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Módulo 1 – Marcos Legais Sobre Proteção Ambiental O direito Ambiental O Direito Ambiental nada mais é do que um direito difuso, transindividual e de natureza indivisível, cujos titulares são pessoas indeterminadas (os titulares afetados não são determinados) e ligadas por circunstâncias de fato. O direito do ambiente (autônomo) é o mais complexo ramo do Direito. Ele gera grandes desafios aos profissionais que trabalham com o meio ambiente, pois possui: · Princípios próprios; · Intensidade de atos normativos vigentes (lei, decreto, decreto-lei, portaria, resolução, diretriz, deliberação etc.); · Contradições existentes entre os atos normativos em vigor; · Certa carência de jurisprudência. No Direito Ambiental, as principais fontes para a formação dos princípios foram: · Declaração Universal sobre o Meio ambiente de 1972 · Legislações e normas ambientais, como a Política Nacional de Meio Ambiente (Lei nº 6.938/1981) · Constituição Federal (CF) de 1988 · Declaração do Rio de Janeiro sobre Meio ambiente e Desenvolvimento de 1992 Importantíssimo marco legal ambiental baseado no princípio do ambiente ecologicamente equilibrado, do acesso equitativo aos recursos naturais e da obrigatoriedade da proteção e defesa ambiental, o caput do artigo 225 da CF/1988 diz que: Todos têm direito ao meio ambiente ecologicamente equilibrado, bem de uso comum do povo e essencial à sadia qualidade de vida, impondo-se ao poder público e à coletividade o dever de defendê-lo e preservá-lo para as presentes e futuras gerações. Política Nacional de Meio Ambiente (PNMA) O grande marco legal acontece em 1981 com a publicação da Lei nº 6.938, que institui a (até hoje vigente) PNMA. Com isso, o objetivo e a visão do Direito Ambiental e das suas normas mudam, sendo constituída aí a fase holística. Tal fase pensa no meio ambiente como um sistema integrado, em que cada uma de suas partes é interdependente das outras, e não fragmentada. Assim, pode-se dizer que, a partir daí, começa a existir a real intenção de proteger o meio ambiente. No ensejo da PNMA e da visão holística (que ainda é atual), podemos resumir da seguinte forma os objetivos do arcabouço legal ambiental brasileiro: · Proteger o meio ambiente · Proteger a sociedade · Estabelecer padrões e procedimentos · Viabilizar a reparação do dano ambiental · Atender às exigências da globalização Dando continuidade ao histórico da legislação ambiental no Brasil, apontaremos agora outros grandes marcos ocorridos a partir da década de 1980 e após a promulgação da PNMA: · Lei nº 7.347/1985 Disciplina a ação civil pública como instrumento processual específico para a defesa do meio ambiente. · CF de 1988 Constituição Federal de 1988. · Lei nº 9.433/1997 Política Nacional de Recursos Hídricos. · Lei nº 9.605/1998 Dispõe sobre sanções penais e administrativas aplicáveis às condutas e às atividades lesivas ao meio ambiente. · Lei nº 9.985/2000 Sistema Nacional de Unidades de Conservação. · Lei nº 10.257/2001 Política urbana (Estatuto da Cidade). · Lei nº 11.105/2005 Biossegurança. · Leis nº 11.284/2006 e nº 11.428/2006 Gestão de florestas públicas e utilização e proteção da vegetação nativa de Mata Atlântica. · Lei nº 11.445/2007 Saneamento básico. · Lei nº 12.305/2010 Resíduos sólidos. O arcabouço legal brasileiro é robusto e detalhado. Por conta disso, além das legislações supracitadas mais gerais, que são responsáveis por instituir políticas, há ainda uma grande variedade de leis, decretos e resoluções CONAMA (do Conselho Nacional do Meio Ambiente), além de outras normativas ambientais legais e técnicas referentes a temáticas ambientais específicas. Conheça alguns exemplos: · Lei nº 7.802/1989 Traz disposições referentes aos agrotóxicos. · Lei nº 8.723/1993 Dispõe sobre a emissão de poluentes de veículos automotores. · Lei nº 9.055/1995 Dispõe sobre a utilização de amianto/asbesto em território nacional. · Lei nº 9.966/2000 Dispõe sobre controle e fiscalização de poluição causada por óleo e outras substâncias em águas nacionais. · Lei nº 10.308/2001 Dispõe sobre depósitos de rejeitos radioativos. Após esse breve panorama da legislação ambiental brasileira, vamos retomar a importante PNMA, isto é, a Lei nº 6.938/1981. Muito avançada para a época, essa lei continua muito atual. A PNMA, afinal, supera a tutela fragmentária com a proteção integral do meio ambiente. Ela ainda determina os princípios, os objetivos, as diretrizes e os instrumentos (meios) necessários à proteção do meio ambiente. Destacaremos a seguir os principais pontos de três artigos da Lei nº 6.938/1981: · Art 2 Define seu objetivo geral como a preservação, a melhoria e a recuperação da qualidade ambiental propícia à vida com o objetivo de assegurar, no país, condições ao desenvolvimento socioeconômico, aos interesses da segurança nacional e à proteção da dignidade da vida humana. Graças a isso, serão atendidos alguns princípios. Veja alguns deles a seguir: 1. Racionalização, planejamento e fiscalização dos usos dos recursos naturais; 2. Proteção dos ecossistemas e recuperação; 3. Educação ambiental. · Art 4 Estabelece seus objetivos específicos como: 1. Compatibilização do desenvolvimento econômico com a preservação ambiental (desenvolvimento sustentável); 2. Definições de áreas prioritárias relativas à qualidade e ao equilíbrio ecológico; 3. Estabelecimento de critérios e padrões da qualidade ambiental; 4. Desenvolvimento de pesquisa e tecnologia; 5. Imposição ao poluidor da obrigação de recuperar e/ou indenizar os danos e ao usuário a contribuição pela utilização dos recursos ambientais. · Art 6 Determina que as diretrizes serão formuladas em normas e planos destinados a orientar a ação dos governos. Módulo 2 – Código Florestal Brasileiro O Brasil teve três códigos florestais (CFs) e todos buscavam, de certa forma, a preservação do meio ambiente, principalmente das áreas de preservação permanente (APPs) e das reservas legais (RLs). No entanto, desde o primeiro CF até o mais atual, houve uma evolução considerável nos aspectos legais. Veja a seguir: · Código Florestal de 1934Instituído por meio do Decreto nº 23.793/1934 Preocupava-se mais com o direito de uso de propriedade e a exploração desenfreada dos recursos florestais. · Código Florestal de 1965Instituído por meio da Lei nº 4.771/1965 Criou as APPs e RLs e trouxe uma preocupação maior com o meio ambiente e o uso racional dos recursos florestais. Por isso, medidas provisórias foram lançadas para tal conciliação, o que acabou levando à publicação do CF atual com foco no desenvolvimento sustentável. · Novo Código Florestal de 2012Instituído pela Lei nº 12.651/2012 Levava uma série de oportunidades para o agricultor familiar ou o dono de pequena propriedade (ou de posse rural) a partir da inclusão do cadastro ambiental rural (CAR). Registro público eletrônico de âmbito nacional, o CAR é obrigatório para todos os imóveis rurais e tem a finalidade de integrar as informações ambientais de propriedades e posses rurais, compondo uma base de dados para o controle, o monitoramento, o planejamento ambiental e econômico e o combate ao desmatamento. O novo código também traz algumas regras diferenciadas e baseadas no tamanho do imóvel em módulos fiscais para a regularização ambiental. O novo Código Florestal de 2012 O novo CF brasileiro foi instituído pela Lei nº 12.651/2012, que revoga o CF de 1965, cujo exercício do direito de propriedade está condicionado às limitações que a lei estabelece. Mas como continuar com uma lei dos anos 1960 que foi sendo costurada por muitas alterações? O novo CF trouxe um conjunto de mudanças. Resumidamente, podemos destacá-las como: · Delimitação e regras de APP · Delimitação e regras das áreas de RL Módulo 3 – Licenciamento ambiental A Resolução CONAMA nº 237/1997 estabelece os três tipos principais de licença ambiental: · Licença prévia (LP) · Licença de instalação (LI) · Licença de operação (LO) Módulo 4 – Avaliação de impacto ambiental e principais documentos O estudo de impacto ambiental (EIA) Como conteúdo mínimode um EIA, podemos elencar os seguintes tópicos: · Procurar alternativas tecnológicas e de localização do projeto, confrontando a possibilidade de não ocorrer. · Identificar e avaliar os impactos ambientais da implantação e operação, propondo ações de mitigação de impactos negativos. · Delimitar a área de influência direta e indiretamente impactada, sempre considerando os limites da bacia hidrográfica. · Considerar os planos e programas governamentais na área de influência e sua compatibilidade, como plano de bacia e zoneamento ecológico econômico. Lembre-se de que o EIA tem de ser elaborado por uma equipe multidisciplinar e de forma independente. Já nas auditorias de sistema de gestão, sua elaboração deve ser feita por equipe que não seja do empreendimento, a qual, nesse caso, atua de forma subcontratada, o que não deixa de ter um vínculo (contrato). Dentro do planejamento de um empreendimento, na fase de licenciamento prévio, são avaliadas, a partir do estudo de dispersão atmosférica (EDA) para emissões da atividade específica, as possíveis fontes emissoras. Essa avaliação deverá contemplar, quando for possível, dados observacionais de movimento meteorológico e qualidade do ar, além de estimativas de concentração dos poluentes simuladas pelos modelos de qualidade do ar (MQAr). Tal estudo auxilia o órgão ambiental na concessão da licença ao lhe fornece: · A noção das regiões a serem afetadas; · As condições meteorológicas mais propícias a eventos de poluição; · Uma estimativa quantitativa dos possíveis máximos de concentração de poluentes nas redondezas do empreendimento.