Baixe o app para aproveitar ainda mais
Prévia do material em texto
Fernando Magri Roberto Bolina Legislação, rotinas de pessoal e benefícios Dados Internacionais de Catalogação na Publicação (CIP) (Jeane Passos de Souza – CRB 8a/6189) Magri, Fernando Legislação, rotinas de pessoal e benefícios / Fernando Magri, Roberto Bolina. – São Paulo: Editora Senac São Paulo, 2017. (Série Universitária) Bibliografia. e-ISBN 978-85-396-2119-4 (ePub/2017) e-ISBN 978-85-396-2120-0 (PDF/2017) 1. Direito trabalhista 2. Direito trabalhista – Legislação 3. Administração de pessoal I. Bolina, Roberto. II. Título. III. Série 17-678s CDD-344.01 658.311 BISAC BUS030000 Índice para catálogo sistemático 1. Leis: Brasil: Direito trabalhista 344.01 2. Direito trabalhista: Brasil: Leis 344.01 3. Administração de pessoal: Recrutamento e seleção 658.311 LEGISLAÇÃO, ROTINAS DE PESSOAL E BENEFÍCIOS Fernando Magri Roberto Bolina Administração Regional do Senac no Estado de São Paulo Presidente do Conselho Regional Abram Szajman Diretor do Departamento Regional Luiz Francisco de A. Salgado Superintendente Universitário e de Desenvolvimento Luiz Carlos Dourado Editora Senac São Paulo Conselho Editorial Luiz Francisco de A. Salgado Luiz Carlos Dourado Darcio Sayad Maia Lucila Mara Sbrana Sciotti Jeane Passos de Souza Gerente/Publisher Jeane Passos de Souza (jpassos@sp.senac.br) Coordenação Editorial/Prospecção Luís Américo Tousi Botelho (luis.tbotelho@sp.senac.br) Márcia Cavalheiro Rodrigues de Almeida (mcavalhe@sp.senac.br) Administrativo João Almeida Santos (joao.santos@sp.senac.br) Comercial Marcos Telmo da Costa (mtcosta@sp.senac.br) Acompanhamento Pedagógico Ariadiny Carolina Brasileiro Maciel Designer Educacional Lilian Brito Santos Revisão Técnica Karin Pfannemuller Gomes Coordenação de Preparação e Revisão de Texto Luiza Elena Luchini Preparação de Texto Rodolfo De Santana Obá Editorial Revisão de Texto AZ Design Arte e Cultura Projeto Gráfico Alexandre Lemes da Silva Emília Corrêa Abreu Capa Antonio Carlos De Angelis Editoração Eletrônica Sidney Foot Gomes Ilustrações Sidney Foot Gomes Imagens iStock Photos E-pub Ricardo Diana Proibida a reprodução sem autorização expressa. Todos os direitos desta edição reservados à Editora Senac São Paulo Rua 24 de Maio, 208 – 3o andar Centro – CEP 01041-000 – São Paulo – SP Caixa Postal 1120 – CEP 01032-970 – São Paulo – SP Tel. (11) 2187-4450 – Fax (11) 2187-4486 E-mail: editora@sp.senac.br Home page: http://www.editorasenacsp.com.br © Editora Senac São Paulo, 2017 © Editora Senac São Paulo, 2020 (atualização) Sumário Capítulo 1 História e princípios do direito do trabalho, 7 1 História e princípios do direito do trabalho, 7 Considerações finais, 20 Referências, 20 Capítulo 2 Figuras da relação de emprego, 23 1 Figuras da relação de emprego, 24 Considerações finais, 33 Referências, 33 Capítulo 3 Contrato individual de trabalho, 35 1 Contrato individual de trabalho, 35 Considerações finais, 44 Referências, 44 Capítulo 4 Suspensão e interrupção do contrato individual de trabalho, 45 1 Suspensão e interrupção do contrato individual de trabalho, 46 Considerações finais, 54 Referências, 55 Capítulo 5 Extinção do contrato individual de trabalho, 57 1 Extinção do contrato individual de trabalho, 58 Considerações finais, 66 Referências, 66 Capítulo 6 Aviso prévio e procedimentos para rescisão do contrato individual de trabalho, 69 1 Aviso prévio e assistência na rescisão contratual, 70 Considerações finais, 78 Referências, 79 Capítulo 7 Estabilidades, 81 1 Estabilidades, 82 Considerações finais, 92 Referências, 92 Capítulo 8 Jornada de trabalho, intervalos e descanso semanal remunerado, 95 1 Jornada de trabalho, intervalos e descanso semanal remunerado, 96 Considerações finais, 105 Referências, 105 Capítulo 9 Salário e remuneração, 107 1 Salário e remuneração, 108 Considerações finais, 117 Referências, 118 Capítulo 10 Principais rotinas de pagamento de empregados – parte 1, 119 1 Folha de pagamento: acréscimos legais e descontos, 120 2 Direito a férias: formas, prazos e pagamentos, 124 3 Décimo terceiro salário: formas, prazos e cálculos, 127 Considerações finais, 128 Referências, 129 Capítulo 11 Principais rotinas de pagamento de empregados – parte 2, 131 1 Encargos sociais sobre a folha de pagamento (previdência social; FGTS; IRRF; PIS e Pasep), 132 Considerações finais, 137 Referências, 137 Capítulo 12 Obrigações acessórias que geram vínculo empregatício, 139 1 Programa de Integração Social (PIS), 141 2 Cadastro Geral de Empregadose Desempregados (Caged), 142 3 Declaração do Imposto de Renda Retido na Fonte (Dirf), 142 4 Relação Anual de Informações Sociais (Rais), 146 Considerações finais, 151 Referências, 151 Capítulo 13 Alteração do contrato individual de trabalho, 153 1 Alteração do contrato individual de trabalho, 154 2 Consequências da transferência do empregado, 157 Considerações finais, 159 Referências, 159 Capítulo 14 Assédio moral nas relações de trabalho, 161 1 Noções conceituais de assédio moral, 162 2 Responsabilidade civil decorrente do assédio moral, 167 Considerações finais, 169 Referências, 169 Capítulo 15 Benefícios legais e convencionais, 171 1 Espécies de benefícios, 172 2 Negociação coletiva, 175 3 Sobreposição de normas legais e convencionais, 178 Considerações finais, 180 Referências, 180 Capítulo 16 Benefícios flexíveis e a legislação trabalhista, 183 1 Benefícios flexíveis e a legislação trabalhista, 184 2 Análise do Programa Seguro- Emprego – Lei no 13.189/2015, 188 Considerações finais, 191 Referências, 192 Sobre os autores, 193 7 Capítulo 1 História e princípios do direito do trabalho Este primeiro capítulo tem por objetivo apresentar estudos em direi- to do trabalho quanto a sua definição e estruturação evolutiva histórica, para compreensão de suas diretrizes mais básicas e de acontecimen- tos que consolidaram essa ciência ao longo do tempo. 1 História e princípios do direito do trabalho Será abordada a base do princípio lógico do direito do trabalho, com a apresentação dos pontos mais importantes e orientadores dessa ciência, os quais ilustrarão toda a sua raiz, sendo certo que esses postulados se- rão sempre relembrados por ocasião do enfrentamento de outros temas, dadas as suas propriedades fundadoras, dogmáticas e exegéticas. User Realce User Realce User Realce User Realce 8 Legislação, rotinas de pessoal e benefícios Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 1.1 Evolução histórica do direito do trabalho As ciências humanas e sociais, aqui inserida a ciência do direito, são objeto de constante evolução no cerne da sociedade, exercendo e sofrendo influências de fenômenos políticos, econômicos e sociais de forma geral, sendo marcadas pela edificação do denominado controle social. Conforme preleção de Mezzomo (2011, p. 32), “o controle so- cial se caracteriza por meio da pressão que um grupo exerce sobre o indivíduo comum, para que tenha determinados comportamentos e se abstenha de outros”. IMPORTANTE O direito do trabalho, em que pese ostentar normas de ordem pública, é ramo do direito privado, porquanto tutela as relações entre particulares, podendo ser definido como “o ramo do direito que disciplina as relações de emprego e assemelhadas, constituindo um sistema de regras, princí- pios e instituições voltado ao estabelecimento de medidas de proteção ao trabalho”. (FREDIANI; AMORIM, 2011, p. 4) Toda a sistemática do direito do trabalho gira em torno de princípios, normas e regras relacionados ao vínculo empregatício, de modo que estudar a evoluçãohistórica do direito passa, necessariamente, pela análise do progresso das próprias relações de trabalho. Desde a Antiguidade até os dias atuais, a relação de trabalho pode ser dividida em dois polos: o de quem oferece sua mão de obra e o de quem a explora economicamente. Como bem salientam Frediani e Amorim (2011), superado o período escravagista, toma posto o siste- ma de servidão à gleba, quando o trabalhador se tornava preso à terra. Depois, começam a aparecer as corporações de ofício e, com elas, a User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce 9História e princípios do direito do trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. estruturação das profissões e a organização dentro de uma proposta hierárquica. Caminhando nessa evolução, surgem as manufaturas.1 Com o advento da Revolução Industrial, enfim, alcança-se o primeiro esboço de uma organização das relações de trabalho. É justamente nesse contexto que começam a surgir as primeiras tentativas normativas para regular as relações de trabalho, sobretudo para impedir a exploração dos trabalhadores, por exemplo, a constitui- ção de parâmetros para a jornada de trabalho. A primeira Constituição do mundo a tratar do direito do trabalho foi a do México, em 1917, prevendo vários direitos trabalhistas, entre eles a jornada de trabalho, a proteção da maternidade, entre outros, sendo seguida pela Constituição Federal de Weimar, promulgada na Alemanha em 1919, que inovou na previsão de outros direitos trabalhistas, como o direito a um sistema de seguros sociais, a liberdade de união e organi- zação, entre outros (DELGADO, 2013). No plano dos direitos, com a Constituição da República Federativa do Brasil de 1891, destaca-se a previsão da liberdade de trabalho, considerada direito fundamental pela nossa Constituição Federal atual, promulgada em 1988. PARA SABER MAIS A título de esclarecimento, a disposição da Constituição Federal de 1891 acerca da liberdade de trabalho (art. 72, § 24) não foi reprodu- zida em sua inteireza pela Constituição Federal de 1988 (art. 5o, XIII), que abrangeu outras formas do exercício laborativo, como o trabalho 1 As manufaturas consistiam em regimes em que a administração pública atribuía a uma corporação o direito de explorar, em caráter de exclusividade, uma atividade economicamente ativa, sendo certo que os empregados recebiam suas remunerações pelos serviços prestados, muito embora não houvesse nenhuma figura contratual nessa relação que permitisse buscar condições mais dignas de trabalho (FREDIANI; AMORIM, 2011). User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce 10 Legislação, rotinas de pessoal e benefícios Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . e o ofício, e condicionou-os a eventuais exigências legais, conforme se observa da comparação textual abaixo: Art. 72. A Constituição assegura a brasileiros e a estrangei- ros residentes no País a inviolabilidade dos direitos concer- nentes à liberdade, à segurança individual e à propriedade, nos termos seguintes: […] § 24 – É garantido o livre exercício de qualquer profissão moral, intelectual e industrial. Art. 5o Todos são iguais perante a lei, sem distinção de qualquer natureza, garantindo-se aos brasileiros e aos estrangeiros residentes no País a inviolabilidade do direito à vida, à liberdade, à igualdade, à segurança e à propriedade, nos termos seguintes: […] XIII – É livre o exercício de qualquer trabalho, ofício ou profissão, atendidas as qualificações profissionais que a lei estabelecer. (BRASIL, 1891) No entanto, conforme citado por Frediani e Amorim (2011), somente se percebeu sensível evolução durante a Era Vargas, em especial entre 1930 e 1945. Com efeito, em 1930 é criado o Ministério do Trabalho, Indústria e Comércio, sendo sucedido por um processo de constitucio- nalização social, com a Constituição Federal de 1934 prevendo alguns direitos básicos para os trabalhadores, notadamente o estabelecimento de um salário mínimo nacional, a limitação da jornada diária de trabalho a 8 horas, a fixação de férias remuneradas, entre outros, passando a to- mar vez a judicialização2 como meio para a solução das controvérsias trabalhistas. 2 Submissão das questões trabalhistas à apreciação do Poder Judiciário. User Realce User Realce User Realce 11História e princípios do direito do trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Figura 1 – Sistema de solução judicial dos conflitos trabalhistas Não obstante, a Constituição Federal de 1937, também conhecida como Constituição Polaca, dada sua inspiração fascista e claramente ditatorial, suprimiu alguns desses direitos e proibiu a prática de greves, direitos que somente foram retomados com a promulgação da Consti- tuição Federal de 1946, que ainda previu a estabilidade e o repouso semanal remunerado. Nesse contexto, o principal marco na análise da evolução histórica do direito do trabalho foi a aprovação, por meio do Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943 (posteriormente definido como o Dia do Trabalho, feriado nacional), da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), um ar- cabouço legal, embora com diversas alterações, até hoje vigente e que concentra a maioria das normas atinentes ao direito do trabalho. No período de ditadura posterior, não houve profunda modifica- ção dos direitos trabalhistas, em que pese ter havido repressão às práticas grevistas. User Realce User Realce 12 Legislação, rotinas de pessoal e benefícios Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . A consolidação do perfil democrático de nossa ordem jurídica veio com a promulgação da Constituição Federal de 1988, que estabeleceu alguns princípios de grande relevância e resgatou a inserção de direitos sociais, como a redução da jornada semanal de trabalho para o limite má- ximo de 44 horas; a previsão do pagamento adicional de 50% para horas extras e de um terço em razão das férias; instituição da licença-paternida- de; entre outros avanços integrados aos direitos individuais trabalhistas. 1.2 Princípios do direito do trabalho Princípios são pilares que sustentam o ordenamento jurídico, de for- ma que auxiliam o intérprete na busca do sentido da norma em análise. Conforme lecionado por Almeida (2014, p. 31), “princípio é o início, a origem de algo. As leis devem ser interpretadas de acordo com os princípios do direito [...]”. Além da função interpretativa, os princípios são aplicados na solu- ção de casos concretos, podendo servir de integração para aplicação da lei, ou, até mesmo, para afastar a aplicação de uma norma jurídica. Dessa forma, tal assertiva é corroborada pelo disposto no artigo 8o da Consolidação das Leis do Trabalho, conforme transcrito: Art. 8o As autoridades administrativas e a Justiça do Trabalho, na falta de disposições legais ou contratuais, decidirão, con-forme o caso, pela jurisprudência, por analogia, por equidade e outros princípios e normas gerais de direito, principalmente do direito do trabalho, e, ainda, de acordo com os usos e costumes, o direito comparado, mas sempre de maneira que nenhum inte- resse de classe ou particular prevaleça sobre o interesse públi- co. (BRASIL, 1943, grifo nosso) Em razão da sua importância para o estudo das normas trabalhis- tas, não podemos deixar de abordar o princípio da dignidade humana, previsto na Constituição. Pois bem, a nossa Constituição Federal de 1988 atribuiu à dignidade humana valor supremo e fundamental da User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce 13História e princípios do direito do trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. República Federativa do Brasil. Nesse sentido, dispõe o artigo 1o, in- ciso III da referida Carta: Art. 1o A República Federativa do Brasil, formada pela união indis- solúvel dos Estados e Municípios e do Distrito Federal, constitui-se em Estado democrático de direito e tem como fundamentos: […] III – A dignidade da pessoa humana. (BRASIL, 1988) Cabe ressaltar que a observância do princípio da dignidade da pes- soa humana não depende de qualquer situação financeira, social ou in- telectual dos indivíduos, uma vez que a própria Constituição assegura a igualdade de tratamento a todos, como corolário do Estado democráti- co de direito. IMPORTANTE Podemos afirmar que o princípio da dignidade da pessoa humana é o pilar de todos os demais direitos humanos fundamentais que integram as normas constitucionais dos países democráticos, incluindo o Brasil. É importante lembrar também que o princípio da dignidade da pes- soa humana, no âmbito do direito do trabalho, impõe limites à atuação do Poder Público e das entidades privadas, uma vez que tem como ob- jetivo evitar, por exemplo, uma violação da dignidade pessoal do empre- gado no ambiente de trabalho. Acerca da importância do princípio da dignidade humana para o di- reito do trabalho, Resende (2016, p. 22) diz que: [...] esse princípio se irradia em todas as relações trabalhistas, seja impondo limites, por exemplo, ao poder diretivo do empregador (v.g., na limitação das revistas pessoais, na proibição das revistas íntimas, na limitação do monitoramento do e-mail corporativo), seja vedando a discriminação em razão de sexo, raça, religião ou característica física. User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce 14 Legislação, rotinas de pessoal e benefícios Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . No âmbito do Tribunal Superior do Trabalho, há vários julgados fun- damentados na aplicação do princípio da dignidade da pessoa humana. Dentre tais julgados, podemos citar como exemplo o proferido no recur- so de Embargos em Embargos de Declaração em Recurso de Revista no TST-E-ED-RR-159600-47.2007.5.03.0020 (BRASIL, 2010): […] DANO MORAL. RESTRIÇÃO AO USO DO TOALETE. DANO MO- RAL. TEMPO PARA O USO DO BANHEIRO. A dignidade é a pedra angular de todos os outros direitos e liberdades da pessoa huma- na: todas as pessoas são iguais, devem ser tratadas com respeito e integridade, e a violação deste princípio implica sanções pela lei. Pelo princípio da dignidade humana cada ser humano possui um direito intrínseco e inerente a ser respeitado, são seus próprios va- lores subjetivos – seu sistema de referências pessoais e morais – que se revelam no universo coletivo. Todas as condutas abusivas, que se repetem ao longo do tempo e cujo objeto atenta contra o SER humano, a sua dignidade ou a sua integridade física ou psí- quica, durante a execução do trabalho merecem ser sancionadas, por colocarem em risco o meio ambiente do trabalho e a saúde física e psicológica do empregado. Um meio ambiente intimidador, hostil, degradante, humilhante ou ofensivo que se manifesta em regra por palavras, intimidações, atos gestos ou escritos unilaterais que podem expor a sofrimento físico ou situações humilhantes os empregados deve ser objeto de proteção do legislador, do juiz e da sociedade. Nesse contexto, o empregador deve, pois, tomar todas as medidas necessárias para prevenir o dano psicossocial ocasio- nado pelo trabalho […]. (TST-E-ED-RR-159600-47.2007.5.03.0020 – Subseção I Especializada em Dissídios Individuais – Ministro Relator: Aloysio Corrêa da Veiga – Data do julgamento: 23.09.2010) Para complementar o tema, vamos destacar os princípios específi- cos do direito do trabalho. 1.2.1 Princípio da proteção Esse princípio também é conhecido como princípio tutelar. Consi- derando o empregado como a parte mais frágil na relação jurídica com User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce 15História e princípios do direito do trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. o empregador, o princípio de proteção ou princípio tutelar tem o objetivo de corrigir desigualdades para proteger o empregado. Segundo Resende (2016, p. 26), “o princípio da proteção consiste na utilização da norma e da condição mais favorável ao trabalhador, de forma a tentar compensar juridicamente a condição hipossuficiente do empregado”. O princípio da proteção subdivide-se em três outros princípios rele- vantes para o direito do trabalho: Figura 2 – Três princípios relevantes para o direito do trabalho 1. Princípio da norma mais favorável 2. Princípio da condição mais benéfica 3. Princípio in dubio pro operario Segundo o princípio da norma mais favorável, em havendo duas ou mais normas versando sobre o mesmo assunto, o intérprete deverá aplicar ao caso concreto aquela que for mais favorável ao empregado, em razão de o mesmo ostentar a posição de hipossuficiente no contra- to de emprego. No entanto, como adverte Resende (2016), não se aplica o princípio da norma mais favorável diante das chamadas normas proibitivas es- tatais, por exemplo, aquela que estabelece o prazo prescricional para o ingresso da reclamação (BRASIL, 1988, art. 7o, inciso XXIX). Um exemplo prático pode ser observado no caso de uma conven- ção coletiva de trabalho (CCT) que estipula o adicional de hora extra em 70%. Como é sabido, nossa Constituição Federal de 1988 prevê em seu User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce 16 Legislação, rotinas de pessoal e benefícios Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . artigo 7o, inciso XVI, que a remuneração da hora extraordinária deve ser igual ou superior a 50% da hora normal. Dessa forma, caso um em- pregador remunere a jornada de trabalho extraordinária do empregado com base no percentual mínimo previsto na Constituição Federal (50%) em vez daquele estabelecido na norma coletiva (70%), aplicável no contratode trabalho entre as partes, correrá o risco de ser acionado judicialmente para pagar a diferença (20%) e seus respectivos reflexos em outras verbas trabalhistas. Figura 3 – Exemplo de princípio da norma mais favorável 50% previsto na Constituição Federal 70% previsto na norma coletiva 20% se adicionado judicialmente Como explica Barros (2010, p. 182): Pelo princípio da condição mais benéfica, são protegidas as situa- ções pessoais mais vantajosas que se incorporaram ao patrimônio do empregado, por força do próprio contrato, de forma expressa ou tácita, consistente esta última em fornecimentos habituais de vantagens que não poderão ser retiradas, sob pena de violação ao artigo 468 da CLT. Dessa forma, a cláusula contratual mais benéfica ao empregado se incorpora ao seu patrimônio jurídico, consistindo em um verdadeiro direito adquirido. User Realce User Realce User Realce User Realce 17História e princípios do direito do trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Podemos dizer que esse princípio é reforçado por expressa previsão contida no artigo 468, da CLT, conforme abaixo: Art. 468. Nos contratos individuais de trabalho só é lícita a altera- ção das respectivas condições por mútuo consentimento, e ainda assim desde que não resultem, direta ou indiretamente, prejuízos ao empregado, sob pena de nulidade da cláusula infringente dessa garantia. (BRASIL, 1943) Como exemplo de tal princípio podemos citar o caso da empresa que prevê em seu regulamento a concessão de licença-maternidade pelo prazo de 180 dias. Pois bem, caso a empregada gestante, admitida durante a vigência da respectiva cláusula regulamentar, venha a usu- fruir apenas 120 dias por determinação da empresa, ainda que tal prazo esteja previsto em lei, a empresa poderá ser compelida judicialmente a conceder o direito previsto em seu regulamento para a empregada. Quanto ao princípio in dubio pro operario, em havendo coexistência de interpretações de uma norma, o intérprete deverá optar por aquela que for mais favorável ao empregado. Dessa forma, o aplicador da lei, quando houver mais de um sentido da norma, deverá interpretá-la em benefício da parte mais frágil no contrato de trabalho, ou seja, o empregado. No entanto, como bem adverte o ilustre jurista Mauricio Godinho Delgado (2013), não se pode admitir que esse princípio seja aplicado no contexto da produção de provas dentro do processo trabalhista para favorecer o empregado enquanto detentor do ônus da prova.3 Sendo assim, havendo dúvida por parte do juiz em razão do conjunto probató- rio existente no processo, ele deverá decidir contrariamente à parte que tinha o encargo de produzir a prova de suas alegações, ainda que seja o empregado. 3 Ônus da prova é o encargo atribuído a uma das partes de demonstrar a veracidade de suas alegações. User Realce User Realce User Realce 18 Legislação, rotinas de pessoal e benefícios Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 1.2.2 Princípio da irrenunciabilidade Não são raras as situações em que o empregado, pelo fato de ter de- pendência econômica junto ao empregador, com vistas a manter a sua subsistência e a de sua família, acaba cedendo aos anseios do empre- gador, com vistas a renunciar ou transacionar seus direitos trabalhistas, de forma expressa ou tácita. Assim, tal princípio considera que, em regra, os direitos trabalhistas são irrenunciáveis e indisponíveis, de forma que a autonomia da vontade no contrato de trabalho fica restrita, protegendo o empregado de renunciar a direitos consagrados no ordenamento jurídico. Dessa forma, seria inválida qualquer renúncia do empregado ao recebimento de férias, décimo terceiro salário, FGTS, entre outros. Entretanto, oportuno ressaltar que alguns direitos trabalhistas podem ser transacionados, mas não renunciados, desde que a transação não implique prejuízo ao empregado, por exemplo, o acordo para prorro- gação de jornada (DELGADO, 2013). Encontramos abaixo um exemplo de aplicação do princípio, devi- damente consolidado pela jurisprudência do Tribunal Superior do Tra- balho, conforme se observa da súmula no 276: AVISO PRÉVIO. RENÚNCIA PELO EMPREGADO (mantida) – Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. O direito ao aviso prévio é irrenunciável pelo empregado. O pedido de dispensa de cumprimento não exime o empregador de pagar o respectivo valor, salvo comprovação de haver o prestador dos serviços obtido novo emprego. (BRASIL, 2003, grifo nosso) 1.2.3 Princípio da primazia da realidade Pelo princípio da primazia da realidade, prevalece o que ocorreu de fato e não o que está escrito, formalizado. Consequentemente, em um contrato de trabalho, mais importa o que ocorre no mundo fático ao que as partes formalizam. Não obstante, é de suma importância o User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce 19História e princípios do direito do trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. registro do contrato de trabalho na Carteira de Trabalho e Previdência Social do empregado. Podemos citar como exemplo os cartões de ponto que, apesar de assinados pelo empregado, não registram a real jornada de trabalho. Sendo assim, caso o empregado não usufrua do horário para descanso ou refeição, apesar de estar anotado no cartão de ponto, poderá com- provar, em juízo, por meio de outras provas, tais como a prova testemu- nhal e o depoimento pessoal das partes, que laborava em tais condi- ções, podendo receber pela respectiva verba. 1.2.4 Princípio da intangibilidade salarial Segundo Resende (2016, p. 35), “é o princípio segundo o qual não se admite impedimento ou restrição à livre disposição do salário pelo empregado”. O salário possui natureza alimentar, ou seja, é necessário à sub- sistência do empregado, razão pela qual se faz necessária a existência de tal princípio, para que ele não fique vulnerável a eventual redução do salário. No entanto, a própria Constituição Federal (BRASIL, 1998) apresenta uma exceção ao princípio da intangibilidade salarial, prevista no artigo 7o, inciso VI: “o salário é irredutível, salvo convenção coletiva ou acordo coletivo que autorize a redução”. Como decorrência de tal princípio, encontramos também a proibição de descontos feitos no salário do empregado, salvo quando expressa- mente previstos em lei, tais como o imposto de renda retido na fonte, encargos sociais (INSS), etc. Em tempo, existem autores que sustentam a aplicabilidade de outros princípios, diversos dos ora informados, por exemplo, da continuidade da relação de trabalho, da imperatividade das normas trabalhistas, do maior rendimento, entre outros, de modo que não estão mencionados neste conteúdo por entendermos que já estão implícitos nos demais. User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce 20 Legislação, rotinas de pessoal e benefícios Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re deS en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Considerações finais Como em todo ramo do direito, a análise da evolução histórica au- xilia consideravelmente no estudo dos temas contemporâneos, pois ajuda a compreender o caminho percorrido e as razões que causaram o posicionamento atual de uma questão, permitindo, inclusive, que mo- dificações sejam procedidas com base nas experiências passadas. Conforme exposto neste capítulo, pode-se concluir que o reconhe- cimento do empregado como a parte hipossuficiente do contrato de trabalho fez que o legislador pátrio, ao longo do tempo, se encarregas- se de criar mecanismos de proteção e equilíbrio, seja pela Constituição Federal ou pela própria Consolidação das Leis do Trabalho. Tal assertiva pode ser corroborada pelos princípios expostos, nota- damente aqueles aplicáveis ao direito do trabalho, haja vista que prote- gem os direitos do empregado em diversos momentos do contrato de trabalho, com vistas a equilibrar a relação mantida com o empregador. Os princípios possuem função orientadora e interpretativa, de modo que serão sempre úteis para o esclarecimento de determinados pontos e também para nortear algumas conclusões sobre temas conflitantes – dando o sentido para a definição de questões controversas. Referências ALMEIDA, André Luiz Paes de. Direito do trabalho: material, processual e legislação especial. 15. ed. São Paulo: Rideel, 2014. BARROS, Alice Monteiro de. Curso de direito do trabalho. 6. ed. São Paulo: LTr, 2010. BRASIL. Constituição da República dos Estados Unidos do Brasil, de 24 de fevereiro de 1891. Diário Oficial, 24 fev. 1891. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao91.htm>. Acesso em: 21 jan. 2017. User Realce User Realce User Realce User Realce 21História e princípios do direito do trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. __________. Consolidação das Leis do Trabalho. Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943. Aprova a consolidação das leis do trabalho. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm>. Acesso em: 21 jan. 2017. __________. Constituição Federal de 1988. Promulgada em 5 de outubro de 1988. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/constituicao/constituicao. htm>. Acesso em: 21 jan. 2017. __________. Tribunal Superior do Trabalho. Súmula no 276 do TST. Aviso prévio. Renúncia pelo empregado (mantida) – Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21.11.2003. DJ, 2003. Disponível em: <http://www3.tst.jus.br/jurisprudencia/Sumulas_ com_indice/Sumulas_Ind_251_300.html#SUM-276>. Acesso em: 21 jan. 2017. __________. Tribunal Superior do Trabalho. Subseção I Especializada em Dissídios Individuais. Embargos em Embargos de Declaração em Recurso de Revista no TST-E-ED-RR-159600-47.2007.5.03.0020. Min. Rel. Aloysio Corrêa da Veiga. Julgado em 23 set. 2010. Disponível em: <www.tst.jus.br>. Acesso em: 21 jan. 2017. CHIAVENATO, Idalberto. Remuneração, benefícios e relações de trabalho: como reter talentos na organização. 7. ed. Barueri: Manole, 2015. DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 12. ed. São Paulo: LTr, 2013. FREDIANI, Yone; AMORIM, José Roberto Neves (Coord.). Direito do trabalho. Barueri: Manole, 2011. MEZZOMO, Clareci. Introdução ao direito. Caxias do Sul: Educs, 2011. RESENDE, Ricardo. Direito do trabalho esquematizado. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2016. 23 Capítulo 2 Figuras da relação de emprego Neste capítulo, serão estudadas a formação do vínculo empregatício e as partes do contrato de emprego: o empregado e o empregador. Sobretudo no cenário atual do mercado de trabalho, com crescente informalidade nas relações de trabalho, é de suma importância en- tendermos claramente os requisitos para a constituição do vínculo empregatício, isto é, para a formação da relação de emprego entre empregador e empregado, com todas as formalidades, garantias e práticas inerentes, com vistas a que as empresas trabalhem sempre com padrões de respeito às normas trabalhistas, contribuindo, dessa forma, para o equilíbrio econômico-social. User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce 24 Legislação, rotinas de pessoal e benefícios Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . 1 Figuras da relação de emprego O objetivo de tal aprendizado consiste em possibilitar ao aluno a identificação dos requisitos caracterizadores do vínculo empregatício, a fim de que haja a correta obediência das legislações trabalhista, fiscal e previdenciária pertinentes ao empregado. 1.1 Requisitos para o vínculo empregatício Com a Revolução Industrial surge a figura do contrato de trabalho fundado na remuneração como contraprestação, de modo que co- meçam a emergir critérios para a definição do vínculo empregatício (FREDIANI; AMORIM, 2011). Quanto a esses requisitos, previstos no artigo 3o da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), toma-se por rele- vante a seguinte estruturação: a. Pessoa física: o empregado é uma pessoa física ou natural. Sendo assim, não é possível que o empregado seja uma pessoa jurídica, ou seja, uma sociedade empresária, uma associação ci- vil, uma fundação, etc. Infelizmente, não são raras as ocasiões em que o empregador, visando fraudar os direitos trabalhistas e o pagamento dos encargos sociais, condiciona a contratação do empregado à criação de uma pessoa jurídica e à emissão de notas. Nesse caso, reconhecido o vínculo empregatício em juí- zo, a sentença determinará o registro do contrato de emprego na Carteira de Trabalho e Previdência Social (CTPS) da pessoa física, o que corrobora tal requisito. b. Não eventualidade ou continuidade: segundo Nascimento (1997, p. 152), “em princípio, trabalhador não eventual é aquele que exer- ce uma atividade de modo permanente”. User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce 25Figuras da relação de emprego M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. NA PRÁTICA Na verdade, o que diferencia o empregado do trabalhador eventual é que este último exerce uma atividade esporádica, não se fixando a uma fon- te de trabalho. Nascimento (1997) exemplifica o trabalhador eventual como o boia-fria, que a cada dia comparece em uma fazenda diferente para exercer seu trabalho, recebendo pelo dia trabalhado. A continuida- de restará caracterizada quando o empregado exercer, em caráter per- manente e com ânimo definitivo, as suas atividades para o empregador. c. Subordinação: significa que a atividade do empregado é exercida sob a dependência do empregador. Segundo Resende (2016, p. 74), “o empregador exerce o poder diretivo, do qual decorre o poder de direcionar objetivamente a forma pela qual a energia de trabalho do obreiro será disponibilizada”, cabendo ao empregado se submeter a tais ordens. São exemplos de atos que configuram subordinação o controle da jornada de trabalho e a determinação do modode execução da tarefa. Esse requisito é de suma importância para dis- tinguir um empregado de um trabalhador autônomo, uma vez que este último, além de determinar a forma como o serviço será pres- tado, assume todos os riscos do negócio. Para André Luiz Paes de Almeida (2012, p. 12), há três espécies de subordinação: hierárquica: é a mais comum e consiste na relação de subordinação do empregado ao comando do seu empregador. Certos autores denominam esse tipo de subordinação como dependência jurídica; técnica: diz respeito à supervisão técnica do trabalho, podendo ser equiparada a um controle de qualidade. […] essa subordinação decorre da hierárquica, pois, num primeiro momento, existe uma ordem do empregador para que o empregado lhe envie o trabalho concluído para supervisão; User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce 26 Legislação, rotinas de pessoal e benefícios Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . econômica: diferentemente do que em princípio pode-se imaginar, a dependência econômica do empregado não está relacionada ao salário que este recebe de seu empregador, mas sim à estrutura econômica gerada por ele. d. salário: significa que o empregado exerce suas atividades me- diante contraprestação, ou seja, o contrato de emprego é revesti- do da onerosidade. Portanto, serviços prestados a título gratuito não têm a proteção da CLT. Nascimento (1997, p. 152) aponta como exemplo de caso excluído da proteção trabalhista, por falta de onerosidade, o de uma freira que gratuitamente presta servi- ços num hospital, levando lenitivo religioso1 aos pacientes. e. pessoalidade: significa que, uma vez contratado pelo emprega- dor, o empregado deverá prestar pessoalmente os serviços, ou seja, não poderá se fazer substituir por outra pessoa. Sendo as- sim, o empregado não pode enviar um primo ou amigo em seu lugar para exercer suas atividades na empresa. Segundo Resende (2016, p. 69): A relação de emprego é marcada pela natureza intuitu personae do empregado em relação ao empregador. Em tradução livre, intuitu personae significa “em razão da pessoa”. Isso quer dizer que o empregador contrata o empregado para que este lhe preste serviços pessoalmente, sendo vedado ao empregado se fazer substituir por outro, exceto em caráter esporádico, e ainda assim com a aquiescência do empregador. 1 Disponibilização de um conforto de ordem espiritual, com vistas a amenizar eventual dor. User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce 27Figuras da relação de emprego M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. 1.2 Partes da relação de emprego: empregado e empregador Depois de entender mais sobre os requisitos para o reconhecimento do vínculo empregatício, é importante conhecer as partes que envolvem esse contrato: o empregado e o empregador. O conceito de empregado pode ser extraído do artigo 3o da Consolidação das Leis do Trabalho: Art. 3o Considera-se empregado toda pessoa física que prestar ser- viços de natureza não eventual a empregador, sob a dependência deste e mediante salário. (BRASIL, 1943) Para o professor Ricardo Resende (2016, p. 106), o empregado “é a pessoa física (pessoa natural) que presta serviços a outrem, serviços estes caracterizados pela pessoalidade, não eventualidade, onerosida- de, subordinação e alteridade”. Em tempo, embora o autor mencione o requisito da alteridade, cumpre ressaltar que tal requisito não aparece no artigo 3o, mas sim no artigo 2o da CLT, que conceitua o empregador. No direito do trabalho, a alteridade significa que o empregador assume os riscos decorrentes do negócio e do contrato de trabalho, sem transferir tais ônus ao empregado. A respeito da alteridade, Almeida (2012, p. 10) observa que “o empre- gado jamais pode participar do risco do negócio”. O requisito da alteri- dade não é unânime no meio doutrinário, por isso não está relacionado nos requisitos de vínculo empregatício, uma vez que surge para integrar o conceito de empregador, e não de empregado, diversamente do requi- sito pessoalidade, já desenvolvido, que, juntamente com os demais ele- mentos, nos permite identificar a figura do empregado e também está presente no artigo 2o da CLT. User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce 28 Legislação, rotinas de pessoal e benefícios Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Ainda no tocante ao empregado, faz-se necessário retomar Resende (2016) com relação à irrelevância do local onde serão prestados os servi- ços para fins de caracterização do vínculo empregatício. A esse respeito, dispõe o artigo 6o da CLT, com a redação dada pela Lei no 12.551/2011: Art. 6o Não se distingue entre o trabalho realizado no estabeleci- mento do empregador, o executado no domicílio do empregado e o realizado a distância, desde que estejam caracterizados os pressu- postos da relação de emprego. (BRASIL, 2011) Dessa forma, para ser considerado empregado, não se exige que a pessoa execute suas tarefas na sede do empregador. Basta que haja a presença dos requisitos caracterizadores do vínculo empregatício. Cumpre salientar que o Poder Judiciário vem decidindo no sentido de reconhecer o vínculo de emprego do trabalhador que presta os serviços em seu domicílio. Nesse sentido, decidiu o Egrégio Tribunal Regional do Trabalho da 2a Região: TRABALHO EM DOMICÍLIO. CARACTERIZAÇÃO DO VÍNCULO DE EMPREGO. O fato de o trabalhador prestar os serviços em domici- lio e não estar sob o controle direto da empresa não significa que o empregador não possa controlá-lo, pois pode fazer isso estabe- lecendo metas de produção, definindo material a ser utilizado e prazos para apresentação do produto acabado, caracterizando-se desta forma a subordinação hierárquica, um dos princípios básicos que o classifica como empregado. O trabalho em domicílio pode caracterizar relação de emprego se estiverem presentes as seguin- tes condições: recebimento de materiais e orientações sobre os procedimentos a serem observados; execução de tarefas relativas à atividade da empresa; pagamento pelos serviços prestados; e su- bordinação do trabalhador ao empresário. A subordinação pode ser caracterizada pelo volume de serviço a ser cumprido diariamente, exigindo dedicação em tempo integral do empregado, como se es- tivesse no estabelecimento do empregador; pela obrigatoriedade de os trabalhos serem executados de acordo com as normas esta- belecidas previamente; pelo direito do empregador de dar ordens, determinar o comparecimento do empregado no estabelecimento User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce 29Figuras da relação de emprego M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado emcurso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. em dia e hora que fixar, e pela obrigação do empregado em obe- decer ordens; e ainda, quando o salário recebido pelo empregado representar o seu principal meio de subsistência. A pessoalidade é indispensável. A ajuda de familiares não lhe descaracteriza. A ex- clusividade não é exigida. (BRASIL, 2009) Diante desse contexto, é de rigor que se adotem todas as precau- ções ao admitir as pessoas na modalidade home office, de forma que se possa identificar previamente se o contratado será autônomo ou em- pregado, com o objetivo de aplicar a legislação pertinente de acordo com sua categoria, evitando-se o risco de passivo para o contratante. Portanto, presentes os requisitos do artigo 3o da CLT, esse empregado deverá ser formalmente registrado. É importante ressaltar que, além do disposto nos artigos 3o e 6o da CLT, há também o disposto nos artigos 75-A até 75-E da CLT, acrescentados pela reforma trabalhista com a fi- nalidade de regulamentar o teletrabalho, que se refere à prestação de serviços preponderantemente fora das dependências do empregador – com a utilização de tecnologias de informação e de comunicação – que, por sua natureza, não se constituam como trabalho externo. Por outro lado, o conceito legal de empregador está previsto no arti- go 2o da CLT, conforme abaixo: Art. 2o Considera-se empregador a empresa, individual ou coletiva, que, assumindo os riscos da atividade econômica, admite, assala- ria e dirige a prestação pessoal de serviço. (BRASIL, 1943) Para Resende (2016, p. 187), […] o conceito de empregador decorre do conceito de empregado, isto é, sempre que um trabalhador ofereça a outrem sua energia de trabalho, nos limites da relação de emprego (com pessoalidade, não eventualidade, onerosidade, subordinação e alteridade), o to- mador de seus serviços será empregador, independentemente de sua natureza jurídica (pessoa física, pessoa jurídica ou mesmo ente despersonificado). User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce 30 Legislação, rotinas de pessoal e benefícios Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo .IMPORTANTE O parágrafo 1o do artigo 2o da CLT estabelece a figura do empregador equiparado, de forma que, para os efeitos da relação de emprego, tam- bém são considerados empregadores os profissionais liberais, as institui- ções de beneficência, as associações recreativas ou outras instituições sem fins lucrativos que admitirem trabalhadores como empregados. Cabe ressaltar que uma das características do empregador é a sua despersonalização, pois, segundo Resende (2016, p. 188), “o emprega- do se vincula ao empreendimento, e não à pessoa do empregador, per- mitindo assim que se afirme que a mudança subjetiva na empresa (mu- dança de sócios, por exemplo) não afetará os contratos de trabalho”. Tal característica permite a ocorrência do instituto da sucessão de empregadores, que consiste na transferência dos débitos trabalhistas ao sucessor, que assume o empreendimento responsável (sucedido) pelo contrato de trabalho firmado com o empregado, sendo certo que o sucedido mantém-se responsável subsidiariamente durante o período determinado no artigo 10-A da CLT, inserido pela reforma trabalhista. Objetivando proteger os contratos de trabalho firmados antes da alteração da estrutura jurídica e/ou propriedade do empregador, a CLT dispôs, no artigo 10 e no artigo 448, o seguinte: Art. 10. Qualquer alteração na estrutura jurídica da empresa não afetará os direitos adquiridos por seus empregados. Art. 448. A mudança na propriedade ou na estrutura jurídica da em- presa não afetará os contratos de trabalho dos respectivos empre- gados. (BRASIL, 1943, grifo nosso) O parágrafo 2o do artigo 2o da CLT estabelece a figura do grupo econômico, dispondo que sempre que uma ou mais empresas (tendo, User Realce User Realce User Realce User Realce User Realce 31Figuras da relação de emprego M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. embora, cada uma delas, personalidade jurídica própria) estiverem sob a direção, controle ou administração de outra, ou ainda quando, mes- mo guardando cada uma sua autonomia, constituírem grupo industrial, comercial ou de qualquer outra atividade econômica, serão, para os efeitos da relação de emprego, solidariamente responsáveis a empresa principal e cada uma das subordinadas. Dessa forma, no grupo econômico, para fins trabalhistas, ainda que o empregado seja contratado pela empresa principal ou controladora, as ou- tras empresas controladas do mesmo grupo serão solidariamente respon- sáveis pelo pagamento dos créditos trabalhistas do referido empregado. Conforme mostra Resende (2016, p. 190), “inicialmente, o grupo eco- nômico foi idealizado na legislação trabalhista como forma de proteção do trabalhador consubstanciada na ampliação das garantias de satisfa- ção do crédito trabalhista”. Dessa forma, a previsão legal do grupo econômico faz que o empre- gado tenha mais chances de receber seus créditos trabalhistas, uma vez que se estabelece a solidariedade passiva entre os empregadores componentes do grupo. Consequentemente, ainda que o empregado tenha executado suas tarefas para uma empresa do grupo, as demais serão responsáveis solidárias pelo pagamento do seu crédito. Figura 1 – Responsabilidade do grupo econômico pelos créditos trabalhistas User Realce User Realce User Realce 32 Legislação, rotinas de pessoal e benefícios Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . No entanto, ainda que o empregado preste seus serviços para todas as empresas do grupo econômico, o contrato de trabalho será único, salvo ajuste em contrário, conforme súmula no 129 do Tribunal Superior do Trabalho (ALMEIDA, 2012), a seguir: Súmula no 129. CONTRATO DE TRABALHO. GRUPO ECONÔMICO (mantida) – Res. 121/2003, DJ 19, 20 e 21 nov. 2003. A prestação de serviços a mais de uma empresa do mesmo gru po econômico, durante a mesma jornada de trabalho, não carac teriza a coexistên- cia de mais de um contrato de trabalho, salvo ajuste em contrário. Por outro lado, o § 3o do artigo 2o da CLT (BRASIL, 1943), trazido no contexto da reforma trabalhista, assevera que a mera identidade de só- cios não implica a caracterização imediata do grupo econômico, sendo necessário demonstrar o interesse comum e a atuação conjunta. Nota-se, por fim, que a terceirização da atividade-fim passou a ser permitida após o advento da Lei no 13.429/2017, o que não afasta a discussão sobre sua constitucionalidade, tema que ainda demandará manifestação por parte do STF. PARA SABER MAIS Com a expansão das práticas de terceirização, começa a se desenhar a “quarteirização”, que consiste na delegação da gestão dos instrumen- tos contratuais firmados com terceiros, de modo que o encarregado do gerenciamento desses contratos assuma a condição de fiscalizador do cumprimento das disposições contratuais e também a responsabilida-de pelo controle do risco econômico, como, por exemplo, a exigência da apresentação do adimplemento dos encargos sociais, a fim de evitar a incorporação de passivos trabalhistas e previdenciários por parte do tomador de serviços. User Realce 33Figuras da relação de emprego M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Considerações finais Espera-se, diante da abordagem deste capítulo, que o leitor tenha bem claros os parâmetros para a definição do ajuste do vínculo empregatício, a fim de que se possa adotar medidas para o respeito à legislação traba- lhista e demais questões correlatas, obstando a inobservância de direitos e permitindo, com isso, um justo equilíbrio nas relações de trabalho. Nesse sentido, é importante o estudo dos demais apontamentos aqui comparados, como no que toca à sucessão trabalhista, à configu- ração de grupos econômicos, à terceirização trabalhista, entre outros, haja vista os efeitos absolutamente relevantes e significativos que im- põem às relações de trabalho, com a possibilidade, inclusive, da forma- ção de débitos para a empresa. A compreensão acerca da importância desse tema é muito signifi- cativa na formação do profissional de recursos humanos, pois há um evidente impacto nas relações sociais e econômicas, afetando a socie- dade, de uma forma geral, e também a solidez e a credibilidade da em- presa no mercado em que atua. Referências ALMEIDA, André Luiz Paes de. CLT e súmulas do TST comentadas. 6. ed. São Paulo: Rideel, 2012. BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943. Aprova a consolidação das leis do trabalho. Disponível em: <http:// www.planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm>. Acesso em: 21 jan. 2017. __________. Tribunal Regional do Trabalho da 2a Região. 4a Turma. Recurso Ordinário no 02444-2007-062-02-00-0. Acórdão no 20091084142. Desembargadora Relatora IVANI CONTINI BRAMANTE. Julgado em 1o dez. 2009. Disponível em: <http://www.trtsp.jus.br>. Acesso em: 12 fev. 2017. 34 Legislação, rotinas de pessoal e benefícios Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . __________. Ministério do Trabalho e Emprego. Lei no 12.551, de 15 de dezembro de 2011. Altera o art. 6o da Consolidação das Leis do Trabalho (CLT), aprovada pelo Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943, para equiparar os efeitos jurídicos da subordinação exercida por meios telemáticos e informatizados à exercida por meios pessoais e diretos. Poder Legislativo, Diário Oficial [da] União, Brasília, DF, 16 dez. 2011, p. 3. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/ _ato2011-2014/2011/lei/l12551.htm>. Acesso em: 21 jan. 2017. DELGADO, Mauricio Godinho. Curso de direito do trabalho. 8. ed. São Paulo: LTr, 2009. FREDIANI, Yone; AMORIM, José Roberto Neves (Coord.). Direito do trabalho. Barueri: Manole, 2011. NASCIMENTO, Amauri Mascaro. Iniciação ao direito do trabalho. 23. ed. São Paulo: LTr, 1997. RESENDE, Ricardo. Direito do trabalho esquematizado. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2016. 35 Capítulo 3 Contrato individual de trabalho Este capítulo abordará a formação, as noções gerais e os requisitos legais de um contrato, especialmente as peculiaridades de um contrato individual de trabalho, a fim de tornar possível lidar diariamente com as questões decorrentes desse tipo de negócio jurídico. 1 Contrato individual de trabalho O contrato individual de trabalho é o instrumento que caracteriza a relação de emprego entre empregador e empregado. Embora inserido no contexto do direito do trabalho, não deixa de ser uma espécie de 36 Legislação, rotinas de pessoal e benefícios Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . contrato geral, regulado pelo direito civil; logo, para nos aprofundarmos nas peculiaridades do contrato individual de trabalho é importante, an- tes, o estudo das regras gerais dos contratos – as quais serão aplicá- veis também nessa modalidade específica de contrato. 1.1 Noções gerais de um contrato Para Kümpel e Bonfim (2005, p. 5), o contrato pode ser conceituado como [...] a fonte das obrigações estabelecida pela convergência de duas ou mais vontades (elemento fundamental), de acordo com a lei, autorregulamentando interesses entre as partes contratantes (ele- mento estrutural), cuja finalidade é adquirir, modificar ou extinguir relações jurídicas de natureza patrimonial (elemento funcional). Sendo o contrato considerado uma espécie de negócio jurídico, a legislação civil em vigor exige a presença de determinados requisitos para que tal ajuste seja considerado válido. O Código Civil, em seu artigo 104, apresenta os seguintes requisitos para validade dos negócios jurídicos: I. agente capaz; II. objeto lícito, possível, determinado ou determinável; III. forma prescrita ou não defesa em lei. Percebe-se que a capacidade genérica das partes contratantes é o primeiro requisito para a validade dos contratos. Segundo o Código Civil, a pessoa natural ingressa no mundo do direito a partir do nasci- mento com vida, e a pessoa jurídica, com ou sem o registro dos seus atos constitutivos, está apta a assumir obrigações no mundo do direito – dentre elas, firmar contrato de trabalho com empregado, conforme artigo 2o, § 2o, da CLT e artigos 986 a 990 do Código Civil, que tratam 37Contrato individual de trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. da sociedade não personificada. Já a capacidade para o exercício do direito é reconhecida conforme disposto no artigo 3o do Código Civil, de forma que o menor de 16 anos não poderá firmar contrato de trabalho, exceto na modalidade de contrato de aprendizagem, desde que tenha no mínimo 14 anos e esteja representado pelos pais, tutores ou curado- res, nos moldes do artigo 7o, XXXIII, da CF/88 e artigo 428 da CLT, sob pena de nulidade do negócio jurídico. Com relação às pessoas jurídicas, a legislação exige que sejam repre- sentadas na forma dos seus atos constitutivos (contrato social ou estatu- to), exceto no caso das sociedades não personificadas, que são represen- tadas pelos sócios, conforme artigo 990 do Código Civil. Uma vez observada a capacidade dos contratantes, é necessário verificar a presença da declaração de vontade dos mesmos, ou seja, se houve anuência recíproca aos termos do contrato ajustado. A esse respeito, Sílvio Venosa menciona que, [...] nos contratos, quando há ponto de acordo de suas vontades, a vontade toma o nome de consentimento ou mútuo consenso. O consenso ou consentimento implica, portanto, duas declarações de vontade que se encontram; o consentimento é elemento dos contratos e outros negócios bilaterais. (VENOSA, 2007, p. 345) Segundo a doutrina, o consentimento pode ser classificado em expresso ou tácito. De acordo com Kümpel e Bonfim: Consentimento expresso é o declarado, por escrito ou oralmente, de modo explícito. Pode-se exemplificar por meio da assinaturatanto do comprador quanto do vendedor na escritura pública de compra e venda de imóvel. Consentimento tácito é o que resulta de um comportamento do agente, que demonstra, implicitamen- te, sua anuência. (KÜMPEL; BONFIM, 2005, p. 9) 38 Legislação, rotinas de pessoal e benefícios Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . NA PRÁTICA Na seara trabalhista, pode-se mencionar os exemplos extraídos da obra de Resende (2016). Em suas definições sobre o consentimento expres- so, o autor cita o exemplo do atleta profissional de futebol, que é obri- gado a firmar contrato por escrito, com todas as cláusulas obrigatórias, por força de lei específica. Por outro lado, no consentimento tácito, Re- sende exemplifica o caso do dono de um sítio que requisita determinado trabalhador para prestar serviços em troca de dinheiro e utilidades, sem que haja um contrato escrito com cláusulas e condições. A lei considera inválido o contrato cujo objeto seja ilícito. Ademais, o objeto lícito é aquele que não contraria a lei, a moral ou os bons costu- mes. Portanto, no campo trabalhista, seria inválida a contratação de um matador de aluguel. Além da licitude, o objeto deve ser possível, determinado ou determi- nável. Portanto, um contrato válido não terá como objeto um negócio que contrarie as leis físicas e naturais (possibilidade física) ou um negócio que contrarie o próprio ordenamento jurídico (possibilidade jurídica). Como exemplo da possibilidade física, o contrato não poderia ter por objeto um trabalho fotográfico de animal considerado extinto. Como exemplo da possibilidade jurídica, não seria possível a contratação de um menor de 18 anos para trabalhar em uma mina de carvão durante o período noturno. Por fim, o objeto do negócio jurídico deve ser determinado ou deter- minável. Portanto, a contratação de um conjunto musical será válida ain- da que o contrato não estabeleça um número mínimo de componentes. No tocante à validade do negócio jurídico, a lei prevê que a forma deve estar prescrita ou não proibida em lei. Em regra, cabe ressaltar que, no direito brasileiro, a forma do contra- to é livre, conforme se extrai do artigo 107 do Código Civil: “A validade da declaração de vontade não dependerá de forma especial, senão quando a lei expressamente a exigir”. 39Contrato individual de trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. Dessa forma, as partes podem celebrar o contrato por escrito ou verbal, por instrumento público ou particular. No entanto, há casos em que a própria lei, visando dar maior seguran- ça e seriedade ao negócio, exige a forma escrita, pública ou particular. No campo trabalhista, pode-se citar como exemplo o contrato de experiência (artigos 443, c + 445, § único da CLT) e o contrato de trabalho intermitente (artigo 452-A da CLT), que exige que o vínculo seja firmado por escrito. Porventura, se os contratantes não observarem a formalidade pre- vista na lei, poderá ser declarada a nulidade do contrato firmado, conso- ante previsão contida no artigo 166, incisos IV e V do Código Civil: Art. 166. É nulo o negócio jurídico quando: [...] IV – não revestir a forma prescrita em lei; V – for preterida alguma solenidade que a lei considere essencial para a sua validade. (BRASIL, 2002) 1.2 Contrato individual de trabalho: finalidade, requisitos, efeitos e formas O artigo 442, caput, da CLT dispõe precisamente o seguinte: “Contrato individual de trabalho é o acordo, tácito ou expresso, correspondente à relação de emprego”. Pela leitura desse dispositivo, tem-se que o con- trato individual de trabalho, cujo objetivo é definir a relação de emprego, poderá ser celebrado tanto de forma expressa, em que as partes delibe- ram sobre as cláusulas desse contrato e firmam o seu conteúdo, como também de modo tácito, em que a relação contratual é depreendida apenas pela postura das partes, sem que haja um documento escrito. Dessa forma, esse dispositivo legal faz menção à relação de empre- go, de modo que é oportuno atentar para o fato de que, para a formação 40 Legislação, rotinas de pessoal e benefícios Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . da relação contratual, é indispensável que estejam ajustados os requisi- tos de pessoalidade, subordinação, habitualidade e onerosidade, classi- ficados como os configuradores do vínculo empregatício. Como bem notado por Frediani e Amorim (2011), a celebração do contrato individual de trabalho não demanda forma especial, exceto no que se refere aos contratos de aprendizagem, de atleta, de artista e temporário, que exigem a dedução por escrito. Quanto ao contrato de experiência, muito embora também não haja determinação legal para que seja feito na forma escrita, é recomendado que assim seja feito, com vistas a evitar futuros conflitos. Apenas a título de distinção, o contrato de trabalho pode ser indivi- dual, ocasião em que será firmado por apenas um trabalhador; plúrimo, firmado por vários trabalhadores, mas com prestação única; ou cole- tivo, ajustado por sujeitos coletivos, como mencionado por Frediani e Amorim (2011). Figura 1 – Contrato plúrimo e contrato coletivo PLÚRIMO COLETIVO 41Contrato individual de trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. De acordo com o artigo 443 da CLT, entre outros aspectos, o contra- to individual de trabalho poderá ser celebrado: por prazo determinado, com termo predefinido, seja por fixação de limite temporal ou pela aven- ça de prestação específica; e por prazo indeterminado, em que não há uma previsão para que deixe de viger, prolongando-se no tempo até que as partes convencionem ou alguma inadimplência contratual conduza à sua extinção. Nesse sentido, pelo princípio da continuidade do contrato de traba- lho, a regra é a sua vigência por prazo indeterminado, sendo certo que a determinação de prazo para o término de sua vigência somente será tida por válida nas seguintes situações, a saber: serviço de natureza ou caráter transitório justificante desta prefixação de prazo; atividades empresariais transitórias; contrato de experiência, conforme previsto no parágrafo 2o do artigo 443 da CLT; contrato de aprendizagem, regulado no artigo 428 da CLT; e o contrato do trabalhador temporário, regulado nas Leis no 13.429/2017 e no 13.467/2017. Dessa forma, a Súmula 212 do TST incumbe o ônus da prova da cessação da relação de emprego ao empregador, o que se deve à regra da figura da vigência por prazo indeterminado. Com relação ao contrato individual de trabalho por prazo indetermi- nado, há alguns efeitos que merecem destaque, como ressaltados por Frediani e Amorim (2011, p. 27): a. A indeterminação do prazo garante ao empregado vitimado por doença ou acidente de trabalho o afastamento até quinze dias ou, após esse prazo, como hipóteses de suspensão ou interrupção do contrato, mantendo-se a integridade do contrato até que o trabalhador esteja apto para retornaràs suas atividades normais. b. De igual forma, o contrato do trabalhador não sofrerá qualquer solução de continuidade quando ele estiver enquadrado na condição de portador de garantia de 42 Legislação, rotinas de pessoal e benefícios Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . emprego provisória em decorrência de ter sido eleito dirigente sindical, membro de CIPA, diretor de cooperativa ou encontrar-se na situação de acidentado do trabalho ou gestante. c. Além dos fatos expostos, a rescisão do contrato por prazo indeterminado imotivadamente gera ao trabalhador o recebimento das verbas rescisórias, a saber: aviso prévio, férias acrescidas de um terço de salário, 13o salário, saldo salarial e FGTS mais multa de 40%, além das guias do seguro desemprego. d. Em se tratando de dispensa por justa causa, o trabalhador receberá, tão somente, o saldo salarial e férias vencidas acrescidas de um terço de salário, se for o caso. e. Na ocorrência de pedido de demissão formulado pelo empregado antes de completar 12 meses de serviço, receberá saldo salarial, 13o salário proporcional e férias proporcionais acrescidas de um terço de salário, de acordo com entendimento cristalizado na Súmula 261 do TST, lembrando que nessa hipótese os depósitos do FGTS não serão movimentados pelo trabalhador que tampouco fará jus ao recebimento das guias do seguro desemprego. f. Se a rescisão decorrer de falta grave patronal, também conhecida pela expressão rescisão indireta, as verbas devidas são idênticas àquelas devidas em face da dispensa imotivada. g. No caso de extinção do estabelecimento, o trabalhador também receberá as verbas próprias da rescisão imotivada, já que os riscos da atividade empresarial correm por conta do empregador. Conforme disposto no artigo 445 da CLT, o contrato individual de tra- balho firmado por prazo determinado não poderá utilizar um termo que exceda dois anos, havendo regra especial quanto ao contrato de expe- riência, que não poderá exceder noventa dias. Os contratos individuais de trabalho por prazo determinado poderão ser prorrogados uma única vez, sem, contudo, que a soma do prazo da previsão inicial com o da prorrogação exceda esses limites mencionados, sendo certo que, caso 43Contrato individual de trabalho M aterial para uso exclusivo de aluno m atriculado em curso de Educação a Distância da Rede Senac EAD, da disciplina correspondente. Proibida a reprodução e o com partilham ento digital, sob as penas da Lei. © Editora Senac São Paulo. haja essa extrapolação temporal, o contrato passará a ser concebido como de prazo indeterminado (CORDEIRO; MOTA, 2015). A teor do disposto no artigo 452 da CLT, quanto à sucessão de con- tratos por prazo determinado, deverá haver um intervalo de 6 meses entre um e outro, sob pena de ser considerado continuidade do primeiro e, portanto, passar a viger por prazo indeterminado. Sendo o contrato por prazo determinado, sua extinção acarretará o pagamento do saldo salarial, mais os seguintes efeitos: se extinto em razão do alcance do prazo estipulado para sua vigência, será devido ao empregado o pagamento das férias proporcionais acrescidas do terço constitucional e do décimo terceiro salário proporcional, além de ter di- reito à liberação do FGTS; se dispensado antecipadamente e sem justa causa, terá direito também a multa de 40% sobre o FGTS e mais 50% do que seria devido até o término do contrato; caso o empregado peça dispensa antecipada, terá direito ao décimo terceiro salário proporcional e às férias proporcionais acrescidas de um terço, sendo devida indeni- zação ao empregador na mesma proporção que seria devida ao empre- gado com o pedido de dispensa antecipada; e, por fim, caso o contra- to preveja a possibilidade de rescisão antecipada, deverá, conforme o caso, ser observada a necessidade de aviso-prévio. PARA PENSAR Caso o contrato individual de trabalho por prazo determinado seja sus- penso ou interrompido, como deve funcionar a contagem do prazo de vigência contratual? Extingue-se no prazo previsto no contrato ou é in- terrompida e retomada por ocasião do retorno do empregado ao seu posto de trabalho? Ressalte-se que é uma questão ainda não pacificada em nossos tribunais. Em que pese se tratar de questão controversa, entende-se que o mais adequado, em virtude do princípio da continuidade do contrato de traba- lho, seria parar a contagem do prazo e retomá-la por ocasião do retorno do empregado às suas atividades. 44 Legislação, rotinas de pessoal e benefícios Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e o c om pa rti lh am en to d ig ita l, s ob a s pe na s da L ei . © E di to ra S en ac S ão P au lo . Considerações finais O escopo deste capítulo reside em familiarizar o leitor ao instituto do contrato, trazendo toda a sua base conceitual e estrutural do direito civil, de onde provém, e, após, delineando os aspectos inerentes ao direito do trabalho. É justamente essa a expectativa que se tem com este conteúdo, uma vez apresentados os elementos primordiais para a concepção básica do contrato e sua aplicação direta no âmbito das relações trabalhistas, ciente das consequências correlatas a cada uma das variáveis das mo- dalidades contratuais admitidas. Referências BRASIL. Consolidação das Leis do Trabalho. Decreto-Lei no 5.452, de 1o de maio de 1943. Aprova a consolidação das leis do trabalho. Disponível em: <http://www. planalto.gov.br/ccivil_03/decreto-lei/Del5452.htm>. Acesso em: 21 jan. 2017. __________. Código Civil. Lei no 10.406, de 10 de janeiro de 2002. Institui o Código Civil. Disponível em: <http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/2002/L10406. htm>. Acesso em: 1 mar. 2017. CORDEIRO, João; MOTA, Adriano. Direito do trabalho na prática: da admissão à demissão. 3. ed. São Paulo: Rideel, 2015. FREDIANI, Yone; AMORIM, José Roberto Neves (Coord.). Direito do trabalho. Barueri: Manole, 2011. KÜMPEL, Vitor Frederico; BONFIM, Edilson Mougenot (Coord.). Direito civil, direito dos contratos. 3. ed. São Paulo: Saraiva, 2005. RESENDE, Ricardo. Direito do trabalho esquematizado. 6. ed. Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: Método, 2016. VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil: parte geral. 7. ed., v. 1. São Paulo: Atlas, 2007. 45 Capítulo 4 Suspensão e interrupção do contrato individual de trabalho Neste capítulo, serão abordadas a suspensão e a interrupção do con- trato individual de trabalho, bem como as principais hipóteses legais e os respectivos efeitos jurídicos que incidirão no contrato do empre- gado. Com esses contextos, espera-se que o aluno possa distinguir as hipóteses e aplicar a legislação de forma correta em cada caso, com o objetivo de resguardar o empregador de eventuais passivos de cunho trabalhista, previdenciário e fiscal. Em suma, enquanto na suspensão há a paralisação temporária dos principais efeitos do contrato individual de trabalho, na interrupção há a paralisação dos serviços colocados à disposição pelo empregado, po- rém, são mantidas algumas obrigações por parte do empregador, entre elas o pagamento do salário. 46 Legislação, rotinas de pessoal e benefícios Ma te ria l p ar a us o ex cl us ivo d e al un o m at ric ul ad o em c ur so d e Ed uc aç ão a D is tâ nc ia d a Re de S en ac E AD , d a di sc ip lin a co rre sp on de nt e. P ro ib id a a re pr od uç ão e
Compartilhar