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DIREITO CIVIL VI - DIREITO DAS FAMÍLIAS
Sumário
1 DIREITO DAS FAMÍLIAS – art. 1.511 a 1.783	3
1.1 Conceito de família	3
1.2 Conteúdo do Direito das Famílias	3
1.3 Natureza jurídica	3
2 PRINCÍPIOS	3
2.1 Princípio do respeito à dignidade da pessoa humana	3
2.2 Princípio da igualdade jurídica entre os cônjuges	3
2.3 Princípio da igualdade jurídica entre os filhos	3
2.4 Princípio da paternidade responsável e planejamento familiar	3
2.5 Princípio da comunhão plena de vida baseada na afeição entre cônjuges	3
2.6 Princípio da liberdade de constituir uma comunhão de vida familiar	3
3 FAMÍLIA E CASAMENTO	3
3.1 Família legítima – família ilegítima	3
3.2 Filhos legítimos – filhos ilegítimos	3
3.2.1 Adulterinos ou incestuosos	3
3.3 Proibição de discriminação – art. 227 CRGB/1988	3
3.4 Direito da concubina – Súmula 380 STF	3
3.5 Espécies de família:	3
3.6 Casamento – art. 1511	3
3.6.1 Capacidade para o casamento	4
3.6.2 Habilitação para o casamento	4
3.7 Impedimentos	5
3.8 Causas suspensivas	6
3.9 Celebração do casamento	6
3.9.2 Suspensão da celebração	7
3. 10 Formas de casamento especial:	7
3.11 Casamento por procuração	8
3.12 Casamento putativo	9
3.13 Prova do casamento	9
3.14 Invalidade e inexistência do casamento	9
3.15 Casamento inválido	10
2.16 Casamento anulável.	10
3 REGIMES DE CASAMENTO	11
3.1 Comunhão parcial de bens/regime legal	11
3.2 Regime de comunhão universal de bens	12
3.3	Separação de bens (art. 1.687 e art. 1688)	13
3.4 Regime de separação obrigatória/compulsória de bens	14
3.5 Participação final nos aquestos	14
4 UNIÃO ESTÁVEL	14
5 DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE E DO VÍNCULO CONJUGAL	15
6 PARENTESCO E FILIAÇÃO	16
6.1 Filiação	16
6.2 Prova de filiação	18
6.3 Adoção	18
7 ALIMENTOS	19
7.1 Princípios	20
7.2 Características dos alimentos	21
7.3 Legitimidade	21
7.4 Meios de receber os alimentos	21
7.5 Ação revisional de alimentos	22
8 TUTELA E CURATELA	22
9.1 Tutor (art. 1.728 a art. 1.766)	22
9.2 Curador	25
9.3 Tomada de decisão apoiada	25
1 DIREITO DAS FAMÍLIAS – art. 1.511 a 1.783
1.1 Conceito de família 
Não existe nos tempos atuais conceito de família. Família abrange todas as pessoas ligada por vínculo de sangue (tronco familiar), como as unidas pela afinidade, pela adoção (adotivo) e vínculos socioafetivos. 
1.2 Conteúdo do Direito das Famílias 
É o Direito que nasce em consequência de o detentor pertencer a uma família. Direito das famílias é o ramo do Direito que regula as relações pessoais entre os membros de uma família. 
Não é patrimonial. Difere do direito das obrigações, pois este, em regra, as sanções são definidas em pecúnia, ao passo que no Direito das Famílias, as sanções pessoais. Ex.: um pai que não cumpre a sua função, pode ter o poder familiar suspenso ou extinto; se Atena trai Hércules, a sanção é o divórcio. 
O direito das famílias atua nas relações pessoais, patrimoniais (de forma reflexa) e assistenciais, decorrentes do parentesco. 
Evolução do direito das famílias:
	CC/16
	CF/88
	Família era casamentaria. Fundamenta-se no casamento. 
	Família passar ser múltipla e plural (há diversas formações de família). 
	Família era hierarquizada: o homem, chefe de família, tinha prioridade.
	Família é igualitária (igualdade substancial). Responsabilidade recíproca. 
	Héteroparental.
	Casamento, união estável, monoparental, homoparental.
	Núcleo biológico. 
	Biológico ou socioafetiva. 
1.3 Natureza jurídica
Predomina a natureza cogente das normas (ordem pública). Tem natureza personalíssimo. Tem caráter privado, pois não envolve, diretamente, relação entre pessoa e Estado. 
Protege os membros da família, e não a família em si.
2 PRINCÍPIOS 
2.1 Princípio do respeito à dignidade da pessoa humana 
Versa sobre o respeito aos e entre os membros da família.
2.2 Princípio da igualdade jurídica entre os cônjuges 
Ambos os Cônjuges (pessoas casadas civilmente) ou companheiros (união estável) devem respeito recíproco. 
2.3 Princípio da igualdade jurídica entre os filhos 
Os filhos não podem ser diferenciados por sua origem. 
2.4 Princípio da paternidade responsável e planejamento familiar 
2.5 Princípio da comunhão plena de vida baseada na afeição entre cônjuges 
Os membros da família devem se respeitarem. 
2.6 Princípio da liberdade de constituir uma comunhão de vida familiar 
O Estado não pode intervir. 
3 FAMÍLIA E CASAMENTO 
3.1 Família legítima – família ilegítima 
Família legítima era a família composta por pai, mãe e filhos. Qualquer configuração diferente, configuraria família ilegítima. Não existe mais família ilegítima. 
3.2 Filhos legítimos – filhos ilegítimos 
Filho ilegítimo era aquele que não adivinha de um casamento legítimo. Hoje não existe mais tal classificação. Todos os filhos têm o mesmo adjetivo e os mesmos direitos. 
3.2.1 Adulterinos ou incestuosos 
3.3 Proibição de discriminação – art. 227 CRGB/1988
3.4 Direito da concubina – Súmula 380 STF 
Se confundia com união estável. Hoje, concubinos são os que vivem juntos e há impedimento para que constituam família. “Comprovada a existência de sociedade de fato entre os concubinos, é cabível a sua dissolução judicial, com a partilha do patrimônio adquirido pelo esforço comum.” Ou seja, a amante tem direito de metade do patrimônio que ajudou a construir do seu companheiro.
3.5 Espécies de família:
· Família tradicional – nuclear: Pai, mãe e filho. 
· Família matrimonial: Necessariamente formada pelo casamento civil.
· Família informal: União estável. 
· Família monoparental: Formada por um dos genitores e a prole. 
· Família anaparental: Família formadas pelos irmãos, sem os genitores.
· Família homoafetiva: Formada por duas pessoas do mesmo sexo. 
· Família eudemonista: Família unida pelo vínculo afetivo. 
· Família multi-espécie: Família composta por seres de espécies diferentes. Ex.: homem e cavalo. 
3.6 Casamento – art. 1511 
É a base da sociedade. A celebração é gratuita para os declarados pobres, assim como a primeira certidão e o primeiro registro (art. 1.512). 
Para a Igreja (qualquer que seja), o casamento é fundamentalmente sacramento. Para o direito, é um contrato de direito das famílias que regula a união entre pessoas. 
Natureza jurídica: é contrato entre duas pessoas. É também instituição social. 
Características:
· Ato solene: depende de formalidade. 
· Normas de ordem pública/cogentes, ou seja, são inegociáveis. 
· Comunhão de vida baseada em direitos e deveres iguais. 
· Comunhão permanente? Eterno enquanto durar. 
· Diversidade se sexo não mais persiste. 
· Liberdade de escolha do nubente/noivo/contraente é relativa, pois embora se possa escolher, esta deva obedecer às limitações legais. 
Casamento religioso com efeitos civis, desde que faça o registro do casamento até 90 dias após a celebreação. 
Finalidade, na concepção canônica:
· Procriação e educação da prole. 
· Mútua assistência e satisfação sexual. 
Promessa de casamento. É quando um promete ao outro celebrar o casamento, como no noivado. Descumprimento pode gerar dano moral e dano material. 
Momento do casamento é plural: quando as partes declaram o sim (livremente) e o celebrante declara casados. 
3.6.1 Capacidade para o casamento 
Idade mínima (art. 1.520), idade núbil, são 16 anos. Por analogia, também não é possível o reconhecimento da união estável a menores de 16 anos. Àqueles que se juntam, não formam união estável, mas concubinato. 
Entre 16 e 18 anos é possível o casamento, mas há necessidade de ambos os pais, mediante autorização formar, registrada em cartório, dando possibilidade aos nubentes de escolherem o regime de casamento (apresentada no momento da habilitação para o casamento). Se ambos ou um dos pais não autorizar, deverá haver suprimento judicial. Ainda se os pais forem separados e apenas um deles detiver a guarda[footnoteRef:1], será necessário a autorização dos pais (não será necessária a autorização daquele genitor que foi destituído do poder familiar). [1: Não se confunde com poder familiar. ] 
Caso um dos pais não autorize o casamento e seja necessário o suprimento judicial, o regime de casamentoserá o da separação obrigatória de bens (art. 1.641, III). 
A revogação dada pelos pais pode ser revogada até a celebração do casamento. 
3.6.2 Habilitação para o casamento 
É o requerimento firmado por ambos os contraentes pode ser feito virtualmente. Quando da apresentação, é dever do oficial do registro esclarecer os nubentes a respeito dos fatos que podem ocasionar a invalidade do casamento, bem como sobre os diversos regimes de bens (art. 1.528). Documentos necessários para habilitação:
· Certidão de nascimento ou assemelhados;
· Autorização ou alvará para os menores maiores de 16 anos;
· Duas testemunhas (parentes ou não) maiores e capazes;
· Declaração do estado civil e endereço[footnoteRef:2] (ex.: certidão de casamento com averbação de divórcio); [2: Endereço dos contraentes e dos pais. ] 
· Edital, hoje colocado no sistema do Estado por 15 dias, prazo para opor causas suspensivas e impeditivas do casamento[footnoteRef:3], juntamente com as provas. Quem fizer as oposições, se não puder indicar as provas, deverá indicar o lugar de encontro da prova. Se houver oposição, abre-se o contraditório aos nubentes. Expirado o prazo do edital, haverá a expedição do certificado de habilitação, com prazo de 90 dias. [3: Tais causas podem ser apresentadas até à celebração do casamento. ] 
· Expedição do certificado de habilitação. 
Os maiores de 16 que se casam com suprimento judicial tornam-se civilmente capazes (emancipados), mas não podem alterar o regime de bens, mesmo após completaram 18 anos. A alteração só é possível após separação e novo casamento. 
3.7 Impedimentos 
Situações em que o casamento e a união estável (esta, exceto para as pessoas casadas separadas de fato) é expressamente proibido:
· Ascendentes com descendentes, independentemente do grau. 
· Afins em linha reta (parentes em linha reta dos companheiros: sogro, sogra, enteado);
· Adotante com quem foi cônjuge do adotado e o adotado com quem o foi do adotante: o pai com a esposa do seu filho adotivo; o filho adotivo não pode casar com a esposa do seu pai. 
· Os irmãos unilaterais (meio irmão) ou bilaterais (filhos do mesmo pai e da mesma mãe), e demais parentes colaterais até o terceiro grau[footnoteRef:4] (até tio). Não interessa a origem do parentesco, mesmo que seja adotivo. [4: Se os parentes em 3º quiserem casar, poderão fazer um exame laboratorial, provando que os filhos não serão deficientes, podendo o juiz autoriza. ] 
· O adotado com o filho do adotante (são irmãos).
· As pessoas casadas. Não é impedimento para a união estável se as pessoas casadas estiverem separadas de fato ou de corpo. 
· O cônjuge sobrevivente com o condenado (trânsito em julgado) por homicídio ou tentativa de homicídio contra o seu consorte. Abrange apenas homicídio doloso. 
O momento de oposição dos impedimentos é no prazo de 15 dos editais, mas podem ser opostos até a celebração do casamento (deve ser escrito, constar fatos e fundamentos, além das provas ou da indicação do local onde será possível encontrá-las).
3.8 Causas suspensivas
Não impedem o casamento, mas impõe a sanção da não escolha do regime do casamento:
· O viúvo ou viúva que tiver filho do falecido, antes de concluir o inventário. Se casar, será aplicada a separação obrigatória de bens, a não ser que não haja bens. 
· A viúva ou a mulher cujo casamento se desfez por ser nulo ou ter sido anulado, até 10 meses. Contornável com um simples exame laboratorial. 
· O divorciado que não partilhou os bens
· O tutor ou curador e seus descendentes, ascendentes, irmãos, cunhados e sobrinhos com o tutelado ou curatelado. 
É permitido solicitar ao juiz que não lhes sejam aplicadas as penas, desde que demonstrado que não haverá prejuízo. 
Arguição das causas suspensivas devem ser feita nos mesmos 15 dias (editais), pelos parentes dos noivos em linha reta ou colaterais até 2º.
3.9 Celebração do casamento 
Dia, lugar e hora previamente designados pelo celebrante e divulgados. Detalhes:
· Habilitação prévia (realizada no domicílio de um dos noivos).
· A celebração acontece na sede do cartório, que deve permanecer de portas abertas ou outro edifício, que também deve permanecer de portas abertas 
· Presença de 2[footnoteRef:5], quando realizado na sede do cartório, ou 4 testemunhas, quando o casamento se realizar em lugar diverso da sede do cartório. Quando um dos noivos não souber ou não puder escrever, serão necessárias 4 testemunhas, mesmo que a celebração se dê na sede do cartório. [5: Maior de 18, sabendo ler e escrever. Poder parentes, exceto os pais dos noivos. ] 
· Casamento “online”: permitido desde 2022, desde que na habilitação seja informado, sendo disponibilizado o link para que qualquer pessoa acompanhe em tempo real. A Lei é omissa quanto ao número de testemunhas
· Declaração de livre manifestação de vontade: é o sim/não que as partes dizem ao tempo da celebração. Expressa: “diante da manifestação da parte, declaro-vos casados”.
· Lavra-se assento de casamento[footnoteRef:6] no livro de registro, que deve constar todos os incisos do art. 1.536, I/VII. [6: É o livro de registro de casamentos. ] 
Nome de casado: até 1977, era legal a mulher adotar o sobrenome da família do marido. Com a Constituição, a adoção do nome do outro cônjuge é facultativo (a adoção dos nomes para os dois, deve ficar na mesma ordem. Ex.: Constantino Silva Santos; e Lucrécia Silva Santos). No caso de divórcio, é facultado retirar o sobrenome do outro cônjuge. 
3.9.2 Suspensão da celebração 
São causas suspensivas da celebração:
· Recusar manifestar a vontade (dizer o sim). É suspensa a celebração e não pode ser retomada no mesmo dia. 
· Declarar não ser a manifestação livre e espontânea. Não admite brincadeiras. 
· Arrependimento: dizer não ou brincar. Não pode ser retomada a celebração no mesmo dia. 
· Retratação imediata.
3. 10 Formas de casamento especial:
Casamento por moléstia grave: ocorre quando as partes fizeram habilitação prévia, mas há impossibilidade de celebração do casamento por motivo de doença grave. Neste caso, o tabelião e o escrivão vão ao local onde a pessoa está, junto a duas testemunhas que saibam ler e escrever (podem ser parentes), e celebrarão o casamento em um termo avulso, e dentro do prazo de 5 dias, registrará o documento no livro de registro na presença de duas testemunhas. 
Requisitos:
· Habilitação prévia. 
· Moléstia grave que impossibilita o comparecimento ao local do casamento. 
· 2 testemunhas, parentes ou não. 
· Registro do termo avulso, que deverá ser registrado no prazo de 5 dias na presença de 2 testemunhas no cartório. 
Casamento sob iminente risco de vida/nuncupativo: a pessoa que está na iminência de morrer, deve convocar 6 testemunhas não parentes em linha reta e colateral até o 2º grau. As testemunhas, após o óbito, em até 10 dias, comparecerão em juízo, e declararão que convocadas pelo enfermo, que apesar de risco de vida, mas consciente, presenciaram o “sim” de livre vontade. Se não houver causa de impedimento ao casamento, o juiz, em sentença de mérito, declarará casados, sendo registrado em cartório. Difere da moléstia grave por não ter habilitação prévia. 
· 6 testemunhas, não sendo permitido parentes em linha reta e colateral até o 2º. 
· Ausência de autoridade competente. 
· Declaração perante autoridade judiciária: 10 dias. 
· Convocados pelo enfermo. 
· Estava em risco de vida, mas consciente. 
· Livre manifestação dos contraentes. 
· Legitimação do casamento: inexistência de impedimentos. 
3.11 Casamento por procuração 
A procuração deve ser Instrumento público, com poderes especiais, pode o mandatário se recusar a casar + fato novo. 
Se o procurador celebrar o casamento sem que o mandatário ou outro contraente tivesse ciência da revogação que foi dada anteriormente, o casamento será nulo, salvo se tiver coabitação. Se o mandatário não deu ciência ao procurador da revogação do mandato, o mandatário responderá por perdas e danos causados.
No casamento nuncupativo, a parte sã, pode ser representada por procurado. 
A eficácia da procuração é de90 dias. 
A revogação do mandato ou procuração se dá quando o mandante morre antes da celebração: casamento inexiste. Todavia, se o mandante se tornar incapaz, e ela for restabelecida, o casamento será validado, ou seja, enseja nulidade relativa. 
3.12 Casamento putativo 
É um casamento fictício e real, pois ausente autoridade competente. Havendo Boa-fé de uma das partes, o casamento surtirá efeito enquanto não houver declaração judicial em contrário. Por isso, é uma ficção normativa, pois na realidade, não aconteceu, mas a lei confere validade para a pessoa de boa-fé. 
3.13 Prova do casamento 
A principal prova é a “certidão do registro[footnoteRef:7]”. Na falta ou na perda do registro de forma justificada, pode ser usado qualquer outra espécie de prova. Se dá através de processo judicial, como certidão de nascimento dos filhos, registro geral, etc. [7: Registro ou assento do registro é folha anexada ao livro que fica no cartório. ] 
O casamento celebrado no exterior deve ser registro em 180 dias da volta dos cônjuges (ou de um deles) ao Brasil, no cartório de domicílio ou, não havendo domicílio no Brasil, no 1º ofício da capital do Estado em que passarem a residir. 
Posse do estado de casados (é uma prova da existência do casamento) provocará sentença de reconhecimento do casamento, que retroagirá à data do casamento. Os cônjuges que precisam provar o casamento. Na dúvida, jugar-se-á pelo casamento, se tiverem vividos na posse do estado casado. 
3.14 Invalidade e inexistência do casamento 
Casamento inexistente não se confunde com casamento inválido. Pois aquele não ocorreu, ao passo que este, apesar de ter acontecido, será nulo de pleno direito.
O casamento inexistente com registro lavrado, deve ter cancelado o registro, através da “ação para cancelamento do registro”. Se o casamento aconteceu, mas é inválido, o remédio jurídico para a sua anulação é a “ação para anulação do casamento”. 
Causas de inexistência do casamento:
· Falta de consentimento do casamento. Por outro lado, o consentimento maculado gera a nulidade (invalidade). 
· Falecimento do mandante/nubente antes da celebração do casamento.
3.15 Casamento inválido 
É nulo de pleno direito o casamento quando há infração dos impedimentos, dispostos no art. 1.548, isto é:
· Casamento celebrado por enfermos mentais. Todavia, essa proibição foi revogada. 
· Impedimentos do art. 1.521: ascendente com descendente, etc. 
Ação própria é ação para anulação do casamento, movida por qualquer interessado ou MP. Se houver interesse moral, serão legitimados parentes próximos. Se houver interesse econômico, são legitimados os credores, os herdeiros, pessoas que adquiriram bens dos contraentes antes do casamento e serão atingidos, etc. 
A declaração de nulidade retroage à data do casamento, “ex tunc”, todavia, terceiros de boa-fé que contrataram com o casal não serão atingidos. 
2.16 Casamento anulável. 
É anulável porque não é nulo: poderá ser anulado ou ratificado. 
Causas:
· Não completou idade núbil. No curso do processo de anulação, se os nubentes adquirirem idade núbil, o casamento poderá ser convalido. 
· Menor em idade núbil que casou sem autorização dos pais. É anulável, pois pode ser convalidado se no curso do processo os pais autorizarem ou houver suprimento judicial. Todavia, a presença dos representantes na celebração do casamento que foi celebrado sem autorização, o casamento será convalidado, pois há autorização tácita. Legitimidade da ação: do menor, representante legal ou herdeiros necessários.
· Vício de vontade. 
· Incapacidade de consentir ou manifestar consentimento. 
· Casamento realizado após a revogação o mandato. É anulável, pois se houver coabitação o casamento será convalidado. 
· Incompetência da autorização do celebrante. 
Sentença retroage à data da celebração, ou seja, tem efeitos ex tunc. 
Deficientes podem se casar, desde que tenham consciência do que se celebra.
Casamento não será anulado por motivo de idade um menor que não atingiu a idade núbil casar e do casamento resultar gravidez. 
3 REGIMES DE CASAMENTO 
São regimes facultativos (desde que não enquadre no art. 1.641): comunhão parcial de bens (também chamado de regime legal, pois na ausência de estipulação de regime ou na nulidade do regime escolhido, este é aplicado), comunhão universal de bens, separação absoluta de bens (separação total de bens ou separação convencional de bens) e participação final nos aquestos (regime misto). 
Regime compulsório: separação obrigatória de bens, nos casos do art. 1641).
É possível a alteração do regime de bens mediante autorização judicial. 
3.1 Comunhão parcial de bens/regime legal[footnoteRef:8] [8: Atenção: antes de dezembro de 1977, o regime legal era “comunhão universal”. Após tal data, o regime legal passou a ser “comunhão parcial de bens”. ] 
É o regime onde comunicam-se os bens adquiridos, onerosamente, na constância do casamento. Excluem-se da comunhão parcial de bens:
· Bens que cada cônjuge possuía ao casar. Ex.: Tertuliano tem uma carroça e casa-se com Drusila, com quem adquire uma casa. A casa comunica-se. A carroça não. 
· Os bens adquiridos por doação ou sucessão. 
· Os bens sub-rogados[footnoteRef:9] aos particulares de cada cônjuge. [9: Mesmo que substituição. Ex.: antes do casamento Alexandre tinha uma casa, depois do casamento, vendeu a casa e comprou outra, com o valor. É uma sub-rogação, ou seja, substituição de bens. ] 
· As obrigações anteriores ao casamento. 
· As obrigações provenientes de ato ilícito, salvo em proveito do casal. Ex.: Abrahão furta um boi e sofre a pena de multa. Esta não será comunicada à sua esposa, salvo se o boi beneficiou o casal, isto, ambos comeram a carne do boi (não interessa a culpa). 
· Os bens de uso pessoal, os livros e instrumentos de trabalho. Atenção: uma carreta, por exemplo, não é um bem de uso pessoal, mas patrimônio do casal. 
· Os proventos do trabalho pessoal de casa cônjuge, ou seja, o direito de receber o próprio salário. O direito de receber é diferente do dinheiro, que pertence ao casal. 
Entram na comunhão: 
· Os bens adquiridos na constância do casamento, mesmo que em nome de um só dos cônjuges. É presumido o esforço comum, independentemente de quem comprou. 
· Os bens adquiridos por fato eventual. Ex.: megasena.
· Os bens adquiridos por doação ou herança em favor de ambos (art. 551). 
· As benfeitorias em bens particulares de cada cônjuge. Ex.: Isac tinha uma casa, avaliada em 100, antes do casamento. Após o casamento, foram realizadas obras na casa, que passou a valer 150. As benfeitorias, 50, pertencerão ao casal. 
· Os frutos dos bens comuns e dos particulares de cada cônjuge. Ex.: o aluguel de casa pertencente apenas ao marido comunica-se à esposa. Frutos pendentes, não se comunicam. 
São incomunicáveis os bens cuja aquisição tiver causa anterior ao casamento. No caso do FGTS, se for adquirido durante a constância do casamento, comunica-se. Se recolhido antes do casamento, não se comunica. 
3.2 Regime de comunhão universal de bens[footnoteRef:10] [10: É o mesmo que “comunhão de bens”. ] 
No regime de comunhão de bens, em tese, todos os bens se comunicam. 
Até 26 de dezembro de 1977, era o regime legal até 26 dezembro de 1977 (passou a ser a comunhão parcial de bens), por isso, pessoas casadas antes dessa data, não precisam de pacto antenupcial. Após a referida data, as pessoas que desejam a comunhão universal de bens, precisam celebrar o pacto antenupcial de bens[footnoteRef:11]. [11: Contrato assinado entre os contraentes, pré-casamento, no qual se define o regime de bens que será adotado, além das regras que o casal quiser que prevaleça no casamento, como por exemplo, “quem lavará a louça”; o administrador de bens; a exclusão de determinados bens da comunhão; multa por infidelidade; etc. Para validade, deve ser por instrumento público. Já sua eficácia, depende da realização do casamento. ] 
São excluídos da comunhão:
· Os bens doados ou herdados com cláusula de incomunicabilidade. 
· Os bens gravados de fideicomisso[footnoteRef:12]e o direito do fideicomissário. A partir do momento em que a herança se convalidar, poderá ser comunicada. [12: É o herdeiro provisório. Ex.: “B” faz testamento deixando casa para “C” – fideicomisso –, que deverá repassar a casa para “D” – fideicomissário –, quando este completar 18 anos. Se “D” morrer antes de completar 18, a casa ficará com “C”.] 
· As dívidas anteriores ao casamento[footnoteRef:13], salvo se aproveitar ao casal. Ex.: os móveis adquiridos para a casa, aproveitam o casal. [13: Só os bens particulares do devedor (ou os que ele trouxe para a comunhão de bens) responderão pelas dívidas particulares. E no caso de o devedor, cujas dívidas eram anteriores ao casamento, não ter bens ao casar?] 
· Débitos anteriores ao casamento que não se comunicam. 
· As doações antenupciais de um noivo a outro com cláusula de incomunicabilidade. Ex.: noivo doa carro para noiva com a clásula. 
· Os bens referidos nos incisos V a VII do art. 1.659:
· Bens de uso pessoal. 
· Os proventos[footnoteRef:14] (montepios, meios soltos – pensões). [14: Só não comunica o direito de receber, mas a partir do momento em que cai na conta corrente, pertence ao casal. ] 
Todavia, comunicam-se os frutos percebidos na constância do casamento, mesmo que seja referente a um bem que não se comunica. 
Administração dos bens (estudar isso). 
3.3 Separação de bens (art. 1.687 e art. 1688)
Art. 1.687. Estipulada a separação de bens, estes permanecerão sob a administração exclusiva de cada um dos cônjuges, que os poderá livremente alienar ou gravar de ônus real.
Art. 1.688. Ambos os cônjuges são obrigados a contribuir para as despesas do casal na proporção dos rendimentos de seu trabalho e de seus bens, salvo estipulação em contrário no pacto antenupcial.
Também chamada de separação de convencional (total ou absoluta) de bens, onde há incomunicabilidade plena do patrimônio. É necessário a celebração de pacto antenupcial. 
É único regime em que o consorte pode alienar/gravar seus bens sem outorga uxória (Art. 1.647), pois neste regime, cada um é dono de seu próprio patrimônio (incomunicabilidade plena). 
Incomunicabilidade plena:
· Atinge os bens presentes e futuros. 
· Frutos e rendimentos. 
· Bens sub-rogados. 
· Benfeitorias e melhorias: também não se comunicam. 
· Administração dos bens: cada conserte administra seu próprio patrimônio. 
A despesa do casal será rateada ao proporcionalmente ao patrimônio do casal. Nada impede que no pacto antenupcial se discrimine quem arcará com cada despesa (art. 1.688). 
· Pacto antenupcial; 
3.4 Regime de separação obrigatória/compulsória de bens
É imposto quando as pessoas se casarem com inobservância das salsas suspensivas do casamento, presentes no art. 1.523, e os jovens casais, menores de 18 anos, que necessitavam do suprimento judicial para casar. 
Maiores de 70, a partir de 2024, podem escolher livremente o regime de bens mediante escritura pública (pacto antenupcial). Também os companheiros em união estável poderão escolher o regime de bens, mediante escritura pública. Conviventes em união estável que estavam no regime de separação obrigatória de bens poderão alterar o regime de casamento, mas a alteração terá efeito ex nunc. Os casados também podem alterar, desde que por meio de sentença judicial, interposta por ambos os cônjuges, fundamentada. Se o casado maior de 70 anos não escolher seu regime mediante pacto antenupcial, o regime será o da separação obrigatória de bens. 
Segundo STF, “No regime de separação legal de bens, comunicam-se os adquiridos na constância do casamento” Súmula 377 do STF.
3.5 Participação final nos aquestos 
FALTEI NO DIA 01/04/2024.
Durante o período em que perdurar o casamento, não haverá qualquer comunhão de bens, ainda que parcial. Existe apenas uma expectativa de direito, que será constituído no momento em que a sociedade conjugal chegar ao fim. Marido e mulher comportam-se como se estivessem submetidos ao regime da separação de bens.
4 UNIÃO ESTÁVEL 
Fato social, não exige documentos. Requisitos: 
· Convivência pública: apresentar-se como marido de mulher. 
· Contínua: ou seja, não é instável. 
· Convivência duradoura. Não há tempo estabelecido. 
· Animus de constituir família (apresentar-se como marido e mulher).
Não será reconhecida como união estável o relacionamento entre pessoas que não podem se casar (casos dos impedimentos matrimoniais), salvo as pessoas casadas separadas de fato. Neste caso, deverá fazer prova da separação de fato, além dos requisitos da união estável. Se tiver uma prova objetiva de concurso perguntado se as pessoas casadas podem constituir a união estável, a resposta deve ser negativa. 
As causas suspensivas do casamento não impedem a união estável, mas aplicam-se as mesmas sanções civis. 
Comunhão parcial de bens é o regime legal, caso não haja contrato especificando qual regime será adotado. 
A conversão de união estável em casamento se dá por via judicial. 
Relações não eventuais com impedidos de casar caracteriza concubinato. 
Namoro prologando não é união estável. 
Direito sucessório dos companheiros. Art. 1.790 foi declarado inconstitucional, e para fim sucessório é adotado o art. 1.829. Ou seja, não há diferença para com o casamento. 
Dissolução da união estável equipara-se a divórcio. 
5 DISSOLUÇÃO DA SOCIEDADE E DO VÍNCULO CONJUGAL 
Vínculo conjugal congloba matrimônio e patrimônio. A sociedade conjugal é limitada ao conjugal casamento. 
O vínculo diz respeito à: fidelidade, vida comum, mútua assistência, sustento, guarda e educação dos filhos, respeito e considerações mútuas. Serão extinto com o fim do vínculo conjugal. 
O vínculo inicia-se com o casamento e termina (apenas) com o divórcio ou com a morte. Separação de fato ou judicial não põe fim ao casamento. 
A morte do consorte deflagra o estado civil[footnoteRef:15] da viuvez. Caso o vínculo se dê com o divórcio, o estado civil é divorciado. Em ambos os casos, há possibilidade (escolha) de manutenção do nome de casado. [15: União estável não estado civil] 
A morte também deflagra a condição de herdeiro, dependendo do regime de casamento. 
A morte põe fim ao impedimento para casar. 
A morte presumida também causa dissolução do vínculo conjugal. Cônjuge sobrevivente tem um atestado de óbito do ausente, deflagrando o seu estado de viuvez. A Lei não cuida dos efeitos em caso de retorno do presumido morto.
Dificuldade da Lei com a falta de disposição de eventual casamento. 
Além da morte, também põe fim ao casamento o divórcio. Não existe aferição de culpa e nem prazo mínimo. O divórcio pode ser consensual (o juiz simplesmente homologa – pode ser feito extrajudicialmente), quando não há divergência, ou litigioso (necessariamente judicial[footnoteRef:16]). [16: Ação de divorcio litigioso cumulada com partilha de bens, guarda. Como é direito potestativo, é interessante pedir tutela de evidência. ] 
A Sociedade conjugal é findada com a morte, o divórcio e a separação judicial. A Jurisprudência entende que a separação de fato também põe fim à sociedade conjugal.
6 PARENTESCO E FILIAÇÃO 
Parentesco natural ou civil. Natural é o que decorre do sangue. Qualquer outro parentesco é civil. 
Parentesco é a relação que vincula pessoas que descendem umas das outras. Pode ser consanguíneo ou afim. 
Parentesco consanguíneo é aquele que deriva do mesmo tronco, podendo ser de linha reta ou colateral. Na linha reta, vai até o infinito. Na linha colateral, limita-se ao 4º grau de parentesco[footnoteRef:17]. [17: O filho do primo não recebe a herança. ] 
Com relação aos irmãos, é clarividente a inconstitucionalidade da distinção entre irmãos germânicos (bilateral) e unilaterais, pois a obrigação entre irmãos é igual (art. 1.697), ao passo que no caso de herança, os irmãos germânicos herdarão o dobro dos unilaterais (art. 1.841). 
Parentesco por afinidade é o parentesco civil, no qual o cônjuge tem como parente seu, em linha reta ou colateral, os parentes do seu cônjuge. Os parentes colaterais por afinidade terminam no 2º grau, ao passo que o parente porafinidade em linha reta não tem limite (ao infinito). Cônjuge não é parente.
6.1 Filiação 
É a relação jurídica decorrente do parentesco por consaguinidade ou outra origem, estabelecida particularmente entre os ascendentes e descendentes de primeiro grau. 
Filiação consanguínea ou biológica: é a que decorre do sangue. 
Filiação civil: é a filiação adotiva, a qual é provada por sentença judicial. No assento de nascimento da criança que fica arquivado no cartório (informação sigilosa), consta o nome dos pais biológicos, mas não nas certidões. Ou seja, rompe o vínculo com a família biológica. 
Filiação socioafetiva: é uma filiação civil, declarada por sentença, quando há relação entre pai e filho. Não rompe vínculo biológico anterior, ou seja, o filho socioafetivo conservará na certidão e nascimento o nome de todos os pais. 
Multiparentalidade: é a socioafetividade, onde consta o nome de vários pais ou várias mães nas certidões de nascimento. 
Há presunção de paternidade:
· de todos os filhos concebidos durante a união estável ou do casamento; 
· ou dos filhos nascidos 180 dias, pelo menos, depois de estabelecida a convivência conjugal; 
· ou os nascidos nos 300 dias subsequentes à dissolução (por qualquer meio) do casamento ou da união estável. 
· Haverá a presunção ainda que a geração se dê por função artificial homóloga (óvulo e esperma do casal), mesmo que falecido o marido, desde que tenha sido autorizado. 
· Havidos, a qualquer tempo, quando se tratar de embriões excedentários, decorrentes de concepção artificial homóloga, desde que autorizada pelo marido. 
· Havidos por inseminação artificial heteróloga (quando o sêmen doado é de um terceiro anônimo), desde que tenha prévia autorização do marido, mesmo post mortem. 
Salvo prova em contrário, se, antes de decorrido o prazo previsto no inciso II do art. 1.523, a mulher contrair novas núpcias e lhe nascer algum filho, este se presume do primeiro marido, se nascido dentro dos trezentos dias a contar da data do falecimento deste e, do segundo, se o nascimento ocorrer após esse período e já decorrido o prazo a que se refere o inciso I do art. 1597 (art. 1.598).
A prova da impotência do cônjuge para gerar, à época da concepção, ilide a presunção da paternidade (art. 1.599). Todavia, o adultério da mulher, ainda que confessado, não basta para ilidir a presunção legal da paternidade (art. 1.600). 
Cabe ao marido, e somente a ele, o direito de contestar a paternidade dos filhos nascidos de sua mulher, sendo tal ação imprescritível. Contestada a filiação, os herdeiros do impugnante têm direito de prosseguir na ação.
Não basta a confissão materna para excluir a paternidade.
6.2 Prova de filiação 
A filiação prova-se pela certidão do termo de nascimento registrada no Registro Civil. Nesses termos, ninguém pode reclamar estado contrário ao que resulta do registro de nascimento, salvo provando-se erro ou falsidade do registro.
Na falta, ou defeito, do termo de nascimento, poderá provar-se a filiação por qualquer modo admissível em direito:
· quando houver começo de prova por escrito, proveniente dos pais, conjunta ou separadamente;
· quando existirem veementes presunções resultantes de fatos já certos.
A investigação de paternidade: na investigação de paternidade post mortem, os legitimados passivos serão os herdeiros (e não o espólio)
A ação de prova de filiação compete ao filho, enquanto viver, passando aos herdeiros, se ele morrer menor ou incapaz. A filiação prova-se pela certidão do termo de nascimento registrada no Registro Civil. Se iniciada a ação pelo filho, os herdeiros poderão continuá-la, salvo se julgado extinto o processo.
6.3 Adoção 
Regida pelos seguintes normas; art. 1618 e 1619; Lei 12.010; e ECA. 
Adoção é o ato jurídico no qual um indivíduo é permanentemente assumido como filho por uma pessoa ou por um casal que não são os pais biológicos. 
A adoção pode ser feita por qualquer pessoa maior de 18 anos, desde que haja diferença mínima de 16 anos entre adotando e adotado. Pode ser casal (para que haja adoção conjunta, deve haver consentimento das duas partes) ou solteiro, ou ainda por casais homoafetivos. Os pretendentes à adoção passam por rigoroso processo investigativo de suas vidas. 
Não podem adotar o tutor ou curador (pessoa maior) enquanto não prestar contas da sua administração. Também não podem adotar os ascendentes[footnoteRef:18] e os irmãos do adotado. [18: Pois já são família. Todavia, existe casos. ] 
É necessário o consentimento dos pais biológicos quando conhecidos e se ainda detiverem o poder familiar. Em todo caso, a criança ou adolescente serão ouvidos, sendo a sua opção levada em consideração, sendo sopesado, também, a idade (até os 12, a vontade da criança não prevalece, mas é sopesada – o maior de 12, tem sua vontade atendida).
Adoção post mortem ocorre quando, após o início do processo de adoção, morre uma das partes que pretendia à adoção (tendo já manifestado sua vontade o falecido). Assim, a parte sobrevivente poderá continuar o processo.
Pessoas maiores de 18 anos podem ser adotados, mas apenas com consentimento (ação consensual de adoção).
Grupos de irmãos disponibilizados para adoção, devem ser, em regra, adotados pela mesma pessoa. Se não for possível, pode haver adoção separada. 
Efeitos da adoção de ordem pessoal: 
· A adoção é parentesco civil, vedada qualquer discriminação; 
· Adoção é irrevogável. 
· O adotante passa a ter poder familiar sobre o adotando (menor). 
· O adotado pode assumir o nome da família adotada, bem como nome. É facultativo. 
Efeitos patrimoniais: 
· Direito a alimentos. 
· Direito sucessórios. 
Adoção internacional é deferida quando esgotada a possibilidade de adoção por famílias residente em território nacional. 
7 ALIMENTOS 
Art. 1.694 a 1.710. 
Alimentos é o direito de grande abrangência, incluindo tudo o que né necessário para a manutenção individual: sustento, habitação, educação, vestuário, tratamento, etc. Alimentos podem ser:
· Alimentos naturais (que são indispensáveis para a sobrevivência de uma pessoa, tais como a alimentação, escola, etc. Para menores de idade, a necessidade é presumida. 
· Alimentos civis: são os que servem para manutenção da condição civil que a pessoa levava. É necessário prova. Ex.: criança que tinha aula de inglês da separação. 
· Alimentos legais, que decorrem do parentesco (obrigação legal). É obrigado ao pagamento quem tem vínculo de sangue ou civil. A necessidade não é presumida. 
· Alimentos voluntários, os quais são pagos voluntariamente. 
· Alimentos indenizatórios, pagos quando alguém comete ato ilícito e é condenado a pagar alimentos. 
· Alimentos “definitivos”, que são os fixados em sentença transitada em julgado. É possível a revisão a qualquer tempo.
· Alimentos provisórios, são os deferidos no curso da ação de alimentos, em caráter liminar. Serão devidos a partir da citação do réu. 
· Alimentos provisionais é uma ficção. São os provisórios fixados em ação diversa da ação de alimentos que segue o rito especial, tal como aqueles deferidos em razão de ação indenizatória. 
· Alimentos transitórios. Geralmente, são fixados para ex-cônjuges que durante o casamento cuidava de casa, até que se estabeleça. 
· Alimentos pretéritos. Não existem, ou seja, se o pai não paga nos primeiros anos de nascimento e a criança só entra com a ação de alimentos a partir do 5º ano, os anos que se passaram ficam perdidos. São devidos a partir do despacho inicial e citação. 
7.1 Princípios 
1 - Princípio da reciprocidade: o direito a alimentos é recíproco entre pais e filhos. A reciprocidade é entre parentes do mesmo grau, tal como entre irmãos. 
2 - Princípio da preferência: primeiro são chamados os parentes na linha reta, depois, na colateral (até o 4º grau). 
3 - Princípio da complementaridade: um parente não podendo pagar, são chamados os demais, em caráter complementar. Ex.: um pai não consegue pagar mil, de que a criança necessita, mas apenas R$ 600,00. Os avós podem ser chamados para complementar. 
4 - Princípio da mutabilidade: a decisão sobre alimentospode ser sempre alterada, desde que seja comprovado modificação na condição financeira de quem paga ou recebe. 
5 - Princípio da transmissibilidade: a obrigação de prestar alimentos transmite-se aos herdeiros do devedor, na forma do art. 1.694 (art. 1.700). STJ tem entendido que os alimentos não são transmissíveis, nos termos do art. 402. 
6 - Princípio da alternatividade: os alimentos podem ser pagos em espécie (in natura[footnoteRef:19]) ou em dinheiro. Tal opção deve ser acordada na sentença. [19: Pode pagar o aluguel, pode pagar o supermercado, pode pagar a escola, etc. Deve ser acordado na sentença. ] 
7 - Princípio da irrenunciabilidade: o credor não pode exercer seu direito, porém lhe é vedado renunciar o direito a alimentos. 
7.2 Características dos alimentos 
Personalíssimo: apenas o titular tem legitimado a cobrá-los. 
Impenhorável. Não há possibilidade de penhora. Aplica-se ao salário, mas é mitigado.
Incessível: não pode ser cedido. 
Incompensável: não se pode compensar com nada, tal como presentes, dívidas, etc. 
Imprescritível: o direito de pleitear os alimentos é imprescritível, embora as parcelas vencidas prescrevem em dois anos. Assim, o direito é imprescritível, as parcelas não.
Intransacionável: não é negociável. 
Irrepetível: não cabe devolução. Ex.: quem paga a mais, não tem direito a devolução nem compensação. 
7.3 Legitimidade 
Quem deve pagar é a pessoa quem tem vínculo de parentesco (até o 4º grau, colateral) ou filiação com o legitimado ativo e for o primeiro responsável pelo pagamento, desde que tenha condição.
Quem deve receber é o parente que tem o direito de receber. 
7.4 Meios de receber os alimentos 
O meio para fixar os alimentos é a ação de alimentos. Para a execução dos mesmos, que poderá ser feita em autos apartados ou nos próprios autos da ação alimentos, há dois ritos, que podem ser cumulados: o rito da prisão, tipificado no art. 528 CPC, e o rito da penhora, disposto no art. 523 do CPC. 
Rito da prisão (art. 528 CPC): o débito alimentar que autoriza a prisão civil do alimentante é o que compreende até as 3 (três) prestações anteriores ao ajuizamento da execução e as que se vencerem no curso do processo. Quando citado, o executado deverá pagar todo o débito, isto é, as 03 últimas parcelas que venceram antes da proposição da execução e as parcelas que venceram no seu curso (as demais, que venceram nos meses anteriores aos 3 últimos, antes da propositura da ação, só podem ser cobrados no rito da penhora). O executado será intimado para, em 3 dias: pagar o débito, provar que o fez ou justificar a impossibilidade de efetuá-lo[footnoteRef:20]. Se o executado não pagar ou se a justificativa apresentada não for aceita, o juiz, além de mandar protestar o pronunciamento judicial, decretar-lhe-á a prisão pelo prazo de 1 (um) a 3 (três) meses. Só não será preso se pagar integralmente o débito (o débito referente às 03 últimas prestações vencidas antes da propositura da execução e as que vencerem no seu curso). Não abaterá o débito, mas não se poderá aplicar novo rito de prisão novamente, o que será convertido no rito da penhora. Aplicável no caso do débito de 3 meses ou mais. [20: Exemplos de justificação: coma ou incapacidade ocorridos antes do vencimento das parcelas.] 
Rito da penhora (art. 523 CPC): Cabe penhora de bens. Executado será citado para pagar, justificar ou provar que já pagou em 15 dias. Se não pagar, haverá penhora. Se não houver bens a penhorar (nada é impenhorável), fodeu. 
Pode haver cumular os ritos.
7.5 Ação revisional de alimentos 
Se surgir mudança na condição de quem paga ou recebe, poderá, qualquer das partes entrar com ação revisional de alimentos, a fim de majorar, reduzir ou exonerar[footnoteRef:21]. [21: Como no caso do alimentando ter completado 18 anos e não estudar. Não é automático, depende de ] 
8 TUTELA E CURATELA 
Curatela tem relação com características psicológicas do indivíduo. Por sua vez, na prática, a tutela não envolve especificamente questões de ordem física. A curatela é responsável por lidar com pessoas com deficiência mental, intelectual, cognitiva, que não podem mais administrar seus bens, por exemplo. 
9.1 Tutor (art. 1.728 a art. 1.766)
A tutela se aplica aos menores de 18 anos. Refere-se ao encargo ou múnus público de caráter assistencial que recai sobre pessoa capaz (tutor) para cuidar de um menor (tutelado ou pupilo) e administrar seu patrimônio em caso de falecimento e ou ausência de seus pais ou em caso de perda do poder familiar. Não há tutela e poder familiar ao mesmo tempo, pois aquela pressupõe esta. Também a tutela não se confunde com a guarda: esta pode ser exercida com o poder familiar. 
Espécies de tutela: 
· Tutela testamentária: os pais fazem testamento (não existe testamento conjunto), de comum acordo, nomeando tutor em caso faltem. 
· Tutela legítima: não há testamento, mas lei define a sequência dos tutores: ascendentes e colaterais até 3º grau. 
· Tutela dativa: tutor que se oferece para exercer o encargo, desde que não haja impedimento. 
São incapazes de exercer a tutela:
· Os que não tiverem a livre administração de seus bens (se a pessoa não tem condição de cuida do próprio patrimônio, não poderá cuidar de outro). 
· aqueles que, no momento de lhes ser deferida a tutela, se acharem constituídos em obrigação para com o menor, ou tiverem que fazer valer direitos contra este, e aqueles cujos pais, filhos ou cônjuges tiverem demanda contra o menor.
· Inimigos do menor, ou de seus pais. 
· Condenados por crime de furto, roubo, estelionato, falsidade, contra a família ou os costumes, tenham ou não cumprido pena. 
· as pessoas de mau procedimento, ou falhas em probidade, e as culpadas de abuso em tutorias anteriores;
· Os que exercem função pública incompatível com a boa administração da tutela. Ex.: militares da ativa. 
É possível aos tutores se escusarem de sua obrigação legal:
· mulheres casadas;
· maiores de sessenta anos;
· aqueles que tiverem sob sua autoridade mais de três filhos;
· os impossibilitados por enfermidade;
· aqueles que habitarem longe do lugar onde se haja de exercer a tutela;
· aqueles que já exercerem tutela ou curatela;
· militares em serviço.
Função do tutor em relação ao tutelado: 
· Dirigir-lhe a educação, defendê-lo e prestar-lhe alimentos, conforme os seus haveres e condição.
· reclamar do juiz que providencie, como houver por bem, quando o menor haja mister correção;
· adimplir os demais deveres que normalmente cabem aos pais, ouvida a opinião do menor, se este já contar doze anos de idade.
· representar o menor, até os dezesseis anos, nos atos da vida civil, e assisti-lo, após essa idade, nos atos em que for parte;
· receber as rendas e pensões do menor, e as quantias a ele devidas;
· fazer-lhe as despesas de subsistência e educação, bem como as de administração, conservação e melhoramentos de seus bens;
· alienar os bens do menor destinados a venda;
· promover-lhe, mediante preço conveniente, o arrendamento de bens de raiz.
· Compete também ao tutor, com autorização do juiz:
· pagar as dívidas do menor;
· aceitar por ele heranças, legados ou doações, ainda que com encargos;
· transigir;
· vender-lhe os bens móveis, cuja conservação não convier, e os imóveis nos casos em que for permitido;
· propor em juízo as ações, ou nelas assistir o menor, e promover todas as diligências a bem deste, assim como defendê-lo nos pleitos contra ele movidos.
Protutor é uma espécie de fiscal do tutor. 
Os tutores prestarão contas[footnoteRef:22] de dois em dois anos, e também quando, por qualquer motivo, deixarem o exercício da tutela ou toda vez que o juiz achar conveniente. Serão levadas a crédito do tutor todas as despesas justificadas e reconhecidamente proveitosas ao menor. [22: Planilha com lançamento de rendimentos e despesas. ] 
Cessa a condição de tutelado: 
· Com a maioridade ou emancipação; 
· Ao cair o menor sob o poder familiar, no caso de reconhecimento socioafetivo ou adoção. 
9.2 Curador 
A curatela se aplica aos maiores incapazes. 
É um encargo atribuídopor juiz[footnoteRef:23] para que uma pessoa zele, cuide e gerencie o patrimônio de outra que tem mais de dezoito anos e é judicialmente declarada incapaz. Independe se essa incapacidade adveio de má formação congênita, transtorno mentais, dependência química ou doença neurológica, sendo apenas necessário por conta de desse problema ela esteja impossibilidade de reger os atos da sua vida civil. [23: Não há curatela em cartório. ] 
Estão sujeitos à curatela: 
· aqueles que, por causa transitória ou permanente, não puderem exprimir sua vontade[footnoteRef:24]; [24: Caso a pessoa esteja no leito, em razão de acidente, e necessita-se fazer um pedido urgente, pode-se entrar com a referida ação e nela pedir que o autor seja nomeado curador. ] 
· III - os ébrios habituais e os viciados em tóxico;
· V - os pródigos.
Quem será curador: 
· O cônjuge ou companheiro, não separado judicialmente ou de fato, é, de direito, curador do outro, quando interdito.
· Na falta do cônjuge ou companheiro, é curador legítimo o pai ou a mãe; na falta destes, o descendente que se demonstrar mais apto.
· Entre os descendentes, os mais próximos precedem aos mais remotos.
· Na falta de tais pessoas, compete ao juiz a escolha do curador.
As regras a respeito do exercício da tutela aplicam-se ao da curatela, com a restrição do art. 1.772 e do que se segue. A interdição do pródigo só o privará de, sem curador, emprestar, transigir, dar quitação, alienar, hipotecar, demandar ou ser demandado, e praticar, em geral, os atos que não sejam de mera administração. Quando o curador for o cônjuge e o regime de bens do casamento for de comunhão universal, não será obrigado à prestação de contas, salvo determinação judicial.
9.3 Tomada de decisão apoiada 
É o processo pelo qual a pessoa com deficiência elege pelo menos 2 pessoas idôneas, com as quais mantenha vínculos e que gozem de sua confiança, para prestar-lhe apoio na tomada de decisão apoiada sobre atos da vida civil, fornecendo-lhe os elementos e informações necessários para que possa exercer sua capacidade. 
Para formular o pedido, a pessoa com deficiência e os apoiadores devem apresentar termo em que constem os limites do apoio a ser oferecido e os compromisso dos apoiadores, inclusivo o prazo de vigência do acordo e o respeito à vontade, aos direitos e aos interesse da pessoa que devem apoiar.

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