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Metodologia Inovadora Hexag

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Itallo Cortez

em

Ferramentas de estudo

Questões resolvidas

Apesar disso, de modo geral, suas questões são bastante objetivas. Qual é o conceito de palavras primitivas e derivadas?

a) Palavras primitivas são aquelas que derivam de outras; palavras derivadas não derivam de outras.
b) Palavras primitivas são aquelas que não derivam de outras; palavras derivadas originam-se de palavras primitivas.
c) Palavras primitivas e derivadas são conceitos irrelevantes na formação de palavras.

Variação diastrática Também conhecida como variação social, ocorre quando percebemos que a linguagem apresenta variações por conta de dois fatores mais gerais: § fatores socio

Trata-se de uma função que, para atingir seus objetivos, manipula figuras de linguagem, trocadilhos e quebras ou distorções de sequências sintáticas. Parte-se do pressuposto que todo o poema já é uma função poética. Não obstante, é possível encontrar tal função em prosas poéticas (como os textos de Guimarães Rosa, por exemplo), ou em textos publicitários que manipulam trocadilhos nas mensagens de suas propagandas.

a) Função emotiva
b) Função poética
c) Função referencial

Qual é a função que ocorre quando se usa um código (algum modelo comunicativo) por meio do próprio código?

a) Função conativa
b) Função metalinguística
c) Função fática

O que é a variação linguística?

a) A diversificação dos sistemas de uma língua em relação às possibilidades de mudança de seus elementos.
b) A padronização da linguagem em um único formato.
c) A exclusão de variações regionais na língua.

Qual é a corrente literária barroca que valoriza a clareza das ideias, a lógica e o bom uso da retórica, tendo como principal expoente Francisco de Quevedo?

a) Cultismo.
b) Conceptismo.
c) Eufuísmo.

Conteúdos de maior incidência em provas de vestibular
a) Lembrar que o substantivo é chamado também de “nome”
b) Saber que o substantivo é precedido de artigo (e que pode vir também precedido ou acompanhado de outras categorias gramaticais)

Qual é a função poética?

a) Alterações na estrutura da mensagem para modificar as relações do ouvinte com o conteúdo expresso.
b) Manipulação de figuras de linguagem, trocadilhos e quebras ou distorções de sequências sintáticas.
c) Uso de um código por meio do próprio código para estabelecer comunicação.

O que é variação diatópica?

a) Diversificação dos sistemas de uma língua em relação às possibilidades de mudança de seus elementos.
b) Variação da linguagem de acordo com o espaço em que é operada.
c) Variação histórica da linguagem de acordo com o tempo em que é operada.

Qual é a temática predominante da lírica camoniana, especialmente em seus sonetos?

A) A perenidade das coisas e o conflito sobre o platonismo.
B) O mundo em desencanto e a visão pessimista do mundo.
C) A mudança constante e a esperança na transformação.
D) A busca pelo amor puro e a ligação entre alma e corpo.

Material
páginas com resultados encontrados.
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Questões resolvidas

Apesar disso, de modo geral, suas questões são bastante objetivas. Qual é o conceito de palavras primitivas e derivadas?

a) Palavras primitivas são aquelas que derivam de outras; palavras derivadas não derivam de outras.
b) Palavras primitivas são aquelas que não derivam de outras; palavras derivadas originam-se de palavras primitivas.
c) Palavras primitivas e derivadas são conceitos irrelevantes na formação de palavras.

Variação diastrática Também conhecida como variação social, ocorre quando percebemos que a linguagem apresenta variações por conta de dois fatores mais gerais: § fatores socio

Trata-se de uma função que, para atingir seus objetivos, manipula figuras de linguagem, trocadilhos e quebras ou distorções de sequências sintáticas. Parte-se do pressuposto que todo o poema já é uma função poética. Não obstante, é possível encontrar tal função em prosas poéticas (como os textos de Guimarães Rosa, por exemplo), ou em textos publicitários que manipulam trocadilhos nas mensagens de suas propagandas.

a) Função emotiva
b) Função poética
c) Função referencial

Qual é a função que ocorre quando se usa um código (algum modelo comunicativo) por meio do próprio código?

a) Função conativa
b) Função metalinguística
c) Função fática

O que é a variação linguística?

a) A diversificação dos sistemas de uma língua em relação às possibilidades de mudança de seus elementos.
b) A padronização da linguagem em um único formato.
c) A exclusão de variações regionais na língua.

Qual é a corrente literária barroca que valoriza a clareza das ideias, a lógica e o bom uso da retórica, tendo como principal expoente Francisco de Quevedo?

a) Cultismo.
b) Conceptismo.
c) Eufuísmo.

Conteúdos de maior incidência em provas de vestibular
a) Lembrar que o substantivo é chamado também de “nome”
b) Saber que o substantivo é precedido de artigo (e que pode vir também precedido ou acompanhado de outras categorias gramaticais)

Qual é a função poética?

a) Alterações na estrutura da mensagem para modificar as relações do ouvinte com o conteúdo expresso.
b) Manipulação de figuras de linguagem, trocadilhos e quebras ou distorções de sequências sintáticas.
c) Uso de um código por meio do próprio código para estabelecer comunicação.

O que é variação diatópica?

a) Diversificação dos sistemas de uma língua em relação às possibilidades de mudança de seus elementos.
b) Variação da linguagem de acordo com o espaço em que é operada.
c) Variação histórica da linguagem de acordo com o tempo em que é operada.

Qual é a temática predominante da lírica camoniana, especialmente em seus sonetos?

A) A perenidade das coisas e o conflito sobre o platonismo.
B) O mundo em desencanto e a visão pessimista do mundo.
C) A mudança constante e a esperança na transformação.
D) A busca pelo amor puro e a ligação entre alma e corpo.

Prévia do material em texto

Caro aluno 
Ao elaborar o seu material inovador, completo e moderno, o Hexag considerou como principal diferencial sua exclusiva metodologia em período integral, com aulas e Estudo 
Orientado (E.O.), e seu plantão de dúvidas personalizado. O material didático é composto por 6 cadernos de aula e 107 livros, totalizando uma coleção com 113 exemplares. 
O conteúdo dos livros é organizado por aulas temáticas. Cada assunto contém uma rica teoria que contempla, de forma objetiva e transversal, as reais necessidades dos 
alunos, dispensando qualquer tipo de material alternativo complementar. Para melhorar a aprendizagem, as aulas possuem seções específicas com determinadas finalidades. 
A seguir, apresentamos cada seção:
De forma simples, resumida e dinâmica, essa seção foi desen-
volvida para sinalizar os assuntos mais abordados no Enem e 
nos principais vestibulares voltados para o curso de Medicina 
em todo o território nacional.
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS
Todo o desenvolvimento dos conteúdos teóricos de cada co-
leção tem como principal objetivo apoiar o aluno na resolu-
ção das questões propostas. Os textos dos livros são de fácil 
compreensão, completos e organizados. Além disso, contam 
com imagens ilustrativas que complementam as explicações 
dadas em sala de aula. Quadros, mapas e organogramas, em 
cores nítidas, também são usados e compõem um conjunto 
abrangente de informações para o aluno que vai se dedicar 
à rotina intensa de estudos.
TEORIA
No decorrer das teorias apresentadas, oferecemos uma cui-
dadosa seleção de conteúdos multimídia para complementar 
o repertório do aluno, apresentada em boxes para facilitar a
compreensão, com indicação de vídeos, sites, filmes, músicas, 
livros, etc. Tudo isso é encontrado em subcategorias que fa-
cilitam o aprofundamento nos temas estudados – há obras
de arte, poemas, imagens, artigos e até sugestões de aplicati-
vos que facilitam os estudos, com conteúdos essenciais para 
ampliar as habilidades de análise e reflexão crítica, em uma
seleção realizada com finos critérios para apurar ainda mais
o conhecimento do nosso aluno.
MULTIMÍDIA
Atento às constantes mudanças dos grandes vestibulares, é 
elaborada, a cada aula e sempre que possível, uma seção que 
trata de interdisciplinaridade. As questões dos vestibulares 
atuais não exigem mais dos candidatos apenas o puro co-
nhecimento dos conteúdos de cada área, de cada disciplina.
Atualmente há muitas perguntas interdisciplinares que abran-
gem conteúdos de diferentes áreas em uma mesma questão, 
como Biologia e Química, História e Geografia, Biologia e Ma-
temática, entre outras. Nesse espaço, o aluno inicia o contato 
com essa realidade por meio de explicações que relacionam 
a aula do dia com aulas de outras disciplinas e conteúdos de 
outros livros, sempre utilizando temas da atualidade. Assim, 
o aluno consegue entender que cada disciplina não existe de 
forma isolada, mas faz parte de uma grande engrenagem no 
mundo em que ele vive.
CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS
Um dos grandes problemas do conhecimento acadêmico 
é o seu distanciamento da realidade cotidiana, o que difi-
culta a compreensão de determinados conceitos e impede 
o aprofundamento nos temas para além da superficial me-
morização de fórmulas ou regras. Para evitar bloqueios na
aprendizagem dos conteúdos, foi desenvolvida a seção “Vi-
venciando“. Como o próprio nome já aponta, há uma preo-
cupação em levar aos nossos alunos a clareza das relações
entre aquilo que eles aprendem e aquilo com que eles têm
contato em seu dia a dia.
VIVENCIANDO
Essa seção foi desenvolvida com foco nas disciplinas que fa-
zem parte das Ciências da Natureza e da Matemática. Nos 
compilados, deparamos-nos com modelos de exercícios re-
solvidos e comentados, fazendo com que aquilo que pareça 
abstrato e de difícil compreensão torne-se mais acessível e 
de bom entendimento aos olhos do aluno. Por meio dessas 
resoluções, é possível rever, a qualquer momento, as explica-
ções dadas em sala de aula.
APLICAÇÃO DO CONTEÚDO
Sabendo que o Enem tem o objetivo de avaliar o desem-
penho ao fim da escolaridade básica, organizamos essa 
seção para que o aluno conheça as diversas habilidades e 
competências abordadas na prova. Os livros da “Coleção 
Vestibulares de Medicina” contêm, a cada aula, algumas 
dessas habilidades. No compilado “Áreas de Conhecimento 
do Enem” há modelos de exercícios que não são apenas 
resolvidos, mas também analisados de maneira expositiva e 
descritos passo a passo à luz das habilidades estudadas no 
dia. Esse recurso constrói para o estudante um roteiro para 
ajudá-lo a apurar as questões na prática, a identificá-las na 
prova e a resolvê-las com tranquilidade.
ÁREAS DE CONHECIMENTO DO ENEM
Cada pessoa tem sua própria forma de aprendizado. Por isso, 
criamos para os nossos alunos o máximo de recursos para 
orientá-los em suas trajetórias. Um deles é o ”Diagrama de 
Ideias”, para aqueles que aprendem visualmente os conte-
údos e processos por meio de esquemas cognitivos, mapas 
mentais e fluxogramas.
Além disso, esse compilado é um resumo de todo o conteúdo 
da aula. Por meio dele, pode-se fazer uma rápida consulta 
aos principais conteúdos ensinados no dia, o que facilita a 
organização dos estudos e até a resolução dos exercícios.
DIAGRAMA DE IDEIAS
© Hexag SiStema de enSino, 2018
Direitos desta edição: Hexag Sistema de Ensino, São Paulo, 2022 
Todos os direitos reservados.
Coordenador-geral
Raphael de Souza Motta
reSponSabilidade editorial, programação viSual, reviSão e peSquiSa iConográfiCa 
Hexag Sistema de Ensino
editoração eletrôniCa
Felipe Lopes Santos
Letícia de Brito Ferreira
Matheus Franco da Silveira
projeto gráfiCo e Capa
Raphael de Souza Motta
imagenS
Freepik (https://www.freepik.com)
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Pixabay (https://www.pixabay.com)
ISBN: 978-65-88825-97-6
Todas as citações de textos contidas neste livro didático estão de acordo com a legislação, tendo por fim único e exclusi-
vo o ensino. Caso exista algum texto a respeito do qual seja necessária a inclusão de informação adicional, ficamos à dis-
posição para o contato pertinente. Do mesmo modo, fizemos todos os esforços para identificar e localizar os titulares dos 
direitos sobre as imagens publicadas e estamos à disposição para suprir eventual omissão de crédito em futuras edições.
O material de publicidade e propaganda reproduzido nesta obra é usado apenas para fins didáticos, não repre-
sentando qualquer tipo de recomendação de produtos ou empresas por parte do(s) autor(es) e da editora.
2022
Todos os direitos reservados para Hexag Sistema de Ensino.
Rua Luís Góis, 853 – Mirandópolis – São Paulo – SP
CEP: 04043-300
Telefone: (11) 3259-5005
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contato@hexag.com.br
SUMÁRIO
ENTRE LETRAS
GRAMÁTICA 5
AULAS 1 E 2: FORMAÇÃO DE PALAVRAS 7
AULAS 3 E 4: ARTIGOS, SUBSTANTIVOS E ADJETIVOS 15
AULAS 5 E 6: VERBOS: NOÇÕES PRELIMINARES E MODOS INDICATIVO E SUBJUNTIVO 23
AULAS 7 E 8: VERBOS: MODO IMPERATIVO E VOZES VERBAIS 30
INTERPRETAÇÃO DE TEXTOS 33
AULA 1: FUNÇÕES DA LINGUAGEM I 35
AULA 2: FUNÇÕES DA LINGUAGEM II 38
AULA 3: VARIAÇÃO LINGUÍSTICA I 40
AULA 4: VARIAÇÃO LINGUÍSTICA II 42
LITERATURA 43
AULAS 1 E 2: FUNDAMENTOS PARA O ESTUDO LITERÁRIO: ARTE E TÉCNICA 45
AULAS 3 E 4: TROVADORISMO E HUMANISMO 54
AULAS 5 E 6: RENASCIMENTO: CLASSICISMO E LUÍS VAZ DE CAMÕES 63
AULAS 7 E 8: QUINHENTISMO E ESTÉTICA BARROCA 70
Co
m
pe
tê
n
Ci
a
 1 Aplicar as tecnologias da comunicação e da informação na escola, no trabalho e em outros contextos relevantes para sua vida.
H1 Identificar as diferentes linguagens e seus recursos expressivos como elementos de caracterização dos sistemas de comunicação.
H2 Recorrer aos conhecimentos sobre as linguagens dos sistemas de comunicação e informação para resolver problemas sociais.
H3 Relacionar informações geradas nos sistemas de comunicação e informação, considerando a função social desses sistemas.
H4 Reconhecer posições críticas aos usos sociaisque são feitos das linguagens e dos sistemas de comunicação e informação.
Co
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Ci
a
 2 Conhecer e usar língua(s) estrangeira(s) moderna(s) como instrumento de acesso a informações e a outras culturas e grupos sociais.
H5 Associar vocábulos e expressões de um texto em LEM ao seu tema.
H6 Utilizar os conhecimentos da LEM e de seus mecanismos como meio de ampliar as possibilidades de acesso a informações, tecnologias e culturas.
H7 Relacionar um texto em LEM, as estruturas linguísticas, sua função e seu uso social.
H8 Reconhecer a importância da produção cultural em LEM como representação da diversidade cultural e linguística.
Co
m
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Ci
a
 3 Compreender e usar a linguagem corporal como relevante para a própria vida, integradora social e formadora da identidade.
H9 Reconhecer as manifestações corporais de movimento como originárias de necessidades cotidianas de um grupo social.
H10 Reconhecer a necessidade de transformação de hábitos corporais em função das necessidades cinestésicas.
H11
Reconhecer a linguagem corporal como meio de interação social, considerando os limites de desempenho e as alternativas de adaptação para 
diferentes indivíduos.
Co
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Ci
a
 4 Compreender a arte como saber cultural e estético gerador de significação e integrador da organização do mundo e da própria identidade.
H12 Reconhecer diferentes funções da arte, do trabalho da produção dos artistas em seus meios culturais.
H13 Analisar as diversas produções artísticas como meio de explicar diferentes culturas, padrões de beleza e preconceitos.
H14
Reconhecer o valor da diversidade artística e das inter-relações de elementos que se apresentam nas manifestações de vários grupos sociais e 
étnicos.
Co
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Ci
a
 5 Analisar, interpretar e aplicar recursos expressivos das linguagens, relacionando textos com seus contextos, mediante a natureza, função,
organização, estrutura das manifestações, de acordo com as condições de produção e recepção.
H15 Estabelecer relações entre o texto literário e o momento de sua produção, situando aspectos do contexto histórico, social e político.
H16 Relacionar informações sobre concepções artísticas e procedimentos de construçãodo texto literário.
H17 Reconhecer a presença de valores sociais e humanos atualizáveis e permanentes no patrimônio literário nacional.
Co
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Ci
a
 6 Compreender e usar os sistemas simbólicos das diferentes linguagens como meios de organização cognitiva da realidade pela constitu-
ição de significados, expressão, comunicação e informação.
H18 Identificar os elementos que concorrem para a progressão temática e para a organização e estruturação de textos de diferentes gêneros e tipos.
H19 Analisar a função da linguagem predominante nos textos em situações específicas de interlocução.
H20 Reconhecer a importância do patrimônio linguístico para a preservação da memória e da identidade nacional.
Co
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Ci
a
 7
Confrontar opiniões e pontos de vista sobre as diferentes linguagens e suas manifestações específicas.
H21 Reconhecer em textos de diferentes gêneros, recursos verbais e não-verbais utilizados com a finalidade de criar e mudar comportamentos e hábitos.
H22 Relacionar, em diferentes textos, opiniões, temas, assuntos e recursos linguísticos.
H23 Inferir em um texto quais são os objetivos de seu produtor e quem é seu público alvo, pela análise dos procedimentos argumentativos utilizados.
H24
Reconhecer no texto estratégias argumentativas empregadas para o convencimento do público, tais como a intimidação, sedução, comoção, 
chantagem, entre outras.
Co
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tê
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Ci
a
 8 Compreender e usar a língua portuguesa como língua materna, geradora de significação e integradora da organização do mundo e da
própria identidade.
H25 Identificar, em textos de diferentes gêneros, as marcas linguísticas que singularizam as variedades linguísticas sociais, regionais e de registro.
H26 Relacionar as variedades linguísticas a situações específicas de uso social.
H27 Reconhecer os usos da norma padrão da língua portuguesa nas diferentes situações de comunicação.
Co
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tê
n
Ci
a
 9
Entender os princípios, a natureza, a função e o impacto das tecnologias da comunicação e da informação na sua vida pessoal e social, 
no desenvolvimento do conhecimento, associando-o aos conhecimentos científicos, às linguagens que lhes dão suporte, às demais tec-
nologias, aos processos de produção e aos problemas que se propõem solucionar.
H28 Reconhecer a função e o impacto social das diferentes tecnologias da comunicação e informação.
H29 Identificar pela análise de suas linguagens, as tecnologias da comunicação e informação.
H30 Relacionar as tecnologias de comunicação e informação ao desenvolvimento das sociedades e ao conhecimento que elas produzem.
MATRIZ DE REFERÊNCIA DO ENEM 
LINGUAGENS
CÓDIGOS
e suas tecnologias
ENTREENTRE
LETRASLETRAS
TEORiA
DEDE AULAAULA
LINGUAGENS
CÓDIGOS
e suas tecnologias
ENTREENTRE
LETRASLETRAS
TEORiA
DEDE AULAAULA
GRAMÁTICA
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INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS
UFMG
Dentre os temas abordados neste ca-
derno, o de maior incidência no ENEM 
é o uso de tempos verbais. Os demais 
temas são de aplicação bastante es-
porádica.
As maiores ocorrências no vestibular da 
Fuvest são regência verbal e normas pa-
drão e coloquial. É comum que a prova 
exija do candidato conhecimentos sobre 
aspectos morfossintáticos. Convém aten-
tar-se sobre advérbios, tempos e vozes 
verbais.
Como uma prova transversal, a exigência 
de conhecimentos tende a se alargar a 
outros assuntos. Dessa maneira, é com-
preensível que se veja os significados 
textuais que a mudança de classes de 
palavras, a pontuação ou mesmo aspec-
tos coesivos podem provocar 
no texto.
Vê-se maior incidência de temas que se 
orientam sobre os processos de forma-
ção de palavras e a utilização das vozes 
verbais. No mais, assuntos como a apli-
cação de classes de palavras em determi-
nados contextos surgem com frequência.
Bastante objetivo, o vestibular da Unesp 
exige domínio acerca dos sentidos deno-
tativos e conotativos que uma palavra 
pode ter em determinado contexto, além 
da compreensão de classes gramaticais. 
Tempos verbais e suas aplicações tam-
bém são frequentes.
Nesse vestibular, aspectos semânticos de 
um termo dentro de seu contexto são o 
ponto de partida para a resolução das 
questões. Também, poderá ser exigido do 
candidato compreender as possibilidades 
de variação linguística.
Os temas de maior incidência são a com-
preensão conotativa e denotativa de ter-
mos no âmbito de determinado texto e 
o uso das pontuações para a construção 
de sentido. Além disso, temas que atra-
vessam conhecimentos a respeito das 
classes gramaticais.
Concordâncias verbal e nominal, regên-
cia e aspectos sintáticos na dinâmica 
de um texto aparecem com frequência 
nas provas. De igual modo, as diferentes 
situações que conduzem a pontuação 
também aparecem com frequência.
Bastante direto e objetivo, o vestibular 
da Santa Casa faz exigências de com-
preensão sobre vozes verbais e classes 
gramaticais. É seguro, então, entender os 
procedimentos textuais que configuram 
as especificidades destes temas. Tam-
bém, a atenção à pontuação 
é uma constante.
A prova da UEL cobra conhecimentos 
gramaticais apenas na segunda fase. 
Questões que associam a semântica à 
interpretação de textos literários são co-
muns, além de um trabalho mais direcio-
nado à formação de palavras e às classes 
gramaticais (substantivo, adje-
tivo e verbo).
A Semântica é trabalhada em contexto, 
sempre em comparação e por relações de 
equivalência. Além disso, questões objeti-
vas que abordem a Morfologia do portu-
guês podem, também, aparecer com uma 
grande incidência.
Questões que exigem conhecimentos 
sobre elementos coesivos e figuras de 
linguagem, bem como aspectos se-
mânticos que podem aparecer em um 
texto, seja por expressõesdenotativa ou 
conotativa.
O uso de vozes verbais e os processos 
de formação de palavras. Igualmente, o 
sentido de determinado tempo verbal na 
dinâmica textual, bem como os prejuízos 
que a mudança de um modo verbal a 
outro pode provocar a um texto.
Os temas de maior incidência são classes 
de palavras e pontuação. Por isso, com-
preender aspectos morfológicos e recur-
sos coesivos é essencial para a resolução 
de suas questões.
Essa prova é bastante flexível no que diz 
respeito aos temas que aborda. Faz exi-
gências sobre tempos e modos verbais, 
elementos coesivos e funções sintáticas. 
Apesar disso, de modo geral, suas questões 
são bastante objetivas.
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1. Morfologia: 
formação de palavras
Neste tópico, estudaremos os processos de estruturação e 
formação de uma palavra em língua portuguesa.
Palavra: unidade linguística de som e significado que 
entra na composição dos enunciados da língua.
Embora representem uma totalidade, as palavras podem 
ser decompostas de modo que reconheçamos as unida-
des menores que as compõem. Esses elementos menores 
são todos dotados de significação e recebem o nome de 
morfemas.
Morfema: unidades mínimas de uma palavra, que pos-
suem significação.
1.1. Morfemas
 § Radical (morfema lexical): é a parte da palavra que 
contém o seu significado básico e também é comum 
às palavras chamadas de cognatas (que pertencem à 
mesma família etimológica).
Exemplos: 
terra; terreiro; terrestre; enterrar.
 § Afixos (morfemas gramaticais): são elementos 
que se juntam ao radical para formar novas palavras. 
Podem aparecer antes do radical (prefixos) ou depois 
do radical (sufixos).
Exemplos: 
desfazer (radical com encaixe de um prefixo) 
recentemente (radical com encaixe de um sufixo)
 § Desinências: são os morfemas que indicam flexões de 
palavras variáveis. São subdivididas em desinência-
-nominal (em que ocorrem flexões de gênero e de nú-
mero) e desinência-verbal (com flexão modo-tempo 
e número pessoa).
Exemplos:
a) desinência-nominal: garota / garotas / exaus-
ta / exaustas
b) desinência-verbal: derrubar / derrubamos 
/ derrubassem / derrubaria
 § Vogal temática: é um morfema vocálico que se 
acrescenta aos radicais antes das desinências. Temos 
dois tipos:
a) Vogal temática nominal
Em radicais nominais (paroxítonos ou proparoxítonos) são 
acrescentadas as vogais átonas “-a”, “-e” ou “-o” que in-
dicarão classe gramatical. 
Exemplo: 
revista / inteligente
b) Vogal temática verbal
Indicam a conjugação dos verbos. Funcionam da seguinte 
maneira: Vogal “-a” = (1ª conjugação) / Vogal “-e” = (2ª 
conjugação) / Vogal “-i” = (3ª conjugação)
Exemplo: 
convida / escreve / sorri
Palavras primitivas e derivadas
O conceito de palavras primitivas e derivadas é bastan-
te complexo e maleável, dependendo de uma observa-
ção cuidadosa de determinadas palavras.
No geral, palavras primitivas são aquelas que não de-
rivam de outras; já as palavras derivadas, originam-se 
de palavras primitivas. Em geral, são consideradas pala-
vras primitivas substantivos que designam objetos, es-
paços, materiais ou circunstâncias (Exemplos: flor, pedra, 
banana, avião, tempo, ano, dia, mar, ferro, chuva, entre
FORMAÇÃO DE 
PALAVRAS
COMPETÊNCIA(s)
1 e 8
HABILIDADE(s)
1, 2, 3, 4, 26 e 27
LC AULAS 
1 E 2
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outras palavras). São dessas palavras anteriormente 
citadas que surgem as palavras derivadas (Exemplos: 
florista, pedreiro, bananeiro, temporal, diário, marítimo, 
chuvoso, entre outras).
Também temos tempos verbais primitivos. Em geral, 
são verbos no infinitivo onde não seja possível pres-
supor a existência de um substantivo que se refira a 
algum objeto (Exemplo: falar, dançar, cair, correr, seriam 
verbos primitivos. Já um verbo como “ancorar” nos per-
mite recuperar um substantivo primitivo que designa 
um objeto: “âncora”). 
 § Vogal e consoante de ligação
As vogais e consoantes de ligação são elementos que 
unem determinados radicais a certos sufixos que facilitam 
ou, ainda, possibilitam a leitura de uma palavra. Não são 
considerados morfemas, uma vez que não possuem se-
mântica / sentido.
Exemplo 1: 
trico – t – ar (a letra “t” é a consoante que liga 
o radical “tricô” ao sufixo formador de verbos no 
infinitivo “-ar”.
Exemplo 2: 
gas – ô – metro (a letra “o” é a vogal que liga o 
radical “gás” ao sufixo formador de substantivos 
“-metro”.
1.2. Processos de formação
Basicamente, as palavras da língua portuguesa são for madas 
pelos processos de derivação e composição. Além des-
ses, também temos outros processos que contribuem para a 
criação de novas palavras, como a onomatopeia, o neolo-
gismo e o hibridismo.
1.2.1. Formação por derivação
Em geral, no processo de formação por derivação, a pala-
vra primiti va (primeiro radical) sofre acréscimo de afixos. 
Há também outros processos que não envolvem encaixe 
de prefixo ou sufixo. Vejamos: 
 § Derivação prefixal: acréscimo de prefixo à palavra 
primitiva.
Exemplo: 
in-capaz.
 § Derivação sufixal: acréscimo de sufixo à palavra 
primitiva.
Exemplo: 
papel-aria.
 § Derivação prefixal + sufixal: acrescenta-se um prefi-
xo e um sufixo a um mesmo radical de modo sequencial, 
ou seja, os afixos não são encaixados ao mesmo tempo. 
Percebe-se facilmente, ao remover um dos afixos, a pre-
sença de uma palavra com sentido completo.
Exemplo: 
in-feliz-mente.
 § Derivação parassintética: acréscimo simultâneo de um 
prefixo e de um sufixo a um mesmo radical ou à palavra 
primitiva. Em geral, as formações parassintéticas originam-
-se de substantivos ou adjetivos para formarem verbos.
Exemplo: 
en-triste-cer.
 § Derivação regressiva: ocorre redução da palavra pri-
mitiva. Nesse processo, formam-se substantivos abstra-
tos por derivação regressiva de formas verbais.
Exemplo: 
ajudar >>> (a) ajuda.
 § Derivação imprópria: ocorre a alteração da classe 
gramatical da palavra primitiva.
Exemplo: 
olhar (verbo) >>> (o) olhar (substantivo).
1.2.2. Formação por composição
Nos processos de formação de palavras por composição, 
ocorre a junção de dois ou mais radicais. Palavras com 
significados distintos formam uma nova palavra com um 
novo significado.
São dois os processos de formação por composição:
 § Composição por justaposição: quando não ocorre 
a alteração fonética das palavras. A justaposição tam-
bém pode ocorrer por hifenização. 
Exemplos: 
girassol (gira + sol); guarda-chuva (guarda + chuva).
 § Composição por aglutinação: quando ocorre alte-
ração fonética, em decorrência da perda de elementos 
das palavras.
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aguardente (água + ardente); embora (em + boa 
+ hora).
1.3. Outros processos
1.3.1. Hibridismo
No processo de formação por hibridismo, as palavras 
compostas ou derivadas são constituídas por elementos 
originários de línguas diferentes:
 § grego + latim: automóvel e monóculo
 § latim + grego: sociologia, bicicleta
 § árabe + grego: alcaloide, alcoômetro
 § tupi + grego: caiporismo
 § africano + latim: bananal
 § africano + grego: sambódromo
 § francês + grego: burocracia
1.3.2. Neologismo
Neologismo é o nome dado ao processo de criação de 
novas palavras. São três tipos: Semântico (a palavra já 
existe no dicionário, mas adquire um novo significado); Le-
xical (criação de uma palavra nova, sem necessariamente 
seguir regras formais); Sintático (construção sintática que 
passa a ter um significado específico). 
Exemplos: 
Originalmente, a palavra bonde significava certo 
veículo utilizado como meio de transporte. Hoje, 
na variedade linguística utilizada por falantes inse-
ridos no estilo do funk carioca, foi dado um novo 
significado para a palavra bonde: turma, galera.
É comum formar verbos a partir de palavras do 
meio da informática, como googlar (procurar 
noGoogle), twittar (escrever no Twitter) ou 
resetar (de reset).
Neste poema, o autor joga com os diferentes sentidos 
produzidos por morfemas iguais ou semelhantes.
Diversonagens suspersas (Paulo Leminski)
Meu verso, temo, vem do berço. 
Não versejo porque eu quero, 
versejo quando converso 
e converso por conversar. 
Pra que sirvo senão pra isto, 
pra ser vinte e pra ser visto, 
pra ser versa e pra ser vice, 
pra ser a super-superfície 
onde o verbo vem ser mais? 
Não sirvo pra observar. 
Verso, persevero e conservo 
um susto de quem se perde 
no exato lugar onde está. 
Onde estará meu verso? 
Em algum lugar de um lugar, 
onde o avesso do inverso 
começa a ver e ficar. 
Por mais prosas que eu perverta, 
não permita Deus que eu perca 
meu jeito de versejar.
(Paulo leminski, in: Toda Poesia)
multimídia: poema • poesia
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VIVENCIANDO
A tabela abaixo traz significados de prefixos e radicais, alguns frequentemente usados no dia a dia.
Prefixos latinos Significados Exemplos
a–, ab–, abs– afastamento, separação abstenção, abdicar
a–, ad–, ar–, as– aproximação, direção adjunto, advogado, arribar, assentir
ambi– ambiguidade, duplicidade ambivalente, ambíguo
ante– anterioridade anteontem, antepassado
aquém– do lado de cá aquém-mar
bene–, bem– excelência, bem beneficente, benfeitor
bis–, bi– dois, duas vezes, repetição bípede, binário, bienal
com– (con–), co– (cor–) companhia, contiguidade compor, conter, cooperar
contra– oposição controvérsia, contraveneno
cis– posição, aquém de cisandino, cisalpino
de–, des–
separação, privação, negação, movimento 
de cima para baixo
deportar, demente, descrer, decair, decrescer, demolir
dis– separação, negação dissidência, disforme
e– ,en– ,em– introdução, superposição engarrafar, empilhar
e–, es–, ex– movimento para fora, privação emergir, expelir, escorrer, extrair, exportar, esvaziar, esconder, explodir
extra– posição exterior, excesso extraconjugal, extravagância
intra–, posição interior intrapulmonar, intravenoso
i–, im–, in– negação, mudança ilegal, imberbe, incinerar
infra– abaixo, na parte inferior infravermelho, infraestrutura
justa– posição ao lado justalinear, justapor
o–, ob– posição em frente, oposição obstáculo, obsceno, opor, ocorrer
per– movimento através de perpassar, pernoite
pos– ação posterior, em seguida pós-datar, póstumo
pre– anterioridade, superioridade pré-natal, predomínio
pro– antes, em frente, intensidade projetar, progresso, prolongar
preter–, pro– além de, mais para frente prosseguir
re– repetição, para trás recomeço, regredir
retro– movimento mais para trás retrospectivo
Radicais latinos Significados Exemplos
aristo– melhor, nobre aristocracia
arqueo– antigo arqueologia, arqueólogo
anthos– flor antologia, crisântemo, perianto
atmo– ar atmosfera
auto– mesmo, próprio autoajuda, autômato
baro– peso, pressão barômetro, barítono
biblio– livro bibliófilo, biblioteca
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Radicais latinos Significados Exemplos
bio– vida biologia, anfíbio
caco– mau cacofonia, cacoete
cali– belo caligrafia, calígrafo
carpo– fruto pericarpo
céfalo– cabeça cefalópodes, cefaleia, acéfalo
cito– célula citoplasma, citologia
copro– fezes coprologia, coprófagas
cosmo– mundo microcosmo, cosmonauta
crono– tempo cronômetro, diacrônico
dico– em duas partes dicotomia, dicogamia
eno– vinho enologia, enólogo
entero– intestino enterite, disenteria
etno– povo étnico, etnia, etnografia
filo–, filia– amigo, amizade filósofo, filantropia
fono– som, voz fonética, disfônica
gastro– estômago gastrite, gastronomia
hemo– sangue hemorragia, hemodiálise
hidro– água hidravião, hidratação
higro– úmido higrófito, higrômetro
hipo– cavalo hipódromo, hipopótamo
–ambulo que anda noctâmbulo, sonâmbulo
–cida que mata fraticida, inseticida
–cola que habita arborícola, silvícola
–cultura que cultiva triticultura, vinicultura
–evo idade longeva, longevidade
–fero que contém ou produz mamífero, aurífero
–fico que faz ou produz benéfico, maléfico
–forme que tem a forma cordiforme, uniforme
–fugo que foge vermífugo, centrífugo
–grado grau, passo centígrado
–luquo que fala ventríloquo
–paro que produz ovíparo
–pede pé velocípede, bípede
–sono que soa uníssono
–vago que vaga noctívago
–voro que come carnívoro, herbívoro, onívoro
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Prefixos gregos Significados Exemplos
acro– alto acrobata, acrópole
aero– ar aerodinâmica
agro– campo agrônomo, agricultura
antropo– homem antropofagia, filantropo
homo– igual homônimo, homógrafo
idio– próprio idioma, idioblasto
macro–, megalo– grande, longo macronúcleo, megalópole
metra– mãe, útero endométrio, metrópole
meso– meio mesóclise, mesoderma
micro– pequeno micróbio, microscópio
mono– um monarquia, monarca
necro– morto necrópole, necrofilia, necropsia
nefro– rim nefrite, nefrologia
odonto– dente odontalgia, odontologia
oftalmo– olho oftalmologia, oftalmoscópio
onto– ser, indivíduo ontologia
orto– correto ortópteros, ortodoxo, ortodontia
pneumo– pulmão pneumonia, dispneia
Radicais gregos Significados Exemplos
–agogo o que conduz demagogo, pedagogo
–alg, –algia sofrimento, dor analgésico, cefalalgia, lombalgia
–arca o que comanda monarca, heresiarca
–arquia comando, governo anarquia, autarquia, monarquia
–cracia autoridade, poder aristocracia, plutocracia, gerontocracia
–doxo que opina paradoxo, heterodoxo
–dromo corrida, pista hipódromo
–fagia ato de comer antropofagia, necrofagia
–fago que come antropófago, necrófago
–filo, –filia amigo, amizade bibliófilo, xenófilo, lusofilia
–fobia inimizade, ódio, temor xenofobia
–fobo aquele que odeia xenófobo, hidrófobo
–gamia casamento monogamia, poligamia
–gene que gera, origem heterogêneo, alienígena
–gênese geração esquizogênese, metagênese
–gine mulher andrógino, ginecóforo
–grafia descrição, escrita caligrafia, geografia
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Radicais gregos Significados Exemplos
–gono ângulo pentágono, eneágono
–latria que cultiva idolatria
–log, –logia que trata, estudo psicólogo, andrologia
–mancia adivinhação cartomante, quiromancia
–mani loucura, tendência megalomaníaco
–mania loucura, tendência cleptomania
–metro que mede barômetro, termômetro
–morfo forma, que tem a forma amorfa, zoomórfico
–onimo nome sinônimo, topônimo
–polis, –pole cidade metrópole
–potamo rio mesopotâmia, hipopótamo
–ptero asa helicóptero
–scopia o que faz ver endoscopia, telescópio
–sofia sabedoria, saber filosofia, teosofia
–soma corpo cromossomo
–stico verso monóstico, dístico
–teca lugar, coleção biblioteca, hemeroteca
–terapia cura, tratamento hidroterapia
–tomia corte, divisão vasectomia, anatomia
–topo lugar topografia, topônimo
–tono tom barítono, monótono
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DIAGRAMA DE IDEIAS
GRAMÁTICA 
NORMATIVA
MORFOLOGIA
FORMAÇÃO DE 
PALAVRAS
COMPOSIÇÃO
ARTIGO
SUBSTANTIVO
ADJETIVO 
VERBO
ADVÉRBIO
PRONOME
NUMERAL 
PREPOSIÇÃO
CONJUNÇÃO
INTERJEIÇÃO
DERIVAÇÃO
• SUFIXAL
• PREFIXAL
• IMPRÓPRIA
• REGRESSIVA
• PARASSINTÉTICA
FORMAÇÃO DE PALAVRAS A 
PARTIR DE UM ÚNICO RADICAL
FORMAÇÃO DE PALAVRAS 
COM MAIS DE UM RADICAL
CLASSES DE
PALAVRAS
ESTUDO DOS PROCESSOS DE 
FORMAÇÃO DE PALAVRAS
• JUSTAPOSIÇÃO
• AGLUTINAÇÃO
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1. Artigo
Artigo é a palavra que se antepõe a um substantivo (é um 
marcador pré-nominal), com a função inicial de determiná-
-lo ou indeterminá-lo. Subdivide-se em dois grupos: defini-
dos e indefinidos.
 § Artigos definidos: determinam o substantivo de ma-
neira precisa. São eles: o(s), a(s).
Exemplo: 
Preciso quevocê me traga a cadeira branca. (O 
artigo definido marca a necessidade de se pegar 
uma cadeira determinada.)
 § Artigos indefinidos: dão ao substantivo um caráter 
vago / impreciso. São eles: um(uns), uma(s).
Exemplo: 
Preciso que você me traga uma cadeira branca. (O 
artigo indefinido marca a possibilidade de se pegar 
uma cadeira qualquer, indeterminada.)
1.1. Artigo combinado com preposições
A contração de artigos com preposições é um movimento 
essencial para a demarcação de sentido em construções 
textuais. Muitas vezes, fazer ou não fazer a contração do 
artigo com a preposição pode alterar significativamente o 
entendimento que se tem de um texto. Esses eventos tex-
tuais serão discutidos no próximo tópico (o artigo aplicado 
ao texto). Ficaremos aqui com as possibilidades de contra-
ção do artigo com a preposição.
Preposições
Artigos
o, os a, as *
um, 
uns
uma, umas
a ao, aos à, às * — —
de do, dos da, das
dum, 
duns
duma, dumas
em no, nos na, nas
num, 
nuns
numa, numas
por pelo, 
pelos
pela, pelas — —
* a junção de “a” (PrePosição) + “a” (arTigo) é o que dá origem 
ao fenômeno da crase, que será discuTido em momenTo oPorTuno.
1.2. Artigo aplicado ao texto
O artigo talvez seja uma das classes gramaticais mais su-
bestimadas da língua portuguesa, e isso ocorre, principal-
mente, pelo fato de, em âmbito escolar, ser apresentado 
apenas em suas características estruturais mais básicas, 
sem o devido aprofundamento semântico ou textual que 
os vestibulares costumam abordar. Por esse motivo, apre-
sentaremos a seguir as aplicações textuais do artigo.
1.2.1. Artigo como marcador de quantidade
A presença ou ausência do artigo pode servir como quan-
tificador de elementos.
Exemplos: 
Casa de câmbio da Rua do Ouvidor foi assalta-
da. (A ausência de artigo indica que há mais de 
uma casa de câmbio na rua).
A casa de câmbio da Rua do Ouvidor foi assal-
tada. (A presença de artigo indica que há apenas 
uma casa de câmbio na rua).
1.2.2. Artigo como marcador 
de convívio/intimidade
A presença ou ausência do artigo pode servir como algo 
que marca certos afetos em relação aos indivíduos. 
Exemplos: 
A gerência será assumida por Gerson Soares, 
do almoxarifado. (A ausência de artigo indica 
distanciamento de Gerson, marcando o fato de 
que, possivelmente, nem todos o conheçam.)
A gerência será assumida pelo Gerson Soares, do 
almoxarifado. (A presença de artigo indica intimida-
de com Gerson, podendo demarcar a ideia de que 
muitas pessoas da empresa conhecem o Gerson.)
ARTIGOS, 
SUBSTANTIVOS 
E ADJETIVOS
COMPETÊNCIA(s)
1 e 8
HABILIDADE(s)
1, 2, 3, 4, 26 e 27
LC AULAS 
3 E 4
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1.2.3. Artigo marcando conhecimento 
ou desconhecimento de substantivos
Os artigos definido e indefinido podem marcar o conheci-
mento ou o desconhecimento de certos assuntos conduzi-
dos por substantivos.
Exemplos: 
Foi localizado, ontem, o jovem serial-killer que 
havia fugido da cadeia. (O artigo definido nos 
transmite a ideia de que a notícia da fuga do jo-
vem era de conhecimento dos leitores, ou seja, o 
substantivo era conhecido.) 
Foi localizado, ontem, um jovem serial-killer que 
havia fugido da cadeia. (O artigo indefinido nos 
transmite a ideia de que a fuga do jovem era no-
vidade para os leitores, ou seja, o substantivo era 
desconhecido.)
1.2.4. Artigo como particularizador ou generalizador
Exemplos: 
Garfield é um gato. (O artigo indefinido marca a 
ideia de que Garfield é mais um entre os vários ga-
tos no mundo, ou seja, generaliza o substantivo.)
Garfield é o gato. (O artigo definido marca a ideia 
de que Garfield é um gato especial em relação a 
outros gatos, ou seja, particulariza e destaca o 
substantivo.)
1.2.5. Artigo como marcador de coerência textual
Para marcarmos coerência textual, muitas vezes nos vale-
mos das capacidades de determinação e indeterminação 
dos artigos.
Exemplos: 
Uma feira de livros usados terá início nesse fim 
de semana, em Sorocaba. A feira contará com a 
participação de sebos e livrarias da região...
No exemplo apresentado, constatamos que, quando pre-
cisamos introduzir uma informação que nosso interlocu-
tor desconhece, utilizamos primeiro um artigo indefinido 
e, depois de apresentado o substantivo, (no caso, “feira”) 
começamos a demarcá-lo a partir do artigo definido. Há 
também outra possibilidade de organização:
Exemplos: 
— Então, como é o sítio?
— Bem, é um sítio antigo, retiramos a água do 
poço, mas é bastante tranquilo... 
Nesse segundo exemplo, a coerência textual é definida 
quando é apresentado um substantivo definido que nosso 
interlocutor conhece. Para satisfazer a demanda de expli-
cação, o interlocutor abre sua explicação marcando o subs-
tantivo com artigo indefinido.
fonTe: YouTube
A canção, em seu refrão, recorre às propriedades semân-
ticas do emprego dos artigos: “Ele é o homem /Eu sou 
apenas uma mulher”.
Esse cara (Caetano Veloso)
Ah! Que esse cara tem me consumido 
A mim e a tudo que eu quis
Com seus olhinhos infantis
Como os olhos de um bandido
Ele está na minha vida porque quer
Eu estou pra o que der e vier
Ele chega ao anoitecer
Quando vem a madrugada ele some 
Ele é quem quer
Ele é o homem 
Eu sou apenas uma mulher
multimídia: letra e música
2. Substantivo
Classe de palavras variável que dá nome a seres reais ou 
imaginários (pessoas, animais ou objetos), lugares, quali-
dades, ações ou sentimentos. Em suma, que pode ter exis-
tência concreta ou abstrata.
É importante, pensando em provas de vestibular, que 
consigamos entender que os conhecimentos a respeito 
de elementos mais básicos de classificação de substanti-
vos (ligados à morfologia) não são efetivamente exi-
gidos em provas de vestibulares. Hoje em dia, as pro-
vas esperam que os alunos saibam localizar substantivos 
com precisão, a fim de que sejam capazes de resolver 
exercícios de compreensão textual (por exemplo, enten-
der as funções textuais de um substantivo) ou mesmo de 
sintaxe. Em suma, dividiremos o conteúdo a seguir en-
tre os conteúdos de baixa incidência em provas de 
vestibular e os conteúdos de maior incidência em 
provas de vestibular. Vejamos então:
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I. Conteúdos de baixa incidência em provas de 
vestibular.
2.1. Classificação de substantivos
 § Próprio: nomeia determinados indivíduos de uma es-
pécie (designação específica), como um homem, um 
país ou uma cidade específicos. 
Exemplos: 
Paulo; Pedro; Roma; Folha de S.Paulo.
 § Comum: nomeia, sem distinção, todos os seres de uma 
espécie (designação genérica). 
Exemplos: 
cadeira; porta; sala; cidade; homem.
 § Concreto: nomeia os seres de existência concreta, 
real, palpável “a pedra” ou “a porta”, por exemplo e 
também seres dos quais já se constituiu uma imagem 
histórica “a bruxa” ou “a fada”, por exemplo.
 § Abstrato: nomeia elementos não palpáveis, como sen-
timentos, sensações, qualidades, estados, noções e ações. 
Exemplos: 
maldade; compaixão; beijo; largura. 
2.2. Flexão dos substantivos
2.2.1. Número
Os substantivos podem se flexionar em número, indi-
cando quantidades de certos termos/elementos. Existe, a 
princípio, uma regra geral, e também algumas variantes 
que são apresentadas a seguir:
 § Regra geral: o plural dos substantivos terminados em 
vogal ou ditongo exige o acréscimo do sufixo marcador 
de plural “–s”. 
Exemplos: 
cadeira – cadeiras; mãe – mães; 
perna – pernas. 
Substantivos terminados em ”–ão”
 § Fazem o plural em “–ãos”. 
Exemplos: 
cidadão – cidadãos; irmão – irmãos; órgão – órgãos.
 § Fazem o plural em “–ães”. 
Exemplos: 
escrivão – escrivães; cão – cães; 
alemão – alemães.
 § Fazem o plural em “–ões”. 
Exemplos: 
canção – canções; gavião – gaviões; botão – 
botões.
fonTe: YouTube
A canção é composta por substantivos de diferentes 
naturezas.
Nome das coisas (Karnak)
Nomes se dão às coisas / Nomes se dão
Nomes se dãoàs pessoas / Nomes se dão
Nomes se dão aos deuses / na imensidão do céu
Nomes se dão aos barquinhos / na imensidão do mar
Nomes se dão às doenças / na imensidão da dor
Nomes se dão às crianças / na imensidão do amor
You and me
Salame / Batata / Barata / Bigorna / Casa / Comida / Bicho 
/ Paçoca /Tampinha de caneta / Bolinha de sabão / Rabo de 
galo /Circo / Pão / Conchinha de galinha / Coxinha do mar / 
Linha / Palito / Terra / Água / Ar / Seriema / Tatu / Mertiolate / 
Saci / Rocambole de laranja / Revista / Gibi / Pipoca / Margari-
na / Lentilha / Leitão / Carrinho de feira / Terremoto / Furacão 
/ Centopeia / Isqueiro / Cefaleia / Blefarite / Cimento / Colar 
/ Rissole / Rinite / Armário / Geladeira / Furadeira / Cobertor 
/ Ladeira / Pedreira / Fogueira / Extintor / Jetom / Bazuca / 
Suporte / Argamassa / Fio de nylon / Lamparina / Chocolate / 
Queratina / Juliana / Cadarço / Picareta / Beija-flor / Convida-
dos / Esfiha / Chupeta / Fruta-cor /Trompete / Arame / Hepa-
tite / Fac-símile / Chocalho / Geleia / Biga / Mocreia / Apolo / 
Nostradamus / Filarmônica / Marisa / Biriba / Pelé / Afrodite / 
José / Filho / Veleiro / Alá / Deus / Salomão / Peixe / Pão
multimídia: letra e música
Substantivos terminados em consoantes
 § “r“, “z“ e “n“ fazem o plural em “–es“.
Exemplos: 
mar – mares; rapaz – rapazes.
 § Substantivos oxítonos terminados em “–s“ e “–z“ fa-
zem o plural em “–es“.
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Exemplos: 
país – países; raiz – raízes.
 § Substantivos paroxítonos terminados em “–s“ são 
invariáveis. 
Exemplos: 
atlas – atlas; lápis – lápis.
 § Substantivos terminados em “–al“, “–el“, “–ol“ e 
“–ul“ substituem no plural o “–l“ por “–is“. 
Exemplo: 
animal – animais.
 § Substantivos oxítonos terminados em “–il“ fazem o 
plural em “–s“. 
Exemplos: 
ardil – ardis; funil – funis.
 § Substantivos paroxítonos terminados em “–il“ fazem o 
plural em “–eis“.
Exemplos: 
fóssil – fósseis.
2.2.2. Gênero
Há dois gêneros na língua portuguesa: o masculino e o 
feminino. Também existe uma regra geral e algumas va-
riantes a serem observadas:
 § Regra geral: são masculinos os substantivos que po-
dem ser precedidos pelo artigo “–o” e femininos os que 
podem ser precedidos pelo artigo “–a”. 
Exemplos: 
o poema; o pão (masculinos); a mão; a fruta 
(femininos). 
Substantivos biformes 
Possuem duas formas diferentes para designação de gê-
nero e geralmente são formados pela substituição da desi-
nência “–o” pela desinência “-a”. 
Exemplos: 
menino – menina; garoto – garota.
Há também substantivos biformes formados por radicais 
diferentes. 
Exemplos: 
homem – mulher; cavalheiro – dama.
Substantivos uniformes 
São aqueles que apresentam uma única forma para mar-
cação de gênero:
 § Epicenos: usados para nomes de animais de um só 
gênero que designam ambos os sexos. 
Exemplos:
a águia; a mosca; o condor; o gavião.
 § Comuns de dois: a marcação de gênero é feita ex-
clusivamente pelos artigos. O substantivo se mantém. 
Exemplos: 
o agente – a agente; o gerente – a gerente.
 § Sobrecomuns: apresentam um só termo para os gê-
neros masculino e feminino. 
Exemplos: 
a criança; a testemunha; o cônjuge.
Observação
Caso haja necessidade de especificar o sexo do ani-
mal, juntam-se aos substantivos os adjetivos macho 
ou fêmea:
Exemplos: 
gavião macho – gavião fêmea; tatu 
macho – tatu fêmea.
2.2.3. Grau
Os substantivos se flexionam em grau, que marca aumento 
ou diminuição:
 § Grau normal: homem; boca.
 § Grau aumentativo: homenzarrão; bocarra.
 § Grau diminutivo: homenzinho; boquinha.
 § Grau diminutivo / aumentativo sintético (subs-
tantivo acrescido de um sufixo que indica aumento ou 
diminuição): chapeuzinho, chapelão; homúnculo, ho-
menzarrão; boquinha, bocarra.
 § Grau diminutivo / aumentativo analítico (subs-
tantivo acompanhado de um adjetivo que indica au-
mento ou diminuição): boca grande; homem pequeno.
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II. Conteúdos de maior incidência em provas de 
vestibular
a) Lembrar que o substantivo é chamado também de 
“nome”
Nos estudos gramaticais, em geral, alguns elementos que 
não fazem parte da categoria “verbos” são denominados 
como elementos nominais. No entanto, vale ressaltar 
que o elemento nominal “por excelência” é o substanti-
vo, pois ele é o elemento “nomeador” da língua. Embora 
seja uma informação simples (lembrar que o substantivo é 
chamado de “nome”), tal informação será essencial para a 
melhor organização dos estudos em sintaxe. Por exemplo, 
a categoria conhecida como adjunto adnominal é com-
posta por itens que “acompanham”, que “estão juntos”, 
que “estão ao lado” de um elemento nominal (em ter-
mos mais práticos, um “adjunto adnominal” é um item que 
fica “junto” do “nome”, ou “junto” do “substantivo”). 
Ter essa noção, ajuda a diluir a confusão que comumente 
ocorre quando precisamos, mais adiante, nomear determi-
nadas categorias sintáticas.
b) Saber que o substantivo é precedido de artigo (e que 
pode vir também precedido ou acompanhado de outras 
categorias gramaticais)
O método mais prático para confirmarmos se uma palavra 
é, ou não, um substantivo consiste em inserirmos diante 
dela um artigo (o, a, um, uma ou as formas plurais desses 
itens). Por exemplo, desejo saber se “floresta” é um subs-
tantivo. Pronuncio, então: “a floresta”. Funcionando, te-
nho a confirmação de que “floresta” é um substantivo. 
Tal procedimento não funcionaria, por exemplo, diante de 
um “verbo” (por exemplo, a construção “a dormir”, não 
existe em português).
Outro ponto relevante é que, embora seja comum utilizar-
mos artigos com elementos que precedem substantivos, 
também podemos ter outras categorias que “acompanham” 
substantivos, como pronomes (“essa floresta”), numerais 
(“duas florestas”) e adjetivos (“florestas imensas”).
c) Saber que o substantivo será o núcleo diversas funções 
sintáticas que serão estudadas em tópicos futuros
Muitas vezes saímos da escola “abarrotados” de nomen-
claturas sintáticas na cabeça, que muitas vezes temos di-
ficuldade em organizar e dominar. Algo que ajudará nes-
se processo é entender que, uma vez que você se torne 
um bom “localizador” de substantivos, você está a meio 
caminho de se tornar um bom “localizador” de determi-
nadas categorias sintáticas. Isso porque o substantivo é 
núcleo (parte essencial de uma categoria sintática, que 
comporta maior carga de sentido) de categorias que es-
tudaremos mais adiante como sujeito, objeto direto, 
objeto indireto, complemento nominal, entre ou-
tras. Vejamos alguns exemplos:
Exemplos:
O agricultor cuida do solo
 
 Substantivo é núcleo do sujeito
O agricultor cuida do solo
 
 Substantivo também é núcleo do objeto indireto
d) O substantivo possui funções de organização textual
A construção de um texto depende essencialmente dos 
substantivos, pois é deles que parte o processo de refe-
rencialidade. 
Entende-se por referencialidade a capacidade que os subs-
tantivos têm de apontar para os elementos do mundo que 
compõem sentido, e também de fazer com que esses sen-
tidos sejam construídos à medida que novos substantivos 
apareçam no texto. O movimento de referencialidade parte 
de três pressupostos importantes: 
 § Introdução/construção: apresenta um ou mais 
substantivos no texto que servirão não apenas de intro-
dução, mas também como elementos que constituem / 
fundamentam uma ideia. É a partir desse(s) substanti-
vo(s) que o texto e seu sentido são construídos. 
 § Retomada/manutenção: usam-se outros substan¬-
tivos muito similares ao(s) primeiro(s) apresentados no 
início do texto, que permitirão reto¬mar a ideia inicial-
mente apresentada (o que contribui para a manuten-
ção de sentido). 
 § Desfocalização: é o momento do texto em que en-
tram em cena novos substantivos que tomam o foco 
para si e ampliam os sentidosdo texto.
3. Adjetivo
Classe de palavras variável que acompanha e modifica o 
substantivo, podendo caracterizá-lo ou qualificá-lo.
Assim como alertamos mais acima, pensando em pro-
vas de vestibular, é importante que consigamos enten-
der que os conhecimentos a respeito de elementos mais 
básicos de classificação de adjetivos (ligados à morfolo-
gia) não são efetivamente exigidos em provas de 
vestibulares. Hoje em dia, as provas esperam que os
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alunos saibam localizar adjetivos e locuções adjetivas 
com precisão, a fim de que sejam capazes de resolver 
exercícios de compreensão textual (por exemplo, en-
tender as funções textuais de um adjetivo) ou mesmo 
de sintaxe. Desse modo, aqui no tópico de “Adjetivos”, 
também dividiremos o conteúdo a seguir entre os con-
teúdos de baixa incidência em provas de vestibu-
lar e os conteúdos de maior incidência em provas 
de vestibular. Vejamos então:
I. Conteúdos de baixa incidência em provas de ves-
tibular.
3.1. Nomes substantivos 
e nomes adjetivos
No contexto de uma frase, é possível identificar palavras de 
outras classes, entre elas os adjetivos, que se transformam 
em nomes (substantivos) desde que precedidas de um artigo. 
Exemplos: 
o jovem desempregado; um desempregado jovem.
 § Adjetivos Pátrios e Gentílicos
Derivados de substantivos, os adjetivos que in-
dicam a nacionalidade de pessoas e coisas são 
chamados pátrios. Exemplos: brasileiro; mineiro; 
paranaense; paulista; português.
Os que indicam etnias e povos são os adjetivos 
gentílicos. Exemplos: israelita; semita; europeu; 
africano; curdo. 
 § Adjetivos pátrios e gentílicos compostos
Exemplos: 
luso-brasileiro; euro-asiático; teuto-brasileiro; afro-
-americano; franco-suíço; hispano-americano; aus-
tro-húngaro; indo-europeu, anglo-americano.
3.1.1. Flexão do adjetivo
 § Número: o adjetivo toma a forma singular ou plural 
do substantivo que ele determina. 
Exemplos: 
aluno estudioso – alunos estudiosos; aluna apli-
cada – alunas aplicadas; perfume francês – per-
fumes franceses.
 § Plural dos adjetivos compostos: apenas o último 
elemento vai para o plural. 
Exemplos: 
clínicas médico-dentárias; institutos ítalo-brasileiros.
Memórias Póstumas de Brás 
Cubas (Machado de Assis)
No primeiro capítulo, o autor trabalha com os sentidos 
das palavras “autor” e “defunto” em diferentes classes 
gramaticais. 
Capítulo I - ÓBITO DO AUTOR 
[...] Suposto o uso vulgar seja começar pelo nascimento, 
duas considerações me levaram a adotar diferente mé-
todo: a primeira é que eu não sou propriamente um au-
tor defunto, mas um defunto autor, para quem a campa 
foi outro berço; a segunda é que o escrito ficaria assim 
mais galante e mais novo. [...]
multimídia: livro
3.1.2. Grau dos adjetivos
 § Comparativo: indica determinada qualidade em grau 
igual, superior ou inferior a outra (Comparativo de 
Igualdade, de Superioridade e de Inferioridade). 
Exemplos:
Pedro é tão estudioso como (ou quanto) Rodrigo.
Pedro é mais estudioso do que Rodrigo.
Pedro é menos estudioso do que Rodrigo.
 § Superlativo: expressa determinada qualidade em grau 
elevado. Pode ser Superlativo Absoluto ou Relativo. 
O Superlativo Absoluto se apresenta como Sinté-
tico (com o acréscimo de sufixos) e Analítico (com o 
auxílio de advérbios que dão ideia de intensidade). 
Exemplos:
Pedro é inteligentíssimo. (Superlativo Absolu-
to Sintético).
Rodrigo é muito inteligente. (Superlativo Ab-
soluto Analítico).
O Superlativo Relativo indica qualidade em 
grau mais ou menos elevado em comparação à 
totalidade dos seres. Pode ser: Relativo de Su-
perioridade e de Inferioridade.
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Exemplos:
João é o aluno mais estudioso da classe. (Superlativo Relativo de Superioridade). 
João é o aluno menos estudioso da classe. (Superlativo Relativo de Inferioridade).
Observação 1
Há uma exceção: surdo-mudo / surdos-mudos.
Observação 2
São invariáveis os adjetivos referentes a cores se o último elemento ou ambos forem substantivos: blusas vermelho-sangue; 
vestidos cor de rosa; blusas verde-limão.
II. Conteúdos de maior incidência em provas de vestibular
a) Lembrar que a posição de um adjetivo em relação a um substantivo “pode” modificar as relações de sentido.
Exemplos
Ele é um atleta pobre (sem recursos financeiros / sem dinheiro)
Ele é um pobre atleta (um atleta medíocre / sem grandes habilidades)
Embora a posição mais tradicional de inserção do adjetivo seja posterior ao substantivo, a gramática normativa autoriza 
a inversão de posições; desde que, é claro, estejamos atentos sobre possíveis mudanças de sentido. Nos exemplos apresen-
tados acima, a mudança de posição entre as palavras “atleta” e “pobre” criou nuances variadas de sentido. É importante 
ressaltar que isso não ocorrerá sempre. Por exemplo, dizer que “o Brasil precisa de um jornalismo novo” e dizer que “o 
Brasil precisa de um novo jornalismo” (em que modificamos as posições do adjetivo “novo” em relação ao substantivo 
“jornalismo”) não muda efetivamente nada do ponto de vista do sentido.
b) O adjetivo possui funções de organização textual
Os adjetivos exercem o importante papel de auxiliar nos processos descritivos de um texto. Em termos mais claros, os adjeti-
vos são responsáveis por compor sentenças que, por exemplo, caracterizem os personagens de uma narrativa (suas roupas, 
atitudes, etc.) ou que apresentem detalhes a respeito de uma localização (detalhes de uma cidade, ou ambiente florestal), 
entre outras caracterizações. Em textos literários brasileiros do período romântico, por exemplo, havia a necessidade de se 
evidenciar características que valorizassem a nação. Por esse motivo, encontramos obras em que há grandes processos de 
adjetivação caracterizando o ambiente brasileiro (o livro Iracema, de José de Alencar, é um grande exemplo).
c) A locução adjetiva
A locução adjetiva é uma categoria morfológica em que utilizamos duas estruturas (em geral, uma preposição + um substan-
tivo) que, no final, funcionam como um único adjetivo (caracterizando um substantivo). Um detalhe importante é que a es-
trutura que funciona locução adjetiva nos permite, em alguns casos, “enxergar” um adjetivo por trás dela. Vejamos exemplos:
Exemplos
Preciso imprimir a fatura do mês
 
 substantivo locução adjetiva (equivale ao adjetivo “mensal”)
Eu levantei uma parede de concreto
 
 substantivo locução adjetiva (não há adjetivo equivalente)
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DIAGRAMA DE IDEIAS
ESTUDO DOS PROCESSOS DE
FORMAÇÃO DE PALAVRAS
SUBSTANTIVO ADJETIVO
CLASSE DAS 
PALAVRAS
ARTIGO PALAVRA VARIÁVEL QUE
DÁ NOME A SERES REAIS,
IMAGINÁRIOS OU IDEIAS
PALAVRA VARIÁVEL
QUE SE ANTEPÕE
AO SUBSTANTIVO,
DETERMINANDO-O
PALAVRA VARIÁVEL
QUE ESPECIFICA
O SUBSTANTIVO,
CARACTERIZANDO-O
MORFOLOGIA
GRAMÁTICA 
NORMATIVA
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1. Verbo
Verbo é a classe de palavras que, do ponto de vista se-
mântico e morfológico, contém as noções de ação, proces-
so, estado, mudança de estado e manifestação de fenôme-
nos da natureza. É variável e suas flexões marcam:
 § pessoa: indica o emissor, o destinatário ou o ser do 
qual se fala. Os pronomes pessoais do caso reto in-
dicam as pessoas do verbo – eu, tu, ele(a), nós, vós, 
eles(as);
 § número: indica se o sujeito gramatical está no singu-
lar ou no plural;
 § tempo: localiza a ação, o processo ou o estado em 
relação ao momento do enunciado. Os tempos verbais 
são seis: presente, pretérito perfeito, pretérito imper-
feito, pretérito mais-que-perfeito, futuro do presente e 
futuro do pretérito;
 § modo: indica a atitude do emissor quanto ao fatopor 
ele enunciado, que pode ser de certeza, dúvida, temor, 
desejo, ordem, etc. Os modos verbais são: indicativo, 
subjuntivo e imperativo;
 § voz: indica o comportamento do sujeito em rela-
ção ao verbo (agente, paciente ou ambos, simulta-
neamente).
1.1. Conjugações verbais
Conjugar um verbo compreende adicionar ao seu radical 
a vogal temática da conjugação ou classe a que pertence 
somada aos sufixos modo-temporal e número-pessoal que 
lhe são permitidos. Existem três conjugações verbais na lín-
gua portuguesa:
 § 1.a conjugação: indicada pela vogal temática –a– 
amar, brincar, falar
 § 2.a conjugação: indicada pela vogal temática –e– 
nascer, crescer, morrer
 § 3.a conjugação: indicada pela vogal temática –i– 
dormir, sorrir, partir
O verbo pôr e seus derivados são considerados de 2.ª 
conjugação por conta de um processo fonológico ao 
longo da história que suprimiu a vogal temática –e–. 
Em um estágio anterior da língua portuguesa, a sua 
forma original era poer.
1.2. Classificação dos verbos
1.2.1. Verbos regulares
Os verbos regulares não sofrem alteração do radical e das 
desinências nos diferentes tempos, modos e pessoas. O 
radical do verbo é obtido pela supressão das terminações 
do infinitivo (–r):
eu mand(o) / tu mand(as) / ele mand(a) / nós 
mand(amos)
1.2.2. Verbos irregulares
Os verbos irregulares sofrem alteração do radical e das de-
sinências nos diferentes tempos, modos e pessoas.
 § fazer: faço, faria, fazia;
 § estar: estou, estive, estarei;
 § saber: sei, soubera, saiba.
1.2.3. Verbos anômalos
Os verbos anômalos apresentam radicais diferentes ao lon-
go da conjugação:
 § ser: sou, é, fomos;
 § ir: vou, fui, ia.
1.2.4. Verbos defectivos
Os verbos defectivos não possuem todas as as formas para 
conjugação (não costumam apresentar, por exemplo pri-
meira pessoa do singular):
VERBOS: 
NOÇÕES PRELIMINARES 
E MODOS INDICATIVO 
E SUBJUNTIVO
COMPETÊNCIA(s)
1 e 8
HABILIDADE(s)
1, 2, 3, 4, 26 e 27
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 § reaver (composto de haver, tem apenas as formas em 
“v“): reavemos, reavia, reaverá;
 § precaver: precavemos, precavia, precavi;
 § latir: lates, late, latimos;
 § colorir: colores, colore, colorimos, coloris.
OBSERVAÇÃO: Entre os verbos defectivos estão inclu-
ídos os chamados verbos impessoais, usados apenas 
na terceira pessoa do singular: chover, trovejar, ventar, 
haver (existir), fazer (refere-se ao clima: faz frio; ao tem-
po: faz dez anos).
1.2.5. Verbos auxiliares
Os verbos auxiliares formam os tempos compostos ou lo-
cuções verbais com os verbos principais:
 § ser (pago);
 § estar (curado);
 § ter (estudado);
 § haver (prometido).
1.2.6. Verbos abundantes
Os verbos abundantes apresentam mais de uma forma, 
especificamente de particípio:
 § cozido e cozinhado;
 § morto e morrido;
 § imprimido e impresso.
Os particípios abundantes são classificados em regula-
res e irregulares.
a) As formas regulares terminadas em –ado e –ido, 
não contraídas, acompanham os verbos auxiliares 
ter e haver.
Ele já havia pagado a dívida.
Tínhamos aceitado o convite.
b) As formas irregulares, contraídas, acompanham os 
verbos auxiliares ser e estar.
O feijão foi cozido na panela de pressão.
A lâmpada foi acesa.
1.3. Formas nominais do verbo
O infinitivo, o particípio (regular e irregular) e o gerúndio 
são chamados formas nominais do verbo porque podem 
funcionar como nomes – substantivo, adjetivo, advérbio.
 § Infinitivo
O comer demais faz mal. (substantivo)
O viver é bom. (substantivo)
 § Gerúndio
Ela bebeu chá fervendo. (advérbio)
Fervendo, desligue. (advérbio)
 § Particípio
A feira foi inaugurada. (adjetivo)
O parque foi inaugurado. (adjetivo)
1.4. Locução verbal
Expressão formada por mais de um verbo, O primeiro verbo 
da sequência é chamado de auxiliar e pode apresentar 
flexões (de tempo, modo e pessoa); o segundo é chamado 
de principal e assumirá alguma das formas nominais (in-
finitivo, gerúndio ou particípio).
Exemplos:
Eu irei estudar mais tarde.
Ele está pensando que é adulto.
Estamos preocupados com a situação.
1.5. Modos verbais
Os modos verbais têm como objetivo indicar o “com-
portamento” dos verbos em relação aos tempos (exce-
to no modo imperativo, que será estudado na próxima 
aula). São os modos verbais que nos permitem saber 
se tempo utilizado em uma sentença refere-se a uma 
situação de certeza dos acontecimentos (modo indicati-
vo) ou incerteza dos acontecimentos (modo subjuntivo). 
Vamos conhecê-los:
1.5.1. Tempos do modo indicativo
Presente: em sua designação padrão, indica ação simul-
tânea ao momento de fala.
Exemplo: 
Só passa ônibus lotado! Por isso o ponto con-
tinua cheio.
Também é utilizado para exprimir outras situações além da 
anteriormente mencionada:
a) Presente histórico ou narrativo: é articulado com 
informações no passado. Muito usado em narrativas para 
criar uma aproximação entre o fato passado e o leitor / 
espectador do presente.
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Exemplo: 
Em 1970, O Brasil vence a Copa do México
 
 evento passado verbo no presente
b) Presente com valor de futuro: é articulado com informações no futuro. Encontramos em situações variadas, desde 
construções literárias mais sofisticadas, até construções mais oralizadas.
Exemplo: 
Pode deixar, amanhã eu falo com o Roberto.
 
evento passado verbo no presente
c) Presente frequentativo ou habitual: é articulado com “marcadores linguísticos de hábito” (elementos como “todo 
dia”, “toda hora”, “a todo o momento”, “sempre”, entre outros). Dá ao verbo no presente a sensação de ação que é realizada 
frequentemente, como um hábito.
Exemplo: 
Sempre viajamos com nossos pais para Aparecida do Norte
 
marcador verbo no presente
de hábito 
d) Presente durativo ou universal: é articulado em fenômenos pontuais em que conseguimos perceber uma situação 
que seria “imutável”. É muito comum em sentenças que apontam verdades universais, provérbios e teoremas. Ocorre fre-
quentemente com verbo “ser”, mas admite outras construções.
Exemplo: 
A soma dos quadrados dos catetos é igual ao quadrado da hipotenusa. 
 
 Presente durativo (verdade universal / imutável)
Pretérito: indica ação anterior ao momento de fala. No modo indicativo, temos três modalidades:
a) Pretérito perfeito: ação passada pontual, encerrada, já concluída. Não apresenta referência a outra ação anterior ou 
contemporânea.
Exemplo: 
O gerente indicou um candidato para a vaga.
 
pretérito perfeito (ação passada concluída)
Apresenta forma composta!
O pretérito perfeito composto é estruturado a partir de verbo “ter” + “particípio” e exprime um passado que continua 
a se repetir no presente.
Exemplo: 
O novo filme de Almodóvar tem agradado crítica e público.
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b) Pretérito imperfeito: em sua designação mais comum, indica ação passada não encerrada, mas também apresenta 
outras nuances de sentido. Vejamos:
Exemplo: 
Ele caminhava quando o foi atingido por uma bicicleta.
 
pretérito imperfeito (ação passada não encerrada / interrompida)
Exemplo: 
Enquanto existiram, as Lojas Arapuã abriam as portas às 10 horas. 
 
 pretérito imperfeito (ação habitual / frequente no passado)
Exemplo: 
Pretendíamos ir à Bahia, mas os preços subiram muito.
 
pretérito imperfeito (ação idealizada / imprecisa / vaga / não realizada)
c) Pretérito mais-que-perfeito: trata-se de uma ação passada anterior a outra ação também passada. Vejamos:
Exemplo: 
O avião já decolaraquando o passageiro atrasado chegou.
 
pretérito mais-que-perfeito (simples) outra forma de passado
Apresenta forma composta!
O pretérito mais-que-perfeito composto é estruturado a partir dos verbos “ter” ou “haver” + “particípio” e indica o 
mesmo que a forma simples, no entanto, é mais frequentemente usado na linguagem cotidiana.
Exemplo: 
O avião já tinha / havia decolado quando o passageiro atrasado chegou.
 
pretérito mais-que-perfeito (composto) outra forma de passado
Futuro: indica ação posterior ao momento de fala.
a) Futuro do presente: indica ação futura (de realização material certa ou incerta) em relação ao presente. Apresenta 
também alguns usos particulares que veremos a seguir:
Exemplo: 
O medicamento estará disponível no mercado em setembro.
 
futuro do presente (ação futura enunciada)
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Exemplo: 
Conseguirá o grande varejista manter-se no topo?
 
futuro do presente (usado estilisticamente para indicar incerteza)
Exemplo: 
Na África, quantos não estarão mortos de fome!
 
futuro do presente (usado para enfatizar fato futuro aproximado)
Apresenta forma composta!
O futuro do presente composto é estruturado a partir de verbo “ter” + “particípio” e exprime um fato que estará 
concluído antes de outro.
Exemplo:
 Em dois anos, você terá terminado o seu mestrado. 
b) Futuro do pretérito: indica ação futura que não se concretizará por conta de uma relação com fato passado. Sua 
estrutura apresenta também alguns outros usos particulares que veremos a seguir:
Exemplo: 
Eu participaria da São Silvestre se não tivesse torcido o tornozelo.
 
futuro do pretérito ação passada que compromete ação futura
Exemplo: 
O suspeito teria sido visto próximo à residência da vítima alguns dias antes.
 
futuro do pretérito (indicando incerteza / condição subentendida)
Exemplo: 
Poderia me passar os talheres, por gentileza?
 
futuro do pretérito (recurso de polidez / delicadeza)
Apresenta forma composta!
O futuro do pretérito composto é estruturado a 
partir de verbo “ter” + “particípio” e exprime um fato 
que poderia ter acontecido após outro fato passado.
Exemplo: 
a crise teria quebrado a empresa, se não fos-
se o auxílio dos investidores.
fonTe: YouTube
Jornalista - Veja o uso do futuro do pretérito
multimídia: vídeo
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1.5.2. Tempos do modo subjuntivo
O modo subjuntivo indica, em qualquer tempo que atue, nuances de incerteza (hipóteses, suposições, fatos duvidosos, etc.). 
Sua adequada conjugação depende de algum elemento que, além de reafirmar a incerteza, contribua para a expressão verbal. 
Não há a mesma quantidade de conjugações que vimos no modo indicativo. Trabalha-se, habitualmente, com 
três: Presente, Pretérito Imperfeito e Futuro (há formas compostas, menos usadas, mas que também serão apresentadas). 
Presente
Exemplo: Ainda que eu compre um novo carro, não sei se seria mesma coisa
 
elemento de suporte presente do subjuntivo
Pretérito Imperfeito
Exemplo: Se houvesse tempo, eu também iria ao show
 
 elemento pretérito imperfeito do subjuntivo
 de suporte
Futuro
Exemplo: Quando mudar de ideia, ligue para o seu gerente.
 
 elemento futuro do subjuntivo
 de suporte 
Formas compostas
As formas compostas do subjuntivo também indicam nuances de incerteza e dependem de algum elemento de suporte 
para realização da conjugação. São apenas três tempos utilizados: Pretérito perfeito composto, Pretérito mais-que-
-perfeito composto e Futuro composto. Vejamos:
Exemplo: É essencial que tenham discutido esse problema na reunião.
 
 elemento de suporte pretérito perfeito composto do subjuntivo
Exemplo: Se você tivesse comprado na semana passada, teria pago mais barato.
 
elemento de suporte pretérito mais-que-perfeito composto do subjuntivo
Exemplo: Daremos a resposta assim que tivermos recebido o orçamento da reforma.
 
 elemento de suporte futuro composto do subjuntivo 
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DIAGRAMA DE IDEIAS
VERBOS
MODOS
SUBJUNTIVO IMPERATIVOINDICATIVO
• PRESENTE 
• PRETÉRITO
PERFEITO
IMPERFEITO
MAIS-QUE-PERFEITO
• FUTURO
DO PRESENTE
DO PRETÉRITO
TEMPOS
• PRESENTE
• PRETÉRITO IMPERFEITO
• FUTURO
TEMPOS
VOZES
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1. Modo imperativo
O modo imperativo manifesta ordem, conselho, súplica ou 
exortação do emissor e pode ser imperativo afirmativo ou 
imperativo negativo.
 § Se beber, não dirija!
 § Dorme, que já está na hora!
TABELA PARA CONJUGAÇÃO DO MODO IMPERATIVO
presente 
do indicativo 
imperativo 
afirmativo
imperativo 
negativo
presente 
do subjuntivo
eu compro x x (ainda que) 
eu compre
tu compras compra tu* compres tu
(ainda que) 
tu compres
ele compra compre você compre você
(ainda que) 
ele compre
nós compramos compremos nós compremos nós
(ainda que) 
compremos nós
vós comprais comprai vós* compreis vós
(ainda que) 
vós compreis
eles compram comprem vocês comprem vocês
(ainda que) 
eles comprem
*as duas Passagens do PresenTe do indicaTivo Para 
o imPeraTivo afirmaTivo imPlicam na Perda do “s” 
final que comPõe a consTrução verbal.
Embora a palavra “imperativo” esteja ligada à ideia de co-
mando e ordem, os verbos que compõem essa modalidade 
também são empregados para designar pedido, convite, 
sugestão, conselho ou súplica.
 § Faça isso agora, amor! (pedido)
 § Faça-nos uma visita! (convite)
 § Meu filho, faça sempre o melhor! (conselho)
 § Senhor, faça-nos esse milagre! (súplica)
2. Vozes
As vozes verbais indicam o comportamento do sujeito (ati-
vo, passivo ou reflexivo) em relação ao verbo apresentado. 
Vejamos alguns exemplo iniciais:
 § João cortou árvores.
O fato (cortou) é praticado pelo sujeito (João). 
Portanto, o verbo está na voz ativa.
 § Árvores foram cortadas por João.
O sujeito (árvores) é alvo, ou seja, sofre a ação de 
João. Portanto, o verbo está na voz passiva.
 § João cortou-se com o machado.
O sujeito (João) é agente e também alvo da ação 
de cortar. Portanto, o verbo está na voz reflexiva.
2.1. Voz ativa
Como vimos nos exemplos iniciais, na voz ativa, o sujeito da 
construção pratica a ação verbal. Trata-se de uma estrutura 
que ocorre prioritariamente com verbos transitivos diretos 
(VTD) ou a parte direta dos verbos bitransitivos (VTDI). Ve-
jamos a estrutura:
 
Filomena comprou mais plantas.
 
sujeito agente VTD objeto direto
2.2. Voz passiva (analítica)
Também vimos anteriormente, na voz passiva, o sujeito da 
construção sofre a ação verbal. Em língua portuguesa, te-
mos dois modelos de voz passiva. Primeiramente, veremos 
a voz passiva analítica, que se trata de uma construção 
que, além de constatarmos um sujeito “paciente”, que sofre 
a ação verbal, visualizamos uma estrutura de locução verbal 
formada por verbo “ser” + verbo no particípio, além de uma 
estrutura preposicionada, chamada de agente da passiva.Edson foi incentivado pelos colegas.
 
 sujeito verbo “ser” agente 
 paciente + da passiva
 verbo no particípio
Atenção
Em casos mais raros, podemos encontrar construções 
passivas analíticas com o verbo “estar” + “particípio”
Exemplo: Os criminosos estavam cercados pelas au-
toridades. 
VERBOS: 
MODO IMPERATIVO 
E VOZES VERBAIS
COMPETÊNCIA(s)
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2.3. Voz passiva (sintética)
Temos um outro modelo de voz passiva em língua portu-
guesa, conhecido como voz passiva sintética. Esse ou-
tro modelo é originário de um fenômeno conhecido como 
partícula apassivadora, resultado da junção de um verbo 
transitivo direto (VTD) + uma partícula “se”. Dessa junção, 
surge um fenômeno que nos permite visualizar um sujeito 
“paciente” (que sofre a ação verbal). Vejamos a estrutura.
Exemplo: 
Consertam-se televisores.
 
 VTD partícula sujeito paciente
 “se” 
VIVENCIANDO
O imperativo é usualmente empregado no universo publicitário. Procure identificar em 
qual pessoa gramatical os verbos presentes nas imagens abaixo estão empregados.
2.4. Voz reflexiva
A voz reflexiva, como vimos anteriormente, é um fenô-
meno em que sujeito pratica e sofre a ação realizada. É 
estruturada a partir de um verbo pronominalizado (verbo 
+ pronomes “me”, “te”, “se”, “nos” e “vos”). Vejamos:
Exemplo: 
Acidentalmente, ele se feriu com o aparelho.
 
 pronome reflexivo verbo
DIAGRAMA DE IDEIAS
VERBOS
MODOS
SUBJUNTIVO IMPERATIVOINDICATIVO
VOZES
NÃO ARTICULA TEMPO
AFIRMATIVO
NEGATIVO
• ATIVA
• PASSIVA
• REFLEXIVA
MORFOLOGIA
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ANOTAÇÕES
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LINGUAGENS
CÓDIGOS
e suas tecnologias
ENTREENTRE
LETRASLETRAS
TEORiA
DEDE AULAAULA
LINGUAGENS
CÓDIGOS
e suas tecnologias
ENTREENTRE
LETRASLETRAS
TEORiA
DEDE AULAAULA
INTERPRETAÇÃO 
DE TEXTOS
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INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS
UFMG
A interpretação de texto é primordial para 
a resolução da prova, devendo o aluno 
focar não apenas na interpretação dos 
textos literários, mas sobre os mais varia-
dos gêneros. Além disso, saber interpretar 
o comando das questões, que podem dar 
pistas sobre a resposta correta.
No vestibular Fuvest a interpretação de 
texto acontece de forma mais prática. 
Muitas vezes ligada aos textos literários 
ou críticos, a temática aborda de figuras 
de linguagem à projeções sobre o senso 
comum.
Textos críticos e literários são colocados 
em discussão, de modo que não basta 
reconhecer os recursos linguísticos. Por-
tanto, notar o contexto é essencial.
Uma vez que a interpretação não ocorre 
isolada, é preciso que o aluno repare nos 
contextos e nos recursos utilizados para 
alcançar os efeitos de sentido, identifi-
cando-os e validando-os
Conduz a interpretação de texto em 
paralelo aos textos literários, majorita-
riamente. Crônicas, poemas e pequenos 
trechos canônicos podem ser cobrados 
pelo vestibular, exigindo, do aluno, não 
a leitura integral da obra, mas a capa-
cidade de análise e avaliação 
do texto.
Questões que demandam do aluno o 
conhecimento sobre os recursos linguís-
ticos costumam aparecer, bem como uma 
interpretação de texto basilar ao desen-
volvimento leitor.
Saber ler não só as questões da frente de 
Português, mas também as questões ge-
rais, ainda que em linhas bastante curtas 
e diretas, será um diferencial. Os recursos 
linguísticos ligados à produção de textos 
não devem ser esquecidos no momento 
da leitura.
A interpretação de textos ocorre de ma-
neira direcionada, focada, sobretudo, aos 
recursos linguísticos (como figuras de lin-
guagem e funções linguísticas). Trabalhar 
de forma atenta, lembrando e aplicando 
os conceitos aprendidos em aula será 
fundamental.
As questões de interpretação se tornam 
bastante direcionadas. Conhecer os con-
ceitos por trás da produção dos textos 
(literários ou não), será uma ferramenta 
interessante para que o vestibulando 
possa atuar.
Alinha a interpretação de texto às obras 
literárias que costuma exigir na sua lista 
obrigatória. O conhecimento sobre os re-
cursos literários adquiridos no estudo das 
obras será fundamental.
Além de conhecer os recursos linguís-
ticos, é importante lembrar que uma 
leitura atenta pode render ao candidato 
pontos em questões não apenas na área 
de Português, mas nas variadas áreas do 
conhecimento.
O exame CMMG é objetivo. Exige do 
candidato uma capacidade leitora funda-
mental, que demonstre aptidão em reco-
nhecer os recursos linguísticos dentro das 
questões. Assim, lembrar e compreender 
serão as duas principais habilidades tra-
balhadas por esse vestibular.
Diversos gêneros textuais podem ser 
pedidos, de modo que conhecer os fun-
damentos da produção textual (figuras de 
linguagem e funções da linguagem) pode 
ser um diferencial. A prova conta ainda 
com textos literários, o que demanda 
uma interpretação de senti-
do conotativo.
Ter em mente os conceitos de denotação 
e conotação renderá, ao aluno, um ponto 
de segurança na hora de iniciar a sua in-
terpretação. Lembrar que a interpretação 
se liga ao contexto pode ser a chave para 
a aprovação.
Ler atentamente, tendo em vista as carac-
terísticas dos principais recursos linguísti-
cos e dos variados gêneros textuais, é um 
bom modo de mergulhar na prova. Além 
disso, saber interpretar o comando das 
questões se mostrará de grande ajuda.
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1. Funções da linguagem
1.1. Introdução
O estudo das funções da linguagem está vinculado ao que 
os linguistas denominam teoriada comunicação. As teo-
rias da comunicação têm como objetivo observar o funcio-
namento de processos comunicativos tanto no campo da 
fala como no campo da escrita, inclusive observando os 
gestos de transposição entre os dois campos; por exem-
plo: que elementos do sistema de fala são encontrados no 
sistema de escrita?
O linguista russo Roman Jakobson (1896-1982) foi o 
responsável por desenvolver a teoria das funções da lin-
guagem. De acordo com o estudioso, a linguagem apre-
sentaria funções mais amplas do que simplesmente as de 
caráter informativo. A partir desse pressuposto, Jakobson 
determina que os sistemas comunicativos seriam pauta-
dos por seis funções da linguagem, que seriam determi-
nadas a partir de um “foco” (ou uma ênfase) que recai 
em pontos específicos da mensagem observada. As fun-
ções seriam as seguintes:
 § Emotiva ou expressiva: foco no emissor, locutor ou 
enunciador (a pessoa que fala ou escreve);
 § Apelativa ou conativa: foco no receptor ou interlo-
cutor (a pessoa para quem se fala ou escreve, ou, em 
algumas abordagens, aquele com quem se conversa);
 § Referencial ou denotativa: foco no contexto ou na 
referência de mundo (o assunto, situação ou objeto so-
bre o qual se fala);
 § Fática ou de contato: foco no canal de comunicação 
ou a partir da abertura de contato (físico ou psicológi-
co) com terceiros;
 § Poética: foco nos modos de elaboração da mensagem 
e do texto que a compõe;
 § Metaliguística: foco no código comunicativo (nas 
bases prévias de comunicação, sejam elas verbais ou 
não verbais).
A partir dessas definições, Roman Jakobson propôs o se-
guinte sistema organizativo:
1.2. Função emotiva ou expressiva 
Foco: emissor / locutor / enunciador
A função emotiva, centralizada na figura daquele que fala, 
expressa algumas particularidades do enunciador, como 
emoções, sentimentos, opiniões a respeito de determinadas 
situações, crenças e até mesmo concordâncias e discordân-
cias em relação a certos assuntos. Nela prevalece a 1.ª pes-
soa do singular (eu), podendo, em alguns casos mais raros, 
ocorrer com a 1.ª pessoa do plural (casos em que emoções 
ou opiniões são mobilizadas de modo coletivo). 
Trata-se de uma função que é facilmente identificada nos 
processos comunicativos falados. Nos processos escritos, 
por sua vez, ela se torna evidente pela presença, no texto, 
de interjeições, exclamações, reticências ou outros sinais 
que demonstrem a subjetividade do falante. É a linguagem 
das biografias, memórias, poesias líricas e cartas de amor.
Desencanto
Eu faço versos como quem chora
De desalento... de desencanto...
Fecha o meu livro, se por agora
Não tens motivo nenhum de pranto.
Meu verso é sangue. Volúpia ardente...
Tristeza esparsa... remorso vão...
Dói-me nas veias. Amargo e quente,
Cai, gota a gota, do coração.
E nestes versos de angústia rouca,
Assim dos lábios a vida corre,
Deixando um acre sabor na boca.
– Eu faço versos como quem morre.
Teresópolis, 1912. 
(manuel bandeira)
1.3. Função apelativa ou conativa 
Foco: receptor / ouvinte / interlocutor
A função apelativa, centralizada na figura daquele que ouve, 
expressa a tentativa de um falante de interferir, geralmente 
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de maneira persuasiva, nos sentimentos do interlocutor. Nela 
prevalece a 2.ª pessoa do discurso (representada, em portu-
guês, pelos pronomes tu e você). 
Trata-se de uma função que, para atingir seus objetivos, 
manipula formas imperativas, vocativos e, em casos menos 
frequentes, pronomes demonstrativos e possessivos de se-
gunda pessoa. É facilmente identificada em textos publici-
tários, discursos políticos, textos religiosos (sermões), além 
de parágrafos específicos de textos argumentativos, como 
artigos de opinião e editoriais.
1.4. Função referencial ou denotativa 
Foco: referente
A função referencial, centralizada na figura daquilo que 
Roman Jakobson definiu como “referente”, consiste no 
uso objetivo da linguagem em duas instâncias:
 § indica/aponta elementos que estão no mundo;
 § indica/aponta situações ou acontecimentos no mundo.
Trata-se de uma função que não envolve expressão de 
sentimentos (há a neutralização do emissor e do recep-
tor); por isso, diz-se que ela é centrada na 3.ª pessoa do 
discurso e transmite uma informação objetiva e direta 
sobre um assunto. 
É identificada em muitos tipos de texto, como nos téc-
nicos ou científicos (artigos acadêmicos, matérias de 
revistas científicas, livros didáticos), nas bulas de re-
médio, nas placas informativas, e também em alguns 
subgêneros e gêneros jornalísticos, como a notícia e a 
reportagem.
Exemplo: 
“Aumenta a pressão sobre o primeiro-ministro 
britânico, Tony Blair, para que ele permita uma in-
vestigação independente sobre os aparentes erros 
dos seus serviços de inteligência no que se refere 
às armas de destruição em massa do Iraque. A 
indicação do governo americano, também ques-
tionado sobre a sua avaliação da ameaça iraquia-
na, de que um inquérito pode ser aberto no país, 
reforçou o argumento dos críticos de Blair. O Parti-
do Conservador britânico deverá apresentar nesta 
semana uma moção pedindo a investigação.”
fonTe: folha de s. Paulo - 02-02-2004
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DIAGRAMA DE IDEIAS
Função emotiva Função fática Função conativaFunção poética
EMISSOR LOCUTOR
Função metalinguística
Função referencial
CÓDIGO
MENSAGEM
DESTINATÁRIO
INTERLOCUTOR
CONTEXTO REFERENTE
CANAL
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1. Funções da linguagem 
(continuação)
Nesta aula, as funções da linguagem de Roman Jakobson 
continuarão a ser estudadas. Lembrando que, das seis exis-
tentes, três foram vistas na aula anterior. As três restantes 
serão abordadas agora.
1.1. Função fática 
Foco: canal de comunicação
A função fática, centralizada no canal de comunicação, 
opera em duas instâncias: 
 § Verifica o modo como a linguagem opera dentro de de-
terminados canais de comunicação: Roman Jakobson 
sugere que, ao se observar pessoas conversando em 
determinado canal, é preciso estar atento a particulari-
dades que surgem na manipulação da linguagem. Para 
isso, recomenda-se verificar a abertura (como a conversa 
começa), a manutenção (quais são as características de 
progressão) e seu fechamento (como os falantes encer-
ram a conversa). Um exemplo claro disso é a comunica-
ção por telefone, em que a abertura é feita a partir de 
um sinal que não é usado em interações frente a frente 
(alô?). Também é perceptível no telefone a emissão de 
sinais sonoros durante a conversa que indicam a manu-
tenção/progressão da comunicação (aquele que ouve, 
por exemplo, costuma usar sinais como ahã! ahã! ahã!).
 § Verifica estratégias gerais para abertura, manutenção e 
encerramento de comunicação. Para abertura comunica-
tiva, por exemplo, há as saudações “olá”, “boa tarde!”, 
“tudo certo?”; para manutenção comunicativa, existem 
os marcadores conversacionais, que são usados para 
“testar” o funcionamento do canal, como “né”, “en-
tendeu?”, “viu?”, “aí”, “tipo”, etc.; e, para fechamen-
to comunicativo, existem recursos de despedida, como 
“tchau”, “adeus”, “até logo”, etc. 
Trata-se de uma função que encontrada em muitos luga-
res. Basta que, em determinado espaço comunicativo, seja 
esboçado algum gesto linguístico que dê margem para o 
início de uma conversa (e, posteriormente, outros gestos 
que mantenham sua progressão e também a encerrem).
1.2. Função poética 
Foco: mensagem
A função poética, centralizada na mensagem, promove 
alterações na estrutura da referida mensagem, com o in-
tuito de modificar as relações do ouvinte com o conteúdo 
expresso. Por exemplo, um poema feito em estrutura de so-
neto caracteriza-se como função poética pelo fato de usar 
uma forma/estruturacomunicativa que difere do modelo 
direto (em prosa) habitual. Assim, entende-se que a função 
poética suplementa o sentido da mensagem.
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Trata-se de uma função que, para atingir seus objetivos, 
manipula figuras de linguagem, trocadilhos e quebras ou 
distorções de sequências sintáticas. Parte-se do pressupos-
to que todo o poema já é uma função poética. Não obs-
tante, é possível encontrar tal função em prosas poéticas 
(como os textos de Guimarães Rosa, por exemplo), ou em 
textos publicitários que manipulam trocadilhos nas mensa-
gens de suas propagandas.
(ProPaganda com Trocadilho)
Sem
Mim
Ando
Com 
Igo
Sigo
Sem 
Com
Ando
(arnaldo anTunes)
1.3. Função metalinguística 
Foco: código
A função metalinguística, centralizada no código, ocorre 
quando se usa um código (algum modelo comunicativo) 
por meio do próprio código. É importante salientar que os 
referidos códigos (modelos comunicativos) podem ser de 
cunho verbal ou não verbal. Assim, é possível chegar às 
seguintes conclusões:
 § A pintura, por exemplo, é um tipo de arte que estabele-
ce comunicação. Elas é, portanto, um código. Caso um 
pintor deseje registrar em seu quadro um outro pintor 
trabalhando, ele estará fazendo referência ao “código 
pintura” por meio da própria pintura, o que caracteriza 
um gesto metalinguístico (não verbal).
 § Uma crônica, por exemplo, é um gênero que comu-
nica algo. É, portanto, um código. Caso um cronista, 
em vez de discutir um fato cotidiano, prefira falar so-
bre a dificuldade de se fazer uma crônica no momento 
contemporâneo, ele estará usando o “código crônica” 
para falar sobre crônica. Trata-se de um gesto também 
metalinguístico (verbal). 
A função metalinguística é facilmente encontrada nas artes 
em geral; e também em alguns textos instrucionais de de-
terminadas áreas, como os livros de língua portuguesa que 
ensinam o que é a língua portuguesa, caracterizando-se 
como instrumentos que operam uma metalinguagem.
Razão de ser
Escrevo. E pronto.
Escrevo porque preciso
Preciso porque estou tonto.
Ninguém tem nada com isso.
Escrevo porque amanhece.
E as estrelas lá no céu
Lembram letras no papel,
Quando o poema me anoitece.
A aranha tece teias.
O peixe beija e morde o que vê.
Eu escrevo apenas.
Tem que ter por quê?
(Paulo leminski)
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1. Variação linguística
A variação linguística é a diversificação dos sistemas de uma 
língua em relação às possibilidades de mudança de seus ele-
mentos (vocabulário, fonologia, morfologia, sintaxe).
1.1. Linguagem formal versus 
linguagem informal
a. Norma culta/padrão: é a denominação dada à varieda-
de linguística dos membros da classe social de maior prestí-
gio dentro da classe literária. 
Observação: não se trata da única forma correta.
b. Linguagem informal/popular: é a denominação dada 
à variedade linguística utilizada no cotidiano e que não exige 
a observância total da gramática. 
1.2. Língua falada versus língua escrita
a. Língua falada/oral: dispõe de um número incontável de 
recursos rítmicos e melódicos – entonação, pausas, ritmo, flu-
ência, gestos – porque, claro, o emissor (pessoa que fala ou 
transmite uma mensagem numa dada linguagem) está pre-
sente fisicamente. Algumas das características principais são:
 § frequência da ocorrência de repetições, hesitações e bor-
dões de fala (“Pois, eu aaa... eu acho que... pronto, não 
sei...“, “Cara, o que é isso, cara?“);
 § frases curtas;
 § frases inacabadas, porque foram cortadas ou inter-
rompidas;
 § uso frequente da omissão de palavras;
Exemplo: 
Eu vou com minha mãe e com meu pai; empresta 
o seu caderno? 
 § formas contraídas; 
Exemplo: 
prof, med, refri, facul
 § afastamento das regras gramaticais;
Exemplo: 
Eu vi ele.
 § possibilidade de adequar o discurso de acordo com as 
reações dos ouvintes.
b. Língua escrita: recorre a sinais de pontuação e de 
acentuação para exprimir os recursos rítmicos e melódicos 
da oralidade:
 § uso de descrições ricas; 
 § obedece às regras gramaticais com maior rigor; 
 § sinais de pontuação e acentuação para transmitir a ex-
pressividade oral; 
 § frases longas, apesar de também poder usar frases curtas; 
 § uso de vocabulário mais amplo e cuidadoso; 
 § conectivos e estruturas sintáticas para garantir a coe-
são textual. 
1.3. Variação diatópica
Também conhecida como variação regional ou variação 
geográfica, ocorre quando percebemos que a linguagem 
apresenta variações de acordo com o espaço em que ela 
é operada. É verificável não apenas entre estados (Rio de 
Janeiro × São Paulo), mas também entre regiões em um 
mesmo estado (interior de São Paulo × periferia de São 
Paulo × litoral de São Paulo). É por meio dessa variação 
que estudamos também os sotaques ou dialetos interiora-
nos (como o dialeto caipira).
Exemplos:
I. Diferença de nomes entre regiões para um mes-
mo objeto/item (mandioca × macaxeira × aipim).
II. Diferença de caracteres morfológicos, sintáti-
cos ou semânticos entre regiões (usos de “tu” 
no litoral de São Paulo × usos de “você” na ca-
pital de São Paulo).
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1.4. Variação diacrônica
Também conhecida como variação histórica, ocorre quan-
do percebemos que a linguagem apresenta variações de 
acordo com o tempo em que ela é operada. Parte-se do 
pressuposto que a linguagem é um sistema vivo, constan-
temente mutável, e que seu uso apresenta variações em 
três âmbitos:
 § na passagem entre gerações (avós, pais e filhos que uti-
lizam linguagens diferentes); 
 § na evolução tecnológica (as novas tecnologias fazem 
com que as pessoas passem a utilizar novos termos 
linguísticos);
 § nos textos arcaicos (textos que, mesmo pertencendo a 
nosso idioma, nos trazem certa dificuldade de compre-
ensão pelo fato de estarem muito afastados temporal-
mente. Um exemplo disso seria o texto Auto da barca 
do inferno, de Gil Vicente, que por estar escrito em por-
tuguês medieval, apresenta muitas diferenças fonológi-
cas em relação ao português contemporâneo).
1.5. Variação diastrática
Também conhecida como variação social, ocorre quando 
percebemos que a linguagem apresenta variações por con-
ta de dois fatores mais gerais: 
 § fatores socioeconômicos (uma pessoa que, por ques-
tões financeiras, é obrigada a abandonar o espaço es-
colar para trabalhar e ajudar no sustento do lar, pode 
apresentar, no futuro, dificuldades no uso da gramática 
normativa, por exemplo). 
 § uso de socioleto (na linguística, um socioleto é a va-
riante de uma língua falada por um grupo social, uma 
classe social ou subcultura. É também entendida como 
cada uma das variedades de uma língua usada pelos 
grupos de indivíduos que, tendo características sociais 
em comum (profissão, passatempos, geração etc.), 
usam termos técnicos, ou gírias, ou fraseados que os 
distinguem dos demais falantes na sua comunidade).
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1. Variação linguística 
(continuação)
Nessa aula, continuaremos a estudar as variações linguísticas. 
1.1. Variação diafásica
Também conhecida como variação situacional, ocorre quan-
do percebemos que a linguagem apresenta variações de 
acordo com o contexto/situação em que ela é usada. É veri-
ficável quando um indivíduo, adaptado a um tipo de uso lin-
guístico, é obrigado a fazer uma alteração momentânea em 
seu registro por conta de uma situação de mundo específica. 
Por exemplo, alguém que use muitas gírias em seu dia a dia 
(registro informal) e que é obrigado a usar um registro mais 
formal por conta de uma entrevista de emprego.
1.2. Variação diamésica
Ocorre quando percebemosque a linguagem apresenta 
variações de acordo com os diferentes “meios” em que ela 
usada, entendendo esses “meios” como espaços de uso 
oral da linguagem (fala) e uso escrito. Em geral, consiste 
em verificarmos as seguintes possibilidades:
 § A linguagem falada costuma ser entendida como um 
sistema normalmente desorganizado, marcado por he-
sitações, reformulações, correções etc. Por conta disso, é 
comum encontrarmos recursos diferentes do que vemos 
no espaço escrito (alguns, inclusive, não seriam transpo-
níveis, sendo exclusivos do espaço falado, como os mar-
cadores conversacionais).
 § A linguagem escrita costuma ser entendida como um 
sistema normalmente organizado, em que, por mais que 
pensemos, por exemplo, em repetições de alguma pa-
lavra, efetivamente elas não se materializam na escrita. 
Além disso, ao produzir um texto, costumamos organizar 
como vamos distribuir certas informações (parágrafos de 
introdução, argumentação e conclusão).
1.3. Preconceito linguístico
Denomina-se preconceito linguístico aquele gerado pe-
las diferenças linguísticas existentes dentre de um mesmo 
idioma. Ele está associado a diversas diferenças de base 
linguística, especialmente as regionais (envolvendo diale-
tos, socioletos, regionalismos, gírias e sotaques). Também 
é gerado em menor grau pelos outros tipos de variação.
O preconceito linguístico tem sido muito praticado na atu-
alidade (de modo voluntário e involuntário), sendo forte 
marcador de exclusão social.
Na obra Preconceito linguístico: o que é, como se faz (1999), 
o professor, linguista e filólogo Marcos Bagno aborda sobre 
os diversos aspectos da língua, especialmente o preconceito 
linguístico e suas implicações sociais.
Segundo ele não existe uma forma “certa“ ou “errada“ 
dos usos da língua e que o preconceito linguístico, gerado 
pela ideia de que existe uma única língua correta (baseada 
na gramática normativa), colabora com a prática da exclu-
são social. No entanto, devemos lembrar que a língua é 
mutável e vai se adaptando ao longo do tempo de acordo 
com ações dos falantes.
Além disso, as regras da língua, determinada pela gramá-
tica normativa, não inclui expressões populares e variações 
linguísticas, por exemplo as gírias, regionalismos, dialetos, 
dentre outros.
VARIAÇÃO 
LINGUÍSTICA II
COMPETÊNCIA(s)
5
HABILIDADE(s)
15, 16 e 17
LC AULA 
4
LINGUAGENS
CÓDIGOS
e suas tecnologias
ENTREENTRE
LETRASLETRAS
TEORiA
DEDE AULAAULA
LINGUAGENS
CÓDIGOS
e suas tecnologias
ENTREENTRE
LETRASLETRAS
TEORiA
DEDE AULAAULA
LITERATURA
INCIDÊNCIA DO TEMA NAS PRINCIPAIS PROVAS
UFMG
Como o Enem não possui uma lista 
obrigatória de livros, as questões con-
templam o conhecimento acerca dos di-
ferentes gêneros literários e das escolas 
literárias, bem como de seus principais 
representantes.
A maior parte das questões de literatura 
se refere às obras de leitura obrigató-
ria. Neste livro, encontram-se algumas 
questões de anos anteriores sobre o 
Humanismo, bem como sobre gêneros 
literários e as estéticas medieval e qui-
nhentista.
A maior parte das questões de literatura 
da Unicamp se refere às obras de leitura 
obrigatória. Neste livro, encontram-se 
algumas questões de anos anteriores 
sobre Humanismo e Classicismo, bem 
como sobre gêneros literários e as es-
téticas medieval, clássica e 
quinhentista.
As questões da UNIFESP contemplam o 
conhecimento das escolas literárias, bem 
como de seus principais representantes. 
Neste livro, estão presentes questões so-
bre gêneros literários, Trovadorismo, Hu-
manismo, Classicismo e Quinhentismo.
Como a Unesp não possui uma lista obri-
gatória de livros, as questões contemplam 
o conhecimento das escolas literárias, 
bem como de seus principais representan-
tes. Neste livro, estão presentes questões 
sobre gêneros literários, Trovadorismo, 
Humanismo, Classicismo e 
Quinhentismo.
A prova em questão exige seus conhe-
cimentos acerca dos gêneros literários 
e dos movimentos literários no Brasil e 
em Portugal. Neste livro, estão presentes 
questões sobre gêneros literários, Tro-
vadorismo, Humanismo, Classicismo e 
Quinhentismo.
A maior parte das questões de literatura 
se refere às obras de leitura obrigatória. 
Neste livro, encontram-se algumas ques-
tões de anos anteriores sobre gêneros 
literários e as estéticas medieval, clássica 
e quinhentista.
Como a PUC-Camp não possui uma lista 
obrigatória de livros, as questões con-
templam o conhecimento acerca dos di-
ferentes gêneros literários e das escolas 
literárias, bem como de seus principais 
representantes.
A prova da Santa Casa exige seus conhe-
cimentos acerca dos gêneros literários 
e dos movimentos literários no Brasil e 
em Portugal. Neste livro, estão presentes 
questões sobre gêneros literários, Tro-
vadorismo, Humanismo, Classicismo e 
Quinhentismo.
Estão presentes questões sobre gêneros 
literários, Trovadorismo, Humanismo, 
Classicismo e Quinhentismo.
A maior parte das questões de literatu-
ra da UFPR se refere às obras de leitura 
obrigatória. Neste livro, estão presentes 
questões sobre gêneros literários, Tro-
vadorismo, Humanismo, Classicismo e 
Quinhentismo.
A maior parte das questões de literatura 
se refere às obras de leitura obrigatória. 
Neste livro, encontram-se algumas ques-
tões sobre gêneros literários e as esté-
ticas medieval, clássica e quinhentista.
O vestibular da Uerj não exige os con-
teúdos contidos neste livro, exceto os das 
aulas 1 e 2.
Como a Ungranrio não possui uma lista 
obrigatória de livros, as questões con-
templam o conhecimento acerca dos di-
ferentes gêneros literários e das escolas 
literárias, bem como de seus principais 
representantes.
A Souza Marques exige seus conheci-
mentos acerca dos gêneros literários e 
dos movimentos literários brasileiros. 
Neste livro, estão presentes questões so-
bre gêneros literários e sobre a estética 
quinhentista.
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1. Arte: representação 
e resistência
“A literatura é uma transfiguração da realidade” 
– anTonio candido
Estudar Literatura é estudar um objeto de conhecimento 
que há muito tem seu conceito discutido. A palavra Litera-
tura tem origem latina e é comumente lembrada como a 
arte de escrever. Contudo, essa definição é menos esclare-
cedora do que propulsora de novas questões. Afinal, escre-
ver, isto é, o ato de grafar como letras e/ou ideogramas os 
fonemas da comunicação de uma determinada língua, é 
um conceito de comum senso. Já a ideia de arte, até hoje, 
faz-se constantemente motivo de discussões dentro de 
universidades até conversas corriqueiras entre amigos.
No dicionário, é comum encontrarmos verbetes que defi-
nem arte nos seguintes termos: Aptidão inata para aplicar 
conhecimentos, usando talento ou habilidade, na demons-
tração uma ideia, um pensamento. Embora a definição 
apresentada seja consideravelmente rasa, ela possui seu 
fundo de verdade, já que esboça dois lados dessa relação: 
expressão e técnica. A arte, assim, pode ser entendida 
como uma forma de representação da realidade (feita a 
ressalva de que essa realidade, é claro, sempre perpassa 
a maneira como cada indivíduo percebe e experimenta o 
mundo). Por conta disso, a arte costuma ser conjugada, 
também, com o conceito de mimesis. 
Na Antiguidade Clássica, tanto Platão como Aristóteles tra-
balhariam para o desenvolvimento do conceito. Primeiro, 
Platão o tenta definir como uma forma de discussão acerca 
do que se extrai do mundo das ideias. Contudo, é só com a 
famosa Poética de Aristóteles que o termo ganha força ao 
ser apresentado como imitação / emulação da realidade. 
Nesse mesmo livro, Aristóteles associa o conceito à Lite-
ratura, observando que as diferentes formas de expressão 
literária tendiam a mimetizar a realidade a partir de dife-
rentes perspectivas. 
A imitação (mimese) de uma ação é o mito (fábula)... 
A parte mais importante é a da organização dos fatos, 
pois a tragédia é a imitação, não de homens,mas de 
ações, da vida, da felicidade e da infelicidade (pois a 
infelicidade resulta também da atividade)... Daí resulta 
serem os atos e a fábula a finalidade da tragédia. Sem 
ação, não há tragédia. 
(arisTÓTeles. PoéTica. Tradução de anTônio carvalho. 
são Paulo: difusão euroPéia do livro, 1959.)
É claro, porém, que a arte não deixa de dizer alguma coisa 
e, por isso, faz valer também as análises sobre uma teoria 
da comunicação. Nesse sentido, faz-se contundente pensar 
o papel da arte sobre nós mesmos. Afinal, o que nos move 
a buscar esse tipo de conteúdo (um filme, uma história em 
quadrinhos, um bom livro, um poema, uma peça de teatro, 
uma música, entre tantas outras expressões), e o que, no 
contato com a mensagem que encontramos, é absorvido, 
repelido e transformado por nós?
O que é literatura – Marisa Lajolo
Definir o que é, o que não é e o que pode ser literatura 
depende do ponto de vista, do sentido que a palavra 
tem para cada um e da situação na qual se discute o 
que é literatura.
multimídia: livro
FUNDAMENTOS PARA 
O ESTUDO LITERÁRIO: 
ARTE E TÉCNICA
COMPETÊNCIA(s)
5
HABILIDADE(s)
15, 16 e 17
LC AULAS 
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O direito à literatura
Antonio Candido (1918 – 2017) foi um importante so-
ciólogo e crítico literário do Brasil. Seu nome ecoa forte até 
os dias hojes no que tange à área da Literatura, da Edu-
cação e do que fizer do ser humano ainda mais humano. 
Seu famoso texto Direito à Literatura norteia as percepções 
contemporâneas do que envolve a ideia de Arte.
“a literatura tem sido um instrumento poderoso de 
instrução e educação, entrando nos currículos, sendo 
proposta a cada um como equipamento intelectual e 
afetivo. Os valores que a sociedade preconiza, ou os que 
considera prejudiciais, estão presentes nas diversas ma-
nifestações da ficção, da poesia e da ação dramática. A 
literatura confirma e nega, propõe e denuncia, apoia e 
combate, fornecendo a possibilidade de vivermos diale-
ticamente os problemas.”
(candido, anTonio. o direiTo à liTeraTura. in.: “vários escriTos”. 
3ª ed.. revisTa e amPliada. são Paulo: duas cidades, 1995.)
Para ele, a arte de escrever é um elemento a ser encara-
do como um potencial humanizador, isso porque o seu 
produto final não apenas concatena os valores de uma 
sociedade, mas também, cristaliza as contradições desse 
mesmo núcleo no qual se insere. Assim, a literatura passa 
a atuar como direito, já que é direito, previsto na DUDH 
(Declaração Universal dos Direitos Humanos), o indivíduo 
ter acesso a meios que o permitam se posicionar e se reco-
nhecer no mundo; ciente de si, daqueles que o cercam e do 
contexto que o engloba.
Para tanto, é preciso que entendamos que a literatura tem 
como matéria-prima a linguagem e que esta é a nossa 
capacidade de produzir significação dentro de uma deter-
minada língua. Uma metáfora que auxilia no entendimen-
to da questão é proposta por Roland Barthes, na medida 
que em sua concepção a língua e suas regras é por si só 
tanto instrumento necessário a nossa comunicação como 
preconizadora de uma realidade opressora, na medida em 
que estabelece um modo de ver o mundo quase sempre 
utilitarista e fomentador das desigualdades sociais e da 
violência. Nesse sentido, para o autor, o uso artístico da 
linguagem – a literatura, portanto – faz-se essencialmen-
te anti-poder, isto é, apresenta-se como uma possibilidade 
anti-opressora, capaz de deslocar o olhar do indivíduo para 
outras realidades que não a dele, a sua, a nossa.
Língua: conjunto regrado de elementos (sons e ima-
gens) que permitem a comunicação. 
Linguagem: capacidade de compreender e utilizar a 
língua para comunicação e outras manifestações cria-
tivas (a arte).
1.1. A prosa
A prosa é uma das duas formas mais comuns da manifes-
tação literária. Normalmente, é oposta à poesia pela ma-
neira como se estrutura, já que apresenta o que chamamos 
de “texto corrido”, organizado da esquerda pela direita. 
Nela, costuma imperar a narrativa, isto é, o uso de deter-
minada referencialidade para organizar eventos dentro de 
determinado tempo e espaço – fictícios ou não. 
Biografias, resenhas, resumos, textos ficcionais, contratos, en-
tre outros gêneros textuais, são exemplos de textos em pro-
sa. Os textos em prosa considerados literários são, portanto, 
aqueles em que há uma preocupação com o valor artístico 
do material, a exemplo dos romances de Machado de Assis 
ou, contemporaneamente, os contos de Jarid Arraes. 
1.2. A poesia
A poesia, nome que deriva do termo grego poiesis e que 
significa criar, é um dos modos de constituição literária. An-
terior à prosa, a poesia sempre adequou-se ao longo do 
tempo à lógica dos versos, das estrofes e da musicalidade. 
Na poesia, há uma grande força sobre cada uma das pa-
lavras que a compõe, por isso ela faz-se valer de rimas, de 
rompimentos com a lógica padrão de uso da língua. 
Nesse sentido, analisar um poema é, também, em alguma 
medida, romper com o modo padrão de organização da 
língua. Em um poema, a polissemia, as figuras de lingua-
gem, a musicalidade, o tempo de leitura, tudo que pode ter 
a ver com a linguagem é bastante explorado. 
Catar feijão
1.
Catar feijão se limita com escrever:
Jogam-se os grãos na água do alguidar
E as palavras na folha de papel;
e depois, joga-se fora o que boiar.
Certo, toda palavra boiará no papel,
água congelada, por chumbo seu verbo;
pois catar esse feijão, soprar nele,
e jogar fora o leve e oco, palha e eco.
2.
Ora, nesse catar feijão entra um risco,
o de que, entre os grãos pesados, entre
um grão imastigável, de quebrar dente.
Certo não, quando ao catar palavras:
a pedra dá à frase seu grão mais vivo:
obstrui a leitura fluviante, flutual,
açula a atenção, isca-a com risco.
joão cabral de melo neTo
1.3. Teoria dos gêneros
Mikhael Bakhtin, importante estudioso da linguagem, 
apresenta uma interessante definição de gênero textual;
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O emprego da língua efetua-se em forma de enunciados 
(orais e escritos) concretos e únicos, proferidos pelos in-
tegrantes desse ou daquele campo da atividade huma-
na. Esses enunciados refletem as condições específicas 
e as finalidades de cada referido campo não só por seu 
conteúdo (temático) e pelo estilo da linguagem, ou seja, 
pela seleção dos recursos lexicais, fraseológicos e gra-
maticais da língua mas, acima de tudo, por sua constru-
ção composicional.[...] Evidentemente, cada enunciado 
particular é individual, mas cada campo de utilização da 
língua elabora seu tipos relativamente estáveis de enun-
ciados, os quais denominamos gêneros do discurso.
(bakhTin, m. os gêneros do discurso)
Bakhtin, porém, não é nenhum precursor desse conceito, 
que já era trabalhado na antiguidade clássica por Aristóte-
les. Contudo, não se pode negar que seus estudos torna-
ram-se importante marco da Linguística e norteiam, hoje, 
nossa concepção desse conceito. Assim, entendemos que 
os gêneros são reflexos de enunciados que são produzidos 
na interação humana. Em outras palavras, cada situação 
contextual em que a linguagem é posta em pauta (situ-
ação comunicativa) exigirá dos emissores a atenção para 
produção de um discurso oral ou escrito que seja capaz de 
abarcar as necessidades do momento em questão.
Os gêneros, assim, ao longo do tempo, vão assumindo for-
mas mais ou menos fixas, suportes distintos e adequando-
-se aos contextos em que são produzidos. Como a carta, 
que com o passar dos anos transformou-se no e-mail, pre-
servando a estrutura de um gênero anterior, mas cedendo 
lugar a um outro contexto de veiculação, virtual e veloz. 
PenéloPe e odisseu
Em relação ao gênero literário, na Antiguidade, Aristóteles 
cunhou que a literatura dividia-se em três deles: épico, dra-
mático e lírico. Anatol Rosenfeld, crítico literário, muito tempo 
depois, também escreveria a respeito, em seu famoso ensaio 
Teoria dosgêneros. Trata-se, pois, de perceber características 
cruciais a cada uma dessas formas, analisando como elas 
permaneceram e/ou se desdobraram em tantas outras nas 
formas mais modernas da arte literária. Afinal, quando Aris-
tóteles propôs tal organização, apenas os textos em versos 
eram conhecidos.
Gêneros Literários – Angélica Soares
As manifestações poéticas mais remotas já mostram a 
tendência para classificar as obras literárias conforme 
a realidade que retratam, pelo uso de mecanismos de 
estruturação semelhantes. 
multimídia: livro
1.3.1. O gênero épico
O gênero épico surge com as produções gregas atribuí-
das a Homero, Ilíada e Odisseia. Épico deriva da palavra 
grega epos, que significa verso ou discurso. Há quem 
associe a palavra aos versos iniciais de uma epopeia – 
nome dado aos grandiosos poemas épicos, ou seja, um 
conjunto de epos. 
A epopeia, assim, emerge como um ancestral do que co-
nhecemos hoje por narrativa (cinematográfica, em quadri-
nhos, um romance etc.). Contudo, ela traz algumas dife-
renças ímpares no que tange não apenas a sua forma e 
estrutura, mas ao seu conteúdo. Afinal, a epopeia traz o 
relato de um herói em um mundo cuja organização é total-
mente diferente da organização moderna. De tal modo, a 
epopeia concentra algumas características particulares na 
principal relação que norteia a literatura ao longo dos tem-
pos: o sujeito e o mundo.
Na epopeia, temos:
 § linguagem rebuscada e elevada, digna de glorificar os 
feitos do herói.
 § imagem de herói que condensa os valores de uma 
nação.
 § destino a ser cumprido, normalmente traçado pelas 
divindades.
 § cenário de guerra ou contexto de um grande aconteci-
mento histórico.
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A estrutura do poema épico
É dividido em partes, chamadas cantos, que, por sua 
vez, são divididos em:
 § Proposição: O texto apresenta o tema e o herói.
 § Invocação: O texto pede inspiração à musa (divin-
dade inspiradora da poesia).
 § Narração: Narração das aventuras do herói.
 § Conclusão ou Epílogo: Encerramento das aventu-
ras e conclusão dos feitos heroicos.
1.3.1.1. A narrativa
O gênero épico dá origem às formas narrativas mais co-
nhecidas, como o conto, a novela, a crônica e, é claro, o 
romance. Todos esses gêneros têm em comum o seu cará-
ter narrativo, isto é, a organização de fatos que se sucedem 
dentro de um tempo-espaço específico.
“A narrativa está presente em todos os tempos, em to-
dos os lugares, em todas as sociedades, começa com a 
própria história da humanidade. (...) é fruto do gênio do 
narrador ou possui em comum com outras narrativas 
uma estrutura acessível à análise”.
– barThes, roland. a avenTura semiolÓgica, PP. 103-104.
A narrativa fará sempre parte das sociedades e, por isso, 
é importante instrumento não apenas de análise formal a 
respeito dos seus aspectos literários, mas como matéria-
-prima para compreensão de mundo. 
1.3.2. O gênero lírico
O gênero lírico surge, também, na Grécia Antiga. Trata-se 
de poemas que eram declamados, normalmente, acompa-
nhados pela lira, instrumento musical, concatenando as-
sim, em uma primeira camada, dois importantes elemen-
tos: o som e a imagem. 
Tal gênero centra-se, sobretudo, na expressão dos senti-
mentos; isso não quer dizer, porém, que diz respeito aos 
sentimentos de quem o declama, mas do conceito de eu lí-
rico, ou voz poética, a voz que fala no poema. Por definição, 
compreendemos eu lírico como um importante elemento 
das análises de poemas, que corresponde ao sujeito (que 
não é necessariamente o poeta) detentor dos sentimentos 
e sensações expressas no texto.
O gênero lírico, assim, surge em consonância com a poe-
sia e, por isso, traz como principal característica o verso: a 
segmentação proposital e pensada de um texto levando 
em conta o sentido e a sonoridade das palavras que com-
põem o texto. Além disso, figuras de linguagem, como as 
metáforas, e o ritmo, a partir das rimas, por exemplo, são 
elementos que ajudam a nortear a análise desses textos.
1.3.2.1. O ritmo do poema
Podemos entender como ritmo a sucessão de tempos for-
tes e fracos em determinado verso, poema ou canção. Na 
literatura, esse ritmo, contudo, passa a ganhar uma maior 
significação, na medida que atua como elemento constitu-
tivo do texto. 
As rimas são caracterizadas normalmente como um dos 
principais fatores que corroboram para a rítmica do poe-
ma. Elas são, por definição, a repetição de sons ao final de 
dois ou mais versos. É claro que isso não implica que todo 
poema possua uma rima, ou que elas estejam sempre ao 
final do verso, há quem classifique os sons fortes do verso 
como rimas internas. Assim, quando as rimas acontecem 
ao final do verso, são chamadas de rimas externas, quando 
dentro do verso, rimas internas. Vejamos alguns exemplos 
e classificações para as rimas:
Tipos de rimas
 § Ricas – entre palavras de classes gramaticais diferentes:
Cristina e ensina
 § Pobres – entre palavras de mesma classe gramatical:
Precisava esconder sua afeição...
Na Idade Média, uma imortal paixão
 § Toantes – entre sons vocálicos repetidos:
hora e bola; saltava e mata
 § Aliterantes – entre sons consonantais idênticos ou 
semelhantes:
vozes, veladas, veludosas, vozes
vagam nos velhos vórtices velozes
 § Consoantes – entre sons e letras repetidos:
terra e serra;
amoníaco e zodíaco;
 rutilância e infância
 § Esdrúxulas – entre palavras proparoxítonas:
É um flamejador, dardânico
uma explosão de rápidas ideias,
que com um mar de estranhas odisseias
saem-lhe do crânio escultural, titânico!...
(cruz e sousa) 
 § Agudas – entre palavras oxítonas:
dó e só; fez e vez; ti e vi
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 § Preciosas – entre palavras combinadas:
múmia e resume-a; réstea e veste-a;
águia e alague-a; estrela e vê-la
 § Versos brancos – verso sem rimas.
Disposição das rimas no poema
 § Mistas – sem posição regular:
De uma, eu sei, entretanto 1,
Que cheguei a estimar 2
Por ser tão desgraçada 3!
Tive-a hospedada 3 a um canto 1
Do pequeno jardim 4;
Era toda riscada 3
De um traço cor de mar 2
E um traço carmesim 4.
(alberTo de oliveira) 
 § Emparelhadas (AABB):
No rio caudaloso que a solidão retalha A,
na funda correnteza na límpida toalha A,
deslizam mansamente as garças alvejantes B;
nos trêmulos cipós de orvalho gotejantes B...
(fagundes varela) 
 § Interpoladas ou opostas (ABBA):
Mais de mil anos-luz já separado A,
Naquela hora, do meu pensamento B.
O filme de uma vida, ínfimo momento B,
O derradeiro instante havia impregnado A.
 § Alternadas ou cruzadas (ABAB):
Amor, essência da vida A,
é uma expressão de Deus B.
Alma, não fique perdida A!
Ele luz os dias seus B.
1.3.2.2. A sílaba poética
A sílaba poética dialoga com o que chamamos de métrica 
do poema. É importante estabelecer que elas são diferentes 
das sílabas gramaticais, já que sua divisão não se atenta à 
morfologia, mas à fonologia. Em outras palavras, a sílaba é 
contada a partir das unidades sonoras do verso. Além disso, 
a contagem vai apenas até a última sílaba tônica do verso.
A partir dessa contagem, os poemas são classificados pelo 
seu número de sílabas. Assim, quando você ouve que um 
poema apresenta uma métrica decassílaba, estamos nos 
referindo a um poema com versos de 10 (dez) sílabas poé-
ticas. Vejamos alguns exemplos:
As diferentes métricas que o poema pode assumir 
 § Monossílabos – uma única sílaba:
Ru/a
tor/ta
Lu/a
mor/ta
Tu/a
por/ta
 § Dissílabos – duas sílabas:
Tu,/ on/tem
na/ dan/ça
que/ can/sa
vo/a/vas
com as/ fa/ces
em/ ro/sas
for/mo/sas
de/ vi/vo
car/mim
(casimiro de abreu) 
 § Trissílabos – três sílabas:
Vem/ a au/ro/ra
pre/ssu/ro/sa
cor/ de/ ro/sa
que/ se/co/ra
de/ car/mim
as/ es/tre/las
que e/ram/ be/las
têm/ des/mai/os
já/ por/ fim
(gonçalves dias) 
 § Tetrassílabos – quatro sílabas:
O in/ver/no/ bra/da
for/çan/do as/ por/tas
Oh!/ Que/ re/voa/da
de/ fo/lhas/mor/tas
o/ ven/to es/pa/lha
por/ so/bre o/ chão/...
(alPhonsus de guimarães) 
 § Pentassílabos ou redondilha menor – cinco sílabas:
Meu/ can/to/ de/ mor/te,
Gue/rrei/ros/ ou/vi
Sou/ fi/lho/ das/ sel/vas
Nas/ sel/vas/ cres/ci;
Gue/rrei/ros/ des/cen/do
Da/ tri/bo/ tupi
(gonçalves dias) 
 § Hexassílabos – seis sílabas:
E o/ ca/va/lei/ro/ pa/ssa
an/te a/ som/bria/ por/ta
da/ lú/gu/bre/ des/gra/ça
(alPhonsus de guimarães) 
 § Heptassílabos ou redondilha maior – sete sílabas:
An/tes/ de a/mar,/ eu/ di/zi/a
pa/ra/ cor/tar/ na/ ra/iz
es/ta/ cons/tan/te a/go/ni/a
pre/ci/so a/mar/ al/gum/ di/a
a/man/do,/ se/rei/ fe/liz.
(menoTTi del Picchia)
 § Octossílabos – oito sílabas:
No ar/ so/sse/ga/do, um/ si/no/ can/ta
Um/ si/no/ can/ta/ no ar/ som/bri/o
(olavo bilac) 
 § Eneassílabos – nove sílabas:
Ó/ gue/rrei/ros/ da/ ta/ba sa/gra/da,
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Ó/ gue/rrei/ros/ da/ tri/bo tu/pi
Fa/lam/ deu/ses/ nos/ can/tos/ do/ Pia/ga!
Ó/ gue/rrei/ros,/ meus/ can/tos/ ou/vi!
(gonçalves dias) 
 § Decassílabos ou Medida Nova – dez sílabas:
A/mo/-te, ó/ cruz, /no/ vér/ti/ce/ fir/ma/da
(alexandre herculano) 
 § Hendecassílabos – onze sílabas:
Não/ te/nho/ na/da/ com i/sso/ nem/ vem/ fa/lar
Eu/ não/ con/si/go en/ten/der/ sua/ ló/gi/ca
Mi/nha/ pa/la/vra/ can/ta/da/ po/de es/pan/tar
E a/ seus/ ou/vi/dos/ pa/re/cer/ e/xó/ti/ca.
(caeTano veloso)
 § Dodecassílabos ou Alexandrinos – doze sílabas:
A/ ca/sa/ que/ foi/ mi/nha,/ ho/je é/ ca/sa/ de/ Deus.
Traz/ no/ topo u/ma/ cruz./ A/li/ vi/vi/ com os/ meus
(aberTo de oliveira)
 § Bárbaros – mais de doze sílabas:
Nun/ca /co/nhe/ci /quem/ ti/ve/sse/ le/va/do/ po/rra/da.
To/dos os/ meus/ co/nhe/ci/dos/ têm/ si/do/ cam/pe/ões/ 
em/ tudo. 
(fernando Pessoa) 
Ressalta-se, ainda, que um poema sem métrica, isto é, com 
versos de métrica irregular, é comumente conhecido como 
um verso livre.
II.
Você não diz porém o vosso corpo está delindo no ar,
Você apenas esconde os olhos no meu braço e encontra a 
paz na escuridão.
A noite se esvai lá fora serena sobre os telhados,
Enquanto o nosso par aguarda, soleníssimo,
Radiando luz, nesse esplendor dos que não sabem mais pra 
onde ir.
(mário de andrade. “girassol da madrugada”)
1.3.2.3. A forma poética
Durante seus estudos pela história da Literatura você verá 
que a forma poética bastante se altera, afinal, o número de 
versos, o número de estrofes, o número de sílabas poéticas 
não irá permanecer igual no fazer literário. Algumas for-
mas, contudo, terão evidente impacto histórico na arte do 
escrever, como é o caso do Soneto, forma que passa a ser 
utilizada durante o Renascimento e até hoje vemos poetas, 
claro que com uma menor frequência, a empregando em 
seus livros – ou ainda músicos e compositores a empre-
gando em suas canções.
É válido destacar, assim, que a forma poética é muito im-
portante para a análise de um poema. Por isso, ao analisar 
um poema, é preciso certificar-se de que você entendeu 
onde começa e onde termina o verso. Caso o poema não 
esteja disposto em versos, a sepração pode ser feita por 
meio da / (barra). Como no exemplo a seguir: Não sou 
nada / Nunca serei nada / Não posso querer ser nada / À 
parte isso, tenho em mim todos os sonhos do mundo. Os 
versos, extraídos do poema Tabacaria, de Fernando Pessoa, 
estão separados por vírgulas, já que foram realocados den-
tro do texto corrido. Além disso, lembre-se de que quando 
um verso é muito longo para uma página, ele deve ser des-
locado para a linha seguinte e indicado com um recuo e/ou 
um sinal gráfico, como o [ (colchete).
Além do soneto, outros nomes que você encontrará nos 
seus estudos serão: a trova, o vilancete, a esparsa, a ode 
etc. Essas outras formas, por vezes, são classificadas como 
subgêneros poéticos, já que costumam ser usadas em con-
textos específicos. A ode, como poema de glória, a Elegia, 
como um poema triste ou fúnebre, entre outros. Cada qual, 
irá seguir as suas respectivas normas no que tange a métri-
ca, a versificação e a estrofação. 
Vejamos alguns exemplos:
 § Soneto – forma lírica bastante conhecida, é composta 
de catorze versos, com dois quartetos e dois tercetos.
Soneto da fidelidade
(vinicius de moraes)
De tudo ao meu amor serei atento
Antes, e com tal zelo, e sempre, e tanto
Que mesmo em face do maior encanto
Dele se encante mais meu pensamento.
Quero vivê-lo em cada vão momento
E em seu louvor hei de espalhar meu canto
E rir meu riso e derramar meu pranto
Ao seu pesar ou seu contentamento
E assim, quando mais tarde me procure
Quem sabe a morte, angústia de quem vive
Quem sabe a solidão, fim de quem ama
Eu possa me dizer do amor (que tive):
Que não seja imortal, posto que é chama
Mas que seja infinito enquanto dure.
 § Elegia – poema em tom triste e fúnebre originado na 
Grécia antiga. Caracterizam as digressões moralizan-
tes destinadas a ajudar ouvintes ou leitores a suportar 
momentos difíceis da vida, como a morte de um ente 
querido ou de uma personalidade pública.
Elegia na sombra
fernando Pessoa (2 jun. 1935)
Lenta, a raça esmorece, e a alegria
É como uma memória de outrem. Passa
Um vento frio na nossa nostalgia
E a nostalgia torna-se desgraça.
Pesa em nós o passado e o futuro.
Dorme em nós o presente. E a sonhar
A alma encontra sempre o mesmo muro,
E encontra o mesmo muro ao despertar.
Quem nos roubou a alma? Que bruxedo
De que magia incógnita e suprema
Nos enche as almas de dolência e medo
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Nesta hora inútil, apagada e extrema?
Os heróis resplandecem a distância
Num passado impossível de se ver
Com os olhos da fé ou os da ância.
Lembramos névoa, sombras a esquecer.
Que crime outrora feito, que pecado
Nos impôs esta estéril provação
Que é indistintamente nosso fado
Como o pressente nosso coração?
(...)
Como – longínquo sopro altivo e humano! –
Essa tarde monótona e serena
Em que, ao morrer, o imperador romano
Disse: Fui tudo, nada vale a pena.
 § Ode – poema lírico de exaltação e homenagem, tam-
bém originado na Grécia antiga, destinado ao canto. 
Composto de estrofes e de versos iguais em tom ale-
gre, entusiástico e de louvação.
Ode do gato
(Pablo neruda)
Os animais foram
imperfeitos,
compridos de rabo, tristes
de cabeça.
Pouco a pouco se foram
compondo,
fazendo-se paisagem,
adquirindo pintas, graça voo.
O gato,
só o gato
apareceu completo
e orgulhoso:
nasceu completamente terminado,
anda sozinho e sabe o que quer.
O homem quer ser peixe e pássaro,
a serpente quisera ter asas,
o cachorro é um leão desorientado,
o engenheiro quer ser poeta,
a mosca estuda para andorinha,
o poeta trata de imitar a mosca,
mas o gato
quer ser só gato
e todo gato é gato
do bigode ao rabo,
do pressentimento à ratazana viva,
da noite até os seus olhos de ouro.
Não há unidade
como ele,
não tem
a lua nem a flor
tal contextura:
é uma coisa
só como o sol ou o topázio,
e a elástica linha em seu contorno
firme e sutil é como
a linha da proa de uma nave.
Os seus olhos amarelos
deixaram uma só ranhura
para jogar as moedas da noite.
Oh pequeno
imperador sem orbe,
conquistador sem pátria,
mínimo tigre de salão, nupcial
sultão do céu
das telhas eróticas,
o vento do amor
na intempérie
reclamas
quando passas
e pousas
quatro pés delicados
no solo,
cheirando, desconfiando
de todo o terrestre,
porque tudo
é imundo
para o imaculado pé do gato.
Oh fera independente
da casa, arrogante
vestígio da noite,
preguiçoso, ginástico
e alheio,
profundíssimo gato,
polícia secreta
dos quartos,
insígnia
de um desaparecido veludo,
certamente não há
enigma na tua maneira,
talvez não sejas mistério,
todo o mundo sabe de ti e pertences
ao habitante menos misterioso
talvez todos o acreditem,
todos se acreditem donos,
proprietários, tios
de gato, companheiros,
colegas,
discípulos ou amigos do seu gato.
Eu não.
Eu não subscrevo.
Eu não conheço o gato.
Tudo sei, a vida e o seu arquipélago,
o mar e a cidade incalculável,
a botânica
o gineceu com os seus extravios,
o pôre o menos da matemática,
os funis vulcânicos do mundo,
a casca irreal do crocodilo,
a bondade ignorada do bombeiro,
o atavismo azul do sacerdote,
mas não posso decifrar um gato.
Minha razão resvalou na sua indiferença,
os seus olhos têm números de ouro.
 § Madrigal – composição poética elegante cujos temas 
invocam atos heroicos e pastoris.
Madrigal melancólico
(manuel bandeira)
O que eu adoro em ti,
Não é a tua beleza.
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A beleza, é em nós que ela existe.
A beleza é um conceito.
E a beleza é triste.
Não é triste em si,
Mas pelo que há nela de fragilidade e de incerteza.
O que eu adoro em ti,
Não é a tua inteligência.
Não é o teu espírito sutil,
Tão ágil, tão luminoso,
– Ave solta no céu matinal da montanha.
Nem é a tua ciência
Do coração dos homens e das coisas.
O que eu adoro em ti,
Não é a tua graça musical,
Sucessiva e renovada a cada momento,
Graça aérea como o teu próprio pensamento.
Graça que perturba e que satisfaz.
O que eu adoro em ti,
Não é a mãe que já perdi.
Não é a irmã que já perdi.
E meu pai.
O que eu adoro em tua natureza,
Não é o profundo instinto maternal
Em teu flanco aberto como uma ferida.
Nem a tua pureza. Nem a tua impureza.
O que eu adoro em ti – lastima-me e consola-me!
O que eu adoro em ti, é a vida.
 § Écloga – poema ambientado no campo, pastoril e bu-
cólico.
Écloga IV (v. 52-59)
Vê como, com os séculos por vir, tudo se alegra.
A última parte desta vida seja-me tão longa,
que para dizer os feitos não me falte alento!
O trácio Orfeu não poderá vencer-me nestes cantos,
nem Lino, ainda que a Orfeu a mãe Calíope socorra
e por seu turno a Lino dê assistência o belo Apolo.
Se competir comigo o próprio Pã, por juiz a Arcádia,
dar-se-á por vencido o próprio Pã, por juiz a Arcádia.
1.3.3. O gênero dramático
O drama tem origem na Grécia Antiga e a etimologia da 
palavra nos leva ao sentido de ação. É, afinal, o gênero que 
compreende o teatro, cuja característica principal é a ence-
nação, a representação de uma determinada realidade. No 
teatro, os atores, o eu poético da ação, relacionam-se com 
o tu-vós, a plateia. 
O texto dramático traz algumas características marcantes, 
como a sua estruturação por meio do diálogo, realizado 
em discurso direto. No texto teatral, não há um narrador 
a relatar fatos, o tempo é dado no diálogo e nas ações 
das personagens. Além disso, o texto conta ainda com as 
rubricas, notações do dramaturgo, normalmente em itálico, 
com direcionamentos para o autor ou para a composição 
da cena. Esse elemento deixa bem clara a noção de que no 
teatro a relação entre o palco e o espectador é constante-
mente pensada.
O gênero dramático expõe dois subgêneros principais em 
sua gênese: a tragédia e a comédia.
1.3.3.1. A tragédia
A tragédia é uma forma dramática marcada pelo enfren-
tamento do indivíduo em relação a questões superiores 
ao seu próprio entendimento: os deuses ou o destino. Traz 
como característica o final destrutivo e irremediável, no in-
tuito de provocar no espectador a catarse e o assombro. 
Em sua essência, a tragédia aborda personagens de classes 
sociais ou homens superiores (heróis), pressupondo serie-
dade, já que as comédias são, normalmente, vinculadas às 
classes sociais inferiores.
1.3.3.2. A comédia
A comédia é um gênero que também aparece na Grécia 
Antiga. Para Aristóteles, enquanto a Tragédia trata dos ho-
mens superiores, a comédia trata dos homens comuns. Em 
outras palavras, reproduz com intuito humorísticos as re-
lações morais e sociais do cotidiano. A comédia, portanto, 
é um gênero que iguala os homens, já que pressupõe na 
sátira, a crítica dos costumes a tudo e a todos; na Grécia, 
assim, era vista como ponto importante para a satíra, in-
clusive, política.
A comédia dá origem a um outro subgênero dramático bas-
tante conhecido: a farsa.
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DIAGRAMA DE IDEIAS
DRAMÁTICOÉPICO
– CONTA A HISTÓRIA DE UM 
HERÓI E SEUS EFEITOS.
– AUXILIA O HOMEM A 
COMPREENDER A SUA 
HISTÓRIA E SUA RELAÇÃO COM 
O MUNDO QUE O CERCA.
– DEU ORIGEM ÀS NARRATIVAS 
COMO CONHECEMOS HOJE.
– GÊNERO DA 
REPRESENTAÇÃO: ESTABELECE 
UMA RELAÇÃO ENTRE O 
EU QUE REPRESENTA E O 
PÚBLICO QUE ASSISTE.
– DIVIDE-SE EM DOIS 
GRANDES SUBGÊNEROS: A 
TRAGÉDIA E A COMÉDIA.
– EXPRESSÃO DA SUBJETIVIDADE 
DE UM EU POEMÁTICO.
– UTILIZA O SOM E IMAGEM 
DAS PALAVRAS PARA 
COMPOR SENTIDO.
– PODE SER APRESENTADO 
DENTRO DE ESTRUTURAS 
FORMAIS BEM DEFINIDAS, 
COMO O SONETO.
LÍRICO
TEORIA DOS 
GÊNEROS
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1. Trovadorismo: 
contexto de produção
"A poesia traz, sob as espécies da figura e do som, aquela 
realidade pela qual, ou contra a qual, vale a pena lutar"
– alfredo bosi
Entende-se por Idade Média o período que compreende 
do século V ao século XV na história. É claro que o termo 
vai para além de uma mera delimitação temporal, assim 
como carrega, comumente, uma significação especial no 
que tange à uma história que serve a narrativa ocidental. 
Nesse sentido, falar de um contexto de produção literária 
nesse período é compreender a temporalidade como um 
conjunto de práticas e relações sociais que moldaram a 
concepção de indivíduo e sociedade sob o manto de um 
pensamento teocêntrico. É, nesse contexto, afinal, que tem 
início o que consideramos como o primórdio da literatura 
em língua portuguesa. 
1.1. Nasce Portugal
A nação portuguesa começa a se consolidar a partir de 
1128, quando D. Afonso Henriques enfrenta uma luta pelo 
trono e sai vitorioso. O mesmo homem, anos mais tarde, iria 
se proclamar o primeiro rei de Portugal, como Afonso I, inau-
gurando a dinastia de Borgonha. Centena de anos depois, 
a Revolução de Avis ajudaria a consolidar a história do país. 
Portugal, assim, emerge na Península Ibérica e, consequen-
temente, uma língua comum passa a ajudar a modelar o 
pequeno país situado entre a Espanha (e o restante da Eu-
ropa) e o continente Africano para além do mediterrâneo. 
Nesse momento, o modo de organização do trabalho é o 
feudalismo, a Igreja católica possui forte influência na so-
ciedade e o teocentrismo impera como corrente do pensar.
1.2. Nasce a Literatura Portuguesa
O trovadorismo tem origem no provençal e no galego 
(regiões respectivamente localizadas na atual França e na 
atual península ibérica). Acontece durante o feudalismo, 
dentro do período que engloba a Baixa Idade Média. 
Como marco inicial desse período, temos a Cantiga da 
Ribeirinha ou Cantiga da Guarvaia, atribuída a Paio 
Soares de Taveirós. Estima-se que a cantiga tenha sido com-
posta ou em 1189 ou 1198. Trata-se, assim, do mais antigo 
texto em língua portuguesa: o marco incial do trovadorismo.
TROVADORISMO 
E HUMANISMO
COMPETÊNCIA(s)
5
HABILIDADE(s)
15, 16 e 17
LC AULAS 
3 E 4
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Cantiga da Ribeirinha
No mundo non me sei parelha,
mentre me for’ como me vay,
ca já moiro por vos e ay!
mia senhor branca e vermelha,
queredes que vos retraya
quando vus eu vi em saya!
Mao dia me levantei
que vus enton non vi fea!
E, mia senhor, des aquel di’, jay!
me foi a mi muyn mal,
e vos, filha de don Paay
Moniz, e ben vus semelha
d’aver eu por vós guarvaya
pois eu, mia senhor, d’alfaya
nunca de vos ouve nem ei
valia dua correa.
(Paio soares de Taveiros)
Cantiga da Ribeirinha (tradução)
Não há no mundo ninguém que se compare
a mim em infelicidade, enquanto a minha vida
continuar assim, porque morro por vós e, ai,
minha senhora branca e de faces rosadas,
quereis que vos retrate quando vos vi sem manto.
Mau dia foi esse em que me levantei,
porque vos vi tão bela! [ou seja: melhor seria
se vos tivesse visto feia].
E, minha senhora, desde aquele dia, ai,
tudo para mim foi muito mal,
mas vós, filha D. Paio
Moniz, parece-vos muito bem que eu tenha
e vós uma garvaia[manto de luxo] quando
nunca recebi de vós o simples
valor de uma correia.
1.3. O feudalismo
A sociedade medieval é caracterizada pela ausência do co-
mércio e, consequentemente, pela produção em latifúndios 
pertencentes aos senhores feudais. Nos campos do senhor 
feudal, então, as pessoas organizavam-se em uma divisão 
social e de trabalho atrelada à crença de que o senhor feu-
dal era o representante de Deus na Terra – crença também 
alimentada pela igreja.
Assim, a sociedade segmentava-se em castas imutáveis, 
estando no topo dela o rei, seguido pelo clero, depois pela 
nobreza e, em última instância, os servos.
Os servos, assim, estabeleciam para o senhor uma relação 
de vassalagem. Essa relação consistia na serviência com 
direitos e obrigações do servo ao seu suserano (o rei). A 
relação de suserania e vassalagem, desta forma, iria sus-
tentar o grande pilar da literatura medieval: a serviência 
do eu lírico à figura da amada.
1.4. Tradição Oral
As manifestações culturais da Idade Média ligavam-se, 
sobretudo, à premissa religiosa de que Deus é o Todo Po-
deroso e, portanto, deve ser temido. Os trovadores, assim, 
apresentavam-se nas cortes dos senhores feudais, exibindo 
com música os seus jograis e as suas cantorias.
A literatura que se estuda aqui é vinculada à melodia e à 
musicalidade, levando antes do nome de poesia o nome de 
cantigas. Do francês, Trouver significa encontrar, o trovador, 
portanto, é aquele que busca encontrar uma composição 
capaz de unificar melodia e voz, isto é, uma cantiga, uma 
canção.
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2. Cantigas Trovadorescas
As cantigas trovadorescas são divididas em categorias 
dentro do gênero: as cantigas líricas e as satíricas. O pri-
meiro tipo (líricas) corresponde às cantigas que tem como 
temática os sentimentos, em especial, o amor e a saudade. 
Já as cantigas satíricas são textos com caráter cômico e crí-
tico, a categoria apresenta, ainda, duas subclassificações, 
as cantigas de escárnio e as cantigas de maldizer.
Cantigas
LíricasSatíricas
Cantigas
de amor
Cantigas
de amigo
Cantigas 
de escárnio
Cantigas 
de maldizer
2.1. Cantigas Líricas
Aqui, o termo remete ao uso da Lira como instrumento de 
acompanhamento e não, necessariamente, ao gênero lírico 
como um todo. As cantigas líricas expressam sentimentos.
A lírica trovadoresca. Segismundo Spina
Seria preciso, segundo Segismundo Spina, retomar o 
mesmo entusiasmo com que o Romantismo abraçou o 
mundo encantado da poesia das catedrais e dos duelos 
sarracenoda Idade Média, cujos trovadores formam, no 
século XII, o primeiro capítulo da história literária da Eu-
ropa moderna.
multimídia: livro
2.1.1. Cantigas de Amor
 § Apresentam um eu lírico masculino;
 § A mulher amada é inacessível, pertence a uma casta 
social superior;
 § Tematizam o sofrimento (coita d’amor) e a servidão 
(vassalagem) amorosa;
 § Os pronomes utilizados costumam aparecer no mascu-
lino (mia senhor, mia fremosa senhor, mia don (dona);
Cantiga d’amor
Quantos an gran coita d’amor
eno mundo, qual hoj’ eu ei,
querrían morrer, eu o sei,
o averrian én sabor.
Mais mentr’ eu vos vir’, mia senhor,
sempre m’eu querria viver,
e atender e atender!
Pero já non posso guarir,
ca já cegan os olhos meus
por vos, e non me val i Deus
nen vos; mais por vos non mentir,
enquant’eu vos, mia senhor, vir’,
sempre m’eu querria viver,
e atender e atender!
E tenho que fazen mal-sen
quantos d’amor coitados son
de querer sa morte, se non
ouveron nunca d’amor ben
com’eu faç’. E, senhor, por én
sempre m’eu querria viver,
e atender e atender!
(garcia de guilhade)
Cantiga de amor (tradução)
Quantos o amor faz padecer
penas que tenho padecido
querem morrer e não duvido
que alegremente queiram morrer.
Porém enquanto vos puder ver,
vivendo assim eu quero estar
e esperar, e esperar!
Sei que a sofrer estou condenado
e por vós cegam os olhos meus.
Não me acudis; nem vós, nem Deus
Mas, se sabendo-me abandonado,
ver-vos, senhora, me for dado.
vivendo assim eu quero estar
e esperar, e esperar!
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Esses que veem tristemente
desamparada sua paixão
querendo morrer, loucos estão.
Minha fortuna não é diferente;
porém eu digo constantemente:
vivendo assim eu quero estar
e esperar e esperar!
2.1.2.Cantigas de Amigo
 § Apresentam um eu lírico feminino; 
 § Cantam a saudade/desejo do amigo (levam a crer que 
a relação amorosa acontece e/ou aconteceu); 
 § O amigo corresponde ao namorado ou amado; 
 § Trazem uma estrutura simples, de refrões e paralelismo;
 § Dialogam com o espaço social destinado à mulher.
Cantiga de amigo
– Ai flores, ai flores do verde piño,
se sabedes novas do meu amigo?
Ai, Deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado?
Ai, Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquel que mentiu do que pôs comigo?
Ai, Deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquel que mentiu do que mi á jurado?
Ai, Deus, e u é?
– Vós me perguntades pelo voss’ amigo?
E eu ben vos digo que é san’e vivo
Ai, Deus, e u é?
Vós me perguntades pelo voss’ amado?
E eu ben vos digo que é viv’ e sano:
Ai, Deus, e u é?
E eu ben vos digo que é san’e vivo,
e será vosc’ant’o prazo saído.
Ai, Deus, e u é?
E eu ben vos digo que é viv’e sano,
e será vosc’ant’o prazo passado.
Ai, Deus, e u é?
(dom dinis)
Cantiga de amigo (tradução)
– Ai, flores do verde pinheiro,
sabeis notícias do meu namorado?
Ai, Deus, onde está?
Ai flores, ai flores, do verde ramo,
Sabeis notícias do meu amado?
Ai, Deus, onde está?
Sabeis notícias do meu namorado,
Aquele que mentiu sobre o que combinou comigo?
Ai, Deus, onde está?
Sabeis notícias do meu amado,
Aquele que mentiu sobre o que jurou?
Ai, Deus, onde está?
Vós perguntais pelo vosso namorado?
E eu bem vos digo que está são e vivo:
Ai, Deus, onde está?
Vós perguntais pelo vosso amado?
E eu bem vos digo que está vivo e são.
Ai, Deus, onde está?
E eu bem vos digo que está são e vivo
e estará convosco antes do prazo combinado:
Ai, Deus, onde está?
E eu bem vos digo que está vivo e são
e estará convosco antes de terminar o prazo:
Ai, Deus, onde está?
https://cantigas.fcsh.unl.pt/
multimídia: site
2.2. Cantigas Satíricas
As cantigas satíricas criticam os comportamentos sociais 
da época, fazendo uso do humor e do vocabulário de baixo 
calão para denunciar as ações dos nobres e das damas.
2.2.1. Cantigas de Escárnio
 § Cantigas Indiretas, isto é, velava-se o nome da pessoa 
referida;
 § Fazia uso do duplo sentido nas construções;
 § Declamada em ambiente palaciano.
2.2.2. Cantigas de Maldizer
 § Cantigas Diretas, isto é, identifica-se a pessoa crítica;
 § Faz uso de um vocabulário agressivo;
 § Proferidas nas ruas e praças públicas.
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3. As novelas de cavalaria
As novelas de cavalaria surgem como narrativas que, de-
rivadas do gênero épico, passam a compor o imaginário 
medieval. Trata-se das novelas de reis e rainhas, condes e 
princesas, e costumam ser divididas em ciclos e temas.
Por serem longos poemas, as novelas de cavalaria, quando 
a cultura escrita começa a emergir, passam a ser escritas 
em prosa. Portugal, França e Inglaterra tiveram grande in-
fluência dessas narrativas.
 § Ciclo Bretão (ou Arturiano): ciclo inglês, são as 
narrativas mais famosas, envolvendo o Rei Arthur e os 
cavaleiros da távola redonda.
 § Ciclo Carolíngio: ciclo francês, são menos conheci-
das, Carlos Magno e seus cavaleiros são os heróis da 
narrativa.
 § Ciclo Clássico (ou Greco-Latino): ciclo da Anti-
guidade, narram eventos como a Guerra de Tróia e as 
aventuras de Alexandre, o Grande.
fonTe: YouTube
Cruzada - Direção: Ridley Scott - 2005
Balian (Orlando Bloom) é um jovem ferreiro francês, que 
guarda luto pela morte de sua esposa e filho. Ele recebe 
a visita de Godfrey de Ibelin (Liam Neeson), seu pai, que 
é também um conceituado barãodo rei de Jerusalém e 
dedica sua vida a manter a paz na Terra Santa.
multimídia: vídeo
4. Humanismo: um 
período de transição
doré, gusTave. demônios confronTando danTe e virgílio. ilusTração 
Para o livro a divina comédia (inferno), de danTe alighieri, 
Publicado em 1885 – biblioTeca de arTes decoraTivas (Paris, 
frança). a ilusTração refleTe a confiança dos humanisTas. danTe 
e virgílio enfrenTam os demônios Por meio da razão, que os ajuda 
a afasTar as “Trevas” do PensamenTo vinculado à idade média.
O humanismo é marcadamente um período de transição. 
Esse é, inclusive, um dos primeiros conceitos para se pen-
sar sobre as produções artísticas. Na decadência do feuda-
lismo e na retomada do comércio, em especial nas zonas 
longes dos grandes centros feudais, muito em função das 
cruzadas, surge a necessidade de se organizar as riquezas 
que a mais nova classe social passa a possuir.
Assim, com a ascensão da burguesia, começa a despontar 
um investimento na própria formação cultural. Essa forma-
ção, contudo, não está mais vinculada com tanta força ao 
pensamento teocêntrico, pelo contrário, busca-se atentar 
para uma retomada dos valores da Antiguidade Clássica 
em que o homem, isto é, o pensamento antropocêntrico 
norteava o desenvolvimento da sociedade.
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Desse modo, por toda a Europa transformações nos modos 
de produção da arte começam a aparecer. O Humanismo, 
assim, caracteriza-se por concentrar produções em um 
momento anterior ao estabelecimento da Idade Moderna, 
mas que já assinalava a queda do feudalismo. Os mecenas, 
patrocinadores da arte, e a expansão marítima portuguesa 
são importantes fatores do período.
lucca – burgo (iTália)
4.1. Produção literária portuguesa
Posteriormente à Revolução de Avis (1383-1385), Portugal 
passou a acumular poder e riquezas, investindo não ape-
nas na expansão marítima, mas também na consolidação 
cultural da sua nação. Assim, em 1418 é fundada a Torre 
do Tombo, importante centro de arquivos históricos da na-
ção portuguesa. 
Irão se destacar nesse período as produções de Fernão Lo-
pes, um dos cronistas-mor a trabalhar na Torre do Tombo; 
a poesia de Garcia Resende, que passa a desvincular-se 
da tradição oral e começa a apresentar regras de escrita e 
composição; e o teatro de Gil Vicente, que traz peças hu-
moradas e críticas, em oposição às peças de ensino religio-
so até então vigentes na sociedade.
4.1.1. Fernão Lopes: crônica
A importância de Fernão Lopes para a história da prosa 
é enorme. Assumindo a função de cronista-mor do reino, 
após alguns anos de trabalho na Torre do Tombo, o cro-
nista passa a ser responsável por notar o cotidiano das 
práticas reais e da sociedade portuguesa. Distanciando-se 
do clero, Fernão Lopes irá narrar as suas crônicas com uma 
verossimilhança maior em relação à realidade. 
Fernão Lopes, assim, contribuiu para o desenvolvimento 
de uma visão de mundo antropocêntrica, tornando-se um 
marco para a prosa portuguesa. O cronista tem como obra:
 § Crônica de El-Rei D. Pedro I: narra os eventos acon-
tecidos durante o reinado de D. Pedro I. É nesse volume 
que encontra-se o famoso episódio da morte de Inês 
de Castro (retomado no épico de Camões Os Lusíadas).
 § Crônica de El-Rei D. Fernando: reconstitui o reina-
do de D. Fernando a partir de seu casamento com Leo-
nor Teles. Encerra-se com a Revolução de Avis.
 § Crônica de El-Rei D. João: narrativa dividida em 
duas partes. Na primeira parte, iniciada na morte de 
D. Fernando (1383), narra-se a revolução que leva D. 
João ao trono de Portugal. A segunda parte descreve o 
reinado de D. João.
4.1.2. Garcia Resende: poesia palaciana
A poesia palaciana representa uma desvinculação às raízes 
das cantigas trovadorescas. Desse modo, a tradição oral pas-
sa a dar lugar à tradição escrita, a cantiga falada, torna-se 
poesia, escrita – ainda que com o intuito da declamação.
A circulação da poesia palaciana acontece nas cortes. O sur-
gimento do material representa, também, um aumento no 
número de pessoas leitoras, o que faz com que alguns nomes, 
como Nuno Pereira e Bernadim Ribeiro apareçam no papel 
de escritores. A língua portuguesa está se consolidando. O es-
critor mais famoso será Garcia Resende, sendo ele, também, 
o responsável pela organização do Cancioneiro Geral.
inês de casTro
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4.1.2.1. Principais características da poesia palaciana
 § Instauração de regras formais da escrita, como a medi-
da velha, com a forma fixa das redondilhas;
 § O sofrimento amoroso torna-se menos exagerado;
 § Vilancetes, esparsas e trovas surgem como novas for-
mas de composição;
 § Aperfeiçoamento linguístico de técnicas como a alitera-
ção e a ambiguidade.
Medida Velha
Redondilhas menores: versos com metrificação de 5 
sílabas poéticas.
Redondilhas maiores: versos com metrificação de 7 
sílabas poéticas.
4.1.2.2. Formas Fixas
 § A trova: composta de duas ou mais quadras de versos 
de sete sílabas e rimas ABAB;
 § O vilancete: composto de um mote (motivo de dois 
ou três versos) seguido de voltas ou glosas (estrofes em 
que o mote é desenvolvido) de sete versos;
 § A cantiga: composta de um mote de quatro ou cinco 
versos e de uma glosa de oito ou dez versos, com repe-
tição total ou parcial do mote no fim da glosa;
 § A esparsa: composta de uma única estrofe de oito, 
nove ou dez versos de seis sílabas métricas.
Cancioneiro GERAL
hTTPs://PT.wikiPedia.org/wiki/cancioneiro_geral#/
media/ficheiro:cancioneiro_geral_001.jPg
Trata-se de um compilado de poesias palacianas feito 
por Garcia Resende e publicado em 1516. Nele en-
contramos poemas do século XV e XVI, em português, 
mas também em castelhano, sobre variados temas. Foi 
o primeiro compilado poético impresso da história de 
Portugal.
4.1.3. Gil vicente: o teatro
Sem dúvida, Gil Vicente é o nome mais conhecido do hu-
manismo português. Além disso, é conhecido como o pai 
do teatro na terra lusitana. Embora pouco se saiba sobre a 
sua vida privada, estima-se que o autor tenha nascido no 
final do século XV. Sua obra é teatral é encarada como um 
vasto legado do início da dramaturgia portuguesa.
Seus textos costumam dividir-se em autos (peças que envol-
vem um plano de fundo religioso) e farsas (textos em que 
os personagens fazem parte da vida cotidiana da época). 
AUTOS E FARSAS
 § Autos Vicentinos: Os autos são peças com temáti-
ca religiosa, sejam elas sérias ou cômicas. Os princi-
pais autos vicentinos são: Auto da Barca do Inferno 
(1517), Auto da Barca do Purgatório (1518) e Auto 
da Barca da Glória (1519), que compõem a Trilogia 
das Barcas.
 § Farsas Vicentinas: As farsas são peças sem temá-
tica religiosa, com personagens e enredos baseados 
nas situações do cotidiano. As principais farsas vicen-
tinas são: A farsa do velho da horta (1512) e A farsa 
de Inês Pereira (1523).
4.1.3.1. Ridendo castigat mores
As análises e classificações do teatro vicentino costumam 
envolver a maneira como ele retratava a sociedade na 
época. Em meio aos influxos renascentistas, a obra de 
Gil Vicente deixa para trás o teatro religioso como o te-
atro do medo, por meio do qual os fiéis eram ensinados 
a temer a figura divina. Agora, o olho humanista de Gil 
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CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS
Vicente percebe e atua sobre os comportamentos sociais, 
ainda seguindo uma moral ligada a preceitos católicos, 
mas muito mais crítica e atenta.
Por isso, a frase que costuma ser atribuída a sua obra Riden-
do castigat mores (rindo corrigem-se os costumes) – máxima 
latina – é capaz de sintetizar o seu teatro. Gil Vicente analisa 
em suas obras o comportamento social, como o Padre que 
não segue os preceitos e deita-se com mulheres, o banqueiro 
que só tem interesse no lucro, as traições da vida conjugal 
etc. Nesse sentido, sua obratece críticas moralizantes direta-
mente aos comportamentos humanos, isto é, aos tipos 
sociais. Em outras palavras, é importante perceber que o 
autor de O velho da horta não critica instituições, como a 
igreja ou a burguesia, mas o comportamento individual de 
membros pertencentes a essas classes.
Os textos vicentinos estão disponíveis, em sua maioria, 
no site do Domínio Público. Para acessá-lo, basta esca-
near o QR Code.
multimídia: site
Artes Plásticas
Obras Medievais 
“madonna e o menino” de duccio, PinTor 
iTaliano Período gÓTico (c.1255-1319)
sePulTamenTo de crisTo 
(iluminura medieval)
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DIAGRAMA DE IDEIAS
IDADE MÉDIA IDADE MODERNA
TEOCENTRISMO 
TRADIÇÃO ORAL
ANTROPOCENTRISMO
TRADIÇÃO ESCRITA
TEATRO VICENTINO
PROSA (CRÔNICA)
POESIA PALACIANA
TROVADORISMO HUMANISMO CLASSICISMO
CANTÍGAS LÍRICAS
• CANTIGAS DE AMOR
• CANTIGAS DE AMIGO
CANTÍGAS SATÍRICAS
• CANTIGAS DE ESCÁRNIO
• CANTIGAS DE MALDIZER
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dade na região da Itália, retoma os princípios dos autores 
e pensadores da Antiguidade Clássica. Em outras palavras, 
volta-se ao passado e lá encontra-se a filosofia e a arte 
Grega, cujo um dos princípios era a busca pela perfeição e 
o desenvolvimento das virtudes humanas.
Nessa direção, na pintura, na arquitetura, na escultura, na 
literatura, nas mais diversas áreas do conhecimento, um 
modo de pensar voltado à metodologia científica, racional 
e universal, passa a ser desenvolvido. 
NO VESTIBULAR 
Por se tratar de um marco na história da Literatura e da 
arte de forma geral, o Classicismo, bem como as ativi-
dades de todo o Renascimento, costumam ser utilizadas 
como referência em questões de artes, história, literatura, 
entre outros. Por conta disso, é importante e interessante 
situar outros artistas do período, como Leonardo Da Vin-
ci, famoso pelo La Gioconda (1503) [Mona Lisa]. 
Além disso, vale destacar Danti Alighieri, autor italia-
no do século XIII, mas que em seu texto já anunciava 
formas modernas para o período, como o decassílabo. 
1.1. A chegada do clássico
É claro que não se pode deixar de incluir dentre as princi-
pais transformações da Idade Moderna para a nação por-
tuguesa a expansão marítima. Afinal, é dela que partirão 
importantes percepções para os sonetos de Camões a res-
peito de Portugal. Não obstante, as navegações portugue-
sas serão ainda tematizadas no grande épico Os lusíadas 
(1572). Contudo, é válido dizer que o Classicismo não tem 
início com Luís Vaz de Camões, mas sim com um outro por-
tuguês: Sá de Miranda.
Os Lusíadas – Edição Comentada por Otoniel Mota
Os Lusíadas é uma obra poética do escritor Luís Vaz 
de Camões, considerada a epopeia portuguesa por 
excelência.
multimídia: livro
Sá de Miranda (1481-1558) foi um importante escritor portu-
guês. Capaz de escrever em diversos estilos, Sá de Miranda é 
1. Classicismo: contexto 
de produção
“Conhecer a história da nossa língua é conhecer uma 
parte importante de nossa história como cidadão e 
como nação”
– luiz carlos cagliari
Os influxos renascentistas angariados na retomada do co-
mércio e no nascimento da burguesia contribuíram para 
que a Idade Média chegasse ao fim. Agora, o pensamento 
teocêntrico dá lugar a novas concepções de mundo, e, no 
plano da Arte, uma nova estética toma conta das produ-
ções: o Classicismo.
deTalhe do quadro o nascimenTo da vênus, de 
boTTicelli, galeria degli ufizzi, florença.
O Classicismo alinha-se ao processo cultural denominado 
Renascimento, o qual, fazendo-se valer com maior intensi-
RENASCIMENTO: 
CLASSICISMO E 
LUÍS VAZ DE CAMÕES
COMPETÊNCIA(s)
5
HABILIDADE(s)
15, 16 e 17
LC AULAS 
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um dos nomes que faz parte do Cancioneiro Geral, organiza-
do por Garcia Resende. É, porém, em 1521, quando vai estu-
dar na Itália, que Sá de Miranda toma contato com os versos 
de Francesco Pretarca (1304-1374), poeta responsável por 
aprimorar o soneto: a forma perfeita da poesia renascentista. 
Assim, Sá de Miranda retorna a Portugal em 1527, publi-
cando uma obra já com ares bastante modernos chamada 
“Os estrangeiros” (1527), uma comédia em prosa. A publi-
cação, então, passa a funcionar como marco do Classicis-
mo português, já que é no retorno de Sá de Miranda que o 
Soneto chega e passa a ser difundido em Portugal.
O SOL É GRANDE
O sol é grande: caem co’a calma as aves,
Do tempo em tal sazão, que sói ser fria.
Esta água que de alto cai acordar-me-ia,
Do sono não, mas de cuidados graves.
Ó cousas todas vãs, todas mudaves,
Qual é tal coração que em vós confia?
Passam os tempos, vai dia trás dia,
Incertos muito mais que ao vento as naves.
Eu vira já aqui sombras, vira flores,
Vi tantas águas, vi tanta verdura,
As aves todas cantavam de amores.
Tudo é seco e mudo; e, de mistura,
Também mudando-me eu fiz doutras cores.
E tudo o mais renova: isto é sem cura!
sá de miranda. in.: Poesias escolhidas. inTrodução, seleção e 
críTica de josé v. de Pina marTins ediTorial verbo, lisboa, 1969
hTTPs://PT.wikiPedia.org/wiki/francisco_PeTrarca#filosofia
Petrarca foi considerado o pai do Humanismo; sua 
obra, além de alterar drasticamente a forma poéti-
ca vigente, fazendo valer-se do que seria conhecido 
como Medida Nova, trata com um olhar mais filosófi-
co e racional para temas como o amor e a existência 
humana. Alguns poemas de Camões tecem paralelos 
temáticos com a obra do italiano.
2. Luís Vaz de Camões
A biografia de Camões é esparsa e não pode ser dada como 
certeira. O grande escritor português, afinal, não fora nenhum 
nobre, em uma época em que apenas reis e pessoas de gran-
de importância eram biografadas. O que se conta, porém, é 
que o autor pode ter nascido em 1524 ou 1525, em Lisboa, 
ou em Coimbra, ou em Santarém. Embora essas informações 
não sejam precisas, o que se sabe é que Camões estuda na 
universidade de Coimbra, serve militarmente Portugal e, em 
1549, na luta contra os mouros, perde o olho direito.
Uma briga o fará ser preso, anos mais tarde. Solto, na con-
dição de exercer serviço militar, vai trabalhar em Macau, 
colônia portuguesa. É lá, supostamente, que o manuscrito 
dos Lusíadas começa a existir. O escritor só voltaria a nação 
lusitana em 1569, depois de ter passado por Moçambique, 
pagando pena por dívidas. Sua obra épica seria publicada 
em 1572, o que rendeu uma pensão anual, oferecida pelo 
rei D. Sebastião. 
fonTe: rTP ensina
Documentário português sobre Camões
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Camões morre na pobreza, em 1580, coincidentemente, ano 
em que Portugal começa a declinar, ficando sob o domínio 
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da coroa espanhola. Seus poemas são publicados em livro 
póstumo, intitulado Rimas (1595).
fonTe: rTP ensina
Documentário português sobre a obra Os lusíadas
multimídia: vídeo
– sem título –
Alma minha gentil, que te partiste
Tão cedo desta vida descontente,
Repousa lá no Céu eternamente,
E viva eu cá na terra sempre triste.
Se lá no assento Etéreo, onde subiste,
Memória desta vida se consente,
Não te esqueças daquele amor ardente,
Que já nos olhos meus tão puro viste.
E se vires que pode merecer-te
Alg’a cousa a dor que me ficou
Da mágoa, sem remédio, de perder-te,
Roga a Deus, que teus anos encurtou,
Que tão cedo de cá me leve a ver-te,
Quão cedo de meus olhos te levou.
camões, luís vaz de. in: soneTos.
Na ocasião de retorno de Macau à Portugal, o navio de 
Camões sofre um naufrágio, conta a lenda que entre 
salvar o manuscrito de Os Lusíadas e sua amada Dina-
mene… Bem, hoje o mundo todo conhece Os Lusíadas 
como um grande épico português. No entanto, tal acon-
tecimento não passou em branco e Camões escreve um 
poema em homenagem a sua amada falecida.
2.1. Épico: Os Lusíadas
 § Poema épicoaos moldes de Ilíada e Odisseia. 
 § Épico secundário.
 § O herói concatena os valores do povo.
 § Tematiza as grandes navegações.
 § Explora tanto a mitologia cristã quanto a mitologia 
grega.
 § 8.816 versos decassílabos; 
 § 1.102 estrofes de oitava rima;
 § 10 cantos, adequados na estrutura do poema épico:
1. Proposição (canto I, estrofes 1 a 3)
O poeta apresenta o que vai cantar, ou seja, o tema 
dos feitos heroicos dos ilustres barões de Portugal, 
o herói, Vasco da Gama, e o destino da viagem.
As armas e os barões assinalados
Que, da ocidental praia lusitana,
Por mares nunca dantes navegados
Passaram ainda além da Taprobana
Em perigos e guerras esforçados,
Mais do que prometia a força humana,
E entre gente remota edificaram
Novo reina, que tanto sublimaram;
barões = homens ilustres
ocidental praia lusitana = Portugal
Taprobana = ilha de Ceilão, limite orien-
tal do mundo conhecido
2. Invocação (canto I, estrofes 4 e 5)
O poeta invoca as Tágides, ninfas do rio Tejo, pedin-
do a elas para inspirá-lo na composição da obra.
E vós, Tágides minhas, pois criado
Tendes em mim um novo engenho ardente,
Dai-me agora um som alto e sublimado,
Um estilo grandíloquo e corrente,
3. Dedicatória ou oferecimento (canto I, es-
trofes 6 a 18)
O poeta dedica seu poema a D. Sebastião, rei de 
Portugal na época em que o poema foi publicado, 
visto como a esperança de propagação da fé cristã 
e continuação dos grandes feitos de Portugal.
Ouvi: vereis o nome engrandecido
Daqueles de quem sois senhor superno
E julgareis qual é mais excelente,
Se ser do mundo rei, se de tal gente.
superno = supremo
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4. Narração (canto I, estrofe 19 até canto 
X, estrofe 144)
O poeta relata a viagem propriamente dita dos 
portugueses ao Oriente. Essa é, portanto, a parte 
mais longa do relato e vários são os episódios que 
nela se destacam. O desenrolar dos fatos começa 
In Media Res, ou seja, no meio da ação, quando 
Vasco da Gama e sua esquadra se dirigem ao Cabo 
da Boa Esperança. 
Dentro da narração, alguns episódios merecem 
destaque:
 § Inês de Castro, amante do príncipe D. Pedro 
assassinada a mando do rei (canto III);
a morTe de inês de casTro, século xix. 
 § Velho do Restelo, velho que, simbolizando 
as ideias medievais e conservadoras, critica as 
grandes navegações (canto IV);
Torre de belém, lisboa, PorTugal.
 § O gigante Adamastor (canto V), que é 
uma personificação dos perigos enfrentados 
pelos navegantes ao transporem o Cabo das 
Tormentas.
 § A ilha dos amores (canto IX), com o erotismo 
de seus símbolos, conclamando os portugueses 
a contemplarem a “Máquina do Mundo”.
as nereidas (ninfas) da ilha dos amores 
5. Epílogo
É a conclusão do poema (estrofes 145 a 156 do can-
to X), em que o poeta demonstra cansaço e, em tom 
melancólico e pessimista, aconselha ao rei e ao povo 
português que sejam fiéis à pátria e ao cristianismo.
http://www.dominiopublico.gov.br/pesquisa/DetalheO-
braForm.do?select_action=&co_obra=1870
multimídia: site
2.2. Lírico: o amor e o desconcerto
 § Medida velha (redondilhas, trovas, esparsas etc.) e me-
dida nova (sonetos, oitavas, éclogas);
 § O amor sob dupla perspectiva:
 § amor sensual e pagão
 § amor neoplatônico: 
fruto da relação entre o mundo sensorial e o mundo 
das ideias. O amor pleno só pode acontecer no mun-
do das ideias, portanto, é inacessível. A percepção 
transforma o sentimento em uma coisa contraditória.
 § O desconcerto do mundo
 § Surge na literatura a incongruência do eu em rela-
ção ao mundo;
 § Perspectiva pessimista de vida;
 § Questões existenciais do próprio poeta.
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DIAGRAMA DE IDEIAS
Com o episódio de Inês de Castro, 
fica clara a intenção de associar o 
herói ao coletivo. É importante, 
pois, perceber que da história 
de amor ali narrada, emerge 
uma lição muito importante: 
o povo português é um povo 
que sabe amar, valor nobre e 
positivo que impulsionará Vasco 
da Gama em sua viagem. 
Estruturalmente, o episódio traz 
um tom lírico, da profusão de 
sentimentos, dentro do texto épico.
O episódio retrata o conflito 
ideológico a respeito das grandes 
navegações. Para muitos, ela foi 
vista não como o símbolo da Idade 
Moderna e do engrandecimento 
da nação portuguesa, mas como 
fruto dos interesses oligárquicos 
que colocavam a vida de homens 
portugueses atrás da sua busca 
por riquezas, fama e glória.
Como Portugal, de fato, adentra 
um período de derrocada a 
partir de 1580, as falas do Velho 
ganham um tom de profecia. 
Traziam-na os horríficos algozes
Ante o Rei, já movido a piedade;
Mas o povo, com falsas e ferozes
Razões, a morte crua o persuade,
Ela, com tristes e piedosas vozes,
Saídas só da mágoa e saudade
Do seu Príncipe e filhos, que deixava
Que mais que a própria morte magoava
“Episódio de “Inês de Castro”
canto III
Mas um velho, de aspeito venerado,
Que ficava nas praias, entre a gente,
Postos os olhos em nós, meneando
Três vezes a cabeça, descontente,
A voz pesada um pouco alevantando,
Que nós o mar ouvimos claramente,
Co’um saber só de experiências feito,
Tais palavras tirou do experto peito:
Qual em cabelo: —”Ó doce e amado esposo,
Sem quem não quis Amor que viver possa,
Por que is aventurar ao mar iroso
Essa vida que é minha, e não é vossa?
Como por um caminho duvidoso
Vos esquece a afeição tão doce nossa?
Nosso amor, nosso vão contentamento
Quereis que com as velas leve o vento?” 
“Episódio do “Velho do Restelo”
Canto IV
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DIAGRAMA DE IDEIAS
Trata-se de um episódio de 
superação. Nele, o homem vence 
um gigante. Ali está simbolizada 
a coragem e a inteligência 
do povo português. Vasco da 
Gama vence o gigante ao não 
se amedrontar, percebendo, na 
história, que o gigante estava 
petrificado e, por isso, poderia 
passar por ele sem contorná-lo (o 
que levaria o navio à destruição).
Tão temerosa vinha e carregada,
Que pôs nos corações um grande medo;
Bramindo, o negro mar de longe brada,
Como se desse em vão nalgum rochedo.
– “Ó Potestade (disse) sublimada:
Que ameaço divino ou que segredo
Este clima e este mar nos apresenta,
Que mor cousa parece que tormenta?”
[...]
Não acabava, quando uma figura
Se nos mostra no ar, robusta e válida,
De disforme e grandíssima estatura;
O rosto carregado, a barba esquálida,
Os olhos encovados, e a postura
Medonha e má, e a cor terrena e pálida;
Cheios de terra e crespos os cabelos,
A boca negra, os dentes amarelos.
Episódio “O gigante Adamastor”
canto V
Na busca pela racionalidade, 
sentimentos como o amor, 
pouco explicáveis, mostram-se 
como contraditórios ao poeta. 
Camões retoma Platão e, a partir 
da grega filosofia que separa o 
mundo sensorial do mundo das 
ideias, percebe o amor como 
um sentimento complexo que, 
racionalmente, só pode existir 
em sua plenitude no mundo das 
ideias, ainda que possua grande 
força de atração (amor carnal), 
para a existência no mundo 
sensorial. Assim, o puro amor é 
algo desprovido de paixão e que 
só pode ser experienciado no 
desenvolvimento das virtudes do ser.
O soneto Amor é fogo que arde 
sem se ver deixa bem claro as 
contradições a que esse sentimento 
está submetido. Por outro lado, 
sonetos como Transforma-se o 
amador na cousa amada confirmam 
que quanto mais desprovido 
de paixão e sensorialidade, 
mais puro será o amor.
Amor é fogo que arde sem se ver,
é ferida que dói, e não se sente;
é um contentamento descontente,
é dor que desatina sem doer.
É um não querer mais que bem querer;
é um andar solitário entre a gente;
é nunca contentar-se de contente;
é um cuidar que ganha em se perder.
É querer estar preso por vontade;
é servir a quem vence, o vencedor;
é ter com quem nos mata, lealdade.
Mas como causar pode seu favor
nos corações humanos amizade,
se tão contrário a si é o mesmo Amor?
amor é fogoque arde sem se ver. in: camões, 
luís vaz de. lírica. são Paulo: culTrix, 1976.
Transforma-se o amador na cousa amada,
por virtude do muito imaginar;
não tenho, logo, mais que desejar,
pois em mim tenho a parte desejada.
Se nela está minha alma transformada,
que mais deseja o corpo de alcançar?
Em si somente pode descansar,
pois consigo tal alma está ligada.
Mas esta linda e pura semideia,
que, como um acidente em seu sujeito,
assim como a alma minha se conforma,
está no pensamento como ideia:
[E] o vivo e puro amor de que sou feito,
como a matéria simples busca a forma.
camões, luís de. lírica – seleção, inTrodução e 
noTas de massaud moisés. são Paulo: culTrix, 1972.
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CONEXÃO ENTRE DISCIPLINAS
DIAGRAMA DE IDEIAS
A perenidade das coisas, o 
conflito sobre o platonismo, o 
mundo em desencanto, tudo 
isso é tema da lírica camoniana, 
sobretudo de seus sonetos. 
A temática é comumente 
expressa, assim, a partir de uma 
visão pessimista do mundo 
(visão particular e individual).
Mudam-se os tempos, mudam-se as vontades,
Muda-se o ser, muda-se a confiança;
Todo o Mundo é composto de mudança,
Tomando sempre novas qualidades.
Continuamente vemos novidades,
Diferentes em tudo da esperança;
Do mal ficam as mágoas na lembrança,
E do bem, se algum houve, as saudades.
O tempo cobre o chão de verde manto,
Que já coberto foi de neve fria,
E em mim converte em choro o doce canto.
E, afora este mudar-se cada dia,
Outra mudança faz de mor espanto:
Que não se muda já como soía.
camões, luís vaz de. 200 soneTos. 
PorTo alegre: l&Pm. 1998.
Artes Plásticas
nos ombros de um TriTão... vai dione, 
comPosição alusiva ao canTo ii (esT. 
xxi) de os lusíadas de camões, 
figurando dione e um gruPo de 
ninfas num mar revolTo, PerTo de 
uma caravela de bordalo Pinheiro
os PorTugueses e as ninfas na ilha dos amores (ilusTração do ePisÓdio 
do canTo ix de os lusíadas de camões, de bordalo Pinheiro
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1. Quinhentismo
“Os descobrimentos e a astronomia copernicana provo-
caram o descentramento da percepção bíblica medieval 
de mundo. A Terra deixava de ser o centro do universo, 
Jerusalém deixava de ser o centro da Terra e o homem 
deixava de estar no centro da criação. ( ... ) A crença 
dominante no pensamento europeu era de que a totali-
dade da criação, incluindo a história da humanidade, se 
movia de leste para oeste.” 
– klaas woorTrnann
Muitas transformações marcaram o século XVI e parte dos 
anos anteriores. Várias foram as descobertas no campo das 
artes e das ciências. Hoje, somos uma espécie de legado des-
se momento, em que um grande golpe abateu o pensamento 
teocêntrico e, de uma centrada visão de mundo, surgiram estu-
dos que comprovaram a esfericidade do planeta Terra, o Helio-
centrismo, entre outras percepções humanas e astronômicas. 
Assim, as grandes navegações conduziram à “descoberta” 
de um Novo Mundo, que há muito já figurava no imaginário 
europeu. Nesse ínterim, entender o que se chama de Litera-
tura Brasileira a partir de 1500 é, justamente, entender que 
se trata de uma literatura que NÃO era produzida por brasi-
leiros. Nessa direção, é imprescindível rever o próprio concei-
to de brasileiro e pensar de que maneira a língua portuguesa 
foi utilizada diante do que foi o processo de colonização.
Grandes críticos literários brasileiros afirmam que a Lite-
ratura começa a tomar ares verdadeiramente brasileiros a 
partir dos influxos do arcadismo, mas que somente a inde-
pendência e, depois, no modernismo (e mesmo nos dias de 
hoje) é que a literatura começa a se consolidar no que tan-
ge o pensar sobre o Brasil de forma aprofundada. Assim, 
temos que a literatura brasileira pode ser dividida em dois 
grandes momentos: a literatura pré-independência e 
a literatura pós-independência do Brasil, em 1822.
Ainda assim, não podemos afirmar que em 1500 os escritos 
de Pero Vaz de Caminha, comunicando ao rei o “achamento” 
de novas terra, fosse uma literatura do Brasil, mas sim, uma li-
teratura feita no Brasil (quem nem mesmo se chamava assim, 
na época). Além disso, vale dizer que essa mesma literatura 
não tinha, então, pretensões artísticas. Na verdade, eram car-
tas, diários, crônicas, narrativas, dessa grande empreitada ao 
Novo Mundo. É claro, porém, que desse material é possível 
extrair literatura e, também, a história que nos precede.
Há, nessa literatura, que muito caracteriza-se como uma 
literatura de informação, por meio das cartas ao rei e 
das narrativas de viagens (temos, aqui, duas concepções de 
gênero textual que se misturam), um valor documental e 
historiográfico que não pode ser esquecido. Por outro lado, 
em meio ao período que chamamos de Quinhentismo, e 
que compreende o século XVI nas terras portuguesas além 
do Atlântico, encontramos também o que será dada como 
literatura de formação, uma vez que a expansão marí-
tima constituiu esse projeto de dominação leste-oeste dos 
povos europeus e, nessa direção, trouxe consigo valores 
morais associados à religião católica. De tal modo, esse 
segundo grupo constitui a produção textual voltada à ca-
tequização dos povos nativos empreendida pelos jesuítas. 
As produções desse período, portanto, merecem atenção 
literária, já que trabalham com os primeiros registros em 
língua portuguesa em território nacional. Não obstante, 
na história da Literatura no Brasil, sabe-se que os textos 
produzidos nesse período servirão de base e/ou serão re-
tomados em futuras produções, de Gregório de Matos até 
Oswald de Andrade.
1.1. Literatura de informação
A literatura de informação diz respeito aos primeiros regis-
tros sobre a geografia, a fauna, a flora e os nativos do 
território brasileiro. Tem como marco inicial a “certidão de 
nascimento da literatura brasileira”, isto é, a Carta (1500) 
de Pero Vaz de Caminha, enviada ao rei D. Manuel. Além 
disso, registros de viagens, diários e crônicas são outros 
textos documentais do período. 
Sobretudo, portanto, narrativos, os textos de informação 
nos colocam diante de reflexões importantes, na medida 
que exprimem a visão do colonizador, com sua moral e 
costumes, diante do Novo Mundo. A tentativa, portanto, de 
adequar à nova realidade a uma visão já preestabelecida 
pela moral cristã e pela ética europeia é nítida quando nos 
relatos vemos que os povos nativos são muitas vezes retra-
tados como aqueles que precisam de salvação. 
QUINHENTISMO E 
ESTÉTICA BARROCA
COMPETÊNCIA(s)
5
HABILIDADE(s)
15, 16 e 17
LC AULAS 
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Além disso, em especial às cartas enviadas a Portugal, é 
importante destacar a ausência de personalidade. Embo-
ra haja autoria, como Pero Vaz de Caminha, as cartas do 
período assumiam tons burocráticos, no sentido de que 
o autor se transmutava em uma espécie de olho do rei e 
nada mais. Há, por fim, no final das cartas em alguns casos, 
solicitações de favores ao rei, outro importante ponto para 
uma análise historiográfica do Brasil.
A seguir, observe a lista com alguns documentos importan-
tes relacionados à literatura de informação:
 § Carta, de Pero Vaz da Caminha, escrita em 1500;
 § Diário de navegação, de Pero Lopes de Souza, escrito 
entre 1530 e 1532, durante a expedição de Martim 
Afonso de Sousa;
 § História da Província de Santa Cruz e Tratado da Terra 
do Brasil, de Pero de Magalhães Gandavo, ou Gândavo, 
publicados, respectivamente, em 1576 e 1826;
 § Tratado descritivo do Brasil em 1587 ou Notícias do 
Brasil, de Gabriel Soares de Sousa, publicado em 1851.
 § Diálogos das grandezas do Brasil (1618), atribuídos 
a Ambrósio Fernandes Brandão, e a História do Bra-
sil (1627), de Frei Vicente do Salvador, publicados 
no século XVII.
1.2. Literatura de formação
A literatura de formação ou literatura de catequese compre-
ende o conjunto de textos produzidosno século XVI com o 
intuito de doutrinar os povos nativos aos dogmas da igreja ca-
tólica. Nessa direção, é válido afirmar que se trata de uma for-
ma literária cujos produtores são essencialmente os jesuítas. 
É importante frisar que além de se conquistar mais fiéis, haja 
vista que a igreja católica vinha sofrendo com a Reforma Pro-
testante, os textos refletem a tentativa de estabelecer uma 
comunicação. Afinal, processos diferentes são empregados 
na catequização do branco europeu e do nativo indígena. 
Assim, a literatura jesuítica precisou transformar os ser-
mões que eram proferidos em latim nas missas em poemas 
cantados, trovas, cantigas, tudo que pudesse aproximar e 
facilitar a comunicação com os nativos. Por isso, muitos dos 
textos podem soar infantis, mas, na verdade, carregam um 
tom didático e pedagógico. 
Leia abaixo A Santa Inês, um dos poemas mais conheci-
dos de José de Anchieta.
A Santa Inês
Cordeirinha linda,
como folga o povo
porque vossa vinda
lhe dá lume novo!
Cordeirinha santa,
de Iesu querida,
Vossa santa vinda
o diabo espanta
Por isso vos canta,
com prazer, o povo,
porque vossa vinda
lhe dá lume novo.
Nossa culpa escura
fugirá depressa,
pois vossa cabeça
vem com luz tão pura.
Vossa formosura
honra é do povo,
porque vossa vinda
lhe dá lume novo.
Virginal cabeça
pola fé cortada
com vossa chegada,
já ninguém pereça.
Vinde mui depressa
ajudar o povo,
pois com vossa vinda
lhe dais lume novo.
Vós sois, cordeirinha,
de Iesu formoso,
mas o vosso esposo
já vos fez rainha,
Também padeirinha
sois de nosso povo,
pois, com vossa vinda,
lhe dais lume novo.
PorTela, eduardo (org.). josé de anchieTa: 
Poesia. rio de janeiro: agir, 1959.
Assim, características como linguagem simples, tom 
moralizantes (teatro, prosa ou poesia), descritivismo e 
a clara fundamentação religiosa imperam nesse tipo de 
literatura. São grandes nomes do período: Padre José An-
chieta e Padre Manuel da Nóbrega.
Todo o Brasil é um jardim em frescura e bosque e não se 
vê em todo o ano árvores nem erva seca. Os arvoredos 
se vão às nuvens de admirável altura e grossura e varie-
dade de espécies. Muitos dão bons frutos e o que lhes 
dá graça é que há neles muitos passarinhos de grande 
formosura e variedade e em seu canto não dão vanta-
gem aos rouxinóis, pintassilgos, colorinos, e canários de 
Portugal e fazem uma harmonia quando um homem 
vai por este caminho, que é para louvar ao Senhor, e 
os bosques são tão frescos que os lindos e artificiais de 
Portugal ficam muito abaixo. Há muitas árvores de ce-
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dro, áquila, sândalos e outros paus de bom olor e várias 
cores e tantas diferenças de folhas e flores que para a 
vista é grande recreação e pela muita variedade não se 
cansa de ver.
josé de anchieTa. carTas, informações, fragmenTos hisTÓricos e sermões. 
informação da Província do brasil Para nosso Padre – 1585. 
rio de janeiro: civilização brasileira, 1933, P. 430-431.
Como os jesuítas também tinham contas a prestar para a 
coroa, é possível, ainda, encontrar textos em que eles des-
crevem o Brasil em cartas. Ali, vale a pena perceber a visão 
da Igreja para esse Novo Mundo: o deslumbramento diante 
do cenário e, ao mesmo tempo, o caráter missionário que 
davam a si mesmos na tentativa de “salvar” os indígenas.
2. Barroco: contexto de produção
Muito se discute sobre as produções artísticas e literárias 
do século XVII, tendo-o como um período de relações entre 
mais ou menos 1580 e 1680, para melhor especificar. Há 
quem julgue que tudo que se produziu nesse tempo é pouco 
relevante à história da literatura, como há quem observe no 
período a raiz de grandes transformações culturais na litera-
tura ocidental. 
É inegável, porém, que as transformações culturais e políti-
cas na Europa durante o período tiveram significativa impor-
tância não apenas nos modos de vida e de se pensar, mas 
também, na produção artística. Por isso, é válido pontuar que 
o Barroco pode ser lido como um movimento póstumo à 
Reforma Protestante, isto é, que se faz a partir dos des-
dobramentos do embate religioso e político europeu.
Reforma Protestante
A Reforma Protestante foi um movimento reformis-
ta cristão iniciado em 1517 por Martinho Lutero. Ele 
apresentou as 95 teses (1517) como forma de protes-
to contra a doutrina da Igreja Católica. A reforma teve 
como pilares 5 princípios.
1. somente a fé;
2. somente a Escritura;
3. somente Cristo;
4. somente a graça; e
5. somente a glória de Deus.
O protestantismo nasceu em decorrência da resistên-
cia à Igreja Católica, em especial, a partir da recusa 
e da denúncia de abusos cometidos pela instituição: 
como a venda de indulgências
A fim de evitar a perda de poder, a Igreja Católica adotou 
medidas a partir da convocação do Concílio de Trento, em 
1546. Outra importante ação foi a fundação dos grupos 
jesuíticos, como a Companhia de Jesus, cujo papel histórico 
extrapolou, inclusive, as fronteiras europeias. Tais medidas 
ficaram conhecidas como contrarreforma católica.
PinTura ilusTra sessão do concílio de TrenTo. arTisTa: Paolo farinaTi. 
(disPonível em: hTTPs://commons.wikimedia.org/wiki/file:TridenTinum.jPg)
Entre os anos de 1580 e 1640, Portugal esteve anexado à 
Espanha, isto é, sob o domínio da mesma coroa, período 
conhecido como União Ibérica. O motivo de tal imple-
mentação foi o desaparecimento de Dom Sebastião na 
batalha de Alcácer-Quibir, na África. Como o parente mais 
próximo do rei, logo, herdeiro do trono, fosse o rei da Espa-
nha Felipe II, ele apenas unificou as coroas. 
3. Estética Barroca: o dualismo
O Barroco costuma ser estudado na literatura em língua 
portuguesa a partir de dois principais autores: Gregório de 
Matos e Padre Antônio Vieira. Contudo, diferente do que 
se pode pensar, a obra dos dois autores é bastante distinta, 
assemelhando-se sobretudo pela datação de seus textos 
e fazendo-se valer, justamente, pelo contraste. Em outras 
palavras, isto quer dizer que o Barroco não possui um apa-
nhado direto de características estruturais para a literatura, 
mas que se manifesta a partir de algumas vertentes, como 
um reflexo do embate religioso e político do período. Essa 
aparente falta de unidade foi, inclusive, um dos fatores que 
contribuiu para o estigma de ausência de boas produções 
literárias durante o século XVII. 
Pelo fato de Portugal estar sob domínio espanhol no perí-
odo, a produção barroca, mesmo que vislumbre a língua 
portuguesa, costuma ser associada à Espanha. Afinal, en-
tre as manifestações barrocas da Europa (o efuísmo inglês, 
o marinismo italiano, o preciosismo francês, entre outros), 
aquela que dá nome e ecoa no primeiro poeta brasileiro é 
o gongorismo espanhol – nome que advém do poeta Luís 
de Gôngora (1561-1627). 
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Na Espanha, Gôngora era um grande poeta, porém, com 
uma desavença pessoal bastante significativa com Francis-
co de Quevedo (1580-1645). Enquanto o último recrimi-
nava as inovações propostas por Gôngora em seu excesso 
de preciosismo, o poeta gongorista insinuava que Quevedo 
era um péssimo tradutor de literatura grega. O embate é 
bastante simbólico, haja vista que é a corrente quevedista 
que irá influenciar o outro expoente literário do barroco 
brasileiro: Padre Antônio Vieira.
Curiosidades
O estilo barroco europeu do século XVII recebeu de-
nominações particulares em cada país:
 § Espanha – gongorismo, originado do nome do po-
eta Luis de Gôngora (1561-1627).
 § Inglaterra – eufuísmo, derivado do nome da obra 
Euphues, or the anatomy of wit, do escritor John Lyly 
(1554-1606).
 § Itália – marinismo, derivado do nome de Gianbat-
tista Marino (1569-1625).
 § França – preciosismo, em razão do exagero da for-
ma preciosista, afetada e extremamente rebuscada 
na corte do rei Luis XIV.
 § Alemanha – silesianismo, estilo característico dos 
escritores da região da Silésia.
3.1.Luis Gongora: cultismo
Luis de Gongora foi o expoente de uma tendência literária 
barroca chamada cultismo. Dentre as principais caracterís-
ticas do cultismo estão:
 § o rebuscamento formal da linguagem; 
 § amplo número de figuras de linguagens: metáforas, 
metonímias, antíteses, entre outras. 
 § vernáculo preciosista; 
Em outras palavras, a tendência cultista valorizava a men-
sagem, de modo que falar sobre algo era, em fato, descre-
ver esse mesmo algo por meio de uma linguagem capaz de 
expor todas as sensações possíveis a respeito desse objeto. 
Assim, a realidade é ocultada diante das palavras, tratada 
de forma indireta. Gregório de Matos seguirá a tendência 
cultista em muitos de seus poemas.
3.2. Francisco de Quevedo: conceptismo
Francisco de Quevedo foi um nome singular na defesa do 
conceptismo, corrente que, muitas vezes, leva o nome de 
quevedismo. Diferentemente do cultismo, a vertente con-
ceptista do Barroco valoriza muito a clareza das ideias, ten-
do como principais características:
 § clareza dos argumentos;
 § valorização da lógica;
 § bom uso da retórica;
 § silogismos (duas proposições que geram uma terceira 
proposição lógica);
 § sofismas (utiliza argumentos verdadeiros, mas associa-
-se a algo que apenas parece real).
No Brasil e em Portugal, Padre Antonio Vieira fará bastante 
uso dessa forma de trabalhar o texto.
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DIAGRAMA DE IDEIAS
QUINHENTISMO
LITERATURA FEITA NO BRASIL; OS VALORES 
VIGENTES SÃO OS VALORES DO COLONIZADOR. 
TOM DOCUMENTAL. ATENÇÃO À RELAÇÃO DAS 
CARTAS COM A COROA E À POSTURA DA IGREJA.
LITERATURA DE 
INFORMAÇÃO
CARTAS / 
NARRATIVAS
NATIVOSFLORAFAUNA
LITERATURA DE 
FORMAÇÃO
CATEQUESE
TEATROSERMÕESPOEMAS

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