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FACULDADE ANHANGUERA DE PINDAMONHANGABA transforme seu futuro DIREITO CIVIL – PARTE GERAL Prof. ÁLVARO MARTON BARBOSA JÚNIOR E-mail: alvaro.junior@anhanguera.com Instagram: @alvaromartonbj Facebook: @alvaromarton 3 4 PROVA DO 1° BIMESTRE DIA 27/09/2024 – SEXTA-FEIRA HORÁRIO: 19:00 HORAS PRESENCIAL NA FACULDADE *** Sujeito a alterações *** PROVA DO 2° BIMESTRE DIA 22/11/2024 – SEXTA-FEIRA HORÁRIO: 19:00 HORAS PRESENCIAL NA FACULDADE *** Sujeito a alterações *** PROVA DE SEGUNDA CHAMADA (1° e 2° BIMESTRES) DIA 02/12/2024 – SEGUNDA-FEIRA HORÁRIO: 19:00 HORAS PRESENCIAL NA FACULDADE *** Sujeito a alterações *** PROVA DE EXAME FINAL DIA 09/12/2024 – SEGUNDA-FEIRA HORÁRIO: 19:00 HORAS PRESENCIAL NA FACULDADE *** Sujeito a alterações *** DOMICÍLIO DAS PESSOAS JURÍDICAS A pessoa jurídica, assim como a pessoa natural, também tem domicílio, que é a sua sede jurídica, local em que responderá pelos direitos e deveres assumidos. Essa é a regra que pode ser retirada do art. 75 do Código Civil. A pessoa jurídica de Direito Privado tem domicílio no lugar onde funcionam as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial nos seus estatutos. Admite-se a pluralidade de domicílios dessas pessoas jurídicas, assim como ocorre com a pessoa natural, conforme o capítulo anteriormente estudado. Isso será possível desde que a pessoa jurídica de direito privado, como no caso de uma empresa, tenha diversos estabelecimentos, como as agências ou escritórios de representação ou administração (art. 75, § 1.º, do CC). Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder (art. 75, § 2.º, do CC). EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA E DESTINAÇÃO DOS BENS A existência das corporações (sociedades e associações) termina: a) Pela dissolução deliberada de seus membros, por unanimidade e mediante distrato, ressalvados os direitos de terceiros e da minoria. b) Quando for determinado por lei. c) Em decorrência de ato governamental. d) No caso de termo extintivo ou decurso de prazo. e) Por dissolução parcial, havendo falta de pluralidade de sócios. f) Por dissolução judicial. Como bem ensina Maria Helena Diniz, é primaz notar que a extinção da pessoa jurídica não se opera de modo instantâneo , qualquer que seja o fator extintivo, tem-se o fim da entidade; porém, se houver bens de seu patrimônio e dívidas a resgatar, ela continuará em fase de liquidação, durante a qual subsiste para a realização do ativo e pagamento de débitos. Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica (Curso..., 2003, p. 249). Regras nesse sentido constam do art. 51 do CC. Também dentro dessa ideia, demonstra Sílvio Venosa que, “ao contrário do que ocorre com a pessoa natural, o desaparecimento da pessoa jurídica não pode, por necessidade material, dar- se instantaneamente, qualquer que seja sua forma de extinção. Havendo patrimônio e débitos, a pessoa jurídica entrará em fase de liquidação, subsistindo tão só para a realização do ativo e para o pagamento de débitos, vindo a terminar completamente quando o patrimônio atingir seu destino” (Direito civil..., 2003, p. 299). Desse modo, ocorrendo a sua dissolução, cada sócio terá direito ao seu quinhão, o remanescente do patrimônio social será partilhado entre os sócios ou seus herdeiros. No caso de dissolução de uma associação, seus bens arrecadados serão destinados para entidades também de fins não lucrativos, conforme previsto nos estatutos (art. 61 do CC/2002). Se não estiver prevista nos estatutos a destinação, os bens irão para estabelecimento municipal, estadual ou federal de fins semelhantes aos seus. Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos associados, podem estes, antes da destinação do remanescente, receber em restituição, atualizado o respectivo valor, as contribuições que tiverem prestado ao patrimônio da associação (art. 61, § 1.º, do CC). A norma está amparada na vedação do enriquecimento sem causa, o que se dá por tentativa de volta ao estado anterior, com a devolução ao associado dos investimentos feitos na pessoa jurídica (contribuição social). Em relação à dissolução das fundações, além dos casos vistos anteriormente, há norma específica, constante do art. 69 do CC. DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA ARTIGO 50 do CÓDIGO CIVIL A pessoa jurídica é capaz de direitos e deveres na ordem civil, independentemente dos membros que a compõem, com os quais não tem vínculo, ou seja, sem qualquer ligação com a vontade individual das pessoas naturais que a compõem. Em outras palavras, há uma autonomia da pessoa jurídica em relação aos seus sócios e administradores. Em regra, os seus componentes somente responderão por débitos dentro dos limites do capital social, ficando a salvo o patrimônio individual dependendo do tipo societário adotado. A regra é de que a responsabilidade dos sócios em relação às dívidas sociais seja sempre subsidiária, ou seja, primeiro exaure-se o patrimônio da pessoa jurídica para depois, e desde que o tipo societário adotado permita, os bens particulares dos sócios serem executados. Somente na hipótese de abuso da personalidade jurídica é que os sócios poderão ser responsabilizados diretamente. Devido a essa possibilidade de exclusão da responsabilidade dos sócios, a pessoa jurídica, por vezes, desviou-se de seus princípios e fins, cometendo fraudes e lesando à sociedade ou a terceiros, provocando reações na doutrina e na jurisprudência. Visando a coibir tais abusos, surgiu a figura da teoria da desconsideração da personalidade jurídica, teoria do levantamento do véu ou teoria da penetração na pessoa física (disregard of the legal entity). Com isso, alcançam-se pessoas e bens que se escondem dentro de uma pessoa jurídica para fins ilícitos ou abusivos. Tal instituto permite ao juiz não mais considerar os efeitos da personificação da sociedade para atingir e vincular responsabilidades dos sócios, com intuito de impedir a consumação de fraudes e abusos cometidos pelos mesmos, desde que causem prejuízos e danos a terceiros, principalmente a credores da empresa. Dessa forma, os bens particulares dos sócios podem responder pelos danos causados a terceiros, em suma, o véu ou escudo, no caso da pessoa jurídica, é retirado para atingir quem está atrás dele, o sócio ou administrador. Bens da empresa também poderão responder por dívidas dos sócios, por meio do que se denomina como desconsideração inversa ou invertida. Nosso atual Código Civil acolheu tal possibilidade, prescrevendo: “Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica caracterizado pelo desvio de finalidade, ou pela confusão patrimonial, pode o Juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa jurídica”. Não se pode confundir a desconsideração com a despersonificação ou despersonalização da empresa. No primeiro instituto, apenas desconsidera-se a regra pela qual a pessoa jurídica tem existência distinta de seus membros (art. 50 do CC). Na despersonificação, a pessoa jurídica é dissolvida, nos termos do art. 51 do Código Civil. A tabela a seguir diferencia as categorias: A jurisprudência vinha entendendo que a alegação da desconsideração cabe em qualquer fase do processo, independentemente da propositura de uma ação específica (STJ: REsp 1.180.191/RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 05.04.2011. Precedentes citados: REsp 881.330- SP, DJe 10.11.2008; REsp 418.385/SP, DJ 03.09.2007; e REsp 1.036.398/RS, DJe 03.02.2009). O Novo CPC confirmou essa premissa, ao tratar do incidente de desconsideração, estabelecendo o seu art. 134 que “o incidente de desconsideração é cabível em todas as fases do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução fundada em título executivo extrajudicial”. Admitindo essa possibilidade, na IV Jornada de Direito Civil, em 2006, foi aprovado o Enunciado n. 283 do CJF/STJ, prevendo que “é cabível a desconsideração da personalidade jurídica denominada ‘inversa’ para alcançar bens de sócio que se valeu da pessoa jurídica para ocultar ou desviar bens pessoais, com prejuízo a terceiros”. Após a consolidação nos âmbitos doutrinário e jurisprudencial, a desconsideração inversa ou invertida acabou por ser incluída na lei, no Novo Código de Processo Civil. Conforme o seu art. 133, § 2.º, primeiro comando a tratar do novo incidente de desconsideração, “aplica-se o disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração inversa da personalidade jurídica”. Para a aplicação da desconsideração da personalidade jurídica, devem ser utilizados os parâmetros constantes do art. 187 do CC, que conceitua o abuso de direito como ato ilícito. Esses parâmetros são o fim social ou econômico da empresa, a boa-fé objetiva e os bons costumes, que constituem cláusulas gerais que devem ser preenchidas pelo aplicador caso a caso. Desse modo, a utilização da desconsideração não pode ocorrer de forma excessiva, como é comum em decisões da Justiça do Trabalho, em que muitas vezes um sócio que nunca administrou uma empresa é responsabilizado por dívidas trabalhistas. RESUMO ESQUEMÁTICO – PESSOA JURÍDICA Conceito de pessoa jurídica – Em regra, com exceção da EIRELI, trata-se do conjunto de pessoas ou de bens arrecadados, com existência distinta dos membros que o compõem. O atual Código Civil adota a teoria da realidade técnica que seria constituir uma conjunção da teoria da ficção e da teoria da realidade orgânica. Classificação da pessoa jurídica de direito privado – Apesar de o rol do art. 44 do CC não ser taxativo, a pessoa jurídica pode ser assim classificada quanto à sua organização interna: A) Corporações – conjunto de pessoas, subclassificadas da seguinte forma: - Associações – conjunto de pessoas sem que haja finalidade lucrativa instituída pelos seus membros. - Sociedades – conjunto de pessoas em que há fim lucrativo determinado. Podem ser sociedades simples (sem fins empresariais) ou sociedades empresárias. - Corporações sui generis – são as organizações religiosas e partidos políticos. Há entendimento pelo qual continuam sendo associações. B) Fundações – conjunto de bens arrecadados que devem ter finalidades morais, culturais, religiosas ou de assistência. Sua formação, atuação e extinção devem ser fiscalizadas pelo Ministério Público, por meio da curadoria das fundações (art. 66 do CC). - Empresas individuais de responsabilidade limitada (EIRELI) – são pessoas jurídicas constituídas apenas por uma pessoa, que têm regime próximo das sociedades de responsabilidade limitada. O fato de serem constituídas apenas por uma pessoa natural dá-lhes uma natureza totalmente diversa e especial em relação às demais pessoas jurídicas de direito privado. Estabelece o caput do novo art. 980-A do CC que “A empresa individual de responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário mínimo vigente no País”. - Domicílio da pessoa jurídica – As regras estão previstas no art. 75 do CC, a saber: a) A União deverá promover as ações na capital do Estado ou Território em que tiver domicílio a outra parte, e será demandada, à escolha do autor, no Distrito Federal, na capital do Estado em que se deu o ato que deu origem à demanda, ou em que se situe o bem envolvido com a lide. b) Os domicílios dos Estados e Territórios são as respectivas capitais. c) Os Municípios têm domicílio no lugar onde funciona a sua administração. d) As pessoas jurídicas de direito privado têm domicílio no lugar onde funcionam as respectivas diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial nos seus estatutos. - Desconsideração da personalidade jurídica – prevista no art. 50 do CC (disregard of the legal entity), quebra com a regra tradicional pela qual a pessoa jurídica não se confunde com os seus membros. Assim, nos casos de desvio de finalidade ou de confusão patrimonial, o sócio ou administrador que agir em abuso de direito pode ser responsabilizado. Os parâmetros para a aplicação da desconsideração da personalidade jurídica constam do art. 187 do CC, que trata do abuso de direito (fim social ou econômico da empresa, boa-fé objetiva ou bons costumes). Atualizando a obra, vale lembrar que o Novo CPC trata de um incidente próprio para a desconsideração da personalidade jurídica, entre os seus arts. 133 e 137. A desconsideração deve ser utilizada com o devido cuidado técnico. A jurisprudência, muitas vezes, estende a responsabilidade de uma empresa para outra, também em casos de abuso, teoria que é conhecida como sucessão de empresas. Na opinião deste autor, não há qualquer óbice para a desconsideração da personalidade das novas Empresas Individuais de Responsabilidade Limitada (EIRELI). - Entes ou grupos despersonalizados – não constituem pessoas jurídicas: a) Família – seja decorrente de casamento, união estável ou entidade monoparental. b) Espólio – conjunto de bens formado com a morte de alguém, em decorrência da aplicação do princípio saisine. c) Herança jacente e vacante – nos termos dos arts. 1.819 a 1.823, não deixando a pessoa sucessores, os seus bens devem ser destinados ao Poder Público. d) Massa falida – conjunto de bens formado com a quebra ou decretação de falência de uma pessoa jurídica. e) Sociedade de fato – grupos despersonalizados presentes nos casos envolvendo empresas que não possuem sequer constituição (estatuto), bem como a união de pessoas impedidas de casar, casos de concubinato. f) Sociedade irregular – ente despersonalizado constituído por empresas que possuem estatuto que não foi registrado, caso, por exemplo, de uma sociedade anônima não registrada na Junta Comercial estadual. RESPONSABILIDADE CIVIL E PENAL DA PESSOA JURÍDICA Em razão da autonomia e independência de sua personalidade jurídica, é certo e incontroverso que as pessoas jurídicas respondem integralmente por seus atos, com o seu patrimônio social, não se confundindo com o patrimônio e a personalidade de sócios-instituidores. Resta, assim, superada definitivamente a ideia de irresponsabilidade (total ou parcial) da pessoa jurídica. Existe previsão constitucional que a pessoa jurídica responderá pelos seus atos, sem desconsiderar a responsabilização individual de seus dirigentes, nos termos do § 5° do art. 173 da CF: "A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica, estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza, nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular". No exercício de suas atividades, a pessoa jurídica, necessariamente, trava relações jurídicas com terceiros, sendo possível que de tais condutas, praticadas pelos seus representantes, integrantes, prepostos, empregados ou prestadores de serviços, decorram danos (patrimoniais ou extrapatrimoniais). Ocorrendo um dano, gerado por uma pessoa jurídica, deverá a entidade reparar o prejuízo sofrido pela vitima. A responsabilidade da pessoa jurídica, também conhecida como responsabilidade empresarial, pode decorrer da violação de obrigações previstas em negócios jurídicos (responsabilidade contratual - art. 389 do Código Civil) ou da infringência de deveres legais ou sociais, consistentes estes nos princípios gerais de direito extracontratual (arts. 186 e 932, III do CC). O art. 47 do Código Civil, estabelece a responsabilidade empresarial pelos atos praticados nos limites dos poderes definidos nos atos constitutivos. A controvérsia está na possibilidade prática de atos em nome da sociedade, extrapolando os limites da representação ou até mesmo sem poderes para tanto. Nesse caso, é possível cogitar da responsabilidade empresarial decorrente da aparência, isto é, a oriunda daqueles que, sem estarem regularmente investidos nos poderes de representação, ou na administração, atuam de forma continuada e sem oposição das sociedades, de maneira a aparentar perante terceiros que são regulares administradores ou representantes. É o acolhimento do princípio da boa-fé, fazendo com que terceiros que estão, aparentemente, negociando com a pessoa jurídica estejam protegidos, responsabilizando-a mesmo não tratando de ato próprio da sociedade, tal conceito é denominado como TEORIA DA APARÊNCIA. Ou seja, responde também a pessoa jurídica pelos atos que seus integrantes ou prepostos praticam, aparentemente, em seu nome, ainda que extrapolando os limites dos poderes que detinha, salvo se o prejudicado conhecia situação, afinal, ninguém pode se valer de sua própria torpeza. Corretamente, já proclamou a jurisprudência que a apresentação de preposto perante o segurado como se seguradora fosse, torna-a responsável pelo pagamento da indenização securitária, bem como pela obrigação de natureza previdenciária. Aplica-se, por igual, a teoria da aparência em situações envolvendo diferentes jurídicas. Assim, em hipóteses nas quais uma pessoa jurídica pratica atos em nome próprio, utilizando-se de sua credibilidade, mas em favor de outrem, há responsabilização com esteio na aparência fática. Também não é rara a utilização da marca empresarial e publicidade de outra empresa, vindo esta a responder solidaria pelos danos causados a terceiros por aquela, com base na teoria da aparência, pois quem cede a marca está participando do resultado. Consórcio. Teoria da Aparência. Publicidade. Responsabilidade Civil. A empresa que permite a utilização da sua logomarca, de seu endereço, instalações e telefones, fazendo crer, através da publicidade e da prática comercial, que era a responsável pelo empreendimento consorcial, é parte passiva legítima para responder pela ação indenizatória proposta pelo consorçiado fundamentada nesses fatos" (STJ, REsp. 113.012/MG, 4ª Turma, Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, J. 18.03.2007). É situação corriqueira em atividades turísticas, quando a venda de pacotes de é feita através de agências ou operadoras de turismo, a utilização de seu prestígio e e boa fama. Por isso, é razoável que respondam solidariamente por danos ao turista que confiou no produto ofertado se houver dano causado hotel, a partir do art. 7° do Código de Defesa do Consumidor como já reconheceu o Superior Tribunal de Justiça: A agência de viagens responde pelo dano pessoal que decorreu do mau serviço do hotel contratado por ela para a hospedagem durante o pacote de turismo“ (STJ, REsp. 287.849/SP, 4ª Turma, Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, j. 17.04.2011). RESPONSABILIDADE CIVIL DA PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO - Artigo 37, § 6° da Constituição Federal A partir disso, o prejudicado não precisa provar a culpa do agente público que causou o dano, bastando provar a conduta, o dano e o nexo causal entre um e outro. E mais ainda: o Poder Público também não poderá alegar que o seu agente não atuou culposamente, pois não se discute a culpa em hipóteses de responsabilidade objetiva. Enfim, ainda que sua conduta seja lícita, poderá a Administração ser responsabilizada, se causou dano a terceiro, por conta da TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO. Exatamente por isso, o Estado somente poderá ser exonerado da responsabilidade se provar a ocorrência de conduta exclusiva da vítima, fato de terceiro ou ainda, caso fortuito ou força maior. Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo. Administrativo. Acidente de trânsito. Rodovia pedagiada. Concessionária de serviço público. Responsabilidade objetiva. Possibilidade. Elementos da responsabilidade civil demonstrados na origem. Dever de indenizar. Legislação infraconstitucional. Ofensa reflexa. Fatos e provas. Reexame. Impossibilidade. Precedentes. 1. A jurisprudência da Corte firmou-se no sentido de que as pessoas jurídicas de direito público e as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público respondem objetivamente pelos danos que causarem a terceiros, com fundamento no art. 37, § 6º, da Constituição Federal, tanto por atos comissivos quanto por atos omissivos, em situações como a ora em exame, desde que demonstrado o nexo causal entre o dano e a omissão. 2. Inadmissível, em recurso extraordinário, a análise de legislação infraconstitucional e o reexame do conjunto fático- probatório da causa. Incidência das Súmulas nºs 636 e 279/STF. 3. Agravo regimental não provido. 4. Inaplicável o art. 85, § 11, do CPC, tendo em vista que, na origem, os honorários advocatícios já foram fixados no limite máximo previsto no § 2º do mesmo artigo. (STF, AgR no ARE 951.552/ES, 2ª Turma, Rel. Min. Dias Toffoli, j. 02/08/2016) RESPONSABILIDADE CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ATROPELAMENTO FATAL. TRAVESSIA NA FAIXA DE PEDESTRE. RODOVIA SOB CONCESSÃO. CONSUMIDORA POR EQUIPARAÇÃO. CONCESSIONÁRIA RODOVIÁRIA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA EM RELAÇÃO A TERCEIROS USUÁRIOS E NÃO USUÁRIOS DO SERVIÇO. ART. 37, § 6°, CF. VIA EM MANUTENÇÃO. FALTA DE ILUMINAÇÃO E SINALIZAÇÃO PRECÁRIA. NEXO CAUSAL CONFIGURADO. DEFEITO NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO CONFIGURADO. CULPA EXCLUSIVA DA VÍTIMA. INOCORRÊNCIA. INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS DEVIDOS. (...) 2. As concessionárias de serviços rodoviários, nas suas relações com o usuário, subordinam-se aos preceitos do Código de Defesa do Consumidor e respondem objetivamente pelos defeitos na prestação do serviço. Precedentes. 3. No caso, a autora é consumidora por equiparação em relação ao defeito na prestação do serviço, nos termos do art. 17 do Código consumerista. Isso porque prevê o dispositivo que "equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento", ou seja, estende o conceito de consumidor àqueles que, mesmo não tendo sido consumidores diretos, acabam por sofrer as consequências do acidente de consumo, sendo também chamados de bystanders. 4. "A responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público é objetiva relativamente a terceiros usuários e não- usuários do serviço, segundo decorre do art. 37, § 6º, da Constituição Federal" (RE 591.874, Relator(a): Min. RICARDO LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 26/08/2009, REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-237 DIVULG 17-12- 2009 PUBLIC 18-12-2009). (...) (STJ, 4ª Turma, REsp 1.268.743 - RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Data de Julgamento: 04/02/2014) APELAÇÃO - INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS EM VEÍCULO - ACIDENTE PROVOCADO PELA PRESENÇA DE ANIMAL NA PISTA - CONCESSIONÁRIA - RESPONSABILIDADE OBJETIVA - CULPA DE TERCEIRO E CULPA EXCLUSIVA DO CONDUTOR NÃO DEMONSTRADAS - INDENIZAÇÃO DEVIDA - Verossímeis as alegações do autor a respeito da existência de animal, ainda que não localizado - Ônus probatório da ré de demonstrar que a dinâmica do acidente se deu de forma diversa da relatada pelo autor - Cabível a indenização decorrente de acidente provocado pela presença de animal na pista, configurada responsabilidade objetiva da concessionária pela reparação dos danos, incidindo a regra do art. 37, § 6º, da CF/88, adotada a teoria do risco administrativo Aplicabilidade, ainda, da disciplina prevista no CDC para a hipótese de responsabilidade por defeito na prestação do serviço. RECURSO IMPROVIDO. (TJSP, Apelação: 0011363-86.2012.8.26.0220, 32ª Câmara de Direito Privado Rel. Luis Fernando Nishi, j. 12/04/2018) - Artigo 43 do Código Civil: As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros, ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa ou dolo. - Prescrição das ações de particulares contra a Administração Pública: Decreto n° 20.910/32 - Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza, prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem. Art. 2º Prescrevem igualmente no mesmo prazo todo o direito e as prestações correspondentes a pensões vencidas ou por vencerem, ao meio soldo e ao montepio civil e militar ou a quaisquer restituições ou diferenças. RESPONSABILIDADE CIVIL DA PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO Ao contrário das pessoas jurídicas de direito público, as pessoas jurídica de direito privado submetem-se ao regime da responsabilidade subjetiva, sendo necessário que a vítima, além de provar a conduta da empresa, o dano sofrido e o nexo de causalidade entre a conduta e o prejuízo, bem como, demonstre, ainda, a culpa de seu agente, sócio ou preposto, conforme disposto nos artigos 186 e 927 do Código Civil. Aliás, toda e qualquer pessoa jurídica responde civilmente pelos danos causados, mesmo que não tenha finalidade lucrativa (como no caso das associações e das fundações), garantindo que a vítima seja reparada do prejuízo sofrido. Fixada a sua responsabilidade civil, responderá a pessoa jurídica com a integralidade do seu patrimônio, afastados, de regra (salvo situações específicas em que se permitirá a desconsideração de sua personalidade – Arts. 50 do Código Civil e 28 do Código de Defesa do Consumidor), os bens pertencentes aos sócios. Daí, como regra geral, não se deve incluir os patrimônios e as responsabilidades das pessoas físicas, embora na realidade quem pratica o ato ilícito não é a pessoa jurídica, mas o seu representante, a existência da personalidade jurídica importa responsabilizar as sociedades, tanto na órbita contratual quanto na extracontratual. Nessa esteira, os arts. 932, III e 933 do Código Civil, prescrevem a responsabilidade objetiva da pessoa jurídica pelas condutas de seus agentes, não sendo possível que a empresa alegue não ter culpa pela conduta de praticada pelo seu preposto ou sócio. É importante salientar que será objetiva, independendo de comprovação da culpa, a responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado nos casos previstos nas normas legais, como, por exemplo, por danos causados em relações consumo (CDC. arts. 12 e 18), por danos ao meio ambiente (Lei n° 6.938/81) e contratos de transporte em geral (CC, arts. 734 a 742) e de transporte aéreo Lei n° 7.565/86 - Código Brasileiro de Aeronáutica), bem como será objetiva, visto anteriormente, a responsabilidade das pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público (CF, art. 37, § 6°), como as empresas de coletivo e as emissoras de rádio e televisão. Um interessante caso de responsabilidade objetiva das pessoas jurídicas vem da Lei n° 12.846/13, que estabelece a responsabilização objetiva civil e administrativa das pessoas jurídicas pela prática de atos contra a Administração Pública nacional ou estrangeira (art. 1°). Os atos lesivos à administração estatal podem ser exemplificados com o oferecimento de suborno a servidores públicos, a fraude a um procedimento licitatório, a prática de simulação para prejudicar uma licitação, dificultar atividade investigatória, dentre outras hipóteses. Esclareça-se, demais de tudo isso, que a pessoa jurídica responde por danos contratuais e extracontratuais causados a terceiros. Extracontratualmente, inclusive, responde a pessoa jurídica por prejuízos ocasionados por conta de sua atividade empresarial e da confiança depositada por todos no perfeito funcionamento de suas atividades. É o princípio da boa-fé objetiva. O Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula n° 130, coadunando-se com o sistema constitucional de responsabilidade social da empresa e reconhecendo que "a empresa responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo ocorridos em seu estacionamento", afastando a incidência das antipáticas cláusulas de não indenizar que se proliferam em shoppings centers, restaurantes, casas de espetáculos, hotéis, etc, afirmando não se responsabilizar o empresário por danos causados aos veículos estacionados em suas dependências, como se o fato de oferecer estacionamento não gerasse no usuário uma confiança intuitiva. A RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA Inovando em relação às Constituições anteriores, estabelece o texto da Constituição Federal de 1988 no art. 225, § 3°, que as condutas e atividades lesivas ao meio ambiente sujeitarão os infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas, independentemente da obrigação de reparar os danos causados. Trata-se de uma tendência vinda do Direito europeu, de rompimento com o tradicional princípio pelo qual a pessoa jurídica não poderia praticar delitos, dada a impossibilidade de se lhe reconhecer a atuação dolosa. Assim, considerando a participação cada vez maior das pessoas jurídicas na vida negocial, sendo utilizada, não raro, para finalidades ilícitas, foi estabelecida, em sede infraconstitucional previsão legal de responsabilização penal das pessoas jurídicas, em conformidade com o art. 3° da Lei n° 9.605/98, que tipifica delitos contra o meio ambiente. O art. 21 da referida Lei dos Crimes Ambientais, por sua vez, estabelece que as sanções penais aplicáveis às pessoas jurídicas poderão ser de multa de restrição de direitos, de interdição temporária de estabelecimento de obra ou atividade, de prestação de serviços à comunidade ou mesmo de suspensão total ou parcial de atividades. 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