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AULA 6 GESTÃO DEMOCRÁTICA Profª Cristhyane Ramos Haddad 2 CONVERSA INICIAL Nesta aula, estudaremos a temática referente à formação inicial e continuada de professoras da educação básica. Para isso, utilizaremos a análise das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial de Professores para a Educação Básica, aprovada por meio da Resolução CNE/CP n. 2, de 20 de dezembro de 2019; das Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Continuada de Professores da Educação Básica por meio da resolução CNE/CP n. 1, de 27 de outubro de 2020 e do Plano Nacional da Educação (PNE) 2014/2024, aprovado pela Lei n. 13.005 de 25 de junho de 2014. Nosso olhar estará voltado para as questões referentes à formação inicial e continuada e valorização profissional dos professores que atuam na educação básica. Tais questões são fundamentais, pois implicam no trabalho pedagógico que será realizado nas escolas. Se queremos um trabalho de qualidade na educação é preciso investir em políticas públicas voltadas à formação e valorização dos profissionais do magistério, tais como: condições para os professores poderem investir no seu processo de formação, melhores salários e planos de carreiras adequados que estimulem o professor a investir em sua formação continuada. Também abordaremos a importância dos espaços coletivos de estudos na escola e a relevância do trabalho do pedagogo na articulação desses momentos de estudos e troca de experiências. Por fim, estudaremos a temática da avaliação institucional e a importância da participação da comunidade na avaliação do trabalho realizado na escola pública. TEMA 1 – CONTEXTO HISTÓRICO PARA FORMAÇÃO DE PROFESSORES NO BRASIL Precisamos analisar as políticas de formação de professores considerando o contexto histórico em que foram criadas. Nesse sentido, cabe dizer que a base de produção taylorista/fordista das décadas de 1970 foi substituída pelo Toyotismo, que demandava um novo tipo de trabalhador, ajustado às novas exigências do mercado de trabalho e, portanto, mais flexível e polivalente, capaz de ocupar diferentes funções. Essa nova exigência trouxe novas demandas à escola, que precisou se readequar aos novos interesses. Não se pode deixar de destacar que os organismos multilaterais tiveram forte influência sobre os novos rumos das 3 políticas públicas educacionais no Brasil. Dentre essas novas exigências destacam-se as do Banco Mundial, que apontava que a formação dos professores deveria ocorrer em serviço para alcançar melhores resultados de aprendizagem. A Unesco, por meio do relatório Jaques Delors, apontava que a formação inicial de professores para atuar nos anos iniciais do ensino fundamental deveria ocorrer em institutos de educação e não prioritariamente em universidades. Fernando Henrique Cardoso em seu governo acatou tais preceitos com a aprovação da LDB n. 9.394/96. Em seus artigos 62 e 63, a referida lei mencionava que a formação inicial de professores deveria acontecer por meio dos institutos superiores de educação. Tal formação caracterizava-se por ocorrer de forma mais rápida e flexível, voltada para a prática. Mais recentemente, em 2019, foram aprovadas as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica e a Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNCC), por meio da Resolução CNE/CP n. 2, de 20 de dezembro de 2019. Esse documento define as competências gerais e específicas do conhecimento profissional do professor que atuará na educação básica. O Capítulo IV, dos Cursos de Licenciatura, artigo 10, define que todos os cursos em nível superior de destinados à formação de professores para a educação básica serão organizados em três grupos com carga horária de no mínimo 3.200 horas, sendo: Grupo I, com 800 horas para conhecimento da base comum que compreende conhecimentos científicos, educacionais e pedagógicos; Grupo II, com 1600 horas para conhecimentos específicos de áreas, componentes, unidades temáticas e objetos de conhecimento da BNCC; e Grupo III, com 800 horas para a prática pedagógica. No capítulo V, da Formação em Segunda Licenciatura, o artigo 19, para estudantes já licenciados que realizem estudos uma segunda licenciatura, a carga horária será: Grupo I, com 560 horas para conhecimento pedagógico dos conteúdos específicos da área do conhecimento ou componente curricular; Grupo II, com 360 horas se a segunda licenciatura corresponder à mesma área da formação original; e Grupo III, com 200 horas para prática pedagógica na área ou componente curricular que devem ser adicionais àquelas dos Grupos I e II. No capítulo VI, da Formação Pedagógica para Graduados, artigo 20. no caso de graduados não licenciados, a habilitação para o magistério se dará no curso de Formação Pedagógica com carga horária básica de 760 horas 4 distribuídas da seguinte forma: Grupo I, 360 horas para o desenvolvimento das competências profissionais integradas às três dimensões constantes na Base Nacional Comum para a Formação Continuada de Professores da Educação Básica (BNC-Formação Continuada); e Grupo II, 400 horas para a prática pedagógica na área ou componente curricular. No Capítulo VII, da Formação para Atividades Pedagógicas e de Gestão, o artigo 22 prevê que a formação para atuar em administração, planejamento, inspeção, supervisão e orientação educacional para a educação básica poderá ocorrer em: I- cursos de graduação em Pedagogia com 3600 horas; II- cursos de especialização lato sensu ou cursos de mestrado e doutorado nas mesmas áreas. Mais recentemente, em 2020, foram aprovadas por meio da Resolução CNE/CP n. 1 de 27, de outubro de 2020, as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Continuada de Professores da Educação Básica e instituiu-se a Base Nacional Comum para a Formação Continuada de Professores da Educação Básica (BNC-Formação Continuada). Segundo tal documento, a formação dos professores da educação básica deve atender a três dimensões: I- conhecimento profissional; II- prática profissional; III- engajamento profissional. No Capítulo III dessa diretriz aponta-se que cursos e programas para a formação continuada de professores poderão ocorrer da seguinte forma: I- cursos de atualização com carga horária mínima de 40 horas; II- cursos e programas de extensão; III- cursos de aperfeiçoamento com carga horária mínima de 180 horas; IV- cursos de pós-graduação lato sensu de especialização com carga horária mínima de 360 horas; e V- cursos ou programas de mestrado acadêmico ou profissional, e de doutorado. Outro importante documento é o Plano Nacional da educação 2014-2024, que em sua Meta 15 estabelece como objetivo a ser alcançado em relação à formação inicial de professores para atuar na educação básica garantir, em regime de colaboração entre a União, os Estados, o Distrito Federal e os Municípios, no prazo de 1 (um) ano de vigência deste PNE, política nacional de formação dos profissionais da educação de que tratam os incisos I, II e III do caput do artigo 61 da Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996, assegurando que todos os professores e as professoras da educação básica possuam formação específica de nível superior, obtida em curso de licenciatura na área de conhecimento em que atuam. No próximo item aprofundaremos nossos estudos em torno de metas e desafios do Plano Nacional de educação 2014-2024 que se apresentam para a formação de professores. 5 TEMA 2 – O PLANO NACIONAL DE EDUCAÇÃO E OS DESAFIOS DO MAGISTÉRIO DA EDUCAÇÃO BÁSICA O Plano Nacional da Educação 2014-2024 apresenta 20 metas a serem alcançadas nesse período de dez anos pelas políticas públicas educacionais. Nosso estudo focará nas Metas 15, 16, 17 e 18, que tratam de questões referentes ao magistério da educação básica. Como acabamos deobservar, a Meta 15 estabelece um objetivo acerca da formação inicial de professores para atuar na educação básica. De acordo com o Censo Escolar da Educação Básica 2019, realizado pelo Instituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anísio Teixeira (Inep), 85,3% dos professores da educação básica têm nível superior completo com licenciatura. Quando observamos os dados de 2017 sobre a formação dos professores dos anos finais do ensino fundamental, notamos que 56,8% dos professores possuíam formação na área em que trabalham. Gráfico 1 – Formação de professores Fonte: Observatório do PNE com base em MEC/Inep/DEED/Censo Escolar. 6 Os dados revelam que temos um caminho a perseguir em relação à formação inicial de professores da educação básica no Brasil, tendo em vista que o PNE estabelece que 100% dos professores da educação básica possuam formação específica de nível superior. A Meta 16 do PNE prevê formar, em nível de pós-graduação, 50% (cinquenta por cento) dos professores da educação básica, até o último ano de vigência deste PNE, e garantir a todos (as) profissionais da educação básica formação continuada em sua área de atuação, considerando as necessidades, demandas e contextualizações dos sistemas de ensino. Atualmente 48,1% dos professores da educação básica possuem pós- graduação, e a maioria dos professores com pós-graduação possui somente especialização. Além disso, 37,9% dos professores da educação básica têm acesso à formação continuada. Gráfico 2 – Formação continuada e pós-graduação de professores Fonte: Observatório do PNE com base em MEC/Inep/DEED/Censo Escolar. A Meta 17 do Plano Nacional da Educação 2014-2024 prevê “valorizar os (as) profissionais do magistério das redes públicas da educação básica, a fim de 7 equiparar o rendimento médio dos(as) demais profissionais com escolaridade equivalente, até o final do 6º ano da vigência deste PNE”. O objetivo é igualar até 2020 o salário médio dos professores à renda de outros profissionais com a mesma escolaridade. Acerca do rendimento médio dos professores da rede pública da educação básica em relação aos demais profissionais, atualmente a proporção é de 71,7%. Gráfico 3 – Valorização do professor Fonte: Observatório do PNE com base em IBGE/PNADC. A Meta 18 do Plano Nacional de Educação 2014-2024 prevê assegurar, no prazo de 2 anos, a existência de planos de carreira para os profissionais da educação básica e superior pública de todos os sistemas de ensino e, para o plano de carreira dos (as) profissionais da Educação Básica pública, tomar como referência o Piso Salarial Nacional Profissional, definido em Lei Federal, nos termos do inciso VIII do art. 206 da Constituição Federal. 8 A Lei do Piso Salarial Nacional, instituída em 16 de junho de 2008 por meio da Lei n. 11.738, foi muito importante, pois definiu um piso salarial mínimo a ser pago aos professores. A referida lei assegura ainda que o piso salarial profissional nacional do magistério público da educação básica será atualizado anualmente. A atualização do piso deve ter o mesmo percentual de crescimento do valor anual mínimo por aluno referente aos anos iniciais do ensino fundamental, definido nacionalmente pelo Fundo Nacional da Educação Básica (Fundeb), cuja base é o Custo Aluno-Qualidade inicial (CAQi). No entanto, não são todos os Estados que asseguram esse piso aos seus professores (Libaneo, 2012). A Lei do Piso também foi importante, pois definiu um percentual na carga horaria do professor destinada à hora atividade, na qual o professor dedica seu tempo para planejamento, avaliação e estudo. A lei estabelece que 2/3 da carga horária de trabalho do professor devem ser utilizados para atividades com alunos na sala de aula e 1/3 para hora atividade. No entanto, não são todos os estados e municípios que acataram a referida lei no que concerne ao percentual de horas destinadas à hora atividade, ficando a critério de cada secretaria de educação dos estados e municípios a destinação desse percentual (Libaneo, 2012). Além do piso salarial nacional é fundamental investir na formação dos professores. De acordo com o decreto n. 8.752, sobre a política nacional de formação dos profissionais da educação básica, seção III, artigo 14, o MEC apoiará cursos de segunda licenciatura e complementação pedagógica para profissionais que atuem em áreas do conhecimento nas quais não possuem formação específica de nível superior. Porém, há que se destacar a falta de incentivo para os profissionais do magistério; tanto no que diz respeito à remuneração, quanto ao crescimento profissional. Dentre os principais programas de formação, destaca-se o Plano Nacional da Formação de Professores (Parfor), instituído desde 2009. Por meio dele está prevista a oferta de graduação a professores que estejam atuando na educação básica, nas redes públicas estaduais e municipais. As inscrições para participar desse programa são realizadas pela Plataforma Paulo Freire e os cursos são ofertados por instituições públicas de ensino superior nos estados que aderiram ao plano. O Parfor oferece cursos de graduação a professores que estejam atuando no magistério público para atender a três situações: professor que ainda não possua curso superior (primeira licenciatura), professor com graduação, mas que 9 esteja lecionando em área diferente da que se formou (segunda licenciatura), bacharel sem licenciatura que necessita de estudos complementares que o habilitem a atuar na educação básica (Libaneo, 2012). A Plataforma Paulo Freire foi criada pelo MEC para os professores da educação básica pública poderem cursar licenciatura nas instituições públicas de ensino superior. Nela, os professores encontram informações sobre datas de oferta de cursos, instituições e modalidades. A plataforma possibilita que os professores escolhem as licenciaturas que desejam cursar (Libaneo, 2012). No próximo tema, estudaremos sobre esse momento como espaço coletivo do trabalho pedagógico. TEMA 3 – A IMPORTÂNCIA DOS ESPAÇOS COLETIVOS NA ESCOLA PARA REFLEXÃO E DEFINIÇÃO DE AÇÕES SOBRE O TRABALHO PEDAGÓGICO A hora atividade e as reuniões pedagógicas são importantes momentos de espaço coletivo na escola pública para reflexão acerca do trabalho pedagógico. O trabalho realizado na hora atividade necessita ser organizado tendo como foco a prática pedagógica subsidiada por estudos, leituras e trocas de experiência entre os professores. A leitura e os estudos precisam estar voltados para amparar os professores nas suas necessidades teórico-metodológicas. Nesse sentido, não será qualquer texto a ser enviado para os estudos, mas aqueles que venham ao encontro das necessidades da organização do trabalho pedagógico. A hora atividade e as reuniões pedagógicas são espaços de trabalho coletivo nos quais pedagogo e professores se reúnem para discutir processo pedagógico, planejamento de ensino, avaliação da aprendizagem, estudantes com dificuldades no processo pedagógico e estratégias didáticas que serão tomadas para superação das dificuldades. Pensar a organização do trabalho pedagógico e as questões do processo do ensino-aprendizagem e organizar espaços coletivos para buscar soluções aos problemas que se colocam se torna um caminho em busca da democratização do ensino e do conhecimento. A escola é um espaço do trabalho coletivo. O trabalho do professor não é um trabalho solitário, ele conta com seus pares, seus colegas de disciplina, ele conta com o pedagogo que acompanha suas turmas, ele conta com o diretor da escola. Os problemas e as dificuldades que surgem ao longo do processo 10 pedagógico precisam ser divididos e discutidos em torno da busca de um caminho que venha contribuir para o processo do ensino aprendizagem. No próximo tema, veremos que o pedagogo desempenha papel fundamentalna articulação do trabalho pedagógico e a importância de um plano de ação bem planejado para conseguir atingir os objetivos educacionais. TEMA 4 – IMPORTÂNCIA DO PLANO DE AÇÃO DO TRABALHO DO PEDAGOGO PARA O PROCESSO DO ENSINO-APRENDIZAGEM O plano de ação do pedagogo é um documento que apresenta um conjunto de ações planejadas e sistematizadas coletivamente pela equipe pedagógica. O objetivo desse plano é organizar o trabalho do pedagogo para atingir determinadas finalidades. No plano de ação, deverão estar estabelecidos objetivos a serem atingidos, ações que serão realizadas, procedimentos a serem realizados e prazos a serem cumpridos. O foco principal do é a organização do trabalho pedagógico da escola, e deve estar articulada ao projeto político pedagógico da escola e ao plano de gestão da escola, documento que requer o compromisso de todos os envolvidos com a execução das ações definidas. Para elaboração desse plano de ação é necessário que o pedagogo tenha conhecimento do seu trabalho, da realidade em que irá atuar, ou seja, é preciso conhecer a escola, seus alunos, seus professores, a comunidade escolar, as famílias, suas características, especificidades e necessidades. Além disso, precisará planejar suas ações a partir dessa realidade concreta. É preciso também o pedagogo ter clareza do sentido do seu trabalho que tem como foco o acompanhamento ao processo pedagógico, o acompanhamento ao ensino-aprendizagem. A definição de ações e estratégias serão em torno da melhoria da aprendizagem, da democratização do conhecimento e da melhoria da qualidade do ensino. O plano de ação é um importante instrumento do planejamento do trabalho do pedagogo e é fundamental sua avaliação sistemática para rever o que foi atingido e o que é preciso ser retomado e rever ações e procedimentos que precisam ser retomados para o ano seguinte. É importante também que o pedagogo tenha organizado o seu portfólio, o que o ajudará na organização do seu trabalho. O pedagogo poderá organizar seu portfólio com alguns documentos que são essenciais para seu trabalho, tais como: calendário escolar, relação de estudantes das turmas que acompanha, horários 11 das turmas, relação de professores e funções, plano de ação, cronograma de organização da hora atividade, relação dos estudantes com dificuldades de aprendizagem e atendimentos especializados realizados, pautas de reuniões pedagógicas, resultados da avaliação da aprendizagem dos estudantes para utilização no conselho de classe, índices da escola de avaliações de rede, dentre outros. No próximo tema, aprofundaremos nossos estudos sobre o trabalho do pedagogo nas avaliações dos sistemas de ensino ou de rede e nas avaliações institucionais, que são avaliações realizadas pela comunidade em relação ao trabalho desenvolvido pela escola. TEMA 5 – AVALIAÇÕES DOS SISTEMAS DE ENSINO E AVALIAÇÃO INSTITUCIONAL COMO INSTRUMENTOS DA GESTÃO DEMOCRÁTICA NA ESCOLA De acordo com a resolução n. 4 de 13 de julho de 2010, que aprovou as diretrizes Curriculares Nacionais para a Educação Básica, a avaliação educacional compreende três dimensões: avaliação da aprendizagem, avaliação institucional e avaliação de redes da educação básica. A avaliação da aprendizagem já foi estudada nas aulas anteriores. Abordaremos neste tema a avaliação de redes da educação básica e a avaliação institucional. Veremos o objetivo de cada uma dessas avaliações e porque elas são importantes para democratização do ensino e gestão democrática na escola. Iniciaremos pela avaliação de sistemas ou de redes de ensino, implementadas no contexto da década de 1990, quando se colocava para a educação as questões referentes à qualidade do ensino, já que a garantia de estarem na escola não significava a garantia de que estivessem aprendendo. Muitas crianças concluíam o ensino fundamental - anos iniciais sem dominar os códigos da leitura, a escrita e os cálculos. Nesse contexto foram criadas as avaliações de redes de ensino, que são avaliações externas à escola, ou seja, são elaboradas pelo governo federal e pelas secretarias de educação e têm por objetivo avaliar os resultados dos estudantes para planejar ações no âmbito das políticas públicas no sentido de promover melhoria na qualidade da educação em nível nacional. 12 A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), ou Lei n. 9.394/96, prescreve sobre as avaliações de rede, enfatizando que elas devem “assegurar processo nacional de avaliação do rendimento escolar no ensino fundamental, médio e superior, em colaboração com os sistemas de ensino, objetivando a definição de prioridades e a melhoria da qualidade do ensino”. Fazem parte da política educacional de avaliação de redes da educação básica: • Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb). • Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Prova Brasil). • Exame Nacional do Ensino Médio (Enem). Segundo o art. 3º, do Decreto n. 6.094, de 24 de abril de 2007, que dispõe sobre a implementação do Plano de Metas Compromisso Todos pela Educação, A qualidade da educação básica será aferida, objetivamente, com base no Ideb, calculado e divulgado periodicamente pelo Inep, a partir dos dados sobre rendimento escolar, combinados com o desempenho dos alunos, constantes do censo escolar e do Sistema de Avaliação da Educação Básica (Saeb), composto pela Avaliação Nacional da Educação Básica (Aneb) e a Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Prova Brasil). A Avaliação Nacional do Rendimento Escolar (Prova Brasil) trata-se de uma avaliação censitária envolvendo os alunos do 5º e 9º anos do ensino fundamental e 3º ano do ensino médio das escolas públicas, e tem o objetivo de avaliar a qualidade do ensino ministrado nas escolas públicas. Participam dessa avaliação as escolas que possuem, no mínimo, 20 alunos matriculados nos anos avaliados, sendo os resultados disponibilizados por escola e por ente federativo. Sua primeira edição foi em 2005 e é aplicada bienalmente. Além da avaliação de sistemas ou redes da educação básica, a avaliação institucional é outra dimensão da avaliação educacional. Por compreender que a escola é o espaço de socialização do conhecimento e de instrumentalização da comunidade escolar, e partindo do pressuposto de que a aprendizagem dos alunos é de responsabilidade coletiva, faz-se necessário envolver a comunidade no processo de avaliação do trabalho realizado na escola. A instrumentalização da comunidade escolar para participar desse processo de avaliação é via para consolidar uma cultura democrática na escola. Cabe à escola informar a comunidade escolar sobre 13 • avaliações internas: instrumentos de avaliação da aprendizagem dos estudantes, critérios de avaliação, resultados sobre avaliações da aprendizagem, recuperação de estudos e conselho de classe. • avaliações externas: resultados nas avaliações de sistemas ou redes da educação básica, como a Prova Brasil. • avaliações institucionais: anualmente, todas as escolas devem possibilitar esse momento solicitando que pais ou responsáveis compareçam à escola para participar dessa avaliação, que se refere ao trabalho realizado pela escola naquele ano letivo. Deste modo, destacam-se dois fatores importantes: • A participação dos pais no acompanhamento da aprendizagem, considerando condições concretas e objetivas, situadas nas contradições sociais. • O papel da escola na promoção dessa aprendizagem a partir da clareza de sua função social, dos processos de ensino e aprendizagem e da própria prática pedagógica. O pedagogo desempenha papel fundamental nesse processo ao articular e organizar esses momentos dentro da escola, juntamente ao diretor. Caberá à escola incentivar a participação dos pais no acompanhamento da vida escolar dos filhos e nos processos de avaliação educacional. A parceria entre escola e famíliaé fundamental para resultados satisfatórios no processo do ensino-aprendizagem. FINALIZANDO Na disciplina Gestão Democrática, estudamos questões importantes sobre as teorias de administração e como é importante superá-las tendo em vista princípios e finalidades da educação numa perspectiva da democratização do conhecimento a todos. Também estudamos as principais legislações educacionais e os impactos dos organismos multilaterais sobre as políticas educacionais no Brasil. Pudemos ver que existem tendências pedagógicas de base neoliberal que estão de acordo com os pressupostos desses organismos multilaterais, mas que também existem tendências pedagógicas que assumem o compromisso com a formação humana integral e plena do desenvolvimento de todas as capacidades humanas. 14 Ao longo das aulas, pudemos estudar a fundo a função social da escola na perspectiva da democratização do conhecimento a todos os estudantes e aprofundamos as discussões em torno do trabalho do pedagogo na educação básica. Em seguida, tomamos por foco a organização do trabalho pedagógico da escola, aprofundando as questões do projeto político-pedagógico, planejamento do ensino, formação continuada na escola, avaliação da aprendizagem e diferentes formas de aprender. Além disso, nos dedicamos às discussões referentes à gestão democrática e à participação da comunidade nesse processo por meio dos conselhos escolares e associações de pais, o papel do diretor e do pedagogo na promoção dos processos de gestão democrática dento da escola. Também aprofundamos nossos estudos sobre os instrumentos de política pública e analisamos as metas do Plano Nacional da Educação- PNE 2014-2024 em relação à educação básica. Para isso, consultamos dados atuais sobre o atingimento dessas metas. Por fim, nos dedicamos ao estudo das políticas educacionais da formação de professores inicial e continuada no Brasil e de valorização do magistério da educação básica. Discutimos pontos fundamentais como a participação da comunidade na avaliação do trabalho realizado pela escola, e o aspecto de uma gestão democrática que compreende que uma escola para cumprir seus objetivos na democratização do conhecimento precisa da parceria com as famílias dos seus estudantes. 15 REFERÊNCIAS BRASIL. Resolução CNE/CP n. 2, de 20 de dezembro de 2019. Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Inicial de Professores para a Educação Básica e institui a Base Nacional Comum para a Formação Inicial de Professores da Educação Básica (BNC-Formação Inicial). BRASIL. Resolução CNE/CP n. 1, de 27 de outubro de 2020. Define as Diretrizes Curriculares Nacionais para a Formação Continuada de Professores da Educação Básica e instituiu a Base Nacional Comum para a Formação Continuada de Professores da Educação Básica (BNC-Formação Continuada) BRASIL. Plano Nacional da Educação 2014-2024. LIBANEO, J. C.; OLIVEIRA, J. F. de, TOSCHI, M. S. Educação escolar: políticas, estrutura e organização. Editora Cortez, 2012. OBSERVATÓRIO PNE. Plano Nacional da Educação. Disponível em: <https://www.observatoriodopne.org.br/indicadores/metas>. Acesso em: 28 dez. 2020.