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FOCO NO MERCADO DE TRABALHO A DIVERSIDADE NA EDUCAÇÃO INFANTIL Ana Leticia Losano Imprimir SEM MEDO DE ERRAR Os conteúdos apresentados nesta seção são importantes ferramentas para imaginar modos de ajudar Diego com as suas problemáticas. Como coordenador pedagógico, Diego pode organizar uma série de encontros de formação, nos quais reúna os professores para discutir duas questões: qual poderia ser a contribuição Fonte: Shutterstock. Deseja ouvir este material? Áudio disponível no material digital. 0 V er a n o ta çõ es 11/11/2024, 13:47 lddkls211_nat_soc https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=danialvesmg%40gmail.com&usuarioNome=DANIELLA+ALVES+DE+ANDRADE+GUIMARAES+RODRIGUES&disciplinaDescricao=NATURE… 1/5 dos professores no processo de valorização da diversidade? Quais práticas pedagógicas contribuiriam para desenvolver o respeito à diversidade cultural presente na escola e na comunidade? Ele poderia organizar a discussão sobre a segunda pergunta em torno dos quatro princípios propostos por Dias (2012): 1. O educador precisa ter coragem para trabalhar esse tema. 2. A importância do lúdico nas práticas vinculadas à diversidade étnico-racial. 3. A ideia de diferença deve ser compreendida como algo positivo. 4. A importância de oferecer elementos para que a criança construa sua identidade de modo positivo e não impor uma identidade a ela. Visto que essas temáticas estão sendo tratadas em um espaço institucional e organizadas pelo coordenador pedagógico da escola, pode ser importante que Diego transmita aos professores seu total apoio para o tratamento de tarefas que valorizem a diversidade presente na escola. Isso poderia contribuir para que eles se sintam seguros e apoiados institucionalmente, compreendendo que a coragem necessária para tais abordagens possui um respaldo institucional. Já para o trabalho em torno da segunda pergunta, o coordenador pode organizar o trabalho em torno de uma “chuva” de ideias, na qual os professores propõem todas as tarefas para sala de aula que consigam imaginar ou conheçam e que poderiam contribuir para desenvolver o respeito à diversidade. A partir dessas sugestões, Diego pode aprofundar as discussões agrupando as tarefas propostas pelos professores naquelas que contribuem para o desenvolvimento da linguagem, as vinculadas ao trabalho artístico e aquelas que focam no desenvolvimento corporal (DIAS, 2012). Ele poderia �nalizar o trabalho lançando o seguinte desa�o para os professores: como citamos um diálogo entre os conhecimentos tradicionais provenientes das diversas matrizes étnicas e culturais dos nossos alunos e aquelas competências e saberes que devemos desenvolver na Educação Infantil? Tal desa�o abre uma 0 V er a n o ta çõ es 11/11/2024, 13:47 lddkls211_nat_soc https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=danialvesmg%40gmail.com&usuarioNome=DANIELLA+ALVES+DE+ANDRADE+GUIMARAES+RODRIGUES&disciplinaDescricao=NATURE… 2/5 porta para que os docentes, com a colaboração de Diego, planejem, implementem a elaborem atividades nas suas salas de aula que tragam as distintas realidades culturais que os alunos experimentam cotidianamente e as articulem com os saberes e as competências escolares. Perante essa provocação, podemos imaginar que Roberta, uma professora particularmente interessada no ensino de Ciências na Educação Infantil, planejou uma tarefa centrada na história vinda da tradição do povo Bahima, da Uganda, que se dedica ao pastoreio do gado Ankole, do qual depende sua subsistência. A história é a seguinte: Roberta pensava que essa história poderia ser considerada um ponto de partida para trabalhar algumas noções de Ciências com os alunos da Educação Infantil. Diego gostou muito da ideia e, juntos, continuaram explorando suas potencialidades. Foi assim que descobriram que a história transmite uma prática biotecnológica tradicional do Bahima: a prática de aproveitar microrganismos para produzir alimentos. Quando os pesquisadores investigaram o processo seguido pelos Bahima, descobriram que esse procedimento utiliza micróbios que gostam de nadar no leite e que se alimentam dele. Esses micróbios são as conhecidas bactérias lácteas, as quais também são utilizadas por outras culturas para produzir queijos, iogurtes ou deixar o pão macio (FUSCONI, 2010). Foi assim que Roberta e Diego decidiram trabalhar com essa história na sala de aula, a �m de trabalhar Em Uganda, no coração da África, os contadores de histórias dizem que, antigamente, o gato e o rato viviam juntos e eram muito amigos. Os dois parceiros plantavam, colhiam e armazenavam o produto do seu trabalho em pequenos celeiros de barro cobertos com palhas. Um dia, o rato resolveu que devia guardar o leite também, da mesma forma que os homens faziam, para não passar fome durante a estação da seca. — De que jeito? — questionou o gato. — Em poucos dias, o leite estará azedo. — Deixe comigo —, respondeu o rato. — Eu aprendi como as mulheres preparam uma manteiga que eu adoro, que elas chamam de ghee. (...) Então, sob o comando do rato, os dois amigos deram início ao longo processo. Assim que acabavam de ordenhar as vacas, de chifres enormes, punham o leite numa sacola de couro, durante alguns dias, para fermentar. Depois balançavam a bolsa, pendurada por uma corda no galho de uma árvore, para lá e para cá. Em seguida, retiravam a espuma que ia se formando no topo, colocavam-na em uma panela e ferviam até que a manteiga �casse no ponto. No �m da estação da colheita, os compadres tinham um pote cheio de ghee. Para que o gosto �casse melhor, adicionaram nele uma série de temperos. — FUSCONI, 2010, p. 51-52 “ 0 V er a n o ta çõ es 11/11/2024, 13:47 lddkls211_nat_soc https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=danialvesmg%40gmail.com&usuarioNome=DANIELLA+ALVES+DE+ANDRADE+GUIMARAES+RODRIGUES&disciplinaDescricao=NATURE… 3/5 com os alunos uma ideia cientí�ca muito importante: nem todos os micróbios causam doenças, alguns deles são utilizados cotidianamente pelas pessoas e deixam a nossa vida bem mais gostosa. AVANÇANDO NA PRÁTICA COMO TRAZEMOS A DIVERSIDADE DOS NOSSOS CORPOS PARA A SALA DE AULA DA EDUCAÇÃO INFANTIL? Leni é uma professora da Educação Infantil que está bastante preocupada com os processos pelos quais os seus alunos constroem imagens sobre seus corpos e os dos outros. Ouvindo seus alunos brincarem na sala de aula, ela percebe que eles parecem aceitar só um tipo físico como portador da beleza, da bondade, da riqueza ou da magia. Leni sabe que não todos os seus alunos se encaixam naquele tipo físico. O mesmo acontece com muitos dos adultos que os rodeiam – pais, avós, tios, primos, etc. A professora é ciente, também, de que esse tipo de corpo “certo” – magro, alto, loiro e de olhos claros – é aquele que aparece na mídia, a qual transmite uma “pedagogia da beleza”, na qual seus alunos acabam tentando modi�car seus corpos para fazê-los parecer o máximo possível com os corpos “normais” e “bonitos”. Ela sabe que tais processos podem ser muito dolorosos e estão na contramão com o estabelecido pelos documentos curriculares, que prezam por práticas pedagógicas centradas no cuidado físico, na emancipação e na liberdade, e não na submissão (BRASIL, 2017). Perante essa situação, Leni se pergunta: o que posso fazer para trabalhar esses assuntos na minha sala de aula? Quais práticas poderiam contribuir para que meus alunos comecem a construir relações de respeito e valorização a diversos tipos de corpos? RESOLUÇÃO Leni tinha todas essas perguntas na cabeça no momento em que arrumava os brinquedos que seus alunos tinham utilizado para brincar durante a aula que acabara de �nalizar. Naquele momento, ela se perguntou: se eu quero que 0 V er a n o ta çõ es 11/11/2024, 13:47 lddkls211_nat_soc https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=danialvesmg%40gmail.com&usuarioNome=DANIELLA+ALVES+DE+ANDRADE+GUIMARAES+RODRIGUES&disciplinaDescricao=NATURE…4/5 meus alunos aprendam a valorizar a diversidade dos nossos corpos, como é que na minha sala de aula não tenho bonecos negros, gordos, velhos, que usam óculos, etc.? Foi assim que Leni começou um projeto na sua escola, a partir do qual, com a colaboração dos colegas e das famílias, reuniu e construiu bonecos diversos. Ela levou para sua sala de aula um saco surpresa, no qual havia bonecas negras vestidas de princesas, bonecos que representavam pessoas idosas, que faltavam uma perna ou um braço, com diferentes tipos de cabelos e carecas. No começo, seus alunos se mostraram surpresos, mas com o tempo e com a ajuda da professora se acostumaram a brincar com todos eles e a conversar sobre esses personagens, aplicando bandagens nos seus machucados ou lenços e perucas em suas cabeças. Com o seu saco surpresa, Leni começou a desconstruir os modos de brincar com bonecos, o que permitiu que seus alunos mudassem seu olhar para com aqueles que não se parecem com eles. Dessa forma ela conseguiu problematizar e reelaborar discursos sobre raça, corpo, geração, etc. e seus alunos puderam re�etir sobre suas relações com os idosos, com as crianças negras, com aqueles que têm cabelos crespos, com os que perderam uma perna, com os que tiveram que �zer quimioterapia e �caram carecas, etc. (DORNELLES, 2010). 0 V er a n o ta çõ es 11/11/2024, 13:47 lddkls211_nat_soc https://www.colaboraread.com.br/integracaoAlgetec/index?usuarioEmail=danialvesmg%40gmail.com&usuarioNome=DANIELLA+ALVES+DE+ANDRADE+GUIMARAES+RODRIGUES&disciplinaDescricao=NATURE… 5/5