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Técnicas de Pesquisa, 
Entrevista e Reportagem
Material Teórico
Responsável pelo Conteúdo:
Prof.ª Me. Flavia Daniela Pereira Delgado
Revisão Textual:
Prof.ª Dr.ª Selma Aparecida Cesarin
A Reportagem em Rádio e TV
• Elementos da Comunicação Radiofônica;
• A Reportagem de Rádio, Audioreportagem, Podcast;
• O Texto na TV: Características e Especificidades;
• A Estrutura das Reportagens de TV.
 · Nortear o aluno sobre como escrever Reportagens Audiovisuais e 
suas especificidades perante o Jornalismo impresso.
OBJETIVO DE APRENDIZADO
A Reportagem em Rádio e TV
Orientações de estudo
Para que o conteúdo desta Disciplina seja bem 
aproveitado e haja maior aplicabilidade na sua 
formação acadêmica e atuação profissional, siga 
algumas recomendações básicas: 
Assim:
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
da sua rotina. Por exemplo, você poderá determinar um dia e 
horário fixos como seu “momento do estudo”;
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
alimentação saudável pode proporcionar melhor aproveitamento do estudo;
No material de cada Unidade, há leituras indicadas e, entre elas, artigos científicos, livros, vídeos 
e sites para aprofundar os conhecimentos adquiridos ao longo da Unidade. Além disso, você 
também encontrará sugestões de conteúdo extra no item Material Complementar, que ampliarão 
sua interpretação e auxiliarão no pleno entendimento dos temas abordados;
Após o contato com o conteúdo proposto, participe dos debates mediados em fóruns de discus-
são, pois irão auxiliar a verificar o quanto você absorveu de conhecimento, além de propiciar o 
contato com seus colegas e tutores, o que se apresenta como rico espaço de troca de ideias e 
de aprendizagem.
Organize seus estudos de maneira que passem a fazer parte 
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Mantenha o foco! 
Evite se distrair com 
as redes sociais.
Determine um 
horário fixo 
para estudar.
Aproveite as 
indicações 
de Material 
Complementar.
Procure se alimentar e se hidratar quando for estudar; lembre-se de que uma 
Não se esqueça 
de se alimentar 
e de se manter 
hidratado.
Aproveite as 
Conserve seu 
material e local de 
estudos sempre 
organizados.
Procure manter 
contato com seus 
colegas e tutores 
para trocar ideias! 
Isso amplia a 
aprendizagem.
Seja original! 
Nunca plagie 
trabalhos.
UNIDADE A Reportagem em Rádio e TV
Elementos da Comunicação Radiofônica
O jornalista catalão Iván Tuban, professor do Departamento de Jornalismo e Ciên-
cias da Comunicação da Universidade Autônoma de Barcelona, em seu livro Periodis-
mo oral, ensina que “ao escrever para quem ouve, deve-se escrever como quem fala”.
Não é preciso sequer saber ler para acessar o Rádio. Por outro lado, a atenção 
ao visual, desnecessária no Rádio, precisa ser substituída por um atrativo sonoro, 
para que o ouvinte tenha seu interesse despertado e não se distraia justamente por 
alguma percepção visual.
Mas prender a atenção do ouvinte não é algo simples, nem existe uma fórmula 
para isso, embora vários estudos apontem algumas pistas.
Como observa Meditsch (2007), a oscilação constante entre o ouvir (no nível 
pré-consciente) e o escutar (intencionado) exigiu que algumas técnicas fossem de-
senvolvidas com o objetivo de garantir a eficácia da comunicação sonora.
É preciso levar em consideração a compreensibilidade da mensagem informati-
va. Há muitos fatores de influência, como o vocabulário utilizado. Os códigos nele 
presentes precisam ser compreendidos por todos os receptores.
Nesse sentido, a audiência tem papel fundamental e, por isso, o jornalista de Rádio 
deve fazer com que a mensagem permita que o ouvinte passe do estado de escutar 
para o de ouvir e vice-versa, sem perder elementos de compreensão da mensagem.
Existem ainda outros fatores que interferem na linguagem desse meio, como a 
alta rotatividade dos ouvintes. O público se modifica a cada 15 minutos – uns ligam, 
outros desligam o Rádio. Nem sempre a pessoa que escuta parte de um Programa 
acompanha o restante.
O modelo all news é o que melhor supre a necessidade do ouvinte de informação 
factual, vez que as notícias são renovadas a cada período de meia hora, mais ou menos.
Assim, se ele ouvir a emissora por 15 minutos, já pode ter uma ideia das no-
tícias mais importantes, de modo semelhante ao que acontece com os portais de 
notícias, por exemplo, que renovam sua página inicial com os principais assuntos.
Figura 1
Fonte: iStock/Getty Images
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9
A rotatividade da audiência obriga, portanto, que o jornalista seja redundante. 
Isso não significa ser repetitivo, o que repeliria a audiência. É preciso sempre 
lembrar o assunto de que se está falando numa entrevista, por exemplo, citando o 
nome do entrevistado, ou retomar assuntos importantes sob novos pontos de vista.
Fazer uma síntese noticiosa também ajuda a compreender os principais assuntos 
tratados durante a jornada ou o programa.
Enquanto no jornal impresso ou na revista o leitor pode reiniciar a leitura caso 
não tenha entendido bem o assunto ou tenha se distraído, no Rádio é impossível 
voltar atrás para entender algo. Por isso, é muito importante que a comunicação 
seja clara e precisa.
As frases devem ser bem construídas e os fatos precisam estar colocados numa 
sequência lógica para que o ouvinte entenda o assunto rapidamente.
Além disso, é necessário ter em mente que as pessoas comumente desempenham 
outras atividades enquanto ouvem o Rádio. Isso significa que a atenção delas está 
sendo dividida no momento da audição, o que redobra a necessidade de objetividade.
Rodeios e divagações podem tornar um assunto tedioso e facilmente desprender 
a atenção do ouvinte. É preciso tornar o assunto menos complexo, quando é o 
caso, e informar o necessário de maneira correta.
A interpretação na leitura das notícias ajuda a manter o ouvinte conectado ao 
Rádio. A dinâmica da leitura dos textos e a inserção de outros efeitos sonoros tam-
bém contribuem para isso, o que explica a importância da sonoplastia.
O Rádio aguça o sentido auditivo e deve, portanto, ter um texto para ser lido 
como quem conversa com o ouvinte. Frases curtas e ideias bem concisas em cada 
frase ajudam nessa tarefa.
Hernani Santos (2008, p. 13), em seu Manual de Jornalismo de Rádio, orien-
ta que “o jornalista de Rádio deve escrever num estilo oral, informal e corrente”.
De acordo com o jornalista português, o texto precisa ser redigido em forma de 
conversa, sem formalismos, e produzido com palavras e frases de uso comum. No 
entanto, o autor adverte: “oral, informal e corrente não significam estilo inculto, 
descuidado ou baixo”.
É preciso levar em consideração, também, que o Rádio caiu na Rede Mundial de 
Computadores, definitivamente, e de lá não sai mais. Não vai sumir, como muitos 
imaginavam. Vai evoluir.
Nesse momento, é o veículo que mais se beneficiou da Internet. Aumentou o 
alcance e proporciona facilidades, à medida que o som “baixa” com maior rapidez, 
se comparado à imagem, além de não exigir a atenção do internauta que, enquan-
to ouve o programa, pode continuar navegando.
A Internet abduziu os veículos impressos, tomou o Rádio e começa a consumir 
a televisão. Na convergência, as mídias não desaparecem, somam-se e impõem 
desafios ao jornalista.
9
UNIDADE A Reportagem em Rádio e TV
Uma Rádio não é apenas uma Rádio. Na Rede, o internauta busca texto, foto e 
imagem. E tudo tem de estar acessível. Radialista e ascensorista não apenas rimam 
como devem ter a mesma finalidade.
Alguém precisa de ascensorista para usar o elevador?
Bastará ser radialista, se a Rádio deixa de ser apenas o som?
O computador mexeu com a vida dos dois, que precisam encontrar novos Mercados.
A Reportagem de Rádio, 
Audioreportagem, Podcast
A palavra “reportagem” também costuma ser usada como sinônimo de “notí-
cia”, remetendo tanto à atividade em si do repórter na apuração de notícias, quan-
to à transmissão delas diretamente porele.
Nesse último caso, como conteúdo jornalístico, engloba mensagens que esse 
profissional emite, com ou sem a fala de entrevistados e independentemente da 
forma de contato realizada com essa fonte ou do tipo de assunto ou tratamento 
dado aos temas abordados.
Já vimos em outras Unidades a diferenciação técnica entre os termos “notícia” 
e “reportagem”.
Mas não custa relembrar!
Notícia refere-se ao resultado do trabalho do profissional ao transmitir o acon-
tecimento. O termo, no entanto, indica também o fato narrado com o mínimo de 
detalhes possível e que, em Rádio, é representado, entre outros, pelos textos – no-
tas – das sínteses noticiosas.
A Reportagem é mais completa que a simples notícia do fato. A Reportagem 
é uma ampliação quantitativa e qualitativa. Em dose variável, pode aparecer um 
toque pessoal do repórter, certo estilo na estruturação da narrativa, dependente da 
maior ou menor criatividade do profissional, das circunstâncias do ocorrido e das 
características do público.
A reportagem, em síntese, pode ser definida como o formato do gênero jorna-
lístico que “conta” a informação, e não somente a transmite, como faz o texto de 
uma nota ou notícia.
“A reportagem é a narração de uma experiência vivida” 
(SANTOS, 2008, p. 53).
Depois da coleta de informações e da realização da entrevista, para finalizar o 
seu trabalho, o repórter estrutura seu texto em quatro partes fundamentais: cabe-
ça, corpo (contendo ilustração ou sonora, podendo incluir também passagem), 
fechamento ou encerramento, e assinatura.
10
11
Figura 2
Fonte: iStock/Getty Images
Esses elementos básicos – cabeça, corpo do texto, encerramento e assinatura – 
devem se relacionar de modo harmonioso na construção da mensagem.
Em noticiários, esse tipo de material noticioso pode ser anunciado por uma 
manchete no início do informativo. Normalmente, uma chamada na voz do apre-
sentador ou do locutor precede a veiculação da reportagem. A manchete, a cha-
mada, a abertura do boletim e o trecho em áudio com entrevista devem ser conver-
gentes ou complementares.
Manchete e chamada são formas de introduzir a Reportagem levemente diferen-
tes uma da outra. A manchete não chega a citar o nome do repórter e pode ser dita 
por ele, por um apresentador ou locutor na abertura de um radiojornal, por exemplo.
Já a chamada é sempre lida por um apresentador ou locutor e, em geral, inclui 
o nome do repórter. Ambas resumem o assunto a ser abordado.
Cabeça é o texto de abertura da reportagem, no qual o repórter aborda o as-
sunto. A cabeça corresponde ao lide, procurando assegurar que o ouvinte manterá 
a atenção despertada pela chamada lida pelo apresentador, âncora ou locutor.
O corpo do texto, articulado com trechos de entrevista(s), traz as informações 
hierarquizadas em ordem decrescente de importância. Ao utilizar dois trechos de 
entrevistas, é necessária a colocação de um texto de passagem. Lembre-se de que 
somente em casos especiais cada parte poderá ultrapassar 30 segundos de dura-
ção. Raramente um fato comportará uma reportagem com mais de dois minutos. 
Mais do que isso, podemos estar diante de um radiodocumentário.
No caso de duas ilustrações ou sonoras com entrevistados que apresentam pon-
tos de vista divergentes, o repórter deverá ter cuidado redobrado com a abertura 
do seu boletim, optando pelo chamado lide dialético e explorando justamente essa 
contradição. Por exemplo, ao cobrir um movimento grevista, penderia para uma 
das partes retratadas caso iniciasse a reportagem pela posição dos patrões ou pela 
dos trabalhadores. Pode, no entanto, mantendo certo distanciamento, destacar na 
abertura do boletim a discrepância entre o índice de adesão informado pelos em-
presários – baixo – e o repassado pelos grevistas – alto.
11
UNIDADE A Reportagem em Rádio e TV
A assinatura é a identificação do repórter e do noticiário (“Fulano de Tal, para 
o Jornal da Manhã” ou “Sicrano de Tal, para a Rádio X”).
A reportagem pode ser transmitida ao vivo, ser gravada ou combinar a fala do 
profissional de microfone direto no ar com um trecho de uma entrevista anterior-
mente realizada ou de um áudio com som ambiente. A opção por uma ou outra 
forma depende dos recursos técnicos e da situação encontrada pelo jornalista ou 
radialista no palco de ação do fato.
Em termos estruturais, inclui ou não uma ou duas ilustrações ou sonoras. Essas 
duas palavras são usadas como sinônimos, mas possuem uma leve diferença. Ilus-
tração é um trecho de entrevista ou de som ambiente que faz parte da reportagem.
Já sonora constitui-se em expressão originalmente usada em televisão, quando 
filmes eram empregados para o registro de imagens. Como, na maioria das vezes, 
as emissoras daquele meio utilizavam dois tipos de película – a muda, para as ima-
gens em geral, e a sonora, para as declarações das fontes – disseminou-se o uso 
como equivalente de entrevista.
Da TV, essa utilização chegou rapidamente ao Rádio. Portanto, ilustração tem 
um sentido mais amplo, de qualquer áudio além da voz do repórter, enquanto so-
nora remete mais à entrevista em si.
Em geral, a reportagem ao vivo acompanha simultaneamente o desenrolar do 
fato, exigindo grande habilidade do repórter por implicar um bom grau de impro-
viso. Essa opção dá ao ouvinte um quadro de imagens mentais formadas pelo som 
ambiente que serve de fundo ao relato do jornalista.
Se houver a possibilidade de se preparar para o improviso, deve-se selecionar 
informações adicionais que permitam a continuidade de uma transmissão na qual, 
por vezes, a ação cessa. Outro artifício é a realização de entrevistas que sustentam 
a cobertura.
Vale, no entanto, a observação de Nilson Lage:
[...] o jornalismo radiofônico não escapa da regra geral: quanto menos 
se improvisar, melhor. O ideal é escrever antes o que se vai dizer e, se 
se trata de acompanhar um evento, narrando-o, deve-se dispor de todo 
material que puder ser pesquisado previamente: biografias, históricos, 
perfis, roteiros de desfiles. A fala vazia, para ocupar tempo, é desastrosa” 
(LAGE, 1987, p. 41-2).
Nas reportagens gravadas, de um lado perde-se a autenticidade fornecida pela 
simultaneidade com o fato, mas se ganha em possibilidades de montagem. Assim, 
a alternativa da gravação pode agilizar o naturalmente conturbado trabalho de uma 
emissora de Rádio.
O repórter, nesse caso, pode ou não usar entrevistas. Na realidade, a reporta-
gem seca, sem declarações em áudio, é mais pobre, mas, dependendo da situação, 
torna-se inevitável o seu uso. É a opção ideal quando se tem pouquíssimo tempo 
para a reportagem dentro de um Programa específico.
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A respeito do uso de sonoplastia na cobertura e transmissão dos fatos, é impor-
tante pontuar que os sons em Rádio são o equivalente às fotografias que acompa-
nham uma reportagem na imprensa escrita.
Dão uma ideia mais gráfica do tema tratado. Levam o ouvinte ao lugar da notí-
cia, de uma maneira que as palavras de modo isolado não conseguem fazer.
Os sons podem ser os do ambiente, podem evocar o que passou no momento do 
fato ou, ainda, apresentar as vozes daqueles que conhecem os detalhes da notícia.
A respeito disso, vale o alerta de Eduardo Meditsch (2001, p.179):
No jornalismo, existe um princípio ético que limita a manipulação da rea-
lidade referente. Como os sons da realidade a que se refere o jornalismo 
não podem ser criados artificialmente, o mundo que o Rádio informati-
vo transmite será sempre mais pobre, no sentido formal, do que aquele 
construído pela arte radiofônica, com a mesma linguagem (MEDITSCH, 
2001, p. 179).
A grande reportagem pode, desse modo, incorporar recursos de sonoplastia. 
Os efeitos sonoros, no entanto, devem ser usados com parcimônia e dentro do 
ocorrido efetivamente no ambiente dos acontecimentos.
O uso de trilhas musicais segue, também, ideia semelhante: instrumentais auxi-
liam na pontuação e criam climas, enquanto a letra em si pode acrescentar infor-
mação. Mesmo assim, na narrativa predomina a palavra do repórter.E aí vale outro 
alerta de Meditsch: “A seletividade do ouvido apaga imediatamente da consciência 
tudo o que não é relevante”. A notícia vai estar sempre no texto; o restante serve 
apenas para reforçá-la”.
Ela exige mais planejamento que a maioria das coberturas cotidianas realizadas 
por um profissional de Rádio. Sugerem-se, a seguir, alguns procedimentos no sen-
tido de facilitar esse processo:
1. Sempre que possível, pesquise o assunto da grande reportagem em fontes 
bibliográfi cas confi áveis.
2. Com base nos dados disponíveis, planeje-se, elaborando um pequeno cro-
nograma que vai depender da forma como você pretende abordar o tema.
3. Liste possíveis entrevistados, diferenciando especialistas, protagonistas, 
testemunhas...
4. No caso de assuntos que suscitam posições contraditórias, identifi que pos-
síveis entrevistados contra e a favor.
5. Quando o tema envolver conteúdo histórico, busque documentos sonoros 
que possam agregar conteúdo à sua reportagem.
6. Selecione, se necessário, trilhas que possam dar mais ritmo à narrativa. 
No entanto, se julgar inadequado, descarte essa possibilidade, optando por 
um boletim mais limpo e objetivo.
13
UNIDADE A Reportagem em Rádio e TV
7. Procure distribuir o conteúdo em unidades que possam dar origem a vários 
boletins ou apenas integrar uma única reportagem. Se decidir dividir o con-
teúdo em vários boletins, procure variar as formas de abordagem, como já 
exemplificado aqui: reportagens de fatos, de ação e/ou documental.
No caso do podcast, o usuário conhece previamente o assunto tratado, já que a 
característica desse formato é justamente a segmentação por temáticas. Então, se 
o ouvinte acompanha um podcast sobre Tecnologia, sabe que encontrará naquela 
reportagem algo sobre isso, embora não conheça mais detalhes sobre a delimita-
ção do assunto.
Nesse caso, a Reportagem surge num ambiente com uma identidade sonora 
própria, com trilha, vinheta e outros elementos que proporcionam a aproximação 
com o tema em questão, que é, desde o início, contextualizado pelo repórter.
Para diferenciar do audiodocumentário, o tempo deve ser controlado, de curta dura-
ção. É preciso dispor as falas dos entrevistados de forma harmônica dentro da narrativa 
do repórter, e isso exige que a duração das sonoras seja breve dentro da dinâmica da 
reportagem; porém, duradoura o bastante para contextualizar seus pontos de vista.
Figura 3
Fonte: iStock/Getty Images
Podcasts são formatos noticiosos radiofônicos muito usados em reportagens 
multimídia, em que o elemento sonoro aparece de forma complementar ao texto, 
aos infográficos e às imagens. Por isso, pode-se ter mais liberdade no formato, sem 
precisar, necessariamente, contar com uma narração do repórter ou com sonoras.
O áudio ambiente de um local, como uma palestra ou a torcida em um estádio, 
pode ilustrar e agregar aspectos informacionais ao conjunto multimídia. O depoi-
mento de uma personalidade ou um diálogo entre duas pessoas também servem 
como suplemento.
Veja um exemplo de podcast do jornal Folha de S. Paulo sobre Presidentes do Brasil. 
O Presidente da Semana. Acesse: https://goo.gl/ihBK8L e podcasts sobre Economia. 
Acesse: https://goo.gl/UhA8ov
Ex
pl
or
14
15
Sob essa perspectiva, existe ainda outro formato interessante na união de mídias 
diferentes: o audioslideshow ou soundslides. Nesse caso, une-se o áudio (som 
ambiente, narração, entrevistas, músicas) a imagens fotográficas, sobrepondo-os.
Entre os exemplos, destaca-se um projeto do jornal The New York Times que 
conta histórias em primeira pessoa de pacientes que convivem com diferentes do-
enças. Não há repórter, apenas a voz do entrevistado e fotos simples.
Apesar de ter sido bastante utilizado no final dos anos 2000 e início de 2001, 
atualmente esse formato é bastante raro nos meios digitais. Alguns jornais criaram 
seções especiais para abrigar o formato, como é o caso do site do jornal britânico 
The Guardian, que contém arquivos até 2013.
No especial sobre a reconstrução do Haiti em 2012, por exemplo, foram utili-
zadas fotos com legendas, áudios ambientes e depoimentos de moradores locais.
A BBC de Londres também produziu alguns audioslideshows sobre diferentes te-
mas. Até 2016 ainda era possível encontrar algo nesse formato no site da emissora.
O audioslideshow é um recurso interessante para aprofundar o assunto de uma 
reportagem. Pode ser realizado no formato galeria ou em vídeo. Mas é preciso 
levar em conta que o uso da imagem complementa o áudio, descaracterizando a 
linguagem radiofônica baseada na sensorialidade, na visualidade imaginada.
O repórter de Rádio precisa, acima de qualquer coisa, unir capacidade de obser-
vação com habilidade na comunicação. Deve ter por pretensão não deixar escapar 
nenhum detalhe do acontecimento.
É necessária uma aptidão tal que permita ao profissional narrar, de forma clara 
e audível, um fato, não raro, enquanto ele ocorre. Essa dupla necessidade diferen-
cia os jornalistas que exercem essa função no Rádio dos seus colegas dos meios 
impressos, por exemplo.
O Texto na TV: Características 
e Especifi cidades
Geralmente, amada por quem nela trabalha, odiada pelos críticos e por boa par-
te dos estudiosos dos mass media: não há quem fique imune ao fascínio exercido 
pela Televisão. Seu poder é indiscutível, seu alcance grandioso, seus efeitos – pas-
síveis de acaloradas discussões.
Para muitos, o que não está na TV, não está no mundo... ou pelo menos não 
está no Brasil, um país no qual a TV está presente em quase 99% dos lares e a 
maioria da população ainda se informa exclusivamente por meio de Telejornais – 
em que pese o fato da Internet oferecer uma profusão de outras maneiras para se 
informar: portais de notícias, blogs, redes sociais etc.
15
UNIDADE A Reportagem em Rádio e TV
Para muitos estudiosos, o que é invisível para as objetivas das câmeras de televi-
são, não faz parte do espaço público brasileiro.
É o caso de Eugênio Bucci, para quem o modelo de Televisão que temos no país 
permite que se produza, por meio dos Programas veiculados e do próprio hábito 
cotidiano de assistir a TV, uma espécie de unificação do país no plano do imaginário.
Assim, falar da Televisão brasileira é falar do Brasil, e discuti-la significa debater 
parte significativa de nossa realidade.
Já para outros teóricos, a TV não passa de uma “caixinha de imagens em movi-
mento” que encanta, seduz e distrai; todavia, inibe o raciocínio abstrato e confere 
muito pouca importância ao juízo crítico, emburrece, dada a rapidez “leviana” com 
que trata seus assuntos nos noticiários.
Lembrando Dominique Wolton: “A televisão encontra-se, portanto, encurralada 
entre os discursos apaixonados e os políticos, que não contribuem, nem uns nem 
outros para a lógica do conhecimento” (WOLTON, 1996, p. 48).
Uma das especificidades da “gramática” desse veículo é que o telejornal, mais 
que o jornal impresso, tem que entreter o tempo todo. Uma nota entediante de 
dez segundos, de nada adiantará ser curta, se não for bem escrita, com ritmo e 
informação.
Poderá ser fatal!
O telespectador fugirá!
O retumbante é obrigatório!
Se não há boa imagem impactante, dificilmente o fato merecerá bom tempo no 
telejornal, isto é, há uma maneira peculiar de estruturar a notícia nesse veículo, o 
que, aliás, para alguns estudiosos do tema, muito se aproxima das narrativas dra-
máticas – muitas vezes se distanciando das regras jornalísticas previstas em outras 
mídias, como a abertura da matéria pelo assunto mais importante (em TV, o ideal 
é abrir a matéria pela imagem mais impactante.
Mas, em muitos momentos, o lead só vai aparecer na passagem do repórter, 
por exemplo, porque fazer uma Reportagem é um “contar de história”, com início, 
meio e fim – e nem sempre o início é o lead).
Alguns autores chegam a sustentar que, nesse sentido, o telejornalismo se apro-
xima da telenovela, pois, assim como a ficção, os telejornais devem falar ao cora-
ção, apostando no melodrama, cuja regra central é opermanente conflito entre 
bem e mal, que culmina no boa noite, com um happy end de preferência:
Em cada bloco ou cada dois blocos, o bem vence o mal (ou no mínimo 
tenta vencê-lo). A cada respiração, vem uma moral da história. Se uma 
informação trata de uma guerra no exterior, a outra busca realça a fra-
ternidade que temos em nosso país; se uma frase conta que a inflação foi 
alta, a seguinte garante que o rendimento da poupança será um recorde; 
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se morre um ídolo nacional, o programa jornalístico ganha trilha sonora 
bem tristonha, um ritmo mais fúnebre. Porque o telejornal fala um pouco 
à cabeça, mas fala muito mais ao coração (BUCCI, 2000, p. 74).
Figura 4
Fonte: iStock/Getty Images
Tente contar em um ou dois minutos o que aconteceu em sete horas. Expe-
rimente resumir nesse curto espaço de tempo o que ouviu numa palestra, numa 
reunião ministerial, ou procure explicar a nova Política Industrial.
Esse é o desafio diário do repórter de TV: relatar com precisão e síntese. Uma 
coisa é ouvir uma história; outra é entender o suficiente para contá-la, transmitindo 
a relevância da informação de forma atraente e inteligível. Então, falemos sobre 
especificidades da TV.
O texto será ouvido. Ao escrever, então, leia em voz alta, note se está claro, 
fácil de ser entendido, se há sonoridade nas frases, se não há rimas, cacófatos ou 
pleonasmos que possam causar estranheza ao telespectador.
Aliás, devemos entregar para ele tudo mastigado. Ele não tem a obrigação de 
conhecer detalhes de Geografia e História, nem tampouco de fazer cálculos. Muitas 
vezes, é melhor dizermos “seis em cada dez pacientes...”.
Arredondar números também pode facilitar a compreensão.
Escolha palavras do dia a dia, comuns a todos. Evite gírias e linguagem muito 
técnica ou formal: “droga” ao invés de “entorpecente”, “morte” no lugar de “óbi-
to”, “preso” e não “detento”. Simplifique sempre.
Troque “a defesa civil notificou a família sobre o risco de desabamento” 
por “a defesa civil avisou a família do risco de desabamento”.
Armando Nogueira, que já foi responsável pela Central Globo de Jornalismo, 
costumava falar em “musicalidade das palavras”. Num artigo do livro Lições de 
jornalismo, ele aconselha quem quer escrever bem a: aprender bem o português, 
folhear dicionários, gostar das palavras e fugir das palavras pomposas.
17
UNIDADE A Reportagem em Rádio e TV
Em televisão, não se deve usar palavras rebuscadas, que devem ser substituídas 
por termos que empregamos no dia a dia, para conversar com os amigos, com o 
zelador do prédio, com o professor.
Palavras que soam naturais: nem de difícil compreensão, nem pomposas demais. 
Ninguém diz para a namorada: “hoje eu presenciei uma colisão entre dois veículos”; 
a gente diz que viu um acidente. É assim que devemos falar com os telespectadores: 
de maneira coloquial, direta, com frases curtas para facilitar o entendimento. Um tex-
to de jornal pode ser relido; o de televisão não. A comunicação deve ser instantânea.
Construa frases, de preferência, na ordem direta: sujeito, verbo, predicado. O 
verbo no infinitivo funciona melhor. Muito cuidado com gerúndios. Atenção com a 
precisão. Raio não cai, atinge; um juiz não acata um pedido, ele acolhe ou aceita; 
se algo subiu de 10 para 30 não subiu três vezes mais e sim duas (uma alternativa é 
dizer que “algo triplicou”); vítima fatal não existe, fatal é o que mata a vítima; uma 
lei não prevê nada, estabelece.
Nas reportagens que envolvem crimes, cuidado para não glamourizar o bandido. 
Fuja de expressões como “ação espetacular” e com excesso de adjetivos, especial-
mente aqueles que atribuem qualidades positivas, como “ousado”, por exemplo.
Em um texto jornalístico voltado para televisão, também há de se evitar as palavras 
de duplo sentido, imprecisões e redundâncias, isso em nome da precisão e da concisão 
da informação jornalística, características também presentes no texto televisivo.
Por que usar uma expressão desnecessária, que prejudica o sentido?
Para tanto, a primeira dica é exercitar a LEITURA EM VOZ ALTA, para tudo 
o que se escreve (por isso é norma e desejável entrar em uma redação de telejornal 
e se deparar com tantas pessoas falando sozinhas... não se trata de esquizofrenia, 
mas da técnica básica para elaborar textos em televisão). Trata-se de um hábito sim-
ples, mas fundamental para repassar o texto, a fim de perceber a força e a sonori-
dade das palavras, notar o raciocínio, o encadeamento das frases, para ter a noção 
exata do conteúdo e, principalmente, detectar os erros, como a cacofonia, por 
exemplo. Os ouvidos e os olhos são os melhores juízes de um script bem escrito.
Cacófatos são os encontros de palavras formadas a partir da união da sílaba final 
de uma palavra com a primeira da seguinte, que pode resultar em palavras fora do 
contexto da notícia, desagradáveis e até obscenas. Veja os exemplos a seguir:
• O governo pagará um salário mínimo por cada criança na escola;
• A colega tinha a resposta na ponta da língua;
• Ele é um político sueco corajoso;
• O time do América ganharia esse jogo de qualquer maneira;
• O chefe da nação autorizou o aumento dos impostos;
Essas regrinhas constam da maior parte dos manuais de telejornalismo e nos 
deixam mais atentos ao escrever. No entanto, elas não são a garantia de um bom 
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texto, principalmente, porque, em Telejornalismo, escrevemos com imagens, e 
isso faz toda a diferença. As informações textual e visual se complementam.
A estrutura da reportagem de TV está calcada em três elementos básicos: off, 
passagem, sonora – devem formar um corpo coeso.
Ao contrário da pirâmide invertida dos jornais impressos, na TV, a reportagem 
não precisa ter início respondendo às perguntas do lide. Normalmente, o lide está 
na “cabeça” (texto lido pelo apresentador para anunciar o videoteipe, ou VT, como 
também são chamadas as reportagens).
Na televisão, a matéria pode e deve começar das mais diferentes maneiras. Em 
alguns casos, o melhor para abrir o VT pode ser uma boa imagem de impacto ou, 
quem sabe, um barulho revelador ou, ainda, uma declaração importante, poética 
ou completamente inusitada. Tudo vai depender do assunto abordado e também da 
“sacada” do observador. Pode parecer subjetivo – e é.
O texto deve estar casado com a imagem. A palavra complementa, esclarece a in-
formação visual, mas não deve ser uma mera descrição. Em matérias sobre enchen-
tes, ouvimos com frequência “Este homem ficou com água na altura da cintura”, “Os 
carros ficaram boiando”: exatamente o que as imagens mostram naquele momento.
Para fugir disso, “É importante saber olhar com paciência para captar os de-
talhes”, acredita Rodrigo Vianna, repórter da TV Globo. Segundo ele, é possível 
tornar atraentes até mesmo assuntos mais áridos, como os de economia.
O repórter fez uma matéria sobre o crescimento de contratações na indústria 
brasileira, de janeiro a março de 2004, apontado pelo IBGE. Ao entrar numa fá-
brica, observou um operário sem uniforme e com sapato social, percebeu ali algo 
de diferente. Foi conversar com o rapaz e descobriu nele um ótimo personagem.
A Empresa tinha tamanha pressa em aumentar a produção que nem esperou o ma-
cacão do novo funcionário ficar pronto. E a matéria começou assim: “Nem deu tempo 
de encomendar o uniforme. Júlio foi direto para a máquina do jeito que estava vestido”.
Figura 5
Fonte: iStock/Getty Images
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UNIDADE A Reportagem em Rádio e TV
Personagem é tudo em Reportagens de TV. Por isso, buscar pessoas que 
possam exemplificar uma situação humaniza uma reportagem. Mostrar as difi-
culdades de uma família para administrar o orçamento é muito mais próximo da 
realidade do telespectador do que encher a tela de números e índices para evi-
denciar o aumento do custo de vida. O personagem ajuda a explicar um assunto, 
mas se deve evitar o uso indiscriminado. Atualmente, esse recurso virou fórmula 
para a construção de matérias.
Não podemos nos esquecer de que disputamos a atenção com tudo o maisque 
acontece ao redor dele, e isso considerando os atentos, que ligam a TV para assistir 
ao noticiário.
Há ainda os que apenas escutam a programação enquanto leem, fazem uma 
refeição ou qualquer outra atividade. Estes só olham para a tela quando algo lhes 
chama a atenção. Por isso, quebre a cabeça para fugir do lugar-comum, reflita, 
busque algo melhor para abrir o VT do que:
• “O acidente foi no cruzamento das avenidas...”;
• “O crime foi hoje cedo, em frente a este bar...”;
• “A manifestação começou na porta da fábrica...”.
Na hora de redigir, evite também as “muletas de estilo”. Releia o texto com 
olhos críticos em busca de “enquanto isso”, “na verdade”, “por outro lado”, e 
suprima-os.
Chavões como o famoso “A festa não tem hora para acabar”, que já foi muito 
usado em coberturas carnavalescas, também devem ser banidos.
Isso não quer dizer que, dependendo do assunto e do perfil do telejornal, não dê 
para brincar com as palavras ou até mesmo usar trocadilhos.
Mas é arriscado.
A Estrutura das Reportagens de TV
Em Telejornalismo, chamamos o texto do repórter de Relatório de Reportagem. 
O documento define a estrutura da matéria, mostra o que ele próprio vai falar e o 
que os entrevistados vão dizer, num encadeamento lógico, claro e objetivo.
A fala do repórter acontece em off, quando a voz está ilustrada por imagens, 
e em passagens, quando a figura do repórter está na tela. A linguagem deve ser 
sempre coloquial, num tom de conversa, mas sempre respeitando as regras gra-
maticais da Língua Portuguesa. Não são concebíveis, em momento algum, erros 
de português.
Já quando os entrevistados aparecem dando um depoimento, o que chamamos 
de sonora, o erro é permitido, vez que a pessoa não tem obrigação de conhecer a 
regra gramatical.
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Cabe ao repórter explicar para o entrevistado, quando isso se fizer necessário, 
que ele deve usar uma linguagem simples, fácil de ser entendida. Normalmente, 
os especialistas em uma área usam jargões que nem sempre são de compreensão 
imediata. Em televisão, o telespectador deve entender a mensagem assim que ela 
for emitida. Não há segunda chance, diferente dos jornais impressos, por exemplo, 
em que o leitor pode retomar o parágrafo.
Antes de empunhar o microfone, o repórter já conversou com o entrevistado, 
levantou as informações e estruturou na cabeça o que estará no próprio texto e o 
que estará em sonora. Portanto, ele não deve perguntar tudo de novo ao gravar, 
nem pedir ao entrevistado que “faça um raio-X da situação”.
Isso é improdutivo, e só vai dar mais trabalho para o editor. No geral, três ou 
quatro perguntas são suficientes. Em hard news, uma boa sonora tem em torno de 
10 segundos; então, seja objetivo e se lembre de que é a resposta que interessa. Se 
sempre tiver isso na cabeça, você evita que o editor precise juntar partes da fala do 
entrevistado, o que é muito ruim.
A sonora deve acrescentar informação e não reafirmar aquilo que já foi dito pelo 
repórter. Detalhe: normalmente, a pergunta do repórter não entra no ar. Dizemos 
que o texto dá o “gancho” para a sonora.
Em televisão, construir a matéria é como montar um quebra-cabeça. Algumas 
peças se encaixam melhor na passagem do repórter, outras, nos trechos seleciona-
dos das entrevistas, e as restantes compõem o off, que será coberto por imagens.
O segredo é saber o que merece ir para a passagem, o que vai ficar mais forte 
na fala do entrevistado e como encadear tudo isso no texto. É preciso, inclusive, 
abrir uma “deixa” para introduzir a “sonora” (entrevista gravada).
“Deixa” é a frase que antecede a fala do entrevistado, sem antecipar – ainda que 
com outras palavras – o que será dito”. Comparando com as táticas de voleibol, a 
deixa seria a jogada em que se levanta a bola para uma cortada. Ela encaminha a 
matéria para a declaração e tem a função de facilitar a compreensão ou permitir 
sonoras mais curtas.
Passagem é o momento em que o repórter aparece na matéria. É quando ele 
assina o trabalho, e deve justificar essa intervenção fazendo algo imprescindível, 
que acrescente, que valorize a reportagem.
Ainda há quem ocupe esse espaço nobre com um texto burocrático cheio de nú-
meros, que poderiam ser citados em off. Se, ao cobrir uma Conferência Internacio-
nal sobre Cultura, por exemplo, o repórter disser na passagem “cento e vinte espe-
cialistas de sessenta países participam do encontro”, de duas uma: ou a Conferência 
está sendo um fiasco ou ele não consegue enxergar um palmo à frente do nariz.
Não existe uma receita, mas é possível dizer que a passagem cumpre algumas 
funções, como a de suprir a falta de imagens, por exemplo. Vamos imaginar que 
durante a madrugada houve uma blitz em uma favela que terminou com a morte de 
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UNIDADE A Reportagem em Rádio e TV
pessoas inocentes. Depois de levantar as informações e gravar entrevistas, o repór-
ter pode descrever na passagem como foi a ação policial, segundo as testemunhas.
Ao fazer a reportagem sobre uma medida econômica anunciada pelo Governo e 
as reações desencadeadas no Mercado Financeiro, o repórter pode aparecer para 
ligar os dois assuntos.
Se a decisão foi tomada numa reunião sigilosa, ele pode explicar quem partici-
pou, quem apresentou a proposta e as articulações políticas. Nesse caso, além de 
resolver a falta de imagens, a passagem do repórter ajudaria também a esclarecer 
o que aconteceu nos bastidores.
Uma alternativa seria destacar um ponto que atingisse grande parte da população 
e que merecesse uma explicação mais detalhada, para ser mais facilmente entendido. 
Há, ainda, a passagem participativa, quando o repórter abandona a posição de tes-
temunha para virar personagem. Se a matéria é sobre um Curso de Dança, arrisca 
uns passos como aluno, ou experimenta fazer uma receita ao mostrar uma aula de 
culinária. Mas esse tipo de passagem requer bom senso e autocrítica.
Por fim, o encerramento que, como a palavra define, é a participação do re-
pórter que encerra o VT, ou fornecendo uma informação complementar, de última 
hora, ou com uma análise do que foi mostrado.
Em resumo, os principais elementos de uma matéria de Tevê são:
• Cabeça: o texto lido pelo apresentador para explicar o teor da reportagem 
que vem na sequência;
• Abertura ou abre: quando o repórter aparece logo de cara no VT. A partici-
pação dele diante da câmera é o primeiro elemento da matéria. Não confundir 
com cabeça;
• Off: Texto narrado sobre o qual são editadas as imagens da reportagem. Off 
não é legenda e as imagens não o ilustram – ele deve trazer informações com-
plementares à imagem;
• Passagem: repórter em quadro, no meio da reportagem. É utilizada para 
passar informações importantes e/ou informações das quais não se possa ter 
imagens. A passagem pode ser utilizada ainda como “plot” (ponto de virada) 
na narrativa da reportagem;
• Sonora: entrevista gravada, aproveitada ou não na edição;
• Povo fala: sequência de sonoras curtas sobre um mesmo assunto; muito utili-
zada para inserir a opinião de populares;
• Encerramento: repórter em quadro ao final da matéria, com informações que 
“amarrem” o texto; pode ou não trazer a assinatura do repórter ou da equipe;
• Assinatura: última frase ou texto em off ou do encerramento da reportagem. 
Na maioria dos casos, o repórter diz seu nome, o local onde está e o jornal em 
que está sendo veiculada a reportagem;
• GC: o gerador de caracteres. É o sistema que gera tudo o que vai escrito nos 
créditos da reportagem;
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• Sobe som: som ambiente aproveitado na estrutura da reportagem ou trilha 
musical colocada de fundo para as imagens; não há narração em off nesse caso;
• BG: o som de fundo, o background;
• Artes: são os recursos gráficos usados durante uma reportagem ou até mesmo 
no estúdio. Quando a matéria tem muitos números ou dados, entra uma “arte” 
na tela. São efeitos visuais que ajudam o telespectador a compreender melhor 
todas aquelas informações. Existe uma arte específica, chamada “santinho”, 
que é um recurso visual que mostrauma imagem congelada do rosto do repór-
ter quando ele entra por telefone.
Figura 6
Fonte: iStock/Getty Images
Agora vamos falar das grandes Reportagens ou Reportagens especiais.
O que as torna singulares é o tratamento muito mais primoroso, tanto de con-
teúdo, quanto plástico. Ela nos permite aprofundar assuntos de interesse público, 
que podem estar retratados numa única reportagem ou numa série.
Até o fim da década de 1990, essa modalidade do telejornalismo estava um tan-
to quanto esquecida, seja pelo custo, pela escassez de profissionais aptos ou pela 
análise de que o “algo mais” não era tão necessário.
Desde o início dos anos 2000, é rara a semana em que pelo menos uma das 
emissoras de canal aberto não apresente reportagens especiais sobre os mais varia-
dos assuntos. Elas podem ser vistas em programas de grandes reportagens, que a 
maior parte das emissoras tem (Globo Repórter, SBT Repórter, Repórter Record, 
por exemplo), e também nos telejornais diários.
Esse novo cenário surge como resultado de duas forças distintas, mas não anta-
gônicas, como pode parecer em princípio. De um lado, está o desejo do profissional 
de fazer bom jornalismo, com histórias impactantes, personagens representativos, 
com tempo e acabamento mais cuidadosos. De outro, há a questão mercadológica, 
a competição entre os veículos de comunicação, em que cada um busca diferenciais 
para atrair o público, seja ele leitor, seja ouvinte, internauta ou telespectador.
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UNIDADE A Reportagem em Rádio e TV
Essas duas forças podem e devem andar juntas, desde que isso não signifique 
atrelar o jornalismo a assuntos com potencial única e exclusivamente para alavan-
car a audiência ou aumentar a tiragem dos jornais. Há de se encontrar o ponto de 
equilíbrio, tendo como premissa inegociável a independência editorial. As televi-
sões abertas vivem das verbas publicitárias e a fatia que cabe a cada um dos veículos 
está diretamente relacionada aos índices de audiência. Em princípio, essa guerra 
pela audiência não é algo negativo. Faz parte do negócio, estimula a concorrência 
entre os veículos e pode resultar em melhores programas e telejornais.
As reportagens especiais permitem maior flexibilidade das regras. A ordem di-
reta não é um imperativo. Na reportagem especial, o chamado “lide” deve ser 
encarado como compromisso, não como uma espécie de amarra. Isso quer dizer 
que a estrutura de uma matéria convencional tende a ser menos narrativa do que 
a de uma especial. Esta consegue reunir elementos que, na maioria das vezes, res-
pondem às perguntas “o quê?”, “como?”, “quem?”, “quando?”, “onde?” e “por 
quê?” de maneira ainda mais clara, de forma mais compreensível e plasticamente 
mais bem trabalhada.
Por outro lado, quanto maior a amplitude que se dá ao assunto, maior é o tem-
po de veiculação. Textos longos correm mais riscos de ficar arrastados, de perder 
a clareza, de sair do foco. Prender a atenção do telespectador por quatro, cinco 
minutos não é uma tarefa fácil.
No caso das séries, apesar de haver um eixo central perpassando todas as re-
portagens, elas precisam ser tratadas individualmente, com começo, meio e fim. 
Imaginar que uma série possa ser construída como uma “novelinha”, ou seja, com 
capítulos, é sonegar informação para o telespectador, na medida em que não há 
garantia alguma de que ele vai acompanhar todas as reportagens.
Nas reportagens especiais, a presença do repórter no vídeo (passagem) pode e 
deve ser ampliada, mesmo porque o tempo é maior. Nesse caso, o casamento do 
conteúdo do texto com a informação visual deve ser perfeito. Não tenha pressa, 
escolha o ambiente mais correlato com o assunto da reportagem, mesmo que ela 
tenha de ser gravada outro dia.
Tente fazer enquadramentos com movimento de câmera, isso enriquece a pas-
sagem. Em algumas situações, use planos abertos que mostrem o ambiente. Não 
faz sentido irmos para a Antártida, por exemplo, e fazermos uma passagem no 
plano 3x4. O telespectador valoriza a presença do repórter no local.
A reportagem especial exige do jornalista mais preparo, maior poder de enten-
dimento sobre causas e consequências, um olhar mais cuidadoso e uma leitura mais 
aprofundada da realidade. A busca pelo “olhar diferenciado” ajuda o profissional a 
escapar das soluções simplistas, da miopia do pensamento.
O que, então, diferencia a produção diária de notícias daquelas rotuladas como 
especiais? O primeiro aspecto é que o olhar diferenciado deve ser elevado à po-
tência máxima, ou seja, é condição fundamental para que decidamos tratar algo 
como especial.
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Pense no telespectador. Não dá para dizer: “Você vai ver uma reportagem espe-
cial sobre determinado assunto” se, ao final da matéria, ele tiver a sensação – ou 
a certeza – de que já assistiu àquilo tantas e tantas vezes. Não se trata de escolher 
assuntos nunca antes tratados, mas de mostrá-los de uma forma surpreendente. 
Como o foco da notícia é ampliado, o texto, assim como a linguagem plástica, deve 
ser primoroso.
A reportagem especial é o desejo de qualquer jornalista e ela requer experiência 
e talento do profissional. Mas antes, acima de tudo, ela requer postura, informação 
e formação.
Um grande reportagem sobre a Romênia, do Globo Repórter. Acesse: https://youtu.be/TKD9_v-cioY
Ex
pl
or
E ficamos por aqui.
Espero que tenha aprendido muito nesta Disciplina. Sugiro que consulte os Ma-
teriais Complementares para ampliar o aprendizado.
Encontro você nas aulas em vídeo.
Até a próxima!
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UNIDADE A Reportagem em Rádio e TV
Material Complementar
Indicações para saber mais sobre os assuntos abordados nesta Unidade:
 Livros
Jornalismo de TV
BACELLAR, L.; BISTANE, L. Jornalismo de TV. São Paulo: Contexto, 2005.
Escrevendo para falar no Rádio
IAROCHINSKI, U. S. Escrevendo para falar no Rádio. Curitiba: InterSaberes, 2017.
Radiojornalismo: do analógico ao digital
JAVORSKI, E. Radiojornalismo: do analógico ao digital. Curitiba: InterSaberes, 2017
Técnicas para TV
LOEBLEIN, D. F. Técnicas para TV. Curitiba: InterSaberes, 2017.
 Vídeos
Globo Repórter- 27/04/2018- Índia
https://youtu.be/y9XWr9-TOK4
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Referências
AMARAL, L. Jornalismo: Matéria de primeira página. Rio de Janeiro: Tempo 
Brasileiro, 1997.
BARBEIRO, H. LIMA, P. R. de. Manual de Telejornalismo: os segredos da notícia 
na TV. São Paulo: Campus, 2005
BOURDIEU, P. Sobre a televisão. Rio de Janeiro: Jorge Zahar, 1997.
BUCCI, E. A TV aos 50: criticando a TV brasileira em seu centenário. São Paulo: 
Boitempo, 2000.
CARVALHO, A. et al. Reportagem na TV: como fazer, como produzir, como 
editar. São Paulo: Contexto, 2010.
ERBOLATO, M. L. Técnicas de Codificação em Jornalismo. São Paulo: Ática, 1991.
FERRARETTO, L. A. Rádio: teoria e prática. São Paulo: Summus, 2014.
FOLHA de São PAULO. Manual de Redação. São Paulo: Publifolha, 2010.
FLORESTA, C.; BRASLAUKAS, L. Técnicas de reportagem e entrevista: roteiro 
para uma boa apuração. São Paulo: Saraiva, 2009.
FUSER, I. A arte da reportagem. São Paulo: Scritta, 1996.
GROTH, O. O poder cultural desconhecido: fundamento das ciências dos jornais. 
Petrópolis: Vozes, 2011.
HERNANDES, N. A mídia e seus truques: o que jornal, revista, TV e Rádio e internet 
fazem para captar e manter a atenção do público. São Paulo: Contexto, 2006.
JUNG, M. Jornalismo de Rádio. São Paulo: Contexto, 2004.
LAGE, N. A reportagem: teoria e técnica de entrevista e pesquisa jornalística. Rio 
de Janeiro: Record, 2005.
MACHADO, A. A tel evisão levada a sério. São Paulo: SENAC, 2000.
MARCONDES FILHO, C. A saga dos cães perdidos. São Paulo: Hackers, 2000.
MEDISTSCH, E. O ensino de radiojornalismo em tempos de Internet. 
Disponível em: .
MUSBURGUER, R. B. Roteiro para mídia eletrônica: TV, Rádio, animação e 
treinamento corporativo. São Paulo: Campus-Elsevier, 2008
________. Estrutura da notícia. São Paulo: Ática, 2006.
________. Teoria e técnica do texto jornalístico. São Paulo: Elsevier, 2005.
27UNIDADE A Reportagem em Rádio e TV
PATERNOSTRO, V. I. O texto na TV: Manual de Telejornalismo. São Paulo: 
Campus, 2006.
PEREIRA JUNIOR, L. C. A apuração da notícia: métodos de investigação na 
imprensa. Petrópolis: Vozes, 2010.
PINTO, A. E. de S. Jornalismo diário: reflexões, recomendações, dicas, exercícios. 
São Paulo: Publifolha, 2009.
PRADO, F. Ponto Eletrônico: dicas para fazer telejornalismo com qualidade. São 
Paulo: Limiar, 2005.
REZENDE, G. J de. Telejornalismo no Brasil: um perfil editorial. São Paulo: 
Summus, 2000.
SANTOS, H. Manual de Jornalismo de Rádio: Lisboa: Cenjor, 2008.
SODRE, M. A narração do fato: notas para uma teoria do acontecimento. 
Petrópolis: Vozes, 2009.
SODRE, M; FERRARI, M. H. Técnica de Reportagem: notas sobre narrativa 
jornalística. São Paulo: Summus, 1986.
TUBAN, I. Periodismo oral: hablar y escribir para radio y television. Barcelona: 
Paidós, 1983.
WATTS, H. On Câmera: curso de produção de filme e vídeo da BBC. São Paulo: 
Summus, 1990.
WHITE, T. Jornalismo Eletrônico. Redação, Reportagem e Produção. São Paulo: 
Roca, 2009
WOLTON, D. Elogio do grande público: uma teoria crítica da televisão. São 
Paulo: Ática, 1996.
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Mais conteúdos dessa disciplina