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Universidade Vale do Rio Doce Seminário Integrador - 2024/2 TREINAMENTO E CAPACITAÇÃO DE TRABALAHADORES RURAIS ACERCA DA RINOTRAQUEITE INFECCIOSA BOVINA NA BOVINOCULTURA DE LEITE Eduardo Franklin Cardoso; Paulo Henrique Caldeira De Macedo; Vaíde Gomes de Oliveira; Whendell Leonardo Rocha Mateus; Eduardo Costa Ávila (Orientador) RESUMO SIMPLES A Rinotraqueite infecciosa bovina (IBR) é uma doença específica dos bovinos provocada pelo herpesvírus bovino tipo 1 (HVB-1). Esta enfermidade é uma das principais preocupações na bovinocultura leiteira devido aos impactos econômicos significativos que ela acarreta, uma vez, que causa retardo do crescimento de animais jovens, redução da produção de leite, mortalidade embrionária e abortamento, principalmente no segundo ou terceiro trimestres de gestação, além de sua forma respiratória, podendo gerar sinais como tosse, corrimento nasal e conjuntivite. O tratamento é principalmente voltado ao controle de infecções secundárias com a utilização de antibióticos de largo espectro, anti-inflamatórios, antitérmicos e mucolíticos. O presente trabalho, descreve os resultados acerca da conscientização dos produtores de Governador Valadares, sobre essa patologia que afeta a bovinocultura de leite, e teve como objetivo apresentar os sintomas, diagnósticos, prevenções, tratamentos e medidas de controle da mesma, com o intuito de alertá-los para a realização de um controle efetivo e de programas de prevenção eficientes, evitando-se a propagação da rinotraqueite infecciosa bovina nos rebanhos. As informações coletadas para este trabalho, foram através de revisões bibliográficas de artigos, trabalhos acadêmicos, pesquisados na Pubmed, Google Acadêmico e Scielo, sendo considerados apenas artigos e trabalhos acadêmicos com tempo máximo de dez anos. O resultado da apresentação foi positivo, pois todos interagiram atentamente e tiveram suas dúvidas esclarecidas. Palavras-chave: 1. Conjuntivite, 2. Corrimento Nasal, 3. Herpesvírus Bovino, 4. Morte Embrionária. 1. INTRODUÇÃO A Rinotraqueite infecciosa bovina é uma doença de suma importância na Medicina Veterinária, pois, é responsável por consideráveis perdas econômicas dentro da cadeia produtiva leiteira e de corte, por todo o mundo; causada pelo herpesvírus bovino tipo 1 (BoHV-1), ela pode acometer os tratos respiratório e genital dos bovinos. O vírus tem sido associado a falhas reprodutivas como, por exemplo, a morte embrionária precoce e abortos, que provavelmente representam as perdas mais significativas ligadas ao patógeno (VIU; et al., 2014). A infecção por BoHV-1 ocorre em todas as idades, porém o aumento da idade é um fator de risco. É uma enfermidade com alta morbidade e baixa mortalidade; geralmente a morte se deve a problemas decorrentes de infecções secundárias (OLIVEIRA, 2021). As principais fontes de contaminação pelo vírus são secreções respiratórias, oculares e genitais, ou seja, as mucosas da cavidade nasal, olhos, orofaringe e trato genital são as principais vias de entrada do vírus. A transmissão por sêmen é de suma importância tanto em monta natural quanto em propriedades que utilizam inseminação artificial, uma vez que o ejaculado entra em contato com a mucosa do prepúcio que pode estar contaminada com o vírus (OLIVEIRA, 2021). A doença apresenta forma respiratória, em que os sinais clínicos podem variar de leve, onde pode apresentar febre alta; sialorréia; perda de apetite; dificuldade respiratória, e a forma grave, onde pode- se observar corrimento nasal mucopurulento; hiperemia e lesões no focinho; conjuntivite (LANER, 2018). A forma genital da doença está relacionada aos quadros conhecidos como vulvovaginite pustular; balanopostite, podendo está associado à retardo do crescimento de animais jovens, a menor produção leiteira, além de abortamento, mais frequente no segundo ou terceiro trimestres de gestação (VIU; et al., 2014). O histórico sanitário do rebanho é de fundamental importância na elaboração do diagnóstico. Porém, somente com o apoio de métodos laboratoriais o diagnóstico do BoHV-1 é conclusivo. O isolamento viral em cultivo celular é considerado o teste padrão para a identificação de BoHV-1. O diagnóstico pode ser realizado a partir de swabs de secreções nasais, oculares e genitais, além de sêmen e tecidos de fetos abortados e anexos fetais. Além disso, pode ser feito por meio de amostras sorológicas, como na soroneutralização viral e ELISA (VIU; et al., 2014). O diagnóstico diferencial para outras doenças é recomendado, visto que dependendo da gravidade da doença provocada pelo BoHV-1, muitas suspeitas podem ser consideradas, como por exemplo: Brucelose, leptospirose, campilobacteriose, diarréia viral bovina, neosporose, língua azul (LANER, 2018). Devido à baixa mortalidade nos casos respiratórios o prognóstico é favorável. O tratamento é sintomático, com base no controle de infecções secundárias com a utilização de antibióticos de largo espectro, anti inflamatórios, antitérmicos e mucolíticos. Em se tratando das lesões genitais, podem ser utilizados banhos anti sépticos com clorexidina ou iodóforos e pastas à base de antibióticos (VIU; et al., 2014). A prevenção abrange a destruição de grande número de animais saudáveis, porém soropositivos, que são considerados como reservatório do vírus, tornando assim, erradicação da enfermidade economicamente inviável devido ao grande custo envolvido no descarte dos animais. Portanto, a imunização do rebanho através de vacina, é a medida mais eficaz para evitar as perdas econômicas sobrevindas da manifestação clínica da doença (VIU; et al., 2014). A fim de evitar surtos dessa enfermidade, é importante que sejam passadas as informações necessárias aos produtores sobre o correto manejo dos animais, visto que a maioria dos produtores de bovinos não têm o costume de vacinar seus rebanhos contra a IBR. Assim, é incontestável a necessidade de conscientização dos mesmos por meio dos profissionais que acompanham essas propriedades, visando a implantação de um programa de vacinação não obrigatório, mas com a mesma importância de outras doenças cuja vacinação é obrigatória (VIU; et al., 2014). 2. OBJETIVO Aprimorar o conhecimento acerca da Rinotraqueite Infecciosa Bovina, com o intuito de evidenciar a disseminação nos rebanhos bovinos; Mensurar o conhecimento dos produtores, quanto à Rinotraqueite Infecciosa Bovina, através de um levantamento feito por um breve questionário; Promover instruções pertinentes com intuito de conscientizar os produtores da Cooperativa de Governador Valadares, quanto à transmissão, prevenção, diagnósticos, tratamentos e os impactos diretos na produção leiteira. 3. METODOLOGIA Apresentação de banner, cartilha e slides sobre a Rinotraqueite Infecciosa Bovina, aos produtores da Cooperativa de Governador Valadares, no Café Rural do dia 16 de setembro de 2024, realizado no Parque de Exposição de Governador Valadares-MG. Realização de um breve questionário, que colhiam informações acerca do conhecimento sobre a doença, com perguntas relacionadas a casos nas propriedades, relatos de casos ou de características semelhantes. Este questionário teve o intuito de mensurar o conhecimento dos produtores de bovinos ali presentes, a respeito dessa patologia. Para a confecção de todo o material de apoio (banner, cartilha, questionário e slides), realizou-se revisões bibliográficas com base em artigos científicos, trabalhos acadêmicos e pesquisas em plataformas como PubMed, Google Acadêmico e Scielo. As pesquisas foram guiadas por palavras-chave como “Rinotraqueíte”, “IBR”, “Herpesvírus Bovino”, “Infecção Viral Bovina” e “Doença Respiratória Bovina”. Apenas artigos e estudos publicados nos últimos dez anos foram considerados. 4. RESULTADO E DISCUSSÃO A viabilidade econômica da produção leiteira é decisiva para o crescimento dos produtores dentro da atividade. Esta viabilidade é o resultado de diversos fatores, que dependem do controle e manejo a que o proprietário submete seu rebanho (PASQUALOTTO, 2015). Diante disso, o controledas doenças infeciosas que atingem os rebanhos bovinos, envolve além de práticas de manejo adequadas, o controle na introdução de novos animais na propriedade, cuidados na inseminação artificial e qualidade do sêmen utilizado, cuidados higiênico-sanitários, sorodiagnóstico periódico dos animais e, principalmente, a adoção de calendários de vacinação, que, mesmo não sendo obrigatório, devem ser seguidos corretamente, assim como a eliminação dos animais considerados infectados, que servem como fonte constante de eliminação do agente causador no ambiente (PASQUALOTTO, 2015). A Rinotraqueite Infecciosa Bovina (IBR), é classificada como doença de notificação compulsória, definida como doença transmissível de suma importância socioeconômica e/ou de saúde pública, sendo relevante para o comércio internacional de animais e produtos animais, por causar grandes perdas econômicas nas indústrias de laticínios e de carne bovina em todo o mundo (LANER, 2018). No Brasil, casos de IBR foram descritos em todo o território nacional tendo como principal característica a elevada distribuição e altos índices de infecção, tendo a prevalência do BoHv-1 no rebanho brasileiro variando de 30 a 70% (ROSA, 2018). Partindo deste pressuposto, esta patologia foi discutida com os produtores da Cooperativa de Governador Valadares, no evento do Café Rural, no dia 16 de setembro de 2024, realizado no Parque de Exposição de Governador Valadares. O banner e o slide apresentado, havia informações como: sinais; sintomas; prevenção; controle; tratamento. Com intuito de deixar a apresentação mais didática, para o melhor entendimento de todos, o conteúdo foi apresentado em forma de tópicos, além de imagens acerca de animais com a sintomatologia discutida, foto da vacinação recomendada, das formas de manejo do rebanho e a quarentena dos animais novos na propriedade. A cartilha distribuída aos participantes, possuía as mesmas informações citadas anteriormente, porém de forma mais clara e resumida, de modo a facilitar a compreensão e memorização, principalmente dos sinais clínicos dos animais e da vacinação adequada. Durante a apresentação cerca de 12 produtores passaram pelo local, onde puderam acompanhar a abordagem da patologia e compartilhar as suas vivências. Realizou-se um breve questionário com os mesmos, onde colheu-se informações acerca do conhecimento sobre a patologia, com perguntas relacionadas a casos nas propriedades, relatos de casos de características semelhantes, apenas um produtor já havia tido o contato direto com a doença, e os demais já haviam visto palestras e campanhas sobre a mesma. Durante a conversa os ouvintes citaram outros acometimentos que eles julgavam serem semelhantes com a sintomatologia da IBR, como por exemplo: brucelose; leptospirose bovina; diarreia viral bovina; tricomoníase. A todo o momento, buscou-se elucidar a IBR de forma visual, de modo que, cada um visse os sinais, sintomas e transmissões, conseguindo assim, associar ao seu dia a dia na propriedade. Outro aspecto discutido, foi a importância do acompanhamento rotineiro de um veterinário na propriedade para auxiliar o diagnóstico e prevenção da mesma, e demais patologias. Diante de toda a importância da doença e a abordagem aos produtores, a apresentação também teve seu ponto crítico, como o quesito de abrangência, devido ao público ser menor que o esperado. O ponto satisfatório, foi a grande interação dos participantes presentes. Além da participação estes, agregaram o conhecimento com suas dúvidas, onde foram devidamente esclarecidas. Após as apresentações, muitos ficaram por alguns minutos relatando casos das demais patologias que ocorreram em suas propriedades. 5. CONCLUSÃO Dessa forma, entende- se que a Rinotraqueite Infecciosa Bovina é uma doença infecciosa, de fácil disseminação no rebanho bovino, causada pelo Herpesvírus Bovino tipo 1 (BoHv-1), que pode afetar tanto os órgãos do sistema respiratório do bovino quanto o reprodutivo, causando assim, diversos sinais e infecções secundárias, onde essas são os principais focos do tratamento. É notório que, apesar de alguns produtores já terem ouvido falar sobre a Rinotraqueite Infecciosa Bovina, a maioria não tem a devida compreensão do que é a patologia, não conhecendo assim, o manejo e as medidas de prevenção para que se evite a disseminação dessa doença nos rebanhos. É evidente, a importância de promover instruções pertinentes a respeito desta doença aos produtores, visto que, ainda faltam medidas de conscientização, para que mais pessoas tenham acesso as devidas informações, levando em consideração, a importância da prevenção, através de programas de vacinação (mesmo que não obrigatório) e a adequação de programas de biossegurança nas propriedades. 6. REFERÊNCIAS LANER, Diego. Rinotequeite Infecciosa Bovina, Marmilite Herpética Bovina e Diarréia Viral Bovina em Rebanhos de Humaitá/AM. Trabalho de Dissertação de Mestrado (Pós Graduação em Produção Animal)- Universidade Brasil, Descalvado, São Paulo, 2018. OLIVEIRA, Wallacy Augusto de. Soroprevalência de Tripanossomíase, Rinotraqueite Infecciosa Bovina e Diarreia Viral Bovina em Bovinos com Suspeita de Trypanosoma Vivax. Trabalho de Dissertação (Mestrado)- Universidade de Uberaba, Uberaba- MG, f. 41, 2021. PASQUALOTTO, Willian; SEHNEM, Simone; WINCK, Cesar Augustus. Incidência de Rinotraqueite Infecciosa Bovina (IBR), Diarreia Viral Bovina (BVD) e Leptospirose em bovinos leiteiros na Região Oeste de Santa Catarina- Brasil. Rev. Agro. Amb., v.8, n.2, p. 249-270, maio/ago. 2015 ROSA, Marcela Mayara Alves. Rinotraqueite infecciosa bovina (IBR): controle por meio da vacinação. 2018. Trabalho de conclusão de curso (Técnico em Agropecuária) – Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia de São Paulo, Campus Barretos, Barretos, SP, 2018. VIU, Marco Antônio de Oliveira; et al. Rinotraqueite infecciosa bovina: revisão. PUBVET, Londrina, V. 8, N. 4, Ed. 253, Art. 1678, Fevereiro, 2014. image1.png image2.png