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Conteudista: Prof.ª M.ª Fernanda Geny Calheiros Silva
Revisão Textual: Esp. Letícia Morelli Zambon
Objetivos da Unidade:
Introduzir os conceitos acerca do planejamento dietético voltado a indivíduos
saudáveis;
Compreender métodos de estimativa energética e correlacioná-la com
necessidades nutricionais;
📄 Material Teórico
📄 Material Complementar
📄 Referências
Introdução ao Planejamento Dietético para
Indivíduos Sadios
Energia e Nutrientes: Conceitos e
Unidades de Medida
O conceito de energia é essencial em várias áreas do conhecimento, incluindo a Física,
a Química, a Biologia e a Nutrição. Nesse sentido, é amplamente reconhecido que a
energia pressupõe a capacidade de realização de trabalho ou ação. Essa energia pode
manifestar-se sob as mais variadas formas: quando movemos um objeto (energia
cinética), quando armazenamos energia em algum sistema (energia potencial) ou
quando aquecemos alguma superfície (energia térmica) (GASPAR, 2005). 
Página 1 de 3
📄 Material Teórico
Figura 1 – Alimento: a energia que nos move!
Fonte: Getty Images
#ParaTodosVerem: na imagem, é possível visualizar uma representação de
cartela de comprimidos; preenchendo os espaços que seriam correspondentes
aos medicamentos, estão alimentos in natura, sendo eles: laranja, maçã,
pimentão vermelho, limão, melancia, kiwi, couve, pêra, framboesa e tomate. Fim
da descrição.
Do ponto de vista da Nutrição, é extensivamente discutido que a energia é essencial
para o funcionamento dos organismos vivos. O corpo humano obtém energia por via
da ingesta alimentar, e essa energia é expressa em quilocalorias (kcal) ou quilojoules
(kJ).
Nesse contexto, os alimentos fornecem energia principalmente por meio dos
macronutrientes: carboidratos, proteínas e gorduras (lipídios). Cada um deles fornece
uma quantidade específica de energia. Carboidratos e proteínas fornecem cerca de 4
quilocalorias por grama (4 kcal/g), já gorduras (lipídios) são catalogados como fontes
mais concentradas de energia, fornecendo cerca de 9 quilocalorias por grama (9
kcal/g).
Portanto, os nutrientes, sejam eles macronutrientes, sejam micronutrientes, são
substâncias essenciais para a recuperação, a manutenção e a promoção de saúde. Seus
conceitos sintetizados são apresentados a seguir.
Você Sabia?
O conceito de caloria é associado diretamente à quantidade de energia
que é necessária para elevar 1 grama de água em 1 grau Celsius.
Trazendo para a realidade da Nutrição, do ponto de vista da
alimentação e do metabolismo humano, as calorias são medidas em
termos de quilocalorias, em que 1 kcal equivale a 1.000 calorias.
Carboidratos: também conhecidos como hidratos de carbono ou
açúcares, são uma das principais classes de nutrientes
encontrados nos alimentos. Eles desempenham um papel
fundamental na nutrição e fornecem uma fonte importante de
energia para o corpo humano;
Proteínas: importantes para a construção e o reparo de tecidos,
além de serem essenciais para várias funções do corpo;
Cada nutriente apresenta, no entanto, unidades de medida que são aplicáveis na rotina,
adequadas ao padrão internacional de medidas denominado Dietary Reference Intakes.
Ou seja, em qualquer lugar do mundo, a unidade de medida reconhecida para dados
nutrientes será a mesma, favorecendo a linguagem universal da saúde. Nesse contexto,
o Quadro 1, apresentado a seguir, expõe as unidades de medidas adotadas para
macronutrientes e os principais micronutrientes de atenção na prática clínica.
Quadro 1 – Unidades de Medidas Adotadas para Macronutrientes e Principais
Micronutrientes
Nutrientes Unidade de medida
Carboidratos Grama (g)
Proteínas Grama (g)
Lipídios Grama (g)
Colesterol Miligramas (mg)
Fibras Grama (g)
Lipídios (gorduras): fonte concentrada de energia e essenciais
para a absorção de vitaminas lipossolúveis;
Vitaminas: nutrientes orgânicos necessários em pequenas
quantidades para várias funções metabólicas no corpo;
Minerais: elementos inorgânicos essenciais para várias funções
corporais, como formação de ossos, transporte de oxigênio e
regulação do metabolismo.
Nutrientes Unidade de medida
Sódio Miligramas (mg)
Cálcio Miligramas (mg)
Ferro Miligramas (mg)
Magnésio Miligramas (mg)
Zinco Miligramas (mg)
Selênio Microgramas (mcg)
Potássio Miligramas (mg)
Vitamina C Miligramas (mg)
Vitamina A Microgramas RAE* (mcg)
Vitamina E Miligramas (mg)
Vitamina B12 Microgramas (mcg)
Vitamina K Microgramas (mcg)
Vitamina D Microgramas (mcg)
*RAE: Equivalente de Atividade de Retinol.
Fonte: Adaptado de Institute of Medicine, 1998; 2000; 2001; 2005; 2011; 2019
Fatores Determinantes do Gasto Energético
Individual
Como mencionado no tópico anterior, a energia está relacionada à capacidade de
realizar uma ação ou um trabalho, e tal conceito pode se aplicar a diversas áreas de
conhecimento. Quando falamos de nutrição, uma expressão popular consegue
representar com clareza uma das implicações da energia no contexto de saúde: “Saco
vazio não para em pé”.
Todos os processos fisiológicos demandam energia, desde o ato de abrir os olhos pela
manhã até a digestão dos alimentos ingeridos em refeições; em todos esses casos
podemos inferir que há trabalho, consequentemente, gasto energético.
Esse gasto energético pode apresentar grande variação de organismo para organismo,
sendo, portanto, influenciado por diversos fatores de forma individual.
O Gasto Energético Total (GET) compreende o total de energia necessária para as
funções vitais do organismo, o chamado Gasto Energético Basal (GEB); o gasto
associado às atividades físicas do cotidiano é o Gasto Energético da Atividade Física
(GEAF); e a energia gasta para processos de digestão, absorção e metabolismo dos
alimentos ingeridos é denominada Efeito Térmico do Alimento (ETA).
Ou seja,
GET = GEB + GEAF + ETA
O GEB, também chamado de Taxa Metabólica Basal (TMB), expõe o conceito
relacionado à quantidade mínima de energia que o organismo necessita para
manutenção das funções vitais de um corpo em repouso, sendo elas: a respiração, a
regulação da temperatura corporal, a circulação sanguínea e o funcionamento de
órgãos. Em indivíduos saudáveis, o GEB pode variar entre cerca de 60% e 70% do gasto
diário; no entanto, vale salientarmos que o metabolismo basal de um individuo é
influenciado por idade, sexo, etilismo, tabagismo, composição corporal, uso de
fármacos, nível de estresse físico e emocional, condições ambientais, fatores
genéticos e hormonais.
Figura 2 – Gasto Energético Basal: energia necessária para
manutenção das funções vitais
Fonte: Adaptada de MAHAN et al., 2022
#ParaTodosVerem: na imagem, é possível visualizar uma representação de um
gráfico em formato de pizza. Na legenda, a parte em verde-claro equivale ao teor
residual, igual a 16%; verde-lodo, aos músculos, com um total de 22%; azul-
claro, adiposo, sendo igual a 3%; amarelo, com um percentual de 25%,
correspondente ao cérebro; verde-escuro, com 20%, correlacionando-se ao
fígado; azul-escuro, com 11%, associado aos rins; e marrom, em 3%,
correspondente ao coração. Fim da descrição.
Você Sabia?
Quando indivíduos estão em locais onde a temperatura do ambiente é
O GEAF, também chamado de Nível de Atividade Física (NAF), correlaciona-se ao teor
energético gasto para a realização de atividades físicas. Nesse espectro, podemos
incluir as atividades básicas (ex.: caminhar) e os exercícios físicos planejados (ex.:
correr). O GEAF pode variar significativamente, de 15% a 30%, e está diretamente
relacionado ao estilo de vida dos indivíduos. Logo, quanto mais fisicamente ativo o
individuo for, maior será o seu gasto energético.
Para o cálculo do GET, devemos usar os valores tabelados de GEAF e então multiplicá-
lo pelo GEB. O GEAF se apresenta como uma relação entre o GET e o GEB e não possui
uma escala em consenso na literatura. Para fins de acompanhamento, utilizaremos as
escalas descritas por Mahan et al., (2022), que serão apresentadas a seguir nesta
unidade.
O ETA, também chamadode Termogênese Induzida pela Dieta (TID), compreende os
processos digestivos, absortivos, metabólicos e de armazenamento dos alimentos. O
gasto energético associado ao ETA pode variar entre 5% e 15%, sendo variável de
acordo com o tipo de alimento consumido, bem como com a quantidade das porções.
Para entendermos com mais clareza, vamos refletir sobre algumas situações
cotidianas? O Quadro 2, exposto a seguir, traz algumas situações ou condições que
podem interferir diretamente no gasto energético.
Quadro 2 – Variação do Gasto Energético em Diferentes Condições
muito quente ou muito fria, o corpo gasta energia a mais para manter
a temperatura interna de acordo com os limites de normalidade,
sendo a faixa de temperatura-alvo em torno de 36 °C a 37,5 °C.
Situação ou
condição
Impacto no gasto energético
Idade
Com o avançar da idade, o
metabolismo basal tende a reduzir em
razão da variação da composição
corporal (redução da massa magra) e
de alterações hormonais.
Sexo
Homens tendem a possuir taxa
metabólica basal de 5% a 10% mais
elevada em relação às mulheres,
principalmente no que tange à maior
concentração de massa magra.
Composição
corporal
O músculo consome mais energia em
repouso, quando comparado à
gordura. Logo, indivíduos com
percentual de gordura mais elevado e
teor de massa magra mais baixo
tendem a ter GEB mais baixo.
Nível de
atividade
física
Um atleta de elite, que pratica
atividade física em nível profissional,
apresenta maior gasto energético
durante exercício e atividades
cotidianas, quando comparado a um
indivíduo sedentário.
Situação ou
condição
Impacto no gasto energético
Estilo de vida
Tabagismo: a nicotina, presente no
cigarro, pode aumentar
temporariamente o GEB, levando ao
aumento do gasto energético. A longo
prazo, é observado efeito contrário,
com redução do GEB em razão dos
danos causados ao sistema
respiratório e cardiovascular;
Consumo de álcool: o álcool reduz
temporariamente o GEB, pois o corpo
prioriza a metabolização do álcool em
detrimento dos demais nutrientes,
gerando aumento dos depósitos de
gordura. A longo prazo, o álcool
consumido de forma crônica pode
colaborar com a instalação de
distúrbios metabólicos (ex.:
resistência à insulina), que pode
afetar o gasto energético.
Clima
Pessoas que vivem em regiões de
clima tropical apresentam um GEB de
5% a 10% mais alto do que aqueles que
vivem em zonas temperadas.
Situação ou
condição
Impacto no gasto energético
Febre
A febre eleva o GEB em
aproximadamente 7% para cada grau
de aumento da temperatura corporal
quando supera os 37 °C.
Fonte: Adaptado de MAHAN et al., 2022
Métodos para Estimativa do Gasto Energético
Humano
Conhecer o valor energético de um alimento é uma ferramenta essencial no que tange
ao planejamento dietético, como amplamente discutido nas unidades anteriores. No
entanto, para construção de um planejamento dietético individualizado, o
conhecimento acerca da estimativa de gasto energético do indivíduo se faz
insubstituível, para definição do balanço calórico, determinando, a partir da junção
desses dados, a meta de ingesta diária com olhar direcionado a atingir o objetivo
estabelecido para o paciente e/ou cliente.
Portanto, identificar o GET do indivíduo assistido permite ao profissional nutricionista
construir a intervenção pautada no controle de peso; monitorar as atividades que
promovam menor ou maior gasto energético; avaliar o desempenho do metabolismo,
considerando fatores individuais, tais como: sexo, idade, composição corporal e afins;
e manter sua saúde, a partir da oferta de um planejamento equilibrado, promovendo
bem-estar físico e mental.
Para definição do GET individual, alguns métodos podem ser empregados. Vamos
conhecê-los a seguir.
Calorimetria Direta
Trata-se de um método robusto, de engenharia complexa, que utiliza equipamentos de
alto custo. Esses equipamentos permitem a monitorização da quantidade de calor
produzida por um indivíduo em uma sala de confinamento. No período de testes, o
indivíduo é submetido a uma quantidade moderada de atividades, que não são
classificadas como representativas da vida cotidiana, em razão de sua limitação.
Calorimetria Indireta
Nesse método, é realizada a quantificação do consumo de oxigênio e da produção de
gás carbônico em um período predeterminado. Os valores obtidos em consumo de
oxigênio são convertidos a GET por meio da equação de Weir e da utilização de uma
constante (quociente respiratório), que é igual a 0,85. Para realização do teste, quando
em indivíduos saudáveis, é recomendado jejuar por 5 horas, evitar uso de cafeína por 4
horas, e evitar bebidas alcoólicas e cigarro por no mínimo 2 horas. Quanto à realização
de exercício previamente ao exame, a recomendação é de que, para praticantes de
exercício moderado, seja aguardado um período de 2 horas após a atividade; para
exercícios intensos, de resistência, é recomendado um período de 14 horas. Após a
preparação, o examinado deve ser submetido a um estado estacionário, em repouso
por cerca de 20 minutos que antecedem a realização do procedimento.
Quociente Respiratório
Trata-se de um cálculo que pode ser realizado a partir da medição do consumo de
oxigênio e da produção de gás carbônico. Esse dado indica a matriz alimentar que está
sendo metabolizada.
Água Duplamente Marcada
É uma técnica denominada como padrão ouro no que tange à determinação das
necessidades energéticas em humanos. Nessa análise, é promovida a administração de
uma dose oral de água marcada com dois isótopos: óxido de deutério (D2O ou 2H2O) e
oxigênio-18 (H2
18O). Os isótopos são eliminados e a taxa de eliminação é medida
durante um intervalo de tempo, sendo de 10 a 14 dias, por meio de urina, plasma ou
saliva.
Trata-se de uma técnica aplicada, principalmente, em pesquisas em razão do alto custo
dos isótopos utilizados e dos equipamentos necessários.
Estimativas das Necessidades Energéticas –
Equações Preditivas
As equações preditivas são ferramentas usadas para estimar as necessidades
energéticas de uma pessoa com base em fatores como idade, sexo, altura, peso e nível
de atividade física. Existem várias equações disponíveis, cada uma com suas próprias
variáveis e formulações, que foram desenvolvidas ao longo dos anos.
As equações para estimar ou medir o gasto energético começam com o Gasto
Energético Basal. Os fatores adicionais para o efeito térmico dos alimentos e para
atividades devem ser acrescentados. Uma maneira simplificada de prever adicionais
por atividade física ao GET é usar estimativas do grau de atividade física, que são então
multiplicadas pelo GEB medido ou previsto. Por exemplo, para estimar o GET para a
atividade mínima, aumente o GER em 10% a 20%; para atividade moderada, aumente o
GER em 25% a 40%; e, para atividades extenuantes, aumente o GER em 45% a 60%.
Adiante, os fatores utilizados serão discutidos individualmente.
Estimativa do Gasto Energético de Adultos e
Idosos Sadios
Como explanado nos tópicos anteriores, a estimativa do gasto energético pode ser
realizada a partir do somatório do Gasto Energético Basal (GEB) com o Gasto
Energético da Atividade Física (GEAF) e o Efeito Térmico do Alimento (ETA). Nesse
contexto, surgiram as equações preditivas, que fornecem o valor correspondente ao
GEB.
Calculando o Gasto Energético Basal,
Também Chamado de Taxa Metabólica Basal
Para fins de estimativa, são utilizadas equações que usam como base o sexo do
indivíduo, sua idade, seu peso e sua altura. Atualmente, diversas fórmulas estão
disponíveis, sendo as mais utilizadas as equações de Harris-Benedict (1919), Mi�in-
St. Jeor (1990) e FAO/OMS (1985). No Quadro 3, é possível identificar as equações
preditivas mais utilizadas e suas especificações.
As equações de Harris-Benedict¸ elencadas, até recentemente, como algumas das
mais utilizadas para estimativa do GEB em indivíduos sadios ou enfermos, foram
apontadas por Frankenfild et al., (2003) como equações que superestimam o GEB em
indivíduos classificadoscomo eutróficos e portadores de obesidade. No mesmo
estudo, ao avaliar as fórmulas de Mi�in-St. Jeor foi identificada maior precisão,
quando o mesmo público foi avaliado.
Quadro 3 – Equações Preditivas do Gasto Energético Basal para Adultos e Idosos mais
Utilizadas
Equações de Harris-Benedict
Feminino
655 + (9,6 x P) + (1,9 x A) – (4,7 x
I)
Masculino
66 + (13,8 x P) + (5,0 x A) – (6,8 x
I)
Em que, P = Peso (kg), A = Altura (cm) e I = Idade (anos)
Equações FAO/OMS
Feminino
18 a 30 anos: (14,818 x P) + 486,6 
30 a 60 anos: (8,126 x P) + 845,6
+ 60 anos: (9,082 x P) + 658,5
Masculino
18 a 30 anos: (15,057 x P) + 692,2 
30 a 60 anos: (11,472 x P) + 873,1 
+ 60 anos: (11,711 x P) + 587,7
Em que, P = Peso (kg)
Equações de Mi�in-St Jeor
Feminino
(10 x P) + (6,25 x A) – (5,0 x I) –
161
Masculino 10 x P) + (6,25 x A) – (5,0 x I) + 5
Em que, P = Peso (kg), A = Altura (cm) e I = Idade (anos)
Fonte: Adaptado de MAHAN et al., 2022
Adicionando Gasto Energético da Atividade
Física
Devemos usar estimativas do grau de atividade física e aplicar um fator adicional ao
GEB para levar em conta as atividades diárias. Isso pode ser feito multiplicando o GEB
pela estimativa apropriada do nível de atividade física, de acordo com o Quadro 4 a
seguir.
Quadro 4 – Categoria de Gasto Energético Adicional da Atividade Física e Equivalente
em Caminhada
Nível de
atividade
Gasto
energético
adicional da
atividade física
Equivalente em
caminhada (km/dia)
Sedentário 1,0 – 1,39 0 – 3,4 km
Baixa atividade 1,4 – 1,59 3,4 km – 7 km
Ativo 1,6 – 1,89 7,1 km – 16,5 km
Muito ativo 1,9 – 2,5 16,6 km – 37 km
Fonte: Adaptado de MAHAN et al., 2022
Considerando o Efeito Térmico dos Alimentos
Devemos considerar o ETA, que é a energia gasta durante a digestão, a absorção, o
metabolismo e o armazenamento dos alimentos consumidos. Em geral, o ETA
representa cerca de 10% do Gasto Energético Total, mas pode variar dependendo da
composição da dieta.
Somando os Componentes
Agora, basta somarmos o GEB estimado com os adicionais para atividades físicas e o
ETA para obter uma estimativa do Gasto Energético Total (GET) de um adulto ou idoso
saudável.
Existem mais formas de estimar as necessidades energéticas?
Além das fórmulas e das referências citadas, a Necessidade Energética Estimada (EER)
pode ser obtida a partir das equações das Dietary Reference Intakes (DRIs), que se
apresentam como de fácil aplicação na prática clínica, em razão da proposta de dados
necessários (idade em anos, altura em centímetros, peso em quilogramas e nível de
atividade física – sedentário, pouco ativo, ativo ou muito ativo).
No ano de 2023, as DRIs para energia foram atualizadas, sendo as principais mudanças
relacionadas à população de referência. Se, antes, as DRIs para energia eram
representativas apenas da população saudável, hoje são indicadas para o público em
geral. O Quadro 5 expõe as equações preditivas contidas no material, de acordo com o
nível de atividade física, a idade e o sexo.
Quadro 5 – Equações preditivas das Necessidades Energéticas das DRIs para
Indivíduos Adultos e Idosos, de Acordo com o Nível de Atividade Física, a Idade e o
Sexo
Idade Sexo NAF* EER (kcal/dia)
19+
anos
Masculino
Sedentário
EER = 753.07 –
(10.83 × idade) +
(6.50 × altura) +
(14.10 × peso)
Idade Sexo NAF* EER (kcal/dia)
Pouco
Ativo
EER = 581.47 –
(10.83 × idade) +
(8.30 × altura) +
(14.94 × peso)
Ativo
EER = 1,004.82 –
(10.83 × idade) +
(6.52 × altura) +
(15.91 × peso)
Muito
Ativo
EER = -517.88 –
(10.83 × idade) +
(15.61 × altura) +
(19.11 × peso)
Idade Sexo NAF* EER (kcal/dia)
Feminino**
Sedentário
EER = 584.90 –
(7.01 × idade) +
(5.72 × altura) +
(11.71 × peso)
Pouco
Ativo
EER = 575.77 – (7.01
× idade) + (6.60 ×
altura) + (12.14 ×
peso)
Ativo
EER = 710.25 – (7.01
× idade) + (6.54 ×
altura) + (12.34 ×
peso)
Muito
Ativo
EER = 511.83 – (7.01
× idade) + (9.07 ×
altura) + (12.56 ×
peso)
*NAF = Nível de Atividade Física.
**Equações preditivas não contemplam gestantes e lactantes.
Fonte: Adaptado de DRIs, 2023
Vamos aplicar o conhecimento?
Estudo de caso:
Paciente JVD, sexo masculino, 63 anos, negro, casado, aposentado há cerca de 02
anos, trabalhava como marceneiro. Realizou atendimento nutricional ambulatorial no
dia 06/05/2024, encaminhado pelo geriatra para reeducação alimentar. Relata
antecedentes familiares, pai e mãe falecidos por cardiopatias, e irmã com
hipercolesterolemia, nega história familiar de DM ou neoplasias. Nega antecedentes
patológicos pessoais. Diz ser ex-tabagista (por 10 anos) e etilista. Reside com a esposa
e 01 filha. Alega prática de atividade física diária (caminhada de 7 km ao dia). TGI
normal.
Antropometria
Vamos calcular a estimativa do Gasto Energético Basal com as fórmulas de Harris-
Benedict, as equações da FAO/OMS e as equações de Mi�in-St Jeor. Em seguida,
vamos descobrir o Gasto Energético Total desse paciente, considerando o Gasto
Energético da Atividade Física.
Gasto Energético Basal (GEB)
Quadro 6 – Gasto Energético Basal de Acordo com as Equações de Harris-Benedict, da
FAO/OMS e de Mi�in-St Jeor
Peso atual: 65,9;
Altura estimada: 1,68 m;
IMC: 23,36 Kg/m2 (Eutrofia).
Equações de Harris-Benedict
GEB = 66 + (13,8 x P) + (5,0 x A) – (6,8 x I)
GEB = 66 + (13,8 x 65,9 kg) + (5,0 x 168 cm) – (6,8 x 63)
GEB = 66 + 909,42 + 840 - 428,4
GEB = 1387 kcal
Equações FAO/OMS
GEB = (11,711 x P) + 587,7
GEB = (11,711 x 65,9 kg) + 587,7
GEB = 1359,5 kcal
Equações de Mi�in-St Jeor
GEB = (10 x P) + (6,25 x A) – (5,0 x I) + 5
GEB = (10 x 65,9 kg) + (6,25 x 168 cm) – (5 x 63) + 5
GEB = 659 + 1050 – 315 + 5
GEB = 1399 kcal
Cálculo do Gasto Energético Total (GET)
Para essa etapa, faz-se necessário resgatar no Quadro 4 (categoria de Gasto Energético
Adicional da Atividade Física e equivalente em caminhada) qual fator melhor condiz
com o nível de atividade física do paciente. Nesse caso, o paciente realiza caminhada
que totaliza 7 km por dia, estando, portanto, correlacionado ao Adicional de Atividade
Física de 1,59, valor esse que será multiplicado ao GEB encontrado no passo anterior.
Quadro 6 – Gasto Energético Basal de Acordo com as Equações de Harris-Benedict, da
FAO/OMS e de Mi�in-St Jeor
Equações de Harris-Benedict
GEB = 66 + (13,8 x P) + (5,0 x A) – (6,8
x I)
GEB = 66 + (13,8 x 65,9kg) + (5,0 x
168cm) – (6,8 x 63)
GEB = 66 + 909,42 + 840 – 428,4
GEB = 1387 kcal
GET = GEB X GEAF
GET = 1387 x 1,59
GET = 2205,3 kcal
Equações FAO/OMS
GEB = (11,711 x P) + 587,7
GEB = (11,711 x 65,9 kg) + 587,7
GEB = 1359,5 kcal
GET = GEB X GEAF
GET = 1359,5 x 1,59
GET = 2161,6 kcal
Equações de Mi�in-St Jeor
GEB = (10 x P) + (6,25 x A) – (5,0 x I) +
5
GEB = (10 x 65,9 kg) + (6,25 x 168 cm)
– 
(5 x 63) + 5 
GEB = 659 + 1050 – 315 + 5
GEB = 1399 kcal
GET = GEB X GEAF
GET = 1399 x 1,59
GET = 2224,4 kcal
Para as equações adotadas, o Gasto Energético Total desse paciente, ou seja, sua
necessidade nutricional em energia, segundo as fórmulas preditivas, é de: 
A definição de qual fórmula preditiva será utilizada dependerá de alguns fatores, tais
como objetivo da estimativa, precisão desejada (por meio da seleção de fórmulas que
foram validadas em grupos específicos), disponibilidade de informações e contexto
clínico.
Necessidades Nutricionais para Indivíduos Sadios:
Macronutrientes e Micronutrientes
Na área da Nutrição, é crucial reconhecermos que a falta de adequação nos tipos ou nas
quantidades de macronutrientes ou micronutrientes, de ingestão de fluidos ou mesmo
de atividade física pode resultar em deterioração da saúde, gerando comprometimento
do sistema imunológico, bem como podendo evoluir com a ocorrência de disfunções e
doenças.
Em 1993, a Food and Nutrition Board (FNB) publicou um piloto para o desenvolvimento
das recomendações nutricionais, as chamadas Ingestões Dietéticas de Referência
(DRIs).
Equações de Harris-Benedict: 2.205,3 kcal;
Equações FAO/OMS: 2.161,6 kcal;
Equações de Mi�in-St Jeor: 2.224,4 kcal.As DRIs, em sua construção, contemplam os mais diversos cenários de saúde, bem
como ciclos da vida. Para tanto, em seu modelo mais atual, há quatro categorias:
A Ingestão Adequada refere-se à quantidade de um nutriente categorizado como
suficiente para suprir as necessidades dietéticas de uma pessoa saudável. Essa medida
é determinada a partir de dados científicos sobre as demandas nutricionais de
diferentes grupos populacionais e é usada como uma referência para avaliar a
adequação da ingestão dietética de indivíduos.
O Requisito Médio Estimado, por outro lado, é uma medida usada para estimar a
quantidade média de determinado nutriente que é considerada adequada para atender
às necessidades da maioria da população saudável. É uma referência utilizada em
conjunto com outras medidas, como a Ingestão Adequada (IA), para avaliar a
suficiência da ingestão dietética de nutrientes.
A Dose Diária Recomendada representa a quantidade de um nutriente que se faz
suficiente para suprir as demandas de quase toda a população saudável (97% a 98%).
Trata-se de um conceito aplicado como meta de ingesta alimentar, e não como ponto
de referência.
O Nível Máximo de Ingestão Tolerável, como o próprio termo sugere, é o valor mais
alto de um nutriente que pode ser consumido sem culminar com efeitos adversos à
saúde.
Ingestão Adequada (IA);
Requisito Médio Estimado (RME);
Dose Diária Recomendada (DDR);
Nível Máximo de Ingestão Tolerável (NMIT).
Para os macronutrientes, as DRIs apontam intervalos de distribuição aceitáveis de
macronutrientes, sendo essas informações disponíveis no Quadro 8 a seguir.
Quadro 8 – Intervalos de Distribuição Aceitáveis de Macronutrientes para Adultos, de
Acordo com as DRIs
Nutriente
Porcentagem da ingestão
energética diária >19 anos 
Proteína 10% a 35%
Carboidrato 45% a 65%
Gordura 20% a 35%
Ômega 3 0,6% a 1,2%
Ômega 6 5% a 10%
Fonte: Adaptado de Institute of Medicine, 2002; 2005
Vale salientarmos que os nutrientes expostos nas DRIs são apresentados de acordo
com grupos etários, gênero e estado reprodutivo das mulheres. Os valores
correspondentes às doses diárias recomendadas de vitaminas e minerais para adultos
podem ser consultados no Quadro 9 a seguir.
Quadro 9 – Doses Diárias Recomendadas de Vitaminas e
Minerais para Adultos, de Acordo com as DRIs 
*Valores não representativos de mulheres gestantes ou lactantes.
Fonte: Adaptado de Institute of Medicine, 1997; 1998; 2000; 2005; 2011; 2019
#ParaTodosVerem: no quadro apresentado, é possível visualizar vitaminas
subdivididas entre tipos (vitamina A, C, D, E, K, Tiamina, Riboflavina, Niacina, B6,
Folato, B12, Ácido Pantotênico, Biotina e Colina) e suas quantidades diárias
recomendadas para indivíduos do sexo masculino e feminino, nas faixas etárias de 19
a 30 anos, 31 a 50 anos, 51 a 70 anos e acima de 70 anos. Abaixo, o quadro apresenta
dados acerca dos teores recomendados para minerais, sendo eles: Cálcio, Cromo,
Cobre, Flúor, Iodo, Ferro, Magnésio, Manganês, Molibdênio, Fósforo, Selênio, Zinco,
Potássio e Sódio, além de suas quantidades diárias recomendadas para indivíduos dos
sexos masculino e feminino, nas faixas etárias de 19 a 30 anos, 31 a 50 anos, 51 a 70
anos e acima de 70 anos. No que tange às vitaminas, para indivíduos do sexo
masculino, de 19 a 30 anos, as recomendações são de: Vitamina A (900 μg), Vitamina
C (90 mg), Vitamina D (15 μg), Vitamina E (15 mg), Vitamina K (120 μg), Tiamina (1,2
mg), Riboflavina (1,3 mg), Niacina (16 mg), Vitamina B6 (1,3 mg), Folato (400 μg),
Vitamina B12 (2,4 μg), Ácido Pantotênico (5 mg), Biotina (30 μg), Colina (550 mg); 31
a 50 anos: Vitamina A (900 μg), Vitamina C (90 mg), Vitamina D (15 μg), Vitamina E
(15 mg), Vitamina K (120 μg), Tiamina (1,2 mg), Riboflavina (1,3 mg), Niacina (16 mg),
Vitamina B6 (1,3 mg), Folato (400 μg), Vitamina B12 (2,4 μg), Ácido Pantotênico (5
mg), Biotina (30 μg), Colina (550 mg); 51 a 70 anos: Vitamina A (900 μg), Vitamina C
(90 mg), Vitamina D (15 μg), Vitamina E (15 mg), Vitamina K (120 μg), Tiamina (1,2
mg), Riboflavina (1,3 mg), Niacina (16 mg), Vitamina B6 (1,7 mg), Folato (400 μg),
Vitamina B12 (2,4 μg), Ácido Pantotênico (5 mg), Biotina (30 μg) e Colina (550 mg); e
acima de 70 anos: Vitamina A (900 μg), Vitamina C (90 mg), Vitamina D (20 μg),
Vitamina E (15 mg), Vitamina K (120 μg), Tiamina (1,2 mg), Riboflavina (1,3 mg),
Niacina (16 mg), Vitamina B6 (1,7 mg), Folato (400 μg), Vitamina B12 (2,4 μg), Ácido
Pantotênico (5 mg), Biotina (30 μg) e Colina (550 mg). Para o sexo feminino, de 19 a
30 anos, Vitamina A (700 μg), Vitamina C (75 mg), Vitamina D (15 μg), Vitamina E (15
mg), Vitamina K (90 μg), Tiamina (1,1 mg), Riboflavina (1,1 mg), Niacina (14 mg),
Vitamina B6 (1,3 mg), Folato (400 μg), Vitamina B12 (2,4 μg), Ácido Pantotênico (5
mg), Biotina (30 μg), Colina (425 mg); de 31 a 50 anos: Vitamina A (700 μg), Vitamina
C (75 mg), Vitamina D (15 μg), Vitamina E (15 mg), Vitamina K (90 μg), Tiamina (1,1
mg), Riboflavina (1,1 mg), Niacina (14 mg), Vitamina B6 (1,3 mg), Folato (400 μg),
Vitamina B12 (2,4 μg), Ácido Pantotênico (5 mg), Biotina (30 μg), Colina (425 mg); 51
a 70 anos: Vitamina A (700 μg), Vitamina C (75 mg), Vitamina D (15 μg), Vitamina E
(15 mg), Vitamina K (90 μg), Tiamina (1,1 mg), Riboflavina (1,1 mg), Niacina (14 mg),
Vitamina B6 (1,5 mg), Folato (400 μg), Vitamina B12 (2,4 μg), Ácido Pantotênico (5
mg), Biotina (30 μg), Colina (425 mg); e acima de 70 anos: Vitamina A (700 μg),
Vitamina C (75 mg), Vitamina D (20 μg), Vitamina E (15 mg), Vitamina K (90 μg),
Tiamina (1,1 mg), Riboflavina (1,1 mg), Niacina (14 mg), Vitamina B6 (1,5 mg), Folato
(400 μg), Vitamina B12 (2.4 μg), Ácido Pantotênico (5 mg), Biotina (30 μg), Colina
(425 mg). No que tange aos minerais, para indivíduos do sexo masculino, de 19 a 30
anos: Cálcio (1.000 mg), Cromo (35 μg), Cobre (900 μg), Flúor (4 mg), Iodo (150 μg),
Ferro (8 mg), Magnésio (400 mg), Manganês (2,3 mg), Molibdênio (45 μg), Fósforo
(700 mg), Selênio (55 μg), Zinco (11 mg), Potássio (3.400 mg), Sódio (1.500 mg); 31 a
50 anos: Cálcio (1.000 mg), Cromo (35 μg), Cobre (900 μg), Flúor (4 mg), Iodo (150
μg), Ferro (8 mg), Magnésio (420 mg), Manganês (2,3 mg), Molibdênio (45 μg),
Fósforo (700 mg), Selênio (55 μg), Zinco (11 mg), Potássio (3.400 mg), Sódio (1.500
mg); 51 a 70 anos: Cálcio (1.000 mg), Cromo (30 μg), Cobre (900 μg), Flúor (4 mg),
Iodo (150 μg), Ferro (8 mg), Magnésio (420 mg), Manganês (2,3 mg), Molibdênio (45
μg), Fósforo (700 mg), Selênio (55 μg), Zinco (11 mg), Potássio (3.400 mg), Sódio
(1.500 mg); e acima de 70 anos: Cálcio (1.200 mg), Cromo (30 μg), Cobre (900 μg),
Flúor (4 mg), Iodo (150 μg), Ferro (8 mg), Magnésio (420 mg), Manganês (2,3 mg),
Molibdênio (45 μg), Fósforo (700 mg), Selênio (55 μg), Zinco (11 mg), Potássio (3.400
mg), Sódio (1.500 mg). Para o sexo feminino, de 19 a 30 anos: Cálcio (1.000 mg),
Cromo (25 μg), Cobre (900 μg), Flúor (3 mg), Iodo (150 μg), Ferro (18 mg), Magnésio
(310 mg), Manganês (1,8 mg), Molibdênio (45 μg), Fósforo (700 mg), Selênio (55 μg),
Zinco (8 mg), Potássio (2.600 mg), Sódio (1.500 mg); 31 a 50 anos: Cálcio (1.000 mg),
Cromo (25 μg), Cobre (900 μg), Flúor (3 mg), Iodo (150 μg), Ferro (18 mg), Magnésio
(320 mg), Manganês (1,8 mg), Molibdênio (45 μg), Fósforo (700 mg), Selênio (55 μg),
Zinco (8 mg), Potássio (2.600 mg), Sódio (1.500 mg); 51 a 70 anos: Cálcio (1.200 mg),
Cromo (20 μg), Cobre (900 μg), Flúor (3 mg), Iodo (150 μg), Ferro (8 mg), Magnésio
(320 mg), Manganês (1,8 mg), Molibdênio (45 μg), Fósforo (700 mg), Selênio (55 μg),
Zinco (8 mg), Potássio (2.600 mg), Sódio (1.500 mg); e acima de 70 anos: Cálcio (1.200
mg), Cromo (20 μg), Cobre (900 μg), Flúor (3 mg), Iodo (150 μg), Ferro (8 mg),
Magnésio (320 mg), Manganês (1,8 mg), Molibdênio (45 μg), Fósforo (700 mg),
Selênio (55 μg), Zinco (8 mg), Potássio (2.600 mg) e Sódio (1.500 mg). Fim da
descrição.
Vamos praticar?
No tópico anterior, conhecemos o paciente JVD. Vamos relembrar o caso clínico: 
Paciente JVD, sexo masculino, 63 anos, negro, casado, aposentadohá cerca de 02
anos, trabalhava como marceneiro. Realizou atendimento nutricional ambulatorial no
dia 06/05/2024, encaminhado pelo geriatra para reeducação alimentar. Relata
antecedentes familiares, pai e mãe falecidos por cardiopatias, e irmã com
hipercolesterolemia, nega história familiar de DM ou neoplasias. Nega antecedentes
patológicos pessoais. Diz ser ex-tabagista (por 10 anos) e etilista. Reside com a esposa
e 01 filha. Alega prática de atividade física diária (caminhada de 7 km ao dia). TGI
normal.
Antropometria
No início da discussão acerca do caso, calculamos o valor energético total,
considerando a avaliação antropométrica do paciente, utilizando três fórmulas. 
Para seguirmos com a discussão, vamos elencar uma delas para definirmos as
necessidades em macronutrientes e micronutrientes do paciente. No caso atual, a
estimativa adotada será a obtida a partir das Equações de Mi�in-St Jeor, retornando
um valor energético total de 2224,4 kcal.
De acordo as recomendações contidas nas DRIs, a distribuição entre macronutrientes
deve ser procedida considerando as faixas a seguir:
Peso atual: 65,9.
Altura estimada: 1,68 m.
IMC: 23,36 Kg/m2 (Eutrofia).
Quadro 10 – Cálculo dos valores de macronutriente em percentual, calorias e gramas
Macronutriente Percentual
Valor em
calorias
Valor em
gramas
Proteína 10% 222,4 kcal
÷ 4* = 56,1
g
Carboidrato 60%
1.334,64
kcal
÷ 4* =
333,7 g
Gordura 30%
667,32
kcal
÷ 9* = 74,1
g
Somatório 100%
2.224,4
kcal
–
Para os micronutrientes, vamos avaliar o sexo e a faixa etária do paciente. O enunciado
da questão expõe que ele é do sexo masculino e tem 63 anos. Os dados obtidos após a
análise das DRIs estão dispostos no Quadro 11 a seguir.
Quadro 11 – Micronutrientes Específicos para Indivíduos do
Sexo Masculino na Faixa Etária de 51 a 70 anos  
Proteína: 10 a 35%;
Carboidrato: 45 a 65%;
Gordura: 20 a 35%.
Fonte: Adaptado de Institute of Medicine, 1997; 1998; 2000; 2005; 2011; 2019
#ParaTodosVerem: no quadro, é possível visualizar vitaminas subdivididas
entre tipos (vitamina A, C, D, E, K, Tiamina, Riboflavina, Niacina, B6, Folato, B12,
Ácido Pantotênico, Biotina e Colina) e suas quantidades diárias recomendadas
para indivíduos do sexo masculino na faixa etária de 51 a 70 anos. Abaixo, o
quadro apresenta dados acerca dos teores recomendados para minerais, sendo
eles: Cálcio, Cromo, Cobre, Flúor, Iodo, Ferro, Magnésio, Manganês,
Molibdênio, Fósforo, Selênio, Zinco, Potássio e Sódio, além de suas quantidades
diárias recomendadas para indivíduos do sexo masculino na faixa etária de 51 a
70 anos. No que tange às vitaminas, para indivíduos do sexo masculino, de 51 a
70 anos: Vitamina A (900 μg), Vitamina C (90 mg), Vitamina D (15 μg),
Vitamina E (15 mg), Vitamina K (120 μg), Tiamina (1,2 mg), Riboflavina (1,3
mg), Niacina (16 mg), Vitamina B6 (1,7 mg), Folato (400 μg), Vitamina B12 (2,4
μg), Ácido Pantotênico (5 mg), Biotina (30 μg) e Colina (550 mg). Quanto aos
minerais, para indivíduos do sexo masculino, de 51 a 70 anos: Cálcio (1.000 mg),
Cromo (30 μg), Cobre (900 μg), Flúor (4 mg), Iodo (150 μg), Ferro (8 mg),
Magnésio (420 mg), Manganês (2,3 mg), Molibdênio (45 μg), Fósforo (700
mg), Selênio (55 μg), Zinco (11 mg), Potássio (3.400 mg) e Sódio (1.500 mg).
Fim da descrição.
A partir da definição desses dados, torna-se possível a construção de um
planejamento alimentar pautado nas demandas nutricionais individuais do paciente,
ou seja, na determinação das quantidades ideais de cada nutriente a serem incluídas na
dieta de acordo com as necessidades específicas de cada pessoa.
Para desenvolver um planejamento alimentar individualizado, é importante considerar
fatores como idade, sexo, peso, altura, nível de atividade física, estado de saúde e metas
pessoais, como perda de peso, ganho de massa muscular ou controle de condições
médicas específicas, quando houver.
Além disso, é fundamental considerar as preferências alimentares, as restrições
dietéticas e a disponibilidade de alimentos ao desenvolver um plano alimentar. O
objetivo é criar uma dieta equilibrada, variada e adequada às necessidades nutricionais
individuais do paciente, promovendo, assim, a saúde e o bem-estar a longo prazo.
Um planejamento alimentar personalizado não apenas atende às necessidades
nutricionais do paciente, mas também pode ajudar a prevenir deficiências
nutricionais, promover a manutenção de um peso saudável, melhorar o desempenho
atlético e controlar condições médicas como diabetes, hipertensão e doenças
cardiovasculares. Esses tópicos serão abordados com maior amplitude na quarta
unidade.
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta
Unidade:
  Vídeos  
Como Avaliar o Metabolismo (Calorimetria Indireta)?
O vídeo a seguir aborda a calorimetria indireta do ponto de vista da funcionalidade do
procedimento, bem como o passo a passo de sua realização.
Página 2 de 3
📄 Material Complementar
DRIs - Ingestão Diária Recomendada | Recomendações
Nutricionais e Valores 
No vídeo a seguir, é possível acompanhar, esquematicamente, como é realizada a
utilização das DRIs (Ingestão Dietética Recomendada).
Como avaliar o metabolismo (calorimetria indireta)?Como avaliar o metabolismo (calorimetria indireta)?
https://www.youtube.com/watch?v=UVRUFmrKEBc
  Leitura  
As Necessidades Energéticas Basais Medidas por
Calorimetria Indireta Versus Equações Preditivas. A
Avaliação da População Portuguesa Justifica-se? 
O artigo a seguir discute o comparativo dos valores de necessidades energéticas basais
estimadas em relação aos obtidos a partir da calorimetria indireta.
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
DRIs - Ingestão Diária Recomendada | Recomendações NutricionaDRIs - Ingestão Diária Recomendada | Recomendações Nutriciona……
https://actaportuguesadenutricao.pt/wp-content/uploads/2023/06/13_AR.pdf
https://www.youtube.com/watch?v=-8-Ok-c35fA
Ingestão de Energia e Nutrientes Segundo Consumo de
Alimentos Fora do Lar na Região Nordeste: uma
Análise do Inquérito Nacional de Alimentação 2008-
2009 
O artigo apresenta uma discussão com base nos dados do Inquérito Nacional de
Alimentação, de 2008/2009, com olhar voltado ao consumo de alimentos fora de casa.
Clique no botão para conferir o conteúdo.
ACESSE
https://www.scielo.br/j/rbepid/a/vSR6kXmLFs76KhNtGbgkkQN/?lang=pt&format=pdf
FRANKENFIELD, D. C., et al. Validation of several established equations for resting
metabolic rate in obese and nonobese people. Journal of the American Dietetic
Association, v. 103, n. 9, p. 1152-1159, 2003. 
GASPAR, A. Física, 1. ed. São Paulo: Ática, 2003.
INSTITUTE OF MEDICINE. Dietary reference intakes for calcium, phosphorus,
magnesium, vitamin D, and fluoride. Washington (DC): National Academy Press, 1997.
INSTITUTE OF MEDICINE. Dietary reference intakes: a risk assessment model for
establishing upper intake levels for nutrients. Washington (DC): National Academy Press,
1998a.
INSTITUTE OF MEDICINE. Dietary reference intakes for thiamin, riboflavin, niacin,
vitamin B6, folate, vitamin B12, pantothenic acid, biotin, and choline. Washington (DC):
National Academy Press, 1998b.
INSTITUTE OF MEDICINE. Dietary reference intakes for vitamin C, vitamin E, selenium,
and carotenoids. Washington (DC): National Academy Press, 2000. 
INSTITUTE OF MEDICINE. Dietary reference intakes for Vitamin A, Vitamin K, Arsenic,
Boron, Chromium, Copper, Iodine, Iron, Manganese, Molybdenum, Nickel, Silicon,
Vanadium, and Zinc. Washington (DC): National Academy Press, 2001. 
Página 3 de 3
📄 Referências
INSTITUTE OF MEDICINE. Dietary reference intakes for vitamin A, vitamin K, arsenic,
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vanadium, and zinc. Washington (DC): National Academy Press, 2002.
INSTITUTE OF MEDICINE. Dietary reference intakes: applications in dietary planning.
Washington (DC): National Academy Press, 2003.
INSTITUTE OF MEDICINE. Dietary reference intakes for water, potassium,sodium,
chloride, and sulfate. Washington (DC): National Academy Press, 2004.
INSTITUTE OF MEDICINE. Dietary reference intakes for energy, carbohydrate, fiber, fat,
fatty acids, cholesterol, protein, and amino acids. Washington (DC): National Academy
Press, 2005.
INSTITUTE OF MEDICINE. Dietary reference intakes for calcium and vitamin D from the
Institute of Medicine: what clinicians need to know. Washington (DC): National
Academy Press, 2011.
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______. Dietary reference intakes for energy. Washington, DC: The National
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LEHNINGER, A. L.; NELSON, D. L.; COX, M. M. Lehninger Principles of Biochemistry. 6th
ed. New York: Freeman, W. H. & Company, 2013. 1340 p.
MAHAN, L. K.; ESCOTT-STUMP, S.; RAYMOND, J. L. Krause: Alimentos, Nutrição e
Dietoterapia. 13. ed. Rio de Janeiro: Elsevier, 2022. 1228 p.
RIBEIRO, E. P. Química de alimentos. 2. ed. São Paulo: Blucher, 2007. (e-book)

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