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DIREITO PROCESSUAL CIVIL
INTRODUÇÃO E PRINCÍPIOS
1.	INTRODUÇÃO	4
1.1	CONCEITO DE PROCESSO CIVIL	4
1.2	LEI PROCESSUAL CIVIL NO ESPAÇO	4
1.3	LEI PROCESSUAL CIVIL NO TEMPO	5
2.	PRINCÍPIOS E REGRAS	5
2.1	NORMAS PRINCÍPIOS	6
2.2	NORMAS REGRAS	9
3.	PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS NO NCPC	10
3.1	PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL	10
3.2	PRINCÍPIO DO ACESSO À JUSTIÇA	11
3.3	PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO	22
3.4	PRINCÍPIO DA RAZOÁVEL DURAÇÃO DO PROCESSO	26
3.5	PRINCÍPIO DA ISONOMIA	29
3.6	PRINCÍPIO DA IMPARCIALIDADE DO JUIZ (JUIZ NATURAL)	38
3.7	PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO	42
3.8	PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE	43
3.9	PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS	44
4.	PRINCÍPIOS INFRACONSTITUCIONAIS NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL	46
4.1	PRINCÍPIO DO DISPOSITIVO	46
4.2	PRINCÍPIO DA PERSUASÃO RACIONAL (LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO)	49
4.3	PRINCÍPIO DA BOA-FÉ	50
4.4	PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO	54
4.5	PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA DECISÃO DE MÉRITO	56
4.6	PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE	59
4.7	PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO DA CONFIANÇA	60
4.8	PRINCÍPIO DA OBEDIÊNCIA À ORDEM CRONOLÓGICA DOS PROCESSOS	62
4.9	PRINCÍPIO DA EVENTUALIDADE	63
4.10	PRINCÍPIO DA IMPUGNAÇÃO ESPECIFICADA DOS FATOS ALEGADOS NA INICIAL	63
5.	COMO ESSE ASSUNTO ESTÁ SENDO ABORDADO NAS PROVAS?	64
6.	DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO	64
7.	BIBLIOGRAFIA UTILIZADA	64
ATUALIZADO EM 04/10/2024[footnoteRef:1] [1: ] 
INTRODUÇÃO
CONCEITO DE PROCESSO CIVIL 
O Processo Civil é o ramo do direito que contém as regras e os princípios que tratam da jurisdição civil, isto é, da aplicação da lei aos casos concretos, para a solução dos conflitos de interesses pelo Estado-juiz.
O conflito entre sujeitos é condição necessária, mas não suficiente para que incidam as normas de processo, só aplicáveis quando se recorre ao Poder Judiciário, sendo-lhe apresentada uma pretensão.
#SELIGA: Processo Civil = Conflito de interesses + Pretensão levada ao Estado-juiz
· Normas de direito material: são aquelas que indicam quais os direitos de cada um. Ex: a que diz que determinadas pessoas têm direito de postular alimentos de outras é material: atribui um interesse primário ao seu titular. 
· Normas de direito processual: são meramente instrumentais. Pressupõem que o titular de um direito material entenda que este não foi respeitado, possibilitando que recorra ao Judiciário para que o faça valer. Frise-se que o processo não é um fim em si mesmo, mas um meio, um instrumento, para fazer valer o direito respeitado.
LEI PROCESSUAL CIVIL NO ESPAÇO
No Brasil, as normas de processo civil seguem o princípio da territorialidade, ou seja, elas só valem e têm efeito dentro do território nacional. Isso significa que, em geral, as regras de processo civil brasileiras se aplicam exclusivamente no Brasil. A única exceção ocorre quando há tratados, convenções ou acordos internacionais que o Brasil assinou, que podem prever situações diferentes.
#ABREOVADE
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 13. A jurisdição civil será regida pelas normas processuais brasileiras, ressalvadas as disposições específicas previstas em tratados, convenções ou acordos internacionais de que o Brasil seja parte.
#ATENÇÃO: Quanto aos processos que correm e as sentenças estrangeiras, a regra é a da total ineficácia em território nacional, salvo se houver homologação do Superior Tribunal de Justiça!
LEI PROCESSUAL CIVIL NO TEMPO
Conforme as normas de aplicação da lei processual civil no tempo, normalmente as próprias normas de processo já indicam qual será o prazo de vacatio legis (período entre a publicação e o início da validade da lei). Se não houver essa indicação, aplica-se o art. 1º da LINDB, que diz que, salvo disposição contrária, a lei começa a valer em todo o país 45 dias após a publicação oficial. A lei continua em vigor até que seja revogada por outra lei, que pode fazer isso de forma expressa ou quando a nova lei tratar completamente do assunto da anterior ou for incompatível com ela.
A regra geral é que as normas de processo tenham aplicação imediata, afetando os processos que já estão em andamento, de acordo com o princípio do tempus regit actum (o tempo rege o ato). Isso significa que ninguém tem o direito adquirido de que um processo iniciado sob uma lei antiga continue sendo regido por ela se uma nova lei já entrou em vigor.
#ABREOVADE
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 14. A norma processual não retroagirá e será aplicável imediatamente aos processos em curso, respeitados os atos processuais praticados e as situações jurídicas consolidadas sob a vigência da norma revogada.
Um ponto importante a ser considerado é a regra do isolamento dos atos processuais. Essa regra estabelece que a lei nova deve respeitar os atos processuais que já foram realizados e concluídos. O processo é visto como uma sequência de atos isolados: os que foram feitos sob a lei antiga continuam válidos, enquanto os atos que ainda serão realizados devem seguir a nova lei. Em suma: (i) A lei processual atinge os processos em andamento; (ii) Vige o princípio do isolamento dos atos processuais: a lei nova preserva os já realizados e aplica-se àqueles que estão por se realizar; (iii) A lei nova não pode retroagir para prejudicar direitos processuais adquiridos.
PRINCÍPIOS E REGRAS
Norma é um conceito amplo e, segundo o jurista Humberto Ávila, é o resultado da interpretação de um texto legal.
#ATENÇÃO: É importante lembrar que a norma jurídica não é simplesmente o texto da lei ou um dispositivo legal. A norma jurídica é o significado que extraímos do texto legal, e isso só se torna claro após a interpretação.
A doutrina classifica a norma jurídica em duas espécies: normas princípios e normas regras. Vamos ver detalhes sobre cada uma delas. 
NORMAS PRINCÍPIOS
As normas princípios possuem seis características principais, quais sejam:
· Genéricas: por exemplo, os princípios do contraditório e do acesso à justiça. Elas são diretrizes amplas que exigem uma análise mais detalhada por parte do intérprete para que a norma jurídica seja extraída.
· Estabelecem um programa: normas como o contraditório e o acesso à justiça não são autoexplicativas. Elas devem ser vistas como parte de um programa mais amplo do sistema jurídico de um país.
· Abstratas: essa abstração resulta da sua natureza genérica, tornando-as aplicáveis em diversas situações.
· Podem ser implícitas: muitos princípios não estão expressamente previstos na lei. Por exemplo, o princípio da non reformatio in pejus, que impede que uma pessoa que recorre de uma decisão tenha sua situação piorada, embora não esteja escrito na lei. Isso decorre de princípios como boa-fé e da estrutura dos tribunais.
· Combináveis pelo princípio da proporcionalidade: em casos de aparente conflito entre princípios, é mais adequado ponderá-los do que falar em colisão.
· Geração de insegurança jurídica: quando as normas princípios são aplicadas de forma indiscriminada, isso pode causar insegurança jurídica. Um sistema jurídico baseado apenas em normas princípios não é ideal.
Ademais, importa ressaltar que quando estamos diante de uma norma princípios, podemos analisa-la sob duas dimensões: natureza objetiva e natureza subjetiva.
· Natureza objetiva
A natureza objetiva dos princípios estabelece que eles funcionam como vetores legislativos e hermenêuticos. Isso significa que, ao se deparar com um dispositivo legal, é necessário passar pelo processo de interpretação (hermenêutico) para que se torne uma norma efetiva.
No que se refere ao vetor legislativo, é fundamental que o legislador esteja atento às normas fundamentais, tanto as que estão contidas na Constituição Federal quanto no Novo Código de Processo Civil (NCPC). Os princípios da Constituição Federal orientam o legislador na elaboração de um novo Código, desempenhando uma função importante na definição das diretrizes que devem ser seguidas.
Quanto ao vetor hermenêutico, toda vez que o intérprete se encontra diante da necessidade de interpretar uma norma jurídica, deve fazê-lo de maneira a garantir que essa interpretaçãoeconômicas, a criação de redes de proteção social e mecanismos de redistribuição de riquezas. Para isso, é necessário que o Poder Público faça a entrega de prestações positivas adequadas em matérias como educação, saúde, saneamento, trabalho, moradia, assistência social.
A igualdade material encontra-se prevista no art. 3º, I e III, da CF/88, que afirma que a República Federativa do Brasil tem como objetivos “construir uma sociedade livre, justa e solidária” e “erradicara pobreza e a marginalização e reduzir as desigualdades sociais e regionais”.
c) Igualdade como reconhecimento: a igualdade como reconhecimento significa o respeito que se deve ter para com as minorias, sua identidade e suas diferenças, sejam raciais, religiosas, sexuais ou quaisquer outras.
A injustiça a ser combatida nesse caso tem natureza cultural ou simbólica. Ela decorre de modelos sociais de representação que, ao imporem determinados códigos de interpretação, recusariam os “outros” e produziriam a dominação cultural, o não reconhecimento ou mesmo o desprezo. Determinados grupos são marginalizados em razão da sua identidade, suas origens, religião, aparência física ou orientação sexual, como os negros, judeus, povos indígenas, ciganos, deficientes, mulheres, homossexuais e transgêneros.
O instrumento para se alcançar a igualdade como reconhecimento é a transformação cultural ou simbólica. O objetivo é constituir um mundo aberto à diferença (“a difference-friendly world”). A igualdade como reconhecimento encontra-se também prevista no art. 3º, IV, da CF/88, que determina que um dos objetivos fundamentais da República é o de “promover o bem de todos, sem preconceitos de origem, raça, sexo, cor, idade e quaisquer outras formas de discriminação”.
Vale ressaltar que, em muitos casos, alguns grupos sofrem tanto uma desigualdade material como uma desigualdade quanto ao reconhecimento. As mulheres e os negros, por exemplo, sofrem injustiças cujas raízes se encontram tanto na estrutura econômica, quanto na estrutura cultural-valorativa, exigindo ambos os tipos de remédio.
· A Lei nº 12.990/2014 atende aos três planos de igualdade acima explicados.
A igualdade formal, como vimos, impede a lei de estabelecer privilégios e diferenciações arbitrárias entre as pessoas, isto é, exige que o fundamento da desequiparação seja razoável e que o fim almejado seja compatível com a Constituição. No caso analisado, o fundamento e o fim da Lei nº 12.990/2014 são razoáveis, motivados por um dever de reparação histórica e por circunstâncias que explicitam um racismo estrutural na sociedade brasileira a ser enfrentado.
Quanto à igualdade material, o racismo estrutural gerou uma desigualdade material profunda. Desse modo, qualquer política redistributivista precisará indiscutivelmente assegurar vantagens competitivas aos negros.
Por fim, a igualdade como reconhecimento significa respeitar as pessoas nas suas diferenças e procurar aproximá-las, igualando as oportunidades. A política afirmativa instituída pela Lei nº 12.990/2014 tem exatamente esse papel.
Há uma dimensão simbólica importante no fato de negros ocuparem posições de destaque na sociedade brasileira. Além disso, há um efeito considerável sobre a autoestima das pessoas. Afinal, cria-se resistência ao preconceito alheio. Portanto, a ideia de pessoas negras e pardas serem símbolo de sucesso e ascensão e terem acesso a cargos importantes influencia a autoestima das comunidades negras. Ademais, o pluralismo e a diversidade tornam qualquer ambiente melhor e mais rico.
Dessa forma, o STF concluiu que a Lei nº 12.990/2014 supera o teste da igualdade formal, material e como reconhecimento.
É constitucional a reserva de 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública direta e indireta. STF. Plenário. ADC 41/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 8/6/2017 (Info 868).
· Novo julgado – 2024 
A Lei nº 12.990/2014 estabeleceu uma cota aos negros de 20% das vagas em concursos públicos realizados no âmbito da administração pública federal, das autarquias, das fundações públicas, das empresas públicas e das sociedades de economia mista controladas pela União. O art. 6º dessa lei previu que o sistema de cotas teria vigência pelo prazo de 10 anos, ou seja, ele terminaria dia 10 de junho de 2024. O Psol e a Rede Sustentabilidade ingressaram com ADI, no STF, pedindo a manutenção da política de cotas para candidatos negros em concursos públicos mesmo após esse prazo. De acordo com os partidos, não houve a efetiva inclusão social almejada pela política afirmativa. O STF, ao apreciar medida cautelar, deu interpretação conforme a Constituição ao art. 6º da Lei nº 12.990/2014, a fim de que o prazo nele constante seja entendido como marco temporal para avaliação da eficácia da ação afirmativa, determinação de prorrogação e/ou realinhamento e, caso atingido o objetivo da política, previsão de medidas para seu encerramento, ficando afastada a interpretação que extinga abruptamente as cotas raciais. Em outras palavras, tais cotas permanecerão sendo observadas até que se conclua o processo legislativo de competência do Congresso Nacional e, subsequentemente, do Poder Executivo. STF. Plenário. ADI 7.654 MC-Ref/DF, Rel. Min. Flávio Dino, julgado em 17/06/2024 (Info 1141).
b) Reflexos
O princípio da isonomia material possui reflexo nos seguintes artigos do NCPC: 
· Os prazos maiores que a lei concede ao Ministério Público e à Fazenda Pública para manifestar-se nos autos. De acordo com os arts. 180, caput, e 183, caput, do CPC, esses entes têm prazo em dobro para manifestar-se nos autos. Conquanto pareça um privilégio, não há inconstitucionalidade, porque o legislador considerou que os beneficiários se distinguem dos litigantes comuns, por atuarem em uma quantidade de processos muito maior.
#ABREOVADE
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 180. O Ministério Público gozará de prazo em dobro para manifestar-se nos autos, que terá início a partir de sua intimação pessoal, nos termos do art. 183, § 1º .
§ 1º Findo o prazo para manifestação do Ministério Público sem o oferecimento de parecer, o juiz requisitará os autos e dará andamento ao processo.
§ 2º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio para o Ministério Público.
Art. 183. A União, os Estados, o Distrito Federal, os Municípios e suas respectivas autarquias e fundações de direito público gozarão de prazo em dobro para todas as suas manifestações processuais, cuja contagem terá início a partir da intimação pessoal.
§ 1º A intimação pessoal far-se-á por carga, remessa ou meio eletrônico.
§ 2º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio para o ente público.
#CASCADEBANANA: No NCPC não existe a previsão de prazo em quádruplo!
· Os prazos em dobro concedidos à Defensoria Pública e àqueles que gozam do benefício da justiça gratuita e são patrocinados por entidades públicas, organizadas e mantidas pelo Estado (art. 5º, § 5º, da Lei n. 1.060/50). Não são todos os beneficiários da justiça gratuita que recebem o benefício do prazo, mas apenas aqueles representados pela Defensoria Pública e pela Procuradoria do Estado (o benefício estende-se aos escritórios de prática jurídica das faculdades de Direito reconhecidas na forma da lei e às entidades que prestam assistência jurídica gratuita em razão de convênios firmados com a Defensoria Pública, nos termos do art. 186, § 3º, do CPC).
#ABREOVADE
Lei nº 1.060/1950
Art. 5º, § 5° Nos Estados onde a Assistência Judiciária seja organizada e por eles mantida, o Defensor Público, ou quem exerça cargo equivalente, será intimado pessoalmente de todos os atos do processo, em ambas as Instâncias, contando-se-lhes em dobro todos os prazos. (Incluído pela Lei nº 7.871, de 1989)
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 186. A Defensoria Pública gozará de prazo em dobro para todas as suas manifestaçõesprocessuais.
§ 1º O prazo tem início com a intimação pessoal do defensor público, nos termos do art. 183, § 1º .
§ 2º A requerimento da Defensoria Pública, o juiz determinará a intimação pessoal da parte patrocinada quando o ato processual depender de providência ou informação que somente por ela possa ser realizada ou prestada.
§ 3º O disposto no caput aplica-se aos escritórios de prática jurídica das faculdades de Direito reconhecidas na forma da lei e às entidades que prestam assistência jurídica gratuita em razão de convênios firmados com a Defensoria Pública.
§ 4º Não se aplica o benefício da contagem em dobro quando a lei estabelecer, de forma expressa, prazo próprio para a Defensoria Pública.
· Remessa necessária. Trata-se de benefício concedido à Fazenda Pública. As sentenças contra ela proferidas, em que haja sucumbência, não transitam em julgado, senão depois de reexaminadas pela instância superior. Mesmo que não haja recurso voluntário das partes, a eficácia da sentença depende de tal reexame. Esse privilégio se mantém no sistema, e não foi reconhecida a sua inconstitucionalidade. Argumenta-se que, como os bens da Fazenda são públicos, conviria que as sentenças que lhe impõem sucumbência fossem examinadas por juízes mais experientes, que compõem os tribunais.
· Execução em face da Fazenda. As execuções contra a Fazenda não podem seguir o procedimento comum, porque os seus bens, sendo públicos, são impenhoráveis. Daí a execução por quantia contra a Fazenda, salvo as exceções legais, processar-se com a expedição de precatório, e não por meio de penhora.
· Prioridade de tramitação e desnecessidade de se observar a ordem cronológica preferencial de conclusão para proferir sentença ou acórdão, nos casos de preferência legal. Trata-se dos casos previstos no art. 1.048 e art. 12 ambos do CPC. A lei estabelece prioridade de tramitação em favor da parte ou interessado com idade superior a 60 anos ou que seja portador de doença grave. A prioridade afasta a incidência do art. 12, que determina aos juízes e tribunais que observem preferencialmente a ordem cronológica de conclusões para proferir sentença ou acórdão. Não há nenhuma ofensa ao princípio da isonomia, porque as circunstâncias pessoais das partes ou dos interessados, nos casos mencionados por lei, justificam a prioridade.
#ABREOVADE
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 12. Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)
§ 1º A lista de processos aptos a julgamento deverá estar permanentemente à disposição para consulta pública em cartório e na rede mundial de computadores.
§ 2º Estão excluídos da regra do caput :
I - as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de acordo ou de improcedência liminar do pedido;
II - o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese jurídica firmada em julgamento de casos repetitivos;
III - o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de resolução de demandas repetitivas;
IV - as decisões proferidas com base nos arts. 485 e 932 ;
V - o julgamento de embargos de declaração;
VI - o julgamento de agravo interno;
VII - as preferências legais e as metas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Justiça;
VIII - os processos criminais, nos órgãos jurisdicionais que tenham competência penal;
IX - a causa que exija urgência no julgamento, assim reconhecida por decisão fundamentada.
§ 3º Após elaboração de lista própria, respeitar-se-á a ordem cronológica das conclusões entre as preferências legais.
§ 4º Após a inclusão do processo na lista de que trata o § 1º, o requerimento formulado pela parte não altera a ordem cronológica para a decisão, exceto quando implicar a reabertura da instrução ou a conversão do julgamento em diligência.
§ 5º Decidido o requerimento previsto no § 4º, o processo retornará à mesma posição em que anteriormente se encontrava na lista.
§ 6º Ocupará o primeiro lugar na lista prevista no § 1º ou, conforme o caso, no § 3º, o processo que:
I - tiver sua sentença ou acórdão anulado, salvo quando houver necessidade de realização de diligência ou de complementação da instrução;
II - se enquadrar na hipótese do art. 1.040, inciso II .
Art. 1.048. Terão prioridade de tramitação, em qualquer juízo ou tribunal, os procedimentos judiciais:
I - em que figure como parte ou interessado pessoa com idade igual ou superior a 60 (sessenta) anos ou portadora de doença grave, assim compreendida qualquer das enumeradas no art. 6º, inciso XIV, da Lei nº 7.713, de 22 de dezembro de 1988 ;
II - regulados pela Lei nº 8.069, de 13 de julho de 1990 (Estatuto da Criança e do Adolescente) .
III - em que figure como parte a vítima de violência doméstica e familiar, nos termos da Lei nº 11.340, de 7 de agosto de 2006 (Lei Maria da Penha). (Incluído pela Lei nº 13.894, de 2019)
IV - em que se discuta a aplicação do disposto nas normas gerais de licitação e contratação a que se refere o inciso XXVII do caput do art. 22 da Constituição Federal. (Incluído pela Lei nº 14.133, de 2021)
§ 1º A pessoa interessada na obtenção do benefício, juntando prova de sua condição, deverá requerê-lo à autoridade judiciária competente para decidir o feito, que determinará ao cartório do juízo as providências a serem cumpridas.
§ 2º Deferida a prioridade, os autos receberão identificação própria que evidencie o regime de tramitação prioritária.
§ 3º Concedida a prioridade, essa não cessará com a morte do beneficiado, estendendo-se em favor do cônjuge supérstite ou do companheiro em união estável.
§ 4º A tramitação prioritária independe de deferimento pelo órgão jurisdicional e deverá ser imediatamente concedida diante da prova da condição de beneficiário.
Agora segue aquele compilado atualizado de jurisprudência dos tribunais superiores sobre o princípio da isonomia!
#DEOLHONAJURIS #STJ
A pessoa com idade igual ou superior a 60 anos que figura como parte ou interveniente na relação processual possui prioridade na tramitação do feito (arts. 71 da Lei nº 10.741/2003 e art. 1.048 do CPC/2015). Quem tem legitimidade para postular a prioridade de tramitação do feito atribuída por lei ao idoso? O próprio idoso. A pessoa idosa é a parte legítima para requerer a prioridade de tramitação do processo, devendo, para tanto, fazer prova da sua idade. A prioridade na tramitação depende, portanto, de manifestação de vontade do interessado, por se tratar de direito subjetivo processual do idoso. A necessidade do requerimento é justificada pelo fato de que nem toda tramitação prioritária será benéfica ao idoso, especialmente em processos nos quais há alta probabilidade de que o resultado lhe seja desfavorável. Ex: determinada pessoa jurídica ajuizou execução contra um idoso e pediu prioridade na tramitação do feito alegando que o executado possui mais de 60 anos. O pleito não foi aceito, considerando que falta legitimidade e interesse à exequente para formular o referido pedido. STJ. 3ª Turma. REsp 1801884/SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 21/05/2019 (Info 650).
#DEOLHONAJURIS #STF
É inconstitucional lei estadual que assegura, de forma infundada e/ou desproporcional, percentual das vagas oferecidas para a universidade pública local a candidatos que cursaram integralmente o ensino médio em instituições públicas ou privadas da mesma unidade federativa. Essa lei viola a garantia de tratamento igualitário a todos os cidadãos brasileiros, que veda a criação de distinções ou preferências entre si (art. 19, III, da CF/88). STF. Plenário. RE 614.873/AM, Rel. Min. Marco Aurélio, redator do acórdão Min. Alexandre de Moraes, julgado em 19/10/2023 (Repercussão Geral - tema 474) (Info 1113).
É inconstitucional, por transgressão ao princípio da isonomia entre homens e mulheres (art. 5º, I, da CF/88), a exigência de requisitos legais diferenciados para efeito de outorga de pensão por morte de ex-servidores públicos em relação a seus respectivos cônjuges ou companheiros/companheiras (art.201, V, da CF/88). STF. Plenário. RE 659424/RS, Rel. Min. Celso de Mello, julgado em 9/10/2020 (Repercussão Geral – Tema 457) (Info 994).
É inconstitucional a lei distrital que preveja que 40% das vagas das universidades e faculdades públicas do Distrito Federal serão reservadas para alunos que estudaram em escolas públicas do Distrito Federal. Essa lei, ao restringir a cota apenas aos alunos que estudaram no Distrito Federal, viola o art. 3º, IV e o art. 19, III, da CF/88, tendo em vista que faz uma restrição injustificável entre brasileiros. Vale ressaltar que a inconstitucionalidade não está no fato de ter sido estipulada a cota em favor de alunos de escolas públicas, mas sim em razão de a lei ter restringindo as vagas para alunos do Distrito Federal, em detrimento dos estudantes de outros Estados da Federação. STF. Plenário. ADI 4868, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 27/03/2020.
PRINCÍPIO DA IMPARCIALIDADE DO JUIZ (JUIZ NATURAL)
Vem estabelecido no art. 5º, LIII e XXXVII, da Constituição Federal. O primeiro inciso dispõe que ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente, e o segundo, que não haverá juízo ou tribunal de exceção.
#ABREOVADE
Constituição Federal de 1988
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
(...)
XXXVII - não haverá juízo ou tribunal de exceção;
LIII - ninguém será processado nem sentenciado senão pela autoridade competente;
O juiz natural é aquele cuja competência é apurada de acordo com regras previamente existentes no ordenamento jurídico, e que não pode ser modificada a posteriori.
#OLHAOGANCHO: O art. 43 do NCPC instituiu o princípio da perpetuatio jurisdicionis, o qual dispõe que a competência é determinada no momento do registro ou distribuição da petição inicial, sendo irrelevantes as alterações supervenientes.
Seguiremos pormenorizando esse princípio:
a) O princípio do juiz natural e a alteração de competência
Apesar de a regra ser a perpetuação da jurisdição, ela possui algumas exceções, como, por exemplo, leis novas que suprimam o órgão jurisdicional ou que alterem a competência absoluta devem ser aplicadas aos processos em curso.
b) Princípio do promotor natural
O art. 5º, LIII, da Constituição Federal não se limitou a determinar que ninguém será sentenciado, senão pela autoridade competente, acrescentando que ninguém será processado, senão por ela. Ao formular essa regra, deu ensejo a que surgisse grande discussão sobre se teria sido ou não acolhido, entre nós, um princípio do promotor natural. Promotor natural seria aquele com atribuições previamente conhecidas e fixadas para acompanhar determinado caso e indicadas em regras anteriormente estabelecidas.
#DEOLHONAJURIS #STF
O postulado do promotor natural, que se revela imanente ao sistema constitucional brasileiro, repele, a partir da vedação de designações casuísticas efetuadas pela chefia da instituição, a figura do acusador de exceção. Esse princípio consagra uma garantia de ordem pública, destinada tanto a proteger o membro do Ministério Público quanto a própria coletividade, a quem se reconhece o direito de ver atuando, em quaisquer causas, apenas o promotor cuja intervenção se justifique a partir de critérios abstratos e predeterminados, estabelecidos em lei. A matriz constitucional desse princípio assenta-se nas cláusulas da independência funcional e da inamovibilidade dos membros da instituição. O postulado do promotor natural limita, por isso mesmo, o poder do procurador-geral que, embora expressão visível da unidade institucional, não deve exercer a chefia do Ministério Público de modo hegemônico e incontrastável. Posição dos Min. Celso de Mello (relator), Sepúlveda Pertence, Marco Aurélio e Carlos Velloso. Divergência, apenas, quanto a aplicabilidade imediata do princípio do promotor natural: necessidade da interpositio legislatoris para efeito de atuação do princípio (Min. Celso de Mello); incidência do postulado, independentemente de intermediação legislativa (Min. Sepúlveda Pertence, Marco Aurélio e Carlos Velloso)” (HC 67.759, Rel. Min. Celso de Mello, julgamento em 06/08/1992, Plenário, DJ de 1º/07/1993.) No mesmo sentido: HC 103.038, Rel. Min. Joaquim Barbosa, julgamento em 11/10/2011, Segunda Turma, DJE de 27/10/2011; HC 102.147, Rel. Min. Celso de Mello, decisão monocrática, julgamento em 16/12/2010, DJE de 03/02/2011.
c) Princípio do defensor natural
O princípio do defensor público natural assegura ao assistido o direito de ser patrocinado pelo membro da defensoria pública investido de atribuição legal previamente traçada por critérios objetivos e abstratos, evitando-se manipulações ou designações casuísticas.
Diante da unidade e da indivisibilidade da defensoria pública, o usuário de seus serviços não pode escolher o defensor público que atuará na defesa de seus interesses. De acordo com o artigo 4º-A, IV da LC 80/1994, constitui direito do assistido ter o patrocínio de seus direitos e interesses pelo defensor natural.
#ABREOVADE
Lei Complementar nº 80/1994
Art. 4º-A. São direitos dos assistidos da Defensoria Pública, além daqueles previstos na legislação estadual ou em atos normativos internos: (Incluído pela Lei Complementar nº 132, de 2009).
I – a informação sobre: (Incluído pela Lei Complementar nº 132, de 2009).
a) localização e horário de funcionamento dos órgãos da Defensoria Pública; (Incluído pela Lei Complementar nº 132, de 2009).
b) a tramitação dos processos e os procedimentos para a realização de exames, perícias e outras providências necessárias à defesa de seus interesses; (Incluído pela Lei Complementar nº 132, de 2009).
II – a qualidade e a eficiência do atendimento; (Incluído pela Lei Complementar nº 132, de 2009).
III – o direito de ter sua pretensão revista no caso de recusa de atuação pelo Defensor Público; (Incluído pela Lei Complementar nº 132, de 2009).
IV – o patrocínio de seus direitos e interesses pelo defensor natural; (Incluído pela Lei Complementar nº 132, de 2009).
V – a atuação de Defensores Públicos distintos, quando verificada a existência de interesses antagônicos ou colidentes entre destinatários de suas funções. (Incluído pela Lei Complementar nº 132, de 2009).
Por meio dessa previsão normativa, consagrou-se no ordenamento jurídico nacional a existência do princípio do defensor público natural, como derivação da inamovibilidade (artigo 134, parágrafo 1º da CRFB) e da independência funcional (artigo 134, parágrafo 4º da CRFB).
#ABREOVADE
Constituição Federal de 1988
Art. 134. A Defensoria Pública é instituição permanente, essencial à função jurisdicional do Estado, incumbindo-lhe, como expressão e instrumento do regime democrático, fundamentalmente, a orientação jurídica, a promoção dos direitos humanos e a defesa, em todos os graus, judicial e extrajudicial, dos direitos individuais e coletivos, de forma integral e gratuita, aos necessitados, na forma do inciso LXXIV do art. 5º desta Constituição Federal. (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 80, de 2014)
§ 1º Lei complementar organizará a Defensoria Pública da União e do Distrito Federal e dos Territórios e prescreverá normas gerais para sua organização nos Estados, em cargos de carreira, providos, na classe inicial, mediante concurso público de provas e títulos, assegurada a seus integrantes a garantia da inamovibilidade e vedado o exercício da advocacia fora das atribuições institucionais. (Renumerado do parágrafo único pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 2º Às Defensorias Públicas Estaduais são asseguradas autonomia funcional e administrativa e a iniciativa de sua proposta orçamentária dentro dos limites estabelecidos na lei de diretrizes orçamentárias e subordinação ao disposto no art. 99, § 2º. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
§ 3º Aplica-se o disposto no § 2º às Defensorias Públicas da União e do Distrito Federal.(Incluído pela Emenda Constitucional nº 74, de 2013)
§ 4º São princípios institucionais da Defensoria Pública a unidade, a indivisibilidade e a independência funcional, aplicando-se também, no que couber, o disposto no art. 93 e no inciso II do art. 96 desta Constituição Federal. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 80, de 2014)
#DEOLHONAJURIS #STF
Designação de defensor dativo para audiência em que Defensor Público não pode participar e inexistência de violação ao princípio do defensor natural. Juiz negou pedido da Defensoria Pública para adiar audiência de instrução considerando que, naquela data, o Defensor Público que fazia a assistência jurídica do réu já possuía audiência marcada em outra comarca. O magistrado, diante da ausência do Defensor, designou defensor dativo para acompanhar o réu na audiência. O STF entendeu que não houve violação aos princípios da ampla defesa e do "Defensor Público natural” considerando que: a) o inciso VI do art. 4º da LC 80/94 não garante exclusividade à Defensoria para atuar nas causas em que figure pessoa carente; b) o indeferimento do pedido da defesa não causou prejuízo ao réu, já que o defensor dativo teve entrevista prévia reservada com o acusado e formulou perguntas na audiência, participando ativamente do ato processual; c) a impossibilidade de a Defensoria atuar na comarca não acarreta direito à redesignação dos atos processuais designados. STF. 2ª Turma. HC 123494/ES, Rel. Min. Teori Zavascki, julgado em 16/2/2016 (Info 814).
Seguimos com o compilado de jurisprudência atualizadíssima dos Tribunais Superiores sobre o princípio do juiz natural!
#DEOLHONAJURIS #STF
Não há repercussão geral na controvérsia em que se questiona a validade de regulamento editado por órgão do Judiciário estadual que, com base na lei de organização judiciária local, preceitua a convolação de ação individual em incidente de liquidação no bojo da execução de sentença coletiva proferida em Juízo diverso do inicial. STF. Plenário. RE 1040229/RS, Rel. Min. Gilmar Mendes, julgado em 19/12/2020 (Info 1003). 
É inconstitucional — por violar os princípios do juiz natural, da razoabilidade e da proporcionalidade — o inciso VIII do art. 144 do Código de Processo Civil (CPC/2015), que estabelece que o magistrado está impedido de atuar nos processos em que a parte seja cliente do escritório de advocacia de seu cônjuge, companheiro ou parente consanguíneo ou afim, em linha reta ou colateral, até o terceiro grau, inclusive, ainda que essa mesma parte seja representada por advogado de escritório diverso. STF. Plenário. ADI 5953/DF, Rel. Min. Edson Fachin, redator do acórdão Min. Gilmar Mendes, julgado em 22/8/2023 (Info 1104).
#DEOLHONAJURIS #STJ
Não é cabível promover a liquidação do título executivo judicial coletivo em foro aleatório, sem nenhuma relação com as comarcas de domicílio dos beneficiários, ainda que se trate do foro de domicílio do substituto processual extraordinário, sob pena de afronta ao princípio do Juiz natural. STJ. 3ª Turma. REsp 1.866.440-AL, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 9/5/2023 (Info 774).
PRINCÍPIO DO DUPLO GRAU DE JURISDIÇÃO
Examinando o texto constitucional, vemos que não há nenhum dispositivo que preceitue, de forma expressa, o duplo grau de jurisdição em todos os processos. O que se pode dizer, no entanto, é que a Constituição Federal, ao criar juízos e Tribunais, estabeleceu um sistema em que, normalmente, há o duplo grau, que serve para promover o controle dos atos judiciais quando houver inconformismo das partes, submetendo-os à apreciação de um órgão de superior instância, composto, em regra, por juízes mais experientes.
#CASCADEBANANA: Vale lembrar que há hipóteses previstas no NCPC em que não existe o duplo grau de jurisdição e, nem por isso, ocorre a inconstitucionalidade. Ex: competência originária do STF.
#OLHAOGANCHO: apesar de não possuir previsão expressa em nossa Constituição Federal de 1988, o duplo grau de jurisdição veio expresso na Convenção Americana de Direitos Humanos (CADH) - Pacto de San José da Costa Rica, em seu art. 8º, 2, h:
Artigo 8º - Garantias judiciais - 2. Toda pessoa acusada de um delito tem direito a que se presuma sua inocência, enquanto não for legalmente comprovada sua culpa. Durante o processo, toda pessoa tem direito, em plena igualdade, às seguintes garantias mínimas: h) direito de recorrer da sentença a juiz ou tribunal superior.
PRINCÍPIO DA PUBLICIDADE
O princípio da publicidade está expressamente garantido em dois artigos da Constituição Federal. O art. 5º, LX, estabelece que a lei só poderá limitar a publicidade dos atos processuais quando for necessário proteger a intimidade ou o interesse social. Já o art. 93, X, prevê que as decisões administrativas dos tribunais devem ser fundamentadas e realizadas em sessões públicas.
#ABREOVADE
Constituição Federal de 1988
Art. 5º, LX - a lei só poderá restringir a publicidade dos atos processuais quando a defesa da intimidade ou o interesse social o exigirem;
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:
(...) X - as decisões administrativas dos tribunais serão motivadas e em sessão pública, sendo as disciplinares tomadas pelo voto da maioria absoluta de seus membros; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004) 
A publicidade, portanto, tem uma dupla dimensão:
· Publicidade interna: dirigida aos sujeitos do processo. 
· Publicidade externa: dirigida a terceiros. É a mais relevante, já que não há maiores problemas com a publicidade interna.
A publicidade funciona como um mecanismo de controle das decisões judiciais, permitindo que a sociedade tenha acesso a elas e possa fiscalizar a atuação dos juízes e tribunais. No Novo Código de Processo Civil, esse princípio está previsto no art. 11. No entanto, a própria Constituição prevê situações em que a publicidade pode ser limitada por lei, regulamentadas no art. 189 do CPC.
#ABREOVADE
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 11. Todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade.
Parágrafo único. Nos casos de segredo de justiça, pode ser autorizada a presença somente das partes, de seus advogados, de defensores públicos ou do Ministério Público.
Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os processos:
I - em que o exija o interesse público ou social;
II - que versem sobre casamento, separação de corpos, divórcio, separação, união estável, filiação, alimentos e guarda de crianças e adolescentes;
III - em que constem dados protegidos pelo direito constitucional à intimidade;
IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo.
§ 1º O direito de consultar os autos de processo que tramite em segredo de justiça e de pedir certidões de seus atos é restrito às partes e aos seus procuradores.
§ 2º O terceiro que demonstrar interesse jurídico pode requerer ao juiz certidão do dispositivo da sentença, bem como de inventário e de partilha resultantes de divórcio ou separação.
PRINCÍPIO DA MOTIVAÇÃO DAS DECISÕES JUDICIAIS
Vem expressamente estabelecido no art. 93, IX, da Constituição Federal, que determina que serão públicos todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade.
#ABREOVADE
Constituição Federal de 1988
Art. 93. Lei complementar, de iniciativa do Supremo Tribunal Federal, disporá sobre o Estatuto da Magistratura, observados os seguintes princípios:
(...)
IX todos os julgamentos dos órgãos do Poder Judiciário serão públicos, e fundamentadas todas as decisões, sob pena de nulidade, podendo a lei limitar a presença, em determinados atos, às próprias partes e a seus advogados, ou somente a estes, em casos nos quais a preservação do direito à intimidade do interessado no sigilo não prejudique o interessepúblico à informação; (Redação dada pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004)
Em caso de falta de motivação, qualquer dos litigantes poderá valer-se dos embargos de declaração, solicitando ao juiz que explique os fundamentos de sua decisão. Ou poderá valer-se do recurso adequado para postular a nulidade da decisão.
Além disso, o art. 489, §1º do NCPC estabelece os elementos essenciais para a fundamentação das decisões judiciais. Vamos analisar:
#ABREOVADE
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 489, § 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida;
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso;
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.
#CASCADEBANANA: Apenas os despachos dispensam fundamentação, pois não possuem conteúdo decisório!
Vamos agora para o nosso tão esperado compilado com as jurisprudências mais atualizadas!
#DEOLHONAJURIS #STJ
Incorre em negativa de prestação jurisdicional o tribunal que prolata acórdão que, para resolver a controvérsia, apoia-se em princípios jurídicos sem proceder à necessária densificação, bem como emprega conceitos jurídicos indeterminados sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso. A argumentação do Tribunal de origem foi, em parte metajurídica e em parte fundada em princípios. Ocorre que os princípios invocados não foram sequer densificados nem explicitados. O Tribunal de Justiça também não explicou como esses princípios se aplicam ao caso concreto. A segurança jurídica, a razoabilidade e a proporcionalidade são valores que não se confundem entre si e que orientam não apenas a atividade de aplicação de lei, mas a sua elaboração, o que significa a necessidade de ponderar se esses vetores já não foram observados no processo legislativo. Diante disso, houve violação ao art. 489, § 1º, IV e VI do CPC/2015. STJ. 2ª Turma. REsp 1999967-AP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 17/08/2022 (Info 745).
A regra do art. 489, §1º, VI, do CPC, segundo a qual o juiz, para deixar de aplicar enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, deve demonstrar a existência de distinção ou de superação, somente se aplica às súmulas ou precedentes vinculantes, mas não às súmulas e aos precedentes apenas persuasivos, como, por exemplo, os acórdãos proferidos por Tribunais de 2º grau distintos daquele a que o julgador está vinculado. O art. 489, §1º, VI, do CPC/2015, dispõe: “Art. 489. São elementos essenciais da sentença: (...) §1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que: (...) VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento”. STJ. 3ª Turma. REsp 1698774-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 01/09/2020 (Info 679).
O art. 489, § 1º do CPC/2015 previu uma série de exigências para a fundamentação das decisões judiciais. Diante disso, alguns autores sustentaram que, a partir da entrada em vigor desse novo diploma, teria sido proibida a motivação per relationem. Essa não foi, contudo, a conclusão adotada pelo STJ. Para o Tribunal, mesmo com o novo CPC, continua sendo possível esta técnica de motivação: (...) a jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça, bem assim a do Supremo Tribunal Federal, admitem a motivação per relationem, pela qual se utiliza a transcrição de trechos dos fundamentos já utilizados no âmbito do processo. Assim, descaracterizada a alegada omissão e/ou ausência de fundamentação, tem-se de rigor o afastamento da suposta violação do art. 489 do CPC/2015, conforme pacífica jurisprudência do Superior Tribunal de Justiça (...) STJ. 2ª Turma. AgInt no AREsp 1440047/SP, Rel. Min. Francisco Falcão, julgado em 11/06/2019
PRINCÍPIOS INFRACONSTITUCIONAIS NO CÓDIGO DE PROCESSO CIVIL
PRINCÍPIO DO DISPOSITIVO
O princípio dispositivo é um princípio infraconstitucional do processo civil que determina que as partes são responsáveis por iniciar e conduzir o processo, enquanto o juiz deve permanecer imparcial. Também conhecido como princípio da inércia da jurisdição, ele implica que o juiz não pode agir de ofício, ou seja, não pode tomar a iniciativa de produzir provas ou fazer alegações.
Esse princípio é uma diretriz fundamental do processo, estabelecendo a divisão de responsabilidades entre as partes e o juiz. As partes têm controle sobre várias etapas, como a instauração do processo, a produção de provas, a formulação de argumentos e a desistência da ação. Está previsto no art. 2º do NCPC:
#ABREOVADE
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 2º O processo começa por iniciativa da parte e se desenvolve por impulso oficial, salvo as exceções previstas em lei.
O dispositivo consagra duas regras fundamentais: a instauração do processo cabe à parte interessada, enquanto o desenvolvimento do processo ocorre por impulso oficial. Primeiramente, a instauração do processo por iniciativa da parte significa que a função jurisdicional deve ser provocada pelo interessado para que o processo possa começar. Isso reflete o princípio da inércia, também chamado de princípio da demanda ou dispositivo. Antes do advento do CPC/2015, o juiz podia iniciar o processo de inventário (art. 989 do CPC/73), mas essa hipótese não é mais permitida. No entanto, o magistrado pode iniciar a execução de sentença que imponha obrigação de fazer, não fazer, ou entregar algo que não seja dinheiro (arts. 536 e 538 do CPC/2015). Por outro lado, para a execução de sentença que envolva pagamento de quantia, é necessária a provocação da parte, sendo vedado ao juiz agir de ofício (art. 513, §1º, CPC). Além disso, existem certos incidentes processuais, como a resolução de demandas repetitivas (art. 976, CPC/2015), que podem ser iniciados pelo órgão julgador independentemente da iniciativa da parte.
Já no que diz respeito ao desenvolvimento do processo por impulso oficial, uma vez instaurado, o processo não necessita de novas provocações da parte e se desenvolve por impulso do próprio sistema judicial. Isso não impede que o autor desista da demanda ou que seja respeitada a autonomia da vontade das partes. No entanto, é importante observar que o dever de impulso oficial não se aplica à fase recursal, que depende da provocação das partes para ser instaurada. Assim, o sistema equilibra o papel do juiz e das partes, garantindo que o processo siga seu curso, mas respeitando a necessidade de manifestação das partes em momentos decisivos, como na fase de recursos. Dessa forma, o princípio busca eficiência sem sacrificar o controle das partes sobre o andamento do processo.
Ademais, nos casos que envolvem interesses disponíveis, as partes podem celebrar acordos, o autor pode abrir mão do direito, e o réu pode reconhecer o pedido. Cabe ao interessado iniciar a demanda e definir os limites objetivos e subjetivos da disputa. Entretanto, no que se refere à condução do processo e à produção de provas, prevalece o princípio inquisitivo, conforme estabelece o artigo 370 do Código de Processo Civil, sendo as regras sobre o ônus da prova supletivas.
#ABREOVADE
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 370. Caberá ao juiz, de ofício ou a requerimento da parte, determinar as provas necessáriasao julgamento do mérito.
Parágrafo único. O juiz indeferirá, em decisão fundamentada, as diligências inúteis ou meramente protelatórias.
#SELIGA: Por que Brasil escolheu o princípio da Inércia ou da Demanda? A razão é uma só, qual seja: evitar arbitrariedade. Não se pode admitir, como regra, que aquele que perde, julgue; aquele que provoca, julga.
#ATENÇÃO: não confunda!
PEDIDOS à PRINCÍPIO DO DISPOSITIVO (INÉRCIA DA JURISDIÇÃO)
PROVAS à PRINCÍPIO INQUISITIVO (SEM INÉRCIA)
Vamos agora ver os reflexos do princípio do dispositivo no Código de Processo Civil, bem como suas exceções. 
a) Reflexos no CPC
#ABREOVADE
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 141. O juiz decidirá o mérito nos limites propostos pelas partes, sendo-lhe vedado conhecer de questões não suscitadas a cujo respeito a lei exige iniciativa da parte.
Art. 492. É vedado ao juiz proferir decisão de natureza diversa da pedida, bem como condenar a parte em quantidade superior ou em objeto diverso do que lhe foi demandado.
Parágrafo único. A decisão deve ser certa, ainda que resolva relação jurídica condicional.
b) Exceções
#ABREOVADE
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 322. O pedido deve ser certo.
§ 1º Compreendem-se no principal os juros legais, a correção monetária e as verbas de sucumbência, inclusive os honorários advocatícios.
§ 2º A interpretação do pedido considerará o conjunto da postulação e observará o princípio da boa-fé.
Art. 323. Na ação que tiver por objeto cumprimento de obrigação em prestações sucessivas, essas serão consideradas incluídas no pedido, independentemente de declaração expressa do autor, e serão incluídas na condenação, enquanto durar a obrigação, se o devedor, no curso do processo, deixar de pagá-las ou de consigná-las.
Art. 712. Verificado o desaparecimento dos autos, eletrônicos ou não, pode o juiz, de ofício, qualquer das partes ou o Ministério Público, se for o caso, promover-lhes a restauração.
Parágrafo único. Havendo autos suplementares, nesses prosseguirá o processo.
Art. 730. Nos casos expressos em lei, não havendo acordo entre os interessados sobre o modo como se deve realizar a alienação do bem, o juiz, de ofício ou a requerimento dos interessados ou do depositário, mandará aliená-lo em leilão, observando-se o disposto na Seção I deste Capítulo e, no que couber, o disposto nos arts. 879 a 903 .
Art. 738. Nos casos em que a lei considere jacente a herança, o juiz em cuja comarca tiver domicílio o falecido procederá imediatamente à arrecadação dos respectivos bens.
Vamos agora para a seleção de jurisprudências atualizadas!
#DEOLHONAJURIS #STJ
Não há no Código de Processo Civil, nem na Lei nº 6.830/80, regra que autorize o magistrado que extingue a execução fiscal em face do pagamento a proceder com a transferência da penhora existente para outro processo executivo envolvendo as mesmas partes. STJ. 1ª Turma. REsp 2.128.507-TO, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 23/5/2024 (Info 815).
A herança jacente é um procedimento especial de jurisdição voluntária que consiste na arrecadação judicial de bens da pessoa falecida, com declaração, ao final, da herança vacante, ocasião em que se transfere o acervo hereditário para o domínio público, salvo se comparecer em juízo quem legitimamente os reclame. Esse procedimento pode ser iniciado por qualquer interessado, pelo Ministério Público, pela Defensoria Pública e pela Fazenda Pública, bem como pelo juiz, de ofício (art. 738 do CPC/2015). Se um legitimado ingressar com petição ao juiz requerendo a instauração do procedimento de herança jacente, o magistrado não deverá indeferir a inicial sob o argumento de que o requerente não juntou todas as provas necessárias à comprovação dos fatos alegados. Antes de extinguir o feito, o magistrado deverá diligenciar, ainda que minimamente, para obter as informações necessárias considerando que ele tem o poder-dever de instaurar, ainda que de ofício, esse procedimento. STJ. 3ª Turma. REsp 1812459/ES, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 09/03/2021 (Info 688).
Não configura ato incompatível com a vontade de recorrer a oposição de embargos do devedor pela parte que recorreu contra decisão que incluiu seu nome no polo passivo da execução. STJ. 3ª Turma. REsp 1655655-SP, Rel. Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 25/06/2019 (Info 652).
PRINCÍPIO DA PERSUASÃO RACIONAL (LIVRE CONVENCIMENTO MOTIVADO)
São três os sistemas de avaliação a prova:
a) Sistema da prova legal
A lei predetermina qual o valor que o juiz deve dar a cada prova, e ele não pode desrespeitar essa prévia atribuição legal. Há uma hierarquia legal de provas, estabelecida por lei. Apesar de esse sistema não ter sido acolhido no Brasil, há resquícios dele em nosso ordenamento:
#ABREOVADE
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 406. Quando a lei exigir instrumento público como da substância do ato, nenhuma outra prova, por mais especial que seja, pode suprir-lhe a falta.
b) Sistema do livre convencimento puro (ou da consciência do juiz)
Autoriza o magistrado a julgar conforme a sua convicção, sem necessidade de se fundar em provas colhidas nos autos. Esse sistema não foi acolhido entre nós, havendo apenas, como exemplo, o Tribunal do Júri.
c) Persuasão racional (ou livre convencimento motivado)
O princípio do livre convencimento motivado é um sistema de avaliação de provas utilizado no processo civil brasileiro. Ele permite que o juiz forme seu entendimento com base em todo o material probatório apresentado, mas exige que ele justifique suas decisões com fundamentos de fato e de direito. Esse princípio se distingue do sistema da íntima convicção, que permite ao juiz avaliar as provas de acordo com suas próprias crenças, sem a necessidade de apresentar uma justificativa.
Nesse sentido, cumpre ao juiz formar o seu convencimento livremente, examinando as provas produzidas. Mas essa convicção tem de estar embasada e fundamentada nos elementos que constam dos autos. É o sistema adotado no Brasil.
#ABREOVADE
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 371. O juiz apreciará a prova constante dos autos, independentemente do sujeito que a tiver promovido, e indicará na decisão as razões da formação de seu convencimento.
PRINCÍPIO DA BOA-FÉ
O CPC de 1973 já continha, não propriamente um princípio geral de boa-fé, mas a determinação, incluída entre os deveres de todos aqueles que de qualquer forma participam do processo, de que procedessem com lealdade e boa-fé (art. 14, III, do CPC anterior). A novidade é que o CPC atual elevou a exigência da boa-fé à categoria principiológica, de norma fundamental do processo civil.
#ABREOVADE
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 5º Aquele que de qualquer forma participa do processo deve comportar-se de acordo com a boa-fé.
O princípio da boa-fé deve, portanto, ser compreendido como uma norma de conduta, conhecida como "boa-fé objetiva", que se aplica a todos os participantes do processo, incluindo o juiz, os auxiliares da justiça, os membros da Defensoria Pública, do Ministério Público e os advogados.
É importante não confundir o princípio da boa-fé objetiva com a boa-fé subjetiva, que se refere à intenção ou estado de espírito do sujeito processual. Fredie Didier Jr. esclarece essa distinção, afirmando que a boa-fé subjetiva é elemento do suporte fático de alguns fatos jurídicos; é um fato, portanto. Já a boa-fé objetiva é uma norma de conduta: impõe e proíbe comportamentos, além de criar situações jurídicas ativas e passivas.
Assim, pode-se afirmar que não existe um "princípio da boa-fé subjetiva". O artigo 5º do Código de Processo Civil não trata das intenções dos sujeitos processuais, mas sim de uma norma que impõe comportamentos de acordo com a boa-fé objetiva, independentemente da existência de boas ou más intenções. O objetivo é garantir que todos os envolvidos no processo ajam de acordo com os padrões de conduta exigidos pelo sistema jurídico.
Vamos, agora, destrinchar alguns pontos deste princípio:
a) Dispensa do elemento anímico
Importou-sedo Direito Civil a regra. Assim, as partes devem portar-se de maneira proba. Não se analisa o elemento anímico, ou seja, não se analisa a boa-fé subjetiva.
#SELIGA: Para que haja a condenação ao pagamento da indenização por litigância de má-fé, prevista no art. 81 do NCPC, é necessário que haja comprovação de prejuízo pela parte? NÃO! Esse é o entendimento do STJ, que pode ser confirmado através do REsp 1133262-ES. Aliás, tal indenização tanto por ser pleiteada pela parte quanto concedida de ofício pelo juiz.
A indenização prevista no art. 18, caput e § 2º, do CPC 1973 (art. 81, caput e § 3º do CPC 2015) tem caráter reparatório (ou indenizatório), decorrendo de um ato ilícito processual. Apesar disso, é desnecessária a comprovação do prejuízo para que haja condenação ao pagamento da indenização prevista nesse dispositivo. Em outras palavras, é desnecessária a comprovação de prejuízo para que haja condenação ao pagamento de indenização por litigância de má-fé (art. 18, caput e § 2º, do CPC 1973 / art. 81, caput e § 3º do CPC 2015). STJ. Corte Especial. EREsp 1.133.262-ES, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, julgado em 3/6/2015 (Info 565).
O dano processual não é pressuposto para a aplicação da multa por litigância de má-fé prevista no art. 18 do CPC/1973 (art. 81 do CPC/2015). Trata-se de mera sanção processual, aplicável inclusive de ofício, e que não tem por finalidade indenizar a parte adversa. STJ. 3ª Turma. REsp 1.628.065-MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. p/acórdão Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 21/2/2017 (Info 601).
b) Preservação de dois valores: previsibilidade e confiança
Boa-fé é um conceito jurídico indeterminado, que varia com o tempo, espaço e local. Porém, sabe-se que a boa-fé é a preservação de dois valores no processo: previsibilidade e confiança. Isso porque as partes e o juiz do processo devem agir de modo que a conduta delas seja digna de confiança e dever ter previsibilidade de suas ações.
#DEOLHONANOMENCLATURA
· Nemo potest venire contra factum proprium
Ou seja, “ninguém pode comportar-se contra as próprias atitudes”. Se assim ocorrer, estar-se-á violando o princípio da boa-fé processual. Você frustra a expectativa que você mesmo gerou na outra parte. Ex.1: Você aceita a decisão e depois recorre dela. Ex.2: Você é executado, oferece um bem à penhora e, depois, alega que o bem é impenhorável.
· O que é “nulidade algibeira?” 
rata-se de manobra processual na qual a parte, estrategicamente, permanece silente, deixando de alegar a nulidade em momento oportuno, para suscitá-la apenas posteriormente. A nomenclatura, já utilizada em precedentes do STJ (REsp 1.372.802/RJ), decorre da noção de que se trata de uma nulidade que a parte “guarda no bolso” (algibeira) para ser utilizada no momento que melhor lhe convier. Tal estratégia é rechaçada pelo STJ, por ir de encontro ao dever de lealdade das partes, em clara ofensa à boa-fé processual.
A 'nulidade de algibeira' ocorre quando a parte se vale da 'estratégia' de não alegar a nulidade logo depois de ela ter ocorrido, mas apenas em um momento posterior, se as suas outras teses não conseguirem ter êxito. Dessa forma, a parte fica com um trunfo, com uma “carta na manga”, escondida, para ser utilizada mais a frente, como um último artifício. Esse nome foi cunhado pelo falecido Ministro do STJ Humberto Gomes de Barros. Algibeira = bolso. Assim, a “nulidade de algibeira” é aquela que a parte guarda no bolso (na algibeira) para ser utilizada quando ela quiser. Tal postura viola claramente a boa-fé processual e a lealdade, que são deveres das partes e de todos aqueles que participam do processo. Por essa razão, a “nulidade de algibeira” é rechaçada pela jurisprudência do STJ. STJ. 3ª Turma. REsp 1372802-RJ, Rel. Min. Paulo de Tarso Sanseverino, julgado em 11/3/2014 (Info 539).
Para encerrar o princípio da boa-fé, vamos ao compilado de jurisprudências atualizadas!
#DEOLHONAJURIS #STJ
Em homenagem aos princípios da boa-fé processual e da cooperação, quando a prescrição intercorrente ensejar a extinção da pretensão executiva, em razão das tentativas infrutíferas de localização do devedor ou de bens penhoráveis, será incabível a fixação de honorários advocatícios em favor do executado, sob pena de se beneficiar duplamente o devedor pela sua recalcitrância. Deverá, mesmo na hipótese de resistência do credor, ser aplicado o princípio da causalidade, no arbitramento dos ônus sucumbenciais. A resistência do exequente ao reconhecimento de prescrição intercorrente não é capaz de afastar o princípio da causalidade na fixação dos ônus sucumbenciais, mesmo após a extinção da execução pela prescrição. STJ. Corte Especial.EAREsp 1.854.589-PR, Rel. Min. Raul Araújo, julgado em 9/11/2023 (Info 795).
O art. 313, I, do CPC prevê que a se uma das partes do processo for a óbito, haverá a imediata suspensão do processo desde o evento morte. Isso para viabilizar a substituição processual da parte por seu espólio. O objetivo é preservar o interesse particular do espólio, assim como dos herdeiros do falecido. Sendo esse o propósito da norma processual, a nulidade advinda da inobservância dessa regra é relativa, passível de declaração apenas no caso de a não regularização do polo ensejar real e concreto prejuízo processual ao espólio. Do contrário, os atos processuais praticados, a despeito da não suspensão do feito, hão de ser considerados absolutamente válidos. Se a parte a quem a nulidade aproveitaria, ciente da morte, deixa de informá-la nos autos logo na primeira oportunidade que lhe é dada, ela não poderá conseguir a anulação dos atos processuais posteriormente, sob pena de ofensa ao princípio da boa-fé processual. No caso concreto, a esposa do executado falecido, também coexecutada, deixou, deliberadamente, de informar ao Juízo a respeito do óbito de seu marido nos atos processuais que se seguiram. STJ. 3ª Turma. REsp 2033239-SP, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 14/2/2023 (Info 764).
Em regra, é necessária a intimação do terceiro titular de direito real (v.g. usufrutuário) acerca da penhora e da alienação judicial do bem gravado com tal direito, na forma dos arts. 799, II, e 889, III, do CPC/2015. Na situação julgada, contudo, as peculiaridades do caso concreto revelam que a falta de intimação do usufrutuário acerca da penhora e da arrematação do imóvel constitui vício que já poderia ter sido alegado, tendo o usufrutuário retardado indevidamente essa alegação. Hipótese em que o vício indicado configura a denominada “nulidade de algibeira”, que deve ser rechaçada em virtude do dever imposto a todos aqueles que participam do processo, de proceder com lealdade e boa-fé. STJ. 3ª Turma. REsp 2000959-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, Rel. para acórdão Min. Ricardo Villas Bôas Cueva, julgado em 4/10/2022 (Info Especial 9).
A falha induzida por informação equivocada prestada por sistema eletrônico de tribunal deve ser levada em consideração, em homenagem aos princípios da boa-fé e da confiança, para a aferição da tempestividade do recurso. STJ. Corte Especial. EAREsp 1759860-PI, Rel. Min. Laurita Vaz, julgado em 16/03/2022 (Info 730).
Viola a boa-fé processual a fixação de honorários em favor do executado que deu causa à instauração do processo pelo não cumprimento voluntário de sua obrigação e, além disso, não cooperou para o sucesso da execução judicial. (STJ. REsp 1.769.201-SP, Julgamento em 12/03/2019).
PRINCÍPIO DA COOPERAÇÃO
Constitui desdobramento do princípio da boa-fé e da lealdade processual. Exige não apenas que as partes concordem ou ajudem uma à outra — já que não se pode esquecer que há um litígio entre elas —, mas que colaborem para que o processo evolua adequadamente. 
O princípio da cooperação exige do magistrado que observe:
· O dever de esclarecer as partes sobre eventuais dúvidas a respeito de suas determinações;
· O de consultá-las a respeito de dúvidas com relação às alegações formuladas e às diligências solicitadas;
· Preveni-las quanto a eventuais deficiências ou insuficiências de suas manifestações.
Código de ProcessoCivil – Lei nº 13.105/2015
Art. 6º Todos os sujeitos do processo devem cooperar entre si para que se obtenha, em tempo razoável, decisão de mérito justa e efetiva.
Vamos ver, agora, alguns exemplos da cooperação processual que estão distribuídos ao longo do Código de Processo Civil.
a) Cooperação das partes com o juiz
#ABREOVADE
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 191. De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário para a prática dos atos processuais, quando for o caso.
§ 1º O calendário vincula as partes e o juiz, e os prazos nele previstos somente serão modificados em casos excepcionais, devidamente justificados.
§ 2º Dispensa-se a intimação das partes para a prática de ato processual ou a realização de audiência cujas datas tiverem sido designadas no calendário.
Art. 357, §3º Se a causa apresentar complexidade em matéria de fato ou de direito, deverá o juiz designar audiência para que o saneamento seja feito em cooperação com as partes, oportunidade em que o juiz, se for o caso, convidará as partes a integrar ou esclarecer suas alegações.
b) Cooperação das partes entre si
#ABREOVADE
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 338. Alegando o réu, na contestação, ser parte ilegítima ou não ser o responsável pelo prejuízo invocado, o juiz facultará ao autor, em 15 (quinze) dias, a alteração da petição inicial para substituição do réu.
Parágrafo único. Realizada a substituição, o autor reembolsará as despesas e pagará os honorários ao procurador do réu excluído, que serão fixados entre três e cinco por cento do valor da causa ou, sendo este irrisório, nos termos do art. 85, § 8º .
Art. 339. Quando alegar sua ilegitimidade, incumbe ao réu indicar o sujeito passivo da relação jurídica discutida sempre que tiver conhecimento, sob pena de arcar com as despesas processuais e de indenizar o autor pelos prejuízos decorrentes da falta de indicação.
§ 1º O autor, ao aceitar a indicação, procederá, no prazo de 15 (quinze) dias, à alteração da petição inicial para a substituição do réu, observando-se, ainda, o parágrafo único do art. 338 .
§ 2º No prazo de 15 (quinze) dias, o autor pode optar por alterar a petição inicial para incluir, como litisconsorte passivo, o sujeito indicado pelo réu.
Seguimos para nosso compilado atualizado de jurisprudências sobre o princípio da cooperação processual:
#DEOLHONAJURIS #STJ
A mera decisão de desconstituição da personalidade jurídica pela Justiça trabalhista, por si só, não enseja o reconhecimento de usurpação da competência do juízo falimentar, porque não atinge direta e concretamente os bens da massa falida. Ao contrário, é medida secundária que se limita a estender a responsabilidade trabalhista aos sócios e/ou outras empresas do grupo. A Lei de Falências não retira de outros juízos a possibilidade de instauração de incidentes de desconsideração da personalidade jurídica ou de reconhecimento da existência de grupo econômico. Após as alterações promovidas pela Lei nº 14.112/2020, em especial quanto ao princípio da cooperação, inexiste conflito de competência quando da constrição de bens pela Justiça especializada, cabendo ao juízo da recuperação exercer o controle sobre o ato constritivo do outro juízo que diga respeito a bens da massa e, para tanto, valer-se, se necessário, da cooperação judicial prevista no art. 69 do CPC. STJ. 2ª Seção. AgInt no CC 190.942-GO, Rel. Min. João Otávio de Noronha, julgado em 30/5/2023 (Info 12 – Edição Extraordinária).
O CPC/2015, inspirado no princípio da primazia do julgamento de mérito (art. 4º), voltado à superação de vícios processuais sanáveis, passou a admitir a regularização do preparo não só na hipótese de recolhimento a menor do respectivo valor, mas, também, nos casos de ausência de comprovação do recolhimento no ato da interposição do recurso. É o que dispõem os §§ 2º e 4º do art. 1.007. Dessa forma, caso o recorrente, no momento da interposição do recurso, não comprove o recolhimento do preparo ou efetue o pagamento de valor insuficiente, terá o direito de ser intimado, antes do reconhecimento da deserção. Assim, pode-se dizer que o juiz tem o dever de provocar a parte para a regularização do preparo - indicando, inclusive, qual o equívoco deverá ser sanado, em consonância com o princípio da cooperação (art. 6º do CPC). Essa iniciativa processual é indispensável para que se possa reconhecer a deserção. STJ. 3ª Turma. REsp 1.818.661-PE, Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze, julgado em 23/5/2023 (Info 778).
PRINCÍPIO DA PRIMAZIA DA DECISÃO DE MÉRITO
Esse princípio está profundamente relacionado ao princípio da cooperação processual, ambos fundamentados na obrigação de prevenção. Isso significa que o juiz tem a responsabilidade de identificar as deficiências nas alegações das partes, possibilitando que elas sejam corrigidas, supridas ou superadas. Assim, cabe ao julgador buscar sanar os vícios processuais para garantir um julgamento adequado do mérito da causa ou do mérito recursal. 
Antes mesmo de estar previsto no art. 4º do Código de Processo Civil, já havia a presença, ainda que implícita, desse princípio no Ordenamento Jurídico Brasileiro por meio das leis da Ação Popular e da Ação Civil Pública. 
#ABREOVADE
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa.
Lei da Ação Popular – Lei nº 4.717/1965
Art. 9º Se o autor desistir da ação ou der motiva à absolvição da instância, serão publicados editais nos prazos e condições previstos no art. 7º, inciso II, ficando assegurado a qualquer cidadão, bem como ao representante do Ministério Público, dentro do prazo de 90 (noventa) dias da última publicação feita, promover o prosseguimento da ação.
Lei da Ação Civil Pública – Lei nº 7.347/1985
Art. 5º, §3º Em caso de desistência infundada ou abandono da ação por associação legitimada, o Ministério Público ou outro legitimado assumirá a titularidade ativa. (Redação dada pela Lei nº 8.078, de 1990)
#CASCADEBANANA: O princípio da primazia do julgamento de mérito NÃO foi introduzido no microssistema de tutela coletiva com o advento do atual Código de Processo Civil, visto que já existiam mecanismos nas leis da Ação Civil Pública e da Ação Popular que, ainda que implicitamente, estimulavam que fosse dada uma decisão de mérito ao processo, permitindo a substituição do polo ativo em caso de desistência da ação ou abandono da causa pelo autor. 
Para o NCPC o que importa é a apreciação do mérito pelo magistrado; ou seja, a decisão de mérito é prioritária em relação à decisão que não é de mérito. 
Vamos, agora, pormenorizar os detalhes desse princípio que estão espalhados ao longo de todo o Código de Processo Civil. Infelizmente esse tópico aqui é 100% leitura da lei, então #COLANARETINA porque #LEISECASALVA. 
a) Direito à solução integral de mérito
#ABREOVADE
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 321. O juiz, ao verificar que a petição inicial não preenche os requisitos dos arts. 319 e 320 ou que apresenta defeitos e irregularidades capazes de dificultar o julgamento de mérito, determinará que o autor, no prazo de 15 (quinze) dias, a emende ou a complete, indicando com precisão o que deve ser corrigido ou completado.
Parágrafo único. Se o autor não cumprir a diligência, o juiz indeferirá a petição inicial.
b) Exceções
#ABREOVADE
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
I - indeferir a petição inicial;
II - o processo ficar parado durante mais de 1 (um) ano por negligência das partes;
III - por não promover os atos e as diligências que lhe incumbir, o autor abandonar a causa por mais de 30 (trinta) dias;
IV - verificar a ausência de pressupostos de constituição e de desenvolvimento válido e regular do processo;
V - reconhecer a existência de perempção, de litispendência ou de coisa julgada;
VI - verificar ausência de legitimidade ou de interesse processual;
VII - acolher a alegação de existência de convenção dearbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência;
VIII - homologar a desistência da ação;
IX - em caso de morte da parte, a ação for considerada intransmissível por disposição legal; e
X - nos demais casos prescritos neste Código.
§ 1º Nas hipóteses descritas nos incisos II e III, a parte será intimada pessoalmente para suprir a falta no prazo de 5 (cinco) dias.
§ 2º No caso do § 1º, quanto ao inciso II, as partes pagarão proporcionalmente as custas, e, quanto ao inciso III, o autor será condenado ao pagamento das despesas e dos honorários de advogado.
§ 3º O juiz conhecerá de ofício da matéria constante dos incisos IV, V, VI e IX, em qualquer tempo e grau de jurisdição, enquanto não ocorrer o trânsito em julgado.
§ 4º Oferecida a contestação, o autor não poderá, sem o consentimento do réu, desistir da ação.
§ 5º A desistência da ação pode ser apresentada até a sentença.
§ 6º Oferecida a contestação, a extinção do processo por abandono da causa pelo autor depende de requerimento do réu.
§ 7º Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se.
c) A apelação de qualquer sentença que deixa de apreciar o mérito permite retratação
#ABREOVADE
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 485, §7º - Interposta a apelação em qualquer dos casos de que tratam os incisos deste artigo, o juiz terá 5 (cinco) dias para retratar-se.
d) O Relator não pode deixar de conhecer o recurso sem antes determinar que o recorrente a corrija.
#ABREOVADE
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 932. Incumbe ao relator:
(...)
Parágrafo único. Antes de considerar inadmissível o recurso, o relator concederá o prazo de 5 (cinco) dias ao recorrente para que seja sanado vício ou complementada a documentação exigível.
e) Efeitos no Recurso Especial e no Recurso Extraordinário
#ABREOVADE
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 1.029, § 3º O Supremo Tribunal Federal ou o Superior Tribunal de Justiça poderá desconsiderar vício formal de recurso tempestivo ou determinar sua correção, desde que não o repute grave.
PRINCÍPIO DA AUTONOMIA DA VONTADE
A autonomia da vontade rege as relações privadas, sendo princípio basilar do Direito Civil. Consiste, ademais, em um dos aspectos/conteúdos/dimensões da liberdade. Poder de autorregular-se. No Direito Processual, jamais falou-se em autonomia da vontade, ou autonomia da vontade no processo. Do contrário, havia quem dissesse que a vontade das partes no processo seria irrelevante.
O NCPC, todavia, é totalmente estruturado, do início ao fim, ao respeito do autorregramento da vontade no processo. Isto porque uma de suas premissas é a de que o processo, para ser considerado devido, não pode ser um ambiente hostil para o exercício da liberdade. Em outras palavras, o processo devido, no âmbito do Estado Democrático de Direito, tem de ser ambiente de exercício da liberdade sem restrições irrazoáveis ou injustificáveis.
O princípio tem por objetivo, portanto, tornar o processo ambiente propício, não hostil, ao exercício da liberdade, sem restrições irrazoáveis ou injustificáveis.
Este princípio é implícito. Há, todavia, uma série de normas expressas que podem ser conduzidas ao princípio em estudo. Veja-se:
· Consagração do princípio da promoção da autocomposição pelo NCPC: o Estado prestigia a vontade das partes de conciliar/resolver o feito à imposição de decisão judicial (art. 2o, da nova Lei de Arbitragem).
· Quem determina o conteúdo do processo é a vontade das partes (princípio da inércia e congruência), devendo esta ser respeitada.
· O NCPC consagra um número expressivo de negócios jurídicos processuais típicos (expressamente previstos). E negócio jurídico é, por excelência, manifestação da autonomia da vontade. Ex.: escolha consensual do perito pelas partes; a elaboração do calendário processual conjuntamente pelas partes e juiz (art. 191 - o feito torna desnecessária a intimação acerca dos atos futuros, já que as partes tomarão ciência das respectivas datas logo no início do processo).
#ABREOVADE
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 191. De comum acordo, o juiz e as partes podem fixar calendário para a prática dos atos processuais, quando for o caso.
§ 1º O calendário vincula as partes e o juiz, e os prazos nele previstos somente serão modificados em casos excepcionais, devidamente justificados.
§ 2º Dispensa-se a intimação das partes para a prática de ato processual ou a realização de audiência cujas datas tiverem sido designadas no calendário.
· O NCPC, em seu art. 190, consagra a possibilidade de negócios processuais atípicos. Este dispositivo evidencia que as partes exercem função ativa e relevante dentro do processo.
#ABREOVADE
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 190. Versando o processo sobre direitos que admitam autocomposição, é lícito às partes plenamente capazes estipular mudanças no procedimento para ajustá-lo às especificidades da causa e convencionar sobre os seus ônus, poderes, faculdades e deveres processuais, antes ou durante o processo.
Parágrafo único. De ofício ou a requerimento, o juiz controlará a validade das convenções previstas neste artigo, recusando-lhes aplicação somente nos casos de nulidade ou de inserção abusiva em contrato de adesão ou em que alguma parte se encontre em manifesta situação de vulnerabilidade.
· Prestígio da arbitragem pelo NCPC, cujo processo é inteiramente modulado pela autonomia da vontade das partes.
PRINCÍPIO DA PROTEÇÃO DA CONFIANÇA
Desenvolveu-se na Europa, no âmbito do direito público. É considerado novo no âmbito processual propriamente dito. Nasceu como concretização do princípio da segurança jurídica. Alguns autores chegam a dizer que é a dimensão subjetiva da segurança jurídica. É princípio que impõe a proteção de alguém que acreditou em um ato do Estado e que depois viu sua crença ser frustrada por um ato do próprio Estado. Esse comportamento do Estado desequilibra a segurança jurídica. 
O NCPC organiza um sistema da precedentes obrigatórios, operando a proteção da confiança em três aspectos:
· Os tribunais passam a ter o dever de uniformizar a sua jurisprudência;
· Os tribunais tem o dever de, mediante a alteração da jurisprudência (overruling), resguardar a confiança de quem acreditava em um entendimento que, até então, era pacífico. 
#ABREOVADE
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 927. Os juízes e os tribunais observarão:
I - as decisões do Supremo Tribunal Federal em controle concentrado de constitucionalidade;
II - os enunciados de súmula vinculante;
III - os acórdãos em incidente de assunção de competência ou de resolução de demandas repetitivas e em julgamento de recursos extraordinário e especial repetitivos;
IV - os enunciados das súmulas do Supremo Tribunal Federal em matéria constitucional e do Superior Tribunal de Justiça em matéria infraconstitucional;
V - a orientação do plenário ou do órgão especial aos quais estiverem vinculados.
§ 1º Os juízes e os tribunais observarão o disposto no art. 10 e no art. 489, § 1º , quando decidirem com fundamento neste artigo.
§ 2º A alteração de tese jurídica adotada em enunciado de súmula ou em julgamento de casos repetitivos poderá ser precedida de audiências públicas e da participação de pessoas, órgãos ou entidades que possam contribuir para a rediscussão da tese.
§ 3º Na hipótese de alteração de jurisprudência dominante do Supremo Tribunal Federal e dos tribunais superiores ou daquela oriunda de julgamento de casos repetitivos, pode haver modulação dos efeitos da alteração no interesse social e no da segurança jurídica.
§ 4º A modificação de enunciado de súmula, de jurisprudência pacificada ou de tese adotada em julgamento de casos repetitivos observará a necessidade de fundamentação adequada e específica, considerando os princípios da segurança jurídica, da proteção da confiança e da isonomia.
§ 5º Os tribunais darão publicidade a seus precedentes, organizando-os por questão jurídica decidida e divulgando-os,preferencialmente, na rede mundial de computadores.
· Em qualquer decisão em que haja uma quebra da estabilidade de um ato normativo (base de confiança longeva), é prudente que o julgador crie regras de transição entre a posição anterior e a nova. Trata-se da chamada modulação de efeitos. Um exemplo claro disso é o julgamento da demarcação da reserva indígena da Raposa Serra do Sol, no qual o STF criou 18 regras de transição (2013). Recentemente (2023) essa técnica de julgamento foi adotada, mais uma vez, no julgamento do Tema 1.031 do STF – que trata do reconhecimento do direito às terras tradicionalmente ocupadas pelos indígenas não se sujeita ao marco temporal da promulgação da Constituição Federal (5/10/1988) nem à presença de conflito físico ou controvérsia judicial existentes nessa mesma data. 
PRINCÍPIO DA OBEDIÊNCIA À ORDEM CRONOLÓGICA DOS PROCESSOS
Entre as mais relevantes inovações introduzidas pelo Código de Processo Civil está a determinação de que juízes e tribunais profiram sentenças ou acórdãos atendendo preferencialmente à ordem cronológica de conclusão. Na verdade, trata-se mais de uma regra do que princípio – como já vimos nos tópicos iniciais desse material - e está intimamente relacionada com a garantia constitucional de duração razoável do processo. 
Não há necessidade de se observar a ordem cronológica em todos os pronunciamentos judiciais (mas o dispositivo menciona a palavra “preferencialmente”). O art. 12 do NCPC faz expressa referência à sentença e a acórdãos. O dispositivo não se aplica, portanto, aos despachos e decisões interlocutórias, bem como às decisões proferidas monocraticamente nos Tribunais, já que nestas não há acórdão.
#ABREOVADE
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 12. Os juízes e os tribunais atenderão, preferencialmente, à ordem cronológica de conclusão para proferir sentença ou acórdão. (Redação dada pela Lei nº 13.256, de 2016) (Vigência)
§ 1º A lista de processos aptos a julgamento deverá estar permanentemente à disposição para consulta pública em cartório e na rede mundial de computadores.
§ 2º Estão excluídos da regra do caput :
I - as sentenças proferidas em audiência, homologatórias de acordo ou de improcedência liminar do pedido;
II - o julgamento de processos em bloco para aplicação de tese jurídica firmada em julgamento de casos repetitivos;
III - o julgamento de recursos repetitivos ou de incidente de resolução de demandas repetitivas;
IV - as decisões proferidas com base nos arts. 485 e 932 ;
V - o julgamento de embargos de declaração;
VI - o julgamento de agravo interno;
VII - as preferências legais e as metas estabelecidas pelo Conselho Nacional de Justiça;
VIII - os processos criminais, nos órgãos jurisdicionais que tenham competência penal;
IX - a causa que exija urgência no julgamento, assim reconhecida por decisão fundamentada.
§ 3º Após elaboração de lista própria, respeitar-se-á a ordem cronológica das conclusões entre as preferências legais.
§ 4º Após a inclusão do processo na lista de que trata o § 1º, o requerimento formulado pela parte não altera a ordem cronológica para a decisão, exceto quando implicar a reabertura da instrução ou a conversão do julgamento em diligência.
§ 5º Decidido o requerimento previsto no § 4º, o processo retornará à mesma posição em que anteriormente se encontrava na lista.
§ 6º Ocupará o primeiro lugar na lista prevista no § 1º ou, conforme o caso, no § 3º, o processo que:
I - tiver sua sentença ou acórdão anulado, salvo quando houver necessidade de realização de diligência ou de complementação da instrução;
II - se enquadrar na hipótese do art. 1.040, inciso II .
Vale lembrar que o rol das exceções do § 2º do art. 12 não é taxativo, mas meramente exemplificativo. A ordem cronológica deve ser preferencial, e não necessariamente observada, podendo haver inversão sempre que haja justificativa razoável para tanto.
PRINCÍPIO DA EVENTUALIDADE
Compete ao réu alegar, em contestação, toda a matéria de defesa, ainda que os vários eventos alegáveis sejam incompatíveis entre si. Exceção: art. 342, que permite a alegação posterior de fatos não expostos na contestação (relativos a direito superveniente, conhecíveis de ofício pelo juiz e que por expressa previsão legal possam ser formulados a qualquer tempo).
#ABREOVADE
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 336. Incumbe ao réu alegar, na contestação, toda a matéria de defesa, expondo as razões de fato e de direito com que impugna o pedido do autor e especificando as provas que pretende produzir.
Art. 342. Depois da contestação, só é lícito ao réu deduzir novas alegações quando:
I - relativas a direito ou a fato superveniente;
II - competir ao juiz conhecer delas de ofício;
III - por expressa autorização legal, puderem ser formuladas em qualquer tempo e grau de jurisdição.
PRINCÍPIO DA IMPUGNAÇÃO ESPECIFICADA DOS FATOS ALEGADOS NA INICIAL
Cabe ao réu manifestar-se precisamente sobre todos os fatos alegados pelo autor na petição inicial, sob pena de se presumirem verdadeiros aqueles não expressamente impugnados.
#ABREOVADE
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 341. Incumbe também ao réu manifestar-se precisamente sobre as alegações de fato constantes da petição inicial, presumindo-se verdadeiras as não impugnadas, salvo se:
I - não for admissível, a seu respeito, a confissão;
II - a petição inicial não estiver acompanhada de instrumento que a lei considerar da substância do ato;
III - estiverem em contradição com a defesa, considerada em seu conjunto.
Parágrafo único. O ônus da impugnação especificada dos fatos não se aplica ao defensor público, ao advogado dativo e ao curador especial.
DISPOSITIVOS PARA CICLOS DE LEGISLAÇÃO
	DIPLOMA
	DISPOSITIVO
	Constituição Federal
	Art. 5º, incisos XXXV e LV
	
	Art. 93, inciso IX
	
	Art. 142, §2º
	
	Art. 217, §2º
	Código de Processo Civil
	Arts. 1º a 15
image1.pngesteja em conformidade com princípios abstratos ou genéricos. Por exemplo, a Lei 12.153/2009, que trata dos Juizados Especiais Federais (JEFP), e a Lei 10.251/01, que se refere aos Juizados Especiais Federais (JEF), estabelecem que, no cumprimento de uma sentença de pagamento, não há previsão para que a Fazenda Pública se defenda ao expedir precatório ou requisição de pequeno valor. Contudo, os juízes, ao interpretarem essa disposição, muitas vezes concedem um prazo de 5 a 10 dias para que a Fazenda devedora se manifeste sobre as contas apresentadas pelo credor, fundamentando-se no princípio do contraditório. Portanto, é inegável que, além de servir como vetor interpretativo, a dimensão dos princípios possui uma função integrativa significativa.
· Natureza subjetiva
O princípio acaba trazendo uma posição jurídica de vantagem, ou seja, em favor de quem o princípio é dirigido. É pacífico na doutrina, diante da dimensão subjetiva dos princípios, que podemos falar em sua função normativa.
Além dos parâmetros mencionados anteriormente, os princípios costumam ser organizados em categorias específicas. As principais classificações, que abordaremos a seguir, são as mais frequentemente exigidas em provas de concurso público:
a) Princípios informativos
Os princípios informativos ou formativos são verdadeiros axiomas jurídicos e possuem validade universal, sendo adotados por todos os sistemas de processo civil no mundo. Eles não contêm conteúdo político-ideológico, o que significa que não variam de país para país.
Dentre esses princípios, destaca-se o princípio lógico, que estabelece que a sequência de atos no processo deve seguir um raciocínio coerente e ordenado. Isso significa que os atos subsequentes devem derivar dos anteriores de forma lógica. Por exemplo, não existe um sistema em que a sentença seja proferida antes da contestação.
Outro princípio importante é o princípio econômico, que se refere à busca contínua do processo civil por resultados eficientes. O objetivo é alcançar um desfecho rápido e eficaz, ao mesmo tempo em que se minimizam os custos envolvidos.
Temos também o princípio jurídico, que determina que o processo deve respeitar as normas previamente estabelecidas no ordenamento jurídico. Mesmo que alguns países da common law não possuam regras explicitamente positivadas, princípios processuais ainda estão presentes.
Por fim, o princípio político destaca que a finalidade última do processo é a pacificação social, buscando alcançar esse objetivo com o menor sacrifício social possível.
b) Princípios gerais/genéricos ou fundamentais (explícitos/implícitos)
Os princípios gerais são uma escolha de cada país, levando em conta que esses princípios contêm um conteúdo político e ideológico bem definido.
No Brasil, temos os princípios gerais constitucionais e os infraconstitucionais. 
Na Constituição Federal, discutem-se os princípios gerais, sendo o artigo 5º, que aborda os direitos e garantias fundamentais, um dos mais relevantes. Esse artigo estabelece uma base sólida para a proteção dos direitos fundamentais, sendo essencial para a compreensão do ordenamento jurídico brasileiro.
Já na seara infraconstitucional, o Novo Código de Processo Civil (NCPC) também aborda os princípios gerais entre os artigos 1º e 12, em um capítulo denominado "normas fundamentais do Processo Civil". Nesse contexto, essas normas fundamentais são, em sua maioria, princípios constitucionais de processo que foram positivados na legislação infraconstitucional. Essa sistematização é essencial para garantir a efetividade do processo civil, respeitando os direitos dos litigantes.
Entretanto, é importante destacar que nem todas as normas que são consideradas fundamentais no CPC/2015 são, de fato, princípios. A maioria dos artigos que compõem a seção de 1º a 12 do NCPC consiste em normas princípios, com a exceção do artigo 12, que se caracteriza como uma norma regra. Esse artigo estabelece a ordem cronológica e preferencial de julgamento dos processos, reforçando a importância da eficiência e celeridade na tramitação processual.
#ATENÇÃO #CASCADEBANANA: Erros comuns
· Princípios não estão localizados unicamente na Constituição Federal, visto que podem derivar de qualquer fonte, como as leis ordinárias.
· Nem toda norma constitucional é um princípio. Também há regras constitucionais. Em verdade, na Constituição Federal há mais regras que princípios.
· “O juiz decide com base nas leis e nos princípios” – Fase desprovida de sentido, posto que o juiz decide com base no direito e nas leis estão também inseridos os princípios.
· “Princípio é toda norma repleta de elevada importância” – Regras também podem ser dotadas de relevância.
· “Sempre que a regra conflita com princípio, o último deve prevalecer” – Pelo contrário. Salvo relevância hierárquica, ou seja, estando no mesmo patamar, prevalece a regra, que já fora individualizada.
NORMAS REGRAS
As normas regras tratam de situações específicas e seguem o princípio do "tudo ou nada". Isso significa que, uma vez configurado o fato que a norma regula, ela impõe, permite ou proíbe determinada conduta de maneira absoluta. Assim como as normas princípios, as normas regras também têm seis características:
· Específicas: ao contrário das normas princípios, elas não são genéricas.
· Imposição, permissão ou proibição: por exemplo, o artigo 121 do Código Penal diz: “não mate”. Não se trata de um princípio, mas de uma norma clara.
· Regulam situações específicas: o legislador antecipa uma situação e o intérprete extrai a norma jurídica do texto da lei, visando regular um caso específico.
· Normalmente escritas: enquanto as normas princípios podem ser implícitas, as normas regras sempre vêm de um texto normativo claro.
· Na colisão de normas regras, aplica-se apenas uma delas: não há espaço para ponderação ou proporcionalidade; é uma regra de “tudo ou nada”.
· Rigidez do sistema: se o sistema jurídico fosse composto apenas por normas regras, ele seria rígido e fechado, sem espaço para interpretação ou adaptação. Um sistema equilibrado deve conter tanto normas princípios quanto normas regras.
PRINCÍPIOS CONSTITUCIONAIS NO NCPC
PRINCÍPIO DO DEVIDO PROCESSO LEGAL
Também chamado de princípio da legalidade, resulta do art. 5º, LIV, da Constituição Federal: Ninguém será privado da liberdade ou de seus bens sem o devido processo legal. Desse princípio derivam todos os demais. Além disso, o Judiciário deve observar as garantias inerentes ao Estado de direito, bem como deve respeitar a lei, assegurando a cada um o que é seu.
Atualmente, por influência principalmente da doutrina norte-americana, entende-se haver duas dimensões do devido processo legal: o devido processo legal formal e o devido processo legal substancial. Vejamos:
· Devido processo legal formal (procedural due process): diz respeito ao processo, às garantias que ele deve respeitar e ao regramento legal que deve obedecer. 
· Devido processo legal substancial (substantive due process): constitui autolimitação ao poder estatal, que não pode editar normas que ofendam a razoabilidade e afrontem as bases do regime democrático. 
Por fim, apresentamos a série atualizada de decisões do STF e do STJ sobre o devido processo legal.
#DEOLHONAJURIS #STJ
O CPC adota, como regra, a sistemática da causa-piloto para o IRDR. A escolha da causa-modelo pelo Tribunal não é livre, sendo permitida apenas em duas situações específicas: a) quando houver desistência das partes que tiveram seus processos selecionados como representativos da controvérsia multitudinária, nos termos do art. 976, § 1º, do CPC; b) quando se tratar de pedido de revisão da tese jurídica fixada no IRDR. A participação das vítimas (autoras das ações repetitivas) é fundamental para garantir o princípio do contraditório e o devido processo legal no IRDR. STJ. 2ª Turma. REsp 1.916.976-MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 21/5/2024 (Info 19 – Edição Extraordinária).
A realização do julgamento na modalidade virtual não acarreta a sua nulidade, porquanto se trata de providência queestá de acordo com os princípios da colegialidade, da adequada duração do processo e do devido processo legal. Não há, no ordenamento jurídico vigente, o direito de exigir que o julgamento ocorra por meio de sessão presencial. Portanto, o fato de o julgamento ter sido realizado de forma virtual, mesmo com a oposição expressa e tempestiva da parte, não é, por si só, causa de nulidade. A realização do julgamento por meio virtual, mesmo com a oposição pela parte, não gera, em regra, prejuízo nas hipóteses em que não há previsão legal ou regimental de sustentação oral, sendo imprescindível, para a decretação de eventual nulidade, a comprovação de efetivo prejuízo na situação concreta. Além disso, mesmo quando há o direito de sustentação oral, se o seu exercício for garantido e viabilizado na modalidade de julgamento virtual, não haverá qualquer prejuízo ou nulidade, ainda que a parte se oponha a essa forma de julgamento, porquanto o direito de sustentar oralmente as suas razões não significa o de, necessariamente, o fazer de forma presencial. STJ. 3ª Turma. REsp 1995565-SP, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 22/11/2022 (Info 762).
#DEOLHONASÚMULA
Súmula 665-STJ: O controle jurisdicional do processo administrativo disciplinar restringe-se ao exame da regularidade do procedimento e da legalidade do ato, à luz dos princípios do contraditório, da ampla defesa e do devido processo legal, não sendo possível incursão no mérito administrativo, ressalvadas as hipóteses de flagrante ilegalidade, teratologia ou manifesta desproporcionalidade da sanção aplicada. STJ. 1ª Seção. Aprovada em 13/12/2023 (Info 799).
PRINCÍPIO DO ACESSO À JUSTIÇA
Também chamado de princípio da inafastabilidade da jurisdição, decorre do art. 5º, XXXV, da Constituição Federal: a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito, e vem repetido no art. 3º, caput, do CPC. O texto assegura o direito à proteção judicial efetiva.
#ABREOVADE
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 3º Não se excluirá da apreciação jurisdicional ameaça ou lesão a direito.
§ 1º É permitida a arbitragem, na forma da lei.
§ 2º O Estado promoverá, sempre que possível, a solução consensual dos conflitos.
§ 3º A conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual de conflitos deverão ser estimulados por juízes, advogados, defensores públicos e membros do Ministério Público, inclusive no curso do processo judicial.
Ele se traduz no direito de ação em sentido amplo, isto é, o de obter do Poder Judiciário uma resposta aos requerimentos a ele dirigidos. Esse direito é amplo e incondicional: o Judiciário não pode se recusar a examinar e a responder os pedidos que lhe foram formulados.
Nos parágrafos do art. 3º, o legislador previu métodos alternativos de solução dos conflitos (a arbitragem, a conciliação, a mediação e outros métodos de solução consensual). A Lei de Arbitragem permitiu aos conflitantes atribuir a solução a um árbitro, que proferirá sua decisão com força de sentença, sem necessidade de posterior homologação do Poder Judiciário.
#IMPORTANTE: o princípio do acesso à justiça (inafastabilidade do controle jurisdicional) garante a tutela de urgência (tutela antecipatória de mérito), tomada em cognição sumária na medida do possível, provisória e, bem assim, utilizada somente em situações excepcionais. Portanto, todas as tutelas necessárias para amparar, de forma efetiva, o direito da parte, trata-se de corolário do princípio da inafastabilidade do controle jurisdicional.
#CASCADEBANANA: Princípio da indeclinabilidade de jurisdição – o juiz não pode subtrair-se do dever de julgar o processo. Isso é DIFERENTE do princípio da inafastabilidade da jurisdição, segundo o qual a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a direito, garantindo o livre acesso ao judiciário, tendo a parte direito a ver apreciadas pelo juízo competente as suas razões e a ver fundamentadas as decisões que lhes negam conhecimento.
Há, ainda, algumas considerações importantes a serem feitas sobre esse princípio. Vamos explorá-las?
a) Exceções constitucionais (142, §2º e 217, §§1º e 2º, CF)
A primeira exceção compreende as penas disciplinares aplicadas aos militares:
#ABREOVADE
Constituição Federal de 1988
Art. 142, § 2º Não caberá habeas corpus em relação a punições disciplinares militares.
#ATENÇÃO: não há que se falar em violação ao art. 142, 2º, da CF, se a concessão de habeas corpus, impetrado contra punição disciplinar militar, volta-se tão-somente para os pressupostos de sua legalidade, excluindo a apreciação de questões referentes ao mérito.
A segunda hipótese é o caso da Justiça Desportiva, prevista no art. 217, §§1º e 2º da CF, estabelecendo que não se permitirá o ingresso na Justiça Comum, salvo se estiver esgotado o procedimento perante a Justiça Desportiva.
#ABREOVADE
Constituição Federal de 1988
Art. 217, §1º O Poder Judiciário só admitirá ações relativas à disciplina e às competições desportivas após esgotarem-se as instâncias da justiça desportiva, regulada em lei.
b) Requerimento administrativo
Durante muitos anos no Brasil se entendeu que o prévio requerimento administrativo não era condição para o exercício do direito de ação. A pessoa poderia perfeitamente ajuizar uma ação na justiça sem ter requerido previamente aquilo para o órgão administrativo próprio. 
Acontece que esse entendimento foi objeto de muita resistência, principalmente pelos juízes de 1ª instância. O tema chegou ao STF, no julgamento do RE 631.240, com repercussão geral reconhecida, entendendo que, salvo nas hipóteses em que já se sabe que o pedido será indeferido, o requerimento administrativo é determinante para aquilatar o interesse de agir. O STF entendeu que isso não viola o princípio da inafastabilidade do controle judicial. Entenderam os ministros que vedar o acesso à justiça não é o mesmo que condicioná-lo. 
Da mesma forma, o STJ passou a aplicar tal entendimento para as ações exibitórias de documento, em que a pessoa precisa ver o documento para, após, decidir se ajuíza ou não a ação. O STJ entende que a parte deve antes, para ter direito à exibição em juízo, comprovar que requereu à instituição financeira ou à concessionária, por exemplo, a exibição e que esta não foi feita num prazo razoável.
#OLHAOGANCHO #CONCURSOSFEDERAIS: em regra, é indispensável o prévio requerimento administrativo do benefício no INSS (não é necessário o esgotamento da via administrativa). Caso contrário, não há, em regra, interesse de agir, já que havia a possibilidade de seu pedido ter sido atendido pelo INSS na via administrativa.
A questão foi decidida pelo Supremo Tribunal Federal no dia 27 de abril de 2014, quando o Plenário julgou o Recurso Extraordinário 631.240. Adotou-se, em regra, a exigência do prévio requerimento administrativo como condição de procedibilidade da ação judicial, sob pena de carência de interesse de agir e extinção do processo sem o julgamento do mérito. De efeito, excluiu-se da exigência do prévio requerimento administrativo pedidos em que seja notório o indeferimento pelo INSS (tese jurídica), pois nestes casos é certo que a autarquia previdenciária vai indeferir o pedido.
Outrossim, as ações de revisão de benefício previdenciário também dispensam o prévio requerimento, pois cabe ao INSS promover a revisão de ofício no exercício do dever-poder de autotutela, salvo quando haja a necessidade de alguma apreciação fática que seja ônus do segurado ou do seu dependente, a exemplo de revisão com base em decisão da Justiça do Trabalho. Por sua vez, na sessão do dia 03 de setembro de 2014, definiu-se uma regra de transição para as ações judiciais já ajuizadas sem o prévio requerimento administrativo até o dia deste julgamento, fruto de acordo entre a Defensoria Pública da União e a Procuradoria Geral Federal.
Deveras, dispensou-se o prévio requerimento nas ações intentadas em Juizados Itinerantes, justamente porque buscam segurados e dependentes em localidades mais distantes e que não possuem agência do INSS. Ademais,nas hipóteses em que o INSS apresentou contestação resistindo à pretensão posta em juízo, negando o direito do autor, dispensou-se o prévio requerimento administrativo, devendo as ações judiciais tramitar normalmente.
Nos demais casos, à exceção de teses notoriamente negadas pelo INSS e ações revisionais, o processo judicial será suspenso, sendo intimado o segurado (ou dependente) para requerer na via administrativa no prazo de 30 dias, sob pena de extinção do processo judicial sem julgamento do mérito. Uma vez formulado o pedido administrativo em 30 dias, o INSS terá 90 dias para julgá-lo, devendo este prazo ser suspenso se o segurado for notificado para juntar documentação (carta de exigências). Se negado o pleito pela autarquia previdenciária, a ação judicial voltará a correr. Caso concedido o benefício, a ação judicial será extinta sem a análise do mérito.
Na hipótese de o INSS, administrativamente, conceder parcialmente a prestação previdenciária, a ação judicial voltará a correr apenas no que concerne ao pedido controverso, devendo ser extinta sem o julgamento do mérito da parte incontroversa. Vale frisar que será considerada como data de início do benefício à data do processo judicial, existindo controvérsia não apreciada pelo STF se será a data do ajuizamento da ação ou a data da citação.
Assim, dispensou-se o prévio requerimento administrativo nas seguintes hipóteses:
· Tese jurídica notoriamente rejeitada pelo INSS;
· Negativa comprovada de protocolo do pedido administrativo;
· Nas ações de revisão de benefício previdenciário, salvo se depender de dilação probatória a cargo do segurado ou de seu dependente;
· Apresentação de contestação de mérito pelo INSS resistindo à pretensão deduzida em Juízo;
· Extrapolação do prazo para tomada da decisão administrativa na Agência do INSS (45 dias);
· Ações judiciais propostas nos Juizados Itinerantes.
Para o STF, a exigência de prévio requerimento não se confunde com o exaurimento das vias administrativas, contudo, não deve prevalecer quando o entendimento da Administração for notória e reiteradamente contrário à postulação do segurado. 
c) Reflexos nos arts. 140 e 373 do NCPC
Evidentemente, este princípio possui reflexos importantes no NCPC, especialmente em relação aos arts. 140 e 373 do NCPC. Esses dois dispositivos funcionam como métodos de integração dos julgamentos.
#ABREOVADE 
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 140. O juiz não se exime de decidir sob a alegação de lacuna ou obscuridade do ordenamento jurídico.
Parágrafo único. O juiz só decidirá por equidade nos casos previstos em lei.
O método integrativo que será utilizado é o previsto no art. 4º da LINDB, segundo o qual, quando o juiz estiver diante de uma lacuna normativa, deverá aplicar a analogia, os costumes e os princípios gerais do direito.
Já o art. 373 do NCPC dispõe que, diante da situação em que não há provas, o juiz deve aplicar a regra em que o autor deveria provar o fato constitutivo de seu direito e o réu provar o fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
#ABREOVADE 
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 373. O ônus da prova incumbe:
I - ao autor, quanto ao fato constitutivo de seu direito;
II - ao réu, quanto à existência de fato impeditivo, modificativo ou extintivo do direito do autor.
§ 1º Nos casos previstos em lei ou diante de peculiaridades da causa relacionadas à impossibilidade ou à excessiva dificuldade de cumprir o encargo nos termos do caput ou à maior facilidade de obtenção da prova do fato contrário, poderá o juiz atribuir o ônus da prova de modo diverso, desde que o faça por decisão fundamentada, caso em que deverá dar à parte a oportunidade de se desincumbir do ônus que lhe foi atribuído.
§ 2º A decisão prevista no § 1º deste artigo não pode gerar situação em que a desincumbência do encargo pela parte seja impossível ou excessivamente difícil.
§ 3º A distribuição diversa do ônus da prova também pode ocorrer por convenção das partes, salvo quando:
I - recair sobre direito indisponível da parte;
II - tornar excessivamente difícil a uma parte o exercício do direito.
§ 4º A convenção de que trata o § 3º pode ser celebrada antes ou durante o processo.
d) Reconhecimento da arbitragem e de sua natureza jurisdicional
Para a doutrina processualista não restam dúvidas de que o NCPC reconheceu o caráter jurisdicional da arbitragem, em razão das previsões expressas:
#ABREOVADE
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 189. Os atos processuais são públicos, todavia tramitam em segredo de justiça os processos:
(...) IV - que versem sobre arbitragem, inclusive sobre cumprimento de carta arbitral, desde que a confidencialidade estipulada na arbitragem seja comprovada perante o juízo.
Art. 337, §6º A ausência de alegação da existência de convenção de arbitragem, na forma prevista neste Capítulo, implica aceitação da jurisdição estatal e renúncia ao juízo arbitral.
Art. 485. O juiz não resolverá o mérito quando:
(...) VII - acolher a alegação de existência de convenção de arbitragem ou quando o juízo arbitral reconhecer sua competência;
Art. 515. São títulos executivos judiciais, cujo cumprimento dar-se-á de acordo com os artigos previstos neste Título:
(...) VII - a sentença arbitral;
Art. 960, § 3º A homologação de decisão arbitral estrangeira obedecerá ao disposto em tratado e em lei, aplicando-se, subsidiariamente, as disposições deste Capítulo.
e) Mediação e conciliação (154, VI, 381, II, 165/174, 334, 565 CPC)
O NCPC estabelece que a mediação e conciliação devem ser estimuladas por todos os operadores do direito, de modo que o conciliador e mediador passaram a ser auxiliares da justiça.
#ABREOVADE
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 154. Incumbe ao oficial de justiça:
I - fazer pessoalmente citações, prisões, penhoras, arrestos e demais diligências próprias do seu ofício, sempre que possível na presença de 2 (duas) testemunhas, certificando no mandado o ocorrido, com menção ao lugar, ao dia e à hora;
II - executar as ordens do juiz a que estiver subordinado;
III - entregar o mandado em cartório após seu cumprimento;
IV - auxiliar o juiz na manutenção da ordem;
V - efetuar avaliações, quando for o caso;
VI - certificar, em mandado, proposta de autocomposição apresentada por qualquer das partes, na ocasião de realização de ato de comunicação que lhe couber.
Parágrafo único. Certificada a proposta de autocomposição prevista no inciso VI, o juiz ordenará a intimação da parte contrária para manifestar-se, no prazo de 5 (cinco) dias, sem prejuízo do andamento regular do processo, entendendo-se o silêncio como recusa.
Art. 165. Os tribunais criarão centros judiciários de solução consensual de conflitos, responsáveis pela realização de sessões e audiências de conciliação e mediação e pelo desenvolvimento de programas destinados a auxiliar, orientar e estimular a autocomposição.
§ 1º A composição e a organização dos centros serão definidas pelo respectivo tribunal, observadas as normas do Conselho Nacional de Justiça.
§ 2º O conciliador, que atuará preferencialmente nos casos em que não houver vínculo anterior entre as partes, poderá sugerir soluções para o litígio, sendo vedada a utilização de qualquer tipo de constrangimento ou intimidação para que as partes conciliem.
§ 3º O mediador, que atuará preferencialmente nos casos em que houver vínculo anterior entre as partes, auxiliará aos interessados a compreender as questões e os interesses em conflito, de modo que eles possam, pelo restabelecimento da comunicação, identificar, por si próprios, soluções consensuais que gerem benefícios mútuos.
Art. 166. A conciliação e a mediação são informadas pelos princípios da independência, da imparcialidade, da autonomia da vontade, da confidencialidade, da oralidade, da informalidade e da decisão informada.
§ 1º A confidencialidade estende-se a todas as informações produzidas no curso do procedimento, cujo teor não poderá ser utilizado para fim diverso daquele previsto por expressa deliberação daspartes.
§ 2º Em razão do dever de sigilo, inerente às suas funções, o conciliador e o mediador, assim como os membros de suas equipes, não poderão divulgar ou depor acerca de fatos ou elementos oriundos da conciliação ou da mediação.
§ 3º Admite-se a aplicação de técnicas negociais, com o objetivo de proporcionar ambiente favorável à autocomposição.
§ 4º A mediação e a conciliação serão regidas conforme a livre autonomia dos interessados, inclusive no que diz respeito à definição das regras procedimentais.
Art. 167. Os conciliadores, os mediadores e as câmaras privadas de conciliação e mediação serão inscritos em cadastro nacional e em cadastro de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal, que manterá registro de profissionais habilitados, com indicação de sua área profissional.
§ 1º Preenchendo o requisito da capacitação mínima, por meio de curso realizado por entidade credenciada, conforme parâmetro curricular definido pelo Conselho Nacional de Justiça em conjunto com o Ministério da Justiça, o conciliador ou o mediador, com o respectivo certificado, poderá requerer sua inscrição no cadastro nacional e no cadastro de tribunal de justiça ou de tribunal regional federal.
§ 2º Efetivado o registro, que poderá ser precedido de concurso público, o tribunal remeterá ao diretor do foro da comarca, seção ou subseção judiciária onde atuará o conciliador ou o mediador os dados necessários para que seu nome passe a constar da respectiva lista, a ser observada na distribuição alternada e aleatória, respeitado o princípio da igualdade dentro da mesma área de atuação profissional.
§ 3º Do credenciamento das câmaras e do cadastro de conciliadores e mediadores constarão todos os dados relevantes para a sua atuação, tais como o número de processos de que participou, o sucesso ou insucesso da atividade, a matéria sobre a qual versou a controvérsia, bem como outros dados que o tribunal julgar relevantes.
§ 4º Os dados colhidos na forma do § 3º serão classificados sistematicamente pelo tribunal, que os publicará, ao menos anualmente, para conhecimento da população e para fins estatísticos e de avaliação da conciliação, da mediação, das câmaras privadas de conciliação e de mediação, dos conciliadores e dos mediadores.
§ 5º Os conciliadores e mediadores judiciais cadastrados na forma do caput , se advogados, estarão impedidos de exercer a advocacia nos juízos em que desempenhem suas funções.
§ 6º O tribunal poderá optar pela criação de quadro próprio de conciliadores e mediadores, a ser preenchido por concurso público de provas e títulos, observadas as disposições deste Capítulo.
Art. 168. As partes podem escolher, de comum acordo, o conciliador, o mediador ou a câmara privada de conciliação e de mediação.
§ 1º O conciliador ou mediador escolhido pelas partes poderá ou não estar cadastrado no tribunal.
§ 2º Inexistindo acordo quanto à escolha do mediador ou conciliador, haverá distribuição entre aqueles cadastrados no registro do tribunal, observada a respectiva formação.
§ 3º Sempre que recomendável, haverá a designação de mais de um mediador ou conciliador.
Art. 169. Ressalvada a hipótese do art. 167, § 6º , o conciliador e o mediador receberão pelo seu trabalho remuneração prevista em tabela fixada pelo tribunal, conforme parâmetros estabelecidos pelo Conselho Nacional de Justiça.
§ 1º A mediação e a conciliação podem ser realizadas como trabalho voluntário, observada a legislação pertinente e a regulamentação do tribunal.
§ 2º Os tribunais determinarão o percentual de audiências não remuneradas que deverão ser suportadas pelas câmaras privadas de conciliação e mediação, com o fim de atender aos processos em que deferida gratuidade da justiça, como contrapartida de seu credenciamento.
Art. 170. No caso de impedimento, o conciliador ou mediador o comunicará imediatamente, de preferência por meio eletrônico, e devolverá os autos ao juiz do processo ou ao coordenador do centro judiciário de solução de conflitos, devendo este realizar nova distribuição.
Parágrafo único. Se a causa de impedimento for apurada quando já iniciado o procedimento, a atividade será interrompida, lavrando-se ata com relatório do ocorrido e solicitação de distribuição para novo conciliador ou mediador.
Art. 171. No caso de impossibilidade temporária do exercício da função, o conciliador ou mediador informará o fato ao centro, preferencialmente por meio eletrônico, para que, durante o período em que perdurar a impossibilidade, não haja novas distribuições
Art. 172. O conciliador e o mediador ficam impedidos, pelo prazo de 1 (um) ano, contado do término da última audiência em que atuaram, de assessorar, representar ou patrocinar qualquer das partes.
Art. 173. Será excluído do cadastro de conciliadores e mediadores aquele que:
I - agir com dolo ou culpa na condução da conciliação ou da mediação sob sua responsabilidade ou violar qualquer dos deveres decorrentes do art. 166, §§ 1º e 2º;
II - atuar em procedimento de mediação ou conciliação, apesar de impedido ou suspeito.
§ 1º Os casos previstos neste artigo serão apurados em processo administrativo.
§ 2º O juiz do processo ou o juiz coordenador do centro de conciliação e mediação, se houver, verificando atuação inadequada do mediador ou conciliador, poderá afastá-lo de suas atividades por até 180 (cento e oitenta) dias, por decisão fundamentada, informando o fato imediatamente ao tribunal para instauração do respectivo processo administrativo.
Art. 174. A União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios criarão câmaras de mediação e conciliação, com atribuições relacionadas à solução consensual de conflitos no âmbito administrativo, tais como:
I - dirimir conflitos envolvendo órgãos e entidades da administração pública;
II - avaliar a admissibilidade dos pedidos de resolução de conflitos, por meio de conciliação, no âmbito da administração pública;
III - promover, quando couber, a celebração de termo de ajustamento de conduta.
Destacam-se, também, os arts. 334 e 565 do NCPC, os quais estabelecem que, nas ações de rito comum e nas de direito de família, deve haver preliminarmente uma audiência de mediação e conciliação. As partes são intimadas, sob pena de multa, a comparecer.
#ABREOVADE
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 334. Se a petição inicial preencher os requisitos essenciais e não for o caso de improcedência liminar do pedido, o juiz designará audiência de conciliação ou de mediação com antecedência mínima de 30 (trinta) dias, devendo ser citado o réu com pelo menos 20 (vinte) dias de antecedência.
§ 1º O conciliador ou mediador, onde houver, atuará necessariamente na audiência de conciliação ou de mediação, observando o disposto neste Código, bem como as disposições da lei de organização judiciária.
§ 2º Poderá haver mais de uma sessão destinada à conciliação e à mediação, não podendo exceder a 2 (dois) meses da data de realização da primeira sessão, desde que necessárias à composição das partes.
§ 3º A intimação do autor para a audiência será feita na pessoa de seu advogado.
§ 4º A audiência não será realizada:
I - se ambas as partes manifestarem, expressamente, desinteresse na composição consensual;
II - quando não se admitir a autocomposição.
§ 5º O autor deverá indicar, na petição inicial, seu desinteresse na autocomposição, e o réu deverá fazê-lo, por petição, apresentada com 10 (dez) dias de antecedência, contados da data da audiência.
§ 6º Havendo litisconsórcio, o desinteresse na realização da audiência deve ser manifestado por todos os litisconsortes.
§ 7º A audiência de conciliação ou de mediação pode realizar-se por meio eletrônico, nos termos da lei.
§ 8º O não comparecimento injustificado do autor ou do réu à audiência de conciliação é considerado ato atentatório à dignidade da justiça e será sancionado com multa de até dois por cento da vantagem econômica pretendida ou do valor da causa, revertida em favor da União ou do Estado.
§ 9º As partes devem estar acompanhadas por seus advogados ou defensores públicos.
§ 10. A parte poderá constituirrepresentante, por meio de procuração específica, com poderes para negociar e transigir.
§ 11. A autocomposição obtida será reduzida a termo e homologada por sentença.
§ 12. A pauta das audiências de conciliação ou de mediação será organizada de modo a respeitar o intervalo mínimo de 20 (vinte) minutos entre o início de uma e o início da seguinte.
Art. 565. No litígio coletivo pela posse de imóvel, quando o esbulho ou a turbação afirmado na petição inicial houver ocorrido há mais de ano e dia, o juiz, antes de apreciar o pedido de concessão da medida liminar, deverá designar audiência de mediação, a realizar-se em até 30 (trinta) dias, que observará o disposto nos §§ 2º e 4º.
§ 1º Concedida a liminar, se essa não for executada no prazo de 1 (um) ano, a contar da data de distribuição, caberá ao juiz designar audiência de mediação, nos termos dos §§ 2º a 4º deste artigo.
§ 2º O Ministério Público será intimado para comparecer à audiência, e a Defensoria Pública será intimada sempre que houver parte beneficiária de gratuidade da justiça.
§ 3º O juiz poderá comparecer à área objeto do litígio quando sua presença se fizer necessária à efetivação da tutela jurisdicional.
§ 4º Os órgãos responsáveis pela política agrária e pela política urbana da União, de Estado ou do Distrito Federal e de Município onde se situe a área objeto do litígio poderão ser intimados para a audiência, a fim de se manifestarem sobre seu interesse no processo e sobre a existência de possibilidade de solução para o conflito possessório.
§ 5º Aplica-se o disposto neste artigo ao litígio sobre propriedade de imóvel.
#DEOLHONOCONCEITO
· O que é sistema de justiça multiportas? 
Mediação, Conciliação e Arbitragem, cada dia mais, vem ganhando atenção da doutrina e da legislação como meios para diminuir a sobrecarga de ações sobre o Judiciário! Em regra, tais meios são tratados como ALTERNATIVAS à Jurisdição, por isso, costumam ser chamados de meios ALTERNATIVOS de solução de conflitos. Uma visão contemporânea, contudo, sustenta que esses meios não são alternativas, mas que, na verdade, devem estar INTEGRADOS à Jurisdição, por isso, compõem um sistema de múltiplos meios de solução de conflitos, de modo que as diferentes espécies de conflitos sociais encontrem solução no ordenamento jurídico. A expressão SISTEMA MULTIPORTAS DE JUSTIÇA é assim utilizada pelo grande Processualista Leonardo Carneiro da Cunha em alusão à metáfora do átrio do fórum em que haveria várias portas e "a depender do problema apresentado, as partes seriam encaminhadas para a porta da mediação, ou da conciliação ou da arbitragem, ou da própria justiça estatal" (Fazenda Pública em Juízo. P. 637). Desse modo, ante a integração de mediação e da conciliação como etapas do procedimento comum no Novo CPC, pode-se afirmar que a nova ordem processual civil brasileira adotou um SISTEMA MULTIPORTAS DE JUSTIÇA!
· Subprincípios do acesso à justiça
Paulo Cezar Pinheiro Carneiro propõe um re-estudo da garantia constitucional do acesso à justiça, a partir de quatro grandes subprincípios do acesso à justiça, a saber:
a) acessibilidade, significa a existência de sujeitos de direito, capazes de estar em juízo, sem obstáculos de qualquer natureza, utilizando adequadamente o instrumental jurídico, e possibilitando a efetivação de direitos individuais e coletivos.
b) operosidade, a seu turno, significa que todos os envolvidos na atividade jurisdicional devem atuar de forma a obter o máximo de sua produção, para que se atinja o efetivo acesso à justiça.
c) utilidade, entende-se que o processo deve assegurar ao vencedor tudo aquilo que ele tem direito a receber, da forma mais rápida e proveitosa, garantindo-se, contudo, o menor sacrifício para o vencido.
d) proporcionalidade, que se traduz pela escolha a ser feita pelo julgador quando existem dois interesses em conflito. Deve ele se orientar por privilegiar aquele mais valioso, ou seja, o que satisfaz um maior número de pessoas. Outro método atinente a proporcionalidade, é aplicar aquele direito que menos restringe o outro direito conflitante, assim como no método hermenêutico constitucional". 
#OLHAOGANCHO: o princípio da decisão informada está previsto no art. 166, "caput", do NCPC e aplica-se à conciliação e à mediação. Segundo Daniel Amorim Neves, o referido princípio "cria o dever ao conciliador e ao mediador de manter o jurisdicionado plenamente informado quanto aos seus direitos e ao contexto fático no qual está inserido". Assim, é uma forma de permitir que as partes celebrem acordos tendo plena ciência do ato que estão praticando.
É fundamental acompanhar os julgamentos recentes do STF e do STJ sobre o princípio do acesso à justiça e a inafastabilidade da jurisdição. Abaixo segue uma coletiva de julgados para você #COLARNARETINA:
#DEOLHONAJURIS #STF
De acordo com o art. 133 da Constituição Federal, o advogado é indispensável à administração da justiça. É por meio desse profissional que se asseguram o contraditório e a ampla defesa, com todos os meios e recursos a ela inerentes (art. 5º, LV, da CF/88). No entanto, com base no princípio do acesso à Justiça e na necessidade de conferir celeridade a determinados procedimentos, geralmente de menor complexidade, o STF reconhece, em situações excepcionais, que a representação por advogado não é absoluta em certos procedimentos especiais previstos em lei. A Lei nº 5.478/1968 estabeleceu um rito especial para a ação de alimentos, com o objetivo de garantir o direito à vida e à dignidade da pessoa humana, especialmente em favor de credores de alimentos que carecem de condições básicas para sua subsistência. O CPC/2015 (Lei nº 13.105/2015) alterou alguns dispositivos da Lei nº 5.478/1968, mas os arts. 2º e 3º foram integralmente preservados, mantendo intacta a possibilidade de o credor de alimentos comparecer pessoalmente ao juízo competente. No âmbito da ação de alimentos, o comparecimento do credor à Justiça sem a assistência de advogado é uma medida que assegura o direito do alimentando. Essa medida ocorre antes da instauração do litígio e é justificada pela urgência da demanda. Nas etapas processuais subsequentes, a presença de um advogado é obrigatória. STF. Plenário. ADPF 591/DF, Rel. Min. Cristiano Zanin, julgado em 19/08/2024 (Info 1146).
Caracterizam desvio de finalidade e abuso de poder a colheita, a produção e o compartilhamento de dados, informações e conhecimentos específicos para satisfazer interesse privado de órgão ou de agente público. Na hipótese, a utilização da máquina estatal para a colheita de informações de servidores com postura política contrária ao governo caracteriza desvio de finalidade e afronta aos direitos fundamentais da livre manifestação do pensamento, da privacidade, reunião e associação, aos quais deve ser conferida máxima efetividade, pois essenciais ao regime democrático. Ademais, os órgãos de inteligência de qualquer nível hierárquico de qualquer dos Poderes do Estado, embora sujeitos ao controle externo realizado pelo Poder Legislativo, submetem-se também ao crivo do Poder Judiciário, em respeito ao princípio da inafastabilidade da jurisdição. STF. Plenário. ADPF 722/DF, Rel. Min. Cármen Lúcia, julgado em 13/5/2022 (Info 1054).
PRINCÍPIO DO CONTRADITÓRIO
O artigo 5º, inciso LV, da Constituição Federal assegura que, em processos judiciais ou administrativos, todos os litigantes e acusados têm o direito ao contraditório e à ampla defesa, com os meios e recursos necessários.
O contraditório garante dois pontos principais: primeiro, que os réus, executados e demais interessados sejam informados sobre a existência do processo e tudo o que ocorre nele; segundo que tenham a chance de se manifestar, apresentar suas razões e contestar as alegações da outra parte.
Isso impede, por exemplo, que o juiz tome uma decisão inesperada, usando um argumento que ele mesmo levantou sem dar às partes a chance de se pronunciar. Um exemplo é a questão da prescrição ou decadência. Se o juiz entender que uma dessas situações se aplica, ele não pode decidir de imediato,sem antes ouvir as partes. Se acolhidas, essas situações podem levar à improcedência da ação, e, por isso, o contraditório precisa ser respeitado. É o princípio da vedação à decisão surpresa, que está previsto nos arts. 9º e 10 do NCPC.
#ABREOVADE
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:
I - à tutela provisória de urgência;
II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III ;
III - à decisão prevista no art. 701 .
Art. 10. O juiz não pode decidir, em grau algum de jurisdição, com base em fundamento a respeito do qual não se tenha dado às partes oportunidade de se manifestar, ainda que se trate de matéria sobre a qual deva decidir de ofício.
#SELIGA: O direito ao contraditório deve permitir o conhecimento dos atos processuais, a participação/manifestação nos autos e a real possibilidade de influência na decisão.
Assim como no princípio do acesso à justiça, há também algumas considerações importantes a serem feitas sobre o princípio do contraditório. Vamos analisá-las?
a) Conceito tripé
O princípio do contraditório se baseia em três pilares fundamentais: conhecer, participar e influenciar.
O primeiro pilar, "conhecer", significa que a parte precisa estar informada sobre tudo o que está acontecendo no processo, o que se faz por meio de citação ou intimação. Somente assim ela pode exercer seus direitos adequadamente.
#ABREOVADE
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 236. Os atos processuais serão cumpridos por ordem judicial.
§ 1º Será expedida carta para a prática de atos fora dos limites territoriais do tribunal, da comarca, da seção ou da subseção judiciárias, ressalvadas as hipóteses previstas em lei.
§ 2º O tribunal poderá expedir carta para juízo a ele vinculado, se o ato houver de se realizar fora dos limites territoriais do local de sua sede.
§ 3º Admite-se a prática de atos processuais por meio de videoconferência ou outro recurso tecnológico de transmissão de sons e imagens em tempo real.
Art. 275. A intimação será feita por oficial de justiça quando frustrada a realização por meio eletrônico ou pelo correio.
§ 1º A certidão de intimação deve conter:
I - a indicação do lugar e a descrição da pessoa intimada, mencionando, quando possível, o número de seu documento de identidade e o órgão que o expediu;
II - a declaração de entrega da contrafé;
III - a nota de ciente ou a certidão de que o interessado não a apôs no mandado.
§ 2º Caso necessário, a intimação poderá ser efetuada com hora certa ou por edital.
O segundo pilar, "participar", assegura que a parte tenha a oportunidade de se manifestar no processo e produzir provas para sustentar suas alegações. No processo civil, ao contrário do penal, o contraditório é uma oportunidade opcional. Isso quer dizer que a parte tem o direito de participar, mas não é obrigada. Já no processo penal, se o réu não nomear um advogado, o juiz é obrigado a garantir um defensor público para garantir o contraditório.
O terceiro pilar, "influir", estabelece que o juiz deve considerar e avaliar as alegações das partes antes de tomar uma decisão. Embora o juiz possa levantar algumas questões de ofício, como previsto no art. 10 do NCPC, é fundamental que ouça as partes envolvidas para que possam influenciar o julgamento. Isso se concretiza na necessidade de fundamentação das decisões judiciais, conforme estabelecido no art. 489, §1º do NCPC, garantindo que o contraditório seja efetivamente respeitado.
#ABREOVADE
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 489. São elementos essenciais da sentença:
I - o relatório, que conterá os nomes das partes, a identificação do caso, com a suma do pedido e da contestação, e o registro das principais ocorrências havidas no andamento do processo;
II - os fundamentos, em que o juiz analisará as questões de fato e de direito;
III - o dispositivo, em que o juiz resolverá as questões principais que as partes lhe submeterem.
§ 1º Não se considera fundamentada qualquer decisão judicial, seja ela interlocutória, sentença ou acórdão, que:
I - se limitar à indicação, à reprodução ou à paráfrase de ato normativo, sem explicar sua relação com a causa ou a questão decidida;
II - empregar conceitos jurídicos indeterminados, sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso;
III - invocar motivos que se prestariam a justificar qualquer outra decisão;
IV - não enfrentar todos os argumentos deduzidos no processo capazes de, em tese, infirmar a conclusão adotada pelo julgador;
V - se limitar a invocar precedente ou enunciado de súmula, sem identificar seus fundamentos determinantes nem demonstrar que o caso sob julgamento se ajusta àqueles fundamentos;
VI - deixar de seguir enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, sem demonstrar a existência de distinção no caso em julgamento ou a superação do entendimento.
§ 2º No caso de colisão entre normas, o juiz deve justificar o objeto e os critérios gerais da ponderação efetuada, enunciando as razões que autorizam a interferência na norma afastada e as premissas fáticas que fundamentam a conclusão.
§ 3º A decisão judicial deve ser interpretada a partir da conjugação de todos os seus elementos e em conformidade com o princípio da boa-fé
Sobre esse ponto é importantíssimo destacar as recentes decisões dos Tribunais Superiores a respeito da fundamentação das decisões judiciais. Vejamos:
#DEOLHONAJURIS #STJ
Em respeito ao princípio da não surpresa, é vedado ao julgador decidir com base em fundamentos jurídicos não submetidos ao contraditório no decorrer do processo. STJ. 2ª Turma.REsp 2.049.725-PE, Rel. Min. Humberto Martins, julgado em 25/4/2023 (Info 772).
Não há ofensa ao princípio da não surpresa (art. 10 do CPC) quando o magistrado, diante dos limites da causa de pedir, do pedido e do substrato fático delineado nos autos, realiza a tipificação jurídica da pretensão no ordenamento jurídico posto, aplicando a lei adequada à solução do conflito, ainda que as partes não a tenham invocado (iura novit curia) e independentemente de oitiva delas, até porque a lei deve ser do conhecimento de todos, não podendo ninguém se dizer surpreendido com a sua aplicação. Esse princípio não é absoluto e sua aplicação não é automática e irrestrita. Desse modo, não há ofensa ao art. 10 do CPC/2015 se o Tribunal dá classificação jurídica aos fatos controvertidos contrários à pretensão da parte com aplicação da lei aos fatos narrados nos autos. STJ. 1ª Seção. EDcl nos EREsp 1213143-RS, Rel. Min. Regina Helena Costa, julgado em 8/2/2023 (Info 763).
Incorre em negativa de prestação jurisdicional o tribunal que prolata acórdão que, para resolver a controvérsia, apoia-se em princípios jurídicos sem proceder à necessária densificação, bem como emprega conceitos jurídicos indeterminados sem explicar o motivo concreto de sua incidência no caso. A argumentação do Tribunal de origem foi, em parte metajurídica e em parte fundada em princípios. Ocorre que os princípios invocados não foram sequer densificados nem explicitados. O Tribunal de Justiça também não explicou como esses princípios se aplicam ao caso concreto. A segurança jurídica, a razoabilidade e a proporcionalidade são valores que não se confundem entre si e que orientam não apenas a atividade de aplicação de lei, mas a sua elaboração, o que significa a necessidade de ponderar se esses vetores já não foram observados no processo legislativo. Diante disso, houve violação ao art. 489, § 1º, IV e VI do CPC/2015. STJ. 2ª Turma. REsp 1999967-AP, Rel. Min. Mauro Campbell Marques, julgado em 17/08/2022 (Info 745).
A regra do art. 489, §1º, VI, do CPC, segundo a qual o juiz, para deixar de aplicar enunciado de súmula, jurisprudência ou precedente invocado pela parte, deve demonstrar a existência de distinção ou de superação, somente se aplica às súmulas ou precedentes vinculantes, mas não às súmulas e aos precedentes apenas persuasivos, como,por exemplo, os acórdãos proferidos por Tribunais de 2º grau distintos daquele a que o julgador está vinculado. STJ. 3ª Turma. REsp 1.698.774-RS, Rel. Min. Nancy Andrighi, julgado em 01/09/2020 (Info 679).
Não obstante, não há falar em decisão-surpresa quando o magistrado, diante dos limites da causa de pedir, do pedido e do substrato fático delineado nos autos, realiza a tipificação jurídica da pretensão no ordenamento jurídico posto, aplicando a lei adequada à solução do conflito, ainda que as partes não a tenham invocado (iura novit curia) e independentemente de ouvi-las, até porque a lei deve ser de conhecimento de todos, não podendo ninguém se dizer surpreendido com a sua aplicação. STJ. 2ª Turma. REsp 1.781.459/MG, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 2/06/2020.
Cumpre lembrar que se admite a majoração do valor da causa, de ofício, pelo magistrado, por se tratar de matéria pública, sem que isso viole o princípio da não surpresa previsto no art. 10 do CPC/2015 (STJ; AgInt-EDcl-AREsp 1.974.448; Proc. 2021/0270912-5; GO; Terceira Turma; Rel. Min. Marco Aurélio Bellizze; DJE 11/05/2022)
b) Exceções (contraditório diferido ou postergado)
O art. 9º do NCPC prevê exceções ao contraditório, situações em que ele será adiado ou diferido, ou seja, será exercido em um momento posterior no processo.
#ABREOVADE
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 9º Não se proferirá decisão contra uma das partes sem que ela seja previamente ouvida.
Parágrafo único. O disposto no caput não se aplica:
I - à tutela provisória de urgência;
II - às hipóteses de tutela da evidência previstas no art. 311, incisos II e III ;
III - à decisão prevista no art. 701 .
PRINCÍPIO DA RAZOÁVEL DURAÇÃO DO PROCESSO
Esse princípio foi introduzido na Constituição Federal pela Emenda Constitucional 45/2004, que acrescentou o inciso LXXVIII ao art. 5º, garantindo a todos, no âmbito judicial e administrativo, o direito à razoável duração do processo e a meios que assegurem sua celeridade. Apesar de ter se tornado norma constitucional somente com essa emenda, já havia no ordenamento jurídico brasileiro uma previsão sobre a necessidade de um processo com duração razoável, conforme estabelecido no Pacto de San José da Costa Rica, promulgado pelo Decreto nº 678/1992.
O Superior Tribunal de Justiça (STJ), inclusive, firmou o entendimento de que a razoável duração do processo é um direito fundamental e, como tal, uma cláusula pétrea. Esse direito está diretamente relacionado aos princípios da eficiência, da moralidade e da razoabilidade. (STJ. REsp 1.138.206-RS, Julgamento em 09/08/2010).
#ABREOVADE
Constituição Federal de 1988
Art. 5º, LXXVIII - a todos, no âmbito judicial e administrativo, são assegurados a razoável duração do processo e os meios que garantam a celeridade de sua tramitação. (Incluído pela Emenda Constitucional nº 45, de 2004).
No Novo Código de Processo Civil (NCPC), esse princípio é reforçado no art. 4º, que assegura que as partes têm o direito de obter, em prazo razoável, a solução integral do mérito, incluindo a fase de cumprimento da decisão (atividade satisfativa).
#ABREOVADE
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 4º As partes têm o direito de obter em prazo razoável a solução integral do mérito, incluída a atividade satisfativa.
Esse princípio impõe responsabilidades em diferentes níveis. Em primeiro lugar, ao legislador, que deve criar leis que agilizem e não atrasem os processos. Em segundo lugar, ao administrador público, responsável por garantir que os órgãos judiciários tenham estrutura adequada para garantir a celeridade. E, por fim, aos juízes, que, no exercício de suas funções, devem se empenhar para que os processos avancem rapidamente, buscando os melhores resultados com o menor custo de tempo e recursos.
Doutrinadores destacam que a parte do art. 4º do NCPC que fala em "solução integral do mérito" está relacionada ao chamado princípio da primazia do julgamento do mérito. O art. 139, inciso IX do NCPC reforça isso ao determinar que o juiz deve corrigir nulidades e irregularidades durante o processo, com o objetivo de garantir que uma decisão de mérito seja proferida.
#ABREOVADE
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 139. O juiz dirigirá o processo conforme as disposições deste Código, incumbindo-lhe:
I - assegurar às partes igualdade de tratamento;
II - velar pela duração razoável do processo;
III - prevenir ou reprimir qualquer ato contrário à dignidade da justiça e indeferir postulações meramente protelatórias;
IV - determinar todas as medidas indutivas, coercitivas, mandamentais ou sub-rogatórias necessárias para assegurar o cumprimento de ordem judicial, inclusive nas ações que tenham por objeto prestação pecuniária;
V - promover, a qualquer tempo, a autocomposição, preferencialmente com auxílio de conciliadores e mediadores judiciais;
VI - dilatar os prazos processuais e alterar a ordem de produção dos meios de prova, adequando-os às necessidades do conflito de modo a conferir maior efetividade à tutela do direito;
VII - exercer o poder de polícia, requisitando, quando necessário, força policial, além da segurança interna dos fóruns e tribunais;
VIII - determinar, a qualquer tempo, o comparecimento pessoal das partes, para inquiri-las sobre os fatos da causa, hipótese em que não incidirá a pena de confesso;
IX - determinar o suprimento de pressupostos processuais e o saneamento de outros vícios processuais;
X - quando se deparar com diversas demandas individuais repetitivas, oficiar o Ministério Público, a Defensoria Pública e, na medida do possível, outros legitimados a que se referem o art. 5º da Lei nº 7.347, de 24 de julho de 1985 , e o art. 82 da Lei nº 8.078, de 11 de setembro de 1990 , para, se for o caso, promover a propositura da ação coletiva respectiva.
Parágrafo único. A dilação de prazos prevista no inciso VI somente pode ser determinada antes de encerrado o prazo regular.
Não se pode confundir razoável duração do processo com celeridade. O NCPC não prometeu um processo rápido, célere, mas sim um processo em tempo razoável. 
#NÃOCONFUNDIR
EFICIÊNCIA à GESTÃO DOS MEIOS (como os atos processuais serão praticados).
EFETIVIDADE à PRODUÇÃO DE RESULTADO DESEJÁVEL.
Como de praxe, vamos verificar, agora, as decisões mais recentes dos Tribunais Superiores a respeito do princípio da razoável duração do processo:
#DEOLHONAJURIS #STF
De acordo com o art. 133 da Constituição Federal, o advogado é indispensável à administração da justiça. É por meio desse profissional que se asseguram o contraditório e a ampla defesa, com todos os meios e recursos a ela inerentes (art. 5º, LV, da CF/88). No entanto, com base no princípio do acesso à Justiça e na necessidade de conferir celeridade a determinados procedimentos, geralmente de menor complexidade, o STF reconhece, em situações excepcionais, que a representação por advogado não é absoluta em certos procedimentos especiais previstos em lei. A Lei nº 5.478/1968 estabeleceu um rito especial para a ação de alimentos, com o objetivo de garantir o direito à vida e à dignidade da pessoa humana, especialmente em favor de credores de alimentos que carecem de condições básicas para sua subsistência. O CPC/2015 (Lei nº 13.105/2015) alterou alguns dispositivos da Lei nº 5.478/1968, mas os arts. 2º e 3º foram integralmente preservados, mantendo intacta a possibilidade de o credor de alimentos comparecer pessoalmente ao juízo competente. No âmbito da ação de alimentos, o comparecimento do credor à Justiça sem a assistência de advogado é uma medida que assegura o direito do alimentando. Essa medida ocorre antes da instauração do litígio e é justificada pela urgência da demanda. Nas etapas processuais subsequentes, a presença de um advogado é obrigatória. STF. Plenário. ADPF 591/DF, Rel. Min. Cristiano Zanin, julgado em 19/08/2024 (Info 1146).
São constitucionais — desde que respeitados os direitos fundamentais da pessoa humana e observados os valores especificados no próprio ordenamento processual, em especial os princípios da proporcionalidadee da razoabilidade — as medidas atípicas previstas no CPC/2015 destinadas a assegurar a efetivação dos julgados. STF. Plenário. ADI 5941/DF, Rel. Min. Luiz Fux, julgado em 9/02/2023 (Info 1082).
#DEOLHONAJURIS #STJ
A sistemática do Código de Processo Civil, ao albergar a coisa julgada progressiva e autorizar o cumprimento definitivo de parcela incontroversa da sentença condenatória, privilegia os comandos da efetividade da prestação jurisdicional e da razoável duração do processo (art. 5º, LXXVIII, da CF/88 e 4º do CPC/15), bem como prestigia o próprio princípio dispositivo (art. 2º, do CPC/15). 7. Mostra-se possível o trâmite concomitante de cumprimento provisório, sobre o qual pende o julgamento de recurso sem efeito suspensivo (art. 520 do CPC/15), e cumprimento definitivo de parcela incontroversa do mesmo título judicial de condenação ao pagamento de quantia. (...) STJ. 3ª Turma. REsp 2.026.926/MG, Rel. Min. Nancy Andrighi, DJe 27/04/2023.
O CPC de 2015 alberga a coisa julgada progressiva e autoriza o cumprimento definitivo de parcela incontroversa da sentença condenatória. STJ. 2ª Turma. AgInt no AgInt no REsp 2.038.959-PR, Rel. Min. Herman Benjamin, julgado em 16/4/2024 (Info 808).
O Poder Judiciário pode determinar, ante injustificável inércia estatal, que o Poder Executivo adote medidas necessárias à concretização de direitos constitucionais dos indígenas. STJ. 1ª Turma.REsp 1.623.873-SE, Rel. Min. Gurgel de Faria, julgado em 26/04/2022 (Info 734).
PRINCÍPIO DA ISONOMIA
Esse princípio vem estabelecido no art. 5º, caput e inciso I, da Constituição Federal, que assegura que todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza. Sob o aspecto processual, a isonomia revela-se pela necessidade de dar às partes tratamento igualitário em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais (art. 7º, do CPC). 
#ABREOVADE
Constituição Federal de 1988
Art. 5º Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes:
I - homens e mulheres são iguais em direitos e obrigações, nos termos desta Constituição;
Código de Processo Civil – Lei nº 13.105/2015
Art. 7º É assegurada às partes paridade de tratamento em relação ao exercício de direitos e faculdades processuais, aos meios de defesa, aos ônus, aos deveres e à aplicação de sanções processuais, competindo ao juiz zelar pelo efetivo contraditório.
O princípio deve, primeiramente, orientar o legislador na edição de leis, que devem dar tratamento igualitário aos litigantes; depois, deve nortear os julgamentos, orientando o juiz na condução do processo.
Vamos dar uma aprofundada nesse princípio?
a) Igualdade formal/processual e igualdade material/real
A igualdade formal, ou processual, refere-se à ideia de que todos devem ser tratados da mesma maneira, sem levar em consideração eventuais diferenças entre as pessoas envolvidas. Nesse sentido, a lei aplica-se de forma igualitária a todos, independentemente das suas características ou circunstâncias específicas.
Por outro lado, a igualdade material, ou real, reconhece que nem sempre as pessoas se encontram em condições de igualdade. Quando há desigualdades entre os indivíduos, é necessário tratá-los de forma diferenciada, de acordo com suas particularidades, para alcançar um equilíbrio. Assim, quando as pessoas estão em condições iguais, devem receber o mesmo tratamento; porém, quando estão em situações desiguais, essas diferenças devem ser consideradas no tratamento dado.
#OLHAOGANCHO #DIZERODIREITO[footnoteRef:2]: Constitucionalidade do sistema de cotas raciais em concursos públicos [2: ] 
· O que a Lei estabelece?
A Lei nº 12.990/2014 determinou que deveria haver cotas para negros nos concursos públicos federais. Assim, 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos realizados pela administração pública federal devem ser destinadas a candidatos negros (art. 1º da Lei).
· A lei obriga expressamente quais entidades?
Órgãos, autarquias, fundações, empresas públicas e sociedades de economia mista federais.
· Número mínimo de vagas
A reserva de vagas será aplicada sempre que o número de vagas oferecidas no concurso público for igual ou superior a 3 (art. 1º, § 1º). Em outras palavras, se o concurso previr menos que 3 vagas, não haverá cotas para negros.
· O que acontece se, ao reservar os 20% de vagas aos negros, surgir um número fracionado? Ex: em um concurso para 9 vagas, 20% será igual a 1,8 vagas. O que fazer nesse caso?
Se a fração for igual ou maior que 0,5 (cinco décimos): o número de vagas deverá ser aumentado para o primeiro número inteiro subsequente. Ex: concurso para 9 vagas (20% = 1,8). Logo, será arredondado para 2 vagas destinadas a negros.
Se a fração for menor que 0,5 (cinco décimos): o número de vagas deverá ser diminuído para o número inteiro imediatamente inferior. Ex: concurso para 16 vagas (20% = 3,2). Logo, será arredondado para 3 vagas de negros.
· Edital deverá informar o número de vagas da cota
O edital do concurso deverá especificar o total de vagas reservadas aos candidatos negros para cada cargo ou emprego público oferecido.
· Constitucionalidade da Lei 12.990/2014
Em 2016, a OAB ajuizou ação declaratória de constitucionalidade em defesa da Lei nº 12.990/2014 pedindo que o STF declarasse esta norma compatível com a CF/88. O que decidiu o Supremo?
O STF julgou procedente a ADC, declarando a constitucionalidade da Lei nº 12.990/2014. Além disso, a Corte fixou uma tese para ser observada pela Administração Pública e demais órgãos do Poder Judiciário: É constitucional a reserva de 20% das vagas oferecidas nos concursos públicos para provimento de cargos efetivos e empregos públicos no âmbito da administração pública direta e indireta. STF. Plenário. ADC 41/DF, Rel. Min. Roberto Barroso, julgado em 8/6/2017 (Info 868).
Vejamos abaixo um resumo dos argumentos desenvolvidos pelo Min. Relator Luis Roberto Barroso:
· Três dimensões da igualdade
A igualdade proíbe que haja uma hierarquização dos indivíduos e que sejam feitas distinções sem fundamento. No entanto, a igualdade também transmite um comando, qual seja, o de que deve haver a neutralização de injustiças históricas, econômicas e sociais e que haja um maior respeito à diferença. No mundo contemporâneo, a igualdade se expressa em três dimensões: a) a igualdade formal; b) a igualdade material; c) a igualdade como reconhecimento.
a) Igualdade formal: a igualdade formal significa dizer que não pode haver privilégios e tratamentos discriminatórios. A igualdade formal está ligada ao chamado Estado liberal e foi idealizada como uma forma de reação aos privilégios da nobreza e do clero. Pode ser subdividida em dois aspectos:
Igualdade perante a lei: comando dirigido ao aplicador da lei – judicial e administrativo –, que deverá aplicar as normas em vigor de maneira impessoal e uniforme a todos aqueles que se encontrem sob sua incidência.
Igualdade na lei: comando endereçado ao legislador, que não deve instituir discriminações ou tratamentos diferenciados baseados em fundamento que não seja razoável ou que não vise a um fim legítimo.
A igualdade formal encontra-se prevista no art. 5º, caput, da CF/88: “todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza”.
b) Igualdade material: o conceito de igualdade material está ligado a demandas por redistribuição de riqueza e poder e, em última análise, por justiça social. O desenvolvimento da ideia de igualdade material surge a partir da constatação de que não basta proibir que haja privilégios. É preciso atuar ativamente contra a desigualdade econômica e em favor da superação da miséria. Mais do que a igualdade perante a lei, deve-se assegurar algum grau de igualdade perante a vida.
Dessa forma, deve-se garantir a proteção jurídica do polo mais fraco de certas relações

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