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Direito Tributário I
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Ma. Marize Oliveira dos Reis 
Revisão Textual:
Prof.ª Dra. Luciene Oliveira da Costa Granadeiro
Noções Preliminares de Direito Tributário
Noções Preliminares 
de Direito Tributário
 
 
• Conhecer as diversas concepções da origem da sociedade;
• Desenvolver intimidade com a leitura e a interpretação de textos;
• Assumir interesse pelo conhecimento.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO 
• Introdução;
• Considerações Iniciais e Receita Pública;
• Conceito de Direito Tributário;
• Relação do Direito Tributário com os outros Ramos do Direito;
• Fontes do Direito Tributário.
UNIDADE Noções Preliminares de Direito Tributário
Introdução
A disciplina Direito Tributário ocupa um lugar importante no mundo do direito, tendo 
em vista a atuação do Estado como, cada vez mais, arrecadador de tributos, alcançando 
todos os cidadãos que, direta ou indiretamente, são atingidos por seu poder impositivo 
de tributação.
Figura 1 – Noções preliminares
Fonte: Getty Images
Assim, o estudo do Direito Tributário não deve ser exclusivo do estudante do Curso 
de Direito, mas daqueles que atuam em outras tantas áreas, vez que não se aplica no 
domínio do conhecimento puramente acadêmico jurídico, servindo como suporte para a 
promoção do melhor desempenho em várias atividades, com viés econômico, financeiro 
e contábil.
Os Estados modernos, cada vez mais intervencionistas e promotores de bem-estar 
social, necessitam de regras constitucionais capazes de limitar o poder tributário, evi-
tando o desrespeito aos direitos individuais e a arbitrariedade dos governantes. Daí a 
importância do conhecimento das regras normativas a respeito da tributação estatal.
Considerações Iniciais e Receita Pública
A atividade tributária por parte do Estado, que, nos primórdios, era utilizada como 
forma de enriquecimento do governante, um soberano que, por muitas vezes, atuava 
de forma arbitrária em busca de benefícios próprios, evolui com a ideia de Estado de 
Direito, passando a ser aplicada como forma de financiamento das atividades do Estado, 
como custeio das políticas públicas que se manifestam em diversos setores de promoção 
de bem-estar, como educação, saúde, transporte, cultura, lazer, entre outros.
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O Estado, que pode ser conceituado como uma sociedade política e juridicamente 
organizada, dotada de soberania, dentro de um território, sob um governo, para a reali-
zação do bem comum, necessita de uma grande soma de recursos econômicos capazes 
de custear suas realizações e alcançar sua finalidade. 
Bem comum: Consiste no conjunto de todas as condições de vida social 
que constituam e favoreçam o desenvolvimento integral da personalidade 
humana. (Papa João XXIII)
Atualmente, o Estado justifica sua existência para atender às necessidades comuns 
aos seus membros, aos indivíduos que o compõem, para tal necessitando de recursos fi-
nanceiros. Denominam-se Receitas Públicas, de forma genérica, os recursos que ingres-
sam nos cofres do Estado e que constituirão o patrimônio público destinado à promoção 
do interesse coletivo, tendo a arrecadação tributária como sua principal fonte.
A Constituição Federal de 1988 determina, em seu artigo 3º, os objetivos 
do Estado brasileiro, a saber:
Art. 3º. Constituem objetivos fundamentais da República Federativa do 
Brasil:
I – construir uma sociedade livre, justa e solidária;
II – garantir o desenvolvimento nacional;
III – erradicar a pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades 
sociais e regionais;
IV – promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, 
cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação.
Figura 2 – Receita
Fonte: Getty Images
As Receitas Públicas podem ser divididas em duas categorias: Receitas Públicas Ori-
ginais e Receitas Públicas derivadas.
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UNIDADE Noções Preliminares de Direito Tributário
• Receita Original: a receita é original quando provida diretamente pelo patrimônio 
do Estado, ou seja, surge dos recursos da própria Administração. Como exemplo, 
podemos citar a receita proveniente da atividade econômica das empresas públicas;
• Receita Derivada: a receita é derivada quando provém diretamente do patrimônio 
do particular. Trata-se de receita composta principalmente pela arrecadação dos 
tributos, ou seja, dos impostos, das taxas e das contribuições possuindo grande 
importância na constituição dos recursos financeiros do Estado. O Estado utiliza-
-se o seu poder de império, obrigando o indivíduo a ceder parte do seu patrimônio 
aos cofres públicos, sob a justificativa de composição dos recursos necessários à 
promoção do bem comum. 
As Receitas Públicas Derivadas (os tributos) são obtidas por meio de relações jurídi-
cas constituídas entre o Estado e o particular. Diante de tal relação jurídica, o Estado é 
nomeado como Fisco, atuando como sujeito ativo da obrigação tributária, enquanto o 
particular, o indivíduo, é denominado como contribuinte, ocupando a posição de sujeito 
passivo da obrigação tributária.
Um exemplo de uma relação jurídica constituída entre o Estado, Fisco, e o particular, 
contribuinte é aquela decorrente da propriedade de veículo automotivo. Dessa forma, 
hipoteticamente, se Gumercindo Alcebíades é proprietário de um veículo licenciado no 
Estado de São Paulo, ocupa a posição de contribuinte, sujeito ativo, do IPVA (Imposto 
sobre a Propriedade de Veículo Automotivo, sendo o Fisco estadual o sujeito ativo na 
relação jurídica).
Figura 3 – IPVA
Fonte: Getty Images
Conceito de Direito Tributário
Entre as muitas numerosas atividades exercidas pelo Estado, encontra-se a atividade 
financeira, reservada à obtenção de recursos financeiros capazes de suportar as despe-
sas necessárias à satisfação dos interesses públicos, atuando não somente na obtenção 
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de receitas, mas também na gestão dos bens e recursos públicos e na realização de des-
pesas condizentes com a finalidade estatal.
Figura 4 – Direito Tributário
Fonte: Getty Images
Dessa forma, a atividade financeira do Estado é composta de função fiscal e de fun-
ção extrafiscal. A função fiscal é aquela desempenhada com fins à arrecadação, gestão 
e aplicação de recursos. Por sua vez, a função extrafiscal, também chamada de regulató-
ria, volta-se à obtenção de proveitos econômicos, políticos e sociais. Diante da realização 
dessas funções diversas, fiscal e extrafiscal, vislumbramos duas disciplinas jurídicas: o 
Direito Financeiro e o Direito Tributário.
O Direito Financeiro concentra-se nas normas que regulam a relação entre o Estado e 
o particular, objetivando gerir e aplicar os recursos financeiros de forma atender ao inte-
resse coletivo. O principal destinatário das normas de Direito Financeiro é o administra-
dor público, responsável pela condução da atividade financeira. O Direito Tributário con-
centra-se na atividade tributária do Estado, disciplinando sua principal fonte de receita, o 
tributo, estabelecendo as normas especificamente destinadas à relação tributária existente 
entre Estado e particular, consubstanciadas em princípios constitucionais tributários.
[...] a ênfase do Direito Tributário centra-se na relação jurídica e não na 
atividade estatal de obtenção de receitas. Não é Direito do Estado, é re-
lação jurídica entre sujeitos de direito sob os auspícios da legalidade e da 
igualdade. (COELHO, 2020, p. 31)
O Direito Tributário alcança todas as relações entre a Fazenda Pública e o contri-
buinte, atingindo as relações jurídicas existentes entre estes, tanto no que diz respeito 
ao conjunto de leis que regulam a arrecadação dos tributos, bem como sua fiscalização, 
encerrando sua atividade com o ingresso nos cofres públicos do dinheiro pago pelo 
contribuinte. O Direito Financeiro, por sua vez, preocupa-se com a destinação da receita 
arrecadada pelo Fisco. 
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UNIDADE Noções Preliminares de Direito Tributário
[...] o Direito Tributário cuida especificamente das receitas derivadas do 
patrimônio particular transferidas paraA União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios pode-
rão instituir os seguintes tributos:
[...]
III – contribuição de melhoria, decorrente de obras públicas. (CF/88)
Art. 81. A contribuição de melhoria cobrada pela União, pelos Estados, 
pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas 
atribuições, é instituída para fazer face ao custo de obras públicas de que 
decorra valorização imobiliária, tendo como limite total a despesa realizada 
e como limite individual o acréscimo de valor que da obra resultar para cada 
imóvel beneficiado. (CTN, LEI Nº 5.172, DE 25 DE OUTUBRO DE 1966)
As contribuições de melhoria são o tributo cobrado pelo Estado dos proprietários de 
imóveis beneficiados por obras públicas. Assim, para fazer frente aos custos da obra, 
é justo que o Estado cobre tributos dos proprietários que diretamente se beneficiaram 
com ela.
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A contribuição de melhoria terá como limite total a despesa realizada na construção da 
obra pública beneficiadora. Deve existir, portanto, uma vinculação entre a obra pública e 
a valorização dos imóveis por ela atingidos.
Entretanto, nem sempre a obra pública traz benefícios e valorização aos imóveis por 
ela tangenciados. Dependendo da sua natureza, poderá provocar uma depreciação dos 
referidos imóveis. Ex. construção de presídios, viadutos etc.
Nesses casos, não terá ocorrido, evidentemente, o fato gerador da contribuição de 
melhoria, porque não houve benefício algum aos proprietários.
IV – Contribuições Especiais
As contribuições especiais foram introduzidas em nosso ordenamento jurídico pelo 
art. 149, CF, subdividindo-se em contribuições sociais, de intervenção no domínio econô-
mico e de interesse de categorias profissionais e econômicas, como instrumento de atu-
ação da União nas respectivas áreas:
• Contribuições sociais: são tributos federais instituídos para financiamento da Se-
guridade Social (Previdência, Assistência e Saúde - art. 195, CF). Ex.: PIS (contri-
buição para o programa de integração social – LC 7/70), Pasep (Contribuição para 
o programa de formação do patrimônio do servidor público – LC 8/70);
• CIDE (Contribuições de intervenção no domínio econômico: a CIDE visa inter-
vir na economia para ajustá-la aos objetivos da política econômica. São tributos 
federais utilizados pela União como ferramenta de regulação sobre setores estraté-
gicos da economia.
Ex.: A Lei nº 10.336/2001 criou a CIDE sobre combustíveis derivados de petróleo 
para substituir os subsídios que eram dados pela Petrobras sobre esses produtos.
As CIDES não incidem sobre receitas decorrentes de exportação, mas incidem so-
bre a importação de produtos estrangeiros ou serviços;
• Contribuições de interesse de categorias profissionais ou econômicas: são 
contribuições devidas pelos profissionais a seu órgão de registro e fiscalização.
Ex.: advogado-OAB; contador-CRC; engenheiro-CREA; médico-CRM.
V – Empréstimo Compulsório
Art. 148. A União, mediante lei complementar, poderá instituir emprés-
timos compulsórios
I – para atender a despesas extraordinárias, decorrentes de calamidade 
pública, de guerra externa ou sua iminência;
II – no caso de investimento público de caráter urgente e de relevante 
interesse nacional, observado o disposto no art. 150, III, b. 
Parágrafo único. A aplicação dos recursos provenientes de empréstimo 
compulsório será vinculada à despesa que fundamentou sua instituição. 
(CF/88)
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UNIDADE Sistema Tributário Nacional
O empréstimo compulsório é um tributo que tem como objetivo suprir a despesas 
extraordinárias, aquelas não previstas no orçamento público, tais como casos de calami-
dade pública, guerra externa ou sua iminência ou obra pública de caráter urgente e de 
interesse nacional. A receita obtida com o empréstimo compulsório deve ser aplicada 
para atender à causa que fundamentou sua instituição.
A competência para a instituição do empréstimo compulsório é concedida apenas à 
União, que deverá fazê-lo exclusivamente através de Lei Complementar.
Embora o empréstimo compulsório tenha natureza tributária, conforme entendimento 
específico da doutrina e da jurisprudência, ele deve ser devolvido. A Constituição Federal 
não fixou prazo para essa restituição. Dessa forma, cabe à lei complementar que o insti-
tuir, estabelecer o prazo de devolução do valor pago.
Figura 6 – Tributos em espécie
Fonte: Getty Images
O estudo desta unidade nos proporcionou conhecimentos a respeito do Sistema Nacio-
nal Tributário, a competência tributária constitucional, os tributos e suas espécies.
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Impostos federais, estaduais e municipais
CARNEIRO, C. Impostos federais, estaduais e municipais. 7. ed. São Paulo: Saraiva, 2019.
Tributos em espécie
JARDIM, E. M. F. Tributos em espécie. São Paulo: Elsevier, 2010.
 Vídeos
Saber Direito – Direito Tributário – Aula 4
https://youtu.be/skRmD20ud9o
Saber Direito – Direito Tributário – Aula 5
https://youtu.be/m8J1Ou2RvnQ
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UNIDADE Sistema Tributário Nacional
Referências
ABRAHAM, M. Curso de direito tributário brasileiro. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2020. (e-book)
AMARO, L. Direito tributário brasileiro. 24. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021. 
(e-book)
BORBA, C. Direito tributário. 28. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019. (e-book)
CARNEIRO, C. Curso de direito tributário e financeiro. 9. ed. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2020. (e-book)
CARRAZZA, R. A. Curso de direito constitucional tributário. 24. ed. São Paulo: 
Malheiros, 2008.
________. Vigência e aplicação das leis tributárias. In: MARTINS, I. G. S. Curso de 
direito tributário. 7 ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
CALIENDO, P. Curso de direito tributário. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020. (e-book)
CASSONE, V. Direito tributário. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2018. (e-book)
COELHO, S. C. N. Curso de direito tributário brasileiro. 17. ed. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2020. (e-book)
COSTA, R. H. Curso de direito tributário – Constituição e Código Tributário Nacional. 
10. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. (e-book)
CREPALDI, S. A. CREPALDI, G. S. Direito tributário: teoria e prática. 3. ed. Rio de 
Janeiro, 2011. (e-book)
HACK, É. Direito tributário Brasileiro. Curitiba: InterSaberes, 2015. (e-book)
KFOURI JUNIOR, A. Curso de direito tributário. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2018. 
(e-book)
HARADA, K. Direito financeiro e tributário. 29. ed. São Paulo: Atlas, 2020. (e-book)
MACHADO SEGUNDO, H. B. Manual de direito tributário. 11. ed. São Paulo: Atlas, 
2019. (e-book)
MAZZA, A. Manual de direito tributário. 7. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021. 
(e-book)
NOVAIS, R. Direito tributário facilitado. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: 
MÉTODO, 2019. (e-book)
PAULSEN, L. Curso de direito tributário completo. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2021. 
(e-book)
SABBAG, E. Direito tributário essencial. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020. (e-book)
________. Manual de direito tributário. 5. ed. Rio de Janeiro: Saraiva, 2013.
SCHOUERI, L. E. Direito tributário. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2021. (e-book)
20o tesouro público mediante “obri-
gações tributárias” previstas em lei. (COELHO, 2020, p. 31)
A disciplina Direito Tributário apresenta um sistema normativo, é composta por regras 
positivadas, indicando o caminho da atividade tributária de arrecadação, pautando-se por 
valores condizentes com o atual Estado Democrático de Direito.
Importante!
O art. 1º da Constituição Federal do Brasil determina que nossa nação, a República Fe-
derativa do Brasil, constitui-se em um Estado Democrático de Direito, e tem como fun-
damentos a soberania, a cidadania, a dignidade da pessoa humana, os valores sociais do 
trabalho e da livre iniciativa e o pluralismo político. Ainda, desta em seu parágrafo único 
que todo o poder emana do povo, que o exerce por meio de representantes eleitos ou 
diretamente, nos termos da Constituição.
Podemos sintetizar o entendimento do que seja um Estado Democrático de Direito, 
como aquele modelo de Estado no qual o governante e os governados se submetem às 
leis, que por sua vez, são criadas pelo povo para a promoção do interesse público, com 
total respeito a dignidade da pessoa humana.
Ainda, no Brasil, aplicamos a democracia representativa, modelo em que os cidadãos esco-
lhem seus representantes políticos, para representação não somente nas decisões de gover-
no, mas também na elaboração das leis às quais se submetem, governantes e governados.
O estudo de qualquer disciplina do Direito leva o estudante à necessidade de com-
preensão da dicotomia, da dualidade, Direito Público versus Direito Privado. O enten-
dimento das características que determinam a localização de uma disciplina como de 
Direito Público ou Privado nos conduz ao raciocínio preliminar à compreensão prática a 
respeito dos efeitos das regras nas relações jurídicas.
No Direito Público, encontramos aquelas disciplinas que alcançam o interesse pú-
blico, o interesse da coletividade, tendo como sujeito na relação jurídica o Estado, a 
Administração Pública, que se relaciona de forma impositiva, impondo obrigatoriedade, 
atuando em uma posição de superioridade na relação jurídica, atuando com poderes e 
restrições. Tal superioridade é justificada diante da situação da Administração Pública 
como guardiã do interesse coletivo. São disciplinas de Direito Público: Direito Constitu-
cional, Direito Administrativo, Direito Tributário, Direito Financeiro, Direito Processual, 
Direito Penal, Direito Eleitoral, entre outros.
No Direito Privado, encontramos aquelas disciplinas que estudam as regras de prote-
ção das relações privadas, perseguindo os interesses do indivíduo, do particular, priman-
do pela autonomia e liberdade, dispondo de normas dispositivas que regulam a livre ma-
nifestação de vontade das partes envolvidas em uma relação jurídica, que se encontram 
em posição de igualdade. São disciplinas do ramo de Direito Privado o Direito Civil, o 
Direito Comercial, o Direito do Trabalho.
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Concluímos, assim, que o Direito Tributário é classificado como ramo do Direito Público 
por ter sempre o Estado como uma das partes na relação jurídica, sendo seu objeto a tu-
tela do interesse público, com a finalidade de disciplinar a captação de receitas tributárias, 
possuindo normas de conteúdo imperativo, obrigando um comportamento específico.
Direito tributário pode ser conceituado como uma disciplina localizada no ramo do Di-
reito Público, composta por um conjunto de normas que disciplinam as condutas dos par-
ticulares para a composição do patrimônio público capaz de custear o interesse coletivo.
Ramo do Direito Público que se ocupa das relações entre o Fisco e as 
pessoas sujeitas a imposições tributárias de qualquer espécie, limitando o 
poder de tributar e protegendo o cidadão contra os abusos desse poder. 
(MACHADO, 2019, p. 18)
Relação do Direito Tributário 
com os outros Ramos do Direito
A disciplina Direito Tributário, muito embora sua relação estreita com o Direito Fi-
nanceiro, configura-se como um ramo autônomo do direito, regendo-se por princípios 
e normas próprias. 
Figura 5 – Relação com os outros ramos do Direito
Fonte: Getty Images
Como disciplina listada no grupo do Direito Público, relaciona-se de forma lógica 
com as demais disciplinas ali listadas, em especial com o Direito Constitucional, de onde 
retira as questões prévias, tais como aquelas relativas aos princípios constitucionais re-
ferentes ao exercício da competência tributária e à limitação ao poder de tributar e seus 
limites. O desconhecimento a respeito do Direito Constitucional, sobretudo da matéria 
referente ao Direito Tributário (artigos 146 a 162 e art. 195 da CF/88), dificulta o estudo 
das relações tributárias.
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UNIDADE Noções Preliminares de Direito Tributário
O Direito Administrativo, outra disciplina do Direito Público, tem relação íntima com 
o Direito Tributário, vez que dispõe sobre a atuação da administração pública quanto 
à fiscalização e arrecadação dos tributos. Compete ao Direito Administrativo a deter-
minação das regras referentes ao procedimento de fiscalização, determinando diversos 
deveres aos contribuintes, e de arrecadação do tributo, que correspondem ao exercício 
da atividade administrativa praticada por funcionários e autoridades designadas pelas 
leis e pelos regulamentos.
Ainda nas disciplinas de Direito Público, devemos indicar o Direito Penal e o Direito 
Processual. No Direito Penal, encontramos conceitos e definições de crimes de ordem 
tributária, os delitos fiscais, e previsão de penalidades a serem aplicadas àqueles que não 
observam as normas tributárias. Um exemplo é o crime de sonegação fiscal.
Já entre as disciplinas do Direito Privado, o Direito Tributário encontra muitas rela-
ções com o Direito Civil, vez que a tributação incide sobre acontecimentos e relações ju-
rídicas econômicas de ordem privada, assuntos da competência do Direito Civil. Assim, 
ao adquirir patrimônio, ao realizar uma doação, ao transferir uma propriedade, estamos 
diante de situações tratadas pelo Direito Civil e alcançadas pelo Direito Tributário. En-
tretanto, a relação entre as disciplinas do Direito não se limita à consequência jurídica 
tributária diante de fontes materiais, mas também na elaboração e adaptação de vários 
conceitos elaborados na esfera jurídica civil e aplicados no mundo tributário, como o 
conceito de obrigação, de credor, de devedor, de crédito, de débito, de capacidade, de 
domicílio e muitos outros ligados às questões obrigacionais.
Fontes do Direito Tributário
Para que seja estabelecida a relação jurídica entre o Estado e o particular, determi-
nando a posição do Estado como parte a exigir a prestação tributária pelo particular, é 
necessário que seja identificada a fundamentação jurídica para tal. Denomina-se Fonte 
do Direito a motivação, a origem de uma manifestação jurídica, é o foco de criação de 
uma norma jurídica.
No Direito Tributário, são observadas duas formas de fontes: as Fontes Materiais e as 
Fontes Formais.
• Fontes Materiais: também chamadas de fontes reais, constituem todos os fatos da 
realidade, sendo, geralmente, todos os acontecimentos de natureza econômica, que 
ostentam uma capacidade econômica. Dessa forma, estaríamos perante uma fonte 
real de Direito Tributário em situações em que o indivíduo, importa ou exporta uma 
mercadoria, realiza prestação de serviço e recebe por tal, adquiri a propriedade de 
um imóvel ou mesmo de um automóvel. Esses fatos, acontecimentos econômicos, 
fontes reais, uma vez submetidos às fontes formais, recebem eficácia jurídica. Dessa 
forma, meros fatos são transformados em fatos com relevância no mundo jurídico, 
aptos a produzir efeitos jurídicos.
Exemplo: Adquirir a propriedade de um veículo é um fato da realidade, uma fonte 
material, que indica capacidade econômica. Um determinado Estado, por meio de 
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lei, fonte formal, institui o IPVA e determina que o proprietário de veículo automoti-
vo tem a obrigação de efetuar seu pagamento. Nesse caso, a fonte formal que é a lei 
instituidora do IPVA imputauma repercussão jurídica diante da existência da fonte 
material, a propriedade do veículo, determinando a obrigação jurídica tributária: o 
pagamento do tributo;
• Fontes Formais: são as regras jurídicas que decorrem de uma atividade legislativa, 
uma criação normativa exercida pelo Estado, a ser aplicada a um determinado caso 
concreto. Para o estudo do Direito Tributário, as Fontes Formais são divididas em 
Fontes Formais Primárias e Fontes Formais Secundárias.
Figura 6 – Fontes do Direito Tributário
Fonte: Getty Images
Fontes Formais Primárias (Diretas):
São aquelas normas que inovam o ordenamento jurídico, que se originam de leis for-
mais, de normas oriundas de um processo legislativo formal. São Fontes Formais Primárias:
• Constituição Federal: é a lei mais importante do Estado e todas as demais leis 
devem respeitar os preceitos traçados em seu texto. A Constituição Federal de 
1988 aborda importantes temas de Direito Tributário em vários artigos. Assim, po-
demos ver, nos arts. 145 a 149-A da CF/88, a estrutura da tributação, as espécies 
tributárias permitidas, a incidência tributária e os entes competentes para do poder 
tributário, compreendendo os Princípios Gerais de Direito Tributário; nos arts. 150 
a 152 da CF/88, são identificados os princípios que garantem os direitos do con-
tribuinte diante da atividade tributária estatal e as hipóteses de imunidades, são as 
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UNIDADE Noções Preliminares de Direito Tributário
Limitações Constitucionais ao Poder de Tributar; nos arts. 153 a 156 e também no 
art. 195da CF/88, são distribuídas as competências tributárias aos entes compo-
nentes do Estado brasileiro (União, Estados membros, Distrito Federal e Municípios) 
e nos arts. 157 a 162 são indicadas as parcelas de participação dos entes ao re-
sultado da arrecadação tributária, é a chamada Repartição de Receitas Tributárias;
• Emenda à Constituição: é a norma elaborada em processo complexo, capaz de 
modificar as regras constitucionais tributárias, tanto inserindo novas determinações 
ou excluindo regras existentes. Importante destacar que a Emenda à Constituição 
não pode modificar regras que tratem a respeito dos princípios tributários e das 
hipóteses de imunidades, pois estaria diante de um desrespeito à cláusula pétrea, 
conforme art. 60, § 4º, IV, CF;
Você Sabia?
Cláusula Pétrea é nome dado aos direitos que não podem sofrer qualquer proposta de 
emenda que pretenda restringi-los ou suprimi-los. As chamadas cláusulas pétreas estão 
elencadas no art. 60, §4º, inciso IV, da Constituição Federal.
• Lei Complementar: é uma modalidade legislativa que necessita de um quórum 
qualificado para sua aprovação e tem matéria expressamente prevista na Constitui-
ção. A Constituição Federal de 1988 determina que a lei complementar é a espécie 
normativa aplicada à matéria tributária que aborda temas como: conflito de com-
petência entre a União, Estados, o Distrito Federal e os Municípios; as limitações 
ao poder de tributar; o estabelecimento de normas gerais em matéria tributária e a 
criação dos tributos, em situações expressamente determinadas pela Constituição. 
Como exemplo, podemos indicar a determinação presente no art. 148 da CF/88 
impondo a competência da União para instituir empréstimo compulsório, por meio 
de Lei Complementar;
Importante!
O Código Tributário Nacional (Lei nº 5.172, de 25 de Outubro de 1966), CTN, foi edita-
da originalmente como Lei Ordinária, mas possui status de Lei Complementar, uma vez 
que estabelece normas gerais em matéria tributária, as quais foram recepcionadas pela 
Constituição de 1988.
• Lei Ordinária: é o procedimento legislativo mais simples e que pode abordar todas 
as matérias tributárias, com exceção daquelas que devem tratadas através de Lei 
Complementar, como indicado no item acima. É o meio normativo adequado à in-
trodução das normas de incidência de tributos no sistema jurídico tributário, descre-
vendo o tributo e as obrigações tributárias assessórias, como é o caso da emissão 
de nota fiscal ou da declaração do Imposto de Renda anual. Os Poderes Legislativos 
da União, dos Estados, do Distrito Federal e dos Municípios podem editar lei ordi-
nária tributária, conforme competência conferida pela Constituição Federal;
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Normas de Incidência de Tributos são aquelas que criam os tributos in-
dicando quem deve pagar, porque deve pagar, onde deve pagar, quando 
deve pagar e quanto deve pagar.
• Medida Provisória: trata-se da modalidade normativa editada pelo Presidente da 
República, em caso de relevância, que é dotada de imediata força de lei, devendo 
ser enviada ao Poder Legislativo que poderá concordar, e neste caso convertê-la em 
lei ordinária, ou reprová-la, eliminando-a do ordenamento jurídico. O Presidente da 
República pode utilizá-la para instituir ou aumentar tributos;
• Lei Delegada: é a modalidade em que o Presidente legisla sobre determinada 
matéria, após a concessão, a delegação, pelo Congresso Nacional por meio de 
uma Resolução. Diante da possibilidade de elaboração de Medida Provisória, a Lei 
Delegada não é mais utilizada;
• Decreto Legislativo: é a modalidade legislativa elabora pelo Congresso Nacional, assu-
mindo um importante papel para o Direito Tributário, vez que se trata da forma de in-
trodução, no ordenamento pátrio, de normas de Tratados e Convenções Internacionais;
As regras determinadas em um Tratado Internacional apenas serão in-
troduzidas em nosso ordenamento jurídico, estando aptas à produção de 
efeitos jurídicos, após a elaboração do Decreto Legislativo, fruto da mani-
festação do Poder Legislativo, não bastando a assinatura pelo Presidente 
da República. A norma de tratado internacional que ingressa no sistema 
normativo brasileiro através de Decreto Legislativo e não trata de direitos 
humanos tem status, ocupa a posição normativa, de lei ordinária.
• Resolução: é a manifestação elaborada pelo Poder Legislativo, no caso o Senado 
Federal, para determinar alíquotas mínimas e máximas de determinados tributos, ob-
jetivando evitar uma guerra fiscal entre os entes, diante da determinação de alíquotas 
muito diferenciadas. Um exemplo é a fixação de alíquotas para o caso do IPVA.
Fontes Formais Secundárias (Indiretas):
São aquelas normas que não inovam o ordenamento jurídico, sendo subordinadas 
às fontes formas primárias e podem ser consideradas como instrumentais por serem 
complementares às primárias. São Fontes Formais Secundárias:
• Decreto e o Regulamento: modalidades editadas pelo Chefe do Poder Executivo 
competente, com o objetivo de regulamentar uma lei já existente, garantindo que seja 
efetivamente executada. A principal função dos decretos executivos em matéria tribu-
tária é limitar a discricionariedade do Fisco, que não possui competência para criar 
deveres ou impor proibições aso particulares, vez que se trata de exclusividade da lei.
A Constituição Federal de 1988 atribuiu ao Poder Legislativo a compe-
tência para, dentro das determinações constitucionais, utilizar a modali-
dade Decreto para modificar alíquotas de determinados tributos, como é 
o caso do Imposto sobre Produtos Industrializados (IPI), do Imposto de 
Importação (II), do Imposto de Exportação (IE), do Imposto sobre Ope-
rações Financeiras (IOF) e das Contribuições de Intervenção no Domínio 
Econômico (CIDE).
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UNIDADE Noções Preliminares de Direito Tributário
• Circular: é uma modalidade de regra jurídica, elabora pelo Poder Executivo, que 
tem por objetivo a ordenação uniforme do serviço administrativo, a padronização 
de condutas e regras a serem exercidas pelos servidores públicos, neste caso, liga-
dos à atividade tributária;
• Portaria: é uma modalidade normativa elaborada por autoridades, chefes de 
órgãos públicos, determinando regra geral ou individual a ser observada por 
seus subalternos;
• Instrução Ministerial: é um ato normativo editado pelos Ministros de Estado, que 
tem como objeto a execução de Leis, Decretos e Regulamentos referentes à res-
pectiva competência, estabelecendodiretrizes, procedimentos e métodos para a 
orientação de dirigentes e servidores diante do exercício de suas atribuições;
• Ordem de Serviço: é o ato normativo que determina uma autorização concreta 
para que servidores púbicos determinados realizem um tipo de serviço específico; 
• Decisão Administrativa: é a decisão proferida pelo Poder Público diante de uma 
questão submetida à sua apreciação, produzindo efeito normativo, conforme auto-
rização legal. A decisão administrativa pode ser proferida por um órgão singular 
(uma só pessoa) ou coletivo (várias pessoas).
Diante do que vimos, podemos afirmar que a legislação tributária, a fonte formal do Di-
reito Tributário, é composta por fontes primárias e secundárias, sendo as primeiras aque-
las manifestadas, geralmente, pelo Poder Legislativo, no exercício de sua função típica, 
legislar, enquanto as secundárias são editadas pelo Poder Executivo, no exercício de uma 
função atípica, sempre submetido à regra determinada em uma fonte formal primária.
O Código Tributário Nacional, o CTN, determina em ser artigo 96 qual seria o alcan-
ce da expressão Legislação Tributária:
Art 96. A expressão “legislação tributária” compreende as leis, os trata-
dos e as convenções internacionais, os decretos e as normas complemen-
tares que versem, no todo ou em parte, sobre tributos e relações jurídicas 
a eles pertinentes.
Assim, não restam dúvidas a respeito das fontes de Direito Tributário, a Legislação 
Tributária, alcançando não somente às leis, fontes formais primárias, mas também todas 
as espécies normativas que preencham os requisitos determinados na norma indicada. 
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Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Finanças Públicas
MATIAS-PEREIRA, J. Finanças Públicas. 7. ed. São Paulo: Atlas, 2017. (e-book) 
A evolução histórica da teoria da tributação: análise das estruturas 
socioeconômicas na formação do sistema tributário
ZILVETI, F. A. A evolução histórica da teoria da tributação: análise das estruturas socio-
econômicas na formação do sistema tributário. São Paulo: Saraiva, 2017. 
 Vídeos
Saber Direito – Direito Tributário – Aula 1
https://youtu.be/Qoj9DNti7BI
 Leitura
Execução da receita pública
https://bit.ly/2Yt133l
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UNIDADE Noções Preliminares de Direito Tributário
Referências
ABRAHAM, M. Curso de direito tributário brasileiro. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2020. (e-book) 
AMARO, L. Direito tributário brasileiro. 24. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021. 
(e-book) 
BORBA, C. Direito tributário. 28. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019. (e-book) 
CARNEIRO, C. Curso de direito tributário e financeiro. 9. ed. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2020. (e-book) 
CALIENDO, P. Curso de direito tributário. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020. (e-book) 
CASSONE, V. Direito tributário. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2018. (e-book) 
COELHO, S. C. N. Curso de direito tributário brasileiro. 17. ed. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2020. (e-book) 
COSTA, R. H. Curso de direito tributário – Constituição e Código Tributário Nacional. 
10. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. (e-book) 
CREPALDI, S. A. CREPALDI, G. S. Direito tributário: teoria e prática. 3. ed. Rio de 
Janeiro, 2011. (e-book) 
HACK, É. Direito tributário Brasileiro. Curitiba: InterSaberes, 2015. (e-book) 
KFOURI JUNIOR, A. Curso de direito tributário. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2018. 
(e-book) 
HARADA, K. Direito financeiro e tributário. 29. ed. São Paulo: Atlas, 2020. (e-book) 
MACHADO SEGUNDO, H. B. Manual de direito tributário. 11. ed. São Paulo: Atlas, 
2019. (e-book) 
MAZZA, A. Manual de direito tributário. 7. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2021. 
(e-book) 
NOVAIS, R. Direito tributário facilitado. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: 
MÉTODO, 2019. (e-book) 
PAULSEN, L. Curso de direito tributário completo. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 2021. 
(e-book) 
SABBAG, E. Direito tributário essencial. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020. (e-book) 
SCHOUERI, L. E. Direito tributário. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2021. (e-book) 
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Direito Tributário I
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Ma. Marize Oliveira dos Reis
Revisão Textual:
Prof.ª Ma. Sandra Regina Fonseca Moreira
Princípios Constitucionais Tributários
Princípios Constitucionais Tributários
 
 
• Conhecer os princípios constitucionais tributários;
• Desenvolver a capacidade reflexiva;
• Compreender as exceções constitucionais.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO 
• Introdução;
• Princípio da Legalidade;
• Princípio da Isonomia;
• Princípio da Capacidade Contributiva;
• Princípio da Irretroatividade;
• Princípio da Anterioridade;
• Princípio do não Confisco;
• Princípio da Liberdade de Tráfego.
UNIDADE Princípios Constitucionais Tributários
Introdução
Os princípios são normas especiais que, diante do seu grande valor no ordenamento 
jurídico, orientam e conduzem a elaboração e a interpretação das normas jurídicas, ocu-
pando um lugar de destaque, condicionando a aplicação do direito.
Importante!
Ordenamento jurídico, também conhecido como sistema jurídico ou ordem jurídica, é 
o conjunto de todas as normas legais de um determinado Estado, que se organizam 
de uma forma hierárquica. As normas presentes na Constituição Federal ocupam uma 
posição de superioridade diante das demais normas, que a ela se subordinam, formando 
um todo harmônico.
Nosso ordenamento jurídico é composto por um grupo de normas organizadas de 
forma hierárquica, formando o que é denominado como pirâmide das normas. As nor-
mas escritas em nossa Constituição ocupam o topo da pirâmide jurídica. Desta forma, 
toda a norma jurídica existente deve adequar-se aos valores traçados na norma funda-
mental do Estado, na Constituição Federal, com o objetivo de manter a unidade e a 
coerência com os valores fundamentais do país. 
Na Constituição Federal, encontramos as normas que disciplinam o poder tributário 
do Estado, indicando a competência para tributar por parte de cada um dos Entes estatais 
(União, Estados, Municípios e Distrito Federal) e delimitando os limites de tal atribuição. 
[...] um enunciado lógico, implícito ou explícito, que, por sua grande genera-
lidade, ocupa posição de preeminência nos vastos quadrantes do Direito e, 
por isso mesmo, vincula, de modo inexorável, o entendimento e a aplicação 
das normas jurídicas que com ele se conectam. (CARRAZZA, 2008, p. 31)
Assim, destacamos que são encontrados em nossa Constituição Federal princípios que 
norteiam todo o ordenamento jurídico, sendo que alguns alcançam especialmente o mun-
do do Direito Tributário. Quando os princípios regulam todo o ordenamento jurídico, são 
denominados princípios gerais do direito; quando os princípios atuam especialmente no 
campo do Direito Tributário, são denominados de Princípios Constitucionais Tributários.
O conhecimento e o respeito aos princípios contidos na Constituição são de suma 
importância, tanto para condicionar as atividades estatais, quanto para garantir os di-
reitos dos administrados. Toda atividade tributária, desde a elaboração de normas de 
incidência, quanto a atividade de fiscalização e cobrança de tributos, deve estar condi-
cionada à estrita adequação aos ditames constitucionais.
A desobediência aos ditames constitucionais implica na ofensa a todo o ordenamento 
jurídico. Instrutiva é a analogia utilizada pelos professores Geraldo Ataliba e Celso 
 Antônio Bandeira de Melo e informada pelo professor Carrazza, comparando o ordena-
mento jurídico a um prédio, um edifício onde os princípios correspondem aos alicerces 
e vigas mestras, sustentado todo o conjunto de normas.
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Os estudiosos do Direito Tributário identificam os princípios constitucionais tributá-
rios, explícitos ou implícitos na Constituição Federal, que estudaremos a seguir:
Princípio da Legalidade
O princípio da Legalidade encontra previsão expressa na Constituição Federal, nos 
art. 5.º, II e no art. 150, I, a saber:
 Art. 5º. Todos são iguais perantea lei, sem distinção de qualquer nature-
za, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes:
I I – ninguém será obrigado a fazer ou deixar de fazer alguma coisa senão 
em virtude de lei.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, 
é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
I – exigir ou aumentar tributo sem lei que o estabeleça.
Importante!
O tributo não é instituído pela Constituição Federal, mas por lei (em regra Lei Ordinária e, ex-
cepcionalmente, através de Lei Complementar quando exigido pela Constituição Federal).
Figura 1 – Legalidade
Fonte: Getty Images
O Princípio da Legalidade tem como objetivo a segurança jurídica, impedindo que 
o governante, aquele responsável pela administração pública, decida arbitrariamente 
quando, como e de quem deve cobrar tributos. É imprescindível que o Poder Legislativo 
autorize a cobrança do tributo e defina todos os aspectos importantes para a determina-
ção da obrigação de pagar. 
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UNIDADE Princípios Constitucionais Tributários
O Princípio da legalidade é multidisciplinar, com previsão inaugural na 
Carta Magna Inglesa, de 1215, do Rei João Sem Terra. À época, a no-
breza e a plebe, reunindo esforços e se insurgindo contra o poder uni-
pessoal de tributar, impuseram ao príncipe João um estatuto, visando 
inibir a atividade tributária esmagadora do governo. Em outras palavras, 
objetivavam impor a necessidade de aprovação prévia dos súditos para 
a cobrança dos tributos, do que irradiou a representação “no taxation 
without representation”. (SABBAG, 2013, p. 63)
O legislador deve, ao criar o tributo, indicar os elementos indispensáveis ao exercício 
tributário. Assim, deve ser descrita na lei a conduta abstrata capaz de ensejar uma tribu-
tação. Tal conduta é denominada de hipótese de incidência.
A hipótese de incidência deve ser completada com a presença de cinco elementos 
fundamentais descritos pelo legislador e capazes de responder às seguintes perguntas:
• Quando o tributo deve ser pago?
• Onde o tributo deve ser pago?
• Por que o tributo deve ser pago?
• Quem é o credor e o devedor do tributo?
• Quem deve pagar o tributo?
O legislador, o membro do Poder Legislativo, deve elaborar a lei definindo taxati-
vamente e de forma completa as situações sujeitas à tributação, que farão nascer uma 
obrigação tributária, e determinar os critérios utilizados para quantificar o tributo.
Diante da distribuição de competências aos entes componentes da República Fede-
rativa do Brasil, os tributos municipais são criados através das leis elaboradas pela Câ-
mara dos Vereadores; os tributos estaduais são criados através das leis elaboradas pela 
Assembleia Legislativa; e os tributos federais são criados através da atividade legislativa 
do Congresso Nacional, composto pelas casas legislativas Câmara dos Deputados e 
Senado Federal.
Via de regra, os tributos são criados através de lei ordinária. Entretanto, a Constitui-
ção Federal determina que alguns tributos federais devem ser instituídos através de lei 
complementar, como é o caso do Imposto sobre Grandes fortunas, previsto na CF/88, 
no art. 153, VII e do Empréstimo Compulsório, previsto na CF/88, no art. 148.
Apesar da Constituição Federal determinar, através do Princípio da Legalidade, que a 
instituição ou aumento de um tributo somente deve ser realizada através de lei, atividade 
típica do Poder Legislativo, a própria norma constitucional indica situações em que o 
princípio é relativizado, permitindo a atuação do Poder Executivo, de forma atípica, edi-
tando normas que majorem ou reduzam as alíquotas dos tributos. Assim, encontramos 
exceções ao Princípio da Legalidade.
• Relativização do Princípio da Legalidade (exceções ao Princípio da Legalidade):
Alguns tributos fazem parte da chamada cadeia interventiva, de forma que o au-
mento ou a diminuição de suas alíquotas interfere diretamente na atividade eco-
nômica, estimulando ou desestimulando uma determinada conduta. Os tributos 
10
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dotados de condição de extrafiscalidade possuem uma importância menor como 
instrumento arrecadatório, diante da importância como elemento de regulação da 
atividade comercial, da produção nacional ou da economia.
Desta forma, o Poder Executivo é autorizado, através de normas “infralegais” (de-
cretos), no exercício de uma função atípica, alterar as alíquotas de determinados 
tributos, seja majorando-as, seja diminuindo-as.
São tributos sujeitos à exceção ao Princípio da Legalidade:
» Imposto de Importação – II;
» Imposto de Exportação – IE;
» Imposto sobre Operações Financeiras – IOF;
» Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI; 
» CIDE/combustíveis – incide sobre atividades de petróleo, gás natural e álcool; 
serve para a União intervir nessa seara e arrecadar recursos para fomento de 
projetos ambientais e infraestrutura de transportes;
» ICMS/combustíveis (único tributo não federal pertencente ao rol de tributos sujei-
tos à exceção).
Exemplos: 
O Decreto nº 10.302, de 01 de abril de 2020, que zerou temporaria-
mente as alíquotas de IPI de alguns produtos utilizados na prevenção e 
tratamento do Covid.
O Decreto nº 10.504, de 02 de outubro de 2020, que prorroga por 90 
dias a redução da alíquota do IOF incidente sobre operações de crédito. 
O Decreto nº 10.765, de 11 de agosto de 2021, que reduz a alíquota do 
IPI de consoles e máquinas de game, de 30% para 20%.
Princípio da Isonomia
O Princípio da Isonomia está previsto na Constituição Federal de 1988, no artigo 5.º, 
caput e no art. 150, II.
 Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer nature-
za, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, [...]
 Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, 
é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
[...]
I I – instituir tratamento desigual entre contribuintes que se encontrem em 
situação equivalente, proibida qualquer distinção em razão de ocupação 
profissional ou função por eles exercida, independentemente da denomi-
nação jurídica dos rendimentos, títulos ou direito.
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UNIDADE Princípios Constitucionais Tributários
Figura 2 – Isonomia
Fonte: Getty Images
A vontade do constituinte aqui expressa é no sentido de proibir um tratamento desi-
gual aos indivíduos que se encontrem, como contribuintes, em situação de equivalência, 
de paridade.
O objetivo não é impor ao legislador o tratamento igualitário a todos os contribuintes, 
mas um tratamento igualitário àqueles que se encontram em situação igual, de forma a 
evitar o favoritismo, o privilégio tributário, e a perseguição, o excesso tributário.
Exemplo:
A lei não poderá conceder um benefício tributário somente àqueles que ocupam 
cargo de juiz de direito, uma vez que todos devem pagar impostos, independente-
mente do cargo ou função exercida. 
Entretanto, é correto cobrar uma alíquota maior de imposto daquele que tem maior 
capacidade econômica, que recebe uma maior remuneração, independentemente do 
cargo ou função, levando-se em consideração a medida da sua capacidade contributiva.
Princípio da Capacidade Contributiva
O Princípio da Capacidade Contributiva está previsto no artigo 145, § 1° da Consti-
tuição Federal de 1988.
Art. 145. [...]
§ 1º. Sempre que possível, os impostos terão caráter pessoal e serão 
graduados segundo a capacidade econômica do contribuinte, facultado à 
administração tributária, especialmente para conferir efetividade a esses 
objetivos, identificar, respeitados os direitos individuais e nos termos da lei, 
o patrimônio, os rendimentos e as atividades econômicas do contribuinte.
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Figura 3 – Capacidade Contributiva
Fonte: Adaptada de Getty Images
A previsão constitucional tem como objeto possibilitara consecução do Princípio 
da Isonomia, alcançando uma justiça fiscal, onde cada indivíduo deve ser tributado na 
proporção de suas rendas e propriedades.
O legislador, ao instituir tributos, deve relacionar objetos e situações iguais de objetos 
e situações desiguais, adotando critérios suficientes à identificação de possibilidade para 
suportar o ônus tributário.
Podemos afirmar que o Princípio da Capacidade Contributiva impõe ao legislador a 
criação de meios para identificar os cidadãos com maior poder aquisitivo, devendo estes 
pagar uma carga tributária maior, proporcionando assim um ônus econômico corres-
pondente. Ao contrário, aqueles indivíduos em situação de menor condição econômica, 
suportariam um ônus tributário menor.
O Princípio da Capacidade Contributiva é aplicado exclusivamente aos impostos, e 
sua não aplicação diante de taxas e contribuição de melhoria, justifica-se por serem estes 
tributos com caráter de retribuição de serviços e obras públicas, enquanto os impostos 
não exigem contrapartida estatal.
Importante!
Taxas são espécies de tributos exigidos quando ocorre uma prestação por parte do Estado. 
Contribuição de Melhoria é a espécie tributária exigida de proprietários de bens imóveis 
valorizados através da realização de uma obra pública.
Princípio da Irretroatividade
A Constituição Federal de 1988 prevê, no artigo 5º, XXXVI e no artigo 150, III, a, 
o Princípio da Irretroatividade:
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UNIDADE Princípios Constitucionais Tributários
Art. 5º. Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer nature-
za, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a 
inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à 
propriedade, nos termos seguintes:
[...]
XXXVI – a lei não prejudicará o direito adquirido, o ato jurídico perfeito 
e a coisa julgada.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, 
é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
[...]
III – cobrar tributos:
a. em relação a fatos geradores ocorridos antes do início da vigência da 
lei que os houver instituído ou aumentado.
Figura 4 – Irretroatividade
Fonte: Getty Images
O Princípio da Irretroatividade visa proibir que uma lei nova alcance fatos ocorri-
dos no passado, colocando o indivíduo em situação de insegurança. A lei que institui, 
aumenta ou reduz tributos não pode ser aplicada, ou seja, retroagir, alcançando fatos 
ocorridos antes de sua entrada em vigor.
Demais disso, a ação do Fisco deve ser previsível. Em nome dessa previ-
sibilidade, a lei que cria ou aumenta um tributo não pode alcançar fatos 
ocorridos antes de sua entrada em vigor. Sem esse penhor de confiança, 
toda a vida jurídica do contribuinte perigaria. (CARRAZZA, 2000, p. 104)
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Exemplos:
Um Estado cobra no ano de 2020 a alíquota de IPVA de 2,8% e uma alteração de lei 
aumenta a alíquota para 3,4%. O Estado não poderá exigir o recolhimento comple-
mentar dos anos anteriores, devendo apenas exigir a alíquota de 3,4% diante de 
fatos geradores ocorridos após o aumento legal.
Um município reduz a alíquota de um tributo de sua competência de 6% para 3%. 
O contribuinte que efetuou o pagamento do valor maior, diante da vigência da 
lei anterior, não terá direito a devolução de valores, pois a redução da alíquota 
ocorreu posteriormente.
Princípio da Anterioridade
O Princípio da Anterioridade é previsto na Constituição Federal de 1988, no art. 150, 
III, alíneas b e c.
 Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, 
é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
III – cobrar tributos:
[...]
b ) no mesmo exercício financeiro em que haja sido publicada a lei que os 
instituiu ou aumentou; 
c ) antes de decorridos noventa dias da data em que haja sido publicada a 
lei que os instituiu ou aumentou, observado o disposto na alínea b.
Trata-se de um importante direito fundamental do contribuinte, manifestado em uma 
limitação ao poder tributário do Estado, impondo um período temporal que deve existir 
entre a edição da norma que institui ou majora um tributo e a data de sua cobrança.
A previsão constitucional aborda duas anterioridades, a anterioridade anual e a an-
terioridade nonagesimal, sendo duas formas de confirmar a segurança jurídica nas rela-
ções entre o Estado, em sua atividade fiscal, e o contribuinte. O objetivo é evitar que o 
contribuinte seja surpreendido, preparando-se para arcar com o ônus tributário.
Anual
A anterioridade prevista na alínea b do art. 150, III, da CF/88 exige que a lei que ins-
tituir ou majorar um tributo deve entrar em vigor no exercício financeiro anterior àquele 
em que o tributo será cobrado.
A proibição de cobrança no ano da edição da norma instituidora ou majorante visa 
impedir que a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios criem ou aumentem 
tributos e passem a exigi-los dentro do mesmo ano de publicação da respectiva lei. 
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UNIDADE Princípios Constitucionais Tributários
Importante!
O exercício financeiro da administração pública coincide com o ano civil, iniciando-se no 
dia 1º de janeiro e encerrando-se em 31 de dezembro do mesmo ano.
Respeitando-se o Princípio da Anterioridade, permite-se ao contribuinte um prazo 
para adequação orçamentária, seja ela familiar ou empresarial, de forma a suportar o 
encargo do novo tributo ou de um aumento de tributo já existente. Funciona como uma 
espécie de alerta ao contribuinte, concedendo um prazo para um adequado planejamen-
to financeiro.
É importante destacar a existência da Medida Provisória como uma modalidade legis-
lativa aplicada na esfera tributária, explicando que, em Direito Tributário, quando uma 
Medida Provisória instituir ou aumentar impostos, apenas produzirá efeitos no exercício 
seguinte à sua conversão em lei. 
A Medida Provisória é a espécie legislativa editada pelo Presidente da República, que entra em 
vigor imediatamente, com um prazo de eficácia de 60 dias, quando deve ser aprovada pelo 
Congresso Nacional e convertida em lei para continuar produzindo efeitos no mundo jurídico.
A regra da Anterioridade Anual comporta algumas exceções, sendo identificados 
alguns impostos e situações em que a cobrança pelo Fisco produzirá efeitos no mesmo 
exercício financeiro de sua edição. São exceções:
• Empréstimo compulsório para calamidade pública e guerra;
• Imposto de Importação – II;
• Imposto de Exportação – IE;
• Imposto sobre Operações Financeiras – IOF;
• Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI; 
• Imposto Extraordinário de Guerra;
• Redução e reestabelecimento das alíquotas do ICMS-Combustíveis;
• CIDE – Combustível.
Nonagesimal
A Anterioridade prevista na alínea c do art. 150, III, da CF/88 determina que a lei que 
institui ou majore um tributo, além de respeitar a anterioridade do exercício financeiro, 
prevista na alínea b, também deve respeitar, antes de ser exigido, um decurso de prazo 
de 90 dias após a sua publicação.
Desta forma, o Poder Público apenas poderá exigir uma nova carga tributária obser-
vando cumulativamente dois critérios:
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• No ano seguinte, exercício financeiro, à publicação da lei que criou ou majorou 
o tributo;
• Após o decurso de 90 dias da publicação da lei instituidora ou majorante.
Justificada no interesse público, a CF/88 prevê exceções à aplicação da anteriori-
dade nonagesimal:
• Empréstimo compulsório para calamidade pública e guerra;
• Imposto de Importação – II;
• Imposto de Exportação – IE;
• Imposto de Renda – IR;
• Imposto sobre Operações Financeiras – IOF;
• Imposto sobre Produtos Industrializados – IPI; 
• Imposto Extraordinário de Guerra - IEG;
• Alterações na base de cálculo do IPTU e do IPVA.
Importante!
Apesar da grande semelhança na lista de exceções da anterioridade no exercício finan-
ceiro e na nonagesimal, elas não são iguais. Observe que o IR e as alterações da base 
de cálculo do IPTU e do IPVA não obedecem aos 90 dias de prazo para cobrança, após 
sua publicação,mas não estão afastadas da proibição de cobrança apenas no exercício 
financeiro seguinte.
Por sua vez, IPI, a CIDE-combustível e o ICMS-Combustível não se sujeitam à anteriori-
dade prevista na alínea b do inciso III do art. 150 da CF, mas sujeitam-se à nonagesimal, 
prevista na aliena c.
Princípio do não Confisco
A Proibição de Confisco, ou Princípio do Não Confisco, está prevista no artigo 150, 
IV da Constituição Federal de 1988.
 Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, 
é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
[ ...]
IV – utilizar tributo com efeito de confisco.
O tributo é considerado confiscatório em toda a situação em que se tornar desmedi-
damente oneroso, violando o direito de propriedade e o princípio da capacidade con-
tributiva, atuando de forma irrazoável, promovendo a retirada do patrimônio do contri-
buinte, que seria transferido ao Poder Público ou reduzido em razão da carga tributária 
ou da exagerada cobrança.
17
UNIDADE Princípios Constitucionais Tributários
O poder de tributação não pode ultrapassar ao coerente para a contribuição com as 
receitas públicas, não sendo permitida a promoção de sacrifício pessoal ao contribuinte, 
estando o Poder Público impedido de ameaçar o contribuinte à entrega da totalidade 
de suas posses, ao contrário, atuando com proporcionalidade, conforme a capacidade 
contributiva do indivíduo e o respeito aos direitos individuais.
Princípio da Liberdade de Tráfego
O Princípio da Liberdade de Tráfego, também denominado como Princípio da não 
limitação ao tráfego de pessoas e bens, está previsto no inciso V do art. 150 da Consti-
tuição Federal de 1988.
Art. 150. Sem prejuízo de outras garantias asseguradas ao contribuinte, 
é vedado à União, aos Estados, ao Distrito Federal e aos Municípios:
[...]
V – estabelecer limitações ao tráfego de pessoas ou bens, por meio de 
tributos interestaduais ou intermunicipais, ressalvada a cobrança de pedá-
gio pela utilização de vias conservadas pelo Poder Público.
Figura 5 – Liberdade de tráfego
Fonte: Getty Images
O princípio tem como objetivo assegurar o respeito à liberdade de locomoção prevista 
no art. 5º, LXVIII, da CF/88, proibindo aos entes públicos a instituição de tributo que tenha 
como fato gerador a transposição dos limites municipais ou estaduais. Não pode o Poder 
Público, por meio de cobrança de tributos, limitar a livre circulação de pessoas ou bens.
O Princípio da Liberdade de Tráfego comporta duas exceções: o pedágio e o ICMS.
• O Pedágio é uma exceção prevista na parte final do inciso V, do art. 150 da 
CF/88, tratando-se de um tributo exigido para a utilização de rodovias cuidadas 
pelo Poder Público;
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• O ICMS é uma exceção prevista pela doutrina, não constante da Constituição 
Federal, mas tem sua arrecadação exigida em rodovias, pelas autoridades fiscais 
estaduais e do Distrito Federal. Observe que o objeto de tributação não é o tráfego 
no território, mas sim a circulação da mercadoria, fato gerador do tributo.
A doutrina ainda indica outros princípios constitucionais, como o Princípio da Unifor-
midade Geográfica e o Princípio da Não Cumulatividade. Entretanto, são os princípios es-
tudados aqueles pacificados pela doutrina e jurisprudência, sendo a obediência aos seus 
preceitos condição de harmonia ao ordenamento jurídico e zelo pela vontade constitucional.
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UNIDADE Princípios Constitucionais Tributários
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Princípios constitucionais tributários
LACOMBE, A. L. M. Princípios constitucionais tributários. 2. ed. São Paulo: Malheiros 
Editores, 2000. 
Teoria dos princípios constitucionais tributários
NOGUEIRA, A. Teoria dos princípios constitucionais tributários. São Paulo: Renovar, 
2008.
 Vídeos
Saber Direito – Princípios Constitucionais Tributários – Aula 1
https://youtu.be/M7LkxQxDBVI
Saber Direito – Princípios Constitucionais Tributários – Aula 2
https://youtu.be/1uMa359FtY4
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Referências
A BRAHAM, M. Curso de direito tributário brasileiro. 2. ed. Rio de Janeiro: Forense, 
2020. (e-book) 
AMARO, L. Direito tributário brasileiro. 24. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 
2021. (e-book) 
BORBA, C. Direito tributário. 28. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2019. (e-book) 
CARNEIRO, C. Curso de direito tributário e financeiro. 9. ed. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2020. (e-book) 
CARRAZZA, R. A. Curso de direito constitucional tributário. 24. ed. São Paulo: 
Malheiros, 2008.
________. Vigência e aplicação das leis tributárias. In: MARTINS, Ives G.S. Curso de 
direito tributário. 7 ed. São Paulo: Saraiva, 2000.
CALIENDO, P.. Curso de direito tributário. 3. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020. (e-book) 
CASSONE, V. Direito tributário. 28. ed. São Paulo: Atlas, 2018. (e-book) 
COELHO, S. C. N. Curso de direito tributário brasileiro. 17. ed. São Paulo: Saraiva 
Educação, 2020. (e-book) 
COSTA, R. H. Curso de direito tributário – Constituição e Código Tributário Na-
cional. 10. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 2020. (e-book) 
CREPALDI, S. A. CREPALDI, G. S. Direito tributário: teoria e prática. 3. ed. Rio de 
Janeiro, 2011 (e-book) 
HACK, E. Direito tributário Brasileiro. Curitiba: InterSaberes, 2015. (e-book) 
KFOURI JUNIOR, A. Curso de direito tributário. 4. ed. São Paulo: Saraiva, 2018. 
(e-book) 
HARADA, K. Direito financeiro e tributário. 29. ed. São Paulo: Atlas, 2020. (e-book) 
MACHADO SEGUNDO, H. B. Manual de direito tributário. 11. ed. São Paulo: Atlas, 
2019. (e-book) 
MAZZA, A. Manual de direito tributário. 7. ed. São Paulo: Saraiva Educação, 
2021. (e-book) 
NOVAIS, R. Direito tributário facilitado. 4. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: 
MÉTODO, 2019. (e-book) 
PAULSEN, L. Curso de direito tributário completo. 12. ed. São Paulo: Saraiva, 
2021. (e-book) 
SABBAG, E. Direito tributário essencial. 7. ed. Rio de Janeiro: Forense, 2020. (e-book) 
 ________. Manual de direito tributário. 5. ed. Rio de Janeiro: Saraiva, 2013. 
SCHOUERI, L. E. Direito tributário. 10. ed. São Paulo: Saraiva, 2021. (e-book) 
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Direito Tributário I
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª M.ª Marize Oliveira dos Reis
Revisão Textual:
Prof.ª M.ª Sandra Regina Fonseca Moreira
Sistema Tributário Nacional
Sistema Tributário Nacional
 
 
• Conhecer as noções de competência tributária e a noção de tributo;
• Compreender as espécies tributárias existentes no nosso ordenamento jurídico.
OBJETIVOS DE APRENDIZADO 
• Introdução;
• Competência Tributária;
• Conceito de Tributo;
• Os Tributos em Espécie.
UNIDADE Sistema Tributário Nacional
Introdução
Denomina-se Sistema Tributário Nacional o conjunto de normas, sejam elas constitu-
cionais ou infraconstitucionais, que tratam do exercício da tributação. As normas cons-
tantes da Constituição Federal são aquelas que determinam a competência e os limites 
ao poder tributante.
Figura 1 – Sistema Tributário Nacional
Fonte: Adaptada de Getty Images
A Constituição Federal de 1988 é a principal fonte de Direito Tributário, mas não é a 
única. Possuímos diversas fontes, sejam elas formais ou materiais, primárias ou secundárias.
• Fontes Materiais: são os fatos da realidade, os acontecimentos, em regra, econô-
micos, que revelam uma capacidade econômica;
• Fontes Formais: são as normas criadas pelo Estado no exercício de uma função 
legislativa para aplicação em um caso concreto e são divididas em:
 » Fontes Primárias: são as normas oriundas da vontade do Poder Legislativo crian-
do uma inovação no sistema jurídico tributário. São fontes primárias: Constitui-
ção; Emendas à Constituição; Leis Complementares; Leis Ordinárias; Medidas 
Provisórias; Leis Delegadas; Decretos Legislativos e Resoluções;
 » Fontes Secundárias: são as normas que não inovam o sistema jurídico, subordi-
nando-se às fontes primárias, sendo-lhes complementares ou instrumentais. São 
elaboradas pelo Poder Executivo. São fontes secundárias: Decreto; Regulamento;Circular; Portaria; Instrução Ministerial; Ordem de Serviço.
As normas constantes da Constituição Federal são hierarquicamente superiores a 
todas as demais normas existentes no nosso ordenamento jurídico, e, no que diz respeito 
à esfera tributária, abordam conteúdos fundamentais:
• A previsão das principais regras de incidência;
• A classificação das espécies tributárias;
• A repartição de competências tributárias;
• As limitações ao poder de tributar.
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 Cientes da importância das normas constitucionais e de seu papel de influenciar todo 
o conjunto de fontes formais que compreendem nosso ordenamento tributário, damos 
início ao estudo do Sistema Tributário Nacional.
Importante!
Sistema é “[...] reunião ordenada de várias partes que formam um todo, de tal sorte que 
elas se sustentam mutuamente e as últimas explicam‐se pelas primeiras. As que dão ra-
zão às outras chamam‐se princípios, e o sistema é tanto mais perfeito quanto em menor 
número existam” (CARRAZZA, 2008, p.47).
Competência Tributária
A Constituição Federal autoriza a criação dos tributos, determinando os critérios para 
sua criação. Seu papel é o de estabelecer quem pode criar o tributo (competência tribu-
tária) e proteger os contribuintes de qualquer abuso por parte daqueles que exercem o 
poder de tributar (limites ao exercício das competências tributárias).
Figura 2 – Competência Tributária
Fonte: Getty Images
Importante!
É importante entender que a Constituição Federal não cria tributo.
E quem cria o tributo? Para responder a tal pergunta é necessário que primeiramente 
seja compreendido o conceito de competência.
Competência é a faculdade atribuída juridicamente a um ente político. A repartição 
de competências é uma questão fundamental do federalismo, demonstrando o grau de 
descentralização política de um Estado. Assim, em uma federação, a repartição das 
competências é feita através da Constituição Federal, que determina as atribuições a 
cada um dos entes federados.
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UNIDADE Sistema Tributário Nacional
O Brasil é uma federação, denominada República Federativa do Brasil, cuja organi-
zação político-administrativa compreende a União, os Estados, o Distrito Federal e 
os Municípios.
A competência de cada ente federado (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) 
é a indicação constitucional do alcance de poder de cada um dos entes, da esfera de 
atribuição exercida com autonomia.
As competências podem ser classificadas em competências materiais ou competên-
cias legislativas:
• Competências materiais (também denominadas administrativas): são aquelas 
que impõem o dever ou a possibilidade de atuação. Alcança a prática de atos de 
gestão da coisa pública, da atividade administrativa;
• Competências legislativas: são aquelas conferidas a cada um dos entes para po-
der elaborar leis.
Assim, competência tributária é a atribuição concedida pela Constituição Federal 
aos entes políticos (União, Estados, Distrito Federal e Municípios) para criar os tributos 
através de lei, considerando suas próprias despesas e satisfazendo seus gastos.
A competência tributária é exercida pelo Poder Legislativo respectivo, ou seja:
• Se o tributo for de competência da União, será instituído pelo Poder Legislativo 
Federal – o Congresso Nacional;
• Se o tributo for de competência dos Estados Membros, será instituído pelo Poder 
Legislativo Estadual – a Assembleia Legislativa;
• Se o tributo for de competência do Distrito Federal, será instituído pelo Poder Legis-
lativo Distrital – Câmara Legislativa;
• Se o tributo for de competência dos Municípios, será instituído pelo Poder Legislativo 
Municipal - Câmara Municipal.
Importante!
Quando a Constituição Federal atribui a competência tributária, não está o ente político 
obrigado a criar o tributo. A competência tributária é uma faculdade, podendo o ente 
federado exercê-la ou não. Exemplo: Compete aos municípios a instituição de imposto 
sobre a propriedade predial e territorial urbana, o IPTU, mas alguns municípios optam 
por não instituir tal tributo, diante de singularidades locais.
A modalidade legislativa apta à instituição de tributos é a lei ordinária, seja uma lei 
federal, estadual, distrital ou municipal, cabendo ao Código Tributário Nacional – CTN, 
estabelecer as regras gerais para a instituição tributária.
O Código Tributário Nacional - CTN, promulgado por meio da lei n. 5. 172, de 25 
de outubro de 1966, é dividido em 2 grandes livros:
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• O Livro Primeiro denomina-se “Sistema Tributário Nacional” (art. 1 a 95) e discipli-
na basicamente o regime dos tributos em espécie, contendo grande quantidade de 
normas que repetem regras do Texto Constitucional de 1988.
• O Livro Segundo, muito importante àqueles que realizam provas e concursos públi-
cos, é intitulado “Normas Gerais de Direito Tributário” (art. 96 a 218), dividindo-se 
em 5 partes:
» Título I: Legislação Tributária;
» Título II: Obrigação Tributária;
» Título III: Crédito Tributário;
» Título IV: Administração Tributária;
» Disposições Finais e Transitórias.
Figura 3 – Competência tributária
Fonte: Adaptada de Getty Images
Atributos da Competência Tributária
A competência tributária assume as seguintes características:
• Indelegabilidade: não pode transferir para outra pessoa;
• Privatividade: significa que a competência atribuída a determinada entidade fede-
rativa exclui seu exercício pelas demais pessoas políticas. Não é aplicável a todos os 
tributos, somente aos impostos, empréstimos compulsórios e à maioria das contri-
buições especiais. Exclui as taxas e contribuições de melhoria;
• Facultatividade: não é obrigatório criar o tributo;
• Irrenunciabilidade: não é possível abrir mão definitivamente da competência para 
criar um tributo;
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UNIDADE Sistema Tributário Nacional
• Incaducabilidade: não há prazo para o exercício da competência tributária. A falta de 
uso não faz a competência tributária desaparecer nem ser transferida à outra entidade;
• Inampliabilidade: somente a Constituição define quem pode criar tributos, a lei 
não pode regular essa matéria.
Distribuição da Competência Tributária
Conforme a distribuição de competências tributárias prevista na Constituição Federal 
de 1988, apresentamos o Quadro 1, onde podemos identificar os entes e os tributos de 
sua competência:
Quadro 1
União
(Art. 153 da CF/88)
• IE: Imposto de Exportação;
• II: Imposto de Importação;
• IGF: Imposto sobre Grandes Fortunas;
• IOF: Imposto sobre Operações Financeiras:
• IPI: Imposto sobre Produtos Industrializados;
• ITR: Imposto sobre a Propriedade Territorial Rural;
• CIDE de Combustíveis: Contribuição de Intervenção no Domí-
nio Econômico.
Estados e 
Distrito Federal
(Art. 155 da CF/88)
• IPVA: Imposto sobre a Propriedade de Veículos Automotores;
• ICMS: Imposto sobre a Circulação de Mercadorias e Serviços;
• ITCMD: Imposto sobre a Transmissão Causa Mortis e Doação;
• ICMS de Combustíveis: Imposto sobre a Circulação de Merca-
dorias e Serviços.
Municípios
(Art. 156 da CF/88)
• IPTU: Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana;
• ITBI: Imposto sobre a Transmissão de Bens Imóveis;
• ISS: Imposto sobre Serviços.
Conceito de Tributo
A noção de tributo foi sendo alterada conforme os movimentos civilizatórios foram 
se desenvolvendo. A princípio, o tributo era uma ferramenta de dominação e comer-
cialização de liberdades, e foi extinto com o nascimento da ideia de Estado de Direito e 
a proteção aos direitos individuais. Atualmente, o tributo é visto como uma maneira de 
concretização de justiça social, manifestado na solidariedade e participação na promoção 
do bem comum, à medida da capacidade contributiva dos indivíduos.
CTN
Art. 3º. Tributo é toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou cujo 
valor nela se possa exprimir, que não constitua sanção de ato ilícito, instituí-
da em lei e cobrada mediante atividade administrativa plenamente vinculada.
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Figura 4 – Tributo
Fonte: Getty Images
O Código Tributário Nacional, em seuartigo 3º, indica os principais componentes 
que constituem o tributo, indispensáveis para o entendimento de seu conceito:
• É prestação pecuniária compulsória: o tributo é obrigatório porque decorre do 
poder de império do Estado sobre o indivíduo, sendo seu pagamento realizado 
exclusivamente em dinheiro. O artigo 3º do CTN descarta a possibilidade de paga-
mento através de prestação de serviço, in labore, e de entrega de bens, in natura. 
Como exceção, encontramos a possibilidade de dação em pagamento, a entrega 
de bem imóvel, como meio de extinção do crédito tributário, desde que exista uma 
autorização mediante lei, diante de um bem imóvel e manifestação de interesse no 
bem por parte do Fisco;
• Não constitui sanção de ato ilícito: o ato ilícito é aquele que contraria as normas jurí-
dicas e que deve ser punido pelo Estado. O Estado não pode utilizar o tributo como 
punição ao contribuinte em consequência de alguma conduta contrária ao direito;
• Somente pode ser criado por lei;
• Cobrado mediante atividade administrativa plenamente vinculada: não cabe 
ao agente de fiscalização a discricionariedade, a escolha se deve ou não cobrar o 
tributo, tendo o dever de realizar a cobrança do tributo uma vez que configurado o 
fato gerador.
Classificação dos Tributos
Para uma melhor compreensão dos tributos, que adiante serão estudados observando 
suas espécies, a doutrina os classifica mediante critérios de unificação. Assim, podemos 
observar as seguintes classificações:
Quanto à função
• Tributos fiscais: são aqueles cobrados com finalidade meramente arrecadatória, 
para prover os cofres públicos de recursos aptos a custear o aparelho estatal.
Ex.: Imposto de Renda Retido na Fonte – IRRF;
• Tributos extrafiscais: são aqueles instituídos pelo Estado com objetivo predomi-
nantemente social ou político, e não com a simples finalidade de obter recursos 
financeiros. Tais tributos atuam estimulando ou desestimulando comportamentos 
do contribuinte.
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UNIDADE Sistema Tributário Nacional
Ex.: Imposto Territorial Rural progressivo para desestimular propriedades impro-
dutivas – ITR;
• Tributos parafiscais: são aqueles arrecadados por pessoa diversa daquela que de-
tém a competência constitucional para sua criação.
Ex.: Contribuições sindicais e anuidades dos conselhos de classe.
Quanto à competência
• Vinculados: são aqueles cuja instituição depende de uma prestação estatal ao 
contribuinte. Sua incidência se dará com a prática de uma determinada prestação 
pelo Estado.
Ex.: Taxas e Contribuição de Melhoria;
• Não vinculados: são aqueles que independem de prestação a cargo do Estado.
Ex.: Os impostos em geral.
Quanto ao impacto financeiro
• Tributos diretos: são aqueles tributos pagos pela mesma pessoa que sofre o impac-
to financeiro do pagamento.
Ex.: Imposto de Renda - IR;
• Tributos indiretos: são aqueles tributos pagos por uma pessoa (contribuinte de 
direito), mas seu valor é embutido no custo do produto de modo a repercutir finan-
ceiramente no patrimônio de um terceiro (contribuinte de fato).
Ex.: É o caso típico do ICMS que é pago pelo lojista (contribuinte de direito), mas 
tem seu valor repassado ao consumidor final (contribuinte de fato).
Os Tributos em Espécie
É muito comum que os cidadãos utilizem a palavra imposto como sinônimo de tributo 
quando se refere a toda a espécie de obrigação tributária imposta pelo Estado. Na reali-
dade, o imposto é uma das espécies do gênero tributo.
Figura 5 – Espécies tributárias
Fonte: Getty Images
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Denomina-se como espécies tributárias a divisão manifestada pela doutrina clássica 
do Direito Tributário, com base na Constituição Federal, em que são identificadas cinco 
modalidades tributárias, a saber: os impostos, as taxas, as contribuições de melhoria, o 
empréstimo compulsório e as contribuições especiais.
Passaremos ao estudo de cada uma delas:
I – Impostos
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios pode-
rão instituir os seguintes tributos:
I – impostos; (CF/88).
Art. 16. Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma 
situação independente de qualquer atividade estatal específica, relativa 
ao contribuinte. (CTN, LEI Nº 5.172, DE 25 DE OUTUBRO DE 1966)
Considerado a viga mestra da arrecadação tributária, o imposto é tributo que apresenta 
a seguinte característica fundamental: não é vinculado, ou seja, o contribuinte, ao pagar 
imposto, não recebe do Estado uma contraprestação imediata e específica em troca do 
seu pagamento. Assim, quando uma pessoa paga imposto de renda, por exemplo, não 
recebe do Estado benefício específico em seu favor. O dinheiro do imposto não se reverte 
imediatamente em prol do contribuinte porque se destina, de modo geral, ao bem comum.
Imposto é o tributo cuja obrigação tem por fato gerador uma situação independente 
de qualquer atividade estatal específica, relativa ao contribuinte.
A definição apresentada pelo Código destaca os 2 elementos básicos do imposto:
• é tributo cobrado de modo genérico (todas as pessoas);
• não obriga o Estado a uma contraprestação específica em favor do contribuinte.
II – Taxas
Art. 145. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios pode-
rão instituir os seguintes tributos:
[...]
II – taxas, em razão do exercício do poder de polícia ou pela utilização, 
efetiva ou potencial, de serviços públicos específicos e divisíveis, presta-
dos ao contribuinte ou postos a sua disposição; (CF/88)
Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Estados, pelo Distrito Fe-
deral ou pelos Municípios, no âmbito de suas respectivas atribuições, têm 
como fato gerador o exercício regular do poder de polícia, ou a utilização, 
efetiva ou potencial, de serviço público específico e divisível, prestado ao 
contribuinte ou posto à sua disposição.
Parágrafo único. A taxa não pode ter base de cálculo ou fato gerador 
idênticos aos que correspondam a imposto nem ser calculada em função 
do capital das empresas.
Art. 78. Considera-se poder de polícia atividade da administração pública 
que, limitando ou disciplinando direito, interesse ou liberdade, regula a 
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UNIDADE Sistema Tributário Nacional
prática de ato ou abstenção de fato, em razão de interesse público concer-
nente à segurança, à higiene, à ordem, aos costumes, à disciplina da pro-
dução e do mercado, ao exercício de atividades econômicas dependentes 
de concessão ou autorização do Poder Público, à tranquilidade pública ou 
ao respeito à propriedade e aos direitos individuais ou coletivos. (CTN, 
LEI Nº 5.172, DE 25 DE OUTUBRO DE 1966)
A taxa se caracteriza por ser tributo vinculado a uma contraprestação direta do Estado 
em benefício do contribuinte. Dessa maneira, o Estado só pode cobrar taxas com base 
em serviço público específico ou em função do exercício regular do poder de polícia.
• Taxa de serviço: é também chamada de taxa de utilização e será cobrada em 
razão da prestação (ou disponibilização) estatal de um serviço público específico e 
divisível. Art. 77, II e III, CTN.
Serviço público é, por exemplo, o fornecimento de água, gás canalizado, telefonia 
fixa, transporte coletivo, energia elétrica etc.
Específico é o serviço público singular, uti singuli, onde é possível identificar o su-
jeito passivo, ou seja, é possível saber quem é o usuário.
Divisível é o serviço público passível de individualização, aquele serviço que sua 
pode ter averiguada a utilização individual pelo contribuinte.
• Taxa de polícia: é também chamada taxa de fiscalização e será exigida em virtu-
de de atos de polícia, realizados pela Administração Pública, pelos mais diversos 
órgãos ou entidades fiscalizadoras. Ex. taxa para obtenção alvará, taxa de controle 
e fiscalização ambiental, taxa para expedição de certidões e atestados, taxa para 
renovação da licença de funcionamento do estabelecimento comercial.
Poder de polícia é o poder de promover o bem público limitando e regulamentando 
o uso da liberdade e da propriedade.
III – Contribuições de Melhoria
Art. 145.

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