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Como as Pulsões de Vida e Morte
Influenciam o Processo Educacional?
A psicanálise, através da teoria freudiana, propõe a existência de duas pulsões fundamentais que
direcionam o comportamento humano: a pulsão de vida (Eros) e a pulsão de morte (Thanatos). No
contexto educacional, compreender essas pulsões pode contribuir para uma análise mais profunda do
desenvolvimento do aluno e das dinâmicas que se estabelecem na relação professor-aluno. Esta
compreensão torna-se especialmente relevante quando consideramos os desafios contemporâneos da
educação.
A pulsão de vida, representada por Eros, impulsiona o indivíduo à busca pela sobrevivência, pelo prazer,
pela criação e pela ligação com o mundo exterior. Na educação, essa pulsão se manifesta no desejo de
aprender, de construir conhecimento, de se conectar com os outros e de realizar suas potencialidades.
O aluno movido por Eros busca integrar-se ao ambiente escolar, construir vínculos positivos com
professores e colegas, e desenvolver suas habilidades e talentos. Podemos observar esta pulsão
quando os estudantes demonstram entusiasmo em projetos criativos, participam ativamente de
trabalhos em grupo, ou manifestam curiosidade genuína sobre os conteúdos apresentados.
Por outro lado, a pulsão de morte, representada por Thanatos, é direcionada à destruição, à agressão e
à busca pela desintegração. Essa pulsão, apesar de sua natureza sombria, também desempenha um
papel importante na vida do indivíduo, impulsionando a busca por limites, pela diferenciação, pela
superação de obstáculos e pela autoafirmação. Na educação, a pulsão de morte pode se manifestar
como agressividade, competitividade, rebeldia e desejo de desafiar normas e limites. Em sala de aula,
isso pode ser observado quando alunos questionam autoridade de forma construtiva, competem por
melhores notas, ou mesmo quando demonstram resistência a certas atividades como forma de
estabelecer sua individualidade.
Compreender a interação entre essas pulsões no contexto educacional é essencial para o professor.
Reconhecer a presença da pulsão de morte em comportamentos como a agressividade, por exemplo,
pode ajudar o professor a lidar com esses desafios de forma mais eficaz. Ao mesmo tempo, o professor
pode estimular a pulsão de vida, proporcionando um ambiente de aprendizagem acolhedor, estimulante
e desafiador, que incentive a criatividade, a colaboração e o desenvolvimento da autonomia do aluno. É
importante notar que ambas as pulsões podem contribuir positivamente para o processo de
aprendizagem quando adequadamente canalizadas.
Na prática pedagógica, o equilíbrio entre estas pulsões pode ser alcançado através de estratégias
específicas. Por exemplo, ao trabalhar com projetos competitivos (satisfazendo aspectos da pulsão de
morte de forma construtiva), o professor pode simultaneamente estimular a colaboração entre equipes
(nutrido pela pulsão de vida). Da mesma forma, ao estabelecer limites claros na sala de aula, o educador
pode também criar espaços seguros para expressão criativa e experimentação.
É fundamental que os educadores reconheçam que tanto Eros quanto Thanatos são partes integrantes
do desenvolvimento humano e, portanto, do processo educacional. A chave está em criar um ambiente
que permita a expressão saudável de ambas as pulsões, canalizando-as para o crescimento e
aprendizagem. Isso pode ser alcançado através de uma abordagem equilibrada que combine estrutura e
liberdade, desafio e apoio, individualidade e colaboração.

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