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TRANSTORNO DO ESPECTRO AUTISTA: EFICÁCIA DO TRATAMENTO COM O CANABIDIOL KAYLANE VITORIA CAMPOS RODRIGUES[footnoteRef:1] [1: Acadêmica de Graduação, Curso de Biomedicina, Centro Universitário Unifasipe – UNIFASIPE. Endereço eletrônico: kaylane.vitoria3133@hotmail.com.] RAFAEL LAURINDO MORALES[footnoteRef:2] [2: Mestre em Ciências em Saúde com ênfase em atividade farmacolófica e toxicológica de produtos naturais e sintéticos, Curso de Biomedicina, Centro Universitário Unifasipe – UNIFASIPE. Endereço eletrônico: Rafaellmorales.rm@gmail.com.] RESUMO: O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é uma condição caracterizada por comprometimentos no neurodesenvolvimento, afetando a comunicação, a linguagem e a interação social desde a infância. Os fatores que contribuem para o TEA são complexos, englobando influências genéticas e ambientais, e seu diagnóstico é baseado em critérios clínicos, conforme o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - 5ª edição (DSM-5). Apesar dos tratamentos convencionais, como terapias comportamentais, musicoterapia e fonoaudiologia, o uso de substâncias derivadas da cannabis sativa, como o canabidiol (CBD), tem despertado interesse como uma possível abordagem terapêutica alternativa. Diante dessas informações, questiona-se: o CBD é, de fato, eficaz no tratamento do TEA? Este estudo objetivou revisar o tratamento do TEA com base no CBD, compreendendo sua fisiopatologia e explorando seu mecanismo de ação, além de apresentar a relação entre os dois. Trata-se de uma revisão da literatura com uma abordagem qualitativa e descritiva, na qual foram consultadas bases de dados online, como Scientific Library Online (SciELO), Public Medicine Library (PubMed) e Google Acadêmico. O CBD tem se destacado como uma intervenção terapêutica para o TEA, com estudos preliminares mostrando melhorias significativas em sintomas comportamentais e na qualidade de vida de pacientes tratados com essa substância. Contudo, são necessárias mais pesquisas para compreender plenamente a eficácia, a segurança e o impacto a longo prazo do CBD no tratamento do TEA. PALAVRAS-CHAVE: Canabidiol; Cannabis Sativa; Transtorno do Espectro Autista. AUTISTIC SPECTRUM DISORDER: EFFECTIVENESS OF TREATMENT WITH CANNABIDIOL ABSTRACT: Autism Spectrum Disorder (ASD) is a condition characterized by impairments in neurodevelopment, affecting communication, language and social interaction since childhood. The factors that contribute to ASD are complex, encompassing genetic and environmental influences, and its diagnosis is based on clinical criteria, according to the Diagnostic and Statistical Manual of Mental Disorders - 5th edition (DSM-5). Despite conventional treatments, such as behavioral therapies, music therapy and speech therapy, theuse of substances derived from cannabis sativa, such as cannabidiol (CBD), has aroused interest as a possible alternative therapeutic approach. Given this information, the question arises: is CBD, in fact, effective in treating ASD? This study aimed to review the treatment of ASD based on CBD, understanding its pathophysiology and exploring its mechanism of action, in addition to presenting the relationship between the two. This is a literature review with a descriptive and qualitative approach, in which online databases were consulted, such as Scientific Library Online (SciELO), Public Medicine Library (PubMed) and Google Scholar. CBD has stood out as a therapeutic intervention for ASD, with preliminary studies showing significant improvements in behavioral symptoms and quality of life in patients treated with this substance. However, more research is needed to fully understand the effectiveness, safety, and long-term impact of CBD in treating ASD. KEYWORDS: Cannabidiol; Cannabis Sativa; Autism Spectrum Disorder. 1. INTRODUÇÃO O Transtorno do Espectro Autista (TEA) é marcado por comprometimentos no neurodesenvolvimento, afetando a comunicação, a linguagem e o comportamento social. Seus sinais podem ser detectados na infância, inclusive nos primeiros meses de vida (ARBERAS; RUGGIERI, 2019). O transtorno possui uma base heterogênea, influenciada por fatores ambientais e genéticos (ARBERAS; RUGGIERI, 2019). Está associado a danos no desenvolvimento neurológico, prejudicando a fala, a interação social, a comunicação não verbal e provocando comportamentos repetitivos. Além disso, o TEA pode apresentar diversas comorbidades, como distúrbios do sono, hiperatividade, epilepsia e problemas gastrointestinais (GUEDES, 2015). O diagnóstico do TEA é principalmente clínico, fundamentado nos critérios estabelecidos no Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais, 5ª edição (DSM-5). Esses critérios enfatizam aspectos como dificuldades nas interações sociais, padrões de comportamento restritos e repetitivos, além de dificuldades na comunicação de forma organizada. Os sinais e sintomas costumam aparecer durante o desenvolvimento social da criança, impactando significativamente várias áreas de sua vida (PRISCO; ARANTES, 2022; CÂMARA; CENCI, 2021).0 Os tratamentos conv0encionais incluem terapia de Análise Comportamental Aplicada (ABA), musicoterapia e fonoaudiologia (MOUSINHO, 2010). Além disso, destaca-se o tratamento com Cannabis sativa, uma planta originária da Ásia Ocidental (GONTIJO, 2016). Pesquisadores têm explorado intervenções terapêuticas com substâncias da Cannabis na população autista, focando no canabidiol (CBD), que é conhecido por ser livre de efeitos psicodélicos (JESUS; ANDRADE, 2021). O CBD atua em diversos sistemas neuronais, especialmente no sistema canabinoide, apresentando uma ampla gama de ações farmacológicas. Ele se relaciona com o sistema dopaminérgico, não causando euforia, agitação ou outros eventos motores (SANTOS; SCHERF; MENDES, 2019). Além disso, o CBD atua como um calmante no Sistema Nervoso Central (SNC) sem provocar efeitos psicóticos ou interações significativas com os receptores canabinoides (SANTOS; SCHERF; MENDES, 2019). No contexto do autismo, onde não há cura, o uso de CBD pode aliviar sintomas como irritabilidade, agressão, impulsividade, insônia e falta de atenção, melhorando a qualidade de vida com doses baixas. A contribuição de biomédicos no diagnóstico, por meio de exames genéticos, é essencial para avaliar o TEA e explorar métodos de tratamento seguros e promissores (CASTRO et al., 2022). Recentemente, o autismo apresentou um aumento significativo, com aproximadamente 16% das crianças em processo de diagnóstico no Brasil. Por razão de haver alta demanda, cientistas estão apostando no uso do CBD, cuja legalização no Brasil ocorreu em 2020, permitindo a prescrição médica para tentativas de tratamento alternativo que visem melhorar a qualidade de vida dos portadores de TEA (PEREIRA et al., 2023). O tratamento medicamentoso do autismo conta com dois antipsicóticos, aripiprazol e risperidona, aprovados pela Food and Drug Administration (FDA). No entanto, esses medicamentos ajudam apenas nos sintomas de irritabilidade e comportamento agressivo, não sendo eficazes para os principais sintomas do TEA (MARQUES et al., 2021), como dificuldades no contato visual, atraso na linguagem e problemas de interação social (BEHRMAN et al., 2011). Devido a sintomas associados ao TEA, como ansiedade e agressividade, o CBD tem se destacado por seus resultados positivos. Estudos mostraram que 80% das crianças tratadas com CBD apresentaram melhora significativa ou moderada, embora não haja relatos sobre os efeitos do tratamento a longo prazo (BAR-LEV SCHLEIDER et al., 2019). Diante dessas informações, questiona-se: o CBD é, de fato, eficaz no tratamento do TEA? O objetivo geral deste estudo foi revisar o tratamento do TEA à base de canabidiol (CBD). Para isso, foram abordados, de forma específica, a compreensão da fisiopatologia do TEA, a explicação do mecanismo de ação do CBD no tratamento dessa condição e a apresentação da relação entre o CBD e o TEA. 2. REVISÃO DE LITERATURA 2.1 Transtorno de Espectro Autista Segundo a Associação Americana dePsiquiatria (APA), o TEA é caracterizado por comportamentos repetitivos e pela presença de interesses restritos, além de dificuldades na comunicação e socialização. Essas características costumam aparecer nos primeiros anos de vida (APA, 2014). O TEA é uma condição crônica e uma neurodeficiência, não uma doença. A maioria dos casos está relacionada a falhas genéticas, mas fatores externos também podem contribuir para o desenvolvimento do espectro, especialmente durante o período gestacional, como no caso de pais de idades avançadas e infecções durante a gravidez (RUSSO, 2023). Embora não exista cura para o transtorno, o diagnóstico e intervenções precoces fazem uma grande diferença na melhoria da qualidade de vida, tornando a pessoa mais independente e proporcionando estímulos para o desenvolvimento cognitivo. Além disso, essas intervenções preparam a família para os desafios presentes e futuros (MAIA et al., 2016; IMRAN et al., 2011). 2.2 Diagnóstico do Transtorno do Espectro Autista Para um diagnóstico eficaz, é realizado acompanhamento periódico com psiquiatra, psicólogo e neuropsiquiatra, abrangendo testes genéticos e a aplicação de critérios do Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais - 5ª edição (DSM-5). Os sinais do transtorno são perceptíveis a partir dos 3 anos de idade, mas tornam-se mais evidentes entre 12 e 18 meses, período em que a criança pode apresentar atraso na fala ou no desenvolvimento (KLIN, 2006). 2.3 Etiologia do autismo Os primeiros estudos sobre a base genética do TEA datam de 1977 e revelam que gêmeos monozigóticos têm maior incidência do transtorno do que gêmeos dizigóticos (RUTTER; FOLSTEIN). Pesquisas indicam que cerca de 50% dos casos são hereditários, com fatores ambientais também desempenhando um papel (GRIESE-OLIVEIRA; SERTIÉ, 2017; RONALD; HOEKSTRA, 2011). Mutações cromossômicas e distúrbios monogênicos afetam entre 5% e 10% dos indivíduos com Transtorno do Espectro Autista (TEA) (WIŚNIOWIECKA-KOWALNIK; NOWAKOWSKA, 2021), e biobancos como o Stafari Gene desempenham um papel crucial na identificação de genes associados ao autismo (ABRAHAMS et al., 2013). Além disso, fatores como a idade dos pais e a interação com neurotransmissores, como o GABA, são levados em conta durante o diagnóstico (GYAWALI et al., 2019; YANG, 2017). O Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC) estima que 1 em cada 78 crianças é afetada por perturbações do espectro autista (FRIEDEN et al., 2010), apresentando comorbidades mais frequentes em meninos, além de dificuldades intelectuais e convulsões em uma parte significativa dos casos (CANITANO, 2007). 2.4 Comorbidades do TEA O termo “comorbidades” foi introduzido por Feinstein em 1970 para descrever a presença de duas condições mórbidas em um indivíduo, mas atualmente refere-se à associação não causal de múltiplas condições (LIPTON, 1994). O estudo das comorbidades no TEA é crucial para diagnósticos precisos e para a compreensão dos mecanismos fisiopatológicos (LIPTON, 1994). Dificuldades na identificação de comorbidades psiquiátricas são comuns devido à sobreposição de sintomas e à ausência de marcadores biológicos (FERNANDES, 2018). A ansiedade é a comorbidade mais prevalente, afetando cerca de 20% dos indivíduos com TEA, seguida por distúrbios de conduta (12%) e depressão (11%) (ROSEN, 2018). As perturbações do espectro autista apresentam sinais desde os primeiros três anos de vida, com maior prevalência em meninos (FRIEDEN et al., 2010). Fatores ambientais e genéticos, como microdeleções na região 15q, estão associados aos sintomas do TEA (ZOGHI, 2012; SIU, 2016). 2.5 Epidemiologia Em 2014, o Brasil, com 200 milhões de habitantes, apresentava cerca de 1% de autistas, totalizando aproximadamente 2 milhões de indivíduos. Dentre esse grupo, 300 mil estavam concentrados no estado de São Paulo, enquanto em 2010 havia apenas 500 mil autistas (OLIVEIRA, 2019). O TEA atinge, em sua maioria, pessoas do sexo masculino e geralmente vem acompanhado de comorbidades como o Transtorno do Déficit de Atenção com Hiperatividade (TDAH) e distúrbios do sono (POLEG; GOLUBCHIK; WEIZMAN, 2019). O rápido aumento de casos de TEA ainda não é bem compreendido, mas há hipóteses de que se deva ao acréscimo de critérios para o diagnóstico no DSM-V, o que pode incluir casos previamente subdiagnosticados, resultando em um aumento real dos casos ou maior conscientização da população (ARAUJO, 2019). 2.6 Tratamentos convencionais Atualmente, não há cura para o autismo, e o tratamento envolve uma abordagem multidisciplinar, incluindo psicólogos, terapeutas e medicamentos, visando melhorar a qualidade de vida ao controlar sintomas comportamentais (MORAES, 2018). Fármacos como risperidona e aripiprazol são utilizados para tratar desordens comportamentais, mas muitos são prescritos off-label, o que demanda melhor regulamentação (BARROS et al., 2019; LAMY, 2018). O aripiprazol, por exemplo, apresenta menos efeitos extrapiramidais e mostrou benefícios em modelos animais (TAKASE, 2015; IREN, 2007; MARTINS, 2008). A risperidona é eficaz na redução da irritabilidade e agressividade, mas pode causar efeitos colaterais significativos, como aumento da glicose no sangue (NEVES, 2021; PIMENTA, 2019; SHARMA, 2012). Além disso, a terapia de Análise do Comportamento Aplicada (ABA), aprovada pela Organização Mundial da Saúde (OMS), é utilizada para ensinar habilidades e autocontrole emocional, sendo aplicada em diversos contextos, como familiar e escolar (BANDEIRA, 2023; CUCOLICCHIO et al., 2010; MEDEIROS, 2021; BERTAGLIA, 2023). 2.7 Plantas medicinais O uso de plantas medicinais é uma prática milenar que permanece relevante nos dias de hoje, servindo como fonte de novos princípios ativos e métodos de interesse farmacêutico. É importante destacar que a utilização de produtos naturais é amplamente disseminada, fundamentada no conhecimento popular que é transmitido de geração em geração (OLIVEIRA, 2016). Aproximadamente 80% da população global recorre à fitoterapia na atenção primária à saúde, utilizando diversas plantas para tratar e prevenir enfermidades (BONINI et al., 2018). A etnobotânica e a etnofarmacologia constituem os principais métodos científicos empregados na seleção dessas espécies, com o objetivo de promover a saúde, prevenir doenças e tratar condições de saúde (LEITÃO et al., 2014). Historicamente, substâncias vegetais têm sido fundamentais na medicina, devido ao seu metabolismo secundário, que gera compostos como flavonoides e alcaloides (FRANCISCO et al., 2015; LEITÃO et al., 2014). Apesar dos benefícios, algumas ervas, como babosa e boldo, podem causar efeitos tóxicos em altas doses, incluindo náuseas e convulsões (VIEIRA; FERNANDES, 2021). A Cannabis Sativa, embora pouco investigada no Brasil em razão do seu uso recreativo não autorizado, possui compostos terapêuticos significativos, como os canabinóides (GONÇALVES et al., 2019; OLIVEIRA; BITENCOURT, 2021). O CBD, um canabinóide não psicoativo, demonstra potencial terapêutico em estudos pré-clínicos (PINHEIRO; SILVA; KOHN, 2023). Esse amplo potencial tem incentivado a preferência por produtos fitoterápicos entre os consumidores (LIMA et al., 2021). 2.7.1 Cannabis Sativa L. A Cannabis Sativa, também conhecida como "maconha", é originária da Ásia e pertence à família Cannabaceae. Tem sido utilizada por milênios para tratar diversas condições médicas, como dor e epilepsia (MATOS et al., 2017; SILVA, 2020). Hoje, é uma das drogas recreativas mais comuns, contendo entre sessenta e oitenta canabinoides, que se dividem em canabinoides sintéticos, fitocanabinóides e endocanabinoides (BRENNEISEN, 2007). Entre os fitocanabinóides, o CBD é a segunda substância mais abundante e possui efeitos psicofarmacológicos positivos, sendo útil no tratamento da ansiedade, esquizofrenia e depressão, sem causar os efeitos psicoativos do THC, que induz relaxamento e euforia (GU, 2017; RONG, 2017). O uso contínuo de maconha pode prejudicar funções cognitivas, como aprendizagem e memória, e, em usuários de risco, podelevar à síndrome amotivacional e à psicose (RONG, 2017). Em contrapartida, o CBD não está associado ao aumento de problemas psicopatológicos e apresenta propriedades sedativas, neuroprotetoras e anti-inflamatórias, além de influenciar positivamente a neurogênese e as respostas emocionais (ZABERLETTI, 2017). O CBD também atua como antagonista do receptor vanilóide tipo 2, regulando a liberação de ocitocina e vasopressina, enquanto o THC reduz os níveis de anandamida, um canabinoide endógeno (QIN, 2008; BISOGNO, 2001). 2.8 CBD Terapêutico no autismo A fitoterapia, especialmente a partir da Cannabis sativa, tem sido utilizada há séculos para tratar diversas doenças (SILVA, 2020). Estudos recentes indicam que o CBD possui propriedades antipsicóticas (COSTA, 2017) e é eficaz na redução da ansiedade e do estresse (BRASIL, 2018). No contexto do TEA, os tratamentos convencionais apresentam eficácia limitada, e o uso de CBD pode representar uma alternativa viável, devido aos seus efeitos colaterais leves (BARCHEL, 2018). Em 2015, a ANVISA retirou o CBD da lista de substâncias restritas, permitindo seu uso sob supervisão médica (SANTOS, 2023). Embora a eficácia do CBD em crianças em desenvolvimento ainda seja debatida, seu uso tem crescido globalmente (BEHERE, 2017). A pesquisa sobre os canabinoides, iniciada na década de 60 por Raphael Mechoulam, revelou estruturas químicas importantes, incluindo o Δ9-THC e o CBD (MECHOULAM, 2016; GUILHERME et al., 2014). O sistema endocanabinoide do corpo humano regula várias funções, e a ativação dos receptores CB1 e CB2 pelo CBD pode promover homeostase em crianças com autismo (BUENO, 2014). Estudos sugerem que o CBD pode ajudar a equilibrar a atividade cerebral excessiva em crianças autistas, demonstrando resultados terapêuticos, como a redução de crises epilépticas e melhorias na regulação do apetite, sono e ansiedade (CRIPPA et al., 2009). Além de atuar como antipsicótico, o CBD possui propriedades neuroprotetoras e anti-inflamatórias, tornando-se uma opção promissora em diversas áreas da saúde (SCHLEIDER; MEIRI; NOVACK, 2019). 2.9 Extração do canabidiol O crescente interesse no CBD como fármaco terapêutico para o tratamento do TEA levou ao aumento de seu uso. Considerando o CBD como um fitocanabinóide, ele pode ser uma opção para tratar sintomas de TEA e comorbidades como depressão, epilepsia, hiperatividade e ansiedade. Estudos arqueológicos sugerem que a planta foi cultivada na China para a obtenção de fibras e alimento, e logo após sua descoberta, passou a ser utilizada também na medicina e na produção de tecidos (ABREU, 2023). Além de suas propriedades como alimento, fibra e agente de cura, a Cannabis foi incorporada a algumas religiões e rituais em diversas culturas, incluindo gregos e indianos. Sua disseminação no Ocidente ampliou o contato com diferentes culturas, e a introdução na medicina europeia ocorreu por volta de 1840, através do médico William O'Shaughnessy. Contudo, nesse período, não havia controle de qualidade dos produtos nem métodos de administração confiáveis, levando à gradual descontinuação das farmacopeias após 1937, que foram substituídas por opiáceos (KLUMPEERS, 2019). Entre 1963 e 1964, o professor e químico Raphael Mechoulam, junto com sua equipe, isolou o THC e o CBD, determinando suas estruturas químicas. Esse avanço abriu caminho para numerosos estudos sobre o CBD, evidenciando seu amplo espectro de ação no campo farmacológico. As pesquisas demonstraram a eficácia do CBD no tratamento de distúrbios do sono, ansiedade, depressão e epilepsia, além de suas propriedades imunossupressoras e analgésicas (MATOS, 2017). 2.10 Mecanismos de ação do canabidiol Nas últimas décadas, a ciência tem avançado rapidamente para entender os efeitos dos princípios ativos da Cannabis, especialmente por meio do sistema endocanabinoide, que envolve os receptores CB1, CB2 e a anandamida (AEA) (LOPES; RIBEIRO, 2007). O CBD, um dos principais compostos da planta, representa cerca de 40% de suas substâncias ativas e possui efeitos farmacológicos muitas vezes opostos ao Δ9-THC, destacando-se por suas propriedades ansiolíticas e antipsicóticas (CRIPPA et al., 2009). Os canabinoides são classificados em fitocanabinoides, sintéticos e endógenos, sendo o 2-araquidonilglicerol (2-AG) um exemplo de endocanabinoide identificado (FRANCO; VEIGAS, 2017). A descoberta dos receptores canabinoides permitiu aos cientistas mapear os efeitos da Cannabis no cérebro e suas consequências farmacológicas (GELLER; OLIVEIRA, 2021). Os receptores CB1, predominantes no sistema nervoso central, estão localizados em áreas como o hipocampo e o neocórtex, enquanto os CB2 são mais comuns no sistema imunológico, especialmente em células de origem macrofágica (KENDALL, 2017). Essa compreensão tem ampliado o potencial terapêutico da Cannabis e suas aplicações clínicas. 2.11 Regulamentação do Cannabis A utilização terapêutica da Cannabis enfrenta desafios legais e de acesso, com debates em andamento sobre políticas de regulamentação que visam reduzir o estigma e aumentar a disponibilidade do tratamento. A dosagem e a variedade da planta devem ser personalizadas e acompanhadas por profissionais de saúde (PESCHEL, 2016). No Brasil, a exportação do potencial terapêutico da Cannabis é limitada. A partir de 2014, mães ativistas lutaram por tratamentos eficazes para seus filhos com epilepsias resistentes, resultando na reclassificação do CBD pela ANVISA em 2015, que agora permite sua importação com prescrição (RESENDE, 2020). A Resolução RDC 327/2019 regula a venda e o controle de substâncias derivadas da Cannabis, embora os altos custos dificultem o acesso a esses medicamentos. Como alternativa, muitos optam por cultivar seus próprios óleos (BRASIL, 2015). Além disso, a Farmácia Viva, criada pela Portaria nº 1 de 2010, visa promover o uso de plantas medicinais, mas não inclui a Cannabis (BRASIL, 2010). 2.12 Cultivo doméstico e associativo Aprender a manusear a planta Cannabis exige um bom conhecimento na área de botânica. Assim, as associações canábicas surgiram como apoio, oferecendo suporte jurídico, científico e humano (FIGUEIREDO; POLICARPO; VERÍSSIMO, 2017). No Brasil, existem cerca de 30 associações, constituídas pela união de pessoas sem fins lucrativos, que trabalham para acolher e informar pacientes e familiares (ZANATTO, 2020). Essas associações orientam pacientes e familiares sobre a produção artesanal de óleo e funcionam como grupos de apoio moral (FRANGA; CASTRO, 2021). As associações ajudam seus membros com a colaboração de profissionais multidisciplinares, facilitando o acesso ao óleo canábico por meio da interdisciplinaridade. Elas oferecem capacitação para o cultivo e fornecem o óleo sem fins lucrativos, acrescentando apenas valores de custo, que são baixos em comparação aos preços do óleo industrializado. Atualmente, as associações buscam segurança jurídica para desenvolver suas atividades (ZANATTO, 2020). 2.13 Procedimento de controle de qualidade e extração do canabidiol Existem várias formas, tanto domésticas quanto convencionais, para a extração de fitoquímicos da Cannabis, como o método de Soxhlet, a extração com fluidos supercríticos, a extração com butano, a extração com solventes orgânicos, a extração assistida por micro-ondas, a extração assistida por enzimas e a extração assistida por ultrassom (LEWIS-BAKKER et al., 2019; VALIZADEHDERAKHSHAN et al., 2021). As flores são utilizadas na produção de extratos medicinais de cannabis, sendo aquecidas para descarboxilar os canabinoides do ácido Δ9-tetrahidrocanabinólico (Δ9-THCA) e do ácido canabidiol (CBDA), com o objetivo de obter os princípios ativos neutros THC e CBD. Esses extratos podem ser incorporados em óleos vegetais, pois os óleos também servem como ferramenta de extração (FERNÁNDEZ et al., 2020; ROVETTO; AIETA, 2017). A descarboxilação dos canabinoides pode ser realizada por meio do aquecimento da matéria orgânica. Idealmente, esse processo deve ocorrer a temperaturas próximas de 100º C, uma vez que temperaturasacima de 150º C favorecem a vaporização dos canabinoides e terpenos (FERREIRA; FILEV, 2020). Durante a extração, além da remoção de canabinoides e terpenos da matriz vegetal, também são extraídos resíduos pesados (CARVALHO et al., 2020), incluindo agrotóxicos, metais pesados, bactérias e fungos (HAZEKAMP, 2018). O uso de solventes químicos, como etanol ou éter de petróleo, pode deixar resíduos indesejados que apresentam risco de toxicidade, enquanto agentes extratores, como azeite ou óleo de coco, constituem uma alternativa mais natural (HAZEKAMP; ROMANO, 2013). Uma das formas de extração mais utilizadas é a extração líquido-sólido (LES), que utiliza um solvente específico com alta afinidade por canabinoides (CITTI et al., 2018). Muitos estudos mostram que as preparações são afetadas de acordo com o método de extração (RAMELLA et al., 2020). 2.14 Aspectos Legais Em 2015, a ANVISA reconheceu o CBD como substância controlada para tratamento de doenças neurológicas após pressões de pais de pacientes. A legalização do cultivo de cannabis ainda é controversa, com a lei brasileira considerando o cultivo sem autorização um crime. Tribunais têm sido desafiados por pacientes que buscam licenças para cultivo, como demonstrado em um habeas corpus que autorizou um paciente a cultivar cannabis para tratamento (PEREIRA et al., 2024). O Supremo Tribunal Federal (STF) está debatendo a descriminalização do porte de maconha para uso pessoal, com uma tendência favorável à inconstitucionalidade dessa criminalização. Resoluções recentes, como a do CRM, permitem o uso de CBD para crianças e adolescentes que não obtiveram sucesso em tratamentos convencionais, exigindo consentimento informado (CFM, 2022). A ANVISA aprovou autorizações para pesquisas em fitocanabinoides, promovendo avanços no entendimento e uso terapêutico da cannabis (PEREIRA et al., 2024). O Projeto de Lei 89/2023 visa ampliar o acesso a medicamentos à base de cannabis no Sistema Único de Saúde (SUS), promovendo igualdade no tratamento (Agência Senado, 2023). 2.15 Fornecimento de Cannabis pelo SUS A regulamentação do acesso a medicamentos à base de CBD e derivados da maconha não resolve completamente a questão do acesso, devido aos altos custos relacionados à importação desses remédios. Isso cria uma barreira significativa para famílias de baixa renda e até mesmo para aquelas de classe média, que não conseguem arcar com os preços elevados dos medicamentos importados (PEREIRA et al., 2023). Para superar o desafio financeiro enfrentado por muitas pessoas, é comum recorrer à judicialização para obter acesso aos medicamentos necessários por meio do SUS. A atuação crucial do Ministério Público Federal (MPF) é evidente nesse cenário, ao buscar decisões judiciais que determinem a obrigatoriedade da União, dos estados e dos municípios em fornecer esses medicamentos de forma gratuita pelo SUS. Embora alguns desses casos tenham obtido sucesso em primeira instância, resultando no fornecimento dos remédios aos pacientes, é frequente que tais decisões sejam contestadas em instâncias superiores, o que pode levar à suspensão dos efeitos das liminares concedidas (PEREIRA et al., 2023). A prestação de medicamentos pelo SUS precisa ser complementada por estratégias que reduzam os custos desses remédios. Uma solução seria investir na produção nacional, o que poderia oferecer um maior volume de medicamentos a preços mais acessíveis do que a importação. Embora alguns medicamentos à base de canabinoides estejam registrados no Brasil, ainda não houve avanços significativos na inclusão desses remédios nas listas de distribuição pelo SUS (OLIVEIRA, 2020). 3. MATERIAIS E MÉTODOS 3.1 Tipo de Pesquisa O presente estudo consiste em uma revisão de literatura com caráter descritivo e abordagem qualitativa, visando explicar o mecanismo de ação do CBD no tratamento do TEA, sua fisiopatologia e seu neurodesenvolvimento. As bases de dados online utilizadas foram: Scientific Electronic Library Online (SciELO), National Libraryof Medicine (Pubmed) e Google Acadêmico. A revisão de literatura tem como função compreender trabalhos sobre temas já publicados. É possível observar diversos artigos que contribuirão para o desenvolvimento do tema escolhido (GALVÃO; RICARTE, 2019). A revisão envolve a análise de materiais previamente elaborados, como artigos científicos e livros. A pesquisa exploratória visa aprofundar o conhecimento sobre vários temas dentro de uma área específica, auxiliando na definição do tema de estudo e na formulação de perguntas e hipóteses. Os dados são extraídos desses materiais e interpretados com as próprias palavras do pesquisador (LAKATOS; MARCONI, 2019). 4. CONSIDERAÇÕES FINAIS Este trabalho teve como objetivo revisar o uso do CBD no tratamento do TEA, abordando a fisiopatologia do transtorno, o mecanismo de ação do CBD e a relação entre ambos. A revisão realizada permitiu compreender a complexidade do TEA, que é influenciado por fatores genéticos e ambientais e caracterizado por comprometimentos no desenvolvimento neurológico, afetando a fala, a interação social, a comunicação não verbal e comportamentos repetitivos, além de várias comorbidades. Os tratamentos convencionais, como a terapia ABA e o uso de antipsicóticos como aripiprazol e risperidona, apresentam limitações, especialmente em relação aos principais sintomas do TEA. Nesse contexto, o CBD se destaca como uma alternativa promissora, devido às suas propriedades calmantes e sua atuação no sistema endocanabinoide, sem causar efeitos psicóticos ou interações prejudiciais com o sistema dopaminérgico. As pesquisas examinadas sugerem que o CBD pode ter um impacto positivo significativo na qualidade de vida de pessoas com TEA, especialmente no que diz respeito a sintomas como irritabilidade, agressividade, impulsividade, insônia e dificuldades de atenção. Contudo, é essencial conduzir mais estudos para investigar os efeitos a longo prazo do CBD e sua eficácia total no tratamento do TEA. Em conclusão, o CBD apresenta um potencial terapêutico considerável no tratamento do TEA, oferecendo uma nova perspectiva para o manejo dos sintomas e das comorbidades associadas ao transtorno. A continuidade das investigações científicas é essencial para confirmar esses benefícios e consolidar o CBD como uma alternativa viável e segura para os pacientes com TEA. 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