Buscar

Exigências de Proteína e Minerais para Bovinos Confinados

Prévia do material em texto

66
Exigências
de Proteína
e Minerais
para Bovinos
Confinados
 
 
 
97
EXIGÊNCIAS DE PROTEÍNA E MINERAIS PARA BOVINOS 
CONFINADOS 
 
 
Prof. Dr. Antonio Ferriani Branco 
PhD em Nutrição e Produção de Ruminantes 
 
 
1. EXIGÊNCIAS EM PROTEÍNA 
 
 
O NRC (2000) trabalha com Proteína Metabolizável (Proteína Absorvida), 
sendo este, um sistema que quantifica a degradação da proteína e, separa as 
exigências em necessidades dos microrganismos e dos animais. Proteína 
Metabolizável (PM) é definida como a proteína verdadeira absorvida pelo intestino, 
suprida por proteína de origem microbiana e proteína da dieta que não sofreu 
degradação no rúmen. 
A estimativa da necessidade diária de Proteína Bruta pode ser obtida pela 
divisão da necessidade diária de Proteína Metabolizável por valores entre 0,64 e 
0,80, dependendo da degradabilidade da proteína da dieta. Os coeficientes 0,64 e 
0,80 aplicam-se quando toda a proteína é degradada no rúmen, ou quando toda 
proteína não é degradada no rúmen, respectivamente. Assim pode-se estimar 
usando a seguinte equação: 
 
PB = PM / [0,64 + (PÑDR x 0,0016)] em g/dia 
 
 
 
 
 
 
 
98
 
2.1. Síntese de Proteína Microbiana 
 
 A proteína bruta microbiana pode suprir de 50% a 100% das exigências de 
PM de bovinos de corte dependendo do conteúdo de PÑDR da dieta. 
 Segundo o NRC (2000), a estimativa da síntese de proteína bruta 
microbiana (PBm) para dietas com menos de 40% de volumoso pode ser obtida 
usando-se a seguinte equação : 
 
PBm (g/dia) = 6,25 x NDT x (8,63 + 14,6 x IngVol - 5,18 x IVol2 + 0,59 x IngConc) 
Onde, 
 NDT = Kg ingerido/dia 
PBm = proteína bruta microbiana, 
 IngVol = ingestão de volumoso (% do PV), 
 IngConc = ingestão de concentrado (% do PV). 
 
 A estimativa da síntese de proteína bruta microbiana (inclui proteína 
microbiana verdadeira e principalmente ácidos nucléicos) para dietas com mais do 
que 40% de volumoso pode ser obtida usando-se a seguinte equação: 
 
PBm(g/dia) = 6,25 (-31,86 + 26,12 x NDT), onde : 
 
NDT = Kg de NDT ingerido/dia 
 
 O valor de 13 g de PBm/100 g de NDT é uma boa generalização para 
dietas com mais de 40% de volumoso, mas não é um valor adequado para todas 
as situações. Para dietas com menos de 40% de forragem a equação de Russell 
et al. (1992) é usada, ou seja, ocorre uma redução de 2,2% na síntese de PBm 
para cada 1% de decréscimo no FDN efetivo (FDNe) quando o FDN é inferior a 
20%. O FDNe é definido como o FDN presente na fração do alimento ou dieta total 
que apresenta tamanho de partícula superior à 1,18 mm. 
 
 
 
99
 No modelo do NRC (2000) o usuário é capaz de modificar o valor da 
eficiência de síntese em relação ao NDT ingerido. Os dados revisados sugerem 
que este valor pode ser de 0,08 (8%) com ingestão de dietas contendo baixo NDT 
(50-60%) e níveis de ingestão de matéria seca entre 1,9-2,1% do PV. Valores 
menores também podem ser esperados com baixa ingestão de dietas mais ricas 
em energia. 
 A quantificação da digestão de carboidratos no rúmen é a maneira mais 
adequada de estimar síntese de PBm, e este mecanismo é utilizado no Modelo 2 de 
simulação e validação de rações do NRC (2000). No entanto, para alimentos usados 
na alimentação de bovinos de corte poucos dados de boa qualidade a respeito das 
taxas de digestão e passagem de diferentes carboidratos potencialmente digestíveis 
no rúmen estão disponíveis. Os valores de NDT ainda são os mais exatos e ocorrem 
com maior freqüência, e as formulas para predizer NDT podem ser utilizadas para 
predizer síntese de PBm. Portanto, o NDT é usado como indicador de disponibilidade 
de energia no rúmen para o Modelo 1 do NRC (2000). 
 O NRC (2000) usa os seguintes valores para digestibilidade intestinal de 
PBm e PÑDR: 
 Pelo fato da PBm conter aproximadamente 20% de ácidos nucléicos, para 
obtermos PBmV (Proteína Bruta Microbiana Verdadeira) temos que multiplicar o 
valor de PBm por 0,8. 
PBmV = PBm x 0,8 
 
 A digestibilidade da proteína bruta microbiana verdadeira é considerada 
80%, então: 
 PBmVDI (Proteína Bruta Microbiana Verdadeira Digestível no Intestino)= 
PBmV x 0,8 
 Para resumir podemos calcular: 
 
PBmVDI = PBm x 0,64 
 
 Para PÑDR assume-se uma digestibilidade intestinal de 80%. 
 
 
 
100
 
 2.2. Requerimentos de Proteína Metabolizável para Mantença 
 
 No NRC (1984 e 1985), as exigências para PM eram calculadas pelo 
método fatorial. Os fatores incluíam, perda metabólica fecal, perdas urinárias, 
perda de pêlo, crescimento, crescimento fetal e leite. 
 O NRC (2000) usa o valor de 3,8 g de PM por Kg PV0,75 (3,8 x Kg PV0,75) 
para estimar as exigências de mantença. 
 A transformação de PM para PL (Proteína Líquida) é obtida através de 
valores constantes, ou seja, de 0,5 para ganho e 0,65 para lactação. Estes valores 
são baseados em dois componentes: 1) o valor biológico da proteína, e 2) 
eficiência de uso de mistura ideal de aminoácidos. 
 É necessário ainda, destacar que a eficiência de uso da PM para ganho não 
é constante em diferentes pesos vivos e taxas de ganho. Com base nos dados do 
INRA (1988) e de outros autores, a equação proposta pelo NRC (2000) é: 
 Se o EqPCVz (Equivalente Peso Corporal Vazio) do grupo genético em 
questão for menor que 300 Kg, a eficiência de transformação da PM para PL é : 
 83,4 - (0,114 x EqPCVz). Portanto, para um animal com EqPCVz de 200 Kg, 
teremos uma eficiência de : 83,4 – (0,114 x 200) = 60,6%. Assim, se o animal absorve 
100 gramas de PM depositará 60,6 gramas de PL (proteína líquida) no ganho. 
 Se o EqPCVz ≥ 300 Kg, então assume-se um valor constante de 49,2%. 
 A equação prevê uma eficiência de conversão de PM para PL de 66,3% 
para um bezerro com 150 Kg de EqPCVz, e 49,2 % para um novilho com 300 Kg 
de EqPCVz. 
Para estimarmos a quantidade de proteína que será depositada em um 
determinado ganho em peso, usamos uma equação que usa ER e o GPCJe 
desejada para uma dada situação. O conteúdo de proteína do GPCJe é dado 
como (NRC, 1984): 
 
Proteína Retida (g/dia) = GPCJe x {268 - [29,4 x (ER/GPCJe)]} 
 
 
 
101
 
O peso ao qual os bovinos atingem a mesma composição química difere 
dependendo do peso à maturidade e do sexo. Considerando que atualmente a 
composição e o peso à maturidade da maior parte dos grupos genéticos ainda não 
são conhecidos, a composição do corpo e a subseqüente exigência de EL deve 
ser predita do peso estimado da vaca à maturidade (Aula 5). 
EQPCJe = PCJe x (PCP / PCFJe), onde: 
PCP = peso corporal padrão (referência para a esperada gordura corporal 
final), 
PCFJe = PC Final Jejum 
 
 
 
2. REQUERIMENTOS DE AMINOÁCIDOS 
 
 
 Considerando os valores médios dos poucos estudos realizados até o 
momento, considera-se como exigências os seguintes valores (g/100 g proteína 
do corpo vazio): arginina = 3,3; histidina = 2,5; isoleucina = 2,8; leucina = 6,7; 
lisina = 6,4; metionina = 2,0; fenilalanina = 3,5; treonina = 3,9 e valina = 4,0. 
Os estudos e seus resultados têm sugerido que ambos, a quantidade e a 
proporcionalidade dos aminoácidos disponíveis são importantes para atingir a 
demanda em função da energia disponível para ganho. 
 Os passos críticos envolvidos na estimativa das exigências de aminoácidos 
essenciais pelos bovinos, bem como o suprimento dietético é: 1) crescimento 
microbiano e sua composição; 2) quantidade e composição da proteína da dieta 
que escapa da degradação ruminal; 3) digestão e absorção intestinal; 4) fluxo 
líquido dos aminoácidos para os tecidos. Face às limitações em se fazer estas 
determinações e estimativas, as exigências de aminoácidos devem ser tomadas 
apenas como valores de referência. 
 
 
 
 
102
 
 A síntese líquida diária de proteína tecidual é um balanço entre síntese e 
degradação. Os estudos mostram que um boi com 500 kg e deposição líquida 
diária de 150 g de proteína degrada e resintetiza pelo menos outras 2.550 g. 
 Dado o presente nívelde conhecimento existente na área de exigências de 
aminoácidos, o Sub Comitê de Gado de Corte (NRC, 2000) decidiu que as 
estimativas de exigências de proteína e aminoácidos para crescimento (ganho de 
peso) devem ser baseadas nos valores de deposição líquida diária que atualmente 
têm sido encontrados. 
 A exigência de proteína para mantença tem sido estimada em ensaios de 
metabolismo ou ensaios de crescimento com níveis de proteína ligeiramente 
superiores aos de mantença. A deposição diária de proteína e aminoácidos tem 
sido quantificada e validada através de abate comparativo. No entanto, o Sub 
Comitê (NRC, 2000) recomenda que modelos tais como os de OLTJEN et al. 
(1986) sejam desenvolvidos, refinados e validados e assim no futuro estes 
procedimentos poderão ser usados para permitir uma predição mais exata das 
exigências diárias de aminoácidos. 
 
 
3. EXIGÊNCIAS DE MINERAIS 
 
 
Nas Tabelas 1 e 2 mostramos as exigências de macro e micro minerais 
conforme o NRC (2000), bem como, os níveis toleráveis máximos. Na Tabela 3 
trazemos os níveis máximos toleráveis no caso daqueles minerais que são 
considerados tóxicos aos ruminantes. 
 
 
 
103
 
Tabela 1 – Exigências de macro e micro elementos minerais por bovinos de corte 
(NRC, 2000) 
Exigências 
Vacas 
Mineral Unidade 
Crescimento e 
Terminação Gestação Início 
Lactação 
Níveis 
Máximos 
Toleráveis 
Magnésio % 0,10 0,12 0,20 0,40 
Potássio % 0,60 0,60 0,70 3,00 
Sódio % 0,06-0,08 0,06-0,08 0,10 
Enxofre % 0,15 0,15 0,15 0,40 
Cromo mg/kg 1000,00 
Cobalto mg/kg 0,10 0,10 0,10 10,00 
Cobre mg/kg 10,00 10,00 10,00 1000,00 
Iodo mg/kg 0,50 0,50 0,50 50,00 
Ferro mg/kg 50,00 50,00 50,00 1000,00 
Manganês mg/kg 20,00 40,00 40,00 1000,00 
Molibdênio mg/kg 5,00 
Níquel mg/kg 50,00 
Selênio mg/kg 0,10 0,10 0,10 2,00 
Zinco mg/kg 30,00 30,00 30,00 500,00 
 
 As estimativas das exigências de cálcio e fósforo são obtidas através de 
equações (Tabela 2), onde se considera o PCJe para a manutenção e a PRg 
(proteína retida no ganho) para crescimento. 
 
 
 
104
Tabela 2 - Exigências de cálcio e fósforo por bovinos de corte em manutenção e 
crescimento 
Exigências (g/dia) Mineral 
Manutenção1 Crescimento2 
Níveis máximos 
toleráveis 
Cálcio (0,0154 x PCJe)/0,50 (PRg x 0,071)/0,50 0,2 x IMS 
Fósforo (0,0160 x PCJe)/0,68 (PRg x 0,045)/0,68 0,1 x IMS 
1Para manutenção o PCJe = peso corporal em jejum 
2Para crescimento a PRg = proteína retida no ganho 
 
Tabela 3 - Concentrações máximas toleráveis de elementos minerais tóxicos para 
bovinos 
Elemento mg/kg 
Alumínio 1000,00 
Arsênico 50,00 (de formas orgânicas 100,00) 
Bromo 200,00 
Cádmio 0,05 
Flúor 40,00-100,00 
Chumbo 30,00 
Mercúrio 2,00 
Estrôncio 2000,00 
 
 Nas Tabelas 4 e 5 podem ser obtidas informações com relação è 
exigências de algumas categorias, bem como, a composição em cálcio e fósforo 
de alimentos usados com freqüência em confinamentos. Nestas duas tabelas 
procuramos evidenciar que em confinamentos há uma regra prática importante a 
ser observada. Quanto maior a inclusão de grãos na dieta, maior deverá ser a 
preocupação com os níveis de cálcio e, tal fato decorre dos baixos níveis de cálcio 
encontrado nos grãos de cereais. Já quando trabalhamos com ganhos diários 
mais baixos, quando as dietas apresentam maior percentual de volumoso, a 
preocupação maior deverá ser com o fósforo. 
 Nestas tabelas podem ser obtidos também as exigências diárias de 
novilhos com peso variando de 200 a 400 kg e ganho médios diários variando de 
0,4 a 0,9 kg/dia e 1,3 kg/dia. 
 
 
 
105
 
Tabela 4 – Composição de alimentos e exigências de cálcio em bovinos 
 
Alimento %Cálcio Exigência (%MSI) 
0,4-0,9 kg/GPV/dia 
Exigência (%MSI) 
1,3 kg/GPV/dia 
Milho 0,04 
Sorgo 0,05 
Aveia 0,06 
Farelo de Arroz 0,10 
Farelo de Algodão 0,16 
Farelo de Soja 0,30 
Casca de Soja 0,53 
Polpa de Citros 1,85 
Tanzânia 0,48 
Silagem de Sorgo 0,46 
Coastcross 0,46 
Silagem de Milho 0,31 
Braquiária 0,29 
Cana 0,21 
 
 
 
 
 
0,31 – 0,51 (200 kg PV) 
 
0,25 – 0,36 (300 kg PV) 
 
0,22 – 0,29 (400 kg PV) 
 
 
 
 
 
0,70 (200 kg PV) 
 
0,48 (300 kg PV) 
 
0,37 (400 kg PV) 
 
 
Tabela 5 – Composição de alimentos e exigências de fósforo em bovinos 
 
Alimento % Fósforo Exigência (%MSI) 
0,4-0,9 kg/GPV/dia 
Exigência (%MSI) 
1,3 kg/GPV/dia 
Polpa de Citros 0,13 
Casca de Soja 0,18 
Milho 0,31 
Sorgo 0,34 
Aveia 0,35 
Farelo de Soja 0,70 
Farelo de Algodão 0,75 
Farelo de Arroz 1,73 
Silagem de Milho 0,24 
Silagem de Sorgo 0,22 
Tanzânia 0,18 
Coastcross 0,16 
Braquiária 0,10 
Cana 0,06 
 
 
 
 
 
0,18 – 0,27 (200 kg PV) 
 
0,15 – 0,21 (300 kg PV) 
 
0,14 – 0,17 (400 kg PV) 
 
 
 
 
 
 
0,36 (200 kg PV) 
 
0,26 (300 kg PV) 
 
0,21 (400 kg PV) 
 
 
 
 
106
4. ESTIMATIVA DE GANHO DE PESO VIVO EM NOVILHOS 
 
Considerando as exigências conforme estudado anteriormente façamos um 
exemplo de desempenho de bovinos confinados. Consideremos um grupo de 
novilhos (castrados) de 300 kg de peso vivo, da raça Nelore, consumindo uma 
dieta com 1,66 Mcal de ELm /kg de MS e 1,05 Mcal de ELg /kg de MS, e ingerindo 
2,3% do seu peso vivo em matéria seca. Considere que estes animais apresentam 
uma condição de escore corporal igual a 4. Portanto, devemos fazer as correções 
para sexo, grupo genético e ganho compensatório. Considerando a concentração 
de ELm e ELg da dieta, qual será o desempenho deste grupo de animais e quais as 
exigências de proteína e minerais? 
 
1) Calcula-se inicialmente a ingestão de matéria seca que deverá ser destinada 
para a manutenção: 
ELm (Mcal/dia) = (PCJe0,75 x 0,077) x CS x CGG x CGC 
CS = 1 
CGG = 0,9 
CGC = 0,8 + (CC – 1) x 0,05 = 0,8 + (4 – 1) x 0,05 = 0,8 + 3 x 0,05 = 0,95 
ELm (Mcal/dia) = (71,73 x 0,077) x 1 x 0,9 x 0,95 
ELm (Mcal/dia) = 4,72 Mcal/dia 
 
Para obtermos a ingestão de MS para a manutenção do novilho, dividimos a 
exigência pela concentração de ELm da dieta: 
IMSmanutenção (kg/dia) = 4,72 / 1,66 
IMSmanutenção (kg/dia) = 2,85 kg/dia 
 
 
 
107
 
2) Em seguida, considerando a provável IMS calcula-se quanto restará para 
ganho de peso: 
Se a ingestão total de MS é de 2,3% do peso vivo do animal, então será 6,9 
kg/dia ([300 x 2,3]/100). 
MS para ganho = MStotal – MSmanutenção 
MS para ganho = 6,9 – 2,85 = 4,05 kg/dia 
 
3) Calcula-se então quanto de retenção de energia (RE) o novilho terá com estes 
4,05 kg para ganho em peso: 
RE = MS para ganho x ELg da dieta 
RE = 4,05 kg/dia x 1,05 Mcal/kg 
RE = 4,25 Mcal/dia 
 
4) Escolhe-se o peso padrão referência (PPR) que depende do grau de 
acabamento que queremos dar aos animais e, que está relacionado ao grupo 
de animais que geraram as equações do NRC. Em seguida define-se qual o 
provável peso corporal final em jejum (PCFJe; no grau de acabamento 
escolhido) do grupo genético em questão. 
PPR = 478 kg (28% de gordura na carcaça) 
 462 kg (26,8% de gordura na carcaça) 
 435 kg (25,2% de gordura na carcaça) 
Vamos escolher 478 kg (28% de gordura na carcaça). 
Supondo que o novilho em questão pertence a um grupo de GEC 4 (Nelore), 
podemos considerar que seu PCFJe será de aproximadamente 440 kg. 
 
5) Calcular o PCVz, EQPCJe e o EQPCVz 
PCJe = PV x 0,96 = 300 x 0,96 = 288 kg 
PCVz = 0,891 x PCJe = 0,891 x 288 = 256,6 kg 
 
 
 
108
EQPCJe = PCJe x (PPR / PCFJe) = 288 x (478 / 440) = 288 x 1,086 = 312,8 kg 
EQPCVz = 0,891 x EQPCJe = 0,891 x 312,8 kg = 278,7 kg 
Observa-se um EQPCJe e um EQPCVz maiores que o PCJe e o PCVz porque 
este grupo genético é de peso à maturidade menor (GEC 4) do que o grupo de 
animais que geraram as equações do NRC que em sua maioria são de GEC 5. 
Significa que se transformamos estes animais para um grupo genético de 
tamanho a maturidade maior (GEC 5) eles na realidade equivalem a animais 
mais pesados 
 
6) Em seguida, estimamos inicialmente o ganho de peso corporal vazio 
RE = 0,0635 x EQPCVz0,75 x GPCVz1,097 
4,25 = 0,0635 x (278,7)0,75 xGPCVz1,097 
4,25 = 0,0635 x 68,2 x GPCVz1,097 
4,25 = 4,33 x GPCVz1,097 
4,25 / 4,33 = GPCVz1,097 
0,98 = GPCVz1,097 
1,097 
 0,98 = GPCVz 
0,982 kg/dia = GPCVz 
 
7) Agora estimamos o ganho de peso corporal em jejum 
GPCVz = 0,956 x GPCJe 
GPCJe = GPCVz / 0,956 
GPCJe = 0,982 / 0,956 
GPCJe = 1,03 kg/dia 
 
8) E por último, estimamos o ganho de peso vivo 
GPV = GPCJe / 0,96 
GPV = 1,03 / 0,96 
GPV = 1,08 kg/dia 
 
 
 
109
 
9) A composição do ganho deste novilho pode ser estimada conforme abaixo: 
Proporção de gordura (%) = [0,122 x RE – 0,146] x 100 
Proporção de gordura (%) = [0,122 x 4,25 – 0,146] x 100 = 37,25% 
Isto significa uma deposição de aproximadamente 0,402 kg ou 402 gramas de 
gordura por dia [(1,08 kg x 37,25)/100]. 
 
Proporção de proteína (%) = [0,248 – (RE x 0,0264)] x 100 
Proporção de proteína (%) = [0,248 – (4,25 x 0,0264)] x 100 
Proporção de proteína (%) = [0,248 – 0,1122] x 100 = 13,58% 
Isto significa uma deposição de aproximadamente 0,147 kg ou 147 gramas de 
proteína por dia [(1,08 kg x 13,58)/100]. 
 
 
ESTIMATIVA DA EXIGÊNCIA DE PROTEÍNA BRUTA 
PARA O GANHO PREVISTO 
 
 Considerando que foi possível estimar o ganho provável, precisamos agora 
definir qual deve ser a concentração de proteína bruta que esta dieta deverá ter 
para atender este ganho. 
 
1) O primeiro passo é estimar a exigência de proteína líquida para o ganho 
previsto usando a equação abaixo: 
PLg (g/dia) = GPCJe x {268 – [29,4 x (RE / GPCJe)]} 
PLg (g/dia) = 1,03 x {268 – [29,4 x (4,25 / 1,03)]} 
PLg (g/dia) = 1,03 x {268 – 121,3} 
PLg (g/dia) = 1,03 x 146,7 
PLg (g/dia) = 151,1 g/dia 
 
 
 
 
 
110
 
 
2) O segundo passo é estimar a exigência de proteína metabolizável para o 
ganho previsto: 
Conforme já visto anteriormente, a eficiência de transformação da PM para PL 
para animais com EQPCVz ≤ 300 é: 
PM = PLg / [0,83 – (EQPCVz x 0,00114)] 
PM = [0,83 – (278,7 x 0,00114)] 
PM = 0,512 
Calculamos agora a exigência diária de PMg 
PMg (g/dia) = 151,1/0,512 = 296,3 g/dia 
 
3) Em seguida estimamos a exigência de proteína bruta para o ganho previsto. 
Vamos assumir que a degradabilidade ruminal da proteína desta dieta é de 
68%, então a proteína não degradável é de 32%. 
PBg (g/dia) = PMg / [0,64 x (PNDR x 0,0016)] 
PBg (g/dia) = 296,3 / [0,64 x (32 x 0,0016)] 
PBg (g/dia) = 296,3 / 0,6912 
PBg (g/dia) = 428,7 g/dia 
 
4) Considerando a exigência de PM para manutenção podemos calcular a 
exigência de PB para manutenção. 
O NRC (2000) usa o valor de 3,8 g/dia de PM /kg de PV0,75 como exigência 
diária para manutenção. 
PMm (g/dia) = PV0,75 x 3,8 
 
 
 
111
PMm (g/dia) = 72,1 x 3,8 
PMm (g/dia) = 274 g/dia 
PBm (g/dia) = PMm / [0,64 x (PNDR x 0,0016)] 
PBm (g/dia) = 274 / [0,64 x (32 x 0,0016)] 
PBm (g/dia) = 274 / 0,6912 
PBm (g/dia) = 396,4 g/dia 
 
5) Finalmente podemos estimar a exigência total de proteína bruta 
PBtotal (g/dia) = PBm + PBg 
PBtotal (g/dia) = 396,4 + 428,7 
PBtotal (g/dia) = 825,1 g/dia 
 
6) Calcular a concentração de proteína da dieta 
Se a ingestão de MS for 6,9 kg/dia (6900 g/dia), então: 
% PB da dieta = (PBtotal / IMS) x 100 
% PB da dieta = (825,1 / 6900) x 100 
% PB da dieta = 11,96% = 12% 
 
ESTIMATIVA DAS EXIGÊNCIAS DE MINERAIS 
 
1) Exigências de Cálcio (Tabela 2) 
 
Manutenção = (0,0154 x PCJe)/0,50 = (0,0154 x 288)/0,5 = 8,87 g/dia 
Ganho = (PRg x 0,071)/0,5 = (151,1 x 0,071)/0,5 = 21,46 g/dia 
Exigências totais de Cálcio = 30,33 g/dia 
% na dieta = (30,33/6900)*100 = 0,44% 
 
 
 
 
 
 
112
2) Exigências de Fósforo (Tabela 2) 
 
Manutenção = (0,0160 x PCJe)/0,68 = (0,0160 x 288)/0,68 = 6,78 g/dia 
Ganho = (PRg x 0,045)/0,68 = (151,1 x 0,045)/0,68 = 10 g/dia 
Exigências totais de Fósforo = 16,78 g/dia 
% na dieta = (16,78/6900)*100 = 0,24% 
 
3) Exigências dos outros minerais 
 
As exigências de todos os outros minerais são calculadas com base na MS 
ingerida. Considerando que a ingestão de matéria seca foi de 6900 g/dia, 
temos: 
Magnésio = 0,10% de 6900 = (0,1 * 6900)/100 = 6,9 g/dia 
Sódio = 0,08% de 6900 = (0,08 * 6900)/100 = 5,52 g/dia 
Enxofre = 0,15% de 6900 = (0,15 * 6900)/100 = 10,35 g/dia 
Cobalto = 0,1 mg/kg de MSI = 0,1 x 6,9 = 0,69 mg/dia 
Cobre = 10 mg/kg de MSI = 10 x 6,9 = 69 mg/dia 
Iodo = 0,5 mg/kg de MSI = 0,5 x 6,9 = 3,45 mg/dia 
Manganês = 20 mg/kg de MSI = 20 x 6,9 = 138 mg/dia 
Ferro = 50 mg/kg de MSI = 50 * 6,9 = 345 mg/dia 
Selênio = 0,1 mg/kg de MSI = 0,1 x 6,9 = 0,69 mg/dia 
Zinco = 30 mg/kg de MSI = 30 x 6,9 = 207 mg/dia 
 
 
5. PREDIÇÃO DA INGESTÃO DE ALIMENTOS EM BOVINOS DE CORTE 
 
 
O NRC (2000) apresenta equações para estimar a ingestão de MS. Na 
edição de 2000 são discutidas as modificações efetuadas em relação à última 
edição do NRC de bovinos de corte (1984), comparando-se equações e 
demonstrando-se as validações efetuadas nas equações desenvolvidas. Um ponto 
 
 
 
113
interessante nesta nova edição é a inclusão de alguns fatores de ajustes nos 
modelos, o que tem melhorado significativamente a predição da ingestão de 
alimentos. É importante salientar que estes fatores de ajustes foram desenvolvidos 
baseados em informações obtidas em condições distintas às observadas no 
Brasil, necessitando, portanto, serem adequados a partir de informações geradas 
em nossas condições. 
 
 
Animais em Crescimento e em Acabamento 
 
1) Concentração Energética da Dieta 
 
A partir de trabalhos publicados entre os anos 1980 e 1992 no Journal of 
Animal Science, desenvolveu-se a seguinte equação, relacionando a ingestão 
energia líquida com a concentração energética da dieta: 
IELm = PCJe0,75 x (0,2435 x ELm - 0,0466 x ELm2 - 0,1128) onde: 
IELm = ingestão diária de energia líquida de mantença (Mcal/dia); PCJe = é 
o peso corporal em jejum médio para o período de alimentação e ELm = 
concentração energética da dieta (Mcal/kg de MS). 
 
A ingestão de MS pode ser obtida pela divisão: IELm (Mcal/dia) 
 ELm (Mcal/kg de MS) 
Para novilhos e novilhas de sobreano o intercepto a ser utilizado na 
equação acima será -0,0869 e não -0,1128. Assim, a equação para estes animais 
será: 
IELm = PCJe 0,75 x (0,2435 x ELm - 0,0466 x ELm 2 - 0,0869) 
No caso de grupos genéticos com GEC diferente de 5 (grupos que geraram 
as equações) devemos usar o EQPCJe. 
Uma comparação entre a equação utilizada nesta edição e aquela da 
edição passada (1984), indica que para dietas de baixa densidade energética as 
 
 
 
114
equações fornecem valores semelhantes de ingestão; para dietas com densidade 
energética intermediária a edição anterior estima uma ingestão superior e, para 
dietas de densidade energética elevada a edição atual estimada uma ingestão 
superior. 
Como no desenvolvimento da equação utilizaram-se informações referentes 
à média do período de alimentação, que variou de 52 a 212 dias, deve-se utilizar o 
peso corporal médio esperado para o período (média de peso entre o peso inicial 
e final) de alimentação quando da utilização da equação para fins de predição da 
ingestão. 
Como visto anteriormente, estas equações deverão ser utilizadas apenas 
como um referencial, devendo-se quando possível efetuar ajustes baseando-se 
em dados obtidos em cada situação particular de alimentação. 
 
2) Fatores de ajuste 
 
Baseados nos fatores que afetam a ingestão de MS, como visto 
anteriormente, o NRC (2000) propõe incluir alguns parâmetros de ajuste nos 
resultados obtidos através da equação que obtém IELm. A Tabela 6 mostra os 
ajustes recomendados para cada fator. 
 
 
 
115
Tabela 6 - Fatores de ajuste para a ingestão de matéria seca estimada pela 
equação1. 
Fator Ajuste 
Raça 
Holstein 1,08 
Holstein x Bov. Corte 1,04 
Teor de Gordura na carcaça (%) (TGC) 
21,3 (350 kg) 1,00 
23,8 (400 kg) 0,97 
26,5 (450 kg) 0,90 
29,0 (500 kg) 0,82 
31,5 (550 kg) 0,73 
Implantes anabólicos (Imp) 
Com Implantes 1,00 
Sem implantes 0,94 
Temperatura (0C)> 35, sem resfriamento noturno 0,65 
>35, com resfriamento noturno 0,90 
25 a 35 0,90 
15 a 25 1,00 
5 a 15 1,03 
-5 a 5 1,05 
-15 a –5 1,16 
Lama 
Moderada (10 a 20 cm) 0,85 
Severa (30 a 60 cm) 0,70 
 
 
 
 
 
 
 
116
Literatura de Apoio 
 
NRC. Nutrient Requirement of Beef Cattle. Seventh Revised Edition. National 
Academy Press, Washington, DC, 2000. 248 p.

Continue navegando