Logo Passei Direto
Buscar
Material
páginas com resultados encontrados.
páginas com resultados encontrados.

Prévia do material em texto

Laura Maria Turma 99 
 
CBL 2.0 
ID: João Luis, 6 meses, leucoderma, natural e procedente de Monte Carmelo. 
Mãe- Laura- 18 anos, estudante, sem religião declarada 
Pai- Pedro - 21 anos, estudante, católico 
QP- “gripa muito” 
HMA: Criança encaminhada da cidade de origem com encaminhamento para a Pneumologia Pediátrica, por 
apresentar quadros respiratório de repetição (asma?), acompanhados da mãe e da avó materna. Referem que a 
criança gripa com muita facilidade, praticamente todo mês, já tendo sido internada duas vezes por “dificuldade para 
respirar” em Monte Carmelo. Refere chieira no peito frequente, dificuldade para mamar com pausas para descansar. 
Alguns episódios têm febre baixa, outros não. Nas duas internações foi necessária administração de oxigênio. Nega 
outras alterações. Nega contato com familiares doentes. Relata que hoje está assintomático. 
• Geralmente a criança começa a ter amis infecções a partir dos 6-8 meses » devido 
 Antecedentes pré-natais- Mãe G1P1A0, gravidez não planejada e com dificuldade inicial de aceitação por parte da 
família. Fez pré-natal com regularidade, tendo feito exames laboratoriais, uso de Sulfato Ferroso e vacinas prescritas. 
Nega intercorrências, tabagismo e/ou uso de drogas. Etilista social. 
 Antecedentes natais – Nasceu de PNHT, Idade gestacional= 36 semanas, Apgar- 7 e 8. Peso nascimento – 2100g, 
Comprimento- 46 cm, Pc- 32 cm. Ficou retido no berçário por 4 dias com diagnóstico de Taquipneia Transitória do 
Recém-nascido. Fez testes de triagem metabólica, da linguinha, do coraçãozinho e do olhinho sem alterações. Teste 
do ouvidinho fez depois aos 2 meses, sendo considerado normal. 
Antecedentes pós-natais - Queda do coto com 6 dias, sendo tratado com álcool absoluto. 
Imunização – adequada segundo PNI 
DNPM- firmou o pescoço com 3,5 meses, sorriso social e em respostas, já descobriu a mãozinha, grita, rola no berço 
e assenta com apoio. 
Alimentação - Aleitamento materno exclusivo por 45 dias, sendo complementado com fórmula por dificuldade de 
ganho de peso. Atualmente, leite humano em horário flexível, mamadeira de Nestogeno (5 medidas/150 ml de 
agua) 4 a 5 vezes por dia. 
Cuidados diários: 
• Evacuações – 2 a 3 vezes por dia, fezes semi-pastosas, amareladas. 
• Diurese- toca de 6 a 8 fraldas por dia, micção clara e com odor típico. 
• Banho- duas vezes por dia com sabonete. 
• Sono- dorme na cama com a mãe. 
Mora em casa de alvenaria, água encanada, luz elétrica e filtro, com os avós paternos, mãe e um tio paterno. Recebe 
a visita do pai uma vez por semana. Cuidado pela mãe e fica com a avó pela manhã, enquanto a mãe está na escola. 
Ao exame: 
• Peso- 5200gr Estatura-60 cm PC- 71 cm Tax- 36º.C Sat O2- 94% 
o Macrocefalia » hidrocefalia causa mais comum 
 
 
Laura Maria Turma 99 
 
• Consciente, ativo, hidratado, corado, sem edemas, acianótico, anictérico, boa perfusão capilar, fâneros bem 
distribuídos, eutônico, musculatura discretamente hipotrófica. Linfonodos inguinais, palpáveis, móveis, 
fibroelásticos, indolores de 0,5cm de diâmetro. Discreta hiperemia em área de fraldas 
• Otoscopia- membranas timpânicas translúcidas sem abaulamentos 
• Orofaringe- sem alterações. Dentição ausente. 
• AR- tórax com discreto aumento do diâmetro anteroposterior. FR-44 irpm, tiragem com crepitações de 
médias bolhas inspiratórias e expiratórias em bases posteriores. 
• ACV – Fc- 140 bpm. BNRNF, ritmo em 2 tempos, sopro sistólico suave, +++/6 em borda esternal esquerda 
média irradiando para axila esquerda. Ausência de frêmitos. Pulsos periféricos palpáveis e rítmicos 
• Abdome- levemente globoso, flácido, indolor à palpação superficial e profunda, ruídos hidroaéreos 
presentes. Fígado a 4 cm da RCD, baço não palpável. 
• Genitália externa masculina infantil, testículos tópicos, exposição parcial da glande 
 
Construa a lista de problemas do paciente em tópicos 
• Prematuridade tardia 
• Baixo peso ao nascer (mas na curva peso x IG está AIG) 
• TTRN 
• Quadros respiratórios de repetição 
• Chieira no peito frequente 
• Dificuldade para mamar com pausas para descansar 
• Alguns episódios têm febre baixa, outros não. 
• Hipoxemia (94%) 
• Necessidade de oxigenioterapia 
• Tórax com discreto aumento do diâmetro anteroposterior 
o Hiperinsuflação pulmonar 
• Tiragem com crepitações de médias bolhas inspiratórias e expiratórias em bases posteriores. 
• Sopro sistólico suave, +++/6 em borda esternal esquerda média irradiando para axila esquerda. 
• Fígado a 4 cm da RCD 
o Em crianças, palpa-se a borda hepática normal até 2 cm abaixo do rebordo costal direito. No recém-
nascido, a extensão da borda hepática por mais de 3,5 cm abaixo do rebordo costal na linha 
hemiclavicular direita sugere hepatomegalia 
o 
Elabore um resumo do caso 
 
 
Laura Maria Turma 99 
 
• Lactente com idade corrigida de 5 meses apresenta quadros respiratórios de repetição com a presença de 
chieira no peito, cansaço ao mamar, presença de febre em alguns episódios e necessidade de 
oxigenioterapia 2 vezes. Criança nasceu como prematuro tardio (36 semanas) e teve TTRN. Aumento do 
diâmetro anteroposterior do tórax e tiragem com crepitações de médias bolhas ins e expiratórias em bases 
posteriores 
Estabeleça os seguintes diagnósticos: 
1. Crescimento -> idade corrigida 5 meses 
• Comprimento -> 60cm 
o Z –2/-3 -> baixa estatura para idade 
o 
• Peso -> 5200gr 
o Z-3 -> muito baixo peso para idade 
o 
• PC -> 71cm??? 
 
 
Laura Maria Turma 99 
 
o 
• IMC -> 14,44 
o Z –2/-3 -> Magreza 
o 
2. DNPM 
o Firmou o pescoço com 3,5 meses, sorriso social e em respostas, já descobriu a mãozinha, grita, rola 
no berço e assenta com apoio. 
 
 
Laura Maria Turma 99 
 
o 
3. Alimentar 
• Adequada » apesar de que a criança não está ganhando peso 
o Pode ser que a criança não está mamando tudo, a dificuldade respiratória está gerando mais 
gasto calórico, está mamando somente o leite inicial 
o Excluir causas orgânicas » doenças 
o Doenças raras: cromossomopatias, doença genética (se tiver 3 ou + dismorfias), erros inatos de 
metabolismos (muitos sintomáticos) 
o Dispneia ao mamar, uso de musculatura acessória » maior consumo de energia 
o Se tiver uma cardiopatia com baixo débito » má perfusão de órgãos 
• Introdução alimentar 
o Idade corrigida 5 meses, mas criança já apresenta amadurecimento neurológico, já se senta com 
apoio, firma o pescoço 
o A entrada de novos alimentos será adiada para quando a idade corrigida for a de 6 meses. Isso 
garante que o sistema muscular responsável pela mastigação e deglutição estejam prontos e 
maduros para o funcionamento. Porém se o prematuro se desenvolver normalmente e tiver um 
bom crescimento, o pediatra poderá promover a introdução alimentar aos 6 meses de vida. 
o Portanto, geralmente inicia-se alimentação complementar entre 4 e 6 meses de idade corrigida e 
quando a criança adquire pelo menos 5 kg de peso. 
o A alimentação complementar é iniciada aos 6 meses de idade corrigida nas crianças em 
aleitamento materno exclusivo, já o prematuro que recebe apenas aleitamento artificial 
(fórmula infantil) poderá iniciar com alimentação complementar mais cedo, com 3 meses de 
idade corrigida, se apresentar o neurodesenvolvimento normal. 
4. Imunização 
• Adequada segundo PNI 
5. Evolutivo – agudo, agudo prolongada ou crônico 
a. Crônico 
 
 
Laura Maria Turma 99 
 
b. Pneumopatias crônicas » mais de 3 meses seguidos (sem interrupção) 
c. Quadros de repetição 
6. Topográfico- localizado ou sistêmico 
a. Cardiorrespiratório 
7. Sindrômico 
a. Infeccioso » respiratório? 
b. Funcional » sopro 
8. Nosológico 
a. CIV 
9. Etiológico 
a. Congênito 
Comente a sua principal hipótese diagnóstica (conceito, quadro clinico, propedêutica necessária e terapêutica), 
diagnósticos diferenciais, e prevenção 
Bronquiolite obliterante » permanececom sintomas sem melhoras por mais de 8 semanas, mesmo com tratamento 
Se tem sibilo » vírus (90%) 
• A criança está tendo casos respiratórios por contato com vírus 
• Imunomaturidade » a partir dos 6 meses a criança perde os anticorpos da mãe 
• Doenças podem aumentar o risco de infecção » mas precisa ter contato com vírus 
Cardiopatia mais frequente em lactente » CIV (15-20%) » 40% têm alterações hemodinâmicas 
• Baixo peso 
• Quadros respiratórios de repetição 
o Na CIV » sangue do ventrículo esquerdo passa para o direito » maior quantidade de sangue passa 
para o tronco pulmonar » aumento da PH e extravasamento de líquido para interstício, alvéolos 
o Ventrículo direito » dilata e hipotrofia » ventrículo esquerdo também aumento com o tempo » 
cardiomegalia global (somente o átrio direito não cresce) 
Cardiopatias acianogênicas » porém a criança pode apresentar cianose posteriormente 
Tratamento CIV 
• Esperar a criança chegar pelo menos aos 3 anos para operar 
• Edema pulmonar » furosemida + Espironolactona 
• Melhora do DC » droga inotrópica 
• Dieta » hipercalórica e hiperproteica 
o Se a dispneia for muito grave e criança não conseguir mamar » sonda nasogástrica 
• Prevenção de infecções 
o Pouco contato com pessoas sintomáticas 
o Não deixar em creches 
Comunicação interventricular (CIV) 
• Defeito do septo ventricular 
• 15-20% das Cardiopatia Congênitas. 
• Anatomia - Tipos: 
 
 
Laura Maria Turma 99 
 
o Perimembranosa - trabecular, de via de entrada ou de via de saída (70%) - parte do bordo é formado 
por tecido fibroso do septo membranoso. 
o Muscular (5-20%) - todo o bordo muscular. 
o Subarterial (5- 30%) - parte do bordo está em contiguidade com o tecido fibroso das valvas arteriais. 
• Fisiopatologia -> Magnitude do shunt é determinada pelo tamanho da CIV quando a CIV é pequena 
(diâmetro 1cm/m²SC ou diâmetro semelhante V.Ao). 
História natural 
• Diminuição do tamanho e fechamento espontâneo podem ocorrer nas CIVs perimembranosas trabeculares e 
musculares, sendo mais frequente quanto menor o tamanho: 
o Pequena– 70 a 80% 
o Moderada – 30 a 40% 
o Grande – 1 a 6%. 
• CIVs de via de entrada e subarteriais não fecham espontaneamente. 
• Estenose infundibular pode se desenvolver em alguns casos e diminuir ou inverter o shunt. 
• A hipertensão pulmonar pode se instalar tão precocemente quanto 6-12meses de idade nas CIVs grandes, 
diminui e posteriormente inverte o a direção do shunt (direita/esquerda) o que geralmente ocorre na 
adolescência (S. Eisnmmenger). 
Quadro clínico 
• CIV pequena -> criança assintomática, crescimento adequado, tórax normal, frêmito sistólico pode estar 
presente e em geral é mais localizado, sopro sistólico em borda esternal esquerda desde a 1° semana de 
vida, geralmente mais localizado, podendo ser protosistólico. 
• CIV moderada -> a insuficiência cardíaca (IC) pode não existir ou ser mais tardia. O sopro é mais intenso 
holosistólico acompanhado de frêmito. Abaulamento precordial moderado, impulsões precordiais discretas. 
Sem sulco de Harison visível. 
• CIV grande -> sopro sistólico surge ao fim do 1°/2° mês, nesta época surge dispneia e interrupção frequente 
das mamadas, ganho ponderal deficiente, pneumonias de repetição. Tórax com abaulamento precordial, 
impulsões sistólicas visíveis, ictus desviado p/esquerda, sulco de Harison visível, frêmito ausente, aumento 
do diâmetro antero-posterior. Sopro sistólico discreto no BEE, ruflar diastólico mitral, B2 hiperfonética. 
• CIV com Hipertensão pulmonar (S. Eisenmenger) – relato de “melhora da dispnéia” , tórax com abaulamento 
precordial, impulsões sistólicas visíveis, ictus desviado p/esquerda, aumento do diâmetro antero-posterior, 
sulco de Harison visível, sopro discreto ou ausente, B2 hiperfonética, baqueteamento digital e 
posteriormente aparecimento de cianose 
ECG 
• CIV pequena -> Normal 
• CIV moderada -> Sobrecarga Ventricular Esquerda 
• CIV grande -> Sobrecarga biventricular 
• CIV com hipertensão pulmonar -> sobrecarga ventricular direita 
Radiografia de Tórax 
• CIV pequena -> Normal 
 
 
Laura Maria Turma 99 
 
• CIV moderada -> cardiomegalia discreta/moderada com aumento AE, VE. Aumento da trauma vascular 
pulmonar. Abaulamento do arco pulmonar 
• CIV grande -> cardiomegalia moderada/importante com aumento AE, VE e VD. Aumento da trauma vascular 
pulmonar. Abaulamento do arco pulmonar 
• CIV com hipertensão pulmonar -> área cardíaca “normalizada”, hilo pulmonar proeminente com 
abaulamento do arco pulmonar, periferia pulmonar com trama vascular diminuída. 
Ecocardiograma 
• Demonstra o defeito, classifica o tipo e tamanho, avalia as lesões associadas e as repercussões: aumento das 
câmaras cardíacas, dilatação da artéria pulmonar, sinais de hipertensão pulmonar, estima a pressão 
pulmonar e a relação fluxo pulmonar/fluxo sistêmico ( QP/QS). 
Cateterismo 
• Como auxiliar no diagnóstico, é indicado apenas quando se suspeita de lesão associada ou de hipertensão 
pulmonar, principalmente em crianças maiores de 1 ano. 
• Realizar medidas das pressões cardíacas em ar ambiente e com vasodilatador arteriolar pulmonar (oxigênio 
100% ou drogas vasodilatadoras). 
• Calcular QP/QS, resistência vascular pulmonar. 
• Alguns casos selecionados de CIVs musculares distantes das regiões valvares são passíveis de serem fechadas 
com prótese de Amplatzer. 
• A experiência mundial com esta técnica é ainda limitada. 
Tratamento Cirúrgico 
• CIV pequena – a cirurgia não é indicada se QP/QS 2:1 e resistência 
vascular pulmonar > 4U/m² devem ser operadas. 
• CIV grande - lactentes com IC e crescimento inadequado devem ser medicados com digital e diurético. Se 
houver boa resposta ao tratamento clínico a cirurgia pode ser retardada p/ 1 ano de idade. Se não houver 
boa resposta e ganho de peso inadequado a cirurgia deve ser realizada precocemente mesmo antes de 6 
meses. 
• CIV com hipertensão pulmonar – pacientes com resistência vascular pulmonar > 8U/m², que não apresentem 
resposta vasodilatadora ao cateterismo ou com shunt predominante direita/esquerda não devem ser 
considerados para tratamento cirúrgica. Se existir insuficiência aórtica associada a cirurgia é indicada 
independente do tamanho da CIV. 
http://educacao.cardiol.br/manualc/PDF/V_CARDIOPATIA_CONGENITA.pdf 
Comente a sua principal hipótese diagnóstica (conceito, quadro clinico, propedêutica necessária e terapêutica), 
diagnósticos diferenciais, e prevenção 
Taquipneia Transitória do Recém-Nascido (TTRN) 
A taquipneia transitória do recém-nascido é uma desconforto respiratório transitória causada pelo atraso na 
reabsorção do líquido pulmonar fetal. Os sinais e sintomas incluem taquipneia, retrações, gemência e batimento das 
asas nasais. Suspeita-se do diagnóstico quando há desconforto respiratório logo após o parto e é confirmado por 
radiografia de tórax. O tratamento é sintomático e oxigênio. 
 
 
Laura Maria Turma 99 
 
A TTRN é geralmente benigna e autolimitada e tem a duração de 2 a 5 dias. Nos casos complicados, que acontecem 
raramente, a evolução pode ser mais prolongada. Pode estar associada a asma no futuro. 
SIBILÂNCIA RECORRENTE DO LACTENTE 
A sibilância recorrente do lactente (SRL), inicialmente denominada de síndrome do bebê chiador, definida pela 
primeira vez no Brasil por Rozov, foi caraterizada como a persistência de sibilos por 30 dias ou mais, ou a presença 
de três ou mais episódios de sibilância em período de seis meses. 
Dentre os determinantes de sibilância em geral, três merecem destaque: atopia, infecções respiratórias de origem 
viral e fatores ambientais que determinam sensibilização alérgica precoce. No pré-escolar e no lactente, cujo sistemaimunológico é imaturo, a reação IgE mediada pode não ser identificável, muito embora se observe alteração na 
produção de IgE por desequilíbrio das células T. 
Fatores de risco 
• Embora o efeito protetor do aleitamento materno exclusivo seja controverso na asma em escolares, na 
sibilância do lactente e do pré-escolar tem efeito protetor, como foi evidenciado em estudos de coorte 
realizados no Brasil e em outros países 
• Outros fatores de risco: pelo menos dois medicamentos parecem estar relacionados com o risco de sibilância 
e asma neste grupo etário – antibióticos e paracetamol 
• Prevalência de sibilância nos lactentes masculinos. Atribui-se isto ao menor calibre das vias aéreas nessa 
idade, maior prevalência de atopia e de hiperresponvidade brônquica. 
• Prematuridade e baixo peso ao nascimento: ambos são fatores de risco para o comprometimento da função 
pulmonar 
Causas de sibilância no lactente 
As principais causas de sibilância em lactentes são as infecções virais e a asma atópica. Entre as infecções virais 
causadoras de sibilância, se destaca a bronquiolite viral aguda. A bronquiolite aguda acomete as vias aéreas 
inferiores de até 50% dos lactentes no primeiro ano de vida atendidos em emergências hospitalares e tem como 
principal etiologia o vírus sincicial respiratório (VSR). 
Outras causas: 
• Fibrose cística 
• Cardiopatias congênitas 
• Imunodeficiência 
• Malformações congênitas 
• Aspiração de corpo estranho 
• Traqueobroncomalacia 
• Síndrome aspirativa (refluxo gastroesofágico, distúrbio da deglutição) 
• Pneumonia viral ou eosinofílica 
Fisiopatologia da Asma 
• A obstrução brônquica na asma é causada por edema, hipersecreção de muco e contração da musculatura 
lisa brônquica 
• A hiperresponsividade brônquica a estímulos como alérgenos, irritantes, entre outros, é a característica 
típica da asma 
 
 
Laura Maria Turma 99 
 
• Na asma atópica, o infiltrado inflamatório é predominantemente eosinífilico; infiltrado neutrofílico pode 
ocorrer e pode estar associado à maior gravidade ou dificuldade no tratamento 
• Nos primeiros anos de vida, os linfócitos T helper se diferenciam em Th1 e Th2 -> os linfócitos Th1 estão 
envolvidos na resposta às infecções, com produção de IFN-gama e ativação de macrófagos -> os linfócitos 
Th2 estimulam a produção de IL-4 e IL-5, que ativam mastócitos, eosinófilos e linfócitos B produtores de IgE, 
responsáveis pela resposta inflamatória presente na atopia (ou alergia) e, por, consequência, na asma 
• Acredita-se que nos indivíduos atópicos exista um desequilíbrio entre a resposta do tipo Th1 e Th2, com 
excesso de produção de Th2 
• 
História natural da asma 
• A prevalência de sibilância nos primeiros 3 anos de vida pode chegar a 50% (pelo menos um episódio) 
• Entre 60 a 70% dos lactentes que chiam nos primeiros anos de vida, não chiam mais após os 3 anos 
• Metade dos casos de Asma Persistente se iniciam antes dos 3 anos e 80% antes dos 6 anos 
• Entre 1 e 6 anos, pode haver perda de função pulmonar 
• A gravidade da asma no adulto tem correlação com a gravidade da asma na infância 
• A maioria das crianças que chiam o peito antes de 1 ano » não terão nada 
Diagnóstico 
A presença de sibilância recorrente, tosse espasmódica noturna, desconforto respiratório e despertares noturnos 
são os achados principais. Auxiliam no diagnóstico de asma: resposta a broncodilatador e corticosteroide inalado, 
antecedentes pessoais e familiares de atopia 
Lactentes (0-2 anos): deve-se avaliar a persistência dos sintomas, que é um indicador de gravidade 
• Avaliar se o lactente apresentou sibilância na maioria dos dias nos últimos 3 meses: 
o Se sim, este lactente deve ser diagnosticado com sibilante persistente, após exclusão cuidadosa de 
outras causas 
o Se não, ou seja os sintomas são intermitentes (recorrentes), deve-se avaliar a histórico de uso prévio 
de corticoide sistêmico e hospitalização para caracterizar a gravidade 
Visando predizer a asma, Castro-Rodrigues et al desenvolveram o índice Preditivo de Asma para o lactente, 
composto por critérios diagnósticos: 
 
 
Laura Maria Turma 99 
 
• 
• A presença de um critério maior e/ ou dois menores são preditores de asma. 
• No entanto, a sensibilidade e o valor preditivo positivo foram baixos, de 41,6 e 59,1%, respectivamente. 
Alternativamente, a European Respiratory Society caracteriza a sibilância recorrente de lactentes e pré-escolares 
em: 
1. Episódica (viral): quando é geralmente desencadeada por infecções virais e a criança não tem tosse ou 
sibilância entre os episódios. 
2. De múltiplos desencadeantes: além dos resfriados, choro, riso, variação climática, poeira, e outros fatores 
provocam crises. 
→ A sibilância episódica é predominantemente transitória e a de múltiplos desencadeantes relacionada à asma 
Classificação em fenótipos pela Coorte de Tucson 
• Sibilância transitória: início no primeiro ano de vida e remissão em torno de 3 anos 
• Sibilância persistente: início antes dos 3 anos e persistência após 6 anos 
• Sibilância tardia: início após 3 anos 
O Consenso PRACTALL, documento conjunto elaborado por especialistas das Academias Europeia e Americana de 
Asma, Alergia e Imunologia, recentemente publicado, descreve quatro padrões distintos de sibilância durante a 
infância, assim como a sua evolução. São eles: 
1. Sibilância transitória: sibilos durante os dois e três primeiros anos de vida e não mais após essa idade. 
2. Sibilância não-atópica: sibilância desencadeada principalmente por vírus, que tende a desaparecer com o 
avançar da idade. 
3. Asma persistente: caracterizada por sibilância associada a um dos seguintes itens: 
a. Manifestação de atopia: eczema, rinite e conjuntivite, alergia alimentar, eosinofilia e/ou níveis 
séricos elevados de IgE total; 
b. Sensibilidade comprovada, pela presença de IgE específica a alimentos na infância precoce e a seguir 
IgE específica a aeroalérgenos; 
c. Sensibilização a aeroalérgenos antes dos três anos de idade, especialmente se exposto a níveis 
elevados de alérgenos perenes no domicilio; 
d. Ter pai e/ou mãe com asma. 
4. Sibilância intermitente grave: episódios pouco frequentes de sibilância aguda, associados a poucos sintomas 
fora dos quadros agudos e com a presença de características de atopia (eczema, sensibilização alérgica e 
eosinofilia em sangue periférico). 
 
 
Laura Maria Turma 99 
 
 
 
Exames complementares 
• Embora sejam necessários na SRLP, muitas vezes não determinam o diagnóstico etiológico. 
• Testes alérgicos: como o sistema imunológico é imaturo nessas crianças, a dosagem de IgE específica ou os 
testes cutâneos para aeroalérgenos são menos acurados em lactentes e pré-escolares, embora sejam 
indicados 
• Casos fortemente sugestivos de asma ou sibilos associados a infecções virais podem dispensar investigação. 
• Lactente com sibilos recorrentes que está evoluindo bem, com bom ganho ponderal, alimentando-se e 
dormindo bem pode aguardar uma eventual investigação, conforme evolução 
• Porém, crianças com sintomatologia intensa e alterações no crescimento devem ser investigadas de 
imediato. A decisão de investigar um caso de sibilância em lactente deve basear-se na observação clínica 
cuidadosa, com atenção para anamnese, exame físico e, particularmente, dados evolutivos. 
• O RX de tórax pode ajudar em diagnósticos, como: malformações, cardiopatias, ou aspiração de corpo 
estranho. O RX de tórax normal sugere situações de pouca gravidade, reduz a possibilidade de malformações 
congênitas, aspiração de corpo estranho e displasia broncopulmonar. 
 
 
Laura Maria Turma 99 
 
o 
Diagnósticos diferenciais 
• Visto que a SRLP tem natureza multicausal, a investigação sistemática das etiologias prováveis é indicada na 
grande parte dos casos, guiada pela anamnese e exame físico. Abaixo estão algumas causas de SRLP 
conforme a frequência:o Causas frequentes: bronquiolite viral aguda e asma. 
o Causas pouco frequentes: DRGE, outras síndromes aspirativas (ex: incoordenação cricofaríngea), 
bronquiolite obliterante, fibrose cística, displasia broncopulmonar, tuberculose. 
o Causas raras: aspiração de corpo estranho, síndrome eosinofílica pulmonar, insuficiência cardíaca, 
anel vascular, fístula traqueoesofágica, traqueomalácia, cisto broncogênico, enfisema lobar 
congênito, tumores mediastinais, discinesia ciliar, imunodeficiências, micoses pulmonares. 
Tratamento 
O tratamento se baseia na redução da inflamação, manutenção da função pulmonar e qualidade de vida, prevenção 
de futuras exacerbações e disponibilização de fármacos. Diretrizes nacionais e internacionais de asma recomendam 
corticosteróides por via inalatória como primeira escolha para tratamento e, como alternativa, os antagonista dos 
receptores de leucotrienos. Corticóides orais e teofilina de liberação lenta são usados exepcionalmente como drogas 
de controle da asma grave, em pacientes com menos de 5 anos de idade. 
Medidas não farmacológicas 
• Controle ambiental: 
o Evitar creches nos 2 primeiros anos, se possível 
o Poeira doméstica 
o Pais fumantes 
o Pólen 
• Controle dietético: 
o Nunca alimentar deitado 
o Evitar deitar imediatamente após ingestão 
o Cuidado com o estado nutricional 
o Atualização do calendário vacinal 
o Acompanhamento médico periódico 
 
 
Laura Maria Turma 99 
 
 
• Medidas preventivas: 
o Promoção de ambiente saudável 
o Aleitamento materno 
o Evitar aglomeração 
o Vacinação básica, Influenza e Pneumocócica 
• No atendimento de emergência hospitalar: 
o Nebulização com broncodilatador beta-2 agonista ou spray/inaladores com uso de espaçador a cada 
20 minutos, até 1 hora (associar brometo de ipratrópio, se crise grave) 
o Oxigenioterapia 
o Hidratação 
o Repouso 
 
Sopro sistólico +3/+6, em borda esternal esquerda média, com irradiação para axila esquerda 
 
 
Laura Maria Turma 99 
 
• Inicialmente, tem-se que a detecção de alteração auscultatória no recém-nascido ou na criança nos 
primeiros seis a 12 meses de vida necessita uma investigação mais detalhada. 
• Aproximadamente 50% dos prematuros com peso abaixo de 1.500g têm cardiopatia, geralmente 
persistência do canal arterial (PCA), e quanto menor o peso de nascimento, maiores as chances deste 
evento. Por outro lado, os recém-nascidos grandes para a idade gestacional, geralmente filhos de mães 
diabéticas, têm maior risco de cardiopatias como transposição de grandes artérias (TGA), e os com baixo 
peso ao nascer podem ter acometimento cardiovascular associado à patologia que causou o acometimento 
intra-uterino, como síndrome genética ou infecção congênita 
• Outro motivo para atenção especial com este grupo é que a sintomatologia de descompensação das 
cardiopatias congênitas (insuficiência cardíaca congestiva) nas crianças menores é pouco específica -> as 
manifestações iniciais podem ser dificuldade para se alimentar, sudorese de polo cefálico durante a 
amamentação, icterícia prolongada, desconforto respiratório e outras. 
 
Fontes: https://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/04/882426/manejo-e-diagnostico-do-lactente-sibilante-em-
atendimentos-de-e_Amse7IE.pdf 
https://ftp.medicina.ufmg.br/ped/Arquivos/2013/asma8periodo_21_08_2013.pdf 
https://www.sbp.com.br/fileadmin/user_upload/2017/04/Pneumo-Guia-Pratico-Sibilancia-Rec-do-Lactente-.pdf 
https://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/04/882426/manejo-e-diagnostico-do-lactente-sibilante-em-atendimentos-de-e_Amse7IE.pdf
https://docs.bvsalud.org/biblioref/2018/04/882426/manejo-e-diagnostico-do-lactente-sibilante-em-atendimentos-de-e_Amse7IE.pdf
https://ftp.medicina.ufmg.br/ped/Arquivos/2013/asma8periodo_21_08_2013.pdf

Mais conteúdos dessa disciplina