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FACULDADE 
ANHANGUERA DE 
PINDAMONHANGABA
transforme seu futuro
DIREITO CIVIL – PARTE GERAL
Prof. ÁLVARO MARTON BARBOSA JÚNIOR
E-mail: alvaro.junior@anhanguera.com
Instagram: @alvaromartonbj
Facebook: @alvaromarton
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PROVA DO 1° BIMESTRE
DIA 27/09/2024 – SEXTA-FEIRA
HORÁRIO: 19:00 HORAS
PRESENCIAL NA FACULDADE
*** Sujeito a alterações ***
PROVA DO 2° BIMESTRE
DIA 22/11/2024 – SEXTA-FEIRA
HORÁRIO: 19:00 HORAS
PRESENCIAL NA FACULDADE
*** Sujeito a alterações ***
PROVA DE SEGUNDA CHAMADA
(1° e 2° BIMESTRES)
DIA 02/12/2024 – SEGUNDA-FEIRA
HORÁRIO: 19:00 HORAS
PRESENCIAL NA FACULDADE
*** Sujeito a alterações ***
PROVA DE EXAME FINAL
DIA 09/12/2024 – SEGUNDA-FEIRA
HORÁRIO: 19:00 HORAS
PRESENCIAL NA FACULDADE
*** Sujeito a alterações ***
DOMICÍLIO DAS PESSOAS JURÍDICAS
A pessoa jurídica, assim como a pessoa natural, também tem domicílio, que é a sua sede
jurídica, local em que responderá pelos direitos e deveres assumidos. Essa é a regra que pode
ser retirada do art. 75 do Código Civil.
A pessoa jurídica de Direito Privado tem domicílio no lugar onde funcionam as respectivas
diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial nos seus estatutos.
Admite-se a pluralidade de domicílios dessas pessoas jurídicas, assim como ocorre com a
pessoa natural, conforme o capítulo anteriormente estudado. Isso será possível desde que a
pessoa jurídica de direito privado, como no caso de uma empresa, tenha diversos
estabelecimentos, como as agências ou escritórios de representação ou administração (art. 75, §
1.º, do CC).
Se a administração, ou diretoria, tiver a sede no estrangeiro, haver-se-á por domicílio da pessoa
jurídica, no tocante às obrigações contraídas por cada uma das suas agências, o lugar do
estabelecimento, sito no Brasil, a que ela corresponder (art. 75, § 2.º, do CC).
EXTINÇÃO DA PESSOA JURÍDICA E DESTINAÇÃO DOS BENS
A existência das corporações (sociedades e associações) termina:
a) Pela dissolução deliberada de seus membros, por unanimidade e mediante
distrato, ressalvados os direitos de terceiros e da minoria.
b) Quando for determinado por lei.
c) Em decorrência de ato governamental.
d) No caso de termo extintivo ou decurso de prazo.
e) Por dissolução parcial, havendo falta de pluralidade de sócios.
f) Por dissolução judicial.
Como bem ensina Maria Helena Diniz, é primaz notar que a extinção da pessoa jurídica não se
opera de modo instantâneo , qualquer que seja o fator extintivo, tem-se o fim da entidade; porém,
se houver bens de seu patrimônio e dívidas a resgatar, ela continuará em fase de liquidação,
durante a qual subsiste para a realização do ativo e pagamento de débitos.
Encerrada a liquidação, promover-se-á o cancelamento da inscrição da pessoa jurídica (Curso...,
2003, p. 249).
Regras nesse sentido constam do art. 51 do CC.
Também dentro dessa ideia, demonstra Sílvio Venosa que, “ao contrário do que ocorre com a
pessoa natural, o desaparecimento da pessoa jurídica não pode, por necessidade material, dar-
se instantaneamente, qualquer que seja sua forma de extinção.
Havendo patrimônio e débitos, a pessoa jurídica entrará em fase de liquidação, subsistindo tão
só para a realização do ativo e para o pagamento de débitos, vindo a terminar completamente
quando o patrimônio atingir seu destino” (Direito civil..., 2003, p. 299).
Desse modo, ocorrendo a sua dissolução, cada sócio terá direito ao seu quinhão, o
remanescente do patrimônio social será partilhado entre os sócios ou seus herdeiros.
No caso de dissolução de uma associação, seus bens arrecadados serão destinados para
entidades também de fins não lucrativos, conforme previsto nos estatutos (art. 61 do CC/2002).
Se não estiver prevista nos estatutos a destinação, os bens irão para estabelecimento municipal,
estadual ou federal de fins semelhantes aos seus.
Por cláusula do estatuto ou, no seu silêncio, por deliberação dos associados, podem estes, antes
da destinação do remanescente, receber em restituição, atualizado o respectivo valor, as
contribuições que tiverem prestado ao patrimônio da associação (art. 61, § 1.º, do CC). A norma
está amparada na vedação do enriquecimento sem causa, o que se dá por tentativa de volta ao
estado anterior, com a devolução ao associado dos investimentos feitos na pessoa jurídica
(contribuição social).
Em relação à dissolução das fundações, além dos casos vistos anteriormente, há norma
específica, constante do art. 69 do CC.
DESCONSIDERAÇÃO DA PERSONALIDADE JURÍDICA
ARTIGO 50 do CÓDIGO CIVIL
A pessoa jurídica é capaz de direitos e deveres na ordem civil, independentemente dos membros que
a compõem, com os quais não tem vínculo, ou seja, sem qualquer ligação com a vontade individual
das pessoas naturais que a compõem.
Em outras palavras, há uma autonomia da pessoa jurídica em relação aos seus sócios e
administradores. Em regra, os seus componentes somente responderão por débitos dentro dos
limites do capital social, ficando a salvo o patrimônio individual dependendo do tipo societário
adotado.
A regra é de que a responsabilidade dos sócios em relação às dívidas sociais
seja sempre subsidiária, ou seja, primeiro exaure-se o patrimônio da pessoa
jurídica para depois, e desde que o tipo societário adotado permita, os bens
particulares dos sócios serem executados.
Somente na hipótese de abuso da personalidade jurídica é que os sócios
poderão ser responsabilizados diretamente.
Devido a essa possibilidade de exclusão da responsabilidade dos sócios, a pessoa jurídica, por
vezes, desviou-se de seus princípios e fins, cometendo fraudes e lesando à sociedade ou a
terceiros, provocando reações na doutrina e na jurisprudência.
Visando a coibir tais abusos, surgiu a figura da teoria da desconsideração da personalidade
jurídica, teoria do levantamento do véu ou teoria da penetração na pessoa física (disregard of the
legal entity).
Com isso, alcançam-se pessoas e bens que se escondem dentro de uma pessoa jurídica para
fins ilícitos ou abusivos.
Tal instituto permite ao juiz não mais considerar os efeitos da personificação da sociedade para
atingir e vincular responsabilidades dos sócios, com intuito de impedir a consumação de fraudes
e abusos cometidos pelos mesmos, desde que causem prejuízos e danos a terceiros,
principalmente a credores da empresa.
Dessa forma, os bens particulares dos sócios podem responder pelos danos causados a
terceiros, em suma, o véu ou escudo, no caso da pessoa jurídica, é retirado para atingir quem
está atrás dele, o sócio ou administrador.
Bens da empresa também poderão responder por dívidas dos sócios, por meio do que se
denomina como desconsideração inversa ou invertida.
Nosso atual Código Civil acolheu tal possibilidade, prescrevendo:
“Art. 50. Em caso de abuso da personalidade jurídica caracterizado pelo desvio de finalidade, ou
pela confusão patrimonial, pode o Juiz decidir, a requerimento da parte, ou do Ministério Público
quando lhe couber intervir no processo, que os efeitos de certas e determinadas relações de
obrigações sejam estendidos aos bens particulares dos administradores ou sócios da pessoa
jurídica”.
Não se pode confundir a desconsideração com a despersonificação ou despersonalização da
empresa. No primeiro instituto, apenas desconsidera-se a regra pela qual a pessoa jurídica tem
existência distinta de seus membros (art. 50 do CC). Na despersonificação, a pessoa jurídica é
dissolvida, nos termos do art. 51 do Código Civil. A tabela a seguir diferencia as categorias:
A jurisprudência vinha entendendo que a alegação da desconsideração cabe em qualquer fase
do processo, independentemente da propositura de uma ação específica (STJ: REsp
1.180.191/RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, j. 05.04.2011. Precedentes citados: REsp 881.330-
SP, DJe 10.11.2008; REsp 418.385/SP, DJ 03.09.2007; e REsp 1.036.398/RS, DJe 03.02.2009).
O Novo CPC confirmou essa premissa, ao tratar do incidente de desconsideração,
estabelecendo
o seu art. 134 que “o incidente de desconsideração é cabível em todas as fases
do processo de conhecimento, no cumprimento de sentença e na execução fundada em título
executivo extrajudicial”.
Admitindo essa possibilidade, na IV Jornada de Direito Civil, em 2006, foi aprovado o Enunciado
n. 283 do CJF/STJ, prevendo que “é cabível a desconsideração da personalidade jurídica
denominada ‘inversa’ para alcançar bens de sócio que se valeu da pessoa jurídica para ocultar
ou desviar bens pessoais, com prejuízo a terceiros”.
Após a consolidação nos âmbitos doutrinário e jurisprudencial, a desconsideração inversa ou
invertida acabou por ser incluída na lei, no Novo Código de Processo Civil. Conforme o seu art.
133, § 2.º, primeiro comando a tratar do novo incidente de desconsideração, “aplica-se o
disposto neste Capítulo à hipótese de desconsideração inversa da personalidade jurídica”.
Para a aplicação da desconsideração da personalidade jurídica, devem ser utilizados os
parâmetros constantes do art. 187 do CC, que conceitua o abuso de direito como ato ilícito.
Esses parâmetros são o fim social ou econômico da empresa, a boa-fé objetiva e os bons
costumes, que constituem cláusulas gerais que devem ser preenchidas pelo aplicador caso a
caso.
Desse modo, a utilização da desconsideração não pode ocorrer de forma excessiva, como é
comum em decisões da Justiça do Trabalho, em que muitas vezes um sócio que nunca
administrou uma empresa é responsabilizado por dívidas trabalhistas.
RESUMO ESQUEMÁTICO – PESSOA JURÍDICA
Conceito de pessoa jurídica – Em regra, com exceção da EIRELI, trata-se do conjunto de
pessoas ou de bens arrecadados, com existência distinta dos membros que o compõem. O atual
Código Civil adota a teoria da realidade técnica que seria constituir uma conjunção da teoria da
ficção e da teoria da realidade orgânica.
Classificação da pessoa jurídica de direito privado – Apesar de o rol do art. 44 do CC não ser
taxativo, a pessoa jurídica pode ser assim classificada quanto à sua organização interna:
A) Corporações – conjunto de pessoas, subclassificadas da seguinte forma:
- Associações – conjunto de pessoas sem que haja finalidade lucrativa instituída pelos seus
membros.
- Sociedades – conjunto de pessoas em que há fim lucrativo determinado. Podem ser
sociedades simples (sem fins empresariais) ou sociedades empresárias.
- Corporações sui generis – são as organizações religiosas e partidos políticos. Há entendimento
pelo qual continuam sendo associações.
B) Fundações – conjunto de bens arrecadados que devem ter finalidades morais, culturais,
religiosas ou de assistência. Sua formação, atuação e extinção devem ser fiscalizadas pelo
Ministério Público, por meio da curadoria das fundações (art. 66 do CC).
- Empresas individuais de responsabilidade limitada (EIRELI) – são pessoas jurídicas
constituídas apenas por uma pessoa, que têm regime próximo das sociedades de
responsabilidade limitada. O fato de serem constituídas apenas por uma pessoa natural dá-lhes
uma natureza totalmente diversa e especial em relação às demais pessoas jurídicas de direito
privado. Estabelece o caput do novo art. 980-A do CC que “A empresa individual de
responsabilidade limitada será constituída por uma única pessoa titular da totalidade do capital
social, devidamente integralizado, que não será inferior a 100 (cem) vezes o maior salário
mínimo vigente no País”.
- Domicílio da pessoa jurídica – As regras estão previstas no art. 75 do CC, a saber:
a) A União deverá promover as ações na capital do Estado ou Território em que tiver domicílio a
outra parte, e será demandada, à escolha do autor, no Distrito Federal, na capital do Estado em
que se deu o ato que deu origem à demanda, ou em que se situe o bem envolvido com a lide.
b) Os domicílios dos Estados e Territórios são as respectivas capitais.
c) Os Municípios têm domicílio no lugar onde funciona a sua administração.
d) As pessoas jurídicas de direito privado têm domicílio no lugar onde funcionam as respectivas
diretorias e administrações, ou onde elegerem domicílio especial nos seus estatutos.
- Desconsideração da personalidade jurídica – prevista no art. 50 do CC (disregard of the legal
entity), quebra com a regra tradicional pela qual a pessoa jurídica não se confunde com os seus
membros. Assim, nos casos de desvio de finalidade ou de confusão patrimonial, o sócio ou
administrador que agir em abuso de direito pode ser responsabilizado. Os parâmetros para a
aplicação da desconsideração da personalidade jurídica constam do art. 187 do CC, que trata do
abuso de direito (fim social ou econômico da empresa, boa-fé objetiva ou bons costumes).
Atualizando a obra, vale lembrar que o Novo CPC trata de um incidente próprio para a
desconsideração da personalidade jurídica, entre os seus arts. 133 e 137.
A desconsideração deve ser utilizada com o devido cuidado técnico. A
jurisprudência, muitas vezes, estende a responsabilidade de uma empresa para
outra, também em casos de abuso, teoria que é conhecida como sucessão de
empresas. Na opinião deste autor, não há qualquer óbice para a
desconsideração da personalidade das novas Empresas Individuais de
Responsabilidade Limitada (EIRELI).
- Entes ou grupos despersonalizados – não constituem pessoas jurídicas:
a) Família – seja decorrente de casamento, união estável ou entidade monoparental.
b) Espólio – conjunto de bens formado com a morte de alguém, em decorrência da aplicação do princípio
saisine.
c) Herança jacente e vacante – nos termos dos arts. 1.819 a 1.823, não deixando a pessoa sucessores, os
seus bens devem ser destinados ao Poder Público.
d) Massa falida – conjunto de bens formado com a quebra ou decretação de falência de uma pessoa
jurídica.
e) Sociedade de fato – grupos despersonalizados presentes nos casos envolvendo empresas que não
possuem sequer constituição (estatuto), bem como a união de pessoas impedidas de casar, casos de
concubinato.
f) Sociedade irregular – ente despersonalizado constituído por empresas que possuem estatuto que não foi
registrado, caso, por exemplo, de uma sociedade anônima não registrada na Junta Comercial estadual.
RESPONSABILIDADE CIVIL E PENAL DA PESSOA JURÍDICA
Em razão da autonomia e independência de sua personalidade jurídica, é certo
e incontroverso que as pessoas jurídicas respondem integralmente por seus
atos, com o seu patrimônio social, não se confundindo com o patrimônio e a
personalidade de sócios-instituidores.
Resta, assim, superada definitivamente a ideia de irresponsabilidade (total ou
parcial) da pessoa jurídica.
Existe previsão constitucional que a pessoa jurídica responderá pelos seus atos, sem
desconsiderar a responsabilização individual de seus dirigentes, nos termos do § 5° do art. 173
da CF: "A lei, sem prejuízo da responsabilidade individual dos dirigentes da pessoa jurídica,
estabelecerá a responsabilidade desta, sujeitando-a às punições compatíveis com sua natureza,
nos atos praticados contra a ordem econômica e financeira e contra a economia popular".
No exercício de suas atividades, a pessoa jurídica, necessariamente, trava relações jurídicas
com terceiros, sendo possível que de tais condutas, praticadas pelos seus representantes,
integrantes, prepostos, empregados ou prestadores de serviços, decorram danos (patrimoniais
ou extrapatrimoniais).
Ocorrendo um dano, gerado por uma pessoa jurídica, deverá a entidade reparar o prejuízo
sofrido pela vitima.
A responsabilidade da pessoa jurídica, também conhecida como responsabilidade empresarial,
pode decorrer da violação de obrigações previstas em negócios jurídicos (responsabilidade
contratual - art. 389 do Código Civil) ou da infringência de deveres legais ou sociais, consistentes
estes nos princípios gerais de direito extracontratual (arts. 186 e 932, III do CC).
O art. 47 do Código Civil, estabelece a responsabilidade empresarial pelos atos praticados nos
limites dos poderes definidos nos atos constitutivos.
A controvérsia está na possibilidade prática de atos em nome da sociedade, extrapolando os
limites da representação ou até mesmo sem poderes para tanto.
Nesse caso, é possível cogitar da responsabilidade empresarial decorrente da aparência, isto é,
a oriunda daqueles que, sem estarem regularmente investidos nos poderes de representação, ou
na administração, atuam de forma continuada e sem oposição das sociedades, de maneira a
aparentar perante terceiros que são regulares administradores ou representantes.
É o acolhimento do princípio da boa-fé, fazendo com que terceiros que estão, aparentemente,
negociando com a pessoa jurídica estejam protegidos, responsabilizando-a mesmo não tratando
de ato próprio da sociedade, tal conceito é denominado como TEORIA DA APARÊNCIA.
Ou seja, responde também a pessoa jurídica pelos atos que seus integrantes ou prepostos
praticam, aparentemente, em seu nome, ainda que extrapolando os limites dos poderes que
detinha, salvo se o prejudicado conhecia situação, afinal, ninguém pode se valer de sua própria
torpeza.
Corretamente, já proclamou a jurisprudência que a apresentação de preposto perante o
segurado como se seguradora fosse, torna-a responsável pelo pagamento da indenização
securitária, bem como pela obrigação de natureza previdenciária.
Aplica-se, por igual, a teoria da aparência em situações envolvendo diferentes jurídicas. Assim,
em hipóteses nas quais uma pessoa jurídica pratica atos em nome próprio, utilizando-se de sua
credibilidade, mas em favor de outrem, há responsabilização com esteio na aparência fática.
Também não é rara a utilização da marca empresarial e publicidade de outra empresa, vindo
esta a responder solidaria pelos danos causados a terceiros por aquela, com base na teoria da
aparência, pois quem cede a marca está participando do resultado.
Consórcio. Teoria da Aparência. Publicidade. Responsabilidade Civil. A empresa que permite a
utilização da sua logomarca, de seu endereço, instalações e telefones, fazendo crer, através da
publicidade e da prática comercial, que era a responsável pelo empreendimento consorcial, é
parte passiva legítima para responder pela ação indenizatória proposta pelo consorçiado
fundamentada nesses fatos" (STJ, REsp. 113.012/MG, 4ª Turma, Rel. Min. Ruy Rosado de
Aguiar, J. 18.03.2007).
É situação corriqueira em atividades turísticas, quando a venda de pacotes de é feita através de
agências ou operadoras de turismo, a utilização de seu prestígio e e boa fama. Por isso, é
razoável que respondam solidariamente por danos ao turista que confiou no produto ofertado se
houver dano causado hotel, a partir do art. 7° do Código de Defesa do Consumidor como já
reconheceu o Superior Tribunal de Justiça:
A agência de viagens responde pelo dano pessoal que decorreu do mau serviço do hotel
contratado por ela para a hospedagem durante o pacote de turismo“ (STJ, REsp. 287.849/SP, 4ª
Turma, Rel. Min. Ruy Rosado de Aguiar, j. 17.04.2011).
RESPONSABILIDADE CIVIL DA PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PÚBLICO
- Artigo 37, § 6° da Constituição Federal
A partir disso, o prejudicado não precisa provar a culpa do agente público que causou o dano,
bastando provar a conduta, o dano e o nexo causal entre um e outro. E mais ainda: o Poder
Público também não poderá alegar que o seu agente não atuou culposamente, pois não se
discute a culpa em hipóteses de responsabilidade objetiva.
Enfim, ainda que sua conduta seja lícita, poderá a Administração ser responsabilizada, se
causou dano a terceiro, por conta da TEORIA DO RISCO ADMINISTRATIVO.
Exatamente por isso, o Estado somente poderá ser exonerado da responsabilidade se provar a
ocorrência de conduta exclusiva da vítima, fato de terceiro ou ainda, caso fortuito ou força maior.
Agravo regimental no recurso extraordinário com agravo. Administrativo. Acidente de trânsito. Rodovia
pedagiada. Concessionária de serviço público. Responsabilidade objetiva. Possibilidade. Elementos da
responsabilidade civil demonstrados na origem. Dever de indenizar. Legislação infraconstitucional. Ofensa
reflexa. Fatos e provas. Reexame. Impossibilidade. Precedentes. 1. A jurisprudência da Corte firmou-se no
sentido de que as pessoas jurídicas de direito público e as pessoas jurídicas de direito privado prestadoras
de serviço público respondem objetivamente pelos danos que causarem a terceiros, com fundamento no
art. 37, § 6º, da Constituição Federal, tanto por atos comissivos quanto por atos omissivos, em situações
como a ora em exame, desde que demonstrado o nexo causal entre o dano e a omissão. 2. Inadmissível,
em recurso extraordinário, a análise de legislação infraconstitucional e o reexame do conjunto fático-
probatório da causa. Incidência das Súmulas nºs 636 e 279/STF. 3. Agravo regimental não provido. 4.
Inaplicável o art. 85, § 11, do CPC, tendo em vista que, na origem, os honorários advocatícios já foram
fixados no limite máximo previsto no § 2º do mesmo artigo. (STF, AgR no ARE 951.552/ES, 2ª Turma, Rel.
Min. Dias Toffoli, j. 02/08/2016)
RESPONSABILIDADE CIVIL. RECURSO ESPECIAL. ATROPELAMENTO FATAL. TRAVESSIA NA FAIXA DE
PEDESTRE. RODOVIA SOB CONCESSÃO. CONSUMIDORA POR EQUIPARAÇÃO. CONCESSIONÁRIA
RODOVIÁRIA. RESPONSABILIDADE OBJETIVA EM RELAÇÃO A TERCEIROS USUÁRIOS E NÃO USUÁRIOS DO
SERVIÇO. ART. 37, § 6°, CF. VIA EM MANUTENÇÃO. FALTA DE ILUMINAÇÃO E SINALIZAÇÃO PRECÁRIA. NEXO
CAUSAL CONFIGURADO. DEFEITO NA PRESTAÇÃO DO SERVIÇO CONFIGURADO. CULPA EXCLUSIVA DA
VÍTIMA. INOCORRÊNCIA. INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS E MORAIS DEVIDOS. (...) 2. As concessionárias
de serviços rodoviários, nas suas relações com o usuário, subordinam-se aos preceitos do Código de Defesa do
Consumidor e respondem objetivamente pelos defeitos na prestação do serviço. Precedentes. 3. No caso, a autora é
consumidora por equiparação em relação ao defeito na prestação do serviço, nos termos do art. 17 do Código
consumerista. Isso porque prevê o dispositivo que "equiparam-se aos consumidores todas as vítimas do evento", ou seja,
estende o conceito de consumidor àqueles que, mesmo não tendo sido consumidores diretos, acabam por sofrer as
consequências do acidente de consumo, sendo também chamados de bystanders. 4. "A responsabilidade civil das
pessoas jurídicas de direito privado prestadoras de serviço público é objetiva relativamente a terceiros usuários e não-
usuários do serviço, segundo decorre do art. 37, § 6º, da Constituição Federal" (RE 591.874, Relator(a): Min. RICARDO
LEWANDOWSKI, Tribunal Pleno, julgado em 26/08/2009, REPERCUSSÃO GERAL - MÉRITO DJe-237 DIVULG 17-12-
2009 PUBLIC 18-12-2009). (...) (STJ, 4ª Turma, REsp 1.268.743 - RJ, Rel. Min. Luis Felipe Salomão, Data de
Julgamento: 04/02/2014)
APELAÇÃO - INDENIZAÇÃO POR DANOS MATERIAIS EM VEÍCULO - ACIDENTE
PROVOCADO PELA PRESENÇA DE ANIMAL NA PISTA - CONCESSIONÁRIA -
RESPONSABILIDADE OBJETIVA - CULPA DE TERCEIRO E CULPA EXCLUSIVA DO
CONDUTOR NÃO DEMONSTRADAS - INDENIZAÇÃO DEVIDA - Verossímeis as alegações do
autor a respeito da existência de animal, ainda que não localizado - Ônus probatório da ré de
demonstrar que a dinâmica do acidente se deu de forma diversa da relatada pelo autor - Cabível
a indenização decorrente de acidente provocado pela presença de animal na pista, configurada
responsabilidade objetiva da concessionária pela reparação dos danos, incidindo a regra do art.
37, § 6º, da CF/88, adotada a teoria do risco administrativo Aplicabilidade, ainda, da disciplina
prevista no CDC para a hipótese de responsabilidade por defeito na prestação do serviço.
RECURSO IMPROVIDO. (TJSP, Apelação: 0011363-86.2012.8.26.0220, 32ª Câmara de Direito
Privado Rel. Luis Fernando Nishi, j. 12/04/2018)
- Artigo 43 do Código Civil: As pessoas jurídicas de direito público interno são civilmente
responsáveis por atos dos seus agentes que nessa qualidade causem danos a terceiros,
ressalvado direito regressivo contra os causadores do dano, se houver, por parte destes, culpa
ou dolo.
- Prescrição das
ações de particulares contra a Administração Pública:
Decreto n° 20.910/32 -
Art. 1º As dívidas passivas da União, dos Estados e dos Municípios, bem assim todo e qualquer
direito ou ação contra a Fazenda federal, estadual ou municipal, seja qual for a sua natureza,
prescrevem em cinco anos contados da data do ato ou fato do qual se originarem.
Art. 2º Prescrevem igualmente no mesmo prazo todo o direito e as prestações correspondentes a
pensões vencidas ou por vencerem, ao meio soldo e ao montepio civil e militar ou a quaisquer
restituições ou diferenças.
RESPONSABILIDADE CIVIL DA PESSOA JURÍDICA DE DIREITO PRIVADO
Ao contrário das pessoas jurídicas de direito público, as pessoas jurídica de direito privado
submetem-se ao regime da responsabilidade subjetiva, sendo necessário que a vítima, além de
provar a conduta da empresa, o dano sofrido e o nexo de causalidade entre a conduta e o
prejuízo, bem como, demonstre, ainda, a culpa de seu agente, sócio ou preposto, conforme
disposto nos artigos 186 e 927 do Código Civil.
Aliás, toda e qualquer pessoa jurídica responde civilmente pelos danos causados, mesmo que
não tenha finalidade lucrativa (como no caso das associações e das fundações), garantindo que
a vítima seja reparada do prejuízo sofrido.
Fixada a sua responsabilidade civil, responderá a pessoa jurídica com a integralidade do seu
patrimônio, afastados, de regra (salvo situações específicas em que se permitirá a
desconsideração de sua personalidade – Arts. 50 do Código Civil e 28 do Código de Defesa do
Consumidor), os bens pertencentes aos sócios.
Daí, como regra geral, não se deve incluir os patrimônios e as responsabilidades das pessoas
físicas, embora na realidade quem pratica o ato ilícito não é a pessoa jurídica, mas o seu
representante, a existência da personalidade jurídica importa responsabilizar as sociedades,
tanto na órbita contratual quanto na extracontratual.
Nessa esteira, os arts. 932, III e 933 do Código Civil, prescrevem a responsabilidade objetiva da
pessoa jurídica pelas condutas de seus agentes, não sendo possível que a empresa alegue não
ter culpa pela conduta de praticada pelo seu preposto ou sócio.
É importante salientar que será objetiva, independendo de comprovação da culpa, a
responsabilidade civil das pessoas jurídicas de direito privado nos casos previstos nas normas
legais, como, por exemplo, por danos causados em relações consumo (CDC. arts. 12 e 18), por
danos ao meio ambiente (Lei n° 6.938/81) e contratos de transporte em geral (CC, arts. 734 a
742) e de transporte aéreo Lei n° 7.565/86 - Código Brasileiro de Aeronáutica), bem como será
objetiva, visto anteriormente, a responsabilidade das pessoas jurídicas de direito privado
prestadoras de serviço público (CF, art. 37, § 6°), como as empresas de coletivo e as emissoras
de rádio e televisão.
Um interessante caso de responsabilidade objetiva das pessoas jurídicas vem da Lei n°
12.846/13, que estabelece a responsabilização objetiva civil e administrativa das pessoas
jurídicas pela prática de atos contra a Administração Pública nacional ou estrangeira (art. 1°).
Os atos lesivos à administração estatal podem ser exemplificados com o oferecimento de
suborno a servidores públicos, a fraude a um procedimento licitatório, a prática de simulação
para prejudicar uma licitação, dificultar atividade investigatória, dentre outras hipóteses.
Esclareça-se, demais de tudo isso, que a pessoa jurídica responde por danos contratuais e
extracontratuais causados a terceiros.
Extracontratualmente, inclusive, responde a pessoa jurídica por prejuízos ocasionados por conta
de sua atividade empresarial e da confiança depositada por todos no perfeito funcionamento de
suas atividades.
É o princípio da boa-fé objetiva.
O Superior Tribunal de Justiça editou a Súmula n° 130, coadunando-se com o sistema
constitucional de responsabilidade social da empresa e reconhecendo que "a empresa
responde, perante o cliente, pela reparação de dano ou furto de veículo ocorridos em seu
estacionamento", afastando a incidência das antipáticas cláusulas de não indenizar que se
proliferam em shoppings centers, restaurantes, casas de espetáculos, hotéis, etc, afirmando não
se responsabilizar o empresário por danos causados aos veículos estacionados em suas
dependências, como se o fato de oferecer estacionamento não gerasse no usuário uma
confiança intuitiva.
A RESPONSABILIDADE PENAL DA PESSOA JURÍDICA
Inovando em relação às Constituições anteriores, estabelece o texto da Constituição Federal de
1988 no art. 225, § 3°, que as condutas e atividades lesivas ao meio ambiente sujeitarão os
infratores, pessoas físicas ou jurídicas, a sanções penais e administrativas,
independentemente da obrigação de reparar os danos causados.
Trata-se de uma tendência vinda do Direito europeu, de rompimento com o tradicional princípio
pelo qual a pessoa jurídica não poderia praticar delitos, dada a impossibilidade de se lhe
reconhecer a atuação dolosa.
Assim, considerando a participação cada vez maior das pessoas jurídicas na vida negocial,
sendo utilizada, não raro, para finalidades ilícitas, foi estabelecida, em sede infraconstitucional
previsão legal de responsabilização penal das pessoas jurídicas, em conformidade com o art. 3°
da Lei n° 9.605/98, que tipifica delitos contra o meio ambiente.
O art. 21 da referida Lei dos Crimes Ambientais, por sua vez, estabelece que as sanções penais
aplicáveis às pessoas jurídicas poderão ser de multa de restrição de direitos, de interdição
temporária de estabelecimento de obra ou atividade, de prestação de serviços à comunidade ou
mesmo de suspensão total ou parcial de atividades.
DIREITO CIVIL – PARTE GERAL
Prof. Álvaro Marton Barbosa Júnior
E-mail: alvaro.junior@anhanguera.com
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E-mail: alvaro.junior@anhanguera.com

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