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Vestibulares
Coesão e Paralelismo
GR0398 - (Unicamp)
Leia o texto: “Boas coisas acontecem para quem espera.
As melhores coisas acontecem para quem se levanta e
faz.” (Domínio público.)
 
Considerando o texto acima e a maneira como ele é
estruturado, podemos afirmar que:
a) O uso encadeado de “Boas coisas” e “As melhores
coisas” possibilita a valorização do primeiro enunciado
e a desvalorização do segundo.
b) A repe�ção do termo “coisas” garante que “boas
coisas” e “as melhores coisas” remetem ao mesmo
referente.
c) Entre as expressões “para quem espera” e “para quem
se levanta e faz” estabelece-se uma relação de
temporalidade.
d) A sequenciação desse texto ocorre por meio da
recorrência de expressões e de estruturas sintá�cas.
GR0400 - (Unicamp)
É possível fazer educação de qualidade sem escola
É possível fazer educação embaixo de um pé de
manga? Não só é, como já acontece em 20 cidades
brasileiras e em Angola, Guiné-Bissau e Moçambique.
Decepcionado com o processo de “ensinagem”, o
antropólogo Tião Rocha pediu demissão do cargo de
professor da UFOP (Universidade Federal de Ouro Preto)
e criou em 1984 o CPCD (Centro Popular de Cultura e
Desenvolvimento).
Curvelo, no Sertão mineiro, foi o laboratório da
“escola” que abandonou mesa, cadeira, lousa e giz, fez
das ruas a sala de aula e envolveu crianças e familiares na
pedagogia da roda. “A roda é um lugar da ação e da
reflexão, do ouvir e do aprender com o outro. Todos são
educadores, porque estão preocupados com a
aprendizagem. É uma construção cole�va”, explica.
O educador diz que a roda constrói consensos.
“Porque todo processo ele�vo é um processo de
exclusão, e tudo que exclui não é educa�vo. Uma escola
que seleciona não educa, porque excluiu alguns. A
melhor pedagogia é aquela que leva todos os meninos a
aprenderem. E todos podem aprender, só que cada um
no seu ritmo, não podemos uniformizar.”
Nesses 30 anos, o educador foi engrossando “seu
dicionário de terminologias educacionais, todas calcadas
no saber popular: surgiu a pedagogia do abraço, a
pedagogia do brinquedo, a pedagogia do sabão e até
oficinas de cafuné. Esta úl�ma foi provocada depois que
um garoto perguntou: “Tião, como faço para conquistar
uma moleca?” Foi a deixa para ele colocar questões de
sexualidade na roda.
(...)
Sem pressa, seguindo a Carta da Terra e citando
Ariano Suassuna para dizer que “terceira idade é para
fruta: verde, madura e podre”, Tião diz se sen�r
“privilegiado” de viver o que já viveu e acreditar na
utopia de não haver mais nenhuma criança analfabeta no
Brasil. “Isso não é uma polí�ca de governo, nem de
terceiro setor, é uma questão é�ca”, pontua.
(Qsocial, 09/12/2014.
Disponível em:
h�p://www.cpcd.org.br/por�olio/e_possivel_fazer
_educacao_de_qualidade_100_escola/.)
 
Em relação ao trecho “E ainda colocou em uso termos
como ‘empodimento’, após várias vezes ser ques�onado
pelas comunidades: ‘Pode [fazer tal coisa], Tião?’ Seguida
da resposta certeira: ‘Pode, pode tudo’”, é correto
afirmar:
a) A expressão “Seguida da resposta certeira” indica a
elipse de uma outra expressão.
b) A criação da palavra “empodimento” é resultado de
um processo: sufixação.
c) A repe�ção do verbo no enunciado “Pode, pode tudo”
exemplifica o es�lo reitera�vo do texto.
d) O discurso direto presente no trecho tem a função de
dar voz às comunidades.
GR0611 - (Ufrgs)
Em 1826, o pintor francês Jean-Bap�ste Debret, em
uma das mais expressivas obras que pintou no Rio de
Janeiro, O escravo do naturalista, registrou a par�cipação
1@professorferretto @prof_ferretto
dos escravos e auxiliares locais no trabalho de campo dos
naturalistas estrangeiros que, a par�r do início do século
19, percorreram várias partes do Brasil.
A contribuição das culturas na�vas para o
conhecimento cien�fico adquirido ou construído
pelos naturalistas (9) quase sempre tem sido
desconsiderada pelos historiadores da ciência (7). A
atenção destes (6) é dirigida para as observações e
teorias daqueles (8), seus instrumentos e métodos de
trabalho e para as influências polí�cas, filosóficas e
econômicas em suas obras, com frequência, eles (10)
descrevem as populações locais como iletradas e
ignorantes; porém, delas dependia, em boa medida, o
êxito das expedições dos naturalistas.
Em muitos trechos de seus relatos, cien�stas como
Alfred Wallace, Henry Bates e Louis Agassiz descrevem
como os habitantes locais (12) contribuíram com
conhecimentos para o seu (11) trabalho. Havia, é claro, o
previsível apoio logís�co e de infraestrutura, tais como o
fornecimento de alimentos, meios de transporte e outros
recursos materiais, bem como sua (13) presença como
guias, carregadores, intérpretes e companhia pessoal.
Muitas vezes, porém – e é esse ponto que nos interessa -,
verifica-se também, por parte de indivíduos e
comunicantes locais, a transmissão de conhecimentos
ob�dos com a longa experiência na floresta. Esses
conteúdos viriam a ser sistema�zados pelos naturalistas,
deputados dentro da visão cien�fica predominante e
incorporados ao cabedal cien�fico universal.
(Adaptado de. MOREIRA, Ildeu de Castro. O escravo do
naturalista. Ciência Hoje, v. 31, n. 184, jul.2002.)
 
Vários pronomes no texto retomam elementos
anteriormente referidos. Abaixo, o pronome está
associado ao elemento que ele subs�tui no texto em
todas as alterna�vas, à exceção de
a) destes (6) – historiadores da ciência (7).
b) daqueles (8) – naturalistas (9).
c) eles (10) – historiadores da ciência (7).
d) seu (11) – habitantes locais (12).
e) sua (13) – habitantes locais (12).
GR0612 - (Ufrgs)
Entre as situações linguís�cas que o português já
viveu em seu contato com outras línguas, cabe considerar
uma situação que se realiza em nossos dias: aquela em
que ele é uma língua de emigrantes. Para o leitor
brasileiro (5), soará talvez estranho que falemos aqui (7)
do português como uma língua de EMIGRANTES, pois o
Brasil foi antes de mais nada um país para o qual se
dirigiam em massa, durante mais de dois séculos,
pessoas nascidas em vários países europeus e asiá�cos;
assim, para a maioria dos brasileiros, a representação
mais natural é a da convivência no Brasil com
IMIGRANTES vindos de outros países. Sabemos,
entretanto (15), que, nos úl�mos cem anos, muitos
falantes do português foram buscar melhores condições
de vida, par�ndo (18) não só de Portugal para o Brasil,
mas também (19) desses dois países para a América do
Norte e (20) para vários países da Europa: em certo
momento, na década de 1970, viviam na região
parisiense mais de um milhão de portugueses –uma
população superior à que �nha então a cidade de Lisboa.
Do Brasil, têm ...... nas úl�mas décadas muitos jovens e
trabalhadores, dirigindo-se aos quatro cantos do mundo.
A existência de comunidades de imigrantes é sempre
uma situação delicada para os próprios imigrantes e para
o país que os recebeu: normalmente (32), os imigrantes
vão a países que têm interesse em usar (33) sua força de
trabalho, mas qualquer oscilação na economia faz com
que os na�vos ........ sua presença como indesejável; as
diferenças na cultura e na fala podem alimentar
preconceitos e desencadear problemas reais de
diferentes ordens.
Em geral (40), proteger a cultura e a língua do
imigrante não é (41) um obje�vo prioritário dos países
hospedeiros, mas no caso do português tem havido ........
. Em certo momento, o português foi uma das línguas
estrangeiras mais estudadas na França; e, em algumas
cidades do Canadá e dos Estados Unidos, um mínimo de
vida associa�va tem garan�do a sobrevivência de jornais
editados em português, man�dos pelas próprias
comunidades de origem portuguesa e brasileira.
(Adaptado de: ILARI, Rodolfo; BASSO, Renato. O
português como língua de emigrantes. In: O português da
gente: a língua que estudamos a língua que falamos. São
Paulo: Contexto, 2006. p. 42-43.)
 
Desconsiderando questões de emprego de letra
maiúscula, assinale a alterna�va em que se sugere um
deslocamento de adjunto adverbial que preservaria tanto
a correção quanto o sen�do do segmento original.
a) Colocação de Para osua crônica, não por que fala de mim, mas
porque traduz, no primor de seu es�lo, um apoio que me
incen�va e me conforta.
(Pelé apud Carlos Drummond de Andrade. Quando é dia
de futebol, 2014.)
 
“Ou como o leitor de muitos livros, que passasse a ler um
só que contém o resumo de tudo.” (Drummond)
 
“E com isso, dará lugar a outro, ou a outros, que por mais
que caprichassem ficavam sempre um tanto encobertos
pela sombra de Pelé — a sombra
de que espontaneamente se desfaz.” (Drummond)
 
Os termos sublinhados referem-se, respec�vamente, a
a) “livros” e “Pelé”.
b) “um” e “sombra”.
c) “livros” e “sombra”.
d) “um” e “Pelé”.
e) “leitor” e “Pelé”.
GR0811 - (Ifpe)
“O BONZINHO SE DÁ MAL”: GENEROSIDADE E
MANIPULAÇÃO
(1) Você tenta levar sua vida direi�nho. Busca ser
cordial e ter empa�a com o semelhante. Trata o outro
bem, pois acha que é assim que qualquer criatura
merece ser tratada. Com quem gosta mais, vai além. Se
lhe sobra, compar�lha. Quando vê o erro, o ins�nto de
proteção passa na frente e você tenta alertar. Se cabem
dois, por que ir sozinho? Isso te alegra, então eu fico
contente.
(2) A você, tudo isso parece ser natural, orgânico. E
daí você se engana. De forma egoísta, acha que tem o
direito de re�rar do outro o direito de ser quem ele é.
Quer recíproca, similaridade, espelhamento de a�tudes.
17@professorferretto @prof_ferretto
Vê injus�ça na troca, acha que faz mais e recebe menos.
“Trouxa, agora está aí cul�vando mágoas. Da próxima
vez, farei diferente”. E não reflete sobre tudo o que se
passou.
(3) Ser verdadeiramente generoso é uma virtude que
contempla um pequeno punhado de pessoas. Em geral,
emprestamos em vez de doar. E não fazemos isso por
uma debilidade de caráter: a vida se mantém a par�r de
trocas, tudo só existe em relação.
(4) Quando tentamos oferecer algo gratuitamente,
inconscientemente esperamos alguma contrapar�da:
reconhecimento, carinho, atenção, pres�gio, escuta,
aprovação. Às vezes, buscamos apenas sermos
percebidos e validados naquilo que somos, mas não
cremos ser. É bem comum. Nisso, tornam-se admiráveis
os que ajudam desconhecidos, sem se importarem com
os problemas dos que estão próximos – a quem poderão
cobrar pela generosidade?
(5) O mesmo vale para os mercenários: aqueles que
sabem dar preço às coisas mais impalpáveis, que
encontram equivalência entre dois valores tão díspares,
mas deixam as intenções às claras. Só nos sen�mos
enganados quando não deixamos às claras o preço das
nossas a�tudes.
(6) A generosidade é uma das formas mais primi�vas
de manipulação desenvolvidas pelo ser humano. Vem do
berço. Mais precisamente, do colo. A nossa primeira
referência de doação vem da mãe, ou de quem exerceu
esse papel. O bebê, indefeso e incapaz, estará subme�do
à oferta que provém dessa fonte. E aí aprendemos o que
é chantagem emocional, que mais tarde se traduzirá no
duelo entre o “só eu sei o que fiz por você” versus “você
poderia ser melhor para mim”. Quem sai vencedor? A
culpa. Justo ela, uma das emoções mais tóxicas que
povoam nossa alma.
(7) O comportamento de abuso é fruto desse eixo
desestrutural, seja para o abusador ou para o abusado.
Há, inclusive, uma espécie de alternância entre esses
papéis. Quando o dito generoso se vê menosprezado
pelo outro, diz: isso é um absurdo, depois de tudo que eu
fiz. Mas não percebe o quanto esse fazer é, em si, uma
a�tude abusiva.
(8) Isso não é uma ode ao egoísmo ou à ganância.
Mas a par�lha saudável é aquela que se dá em acordo,
de forma pura. Se não consegue, melhor não ser
generoso, para também não ser hipócrita. Ou, pior:
emi�r faturas para guardá-las na gaveta, à espera da
melhor oportunidade de apresentá-la àquele que julgar
devedor. Não esqueçamos: são as boas intenções que
lotam o inferno.
TORRES, João Rafael. “O bonzinho se dá mal”:
generosidade e manipulação. Disponível em:
h�ps://www.metropoles.com/colunas-blogs/psique/o-
bonzinho-se-da-mal-generosidade-e-manipulacao.
Acesso: 08 out. 2017(adaptado).
 
Releia o seguinte trecho, reflita sobre questões de
coerência e coesão textuais e assinale a alterna�va
CORRETA.
 
“(1) Você tenta levar sua vida direi�nho. Busca ser cordial
e ter empa�a com o semelhante. Trata o outro bem, pois
acha que é assim que qualquer criatura merece ser
tratada. Com quem gosta mais, vai além. Se
lhe sobra, compar�lha. Quando vê o erro, o ins�nto de
proteção passa na frente e você tenta alertar. Se cabem
dois, por que ir sozinho? Isso te alegra, então eu fico
contente.” (1º parágrafo).
a) Os termos destacados em negrito indicam um
processo coesivo por elipse, por se tratar da omissão
de elementos facilmente iden�ficáveis ou que já
tenham sido citados anteriormente.
b) A omissão do sujeit, no segundo e terceiro períodos
do trecho, revela um processo de coesão lexical, uma
vez que os verbos estão conjugados na mesma pessoa,
tempo e modo.
c) As palavras “cordial” e “empa�a”, por se referirem a
um mesmo assunto (tratar os outros bem),
caracterizam um processo de coesão referencial.
d) Em: “Se cabem dois”, a pluralização do verbo prejudica
a coerência, visto que o referente é o mesmo dos
termos destacados, logo, ele deveria ter sido grafado
no singular. 
e) As formas verbais sublinhadas concordam com o
sujeito explicitado no primeiro período do trecho e
preservam a coerência textual.
GR0817 - (Fuvest)
O império das festas e as festas do império
O Brasil do século XIX, excluindo-se a primeira e a
úl�ma década, conviveu intensamente com a realeza. De
1808 a 1889, os brasileiros acostumaram-se a ter um rei à
frente da cena polí�ca. Mas se D. João, D. Pedro I, D.
Pedro II e a princesa Isabel – esta, quando da ausência de
seu pai – ocuparam o espaço formal do mando execu�vo,
no dia a dia interagiram com outros reis e rainhas.
Estamos falando de uma série de personagens que
lideravam as festas populares e que, provenientes de
reinos distantes – presentes na memória dos escravos
africanos ou nas lembranças dos saudosos colonos
portugueses −, povoaram o nosso assoberbado
calendário de festas. Oriundo de tradições diversas e de
cosmologias par�culares, esse puzzle* ritual fez do Brasil
o país das festas, o depositário de um arsenal de
símbolos, costumes e valores.
Contudo, mais do que isso, tal qual um caleidoscópio,
essas tradições não foram apenas se reproduzindo, como
o movimento ro�neiro de um motor. Ao contrário,
dinamicamente, acabaram por criar festas próprias e
18@professorferretto @prof_ferretto
leituras originais de um material que lhes era anterior.
Nesses rituais, teatralizava-se um grande jogo simbólico
e, entre outros figurantes, a realeza era personagem
frequente, porém não sempre principal.
* puzzle: confusão; quebra-cabeça.
(Lilia M. Schwarcz, Valéria M. de Macedo, in: As barbas
do imperador: D.Pedro II, um monarca nos trópicos.).
 
No trecho “Contudo, mais do que isso, (...) essas
tradições não foram apenas se reproduzindo, como o
movimento ro�neiro de um motor” (2º parágrafo), as
expressões grifadas estabelecem, respec�vamente,
relações lógicas de
a) Conclusão / proporção / comparação.
b) Concessão / alternância / conclusão.
c) Condição / modo / explicação.
d) Causa / contraposição / concessão.
e) Contraposição / comparação / modo.
GR0820 - (Ufscar)
(...) Na minha opinião, existe no Brasil, em
permanente funcionamento, não fechando nem para o
almoço, uma Central Geral de Maracutaia. Não é possível
que não exista. E, com toda a certeza, é uma das
organizações mais perfeitas já cons�tuídas, uma
contribuição ines�mável do nosso país ao patrimônio da
raça humana. Nada de novo é implantado sem que surja
no mesmo instante, às vezes sem intervalo visível,
imediatamente mesmo, um esquema bem montado para
fraudar o que lá seja que tenha sido criado. [...] Exemplo
mais recente ocorreu em São Paulo, mas podia ser em
qualquer outra cidade do país, porque a CGM é
onipresente, não deixa passar nada, nem discrimina
ninguém. Segundo me contam aqui, a prefeitura de São
Paulo agora fornece caixão e enterro gratuitos para os
doadores de órgãos, certamente os mais pobres. Bastaque a família do morto prove que ele doou pelo menos
um órgão, para receber o bene�cio. Mas claro, é isso
mesmo, você adivinhou, ser brasileiro é meramente uma
questão de prá�ca. Surgiram indivíduos ou organizações
que, mediante uma módica contraprestação pecuniária,
fornecem documentação falsa, “provando” que o
defunto doou órgãos, para que o caixão e o enterro
sejam pagos com dinheiro público.
(João Ubaldo Ribeiro. O Estado de S.Paulo, 18.09.2005.)
 
Em “para receber o bene�cio", a palavra bene�cio tem
como referência
a) Uma módica contraprestação pecuniária.
b) A não-discriminação.
c) Caixão e enterro.
d) A doação de órgãos.
e) A CGM.
GR0821 - (Uel)
(...) Não faz tanto tempo assim, a noção de risco,
como hoje a conhecemos, não exis�a. Doenças e mortes
eram consideradas inevitáveis consequências de um
des�no divinamente planejado, sobre o qual não
possuíamos controle. As pessoas não pesavam as
consequências da escolha de sua carreira, do uso de
tecnologias ou das polí�cas sociais simplesmente porque
essas opções não exis�am. O risco era uma província
povoada por jogadores de dados e cartas, aliás os
primeiros a medi-lo e a manipulá-lo. A emergência do
capitalismo globalizado, junto com a ciência e a
tecnologia, trouxe bene�cios inegáveis à agricultura, aos
transportes e à saúde. Mas também nos transformou em
jogadores numa escala jamais vista. Durante o século XX,
contemplamos o lado nega�vo de avanços tecnológicos
que foram instrumento de guerras e atrocidades.
Aprendemos a temer acidentes, poluição, ex�nção de
espécies, desmatamento, lixo atômico, além da
contaminação da água e dos alimentos com agrotóxicos.
Agora, na medida em que entramos no século XXI,
deparamos com estonteantes possibilidades
tecnológicas: clonagem, membros ciberné�cos para
repor componentes humanos, alimentos gene�camente
modificados. Naturalmente ques�onamos se esse
con�nuo avanço tecnológico implicará riscos
imprevisíveis.
(Andrea Kauffmann-Zeh. A miopia cien�fica, Revista
Época, 30/4/2001, p. 114.)
 
As expressões os primeiros e esse con�nuo avanço
tecnológico referem-se, respec�vamente, a:
a) jogadores – componentes humanos.
b) dados e cartas – clonagem.
c) riscos de manipulação – membros ciberné�cos.
d) usos das tecnologias – alimentos gene�camente
modificados.
e) jogadores de dados e cartas – estonteantes
possibilidades tecnológicas.
GR0822 - (Uel)
Leia o parágrafo introdutório de um livro de Alba Zaluar
sobre a violência urbana no Rio de Janeiro.
 
19@professorferretto @prof_ferretto
O lugar não importa. Pode ser qualquer um, contanto
que seja pobre e marginal a esta outrora encantadora
cidade. Nele fiquei mais de um ano convivendo e
conversando com os supostos agentes da violência
urbana. Alguns por serem simples moradores do lugar.
Pois o que é para nós, além de um grande medo, assunto
jornalís�co, para eles é nódoa contra a qual têm que lutar
diariamente, até com eles próprios na frente do espelho
que certa imprensa lhes montou. Mais um es�gma que,
na pressa de descobrir os culpados alhures, se lhes
impôs. Outros porque realmente traficam, assaltam e
fazem uso da arma de fogo. Eu os vi, observei, escutei e
deles ouvi contar muitas estórias. Durante todo esse
tempo ouvi também explicações, ou seja, tenta�vas de
encaixar o que para eles pode vir a ser uma terrível
tragédia pessoal numa lógica qualquer, na ordem das
coisas deste mundo. É claro. Todo mundo sabe o fim dos
bandidos pobres: morrer antes dos 25 anos. E ninguém
quer ver seu filho seu irmão, seu parente ou seu vizinho
com este des�no, embora haja quem acredite que este
caminho não é escolha, é sina. Talvez seja o modo que
encontram para dizer que as condições em que vivem os
levam forçosamente a agir assim.
ZALUAR, Alba. Condomínio do diabo. Rio de Janeiro:
Editora da UFRJ, 1994. p. 7.
 
Em que alterna�va a mudança na ordem das palavras
resulta em uma sequência que poderia subs�tuir a
expressão correspondente no texto, sem alteração de
sen�do?
a) esta outrora encantadora cidade → esta encantadora
cidade outrora.
b) os supostos agentes da violência urbana → os agentes
da violência urbana supostos.
c) certa imprensa → imprensa certa.
d) uma terrível tragédia pessoal → uma tragédia pessoal
terrível.
e) dos bandidos pobres → dos pobres bandidos.
GR0823 - (Cn)
O desaparecimento dos livros na vida co�diana e a
diminuição da leitura(26) são preocupantes quando
sabemos que os livros são disposi�vos fundamentais(18)
na formação subje�va das pessoas. Perguntamo-nos
sobre o que os meios de comunicação fazem conosco: da
televisão ao computador, dos brinquedos ao telefone
celular, somos formados por objetos e aparelhos.
 Se, em nossa época, a leitura diminui
ver�ginosamente, ao mesmo tempo, cresce o elogio da
ignorância,(15) nossa velha conhecida. Há, nesse
contexto, dois �pos de ignorância(25) em relação às
quais os livros são potentes ou impotentes.(2) Uma é a
ignorância filosófica, aquela que em Sócrates se
expunha(9) na ironia do "sei-que-nada-sei". Aquele que
não sabe e quer saber(19) pode procurar os livros, esses
objetos que guardam tantas informações, tantos
conteúdos, que podemos esperar deles muita coisa:
perguntas e, até mesmo, respostas. A outra é a
ignorância prepotente, à qual alguns filósofos deram o
nome de "burrice". Pela burrice, essa forma cogni�va
impotente e, contudo, muito prepotente,(22) alguém
transforma o não saber em suposto saber, a resposta
pronta é transformada em verdade. Nesse caso, os livros
são esquecidos. Eles são desnecessários como "meios
para o saber". Cancelada a curiosidade como sinal de um
desejo de conhecimento, os livros tornam-se inúteis.(10)
Assim, a ignorância que nos permite saber se opõe à que
nos deforma(1) por estagnação.(23) A primeira gosta dos
livros, a segunda os detesta.(13)
[ ... ]
 Para aprender a perguntar, precisamos aprender a ler.
Não por que o pensamento dependa da gramá�ca(16) ou
da língua formal, mas porque ler é um �po de
experiência que nos ensina(12) a desenvolver raciocínios,
nos ensina a entender, a ouvir e a falar para
compreender. Ensina-nos a interpretar. Ajuda-nos,
portanto, a elaborar questões(8) e a fazer perguntas.
Perguntas que nos ajudam a dialogar,(6) ou seja, a entrar
em contato com o outro. Nem que esse outro seja,(20)
em primeiro momento, apenas cada um de nós mesmos.
 Pensar, esse ato que está faltando entre nós, começa
aí, muitas vezes em silêncio, quando nos dedicamos a
esse gesto(4) simples(17) e ao mesmo tempo complexo
que é ler um livro. É lamentável que as pessoas
sucumbam ao clima programado da cultura(14) em que
ler é proibido. Os meios tecnológicos de comunicação
são insidiosos nesse momento, pois prometem uma
completude que o ato de ler(5) um livro nunca prometeu.
É que o ato da leitura nunca nos engana.(3) Por isso
também muitos se afastam dele.(11) Muitos que foram
educados para não pensar(24) passam a não gostar do
que não conhecem.(7) Mas há quem tenha descoberto
esse prazer(21) que é o prazer de pensar a par�r da
experiência da linguagem – compreensão e diálogo –
sempre ofertada em um livro. Certamente, para essas
pessoas, o mundo todo – e ela mesma – é algo bem
diferente.
TIBURI, Márcia. Potência do pensamento: por uma
filosofia polí�ca da leitura. Disponível em:
h�p://revistacult.uol.com.br. Acesso em: 31 jan. 2016
(adaptado).
 
Assinale a opção na qual o uso da conjunção mantém o
sen�do original do período “A primeira gosta dos livros, a
segunda os detesta." (13).
20@professorferretto @prof_ferretto
a) A primeira gosta dos livros, e a segunda os detesta.
b) A primeira gosta dos livros, logo a segunda os detesta.
c) A primeira gosta dos livros, porque a segunda os
detesta.
d) A primeira gosta dos livros, quando a segunda os
detesta.
e) A primeira gosta dos livros, portanto a segunda os
detesta.
GR0824 - (Afa)
 
A distância entre o motorista de vidros lacrados e o
mendigo que pede esmola no sinal vermelho é maior que
a distância entre ele e as trilhas agrestes das novelas e
dos comerciais. Nas ruas esburacadas das metrópoles,
eletalvez se sinta escalando falésias. No seu coração a
cidade embrutecida é a pior de todas as selvas.
 
Em relação ao excerto acima, extraído da revista VEJA e
propositalmente alterado, é correto afirmar que
a) Redundâncias e tautologias interferem na clareza.
b) É claro e conciso, porém apresenta falhas grama�cais.
c) Não é conciso, pois os pronomes “ele" e “seu" causam
ambiguidade.
d) A clareza está comprome�da pelo emprego do
pronome pessoal e do possessivo.
GR0825 - (Unitau)
A arte perdida da caligrafia
Umberto Eco
Recentemente, dois jornalistas italianos escreveram
um ar�go de jornal de três páginas (em letras de
imprensa - infelizmente) sobre o declínio da caligrafia.
Agora já é fato conhecido: a maioria das crianças - devido
aos computadores (quando elas os usam) e às
mensagens de texto - não consegue mais escrever a mão,
exceto em suadas letras maiúsculas.
Em uma entrevista, um professor disse que os alunos
também cometem muitos erros de ortografia, o que me
parece um problema em separado (6): médicos sabem
escrever e, mesmo assim, suas escritas são sofríveis; e
você pode ser um especialista em caligrafia, mas escrever
“conserto", e não “concerto". Eu conheço crianças cuja
caligrafia é bastante boa. Mas o ar�go fala em 50 por
cento de italianinhos - e eu suponho que seja graças a um
des�no indulgente (7) que eu frequente os outros 50 por
cento (algo que me acontece também na arena polí�ca).
A tragédia (1) começou bem antes do computador e do
telefone celular.
A caligrafia de meus pais era ligeiramente inclinada,
porque eles posicionavam o papel em ângulo e suas
letras eram, pelo menos para os padrões atuais,
pequenas obras de arte (2). Na época, alguns -
provavelmente aqueles com letra feia - diziam que a
caligrafia elegante era a arte dos tolos. É óbvio que
caligrafia bonita não significa, necessariamente,
inteligência refinada. Mas era prazeroso ler notas ou
documentos escritos de maneira caprichada.
Minha geração foi treinada para ter boa caligrafia e
nós passávamos os primeiros meses da escola primária
aprendendo a traçar as letras. Posteriormente, o
exercício (3) foi �do como obtuso e repressivo, mas ele
nos ensinou a manter o pulso firme ao usarmos a caneta
para formar letras arredondadas e delicadamente
desenhadas. Bem, nem sempre - porque as canetas-
�nteiro, com as quais sujávamos carteiras, livros,
cadernos, dedos e roupas, costumavam produzir uma
borra desagradável que grudava na caneta e obrigava a
dez minutos de contorções para limpar.
A crise começou com o advento (4) da caneta
esferográfica. As primeiras esferográficas também faziam
sujeira - se, imediatamente após escrever, você passasse
o dedo sobre as úl�mas palavras (8), era inevitável
aparecer um borrão. E as pessoas já não �nham muito
interesse em escrever bem, já que a caligrafia feita com
uma esferográfica, mesmo que limpa, não �nha mais
alma, es�lo ou personalidade. Por que deveríamos
lamentar o fim (5) da boa caligrafia? A capacidade de
escrever bem e velozmente em um teclado es�mula o
pensamento rápido e, com frequência (não sempre), o
corretor ortográfico irá sublinhar um erro de grafia.
Embora o celular tenha ensinado a geração mais
jovem a escrever “kd vc?" no lugar de “Cadê você?", não
nos esqueçamos de que nossos antepassados (9) ficariam
chocados ao ver que escrevemos “farmácia" e não
“pharmacia", ou “xícara" em vez de “chicara". Teólogos
medievais escreviam “respondeo dicendum quod,” coisa
que teria feito Cícero se revirar no túmulo.
A arte da caligrafia nos ensina a controlar nossas
mãos e encoraja a coordenação mão-olho.
O ar�go de três páginas apontava que a escrita a mão
nos obriga a compor a frase mentalmente antes de
escrevê-la. Graças à resistência da caneta e do papel,
somos forçados a parar para pensar. Muitos escritores,
embora acostumados a escrever no computador, algumas
vezes até prefeririam imprimir letras em uma placa de
argila, porque assim poderiam pensar com mais calma.
É verdade que as crianças escreverão cada vez mais
em computadores e celulares. Apesar de tudo, a
humanidade aprendeu a redescobrir muitas coisas que a
civilização eliminou como desnecessárias. As pessoas não
viajam mais a cavalo, mas algumas fazem aulas de
equitação; existem iates motorizados, mas muita gente é
tão devotada à arte de velejar quanto os fenícios de três
mil anos atrás; há túneis e ferrovias, mas muitos ainda
apreciam caminhar a pé por passagens alpinas; há
pessoas que colecionam selos na era do e-mail; e
21@professorferretto @prof_ferretto
exércitos vão à guerra com rifles Kalashnikovs, mas
também organizamos pacíficos torneios de esgrima.
Seria bom se os pais enviassem os filhos a escolas de
caligrafia, para que eles pudessem par�cipar de
compe�ções e torneios (10)- não só para adquirir base
em algo que é belo, mas também para seu
desenvolvimento psicomotor. Tais escolas já existem,
basta procurar “escola de caligrafia" na internet. E, talvez
para aqueles com mão firme e sem emprego estável,
ensinar essa arte possa se tornar um bom negócio.
(Disponível em www2livrariacultura.com.br/cultura
news. Data de acesso: 07/09/10 (Texto adaptado).
 
Em alguns momentos, o autor u�liza expressões para
retomar partes do texto. Para retomar de forma
avalia�va a questão central - o declínio da escrita a mão
nos dias de hoje-, ele usa a expressão:
a) A tragédia (1)
b) Obras de arte (2)
c) O exercício (3)
d) O advento (4)
e) O fim (5)
GR0826 - (Pmesp)
Leia um trecho do “Sermão do bom ladrão”, de Antônio
Vieira.
 
Suponho, finalmente, que os ladrões de que falo não
são aqueles miseráveis, a quem a pobreza e vileza de sua
fortuna condenou a este gênero de vida, porque a
mesma sua miséria ou escusa ou alivia o seu pecado. O
ladrão que furta para comer não vai nem leva ao Inferno:
os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são os
ladrões de maior calibre e de mais alta esfera, os quais
debaixo do mesmo nome e do mesmo predicamento
dis�ngue muito bem São Basílio Magno. Não são só
ladrões, diz o santo, os que cortam bolsas ou espreitam
os que se vão banhar, para lhes colher a roupa; os ladrões
que mais própria e dignamente merecem este �tulo são
aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e
legiões, ou o governo das províncias, ou a administração
das cidades, os quais já com manha, já com força,
roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam
um homem, estes roubam cidades e reinos; os outros
furtam debaixo do seu risco, estes sem temor, nem
perigo; os outros, se furtam, são enforcados, estes
furtam e enforcam. Diógenes, que tudo via com mais
aguda vista que os outros homens, viu que uma grande
tropa de varas e ministros de jus�ça levavam a enforcar
uns ladrões, e começou a bradar: “Lá vão os ladrões
grandes enforcar os pequenos.” Ditosa Grécia, que �nha
tal pregador! E mais ditosas as outras nações, se nelas
não padecera a jus�ça as mesmas afrontas. Quantas
vezes se viu em Roma ir a enforcar um ladrão por ter
furtado um carneiro, e no mesmo dia ser levado em
triunfo um cônsul, ou ditador, por ter roubado uma
província! E quantos ladrões teriam enforcado estes
mesmos ladrões triunfantes? De um chamado Seronato,
disse com discreta contraposição Sidônio Apolinar:
“Seronato está sempre ocupado em duas coisas: em
cas�gar furtos, e em os fazer.” Isto não era zelo de jus�ça,
senão inveja. Queria �rar os ladrões do mundo, para
roubar ele só.
Antônio Vieira. Essencial Padre Antônio Vieira, 2011.
Adaptado.
 
A coesão textual se dá pela omissão de um substan�vo
que pode ser facilmente subentendido no seguinte
trecho: 
a) “O ladrão que furta para comer não vai nem leva ao
Inferno”. 
b) “os ladrões que mais própria e dignamente merecem
este �tulo”. 
c) “Os outros ladrões roubam um homem”. 
d) “Lá vão os ladrões grandes enforcar os pequenos”. 
e) “Seronato está sempre ocupado em duas coisas”.
GR0827 - (Fmj)
Leia um trecho do tratado Da maneira de dis�nguir o
bajulador do amigo, do historiador e filósofo grego
Plutarco, para responder às questões de 07 a 10.
 
Quando um homem dá sem cessar, em palavras,provas de amor-próprio, meu caro An�oco Filopapo,
Platão observa que todos o desculpam; mas esse
sen�mento, acrescenta ele, entre uma pletora de vícios
muito diferentes, contém um muito importante que
impede que ele tenha sobre si mesmo um julgamento
íntegro e imparcial. “Com efeito, o amante é cego a
respeito do que ele ama”, a menos que tenha aprendido,
por um estudo especial, a habituar-se a apreciar e
procurar o belo, de preferência ao inato e ao familiar. No
seio da amizade eis que se abre ao bajulador um vasto
campo de ação: nosso amor-próprio é para ele um
terreno de acesso inteiramente propício à inves�gação
sobre nós; por causa desse sen�mento, cada um de nós é
o primeiro e o maior adulador de si próprio, não
hesitando em confiar no bajulador estranho de quem
espera ter a aprovação para confirmar suas crenças e
desejos. Com efeito, aquele que é acusado de gostar da
bajulação não passa de um homem perdidamente
enamorado de si, que, pela paixão que a si mesmo
dedica, deseja e crê possuir todas as qualidades; ora, se o
desejo é natural, a crença é, entretanto, arriscada e
reclama bastante circunspecção. Mas, supondo-se que a
verdade seja divina e seja, segundo Platão, o princípio
22@professorferretto @prof_ferretto
“de todos os bens para os deuses e de todos os bens para
os homens”, o bajulador está muito arriscado a ser
inimigo dos deuses e sobretudo do deus Pí�co, pois não
deixa de estar em contradição com o “conhece-te a �
mesmo”, iludindo cada um quanto à sua própria pessoa e
tornando-o cego, no que diz respeito a si mesmo, e às
virtudes e aos vícios que lhe concernem, pois torna as
primeiras imperfeitas e inacabadas, os outros, totalmente
incuráveis.
(Plutarco. Como �rar proveito de seus inimigos / Da
maneira de dis�nguir o bajulador do amigo, 2011.
Adaptado.)
 
 
“Quando um homem dá sem cessar, em palavras, provas
de amor-próprio, meu caro An�oco Filopapo, Platão
observa que todos o desculpam; mas esse sen�mento,
acrescenta ele, entre uma pletora de vícios muito
diferentes, contém um muito importante que impede
que ele tenha sobre si mesmo um julgamento íntegro e
imparcial.”
 
Os referentes dos termos em negrito nesse trecho são,
respec�vamente
a) An�oco Filopapo, Platão e An�oco Filopapo.
b) An�oco Filopapo, An�oco Filopapo e Platão.
c) Platão, An�oco Filopapo e homem.
d) homem, Platão e Platão.
e) homem, Platão e homem.
GR0829 - (Fcmscsp)
Leia a crônica “Médicos e monstros”, de Moacyr Scliar,
publicada originalmente no jornal Zero Hora, em
20.08.1997.
 
Sentenças judiciais nem sempre têm sido muito felizes
no que diz respeito aos direitos humanos, mas este 20 de
agosto marca o quinquagésimo aniversário de uma
decisão jurídica que se tornaria um marco não apenas na
história da jus�ça como na da é�ca médica. Naquela data
o Tribunal de Nuremberg condenou 23 médicos nazistas
por par�cipação em a�vidades de genocídio.
O número não chega a ser impressionante. E os réus
eram, na verdade, figuras secundárias. Ali não estava, por
exemplo, Adolf Eichmann, que injetava corante nos olhos
de crianças para torná-los arianamente azuis, ou que
matou uma criança com suas próprias mãos para
confirmar o diagnós�co de tuberculose, posto em dúvida
por colegas. Como outros, ele �nha escapado — para ser
alcançado depois pelo longo braço da jus�ça israelense.
Importante, contudo, foi a sentença. Porque, anexo a
ela, estava um documento que depois se tornaria
conhecido como o Código de Nuremberg. Em sua defesa,
os médicos nazistas haviam alegado que estavam agindo
em nome da ciência; para evitar que essa afrontosa
alegação servisse de desculpa em crimes posteriores. O
Código de Nuremberg estabeleceu vários princípios. Que
hoje nos parecem óbvios: um experimento médico só
pode ser feito com o consen�mento da pessoa; deve
proporcionar resultados que beneficiem a humanidade;
deve evitar qualquer sofrimento. Que os doutores
nazistas tenham violado princípios tão básicos mostra a
que ponto chegaram em sua degradação. Mas não só
eles, obviamente; em Tuskegee, no Alabama, médicos
deixaram de usar a penicilina em pacientes negros com
sífilis para observar como evoluiria a doença não tratada
(um conhecimento, diga-se de passagem, há muito
registrado nos manuais clínicos).
Robert Louis Stevenson criou as figuras de Dr. Jekyll e
Mr. Hyde, o médico e o monstro, para simbolizar o
antagonismo entre o bem e o mal. Nos doutores nazistas
esse antagonismo desapareceu: eram médicos e eram
monstros. Diante da enorme quan�dade de pessoas
indefesas, a medicina optou pela extrema crueldade das
experiências sem sen�do, da tortura impiedosa, das
câmaras de gás. Uma experiência que os médicos da
ditadura, por exemplo, herdaram e que pra�caram —
inclusive aqui no Brasil — até há muito pouco tempo.
Cinquenta anos depois da sentença do Tribunal de
Nuremberg, é necessário lembrar, ainda uma vez, que a
medicina surgiu, única e exclusivamente, para ajudar o
ser humano. Qualquer ser humano.
(Moacyr Scliar. A nossa frágil condição humana, 2017.)
 
Para evitar a sua repe�ção, garan�ndo assim uma maior
coesão textual, verifica-se no primeiro parágrafo da
crônica a omissão do substan�vo
a) “data”.
b) “história”.
c) “Sentenças”.
d) “decisão”.
e) “marco”.
GR0830 - (Epcar)
23@professorferretto @prof_ferretto
Disponível em: h�ps://shre.ink/QV7i. Acesso em: 11
maio 2023.
 
Com base na análise dos quadrinhos, só NÃO se pode
afirmar que
a) as palavras “se” e “e”, 2º quadrinho, classificam-se
como conjunções.
b) a palavra “isso” estabelece uma coesão catafórica em
relação ao conteúdo do quadrinho anterior.
c) a expressão “apesar de que”, 3º quadrinho, estabelece
uma relação de concessão com a frase anterior.
d) o 2º quadrinho aborda uma das consequências de não
se saber ler.
24@professorferretto @prof_ferrettoleitor brasileiro (5) entre vírgulas,
imediatamente após aqui (7).
b) Deslocamento de entretanto (15) para imediatamente
após par�ndo (18).
c) Passagem de também (19) para imediatamente após e
(20).
d) Deslocamento de normalmente (32) para
imediatamente após usar (33).
e) Colocação de Em geral (40) entre vírgulas,
imediatamente após é (41).
GR0613 - (Ufrgs)
Darwin passou quatro meses no Brasil, em 1832,
durante a sua célebre viagem a bordo do Beagle. Voltou
2@professorferretto @prof_ferretto
impressionado com o que viu: "Delícia é um termo
insuficiente para exprimir as emoções sen�das por um
naturalista (28) a sós com a natureza em uma floresta
brasileira", escreveu. O Brasil, porém, aparece de forma
menos idílica em seus (27) escritos: “Espero nunca mais
voltar a um país escravagista. O estado da enorme
população escrava deve preocupar todos os que chegam
ao Brasil. Os senhores de escravos querem ver o negro
como outra espécie, mas temos todos a mesma origem.”
Em vez do gorjeio do sabiá, o que Darwin guardou nos
ouvidos foi um som terrível (3) que o (29) acompanhou
por toda a vida: “Até hoje, se eu ouço um grito, lembro-
me, com dolorosa e clara memória, de quando passei
numa casa em Pernambuco e ouvi urros terríveis. Logo
entendi que era algum pobre escravo que estava sendo
torturado.”
Segundo o biólogo Adrian Desmond, “a viagem do
Beagle, para Darwin, foi menos importante pelos
espécimes coletados do que pela experiência de
testemunhar os horrores da escravidão no Brasil. De
certa forma, ele escolheu focar na descendência comum
do homem justamente para mostrar que todas as raças
eram iguais (31) e, desse modo (30), enfim, objetar
àqueles que insis�am em dizer que os negros pertenciam
a uma espécie diferente e inferior à dos brancos".
Desmond (33) acaba de lançar um estudo que mostra a
paixão abolicionista do cien�sta (35), revelada por seus
(32) diários e cartas pessoais. “A extensão de seu (34)
interesse no combate à ciência de cunho racista é
surpreendente, e pudemos detectar um ímpeto moral
por trás de seu trabalho sobre a evolução humana - uma
crença na ‘irmandade racial’ que �nha origem em seu
ódio ao escravismo e que o levou a pensar numa
descendência comum.”
(Adaptado de: HAAG, C. O elo perdido tropical. Pesquisa
FAPESP, n. 159, p. 80-85, maio 2009.)
 
Assinale a alterna�va em que se estabelece uma relação
de referência correta entre o primeiro e o segundo
segmentos extraídos do texto.
a) seus (27) – um naturalista (28).
b) o (29) – um som terrível (3).
c) desse modo (30) –- todas as raças eram iguais (31).
d) seus (32) – Desmond (33).
e) seu (34) – do cien�sta (35).
GR0616 - (Ufrgs)
A variação linguís�ca é uma realidade que, embora
razoavelmente (2) bem estudada pela sociolinguís�ca,
pela dialetologia e pela linguís�ca histórica, provoca, em
geral, (4) reações sociais muito nega�vas. O senso
comum tem escassa percepção de que a língua é um
fenômeno heterogêneo, que alberga grande variação e
está em mudança con�nua. Por isso, costuma folclorizar
a variação regional; demoniza a variação social e tende a
interpretar as mudanças como sinais de deterioração da
língua. O senso comum não se dá bem com a variação
linguís�ca e chega (14), muitas vezes, (15) a explosões de
ira e a gestos de grande violência simbólica diante de
fatos de variação.
Boa parte de uma educação de qualidade tem a ver
precisamente com o ensino de língua – um ensino que
garanta o domínio das prá�cas socioculturais de leitura,
escrita e fala nos espaços públicos. E esse domínio inclui
o das variedades linguís�cas historicamente iden�ficadas
como as mais próprias a essas prá�cas – isto é, as
variedades escritas e faladas que devem ser iden�ficadas
como cons�tu�vas da chamada norma culta. Isso
pressupõe, inclusive (27), uma ampla discussão sobre o
próprio conceito de norma culta e suas efe�vas
caracterís�cas (29) no Brasil contemporâneo.
Parece claro hoje que o domínio dessas variedades
caminha junto com o domínio das respec�vas prá�cas
socioculturais. Parece claro também, por outro lado, que
não se trata apenas de desenvolver uma pedagogia que
garanta o domínio das prá�cas socioculturais e das
respec�vas variedades linguís�cas. Considerando o grau
de rejeição social das variedades ditas populares, parece
que o que nos desafia é a construção de toda uma
cultura escolar aberta à crí�ca da discriminação pela
língua e preparada para combatê-la, o que pressupõe
uma adequada compreensão da heterogeneidade
linguís�ca do país, sua história social e suas
caracterís�cas atuais. Essa compreensão deve alcançar,
em primeiro lugar, os próprios educadores e, em seguida,
os educandos.
Como fazer isso? Como garan�r a disseminação dessa
cultura na escola e pela escola, considerando que a
sociedade em que essa escola existe não reconhece sua
cara linguís�ca e não só só discrimina impunemente pela
língua, como dá sustento explícito a esse �po de
discriminação? Em suma, como construir uma pedagogia
da variação linguís�ca?
(Adaptado de: ZILLES, A. M; FARACO, C. A. Apresentação.
In: ZILLES, A. M; FARACO, C. A, orgs., Pedagogia da
variação linguís�ca: língua, diversidade e ensino. São
Paulo: Parábola, 2015.)
 
Considere as seguintes propostas de alteração da ordem
de elementos adverbiais do texto.
I. Deslocamento de , em geral, (4) para imediatamente
antes de razoavelmente (2).
II. Deslocamento de , muitas vezes, (15) para
imediatamente antes de chega (14).
III. Deslocamento de inclusive (27), precedido de vírgula,
para imediatamente depois de caracterís�cas (29).
 
3@professorferretto @prof_ferretto
Quais propostas estão corretas e preservam o sen�do do
texto?
a) Apenas I.
b) Apenas II.
c) Apenas I e III.
d) Apenas II e III.
e) I, II e III.
GR0621 - (Uff)
Nunca esteve tão bom para nós, mulheres (7). Nem tão
di�cil.
Os salários não são iguais, as creches con�nuam
insuficientes (9), o sexo é uma confusão total entre o agir
e o sen�r (16), o trabalho é complicadíssimo em termos
psíquicos para a mulher (10): fonte de culpa e medos.
Nunca foi tão di�cil. Muito está colocado, mas tudo está
por fazer (14). Esta é uma hora para se parar e pensar
(12). Pensar pelo que brigamos até agora, o que
conseguimos, onde fomos usadas pelo sistema, o que
deu errado, o que fazer de agora em diante. Sinto que
existe todo um trabalho a ser feito de conscien�zação
feminina — pois o que se passa no Piauí não é o mesmo
das grandes capitais (8) — já que as lutas não serão
primordialmente mais no nível do “queremos”,
“exigimos”, das passeatas, mas da prá�ca do obter e do
ser. É uma luta mais in�mista de um lado, fora dos jornais
(11), mais difusa na realidade (15).
A luta de base, de formiguinha, onde o
confrontamento não será mais com a polícia e o governo
somente, mas basicamente com os companheiros de
trabalho, amigos e marido (13).
SUPLICY, Marta. Reflexões sobre o co�diano. Rio Janeiro:
Espaço e Tempo, 1986. p. 124-5.
 
No trecho abaixo, o termo destacado tem função
anafórica, já que retoma elemento anteriormente
expresso.
“A luta de base, de formiguinha, onde o confronto não
será mais com a polícia e o governo somente, mas
basicamente com os companheiros de trabalho, amigos e
marido.” (13)
 
Assinale a opção que apresenta o elemento
anteriormente expresso:
a) Confronto.
b) Formiguinha.
c) Luta.
d) Polícia.
e) Passeatas.
GR0622 - (Uff)
Acompanho com assombro o que andam dizendo
sobre os primeiros 500 anos do brasileiro (6). Concordo
com todas as opiniões emi�das e com as minhas em
primeiríssimo lugar. Tenho para mim que há dois
referenciais literários para nos definir. De um lado, o
produto daquilo que Gilberto Freyre chamou de casa-
grande e senzala (3), o homem miscigenado, potente e
tendendo a ser feliz. De outro, o Macunaíma, herói sem
nenhuma definição, ou sem nenhum caráter (4) – como
queria o próprio Mário de Andrade.
Fomos e seremos assim, em nossa essência, embora
as circunstâncias mudem e nós mudemos com elas (8).
Retomando a imagem literária, citemos a Capitu menina
– e teremos como sempre a intervenção soberana deMachado de Assis.
Um rapaz da plateia me perguntou onde ficaria o
homem de Guimarães Rosa – outra coordenada que nos
ajuda a definir o brasileiro (5). Evidente que o universo de
Rosa é sobretudo verbal, mas o homem é causa e efeito
do verbo. Por isso mesmo, o personagem rosiano tem a
ver com o homem de Gilberto Freyre e de Mário de
Andrade. É um refugo consciente da casa-grande e da
senzala, o opositor de uma e de outra, criando a sua
própria vereda mas sem esquecer o ressen�mento social
do qual se afastou e contra o qual procura lutar (7).
É também macunaímico, pois sem definição
catalogada na escala de valores culturais oriundos de sua
formação racial. Nem por acaso um dos personagens
mais importantes do mundo de Rosa é uma mulher que
se faz passar por jagunço. Ou seja, um herói – ou heroína
– sem nenhum caráter.
Tomando Gilberto Freyre como a linha ver�cal e
Mário de Andrade como a linha horizontal de um ângulo
reto, teríamos Guimarães Rosa como a hipotenusa
fechando o triângulo (1). A imagem geométrica pode ser
forçada, mas foi a que me veio na hora – e acho que fui
entendido (2).
CONY, Carlos Heitor. Folha Ilustrada, 5º Caderno, São
Paulo, 21/04/2000, p.12.
 
“Fomos e seremos assim, em nossa essência, embora as
circunstâncias mudem e nós mudemos com elas.” (8).
Assinale a opção em que, ao reescrever-se o fragmento
acima, subs�tuiu-se o conec�vo destacado por outro de
valor condicional, fazendo-se alterações aceitáveis.
4@professorferretto @prof_ferretto
a) Fomos e seremos assim em nossa essência, porque as
circunstâncias mudaram e nós mudamos com elas.
b) Fomos e seremos assim em nossa essência, enquanto
as circunstâncias mudarem e nós mudarmos com elas.
c) Éramos e somos assim em nossa essência, à medida
que as circunstâncias mudaram e nós mudamos com
elas.
d) Teríamos sido e seríamos assim em nossa essência, se
as circunstâncias mudassem e nós mudássemos com
elas.
e) Temos sido e somos assim em nossa essência,
conforme as circunstâncias têm mudado e nós temos
mudado com elas.
GR0623 - (Uff)
Acompanho com assombro o que andam dizendo
sobre os primeiros 500 anos do brasileiro (6). Concordo
com todas as opiniões emi�das e com as minhas em
primeiríssimo lugar. Tenho para mim que há dois
referenciais literários para nos definir. De um lado, o
produto daquilo que Gilberto Freyre chamou de casa-
grande e senzala (3), o homem miscigenado, potente e
tendendo a ser feliz. De outro, o Macunaíma, herói sem
nenhuma definição, ou sem nenhum caráter (4) – como
queria o próprio Mário de Andrade.
Fomos e seremos assim, em nossa essência, embora
as circunstâncias mudem e nós mudemos com elas (8).
Retomando a imagem literária, citemos a Capitu menina
– e teremos como sempre a intervenção soberana de
Machado de Assis.
Um rapaz da plateia me perguntou onde ficaria o
homem de Guimarães Rosa – outra coordenada que nos
ajuda a definir o brasileiro (5). Evidente que o universo de
Rosa é sobretudo verbal, mas o homem é causa e efeito
do verbo. Por isso mesmo, o personagem rosiano tem a
ver com o homem de Gilberto Freyre e de Mário de
Andrade. É um refugo consciente da casa-grande e da
senzala, o opositor de uma e de outra, criando a sua
própria vereda mas sem esquecer o ressen�mento social
do qual se afastou e contra o qual procura lutar (7).
É também macunaímico, pois sem definição
catalogada na escala de valores culturais oriundos de sua
formação racial. Nem por acaso um dos personagens
mais importantes do mundo de Rosa é uma mulher que
se faz passar por jagunço. Ou seja, um herói – ou heroína
– sem nenhum caráter.
Tomando Gilberto Freyre como a linha ver�cal e
Mário de Andrade como a linha horizontal de um ângulo
reto, teríamos Guimarães Rosa como a hipotenusa
fechando o triângulo (1). A imagem geométrica pode ser
forçada, mas foi a que me veio na hora – e acho que fui
entendido (2).
CONY, Carlos Heitor. Folha Ilustrada, 5º Caderno, São
Paulo, 21/04/2000, p.12.
 
Assinale a opção em que o pronome destacado
estabelece uma referência a elemento anteriormente
expresso no texto:
a) “Mas foi a que me veio na hora – e acho que fui
entendido.” (2)
b) “De um lado, o produto daquilo que Gilberto Freyre
chamou de casa-grande e senzala,” (3)
c) “De outro, o Macunaíma, herói sem
nenhuma definição, ou sem nenhum caráter” (4)
d) “Um rapaz da plateia me perguntou onde ficaria o
homem de Guimarães Rosa – outra coordenada que
nos ajuda a definir o brasileiro”. (5)
e) “Acompanho com assombro o que andam dizendo
sobre os primeiros 500 anos do brasileiro.” (6)
GR0625 - (Ufscar)
Na minha opinião, existe no Brasil, em permanente
funcionamento, não fechando nem para o almoço, uma
Central Geral de Maracutaia. Não é possível que não
exista. E, com toda a certeza, é uma das organizações
mais perfeitas já cons�tuídas, uma contribuição
ines�mável do nosso país ao patrimônio da raça humana.
Nada de novo é implantado sem que surja no mesmo
instante, às vezes sem intervalo visível, imediatamente
mesmo, um esquema bem montado para fraudar o que
lá seja que tenha sido criado. [...] Exemplo mais recente
ocorreu em São Paulo, mas podia ser em qualquer outra
cidade do país, porque a CGM é onipresente, não deixa
passar nada, nem discrimina ninguém. Segundo me
contam aqui, a prefeitura de São Paulo agora fornece
caixão e enterro gratuitos para os doadores de órgãos,
certamente os mais pobres. Basta que a família do morto
prove que ele doou pelo menos um órgão, para receber o
bene�cio. Mas claro, é isso mesmo, você adivinhou, ser
brasileiro é meramente uma questão de prá�ca. Surgiram
indivíduos ou organizações que, mediante uma módica
contraprestação pecuniária, fornecem documentação
falsa, “provando” que o defunto doou órgãos, para que o
caixão e o enterro sejam pagos com dinheiro público.
(João Ubaldo Ribeiro. O Estado de S.Paulo, 18.09.2005.)
 
Assinale a alterna�va em que a subs�tuição das palavras
destacadas mantém o mesmo sen�do original do trecho:
Exemplo mais recente ocorreu em São Paulo, mas podia
ser em qualquer outra cidade do país, porque a CGM é
onipresente.
5@professorferretto @prof_ferretto
a) Exemplo mais recente ocorreu em São Paulo, no
entanto podia ser em qualquer outra cidade do país,
uma vez que a CGM é onipresente.
b) Exemplo mais recente ocorreu em São Paulo, pois
podia ser em qualquer outra cidade do país, já que a
CGM é onipresente.
c) Exemplo mais recente ocorreu em São Paulo, podia,
pois, ser em qualquer outra cidade do país, visto que a
CGM é onipresente.
d) Exemplo mais recente ocorreu em São Paulo, podia,
pois, ser em qualquer outra cidade do país, visto que a
CGM é onipresente.
e) Exemplo mais recente ocorreu em São Paulo, já que
podia ser em qualquer outra cidade do país, à medida
que a CGM é onipresente.
GR0628 - (Ufpr)
A fronteira tênue entre heróis e vilões
O conceito de herói está profundamente ligado à
cultura que o criou e a quando foi criado, o que significa
que ele4 varia muito de lugar para lugar e de época para
época. Mesmo assim, a figura do herói aparece nas mais
diversas sociedades e eras, sempre atendendo a critérios
morais e desejos em comum de determinado povo.
Apesar do protagonismo do herói, o que seria dele se
não houvesse um vilão? Nas narra�vas, o vilão costuma
ser o antagonista1. Os vilões representam aquilo que é
errado, injusto, que foge à moral defendida pelo herói.
Por não carregar o protagonismo das histórias, o vilão
costuma ser um personagem sem profundidade, sem
dilemas, sem uma história que nos explique o porquê de
suas ações. E isso reforça sua vilania.
Conhecer a história de alguém é um processo
humanizador, capaz até de revogar2 a alcunha3 de vilão e
conferir ao personagem o �tulo de herói, ou só de uma
pessoa comum que tem seus5 defeitos e qualidades.
Assim, uma maneira de fabricar vilões é não deixar suas6
histórias serem contadas, é criar uma imagem sobre
esses personagens e mantê-los em silêncio.
MIRANDA, Lucas Mascarenhas de. A fronteira tênue
entre heróis e vilões. Ciência hoje, Rio de Janeiro, 21 nov.
2021. Disponível em: h�ps://cienciahoje.org.br/ar�go/a-fronteira-tenue-entre-herois-e-viloes/. Adaptado.
 
Assinale a alterna�va que contém os elementos a que
apontam, respec�vamente, os termos “ele” (ref. 4),
“seus” (ref. 5) e “suas” (ref. 6), destacados no texto.
a) conceito de herói, pessoa comum, qualidades.
b) herói, personagem, maneira.
c) conceito de herói, pessoa comum, vilões.
d) herói, personagem, vilões.
e) conceito de herói, personagem, maneira.
GR0629 - (Ufpr)
Da Violência
Hannah Arendt
Estas reflexões foram causa das pelos eventos e
debates dos úl�mos anos comparados com o
background2 do século vinte, que se tornou realmente,
como Lênin �nha previsto, um século de guerras e
revoluções; um século daquela violência que5 se acredita
comumente ser o denominador comum destas guerras e
revoluções. Há, todavia, um outro fator na situação atual
que, embora8 não previsto por ninguém, é pelo menos
de igual importância. O desenvolvimento técnico dos
implementos da violência chegou a tal ponto que
nenhum obje�vo polí�co concebível poderia
corresponder ao seu potencial destru�vo, ou jus�ficar
seu uso efe�vo num conflito armado. Assim6, a arte da
guerra1 – desde tempos imemoriais o impiedoso árbitro
final em disputas internacionais – perdeu muito de sua
eficácia e quase todo seu fascínio. O “apocalíp�co”3 jogo
de xadrez entre as superpotências, ou seja7, entre os que
manobram no plano mais alto de nossa civilização, está
sendo jogado segundo a regra “se qualquer um ‘ganhar’ é
o fim de ambos”; é um embate sem qualquer
semelhança com os outros embates militares
precedentes. Seu obje�vo “racional”4 é in�midação e
não vitória, e a corrida armamen�sta, já não9 sendo uma
preparação para a guerra, só pode ser jus�ficada agora
pela ideia de que quanto mais in�midação houver maior
é a garan�a de paz.
Extraído e adaptado de: Arendt, H. Crises da República.
SP: Perspec�va, 2017.
 
Acerca dos relatores de coesão presentes no texto,
assinale a alterna�va correta.
6@professorferretto @prof_ferretto
a) O termo grifado em “um século daquela violência que
se acredita” (ref. 5) é conjunção integrante com valor
adi�vo.
b) O vocábulo “assim” (ref. 6) tem valor adversa�vo, de
oposição ao período precedente.
c) A locução “ou seja” (ref. 7) tem o mesmo valor
semân�co de “quer seja”.
d) O valor semân�co de “embora” (ref. 8) corresponde a
“por mais que”.
e) A locução “já não” (ref. 9) tem valor concessivo
equivalente a “ainda que”.
GR0635 - (Uema)
TEXTO I
Por qualquer modo que encaremos a escravidão, ela
é, e sempre será um grande mal. Dela a decadência do
comércio; porque o comércio, e a lavoura caminham de
mãos dadas, e o escravo não pode fazer florescer a
lavoura; porque o seu trabalho é forçado. Ele não tem
futuro; o seu trabalho não é indenizado; ainda dela nos
vem o opróbrio, a vergonha; porque de fronte al�va e
desassombrada não podemos encarar as nações livres;
por isso que o es�gma da escravidão, pelo cruzamento
das raças, estampa-se na fronte de todos nós. Embalde
procurará um dentro nós convencer ao estrangeiro que
em suas veias não gira uma só gota de sangue escravo...
E depois, o caráter que nos imprime, e nos
envergonha!
O escravo é olhado por todos como ví�ma – e o é.
REIS, Maria Firmina dos. A escrava.
h�ps://www.letras.ufmg.br/literafro.
 
TEXTO II
E Lentz via por toda parte o homem branco
apossando-se resolutamente da terra e expulsando
defini�vamente o homem moreno que ali se gerara. E
Lentz sorria com orgulho na perspec�va da vitória e do
domínio de sua raça. Um desdém pelo mulato, em que
ele exprimia o seu desprezo pela languidez, pela
fatuidade e fragilidade deste, turvou-lhe a visão radiosa
que a natureza do país lhe imprimira no espírito. Tudo
nele era agora um sonho de grandeza e triunfo.
ARANHA, Graça (1868-1931). Canaã. 3 ed. São Paulo:
Mar�ns Claret, 2013.
 
Em relação à coesão textual dos textos I e II, é correto
afirmar que, no texto
a) II, o vocábulo “deste” retoma desdém.
b) I, o catafórico “por isso” anuncia a expressão “pelo
Cruzamento das raças”.
c) II, o pronome “lhe” é um termo catafórico de “país”.
d) I, a contração “dela” retoma a palavra “escravidão”.
e) I, o pronome em “Ele não tem futuro” é o anafórico de
“futuro”.
GR0641 - (Uece)
O Bicho
(Manuel Bandeira)
Vi ontem (06) um (04) bicho (01)
Na imundície do pá�o
Catando comida entre os detritos.
 
Quando achava (02) alguma coisa,
Não examinava (03) nem cheirava:
Engolia com voracidade.
 
O (05) bicho não era um cão,
Não era um gato,
Não era um rato.
 
O bicho, meu Deus, era um homem. (07)
BANDEIRA, Manuel. Poesias completas. 4. ed. Rio de
Janeiro: José Olympio, 1986.
 
O poema acima apresenta elementos linguís�cos de
coesão que contribuem para ar�culação do sen�do entre
suas partes. Baseado nesta ideia, é correto dizer que
a) se retoma o elemento bicho (01), através da
referenciação catafórica por meio da elipse, que está
indicada na forma verbal presente no enunciado
“Quando achava (02) alguma coisa”.
b) pelas desinências empregadas no verbo examinava
(03), é possível fazer um movimento retrospec�vo
para recuperar o termo que está elíp�co, no caso, o
pronome eu.
c) O uso dos ar�gos indefinido em um bicho (04) e
definido em o bicho (05) serve para mostrar que, no
primeiro caso, a visão do enunciador é a de um bicho,
que ainda está por se definir; e, no segundo caso, a
visão é a de que já se conhece qual é o bicho a que se
está referindo.
d) O advérbio ontem (06) faz referência a um tempo
posterior ao do momento em que o enunciador do
poema relata o fato.
GR0643 - (Uece)
[...] Uma noite de inverno, gelada e nevoenta, cercava
a criaturinha (25). Silêncio completo, nenhum sinal de
7@professorferretto @prof_ferretto
vida nos arredores. O galo velho não cantava no poleiro,
nem Fabiano roncava na cama de varas. Estes sons (35)
não interessavam Baleia (31), mas quando o galo ba�a as
asas e Fabiano (33) se virava, emanações familiares
revelavam-lhe a presença deles (30) (34). Agora parecia
que a fazenda se �nha despovoado.
Baleia respirava depressa, a boca aberta, os queixos
desgovernados, a língua pendente e insensível. Não sabia
o que �nha sucedido. O estrondo, a pancada que
recebera no quarto e a viagem di�cil no barreiro ao fim
do pá�o desvaneciam-se no seu espírito (32).
Provavelmente estava na cozinha, entre as pedras que
serviam de trempe. Antes de se deitar, sinhá Vitória
re�rava dali os carvões e a cinza, varria com um molho de
vassourinha o chão queimado, e aquilo ficava um bom
lugar para cachorro descansar. O calor afugentava as
pulgas, a terra se amaciava. E, findos os cochilos,
numerosos preás corriam e saltavam, um formigueiro de
preás invadia a cozinha.
A tremura subia, deixava a barriga e chegava ao peito
de Baleia. Do outro peito para trás era tudo
insensibilidade e esquecimento. Mas o resto do corpo se
arrepiava, espinhos de mandacaru penetravam na carne
meio comida pela doença.
Baleia encostava a cabecinha (26) fa�gada na pedra. A
pedra estava fria, certamente sinhá Vitória (29) �nha
deixado o fogo apagar-se muito cedo.
Baleia queria dormir. Acordaria feliz, num mundo
cheio de preás (27). E lamberia as mãos de Fabiano, um
Fabiano enorme. As crianças se espojariam com ela (28),
rolariam com ela num pá�o enorme, num chiqueiro
enorme. O mundo ficaria todo cheio de preás, gordos,
enormes.
RAMOS, Graciliano. Vidas secas, 82ª ed. Rio de Janeiro:
Record, 2001. p. 85-91.
 
Os pronomes servem para criar uma cadeia de referência
a elementos que são retomados ao longo do texto.
Aplicando esta ideia ao excerto do romance de Vidas
Secas, é correto afirmar que
a) em “As crianças se espojariam com ela” (28), o
pronome ela se refere à sinhá Vitória (29), mãe das
crianças.
b) no trecho “[...] emanações familiares revelavam-lhe a
presença deles” (30), o uso do pronome lhe faz
referência à Baleia (31).
c) no enunciado “O estrondo, a pancada que recebera no
quarto e a viagem di�cil no barreiro ao fim do pá�o
desvaneciam-se no seu espírito” (32), o pronome seu
está se referindo a Fabiano (33).
d) a forma pronominal deles (34) retoma a expressãoestes sons (35).
GR0645 - (Uece)
Poluição das águas con�nentais
A poluição das águas con�nentais, principalmente nos
grandes centros urbanos, é cada vez mais alarmante.
As perspec�vas futuras para as águas con�nentais são
bastante nega�vas. Muitos são os estudos que buscam
contemplar informações sobre a quan�dade e qualidade
da água disponível. A ONU (Organização das Nações
Unidas) elaborou uma série de estudos para obter um
parecer concreto da real situação no quadro hídrico do
planeta e ficou comprovado que, com o passar do tempo,
o comprome�mento das águas para o consumo humano,
para a manutenção de animais e para a irrigação na
agricultura ocorre de forma crescente.
Atualmente, vários fatores e seguimentos dis�ntos
contribuem para o processo de escassez desse recurso
indispensável a todo ser vivo, dentre os principais estão:
a a�vidade industrial, que u�liza os rios para escoar os
seus rejeitos; as mineradoras; a agricultura, que faz uso
de diversos insumos agrícolas (fer�lizantes, inse�cidas,
herbicidas e etc.), com intuito de aumentar a produção, a
fim de atender o mercado externo, ou seja, exportação;
entre outros.
Uma parte dos insumos agrícolas é levada pela
enxurrada da chuva, que chega a rios e córregos(04),
inserindo várias substâncias tóxicas. Essas mesmas
substâncias são absorvidas pelo solo e a�ngem o lençol
freá�co(01).
Das substâncias comumente encontradas como
agentes poluidores estão: restos de petróleo e derivados,
chumbo, mercúrio e metais pesados, que são largamente
usados em indústrias e na extração de minérios.
Outro centro de difusão de poluição são os centros
urbanos, que, diariamente, em todo o planeta e,
principalmente nos países pobres(12), lançam esgotos
domés�cos sem nenhum �po de tratamento(11). O
esgoto a�nge rios e córregos(05), além do lençol
freá�co(02) (14), que estão nas proximidades das
cidades(06) (13). Isso acontece em vários lugares, no
entanto, a incidência é mais comum em pequenas
cidades que não possuem centros de tratamento do
esgoto domés�co.
O desmatamento é um fator direto que agrava a
questão da escassez da água, uma vez que ao re�rar a
cobertura vegetal para a ocupação urbana ou rural, o
solo fica exposto à água da chuva e vento. Com isso, o
solo vai sendo depositado nos mananciais, provocando o
assoreamento dos rios, esse processo promove
mudanças climá�cas e compromete a vida aquá�ca.
Os garimpos, que têm suas a�vidades às margens de
rios(10), provocam a dispersão de minerais pesados(09),
como o mercúrio, poluindo as águas que são consumidas
por comunidades.
8@professorferretto @prof_ferretto
Os portos realizam limpeza de cinco em cinco anos,
jogando uma imensa quan�dade de dejetos; os aterros
sanitários(07) são grandes agentes poluidores de águas,
principalmente do lençol freá�co(03), pois milhões de
toneladas de lixo acumulados liberam um líquido(16)
(chorume) que é absorvido pelo solo e a�nge as reservas
subterrâneas de água(08) (15).
Adaptado de FREITAS, Eduardo de. Poluição de Águas
Con�nentais. Brasil Escola. Disponível em:
. Acesso em: 20 de maio de
2019.
 
O autor u�liza o termo “lençol freá�co” em alguns
trechos do texto 1 (01) (02) (03). No entanto, ele o
subs�tui em determinada parte. A expressão que
subs�tui “lençol freá�co” é
a) “rios e córregos” (04) e (05).
b) “proximidades das cidades” (06).
c) “aterros sanitários” (07).
d) “reservas subterrâneas de água” (08).
GR0650 - (Ifal)
E, num fiapo de tempo, bem menor do que aquele em
que um es�lhaço de estrela resvala no céu escuro e cego,
a raposa conheceu a morte, algo atordoador e fulgente
que só poderia ser a morte, caso esta exis�sse em toda a
sua absurda plenitude e dura magnificência, e não fosse
apenas uma ficção ou um ponto de referência dos vivos
deixados repen�namente de amar e odiar, demi�dos de
súbito de sua grandeza e miséria. Era a morte que,
incandescente e perversa, a alcançava, alterando a sua
inconfundível beleza animal, tumultuando-lhe o sangue,
destruindo a sua ardente harmonia de movimentos,
tornando vítrea a sua visão da manhã cristalina e
fantasmagórica.
Desfigurada pelos golpes que os homens lhe haviam
vibrado, ela ficou jazendo durante mais de uma hora
sobre as pedras da rua. Era um montão de carnes e pelos
informes e ensanguentados, e em torno dela se revezava
um círculo de curiosos, cambiando os comentários mais
variados. Quando o dia já clareava por completo, uma
carroça de lixo parou perto do ajuntamento, e o cadáver
da raposa foi jogado entre os monturos.
IVO, Lêdo. Ninho de cobras: uma história mal contada.
Maceió: Imprensa Oficial Graciliano Ramos, 2015. p. 21-
22.
 
Considerando as relações de coesão referencial
estabelecidas pelos pronomes no excerto de Ninho de
cobras, marque a opção que aponta uma leitura
EQUIVOCADA dessas relações.
a) “... algo atordoador e fulgente que só poderia ser a
morte...” / que = “algo”.
b) “... demi�dos de súbito de sua grandeza e miséria...” /
sua = “os vivos”.
c) “Era a morte que, incandescente e perversa, a
alcançava...” / a = “a raposa”.
d) “... e em torno dela se revezava um círculo de
curiosos...” / dela = “ela” (“a raposa”).
e) “que os homens lhe haviam vibrado, ela ficou
jazendo...” / lhe = “golpes”.
GR0656 - (Uece)
Fita métrica do amor
Como se mede uma pessoa? Os tamanhos variam
conforme o grau de envolvimento. Ela é enorme pra você
quando fala do que leu e viveu, quando trata você com
carinho e respeito, quando olha nos olhos e sorri
destravado. É pequena pra você quando só pensa em si
mesmo, quando se comporta de uma maneira pouco
gen�l, quando fracassa justamente no momento em que
teria que demonstrar o que há de mais importante entre
duas pessoas: a amizade.
Uma pessoa é gigante pra você quando se interessa
pela sua vida(18), quando busca alterna�vas para o seu
crescimento, quando sonha junto. É pequena quando
desvia do assunto.
Uma pessoa é grande quando perdoa, quando
compreende, quando se coloca no lugar do outro,
quando age não de acordo com o que esperam dela, mas
de acordo com o que espera de si mesma(22). Uma
pessoa é pequena quando se deixa reger por
comportamentos clichês.
Uma mesma pessoa pode aparentar grandeza ou
miudeza dentro de um relacionamento(19), pode crescer
ou decrescer num espaço de poucas semanas: será ela
que mudou ou será que o amor é traiçoeiro nas suas
medições? Uma decepção pode diminuir o tamanho de
um amor que parecia ser grande. Uma ausência pode
aumentar o tamanho de um amor que parecia ser ínfimo.
(20)
É di�cil conviver com esta elas�cidade: as pessoas se
agigantam e se encolhem aos nossos olhos. Nosso
julgamento é feito não através de cen�metros e metros,
mas de ações e reações, de expecta�vas e frustrações.
Uma pessoa é única ao estender a mão, e ao recolhê-la
inesperadamente, se orna mais uma. O egoísmo unifica
os insignificantes.
Não é a altura, nem o peso, nem os músculos que
tornam uma pessoa grande. É a sua sensibilidade sem
tamanho. (21)
MEDEIROS, Martha. Non-stop: crônicas do co�diano. Rio
de Janeiro: L&PM Editores. 2001.
 
9@professorferretto @prof_ferretto
No trecho “Uma pessoa é grande quando perdoa [...],
quando age não de acordo com o que esperam dela, mas
de acordo com o que espera de si mesma” (22), o termo
“pessoa”, nas expressões destacadas do trecho acima, é
retomado por meio de alguns recursos coesivos, a saber:
a) Elipse, pronome pessoal do caso reto e pronome
pessoal do caso oblíquo.
b) Pronome pessoal do caso oblíquo, elipse e pronome
pessoal do caso oblíquo.
c) Elipse, pronome pessoal do caso oblíquo e pronome
pessoal do caso oblíquo.
d) Pronome pessoal do caso oblíquo, elipse e pronome
pessoal do caso reto.
GR0657 - (Uece)
A imigrante italiana que se formou em nutrição aos 87
anos escreveu o TCC inteiro à mão
Os cabelos brancos de Luísa Valencic Ficara
contrastaram com a juventude(19) dos colegas durante
sua(18) formatura. Nascida na Itália(25), Luísa imigrou
para a América do Sul durante a Segunda Guerra
Mundial, viveu em três paísessul-americanos e se
estabeleceu em Jundiaí, no interior de São Paulo(26). Aos
87 anos, ela acaba de se formar em nutrição.
Dona Luísa, como é conhecida, vive na cidade(24) há
40 anos. Após o falecimento do marido e de sua irmã, ela
decidiu voltar a estudar para se mante ocupada. Foi
assim que surgiu a ideia de se matricular no curso de
nutrição do Centro Universitário Padre Anchieta. A
graduação(21) foi concluída após seis anos de estudos,
com um TCC sobre a cana-de-açúcar no Brasil. Segundo
informações do Grupo Anchieta(23), todo o trabalho(20)
foi escrito à mão. Colegas, professores e funcionários da
ins�tuição(22) ajudaram com a parte da digitação,
configuração e impressão do trabalho, para apoiar Dona
Luísa.
Mas a graduação não é o limite para a idosa. Ela, que
também frequenta aulas de alemão, inglês e francês, já
está pensando em ingressar em um curso de pós-
graduação para con�nuar estudando, segundo contou ao
G1.
Disponível em: h�p://www.hypeness.com.br/2017/09/a-
imigrante-italiana-que-se-formou-em-nutricao-aos-87-
anos-escreveu-o-tcc-inteiro-a-mao/. Acesso em: 23 set.
2017.
 
A no�cia acima apresenta elementos coesivos que
ajudam na “costura” temá�ca do texto. A par�r dessa
ideia, é correto asseverar que
a) o pronome “sua” (18) se relaciona à “juventude” (19).
b) “todo o trabalho” (20) retoma “graduação” (21).
c) “ins�tuição” (22) subs�tui “Grupo Anchieta” (23).
d) “cidade” (24) refere-se à “Itália” (25).
GR0659 - (Esc. Naval)
Não, os livros não vão acabar
Não sei se é a próxima chegada da Amazon ao Brasil
ou a profecia maia do fim do mundo, mas o fato é que
nunca vi tanta gente preocupada com o fim do livro. São
estudantes que me escrevem mo�vados por pesquisas
escolares, organizadores de eventos literários que me
pedem palestras, leitores que manifestam sua apreensão.
Em alguns casos, percebo uma espécie perversa de
prazer apocalíp�co, mas logo desaponto quem quer ver o
mar pegando fogo para comer camarão cozido: é que
absolutamente não acredito que o livro vai acabar.
Tenho escrito reiteradas vezes sobre o assunto; estou,
aliás, numa posição bastante confortável para fazê-lo.
Gosto igualmente de livros e de tecnologia, e seria a
primeira a abraçar meus dois amores reunidos num só
objeto; mas embora o Kindle e os vários pads tenham o
seu valor como readers, os livros em papel não estão tão
próximos da ex�nção quanto, digamos, o �gre de
Sumatra.
Para começo de conversa, é preciso lembrar que o
negócio das editoras não é vender papel, mas sim vender
histórias. O papel é apenas o suporte para os seus
produtos. Aos poucos, em alguns casos, ele tende a ser
mesmo subs�tuído pelos tablets. Não dou vida longa aos
livros de referência em papel. Estes funcionam melhor, e
podem ser mais facilmente atualizados, em forma
eletrônica. O caso clássico é o da Enciclopédia Britannica,
cujos editores anunciaram, no começo do ano, que a
edição corrente, de 2010, seria a úl�ma impressa,
marcando o fim de 244 anos de uma bela - e volumosa -
história em papel.
Embora quase todos os conjuntos de folhas impressas
reunidos entre duas capas recebam o mesmo nome de
livro, nem todos exercem a mesma função. Há livros e
livros. Um manual técnico é um animal completamente
diferente de um romance; um livro escolar não guarda
nenhuma semelhança com uni livro de arte; uma
antologia poé�ca e um guia de viagem são produtos que
só têm em comum o fato de serem vendidos no mesmo
lugar.
Há livros que só funcionam em papel. É o caso dos
livros que os povos angloparlantes denominam coffee
table books, "livros de mesinha de centro" - aqueles
livrões bonitos, em formato grande, cheios de ilustrações
e muito incómodos de ler no colo, impossíveis de levar
para a cama. Estes são objetos que se destacam pelo
tamanho, pela qualidade de impressão, pela vista que
10@professorferretto @prof_ferretto
fazem. Quem quer ver um livro desses num tablet? Quem
quer presentear um desses em e-formato?
Há também os grandes clássicos, os romances que
todos amamos e queremos ter ao alcance da mão. Esses
são aqueles livros que, em geral, lemos pela primeira vez
em formato de bolso, mas aos quais nos apegamos tanto
que, não raro, acabamos comprando uma segunda
edição, mais bonita, para nos fazer companhia pelo resto
da vida.
Isso explica as lindas edições que a Zahar, por
exemplo, tem feito de obras que já encantaram várias
gerações, como "Peter Pan", "Os três mosqueteiros" ou
"Vinte mil léguas submarinas": livros lindos de se ver e de
se pegar, cujo esmero �sico complementa a edição
caprichada. Ganhar de presente um livro desses é uma
alegria que não se tem com um vale para uma compra
eletrônica.
Fica a dica, aliás, já que o Natal vem aí.
Há prazeres e sensações que só tem com o papel.
Gosto de perceber o tamanho de um livro à primeira
vista. Um tablet pode me informar quantas páginas um
volume tem, mas essa informação é abstrata. Saber que
um livro tem 500 páginas ou ver que um livro tem 500
páginas são coisas diferentes. Gosto também de folhear
um livro e de fazer uma espécie de leitura em diagonal
antes de me decidir pela compra. Isso é impossível de
fazer com ebooks.
Sem falar, é claro, do cheiro inigualável dos livros em
papel.
RONAI, Cora. Jornal O Globo, Economia, 12 nov. 2012.
 
Em que opção a autora empregou o paralelismo?
a) “Não dou vida longa aos livros de referência em
Papel." (3º parágrafo).
b) “Sem falar, é claro, do cheiro inigualável dos livros em
papel." (9º parágrafo).
c) “Esses são aqueles livros que, em geral, lemos pela
primeira vez [...]." (6º parágrafo).
d) “Gosto igualmente de livros e de tecnologia, e seria a
primeira a abraçar [...]." (2º parágrafo).
e) “Em alguns casos, percebo uma espécie perversa de
prazer apocalíp�co [...]." (1º parágrafo).
GR0661 - (Fuvest)
A única frase em que se mantém o paralelismo entre os
elementos que a cons�tuem é:
a) Hoje, a flora e a fauna do Brasil con�nuam
desaparecendo, assim como a madeira está sendo
preservada em alguns jardins botânicos.
b) Quanto aos nossos recursos naturais, temos de
considerar o que estamos abandonando, destruindo e
sendo usurpados.
c) A grande questão é saber se a crise da indústria
jornalís�ca é estrutural, ou seja, mais profunda do que
podemos divisar e pode afetar a essência do
jornalismo, a credibilidade.
d) A biodiversidade é a base das a�vidades agrícolas,
pecuárias, pesqueiras e florestais e, também, da
estratégica indústria da biotecnologia.
e) As doenças estranhas são os pensamentos
sistema�camente dedicados a falar levianamente das
outras pessoas ou ao endeusamento do eu.
GR0662 - (Fuvest)
Cruz Costa foi meu professor e meu amigo. Era um
homem adorável, delicadíssimo, sempre de bom humor,
disfarçando as pesadas amarguras da vida por meio não
apenas de uma educação impecável, mas da ironia
irreverente. Convivemos muito e até fomos juntos ao
Uruguai para um curso de férias — ele sempre tratando o
an�go aluno com a maior solicitude.
Era informadíssimo, �nha uma cultura densa e
múl�pla, nascida da curiosidade por vários setores:
filosofia, sociologia, literatura, história. Filho único de
pais abastados, a sua formação foi a do gentleman* culto
que lê, observa, segue cursos aqui e fora, viaja, como
quem está se preparando interminavelmente para algo
que não sabe direito o que possa ser. Depois de ter
começado e largado o curso médico no decênio de 1920,
já �nha trinta anos quando este algo apareceu sob a
forma da Faculdade de Filosofia, Ciências e Letras da
Universidade de São Paulo. Cruz Costa foi o inscrito
número um e mais tarde o orador da primeira turma,
cujo ato de formatura sacudiu a classe média e os
intelectuais da São Paulo provinciana de1937, por causa
do discurso do paraninfo, Júlio de Mesquita Filho,
homem sem papas na língua, que fez reflexões
consideradas acintosas pelas faculdades tradicionais, pois
mostrava que a de Filosofia vinha inaugurar finalmente o
saber desinteressado, que não separa o ensino da
pesquisa e se torna fonte de novos saberes. O discurso
de Cruz Costa fere com mais discrição teclas parecidas,dizendo coisas como: “Era necessário, portanto, que o
nocivo regime individualista de autodidatas �vesse fim,
pois mostrava-se incapaz de cons�tuir base para a cultura
nacional”. Por isso, �nha dito antes, prefigurando a
própria carreira:
“A nossa missão, quaisquer que sejam os caminhos
que agora tenhamos de trilhar, está in�mamente ligada
aos des�nos da Universidade. Interessa-nos altamente a
11@professorferretto @prof_ferretto
sua existência e a sorte que lhe está reservada, porque o
seu des�no se confunde com o nosso.”
De fato, o rapaz meio diletante, que se orientava na
cultura segundo o capricho das veleidades, começava a
viver uma coisa nova no Brasil, para ele e para tantos
mais: a carreira no setor das Humanidades.
Antonio Candido, Recortes.
 
Considerado o contexto, contribuiria com o paralelismo
sintá�co do texto o acréscimo da expressão sublinhada,
no seguinte trecho do primeiro parágrafo:
a) “Cruz Costa foi meu professor e, mais além, meu
amigo” (L. 1).
b) “inclusive disfarçando as pesadas amarguras da vida”
(L. 3).
c) “mas também da ironia irreverente” (L. 4-5).
d) “Convivemos muito um com o outro e até fomos
juntos ao Uruguai” (L. 5-6).
e) “ele, aliás, sempre tratando o an�go aluno com a
maior solicitude” (L. 6-7).
GR0663 - (Famerp)
Uma noite destas, vindo da cidade para o Engenho
Novo, encontrei num trem da Central um rapaz aqui do
bairro, que eu conheço de vista e de chapéu.
Cumprimentou-me, sentou-se ao pé de mim, falou da lua
e dos ministros, e acabou recitando-me versos. A viagem
era curta, e os versos pode ser que não fossem
inteiramente maus. Sucedeu, porém, que, como eu
estava cansado, fechei os olhos três ou quatro vezes;
tanto bastou para que ele interrompesse a leitura e
metesse os versos no bolso.
– Con�nue, disse eu acordando.
– Já acabei, murmurou ele.
– São muito bonitos.
Vi-lhe fazer um gesto para �rá-los outra vez do bolso,
mas não passou do gesto; estava amuado. No dia
seguinte entrou a dizer de mim nomes feios, e acabou
alcunhando-me Dom Casmurro. Os vizinhos, que não
gostam dos meus hábitos reclusos e calados, deram curso
à alcunha, que afinal pegou. Nem por isso me zanguei.
[...]
Não consultes dicionários. Casmurro não está aqui no
sen�do que eles lhe dão, mas no que lhe pôs o vulgo de
homem calado e me�do consigo. Dom veio por ironia,
para atribuir-me fumos de fidalgo. Tudo por estar
cochilando! Também não achei melhor �tulo para a
minha narração; se não �ver outro daqui até o fim do
livro, vai este mesmo. O meu poeta do trem ficará
sabendo que não lhe guardo rancor. E com pequeno
esforço, sendo o �tulo seu, poderá cuidar que a obra é
sua. Há livros que apenas terão isso dos seus autores;
alguns nem tanto.
(Dom Casmurro, 2008.)
 
“um rapaz aqui do bairro, que eu conheço de vista e de
chapéu.”
Nessa frase, são associados dois substan�vos
seman�camente díspares: “vista” e “chapéu”. A quebra
de paralelismo semân�co provoca um curioso efeito de
es�lo. Entre as frases, re�radas de outro romance de
Machado de Assis, a que produz efeito de es�lo
semelhante é:
a) “Algum tempo hesitei se devia abrir estas memórias
pelo princípio ou pelo fim.”
b) “Já o leitor compreendeu que era a Razão que voltava
à casa, e convidava a Sandice a sair.”
c) “Um emplasto an�-hipocondríaco, des�nado a aliviar a
nossa melancólica humanidade.”
d) “A minha ideia, depois de tantas cabriolas, cons�tuíra-
se ideia fixa.”
e) “Marcela amou-me durante quinze meses e onze
contos de réis.”
GR0666 - (Espm)
Em um dos itens abaixo há falta de paralelismo na
construção da frase. Assinale-o:
a) Bebida alcoólica caseira causa intoxicação e mata 51
pessoas na Líbia.
b) Três policiais são acusados de desviar drogas e ligação
com traficantes internacionais.
c) Plano de saúde muda de nome e escapa de punição da
Agência Nacional de Saúde.
d) Problema técnico na PF afetou não só emissão de
passaportes, como também re�rada.
e) Exposição marca Dia Mundial da Água e incen�va
consumo consciente.
GR0667 - (Pucrs)
Publicado na Folha da Manhã de 14/10/1928 (man�da a
grafia original)
Com a aplicação (02) do cinematographo falante,
surgiu recentemente uma aguda polêmica sobre qual dos
meios de expressão é o melhor. O que (12) mais chamará
(07) a atenção do público: (11) as palavras ou as ações
dos ar�stas? Alguns insistem (03) em que os sons
provocam mais a curiosidade dos assistentes. Outros
acham (04) que a ação é a verdadeira essência do
cinematógrafo e (13) sendo (13) (08) a voz produto das
machinhas mecânicas, ella só serve para distrair a
atenção do público. (...)
(01). Muitos não duvidaram em prognos�car que as
películas de cores se generalizariam, chegando a serem
(09) tão comuns como as que hoje existem (05) (02).
12@professorferretto @prof_ferretto
Entretanto, não demorou em que fosse descoberto
(10) que a novidade da cor distraia a mente nas partes
mais culminantes do drama reflec�do na tela. Logo
depois, surgiu um systema de usar as côres unicamente
em certas passagens para dar uma melhor impressão de
efeito esté�co, mantendo-se invariavelmente o branco e
o preto, para poder assim (14) ficarem registrados os
verdadeiros e intensos momentos da drama�cidade da
cena. A psicologia comprova isto. Ainda que com nossos
olhos apreciemos (06) a natureza em suas próprias cores,
o mesmo não acontece com a nossa mente.
(Disponível em: www.folha.ad.uol.com.br/click.ng.
Acesso em: 27/09/2011 Cinematógrafo: aparelho capaz
de reproduzir numa tela o movimento, por meio de uma
sequência de fotografias.)
 
1. Se em lugar de “a aplicação” (02) fosse u�lizado “o
advento” ou “o uso”, a compreensão não seria
prejudicada.
2. “Alguns insistem” (03) e “Outros acham” (04)
contribuem para a relação de paralelismo entre as
estruturas que iniciam.
3. “As que hoje existem” (05) faz contraponto a “as
películas de côres”.
4. “Apreciemos” (06) está no subjun�vo, modo verbal
exigido pelo nexo concessivo “Ainda que”.
 
Estão corretas as afirma�vas
a) 1 e 2, apenas.
b) 2 e 3, apenas.
c) 2 e 4, apenas.
d) 1, 3 e 4, apenas.
e) 1, 2, 3 e 4.
GR0668 - (Insper)
 
A alterna�va que corrige a falha de paralelismo
grama�cal existente na manchete, mantendo o mesmo
sen�do, é:
a) Presidente do UFC prevê abertura de escritório no
Brasil e fazer evento na Rocinha.
b) Presidente do UFC prevê que escritório seja aberto no
Brasil e evento na Rocinha.
c) Presidente do UFC prevê que abertura de escritório no
Brasil crie evento na Rocinha.
d) Presidente do UFC prevê abrir escritório no Brasil e
realizar evento na Rocinha.
e) Presidente do UFC prevê escritório no Brasil ou evento
na Rocinha.
GR0669 - (Unesp)
Boiadeiro
De manhãzinha, quando eu sigo pela estrada
Minha boiada pra invernada eu vou levar:
São dez cabeças; é muito pouco, é quase nada
Mas não tem outras mais bonitas no lugar.
 
Vai boiadeiro, que o dia já vem,
Leva o teu gado e vai pensando no teu bem.
 
De tardezinha, quando eu venho pela estrada,
A fiarada tá todinha a me esperar;
São dez filinho, é muito pouco, é quase nada,
Mas não tem outros mais bonitos no lugar.
 
Vai boiadeiro, que a tarde já vem
Leva o teu gado e vai pensando no teu bem.
E quando chego na cancela da morada,
Minha Rosinha vem correndo me abraçar.
É pequenina, é miudinha, é quase nada
Mas não tem outra mais bonita no lugar.
 
Vai boiadeiro, que a noite já vem,
Guarda o teu gado e vai pra junto do teu bem!
(Armando Cavalcante e Klecius Caldas. Boiadeiro. In: Beth
Cançado. Aquarela brasileira, vol. I. Brasília: Editora Corte
Ltda., 1994. p. 59.)
 
Um dos melhores recursos expressivos empregados na
letra de Boiadeiro é o processo de repe�ção da mesma
estrutura sintá�ca com a mudança de apenas um
vocábulo, que faz progredir o sen�do, tal como se
verifica, por exemplo, entre os versos 5, 11 e 17. Tal
recurso é conhecido como
a) Paralelismo.
b) Metáfora.
c) Comparação.
d) Pleonasmo.
e) Metonímia.
13@professorferretto @prof_ferretto
GR0678 - (Espm)
Os fenômenos da linguagem examinavam-se outrora
apenas à luz da gramá�ca e da lógica, e já era muito se a
análise reconhecia como palavrasexple�vas ou de realce
os termos sobejantes¹ unidos à oração ou nela
encravados.
Hoje que a ciência da linguagem inves�ga os fatos
sem deixar-se pear² por an�gos preconceitos, já não
podemos levar essas expressões à conta da
superfluidades nem ainda atribuir-lhes papel decora�vo,
o que seria contrassenso, uma vez que rareiam no
discurso eloquente e retórico e se usam a cada instante
justamente no falar desataviado de todos os dias.
Uma coisa é dirigirmo-nos à cole�vidade, a pessoas
desconhecidas, de condições diversas, e que nos ouvem
caladas; outra coisa é tratar com alguém de perto, falar e
ouvir, e ajeitar a cada momento a linguagem em atenção
a essa pessoa que está diante de nós, para que fique
sempre bem impressionada com as nossas palavras.
(Said Ali, Meios de Expressão e Alterações Semân�cas,
RJ)
 
1sobejantes: demasiados, excessivos, de sobras.
2pear: prender.
 
No segundo parágrafo, no segmento: ...nem ainda
atribuir-lhes papel decora�vo..., o pronome pessoal
oblíquo “lhes” tem como referência no texto:
a) essas expressões.
b) palavras exple�vas.
c) os fatos.
d) an�gos preconceitos.
e) superfluidades.
GR0694 - (Unifenas)
Afeganistão: o que aconteceu com 100 refugiados
afegãos que Brasil recebeu há quase 20 anos
Após o início da Guerra do Afeganistão, o Brasil
implementou um programa de reassentamento e trouxe
várias famílias para Porto Alegre. Foi a única vez que
diversos afegãos foram transferidos de uma só vez ao
país.
Nabila (esquerda) estava no grupo de primeiros
refugiados afegãos recebidos pelo Brasil. Ela conta que
foi di�cil aprender português e que as pessoas
estranhavam as roupas tradicionais e o véu que usava na
cabeça — Foto: Arquivo pessoal/Via BBC.
 
1. Nabila Khazizadah passou os três primeiros meses
no Brasil, em 2002, chorando de saudade da família. Ela
desembarcou em Porto Alegre aos 25 anos, com o
marido e os dois filhos, alguns meses depois do início da
Guerra do Afeganistão.
2. O pai, a mãe e os irmãos ficaram na Índia, país
onde a família buscou refúgio primeiro, fugindo dos
talibãs.
3. “Fiquei três meses fechada dentro de casa
chorando, pensando no que eu faria longe da minha
família. Depois eu pensei, isso não adianta, chorando
dentro de casa, eu não vou conseguir fazer nada. Eu
tenho que colocar a cara à tapa e aprender português",
contou à BBC News Brasil.
4. “Saí pelo bairro falando com as vizinhas, tentando
fazer amizades."
5. Nas ruas de Porto Alegre, as pessoas estranhavam o
véu cobrindo inteiramente o cabelo. Às vezes, reagiam
com hos�lidade. “Não �nha afegãos lá naquela época,
não �nha muçulmanos. As pessoas me viam com o hijab
e saíam de perto, não queriam sentar ao meu lado no
ônibus. Alguns falavam: sai de perto, é mulher-bomba.”
(...)
10. Essas pessoas, que não falavam português e que
�nham uma ideia muito remota do que era o Brasil,
cruzariam o oceano em busca de uma vida nova.
11. Nabila conta que o marido fez um pedido ao
governo indiano para ser reassentado em outro país,
onde recebesse auxílio e �vesse mais oportunidades de
trabalho. Meses depois, chegou a no�cia de que o Brasil
os receberia.
12. “A gente não sabia como era o Brasil, como é a
língua e a cultura. Saímos com olhos fechados, no escuro,
jogando na sorte. Tudo o que a gente queria era um
futuro para nosso filho, mais calmo, mais saudável."
(...)
Disponível em:
h�ps://g1.globo.com/mundo/no�cia/2021/08/20/afeganistao-
o-que-aconteceu-com-100-refugiados-afegaosque-brasil-
recebeu-ha-quase-20-anos.ghtml
 
Releia: “Alguns falavam: sai de perto, é mulher-bomba.”
(5º parágrafo).
A progressão temá�ca de um texto pode ser estruturada
por meio de diferentes recursos coesivos, incluindo a
pontuação. Nesse trecho, a vírgula estabelece entre as
duas orações uma ideia de
14@professorferretto @prof_ferretto
a) tempo, pois deve-se sair de perto quando for uma
mulher-bomba.
b) concessão, pois, apesar de ser uma mulher-bomba,
deve-se sair de perto.
c) consequência, pois o mo�vo de se sair de perto é ser
uma mulher-bomba.
d) condição, pois deve-se sair de perto se for uma
mulher-bomba.
e) explicação, pois deve-se sair de perto já que é uma
mulher-bomba.
GR0702 - (Unicamp)
‘Nevou’ no Rio
Em pleno verão, o fenômeno que vem chamando
atenção nas ruas do Rio é conhecido como “nevada
carioca”, ou apenas “nevou”. Trata-se da mania de
descolorir, pla�nando os cabelos até os fios ficarem
completamente brancos, que tomou conta das cabeças
dos jovens de Norte a Sul e virou a febre do momento. A
onda começou às vésperas do Natal, ganhou força no
réveillon e entrou em janeiro lotando os salões. Nascida
nas comunidades e nos subúrbios, a tendência
ultrapassou fronteiras geográficas e sociais da cidade,
principalmente depois de ganhar as redes e de ter
conquistado ar�stas e atletas. Cabeleireiros e donos de
salão apostam que o modismo resiste com força até os
dias de folia.
(Adaptado de:
h�ps://oglobo.globo.com/rio/no�cia/2023/01/nevou-
no-riomania-de-descolorir-o-cabelo-ate-ficar-quase-
branco-viramoda-entre-os-cariocas.ghtml. Acesso em
22/06/2023.)
 
Assinale a alterna�va em que todas as palavras listadas
têm um mesmo referente dentro do texto.
a) fenômeno – onda – tendência – modismo.
b) mania – onda – febre – força.
c) fenômeno – momento – mania – febre.
d) modismo – tendência – força – momento.
GR0716 - (Famerp)
A ciência e a tecnologia não são apenas cornucópias1
despejando dádivas sobre o mundo. Os cien�stas não só
conceberam as armas nucleares; eles também pegaram
os líderes polí�cos pela lapela, argumentando que a sua
nação �nha que ser a primeira a fabricar uma dessas
armas. E assim eles produziram mais de 60 mil armas
nucleares. Durante a Guerra Fria, os cien�stas nos
Estados Unidos, na União Sovié�ca, na China e em outras
nações estavam dispostos a expor os seus conterrâneos à
radiação - na maioria dos casos, sem o conhecimento
deles - a fim de se preparar para a guerra nuclear. A
nossa tecnologia produziu a talidomida, os CFCs, o
agente laranja, os gases que atacam o sistema nervoso, a
poluição do ar e da água, as ex�nções de espécies, e
indústrias tão poderosas que podem arruinar o clima do
planeta. Aproximadamente metade dos cien�stas na
Terra dedica parte de seu tempo de trabalho para fins
militares. Embora alguns cien�stas ainda sejam vistos
como estranhos ao sistema, cri�cando corajosamente os
males da sociedade e dando os primeiros avisos sobre
catástrofes tecnológicas potenciais, muitos são
considerados oportunistas submissos ou uma fonte
complacente de lucros empresariais e de armas de
destruição em massa - não importa quais sejam as
consequências a longo prazo. os perigos tecnológicos que
a ciência apresenta, seu desafio implícito ao
conhecimento recebido e sua visível dificuldade são
razões para que as pessoas, desconfiadas, a evitem.
Existe uma razão para as pessoas ficarem nervosas a
respeito da ciência e da tecnologia.
(O mundo assombrado pelos demônios, 2006.
Adaptado.)
 
1 – Cornucópia: vaso em forma de chifre, com frutas e
flores que dele extravasam profusamente, an�go símbolo
da fer�lidade, riqueza, abundância.
 
Retoma um termo mencionado anteriormente no texto a
palavra sublinhada em:
a) “Os perigos tecnológicos que a ciência apresenta, seu
desafio implícito ao conhecimento recebido e sua
visível dificuldade são razões para que as pessoas,
desconfiadas, a evitem.”
b) “Os perigos tecnológicos que a ciência apresenta, seu
desafio implícito ao conhecimento recebido e sua
visível dificuldade são razões para que as pessoas,
desconfiadas, a evitem.”
c) “Os cien�stas não só conceberam as armas nucleares;
eles também pegaram os líderes polí�cos pela lapela,
argumentando que a sua nação �nha que ser a
primeira a fabricar uma dessas armas.”
d) “Existe uma razão para as pessoas ficarem nervosas a
respeito da ciência e da tecnologia.”
e) “Os cien�stas não só conceberam as armas nucleares;
eles também pegaram os líderes polí�cos pela lapela,
argumentando que a sua nação �nha que ser a
primeira a fabricar uma dessas armas.”
GR0733 - (Faminas)
Seu cérebroquer água!
Ficar só um pouco desidratado já compromete o
trabalho dos neurônios e causa até irritação. Novo
estudo da Universidade de Connec�cut, nos Estados
15@professorferretto @prof_ferretto
Unidos, aponta um mo�vo inusitado para bebermos
bastante líquido ao longo do dia, e especialmente
quando estamos lendo, estudando, escrevendo…
Após acompanhar 51 voluntários subme�dos a testes
de atenção e lógica, os cien�stas descobriram que
mesmo uma desidratação leve – aquela que muitas vezes
surge antes de a sede dar as caras – já atrapalha o
raciocínio. Mais do que isso, o humor piora com a falta de
H2O no organismo. “Todas as células do corpo precisam
de água para funcionar, e as neuronais não são exceção”,
explica o fisiologista e autor da pesquisa, Lawrence
Armstrong. “Sem hidratação adequada, as informações e
sen�mentos acabam sendo processados de um jeito
impróprio pela massa cinzenta”, conclui.
(Saúde é vital, maio/2012).
 
Em “Mais do que isso, o humor piora com a falta de H2O
no organismo”, o termo destacado contribui para a
coesão textual referindo-se ao (à)
a) mo�vo da falta de água no organismo, constatado
através de pesquisa cien�fica.
b) importância dos testes desenvolvidos pelos cien�stas
para estudo sobre a falta de água.
c) descoberta dos cien�stas sobre uma das
consequências da falta de água no organismo.
d) processo pelo qual o organismo passa gerando piora
no humor a par�r da falta de água.
GR0736 - (Pmesp)
 
Leia um trecho do “Sermão do bom ladrão”, de Antônio
Vieira, para responder à questão.
 
Suponho, finalmente, que os ladrões de que falo não
são aqueles miseráveis, a quem a pobreza e vileza de sua
fortuna condenou a este gênero de vida, porque a
mesma sua miséria ou escusa ou alivia o seu pecado. O
ladrão que furta para comer não vai nem leva ao Inferno:
os que não só vão, mas levam, de que eu trato, são os
ladrões de maior calibre e de mais alta esfera, os quais
debaixo do mesmo nome e do mesmo predicamento
dis�ngue muito bem São Basílio Magno. Não são só
ladrões, diz o santo, os que cortam bolsas ou espreitam
os que se vão banhar, para lhes colher a roupa; os ladrões
que mais própria e dignamente merecem este �tulo são
aqueles a quem os reis encomendam os exércitos e
legiões, ou o governo das províncias, ou a administração
das cidades, os quais já com manha, já com força,
roubam e despojam os povos. Os outros ladrões roubam
um homem, estes roubam cidades e reinos; os outros
furtam debaixo do seu risco, estes sem temor, nem
perigo; os outros, se furtam, são enforcados, estes
furtam e enforcam. Diógenes, que tudo via com mais
aguda vista que os outros homens, viu que uma grande
tropa de varas e ministros de jus�ça levavam a enforcar
uns ladrões, e começou a bradar: “Lá vão os ladrões
grandes enforcar os pequenos.” Ditosa Grécia, que �nha
tal pregador! E mais ditosas as outras nações, se nelas
não padecera a jus�ça as mesmas afrontas. Quantas
vezes se viu em Roma ir a enforcar um ladrão por ter
furtado um carneiro, e no mesmo dia ser levado em
triunfo um cônsul, ou ditador, por ter roubado uma
província! E quantos ladrões teriam enforcado estes
mesmos ladrões triunfantes? De um chamado Seronato,
disse com discreta contraposição Sidônio Apolinar:
“Seronato está sempre ocupado em duas coisas: em
cas�gar furtos, e em os fazer.” Isto não era zelo de jus�ça,
senão inveja. Queria �rar os ladrões do mundo, para
roubar ele só.
(Antônio Vieira. Essencial Padre Antônio Vieira, 2011.
Adaptado.)
 
Retoma um termo mencionado anteriormente no texto a
palavra sublinhada em:
a) “Não são só ladrões, diz o santo, os que cortam bolsas
ou espreitam os que se vão banhar”
b) “E mais ditosas as outras nações, se nelas não
padecera a jus�ça as mesmas afrontas.”
c) “Quantas vezes se viu em Roma ir a enforcar um ladrão
por ter furtado um carneiro”
d) “Seronato está sempre ocupado em duas coisas: em
cas�gar furtos, e em os fazer.”
e) “Queria �rar os ladrões do mundo, para roubar ele
só.”
GR0737 - (Fcc)
Atenção: Leia o conto “Casos de baleias”, de Carlos
Drummond de Andrade, para responder à questão.
 
A baleia telegrafou ao superintendente da Pesca,
queixando-se de que estava sendo caçada demais, e a
con�nuar assim sua espécie desapareceria com prejuízo
geral do meio ambiente e dos usuários.
O superintendente, em o�cio, respondeu à baleia que
não podia fazer nada senão recomendar que de duas
baleias uma fosse poupada, e esta ganhasse número de
registro para iden�ficar-se.
Em face dessa resolução, todas as baleias
providenciaram registro, e o ob�veram pela maneira
como se obtêm essas coisas, à margem dos
regulamentos. O mar ficou coalhado de números, que
rabeavam alegremente, e o esguicho dos cetáceos,
formando verdadeiros fes�vais no alto oceano, dava ideia
de imenso jardim explodindo em repuxos, dourados de
sol, ou prateados de lua.
16@professorferretto @prof_ferretto
Um inspetor da Superintendência, intrigado com o
fato de que ninguém mais conseguia caçar baleia, pôs-se
a examinar os livros e verificou que havia infinidade de
números repe�dos. Cancelou-se o registro, e os
funcionários responsáveis pela fraude, jogados ao mar,
foram devorados pelas baleias, que passaram a ser
caçadas indiscriminadamente. A recomendação
internacional para suspender a caça por tempo
indeterminado só alcançará duas baleias vivas,
escondidas e fantasiadas de rochedo, no litoral do
Espírito Santo. 
(ANDRADE, Carlos Drummond de. Contos plausíveis. São
Paulo: Companhia das Letras, 2012).
 
Retoma um termo mencionado anteriormente no texto a
palavra sublinhada no seguinte trecho: 
a) Cancelou-se o registro (4º parágrafo).
b) Um inspetor da Superintendência [...] pôs-se a
examinar os livros (4º parágrafo).
c) e o ob�veram pela maneira como se obtêm essas
coisas (3º parágrafo).
d) e a con�nuar assim sua espécie desapareceria (1º
parágrafo).
e) e o esguicho dos cetáceos [...] dava ideia de imenso
jardim (3º parágrafo).
GR0746 - (Unesp)
Leia a crônica “Despedida”, de Carlos Drummond de
Andrade (1902-1987), publicada originalmente no Jornal
do Brasil em 05.06.1971, e a resposta de Edson Arantes
do Nascimento (1940-2022), o Pelé, publicada no mesmo
jornal em 29.06.1971.
 
Pelé despede-se em julho da Seleção Brasileira.
Decidiu, está decidido. Querem que ele con�nue, mas
sua educação espor�va se dilata em educação moral, e
Pelé dá muito apreço à sua palavra. Se atender aos
apelos, ficará bem com todo o mundo e mal consigo. Pelé
não quer brigar com Pelé. Não abandonará de todo o
futebol, pois con�nuará jogando pelo seu clube. Não vejo
contradição nisto. Faz como um grande proprietário de
terras, que trocasse a fazenda pela miniatura de um sí�o:
con�nua a ter águas, plantas, criação, a mesma
luminosidade das horas — menos a imensidão, que
acaba cansando. Ou como o leitor de muitos livros, que
passasse a ler um só que contém o resumo de tudo. Pelé
quer cul�var sua vida a seu gosto, ele que a vivia tanto ao
gosto dos outros. Sua municipalização voluntária me
encanta. Não é só pelo ato de sabedoria, que é sair antes
que exijam a nossa saída. Uma a�tude destas indica mais
cautela do que desprendimento. É pelo ato de escolha —
de escolher o mais simples, envolvendo renúncia e
gen�leza. As massas brasileiras e internacionais não
poderão chamá-lo de ingrato, pois con�nuarão a vê-lo,
aqui e no estrangeiro, em seu jogo de astúcia e arte. Mas
ele passará a jogar como par�cular, um famoso incógnito,
que não aspira às glórias de um quarto campeonato
mundial. E com isso, dará lugar a outro, ou a outros, que
por mais que caprichassem ficavam sempre um tanto
encobertos pela sombra de Pelé — a sombra de que
espontaneamente se desfaz. Bela jogada, a sua: a de não
jogar como campeão, sendo campeoníssimo.
(Carlos Drummond de Andrade. Quando é dia de futebol,
2014.)
 
Estou comovido. Entre tantas coisas que dizem a meu
respeito, generosas ou menos boas, suas palavras
�veram a rara virtude de se lembrarem do homem, da
pessoa humana que quero ser, demonstrando
compreensão e carinho por essa condição fundamental.
Recortei

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