham trazer para si o risco de 
uma gravidez indesejada, porém, reconhecemos 
que apesar do esforço governamental ainda 
presenciamos um excessivo número de 
adolescentes grávidas, cuja situação interfere em 
todo o contexto familiar, acarretando em uma 
responsabilidade sobre a qual não estava 
preparada. 
Nossa meta e objetivo são de colaborar com a 
sociedade, através de mais uma pesquisa na área 
sem desconsiderar a realidade das comunidades 
periféricas já citadas. Pretendemos a partir desse 
estudo provocar debates e reflexões por parte dos 
diferentes sujeitos sociais. Para tanto, 
pretendemos utilizar os próprios relatos dos 
sujeitos entrevistados, bem como, as vivências 
cotidianas observadas entre os adolescentes. O 
estudo buscou ainda, abranger novos dados 
estatísticos das consequências ocorridas aos 
adolescentes, diante de uma gravidez inesperada 
e precoce. 
Esta investigação objetivou esclarecer aos 
adolescentes e seus familiares sobre o importante 
papel de “romperem” os tabus existentes sobre 
este assunto e terem um relacionamento mais 
aberto e completo em relação à educação sexual, 
podendo interagir e buscar ajuda junto aos 
profissionais da área. Levantando questões 
importantes dos cuidados e prevenção que o 
adolescente deve ter em sua vida sexual, 
orientando-o para que não se torne promíscuo. E 
assim, comprometer o seu desenvolvimento e toda 
sua estrutura emocional, física, intelectual e moral. 
Nosso compromisso é de colaborar com 
informações no contexto social como um todo. 
Despertando o interesse de levantar discussões 
abertas e esclarecedoras para o público alvo que 
são os adolescentes. Temos o objetivo de 
salientar a importância do uso dos métodos 
contraceptivos de prevenção, para que não 
agreguem danos a uma responsabilidade fora de 
seus planos futuros. 
 
2 Adolescência na perspectiva sócio-histórica 
 
A adolescência corresponde ao período da vida 
entre os 10 e 19 anos, no qual ocorrem profundas 
mudanças, caracterizadas principalmente por 
crescimento rápido, surgimento das características 
sexuais secundárias, conscientização da 
sexualidade, estruturação da personalidade, 
adaptação ambiental e integração social (YAZLLE, 
2006). 
A compreensão da adolescência ocorre através 
de diversas abordagens teóricas. No presente 
trabalho, a adolescência é compreendida através 
da abordagem sócio histórica, que tem Vygotsky 
como um dos principais representantes. Para esse 
autor, o sujeito se constitui nas relações com os 
outros, por meio de atividades caracteristicamente 
humanas, que são mediadas por ferramentas 
técnicas e semióticas. Nessa concepção, a 
adolescência não é negada, mas, como apontam 
Aguiar; Bock; Ozella (2001), é criada 
historicamente pelo homem, como representação 
e como fato social e psicológico. É constituída 
como significado na cultura e na linguagem que 
permeia as relações sociais. Fatos sociais surgem 
nas relações e os homens atribuem significados a 
esses fatos; definem, criam conceitos que 
expressam esses fatores. Quando definimos a 
adolescência como isto ou aquilo, estamos 
atribuindo significações (interpretando a 
realidade), com base em realidades sociais e em 
"marcas", significações essas que serão 
referências para a constituição dos sujeitos. Nesse 
sentido, a adolescência não é vista como um 
período natural do desenvolvimento. 
Essa abordagem não desconsidera o corpo se 
desenvolvendo com suas características próprias, 
no entanto, nenhum elemento biológico ou 
fisiológico tem expressão direta na subjetividade. 
As características fisiológicas aparecem e são 
significadas pelos adultos e pela sociedade 
(OZELLA, 2002). 
Dessa forma, a adolescência é entendida não 
como um fenômeno natural e universal, mas 
produto de sua história de vida, enquanto sujeito 
pertencente a um grupo social, a uma cultura, da 
qual recebe influência e sobre a qual age 
dialeticamente. Cada sujeito vivenciará o período 
da adolescência de uma maneira, dependendo de 
suas interações sociais, interesses e suas 
necessidades, bem como, da significaçãoque as 
mudanças biológicas têm ou tiveram. A chamada 
crise da adolescência, por exemplo, pode ser 
saudável, possibilitando que cada um seja sujeito 
de sua própria história, capaz de fazer suas 
escolhas dentro de suas possibilidades objetivas e 
subjetivas, desenvolvendo uma autoconsciência e 
autonomia diante do contexto. Essa compreensão 
não nega as mudanças biológicas, mas as 
entende também como (re)significadas do ponto 
de vista histórico e socialmente (AGUIAR; 
OZELLA, 2008). 
No momento em que os adolescentes estão em 
plena formação de seus valores, enfrentam 
 
 
XVII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e 
XIII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 
 
 
3 
mudanças, angústias e medos, e buscando um 
sentido para suas satisfações mergulham no seu 
novo universo desafiando todos em sua volta, 
mesmo sem terem a capacidade de administrar 
seus próprios sentimentos, embarcam 
precocemente em situações que, na maioria das 
vezes, deixam marcas profundas para toda sua 
vida. 
Uma realidade que está presente em nosso 
cotidiano e que deixa um alerta para pais e toda a 
sociedade é a gravidez precoce e indesejada 
vivida por milhares de adolescentes. 
A gravidez na adolescência é abordada como 
um problema de saúde pública. Nessa 
perspectiva, a gravidez estaria inserida em um 
contexto de desvantagem social para as 
adolescentes e resultaria da falta de acesso à 
informação e aos serviços de saúde. Ainda sob 
esta ótica, é muitas vezes considerada como um 
reforço à pobreza e à marginalidade, inserida em 
um contexto de desvantagem social para as 
adolescentes. Assim, sua ocorrência já se daria 
num âmbito pontuado por oportunidades restritas, 
poucas opções de vida e estaria marcada por 
interrupções na trajetória escolar.
 
A gravidez na 
adolescência pode ser um fator de limitação para a 
adolescente no que tange à educação, ao 
trabalho, ao matrimônio e a perspectivas futuras.
 
Uma das privações que a maternidade acarreta na 
vida da adolescente está na formação 
educacional, frequentemente interrompida, 
gerando atrasos na vida estudantil e 
distanciamento do grupo de convivência (YAZLLE, 
2006). 
Para Moreira; Viana; Queiroz; Jorge (2008), a 
gestação na adolescência é, de modo geral, 
enfrentada com dificuldade porque a gravidez 
nessas condições significa uma rápida passagem 
da situação de filha para mãe, do querer colo para 
dar colo. Nessa transição abrupta do seu papel de 
mulher, ainda em formação, para o de mulher-
mãe, a adolescente vive uma situação conflituosa 
e, em muitos casos, penosa. A grande maioria é 
despreparada física, psicológica, social e 
economicamente para exercer o novo papel 
materno, o que compromete as condições para 
assumi-lo adequadamente e, associado à 
repressão familiar, contribui para que muitas fujam 
de casa e abandonem os estudos. Sem contar 
com as que são abandonadas pelo parceiro, 
muitas vezes, também adolescente. 
Conforme Silva (et.al. 2006) efeitos negativos 
na qualidade de vida das jovens que engravidam, 
com prejuízo no seu crescimento pessoal e 
profissional também são apontados na literatura. 
De acordo com esses autores, numa pesquisa 
realizada por Blum os resultados mostraram que 
53% das adolescentes que engravidam 
completam o segundo grau, enquanto que, entre 
as adolescentes que não engravidam, essa cifra 
corresponde a 95%. Existem evidências do 
abandono escolar, por pressão da família, pelo 
fato da adolescente sentir vergonha devido à 
gravidez, e ainda, por achar que "agora não é 
necessário estudar". Pode haver também rejeição 
da própria escola, por pressão dos colegas ou 
seus familiares e até de alguns professores. 
Entretanto, alguns autores consideram que se 
referir a este evento como um "problema" 
constitui-se em uma visão reducionista e pode 
expor as adolescentes a riscos e preconceitos 
adicionais.
 
Estudos têm apontado a maternidade 
na adolescência como um evento almejado pelas 
jovens, sendo um projeto de vida, o que é um 
indicativo de mudança nos padrões de 
reprodução, resultante do desejo das mulheres e 
de suas famílias de iniciarem mais cedo sua vida 
reprodutiva.
 
Assim, ainda que a gravidez seja 
processada no corpo das mulheres, seus 
significados são construídos com base na 
experiência social e cultural e variam conforme a 
classe social, a idade, o sexo, dentre outros 
fatores. 
A maternidade na adolescência tem merecido 
atenção especial nos últimos tempos, em razão do 
número expressivo desta ocorrência em nossa 
sociedade Estudar a gravidez na adolescência 
torna-se, assim, importante, sobretudo devido às 
possíveis repercussões psicossociais acarretadas 
pela gestação precoce. Considerando-se que, a 
gravidez na adolescência pode resultar no 
abandono escolar e que, o retorno aos estudos se 
dá em menores proporções, torna-se difícil a 
profissionalização e o ingresso no grupo de 
população economicamente ativa, com 
agravamento das condições de vida de pessoas já 
em situação econômica desfavorável. Considera-
se de grande relevância conhecer a problemática 
na nossa região, bem como identificar a população 
mais vulnerável aos efeitos negativos, que a 
gravidez possa acarretar, tanto para a mãe como 
para a criança. 
De acordo com Charbonneau (1987), o 
fenômeno da gravidez na adolescência acontece 
mais frequentemente do que se imagina. Quando 
se chega a esse impasse, todas as soluções que 
se oferecem são extremamente precárias. Não há 
na verdade, senão três saídas possíveis para tal 
gravidez. Ou a adolescente aborta, o que é 
sempre trágico, ou ela será mãe solteira, hipótese 
insuportável que ela carregará durante toda a sua 
vida, ou fará um casamento precipitado, que é, 
 
 
XVII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e 
XIII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 
 
 
4 
quase infalivelmente destinado ao malogro. Uma 
ou outra dessas soluções conduz apenas a 
infelicidade. 
Se nos dias atuais os jovens têm acesso às 
informações de como praticar sexo seguro, por 
outro lado percebemos que entre pais e filhos não 
existem diálogo e nem uma preparação por parte 
dos pais para com a vida sexual da vida de seus 
filhos. Essa falta de intimidade desfavorece os 
esclarecimentos em assuntos “delicados” e a 
participação no desenvolvimento emocional da 
vida dos seus filhos. 
Segundo Maria Sylvia de Souza Vitalle e Olga 
Maria Silvéria Amâncio, da UNIFESP, quando a 
atividade sexual resulta a gravidez gera 
consequências tardias, em longo prazo, tanto para 
a adolescente quanto para o recém-nascido. A 
adolescente poderá apresentar problemas de 
crescimento e desenvolvimento, emocionais e 
comportamentais, educacionais de aprendizado, 
além de complicações de gravidez e problemas no 
parto. É por isso que alguns autores consideram a 
gravidez na adolescência como sendo uma das 
complicações da atividade sexual. O contexto 
familiar tem uma relação direta com a época em 
que se inicia a atividade sexual. As adolescentes 
que iniciam vida sexual precocemente ou 
engravidam nesse período, geralmente vêm de 
famílias cujas mães se assemelharam a essa 
biografia, ou seja, também iniciaram vida sexual 
precoce ou engravidaram durante a adolescência. 
 
3 Análise e Interpretação dos Dados 
 
Após a coleta dos dados organizamos a análise 
da seguinte forma. Na visita feita as escolas, 
perguntou-se às adolescentes qual foi sua reação 
ao descobrir que estavam grávidas. Vejamos a 
resposta de uma delas. 
 
A princípio tive medo, mas ao mesmo 
tempo fiquei feliz com a ideia de ser 
mãe. (adolescente). 
 
Percebemos no depoimento dessa adolescente 
que, mesmo despreparada e sem ter elaborado o 
seu projeto de vida, ela manteve o desejo de ter o 
seu filho. Deixou-se envolver numa relação sexual 
sem nenhuma proteção, acreditando que no 
primeiro momento não havia o risco de uma 
gravidez e, com isso mudar a história de sua vida. 
O que se percebeé que geralmente, as 
adolescentes não param para pensar na questão 
de que uma criança é uma responsabilidade para 
toda uma vida e que deixarão de realizar seus 
sonhos e objetivos para agora enfrentarem uma 
vida de adulto. Uma fase que não estão 
preparadas para enfrentar e o pior: mais tarde vão 
sentir as cobranças exigidas pela sociedade, pois 
deixaram de ser “a adolescente” e passaram a ser 
chamadas de mãe. Passaram a ouvir frases do 
tipo: “vá dar banho no menino”, “quem inventou de 
ter menino logo cedo”, “devia agora tá se 
embelezando e passear com as amigas, mas, já 
que escolheu esta vida, agora ouça bem: “quem 
pariu Mateus, que balance”, entre outras do 
gênero. 
São frases como essas que ouvirão ecoar o 
tempo todo e sem estarem preparadas para um 
mundo de adultos que não é fácil e nem gentil, 
terão que crescerem na base da experiência 
precoce. Falamos isso de acordo com a realidade 
vista e vivida em nossas comunidades. 
Embora não tenha sido possível gravar todas 
as entrevistas feitas com as adolescentes, 
acompanhadas pelo Programa de Saúde Familiar 
(PSF) do bairro de Mandacaru (João Pessoa), 
destacamos aqueles depoimentos que nos 
pareceram mais significativos. 
Começamos com o caso de uma adolescente 
que engravidou com a idade de 14 anos e uma 
Agente Comunitária de Saúde que também teve 
sua primeira experiência de gravidez também 
nesta idade. Ambas, não usaram preservativos 
algum, uma porque não sabia o que era camisinha 
e outra por não dar importância, achando que não 
poderia engravidar na sua primeira vez. Ao 
descobrirem a gravidez surgiu o medo da família e 
muita vontade de chorar e, por muitas vezes, veio 
o pensamento de abortar. Uma se sentia muito 
nova para tamanha responsabilidade e a outra não 
fez o aborto por achar que era pecado. 
Percebemos nas entrevistas que os rapazes 
assumiram a paternidade, mas foram obrigados a 
pararem seus estudos, para tomarem conta da 
criança. Assim, todos abandonaram a escola. As 
meninas por vergonha de continuar estudando na 
condição de grávidas e, os meninos por que 
tiveram que trabalhar para garantir o leite do 
menino, já que a família de ambas não lhe 
apoiaram. No entanto, com o tempo seus 
namorados os deixaram por outras meninas. 
Momentos de tristezas e arrependimentos foram 
demonstrados a todo o momento durante os 
depoimentos. Os sonhos de serem atletas ficaram 
para trás e hoje uma não tem sonhos e nem 
planos para seu futuro. E a outra, com o 
crescimento forçado da responsabilidade que 
carregava, sonhava em fazer enfermagem. 
Percebemos na entrevista com ambas, um 
olhar de tristeza e desilusão, por terem começado 
a assumir uma responsabilidade que não foi 
 
 
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XIII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 
 
 
5 
planejada e a dor maior é de ver suas amigas com 
quem agora não tem mais contato, lhe 
esquecerem, além de puderem passear sem o 
compromisso de cuidar de filhos. Em suas falas 
disseram que se pudessem voltar atrás, jamais 
tomariam esta decisão, jamais teriam engravidado 
nesta idade. 
Destacamos abaixo alguns depoimentos que 
retratam melhor a estória de vida relatada. 
 
[...] é duro passar por tudo isto aqui, eu 
achava que podia superar más é difícil, hoje 
não posso estudar, nem brincar e tão pouco 
voltar ao corpo que tinha e viver a alegria 
que antes sentia meu tempo hoje é de 
trabalhar para sustentar meu filho, pois não 
tenho apoio nenhum de minha família, não 
tenho planos e nem penso más no futuro. 
(Valéria, 14 anos). 
 
A agente de saúde (em 2012), depois de 20 
anos sem estudar, voltou novamente a enfrentar 
uma sala de aula, terminou o ensino médio e 
estava concluindo o curso profissionalizante de 
enfermagem. Mesmo depois de tanto tempo 
perdido, voltou a sonhar e com certeza irá realizá-
lo, mas segundo ela, como agente de saúde, ela 
sempre orienta e explica as adolescentes de sua 
comunidade que este passo não é tão simples, 
pois o tamanho da responsabilidade é grande 
demais e que o melhor mesmo é usar 
preservativos, assim estará evitando doenças e 
uma gravidez indesejada fora dos seus planos. 
Em uma das visitas nas escolas perguntou-se a 
psicopedagoga e também a enfermeira da 
Unidade Básica de Saúde, qual o procedimento da 
escola e do PSF, com relação às adolescentes 
grávidas para que essas não abandonem seus 
estudos. Obtivemos os seguintes depoimentos: 
 
Toda a equipe de orientação da escola e 
do PSF conversam visitam regularmente 
as famílias das adolescentes, orientando-
as com os devidos cuidados com a nova 
vida que vai chegar, e que agora, mais 
que tudo, elas precisam continuar seus 
estudos para dar uma condição melhor 
para criança que vai nascer. 
(psicopedagoga) 
 
Sempre é apresentado trabalhos de 
orientação sexual, como, palestras e 
feiras de saúde, promovido pelo PSF em 
cada bairro, com psicólogas, 
ginecologistas, pediatras e filmes 
decorrentes do assunto abordado, além 
dos agentes de saúde, fazerem visitas 
domiciliares sempre reforçando, a 
importância do uso do preservativo e 
entre aquelas que já se encontram 
grávidas, há orientações e 
acompanhamentos do pré-natal. 
(enfermeira). 
 
Observamos nas respostas da enfermeira e da 
psicopedagoga, que a escola e o PSF cumprem o 
seu papel de participar ativamente na vida dos 
seus adolescentes, ajudando a família a 
encaminhá-los para sua formação pessoal e 
orientando-os para uma gravidez não planejada, 
que mudará o rumo de suas vidas e de toda sua 
história. 
 
Conclusão 
 
Essa pesquisa nos possibilitou entender que 
este tema precisa ser aprofundado em outras 
investigações, pois as informações reveladas pela 
mesma nos mostraram que essa problemática é 
muito mais complexa do que imaginávamos e, por 
entendermos que o conhecimento científico é 
inacabado, sugerimos a continuidade dessas 
investigações em estudos em nível de mestrado e 
doutorado. 
Percebemos tamanha responsabilidade não só 
da escola e do PSF, mas de toda sociedade que 
tem lançado aos nossos jovens campanhas 
abertas de preservação, mas que, no entanto, 
deveriam ampliar melhor o tamanho da 
responsabilidade que é de gerar um filho 
precocemente. Diversas vezes vemos campanhas 
de prevenção, mas, consideramos importante que 
existam campanhas também para um despertar, 
para um alerta a todos os jovens, de que uma 
gravidez indesejada, mudará o rumo de toda sua 
vida e de toda sua trajetória escolar. Esclarecendo 
que ele deixará de ser um adolescente e que terá 
que ser incluindo no meio das responsabilidades 
de um adulto. Não será chamado de 
“playboizinho” e nem de “patricinha”, passará a ser 
chamado de papai e de mamãe e esta 
responsabilidade irá acompanhá-los em todos os 
passos que precisará dar. 
 
 
Referências 
 
AGUIAR, W. M. J. & OZELLA, S. Desmistificando 
a concepção de adolescência. Revista Cadernos 
de Pesquisa. V.38, n.133, 2008. 
 
SILVA, L. A.; NAKANO, A. M. S.; GOMES, F. A. & 
 
 
XVII Encontro Latino Americano de Iniciação Científica e 
XIII Encontro Latino Americano de Pós-Graduação – Universidade do Vale do Paraíba 
 
 
6 
STEFANELLO, J. Significados atribuídos por 
puérperas adolescentes à maternidade: 
autocuidado e cuidado com o bebê. Revista 
Texto Contexto - Enfermagem. vol.18, n.1 
Florianópolis jan./mar. 2009. 
 
 
YAZLLE, M. E. H. D. Gravidez na adolescência. 
Revista Brasileira de Ginecologia e Obstetrícia. 
vol. 28 n.8 Rio de Janeiro, Aug. 2006. 
 
MOREIRA, T. M. M.; VIANA, D. de S.; QUEIROZ, 
M. V. O. & JORGE, M. S., B. Conflitos 
vivenciados pelas adolescentes com a 
descoberta da gravidez. Revista da Escola de 
Enfermagem da USP. V. 42 n.2 São Paulo jun. 
2008. 
 
CHARBONNEAU, Paul-Eugène. Adolescência e 
sexualidade. São Paulo: Paulus, 1987. 
 
VITALLE, M.S.S; AMÂNCIO, O.M.S. Gravidez na 
Adolescência. Adolescência e gravidez. São 
Paulo, 2008.

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