Prévia do material em texto
1ºAula Comunicação e linguagem Prezado (a) aluno (a), Em nossa primeira aula, iremos retomar uma reflexão acerca da comunicação e da linguagem, temas de grande relevância, com os quais certamente já teve contanto durante sua trajetória escolar, buscando reconhecer a importância de cada uma delas em nosso cotidiano, seja pessoal ou profissional. Para que sua aprendizagem seja satisfatória/excelente, sugerimos que leia sempre a página inicial de cada Aula, bem como seus objetivos para programar e organizar seus estudos. Lembre-se ainda de que a Linguagem é uma área na qual você precisará fazer da pesquisa uma companheira constante em sua caminhada. Ah...lembrando, você é o protagonista de sua aprendizagem! Portanto, conto com a sua participação ativa! Bons estudos! Ao final desta aula, vocês serão capazes de: • refletir, analiticamente, sobre a linguagem como um fenômeno psicológico, educacional, social, histórico, cultural, político e, sobretudo, ideológico; • desenvolver e manter uma visão teórico-aplicada sobre algumas das principais teorias adotadas nas investigações e nos usos da linguística em textos conversacionais; • perceber a língua como o maior instrumento da prática social (níveis de linguagem) e como a forma mais elaborada das manifestações culturais e/ou abordagem intercultural. Objetivos de aprendizagem 127 Linguagem e Argumentação 8 Durante os estudos desta aula, sugerimos que deixe em local de fácil acesso um caderno ou utilize editores de textos (como o Word ou o Bloco de notas, por exemplos) para anotar observações, re exões e conceitos-chave sobre os conteúdos aqui disponibilizados. Dentre suas anotações, é importante que faça mapas mentais ou esquemas que o ajudem a retomar os conteúdos em outros momentos. Com isso, conseguirá entender melhor o contexto geral sobre comunicação e linguagem. Bons estudos! 1 - Breve reflexão sobre comunicação. 2 - Processo de comunicação: um panorama teórico 3 - Linguagem, sociedade e interação humana Seções de estudo 1 - Breve re exão sobre comunicação Antes de iniciar o estudo efetivo de nossa aula, com vistas a ampliar nossos conhecimentos sobre comunicação e linguagem, é importante que reflita sobre a seguinte afirmação baseada nas ideias de Cagliari (1990, p.35). Desde que nascemos, estamos imersos de alguma forma nos mundos da linguagem, da fala e da língua. Crescemos dentro da nossa família ouvindo - na maioria das vezes - nossos pais falarem conosco observando gestos e sinais, então as palavras, a linguagem, o nome das coisas existentes no mundo começam a ser importantes. Reconhecendo essa imersão, perguntamos: mas como a comunicação que envolve todos os elementos da comunicação citados por Cagliari em (1990) vem fazendo parte da vida das sociedades ao longo da história? Qual a importância, da comunicação em nossas vidas? Seguindo com a reflexão sobre a comunicação, que por meio dos estudos de Mcluhan: A linguagem e o diálogo já tomaram a forma de interação entre todas as zonas do mundo. (...) O computador suprime o passado humano, convertendo-o por inteiro em presente. Faz com que seja natural e necessário um diálogo entre culturas, mas prescindindo por completo do discurso (...). A palavra individual, como depósito de informação e sentimento, já está cedendo à gesticulação macrocósmica (McLuhan, Fiore e Agel, apud MARTINS, 1999, p.1). Responder a esses questionamentos é algo que tentaremos durante o estudo de nossa disciplina (de maneira geral ) fazendo com que possamos refletir sobre nossa vida. Contudo, podemos iniciar uma reflexão, analisando a seguinte imagem: Figura 1.1 A evolução da comunicação. FONTE: BLOG UNIRP. A evolução da comunicação. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. Afirma McLuhan que “os cidadãos do futuro terão muito menos necessidade que hoje de ter formação e pontos de vista semelhantes. Pelo contrário, serão recompensados por sua diversidade e originalidade” (1994, p. 294), ou seja, as tarefas a serem executadas não serão mecanizadas e repetitivas, mas passarão a ser com personalidade e criatividade. Parece que estamos com muitos questionamentos, não é? Mas tenhamos calma, pois, na seção a seguir, encontraremos reflexões que nos levarão às respostas. Você acadêmico de ENGENHARIA DE PRODUÇÃO deve estar se perguntando; por que tenho /devo estudar essa disciplina? Tenho certeza que a medida que você for lendo as aulas , com certeza , você observará como ela será importante, em seu dia a dia profissional você trabalhara com N pessoas então terá que ter atos comunicativos eficientes e essas aulas o auxiliarão muitíssimo. Além disso leia: Você trabalhará efetivamente com muitas pessoas e terá que comunicar-se bastante e com qualidade , assim essa disciplina tornar-se-á muito importante, ok?? Observe que mesmo para você compreender de fato sobre o que trata sua futura formação universitária você, obrigatoriamente, tem que INTERPRETAR , certo? Então , a partir dai você já pode mensurar como a Língua Portuguesa é de crucial importância , certo? Se você não for um proficiente leitor e não conseguir interpretar de verdade , não conseguirá entender sequer sobre sua profissão, não é mesmo? Continuemos....... Vergílio Ferreira (apud MARQUES, s/d, p.7), um célebre A Engenharia de produção é o ramo da engenharia que se dedica à concepção, melhoria e implementação de sistemas que envolvem pessoas, materiais, informações, equipamentos, energia e maiores conhecimentos e habilidades, para que utilizando-se desse conhecimento especializado em matemática, física e ciências sociais, em conjunto com análise e projeto de engenharia, ela possa especi car, prever e avaliar os resultados obtidos por tais sistemas. De modo geral, a engenharia de produção, ao enfatizar as dimensões do sistema produtivo nas mais diversas organizações, ocupa-se das atividades de projetar processos produtivos, viabilizar estratégias produtivas, planejar a produção, produzir e distribuir produtos que a sociedade valoriza. Essas atividades, tratadas em profundidade e de forma integrada por esta engenharia, são de grande importância para a elevação da competitividade das empresas e, por conseguinte, do país. Fonte: https://pt.wikipedia.org/wiki/Engenharia_de_produ%C3%A7%C3%A3o 128 9 escritor português, ao realizar o discurso de agradecimento por receber o prêmio ‘Europália’, fez a seguinte afirmação: “...uma língua é o lugar donde se vê o Mundo e em que se traçam os limites do nosso pensar e sentir”. Note que nas palavras de Ferreira (s/d), percebe-se a importância dada à língua como instrumento de manifestação individual e social, bem como marca do reconhecimento de um povo. Isto porque, é com a língua e com a conquista das letras que nós, homens, podemos significar nosso meio, representá- lo, assim como representar nossas emoções, sensações e nossos sentimentos. Dubois (1973) corrobora com esse pensamento ao entender que o revelar das letras foi uma importante descoberta feita pelo homem, somente podendo ser comparada, em importância, à descoberta do fogo. Ambas concederam a nós, mesmo que por caminhos diferentes, a possibilidade da sobrevivência, do conhecimento e da conquista da Terra. Vale lembrar que, o homem começou a enviar suas tentativas comunicacionais (mensagens) por meio da linguagem não verbal, inicialmente nas rochas, utilizando instrumentos que pudessem riscar e deixar gravadas suas mensagens. Depois surgiram os ideogramas (desenhos que representavam ideias) e, mais tarde, o alfabeto. A partir de 1º de janeiro de 2009, entrou em vigor a Nova Reforma Ortográfica. Desde então, mudanças ocorreram no que se refere à acentuação gráfica, ao emprego do hífen, trema e, sobretudo, ao nosso alfabeto. Esse, que antes se compunha de 23 letras, agora se compõe de 26 letras. As letras “K”, “W” e “Y”, usadas em apenas alguns casos, oficialmente,considerar que alguns “falam corretamente” e outros “falam erradamente”. O conceito de certo e errado deixa de existir por ser a língua, a mesma para todos os indivíduos de uma sociedade e algo já impresso na mente (conceitos e imagens acústicas) de todos os seres de um determinado tempo e espaço. Do ponto de vista científico, tudo o que consideramos “erro” ao “falar errado” é, na verdade, algum fenômeno ou acontecimento que pode e deve analisado por estudos linguísticos. Aqui interessante mostrar que na escrita há a possibilidade de uso dos conceitos de certo e errado, ao passo que na fala apenas podemos suar os conceitos de adequado ou inadequado dependendo da situação de uso. Ainda relembrando a teoria de Saussure , temos a linguagem exposta no nível do universal, a língua fazendo parte do nível do social e a fala fazendo parte do nível do individual. Em ARQUIVOS você encontrara um texto “SAUSSURE E A DEFINIÇÃO DA LÍNGUA COMO OBJETO DE ESTUDOS” não é um texto simples, mas importante para você. Sossegados até aqui? Ok, então vamos em frente, pois a próxima seção traz uma discussão acerca da adequação da linguagem em uso efetivo. Como podemos perceber, a linguagem tem regras, princípios que precisam ser obedecidos. Geralmente, achamos que essas regras dizem respeito apenas à gramática normativa. Para a grande maioria das pessoas, expressar-se perfeitamente em língua portuguesa significa não cometer erros de ortografia, concordância verbal, acentuação etc. Há, no entanto, outro erro, mais comprometedor do que o gramatical, que é o de inconformidade da linguagem ao contexto. Em casa ou com amigos, nós empregamos uma linguagem mais informal do que nas provas da faculdade ou em uma entrevista para emprego, por exemplo. Ao conversar com os avós, não convém usar algumas gírias, pois eles poderiam ter dificuldades em nos compreender. Em um trabalho/atividade que vamos elaborar no curso superior, precisamos empregar um vocabulário mais formal. Esses fatos nos levam a concluir que existem níveis de linguagens nos textos, dependendo do contexto de uso. Além disso, devemos observar que esse leitor, por mais inteligente que possa aparentar, necessita de uma atenção para decodificar as palavras, reconhecer seus sentidos e identificar quais são as ideias existentes no texto. Assim, torna-se evidente que quanto menor o esforço para decodificar o texto, mais o leitor aprenderá sobre a mensagem. Por exemplo, podemos observar sobre o viés empresarial: Ao escrever a clientes, responder a solicitações, passar informações sobre diversos assuntos, subsidiar informações para a tomada de decisões, o texto deve apresentar frases curtas com um vocabulário simples e formal. Nem o vocabulário sofisticado nem as frases longas e rebuscadas contribuem para um rápido entendimento da mensagem, levando o leitor a um desperdício de tempo, quando não a uma desmotivação progressiva que acarretará, inconscientemente, a rejeição da mensagem. Não devemos nos esquecer que a mudança cultural imposta na linguagem das correspondências reflete também um estilo da vida moderna, em que a informação valorizada é aquela de mais fácil digestão — haja vista a grande influencia dos meios de comunicação em massa (FIRMINO, 2014, s/p). Veja o esquema abaixo e perceba como os níveis da linguagem se organizam: Linguagem Formal, culta ou padrão Linguagem coloquial ou popular Linguagem pro ssional ou técnica Linguagem artística ou literária Faz uso das normas gramaticais UtilizaGírias, Regionalismos etc. Técnica ou cientí ca. É uma linguagem Literária ou poética. Vejamos, então, alguns níveis de linguagem: a) Nível formal, culto ou padrão: trata-se de uma linguagem mais formal, que segue os princípios da gramática normativa. É empregada na escola, no trabalho, nos jornais e nos livros em geral. Observe esse trecho de jornal: A polêmica não é nova, nem deve extinguir-se tão cedo. A nal qual a legitimidade e o limite do uso de recursos públicos para salvaguardar 145 Linguagem e Argumentação 26 a integridade do sistema nanceiro? (...) (Folha de São Paulo, 14 de março de 1996, Editorial). b) Nível coloquial, popular: é a linguagem empregada no cotidiano. Geralmente é informal, incorpora gírias e expressões populares e não obedece às regras da gramática normativa. Veja os exemplos abaixo: “Sei lá! Acho que tudo vai ficar legal. Prá que então ficar esquentando muito? Me parece que as coisas no fim sempre dão certo”. Estou preocupado (norma culta). Tô preocupado (língua popular). Tô grilado (gíria, limite da língua popular). c) Nível profissional ou técnico: é a linguagem que alguns profissionais, como advogados, economistas, médicos, dentistas etc. utilizam no exercício de suas atividades. d) Nível artístico ou literário: é a utilização da linguagem com finalidade expressiva pelos artistas da palavra ( poetas e romancistas, por exemplo) alguns gramáticos já incluem este item na linguagem culta ou padrão. Assim, dominar uma língua não significa apenas conhecer normas gramaticais, mas, sobretudo, empregar adequadamente essa língua em várias situações do cotidiano, tais como na faculdade, no trabalho, com os amigos, em um exame de seleção, no trabalho etc. Como também é importante assegurar algumas características mediante as normas gramaticais e mais alguns níveis de linguagens em outras profissões, como: marketing, administração, contabilidade. Segundo Firmino (2014), concisão significa expressar o máximo de informações sem repetições e excesso de ideias. Assim, para cumprir esse objetivo, é preciso determinar com precisão as informações realmente relevantes, bem como avaliar o significado das palavras e expressões utilizadas, sendo conciso, mas que contem uma ideia significativa. A objetividade refere-se a toda a ideia apresentada que direta ou indiretamente levam a informação a ser transmitida. Entretanto, é importante que se apresente os pontos principais com precisão. Outro ponto fundamental é Clareza, contendo uma organização das ideias e transmitir com êxito ao seu interlocutor. Característica que sepode dizer ser a mais difícil de se executar, por exigir do emissor uma elaboração com que possa pensar em como essa mensagem chegará ao seu leitor, e se as palavras elaboradas está sendo compreendidas com sucesso. Um exemplo do que estamos dizendo são as famosas brincadeiras verbais, muitas delas usadas como apelo de marketing, do tipo: Cachorro faz mal à moça! Na verdade, é um sanduiche cachorro-quente. Pedro e Paulo vão se separar. Eles não são casados entre si. Cada um vai separar-se de sua respectiva mulher E assim, pode se pensar que a coerência e a conexão de todas as palavras e ideias a ser apresentadas fazem-se necessárias, para que se tenha uma lógica em seu contexto, seja qual for sua área ou público. Nesse sentido, nossa língua escrita tem uma disciplina maior do que a língua falada, e a relação de sentido se faz extremamente fundamental ao seu sentido e articulação das ideias ao seu receptor. Imagino que você tenha relembrado os conhecimentos que acabamos de estudar! Contudo, caso tenha alguma dúvida, é importante que releia a aula e escreva-a no quadro de avisos que terei muito prazer em saná-la. Ah, não se esqueça de realizar as atividades propostas para a Aula 3! Retomando a aula Retomar conhecimentos é fundamental para sedimentar o processo de aprendizagem. Assim, convidamos você a relembrar os estudos realizados na aula 3! 1 - Linguagem, língua e fala. Na primeira seção vimos que a linguagem é todo sistema de sinais convencionais que nos permite realizar atos de comunicação. Pode ser verbal (aquela cujos sinais são as palavras) e não verbal (aquela que utiliza outros sinais que não as palavras. Os sinais empregados pelos surdos-mudos, o conjunto dos sinais de trânsito, mímica, etc., constituem tipos de linguagem não verbal). Ademais, reconhecemos que a línguaé um tipo de linguagem; é a única modalidade de linguagem baseada em palavras. O alemão e o português, por exemplo, são línguas diferentes. No entanto, a língua é a linguagem verbal utilizada por um grupo de indivíduos que constitui uma comunidade. Finalmente, reconhecemos que a fala é a realização concreta da língua, feita por um indivíduo da comunidade num determinado momento. É um ato individual que cada membro pode efetuar com o uso da linguagem. 2 - Níveis de linguagem. Já na segunda seção pudemos construir, dentre outros, conhecimentos sobre a importância de utilizar, para cada contexto e/ou situação comunicativa, uma linguagem adequada, uma vez que os níveis de linguagem dizem respeito ao uso da fala e escrita em uma determinada situação comunicativa. A linguagem se estabelece além de somente normas gramaticais. O emissor e o receptor devem estar em concordância para que haja entendimento. ORLANDI, Eni Puccinelli. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. Campinas: Pontes, 1996. Vale a pena ler Vale a pena 146 27 ECO, Umberto; ANGONESE, Antonio (Tradutores). A busca da língua perfeita. Bauru: EDUSC, 2002. KOCH, Ingedore G. Villaça; TRAVAGLIA, Luiz Carlos (Colaboradores). A coerência textual. São Paulo: Contexto, 2001. BLOG SEMIÓTICA. Como se definem os signos. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. MORTIMER, E. F.; CHAGAS, A. N.; ALVARENGA, V. T. Linguagem científica versus linguagem comum nas respostas escritas de vestibulandos. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. MUNDO EDUCAÇÃO. Linguagem, língua e fala. Disponível em: . Disponível em: 3 maio 2014. PARTES. Teoria, signos e reflexão. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. UNISUL. Linguagem. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. Vale a pena acessar O Clube de Leitura de Jane Austen Vale a pena assistir Minhas anotações 147 4ºAula Caro(a) aluno(a), Estamos iniciando a nossa quarta aula e nela trataremos sobre um tema muito interessante, as modalidades da língua oral e escrita. Podemos dizer que as modalidades não são somente um instrumento para efetivar a nossa comunicação, mas, sim, uma forma de mostrar socialmente aquilo que estamos pensando. Ou seja, a fala e a escrita são sistemas comunicativos que expressam a língua nas mais diferentes práticas sociais. É inserido nesse contexto que iniciamos a nossa aula! Que tal!? Disposto(a) a começar? Comecemos, então, analisando os objetivos e verificando as seções que serão desenvolvidas ao longo desta aula. Bom trabalho! Bons estudos! Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, você será capaz de: • Compreender a amplitude da linguagem falada em suas mais variadas situações; • Entender e perceber como e quando acorre a linguagem não verbal em contextos diversos; • Identificar e compreender a linguagem escrita e suas engrenagens linguísticas. 149 Linguagem e Argumentação 30 a linguagem de muitas formas e todos têm suas razões de fazê-lo. Optamos pelo esquema que segue, por crermos que ele resume de maneira bastante clara as diversas linguagens, as quais são utilizadas para dividir, em seções, esta quarta aula! • linguagem falada; • linguagem não-verbal; • linguagem escrita. Vamos recordar? Vejamos cada uma delas? Vamos ver o que o teórico Almeida (2000, p. 29-43), em seu livro S.O.S. Redação e Expressão nos apresenta: A linguagem falada, também conhecida como coloquial, é a maneira mais comum de nos expressarmos em nosso dia a dia. Ela é, via de regra, informal, logo sem muita correção gramatical. Assim como afirma Gold (2010, p.13): As situações linguísticas são muito complexas. Em um panorama sucinto das duas principais variações, temos: • As variações de uso regional, que se verificam na entonação, no vocabulário e em algumas estruturações sintáticas, caracterizando uma comunidade linguística em determinado espaço geográfico. Esse tipo é denominado dialeto; • As variações decorrentes de ajustes em função da situação contextual e do destinatário. Como consequência, podemos separar várias modalidades e níveis de língua: escrita, falada, do jurídico, dos economistas, dos internautas etc. a estas variações dá-se o nome de registros. Dessa maneira, é relevante atentar-se que essas variações sobre dialetos e registros vão variar e ser usadas conforme a distinção social, origem do indivíduo, escolaridade dentre outros fatores. Observamos um exemplo sobre a variante existente entre a língua falada e língua escrita, segundo Gold (2010, p.14): Fonte: Gold, Miriam. Redação empresarial. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2015. 2 - Linguagem falada Saber Mais Vocês podem saber mais sobre a linguagem falada acessando o site: RECANTO DA LETRAS. Artigos. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. Língua falada Língua escrita Vulgar Não existe preocupação com a norma gramatical, e usada por indivíduos não letrados, sem nenhuma alfabetização. Vulgar Usada por pessoas sem escolaridade. Coloquial despreocupada Língua usada em conversação corrente, podendo ter gírias, ou expressões familiares e um cuidado gramatical mínimo. Despreocupada Usada por pessoas escolarizadas, mas não exige uma importância gramatical/verbal com tanta rigidez, como a escrita de um bilhete. Coloquial culta Existe uma preocupação gramatical, utilizada em palestras, aulas e reuniões. Formal Exige seguir as normas gramaticais corretamente, sendo u s a d a em correspondências empresarial, apresentações e livros. Formal Imita em todo o processo a escrita, e por isso soa arti cial. Literária Respeita as normas vigentes da escrita, mas pode fugir em algum momento o estilo, e levando a forma inovadora, por exemplo, neologismo. 1 - Introdução 2 - Linguagem falada 3 - Linguagem não verbal 4 - Linguagem escrita Vamos iniciar refletindo sobre a seguinte afirmação: Português é fácil de aprender porque é uma língua que se escreve exatamente como se fala. Pois é. U purtuguêis é muinto fáciu di aprender, purqui é uma língua qui a genti iscrevi ixatamenti cumu si fala. Num é cumu inglêis qui dá até vontadi di ri quandu a genti discobri cumu é qui si iscrevi algumas palavras. Im purtuguêis não. É só prestátenção. U alemão pur exemplu. Qué coisa mais doida? Num bate nada cum nada. Até nu espanhol qui é parecidu, si iscrevi muinto diferenti. Qui bom qui a minha língua é u purtuguêis. Quem soubé falá sabi iscrevê. O comentário é do humorista Jô Soares, para a revista Veja. Ele brinca com a diferença entre o português falado e escrito. Na verdade, em todas as línguas, as pessoas falam de um jeito e escrevem de outro. A fala e a escrita são duas modalidades diferentes da língua e é com esse fato que o Jô brincou (UOL, 2014). [...] por trás de cada texto está o sistema da linguagem. A esse sistema correspondem no texto tudo o que é repetido e reproduzido e tudo que pode ser repetido e reproduzido, tudo o que pode ser dado fora de tal texto (o dado). Concomitantemente, porém, cada texto (como enunciado) é algo individual, único e singular, e nisso reside todo o seu sentido (a sua intenção em prol da qual ele foi criado). É aquilo que nele tem relação com a verdade, com a bondade, com a beleza, com a história (BAKHTIN, s/d). A citação de Bakhtin deixa clara a importância da linguagem na produção de um texto, uma vez que as características individuais de cada autor se fazem presentes na trama textual. Dessa forma, a língua portuguesa é rica e poderíamos nos equivocar nas mais diversas nomenclaturas e classificações. Há vários autores que denominam e dividem Seções de estudo1 - Introdução Esse texto que acabamos de ler foram palavras ditas pelo apresentador Jô Soares. Com elas, convidamos você a iniciar os estudos da quarta aula! Vamos em frente! O trabalho de Bakhtin é considerado in uente na área de teoria literária, crítica literária, sociolinguística, análise do discurso e semiótica. Esse pensador, “na verdade um lósofo da linguagem e sua linguística é considerada uma ‘trans-linguística’ porque ela ultrapassa a visão de língua como sistema. Isso porque, para Bakhtin, não se pode entender a língua isoladamente, mas qualquer análise linguística deve incluir fatores extralinguísticos como contexto de fala, a relação do falante com o ouvinte, momento histórico etc.” (EDITORA CONTEXTO, 2014). 150 31 Note que por mais que desejem falar “corretamente”, vocês dificilmente sairão por aí dizendo: “Ama-me, pois assim o fazendo, amar-te-ei”. A menos que desejem que a cara-metade agonize em risos ou vá namorar pessoas normais; um sussurrado “Eu te amo”, acompanhado de um olhar interrogativo, resolve tudo. A palavra falada traz consigo emoções e sentimentos de todo tipo. E, para atingir seu intento, o falante utiliza-se de entoação, da cadência e também do volume da voz, conforme assegura Castilho (2004, p.47). Sabemos que a língua falada é um recurso rítmico e melódico, repleto de entonação, pausas, gestos etc. Não é possível pensar em outra forma de comunicação quando se pensa na fala. No desempenho oral, e no texto que dele provém diretamente, existem marcas especi cas como comentários metalinguísticos e marcadores discursivos que não são encontrados no texto escrito. É evidente, portanto, constatar a dicotomia entre a língua escrita como linguagem formal e língua falada como linguagem informal (BLOG NOSSA LÍNGUA FALADA, 2014). Já pararam para pensar em quão rica é nossa oralidade? Para finalizar o estudo da Seção 1, sugerimos que releia a citação de Castilho (2004) e reflita sobre a riqueza e a linguagem não verbal. Atenção E então? Entendeu as primeiras considerações relevantes sobre as modalidades oral e escrita? Em caso de resposta a rmativa: Parabéns! Contudo, há muitos outros conhecimentos a serem agregados sobre este tema. Para tanto, sugerimos que consulte as obras, periódicos e sites indicados ao nal desta aula. Prosseguindo, na Seção 2, vamos retomar e/ ou construir novos conhecimentos sobre a linguagem não verbal. 3 - Linguagem não verbal A fala e a escrita não são os únicos meios de comunicação existentes em nossa cultura. Assim, não se trata somente de uma emissão de mensagem entre pessoas a pessoa, mas importante ressaltar que os meios de comunicação, como, telefone, rádio, televisão ,dentre outros, transformam a sociedade da modernidade. A contribuição desses meios técnicos para o exercício da comunicação é, entretanto, uma pálida imagem do que pode ser a comunicação humana, quando dispensa ou supera o apoio da palavra como recurso competente e, sobre tudo exclusivo. (FERRARA, 2000, p.5). Além de, todo código é constituído de signos que criam sua própria sintaxe e maneira de representar; logo para identificar seu signo e sintaxe nos leva a compreender o real. O texto não verbal não exclui o signi cado, nem poderia fazê-lo sob pena de destruir-se enquanto linguagem. Seu sentido, por força, sobretudo da fragmentação que o caracteriza, não surge a priori, mas decorre da sua própria estrutura signi cante, do próprio modo de produzir-se no e entre os resíduos sígnicos que o compõem. Este signi cado não está dado, mas pode produzir-se. (FERRRARA, 2000, p.15). Brasileiros abraçam-se, beijam-se e enchem-se de carinhos e cafunés o tempo todo. Em boa parte do mundo, o nosso famoso “três beijinhos” é considerado um profundo desrespeito. Por representar uma linguagem não verbal e que se estabelecem atitudes e costumes da cultura brasileira. Mesmo os inocentes e sonoros tapas nos braços durante um aperto de mão causam estranheza e, talvez, até um revide, dependendo do país em que estivermos. Nosso povo é caloroso e expressivo e utiliza muito a linguagem mímica. Assim, mesmo sobre essa premissa percebemos que a linguagem não verbal mescla os códigos para que o entendimento seja reciproco entre o emissor e receptor da mensagem. Veja a imagem: Figura 4.1 Exemplo 1 - linguagem não verbal. FONTE: CULTURA INFANCIA. Boletim. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. Se alguém te pergunta: o time do melhor amigo perdeu o jogo? Um simples sorriso irônico expressa mais que muitas palavras. Tapinhas nas costas são quase sinônimos de “Parabéns! Trabalhou muito bem” e por aí vai. A mímica é, sem dúvida, parte integrante da cultura de um povo, em especial do povo brasileiro, mas não é a única linguagem não verbal. Nessa categoria ainda temos as várias formas de expressão por outros meios além da fala. Você sabia? Estímulos aos nossos sentidos também fazem parte da linguagem não verbal. Outro exemplo significativo sobre linguagem não verbal pode-se observar no meio mercadológico das engenharias e todo o processo de postura, linguagem tanto verbal como não verbal, por exemplo, podemos observar a imagem abaixo: Fonte: http://blog.contratanet.com.br/comunicacao-nao-verbal-como- ela- impacta-no-ambiente-de-trabalho/ . Acesso em 05 Agosto 2016. 151 Linguagem e Argumentação 32 O estudo da comunicação não verbal para a comunicação entre o ser humano tem grande relevância para o sucesso empresarial de toda empresa. Principalmente no que se refere a postura que se tem mediante aos clientes, ao estabelecer uma articulação de confiança. As empresas seguindo esse prisma visam que seu futuro profissional tenha uma relação interpessoal tanto na comunicação verbal como não verbal, pois se a pessoa não se comunicar de maneira coerente pode passar uma imagem desqualificando-o sobre o que está querendo transmitir. É por isso que a comunicação não verbal é tão importante, pois nosso corpo fala mais do que imaginamos. O cheiro do gás, por exemplo: o produto em si não tem cheiro, mas o fabricante acrescentou uma substância de aroma forte para que a empresa se comunique conosco, dizendo: “Ei, há vazamentos, tome precauções”! No caso, a linguagem não verbal estabeleceu comunicação com o indivíduo relapso utilizando-se do sentido do olfato. A comunicação não verbal pode dar-se igualmente por meio dos outros sentidos, tais como os retratados na imagem a seguir: Figura 4.2 Exemplo 2 - linguagem não-verbal. FONTE: REDAÇÃO CAXINAUA. Linguagem verbal e linguagem não verbal. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. Vejamos outro exemplo: Quando chegamos a um cruzamento e neste há um semáforo aceso em vermelho, automaticamente paramos, pois sabemos que a cor vermelha (do semáforo) indica pare! Figura 4.3 Exemplo 3 - linguagem não-verbal. FONTE: Acervo pessoal. Outros contextos também exemplificam o poder da comunicação não verbal, como no caso de peças de teatro, em que compreendemos histórias inteiras contadas, nas quais as únicas formas de comunicação são a dança (estímulo à visão) e os toques frenéticos de tambores (à audição, como na falada). Carinhos e apertos de mão são prontamente compreendidos (tato) e nada se expressa mais. Também o silvo estridente do vigia noturno anuncia: “Ei, bandidos! Vão embora, por favor. Estou passando”. Músicas sempre nos dizem muito, e aplausos são reconhecimento agradável de um trabalho bem realizado. As cores, a dança, a música e as artes em geral são também formas de linguagem não verbal. Vocês, às vezes, torcendo o nariz, utilizam-se da linguagem não verbal para dizer-me: “a professora está me deixando louco!” Meu sorriso e uma mímica dizem: “Calma!!!” Agora, que tal pensarmos mais um pouco, especi camente, sobre a linguagem escrita? Vamos, então, a seção 4! Vocêpode pensar: mas, por que tivemos que gastar tantas páginas tratando de linguagem falada e não verbal, se o que pretendemos é escrever? Vamos entender? 4 - Linguagem escrita O tema desta seção pode ser traduzido como expressão de ideias no papel, através das palavras de nossa língua. Evidentemente, a linguagem escrita só veio a existir muito depois da falada. Ela objetiva reproduzir a fala utilizando-se dos signos (lembra-se do que são?) que compõem nossa língua. Se tem dúvida sobre o que seja um signo linguístico: de um tempinho, vá a rede e pesquise ou busque mais informações em textos que estão na ferramenta ARQUIVOS. Além disso, a linguagem escrita, quando utilizada com maestria, é capaz de agregar em, seu sentido, várias das características da linguagem não verbal. Preste bastante atenção neste ponto: as palavras expressas no papel, seja numa redação ou num bilhete deixado para um colega, devem ser entendidas de pronto, pois, na maioria das vezes, não estaremos presentes para explicar isso ou aquilo contido na mensagem. Afirma Gold (2010, p.36) que a elaboração de um texto que exponha de maneira clara e coerente aquilo que queremos dizer pode ser feita por meio de três técnicas básicas: A fixação do objetivo – importante assegurar que seu objetivo esteja claro para que tudo seja compreendido em sua linha de pensamento, como uma boa redação de seu texto. Exposição de uma ideia-núcleo – para a elaboração de qualquer texto, ao apresentar uma boa escrita deve-se levar em conta as principais ideias que devem contar em seu texto. Não é necessária a variação de muitas ideias, e sim, a clareza de uma única a ser desenvolvida e esclarecida, para que haja 152 33 compreensão. Escolha vocabular – mesmo obtendo uma apresentação vocabular mais neutra, para informar o destinatário o leva em segundo plano a diferenciar e interpretar com mais clareza e objetividade. Quando um autor produz um conto, precisa ter certeza que vai ser entendido, pois não terá chance de redimir-se. Não poderá dizer: “Não, você não me entendeu. Eu quis dizer que...”. Ele deve ser claro e preciso. Atenção É importante salientar que também podemos pretender transmitir sentimentos e emoções, substituindo suspiros apaixonados por palavras certeiras ou colocando elementos na frase que expressem nossa intenção; que transmitam o que sentimos. Escrever não é apenas transportar palavras dos arquivos de nossa memória para as folhas de celulose. Devemos saber organizá-las de maneira inteligível para que façam sentido e sejam coerentes. Drummond, como os modernistas, proclama a liberdade das palavras, uma libertação do idioma que autoriza modelação poética à margem das convenções usuais. Segue a libertação proposta por Mário de Andrade; com a instituição do verso livre, acentua-se a libertação do ritmo, mostrando que este não depende de um metro xo (impulso rítmico). Se dividirmos o Modernismo numa corrente mais lírica e subjetiva e outra mais objetiva e concreta, Drummond faria parte da segunda, ao lado do próprio Mário de Andrade (VESTIBULANDO WEB, 2014). Para ilustrar nossa aprendizagem, vejamos a imagem a seguir: Figura 4.4 Ilustrando a linguagem escrita. FONTE: AS CRÔNICAS DO BLEDOW. Homepage. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. É importante que também sejamos capazes de transmitir a entoação e a cadência que pretendemos, utilizando-nos dos recursos de que dispomos: as palavras. E claro, devidamente organizadas em parágrafos e separadas por sinais de pontuação corretos. Considerando que as palavras são carregadas de significados, caberá a nós escolhermos aquelas que melhor se adequarem ao texto pretendido. Para cada texto que produzimos temos objetivos específicos, assim temos que adequar o vocabulário de tal forma que o mesmo auxilie na coerência textual. Vejamos o trecho do poema deDrummond: [...] Chega mais perto e contempla as palavras. Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra e te pergunta, sem interesse pela resposta, pobre ou terrível, que lhe deres: Trouxeste a chave? [...] Esse belo fragmento convida-nos a uma reflexão quanto ao mundo misterioso das palavras, as quais, dependendo da forma como são utilizadas, revelam muito mais do que conceitos. Conforme se pode perceber , a linguagem do poeta é mágica, pois tem o poder de transformar a fantasia em realidade em um único texto, frase ou palavra. Para tanto, faz necessário trazer a “chave”, a fim de possibilitar a travessia da leitura no espetaculoso mundo das palavras, sobretudo aquelas que pertencem ao texto poético. A partir dessas reflexões, podemos dizer que não é adequado escrever como falamos, uma vez que a linguagem falada ou coloquial é distinta da linguagem escrita, a qual obedece a certos padrões. Tais padrões, longe de limites, acrescentam recursos para que nos expressemos com estilo e correção. Obedecer às normas gramaticais não significa ser frio ou duro. Saber Mais Para saber mais sobre as normas gramaticais, acesse o site: UOL. Certo ou errado. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. Lá você encontrará uma minigramática. Como gostam de saber de tudo, vocês vão, evidentemente, abrir seus dicionários e procurar o significado das outras palavras que, por ventura, ainda não saibam sua significação, não é mesmo? Mas pensemos... seria mesmo primordial utilizar palavras rebuscadas e quase sem uso no dia a dia para transmitir emoções com eficácia? Vejamos parte do romance “O homem da Capadócia” (s/d) , no qual o autor também narra um combate: Amanhece. Chacais e abutres acompanham o grande exército, antecipando a chacina que está por vir. No ar, o cheiro inconfundível do prenúncio de morte invade as narinas dos soldados, indo alojar-se diretamente em suas almas. À frente de seus homens, como sempre, o Severo Kartef segue majestoso em seu cavalo branco. As escamas prateadas de sua armadura brilham sob o sol matutino, formando uma imagem inspiradora para os soldados. Sentem orgulho de seu rei. Ao seu lado, em um contraste marcante, Razniak traja suas negras vestes de combatente keltoi e seu semblante duro transmite respeito e subserviência a seus guerreiros. Eles o temem, mas também sentem segurança em seguir seu comandante. Atendendo a um aceno de Razniak, os 153 Linguagem e Argumentação 34 soldados param e aguardam. A dupla segue por mais algum tempo, indo parar no alto de um morro, de onde podem ver o acampamento inimigo, muitos metros abaixo. [...] Ao ouvir seus homens se aproximando, Kartef respira fundo e apruma-se sobre a montaria. Ninguém deve descon ar de sua enfermidade. O severo soberano da Capadócia leva sua espada ao alto, a luz re etindo em sua lâmina como se empunhasse um pedaço do sol. Razniak retira da sela sua grande maça de guerra, seu longo e musculoso braço a segurá- la ameaçadoramente. Os olhos negros do guerreiro brilham e a indiferença em sua face demonstra décadas de combates. Talvez mais. Num grito primal, o rei dispara ladeira abaixo em direção aos inimigos. Os soldados igualmente soltam a fúria de suas almas, cada qual com seu grito particular: uns vociferam blasfêmias; outros tantos apenas emitem urros feito animais. O tropel de cavalos e homens torna espessa a poeira que segue em seu encalço. No acampamento inimigo, o combate é tão breve quanto violento. Os bárbaros tentam uma reação, mas não são páreo para o exército da Capadócia. Mesmo assim lutam com bravura até a morte. Testemunhados pelo ardente sol da manhã, guerreiros a cavalo decepam membros e cabeças a cada giro de suas espadas e machados. Impiedosos, Razniak esmaga crânios infelizes que se colocam no caminho de sua maça. Elegante em sua fúria guerreira, Kartef brande sua espada com a habilidade que fez dele o monarca que é. Os soldados da infantaria formam uma mortífera máquina deguerra, protegidos por altos escudos e empunhando lanças a adas. Como vimos, após essa leitura dos apontamentos feitos por Almeida (2000), depende muito do autor a escolha das palavras, mas o que lemos nos dois textos apresentados serviu para reforçar a afirmação de que a fala é uma habilidade e a escrita é outra habilidade, e mais: não devemos escrever como falamos, certo? Se são habilidades diferentes pressupomos que fazemos uso determinado de cada uma de acordo com as situações as quais estamos expostos. Por exemplo: geralmente pronunciamos “leiti”, mas ao escrevermos essa palavra, o fazemos assim “leite”. Quando em um diálogo pronunciamos a pergunta: “Ce tá bem?”, vejam como articulamos as palavras, ao passo que no texto escrito devemos assim fazer: “Você está bem?” Saber Mais Para você saber mais sobre os níveis da linguagem, assista ao vídeo disponível no site: YOU TUBE. Níveis da linguagem. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. Na comunicação empresarial deve-se cuidar da qualidade de sua produção, aonde possam trazer: textos claros, corretos gramaticalmente, objetivos, concisos, dentre outros. Importante atentar-se que a priorização a norma culta ou o nível formal devem ser seguidos. O nível das comunicações empresariais, as comunicações voltadas aos mercado, às pro ssões ,deve ser o da norma culta, pois é o único nível que dá total segurança de entendimento com clareza quando, evidentemente, bem redigido ou falado. É o nível das comunicações o ciais, dos textos jurídicos, dos estudos em geral (NADÓLSKIS, 2003, p.78). Poderíamos esmiuçar vários termos técnicos, mas bastam dois para que possamos compreender as linguagens que temos ao nosso dispor: a linguagem coloquial e a linguagem formal ou culta, essa última obediente às normas gramaticais. Lembrem-se sempre: uma linguagem (oral e escrita) não é melhor ou pior que a outra: cada uma tem sua aplicação. Entretanto, elas são eficientes, apenas, quando bem utilizadas. Para saber mais, Marcushi (2001, p.17) observa: Marcuschi possui graduação em Philosophisches Seminar Departamento de Filoso a pela Pontifícia Universidade Católica do Rio Grande do Sul (1968) , doutorado em Letras pela Universitat Erlangen-Nurnberg (Friedrich- Alexander) (1976) e pós-doutorado pela Universitat Freiburg (Albert- Ludwigs) (1988). Marcuschi tem experiência na área de Linguística, com ênfase em Teoria e Análise Linguística. Atuando principalmente nos seguintes temas: Filoso a da Linguagem, Metodologia, Epistemologia, Lógica. Oralidade e escrita são práticas e usos da língua com características próprias, mas não su cientemente opostas para caracterizar dois sistemas linguísticos em uma dicotomia. Ambas permitem a construção de textos coesos e coerentes, ambas permitem a elaboração de raciocínios abstratos e exposições formais e informais e variações estilísticas, racionais, dialetais e assim por diante. As limitações e os alcances de cada uma estão dados pelo potencial do meio básico de sua realização: som de um lado e gra a de outro, embora elas não se limitem a som e gra a [...]. Para bem utilizarmos a linguagem escrita, ainda mais quando temos a responsabilidade de estar em um curso superior, devemos ter: • Conhecimento sobre o assunto; • Vocabulário amplo; • Conhecimento das regras gramaticais. 4.1 - Conhecimento sobre o Assunto Convido-lhes a fazer uma reflexão acerca da produção de um texto. Vejamos: 154 35 Somente produziremos textos de qualidade se, de fato, conhecermos a fundo o assunto do qual pretendemos dar conta. De nada adianta escolher um assunto bonito, como a “formalismos e técnicas e ferramentas da lógica”, se não temos a menor ideia do que se trata, não é mesmo? Nesse sentido, ao escrever, devemos escolher um tema sobre o qual tenhamos considerável conhecimento e, ainda assim, se possível, abastecermo-nos do maior número possível de informações a respeito dele, pois quanto mais informações temos melhor poderemos obter mais conhecimento. É melhor escrever de forma simples sobre o que conhecemos do que rebuscadamente sobre algo que não conhecemos, pois isso nem seria possível, não é mesmo? Ou ainda, se não escolhemos o tema, mas nos delimitam o tema, temos que buscar informações e transformá- las em conhecimentos, para, então, podermos dissertar sobre tal assunto. Atenção Estamos entendidos? Ao escreverem é fundamental que informem- se, sempre, sobre o assunto. Busquem informações, materiais e leiam muito! Aprendemos a escrever lendo e escrevendo!:Já ouviram isso? Essa é a mais pura verdade e vamos repetir por muitas vezes até ficar claro o que essa mensagem quer dizer. Por que devemos ler? Devemos copiar o trabalho dos outros? Não! Claro que não! Aliás essa alternativa é perigosa!! Ler e escrever são habilidades ímpares, mas, ao se unirem, conduzem-nos ao sucesso da escrituração! Ambas habilidades tem que ser desenvolvidas em conjunto!!! 4.2 - Vocabulário A importância da leitura está na forma de aprendizado da arte da escrita e, principalmente, enriquece nosso vocabulário. Uma das grandes dificuldades do estudante ou profissional, quando se vê no limiar da “batalha” com o papel, é justamente a ausência de palavras certas para se expressar. Por não conseguir traduzir em frases o que pensa, o produtor do texto simplesmente abandona sua atividade e conforma-se dizendo para si: “Não tenho jeito para isso” ou “É difícil demais”, ou, ainda, “não vou dar conta”. Nem sempre uma pessoa tem di culdade efetiva para escrever... Muitas vezes trata-se, principalmente, de falta de vocabulário, ocasionado por pouca leitura. E ler não quer dizer ler apenas isso ou aquilo. Leiam jornais, revistas, livros, embalagens de creme dental, bulas de remédios, tudo. Tudo o que quiserem, pois não há leitura inútil!. A leitura deve ser agradável ,principalmente nos anos iniciais, e, aos poucos, o leitor vai aprimorando seu gosto e exigindo literatura mais rica. É um processo natural e deve ser iniciado com prazer. Porém, faz-se necessário que a leitura seja frequente, não há como se tornar um bom leitor e produtor de texto se vez o outra faz a leitura e a escrita! Vejamos algumas ações frequentes: que realizamos Escovar os dentes; Banhar-se; Ler; Escrever. Observem o exemplo: (Errada) Solicitamos o pagamento das mensalidades nas datas aprazadas no dito carnê, colaborando destarte para a manutenção precípua deste sodalício na orientação e assistência de seus associados. (GOLD, 2010, p.19). (Correta) Solicitamos o pagamento das mensalidades até as datas de vencimento indicadas no carnê. (GOLD, 2010, p.20). Vejam bem: será que essa linguagem tão erudita deve ser usadas em um grupo de trabalho? Você usaria na empresa em que trabalha? O uso do vocabulário deve ser levado em consideração para a transmissão da mensagem há quem se pensa em passar o comunicado. E muitas vezes um vocabulário não é adequado para a mensagem mediante um recado a ser repassado, como observamos no exemplo exposto. 4.3 - Conhecimento das regras gramaticais Apesar do risco de ouvir protestos indignados, eis o mais simples dos três quesitos para produzirmos bons textos: o conhecimento das regras da língua. Vamos lá! A primeira atitude é ser inteligente, afirma Almeida (2000), é ter ciência dos próprios limites. Ora, se houver dúvida quanto à grafia de determinada palavra, pesquisem no dicionário. Há também livros e mais livros sobre pontuação, construção de parágrafos, acentuação, etc. Também a leitura constante é poderosa aliada no domínio da gramática. E, por fim, se a dúvida persistir, não hesite sequer por um momento: consulte seu professor. Não há desculpa, portanto. Mandem e-mail, dirijam-se ao Fórum, ao Quadro de avisos, ok? Retomando a aula Lembre-se de que o seu curso é a distância, portanto, tanto sobre os exemplos que acabou de estudar na Seção 3, quanto sobre os conteúdosdas aulas anteriores, é fundamental que interaja e nos ajude a construir uma efetiva comunidade colaborativa do conhecimento. Contamos com sua participação! 1 - Introdução. Na primeira seção iniciamos nossas reflexões sobre as modalidades da linguagem, as quais foram melhor compreendidas e detalhadas nas seções posteriores. 2 - Linguagem falada. Na seção 2 tratamos sobre a linguagem falada, também conhecida como coloquial, é a maneira mais comum de nos 155 Linguagem e Argumentação 36 expressarmos em nosso dia a dia. Ela é, via de regra, informal, logo sem muita correção gramatical. 3 - Linguagem não verbal. Já na seção 3, a linguagem não verbal é toda e qualquer comunicação em que não se usa palavras para explicar a mensagem desejada, ou seja, é quando fazemos uso de imagens, figuras, desenhos, símbolos, dança, tom de voz, postura corporal, pintura, música, mímica, escultura e gestos como meio de comunicação etc. Para obter uma comunicação tanto de modo geral, como no meio empresarial. 4 - Linguagem escrita. Finalmente, na seção final da Aula 4, vimos que a linguagem escrita só veio a existir muito depois da falada. Ela objetiva reproduzi-la utilizando-se dos signos (lembra-se do que são?) que compõem nossa língua. Além disso, a linguagem escrita, quando utilizada com maestria, é capaz de agregar em, seu sentido, várias das características da linguagem não verbal. ECO, Umberto; ANGONESE, Antonio (Tradutores). A busca da língua perfeita. Bauru: EDUSC, 2002. KOCH, Ingedore G. Villaça; TRAVAGLIA, Luiz Carlos (Colaborador). A coerência textual. São Paulo: Contexto, 2001. ORLANDI, Eni Puccinelli. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. Campinas: Pontes, 1996. Vale a pena ler AS CRÔNICAS DO BLEDOW. Homepage. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. CULTURA INFANCIA. Boletim. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. EDITORA CONTEXTO. Livros sobre Bakhtin. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. IG. Nossa língua falada. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. PORTAL SÃO FRANCISCO. Linguagem verbal e linguagem não verbal. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. UOL. Certo ou errado. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. Lá você encontrará uma minigramática. _____. Linguagem escrita e oral. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. _____. Linguagem. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. VESTIBULANDO WEB. Características de Carlos Drummond de Andrade. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. ZI-YU. 4 pilares. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. Minhas anotações Vale a pena 156 5ºAula Variação linguística Caro(a) aluno(a), Estamos iniciando a nossa quinta aula, em que, como tema central, temos a variação da linguagem enquanto instrumento de interação social. Assim, nos acompanhem nesse contexto linguístico presente neste conteúdo que contempla as variações da linguagem em uso. Que tal!? Disposto a começar? Comecemos, então, analisando os objetivos e verificando as seções que serão desenvolvidas ao longo desta aula. Bons estudos! Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, você será capaz de: • compreender a amplitude do processo de comunicação; • entender e reconhecer que na língua há várias formas de se comunicar. 157 Linguagem e Argumentação 38 1 - A linguagem e suas particularidades sociais e regionais 2 - As variedades linguísticas Seções de estudo 1 - A linguagem e suas particularidades sociais e regionais Para potencializar sua aprendizagem sobre os conteúdos que estudaremos nesta aula, sugerimos que: a) leia despreocupadamente o conteúdo a ser estudado; b) releia o conteúdo sublinhando, ou seja, aquele que você considerar mais relevante no texto; c) faça um questionário sobre o que foi lido; d) sempre que possível, elabore grá cos, esquemas ou mapas mentais sobre o material estudado. Boa aula! Saussure, que consagrou a sua vida a estudar a língua, partiu precisamente do principio de que a língua não era o único sistema de signos que exprima ideias do qual nos servimos para comunicar. Imaginou por isso a semiologia como uma ciência geral dos signos (12), inventar, e no seio da qual a linguística, o estudo sistemático da língua, teria a primazia e exerceria o seu domínio. Saussure dedicou- se, portanto, a isolar as unidades constitutivas da língua: primeiro os sons ou fonemas, desprovidos de sentido, depois as unidades mínimas de signi cação: os monemas (muito grosseiramente, o equivalente da palavra) ou signos linguísticos. Ao estudar em seguida a natureza do signo linguístico, Saussure descreveu-a como uma entidade psíquica com duas faces indissociáveis, ligando um signi cante (os sons) a um signi cado (o conceito): o conjunto de sons árvore está ligado não à arvore real que pode estar diante de mim, mas sim ao conceito de árvore, utensílio intelectual que construí graças à minha experiência. Entidade que Saussure representou sob a forma do bem conhecido diagrama: Sd St A especi cidade da relação, na língua, entre os sons e o sentido, ou entre o signi cante e o signi cado foi de seguida declarada arbitrária (ou seja, convencional) por oposição a uma relação dita motivada por possuir justi cações naturais, como a analogia ou a contiguidade: explica Saussure: a ideia de irmã não está ligada por qualquer relação interior com a sequência de sons irmã, ao passo que um retrato desenhado ou pintado, este sim, será um signo motivado pela semelhança – uma pegada ou uma mão –, pela contiguidade física que constitui a sua casualidade. Saussure dedicou-se também a descrever a forma dos signos linguísticos (a sua morfologia) e as grandes regras de funcionamento da linguagem. Estabeleceu princípios metodológicos tais como os de oposição, de comutação ou de permutação; em suma, inaugurou uma abordagem de tal maneira nova e forte que ele próprio anunciou: a língua, o mais complexo e mais vasto dos sistemas de expressão, é também o mais característico de todos; neste sentido, a linguística pode tornar-se modelo geral de toda a semiologia, se bem que a língua seja apenas um sistema particular (apud JOLY, 1994, 32). Vamos iniciar nossos estudos com uma reflexão! A Carta de Pero Vaz de Caminha possui um trecho em que ele se refere ao seu primeiro encontro com os índios: O capitão, quando eles vieram, estava assentado em uma cadeira e uma alcatifa aos pés por estrado, e bem vestido, com um colar d’ouro mui grande ao pescoço. [...] Um deles pôs olho no colar do capitão e começou d’acenar com a mão para a terra e depois para o colar, como que nos dizia que havia em terra ouro [...]. Curiosidade A carta de Caminha é o primeiro texto sobre o Brasil. Não apresenta intenções artísticas, mas é muito signi cativa por registrar as condições de vida dos primeiros colonizadores e habitantes da terra descoberta. Ela não só informa as características dessa terra, como mostra a visão de mundo dos portugueses, apresentando a cultura dos índios por oposição à dos europeus (ACD-UFRJ, 2014). Se tomarmos como referência a história de nosso país, certamente concluiremos que o Brasil é sem dúvida o país mais pluralizado do mundo. Além do grande número de culturas estrangeiras que já fazem parte do cotidiano do brasileiro, temos ainda peculiaridades de regiões do próprio país que incrivelmente variamde acordo com a região. Para entender melhor sobre o que estamos falando, vamos ver se você consegue decifrar o ‘causo’ do ‘mineirim’ que segue. Figura 5.1 A linguagem e suas variações – o causo mineiro. FONTE: GUIBLOGADO. Causo mineiro. Disponível em: . Acesso em: 15 jul. 2012. Veja como a linguagem é interessante, pois ela é o que nos diferencia dos demais seres, permitindo-nos a oportunidade de expressar sentimentos, revelar conhecimentos, expor nossa opinião frente aos assuntos relacionados ao nosso cotidiano, e, sobretudo, promovendo nossa inserção ao convívio social. 158 39 E dentre os fatores que a ela se relacionam destacam-se os níveis da fala, que são basicamente o nível de formalidade e o de informalidade: O padrão formal está diretamente ligado à linguagem escrita, restringindo-se às normas gramaticais de um modo geral. Razão pela qual nunca escrevemos da mesma maneira que falamos. Este fator foi determinante para a que a mesma pudesse exercer total soberania sobre as demais. Quanto ao nível informal, este por sua vez representa o estilo considerado “de menor prestígio”, e isto tem gerado controvérsias entre os estudos da língua, uma vez que para a sociedade, aquela pessoa que fala ou escreve de maneira errônea é considerada “inculta”, tornando-se desta forma um estigma (BRASIL ESCOLA, 2014). É válido ressaltar que, compondo o quadro do padrão informal da linguagem, estão as chamadas variedades linguísticas, as quais representam as variações de acordo com as condições sociais, culturais, regionais e históricas em que é utilizada. É muito importante que se dedique em continuar aprendendo por meio de pesquisas todos os conteúdos estudados nesta seção, uma vez que eles serão fundamentais para sua formação acadêmica e atuação pro ssional, além de serem objetos de referência para a realização de atividades e avaliações. Agora, vamos continuar nossa caminhada rumo ao saber, estudando as variações linguísticas. 2 - As variedades linguísticas Vejamos agora algumas das variações linguísticas recorrentes no dia a dia. Dentre elas destacam-se: as tratadas nos subtópicos a seguir! 2.1 - Variações Históricas Para entender as variações linguísticas históricas, vamos ler a citação a seguir: Dado o dinamismo que a língua apresenta, a mesma sofre transformações ao longo do tempo. Um exemplo bastante representativo é a questão da ortogra a, se levarmos em consideração a palavra farmácia, uma vez que a mesma era grafada com “ph”, contrapondo-se à linguagem dos internautas, a qual fundamenta- se pela supressão do vocábulos. (BRASIL ESCOLA, 2012). Analisemos, pois, o fragmento exposto: “Antigamente”. Antigamente, as moças chamavam-se mademoiselles e eram todas mimosas e muito prendadas. Não faziam anos: completavam primaveras, em geral dezoito. Os janotas, mesmo sendo rapagões, faziam-lhes pé-de-alferes, arrastando a asa, mas ficavam longos meses debaixo do balaio (Carlos Drummond de Andrade ,apud BRASIL ESCOLA, 2012). Note que, se compararmos com a modernidade, o vocabulário utilizado neste excerto pode parecer antiquado. Outro exemplo significativo está em pensarmos nas variações linguísticas em três tipos de textos: jornalístico, empresarial e literário. Segue: Texto jornalístico Texto literário Texto empresarial Informação Emoção Ação A conferência das Nações Unidas sobre o Meio Ambiente e Desenvolvimento, ou ECO-92, que teve lugar no Brasil, em junho de 1992, deu novo impulso às questões relaciona- das com a Amazônia. Noite de São João Noite de São João para além do muro do meu quintal. Do lado de cá, eu sem noite de S. João. Porque há S. João onde o festejam. Para mim há uma sombra de luz de fo- gueiras na noite, um ruído de gargalhadas, os baques dos saltos. E um grito casual de quem não sabe que eu existo. Pessoal, Solicito estarem com o rela- tório das atividades trimestrais prontos até o dia 3 de abril. Nesta data, enviem ao gerente de TI para que ele os consolide e providencie as ações necessárias. Atenciosamente, Carina Ert. 2.2 - Variações Regionais Segundo pressupostos descritos no site Brasil Escola (2012), são os chamados dialetos, que são as marcas determinantes referentes a diferentes regiões. Como exemplo, citamos a palavra mandioca que, em certos lugares, recebe outras nomenclaturas, tais como: macaxeira e aipim. Figurando também esta modalidade estão os sotaques, ligados às características orais da linguagem (BRASIL ESCOLA, 2012). 2.3 - Variações sociais ou culturais As variações sociais ou culturais estão diretamente ligadas aos grupos sociais de uma maneira geral e também ao grau de instrução de uma determinada pessoa. Como exemplo, citamos as gírias, os jargões e o linguajar caipira. As gírias pertencem ao vocabulário específico de certos grupos, como os surfistas, cantores de rap, tatuadores, entre outros. Já os jargões estão relacionados ao profissionalismo, caracterizando um linguajar técnico. Representando a classe, podemos citar os médicos, advogados, profissionais da área de informática, dentre outros (BRASIL ESCOLA, 2012). Os jargões técnicos é uma maneira característica e específica de um determinado grupo se comunicar. Observa-se: Exemplo: Visando ajudar os órgãos no entendimento da circular 4.522/95, esclarecemos que, no âmbito interno, há uma delegação subentendida da direção da Companhia aos superintendentes de órgãos e chefes de serviço, pela tabela de limite de competência, para de nirem que 159 Linguagem e Argumentação 40 contratos devem ter prosseguimento nas bases pactuadas e quais deverão ser objeto de reavaliação. Resposta mais adequada: Visando ajudar os órgãos no entendimento da circular 4.522/95, informamos que a Tabela de Limite de Competência em vigor na Companhia é válida para estabelecer quais contratos devem prosseguir nas bases pactuadas e quais deverão ser objeto de reavaliação. Fonte: Gold, 2010, p.28. Saber Mais Para rever e acessar a outros exercícios como o disponibilizado nesta aula, é importante que acesse o site: BLOGSPOT. Aulas de língua portuguesa e literatura. Disponível em: . Acesso em 24 jul. 2012. Agora que conhecemos sucintamente as variações da linguagem, vamos retomar o causo do mineirinho, citado como exemplo na seção anterior: Causo de mineirinho Sapassado, era sessetembro, taveu na cozinha tomano uma picumel e cuzinhano um kidicarne cumastumate pra fazer uma macarronada cum galinhassada. Quascaí desusto quanduvi um barui vindedenduforno, parecenum tidiguerra. A receita mandopô midipipocadenda galinha prassá. O forno isquentô, o mistorô e o ofó da galinhispludiu! Nossinhora! Fiquei branco quineim um lidileite. Foi um trem doidimais! Quascaí dendapia! Fiquei sem sabê dondecovim, proncovô, oncontô. Oiprocevê quelocura! Grazadeus ninguém semaxucô! (CIDADE INTERNET, 2014). Considerando os conteúdos que estudamos até o momento, sugerimos que procure responder mentalmente às seguintes indagações (BLOGSPOT, 2012): a. Os textos apresentam aspectos interessantes de variação linguística. Que dialeto é utilizado para construir o texto? b. Observando a escrita de certas palavras do texto, deduza: O que caracteriza esse dialeto? c. Também é possível observar no texto variações de registro, especialmente quanto ao modo de expressão. O texto apresenta marcas da linguagem escrita ou da linguagem oral? Dê exemplos que justifiquem sua resposta. Retomando a aula Parece que estamos indo bem! Então, para encerrar a nossa quinta aula, vamos recordar os temas que foram abordados: Além do grande número de culturas estrangeiras que já fazem parte do cotidiano do brasileiro, temos ainda peculiaridades de regiões do próprio país que incrivelmente variam de acordo com a região, denominadasde variações linguísticas. 2 - As variedades linguísticas. Compondo o quadro do padrão informal da linguagem, estão as chamadas variedades linguísticas, as quais representam as variações de acordo com as condições sociais, culturais, regionais e históricas em que é utilizada. ECO, Umberto; ANGONESE, Antonio (Tradutores). A busca da língua perfeita. Bauru: EDUSC, 2002. KOCH, Ingedore G. Villaça; TRAVAGLIA, Luiz Carlos (Colaborador). A coerência textual. São Paulo: Contexto, 2001. ORLANDI, Eni Puccinelli. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. Campinas: Pontes, 1996. Vale a pena ler ACD-UFRJ. Tema 1 - propostas. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. BLOGSPOT. Aulas de língua portuguesa e literatura. Disponível em: . Acesso em 24 jul. 2012. BRASIL ESCOLA. Variações linguísticas. Disponível em: . Acesso em: 15 jul. 2014.de julho, às 20 horas CIDADE INTERNET. Mensagens engraçadas. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. GUIBLOGADO. Causo mineiro. Disponível em: . Acesso em: 15 jul. 2012. PARTES. Teorias, signos e reflexão. D i s p o n í v e l e m : . Acesso em: 3 maio 2014. SEMIÓTICA BLOGSPOT. Como se definem os signos. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014>. Acesso em: 3 maio 2014. UNISUL. Linguagem. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. Vale a pena acessar Vale a pena 1 - A linguagem e suas particularidades sociais e regionais. O Brasil é sem dúvida o país mais pluralizado do mundo. 160 6ºAula Considerações sobre textos: elementos estruturais Caro(a) aluno(a), Estamos em nossa sexta aula e a partir de agora nos dedicaremos mais a um assunto de grande interesse para todos nós: trataremos sobre as noções acerca do texto e também veremos como proceder para elaborar textos claros e coesos. Ademais, abordaremos questões referentes à organização textual e aos mecanismos de leitura contidos na compreensão e na interpretação de textos. Assim, desejo que tenhamos uma grande ascensão teórica em relação aos temas abordados. Bom trabalho! Bons estudos! Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, você será capaz de: • identificar e conceituar, a partir das teorias textuais, um texto e suas particularidades linguísticas referentes à estrutura; • entender como acontece o processo de compreensão e de interpretação textuais. • compreender a estrutura e a expressão textuais; • entender e reconhecer e empregar com precisão a coesão e a coerência textuais. 161 Linguagem e Argumentação 42 1 - Noções de texto 2 - Compreensão e interpretação textual 3 - Estrutura, conteúdo e expressão 4 - Coerência e coesão textual Seções de estudo 1 - Noções de texto Esta aula foi preparada para que você não encontre grandes di culdades. Contudo, podem surgir dúvidas no decorrer dos estudos! Quando isso acontecer, acesse a plataforma e utilize as ferramentas “Quadro de avisos” ou “Fórum” para interagir com seus colegas de curso ou com seu tutor. Sua participação é muito importante e estamos preparados para ensinar e aprender com seus avanços. Lembre-se, ainda, de ler e re etir sobre os objetivos de aprendizagem e as Seções de Estudo da Aula 6. A nal, você é o protagonista de sua aprendizagem! Contamos com a sua participação! Na sua opinião, o texto tem segredos? Que tal desvendarmos! Pois bem, a palavra texto aparece com alta frequência no linguajar cotidiano, tanto no interior da escola quanto fora de seus limites. Não são estranhas a ninguém expressões como: “redija um texto”, “texto bem elaborado”, “o texto construído não está suficientemente claro”, “os atores da peça são bons, mas o texto é ruim”, “o redator produziu um bom texto etc. Por causa, exatamente, dessa alta frequência de uso, todo estudante tem algumas noções sobre o que significa texto. Dentre essas noções, algumas ganham importância especial para esta e as próximas aulas, que se propõem a orientar a leitura e a escrituração de textos. Nesta aula introdutória, vamos fazer duas considerações fundamentais sobre a natureza do texto, Platão & Fiorin (2002) nos sugerem as que seguem: 1.1 - Primeira consideração: O texto não é um aglomerado de frases A revista Veja de 1º de junho de 1988, em matéria publicada nas páginas 90 e 91, traz uma reportagem sobre um caso de corrupção que envolvia, como suspeitos, membros ligados à administração do governo do Estado de São Paulo e dois cidadãos portugueses dispostos a lançar um novo tipo de jogo lotérico, designado pelo nome de “Raspadinha”. Entre os suspeitos figurava o nome de Otávio Ceccato, que, no momento, ocupava o cargo de secretário de Indústria e Comércio e que negava sua participação na negociata. O fragmento a seguir foi extraído da parte final da referida reportagem, relata a resposta de Ceccato aos jornalistas nos seguintes termos: Na sua posse como secretário de Indústria e Comércio, Ceccato, nervoso, foi infeliz ao rebater as denúncias: “Como São Pedro, nego, nego, nego”, disse a um grupo de repórteres, referindo-se à conhecida passagem em que São Pedro negou conhecer Jesus Cristo três vezes na mesma noite. Esqueceu-se de que São Pedro, naquele episódio, disse talvez a única mentira de sua vida (VEJA, Ano 20, pp. 22:91). Note que a defesa do secretário foi infeliz e desastrosa, produzindo efeito contrário ao que ele tinha em mente: ao invés de inocentá-lo, acabou por comprometê-lo! Sob o ponto de vista da análise do texto, qual teria sido a razão do equívoco lamentável cometido pelo secretário? Uma resposta adequada pode ser que ao citar a passagem bíblica, o acusado esqueceu-se de que ela faz parte de um texto e, em qualquer texto, o significado das frases não é autônomo. (http://xantipaemarx.blogspot.com.br/2014/06/conceito- de-texto.html) Desse modo, não se pode isolar frase alguma do texto e tentar conferir-lhe o significado que se deseja. Como bem observou o repórter, no episódio bíblico citado pelo secretário, São Pedro, enquanto Cristo estava preso, foi reconhecido como um de seus companheiros e, ao ser indagado pelo soldado, negou três vezes seguidas conhecer aquele homem. Segundo a mesma Bíblia, posteriormente, Pedro arrependeu- se da mentira e chorou copiosamente. Esse relato serve para demonstrar de maneira simples e clara que uma mesma frase pode ter significados distintos dependendo do contexto dentro do qual está inserida. O grande equívoco do secretário, para sua infelicidade, foi o de desprezar o texto de onde ele extraiu a frase, sem se dar conta de que, no texto, o significado das partes dependem das correlações que elas mantêm entre si. Para entender qualquer passagem de um texto, é necessário confrontá- la com as demais partes que o compõem, sob pena de dar- lhe um signi cado oposto ao que ela de fato tem. Em outros termos, é necessário considerar que para fazer uma boa leitura, deve-se sempre levar em conta o contexto em que está inserida a passagem a ser lida. Entende-se por contexto uma unidade linguística maior em que se encaixa uma unidade linguística menor. Assim, a frase encaixa-se no contexto do parágrafo, o parágrafo encaixa- se no contexto do capítulo e o capítulo encaixa-se no contexto da obra toda. Uma observação importante a fazer é que nem sempre o contexto vem explicitado linguisticamente. O texto mais amplo dentro do qual se encaixa uma passagem menor pode vir implícito: os elementos da situação em que se produzo texto podem dispensar maiores esclarecimentos e dar como pressuposto o contexto em que ele se situa. Para exemplificar o que acaba de ser afirmado, observe o exemplo a seguir: 162 43 Exemplo com erro: Queremos, neste momento, observar que o aceite àquela condição não deve ser entendido como uma aprovação à mesma, não no que diz respeito ao valor, que, apesar de ter ultrapassado a importância de R$ 350,00, que achávamos justa, dela não se afastou em demasia, mas, sim, quanto ao prazo de reajuste, qual seja, semestral, contrariando o relacionamento comercial passado, calcado no prazo de um ano, não nos dando sequer a chance de contra-argumentação. Exemplo corrigido: Porém, gostaríamos de registrar nossa insatisfação com a mudança do prazo de reajuste que, ao se tornar semestral, sem a possibilidade de negociação, contraria nosso relacionamento comercial passado, calcado no prazo de um ano. Fonte: http://kerllyherenio.blogspot.com.br/2013/03/a-redacao- empresarial. html Toda leitura, para não ser equivocada, precisa, necessariamente, levar em conta o contexto que envolve a passagem que está sendo lida, lembrando que esse contexto pode vir manifestado explicitamente por palavras ou pode estar implícito na situação concreta em que é produzido. Assim, podemos observar dois pontos de contradição para a escrita do texto no exemplo acima. a) A forma com que o autor desenvolve seu texto nos deixa confuso como se somente, houvesse um amontoado de palavras e se apresenta muito confuso para o entendimento; b) Ao expressar-se sobre sua indignação sobre o prazo de reajuste semestral, o uso formal e de poucas palavras pode elevar o nível de compreensão por meio desse comunicado. Assim, podemos notar o quão importante é sabermos ler e escrever de fato! 1.2 - Segunda consideração: Todo texto contém um pronunciamento dentro de um debate de escala mais ampla Nenhum texto é uma peça isolada, nem a manifestação da individualidade de quem o produziu. De uma forma ou de outra, constrói-se um texto para, por meio dele, marcar uma posição ou participar de um debate de escala mais ampla que está sendo travado na sociedade. Até mesmo uma simples notícia jornalística, sob a aparência de neutralidade, tem sempre alguma intenção por trás, ou seja, nenhum texto é desprovido de ideologia. Assim, quando finalizarmos o estudo desta aula é fundamental estarmos seguros sobre as seguintes questões: a. Uma boa leitura nunca pode basear-se em fragmentos isolados do texto, já que o significado das partes sempre é determinado pelo contexto dentro do qual se encaixam. b. Uma boa leitura nunca pode deixar de apreender o pronunciamento contido por trás do texto, já que sempre se produz um texto para marcar posição frente a uma questão qualquer. Agora, para ampliar seus conhecimentos, sugerimos que exercite sua leitura e a produção textual. Para tanto leia atentamente as instruções abaixo: a. Para que você continue praticando a leitura e a escrituração de textos, sua atividade de hoje será a de redigir um texto dissertativo, ou seja, deverá expor, defender e argumentar suas ideias sobre um dos temas abaixo relacionados, lembrando que neste tipo de texto não deve fazer uso da primeira pessoa do singular (eu), nem conjugar verbos nesta pessoa (acredito). b. Lembre-se de que leituras deverão ser feitas sobre o tema escolhido para que tenha argumentos para defender o que pensa. Não deixe para fazer este texto na última hora, como alguns fazem, vez que, sem tempo para reflexões, não poderá desenvolver uma boa atividade e, consequentemente, será prejudicado! c. Seu texto terá que ter, no mínimo, 20 linhas e, no máximo, 28 linhas. Não escreva um texto com menos de quatro parágrafos. d. A atividade é individual e não precisa ser encaminhada no ambiente virtual, uma vez que se trata de uma auto avaliação de sua aprendizagem. Temas sugeridos: • A leitura e o seu poder transformador. • O desafio de conviver com as diferenças. • A escrita como transmissão de conhecimento no meio empresarial. • Viver em rede no século 21: propostas e desafios. Conhecer o repertório de estratégias de aprendizagem e os seus hábitos de estudo constitui um passo fundamental para que você enriqueça sua capacidade de aprender, previna di culdades de aprendizagem e avance no desenvolvimento de seu desempenho acadêmico. Para tanto, ao iniciar os estudos da Seção 2, aproveite a oportunidade para posicionar-se criticamente diante dos conteúdos e das estratégias didáticas propostas. 2 - Compreensão e interpretação textual Segundo Oliveira (2008), [...] é a partir da leitura que o aluno pode compreender e entender a realidade em que está inserida e chegar a importantes conclusões sobre o mundo em que vive e os aspectos que o compõem. A habilidade de leitura é essencial e da suporte para o estudo de outras áreas do conhecimento, essas habilidades ultrapassam a uma simples decodi cação, na verdade, vão além da própria compreensão do que foi lido. A leitura é um processo no qual o “Leitor” é um sujeito ativo que processa o texto e este lhe proporciona seus conhecimentos, o próprio leitor constrói o sentido do texto. Complementando este ponto de vista, Orlandi (2006, p.38) afirma que “o leitor não apreende meramente um sentido que está lá; o leitor atribui sentido ao texto... E isto lhe traz informações, conhecimentos etc”. Dessa forma, o texto tem seu sentido, e, a “cada leitura é uma transação que ocorre entre o leitor e o texto em um determinado momento e lugar. (...) O sentido não está pronto nem dentro do texto nem dentro do leitor, mas surge durante 163 Linguagem e Argumentação 44 3 - Estrutura, conteúdo e expressão a transação”. (ROSENBLATT, 2004, p. 1369 apud Leffa, 2010, p.3). Vejamos o esquema a seguir, o qual ponta alguns dos tipos de conhecimentos que incidem na compreensão de texto: Figura 6.1 Compreensão textual. FONTE: NEHEMIAS SLIDESHARE. Compreensão e interpretação textual. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. Nesse contexto, podemos dizer que um texto é uma ocorrência linguística, na modalidade escrita, de qualquer extensão, dotada de significação, ou seja, apresentam unidade semântica e formal. Para ser compreendido e interpretado, o texto exige conhecimentos de várias naturezas, conforme a figura 6.1 demonstra. Ainda, temos outros aspectos que devem ser levado em consideração nesse contexto de compreensão e interpretação, como representado na Figura 6.2: Figura 6.2 Elementos de compreensão e de interpretação. FONTE: NEHEMIAS SLIDESHARE. Compreensão e interpretação textual. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. A partir destes elementos podemos construir inferências que nos darão condições de chegar ao real sentido do texto, ou seja, conseguiremos compreender e interpretar de forma que os níveis de processamento de sentido sejam contemplados. Seguindo de um esquema das características do moderno texto empresarial (Gold, 2010, p.8): CONHECIMENTO DO CONTEXTO SÓCIO-HISTÓRICO- CULTURAL CONHECIMENTO DO SISTEMA LINGUISTICO CONHECIMENTO DOS MECANISMOS DE PRODUÇÃO DE SENTIDO COMPREENSÃO E INTERPRETAÇÃO TEXTUAL TEXTO LITERAIS EXPLÍCITOS NÃO- LITERAIS MECANISMOS DE PRODUÇÃO DE SENTIDO CONTEXTO LINGUISTICO VOCABULÁRIO E COMBINAÇÕES IMPLÍCITOS CORREÇÃO GRAMATICAL LINGUAGEM ADEQUADA TEXTO EMPRESARIAL MODERNO OBJETIVIDADE CONCISÃO CLAREZA COERÊNCIA Saber Mais Para ampliar seus conhecimentos, é importante que leia o texto referenciado a seguir: RIBEIRO, José Roberto Boelter. Por um nível metaplícito na construção do sentido textual. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. Mas o que são estes níveis? Segundo Poersch (1991), o primeiro nível é o explícito que correspondeàquelas informações que estão expressas na superfície textual. A compreensão desse nível depende meramente de uma atividade de decodificação. O segundo nível é o implícito, em que não estão escritas no texto, devendo a recuperação ocorrer a partir daquilo que é apresentado pelo autor. Embora faça parte do texto, as informações implícitas não são expressas porque o emissor julgou desnecessário, ou seja, considerou que, a partir daquilo que escreveu, o leitor terá condições de inferir as informações não ditas. Já o terceiro nível é o metaplícito, o qual está relacionado às circunstâncias de produção e veiculação do texto. Assim, para construir esse nível, o leitor precisa possuir informações que estão fora do texto: dados relativos ao autor, ao destinatário, à relação entre autor e destinatário, ao contexto histórico, geográfico, social e cultural. É importante salientar que o sentido metaplícito constitui o modo como o texto deve ser lido, o que exige do leitor a consideração dos elementos situacionais da comunicação. Assim consolida-se o processo de compreensão e interpretação textual. Passemos, agora, ao estudo da seção 3, na qual estudaremos sobre a estrutura, o conteúdo e a expressão de um texto. 3.1 - Estrutura textual A estrutura compreende a unidade, organicidade e forma. Vamos conhecer cada uma: a. Unidade: a redação constitui-se de um só assunto; deve-se organizar em função de um só núcleo temático. Ter unidade é fazer com que o texto siga um “único” fio condutor de ideias, desenvolver a ideia que deseja. b. Organicidade: as partes da redação (introdução, desenvolvimento e conclusão) devem ser organizadas como um todo e articuladas de forma coerente e lógica. Quando as partes de um texto se encaixam, a leitura do texto flui de maneira clara. c. Forma: é a maneira de se apresentar o conteúdo. O tema poderá ser abordado de forma descritiva, narrativa ou dissertativa. Quando solicitar ao aluno uma descrição, evidentemente não se pode admitir a forma dissertativa, se a solicitação for uma carta comercial, não cabe ao aluno escrever um poema, um conto ou um texto narrativo/descritivo. Cada forma textual deve ser adequada ao que está sendo solicitado. Agora, vejamos o que cabe ao conteúdo! 3.2 - Conteúdo textual Quanto ao conteúdo, ele exige coerência e clareza e significa a própria mensagem a ser transmitida. Vejamos, então, de forma sucinta, a coerência, pois ela será novamente abordada nesta aula com mais clareza. 164 45 3.2.1 - Coerência A redação deve apresentar um conteúdo em que haja ideias fundamentais e pertinentes ao tema proposto. As ideias devem ser elaboradas segundo critérios que possibilitem perfeita relação, visando ao entendimento entre emissor e receptor. Nesse item, a principal observação a ser feita é que não pode haver fuga ao tema proposto, nem inclusão de citações ou informações que não sejam pertinentes ao desenvolvimento do assunto. Um texto coerente é aquele que tem significado, tem sentido para o leitor. Por exemplo, segundo Gold (2010, p.99): CONEXÃO ENTRE AS ORAÇÕES CARACTERÍSTICAS DA COERÊNCIA CONEXÃO ENTRE AS PALAVRAS CONEXÃO ENTRE OS PARAGRAFOS FRASES: CURTAS CARACTERÍSTICAS DA CLAREZA PALAVRAS: SIMPLES E ADEQUADAS PROBLEMAS DE LINGUAGEM: POSICIONAMENTO E AMBIGUIDADE ELIMINAÇÃO DE CLICHÊS CARACTERÍSTICAS DA CONCISÃO MÁXIMO DE INFORMAÇÕES COM MÍNIMO DE PALAVRAS ELIMINAÇÃO DAS REDUNDÂNCIAS E IDEIAS EXCESSIVAS Assim, podemos identificar que essas características fazem com que a harmonia de um texto aconteça coerentemente. Sendo que, a conexão das palavras faz-se sobre a significação dos elementos; a conexão das orações eleva o elo entre as frases; e por fim, a conexão dos parágrafos traz a sequência e organização de todo o texto. 3.2.2 - Clareza A clareza é consequência da coerência. A falta de contato com o tema, a abordagem tangencial ou fragmentada afetam a clareza por apresentar o conteúdo sem contornos definidos, diluídos ao longo da redação. Outro obstáculo à clareza é a frase mal estruturada ou ambígua que dificulta a compreensão e distorce o sentido. Quanto à clareza, convém evitar o uso de palavras ou expressões vagas, o pleonasmo (tautologia), ou seja, a repetição da mesma ideia e o uso de palavras ou expressões ambíguas. Assim, pode-se dizer que a clareza traz algumas características relevantes: As palavras bem usadas podem estabelecer um significado coerente para o receptor da mensagem, mas se não tiver uma clareza pode ser distorcida e mal interpretada. Dessa maneira, a utilização de palavras simples e adequadas viabiliza maior entendimento, evite termos técnicos, além de frases curtas e sempre evitando a ambiguidade das palavras. A clareza refere-se ao domínio do léxico e estrutura da língua. Para se conseguir boa expressão é fundamental a leitura de bons escritores e o manuseio habitual do dicionário. Atenção Para assegurar a concisão de um texto é fundamental que faça correções, ou seja, procure rever se utilizou formas adequadas, do ponto de vista da gramática normativa e do dicionário. 3.2.3 - Criatividade Criatividade diz respeito à originalidade. Consiste em saber apresentar uma positiva contribuição pessoal, seja variando expressões comuns, seja concorrendo para a renovação de formas antigas. O trabalho usado mediante a sua criatividade pode levar o emissor ao sucesso de sua mensagem. Há de se evitar o uso de chavões, clichês estilísticos, chapas, lugares comuns etc. 3.2.4 - Propriedade A propriedade diz respeito ao uso de palavras ou expressões adequadas ao assunto. Evitem os casos de impropriedade vocabular, tais como: O paralítico andava sobre cadeira de rodas. A exuberante alta dos preços. O ser humano nasce cru. Sendo de extrema importância a organização e o uso das palavras em seu contexto. 3.2.5 - Concisão Consiste em exprimir apenas o necessário, em oposição à prolixidade (verbosidade, verborreia). Para se conseguir tal síntese de pensamento, observe o seguinte: a) Eliminar o supérfluo, ou seja, formas redundantes. b) Eliminar o uso excessivo dos indefinidos em e uma. c) Evitar o emprego do pronome pessoal sujeito, obrigatório apenas nos casos de ênfase ou antítese. d) Eliminar pormenores desnecessários. Por exemplo, observemos as características de concisão para a organização das ideias: Assim, percebe-se que o texto deve elencar seus objetivos e somente informar o mínimo de informações que vão ser relevantes, para que o receptor possa obter maior compreensão. E as normas gramaticais para essa redundâncias nas ideias são de extrema importância. Agora, passemos ao estudo sobre coerência e coesão! 4 - Coerência e coesão textual. Coerência deve ser entendida como unidade de texto. Um texto coerente é um conjunto harmônico, em que todas as partes se encaixam de maneira complementar de modo que não haja nada destoante, nada ilógico, nada contraditório, 165 Linguagem e Argumentação 46 1 - COERÊNCIA NARRATIVA 3 - COERÊNCIA ARGUMENTATIVA 2 - COERÊNCIA FIGURATIVA nada desconexo. Como afirma Gold (2010, p.97): Coerência é a harmonia entre uma série de situações ou ideias. Um texto é coerente quando existe harmonia entre as palavras, isto é, quando elas apresentam vínculos adequados de sentido, e quando a mensagem organiza-se de forma sequenciada, com início, meio e m. As ideias expressas devem corresponder às ideias pensadas. Entretanto, para que haja essa conexão entre palavras, é necessário conhecer bem o signi cado delas, assim como possuir um amplo repertório de vocábulos para que se possa encontrar o mais exato para exprimir aquilo que se deseja. Com isso o que podemos observar é que a coerência está relacionada como um todo ao significado das palavras, por meio da leitura. E somente tendo ideias bem pensadas e expressadas que será transmitido com as devidas significações. Seguindo com Platão e Fiorin (2002), que pontuam três principais níveis em que a coerência precisasão tidas como elementos constituintes do alfabeto pertencente à língua materna.(http://portugues.uol.com.br/gramatica/alfabeto- oficial-lingua-portuguesa-.html ) Pretti (1987, p.12) também discorre sobre a importância da língua ao afirmar que: Sons, gestos, imagens, diversos e imprevistos cercam a vida do homem moderno, compondo mensagens de toda ordem [...] transmitidas pelos mais diferentes canais, como a televisão, Saber Mais Nesta aula, trataremos sobre linguagem, língua e fala. Para saber mais sobre esses e outros elementos da comunicação, sugerimos que acesse base con áveis, tais como Scielo, Google Acadêmico, dentre outras e utilize termos como “teoria da comunicação”, “elementos da comunicação”, “linguagem, língua e fala” como palavras-chave para realização de suas pesquisas! Sua aprendizagem não tem fronteiras! Pesquise! 2 - Processo de comunicação: um panorama teórico Você Sabia? O primeiro alfabeto era bem reduzido... Ele era composto por 24 sinais consonantais que, apesar de não terem evoluído para um sistema totalmente alfabético, já marcavam de forma pro ciente o início do sistema de escrita (BINDI, 2014). o cinema, a imprensa, o rádio, o telefone, o telégrafo, a internet, os cartazes de propaganda, os desenhos, a música e tantos outros. Em todos, a língua desempenha um papel preponderante, seja em sua forma oral, seja através de seu código substitutivo, escrito. E, através dela, o contato com o mundo que nos cerca é permanentemente atualizado. Vemos, então, que a linguagem, constitutivamente, possibilita a comunicação, sendo, portanto, de vital importância para a convivência social humana. Apesar de ter toda essa força no campo da comunicação social, a linguagem também é relevante no campo “individual”, pois ao fazer uso dela, o homem busca integrar-se com seus pares a partir das “leituras” que faz individual e coletivamente, assim como do mundo que o cerca ao expressar o “seu” pensamento. Como afirma Abreu (s/d, p.7). O trabalho do futuro dependerá, pois, do relacionamento. Mesmo os pro ssionais liberais dependem dele. O médico ou o dentista de sucesso não é necessariamente aquele que entrou em primeiro lugar no vestibular e fez um curso tecnicamente perfeito. É aquele que é capaz de se relacionar de maneira positiva com seus clientes, de conquistar sua con ança e amizade. Perceba que em qualquer área de atuação, é fundamental ter o domínio da língua materna, no nosso caso, a Língua Portuguesa, sendo assim , todo aquele que prioriza essa questão, não só mantém uma ótima imagem profissional como, também, torna mais fácil o desempenho das suas tarefas. Vale lembrar que o pensamento individual do homem ocorre em determinado meio social, portanto para dizer de si, antes é preciso ir ao outro, porque nós somente somos seres individuais, porque temos o outro para auxiliar-nos na formação identitária do nosso “eu”. Em outras palavras, sempre que eu me expresso estou, de certa forma, revelando resquícios de outros em mim. Observe que até agora tratamos sobre a linguagem humana, levando em conta que ela tem materialidade, tanto na forma de palavras (faladas ou escritas), quanto na forma da realização não verbal (gestos, sinais, símbolos, charges, cartuns, entre outras formas de representação), a qual possibilita ao homem o poder comunicativo. Outra questão a ser considerada é o fato de que a linguagem humana se destaca grandemente sob dois aspectos, a saber: • O social: marcado pela língua, isto é, sistema de linguagem que compreende um sistema de fonemas (de formas/de frases) além do sistema semântico (o significado). • O individual: marcado pelo discurso que surge a partir do momento em que começamos a falar ou a escrever. Assim, ambos vão deixar com que o conjunto entre a linguagem e o discurso se harmonize coerentemente para que possam obter a comunicação. A comunicação busca de forma linear, formal e objetiva transmitir ao seu ouvinte uma mensagem significativa. Segundo Gold (2010) existem estratégias que estão 129 Linguagem e Argumentação 10 sendo utilizadas no mundo inteiro, para que a informação seja transmitida de maneira mais objetiva. Dessa forma, para o andamento do trabalho e presando a qualidade aos clientes, é de suma importância apresentar todos os procedimentos desenvolvidos no dia a dia com clareza e sem obter uma duplicidade de sentidos. Assim, a articulação desse trabalho pode ser melhor aplicada, sem haver reformulações dos fatos e suas ações. Na seção 3, você terá a oportunidade de refletir sobre a linguagem, a sociedade e a interação humana, a partir do estudo de trechos de um artigo! Você poderá notar que, além do pensamento dos autores, inserimos intervenções explicativas, reflexões e ponderações com o intento de contribuir para o exercício da habilidade crítica de reflexão e de organizar e direcionar o conhecimento construído a fim de alcançarmos os objetivos propostos nesta disciplina. O texto de Octavio Ianni (1999), descrito a seguir, intitulado “Língua e Sociedade” trata-se de uma introdução bem detalhada sobre as pesquisas que envolvem o tema da linguagem, desde o Renascimento até nossos dias. Nele, o autor discorre sobre a língua como produto social e, ao mesmo tempo, condição de sociabilidade de interação humana. De maneira crítica/reflexiva vamos refletir sobre os “mistérios” que envolvem a palavra e, por meio de fragmentos (pedaços) de textos narrativos, vamos entender o valor que ela tem nos indicando as “metamorfoses” da língua. Ao trazer exemplos de textos renomados na história, Ianni (1999) faz-nos pensar, com maior sistematicidade, acerca da linguagem no tempo atual, pontuando a importância, para o homem moderno, de ter acesso a textos que contemplem o romantismo, que trabalhem laboriosamente o sentido da língua. Ademais, o autor reitera a importância da linguagem não verbal para a comunicação, apresenta a imagem como uma linguagem importante e circunscreve a língua como “concepção de mundo, como expressão de uma concepção do mundo” (IANNI, 1999). Na próxima seção, convidamos você a continuar os estudos sobre linguagem. Contudo, vamos aprofundar nossa re exão tratando sobre seu papel na sociedade e nas interações humanas! 3 - Linguagem, sociedade e interação humana. Atenção O texto a seguir trata sobre uma questão importante para todos; especialmente para vocês que trabalharão constantemente com a língua da/na sociedade. Portanto, sugerimos que o leia com atenção e dedique-se em entendê-lo! Lembre-se de que, em caso de dúvidas, comentários ou sugestões, você conta com o apoio de seus colegas de curso e de seu professor pelo ambiente virtual e nas aulas presenciais! Antes de iniciarmos efetivamente a leitura do texto, é importante salientar que, agora, no nível acadêmico, é fundamental que se envolva na leitura de textos densos e que esses exigirão reflexões mais profundas sobre os temas estudados. Eis aqui uma oportunidade! Língua e Sociedade Octavio Ianni A história do mundo moderno tem sido também uma história de teorias e pesquisas sobre a linguagem. Desde o Renascimento passando por Port-Royal, a Enciclopédia, a Ilustração, o Romantismo e o “giro linguístico”, têm sido notáveis as realizações dos estudos sobre linguagem. Os desenvolvimentos das literaturas nacionais e mundiais, os intercâmbios de línguas e culturas, os processos de aculturação e transculturação, o nascimento e a expansão da cultura de massa e da indústria cultural, a criação e a difusão de tecnologias eletrônicas, informáticas e cibernéticas, tudo isso tem propiciado o surgimento de disciplinas e teorias, tanto quanto de hipóteses e controvérsias, sobre os mais diversos aspectos da linguagem. São muitos os momentos da história dos tempos modernos envolvendo desa os ou conquistas fundamentais sobre as implicações da linguagem na organização, dinâmica, crise ou transformação da sociedade, em âmbito nacional, internacionalser observada: Vamos partir de exemplos de incoerências mais simples de perceber para mostrar o que é coerência. 4.1 - Coerência narrativa É incoerente narrar uma história em que alguém está descendo uma ladeira num carro sem freios, que para imediatamente, depois de ter brecado, quando uma criança lhe corta a frente, certo? Isto porque a preocupação com a coerência e a unidade As incoerências podem ser utilizadas para mostrar a dupla face de um mesmo personagem, mas esse expediente precisa car esclarecido de algum modo no decorrer do texto. 4.2 - Coerência figurativa Suponhamos que se deseje figurativizar (dispor figuras) o tema “despreocupação”. Pode-se usar figuras como “pessoas deitadas à beira de uma piscina”, “drinques gelados”, “passeios pelos shoppings”. Vale salientar que não caberia, no entanto, na figurativização desse tema, a utilização de figuras como “pessoas indo apressadas para o trabalho “ou fábricas funcionando a pleno vapor”, pois seria incoerente essa última escolha”. Assim: Figura 6.3 Coerência gurativa. do texto pressupõe que se conjuguem apropriadamente esses elementos. Se na narrativa aparecem indicadores de que um personagem é tímido, frágil e introvertido, seria incoerente atribuir a esse mesmo personagem o papel de líder e agitador dos foliões por ocasião de uma festa pública. Obviamente, a incoerência deixaria de existir se algum dado novo justificasse a transformação do referido personagem. Uma bebedeira, por exemplo, poderia desencadear essa mudança. Muitos outros casos de incoerência desse tipo podem ser apontados. Dizer, por exemplo, que um personagem foi a uma partida de futebol, sem nenhum entusiasmo, pois já esperava ver um mau jogo, e, posteriormente, afirmar que esse mesmo personagem saiu do estádio decepcionado com o mau futebol apresentado é incoerente. Quem não espera nada não pode decepcionar-se. Não é verdade? COERENTE COERENTE COERENTE INCOERENTE FONTE: ABRE. Homepage. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014 166 47 Por coerência figurativa entende-se, então, a articulação harmônica das figuras do texto, com base na relação de significado que mantêm entre si. As várias figuras que ocorrem num texto devem articular-se de maneira coerente para constituir um único bloco temático. Note que a ruptura dessa coerência pode produzir efeitos desconcertantes. Todas as figuras que pertencem ao mesmo tema devem pertencer ao mesmo universo de significado. 4.3 - Coerência argumentativa Quando se defende o ponto de vista de que o homem deve buscar o amor e a amizade, não se pode dizer em seguida que não se deve confiar em ninguém e que por isso é melhor viver isolado. Num esquema de argumentação, joga-se com certos pressupostos ou certos dados e deles se fazem inferências ou se tiram conclusões que estejam verdadeiramente implicados nos elementos lançados como base do raciocínio que se quer montar. Se os pressupostos ou os dados de base não permitem tirar as conclusões que foram tiradas, comete-se a incoerência de nível argumentativo. Vale salientar que é incoerente defender ponto de vista contrário a qualquer tipo de violência e ser favorável à pena de morte, a não ser que não se considere a ação de matar como uma ação violenta. Além de salientarmos exemplo de incoerência ocorrido em um memorando, Gold, (2010, p.98): Exemplo incoerente: Informamos que deixamos de analisar a empresa Transbraçal Prestação de Serviços Industrial e Comércio LTDA., enviada através do memorando da referência, pois a mesma já foi avaliada com base nas Demonstrações Contábeis de 31/12/2003 e estas mesmas demonstrações, atualizadas pelos índices oficiais, não alteram a sua avaliação. Exemplo correto, com reformulações: Informamos que a empresa Transbraçal Prestação de Serviços Industrial e Comércio LTDA, já foram analisados com a base nas Demonstrações Contábeis de 31/12/2003, e estas atualizadas pelos índices, não alteram a sua avaliação. Com tudo, percebe-se que a incoerência se dá por meio do mal usa dos significados da organização das palavras em seu contexto. Assim, pode ser transmitida uma ideia que não foi a mensagem a ser transmitida inicialmente. Parabéns! Até aqui é provável que já tenha percebido o que vem a ser um texto coerente... Agora, convidamos a ampliar seus conhecimentos sobre o que vem a ser a coesão textual. 4.4 - Coesão textual O que é coesão textual Quando lemos com atenção um texto bem construído, não nos perdemos por entre os enunciados que o constituem, nem perdemos a noção e conjunto. Com efeito, é possível perceber a conexão existente entre os vários segmentos de um texto e compreender que todos estão interligados entre si. Dessa forma, são várias as palavras que, num texto, assumem a função de conectivo ou de elemento de coesão: a. As preposições: a, de, para, com, por, etc.; b. As conjunções: que, para que, quando, embora, mas, e, ou, etc.; c. Os pronomes: ele, ela, seu, sua, este, esse, aquele, que, o qual, etc.; d. Os advérbios: aqui, aí, lá, assim etc. A título de exemplificação do que foi dito, observe o texto que vem a seguir, retirado do livro de Platão e Fiorin (2002, p. 39, grifo nosso): É sabido que o sistema do Império Romano dependia da escravidão, sobretudo para a produção agrícola. É sabido ainda que a população escrava era recrutada principalmente entre prisioneiros de guerra. Em vista disso, a paci cação das fronteiras fez diminuir consideravelmente a população escrava. Como o sistema não podia prescindir da mão de obra escrava, foi necessário encontrar outra forma de manter inalterada essa população. Como se pode observar, os enunciados desse texto não estão amontoados caoticamente, mas estritamente interligados entre si: ao se ler, percebe-se que há conexão entre cada uma das partes (ver palavras em negrito). À conexão interna entre os vários enunciados presentes no texto dá-se o nome de coesão. Diz-se, pois, que um texto tem coesão quando seus vários enunciados estão organicamente articulados entre si, quando há concatenação entre eles. Saber Mais Para saber mais sobre a coesão e lembrar os elementos coesivos de um texto, sugerimos que acesse o material referenciado a seguir: PORTAL CP2. Elementos coesivos e articuladores de argumentos. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. A coesão de um texto, isto é, a conexão entre os vários enunciados obviamente não é fruto do acaso, mas das relações de sentido que existem entre eles. Essas relações de sentido são manifestadas, sobretudo por certa categoria de palavras, as quais são chamadas conectivos ou elementos de coesão. Sua função no texto é exatamente a de pôr em evidência as várias relações de sentido que existem entre os enunciados. O uso adequado desses elementos de coesão confere unidade ao texto e contribui consideravelmente para a expressão clara das ideias. O uso inadequado sempre tem efeitos perturbadores, tornando certas passagens incompreensíveis. Retomando a aula Chegamos, assim, ao nal da sexta aula. Esperamos tenha compreendido as engrenagens que cercam a construção de um texto, bem como seus elementos. Para sedimentar nossa aprendizagem, vamos relembrar o que estudamos! 167 Linguagem e Argumentação 48 1 - Noções de texto. Na primeira seção vimos que para entender qualquer passagem de um texto, é necessário confrontá-la com as demais partes que o compõem, sob pena de dar-lhe um significado oposto ao que ela de fato tem. 2 - Compreensão e interpretação textual. Prosseguindo, a seção 2, foi uma oportunidade de ampliar nossos conhecimentos sobre a compreensão de qualquer texto é feita a partir da conjugação de informações apresentados nos níveis explícito, implícito e metaplícito, havendo sempre manifestação e imbricação dos três em todo texto. 3 - Estrutura, conteúdo e expressão.Já na seção 3, estudamos a estrutura de um texto que compreende a unidade, organicidade e forma. Vimos também que o conteúdo exige coerência e clareza e significa a própria mensagem a ser transmitida. Finalmente, quanto à expressão, esta se refere ao domínio do léxico e estrutura da língua. Para se conseguir boa expressão é fundamental a leitura de bons escritores e o manuseio constante, habitual, do dicionário. 4 - Coerência e coesão textual. Podemos dizer que a coerência e a coesão colaboram para conferir textualidade a um conjunto de frases. Assim, a coerência, manifestada em grande parte no nível chamado macrotextual (global), é o resultado da possibilidade de se estabelecer alguma forma de unidade de sentido ou relação entre os elementos do texto. Já a coesão é manifestada no nível microtextual (parte interna do texto) e se refere ao modo como os vocábulos se ligam dentro de uma sequência. Vale a pena CITELLI, A. O texto argumentativo. São Paulo: Scipione, 1994. FÁVERO, Leonor. L. Coesão e coerência textuais. 3. ed. São Paulo: Editora Ática: 1995. KATO, M. A. No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística. São Paulo: Ática, 1986. _____. O aprendizado da leitura. São Paulo: Martins Fontes, 1995. KLEIMAN, A. Oficina de Leitura: teoria e prática. Campinas: Pontes, Unicamp, 1993. KOCH, Ingedore G. Villaça; Travaglia, Luiz Carlos. A coerência textual. 12. ed. São Paulo: Contexto, 2001. POERSCH, J. M.; AMARAL, M. P. Como as categorias textuais se relacionam com a compreensão de leitura. Veritas. v.35, n Vale a pena ler ABRE. Homepage. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. BRASIL ESCOLA. Exercícios sobre coesão e coerência. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. MUNDO EDUCAÇÃO. Coesão. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. PORTAL CP2. Elementos coesivos e articuladores de argumentos. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. RIBEIRO, José Roberto Boelter. Por um nível metaplícito na construção do sentido textual. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. SLIDESHARE. Compreensão e 'interpretação textual. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. Vale a pena acessar 133, p. 77-89, 1989. POERSCH, J. M. Por um nível metaplícito na construção do sentido textual. Letras de Hoje. v.26, n 4, p. 127-14, 1991. SOLÉ, I. Estratégias de leitura. Porto Alegre: Artes Médicas, 1998. Minhas anotações 168 7ºAula Textualidade, mecanismo de construção e elementos gramaticais de um texto Caro(a) aluno(a), Dando continuidade aos nossos estudos, esta aula abordará questões pontuais sobre o texto! Você deve estar se perguntando por que sobre ainda o texto?! Bem, o motivo é porque esta disciplina tem o grande objetivo de propiciar condições para que vocês se tornem leitores e redatores críticos; que dominem a norma culta, os recursos expressivos da língua que viabilizam elaboração textual coesa e coerente. Assim, insistentemente, em nossas aulas, não nos distanciaremos da teoria da linguística textual que investiga o texto como unidade básica de manifestações da linguagem. Bons estudos! Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, você será capaz de: • compreender o que é Linguística textual e perceber a sua importância para os estudos do e no texto; • entender os mecanismos do texto escrito; • entender e reconhecer os elementos da textualidade. • compreender o que é gramática do texto e como podemos tornar um texto coeso e coerente; • entender e utilizar expressões, elementos coesivos, que introduzem determinadas ideias no texto. 169 Linguagem e Argumentação 50 1 - Linguística Textual 2 - O ato de escrever 3 - Textualidade 4 - Gramática do texto 5 - Elementos de ligação de um texto Seções de estudo Ah! Durante o estudo desta aula, lembre-se de que construir conhecimento neste mundo em constante movimento requer uma nova forma de ensinar e aprender. Para isso, é preciso autonomia, coragem (não ter medo de errar) e disposição. Pense nisso... Você Sabia? O texto seria o produto físico e o discurso um processo e caz, dinâmico de expressão e interpretação. Como assim? Entenderam? Então vamos pensar um pouco mais! Para Ulisses Infante (1996,p.49), “ a palavra texto provém do latim textum, que signi ca tecido, entrelaçamento. O texto resulta de um trabalho de tecer de entrelaçar várias partes menores a m de se obter um todo inter- relacionado” Percebe-se, então, que há diferenças nos conceitos demonstrados pelos autores; para Val, o texto tem um signi cado maior, pois ela ressalta que o texto, não é só um discurso falado ou escrito, mas, além disso, ele comunica, dá sentido e tem uma forma de ser expresso. É importante ressaltarmos, também, que Costa Val faz sua de nição de texto enfocando o discurso, permitindo, assim, enxergar que o texto é uma unidade de linguagem em uso e que o que as pessoas têm para dizer uma às outras não são palavras nem frases isoladas, são textos. Já Guimarães (1992), conceitua o texto como algo mais simples e amplo, sem dar ênfase às características a mais que o texto contém, ou seja, ela não especi ca maiores esclarecimentos sobre o texto como Costa Val o faz. Infante (1996) também tem sua forma de conceituar texto, ele aborda o texto como uma rede de relações de ideias que se entrelaçam para formar um todo signi cativo. Você Sabia? O texto seria o produto físico e o discurso um processo e caz, dinâmico de expressão e interpretação. Como assim? Entenderam? Então vamos pensar um pouco mais! 1 - Linguística Textual Ribeiro (2006) nos lembra que há um bom tempo vem crescendo o número de pesquisadores que se interessam sobre as questões pertinentes ao texto, ou melhor, os pesquisadores que estudam “as teorias da Linguística textual” têm crescido consideravelmente. Assim, quando enveredamos pelos caminhos da Linguística textual (LT), acabamos por perceber muitos pontos que se “encaixam” com a Análise do Discurso (AD), por isso alguns teóricos não pontuam grandes diferenças entre a AD e a LT, porém os usos variam e há, então, a possibilidade de se distinguir o texto e o discurso. Nesse contexto, o discurso, com sua função e modo de operação, pode ser observado com técnicas psicolinguísticas e sociolinguísticas, além das técnicas linguísticas habituais. Outros apontamentos entre os dois conceitos são bastante comuns em variados textos que discorrem sobre os temas; mas o que pretendemos apresentar para você acadêmico é, justamente, uma posição que o conduza ao entendimento adequado à diversidade textual com que se deparará ao longo de seu curso e de sua vida profissional. Há também o estudo da análise conversacional, nesse estudo o foco são as construções textuais que perfazem a prática comum no dia a dia de todos nós, além de investigar, também, o espaço privilegiado para a construção de identidades sociais no contexto real. Como você sabe, o texto é necessário à vida de cada um, pois ele serve para que as pessoas possam expor seus pensamentos, ideias e críticas. Enfim, é uma unidade de linguagem que visa a informar, a transmitir conhecimentos, além de passar ao receptor uma unidade semântica de modo que faça com que ele entenda o assunto abordado percebendo-o como um todo significativo. É importante ressaltarmos que nem todas as pessoas conceituam o texto dessa forma, cada autor (a) pensa e expressa de uma forma o seu entendimento, uns aprofundando mais e outros menos, sendo mais simples em suas considerações. É com respaldo nessas diferenciações de pensamentos que procuramos abordara seguir o que é texto na visão de, pelo menos, três autores para mostrar a diferença no conceito de cada um. Vamos aos conceitos? Ainda têm dúvidas? Podemos observar que ele tem um modo de conceituar como o de Elisa Guimarães, pois simplesmente dá sua visão, não se aprofundando em muitas explicações. Vimos que cada um desses autores revelam sua maneira de conceber o texto com base em diferentes pressupostos, a partir de suas vivências, experiências e linhas teóricas adotadas. Vale lembrar que escrever não significa apenas preencher o papel com frases, pois do mesmo modo que a frase não pode ser vista como um amontoado de palavras, também não podemos dizer que o texto é um simples amontoado de frases, uma vez que ao escrever um texto, esse precisa ser claro, conciso e objetivo para parecer lógico, para se compreensível. Val (1999) ainda nos recorda que o texto não pode ser somente um amontoado de frases, como já salientamos há pouco, precisa passar a quem recebe um sentido, para que o assunto abordado possa ser percebido pelo recebedor como significativo. Segundo Koch (1989, p.14): A Linguística Textual toma, pois, como objeto particular de investigação não mais a palavra ou a frase isolada, mas o texto, considerado a unidade básica de manifestação da linguagem, visto que o homem se comunica por meio de textos e que existem diversos fenômenos linguísticos que só podem ser explicados no interior do texto. O texto é muito mais que a simples soma das frases (e palavras) que o 170 51 compõem: a diferença entre frase e texto não é meramente de ordem quantitativa; é, sim, de ordem qualitativa. Para uma pessoa entender um texto, o mesmo tem que revelar suas ideias de maneira clara, para que aquele que as está recebendo possa entender e identificar como um texto compreensível. Atenção Muitas vezes, as maiores di culdades estão na concretização das ideias no papel, pois escrever pode não ser fácil para muitas pessoas e ainda não inventaram “mágicas” e fórmulas para apreender a escrever. Na verdade, esse é um trabalho que depende muito do interesse e empenho de cada um. E como ca então, diante dessas noções de textos, o ato de escrever, o fazer textual? É exatamente disso que trataremos na seção seguinte! O que vemos, às vezes, são textos sem sentido que não provocam em nós leitores nenhum interesse e, consequentemente, nenhum entendimento. Muitas vezes, tanto o texto oral com o escrito são feitos de forma inadequada, o que nos leva a entender que só foram feitos para suprir as exigências do momento do ato comunicativo. Faz-se importante ressaltar que a leitura e a atualização de informações também colaboram muito na qualidade do texto, pois a pessoa que escreve necessita ter bastante informações e transformá-las em conhecimentos, para assim poder escrever sobre um determinado assunto, e a isso chamamos de intertextualidade. A intertextualidade é, dessa maneira, a relação que se faz com outros textos, em que a pessoa se baseia em outras obras e autores para escrever o seu texto, é uma espécie de “ajuda” e um forma de conhecer os pensamentos, as ideias e conhecimentos dos diversos autores. Segundo Ângela Kleiman (1996,p.26): O signi cado de um texto não se limita ao que apenas está nele; seu signi cado resulta da interseção com outros. Assim, a intertextualidade refere-se às relações entre os diferentes textos que permitem que o texto derive seus signi cados de outros. Os textos incorporam modelos, vestígios, até estilos de outros textos e de outros gêneros. O que seria adequado é que fosse dada importância maior ao ensino da produção textual, pois, muitas vezes, esse ensino é marginalizado, quase se tornando despercebido, e isso faz com que o aluno, mais tarde, sinta dificuldades na hora da escrita não tendo nenhuma noção de como escrever, para quem escrever e por que escrever; situação que não deveria acontecer, pois o ato comunicativo está presente e é necessário na vida de todos, seja ele um ato formal ou informal. Sabemos que existem textos mais formais e menos formais, e cada um desses textos deve ser escrito fazendo uso da coerência e da coesão. Os elementos da coesão e da coerência são fundamentais dentro de um texto (vocês sabem disso), pois não se pode dizer que um texto seja texto sem haver sentido nas ideias e ligação dessas ideias, porque é depositando o sentido e fazendo a ligação das ideias que o receptor busca entender a intenção do que foi escrito ou falado. Existem características que diferem os textos escritos dos orais, e, a grande diferença que se percebe na construção de um texto escrito e de um texto falado é que o texto escrito exige muito mais na hora de ser formulado, uma vez que não tem o seu interlocutor a sua disposição. Ele é elaborado a partir de um planejamento mais minucioso, exige-se uma boa estruturação, levando em conta que necessita conter ideias explícitas e bem articuladas, usando a clareza e a informatividade para que, assim, o leitor possa buscar o seu sentido e interpretá-lo com maior tranquilidade. Já o texto falado, muitas vezes, não é planejado com antecedência, ele é incompleto, porque se constrói a partir da interlocução, uma vez que na maioria dos casos é feito no improviso momentâneo; é um texto que pode ser interrompido e explicado, mas, mesmo assim, é um texto difícil de se fazer, pois não são todas as pessoas que possuem o dom da fala e a facilidade em articular ideias com clareza. Notamos essa diferença ao percebermos, muitas vezes, que uma notícia de jornal, dependendo do assunto, é vista de vários modos por diversas pessoas em lugares diferenciados, e é por isso que damos ênfase à importância de escrever um texto bem estruturado e compreensível levando em conta os diferentes meios de manifestação. Segundo Kleiman (1996,p.62): Texto é toda construção cultural que adquire um signi cado devido a um sistema de códigos e convenções: um romance, uma carta, uma palestra, um quadro, uma foto, uma tabela são atualizações desses sistemas de signi cados, podendo ser interpretados como texto. 2 - O ato de escrever Ao escrever um texto é importante lembrar que esse para ser bem estruturado, precisa conter elementos que são necessários para sua formação, há que se pensar em o que escrever, ler sobre o assunto/tema, construir a introdução, o desenvolvimento e a conclusão, sempre tendo em mente que um tópico segue o outro, e, não se esquecer do título. É claro que essa sequência apresentada não é rígida, é apenas uma possibilidade de procedimento dentre tantas outras possibilidades existentes. Segundo José Luiz Fiorin (2002, p.15): “[...] as frases não têm significado autônomo: num texto, o sentido de uma frase é dado pela correlação que ele mantém com as demais”. A boa compreensão de um texto advém da boa escrituração; o produtor precisa ter em mente que sua escrita tem que parecer lógica e suas ideias necessitam estar relacionadas umas com as outras; se tal relação não acontece, podemos julgar que não existe um texto, mais sim um amontoado de ideias soltas. Além de boa escrituração, a compreensão de um texto se dá também quando houver uma perfeita interação entre o autor e o leitor/receptor. Segundo Kleiman (1999) para uma boa compreensão 171 Linguagem e Argumentação 52 de um texto é necessário que quem o receba, busque o conhecimento prévio, o conhecimento linguístico, o textual e o de mundo, esses facilitarão o entendimento, uma vez que fazem parte da vivência de cada um. Entendemos que o conhecimento prévio é o conhecimento adquirido ao longo da vida, ou seja, a pessoa, ao ler ou ouvir um texto utiliza seus conhecimentos guardados para atingir uma boa compreensão. Sem esse, dificilmente o leitor chegaria a compreender um texto. Atenção Já pararam para pensar quantas vezes zeram uso desse conhecimento e não perceberam que o utilizavam? O conhecimento linguístico, por sua vez, é outro conhecimentoque nos ajuda no momento da compreensão, pois é o conhecimento de vocabulário e regras da língua. Esse conhecimento nos permite enxergar os elementos linguísticos e sua organização, ou seja, como cada um encaixa se no texto, o modo como se inter-relacionam para veicular sentido aos receptores. Outro conhecimento, também muito importante e que deve ser ativado na hora da compreensão, é o textual, pois se o receptor tiver acesso aos diversos tipos de textos ele, com certeza, terá mais facilidade na hora da compreensão. Quando lemos um texto pela primeira vez, pode ocorrer a não compreensão daquilo que o texto quer expressar, e isso pode acontecer pelo desconhecimento dos conceitos textuais ali existentes ou da tipologia do texto adotada. Por fim, um grande conhecimento a ser mencionado é o conhecimento de mundo, que é o conhecimento que temos acerca do mundo , o qual representa tudo o que conhecemos e que se encontra armazenado em nossa memória. Quando uma pessoa está lendo um texto deve ativar em sua memória seu conhecimento de mundo, pois enquanto lê, esse conhecimento facilitará o entendimento, o que despertará o prazer pela leitura. Assim para se ter uma boa compreensão , tais conhecimentos devem ser ativados no momento do ato comunicativo, pois nos auxiliarão fazendo enxergar que quanto maior for nossa bagagem de conhecimentos, maior compreensão teremos sobre o que lemos , segundo Kleimam (1999, p.25-26): A ativação do conhecimento prévio e, então, essencial à compreensão, pois é o conhecimento que o leitor tem sobre o assunto que lhe permite fazer as inferências necessárias para relacionar diferentes partes descritas do texto num todo coerente. O conhecimento linguístico, o conhecimento textual, o conhecimento de mundo devem ser ativados durante a leitura para poder chegar ao momento da compreensão, momento esse que passa desapercebido, em que as partes descritas se juntam para fazer um signi cado. Ainda a respeito da aquisição da compreensão de um texto, é necessário também identificar sua tipologia, ou seja, se é um texto descritivo, narrativo ou dissertativo/ argumentativo. Não há como confundir esses três tipos de textos, cada um deles possui suas características próprias. A narração, por exemplo, é um tipo de texto que conta fatos reais ou não, que ocorreram em um tempo e lugar que envolve personagens envoltos em um con to, enquanto a descrição é um tipo de texto que descreve um lugar, uma pessoa, um animal, descreve sensações, sentimentos , entre outras questões. Já a dissertação/ argumentação é um estilo de texto que retrata opiniões pessoais e exposições de ideias seguidas de argumentos que os comprovem; esse bastante utilizado por vocês! Antes de iniciar o estudo da Seção 3, sugerimos que releia com cuidado os conteúdos estudados até aqui e retomem com seus colegas de curso e com seu professor todos os assuntos que tiver dúvida. Participe! É importante essa abordagem sobre a tipologia textual, pois é por meio dela que identificamos com qual tipo de texto vamos nos deparar para que possamos construí-lo de maneira adequada. Essa adequação na construção do texto gera facilidades para o leitor poder entender o que lê. Após todas as considerações expostas sobre o texto e sua tessitura, podemos chegar à conclusão de que texto é tudo o que o ser humano quer manifestar, informar ou transmitir, seja na escrita ou na fala, e que quando o texto é escrito de maneira adequada, utilizando todos os elementos possíveis para a compreensão, ele é melhor entendido e aceito por todos que o recebem. Continuando nossa aula, vamos, na seção seguinte, apresentar um resumo do texto de Maria da Graça Costa Val (1999), “Como avaliar a textualidade?” que, como citamos no início desta aula, irá abordar o tópico referente à avaliação da textualidade. 3 - Textualidade Utilizaremos, nesta seção, trechos retirados do capítulo I do livro “Redação e textualidade”, da autora Maria da Graça Costa Val, que aborda o assunto texto, textualidade, coerência e coesão, fatores pragmáticos da textualidade e coloca alguns critérios para a análise da coerência e da coesão, como: a continuidade, a progressão, a não contradição, a articulação. Ainda, neste primeiro capítulo, temos os critérios para a análise da informatividade, tais como: imprevisibilidade, suficiência de dados. É válido salientar que esses elementos abordados pela autora são os que elegemos para finalizarmos a nossa oitava aula. Vejamos, de forma sucinta, o que eles representam na construção da textualidade de um texto. Inicialmente vejamos o que é um texto para Costa Val (1999): para que um texto seja considerado texto, é necessário que possua uma relação sociocomunicativa, semântica e formal. Assim, um texto será bem compreendido quando ele atingir os seguintes fatores: O pragmático tem a ver com seu funcionamento enquanto atuação informacional e comunicativa; O semântico-conceitual é a base da coerência do texto; O formal refere- se à sua coesão. 172 53 Entre os cinco fatores pragmáticos, os dois primeiros se referem aos protagonistas do ato de comunicação são a intencionalidade e a aceitabilidade. Vamos conhecê-los: A intencionalidade quer dizer a capacidade do produtor do texto produzí-lo de maneira coesa, coerente, capaz de alcançar os objetivos que tinha em mente, em uma determinada situação de comunicação. A aceitabilidade é se o que o produtor produziu pode ser considerado um texto, se alcançou o objetivo proposto quando chegou até o locutor, ou seja, pode ser considerado um texto, possui coerência, coesão, é relevante, traz informatividade, é útil para o leitor, tudo isso vai direcionar se realmente é um texto. A situacionalidade diz respeito à pertinência e relevância entre o texto e o contexto onde ele ocorre, isto é, é a adequação do texto à situação sociocomunicativa. É o que diz Maria da Graça Costa Val, “ O contexto pode, realmente, de nir o sentido do discurso e, normalmente, orienta tanto a produção quando q recepção. Em determinadas circunstâncias, um texto menos coeso e aparentemente menos claro pode funcionar melhor, ser mais adequado do que outro de con guração mais completa”. (Costa Val, 1999, p.12). A situacionalidade diz respeito à pertinência e relevância entre o texto e o contexto onde ele ocorre, isto é, é a adequação do texto à situação sociocomunicativa. É o que diz Maria da Graça Costa Val, “ O contexto pode, realmente, de nir o sentido do discurso e, normalmente, orienta tanto a produção quando q recepção. Em determinadas circunstâncias, um texto menos coeso e aparentemente menos claro pode funcionar melhor, ser mais adequado do que outro de con guração mais completa”. (Costa Val, 1991, p.12). A informatividade refere-se ao interesse do recebedor, pois, depende do grau de informação, para existir o interesse do leitor. Entretanto, Val faz um alerta, se o texto permanecer com elementos muito inusitados, correrá o risco do leitor não conseguir processá-la, então, ca o alerta, de produzir um texto mediano de informatividade. Já o aspecto da intertextualidade é a capacidade de relacionar o texto com outros textos já produzidos, assim, a utilização de um texto, depende do conhecimento de outros textos que já circulam socialmente. Muitos textos só têm sentido quando relacionados a outros textos. O semântico-conceitual, de que depende sua coerência. A coerência do texto deriva de sua lógica interna, é o sentido do texto. A esse respeito menciona Costa Val: “ É considerada fator fundamental da textualidade, porque é responsável pelo sentido do texto. Envolve não só fatores lógicos e semânticos, mas também cognitivos na medida em que depende do partilhar de conhecimento entre os interlocutores.” (Costa Val, 1999, p. 05) Nessa perspectiva, um texto é considerado coerente quando partilhar informações também conhecidos pelo recebedor, isto é, conhecimentos que fazem parte da realidade de mundo desseleitor. Isso equivale a dizer que o texto não é pronto e acabado, mas vai adquirir sua complementação quando chega ao seu leitor. Assim, o leitor tem que deter de algumas informações para conseguir dá sentido ao texto. O formal, que diz respeito à sua coesão, que éa manifestação linguística da coerência. Mas ela não é condição nem suficiência de coerência. Ela é responsável pela unidade formal do texto, constrói-se através de mecanismos gramaticais e lexicais. Finalmente, no aspecto referente à articulação, a autora fala como os fatos e conceitos se encadeiam no texto, ou seja, se as ideias se articulam umas com as outras; isso acontece quando o produtor do texto faz comentários, no entanto, não articula esses comentários, deixando o recebedor, leitor com dificuldade de entendimento. Passemos ao estudo da Seção 4! 4 - Gramática do texto Retomemos nossos estudos a partir de uma citação sobre o que é texto. Vejamos: Texto é unidade linguística comunicativa fundamental, produto de uma atividade verbal humana, que possui sempre caráter social, está caracterizado por seu campo semântico e comunicativo, assim por sua coerência profunda e super cial, devida à intenção (comunicativa) do falante criar um texto íntegro, e à sua estruturação mediante os conjuntos de regras: as próprias de nível textual e as do sistema da língua.” (BERNÁRDEZ, 1982, p. 85). Note que nesta citação, percebemos que há uma expressão chamada de “unidade linguística”, pois bem! Esta se refere à unidade da língua e nela aos elementos que compõem a unidade discursiva. Nesse entrelaçamento linguístico, eis que temos os aspectos gramaticais de um texto, os quais precisam se organizar de uma forma harmoniosa para que a linguagem se efetive, ou seja, para que aquilo que se diz seja entendido de fato pelo receptor. Assim, nesse emaranhado linguístico, alguns aspectos gramaticais precisam ser entendidos para que possamos utilizá-los corretamente. Na aula anterior, vimos como a coesão é importante para amarrarmos as ideias umas às outras, pois bem, esses aspectos coesivos são gramaticais. Vejamos quais aspectos gramaticais estão contidos na coesão textual. Para tal, tomemos a divisão utilizada pelos autores da área, como por exemplo, a linguista Ingedore Villaça Koch: • Recursos gramaticais. • Recursos lexicais. Dentro da classificação dos recursos gramaticais há o emprego dos: • Pronomes pessoais, • Demonstrativos, • Possessivos, • Indefinidos, • Relativos, • Advérbios, • As desinências etc. Como recursos lexicais compreende-se as rotulações, as nominalizações, a hiponímia, sinonímia etc. Para saber mais, veja exemplos de análise da coesão textual nos sites: IPEU. Interpretação de textos. Disponível em: . Acesso em> 21 Agosto 2016. GRAUDEZ. Redação. Disponível em: . Acesso em: 21 agosto 2016. 173 Linguagem e Argumentação 54 Nesse sentido, é importante perceber que: Quanto aos recursos coesivos (ver revisão no nal do texto), consegui entendê-los, reconhecê- los e como o autor os usou. Para evitar a repetição de termos já explicados anteriormente ele usou pronomes: ‘ela’ ,’eles, ‘daquele’, ‘essas’, ‘nos quais’, ‘que’ (esses eu até anotei). Quando usou a expressão nos moldes daquele ele se referia ao exame da OAB (aquele que os advogados temem) - e esse nome nem estava no texto, embora havia uma dica - ‘exame para advogados’. Daí para deduzir que era a OAB, foi um passo! Então, é um texto coeso, enxuto? - Eu acho que sim. Passemos, agora, ao estudo da última seção de nossa disciplina, na qual construiremos conhecimentos sobre os elementos de ligação de um texto! 5 - Elementos de ligação de um texto Os elementos de ligação no que compete à compreensão do texto a ser emitido com sucesso necessitam de conectores que vão dar a harmonia como um todo. Segundo Pereira (2008, p.): As línguas dispõem de um conjunto de elementos de natureza gramatical diversa que ajudam a organizar as ideias de um texto. Os conectores discursivos (conjunções, das preposições, dos advérbios ou de locuções diversas) permitem organizar a estrutura temporal, encadeiam parágrafos ou frases dentro de um mesmo parágrafo e que, devidamente usados, ajudam o leitor a compreender o texto. Como afirma, Gold (2010, p.102-103) nos apresenta alguns apontamentos para a realização dos conectivos para estabelecer sentido coerente em suas ideias. Vejamos analise do exemplo abaixo: Ele escreve de forma clara e precisa. Todos gostam de seus relatórios. • Causa: como ele escreve de forma clara e precisa todos gostam de seus relatórios. • Consequência: Ele escreve de forma tão clara e precisa que todos gostam de seus relatórios. • Conclusão: Ele escreve de forma clara e precisa; todos gostam, portanto, de seus relatórios. Observe atentamente o quadro a seguir: Ideias Conectivos simples Conectivos compostos Causa Porque, pois, por, porquanto, dado, visto, como. Por causa de, devido a, em vista de, em virtude de, em face de, em razão de, já que, visto que, uma vez que, dado que. Consequência imprevista Tão, tal, tamanho, tanto...que De modo que, de forma que, de maneira que, de sorte que, tanto que Consequência Lógica Logo, portanto, pois, assim Assim sendo, por conseguinte Finalidade Para, porque Para que, a m de que, a m de, com o propósito de, com a intenção de, com o to de, com o intuito de Condição Se, caso, mediante, sem, salvo Contanto que, a não ser que, a menos que, exceto se Oposição branda Mas, porém, contudo, todavia, entretanto No entanto Oposição Embora, conquanto, muito embora Apesar de, a despeito de, não obstante, malgrado a, sem embargo de, se bem que, mesmo que, ainda que, em que pese, porto que, por mais que, por muito que Comparação Como, qual Do mesmo modo que, como se, assim como, tal como Tempo Quando, enquanto, apenas, ao, mal Logo que, antes que, depois que, desde que, cada vez que, todas as vezes que, sempre que, assim que Proporção À proporção que, à medida que Conformidade Conforme, segundo, consoante, como De acordo com, em conformidade com Alternância ou Nem...nem, ou...ou, ora...ora, quer... quer, seja...seja Adição E, nem Não só...mas também, tanto... como, não apenas... como Restrição Que Fonte: (Gold, 2010, p.102-103). Assim sendo, os elementos devem seguir uma lógica em sua construção, e as palavras bem direcionadas podem formar objetividade e clareza em seu contexto. Para finalizarmos a aula 7, a fim de exercitarmos nossos conhecimentos, sugerimos que pesquise o site referenciado a seguir que contém alguns exercícios com respostas sobre a gramática textual, ou seja, sobre a coesão: BRASIL ESCOLA. Exercícios sobre coesão e coerência. Disponível em: . Acesso em: 21 agosto 2016. Retomando a aula Parece que estamos indo bem! Então, para encerrar a primeira aula, vamos recordar os temas que foram abordados: 174 55 1 - Linguística Textual. Na primeira seção da Aula 7, vimos que a Linguística Textual trata da construção e dos elementos que compõem um texto, que é definido como uma situação comunicativa, seja escrita ou falada, ou ainda, se formos além e adentrarmos ao texto não verbal, podemos expandir essa ideia afirmando que o texto é uma situação comunicativa, também icônica e imagológica, entre outras formas não verbais. Vale salientar que a icônica está ligada a um texto produzido por meio de símbolos, como forma de representação, a imagológica está ligada à produção de texto através de imagens. Por uma questão metodológica, nesta aula abordaremos o texto escrito. 2 - O ato de escrever. Na segunda seção, vimos que ao escrever um texto é importante lembrar que esse para ser bem estruturado,precisa conter elementos que são necessários para sua formação, há que se pensar em o que escrever, ler sobre o assunto/tema, construir a introdução, o desenvolvimento e a conclusão, sempre tendo em mente que um tópico segue o outro, e, não se esquecer do título. É claro que essa sequência apresentada não é rígida, é apenas uma possibilidade de procedimento dentre tantas outras possibilidades existentes. 3 - Textualidade. Prosseguindo, na terceira seção vimos que a textualidade é construída a partir de elementos que fazem de um texto um texto, ou seja, da coerência e da coesão, dos fatores pragmáticos da textualidade, tais como: a continuidade, a progressão, a não contradição, a articulação. 4 - Gramática do texto. Na penúltima seção, entendemos que a “unidade linguística” de um texto se refere à unidade da língua e nela aos elementos que compõem a unidade discursiva. Nesse entrelaçamento linguístico, eis que temos os aspectos gramaticais de um texto, os quais precisam se organizar de uma forma harmoniosa para que a linguagem se efetive, ou seja, para que aquilo que se diz seja entendido de fato pelo receptor. Assim, nesse emaranhado linguístico, alguns aspectos gramaticais precisam ser entendidos para que possamos utilizá- los corretamente, conforme foi visto na seção 4. 5 - Elementos de ligação de um texto. As línguas dispõem de um conjunto de elementos de natureza gramatical diversa que ajudam a organizar as ideias de um texto. Os conectivos simples e compostos adequados para a organização das ideias (finalidade, oposição, causa, proporção, tempo, dentre outros) permitem organizar a estrutura temporal, encadeiam parágrafos ou frases dentro de um mesmo parágrafo e que, devidamente usados, ajudam o leitor a compreender o texto, conforme Gold (2010). Vale a pena CITELLI, A. O texto argumentativo. São Paulo: Scipione, 1994. ECO, Umberto; ANGONESE, Antonio (Tradutor). A busca da língua perfeita. Bauru: EDUSC, 2002. FÁVERO, Leonor. L. Coesão e coerência textuais. 3. ed. São Paulo: Editora Ática: 1995. KOCH, Ingedore G. Villaça; TRAVAGLIA, Luiz Carlos. A coerência textual. 12. ed. São Paulo: Contexto, 2001. ORLANDI, Eni Puccinelli. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. Campinas: Pontes, 1996. VAL, Maria da Graça Costa. Redação e textualidade. São Paulo: Martins Fontes, 1999. Vale a pena ler BRASIL ESCOLA. Exercícios sobre coesão e coerência. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. GRAUDEZ. Redação. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. IPEU. Interpretação de textos. Disponível em: . Acesso em> 20 jul. 2012. PORTAL DAS LETRAS. Artigos. Disponível em: . Acesso em 3 maio 2014. UNISUL. Linguagem. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. Vale a pena acessar Narradores de Javé. Meu pé esquerdo. Vale a pena assistir E então? Compreenderam o conteúdo da Aula 2? Entretanto, para se assegurarem quanto ao êxito da aprendizagem, é necessário colocar o que foi aprendido em prática, você concorda? Para tanto, é importante que acesse o ambiente virtual e realize as atividades proposta como avaliação continuada desta Aula e, em caso de dúvidas, consulte seus colegas de curso e seu professor por intermédio das ferramentas virtuais ou durante as aulas presenciais. 175 8ºAula Leitura argumentativa, gêneros textuais: resumo e resenha Ao final desta aula, vocês serão capazes de: • reconhecer como acontece a organização argumentativa de um texto; • entender, reconhecer e aplicar os elementos que introduzem os argumentos em um texto de ordem crítica. • compreender como se estruturam os gêneros resumo e resenha; • organizar de forma clara, coerente e concisa um resumo e uma resenha; • aplicar os conhecimentos adquiridos ao longo da disciplina. Objetivos de aprendizagem Caro(a) aluno(a), Vamos, agora, fechar nossos estudos estudando, esta aula a leitura, a argumentação, a resenha e o resumo! Caso tenha que estudar durante horas, sugerimos que planeje pausas regulares de descanso e distração. Em média, a cada 50 minutos de estudo, descanse 10 minutos. Aproveite este momento para se levantar, relaxar um pouco o corpo e a mente, ou mesmo para se divertir com alguma atividade que lhe cause satisfação. Isso certamente contribuirá para o melhor funcionamento das suas operações de pensamento (memória, atenção, classificação etc.) e, portanto, para a sua aprendizagem. Bons estudos! 177 Linguagem e Argumentação 58 1 - Ler e argumentar criticamente. 2 - Estratégias discursivas e argumentação. 3 - Resumo e Resenha 4 - Exemplos de documentos empresariais Seções de estudo Antes de iniciar nossos estudos, é importante saber que contextualizar um conteúdo signi ca situar uma ideia, um dado cientí co no tempo e no espaço, e mostrar a importância que isso ocupa na área do conhecimento e como pode ser aplicado no cotidiano da vida cotidiana. Além disso, é relacionar conhecimentos antigos com novos, a serem adquiridos, e transferir aprendizagem a novas situações. Portanto, não basta se informar; é preciso aprender efetivamente, justi cando e contextualizando as ideias para que o conhecimento seja gerado. Aproveite esta oportunidade nal para alcançarmos os objetivos almejados nesta disciplina. Bons estudos! Por que é importante sermos capazes de ler criticamente? E como as mais diversas leituras realizadas podem nos auxiliar a desenvolver essa competência? Como fazemos, já pararam para pensar, para interpretar fatos, atos? Que elementos linguísticos nos permitem fazer isso? Atenção A subjetividade é o mundo interno de todo e qualquer ser humano. Esse mundo interno é composto por emoções, sentimentos e pensamentos. 1 - Ler e argumentar criticamente. Inicialmente é importante salientar o ato de ler e argumentar, que seriam ações de extrema relevância para pensarmos em criticidade para a compreensão de textos. Assim: Argumentar é a arte de convencer e persuadir. Convencer é saber gerenciar informação, é falar à razão do outro, demonstrando, provando. Etimologicamente, signi ca vencer junto com o outro (com + vencer) e não contra o outro. Persuadir é saber gerenciar relação, é falar à emoção do outro. A origem dessa palavra está ligada à preposição per, ”por meio de” e a Suada, deusa romana da persuasão. Signi cava ”fazer algo por meio do auxílio divino”. Mas em que convencer se diferencia de persuadir? Convencer é construir algo no campo das ideias. Quando convencemos alguém, esse alguém passa a pensar como nós. Persuadir é construir no terreno das emoções, é sensibilizar o outro para agir. Quando persuadimos alguém, esse alguém realiza algo que desejamos que ele realize (ABREU, 2012, p.9). O ato de argumentação em conjunto com o convencer e persuadir leva a uma organização textual, por meio de ideias bem elaboradas. Além de, sabermos salientar que “somos nós que temos de nos adaptar às condições intelectuais e sociais daqueles que nos ouvem, e não o contrário” (ABREU, 2012, p.15); importante atentar-se a essa questão de linguagem e para quem vamos passar a mensagem. Precisamos “ler” o mundo não é mesmo? Mas lê-lo com um olhar crítico! Charaudeau (2006), afirma que a leitura do mundo, com o foco voltado à criticidade, é uma tarefa árdua, na medida em que para ser crítico, o leitor, por meio de um olhar subjetivo de avaliação, legitima, ou não, o que leu/viu e ao mesmo tempo aprecia os efeitos que os fatos analisados exercem sobrea vida humana. Mas o que é esse olhar subjetivo, essa subjetividade? Subjetividade é entendida como o espaço íntimo do indivíduo (mundo interno) com o qual ele se relaciona com o mundo social (mundo externo), resultando tanto em marcas singulares na formação do indivíduo quanto na construção de crenças e valores compartilhados na dimensão cultural que vão constituir a experiência histórica e coletiva dos grupos e populações. A psicologia social utiliza frequentemente esse conceito de subjetividade e seus derivados como formação da subjetividade ou subjetivação. Através da nossa subjetividade, construímos um espaço relacional, ou seja, nos relacionamos com o “outro”. Numa pesquisa fenomenológica, a subjetividade é expressa ou se mostra através dos sentimentos, emoções e desejos do depoente para uma descrição ou o sujeito da narrativa. O que ocorrerá é que: quando fazemos análises críticas, usamos nossa subjetividade, damos nossa opinião, cada um de nós, a nossa maneira, expomos a apreciação de um fato ou um comportamento X. Dessa forma, a presença da interdiscursividade (vozes de outros que permeiam o texto, mas não de forma explícita) se instala, constitui as avaliações distintas feitas de um e outro leitor sobre determinado episódio. Como a rma Maingueneau (apud Koch, 2001), um discurso não nasce de maneira inocente, ele nasce a partir de algo “já-dito”, com propósitos já delimitados, logo, quando opinamos, analisamos criticamente determinada questão, queremos que nossa opinião tenha/surta efeito de verdade, esse efeito em determinado discurso se corpori ca porque se une a outras opiniões, de outras pessoas. O que temos então? Temos uma situação de comunicação X, em que o lugar de onde falamos, a autoridade que temos como “falantes” e as diferentes perspectivas dos nossos dizeres produzem sentido(s), criam “ilusões de realidade” e para tanto a polifonia e a intertextualidade são extremamente importantes, como verão. 1.1 - Polifonia e Intertextualidade O termo polifonia indica as diversas vozes responsáveis pelas diferentes formas de pensar, pelos diferentes pontos de vista ou diferentes posições ideológicas que compõem algum enunciado, em determinado local/espaço enunciativo. Já a intertextualidade, em sentido limitado, pode ser vista como a relação que um texto mantém com outros, pré-existentes. Nesse caso a fonte pode estar explicitamente 178 59 Não há encaixamento/coincidência absoluta entre esses dois conceitos? O que temos é o conceito de polifonia sendo mais extensos que o de intertextualidade, ou seja, toda situação de intertextualidade é uma situação de polifonia, não sendo verdadeira a a rmativa contrária de que toda situação de polifonia seja uma situação de intertextualidade, pois há casos de polifonia que não podem ser vistos como manifestações de intertextualidade. Você Sabia? O texto é, então, uma tessitura de signos para servir de mensagem, de unidade de comunicação. 2 - Estratégias discursivas e argumentação. posta no texto, com citação de fonte, inclusive, ou tratar- se de textos anteriormente produzidos que devem ser percebidos e reconstruídos pela lembrança do interlocutor (o que “conversa” com outro) para que os sentidos possam se estabelecer. 1.2 - Pressuposição Pressuposição é aquele conteúdo, por assim dizer, que fica à margem da discussão, é o conteúdo implícito (que fica escondido). O locutor/produtor compartilha o conteúdo pressuposto com seu interlocutor/leitor, com outros, e, às vezes com todos de uma comunicação X. Por exemplo, podemos citar um fato e a partir do mesmo, obtermos várias pressuposições acerca do assunto inicial, sendo implícita ou explícita. Vejamos: O estagiário entregou vários relatórios, sendo que, a maioria ocorreu no mês de junho. Contudo, a mensagem pode vir oculta ou mesmo subentendida nas entre linhas, para que o receptor possa tirar as suas próprias conclusões mediante ao texto apresentado. Não podemos simplesmente receber a mensagem e não refletirmos criticamente sobre ela, mas elencarmos e sinalizarmos de que maneira isso teria uma relevância e significado coerente. Observamos a tirinha abaixo: Fonte, disponível em: http://multieverso.blogspot.com.br/2012/04/verbos-e- ex- pressoes-que-acionam.html 1.3 - Argumentação por autoridade Nesse caso, usamos a “voz” de outro (e outro que goze de prestígio) para referendar o que pensamos, ou seja, uma argumentação por autoridade tem base na opinião de quem entende do assunto, de uma autoridade. Nele fazemos uso da “lição” de pessoa conhecida e reconhecida em determinada área ou determinado assunto para corroborar com a tese/ ideia que nos propusemos a defender. Vejamos o exemplo que Trouche (2006, p. 149) nos cede: A relação financeira entre o publicitário e o PT foi revelada pela revista Veja econfirmada ontem pelo presidente nacional do partido, José Genoino. A reportagemrelata ter tido acesso a documentos bancários dos arquivos do Banco Central.Marcos Valério afirmava, até então, que sua ligação com o partido se resumia àamizade com o tesoureiro Delúbio Soares e à participação de duas agências depublicidade das quais é sócio em campanhas eleitorais do PT. JB, A4, 3/7/2005. No exemplo há uma “voz” que fala de um lugar de autoridade para “concordar”, “afirmar” sobre algo. Caros alunos, vimos até agora que analisar um texto de forma crítica, não alienada, exige um trabalho contínuo, ao longo de nossas vidas, pois ler é um ato de confronto, de enfrentamento em que nossos conhecimentos, todos eles, são postos em foco. Os textos que nos cercam têm função importante na construção de nossa criticidade, para tanto, temos, obrigatoriamente, que nos abrirmos a eles. Seguindo com nossa aula, abordaremos as estratégias discursivas de um texto, contempladas na seção 2! Conforme palavras de Lúcia Santaella (1996, p. 35), “toda linguagem é ideológica porque, ao refletir a realidade, ela necessariamente a refrata”. Ou seja, atrás de todo ato comunicativo há persuasão. Assim, retomando o conceito de texto já trabalhado nesta disciplina muitas vezes, temos que a unidade de comunicação não é o signo, a palavra ou o traço, mas a organização deles numa matéria significante, como o texto. O signo só é ele mesmo dentro de uma cadeia organizada em texto e é através da organização dessa cadeia de signos que a mensagem se realiza. Assim, o discurso, categoria conceptual, que usamos para afirmar que o texto é uma fala, uma narrativa, que tem uma dimensão intersubjetiva. É através do termo discurso que designamos a relação de interação entre EU-TU e, por ter estes sujeitos implicados em si, o discurso é um texto tecido de sentidos. Tudobematéaqui. Imaginamosquesim,portantocontinuemos: Para Koch (1992), as relações discursivas que se estabelecem entre enunciado (e discurso) e enunciação denominam-se ideológicas ou argumentativas. Assim, podemos dizer que as relações argumentativas implicam na apresentação de explicações, justificativas e razões relativas aos atos de enunciação anteriores. Nesse contexto de organização de um discurso ideológico (argumentativo, Ducrot (1987) traz, em seu livro “O dizer e o dito”, as categorias da argumentação: a. Classe argumentativa: constituída de um conjunto de enunciados que podem igualmente servir de argumento para uma mesma conclusão. Todos os argumentos têm o mesmo peso para levar o alocutário a concluir. São argumentos causais das ações enunciadas. b. Escala argumentativa: categoria usada para classificar os enunciados de acordo com sua força no discurso. 179 Linguagem e Argumentação 60 Saber Mais Para ampliar seus conhecimentos, sugerimos que acesse o site referenciado a seguir: GOOGLE. Produção e textos e operadores argumentativos. Disponível em: . Acesso em: agosto de 2016. Passemos, agora, ao estudo da Seção 3! Você Sabia? O resumo deve exprimir,em estilo objetivo, os elementos essenciais do texto. Por isso não cabem, num resumo, comentários ou julgamentos ao que está sendo condensado. Curiosidade O objeto resenhado pode ser um acontecimento qualquer da realidade (um jogo de futebol, uma comemoração solene, uma feira de livros) ou textos e obras culturais (um romance, uma peça de teatro, um lme, entre outros). 3 - Resumo e Resenha Resumo é uma condensação fiel das ideias ou dos fatos contidos no texto. Resumir um texto significa reduzi-lo ao seu esqueleto essencial sem perder de vista três elementos: a. cada uma das partes essenciais do texto; b. a progressão em que elas se sucedem; c. a correlação que o texto estabelece entre cada uma dessas partes. O resumo, então, é uma redução do texto original, procurando captar suas ideias essenciais, na progressão e no encadeamento em que aparecem no texto. Para elaborar um bom resumo, é necessário compreender antes o conteúdo global do texto. Não é possível ir resumindo à medida que se vai fazendo a primeira leitura. É evidente que o grau de dificuldade para resumir um texto depende basicamente de dois fatores: da complexidade do próprio texto e da competência do leitor. Platão e Fiorin (2002), aconselham que, para fazer um bom resumo, é necessário: a. Ler uma vez o texto ininterruptamente, do começo ao fim. b. Realizar uma segunda leitura é sempre necessária. Mas esta, com interrupções, com o lápis na mão, para compreender melhor o significado das palavras difíceis. c. tentar fazer uma segmentação do texto em blocos de ideias que tenham alguma unidade de significação. d. Fazer a redação final com suas palavras (não copiar pedaços do texto), procurando não só condensar os segmentos, mas encadeá-los na progressão em que se sucedem no texto e estabelecer as relações entre eles. Já vimos como fazer um resumo. Vamos, portanto, a aprender a como fazer uma resenha. 3.1 - Resenha Resenhar significa fazer uma relação das propriedades de um objeto, enumerar cuidadosamente seus aspectos relevantes e descrever as circunstâncias que o envolvem. A resenha, como qualquer modalidade de discurso descritivo, nunca pode ser completa e exaustiva, já que são infinitas as propriedades e circunstâncias que envolvem o objeto descrito. Finalmente, ressalva-se que o resenhador deve proceder seletivamente, filtrando apenas os aspectos pertinentes do objeto, isto é, apenas aquilo que é funcional em vista de uma intenção previamente definida. 4 - Exemplos de documentos empresariais 4.1 - Correspondências empresariais As correspondências empresariais veem sendo renovadas tanto no seu estilo como em sua linguagem, para que se adequem a realidade de cada tramitação de informações. Essa correspondência empresarial perpassa além da simples comunicação, e sim, vai ser um instrumento de marketing, mediante seu público alvo. Vejamos: CONTROLE CORRESPONDÊNCIA EMPRESARIAL INFORMAÇÃO MARKETING FONTE: CORRESPONDÊNCIA EMPRESARIAL (GOLD, 2010, P.162). Dessa forma, as informações a serem apresentadas em seu contexto visam um estilo de linguagem, as disposição dos elementos e a importância da transmissão de sua mensagem/ informação. Afirma, Gold (2010) a correspondência empresarial desde 1980 - 2010 vem sofrendo mudanças para a melhor recepção das informações. No estilo do vocabulário passa de sofisticado a ser mais objetivo e com clareza; e o meio de transmissão de carta, agora se viabiliza o trabalho via e-mail. Sendo esse último recurso o mais moderno e eficaz de transmitir com rapidez a informação almejada, mas é importante atentar-se que a linguagem para esse meio depende do destinatário e do assunto a ser discorrido no texto. O e-mail por sua vez pode ser mais formal ou informal dependendo de sua linguagem e quem vai ser o destinatário. Podemos observar alguns exemplos: Exemplo 1: Pessoal, Estou confirmando nossa reunião de quinta-feira, às 14 horas. Não se atrasem, pois temos vários assuntos para analisar. Vocês estão sabendo que as conclusões deverão ser apresentadas à diretoria na próxima segunda- feira, portanto, tragam já os assuntos estudados. Um abraço, Teresa Exemplo 2: Equipe, Estou confirmando nossa reunião de quinta-feira, às 14 horas. Solicito que não se atrasem, pois temos vários assuntos para analisar. Como as conclusões serão apresentadas a diretoria na próxima segunda- feira, tragam os assuntos já estudados. Atenciosamente. Teresa 180 61 Dessa maneira, podemos atentar que a linguagem e a preocupação com os recursos estudados tanto de coerência, coesão e gramaticais farão com que a mensagem chega com clareza, podendo ser formal e/ou informal. Assim, no meio de comunicação trabalhamos com vários meios de linguagem, e também levando em conta se estamos em uma empresa, escritório, instituição, dentre outros órgãos buscamos uma linguagem que se coerente. No meio empresarial ainda temos exemplos de ofício uma correspondência oficial, memorando oficial entre unidades administrativas. Além de, outros documentos administrativos que são necessários para o dia a dia profissional, como: acordo, ata, atestado, declaração, convocação, requerimento, etc. Elementos esses que devemos observar as suas formalidades para que seja direcionada corretamente em seu contexto. Para finalizar um exemplo de requerimento: Retomando a aula E então, entendeu direitinho o conteúdo? Ficou com alguma dúvida? Em caso a rmativo, acesse o ambiente virtual e utilize as ferramentas indicadas para interagir com seus colegas de curso e com seu professor. Participe! A nal, você é o protagonista de sua aprendizagem! 1 - Ler e argumentar criticamente. Na seção inicial vimos que precisamos “ler” o mundo! Mas lê-lo com um olhar crítico! Entendemos, ainda, seguindo as ideias de Charaudeau (2006) que a leitura do mundo, com o foco voltado à criticidade, é uma tarefa árdua, na medida em que para ser crítico, o leitor, por meio de um olhar subjetivo de avaliação, legitima, ou não, o que leu/viu e ao mesmo tempo aprecia os efeitos que os fatos analisados exercem sobre a vida humana. 2 - Estratégias discursivas e argumentação. Na seção 2, aprendemos que, de acordo com as palavras de Lúcia Santaella (1996, p. 35), “toda linguagem é ideológica porque, ao refletir a realidade, ela necessariamente a refrata”. Ou seja, atrás de todo ato comunicativo há persuasão. Assim, retomamos o conceito de texto já trabalhado nesta disciplina muitas vezes, temos que a unidade de comunicação não é o signo, a palavra ou o traço, mas a organização deles numa matéria significante, como o texto. O signo só é ele mesmo dentro de uma cadeia organizada em texto e é através da organização dessa cadeia de signos que a mensagem se realiza. 3 - Resumo e Resenha. Na terceira seção, entendemos que o resumo é uma redução do texto original, procurando captar suas ideias essenciais, na progressão e no encadeamento em que aparecem no texto. Finalmente, na quarta seção vimos brevemente que a resenha significa fazer uma relação das propriedades de um objeto, enumerar cuidadosamente seus aspectos relevantes e descrever as circunstâncias que o envolvem. 4 - Exemplos de documentos empresariais Na quarta seção, percebemos vários exemplos de documentos e suas formas corretas e incorretas de trabalhar cada um deles. E como a sua forma de linguagem se viabilizam conforme a quem será destinado o receptor de cada mensagem, e assim, as normas gramaticais são de grande relevância para que a informação chegue da melhor forma possível, independente se for a uma instituição, órgão público ou particular. Em sites de busca, você pode localizar mais informações sobre os temas estudados nesta aula. Desse modo, sugerimos que realize pesquisas e procure veri car a consistência dos sites pesquisados e das informações neles disponibilizadas, antes de considerá-las como verdadeiras. Lembre-se de que uma simples pesquisa realizada de forma crítica pode ser uma ótimaferramenta de aprendizagem e trabalho! Vale a pena ABREU, A. S. A arte de argumentar: gerenciando razão e emoção. 5. ed. São Paulo : Ateliê Editorial, 2002. ECO, Umberto; ANGONESE, Antonio (Tradutor). A busca da língua perfeita. Bauru: EDUSC, 2002. KOCH, Ingedore G. V. Desvendando os segredos do texto. São Paulo: Cortez, 2002. _____; TRAVAGLIA, Luiz Carlos (Colaborador). A coerência textual. Editora Contexto, 2001. MACHADO, Anna Rachel (Org.). Planejar gêneros acadêmicos. São Paulo: Parábola Editorial, 2005. _____(Org.). Resenha. São Paulo: Parábola Editorial, 2004. ORLANDI, Eni Puccinelli. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. Campinas: Pontes, 1996. Vale a pena ler 181 Linguagem e Argumentação 62 Referências ABREU, Antônio Suárez. Arte de Argumentar Gerenciando Razão e Emoção. São Paulo: Ateliê Editorial, 2012. ANDRADE, Carlos Drummond de. Procura da poesia. In: Antologia poética. 7 ed. Rio de Janeiro: Edições Sabiá, 1973. ANSCOMBRE, J.C. e DUCROT, O. L’argumentation dans la langue. Bruxelas: Mardaga, 1983. BAKHTIN, Mikhail (Volochínov). Marxismo e filosofia da linguagem. Tradução de Michel Lahud e Yara Frateschi Vieira. 2. ed. São Paulo: Editora Hucitec, 1981. BAUDELAIRE, Charles. Art romantique (Estudo sobre Delacroix). In: RAYMOND, Marcel. De Baudelaire ao surrealismo. Tradução de Fúlvia M. L. Moretto e Gaucira Marcondes Machado. São Paulo: Edusp, 1997. BERNÁRDEZ, Enrique. Introdución a la lingüística del texto. Madrid: Espasa-Calpe, 1982. BORGES, Jorge Luis. A prosa de Silvina Ocampo. Folha de São Paulo, São Paulo, 27 de abril de 1986. BORGES, Jorge Luis. Obras completas. 3. Tomo. Buenos Aires: Emecé Editores, 1994. CAGLIARI, Luiz Carlos. Alfabetização e Lingüística. São Paulo: Scipione, 1990. CALVINO, Ítalo. As cidades invisíveis. Tradução de Diogo Mainardi. São Paulo: Companhia das Letras, 1990. CHARAUDEAU, P. Grammaire du sens et de l’expression. Paris: Hachette, 1992. COLERIDGE, Samuel Taylor. Biographia literária. In: STAUFFER, Donald A. (ed.) Selected poetry and prose of Coleridge. New York: Random House, 1951. DOLCI, Danilo. Quali diversi silenzi possono existire? In: Chissà se i Pesci Paiangono - Documentazione di um’experienza educativa. Torino: Einaudi, 1973. DUCROT, O. O dizer e o dito. Tradução de Eduardo Guimarães. Campinas: Pontes, 1987. EDO, Umberto. La ricerca della lingua perfettra nella cultura eurpea. Roma-Brasil: Editori Laterza, 1996. FÁVERO, Leonor L.; KOCH, Ingedore G. V. Línguística textual: uma introdução.São Paulo: Cortez, 1994. Freire, Paulo. A importância do ato de ler. 29ª ed. –São Paulo, Cortez, 1.994. Geraldi, J.W.(org.) O texto na sala de aula. 3ª ed. São Paulo, Ática, 2002. GOLD, Miriam. Redação Empresarial. 4º Edição. São Paulo: Pearson Prentice Hall, 2010. GOUVÊA, L.H.M. Perspectivas argumentativas pela concessão em sentenças judiciais. Tese de doutorado. Rio de Janeiro: UFRJ, 2002. GUIMARÃES, E. Texto e argumentação. Um estudo de conjunções do português. Campinas: Pontes, 1987. INFANTE, Ulisses. Gramática de Língua Portuguesa. Scipione. São Paulo: 1996 JAKOBSON, Roman. Arte verbal, signo verbal, tiempo verbal. Tradução de Mônica Mansour. México: Fondo de Cultura Econômica, 1992, p. 181. JAKOBSON, Roman. Uma generazione che há dissipato i suoi poeti (Il Problema Maiakobski). Tradução de Vitorio Strada. Troino: Giulio Einaud Editori, 1975. KAFKA, Franz. O brasão da cidade. Tradução de Modesto Carone. Folha de São Paulo, São Paulo, 2 de janeiro de 1993. Kleiman, A. Oficina de Leitura: Teoria e prática. Campinas, Pontes, 1993. KOCH, I.V. A inter-ação pela linguagem. São Paulo: Contexto, 1997. KOCH, Ingedore G. Villaça. Operadores Argumentativos.In: Inter Ação Pela Linguagem. São Paulo: Contexto, 1997. KOCH, Ingedore; TRAVAGLIA, Luiz C. Texto e coerência. São Paulo: Cortez, 1992. MARCUSCHI, Luiz A. Linguística textual: o que é e como se faz. Recife, UFPE. Séries DEBATES.V1, 1983. MÁRQUEZ, Gabriel Garcia. Cem anos de solidão. 20. ed. Tradução de Eliane Zagury. Rio de Janeiro: Editora Record, s/d. MARX, Karl; ENGELS, Friedrich. La ideologia alemana. Tradução de Wenceslao Roces. Montevideo: Ediciones Pueblos Unidos, 1958. OLIVEIRA, Mary. A importância das habilidades para a compreensão leitora. Disponível em http://www.webartigos. com/artigos/a-importancia-das-habilidades-para-a- compreensao-leitora/7440/. Acesso em: 14 jul. 2012. Orlandi E. P. Interpretação: autoria, leitura e efeitos do trabalho simbólico. Petrópolis: Vozes, 1.996. Orlandi, E.P. Discurso e Leitura. 7ª ed. São Paulo: Cortez, 2006. PASOLINI, Píer Paolo. Os jovens infelizes (Antologia de ensaios corsários). Organização de Michel Lahud. Tradução de Michel Lahud e Maria Betânia Amoroso. São Paulo: Editora Brasiliense, 1990. PEREIRA, Rui Abel. Gramática do texto. 2008. Acessado em 15 de julho de 2012, às 20 horas. ACD-UFRJ. Intertextualidade. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. FCSH. Argumentação. Disponível em: . Acesso em 3 maio 2014. GOOGLE. Produção e textos e operadores argumentaivos. Disponível em: . Acesso em: 23 jul. 2012. PUC-RS. Intertextualidade. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. Vale a pena acessar As duas faces de um crime. O advogado do diabo. YOU TUBE. Aula de português aprenda como se faz uma resenha critica e a resumir um texto. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. Vale a pena assistir 182ou mundial. Algumas expressões tornam-se emblemáticas e aparecem como momentos marcantes da dinâmica das sociedades e dos dilemas do pensamento. Estas são algumas: Novo Mundo, Ocidente, Oriente, África, Mercantilismo, Globalismo, Você se lembra da linguagem não verbal? Tente pensar em exemplos deste tipo de linguagem... Lembrou? Caso tenha di culdade, sugerimos que pesquise sobre este tema no site de busca de sua preferência. Com os conhecimentos que está adquirindo, cada vez mais você se torna capaz de superar o senso comum sobre as informações disponibilizadas nos diferentes meios de comunicação e utilizá-las como fontes de pesquisa, sempre que considerar que se tratam de conhecimentos úteis! Durante a leitura do artigo, procure anotar re exões pessoais, dúvidas e comentários sobre os conhecimentos construídos. Com isso, cará mais fácil e certamente você terá maior êxito na realização das atividades referentes a esta aula. Saiba mais Amplie seus conhecimentos sobre língua e sociedade! Para tanto, leia o artigo referenciado a seguir: SOARES, Magda de. Língua escrita, sociedade e cultura: relações, dimensões e perspectivas. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. 130 11 Nacionalismo, Tribalismo, Trabalho Escravo, Trabalho Livre, Escravo e Senhor, Alienação e Revolução. E estas podem ser outras: Palavras, palavras, palavras. Penso, logo existo. Imperativo categórico. Quando as sombras da noite começam a cair é que levanta voo o pássaro de Minerva. Tudo que é sólido desmancha no ar. Sobre as ponderações do autor, reiteramos que a linguagem é social, uma vez que, por meio dela interagimos com o mundo; disso, decorre a sua importância e a do seu ensino para as novas gerações, como ele mesmo afirma: No curso do século XX, outra vez acentuam- se e generalizam-se as preocupações com a linguagem, envolvendo novos problemas; além dos anteriores, recolocados em novos termos. Em uma fórmula mais ou menos sacramentada, esse é o século em que se dá o “giro linguístico”, tal a importância e a in uência dos problemas de linguagem, com os quais se defrontam a loso a, a literatura e as ciências sociais. O autor ainda chama a atenção para as dimensões histórico-sociais e civilizatórias da sociedade: Quando se multiplicam as controvérsias, povoadas não só de interrogações, mas também de perspectivas inesperadas e inovadoras, muitos são levados a debruçar- se sobre as implicações histórico-sociais e civilizatórias da linguagem. Trata-se de re etir sobre os segredos da língua e dialeto, signo, símbolo e emblema, metáfora e conceito, texto e contexto, mímesis, narrativa e metanarrativa, tradução e transculturação, língua nacional e língua global. Outra vez, recoloca-se o desa o de re etir sobre as condições e as possibilidades do contraponto linguagem e sociedade. Nesse sentido, a língua é entendida como produto e condição da vida social: Em todas as con gurações histórico- sociais de vida, trabalho e cultura, a língua revela- se produto e condição das formas de sociabilidade e dos jogos das forças sociais. Tanto no nacionalismo e tribalismo, como no mercantilismo, colonialismo, imperialismo e globalismo, os signos e os signi cados, as guras e as gurações da linguagem revelam- se constitutivas da realidade, das condições e possibilidades socioculturais e político- econômicas de indivíduos e coletividades. E a língua que se constitui como patamar da história, o sistema de signos por meio do qual se pronunciam o presente, o passado e o futuro, a história e a geogra a, as tradições e as premonições, os santos e os heróis, as façanhas e as derrotas, os monumentos e as ruínas. Note que o autor entende a cultura como o universo em que a língua se constitui ao passo em que a língua entra decisivamente na constituição da cultura. Ademais, cabe lembrar que o que distingue o ser humano é que ele pensa, mentaliza, fabula ou mitifica a sua atividade, real e imaginária, presente, passada e futura. A sua atividade social, em âmbito individual e coletivo, está sempre expressa em signos, símbolos e emblemas, compreendendo narrativas orais, escritas, pensadas e imaginadas. Portanto, o pensamento é ele também produto e condição da linguagem, assim como das outras formas culturais. Também se constitui no mesmo curso da práxis social, quando as atividades se objetivam, cristalizam, tencionam ou explodem em criações culturais. A língua é uma dessas explosões, sem a qual o mundo se revela carente de nome, conceito, inteligência, explicação, fantasia e mito. Isso nos leva a concluir que a linguagem possibilita a todos nós, indiscriminadamente, sermos seres históricos! Outra questão tratada pelo autor refere-se aos silêncios, sobre isso ele afirma que: No mundo há muitos silêncios. [...] O silêncio da solidão, do medo, da dor, da raiva, da tristeza, da melancolia. Os silêncios que existem podem ser in nitos, como os silêncios extremos de quem está fechado em si mesmo e o silêncio do amor. [...] Sim, a própria palavra está em silêncio, antes de trans gurar-se em pensamento ou imaginação, sentimento ou ação, entendimento ou compreensão, utopia ou nostalgia. E como se estivesse erma de forma e movimento, som e sentido. Aguarda, em silêncio, o esclarecimento, a revelação, o deslumbramento. Sobre a palavra, o autor ainda afirma que: O mistério da palavra, assim como da narrativa, esconde-se tanto no autor como no leitor, da mesma forma que no texto e no contexto. Suspensas no ar, vistas em si, a palavra e a narrativa resultam abstratas. Permitem muitos jogos de linguagens, podem ser colocadas em diferentes arranjos, desdobram-se em signos, ou ícones, índices e símbolos, como em um caleidoscópio sem m. Há um momento, no entanto, em que se revelam vazias, ermas de som e sentido. Sejam quais forem as palavras, metáforas e conceitos, ou guras e gurações, em narrativas literárias, cientí cas e losó cas, o seu mistério sempre carece de alguma referência. Todas as narrativas, com as suas guras e gurações, ressoam alguma forma de vivência, que pode ser presente, passada ou futura, individual ou coletiva, real ou imaginária. São sempre partes constitutivas do pensamento e da realidade, dos sentimentos e das fantasias. O mistério e o milagre da narrativa sempre levam consigo algo ou muito da experiência, próxima ou remota, real ou imaginária, própria ou vicária. No limite, é na experiência que se escondem algumas das possibilidades do pensamento e do sentimento, da compreensão e da explicação, da intuição e da fabulação, que se trans guram, exorcizam, sublimam, clari cam ou enlouquecem em palavras e narrativas. 131 Linguagem e Argumentação 12 Ao tratar sobre a palavra e seus desdobramentos, somos levados a reconhecer algumas metamorfoses da língua, lembrando que, como afirma o autor: De quando em quando, na história e na lenda dos povos e civilizações, embaralham- se as línguas e as linguagens, os signos, os símbolos e os emblemas, os conceitos e as metáforas. Confundem-se as estações, os dias e as noites, o futuro e o passado, a utopia e a nostalgia. Quando se abalam os quadros sociais e mentais de referência, embaralham- se os territórios e as fronteiras, as nações e as nacionalidades, as línguas e as religiões, as culturas e as civilizações. Um exemplo histórico icônico desse embaralhamento é a famosa histórica bíblica da Torre de Babel, a qual representou um cenário no qual proliferam as linguagens de todos os tipos. Segundo o autor: Desde Babel constrói-se a imensa biblioteca que constitui o mundo do pensamento e da fantasia, da realidade e imaginação, da compreensão e explicação, da utopia, nostalgia e escatologia, como arte, ciência e loso a. Retomando a história da humanidade vemos que desde meados do século XX, não podemos concluir esta reflexão sem tratar das linguagens eletrônicas, informáticas,internéticas, virtuais ou pós-modernas que atualmente multiplicam-se e predominam. Para Re etir sobre o que é uma palavra, vejamos um trecho do poema Procura da poesia de Carlos Drummond de Andrade: Penetra surdamente no reino das palavras. Lá estão os poemas que esperam ser escritos. Estão paralisados, mas não há desespero, há calma e frescura na superfície intata. Ei-los sós e mudos, em estado de dicionário. Convive com teus poemas, antes de escrevê- los. Tem paciência, se obscuros. Calma, se te provocam. Espera que cada um se realize e consuma com seu poder de palavra e seu poder de silêncio. (...) Chega mais perto e contempla as palavras. Cada uma tem mil faces secretas sob a face neutra e te pergunta, sem interesse pela resposta pobre ou terrível, que lhe deres: Trouxeste a chave? Repara: ermas de melodia e conceito, elas se refugiaram na noite, as palavras (ANDRADE, 1973, p. 196- 198). Para sedimentar sua aprendizagem, sugerimos que procure re etir e anote suas intepretações sobre o poema! E aqui chamamos, em especial, a atenção de você universitário(a) que cursa ENGENHARIA DE PRODUÇAO , pois as linguagens eletrônicas fazem e farão parte indissociável de seu dia dia ,tanto quanto acadêmico(a) , quanto quando estiver exercendo sua profissão e , com o intuito de já ir conduzindo-o(a) a esse mundo maravilhoso das linguagens eletrônicas sugerimos que dirija-se à ferramenta “ARQUIVOS”, em nossa plataforma UNIGRANET e proceda à leitura de um artigo científico intitulado “As tecnologias de comunicação e informação na escola; relações possíveis... relações construídas”, nesse texto o objetivo maior é tratar acerca das relações entre a ação educativa escolar e as tecnologias. Continuemos nossas leituras... Em poucas décadas, todas as formas de literalidade e oralidade, compreendendo a aula, o discurso do poder, a conversação, o entretenimento, a comunicação, a informação, a mídia, o livro, a revista, o jornal são desafiadas pela imagem, o videoclipe, o hipertexto, o cibertexto, a multimídia. Em pouco tempo, a palavra, enquanto signo da modernidade, é recoberta pela imagem, enquanto signo da pós-modernidade. Podemos afirmar ainda que, em larga medida, as linguagens eletrônicas, informáticas e cibernéticas são linguagens técnicas, instrumentais, pragmáticas. Têm sido mobilizadas no âmbito de organizações públicas e privadas, nacionais, regionais e mundiais, de modo a propiciar a operação, expansão e gestão de empreendimentos econômicos, financeiros, militares, políticos, culturais, religiosos, museus e outros. Aqui é possível deduzir que esse pode ser o cenário no qual se instala e difunde a crise da palavra. Juntamente com a transformação dos quadros sociais e mentais de referência, no âmbito da vasta ruptura histórica em curso no século XXI, instala-se e generaliza-se a crise da palavra. Em poucas décadas, predominam a realidade virtual, o videoclipe, o hipertexto, o ciberespaço, a inteligência artificial, a estética eletrônica e outras realizações eletrônicas, informáticas e cibernéticas. Finalmente, sobre linguagem, sociedade e interação humana talvez se possa afirmar que as diversas disciplinas e teorias empenhadas em elucidar os segredos da linguagem buscam, em última instância, decifrar o mistério de Babel, como alegoria, mito, ilusão ou alucinação. Babel está sempre à espreita, em tudo o que se diz e escreve, pensa e imagina, compreende e explica, sonha e fantasia. Impregna mais ou menos profundamente as formas de sociabilidade e os jogos das forças sociais, ou seja, as configurações histórico-sociais de vida, trabalho e cultura. Segundo Junior (1984), essa linguagem é o sistema indispensável da criação e do significado no mundo. A visão de mundo está vinculada ao conhecimento que cada indivíduo possui para ampliar seus horizontes no período de sua vida. Essa linguagem nos possibilita uma autorreflexão sobre questões de vivência particular a todo o momento. A linguagem seria um A linguagem continua a participar decisivamente da constituição das coisas, gentes e ideias. Revela-se produto e condição das formas de sociabilidade e dos jogos das forças sociais, constituindo-se como componente essencial das con gurações histórico-sociais de vida, trabalho e cultura. 132 13 efetivamente, um produto social e é condição da sociedade interativa. Para fechar, entendemos que as leituras que realizamos podem nos conduzir às reflexões profundas que nos permitem “ler o mundo” que nos cerca. A linguagem faz com que todo o processo tecido ,via compreensibilidade, conduzido e seja revisto de forma coerente. Vale a pena ORLANDI, Eni Puccinelli. A linguagem e seu funcionamento: as formas do discurso. Campinas: Pontes, 1996. ECO, Umberto; ANGONESE, Antonio (Tradutor). A busca da língua perfeita. Bauru: EDUSC, 2002. KOCH, Ingedore G. Villaça; TRAVAGLIA, Luiz Carlos (Colaborador). A coerência textual. Editora Contexto, 2001. Vale a pena ler BINDI, L. F. Escrita e alfabeto. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. PARTES.COM. Teoria, signo e reflexão. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. SEMIÓTICA BLOGSPOT. Como se definem os signos. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. UNISUL. Linguagem. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. Vale a pena acessar Nell A guerra do fogo Vale a pena assistir ALembre-se de que, em caso de dúvidas, acessem as ferramentas “Fórum” ou “Quadro de avisos” para se comunicar com o(a) professor(a) e ou com seus colegas! olhar sobre o mundo refletido através das particularidades em que cada indivíduo pode perceber diante de qualquer fato da nossa vida. Assim, se dá a multiplicidade de narrativas sobre os mais diversos aspectos da linguagem se inserem, nas quais se empenham a linguística, a teoria literária, a filosofia da linguagem, a sociolinguística, a etnolinguística, a semiótica e a desconstrução. Em todos os casos está em causa o esclarecimento, a compreensão, a revelação ou o encantamento, talvez essenciais à existência e à imaginação de uns e outros, em todo o mundo. 1 - Breve reflexão sobre comunicação. Na primeira seção da Aula 1 tivemos a oportunidade de iniciar nossas reflexões sobre a comunicação, cujos pensamentos nos prepararam para iniciar o estudo efetivo dos atos comunicativos que seguem nas demais seções, uma vez nos conduz ao entendimento de como estamos ligados aos atos comunicativos desde o nosso nascimento e de que os mesmos se estendem por nossa vida toda . 2 - Processo de comunicação: um panorama teórico. Na segunda seção estudamos a língua, a qual podemos entender como um conjunto de signos sociais o qual o ser humano utiliza para a comunicação, para a troca de ideias, para tecer argumentação ,para dialogar ,entre outras funções. Vimos também a linguagem como a utilização da língua, a qual pode ser: a) Linguagem falada. b) Linguagem não verbal. c) Linguagem escrita. Finalmente, vimos que para bem nos expressarmos, na linguagem escrita, precisamos pelo menos de: a) conhecimento do assunto; b) vocabulário; c) domínio das regras gramaticais. 3 - Linguagem, sociedade e interação humana. Na última seção, refletimos sobre os intercâmbios presentes entre a linguagem, a sociedade e a interação humana. Vimos, baseados nas ideias de IANNI (1999), que a língua é, Nossa! Fizemos uma caminhada interessante nesta aula, não acham? Adquirimos conhecimentos interessantes e essenciais para a nossa formação enquanto pro ssionais e pessoas. Para fundamentar e melhorar ainda mais a nossa aquisição de saberes, iremos, a seguir, dar sugestões de leituras, sites, lmes e vídeos que vocês podem acessar para otimizar as informações dadas nesta aula. Retomando a aula Chegamos,assim, ao nal da primeira aula. Esperamos que agora tenha cado claro o entendimento frente ao processo de comunicação e à linguagem enquanto processo de interação humana. 133 2ºAula O ato de ler Objetivos de aprendizagem Ao término desta aula, você será capaz de: • Reconhecer a importância da leitura e do ato de ler, de compreender e de interpretar; • Identificar os níveis de leitura em textos. Caro(a) aluno(a), Nesta aula trataremos sobre um assunto interessante para a maioria das sociedades: a leitura e os níveis de leitura. Você já parou para pensar sobre as diversas formas de leitura que temos a oportunidade de realizar? E de como é importante sabermos ler verdadeiramente? Vamos entender o que é esse ato de ler verdadeiramente!!! Esses questionamentos serão apenas algumas das reflexões que faremos nesta aula. Lembre-se, você é o protagonista da sua aprendizagem, então, mãos à obra! Bons estudos! 135 Linguagem e Argumentação 16 Nesse momento sugerimos que faça uma parada estratégica e siga até a ferramenta “ARQUIVOS” , na plataforma UNIGRANET para ler um texto da pesquisadora Flavia Susana KRUG, intitulado “A IMPORTÂNCIA DA LEITURA NA FORMAÇÃO DO LEITOR”, nesse texto ela chama a atenção dos profissionais da educação em relação à necessidade de estratégias e recursos adequados para que o ato de leitor de desenvolva .Creio que muitos de vocês recordarão de como se deu a introdução de cada um no mundo da leitura e poderão avaliar se foi adequada ou inadequada essa introdução. Voltemos às nossas reflexões pontuais : Como afirmar Gold (2010), o texto escrito deve ser percebido e articulado como um instrumento relacionado à função estratégia que venha a desempenhar , essa função tanto pode estar voltada à área de linguagem em geral, como ao meio específico em que se dá o próprio texto empresarial ou o texto da área da engenharia ,possibilitando a cada leitor intervir mediante três dimensões, sejam elas: da cultura, do aspecto motivacional e, também, do econômico , em que cada qual em seu meio de trabalho poderá usa-lo conforme lhe seja necessário. E o que seria o contexto? Que tal pesquisar? Mas antes voltem à ideia de Paulo Freire vista há pouco: Veja bem, se você ainda não entendeu o que leu, não siga em frente com sua leitura, como sugestão retorne à citação de Paulo Freire e tente entendê-la, só assim você estará exercitando a leitura responsável e crítica no contexto em que estamos inseridos. Uma compreensão crítica do ato de ler possibilita além da “tradução” dos significados das palavras, ela promove o desvendamento daquilo que está “por trás” delas. Assim, podemos observar que o vocabulário para a transmissão da mensagem faz com que todo esse contexto possa ser O que você entendeu acerca da declaração que o educador Paulo Freire fez? 1 - O ato de ler: o que ler? 2 - Níveis de leitura de um texto O leitor que mais admiro é aquele que não chegou até a presente linha. Neste momento já interrompeu a leitura e está continuando a viagem por conta própria (Mário Quintana). Inspirados em Mario Quintana, iniciemos efetivamente nossa segunda aula! Vamos em frente! Como primeiro passo para tratarmos sobre a leitura, vamos refletir sobre a prática da leitura na sociedade atual: Embora estejamos no século da informação, a qual, em grande parte, ocorre por meio da imagem (uma imagem vale mais que mil palavras), é inegável a importância e a necessidade da leitura, pois desempenha funções informativa e recreativa, ao transmitir a História e a Cultura da humanidade. Até porque aqui , já no começo de nossa aula, temos que fazer uma pequena pausa re exiva no intuito de esclarecer que : TAMBÉM LEMOS IMAGENS, ou seja, não apenas lemos textos verbais escritos, pois a leitura sobre a qual nos referimos é aquela que volta- se para o entendimento a re exão. A prática da leitura nos enreda desde o momento em que começamos a “entender” o mundo que nos envolve. Com a vontade de entender quem somos, buscamos na leitura (de textos escritos, orais e não-verbais) as respostas que almejamos, ou seja, a leitura nos abraça de forma a proporcionar um passeio pelo imaginário, pelo mundo mágico, pelas fantasias e pela realidade que nos cerca! Diante do vasto mundo da leitura ,a leitura crítica é aquela que permite ir além do “dito”, além do “exposto”; ler nas “entrelinhas” é uma forma de ler criticamente. Mas será que estamos preparados para fazer tal leitura (EDUCADORES DE SUCESSO, 2010). Nesse contexto, caro aluno, a leitura pode não ser encarada como simples decodificação ou descodificação de signos, ou seja, ela não é uma atividade mecânica que determina uma postura passiva diante do texto, mas pode e deve ir além. Para Paulo Freire (1985, p. 11-12): A leitura do mundo precede a leitura da palavra, daí que a posterior leitura desta não possa prescindir da continuidade da leitura daquele. Linguagem e realidade se prendem dinamicamente. A compreensão do texto a ser alcançada por sua leitura crítica implica na percepção das relações entre o texto e o contexto. Seções de estudo 1 - O ato de ler: o que ler? Você Sabia? “De maneira geral o leitor crítico irá conscientemente ou inconscientemente avaliar o original por diversos diferentes aspectos, como por exemplo: • Coesão ou Continuidade: [...] se refere à integração entre frases, parágrafos, capítulos, e tramas do texto, indicando se o autor consegue manter uma narrativa ,por exemplo se for um livro que narre uma historia, onde os elementos estão sempre conectados. • Consistência: a consistência se refere à qualidade da obra de manter a mesma “voz” ou forma narrativa em sua totalidade, ou dentro de cada trama que eventualmente justi que “vozes” diferentes. • Coerência: a coerência se refere à capacidade do autor de criar uma realidade coerente para sua história, sem “surpresas” que pareçam não se encaixar na realidade apresentada. • Concisão: a concisão se refere à qualidade do texto de ser conciso, não apresentando “pontas soltas” ou divagações que não contribuem para a história como um todo. • Clareza: a clareza indica se o texto é ou não facilmente lido. • Cadência: a cadência, ou ritmo, do texto é resultante da velocidade de leitura sugerida pela uidez e clareza do texto, e pela organização das tramas e capítulos” (UOL, 2014). 136 17 compreendido pelo interlocutor. Observe alguns exemplos que seguem: Exemplo 1: Figura 2.1 Exemplo de compreensão crítica. FONTE: IPU – HISTÓRIAS E ATULIDADES. Charge seleção. Disponível em: . Acesso em: 12 set. 2010. Perceba que na imagem acima, há o contexto que determina a compreensão e a interpretação do texto. Dessa forma, o menino da imagem solicita ajuda da mãe em relação aquilo que ele está vendo/ouvindo na televisão, pois não condiz com o discurso proferido pela sua mãe sobre a mentira, gerando, assim, uma incoerência sobre a definição de mentira para a criança, a qual fica extremamente confusa, ou seja, sua mãe lhe ensina algo que , ao ele assistir alguma reportagem , não vai ao encontro com o que a mãe lhe expos. A maneira de ser expressar oralmente pode ser articulada de forma mais simples, mas com complexidade em sua escrita. A linguagem se dá com rebuscamento e leva ao leitor a compreensão, e assim, não deixa de ser apresentada a forma culta e coerente que deve ter um texto crítico sobre o qual estamos relatando no decorrer de nossa aula. Por exemplo: A média de produção do último ano fiscal foi maior do que a do ano anterior. Foram instaladas novas máquinas hidráulicas para a estamparia, automáticas e de alta velocidade aumentando o número de peças, e foi introduzida nova metodologia, a fim de gerar economia com tempo e mão de obra. (Gold, 2010, p.20). Percebe-se que a escrita viabiliza uma clareza nas informações, não deixando de apresentar um vocabulário mais elaborado na transmissão damensagem, a escrita esta coerente, não deixa nenhuma informação confusa. E com isso, a informação/ideia principal vai sobressair dentre as demais apresentadas para a articulação do comunicado aos seus interlocutores. Para melhor compreensão, da clareza textual e da importância que ha em se fazer uma seleção vocabular apropriada vejamos como é organizada a letra da música “Admirável Gado Novo”, de Zé Ramalho: Vocês que fazem parte dessa massa que passa nos projetos do futuro é duro tanto ter que caminhar e dar muito mais que receber. E ter que demonstrar sua coragem à margem do que possa parecer e ver que toda essa engrenagem já sente a ferrugem te comer. Eh!... ô... ô... vida de gado Povo marcado eh!... povo feliz! Lá fora faz um tempo confortável a vigilância cuida do normal os automóveis ouvem a notícia os homens a publicam no jornal e correm através da madrugada a única velhice que chegou demoram-se na beira da estrada e passam a contar o que sobrou. O povo foge da ignorância apesar de viver tão perto dela e sonham com melhores tempos idos contemplam essa vida numa cela esperam nova possibilidade de verem esse mundo se acabar a Arca de Noé, o dirigível não voam nem se pode utuar. Não voam nem se pode utuar... Percebeu como essa letra nos conduz à reflexão? Notou como as palavras representam muito mais do que “parecem” representar? Viu que o texto é coerente e que os vocábulos foram selecionados para servirem a intenção do autor? Observe as palavras que Zé Ramalho selecionou para compor a letra. Veja que as palavras não foram aleatoriamente dispostas; cada uma tem uma intenção, está no texto com finalidade determinada. Assim: A coerência diz respeito à conexão entre as ideias apresentadas no texto. Pode ser que algumas vezes em seu percurso acadêmico tenha visto que seu professor escrevia em seu texto: CUIDADO COM A COERÊNCIA, ou ainda SEU TEXTO ESTÁ INCOERENTE, essas lembranças que seu professor elaborava na hora da correção eram para alertar a você sobre a questão do sentido, seu professor estava lhe indicando acerca da importância de se elaborar um texto com SENTIDO, ok?? Sem ela, sem a coerência ,as frases, as orações ficam perdidas e sem lógica. Evidentemente, essa característica não é apenas do texto moderno, mas de toda e qualquer comunicação escrita ao longo dos tempos. A língua escrita exige um rigor e uma disciplina de expressão muito maiores do que a língua falada, obrigando o emissor a expressar-se com harmonia tanto na relação de sentido entre as palavras quanto no encadeamento de ideias dentro do texto (Gold, 2010, p.10). PORÉM: alerto que esse rigor em nenhum momento tem a intenção de expor que a língua escrita goza de maior prestigio que a língua falada , mas tem a intenção de mostrar que na língua escrita é possível ter-se o CERTO e /ou o ERRADO , enquanto na língua falada não há certo e/ou errado, mas adequado ou inadequado dependendo do contexto. A decodificação/descodificação da palavra escrita é uma necessidade óbvia, porém constitui apenas a primeira etapa do processo da leitura criativa/crítica . A decodificação permite a intelecção, ou seja, a percepção do assunto, permite entender o significado do que foi lido. Assim, a linguagem escrita em 137 Linguagem e Argumentação 18 detrimento ao ato de ler e compreender o enunciado, nos leva a uma reflexão e entendimento com significado. Em seguida , após a decodificação faz-se a interpretação, que é a continuidade da leitura de mundo( tão divulgada por FREIRE), realizada pelo leitor. A interpretação, muitas vezes, extrapola a letra do texto, pois se baseia nas relações entre texto e contexto. Na letra da música que acabou de ler, viu que a sua interpretação foi além da letra do texto, não é mesmo? Sendo assim, interpretar é um ato que requer dedicação e seriedade por parte do leitor. Cumprida as etapas anteriores, está o leitor apto para empreender a aplicação do conteúdo da leitura, de acordo com o objetivo a que se propôs. Dessa forma , é muito interessante determinarmos objetivos quando vamos processar nossas leituras, ou seja: vamos ler para quê? E com que finalidade? Que tal, agora, apreendermos como fazer uma leitura mais elaborada? A técnica de sublinhar, conforme muitos autores destacam, é de grande utilidade para a intelecção e interpretação do texto, facilitando o trabalho de resumir, esquematizar ou fichar. Podemos afirmar que sem compreensão e interpretação do texto, torna-se impossível empregar com eficiência as técnicas de resumo, resenha esquema e/ou fichamento , ainda , sem interpretar é impossível realizar qualquer atividade voltada à escrita textual que objetive clareza e harmonia entre as partes de um texto. A leitura é uma atividade necessária no mundo de hoje e não deve restringir-se às finalidades de estudo. É preciso ler para se informar, para participar, para ampliar conhecimentos e alcançar uma compreensão melhor da realidade atual. Na opinião de Ezequiel T. Silva (1983, p. 46): Optar pela leitura é, então, sair da rotina, é querer participar do mundo criado pela imaginação de determinado escritor. Ler é basicamente, abrir-se para novos horizontes, é ter possibilidade de experenciar outras alternativas de existência, é concretizar um projeto consciente, fundamentando na vontade individual. Segundo a mesma vertente de pensamento exposta por Silva (1983), a linguista Sgarbi (2009,p.88) nos lembra que: Lemos, não só a linguagem verbal (fala e escrita), como, também a linguagem não verbal. Quando olhamos para uma pintura, uma escultura ou quando observamos as reações do nosso corpo ou, ainda, quando assistimos a um filme, também, estamos fazendo leituras. É importante que amplie continuamente seus conhecimentos. Para tanto, sugerimos a leitura do seguinte artigo: CAMPOS, G. P. C. O processo de leitura: da decodi cação à interação. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. E então, pronto para exercitar nossa Língua Portuguesa por meio da leitura? Espero que sim! Então, vamos em frente, pois temos mais uma seção nesta aula, a qual trata sobre as distintas formas em que um texto pode ser lido. Para iniciar, reiteramos a importância de reforçar a ideia da importância do ato de ler e entender quais conhecimentos e objetivos devemos deter para nos tornarmos bons leitores, leitores de verdade. Vamos começar? Começamos, então, a perceber que um dos grandes desafios a ser enfrentado pela escola e pela sociedade é o de fazer com que os alunos aprendam a ler, mas a ler reflexivamente. Segundo Geraldi (2006), a leitura é um processo de interlocução entre leitor/autor mediado pelo texto, nisso vemos a importância do contato do aluno com o texto e obras literárias para que ele possa atribuir significado ao texto, e a partir disso conseguir relacioná-lo a outros textos, ou a realidade ou pensamento. Assim, a leitura passa a ser fundamental para o domínio das múltiplas estruturas contidas nos textos, as quais são responsáveis pelo sentido. Nesse contexto, a pouca habilidade voltada à leitura reflete-se na escrita e, consequentemente, na fala, restringindo ao vocabulário. IMPORTANTE : Jamais devemos pensar em leitura como hábito, pois a leitura crítica, interessante , que acrescenta conhecimentos não é a leitura mecânica , mas a leitura que conduz à reflexão ,portanto leitura não pode ser hábito ,mas desenvolvimento de habilidade. Vamos em frente.... Dessa forma, a pouca habilidade leitora ,compromete o conhecimento prévio necessário à compreensão do texto, pois, segundo Ângela Kleiman (1995, p.13): O leitor utiliza na leitura o conhecimento que ele já sabe, o conhecimento adquirido ao longo de sua vida. É mediante a interação de diversos níveis de conhecimento como o conhecimento linguístico, o textual, o conhecimento de mundo, que o leitor consegue construir o sentido do texto. Entendemos que o conhecimentoprévio é aquele que auxilia ao leitor em sua compreensão de algo que esta lendo,pois para entender ,por exemplo, determinada parte /trecho que esta lendo, se o leitor tiver um conhecimento anterior sobre o tema abordado , com certeza , a sua compreensão fluirá muito melhor. É importante fazer uma distinção entre ler e aprender a ler. Ler é estabelecer uma comunicação com textos verbais ou não verbais, por meio da busca da compreensão, enquanto a aprendizagem da leitura constitui uma tarefa permanente, que se enriquece com novas habilidades, na medida em que se manejam adequadamente textos cada vez mais complexos. Por isso, a aprendizagem da leitura não se restringe ao primeiro ano da vida escolar. Essa leitura, na verdade, envolveria os métodos, referentes à determinada área a que se observa. O profissional (mediador) , geralmente o professor, terá a responsabilidade de mediar e extrair de uma determinada leitura sua finalidade, tendo nesse processo objetivo claro e definido. Quando você futuro profissional da área de ENGENHARIA DE PRODUÇÃO, por exemplo, vai ler um 2 - Níveis de leitura de um texto 138 19 o valor dessa no contexto social. Por isso, a importância da leitura reside, principalmente, no ato de ensinar a ler. Para Reina e Durigan (2003, p. 21), [...] ensinar leitura não é responsabilidade exclusiva do professor de língua, mas sim de todos aqueles que usam esse código, seja para a interação, para a transmissão de conhecimentos, para a atuação sobre o outro, seja para o relacionamento com o mundo sensível. Outro aspecto importante no trabalho com a leitura é a interdisciplinaridade vinculada à intertextualidade, pois todas as disciplinas, sejam das áreas das ciências exatas, agrárias, humanas ou qualquer outra área são discursivas, requerem desempenho de linguagem, e a leitura e a escrita são o fim e o meio de todo trabalho escolar. Pensando em você caro(a) aluno(a) é que deixei na ferramenta ARQUIVOS um texto intitulado “A importância da leitura no ensino superior” e gostaria muito que você o acessasse e fizesse uma leitura de verdade, uma leitura compreensiva e reflexiva ,ok??Nele muitas das ideias desenvolvidas nesta aula serão expandidas. Quanto à Interdisciplinaridade e sua relação com a leitura: A interdisciplinaridade deve ir além da mera justaposição de disciplinas e, ao, mesmo tempo, levar o aluno a pensar, a ser um aluno crítico, a buscar em vários meios o que possa ajudá-lo a compreender melhor seu universo de leitura e de vida. A leitura é compreensão, produção e interação com o meio. O aluno deve ser ativo na sociedade, capaz de expressar pensamentos e incorporar significações no processo social em que vive. Se um “texto remete a outros textos e esses apontam para outros no futuro” (KLEIMAN, 1999, p. 62), a interdisciplinaridade permite que os contextos dos programas de diversas disciplinas sejam introduzidos em decorrência da leitura de um texto lido em sala de aula. Entendeu o que é interdisciplinaridade ?? Se tem dúvidas, leia o parágrafo anterior novamente. Entretanto, a questão do ensino da leitura é ampla e pode situar-se na própria conceituação do que é leitura, na forma como é avaliada pelos professores; no papel que ocupa na sociedade; nos meios que são oferecidos para que ela ocorra, na metodologia que o professor adota para ensiná-la e na maneira como o aluno a compreende e valoriza. Cansados, não!!!!!! Eu sei que vocês ainda têm energia para aprender muito mais! Ok, a partir de agora, estudaremos o ato da leitura (conhecimentos prévios, objetivos e hipóteses), vejamos: O ato de ler aciona uma série de ações no pensamento do leitor, por meio das quais ele pode extrair novas informações ou remetê-las às informações anteriores. Na interação com essas informações, aqui denominadas de conhecimento prévio, como já vimos, o leitor pode mantê- las, modificá-las ou desenvolvê-las durante a assimilação do conteúdo, pois “[...] quando um leitor é incapaz de chagar à Mas, de que precisamos para realizar uma boa leitura? artigo científico que aborde as questões relativas à Transmissão de dados e redes é importantíssimo que tenha previamente alguns conhecimento sobre esse tema, pois dessa forma, com certeza, a compreensão será mais rápida. Quanto ao papel do educador é importante citar novamente Sgarbi (2009,p.90),a autora indica sobre essa temática : “Para capacitar os alunos [...] para o encontro com o texto; constatando-o, cotejando-o e transformando-o, há que se criar condições concretas para que esses alunos leiam de maneira significativa”. Acompanhem, também, ainda com o olhar voltado aos educadores ,o pensamento da autora citada a seguir. Kleiman (1999, p. 16) exemplifica: [...] Os professores que lembramos e admiramos e que tiveram alguma in uência nas nossas vidas são aqueles que demonstraram gostar de suas matérias e conseguiram transmitir esse entusiasmo pelo saber. Outra autora ratifica esse pensamento ao mencionar que: Em outras palavras, o professor é aquele que precisa ser leitor e que apresenta as diferentes possibilidades de leitura: livros, poemas, notícias, receitas, paisagens, imagens, partituras, sons, gestos, corpos em movimento, mapas, grá cos, símbolos, o mundo en m: “(...) Ou o texto dá um sentido ao mundo, ou ele não tem sentido nenhum” (LAJOLO, 1994, p. 14). Contudo, é importante ficar atento para o fato de que o aluno também precisa fazer a sua parte! Claro que o profissional da educação deve estar próximo ao aluno no processo de aprendizagem, sanando dúvidas, fazendo observações e análises, mostrando o caminho a ser seguido, mas permitindo que o aluno caminhe sozinho na busca por novos horizontes que somente a leitura pessoal pode revelar, porém a parte do educando é extremamente necessária, há que se desejar aprender a LER DE VERDADE. Diante da palavra, do contato com os textos que os alunos podem compreender a funcionalidade das palavras e o uso da gramática, por isso é tão importante que o aluno descubra o mundo da leitura. O professor deve ser o orientador, aquele que mostra o caminho a ser seguido, ele fornece as ferramentas para que o leitor desvende o texto e extraia dele o máximo possível. Precisa demonstrar ao aluno segurança, estímulo e um caminho longo a ser seguido, porém prazeroso e com uma ótima recompensa. Assim, a leitura importa quando o leitor transforma a linguagem escrita em linguagem oral e quando o leitor consegue captar e dar sentido ao conteúdo da mensagem, analisando Saber Mais “À leitura como processo, sempre caberá estudo e aprofundamento, pois envolve leitor e texto e a interação entre esses dois. A investigação dos fatores que contribuem para a compreensão textual requer especial atenção, uma vez que interfere em todas as áreas do conhecimento, sendo objeto de estudo interdisciplinar” (LER E COMPREENDER TEXTOS, 2014). 139 Linguagem e Argumentação 20 compreensão através de um nível de informação, ele ativa outros tipos de conhecimentos para compensar as falhas momentâneas” (KLEIMAN, 1999, p. 17). Assim, ao ler um texto qualquer, o leitor escolhe aspectos relevantes, ignora outros irrelevantes ou desinteressantes, dando atenção aos aspectos que interessam, ou seja, àqueles sem os quais seria impossível compreender o texto. Por isso, [...] a ativação do conhecimento prévio é essencial à compreensão, pois é o conhecimento que o leitor tem sobre o assunto que lhe permite fazer as inferências necessárias para relacionar diferentes partes discretas do texto num todo coerente (KLEIMAN, 1999, p. 25). Essas inferências são hipóteses que o leitor levanta, antecipando informações com base nas pistas que vai percebendo durante a leitura. Portanto, quando chega à escola, o aluno já é um leitor do mundo, pois desde muito novo começa a observar, antecipar, interpretar e interagir, dando significado a seres, objetos e situações que o rodeiam: O conhecimento linguístico, oconhecimento textual, o conhecimento do mundo devem ser ativados durante a leitura para poder chegar ao momento da compreensão, momento este que passa desapercebido, em que as partes discretas se juntam para fazer um signi cado (KLEIMAN, 1999, p. 26). Você e eu fazemos a leitura de tudo que nos cerca! Essa aprendizagem natural da leitura deve ser considerada pelo professor e incorporada às suas estratégias de ensino com o fim de melhorar a qualidade desse processo contínuo, iniciado no momento em que o aluno é capaz de captar e atribuir significado às coisas do mundo. Assim, a ação de ler o mundo é enriquecida na medida em que o educando enfrenta progressivamente numerosos e variados textos, pois: A forma do texto determina, até certo ponto, os objetivos de leitura: há um grande número de textos, como romances, contos, fábulas (...) notícias de jornal, artigos cientí cos (...): parece claro que o objetivo geral ao ler o jornal é diferente daquele quando lemos um artigo cientí co (KLEIMAN, 1999, p. 33). Note que o trabalho de leitura na escola tem por objetivos levar o leitor à analise e à compreensão das ideais dos autores e a buscar no texto os elementos básicos e os efeitos de sentido. E é isso que esperamos que faça a partir deste momento que está aprendendo mais sobre a maravilhosa habilidade da leitura. Para saborear um pouco este mundo da leitura, eis que cito um trecho de um texto/poema de Martha Medeiros, em que a autora expõe seu imenso prazer em ler: Eu, por exemplo, gosto do cheiro dos livros. Gosto de interromper a leitura num trecho especialmente bonito e encostá-lo contra o peito, fechado, enquanto penso no que foi lido. Depois reabro e continuo a viagem. […] Gosto do barulho das paginas sendo folheadas. Gosto das marcas de velhice que o livro vai ganhando: […] a lombada descascando, o volume cando meio ondulado com o manuseio. Tem gente que diz que uma casa sem cortinas é uma casa nua. Eu penso o mesmo de uma casa sem livros (Martha Medeiros). Dessa forma, cremos que a caminhada para o aprendizado da leitura acontece lendo , da mesma forma que aprendemos a escrever ,escrevendo; vendo outras pessoas lerem e escreverem, tentando e errando, sempre nos guiando pela busca do significado mediante hipóteses ou pela necessidade de produzir algo que tenha sentido. Nesse contexto e de acordo com Kleiman (1999, p. 36), “vários autores consideram que a leitura é, em grande medida, um jogo de adivinhação, pois o leitor ativo, realmente engajado no processo, elabora hipóteses e as testa, à medida que vai lendo”. Assim, para elaborar hipóteses, o leitor precisa ter acesso ao texto cuja leitura foi transformada em objetivo, ou seja, ele deve prever o tema do texto com base nas pistas dadas; então, para ter acesso ao texto, é preciso ter acesso ao seu código e à mensagem escrita. Enfim, é preciso que professor e alunos entendam que ler não é um ato mecânico de decodificação: é o estabelecimento de relações dentro de contextos, de vivências de mundo; não são frases ou palavras soltas que levam o leitor a entender que isso seja o ato de ler. Vale salientar que, para que esse quadro mude, é preciso que professor e aluno estejam verdadeiramente envolvidos. Nesse sentido, pensamos que o processo ensino-aprendizagem da leitura na sala de aula situa-se dentro de dois objetivos fundamentais: serve como meio eficaz para aprofundamento dos estudos e aquisição de cultura geral. E, então, está percebendo como a leitura é interessante, importante e indispensável em nossas vidas?Imagine na sua vida acadêmica como a leitura fara toda a diferença positiva!!! Fique antenado! Na internet você pode encontrar inúmeros sites sobre o tema em estudo. Sugiro que realize buscas utilizando termos com palavras- chave e procure ler alguns artigos em relação ao conteúdo e procure fazer uma análise crítica das informações encontradas no site! Retomando a aula E então? Entendeu bem as questões iniciais relacionadas a leitura e sua importância? Em caso de resposta a rmativa: Parabéns! Mas, há muitos outros conhecimentos a serem agregados sobre o tema. Para tanto, sugerimos que consulte as obras, periódicos e sites indicados ao nal desta aula. 140 21 1 - O ato de ler: o que ler? Na primeira seção, vimos que para que possamos efetuar uma leitura significativa, faz-se necessário construir sentido através dos conhecimentos prévios que você possui sobre o assunto e a interação com o suporte de leitura. Assim, para de fato obter informações corretas sobre o texto lido e consequentemente construir um suporte de sentido para a compreensão e a interpretação do texto, é preciso, ainda, lançar mão dos conhecimentos culturais adquiridos ao longo da vida, tais como as crenças, as opiniões ou atitudes. A motivação ou objetivos diferentes atuarão na construção da representação sobre o evento ou o enunciado presente no texto, o que faz com que, ao ler um mesmo texto, diferentes leitores construam significados diferenciados, produzindo diferentes tipos de inferências. Finalmente, na seção inicial, tivemos a oportunidade de começar a perceber como a leitura é importante em nossas vidas, além de reconhecer que é interessante sabermos “ler” as diversas situações às quais somos expostos e o quanto é importante, também, sabermos interpretar devidamente os diferentes textos. 2 - Níveis de leitura de um texto. Na seção 2, estudamos os níveis de leitura de um texto, os quais trazem a seguinte questão à tona: a diferença entre fazer uma leitura e aprender a fazer uma leitura. Tais ações são distintas, pois no ato de ler, estabelece-se uma comunicação com textos verbais e não verbais via compreensão holística. No entanto, a aprendizagem da leitura compõe uma ação permanente, que se enriquece com novas habilidades, na medida em que se manejam adequadamente textos cada vez mais complexos. Por isso, a aprendizagem da leitura não se restringe ao primeiro ano da vida escolar, mas, sim, e ,sobretudo, a caminhada do leitor. Somos nós que estabelecemos o nível de leitura que iremos ter, uma vez que a dedicação deve ser séria e permanente no processo de compreensão e interpretação textual. Nas palavras de Paulo Freire: “A leitura de mundo precede a leitura da palavra”. Vale a pena Existem inúmeros cursos sobre os conteúdos tratados nas Seções desta aula, inclusive gratuitos, que podem ser encontrados e realizados pela internet. Assim, é importante que realize pesquisas em sites de busca, utilizando os termos curso junto à palavra que representa a conceituação do termo estudado, como por exemplo: “curso leitura”. Aproveite a oportunidade para aprofundar e/ou ampliar ainda mais seus conhecimentos! FREIRE, Paulo. A importância do ato de ler: em três artigos Vale a pena ler que se completam. São Paulo: Autores Associados, 1989. GERALDI, João Wanderley (Org.) O texto na sala de aula. 3. ed. São Paulo: Ática, 2001. KATO, Mary. No mundo da escrita: uma perspectiva psicolinguística. São Paulo: Ática, 1986. (Série Fundamentos) ZILBERMAN, Regina; SILVA, Ezequiel Theodoro da. (Orgs.) Leitura: perspectivas interdisciplinares. 2ª ed. São Paulo: Ática, 1991. CAMPOS, G. P. C. O processo de leitura: da decodificação à interação. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. EDUCADORES DE SUCESSO. Homepage. Disponível em: . Acesso em 14 set. 2010. IPU – HISTÓRIAS E ATULIDADES. Charge seleção. Disponível em: . Acesso em: 12 set. 2010. LER E COMPREENDER TEXTOS. A leitura e os diferentes níveis de interpretação. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. UOL. O que é leitura crítica? Disponível em:ortografia/37/artigo265053-1.asp>. Acesso em: 3 maio 2014. Vale a pena acessar O Clube de Leitura de Jane Austen Vale a pena assistir Minhas anotações 141 3ºAula Ao final desta aula, vocês serão capazes de: • compreender a amplitude do conceito e da aplicação da linguagem, da língua e da fala; • entender e reconhecer a importância dos níveis de linguagem em diversos contextos de uso. Objetivos de aprendizagem Caro(a) aluno(a), Estamos iniciando a nossa terceira aula e nela trataremos sobre a tríade que constituí a comunicação: Linguagem, Língua e fala. Em outras palavras, quando se fala em linguagem, estamos nos referindo, diretamente, à capacidade humana formada por leis combinatórias e signos linguísticos materializados pela mensagem. Assim, de modo a tornar efetiva a linguagem verbalizada, essa se condiciona a dois fatores: à língua e à fala. A língua é fator resultante da organização de palavras, segundo regras específicas e utilizadas por uma coletividade. E a fala cabe à concretização da língua que cada indivíduo, de uma dada comunidade, irá proferir. Iniciemos, então, nossa aula! Que tal!? Disposto a começar? Comecemos, então, analisando os objetivos e verificando as seções que serão desenvolvidas ao longo desta aula. Bom trabalho! Bons estudos! Linguagem, língua e fala 143 Linguagem e Argumentação 24 1 - Linguagem, língua e fala 2 - Níveis de linguagem Seções de estudo 1 - Linguagem, língua e fala Eis uma tríade cuja materialização vincula-se a todo e qualquer processo comunicativo. Embora os concebamos como elementos utilizados para designar a mesma realidade, em se tratando do ponto de vista linguístico, os mesmos não devem ser confundidos, talvez até como termos sinônimos (MUNDO EDUCAÇÃO, 2014). Arquitetamos na consciência, uma espécie de “biblioteca” onde assentamos tudo o que é ouvido e entendido. Guardamos ideias, significados, expressões e com essa “base de dados” nos anunciamos verbalmente, seja pela fala ou pela escrita. Note que seria como se escolhêssemos, buscando na prateleira da biblioteca, palavra por palavra, criando estruturas de entendimento para a comunicação. Isso é quase parecido com uma receita de bolo: você + é + muito + legal, resultando naquilo que queremos dizer pelo que estamos sentindo ou sobre algo ou alguém. Vamos pensar um pouquinho mais? Vamos nos re etir sobre algumas importantes questões: Por que falamos? Por que não fazemos uso dos sinais ou uso de símbolos, como nas primeiras descobertas do uso da linguagem feitas pelo homem? Por que o homem, diferente dos outros animais, fala? Por que somente nós temos essa faculdade e, até onde se sabe, já impressa em nossa consciência? Poucas pessoas, cremos, tenham parado para ponderar ou interrogar sobre essas questões. Pesquisas e trabalhos realizados nesse sentido procuram, ainda, respostas precisas para a pergunta “por que o homem fala”. Segundo Bottéro (1997), o homem, na Mesopotâmia antiga, berço da civilização, percebeu a necessidade de comunicar-se e começou a criar possibilidade de entendimento entre si e os outros. Usou sinais e mensagens, expostas na aba de vasos. Seguindo o raciocínio de Bottéro (1997), a questão é que se tratava apenas de uma escrita de coisas: os significados diretos destes caracteres não eram as palavras de uma língua mas, em primeiro lugar e de modo imediato, as realidades expressas por estas palavras. Assim, levando-se em conta tais informações, podemos inferir que em um determinado momento da humanidade, o homem teve a necessidade de comunicar-se de algum modo, assim como em um determinado momento, passou a falar. É interessante pensar nessas questões porque refletimos e nos perguntamos a partir de quê ou do quê, o homem descobriu que possuía, além das existentes, a faculdade da linguagem. Ao acompanharmos o crescimento de uma criança, cada vez mais notamos como a necessidade de falar é presente na vida humana... Ademais, percebemos o quanto o ato de falar faz de nós mais parte do mundo, não é mesmo? É importante saber que algumas pesquisas na área da linguagem humana mostram que, no caso da criança, a primeira palavra murmurada já representa sua admissão no universo da linguagem e o abandono do estado da natureza ( estado primeiro/ primitivo). Assim, pode-se dizer que é a linguagem que autoriza a tomada de consciência do indivíduo como entidade distinta. Considerando que fazemos uso da linguagem, da língua que nos é ensinada e, consequentemente, falamos. Só não sabemos, por que, justamente pela fala, que comunicamo-nos uns com os outros. Outro assunto que intriga o pensamento e os mistérios da vida, ou melhor, reflete sobre a existência da comunicação falada entre os homens é por que falar, viver em sociedade com seres falantes, é quase uma necessidade de sobrevivência? Já pensou sobre isso? Idealizemos a seguinte situação: se eu, você, todos nós, ficássemos sem trocar uma palavra sequer com qualquer pessoa que fosse durante toda a vida! Possivelmente morreríamos de angústia...de solidão...não é verdade? Claro que, se nunca tivéssemos tido contato com a fala, com o som emitido pelos falantes ao falarem, com a língua , essa realidade –de falar -não existiria... Mas, pensemos mais um pouquinho! Aguentaríamos ficar um dia inteiro que fosse sem falar? Sem falar nada, categoricamente nada? Não aguentaríamos. Não é mesmo? Mas, o fato é que falamos! Para alguns teóricos que tratam sobre os estudos da linguagem, a língua se constitui nos primeiros indícios de identificação da humanidade no homem. A partir do uso da língua, é que foi possível ao homem sair de seu estado primário natural e chegar ao estado mais avançado, ou seja, ao estado cultural (oriundo da organização social). Inúmeros estudos feitos por pesquisadores preocupados em descobrir o porquê de o homem ter essa necessidade do uso da linguagem, o porquê da fala, vêm nos mostrar que isso é, definitivamente, uma faculdade humana. Algo que somente o homem tem como característica e que o difere dos outros animais. Vejamos: Saussure (2002, p. 17), o pai da LINGUÍSTICA , em seu texto Curso de Linguística Geral, vai definir a língua como objeto de estudo e diferenciar a língua da fala. Para Saussure: A língua é o produto social da faculdade da linguagem e um conjunto de convenções necessárias, adotadas pelo corpo social, para permitir o exercício dessa faculdade nos indivíduos. Trata-se de um tesouro depositado pela prática da fala em todos os indivíduos pertencentes à mesma comunidade, um sistema gramatical que existe virtualmente em cada cérebro ou, mais exatamente, nos cérebros dum conjunto de indivíduos, pois a língua não está 144 25 2 - Níveis de linguagem Curiosidade O que estudando, nos ajudam a entender e a respeitar a existência dos sotaques regionais, as gírias e a forma que cada indivíduo tem de usar a língua. completa em ninguém, e só na massa ela existe. A fala, ao contrário da língua, para Saussure (2002, p. 22) é algo puramente individual. “São as combinações pelas quais o falante realiza o código da língua no propósito de exprimir seu pensamento pessoa [...]”. É a maneira individual e particular que cada ser faz do uso da língua predominante em uma sociedade. Somos educados a partir da teoria que o homem é uma animal racional, isto é, pensa, sente, julga as coisas, possui uma inteligência e, por isso, temos dois mundos distintos: o mundo dos homens e dos animais. Saber mais Para ampliar seus conhecimentos sobre as diferenças entre a linguagem comum e a linguagem cientí ca formal, própria dos textos acadêmicos/universitários, sugerimos que leia o artigo: MORTIMER, E. F.; CHAGAS, A. N.; ALVARENGA, V. T. Linguagem cientí ca versus linguagem comum nas respostas escritas de vestibulandos. Disponível em: . Acesso em: 3 maio 2014. A linguística, partindo desse conceito de língua e fala, não pode, então,