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Relacionamento com o Mercado Consumidor Conteudista Prof. Me. Jean Cavaleiro Revisão Textual Prof. Me. Luciano Vieira Francisco 2 OBJETIVOS DA UNIDADE Atenção, estudante! Aqui, reforçamos o acesso ao conteúdo on-line para que você assista à videoaula. Será muito importante para o entendimento do conteúdo. Este arquivo PDF contém o mesmo conteúdo visto on-line. Sua dis- ponibilização é para consulta off-line e possibilidade de impressão. No entanto, recomendamos que acesse o conteúdo on-line para melhor aproveitamento. • Desenvolver técnicas de gerenciamento do mercado consumidor, e em busca da fidelização desenvolver conceitos e aplicação da customização em massa; • Desenvolver a cadeia de relacionamento e as práticas de relacionamen- to com mercados regionais e clientes. 3 Gerenciamento do Mercado Consumidor Como estudado, o marketing evoluiu para o que é conceituado como marketing de relacionamento. Para atender a esse conceito o foco é o cliente, saber quem é, onde está, o que faz, como pensa, o que necessita e deseja. A partir desse co- nhecimento é que se planeja os produtos e serviços, assim como os seus benefí- cios, a linha de comunicação, política de preço etc. Obviamente, você pode estar pensando: mas como assim, não é possível criar o produto e/ou serviço e depois despertar necessidades e desejos? Figura 1 Fonte: Getty Images A resposta é sim. Mas também é função do marketing, em especial através da política de relacio- namento com o cliente – buscando conhecê-lo –, criar a relação necessária para continuar atendendo às necessidades e aos desejos desse cliente. Iniciaremos conhecendo o mercado consumidor para depois construir as técni- cas de relacionamento que tornem a empresa mais competitiva. Definiremos mercado em cinco possíveis níveis básicos: 4 • Mercado potencial: são todos os consumidores que porventura sejam interessados em um produto ou serviço específico. Tendo como exemplo um serviço de aluguel de carros, qual seria o mercado potencial? Qualquer motorista que precise, mesmo que temporariamente, de transporte; • Mercado disponível: são os consumidores interessados e que tenham renda suficiente para a aquisição e que ainda tenham acesso ao produ- to. Exemplo: considerando ainda a empresa de aluguel de carro, então seria qualquer motorista que possa pagar pelo aluguel de um automóvel e que esteja na área em que a empresa preste o serviço; • Mercado qualificado disponível: consumidores que estejam dentro do per- fil, tais como idade, ter habilitação e os meios de pagamento disponibilizados; • Mercado atendido ou mercado-alvo: são os consumidores que a em- presa pretende definir como alvos para determinado produto. Como exemplo, podemos citar pessoas que precisem trocar de aeroporto até chegar ao seu destino em uma viagem; • Mercado penetrado: corresponde aos consumidores que já são clien- tes, que já compram o produto ou serviço vendido pela empresa. Seguin- do os exemplos dados, seriam os motoristas que já alugaram carros com a referida empresa. Figura 2 Nesse fluxo a atuação do marketing tem como foco ampliar o mercado pene- trado, fidelizar e vender mais para os já clientes. Mas não se pode esquecer de desenvolver ações de relacionamento para os que ainda não são clientes, mas que estão qualificados a ser. 5 E como conseguir tal fidelização? Retomaremos o conceito de marketing voltado para valor, que deve seguir alguns princípios para se obter êxito, a saber: • Princípio do cliente: é a base do marketing voltado ao valor, tendo como ob- jetivo atender aos desejos e às necessidades do cliente, conhecer bem o que é, como pensa e porque compra é fundamental. O objetivo é buscar conhecer as necessidades e os desejos do cliente antes mesmo que ele próprio saiba; • Princípio do concorrente: o cliente não é um ser isolado, possuindo outras relações; mesmo que seja um cliente fiel, conversa com outras pessoas que são clientes de outras empresas e nessa relação pode ocor- rer de existir comparações de funcionalidade, estética, durabilidade, efi- ciência etc. Torna-se importante, então, conhecer o que é valor para o cliente, o que a concorrência oferece de valor e, assim, oferecer um valor superior ao que é ofertado pela concorrência; • Princípio proativo: conhecer o cliente e mercado concorrente é boa parte do processo de fidelização, mas melhorias internas no ambiente tornando a empresa algo mais palatável ao olhar do cliente é mais um processo im- portante. Melhorar, mudar e evoluir sem que o cliente solicite ou aponte a necessidade de melhoria seria um ato de o surpreender. Mas deve-se ter em mente o que significará cada melhoria na mudança aos clientes; • Princípio interfuncional: a compreensão de qualidade é cada vez algo para além do produto ou serviço em si, tendo como um dos pontos importantes o atendimento, nível de conhecimento dos colaboradores sobre a empresa, acerca dos serviços ou produtos e de forma ampla. Por exemplo, você já se viu na situação de entrar em contato com uma empresa para fazer alguma solicitação e ter como resposta: “não é comigo” e ser transferido(a) para um novo setor que diz a mesma coisa e novamente lhe transfere, de modo que ao retornar contato precisa repetir toda a situação? Então, ter equipes interfuncionais, que compreendam a empresa e o cliente como um todo é relevante ao fortalecimento do conceito de valor; • Princípio da melhoria contínua: o nível de exigência dos clientes, devi- do à ampliação de opções de compra, tem cada vez mais modelos e mar- cas, cada dia mais tecnologia envolvida, serviços diferenciados e em uma dinâmica cada dia mais veloz e maior. Então, melhorar sempre é uma necessidade. Não podemos nos esquecer de que aquilo que atualmen- te é visto como excelente, amanhã poderá não manter tal percepção. Isto pode ser justificado pela velocidade em que o cenário empresarial se 6 altera, ou seja, o que atualmente é visto como o melhor produto ou ser- viço à disposição, futuramente talvez não venha a ser – podendo ocorrer de surgir algo melhor e mais barato; • Princípio do stakeholder: uma empresa é composta de recursos, se- jam eles humanos, tecnológicos, financeiros, materiais e/ou patrimo- niais, buscando um objetivo comum. De um lado existe a razão de ser da empresa, seus clientes; e do outro os que se propõem a atender a essas necessidades mediante lucro. Nessa estrutura, considera-se os funcionários, acionistas, fornecedores, governos e parceiros etc. Então, compreender os reflexos que as ações de marketing tenham sobre esses stakeholders é essencial, pois pode exigir reestruturação, investimentos e retornos que devem estar em conformidade com as expectativas. Compreender esse consumidor em sua essência é fundamental para que a em- presa trace ações de relacionamento no processo de gestão do mercado consu- midor – seja lá qual e quem for esse consumidor. Olhar a imagem de uma pirâmide invertida (Figura 2), fazendo alusão ao volume, em que se começa de um mercado amplo e vem filtrando até chegar aos clientes efetivos nos permite fazer uma outra pirâmide para compreender o que está por trás desse cliente, mais especificamente conhecendo o seu comportamento, os pontos que talvez as empresas não enxerguem. Por não se enxergar o que está por trás, podemos comparar com um iceberg: Figura 3 – Iceberg humano Fonte: Adaptada de KOTLER, 2013 7 Note que a decisão de compra está na parte visível, enquanto as ações que podem resultar na decisão estão na parte submersa. O que isto significa? Veremos uma aplicação em uma ação de um cidadão qualquer? Imagine que você está em um auditório, assistindo a uma palestra que aparen- temente está interessante. Em determinado momento outro aluno, sentado ao seu lado, repentinamente se levanta e sai do auditório. O comportamento de se levantar e sair é visível, mas os motivos são ocultos. Podemos, assim, fazer um exercício a partir das seguintes perguntas: Oque teria justificado a sua decisão de se retirar? Teria sido alguma necessidade fisiológica? Será que precisaria fazer algum telefonema urgente? Ou será que a palestra para ele estaria chata? Será que alguma coisa dita pelo palestrante o tenha ofendido? Ou algum problema emocional o levou a querer ficar sozinho? Qualquer que seja a resposta, seria exercício de futurologia sem muita base. Tentar entender os motivos dos sins ou nãos de cada cliente é o mesmo exercício e o temos que resolver muito bem, de modo que apenas uma investigação pro- funda poderia dar respostas concretas – talvez perguntar direto para o envolvido seria um caminho. Obviamente, o uso do iceberg é uma metáfora e serve para compreender que o con- sumidor é movido por influências submersas que justificam o seu comportamento. A relação da empresa com seus clientes dependerá das interpretações que ela fizer desses “pontos submersos”. Logo, já pensou se a interpretação for errada? A gestão do mercado consumidor coloca como função do marketing estudar as influências “submersas” que impulsionam e moldam o comportamento dos com- pradores antes de tomar qualquer decisão de marketing, tais como definir preço, promoções e distribuição dos produtos ou serviços, ou mesmo as formas de comunicação – sob a pena de não se atingir efetivamente os objetivos de venda. Na gestão do mercado consumidor temos que entender que o consumidor, antes de tudo, é um ser humano; então, cabe compreender um pouco de psicologia, sociologia, antropologia e economia, por exemplo, podendo esclarecer muito sobre o iceberg humano. Abriremos parênteses para diferenciar os tipos de consumidor, pois para se rela- cionar com eles nada como conhecer bem cada um dos tipos: 8 Consumidor Pessoal É aquele que compra bens e serviços para seu próprio uso, para o lar ou para al- guém como, por exemplo, livros, calçados etc. De forma geral, pode-se dizer que são itens adquiridos para uso final dos indivíduos, chamados de usuários finais ou consumidores finais. Consideremos que nem sempre o consumidor e comprador são as mesmas pes- soas. Por exemplo, a mãe pode comprar algo para um filho, ou um amigo para outro. Ainda, uma pessoa pode escolher um produto para uso de outro e o pa- gamento pode ser feito por um terceiro. Assim, o consumidor pode representar diversos papéis, a saber: • Iniciador: é aquele que sugere a ideia de comprar um produto ou servi- ço. Por exemplo, criança falando: “mãe, quero McDonalds”; • Influenciador: pessoa cujo ponto de vista ou conselho possa influenciar na decisão. Exemplo, pai falando para a criança que ir ao Burger King é melhor, pois as promoções são mais atrativas; ou esposa indicando o móvel a ser comprado para a sala; • Decisor: é aquele que decide quaisquer componentes de uma decisão de compra; aquele que decide o quê, como e onde comprar; • Comprador: aquele que efetivamente realiza a compra; o que fecha o negócio, “bate o martelo”; • Usuário: aquele que consome ou usa o produto ou serviço. Reflita Na empresa em que você atua, conhece quem decide, quem compra, aquele que influencia? O que você sabe sobre eles? Comprador Organizacional Este já envolve empresas, órgãos governamentais, instituições civis (escolas, hos- pitais) e entidades sem fins lucrativos. Por exemplo, uma indústria adquire matéria-prima para suas produções; uma loja comercial compra produtos para revendas. 9 O processo de compra de uma empresa considera certas peculiaridades, sendo mais complexo do que a compra pessoal, principalmente no que se refere ao fluxo dos processos, envolvendo vários departamentos e levando em conside- ração as estratégias da empresa, tais como padrão de qualidade, tipo de cliente que atende, custos envolvidos, volume de compra etc. Nosso foco aqui é tratar da relação com o comprador pessoal, por este motivo tra- taremos pouco sobre ele – ao final desta Unidade voltaremos a esse tipo de cliente. O foco é conhecer e se relacionar com consumidor pessoal, o que exige política de relacionamento. Tradicionalmente, o marketing já teve as seguintes direções: • Orientação para produtos: foco na capacidade de produção para atender à demanda existente; marcou a época da Revolução Industrial. Valorizava a eficiência e produtividade para colocar no mercado um produto acessível; • Orientação para vendas: em um período de ajustes das desorgani- zações da produção em massa, havia muitos produtos parados nas empresas, a ideia era fazer esforço para ampliar volume de vendas. A proposta do marketing era dar descontos, parcelamentos e outros be- nefícios para “empurrar” os produtos para o mercado. As ações eram traçadas para persuadir os clientes; foi um período em que a publicida- de cresceu significativamente; • Orientação para o marketing: após a década de 1950, com o extra- ordinário crescimento da economia estadunidense, as empresas pas- saram por grande período de inovação e diversificação de produtos e serviços. Nascia ali o Marketing como Ciência, em busca de atender às necessidades e aos desejos dos consumidores estadunidenses, visan- do à lucratividade empresarial. O cliente passou a ser tratado como “rei” – lembremos que foi nessa época, precisamente em 1962, que o presidente John Kennedy promulgou a lei dos direitos dos consumido- res dos Estados Unidos; • Orientação para o marketing social: com o crescimento econômico e a ampliação desenfreada de consumo e produção, outra preocupação começou a surgir, a responsabilidade social, mais especificamente en- tre as décadas de 1970 e 1980. Agradar o cliente e obter lucros não era mais suficiente, fazendo-se necessário não degradar o meio ambiente e proporcionar bem-estar geral para a sociedade. Passou a se ter um con- sumidor mais bem informado, mais crítico, vigilante e eticamente cons- ciente de suas escolhas; 10 • Orientação para o marketing de relacionamento: nasceu da competi- tividade mais acirrada e multiplicidade de oferta. Tem como foco a bus- ca e manutenção de um grupo específico de consumidor por meio de produtos e serviços personalizados, em que os consumidores buscam a maior percepção de valor em suas aquisições. Atender à individualidade é a base do marketing de relacionamento, mas se faz ne- cessário pensar em equilíbrio econômico e financeiro para que os negócios sejam autossustentáveis. Conferiremos, então, o conceito de customização em massa. Customização em Massa A ideia é equilibrar volume e customização, de modo que veremos alguns exem- plos que deram certo no mercado. Como conceito, é o desenvolvimento, a produção, marketing e distribuição de bens e serviços acessíveis e com flexibilidade, variedade e customização que sejam sufi- cientes para atender às especificidades de muitos clientes. Será que isto é possível? Em resumo, busca atender a necessidades e desejos de um mercado cada vez mais heterogêneo e em larga escala, alinhando os desejos comuns em grupos comportamentais e aumentando, assim, o valor percebido pelo cliente e, ao fi- delizar, proporcionar lucratividade aos mais variados tipos de empreendimen- tos empresariais. Cuidados na Implementação da Estratégia Para atuar com a customização em massa se faz necessário proporcionar grande variedade (mix) de produtos ou serviços, mas sem renunciar à escala. Isto exige grandes volumes de investimento, no que se refere ao relacionamento com o cliente, pois precisa equilibrar capacidade produtiva e entrega de produtos e ser- viços individualizados com o fator preço, pois existe um limite em que estejam dispostos a pagar. Para atender a essas características é importante um maior nível de relaciona- mento com os fornecedores, pois além de atender a novas demandas, precisam se articular para desenvolver produtos personalizáveis e modularizados para fa- cilitar a produção e escolha do consumidor no ato da aquisição. Eis alguns exemplos de customização em massa: 11 • Streamings de música: Spotify – é líder no mercado brasileirode streaming de música. Para atender às necessidades dos usuários utiliza algoritmos que buscam identificar o gosto de cada um conforme o uso e a configuração inicial para oferecer listas de músicas personalizadas. A ferramenta é única, com robustez, usabilidade idêntica, mas personalizada na oferta do serviço principal, música; • Móveis para casa: disponibiliza aplicativo para que os clientes possam testar em ambiente virtual diversos produtos já prontos e comercializa- dos pela empresa, o que possibilita fazer combinações conforme a ne- cessidade de cada cliente. Reflita Diversas outras opções poderiam ser apontadas, de modo que busque com o seu olhar outras ações que você possa classificar como customização em massa. Cadeia de Relacionamentos Uma empresa comercializa bens ou produtos os quais, por sua vez, precisam ter alguma conectividade com os clientes; em outras palavras, devem atender à alguma necessidade ou desejo – conforme já abordado. No entanto, o nível de exigência dos clientes é cada vez maior, fazendo com que as escolhas estejam cada vez mais permeando questões por fora do produto principal e dando mais atenção para coisas paralelas que de alguma forma ve- nham a agradar os compradores. Para comercializar esses bens e serviços as empresas se organizam em cadeias, que podem ser maiores ou menores conforme os objetivos e tipos de produtos e serviços comercializados. A estrutura da cadeia tem o poder de proporcionar maior agilidade, redução de custo, melhor qualidade, facilidade de acesso nas aquisições, melhor rede de assistência e serviços, agregando, assim, maior valor na percepção dos usuários. Então, com esse olhar, ter um bom produto ou serviço e que tenha preço consi- derado adequado ao público-alvo da empresa e mesmo com uma comunicação bem desenvolvida e muito bem planejada são elementos fundamentais para o desenvolvimento de uma estratégia de marketing; mas se o produto não estiver 12 disponível no local em que o cliente estiver e com uma estratégia adequada no ponto de venda, a empresa certamente não atingirá os objetivos desejados. Os canais de venda ou de marketing – que estamos tratando como canais de distribuição ou de relacionamento – contribuem para oferecer a conveniência desejada pelo consumidor, gerar relacionamentos favoráveis para as diversas marcas ou produtos existentes, facilitar a compra por impulso, entre outras pos- sibilidades que de um lado atenda às necessidades dos clientes e do outro atinja os resultados esperados pela empresa. Definição Canais de marketing ou de relacionamento é um conjunto de empre- sas independentes envolvidas no processo de possibilitar que um produto ou serviço esteja disponível para aquisição. COUGHLAN et al., 2012, p. 2 Da mesma forma que os produtos foram se diversificando para atender a neces- sidades e desejos diversos, os canais de marketing ou de relacionamento também foram se diversificando, obrigando as empresas a buscarem constantemente novas formas de relacionamento e de atendimento através de canais diversificados. O ponto de venda tem grande importância no processo de tomada de decisão de compra. Especialistas em distribuição apontam que 85% das decisões de compra acontecem nesses locais. Para compreender melhor tais pontos veja a figura a seguir: Figura 4 – Principais canais de vendas “ 13 Canal de Venda Direto É o mais comum, um dos mais antigos canais; é aquele em que o fabricante co- mercializa seus produtos diretamente ao consumidor final como, por exemplo, o tradicional vendedor porta a porta. Mas que se diversificou com o advento da internet, o que possibilitou o crescimento do e-commerce, surgindo uma nova possibilidade de vender produtos e serviços sem restrição de região, em uma quantidade maior de consumidor e durante 24 horas por dia, todos os dias do ano – o que seria impensável antes da internet. Essa possibilidade reduziu muito os custos relativos à distribuição através da condição de economia de escala, mesmo sendo personalizado. Um grande exemplo é a Dell computadores, empresa que se diferenciou no mer- cado oferecendo computadores, notebooks e outros periféricos relacionados di- retamente ao consumidor final, através do sistema de venda direto, seja por te- lefone ou internet. Atualmente é comum o cliente se informar sobre o produto na internet, ir até uma loja física para manusear o produto e fechar a compra, mostrando a impor- tância de atuar em canais e meios diversificados. Para conhecer mais pesquise sobre omni-channel, que faz uso simultâneo de di- ferentes canais, unindo os mundos digital e físico e aprimorando, assim, a expe- riência do cliente. Figura 5 – Modelo omni-channel 14 Canal de Venda Indireto É aquele que utiliza em sua estrutura parceiros intermediários entre o fabricante e consumidor final. Podemos apontar como exemplo o distribuidor, os atacadis- tas e as lojas de varejo. Não importa a escolha do canal de distribuição, qualquer uma envolve desde a logística até a estratégia de relacionamento junto aos intermediários e tem como objetivo agregar valor ao produto ou serviço. Reflita Como traçar estratégia de escolha do melhor canal de distribui- ção ou de se relacionar com o cliente? Relembremos que o canal de distribuição é a forma em que o produto ou serviço ficará disponível para o comprador. Então, sugere-se para uma escolha adequa- da do canal de distribuição os seguintes pontos: • Tipo de produto ou serviço a ser comercializado; • Estratégias já adotadas por empresas do mesmo segmento para o mes- mo público; • Disponibilidade – existente e possível – de canais de distribuição; • Poder de barganha de cada player no mercado; • Características do negócio e fatores organizacionais; • Características e/ou perfis dos clientes e aspectos relacionados ao am- biente onde se propõe comercializar. A escolha do canal adequado faz parte da estratégia de relacionamento que se pretende ter com os clientes e com o mercado. É importante lembrar que não existe canal melhor ou pior, mas canal alinhado com as estratégias escolhidas. Para elucidar observemos o gráfico a seguir: 15 Figura 6 O que entendemos desta discussão? A escolha do canal dependerá do produto ou serviço que se pretenda comercializar, dependerá ainda do volume que se pretenda comercializar, se terá assistência técnica ou não e como seria esse su- porte, do valor agregado necessário para atender a determinadas necessidades e desejos e, por fim, qual o nível de atendimento que o produto ou serviço exigirá. Ademais, não se pode esquecer de analisar os concorrentes, pois o ambiente externo é fundamental. Responda questões como as seguintes: como os concorrentes comer- cializam seus produtos ou serviços? Existem canais alternativos para se diferenciar dos concorrentes? Qual é o poder dos concorrentes na cadeia na qual faz parte? Qual é a participação de mercado dos principais concorrentes? Qual é a capacidade financeira, logística, de vendas, produção e de marketing dos principais concorrentes? Quais são as condições legais, econômicas, culturais e tecnológicas que o mercado oferece? 16 O relacionamento com o cliente exige uma estrutura empresarial e organiza- cional na retaguarda e em seu planejamento. Indica-se ainda fazer uma análise Strengths, Weaknesses, Opportunities, Threats (SWOT) da empresa, apontando pon- tos fortes e fracos nos aspectos internos, assim como ameaças e oportunidades nos aspectos externos. O toque especial no planejamento deverá estudar as características e o perfil do consumidor, a saber: • O que é conveniente para ele? • Qual é o valor agregado que o cliente busca no ato da compra? • Onde ele está localizado geograficamente? • Quais são seus hábitos? A escolha do canal de distribuição para manter um relacionamento diferenciado com os clientes tem a função de agregar valor ao produto, serviço, marca e, prio- ritariamente, aos consumidores, de modo que a operaçãopoderá ser desenhada sob as óticas empresarial e de mercado. Mas qual será a diferença? Figura 7 Do ponto de vista empresarial um dos objetivos da escolha de uma cadeia de distribuição é a redução de custo, seja no processo de compra, recebimento, ar- mazenagem, produção, venda e distribuição – mas lembre-se, redução de custo não significa que deverá vender mais barato. 17 Reflita Imagine-se gestor(a) de uma empresa, de modo que ao reorga- nizar as operações você conseguiu reduzir em 30% os custos do produto. O que você acha disto? E como o faria? • Reduziria o preço de venda para ampliar a participação de mercado? • Manteria o preço de venda para ampliar o lucro da em- presa? • Manteria o preço de venda e usaria margem maior para agregar novos serviços na relação com o cliente? • Manteria o preço de venda e usaria margem maior para bo- nificar ou agradar os colaboradores da empresa? Considerando que não há resposta certa, mas sim alinhada aos objetivos da empresa, com o olhar do que foi discutido até aqui, reflita sobre o seu ponto de vista, qual seria a sua escolha? A visão empresarial tem como objetivo a escolha da cadeia para melhorar ou construir estratégias de comunicação com os envolvidos, melhorar a conexão com seus parceiros, possibilitando manter estoques menos onerosos, agilizando a solução de problemas, ter uma tomada de decisão mais alinhada com as mu- danças no mercado dinâmico etc. Comunicação na rede é um diferencial competitivo de difícil cópia pelos concor- rentes, pois depende de uma relação desenvolvida, que não envolve só tecnolo- gia, como também postura de gestão em cadeia e possibilita comprar melhor, assim como receber, conferir, estocar, controlar, produzir mais, viabilizando me- lhores níveis de atendimento. Envolver parceiros sem os seus planos e operações é algo comumente não percebido, mas que está lá e é relevante, sendo a divisão dos riscos do negócio com o mercado. Pelo ponto de vista do mercado, a escolha ideal da cadeia possibilita compar- tilhar atendimento aos clientes, inclusive estoques e atendimento do ponto de venda. Neste sentido, imagine dois cenários: • Rede de farmácias: compra em grande volume de seus medicamentos, recebendo-os em um centro de distribuição e os repassando para as lojas conforme as vendas se concretizam. Trata-se de operação acompanhada via sistema. Desta forma, tudo o que uma loja vende em um dia, o centro 18 de distribuição repõe no dia seguinte, atuando com mais de 1.950 veículos próprios e aproximadamente 100 pessoas envolvidas com as entregas, além dos 50 que atuam na operação de comprar, receber, conferir, dar entrada em sistema, separar pedidos e controles gerais de estoque; • Uma rede de farmácia de mesma proporção tem operação com labora- tórios para a entrega direta em suas lojas conforme relatórios semanais de venda enviados para o comercial de seus representantes. Assim, a rede não tem centro de distribuição, de modo que cada loja recebe dire- ta e diariamente dos fornecedores os pedidos realizados. Cada loja faz suas conferências, registra em sistema e os disponibiliza para venda. Reflita Sobre os dois modelos, quais observações você faz? O que há de positivo e negativo em cada situação? Qual é o reflexo disso na relação com os clientes? Ainda do ponto de vista do mercado, outro objetivo é fortalecer a marca por ter relação diferenciada com os clientes, de modo que por ter este fortalecimento, a marca melhora as suas relações com os consumidores – tudo o que é desenvol- vido em uma organização tem como objetivo o cliente. Todo o processo e relacionamento com os clientes no ato da venda devem ser desenvolvidos em uma relação de ganha-ganha, devendo ser foco de o canal de vendas desenvolver modelo que satisfaça a todos os envolvidos, que agrade clientes e que seja rentável para a empresa – mas sem renunciar à ética profissio- nal e responsabilidade social e ambiental, envolvendo questões como a prática de preços abusivos, venda de produtos fora dos respectivos prazos de validade, fazer promoção de produtos que estejam próximos do vencimento, ou mesmo a venda de produtos com problemas de fabricação conhecidos. O canal deve ainda auxiliar no descarte correto do produto, olhar para questões de logística reversa, preocupando-se com as embalagens utilizadas – sobre como impactam o meio ambiente. Não é tarefa fácil oferecer, através da embalagem, algo atrativo visualmente, informacional, que proteja, facilitando o transporte e a armazenagem, que cumpra os aspectos legais e ao mesmo tempo que colabore na preservação ambiental. Uma escolha adequada, um planejamento correto e com o olhar para o cliente cada vez mais interferem diretamente na imagem de uma marca e no processo de decisão de compra por parte dos clientes. Para elucidar essa situação há uma história, verda- deira ou fictícia (não sabemos), mas extremamente valiosa e reproduzida a seguir: 19 Dias atrás verificando minhas mensagens de e-mail, recebi sem iden- tificação e sem autoria um texto, relatando uma história muito curio- sa, que merece algumas reflexões por parte daqueles que se preo- cupam com o bom atendimento aos consumidores dos produtos e serviços oferecidos pelas organizações. O título dizia o seguinte: Não importa quão “louco” você possa achar que alguns de nossos clientes possam ser, eles podem estar certos. Tempos atrás uma queixa foi recebida pela Divisão Pontiac da Gene- ral Motors. Onde o cliente relatava a história a seguir: Esta é a segunda vez que eu escrevo a vocês e não os culpo por não me responderem, porque eu posso parecer louco, mas o fato é que nós temos a tradição, em nossa família, de ter sorvete como sobre- mesa todas as noites após jantar. Mas o tipo de sorvete varia. Então, todas as noites, após termos jantado, a família vota e escolhe em um sabor de sorvete e eu me dirijo até a loja para comprá-lo. Pois bem, recentemente comprei um novo Pontiac – modelo da Gene- ral Motors – e desde então minhas idas à loja têm sido um problema. Toda vez que eu compro sorvete de baunilha, quando eu volto da loja para minha casa, o carro não funciona. Mas se eu levo qualquer outro tipo de sorvete o carro funciona normalmente. Eu quero que vocês saibam que estou sendo sério em relação a esta questão, não importa quão tola ela pareça: o que acontece com o Pontiac que o faz não funcionar quando eu compro sorvete de bauni- lha e funciona toda vez que compro outro sabor? O presidente da Pontiac ficou sem compreender a carta, mas enviou um engenheiro para checar o assunto. Esse ficou surpreso por ter sido rece- bido por um homem bem-sucedido, educado e de bons relacionamentos. O técnico, então, combinou de encontrar o homem logo após o jan- tar. Os dois entraram no carro e se dirigiram até a loja de sorvetes. Naquela noite foi escolhido o sorvete de sabor baunilha. Com a cer- teza de que depois que retornassem ao carro, ele não iria funcionar, e foi o que realmente aconteceu. O engenheiro retornou por mais três noites. Na primeira noite, o ho- mem escolheu o sabor chocolate. O carro funcionou. Na segunda noi- te, escolheu morango. O carro funcionou. Na terceira noite, pegou o de baunilha. O carro falhou. Sendo um homem lógico, o engenheiro recusou-se a acreditar que o carro daquele homem era “alérgico” a baunilha. Sendo assim, 20 combinaram de continuar as visitas até que conseguisse resolver o problema. Então começou a fazer anotações. Anotou todos os tipos de dados, hora do dia, tipo de combustível usado, hora de dirigir etc. Em pouco tempo, ele tinha uma pista. O homem levava menos tempo para comprar o sorvete de baunilha do que qualquer outro sabor. Por quê? O engenheiro percebeu que a resposta estava na disposição dos sor- vetes na loja. O sorvete de baunilha, sendo o sabor mais popular, esta- va numa caixa separada na frente da loja para ser pego rapidamente. Todos os outros sabores eram mantidos nos fundos a loja, num outrobalcão, o que acarretava uma demora considerável para pegá-los. Agora a pergunta para o engenheiro era: por que o carro não queria funcionar quando se levava menos tempo? Uma vez identificado o problema – não o sorvete de baunilha – o en- genheiro veio rapidamente com a resposta. Era a saída do vapor. Acontecia sempre, todas as noites. O tempo extra para pegar os ou- tros sabores de sorvete deixava o motor esfriar o suficiente para fun- cionar tranquilamente. Mas quando o homem pegava o sorvete de baunilha – que estava mais próximo – o motor ainda estava quente para o vapor ter se dissipado. Moral da história: Não importa quanto absurda ou maluca possa ser a reclamação de um cliente. Sempre ouça com atenção as reclama- ções e esteja sempre disponível para resolver seus problemas. Pois como diz o ditado: O cliente sempre tem razão. Portal do Marketing 4 Mercados Organizacionais Quando pensamos em marketing, em especial marketing de relacionamento, au- tomaticamente nos vem à mente bens de consumo, tais como produtos de higie- ne, televisores, calçados etc. Mas não podemos ignorar que as grandes transa- ções de mercado envolvem relações entre empresas e órgãos de governo. Antes de acontecer o Business to Consumer (B2C), ou relação de empresa/cliente, ocorre o Business to Business (B2B), negócios de empresas para empresas. Em outras palavras, antes de termos carros da Volkswagen nas concessionárias para que os clientes comprem o modelo de seu gosto, foi necessário adquirir velas, tecidos e peças diversas de outras empresas. Além disso, as organizações 21 apresentam como hábito focar no core business – ou atividade-fim –, de modo que terceirizam tudo o que se refere a atividade meio, tais como segurança, limpeza etc. Todos esses exemplos são de relações entre organizações. Os compradores organizacionais são heterogêneos, podendo ser desde uma pe- quena oficina mecânica de um bairro a uma grande indústria como a Volkswagen; de um pequeno buffet familiar a um imenso órgão governamental como a Previdência Social. Assim, conheceremos esse tipo de mercado e as suas características compara- das ao mercado consumidor. Quadro 1 – Comparação entre compradores organizacionais e consumidores Características Compradores organizacionais Consumidores Número de compradores no mercado Poucos Muitos Tamanho das compras (quantidade em valor unitário) Grande Pequeno Critérios de decisão Primariamente racionais Racionais e emocionais Interdependência entre comprador e vendedor Forte Fraca Número de pessoas envolvidas nas decisões de compra Muitas Poucas Para traçar estratégias de relacionamento com o mercado B2B é importante co- nhecer tais características, saber que a relação com outra empresa requer dinâ- mica diferenciada no desenvolvimento de estratégias de relacionamento, pois os objetivos são diferentes. Os clientes organizacionais consideram aspectos que vão além das característi- cas dos produtos ou serviços, podendo ser importante na decisão, por exemplo, a capacidade de flexibilidade ao seu fluxo produtivo, ao tamanho de lote, tipos de embalagem etc. 22 Em resumo, uma empresa procura parceiros que facilitem a sua vida no proces- so produtivo e atendimento ao mercado. O fator confiança toma uma dimensão ainda mais relevante, pois a ausência do produto certo no lugar certo pode gerar a ruptura de produção, com o mercado não atendido devidamente, além de inú- meros outros problemas. Aqui foi necessário diferenciar um do outro, mas não discorremos sobre esta temática, de modo que estude os materiais complementares desta Unidade para saber um pouco mais sobre este assunto. MATERIAL COMPLEMENTAR Site Ferramenta de Relacionamento com os Clientes https://bit.ly/3r9QRf6 Vídeos Comportamento do Consumidor: uma Análise da Mente e do Coração dos seus Clientes https://youtu.be/W0e0Snp0_tw Comportamento do Comprador Organizacional https://youtu.be/wDL9WWn00mg https://bit.ly/3r9QRf6 https://youtu.be/W0e0Snp0_tw https://youtu.be/wDL9WWn00mg REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS CHURCHILL, G. A. Marketing: criando valor aos clientes. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2012. DEMO, G. Marketing de relacionamento & comportamento do consumidor: estado da arte, produção nacional, novas medidas e estudos empíricos. 1. ed. São Paulo: Atlas, 2015. KOTLER, P. Administração de marketing. 14. ed. São Paulo: Pearson Education do Brasil, 2012. KOTLER, P. Ten deadly marketing sins. 1 ed. Hoboken, NJ, USA: John Wiley & Sons, 2004. KOTLER, P. Marketing de crescimento: estratégias para conquistar mercados. 1. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2013. O CARRO que não gostava de sorvete de baunilha. Portal do Marketing, 01/03/2007. Disponível em: . Acesso em: 27/08/2021. SAMARA, B. S. Comportamento do consumidor: conceito e casos. 1. ed. São Paulo: Prentice Hall, 2005. SILVA, F. G.; ZAMBON, M. S. Gestão do relacionamento com o cliente. 3. ed. rev. São Paulo: Cengage, 2015. SZABO, V. Gestão do relacionamento com o cliente. 1. ed. São Paulo: Pearson Edu- cation do Brasil, 2015.