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CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS JURÍDICAS Centro Universitário do Rio São Francisco - UNIRIOS Introdução ao Estudo do Direito I – I período Prof. Me. Danilma Melo da Silva As cores da sala de aula são diferentes das que você vê neste modelo? Tudo bem! Clique em Design -> Variantes (seta para baixo) -> escolha o esquema de cores que funcione para você! Fique à vontade para alterar qualquer sentença “Você vai..." e "Eu vou..." para garantir que elas estejam alinhadas com seus procedimentos e regras de sala de aula! ‹#› CLASSIFICAÇÃO DAS NORMAS JURÍDICAS Existe falta de consenso doutrinário em matéria de classificação da norma jurídica; Refletiremos acerca daquelas categorias mais operacionais, ou seja, de maior utilidade para a atuação prática do jurista. QUANTO AO SISTEMA JURÍDICO OU AO TERRITÓRIO Nacionais (direito interno) – produzidas no âmbito interno (produto do poder soberano dos Estados) Ex.: CRFB/88, Código Civil/2002, Código Penal/1940 Estrangeiras (direito externo) – produzidos no âmbito da comunidade jurídica internacional. Ex.: Declaração Universal do Direitos Humanos QUANTO AO SISTEMA JURÍDICO OU AO TERRITÓRIO No âmbito nacional temos: - Normas jurídicas federais – âmbito nacional - Normas jurídicas estaduais – âmbito estadual - Normas jurídicas municipais – âmbito local - Normas jurídicas distritais - Art. 32, §1º (competências dos estados e municípios) QUANTO AO SISTEMA JURÍDICO OU AO TERRITÓRIO Há hierarquia entre elas? Não há propriamente uma hierarquia (a hierarquia não é absoluta). O que há é exclusão ou primazia em função dos DISTINTOS CAMPOS DE COMPETÊNCIA. Esse escalonamento prevalece quando houver possibilidade de concorrência entre as diferentes esferas da federação (art. 24, CRFB/88). QUANTO AO SISTEMA JURÍDICO OU AO TERRITÓRIO Art. 24 - Compete à União, aos Estados e ao Distrito Federal legislar concorrentemente sobre: [...] 1º No âmbito da legislação concorrente, a competência da União limitar-se-á a estabelecer normas gerais. § 2º A competência da União para legislar sobre normas gerais não exclui a competência suplementar dos Estados. § 3º Inexistindo lei federal sobre normas gerais, os Estados exercerão a competência legislativa plena, para atender a suas peculiaridades. § 4º A superveniência de lei federal sobre normas gerais suspende a eficácia da lei estadual, no que lhe for contrário (neste caso segue-se a hierarquia) QUANTO AO SISTEMA JURÍDICO OU AO TERRITÓRIO - As únicas normas que têm primazia no sistema brasileiro são as de dir. constitucional (normas constitucionais federais) Observação Norma constitucional estadual não prevalece contra uma lei federal ordinária, se a matéria for de competência privativa da União (dir. federal corta dir. local) - Se a União ultrapassa os limites de suas atribuições, invadindo esfera de competência do Estado ou do município (dir. local corta dir. federal) QUANTO À FONTE DE PRODUÇÃO Classificação quanto às fontes ou formas de sua produção. As normas jurídicas resultam de diversos processos. Normas legais (processo legislativo) Normas consuetudinárias (processo costumeiro) Normas jurisprudenciais (processo jurisprudencial) Normas doutrinárias ou científicas (processo doutrinário) QUANTO À FONTE DE PRODUÇÃO - É princípio prevalente no Brasil que só podemos conceber a norma consuetudinária que se acorde com a lei ou que a complete. São inadmissíveis as contra legem. - Há, porém, o fenômeno da revogação das normas legais pelo desuso (divórcio da lei com a experiência social) – crítica - Tal problemática se resolve por interpretação judicial, justificando-se em razões éticas e sociais. QUANTO À SUA VIOLAÇÃO - A regra de direito é promulgada para ser cumprida, mas existe sempre a possibilidade de sua violação. - Violada a norma jurídica, a sociedade e o Estado tomam posição em face do infrator e com referência ao ato lesivo como tal. QUANTO À SUA VIOLAÇÃO - PLUS QUAM PERFECTAE: são aquelas cuja violação determina duas consequências. c. 1) NULIDADE DO ATO c. 2) APLICAÇÃO DE UMA RESTRIÇÃO AO INFRATOR (PENA) Ex.: Art. 1.521, IV, CC/2002 – Há uma dupla garantia. Art. 1.521. Não podem casar: [...] VI - as pessoas casadas; QUANTO À SUA VIOLAÇÃO Consequências: c.1)nulidade do casamento (art. 1548, CC) c.2) aplicação da pena – crime de bigamia (art. 235, CP) QUANTO À SUA VIOLAÇÃO - PERFECTAE: são aquelas que fulminam de nulidade o ato, mas não implicam qualquer outra sanção de ordem pessoal. Ex.: Um menor firmando contrato. O contrato é nulo ou anulável, mas não há a aplicação de sanção. O direito contenta-se com o restabelecimento da ordem jurídica, considera que a volta ao estado anterior já é por si uma pena. QUANTO À SUA VIOLAÇÃO - MINUS QUAM PERFECTAE: se limitam a aplicar uma pena ou uma consequência restritiva, mas não privam o ato de sua eficácia. Ex.: Art. 1.523, I, CC, o descumprimento deste impedimento não importa em nulidade. - IMPERFECTAE: quando válidas, não importam em pena ao infrator, nem de alteração daquilo que se realizou. São jurídicas porque, embora não imperem de maneira direta, fazem-no de maneira mediata, há consequências indiretas de direito. QUANTO À IMPERATIVIDADE - Quer sejam de organização, quer sejam de conduta, as regras jurídicas se constituem visando a que se faça ou se deixe de fazer alguma coisa (dever-ser). - Imperatividade é característica essencial do Direito. Ela não se manifesta na mesma intensidade, graus de imperatividade, o que implica no aparecimento de várias categorias de normas. QUANTO À IMPERATIVIDADE - NORMAS JURÍDICAS COGENTES (jus cogen) ou de ORDEM PÚBLICA Implica a exigência irrefutável do seu cumprimento. Regra a que todos estamos adstritos, em virtude de um interesse supremo da sociedade e do Estado. Podem ser Imperativas: estabelece diretamente a obrigação Proibitivas: quando vedam a realização de determinada conduta Ex.: Regras para o casamento QUANTO À IMPERATIVIDADE NORMAS JURÍDICAS DISPOSITIVAS Regras de conduta que deixam aos destinatários o direito de dispor de forma diversa (não ordenam nem proíbem) Podem ser: Permissivas – quando facultam a realização de uma conduta pelos sujeitos de direito Supletivas – quando suprem a eventual ausência de manifestação da vontade das partes Ex.: Art. 1.984. Na falta de testamenteiro nomeado pelo testador, a execução testamentária compete a um dos cônjuges, e, em falta destes, ao herdeiro nomeado pelo juiz. QUANTO AOS ÂMBITOS DE VALIDADE Podem ser agrupadas conforme: Validade espacial – espaço Validade temporal – tempo Validade pessoal – alcance dos destinatários Validade material – conteúdo QUANTO AOS ÂMBITOS DE VALIDADE Validade espacial Normas gerais: são válidas na totalidade de um estado soberano (leis nacionais, criadas pelo Congresso Nacional) Normas especiais: são válidas em circunscrições político-administrativas determinadas (leis municipais, criadas pelo Município) QUANTO AOS ÂMBITOS DE VALIDADE Validade temporal Normas de vigência determinada: o término de validade se define antecipadamente. (medidas provisórias) Normas de vigência indeterminada: o término da validade normativa não está previamente delimitado, permanecendo válidas até a revogação. QUANTO AOS ÂMBITOS DE VALIDADE Validade temporal Normas de incidência imediata: são aquelas cujo início da vigência coincide com a data da sua publicação. Normas de incidência mediata: cujo início da vigência ocorre em momento posterior à data da publicação (vacatio legis). QUANTO AOS ÂMBITOS DE VALIDADE Validade temporal Normas irretroativas: são aquelas que não se aplicam às situações sociais ocorridas em momento anterior à sua vigência. Art. 5º, XXXVI, CRFB/88 Art. 6º, LINDB. Princípio da segurança jurídica Princípio de que o tempo rege o ato (tempus regit actum) Normas retroativas: produzem efeitos pretéritos, alcançando situações sociais ocorridas emmomento anterior à sua vigência. Art. 5º, XL, CRFB/88 Art. 2º, CP QUANTO AOS ÂMBITOS DE VALIDADE Validade pessoal Normas genéricas: preceitos abstratos – dirigem-se a destinatários indefinidos. Constituição Federal Normas individualizadas: particularização do objeto – dirigem-se a destinatários definidos. Contratos QUANTO AOS ÂMBITOS DE VALIDADE Validade material Normas de direito público: aquelas que regulam a organização do Estado, as atividades dos Poderes Públicos e as relações verticais entre os órgãos estatais e os particulares. Direito constitucional administrativo, eleitoral, processual, penal Normas de direito privado: que disciplinam prevalentemente as relações horizontais entre os particulares. Princípio da autonomia da vontade Direito civil, comercial QUANTO AO GRAU DE SISTEMATIZAÇÃO LEGAL Normas legislativas codificadas: lei única que dispõe sistematicamente sobre dado ramo jurídico, fixando princípios e diretrizes gerais Ex.: Código Civil, Código de Processo Penal Normas legislativas esparsas: pertencem a diplomas legislativos isolados, tratam de forma fragmentada de ramos específicos do conhecimento jurídico. Ex.: Estatuto do Idoso, Lei Maria da Penha, Lei de Execução Penal Normas legislativas consolidadas: resultam da reunião de lei esparsas vigentes sobre um mesmo assunto Ex.: Consolidação das Leis do Trabalho QUANTO À EFICÁCIA TÉCNICO JURÍDICA Normas jurídicas de aplicabilidade absoluta: produzem os mais amplos efeitos, desde suas criação, não necessitando sua eficácia de normatização posterior, bem como impedindo a elaboração tanto de reformas constitucionais quanto de legislação infraconstitucional que lhes seja contrárias Ex.: Cláusulas pétreas – Art. 60, §4º, CRFB/88 QUANTO À EFICÁCIA TÉCNICO JURÍDICA Normas jurídicas de aplicabilidade plena: projetam desde o momento de sua criação amplos efeitos jurídicos, não necessitando sua eficácia de ulterior produção de outros diplomas normativos, sendo permitida a modificação por reforma constitucional. Ex.: Art. 242, §2º, CRFB/88 QUANTO À EFICÁCIA TÉCNICO JURÍDICA Normas jurídicas de aplicabilidade contida: no primeiro momento de sua vigência produzem amplos efeitos jurídicos, prevendo, contudo, a posterior produção de outro diploma normativo que restringirá o alcance da norma jurídica originária. Ex.: Art. 5º, XII, CRFB/88 Normas jurídicas de aplicabilidade limitada: são aquelas que não produzem amplos efeitos jurídicos desde o momento de sua criação, necessitando de posterior normatização. Ex.: Art. 6º QUANTO À EFICÁCIA TÉCNICO JURÍDICA Normas jurídicas de eficácia exaurida: já esgotaram a produção de seus efeitos, seja pelo esgotamento do prazo de vigência, seja pela realização de circunstância prevista na hipótese normativa. Ex.: Art. 3º, ADCT, CRFB/88 POR HOJE É SÓ! Não falte na próxima aula. ‹#› image1.png