Prévia do material em texto
Estética Facial ACESSE AQUI O SEU LIVRO NA VERSÃO DIGITAL! Dra. Lilian Rosana dos Santos Moraes Me. Lilian Lucy dos Santos https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3414 FICHA CATALOGRÁFICA C397 CENTRO UNIVERSITÁRIO DE MARINGÁ. Núcleo de Educação a Distância. SANTOS, Lilian Lucy dos. MO- RAES, Lilian Rosana dos Santos. Estética Facial. Lilian Lucy dos Santos, Lilian Rosana dos Santos Moraes. Maringá - PR.: Unicesumar, 2020. Reimpresso em 2023. 120 p. “Graduação - EaD”. 1. Estética 2. Facial 3. EaD. I. Título. CDD - 22 ed. 646.726 CIP - NBR 12899 - AACR/2 ISBN 978-65-5615-218-9 Impresso por: Bibliotecário: João Vivaldo de Souza CRB- 9-1679 Fotos: Shutterstock Pró Reitoria de Ensino EAD Unicesumar Diretoria de Design Educacional Equipe Produção de Materiais NEAD - Núcleo de Educação a Distância Av. Guedner, 1610, Bloco 4 Jd. Aclimação - Cep 87050-900 | Maringá - Paraná www.unicesumar.edu.br | 0800 600 6360 Diretoria Executiva Chrystiano Mincoff, James Prestes, Tiago Stachon Diretoria de Design Educacional Débora Leite Diretoria de Graduação e Pós-graduação Kátia Coelho Diretoria de Permanência Leonardo Spaine Head de Produção de Conteúdos Celso Luiz Braga de Souza Filho Gerência de Produção de Conteúdo Diogo Ribeiro Garcia Gerência de Projetos Especiais Daniel Fuverki Hey Supervisão do Núcleo de Produção de Materiais Nádila Toledo Supervisão Operacional de Ensino Luiz Arthur Sanglard NEAD - NÚCLEO DE EDUCAÇÃO A DISTÂNCIA Reitor Wilson de Matos Silva Vice-Reitor Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor de Administração Wilson de Matos Silva Filho Pró-Reitor Executivo de EAD William Victor Kendrick de Matos Silva Pró-Reitor de Ensino de EAD Janes Fidélis Tomelin Presidente da Mantenedora Cláudio Ferdinandi DIREÇÃO UNICESUMAR EXPEDIENTE BOAS-VINDAS Reitor Wilson de Matos Silva Neste mundo globalizado e dinâmico, nós trabalhamos com princípios éticos e profissionalismo, não somente para oferecer educação de qualidade, mas também, acima de tudo, gerar a conversão integral das pessoas ao conhecimento. Baseamo-nos em quatro pilares: intelectual, profissional, emocional e espiritual. Assim, iniciamos a Unicesumar em 1990, com dois cursos de graduação e 180 alunos. Hoje, temos mais de 100 mil estudantes espalhados em todo o Brasil, nos quatro campi presenciais (Maringá, Londrina, Curitiba e Ponta Grossa) e em mais de 500 polos de educação a distância espalhados por todos os estados do Brasil e, também, no exterior, com dezenas de cursos de graduação e pós-graduação. Por ano, produzimos e revisamos 500 livros e distribuímos mais de 500 mil exemplares. Somos reconhecidos pelo MEC como uma instituição de excelência, com IGC 4 por sete anos consecutivos e estamos entre os 10 maiores grupos educacionais do Brasil. A rapidez do mundo moderno exige dos educadores soluções inteligentes para as necessidades de todos. Para continuar relevante, a instituição de educação precisa ter, pelo menos, três virtudes: inovação, coragem e compromisso com a qualidade.Por isso, desenvolvemos para os cursos híbridos, metodologias ativas, as quais visam reunir o melhor do ensino presencial e a distância. Tudo isso para honrarmos a nossa missão, que é promover a educação de qualidade nas diferentes áreas do conhecimento, formando profissionais cidadãos que contribuam para o desenvolvimento de uma sociedade justa e solidária. Olá! Meu nome é Lilian Lucy e vou contar um pouco da minha história até quando decidi me tornar professora. Tornei-me fisiotera- peuta devido a um problema no joelho, aos 16 anos, que me obrigou fazer inúmeras ses- sões de fisioterapia ortopédica. Tinha certe- za de que gostaria de fazer algo na área da saúde, porém ainda não sabia o que ao cer- to. Depois da cirurgia de menisco que pre- cisei realizar, fiz 40 sessões de fisioterapia, nas quais me apaixonei pela área. Ao entrar na faculdade e conhecer o “leque” de opções que a faculdade me oferecia, a ortopedia não me encantava mais e eu pre- cisava de um conhecimento diferente, que não era nem sobre equipamentos ortopé- dicos, nem sobre exercícios. Eu apreciava os estudos em UTIs, de casos mais graves. Formei-me em 1999. Quan- do a primeira oportunidade de emprego apareceu, que foi trabalhar com pacientes neurológicos, por mais apaixonante que fosse, a remuneração era muito baixa. Logo em seguida, fui trabalhar em um hospital grande, porém, em 10 meses, fui trocada por uma filha de um médico e me vi de- sempregada, com um filho pequeno e com muita vontade de crescer. Sempre gostei de falar em público, então, por meio de um anúncio de jornal, desco- bri uma escola técnica que precisava de professores na área de estética. Como eu trabalhava muito com massagens, fui me apresentar e não é que deu certo?! Iniciei em 2003 e fui me aprimorando, fa- zendo pós-graduações, cursos e me desco- bri em sala. Entrei na UniCesumar em 2009, logo iniciei o mestrado e, hoje, ensinar é a minha paixão. Sou professora da graduação e da pós-graduação em vários locais e tenho certeza de que nasci para isso. Currículo Lattes disponível em: http://lattes.cnpq.br/5157639422716736 Aqui você pode conhecer um pouco mais sobre mim, além das informações do meu currículo. MEU CURRÍCULO MINHA HISTÓRIA https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3555 Anatomia Humana, Microbiologia e Biologia, para os estudantes que tinham dificuldades com o conteúdo. Assim, nasceu o amor pela docência. Ao voltar para minha cidade natal, iniciei o trabalho como fisioterapeuta, mas com o sonho de ser professora, procurei a UniCesumar que, na época, era Cesumar, para pleitear uma vaga na graduação que ha- via iniciado em Fisioterapia, porém naquele momento não havia. Observando a necessi- dade que os alunos teriam em realizar está- gio com crianças na área de Pediatria, entrei em contato com uma ONG, Associação Nor- te Paranaense de Reabilitação- ANPR, para propor uma parceria com a IES, criando o estágio dos alunos de Fisioterapia na ANPR, assim iniciei na docência que tanto amo e estou até hoje. Fiquei 18 anos no presencial, como docente em vários cursos da saúde, e 10 anos como Coordenadora de Estética e Cosmética, e após ser convidada a construir os cursos de Bem-Estar, a IES permitiu que eu escolhesse ficar no presencial ou encarar o desafio da educação à distância. Hoje, estou á 2 anos no EAD, cuidando dos filhos que criei com muito amor. Em 2019, iniciei um doutorado em Promoção da Saúde na UniCesumar, e por meio dos estudos que já realizava em Políticas Públicas e com as discussões nas aulas de políticas voltadas para a melhora da qualidade de vida da população, resolvi me aventurar na Política, saindo como candidata a vice pre- feita de Maringá. Sou abençoada com uma família que amo, casada com o Advogado e também professor na IES, Carlos Alexandre Moraes e temos uma pequena flor que Deus nos presenteou, Isabela Moraes. Amo estar em casa com minha família e viajar, pois ali- menta a alma e nos traz experiências que ficam eternamente na memória. Currículo Lattes disponível em: http://lattes.cnpq.br/8428839515152168 Aqui você pode conhecer um pouco mais sobre mim, além das informações do meu currículo. MEU CURRÍCULO MINHA HISTÓRIA Olá, estudante, tudo bem? Meu nome é Li- lian Rosana dos Santos Moraes, mas todos me conhecem por Profa. Lilian Moraes, por estar na área da educação há 20 anos. Sou natural de Maringá-PR, no entanto, quando chegou a hora de prestar vestibu- lar, como não havia Fisioterapia em minha cidade, fui morar em Lins-SP para realizar um sonho: ser Fisioterapeuta para cuidar de crianças com dificuldades motoras, fi- quei 4 anos por lá e durante 3 anos da gra- duação que era de tempo integral (da 2ª a 4ª série) fui monitoria das disciplinas de https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3556 REALIDADE AUMENTADA: sempre que encontrar esse ícone, esteja conectado à internet e inicie o aplicativo Unicesumar Experience. Aproximenanopartículas, nano e micro emulsões, entre outros) influenciam o grau de permeação cutânea do ingrediente. Essa permeação dependerá do tempo de contato do produto com a pele, da concentração dos ingredientes estudados e da área de contato, conforme descrito pela Lei de Fick. A camada córnea apresenta um pH entre 5.4 e 5.6 e a camada espinhosa possui um pH de 6.9. R EF ER ÊN C IA S 37 AZULAY, R. D. Dermatologia. 5. ed. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. BORGES, F. dos S.; SCORZA, F. Terapêutica em Estética, Conceitos e Técnicas. São Paulo: Editora Phorte, 2016. GUIRRO, E.; GUIRRO, R. Fisioterapia dermato-funcional: fundamentos, recursos, patologias. 3. ed. São Paulo: Manole, 2004. KEDE, M. P. V.; SABATOVICH, O. Dermatologia Estética. São Paulo: Atheneu, 2009. MOSER, I. Peeling, Como eu faço? Londrina: Midiograf II, 2018. RIBEIRO, C. de J. Cosmetologia aplicada a dermoestética. São Paulo: Pharmabooks Editora, 2010. SANTOS, M. P. dos. O papel das vitaminas antioxidantes na prevenção do envelhecimento cutâneo. Rio Grande do Sul: On-line, 2013. SOUZA, V. M. de. Ativos dermatológicos: Guia de ativos dermatológicos utilizados na farmácia de manipulação para médicos e farmacêuticos. São Paulo: Pharmabooks, 2005. 38 M EU E SP A Ç O 2 OPORTUNIDADES DE APRENDIZAGEM Acne Dr. Lilian Rosana dos Santos Moraes Me. Lilian Lucy dos Santos Nesta unidade, você terá a oportunidade de trabalhar com uma doença (patologia) que acomete em nossos consultórios todos os dias, a famosa acne (espinha), com todas as suas formas de apresentação (inflamada e não inflamada) e como podemos tratá-las. 40 UNICESUMAR Você já ouviu falar sobre a acne (espinha)? Já parou para pensar por- que esta alteração inflamatória acomete algumas pessoas e outras não? Você se lembra do caso de Mariana, que vimos anteriormente, uma adolescente que utilizava os cremes de sua mãe, uma mulher de 44 anos, e notou muitos agravantes em sua pele? Se a menina e sua mãe não observassem a tempo que suas acnes pioraram, será que elas poderiam evoluir de um grau mais leve para um grau mais avan- çado? Será que essa disfunção pode acarretar outras complicações? A acne como patologia é uma das afecções que acomete um nú- mero maior de pessoas no período da adolescência, tanto homens quanto mulheres. Nesta fase da vida, acontecem muitas mudanças e uma delas é a insegurança. Quando o adolescente possui acnes graves, elas podem causar problemas comportamentais, como o isolamento social. Estas afecções, quando agravadas, causam cica- trizes na pele da face, que perduram para toda vida, sendo muito importante a observação do início e a intervenção adequada, para que não cause outros problemas. Lembrando que a acne é uma afecção crônica multifatorial da unidade pilossebácea, que poderá ser agravada por vários fatores, inclusive hormonal. Caro(a) aluno(a), vamos, agora, fazer um pequeno experimento? Observe três adolescentes que você convive ou pessoas que tenham peles oleosas, as quais apresentem graus de acne, e avalie os tipos de pele de cada um, por exemplo, o grau de acne, a localidade etc. Em seguida, pesquise casos clínicos com diferentes graus de acne e, depois, procure quais seriam os protocolos de tratamento neces- sários/adequados. E, então, como você se saiu no exercício? Conseguiu elaborar diferentes tratamentos? Ao observar uma pele, você consegue clas- sificar que grau a acne apresenta? A elaboração de protocolos em diferentes graus de acne facilitará a avaliação e tratamentos em seu consultório. Anote o que achar interessante desta prática que realizamos no seu Diário de Bordo. 41 UNIDADE 2 D IÁ R IO D E B O R D O Sabendo que a acne é uma patologia muito procurada e está relacionada a alguns fatores impor- tantes, o estudo dessa patologia apresenta como pontos-chave: • Compreender a fisiopatologia da acne. • Elaborar protocolos para alguns graus não inflamados e inflamados dessa patologia. • Elaborar tratamentos para pacientes que já apresentaram as sequelas de acne. A acne é uma doença crônica multifatorial e inflamatória da unidade pilossebácea e, geralmente, surge na puberdade em ambos os sexos, respondendo a 80% da queixa dermatológica, sendo caracterizada por lesões inflamadas, que são pápulas, pústulas, nódulos e cistos; e lesões não inflamadas, que são os comedões, “eflorescência ou ponto de elevação” (KEDE; SABATOVICH, 2009). 42 UNICESUMAR A origem grega da palavra Acne significa eflorescência, ou seja, erupção da pele na superfície do corpo humano, conhecida popularmente como espinha. É uma doença dermatológica cutânea que acomete o folículo pilo-sebáceo, glândula sebácea, além de atingir muitas pessoas em graus e períodos variáveis. É comum nos adolescentes e, em algumas ocasiões, nos adultos. Além do mais, nas mulheres adultas, a acne pode estar relacionada à irregularidade menstrual ou problemas hormonais. Outros fatores são o estresse e a hereditariedade, que também podem explicar o problema tanto na mulher quanto no homem. Já foi comprovado que o estresse aumenta o nível de cortisol, que é o hormônio que possui um vínculo muito estreito com a acne e, em geral, afeta regiões mais oleosas da pele (DAL GOBBO, 2010). Apresenta como um problema típico dos adolescentes ocidentais, podendo atingir até 95% da população dessa faixa e seu pico ocorre nos jovens com idade de 14 a 17 anos e entre 16 a 19 anos em homens. Nos adolescentes do sexo masculino, a acne é mais comum e mais severa com avanço da idade, tendendo a desaparecer. Ainda, 12% das mulheres e 3% dos homens podem manifestar alguma forma de acne após os 30 anos (RIBEIRO, 2010). A partir de todos esses pontos que citei, as visões de acne podem ir muito além da estética, levando à depressão, ansiedade e outros problemas psicológicos. No entanto, apesar dos problemas estéticos e psicológicos, apenas 10 a 20% dos acometidos precisam de tratamentos mais severos, os quais devem ser feitos com a combinação de terapias que atuam nos diferentes fatores causadores da acne, porém esses tratamentos dependem de quão grave se manifeste a doença (RIBEIRO, 2010). Entretanto, não é uma patologia que envolva risco de morte, ela promove alterações na pele, às vezes resulta em perda e lesão de tecidos. Além disso, a acne vulgar nasce em um espaço propício na unidade folicular, sendo uma patologia dermatológica benigna e não contagiosa, surgindo de procedência da comedogênese, decorrente da obstrução do orifício da glândula sebácea com presença de comedões, evoluindo com a ação de bactérias e formação de processo inflamatório, sendo caracterizada por pápula, pústula e, em suas formas mais graves, abscesso, cisto e, posteriormente, cicatriz (DAL GOBBO, 2010). A etiologia da acne está relacionada ao acometimento da unidade pilossebácea, aumento e bloqueio da secreção sebácea, hipercornificação do ducto pilossebáceo, ocorrência ou ausência de inflamação das glândulas sebáceas, colonização do ducto pilossebáceo com a bactéria e afecção superficial que atinge a epiderme, a derme e o tecido celular subcutâneo. Além do mais, a presença de bactérias que atuam sobre o sebo acumulado favorece a inflamação da pele, impedindo a li- beração dos ceratinócitos despendidos. Dessa forma, aluno(a), a coesão ficará aumentada dos ceratinócitos, com alteração do funcio- namento da glândula sebácea, ceratose do canal folicular e retenção de sebo, aumento da flora bacteriana e intensa atividade en- zimática da bactéria, ocorrendo alteração química do sebo que se transforma em ácido graxo (DAL GOBBO, 2010). 43 UNIDADE 2 Quanto à sua fisiopatologia, a acne está relacionada ao aumento da secreção sebácea, ou seja, a hiperqueratinização com a presença de obstrução do folículo pilo-sebáceo e a alteração da flora bac- teriana da pele, provocando a acne. A bactéria, por sua vez, alimenta-se do sebo, ocasiona uma reação inflamatória local, em que as lesões da acne são decorrentes da obstruçãocom ou sem inflamação dos folículos pilossebáceos, ocorrendo a acnegênese e a comedogênese, que são processos individualizadas, porém, geralmente, associados na patologia da acne (DAL GOBBO, 2010). Podemos descrever que os folículos pilossebáceos estão presentes em grandes quantidades na face, ombros, parte superior das costas e no peito. São essas as áreas do corpo nas quais se manifesta a doença genética e influencia fortemente o desenvolvimento desta patologia, juntamente com outros quatro fatores (RIBEIRO, 2010). Em sua fisiopatologia, o aumento deliberado da glândula sebácea e a grande produção de sebo ocorre devido à resposta da grande liberação dos hormônios andrógenos da puberdade; nessa fase, favorece a formação e aumenta as condições para seu desenvolvimento. Isso ocorre devido as glândulas sebáceas terem maior receptores androgênicos ou os receptores presentes pelos quais apresentam sensibilidade aumentada a esses hormônios (RIBEIRO, 2010). A hiperqueratinização do folículo pilossebáceo promove obstrução e forma o microcomedão, porque dentro do folículo ocorre uma mistura de sebo e epitélio descamado, proliferação do Propio- nibacterium Acnes, que é uma bactéria anaeróbica que utiliza os lipídios presentes na secreção sebácea como nutrientes em seu metabolismo, após esse processo, a bactéria libera uma enzima denominada de lipase que hidrolisam os triglicerídeos do sebo e liberam ácido graxo que irritam a parede do folículo. Daí ocorre uma resposta imune com produção de numerosos mediadores de inflamação liberados dentro do folículo e em volta dele (RIBEIRO, 2010). A inflamação instalada no folículo pode ser exacerbada por ruptura do folículo e subsequente es- cape do conteúdo da glândula inflamada para derme, que podem, nesses casos, formarem os nódulos ou cistos e as pústulas, lesões responsáveis pelos quadros de acne nódulo-cística e conglobata, que podem levar à formação de cicatrizes persistentes (RIBEIRO, 2010). O processo denominado de comedogênese é uma reação folicular não inflamatória, sendo caracterizada por hiper- queratose compacta densa do folículo e que usualmen- te precede a acne gênese (presença da bactéria). A comedogênese ocorre quando se tem a formação de comedões formados com a retenção do sebo na glândula sebácea, permitindo uma obliteração infundibular por ceratose focal. Além disso, a fase inicial da acne é comedônica com a presença de cravos oxidados e brancos, sem processo inflama- tório, depois a evolução será o processo inflamatório com a presença de diversos graus de acne, formando a acnegênese (DAL GOBBO, 2010). 44 UNICESUMAR A acne tem fatores multifatoriais e a soma desses fatores podem exacerbar o quadro, porém sabemos que um dos fatores mais complexos e de difícil controle é a relação da glândula sebácea e os hormônios. Por fim, o outro processo que se denomina de acnegênese, identifica-se com a ocorrência de in- flamação do epitélio folicular para, posteriormente, ocorrer um desprendimento de material seboso ou hiperceratose dentro do folículo, formando pústulas e pápulas foliculares, cistos e nódulos. Sendo assim, a acnegênese é a formação de acne, seguida de inflamação da glândula sebácea, em que acontece retenção do sebo da glândula, mais bactéria e multiplicação de microrganismo, em especial a bactéria Propioniumbacterium Acne, que produze lipase, transformando os triglicerídeos em ácidos graxos livres com capacidade irritativa, que irritam a pele, podendo promover a destruição da glândula sebácea em consequência da grande reação inflamatória local (DAL GOBBO, 2010). Chamo novamente a sua atenção para o fato de que múltiplos fatores causam a acne vulgar. Existe uma tendência hereditária transmitida pelos genes autossômicos dominantes; o tamanho da glândula sebácea, a queratinização anômala folicular e sua atividade na puberdade podem ter influência genética (KEDE; SABATOVICH, 2009). O sebo que é liberado pelas glândulas sebáceas, sendo uma fonte de alimento para a bactéria da acne, é composto por colesterol, cera, ésteres, esteroides, escaleno e triglicérides. Em um paciente seborreico, a comedogênese está relacionada com o aumento do escaleno, ésteres, na cera e diminuição de ácido graxo. Nesse processo, acredita-se que a hiperqueratinização e a descamação sejam consequências da maior irritação dos queratinócitos localizados na região infundibular e resultados da liberação de mediadores inflamatórios e da estimulação da liberação de outros fatores de crescimento (KEDE; SABATOVICH, 2009). Essas inflamações são divididas em formações clínicas, sendo as mais comuns os comedões abertos e fechados, pápulas e pústulas; e nas formas mais severas se observam cistos e nódulos; por último, as sequelas desta patologia são as cicatrizes hipertróficas (KEDE; SABATOVICH, 2009). O microcomedão, que observei com você, nas fases iniciais da acne, produz uma dilatação folicular não visível, mas encontrada somente no exame histopatológico, geralmente presente na fase pré-puberal, quando a criança ainda não apresenta características sociais desenvolvidas. O comedão aberto, além do mais, é vulgarmente conhecido como cravo, sendo considerada a lesão básica da acne, apresentando acúmulo de células queratinizadas e sebo no seu infundíbulo (KEDE; SABATOVICH, 2009). 45 UNIDADE 2 Ainda falando sobre os comedões, estes apresentam, normalmente, prurido, vulgarmente conhecido como coceira. Este é um sintoma cutâneo muito comum nos casos de acne e está presente nas lesões acneicas como pústula. O prognóstico biológico do prurido é induzir a “coçadura” na área comprome- tida. Além disso, apresentam-se eritema e escoriações, sendo muito comum, nesse processo, ocorrer a acne escoriada. Contudo, o prurido pode ou não estar presente nas lesões acneicas e quando presente possui intensidade variável e, às vezes, provoca grande desconforto em lesões, como pústulas, nódulos e pápulas (DAL GOBBO, 2010). Figura 1 - Acne grau III: presença de pápulas e pústulas Outro aspecto que trago a você sobre os comedões é que estes são basicamente constituídos de sebo e ceratina ou queratina, sendo essencialmente alcalino. A composição química é basicamente uma mis- tura de lipídios constituindo-se dos seguintes elementos: triglicérides, colesterol e ácido graxo, como ésteres e escaleno, cuja proporção varia de paciente para paciente. Além do mais, o sebo é produzido nos locais em que a glândula sebácea é exatamente o elemento primordial dos folículos sebáceos, por exemplo, na região da face, sendo que no couro cabeludo o pelo é grosso e os óstios foliculares são maiores, assim a glândula sebácea é pouco desenvolvida (DAL GOBBO, 2010). A formação do comedão é um distúrbio que deve obedecer a uma influência genética e observar onde o folículo sebáceo está induzindo a uma hiperqueratinização, como o acúmulo de escamas aderentes que obstrui a drenagem normal desses folículos, levando sua formação. Sendo assim, o excesso de queratina e sebo na unidade pilossebácea forma um tampão central que resulta em obstrução e dilatação folicular, o que denominamos acne grau I dentro da classificação, formando o comedão (DAL GOBBO, 2010). 46 UNICESUMAR Nós temos dois tipos comedões: o oxidado e o branco. O come- dão oxidado ou preto se apresenta aberto com o óstio dilatado no seu ápice, e possui cor escura devido à concentração de melanina. Este se abre para a superfície da pele e apresenta um ponto negro na epiderme, seu escurecimento é resultado da oxidação das gorduras e do aumento da deposição da melanina. O comedão branco se apresenta fechado, é pequeno devido uma pequena atividade dos melanócitos, não se abre para a superfície da pele e não possui muita concentração de melanina (DAL GOBBO, 2010). Já conversamos sobre os comedões e, agora, chamo você, alu- no(a), a estudar sobre as pústulas. Estas são pequenas vesículas que contêm exsudato purulento inflamado, dolorido à palpação. Além disso, apresenta corrosa, e a formação se dá quando ocorre a ruptura do material da parede folicular. Sendo assim, o material cerato sebáceo e a bactéria são liberados, o sebo mais o pus juntos às células de defesa e a bactéria viva e morta se rompem de forma espontânea ou por meio de manipulação, comumente deixando cicatriz (DAL GOBBO, 2010). As pápulas são pequenas lesões que se apresentam como saliên- cias rosas, não muito dolorosas à palpação, elas ocorrem quando o ácido graxo livre se difunde pelo folículo pilo-sebáceo e a infla- mação gera uma pápula eritematosa que se transforma em pústula. É muito comum deixar cicatriz e máculas avermelhadas, além de pequenos nódulos fibrosos (DAL GOBBO, 2010). Os nódulos são lesões geralmente grandes, esféricas e muito dolorosas, localizadas mais profundamente na derme e que persis- tem por semanas, têm a cor vermelho violácea e, em geral, deixam cicatrizes, são compostos por pus e sebo (DAL GOBBO, 2010). O cisto são lesões ainda mais profundas que os nódulos, extrema- mente doloroso, inflamado, pustuloso e de tamanho variado, pode espontaneamente drenar pus e deixar cicatriz (DAL GOBBO, 2010). Assim como existem as divisões clínicas para facilitar os estu- dos, temos que aprender as formas de classificação. Esta varia de acordo com a quantidade de comedões, quanto mais comedões e disseminação de bactérias, maior será o processo de inflamação. Diante disso, quando se extrai o comedão, não ocorre o processo inflamatório (DAL GOBBO, 2010). 47 UNIDADE 2 Normalmente, nas atuações clínicas, as acnes são classificadas de grau I a V. No grau I estão as acnes com presença de comedões abertos e fechados, iniciando processos inflamatórios. No grau II, observam-se as acnes inflamatórias com presença de papulopustular, com reações inflamatórias. No grau III, vemos as acnes inflamatórias, com presença de grandes ou pequenos nódulos, cistos, pústulas e pápulas, também conhecida como acne cística, apresenta intensa reação inflamatória. Além do mais, no grau IV, temos as acnes inflamatórias com a presença de todas as lesões anterior citadas, além da presença de cicatriz profunda e severa reação inflamatória. Por fim, a acne de grau V é inflamatória e chamada fulminans ou fulminante (DAL GOBBO, 2010). Figura 2 - Acne cística nodular O aprendizado a respeito dos graus de acne, o grau das lesões e as condições da pele é de extrema im- portância, pois por meio dessa classificação e desse estudo detalhado, iremos determinar os recursos utilizados pelos profissionais de estética o diagnóstico. O tratamento precoce auxilia muito na cura definitiva e segura da acne. Além do mais, a classificação dos graus é de extrema importância, pois o profissional de estética somente poderá tratar, extrair e fazer a ruptura das pústulas de acne grau I e II, visto que nas acnes de graus III, IV e V, o profissional deverá se manter fidedigno na conduta de não provocar a intervenção e não tentar extrair a lesão, ou seja, não manipular o nódulo, cisto ou pápulas, porém poderá executar a técnica de cauterização da lesão, a fim de auxiliar e contribuir para a diminuição do processo inflamatório local (DAL GOBBO, 2010). A manipulação das lesões de grau I e II na realização de tratamento de acne deve ser feita utilizan- do-se a técnica manual de extração. Para a retirada dos comedões e pústulas, o profissional esvazia as pústulas e finaliza uma a uma. Sobre a remoção, extração mecânica dos comedões, procedimento também exclusivo do profissio- nal de estética muito delicado e trabalhoso, não deve ser realizada por técnica a vácuo, pois nenhuma ventosa possui diâmetro do orifício pilossebáceo, sendo assim, o tecido em volta será sugado junto, ocasionando cicatrizes atróficas. 48 UNICESUMAR Nos graus III e IV, não se deve prescrever ou indicar medicamen- tos orais e tópicos, pois é fundamental que o paciente procure um dermatologista para auxiliar nos medicamentos orais, que não é de competência do profissional de estética (DAL GOBBO, 2010). Para recapitular, a seguir, apresento a você, aluno(a), um breve resumo sobre a classificação das acnes. • Acne comedonal ou grau I: apresenta apenas comedões abertos e fechados; acne não inflamatória. • Acne suave ou grau II: presença de poucas ou várias pá- pulas e pústulas, mas não nódulos. • Acne moderada ou grau III: presença de várias a muitas pápulas e pústulas e poucos nódulos. • Acne severa ou grau IV: extensiva ou intensiva, pápulas e pústulas, bem como muitos nódulos. Existe a classificação comedonal, papulopustular e nódulo cística. A classificação da acne é importante, pois determina a escolha da melhor terapia medicamentosa. Em se tratando de cosmético, a classificação é importante porque, dependendo do tipo, um produto cosmético não adiantará no tratamento da acne. Na severa, por exemplo, o máximo que o cosmético pode fazer é ajudar na higienização. Nesses casos, deve-se procurar um dermatologista (RIBEIRO, 2010). Por fim, o diagnóstico da acne é basicamente clínico pela presença das lesões, ou seja, comedões, pápulas, pústulas, nódulos e cistos, sendo que nos casos duvidosos pode-se optar pela biópsia da pele, porém nem sempre é conclusiva, porque, às vezes, já iniciam com microcomedão, que não é visível a olho nu. Nas formas mais adiantadas de acne vulgar, a histopatologia revela, em geral, uma foliculite profunda, que pode estar presente tanto na forma aguda quanto na crônica, com hiperqueratose infundibular. A diferença entre a foliculite da acne e as demais foliculites é a forma comedonal (KEDE; SABATOVICH, 2009). Fazendo um pequeno resumo e relembrando a anatomia das glândulas sebáceas, elas são encontradas em praticamente todo o corpo nas regiões genitais, interescapular, no couro cabeludo, na face, com exceções e regiões como a palma da mão e a planta dos pés, que são áreas de pele glabra. A glândula sebácea pode ser encontrada em torno dos folículos pilosos com ou sem pelo, e o tamanho da glândula é inversamente proporcionais às dimensões do pelo presente no folículo. Portanto, as maiores glândulas são encontradas nas regiões em que o sistema piloso é menos desen- volvido (DAL GOBBO, 2010). 49 UNIDADE 2 As glândulas sebáceas se situam na derme e seus ductos basicamente desembocam na porção terminal dos folículos pilosos. Além do mais, são formadas por diversos lóbulos e cada um apresenta perifericamente uma camada de célula cúbica basófila, células germinativas e células com abundante citoplasma, e delgada rede de gordura. Outra característica a qual você deve atentar-se sobre as glândulas sebáceas é que estas são alveolares e seus alvéolos, geralmente, desembocam em um duto curto, os quais se apresentam formados por uma camada externa de células epiteliais achatadas, que repousam sobre a membrana basal, a camada mais profunda da epiderme (DAL GOBBO, 2010). Essencialmente, essas células se proliferam e diferenciam-se em células arredondadas, cheias de gotículas de lipídeos, que enche a luz os alvéolos; os núcleos das células cheias de gotículas de lipídios vão gradualmente degenerando, e as células mais centrais do alvéolo se rompem, formando a secreção sebácea (DAL GOBBO, 2010). Além do mais, a fisiologia das glândulas sebáceas mostra que elas produzem, essencialmente, o sebo, que serve para lubrificar a pele (a epiderme propriamente dita) e tem a função de construir o manto lipídico e proteger a pele. O manto lipídico é formado pelo sebo e também por lipídios derivados da desintegração das células epidérmicas no final de sua queratinização (DAL GOBBO, 2010). É importante que você saiba, aluno(a), que a função da glândula sebácea e suas variações depende de dois fatores: genético e hormonal. A ação hormonal processa-se por meio do hormônio androgênico. Na célula sebácea, a testosterona é transformada em diidrotestosterona, esta, por meio da enzima 5 alfa redutase, liga-se ao receptor proteico e estimula a lipogênese pelo aumento das glândulas sebáceas.Além disso, a secreção sebácea não é estimulada pelo aumento de temperatura corporal ou ambiental, ocorre que a temperatura maior facilita apenas a secreção. A alimentação rica em lipídios não tem relação com a secreção sebácea, pois, aos pacientes que têm a convicção de que alimentos como amendoim, chocolate e pizza agrava o problema da acne, podemos recomendar uma higiene alimentar (DAL GOBBO, 2010). A hiperatividade da glândula sebácea demonstra que o sebo é sintetizado continuamente pelas glândulas sebáceas e secretado para superfície da cútis por meio do óstio do folículo piloso; a excreção de lipídios é controlada pela ação hormonal. A hiperatividade dessa glândula está associada ao seu aumento, sendo denominada hipertrofiada. Ademais, essa hiperatividade ocorre quando há desequilíbrio entre a produção e a capacidade de secreção do sebo que leva a um bloqueio de sebo no folículo piloso, seguido ou não de inflamação,; resultando na hiperatividade da glândula, pode ocorrer queratinização anormal dos folículos pilosse- báceos, provocando massas vermiformes de queratina e sebo que obstruem os folículos, formando o comedão (DAL GOBBO, 2010). 50 UNICESUMAR É válido dizer que a presença de variedades de inflamação na pele determina os graus de acne. No qua- dro clínico do paciente, a lesão é fundamental, e o primordial da acne é ter proporção variável de comedões identificados com folículo piloso cheio de sebo obstruído e com presença de bactérias. O mecanismo de formação espontânea do comedão ainda é desconhecido, apesar de existirem diversas etiologias na pele ac- neica, encontramos comedões com formação inflamatória, pequenas e grandes pápulas e pústulas, cicatrizes hipertróficas, cistos, nódulos. Apresenta, também, sintomas cutâneos de prurido e, em geral, essas regiões estão localizadas na área da face, na região anterior e posterior do tórax e vêm associada à seborreia (DAL GOBBO, 2010). A acne está relacionada com a produção hormonal que ocorre, principalmente, na adolescência, assim, com o aumento da produção dos hormônios, chamados andrógenos, provoca o aumento dos folículos pilossebáceos e da produção do sebo no rosto, nos ombros, no colo e nas costas. Isso ocorre em adolescentes e adultos ao produzir muita gordura, entupindo o seu canal, rompendo as paredes e espalhando o excesso de sebo até a derme, devido a um defeito na formação celular e a uma produção excessiva de queratina que obstrui o orifício folicular e leva à formação dos comedões em áreas ricas de glândulas sebáceas (DAL GOBBO, 2010). A unidade pilossebácea apresenta atividade cíclica intrínseca na dependência de hormônios andro- gênicos, e o folículo piloso e a pele apresentam receptores para hormônios androgênicos e estrogênicos. Além do mais, a glândula possui receptores apenas para os androgênios, sendo a testosterona um andró- geno mais potente, cuja fórmula ativa e livre na circulação sanguínea ocorre, principalmente, na forma ligada à proteína transportadora dos esteroides sexuais. Outro ponto importante a ser considerado é que a testosterona é convertida em didrogesterona e, após a entrada na célula, liga-se ao núcleo celular. Nesse mecanismo, inicia-se a ação androgênica em diferentes alvos na unidade pilossebácea e esse hormônio ajuda no crescimento e na pigmentação dos pelos terminais, na produção de ácido graxo, no aumento do colágeno e facilitação na formação de culturas e microrganismos cutâneos (KEDE; SABATOVICH, 2009). Quando existe a presença de hiperandrogenismo, é comum a associação de acne e hirsutismo. Os andrógenos, quando aumentados, podem ser oriundos de fontes exógenas e endógenas, sendo as fontes exógenas androgênicos ou substâncias anabolizantes. Um exemplo para o seu melhor entendi- mento, aluno(a), são as doenças que podem ser produzidas pelo ovário, pelas glândulas suprar- renais, tecido periférico, principalmente a pele. Na pele, o hiperandrogenismo pode ser devido ao aumento da secreção glandular de andróge- nos, e a hiperatividade hormonal é decorrente da sensibilidade local e alteração de transporte dos hormônios para o sangue e desses para os tecidos (KEDE; SABATOVICH, 2009). 51 UNIDADE 2 É observado que, nos homens com acne, não ocorrem alterações nos níveis de testosterona sérica, mas os pacientes musculosos se devem questionar com relação ao uso de anabolizantes e de outros hormônios implicados nas atividades esportivas. Além disso, os fatores emocionais podem ter influência no agravamento da acne e, em alguns doentes, presume-se que o mecanismo seja a produção aumentada de andrógenos adrenais na fase de estresse, levando um aumento de seborreia pela ação do córtex cerebral sobre o sistema neuroendócrino. Nos casos especiais, o médico deve sugerir acom- panhamento psicoterápico como coadjuvante na terapia; com rela- ção à dieta de exclusão, não existem evidências de que influenciam na piora do acne (KEDE; SABATOVICH, 2009). Caro(a) estudante, convido você, neste momento, a ouvir este po- dcast interessantíssimo e muito necessário para a área da Estética Facial. Trataremos de questionamentos sobre como manter a pele limpa e higienizada para que não ocorra casos de acne, além da relação da acne com as alterações hormonais, bem como seus agra- vamentos, relacionando a fisiopatologia e as formas mais comuns de tratamentos. Dentre todos os processos vistos, a acne pode se apresentar de for- mas diferentes, assim surgem os tipos de acne, a mais comum é a acne vulgar, que acomete adolescentes e adultos, mulheres e ho- mens, trata-se de um processo multifatorial envolvendo a unidade pilossebácea, ela se caracteriza por dois tipos: não inflamatórias de grau I com comedões abertos e fechados e inflamatória de grau II, a acne pápulo-pustulosa, grau III cística e grau IV conglobata (DAL GOBBO, 2010). A acne escoriada é resultado da manipulação agressiva de lesões pustulosas da acne, em que o paciente tende a traumatizar com as unhas, resultando em lesões da pele do rosto ou do tronco, na tentativa de romper ou estourar a pústula, acreditando que con- tribuirá para a diminuição da acne pustulosa amarelada na pele. Na verdade, esse procedimento contribui para o agravamento da lesão e o traumatismo contínuo de lesões acneicas pode produzir cicatrizes e desconfigurações (DAL GOBBO, 2010). 52 UNICESUMAR A acne infantil ocorre nas primeiras semanas de vida e se caracteriza por poucas razões que evolui naturalmente, podendo ocorrer também em crianças de 1 a 2 anos de idade. A acne pré-menstrual e a lesão actínica ocorre na fase pré-menstrual e tem características da acne vulgar, entretanto, aluno(a), muitos profissionais não correlacionam a acne com período menstrual. A acne ocupacional ocorre em pacientes que lidam, em seus trabalhos diários, com óleos minerais de corte, e as lesões costumam desaparecer após o afastamento do trabalho. Essa denominação ocorre pela obliteração do óstio fo- licular por óleos e graxas, além da presença de bactérias que produzem a acne (DAL GOBBO, 2010). Além do mais, aluno(a), a acne solar ou estival à patogênese é o edema folicular pela própria quei- madura, sendo agravado pela oleosidade de protetores solares ou de outros produtos usados na pele. As localizações preferenciais são: região deltoide e tronco. A acne medicamentosa ocorre pela ingestão de diversos medicamentos, como os corticoides, e pode levar o aparecimento de lesão actínica. Além disso, os remédios que contêm corticoides podem causar uma reação alérgica. A acne tropical ocorre na época de climas quentes e úmidos, atingindo a região do tronco e das nádegas (DAL GOBBO, 2010). Vale a pena ressaltar que existem fatores externos que podem influenciar seu aparecimento, inclu- sive comportamental, você sabia disso? Por exemplo, a massagem facial em pele acneica piora pela química, ou seja, creme, pomada e cosmético pastoso aceleram esse quadro de acne, contribuindo para a proliferação da bactéria. Dessa forma, vocêdeve advertir os seus pacientes de que a extração não deve ser realizada por eles, bem como que a manipulação deve ser feita por um profissional de estética. As tentativas de extração sem auxílio profissional podem resultar em inflamações ainda mais graves, ocasionando irritação local, pústula, formação de cisto e cicatrizes. É necessário recomendar cautela com relação a produtos de beleza que tenham função de extrair comedões, pois esses produtos não surtem efeitos quando se trata de comedões mais profundos, só apresentam resultados em comedões mais superficiais, ou seja, os microcomedões (DAL GOBBO, 2010). Além desses fatores, a exposição aos raios solares UVA e UVB podem atenuar a acne, quando moderada e gradativa, trazendo melhorias na pele. Ademais, a química uniformiza o tom da pele, especialmente em pessoas de pele clara, porém, a exposição excessiva a esses raios podem levar o agravamento de lesões, pois aumenta corneificação, induz a formação dos comedões e a disseminação de bactérias e, portanto, aumenta a inflamação (DAL GOBBO, 2010). Outros fatores que podem agravar a acne são: obstrução mecânica, exposição ocupacional, uso de medicamentos, como os esteroides, anabólicos e corticoides, brometos, cosméticos comedogênicos e emolientes oclusivos; a presença de sudorese excessiva e a radiação ultravioleta levam à formação de uma acne conhecida acne de verão. O estresse é um outro fator que pode agravar a acne, principalmente em homem, por alterar a quantidade de sebo secretado pelas glân- dulas sebáceas. Algumas acnes podem ter origens endócrinas, como síndrome de Cushing e ovário policístico, porém a alimentação não é responsável pelo agravamento de acnes. Isto é, se uma pessoa com acne correlacionar o seu agravamento com a ingestão de algum alimento, esta deve evitá-lo por um período (RIBEIRO, 2010). 53 UNIDADE 2 Ao tratar uma afecção como a acne, sempre levar em consideração os fatores gerais, mais sempre ter uma atenção especial ao desequilíbrio hormonal, tanto na adolescência quanto nas fases adultas. A tendência da pele oleosa é desenvolver mais “picos” da patologia. As grandes inflamações sem controle podem agravar e levar, mais tarde, ao aparecimento das cicatrizes de difícil tratamento. Assim, devido ao fato de tanta procura em consultórios estéticos e por ter tanto fatores interferindo para seu desenvolvimento e piora do quadro, vários são os tratamentos propostos para amenizar esse quadro com o objetivo inibir o processo inflamatório, diminuir a proliferação da bactéria, levando ao desaparecimento da acne, tanto inflamatória quanto comedogênica, para futuramente a paciente fazer a manutenção somente com a limpeza de pele (DAL GOBBO, 2010). É importante que você sempre prepare a personalidade de seu paciente, pois, para tratá-lo adequadamente, deve-se orientá-lo quanto à cronicidade da doença, além do mais, não ocorrerá a cura imediata, é necessário alertar seu paciente sobre o tempo prolongado, a disciplina, o uso da medicação, o excesso de produtos, os hábitos de higiene e a capacitação pessoal, pois tudo isso pode dificultar a adesão ao tratamento proposto, além de que o paciente excessivamente esperançoso pode prejudicar a relação terapeuta-paciente (KEDE; SABATOVICH, 2009). Uma das preocupações mais básicas é a higiene adequada, sendo uma das ma- neiras de evitar a acne. Além do mais, o profissional de estética deve ser consultado logo que o paciente perceber o aumento excessivo da oleosidade e o aparecimento frequente de comedões. Ainda, deve-se evitar que a lesão atinja um quadro inflamatório que possa deixar ci- catrizes, portanto, uma lesão sólida para o comedão deve ser extraída antes que se transforme em uma lesão líquida com uma pústula (DAL GOBBO, 2010). Na realização do tratamento, você deverá ser rigoroso(a) quanto ao uso de todas as técnicas de biossegurança e de tratamento para a eliminação da comedogênese e da acnegênese. A primeira medida a ser tomada é informar o paciente sobre a anatomia da pele, a fisiopatologia da acne, além de adverti-lo no sentido de que este não deve tentar rom- per as pústulas ou extrair comedões para que não provoque a ruptura do saco folicular. Este contém a secreção sebácea em excesso, que pode se espalhar para estruturas adjacentes, comportando-se como um corpo estranho e provocando uma reação inflamatória (DAL GOBBO, 2010). 54 UNICESUMAR Além do mais, deve-se fazer a extração de comedões e rupturas de pústulas com cauterização te- rapêutica do profissional de estética, pois o objetivo primordial é tratar lesões presentes, focando na presença contra inflamação, também na extração de comedões, e prevenir as lesões inflamatórias e obter sucesso no tratamento sem recorrer ao uso de medicamentos. Por esse motivo, deve-se realizar a extração de comedões fechados e abertos, a fim de prevenir o processo inflamatório. Lembre-se de que o comedão já é um tipo de acne não inflamatória, e que se trata de uma lesão sólida com sebo obstruí- do e presença de bactéria, e que inicia a acne grau II ou graus até mais severos (DAL GOBBO, 2010). Ao terminar o processo inflamatório, uma forma de prevenção contra formação de comedões é feita com o uso de peelings, que produz descamação e evita a formação de tampões córneo. O peeling é muito importante no processo final do tratamento da acne, porque promove a reepitalização da epiderme com o objetivo de descamar a pele e melhorar a drenagem da glândula sebácea para que o comedão não se forme. Saiba que não é interessante o uso de esfoliação mecânica, esfoliação com buchas e massagem manual facial em pele acneica, pois aumentam o eritema local e a disseminação da bactéria. Além disso, a pele acneica é uma pele eritematosa e deve-se priorizar o bem-estar do paciente, minimizando o eritema local, considerando que o paciente deve sair da sala de estética melhor do que entrou em cada sessão (DAL GOBBO, 2010). O objetivo dos tratamentos de peeling é inibir a formação dos comedões e amenizar ou retirar as cicatrizes provocadas pela acne. Essas lesões são irreversíveis e podem resultar na substituição de tecido normal por cicatrizes com graus variáveis de fibrose (DAL GOBBO, 2010). Outra forma de tratar é o peeling mecânico, também conhecido como microdermoabrasão, ou peeling de cristal. Esses aparelhos lançam microcristais de óxido de alumínio, aspirando simultaneamente e provo- cando uma esfoliação mecânica. O peeling de diamante provoca uma esfoliação mecânica e melhora a hiperatividade, essa ação reduz a obstrução folicular, e após aplicação, deve-se evitar o sol e usar protetor solar sem óleo (DAL GOBBO, 2010). Você deve estar se perguntando quanto ao uso de peeling químico, ácido de nível superficial, por exemplo o ácido salicílico em forma de loção adstringente. Este combate a oleosidade excessiva da pele e descama levemente a epiderme. Os sabonetes abrasivos à base de microesferas de polietileno de caroços de frutas são excelentes para manutenção após o tratamento da acne, realizado pelo profissional, e têm como objetivo a não formação de novos comedões (DAL GOBBO, 2010). Você, futuro(a) profissional em estética, e o dermatologista devem realizar um trabalho multidis- ciplinar, da patologia à terapêutica administrada pelo dermatologista, que tem a função de inibir a reação inflamatória e controlar a infecção pela bactéria, além de desobstruir os folículos, deixando o tratamento mais eficaz e rápido. Para isso, são utilizados, frequentemente, antibióticos e anti-inflama- tórios tópicos, peelings químicos e pomadas que contenham ácido. É necessário que você tenha em mente que as acnes de graus III e IV devem ser tratadas pelo médico com antibiótico que destrói a bactéria, ajudando a diminuir o quadro de infecção. É possível também usar o antibiótico tópico em forma de loção ou gel, e é indicado, em últimos casos, a isotretinoína, de- rivado da vitamina A, cuja a cura chega a 80% dos casos clínicos de acne severa(DAL GOBBO, 2010). Os protocolos de tratamento de acne podem ser realizados em cabine de estética, e os tratamentos da atualidade inclui o trabalho minucioso do profissional e, principalmente, a assiduidade do paciente. 55 UNIDADE 2 O profissional de estética deve transmitir confiança, demonstrar domínio da técnica e entendimento científico, além de consentir conhecimento sobre a anatomia da pele e a fisiopatologia da acne. Cabe ressaltar que nenhuma técnica isolada é suficiente para o tratamento de acne vulgar, e um tratamento global e integral com parceria do profissional de estética e do dermatologista terá grandes resultados satisfatórios (DAL GOBBO, 2010). Além do mais, as visões da acne podem ir além da estética, le- vando à depressão, ansiedade e outros problemas psicológicos. No entanto, apesar dos problemas estéticos e psicológicos, apenas 10 a 20% dos acometidos precisam de tratamento, que deve ser feito com a combinação de terapias que atuam nos diferentes fatores causadores da acne. Esse tipo de tratamento dependerá de quão grave se manifeste a doença (RIBEIRO, 2010). No tratamento da acne cosmética, alguns antibióticos, como a Tetraciclina, Amoxicilina e Bactrim, são usados via oral. Nos tra- tamentos de acne severa, a isotretinoína, um análogo sintético da vitamina A, é a mais usada; uma vez associada ao estresse oxidativo nas manifestações das lesões da acne e agravamento da doença, o uso de antioxidantes agregados aos outros tratamentos convencio- nais é recomendável (RIBEIRO, 2010). É importante compreender que contraceptivos orais são comu- mente usados por mulheres para diminuir o androide circulante. A administração oral de estrogênio exerce duas funções, aumentando a quantidade de globulina ligante de andrógeno que diminui a testosterona livre e diminui a liberação de gonadotrofina pela pi- tuitária anterior e, consequentemente, a quantidade de andrógenos produzida pelo ovário (RIBEIRO, 2010). Para os tratamentos de acne, vários são os produtos em formula- ções cosméticas destinadas à acne. No entanto, deve-se lembrar que apresentam limitações; dependendo do tipo da lesão, os produtos cosméticos não serão suficientes, será necessário o uso de medica- mento tópico, oral, visando melhorar o quadro. Além disso, os ativos cosméticos atuam de modo semelhante aos ativos medicamentosos, ou seja, inibem a secreção do sebo, são queratolíticos e comedolíti- cos, reduzem a proliferação bacteriana, reduzem a oleosidade, são antioxidantes e inibe inflamação (RIBEIRO, 2010). 56 UNICESUMAR O tratamento tópico é empregado na maioria dos pacientes com acne leve e moderada, estimando-se que 50% desses pacientes estão afetados por esses tipos de acne. No arsenal terapêutico, deve-se op- tar por medicamentos de tolerância pelos pacientes. Além do mais, a indústria farmacêutica evoluiu efetivamente na terapia anti-acne. Os medicamentos tópicos são bem indicados, observam-se mí- nimos efeitos secundários cutâneos. Toda medicação tópica tem eficiência limitada e quando persiste nos casos não responsivos, ela pode tornar-se inócua e, até mesmo, nociva. Sendo assim, de- ve-se avaliar o momento mais apropriado para se recorrer a outra medicação que seja mais adequada à nova situação (KEDE; SABA- TOVICH, 2009). Outro aspecto importante é o preço dos medicamentos. Nós de- vemos avaliar o receituário em função das possibilidades financeiras do paciente, pois o impacto psicológico nessa patologia pode trazer importante distúrbio comportamental, como vergonha e depressão. Esse comprometimento emocional nem sempre é proporcional à severidade da acne, e o médico deve saber como lidar com essa situação, especialmente nos pacientes adolescentes, pois alguns casos especiais devem ser encaminhados para acompanhamento psicológico (KEDE; SABATOVICH, 2009). Muitos pacientes adolescentes apresentam enorme interesse pelas mudanças do seu corpo, apesar de não demonstrar, por isso, o profissional sempre deve ficar atento a pequenas atitudes durante a consulta para explicar detalhadamente como surgiram as acnes. Em contrapartida, existem outros adolescentes que se demonstram orgulhosos de estarem na fase da adolescência. Nesse contexto, a sexualidade está relacionada à acne e para eles é um sinal de matu- ridade, sendo que o sucesso do tratamento vai depender da adesão à terapia e da conscientização do que é a patologia e como o local com acne deverá ser lavado mais de uma vez ao dia, e que a medicação não é milagrosa, e para um bom resultado tem que ter paciência (KEDE; SABATOVICH, 2009). Os pacientes com importantes seborreia do couro cabeludo devem, dentro do possível, lavar os cabelos frequentemente. Nas adolescentes com longos cabelos, é conveniente não cobrir o rosto com eles, pois piora a seborreia na mulher. A anamnese deve ser direcionada para o ciclo menstrual, atividade sexual, uso de contra- ceptivos e outros medicamentos que porventura estejam utilizan- do e, em alguns casos, pode-se investigar as disfunções ovarianas (KEDE; SABATOVICH, 2009). 57 UNIDADE 2 Além do mais, os produtos utilizados devem ser formulados com o objetivo de regularizar a secreção sebácea e diminuir a flora bacteriana, mas não poderão ser, excessivamente, desengordurantes, porque podem provocar um efeito rebote. Nas secreções, o sabão clássico com pH alcalino é desaconselhável, assim como tensoa- tivos do tipo sulfato e seus derivados. Os mais indicados são os tensoativos não iônicos ou anfóteros compostos de azuleno, óleo de camomila e extratos de anis, que podem ser usados como cal- mantes e descongestionante; entre os antibacterianos, considera-se a clorexidina (KEDE; SABATOVICH, 2009). O tratamento da acne, de maneira geral, objetiva a correção do defeito na queratinização folicular, admissão da atividade das glân- dulas sebáceas e diminuição da população da bactéria no folículo, e quando presente, a diminuição do processo inflamatório (KEDE; SABATOVICH, 2009). Alguns ativos utilizados nos tratamentos da acne são o ácido salicílico, que é um esfoliante suave e efetivo contra comedões e lesões inflamatórias. Em cosméticos, a concentração máxima de uso desse ativo não pode ultrapassar 2% e, nesse caso, em combinação com mandélico, pode trazer melhores resultados no tratamento da acne, tanto na hiperpigmentação quanto em cicatri- zes pós acne, sem risco de ação sistêmica, mesmo nas concentrações não permitidas em cosméticos (RIBEIRO, 2010). Sobre os peelings, os mais recomendados são aqueles que ofe- recem ação queratolítica, sejam eficiente e tenham a finalidade lipídica, como ocorre com os ácidos salicílico, mandélico, em que a ação é anti-inflamatória e controle de oleosidade, como também antes de técnicas de microagulhamento, em casos de sequelas (MO- SER, 2018). Além disso, os ácidos são utilizados no tratamento de acne devi- do à capacidade de diminuir a coesão dos corneócitos, mesmo em baixa concentração, e por provocar e separar os queratinócitos, o que fornece a razão fundamental para o uso em formulações tópi- cas, porém podem causar epidermólise em concentrações elevadas (MOSER, 2018). Os alfahidroxiácidos efetivos no tratamento da acne incluem o ácido mandélico, lático, glicólico e málico. Os peelings químicos su- perficiais não utilizam alta concentração e pH abaixo de 3; causam, em menos de dois minutos, o branqueamento de pápulas, pústulas e comedões, porém, o mais seguro é o mandélico, que não causa Frost e não gera cicatriz inestética (MOSER, 2018). 58 UNICESUMAR Também temos a calêndula, cujos principais componentes químicos são os flavonoides, que vem sendo empregada no tratamento da acne por melhorar a regeneração e a epitelização de lesões, além de apresentar propriedade antibacteriana antioxidante e anti-inflamatória (RIBEIRO, 2010). Cada vez mais, vemos como o uso dos óleos essenciais tem sido adotado pelos brasileiros, por exemplo, o óleo de melaleuca ou chamado Tea Tree, que é utilizadocomo antisséptico tópico para várias infecções na pele. Esse óleo essencial é extraído da Bela louca, uma árvore nativa da Austrália, e o óleo extraído de suas folhas contém alfa-terpineol. Esse último, principal componente do óleo, tem uma eficácia maior antimicrobiana e sua composição pode ser alterada com exposição ao oxigênio e à luz ou em altas temperaturas. Ademais, por ser efetivo contra a bactéria da acne, é empregado em formulações cosméticas para cuidados de pele de grau leve a moderado, numa concentração de 5% em gel, sendo capaz de reduzir as lesões da acne. Seu uso tópico mostra resultados tão satisfatórios na redução das lesões inflamatórias e não inflamatórias quanto ao peróxido de Benzoíla (RIBEIRO, 2010). Outra forma de tratamento que você precisa conhecer é a fototerapia, que é a exposição moderada de UVB, que pode conferir efeito benéfico aos portadores de acne e apresenta a melhora das lesões inflamatórias e transitórias por causa de um efeito inibitório sobre as células envolvidas nos processos inflamatórios. As radiações com comprimento de onda entre 407 a 420 nanômetro de luz azul são eficazes no tratamento da acne, porém, com ausência de lesões nódulo-cística, o efeito se dá sobre a bactéria, que tem o número reduzido juntamente com o processo inflamatório, melhorando as reações químicas, apresentando melhores resultados que podem ser obtidos com a combinação da luz azul junto a com a luz vermelha (RIBEIRO, 2010). Também é importante a realização da limpeza de pele e evitar o máximo que o paciente a realize sozinho, pois poderá ocorrer cicatrizes e manchas (KEDE; SABATOVICH, 2009). Portanto, é com- provado que hábitos de estilo de vida, quando elucidados e afastados aos maus hábitos e assumindo atitudes frente à patologia, produzem, com frequência, melhoras consideráveis para o paciente. Além do mais, para melhorar a lesão, os profissionais devem contrariar esses fatores com aconse- lhamento qualificado, considerando a perspectiva do paciente e meios eficazes de educar o paciente e regime toleráveis que são compatíveis com seu estilo de vida, por exemplo a higienização facial feita mediante sabonete específico com extratos vegetais, tendo como principal objetivo remover as suji- dades, como resíduos cosméticos e impurezas provenientes de poluição, secreções natural e células córneas em descamação e também a utilização de cosmético adequado em home care (MOSER, 2018). Entretanto, para todos os tratamentos para otimizar os resultados serão necessários a utilização de home care para conscientizar os pacientes sobre a necessidade de se realizar o tratamento de acne e informá-los de receitas milagrosas não existem. Infelizmente, informações incorretas sobre higiene e dieta, no caso da patologia da acne, são muito difundidas, e para facilitar o tratamento de acne realizado pelo profissional de estética e ampliar a adesão ao tratamento por parte do paciente, há necessidade de informar sobre a história natural da acne, explicando, por exemplo, sobre a fisiopatologia, os riscos de sequela, além da eficácia e duração esperada do tratamento, devendo-se salientar que o tratamento deve começar o mais precoce possível (DAL GOBBO, 2010). 59 UNIDADE 2 Além disso, o home do paciente consiste na limpeza com água e sabonete líquido, o uso de loção desengordurante e levemente antisséptica. Essa conduta é de fácil execução e de muita impor- tância, devendo conscientizar o paciente de que a higiene da pele deve ser feita duas ou três vezes ao dia com sabonetes bactericidas. Isso deverá ser o primeiro passo da lavagem facial com agente an- tisséptico, que age para diminuição da concentração da bactéria. É necessário, porém, atentar-se para o fato de que lavar o rosto várias vezes ao dia não evita a acne e pode, inclusive, provocar o aumento da oleosidade da pele como um efeito rebote (DAL GOBBO, 2010). Como sabemos, teremos tratamentos que poderão resultar em cicatrizes, que são marcas inestéticas na pele, em geral pequenas e deprimidas, portanto, são cicatrizes hipotróficas. Elas só ocorrem quando há uma distribuição completa do folículo sebáceo, havendo comedões de longa duração inflamatória que podem desencadear cicatrizes que nem sempre são evitáveis e podem ser atenuadas ou até corrigidas com tratamento de supressão (DAL GOBBO, 2010). Essas cicatrizes, também definidas como marcas, apresentam subdivisões, sendo importante saber diferencia-las. As cicatrizes podem ser acrômicas, ou seja, mais claras que a pele; atróficas, resultantes da perda da elasticidade local; hipercrômicas, exces- sivamente pigmentadas, caracterizada por falta ou insuficiência de pigmento; e hipertrófica, espessa devido a maior produção de colágeno local. Todas as cicatrizes podem ser atenuadas e até desapa- recer com os novos tratamentos disponíveis (DAL GOBBO, 2010). Tratar cicatrizes de acne é um grande desafio, e dificilmente se obtém a correção total da destruição tecidual causada por esta doença crônica inflamatória que atinge, não somente a epiderme e a derme, mas alcança também o tecido celular subcutâneo. O objetivo final do tratamento é obter o máximo de melhora possível sem a perfeição, porém corrigir cicatrizes de acne talvez seja o procedi- mento cosmético mais difícil que existe (KEDE; SABATOVICH, 2009). 60 UNICESUMAR Figura 3 - Cicatrizes de acne atrófica Com a formação de crostas e possíveis cicatrizes quando há reação inflamatória considerável, atingin- do a profundidade do folículo pilossebáceo e rompimento da parede folicular, ocorre a formação de nódulos e cistos que seriam resultado da drenagem da secreção no interior dos nódulos compostos de células epiteliais e pus. Nos casos mais severos, a ausência do tratamento e as condutas inadequadas podem favorecer o aparecimento de cicatrizes, lembrando que essas formas de acne você deve consi- derar como acne inflamatória (KEDE; SABATOVICH, 2009). Posso pontuar para você que as terapêuticas tradicionalmente utilizadas pelos diferentes autores para este fim sempre foram a dermoabrasão, os peelings profundos, como o fenol, e mais recentemente os lasers de CO2 ou de Nyag ou a combinação deles. No entanto, na maioria das vezes, os resultados desses procedimentos se revelam decepcionantes e insatisfatório (KEDE; SABATOVICH, 2009). Isso acontece porque a morfologia que essas cicatrizes apresentam é um fato que induz a necessidade do emprego de múltiplas técnicas complementares para que se possa obter a devida constituição do relevo e contorno cutâneo. Por exemplo, as cicatrizes em forma de xícara devem ter seu tratamento complementado com a eletrodissecação das bordas com bisturi elétrico após esfoliações profundas com fenol. Alguns outros autores fizeram observações publicando trabalhos nos quais se descreve di- ferentes técnicas cirúrgicas, como enxertos de pele, elevação com ponte subcisão e preenchimento com diversos tipos de material para melhorar os resultados e as correções (KEDE; SABATOVICH, 2009). 61 UNIDADE 2 Dependendo da gravidade do quadro e das características das cicatrizes, um tratamento individua- lizado deve ser proposto para cada paciente, e diferentes etapas serão cumpridas até que obtenham resultados positivos. Sendo assim, os portadores dessas cicatrizes devem ser devidamente informados dessas dificuldades para que falsas expectativas não prejudiquem a relação de confiança que deve ser mantida entre o terapeuta e o paciente. Na maioria dos casos, um número variado de diferentes terapias será indicado incluindo ou não a dermoabrasão com laser. Esses procedimentos poderão ser realizados em tempos diferentes ou even- tualmente serem cumpridos em um só tempo, dependendo do padrão cicatricial predominante e do interesse da disponibilidade do paciente (KEDE; SABATOVICH, 2009). Outro ponto de extrema importância para o seu conhecimento é que existem classificações para as cicatrizes. Por exemplo, as cicatrizes hipertróficas elevam-se acima da superfíciecutânea, limitando a área original. Estas são frequentes nas regiões mandibulares, malar e glabelar, podendo ser reduzidas por meio das seguintes técnicas normalmente médicas (KEDE; SABATOVICH, 2009). As cicatrizes distróficas se caracterizam pelo formato irregular, às vezes estrelado com fundo branco e atrófico. Ademais, estas podem estar presentes por áreas fibróticas com retenção de material purulento, e a terapêutica mais indicada para o tratamento é a retirada em bloco seguida de sutura (KEDE; SABATOVICH, 2009). São definidas como atróficas na existência de perda de estruturas subjacentes que apoiam a pele, por exemplo o músculo e a gordura. Essa cicatriz é frequentemente associada à acne, varicela, outras doenças, cirurgias ou acidentes, ou seja, podendo ser de qualquer tipo de trauma onde exista perda de tecidos, deixando uma espécie de buraco na pele (RIBEIRO, 2010). Por fim, aluno(a), as cicatrizes hipertróficas ocorrem quando o corpo produz colágeno em quanti- dades anormais ou, então, em quantidades normais, mas de forma desorganizada, o que faz com que a cicatriz fique com uma textura mais elevada em relação à pele circundante, no entanto, respeitando o limite anatômico da pele (RIBEIRO, 2010). Quando estudamos essa inflamação tão complexa desenvolvida na unidade pilossebácea, o melhor ponto de se tratar é no início de seu processo inflamatório, ou seja, na adolescência, com controle da oleosidade da pele, das inflamações e, se for o caso, até mesmo dos hormônios que estão desencadeando, se ocorrer a formação de cicatrizes, o processo tornará mais lento e o resultado nem sempre é satisfatório. Caro(a) estudante, viu como a acne será um grande início para todas as outras “situações” clínicas faciais que estarão presentes em nosso consultório facial? Ele servirá como um grande início para outros tratamentos. Dessa forma, saber avaliá-la e trabalhar em seu grau correto é o grande segredo para obtenção de ótimos resultados em seu tratamento. Na estética, a maioria dos nossos adolescentes ou, até mesmos, indivíduos adultos apresentam grandes alterações hormonais que desestabilizam a produção da glândula sebácea, desenvolvendo peles tipicamente com propensão à oleosidade, como também a proliferação bacteriana. Ademais, essa patologia, se não controlada com tratamentos em consultório realizado por pro- fissionais da Estética e Cosmética, utilizando recursos eletrotermofototerápicos e cosméticos, pode resultar em futuras cicatrizes atróficas, gerando problemas cada vez maiores, por isso a preocupação do conhecimento dessa patologia de grande procura tão comum nas clínicas e consultórios faciais e a necessidade de capacitar você, nosso(a) aluno(a). http://cuidadoscomapele.org/colageno 62 M A P A M EN TA L Caro(a) aluno(a), a construção de um Mapa Mental torna mais fácil a organização e a compreensão dos conteúdos que foram abordados até aqui. Dessa forma, a partir dos conceitos centrais desta unidade, é essencial que você preencha o Mapa Mental a seguir com informações, por exemplo, frases de ligação, que se associam a esses conceitos. É importante que você dê continuidade ao Mapa Mental, pois essa prática irá te ajudar a memorizar os principais pontos estudados. ACNE FISIOPATOLOGIA CAUSAS PREVENÇÃO TRATAMENTOS PROPOSTOS (ASSOCIAR RECURSOS) A G O R A É C O M V O C Ê 63 1. Paciente do sexo feminino, 28 anos, chega na clínica de estética com comedões, pápulas e pús- tulas generalizadas, nunca realizou limpeza de pele, encontra-se em período gestacional, porém foi liberada pelo obstetra para tratamento estético. De acordo com o quadro clínico descrito, assinale a alternativa correta. a) Como foi liberada para tratamento facial, fará limpeza de pele normal. b) O tratamento não poderá ser realizado com utilização de nenhum aparelho. c) Os passos serão seguidos normalmente, porém terão ativos substituídos. d) A limpeza de pele é contraindicada mesmo com liberação médica, pois poderá causar manchas. e) Será realizada limpeza de pele normal e a finalização será com ativo especial. 2. Paciente do sexo masculino, 15 anos, chega na clínica de estética queixando de acne pápulas, pústulas, comedões abertos e fechados. Após a avaliação, o paciente relatou que fez limpeza de pele há 3 semanas em outra clínica. De acordo com o caso clínico, assinale a alternativa correta. a) O protocolo indicado será um tratamento anti-inflamatório, em que poderá ser incluso a alta frequência. b) O protocolo indicado será um tratamento anti-inflamatório, em que poderá ser incluso a ionização. c) O protocolo indicado será anti-inflamatório, em que poderá ser realizado o desincruste com ativo à base de tea tree. d) O protocolo utilizado será anti-inflamatório, com peeling de diamante e tea tree. e) O protocolo utilizado será anti-inflamatório com produtos à base de argilas, especialmente a verde, com óleo essencial. A G O R A É C O M V O C Ê 64 3. Paciente de 16 anos chega na clínica de estética após ter realizado extração 7 dias atrás, nesse retorno, apresentou inúmeras pápulas, pústulas, comedões abertos e fechados. Diante desse quadro, assinale a alternativa correta. a) O tratamento proposto será outra limpeza de pele. b) O tratamento proposto será com ativos, por exemplo, à base de própolis. c) O tratamento proposto será à base de beta glucan. d) O tratamento proposto será à base de ácido salicílico. e) O tratamento proposto será à base de aloe e vera. 4. Paciente do sexo masculino, 14 anos, chega na clínica de estética queixando de acne pápulas, pústulas, comedões abertos e fechados. Após a avaliação, o paciente relatou nunca ter realizado limpeza de pele e precisa de um tratamento semanal. De acordo com o caso clínico, assinale a alternativa correta. a) Início com tratamento anti-inflamatório. b) Início com tratamento com controle de oleosidade. c) Início com tratamento home care para melhorar a inflamação. d) Início somente com anti-inflamatório semanal. e) Início com avaliação e limpeza de pele. C O N FI R A S U A S R ES P O ST A S 65 1. C. Não poderá ser utilizado emoliente com trietanolamina, por isso está descrito que terá ativos substituídos. 2. A. Indicação de tratamento anti-inflamatório pelo nível de inflamação, não pode ser aplicado a corrente de ionização por ser galvânica e pode ocorrer queimadura. 3. B. Dentre as alternativas apresentadas, o ativo com maior presença de ação anti-inflamatória é o própolis. 4. E. Todo início de tratamento será com avaliação e limpeza de pele para, posteriormente, aplicar outro procedimento. R EF ER ÊN C IA S 66 DAL GOBBO, P. Estética facial essencial: orientação para o profissional de estética. São Paulo: Athe- neu Editora, 2010. KEDE, M. P. V.; SABATOVICH, O. Dermatologia Estética. São Paulo: Atheneu, 2009. MOSER, I. Peeling: Como eu faço? 1. ed. Londrina: Midiograf II, 2018. RIBEIRO, C. de J. Cosmetologia aplicada à dermoestética. São Paulo: Pharmabooks Editora, 2010. 3 OPORTUNIDADES DE APRENDIZAGEM Envelhecimento Dr. Lilian Rosana dos Santos Moraes Me. Lilian Lucy dos Santos Nesta unidade, será abordado o envelhecimento e todos os fatores que ace- leram esse processo, além de como podemos fazer para retardar isso que é tão complexo. Também vamos explorar as oportunidades que o mercado traz e que poderemos ofertar aos nossos pacientes/clientes que melhoram a qualidade de pele sem tratamentos agressivos, atuando em camadas de pele com uso de cosméticos de alta tecnologia, os quais possam retardar e neutralizar os efeitos do tempo. 68 UNICESUMAR Você já teve a curiosidade de saber como é que a pele envelhece? Já parou para pensar sobre como essa alteração pode ser tratada, retardada ou amenizada em Estética e Cosmética Facial? Você sabe qual a importância dessa alteração na prática clínica? O envelhecimento é uma das alterações que leva muitos pacien- tes a procurar um consultório. Atualmente, homens e mulheres procuramamenizar as marcas deixadas pelo tempo. Ainda, o envelhecimento é uma alteração que compromete todos os órgãos e os tecidos do corpo humano, dentre eles a pele, e que existe vários fatores que podem agravar ou preconizar essa alteração. Agora que você já está habituado com o tema, proponho um exercício. Para melhorar a sua habilidade com as características da faces, sugiro que observe 4 pessoas de sua família ou que você tenha intimidade, sendo todas do mesmo sexo (feminino ou masculino), uma com 40 anos, outra com 50, com 60 e a última com 70, e anote, em seu Diário de Bordo, as diferenças que encontrou. Verifique as desigualdades encontradas, como manchas (melasma, efélides e hipomelanoses) flacidez, diminuição de gordura facial, verrugas, miliuns e outras que encontrar entre as idades cronológicas. Assim, você conseguirá entender como o processo do envelhecimento se apresenta e as mudanças visuais. E aí, caro(a) estudante, percebeu quantas diferenças podemos verificar entre as idades devido ao envelhecimento? Consegue ver que além de alterações na pele, outras estruturas também se mo- dificam com o passar do tempo? A diminuição de gordura facial, a flacidez da pele e a falta de homogeneidade da cor da cútis são diferenças notórias com o passar dos anos. Sabemos que o envelhecimento é uma alteração muito procurada nas clínicas de Estética e está relacionada a alguns fatores impor- tantes que alteram estruturalmente e funcionalmente a pele facial. Sendo assim, o estudo desta afecção apresenta como pontos-chave: • Compreender a anatomia e fisiologia da pele. • Compreender ativos que estimulam a produção de colágeno. • Compreender ativos que retardam o processo do envelhe- cimento, por exemplo os antioxidantes. 69 UNIDADE 3 A cada dois meses, predominantemente pelo canal de venda direta, em torno de 70% das mulheres com idade entre 30 e 39 anos adquirem produtos para tratamento de rugas, que são a maior preocupação estética. Esse setor cosmético movimenta milhões de dólares, e vem lançando novos produtos que prometem milagres, no entanto, uma vez instalados os sinais de envelhecimento, é impossível rever- ter, ou pode-se, com certeza, conseguir melhoras, mas nenhum milagre, o que se pode fazer é utilizar produtos ainda no início do processo do envelhecimento para retardar e minimizar o aparecimento dos sinais típicos dessa fase da vida. Hoje, os formuladores têm, à sua disposição, uma infinidade de ativos com diferentes mecanismos de atuação para compor formulações direcionadas a peles envelhecidas, são dirigidos também aqueles que apresentam as primeiras manifestações do envelhecimento graças à constante busca do milagre. Os ativos cosméticos estão cada vez mais eficazes e o envelhecimento pode ser definido como um complexo e multifatorial processo influenciado pela genética, fatores ambientais e comportamentais que envolvem um conjunto de alterações morfológicas, fisiológicas e bioquímicas inevitáveis que ocorrem progressivamente no organismo ao longo da vida. Essas alterações levam à perda gradativa das funções dos vários órgãos que formam o organismo humano, entre elas a pele, que aumenta a vulnerabilidade ao meio ambiente e diminui sua capacidade de homeostasia, além das indesejáveis alterações estéticas (RIBEIRO, 2009). Conceito da beleza, atualmente em vigor, é procurado pela maioria das pessoas que apresentam a pele jovem, sem manchas e sem rugas, entretanto com o avanço da idade, a pele começa a sofrer alterações que modificam seus aspectos gradativamente, caracterizando o envelhecimento cutâneo. O envelhecimento facial tem mecanismos fisiológicos específico e acomete, visivelmente, a pele da face e as estruturas subjacentes, trazendo alterações estéticas e funcionais para imagem e para expressão facial. Em razão disso, além de ter cuidados com o corpo e com a saúde, algo que vem preocupando a população é o cuidado com a pele, principalmente buscando mantê-la jovem muito mais tempo e retardando ao máximo as marcas do envelhecimento (BORGES; SCORZA, 2016). O envelhecimento é um processo sistêmico global que todo ser vivo está sujeito, acontece com o passar dos anos, tendo como consequência várias alterações que podem ser perceptíveis na pele, por ser um órgão notadamente mais extenso e representa o mais importante parâmetro indicativo do processo de envelhecimento (BORGES; SCORZA, 2016). Essa alteração é definida como um processo dinâmico e progressivo, no qual há modificações morfológicas, fisiológicas, bioquímicas, psicológicas e funcionais que colaboram para a perda gradual da capacidade de adaptação do indivíduo ao meio ambiente, ocasionando maior vulnerabilidade e, consequentemente, maior incidência aos processos patológicos, lembrando que a qualidade do en- velhecimento está relacionada diretamente com a qualidade de vida a qual organismo foi submetido (BORGES; SCORZA, 2016). Envelhecimento cutâneo foi escrito também como sendo a perda da capacidade funcional e reser- vas do organismo à mudança da resposta celular aos estímulos, a perda da capacidade de reparação e a predisposição a doenças. Atualmente, o envelhecimento é visto como um fenômeno multifatorial, em que os fatores fundamentais são de origem genética e ambiental, observa que o tecido conjuntivo atua como alicerce estrutural para epiderme e diversas mudanças na aparência externa refletem no estrato córneo (BORGES; SCORZA, 2016). 70 UNICESUMAR A certeza do decréscimo das funções corporais e desestabiliza- ção da homeostase, ou seja, do equilíbrio e do funcionamento do sistema, são inevitáveis, mas essas alterações apresentam grande variação de um indivíduo para o outro. O ritmo de mudanças nas funções orgânicas variam não só de órgão para órgão como também entre pessoas da mesma idade, fatos que fazem parte do processo de envelhecimento e justificam a impressão de abrir distintas for- mas de envelhecer; apesar de um processo natural, cada indivíduo apresenta uma forma particular de demonstrar o envelhecimento, de acordo com a sua herança genética e com os hábitos adquiridos ao longo da vida (BORGES; SCORZA, 2016). O processo de envelhecimento faz surgir sentimentos negativos, na maioria interpretados como perdas, de cansaço físico, fadiga, diminuição da força e falta de condicionamento físico; também se encontra relacionados aspectos biológicos e psicológicos, em que o principal aspecto biológico a ser abordado é a insuficiência hor- monal para mulher, ou seja, a suspensão da menstruação que pode ser um marco evidente, mostrando que uma nova fase biológica se inicia. Os dispositivos, porém, devem ser ressaltados, pois, na maioria, todos os indivíduos que se encontram nessa fase da vida reforçam a ideia que a maturidade proporciona ganhos subjetivos que inclui conhecimento, segurança e enriquecimento interior, além da agregação de valores (RIBEIRO, 2010). Os fenômenos fisiológicos, nessa fase, normalmente são irrever- síveis e universais, portanto, não há meios de inverter as alterações fisiológicas do nosso corpo. Desde o nascimento da pele, que está submetida a esse processo, as células desempenham inúmeras fun- ções e devem manter a membrana plasmática como uma barreira entre os meios externos e internos, além de armazenar informações do DNA e do núcleo e de manter a estrutura e as funções das dife- rentes organelas intracelulares. As células sofrem muito estresse em decorrência de alterações em seus meios interno e externo, sendo necessário que sejam capazes de se adaptar a todos os estresses diários (DAL GOBBO, 2010). Uma das respostas do estresse no interior das células é atrofia. Existem inúmeras etiologias: a redução da demanda funcional, redução da circulação sanguínea e interrupção de sinais tróficos, como ocorre na redução do nível hormonal e o envelhecimento propriamente dito, que levam a diversas atrofias que fazem parte do processo natural de envelhecimento. Segundo alguns autores, o processo de envelhecimentobiológico ocorre pelo ciclo de vida 71 UNIDADE 3 humana, cerca de 100 anos, e não é alterado significativamente por um ambiente protegido. As alte- rações funcionais e estruturais acompanham o envelhecimento e são evidenciadas por decréscimos na velocidade de condução nervosa e na redução geral de vitalidade, evidências a partir de diversos estudos científicos que apoiam uma noção de que uma associação de fatores ambientais e genéticos contribuem para o envelhecimento (DAL GOBBO, 2010). A manifestação fisiológica do envelhecimento é a deterioração gradual da função e capacidade de resposta ao estresse ambiental, esta manifestação está relacionada tanto a uma redução no número total das células do organismo quanto ao funcionamento desordenado das muitas células, além das alterações bioquímicas e teciduais que ocorrem com o passar do tempo, como também visam a con- servação da qualidade de vida (GUIRRO, E.; GUIRRO, R., 2004). Uma das mais recentes descobertas com relação ao envelhecimento é a proteína denominada es- tomatina. Ela foi, primeiramente, detectada em uma cultura de fibroblastos que pararam de se dividir; essa proteína tem sido encontrada em outras células que não se dividem. Muitos autores estudiosos acreditam que a estomatina seja realmente a causa da parada da divisão celular, e se este é o caso, en- tão, significa que o gene que controla sua produção pode influir no envelhecimento celular, além da degeneração de macromoléculas (GUIRRO, E.; GUIRRO, R., 2004). Após a terceira década de vida, inicia-se uma progressiva e contínua perda da massa muscular esquelética e a maior parte da perda é substituída por gordura, a quantidade de massa muscular per- dida com o envelhecimento também depende da atividade física, sendo menor naquelas pessoas que mantêm o regime regular de condicionamento físico. Observa-se que, com o envelhecimento, a pele tende a se tornar delgada em alguns locais, enruga- da a seca, também pode se apresentar escamosa, embora a espessura real da camada córnea não seja grandemente alterada, ela se torna mais permeável, permitindo a passagem mais rápida de substância através dela; com o envelhecimento, as fibras colágenas da derme se tornam mais grossas e as fibras elásticas perdem parte de sua elasticidade e há um decréscimo gradual da gordura depositada no tecido subcutâneo (GUIRRO, E.; GUIRRO, R., 2004). Uma pele que ficou expostas por muito tempo mostra alterações que são mais graves do que aque- las que sofreram apenas o envelhecimento normal; somente na presença do envelhecimento, a pele se mostra mais marcada e aparecem as rugas, podendo desenvolver nódulos e tipos anormais de colágeno. O melanócito tende a se atrofiar com a idade, apresentando, frequentemente, os cabelos grisalhos e a pele manchada pela redução da produção de pigmento; em certas áreas, com o passar dos anos, os receptores sensitivos responsáveis pela percepção de dor, calor e pressão se tornam menos sensíveis e menos numerosos, e as glândulas sebáceas e sudoríparas diminui em número e função (GUIRRO, E.; GUIRRO, R., 2004). Podemos caracterizar as alterações anátomo-fisiológicas do envelhecimento cutâneo pelos seguintes aspectos: diminuição da hidratação, palidez e menor elasticidade e extensibilidade cutânea, apareci- mento e branqueamento dos pelos e rugas em formato de dobras gravitacionais, presença de ptose (diminuição do tônus muscular), distribuição irregular do panículo adiposo da face, demolição da renovação de queratinócitos para termorregulação da resistência imunológica e menor resistência da pele às agressões físicas e externas, além de pouco ou nenhuma elastose (BORGES; SCORZA, 2016). 72 UNICESUMAR Em comparação de uma pele jovem com uma pele senil, percebe-se que a epiderme torna-se mais fina, sendo essa redução de 10 a 50% entre as idades de 30 a 80 anos. Em uma análise histológica, demonstra que o afinamento epidérmico da pele está relacionada à diminuição dos queratinócitos e a redução de melanócitos ativos e que presume diminuição da proteção contra os raios ultravioleta, além de uma acentuada diminuição da função das células de Langerhans, deixando a pele imunologicamente mais exposta. A interferência externa é outra função que entra em declínio com o envelhecimento cronológico, a absorção da vitamina D torna a epiderme com capacidade reduzida para proteção contra agentes externos e, principalmente, contra a radiação ultravioleta (BORGES; SCORZA, 2016). Na epiderme com o envelhecimento, ocorre a diminuição do número de queratinócitos, afinamento da camada e também da taxa de proliferação das células, o interessante é que os corneócitos que for- mam a camada córnea aumentam de tamanho e tornam-se menos aderentes uns aos outros; os lipídios intercelulares, principalmente a ceramidas, o colesterol e o ácido graxo, importante para a manutenção da função da barreira de pele, têm seus níveis reduzidos, provavelmente isso ocorre pela diminuição da capacidade de biossíntese de lipídios pelos queratinócitos e que torna a pele mais permeável por causa disso, mais suscetível à perda transepidérmica de água (RIBEIRO, 2010). O número de melanócitos diminui na epiderme na proporção de 8 a 20% a cada década de vida e após os 30 anos, bem como número de melanossomas sintetizados; entretanto, em áreas expostas ao sol, os melanócitos se tornam ativos e responsáveis por manchas de hiperpigmentação, as células de Langerhans também se encontram diminuídas na epiderme e os corpúsculos de Meissner e Pacini têm sua função reduzida (RIBEIRO, 2010). Na derme, as alterações principais responsáveis pela manifestação inestéticas ocorridas com o en- velhecimento é a flacidez e as rugas, essas alterações têm lugar em vários pontos dessa camada. Com o envelhecimento, os fibroblastos da derme diminui número e alteram sua capacidade de biossíntese, diminuindo a produção de colágeno cerca de 1% ao ano e também da elastina, também ocorre dimi- nuição de certas glicosaminoglicanos (RIBEIRO, 2010). A derme apresenta uma diminuição de água que auxilia na manutenção da turgência cutânea e o colágeno se torna menos solúvel e compacto com formação de ligações cruzadas entre as macromo- léculas. Além de uma perda de proteoglicanas importantes, observa-se a formação de uma proteína, a decorina, formada por um núcleo proteico e cadeias de glicosaminoglicanas, à base de sulfato de cromatina e dermatamo, elas ligam as moléculas de colágeno vizinhas na derme, auxiliando a esta- bilizar as fibras, sendo importante para a manutenção do arranjo de colágeno na derme, lembrando que o tecido elástico na pele jovem possui grande elasticidade e insolubilidade, mesmo assim, começa a sofrer degradação que aumenta progressivamente com a idade (RIBEIRO, 2010). Este processo degenerativo nas camadas da pele começa em torno dos 30 anos e se acentua após os 70 anos, todas essas alterações diminui a capacidade de retenção de água pela derme e, consequentemente, reduzem o turgor, propiciando a formação de rugas. A pele perde, em média, 6% de sua espessura por década de vida, a rede de fibras elásticas se degeneram e a elastina que, no jovem tem conformação vertical no envelhecimento, é substituída por outras com direção horizontal. 73 UNIDADE 3 Além disso, com perda da elasticidade ainda na derme, ocorre um aumento da atividade das enzimas proteolíticas que degradam a matriz extracelular e aumentam a flacidez; outro fator importante ocorre na junção entre a derme e a epiderme, pois enquanto a pele é jovem, esse contato ocorre em forma de vilosidades; na pele senil, nota-se um aplainamento dessa região e as papilas desaparecem, dificultando a vascularização e nutrição da epiderme (RIBEIRO, 2010). Observa-se que, no processo do fotoenvelhecimento, ocorre maior dano ao tecido conjuntivo da derme devido à ação da radia- ção ultravioleta. Sobre influência dessa radiação, é possível observar o aumento da síntese das fibras elásticasseu dispositivo móvel da página indicada e veja os recursos em Realidade Aumentada. Explore as ferramentas do App para saber das possibilidades de interação de cada objeto. PODCAST: professores especialistas e convidados, ampliando as discussões sobre os temas. PÍLULA DE APRENDIZAGEM: uma dose extra de conhecimento é sempre bem-vinda. Posicionando seu leitor de QRCode sobre o código, você terá acesso aos vídeos que complementam o assunto discutido. PENSANDO JUNTOS: ao longo do livro, você será convidado(a) a refletir, questionar e transformar. Aproveite este momento! EXPLORANDO IDEIAS: com este elemento, você terá a oportunidade de explorar termos e palavras-chave do assunto discutido, de forma mais objetiva. EU INDICO: enquanto estuda, você pode acessar conteúdos online que ampliaram a discussão sobre os assuntos de maneira interativa usando a tecnologia a seu favor. Quando identificar o ícone de QR-CODE, utilize o aplicativo Unicesumar Experience para ter acesso aos conteúdos online. O download do aplicativo está disponível nas plataformas: Google Play App Store IMERSÃO RECURSOS DE APRENDIZAGEM CAMINHOS DE 11 67 39 101 7 SISTEMA TEGUMENTAR: A PELE E SEUS ANEXOS ESTÉTICA FACIAL ENVELHECIMENTO ACNE HIPERPIGMENTAÇÕES 1 3 2 4 PROVOCAÇÕES INICIAIS INICIAIS PROVOCAÇÕES Já parou para pensar que a pele facial requer cuidados diários e que nem sempre sabemos como fazer isso? Muitas vezes, os problemas futuros apresentados surgem de peles maltratadas na adolescência. É importante lembrar que a nossa pele é um órgão que recebe influência de vários fatores: genéticos, alimentares, regionais e, inclusive, de nosso estilo de vida. A pele, em si, é um espelho do cuidado e dedicação (ou a falta destes) que temos para com ela. Isso significa que as peles, quando tratadas desde jovem, apresentam um envelhecimento mais tardio e menos alterações de difíceis tratamentos. Flacidez, poros dilatados, manchas e rugas, por exemplo, é o que todos nós buscamos adiar por meio de tratamentos, home care e cuidados clínicos, não é mesmo? Clinicamente falando, o que podemos aprender com isso? Uma pele saudável depende não só de pro- dutos caros ou de bons tratamentos clínicos. É necessária dedicação para que os melhores resultados sejam alcançados a longo prazo. Caro(a) aluno(a), esta necessidade de cuidados básicos e diários não é desculpa para que, desenfrea- damente, sigamos receitas malucas de hidratação, limpeza de pele etc., as quais prometem resultados que, muitas vezes, nem mesmo com tratamentos clínicos poderiam ser alcançados. Sugiro que você faça o seguinte experimento, caro(a) aluno(a). Siga este cronograma diário de limpeza, hidratação e proteção facial. Você pode fazer de sua casa, com produtos acessíveis, que você prova- velmente já tenha. A intenção é que você, depois dos sete dias de cuidados com a pele, verifique quais foram os pontos de me- lhora, se houve pontos de melhora etc. Tenho certeza de que sua pele apresentará uma grande diferença. DIAS DA SEMANA LIMPEZA/HI- GIENIZAÇÃO AO ACORDAR E AO DORMIR ESFOLIAÇÃO 1 DIA DA SEMANA À NOITE HIDRATAÇÃO NOITE, DEPOIS DA LIMPEZA PROTEÇÃO 2 A 3 X AO DIA APÓS HIGIENIZAR DE MANHÃ, APÓS O ALMOÇO E ÀS 16H00 SEGUNDA-FEIRA Sabonete líquido glicerinado Fubá e mel so- mente uma vez na semana Hidratante neutro com base cremosa Protetor solar TERÇA-FEIRA Sabonete líquido glicerinado Hidratante neutro com base cremosa Protetor solar QUARTA-FEIRA Sabonete líquido glicerinado Hidratante neutro com base cremosa Protetor solar QUINTA-FEIRA Sabonete líquido glicerinado Hidratante neutro com base cremosa Protetor solar SEXTA-FEIRA Sabonete líquido glicerinado Hidratante neutro com base cremosa Protetor solar SÁBADO Sabonete líquido glicerinado Hidratante neutro com base cremosa Protetor solar DOMINGO Sabonete líquido glicerinado Hidratante neutro com base cremosa Protetor solar Fonte: as autoras. ESTÉTICA FACIAL INICIAIS PROVOCAÇÕES Diante do experimento proposto, observe se sua pele obteve alguma mudança após esses sete dias de aplicação. Ademais, verifique se algum dos produtos aplicados apresentou alguma alteração em sua pele. Se a sua pele, antes desse experimento, apresentava falta de viço, luminosidade e pequenas descama- ções, isso significa que ela estava necessitando de uma hidratação. O primeiro passo é saber qual o seu fototipo de pele, pois, assim, você conseguirá entender qual hidratante apresenta os princípios ativos que se tornarão um aliado desse órgão. Se, por algum momento, você ainda ficou em dúvida do nível de hidratação, é possível fazer um teste: pegue o seu polegar e o indicador, com o objetivo de apertar um determinado ponto de sua pele por alguns segundos. A intenção é de que esse “aperto” faça um risco no meio dela. Depois, solte-a e obser- ve a área apertada. Se o risco permanecer, significa que ela está ressecada, caso contrário, a sua pele tem a hidratação mínima e necessária para sobreviver ao dia a dia, levando em conta a poluição, fatores genéticos e sua alimentação, por exemplo. Até agora, falamos sobre o autocuidado, o home care e o cronograma caseiro, mas como lidar com tudo isso dentro de nossas clínicas, enquanto profissionais? Qual o melhor protocolo de tratamento para cada caso? Como saber diferenciar os fototipos de pele? E as espinhas? Como lidar? Para tudo isso, existe o estudo da Estética Facial, que tem, como objetivo, preparar você para todas as alterações de pele, como acnes, envelhecimento, manchas etc., e os desafios do dia a dia de um Esteticista. Para você, caro(a) aluno(a), que será um Profissional de Estética Facial, este estudo será importante para o seu crescimento, visto que a procura por uma pele saudável, hoje em dia, é de grande valia no mercado de trabalho. Cada vez mais, as pessoas procuram por peles jovens e sem grandes alterações. Nós podemos notar isso olhando para o quanto o mercado do home care tem crescido, por exemplo, só observando o número de acessos que as famosas blogueiras, as quais trabalham com esta temática, recebem. Então, quero te fazer um convite: vamos, juntos(as), mergulhar nesse universo da Estética Facial? Você está pronto para este desafio? Pois eu estou prontíssima e tenho certeza de que esta disciplina será um divisor de águas em sua vida acadêmica. Bons estudos! ESTÉTICA FACIAL 1 OPORTUNIDADES DE APRENDIZAGEM Sistema Tegumentar: a Pele e seus Anexos Dr. Lilian Rosana dos Santos Moraes Me. Lilian Lucy dos Santos Nesta unidade, você terá a oportunidade de compreender o conceito básico do sistema tegumentar e suas divisões, como também toda a parte biológica que o envolve. A partir daí, falaremos sobre a pele em si, suas camadas, os seus biotipos, a classificação e suas características. Além do mais, você aprenderá as principais formas de permeação cutânea, hidratação e seus facilitadores, bem como os fatores que influenciam na hidratação cutânea, além da atuação do profissional Tecnólogo em Estética e Cosmética nesse sistema, especialmente em pele. 12 UNICESUMAR Imagine uma garota, que se chama Mariana, com 13 anos de ida- de, que acabou de iniciar a pré-adolescência. Com o aumento da vaidade e da própria idade, a menina começa a passar os cremes de rosto de sua mãe, que tem 44 anos, para diminuir algumas acnes da região da testa que estão incomodando. Após duas semanas, a garota percebe que, em vez de suas acnes diminuírem, elas aumentaram e sua pele ficou muito oleosa. Assim, Mariana chega para a sua mãe e conta que estava usando os seus cosméticos e pergunta se isso poderia ser a causa da piora do seu rosto. Sua mãe, como não é da área da saúde, leva a menina em uma clínica de estética para fazer uma limpeza de pele. Ao chegarem na clínica, a Tecnóloga em Es- tética e Cosmética explica para ambas sobre os tipos de pele e que os produtos passados no rosto devem ser indicados de acordo com as características de cada face e idade. Diante disso,anormais, fazendo com que a elastina se apresente espessa, emaranhada, degradada e, fi- nalmente, degenerada, formando uma massa amorfa que acumula na derme, resultando em elastose. A elastose promove a perda de colágeno maduro tipo I, com substituição por fibras reticulares e aumento de proteoglicanos e glicosaminoglicanos; os fibroblastos sobre a ação da radiação ultravioleta aumentam a síntese de enzimas proteolíticas metalo- proteinases, que podem degradar o colágeno, a elastina e vários proteoglicanos; a perda do colágeno concomitante com o aumento de tecido elástico pobremente funcional pode resultar em uma pele com aparência amarelada, inelástica e coriácea (RIBEIRO, 2010). O envelhecimento geneticamente programado envolve a forma- ção e manutenção dos telômeros, que são estruturas constituídas por fileiras de proteínas e DNA que funcionam como protetor para os cromossomos, assegurando que a informação genética DNA re- levante seja perfeitamente copiada quando a célula se duplica. Cada vez que a célula se divide, os telômeros são ligeiramente encurtados, essas estruturas estão envolvidas em diversas funções biológicas essenciais, entre elas a de proteger os cromossomos de recombi- nações nas sequências finais com outros cromossomos, reconhe- cer danos no DNA e estabelecer mecanismos para replicação dos cromossomos, contribui na organização funcional cromossômica no interior do núcleo, participar na regulação da expressão ação genética e serve a maquinaria celular como um relógio que controla a capacidade replicativa de células humanas, principalmente as da pele (BORGES; SCORZA, 2016). 74 UNICESUMAR A ligação dos telômeros ao envelhecimento ocorre, pois, como os telômeros não se regeneram, chega um ponto em que diminui tanto após a divisão celular, não permitindo a correta replicação dos cromossomos, sendo assim, a célula perde completa ou parcialmente a sua capacidade de divisão, desencadeando o processo de envelhecimento celular. Um dos grandes desencadeadores desse processo é a presença de radicais livres (BORGES; SCORZA, 2016). Histologicamente, ocorre uma redução dos componentes da derme e as principais do tecido são a diminuição do tecido elástico e do colágeno, além de sua degeneração, o tecido se apresenta basófilo e granular. Na elastose existe uma tendência a desorganização celular epidérmica, menor número de células em cada camada e descontinuidade da camada granulosa na derme, além de uma diminuição das fibras colágenas e perda da clássica estriação longitudinal, perda de moléculas de água e redução da substância fundamental, desta forma, o tecido elástico se torna-se inelástico por torção e fragmen- tação, e as glândulas apresentam diminuição de sua secreção. Assim como as glândulas sudoríparas, a vascularização se apresenta com discreta esclerose dos vasos com diminuição capilares (BORGES; SCORZA, 2016). As fibras elásticas e as colágenas demonstram deterioração com a idade, e uma redução progressiva das fibras elásticas resulta numa pele que, quando esticada, não retorna a forma natural, e o componente colágeno também alterado se apresenta reduzido na pele envelhecida (BORGES; SCORZA, 2016). A camada hipodérmica, formada por células de gordura abaixo da derme, inicia um processo de atrofia que contribui para a formação das rugas. Essa redução ocorre, principalmente, em áreas localizadas do corpo, como face, perna, mãos e pés, somando a perda de tecido adiposo, a redução da massa muscular e a formação de flacidez são muito grandes (RIBEIRO, 2010). Quanto à irrigação da pele, no envelhecimento orgânico precoce, é uma constante preocupação do ser humano, uma vez que provoca diversas alterações fisiológicas no organismo, entre essas modifi- cações podemos citar: a redução da circulação veno-linfática com reflexos no transporte de nutrientes e oxigênio; a diminuição do processo de eliminação de excretas celulares teciduais e as alterações do tecido muscular que acabam levando atrofia dos músculos por falta de exercícios físicos; as alterações no metabolismo que podem surgir de maus hábitos alimentares, podendo ser oriundos do tipo de profissão ou os hábitos adquiridos ao longo da vida; o apareci- mento de sulcos ou linhas de expressão que são as rugas dinâmicas decorrentes de movimentos repetidos dos músculos de expressão facial; a exacerbação muscular que promove a fadiga das estruturas da pele em decorrência da repetição de movimentos faciais e mímicas e a influência do meio ambiente como exposi- ção aos raios solares, à poluição, ao vento e ao frio excessivo, que podem levar o organismo ao envelhecimento precoce (DAL GOBBO, 2010). 75 UNIDADE 3 As alterações na microcirculação sanguínea é avascular e recebe todo oxigênio como nutrição a partir da circulação sanguínea da derme que, com o envelhecimento, estará comprometida devido às alterações funcionais e morfológicas dos vasos sanguíneos arteriolares. No envelhecimento, observa-se a diminuição e perda do arranjo regular dos capilares na região da papila dérmica, que é responsável pelas trocas nutricionais, os vasos ficam alongados, tortuosos, desorganizados e, frequentemente, relatados a diminuição do espessamento das paredes das vênulas pós capilares e da vascularização da derme. Desta forma, observa um aumento da palidez e redução de temperatura, além de ocorrer progres- siva perda do suporte estrutural dos vasos, o que pode aumentar o aspecto roxo da pele, observado no envelhecimento, também ocorre uma dilatação dos canais linfáticos (RIBEIRO, 2010). Com o envelhecimento, ocorre a redução na vascularização capilar e pequena esclerose dos vasos, as glândulas diminui sua capacidade de secretar, isso ocorre tanto com as glândulas sebáceas como com as glândulas sudoríparas, fazendo com que o manto hidrolipidico se desestruture com forte tendência ao ressecamento; por conta desse ressecamento é que os cosméticos para pele madura têm maior grau de oleosidade em sua base (GUIRRO, E.; GUIRRO, R., 2004). A vascularização facial é realizada pelos ramos da artéria externa, principalmente pelas artérias facial, temporal, superficial e maxilar interna, e a inervação dos músculos da mímica é feita pelo nervo facial e o nervo trigêmeo, que é responsável pela inervação motora dos músculos da mastigação e sensação de toda a face (GUIRRO, E.; GUIRRO, R., 2004). Vários são os fatores responsáveis pela patogênese do envelhecimento, em que se verifica a perda progressiva tanto da elasticidade quanto a degeneração das fibras do conjuntivo. Outro fator seria a espessura da pele, além da sua aderência aos planos mais profundos, existe uma associação e uma atrofia progressiva dos tecidos gorduroso muscular e ósseo (GUIRRO, E.; GUIRRO, R., 2004). Continuando a análise estrutural da anatomia da pele no envelhecimento, não podemos deixar de explicar como ficará seus anexos nesse processo, eles também sofrem alterações significativas, a glân- dula sebácea em quantidade fica pouco alterada, porém seu conteúdo fica completamente diminuído, mesmo estando com todas as características hiperplásicas que apresentou no processo da adolescência, isso devido às alterações hormonais sofridas. Observa-se queda de 23% de secreção sebácea por década no homem e de 32% na mulher, no jovem há uma relação direta entre o tamanho da glândula sebácea e a secreção no adulto; começa, então, a ocorrer um paradoxo, o aumento do tamanho da glândula sebácea não tem como contrapartida o momento da sua secreção (RIBEIRO, 2010). As glândulas sudoríparas diminui em número e a quantidade de suor secretado, e as respostas a estímulos hormonais nas glândulas apócrinas diminui a secreção (RIBEIRO, 2010). Os pelos, em geral, e o cabelo apresentam uma progressiva redução da densidade folicular capilar por centímetro quadrado de pele; na face e no couro cabeludo, o diâmetro do fio é geralmente reduzido, mas na orelha, nariz e sobrancelhados homens e no queixo das mulheres, os fios têm um diâmetro aumentado. Os melanócitos se encontram diminuídos ou ausentes no folículo capilar, aparecendo os cabelos brancos já ao redor dos 35 anos para raça branca, aos 45 para os amarelos e após os 55 para pele negra (RIBEIRO, 2010) Nas unhas, o leito geralmente afina e a superfície se torna mais enrugada, com a diminuição do brilho, também diminui e reduz a velocidade de crescimento, somado a isso, observa-se a alteração da cor e do contorno, tornam-se mais quebradiças, opacas com estriações longitudinais e mais suscetíveis a infecções (RIBEIRO, 2010). 76 UNICESUMAR Na terceira idade, a pele e o metabolismo se modificam, nossa pele sofre involução cutânea, redu- zindo a elasticidade, diminuindo o número de fibroblastos, além da desorganização da síntese de colágeno e das fibras elásticas. A pele sofre mudança na coloração, tornando-se pálida, assim o aspecto viçoso da cútis é reduzido em consequência da diminuição da atividade das glândulas sudoríparas e sebáceas no sistema circulatório e linfático, apresentando um retardo no processo de drenagem veno- -linfática com a formação de telas (DAL GOBBO, 2010). Após toda essa avaliação quanto à estrutura da pele no processo do envelhecimento, esta unidade tem como objetivo evidenciar os danos provocados apenas por fatores genéticos intrínsecos e por fatores ambientais extrínsecos; desta forma, esclarecer a fisiopatologia do envelhecimento cutâneo e fornecer subsídios para que os leitores reúnam informações para uma atuação eficaz aos procedimentos estéticos (BORGES; SCORZA, 2016). A classificação do envelhecimento cutâneo se manifesta a partir dos 30 anos e pode ser classificado dependendo dos pontos de vista dos autores, as mais usuais em estética são: o envelhecimento intrínseco que é chamado de cronológico, e o extrínseco, que está relacionado às alterações cutâneas provocadas pelo fotoenvelhecimento, essa classificação é popularmente conhecida como envelhecimento pelo sol, contudo outros fatores ambientais ou comportamentais podem interferir no processo do envelheci- mento extrínseco, tais como poluição do ar, abuso do álcool, má nutrição e cigarro (RIBEIRO, 2010). 77 UNIDADE 3 Teorias tentam explicar o complexo processo de envelhecimento, a primeira denominada en- velhecimento intrínseco é a determinada pela genética e pelo tempo cronológico, acontece uma mudança gradual na estrutura do tipo físico. A segunda teoria, denominada envelhecimento extrínseco, defende que o envelhecimento de- corre da exposição repetida e excessiva, além de influências do meio ambiente (BORGES; SCOR- ZA, 2016). O envelhecimento intrínseco ocorre por fato- res genéticos hereditários, o indivíduo não con- segue controlar, ou seja, trata-se da modificação estrutural e funcional das células em razão da pas- sagem do tempo, também pode ser chamado de envelhecimento cronológico, as células envelhe- cidas têm uma capacidade diminuída de captação de nutrientes, de replicação e de reparo de lesões (DAL GOBBO, 2010). Na classificação do envelhecimento intrínseco, as alterações que determinam envelhecimento facial não são, obrigatoriamente, de origem cronológica, os fatores como hereditariedade, tipo de pele, doenças e hábitos diários apresentam grande influência no desgaste natural do corpo no também. A degeneração e a diminuição da síntese das fibras colágenas, elásticas e reticulares promovem o espaçamento das fibras colágenas existentes, e as fibras remanescentes diminuem a defesa antioxidante e imunológica da pele, além disso, ocorre o adelgaçamento da pele, tornando-se mais permeável, ressecada e marcada por rugas (BORGES; SCORZA, 2016). O envelhecimento intrínseco é aquele que todos os indivíduos são suscetíveis e que aparecem nas áreas de pele protegidas ou não do sol , ocorre lentamente com o tempo e é determinado pela genéti- ca; em geral, a pele se apresenta sem manchas suave, mostrando leve atrofia e perda da elasticidade, frequentemente transparente, frágil e com rugas finas (RIBEIRO, 2010). Na classificação do envelhecimento extrínseco, a pele, diferentemente dos outros órgãos, não envelhece harmoniosamente, pois a exposição e as mudanças do ambiente externo torna o processo de envelhecimento mais rápido e maior nas áreas expostas, chamado envelhecimento precoce. Essa classificação está relacionada com a inevitável passagem do tempo e as condições que surgem ao longo da vida, provocadas, principalmente, por fatores externos que se sobrepõe ao envelhecimento intrínseco (BORGES; SCORZA, 2016). O extrínseco é ocasionado pelo sol, ou seja, o fotoenvelhecimento, e é visto em áreas expostas cronicamente às radiações ultravioleta, possui características únicas e distintas do envelhecimento normal, as rugas são mais profundas e a pele apresenta manchas escuras, que é chamada de lentigo actínico ou hipopigmentação. Inicialmente, a pele se torna espessa, mas eventualmente pode apresentar atrófica (RIBEIRO, 2010). 78 UNICESUMAR Nessa classificação, os danos causados pelo sol são acumulativos, ocorrem nas primeiras décadas de vida, observa-se que os danos causados na adolescência se acumulam e se manifesta no futuro, o fotoenvelhecimento se sobrepõe ao envelhecimento intrínseco, consequentemente as alterações notadas nas áreas expostas, como face e pescoço, são mais intensas, já que ocorre a somatória dos envelhecimentos, mais de 85% das rugas são devidos à exposição ao sol (RIBEIRO, 2010). O fotoenvelhecimento cutâneo ou envelhecimento extrínseco se trata de alterações cutâneas de- correntes da exposição excessiva e prolongada à radiação ultravioleta, a duração e intensidade da exposição solar, bem como a cor da pele e sua capacidade de bronzear são fatores determinantes no processo do fotoenvelhecimento; dessa maneira, quanto maior intensidade e a duração da exposição solar em peles claras e difíceis de bronzear, maior será o dano causado. Os efeitos da radiação solar na pele se dividem em: agudos, que são queimaduras e fotossensibili- zação, efeitos crônicos, apresentando neoplasia e redução de imunidade; os tipos de radiação solar são UVA, UVB e UVC. A radiação é responsável pela pigmentação da pele e está diretamente relacionada ao processo de fotoenvelhecimento (GUIRRO, E.; GUIRRO, R., 2004). A radiação ultravioleta B, por sua vez, é responsável pela produção de efeitos eritematoso, que são as queimaduras, e está relacionada ao câncer de pele, sua prevenção compreende a mais importante medida contra o fotoenvelhecimento, portanto, o uso diário de filtro, vestimenta adequada e exposição solar durante os horários adequados minimizam os efeitos nocivos das radiações solares, além de que a classificação de fototipos cutâneos é utilizada como indicador do fator de proteção solar (FPS), e para a escolha de tratamento despigmentante, a Fitzpatrick é a classificação mais utilizada pelas áreas de dermatologia e estética (GUIRRO, E.; GUIRRO, R., 2004). Outros autores classificam o envelhecimento como: Histológico (relacionado ao estado anatômico das células); Fisiológico (relacionado ao envelhecimento dos órgãos); e Aparente (relacionado ao estado geral de conservação da pele (RIBEIRO, 2010). Outra forma apresentada por alguns autores é a classificação apresentada por Glasgow por meio de um quadro. Quadro 1 - Classificação do Envelhecimento Grau 1 Presença de rítides perioculares Ausência de discromias Sulcos ausentes ou insinuados Grau 2 Presença de rugas dinâmicas Possibilidade de discromias leves Sulcos insinuados ou de pequena intensidade Grau 3 Presença de rugas estáticas Presença de discromias Sulcos marcados Grau 4 Presença de rugas estáticas e gravitacionais Presença de discromias Sulcos muito marcados, com flacidez de pele associada Fonte: adaptado de Glogau et al. (1996). 79 UNIDADE 3 Ao entendermos as teorias voltadas para o envelhecimento, muitas serão propostas, porémnem todas são aceitas. Os radicais livres são átomos ou moléculas com elétrons não pareados, ou seja, falta em sua estrutura química um elétron despareado, por esse motivo, os radicais atacam outras moléculas para roubar elétrons e, assim, tornarem-se estáveis (BORGES; SCORZA, 2016). Um radical livre, ao reagir com uma molécula normal, imediatamente dispara uma reação em cadeia, formando um número sem fim de radicais livres, que só termina quando a extremidade do radical livre, que contém o elétron desemparelhado, forma ligação covalente com elétron desemparelhado de outro radical livre, assim se os radicais primários produzidos não forem desativados imediatamente por enzimas ou moléculas antioxidantes podem provocar danos nas macromoléculas biológicas (BORGES; SCORZA, 2016). Os danos induzidos pelos radicais livres podem afetar muitas moléculas biológicas, incluindo as organelas e os componentes celulares. Destacam-se as proteínas e os ácidos nucleicos, as moléculas componentes do citosol, os lipídios da membrana celular, os carboidratos e as vitaminas presentes nos alimentos dentre os componentes do meio extracelular tecidual, que são facilmente vítimas dos radicais livres, destacam-se, desta forma o colágeno e o ácido hialurônico (BORGES; SCORZA, 2016). 80 UNICESUMAR Na teoria do desgaste, a máquina representada pelo organismo se “desgasta” com o uso, como qual- quer outra máquina durante o longo processo do tempo de vida, ou seja, as várias peças da “maqui- naria animal”, que são os órgãos e os sistemas, são solicitadas repetidas vezes para fornecer prestações acima das habituais, tendo que apelar para sua capacidade de adaptação, assim gera hipertrofia e hiperplasia, que pode causar lesões; uma vez não reparados completamente, esses episódios podem deixar resquícios que se somam e não mais permitem o funcionamento completo dos mecanismos homeostáticos (BORGES; SCORZA, 2016). Conforme as teoria do envelhecimento, a soma de tanto os pequenos gastos de vários componentes do organismo, faz com que o organismo não permita ajuste completo de várias peças, impedindo não somente qualquer adaptação interior, como também provocando o nivelamento para baixo de suas operações básicas, que levaria ao envelhecimento, este episódio fica conhecido como síndrome autoimune (BORGES; SCORZA, 2016). Você sabe quais são os fatores que influenciam o envelhecimento? Os mais importantes são o sol e a formação de radicais livres. Cosméticos que poderão ser incluídos na sua rotina como terapeuta e repassados a home care, diminui esses efeitos que aceleram o envelhecimento. A teoria dos radicais livres e as espécies reativas de oxigênio são compostos formados no organismo a partir de reações bioquímicas, sendo uma das teorias mais exploradas, pois, com o avanço da idade, pode ocorrer o aumento dessas moléculas paralelamente a uma diminuição da capacidade antioxidante natural do organismo. Sabemos que, em quantidades excessivas, desses compostos podem reagir com os lipídios de membranas celulares e proteínas, inclusive enzimas e DNA, contribuindo para o desen- volvimento de certas alterações cutâneas, possivelmente usando de canais livres ao atacar proteínas do tecido conjuntivo que induzem a fibrose e esclerose, por exemplo (RIBEIRO, 2010). A teoria do relógio biológico foi um dos primeiros conceitos emitidos para explicar o fenômeno do envelhecimento, afirmando que o organismo possui um relógio que determinaria quando se iniciaria envelhecimento e marcaria as datas em que suas características seriam mais visíveis. Seus defensores concluíram recentemente que o controle se faria em nível hormonal, como centro regulador situado no cérebro. Acredita-se, simultaneamente, que estaria localizado no nível dos ácidos nucleicos DNA e RNA, encarregado de transmissão do código genético e síntese proteica, muitos conceitos ainda necessitam de consolidação definitiva dessa teoria, por exemplo a identificação e a localização exata desse relógio biológico (RIBEIRO, 2010). A teoria da multiplicação celular foi exposta em livros de biologia e defende a tese de que todas as células do organismo, exceto cerebrais, possuem uma capacidade intrínseca de se multiplicar. Por meio de estudos de laboratório demonstrando uma capacidade reprodutiva finita de fibroblastos hu- 81 UNIDADE 3 manos in vitro, autores determinam que a capacidade de multiplicação vai diminuindo com o passar do tempo até a sua parada total, sendo assim, o envelhecimento é uma consequência dos desgastes das células no seu processo fisiológico de multiplicação. Observamos que essa teoria tem perdido espaço no âmbito científico, já que sua explicação determina mais uma consequência do envelhecimento do que sua causa, pois são desconhecidos os mecanismos que determinam a diminuição da capacidade de multiplicação das células (RIBEIRO, 2010). A Teoria das reações cruzadas é o princípio molecular em que se afirma que o organismo humano é formado por trilhões de moléculas definidas, cujo equilíbrio é determinado pela conservação da normalidade; porém, por reações cruzadas, essas moléculas perdem suas características, produzindo reações titulares, ou seja, alterações que condicionam a apresentar o processo de envelhecimento. Segundo os autores, no organismo humano existem centenas de agentes produtores de reações cruzadas, uma parte de origem exógena, como poluição, fumo, estresse, água e radiações, e outras endógenas, como aldeídos, radicais lipídicos e os superóxidos, sendo colágeno o elemento de maior abundância no organismo que seria o alvo das reações cruzadas (RIBEIRO, 2010). A teoria do envelhecimento baseada em radicais livres é justificada pela ação e, até o momento, é mais viável e digna de credibilidade de entre todas as apresentadas, sendo a que melhor explica os fatos reais, pois os radicais livres já são conhecidos desde o século passado pelos conceitos emitidos por autores, sem referir-se diretamente a eles quando foi demonstrado que o oxigênio, em altas con- centrações, poderia ser tóxico para vários tecidos, entre eles o cérebro, coração e pulmão. Recentemente, estudos demonstraram a participação dos radicais livres no envelhecimento celular e sugeriram que as modificações químicas da membrana mitocondrial, condicionadas pela participação dos radicais livres, são peças-chave importantes para explicar. O processo que apresenta radicais livres apresentou alterações representadas por redução da eficiência da cadeia respiratória, automaticamente as de energia, assim como por produção de compostos, como mono aldeído que, ao reagir e combinar com a mitocôndria, determina a inibição das divisões mitocondriais, todos esses parâmetros estão ligados ao processo de envelhecimento (RIBEIRO, 2010). Essa teoria foi estudada experimentalmente em animais de laboratório, em que se pode constatar que a maioria da sobrevida dos animais suplementados apresentou diminuição de peróxido mitocon- driais, apresentando acúmulo de alterações oxidativas nas moléculas de longa vida, como colágeno e elastina, e material cromossômico, destruição de mucopolissacarídeos pela degradação oxidativa e acúmulo de resíduos metabólicos inertes pela oxidação polimerizante, reações essas que envolve lipídios, particularmente os poliinsaturadas e proteínas que promovem mudanças na integridade da membrana celular e fibrose (RIBEIRO, 2010). Além de todos as teorias que são propostas ao estudarmos sobre o envelhecimento, existem também os fatores relacionados a essa afecção, como a radiação ultravioleta, radicais livres, temperatura, tabaco, poluição, genética e cor da pele que podem contribuir para o processo de envelhecimento. Para um tratamento estético de qualidade e que apresente resultados satisfatórios, é necessário compreender as alterações funcionais e estruturais que o envelhecimento acarreta para a pele (BORGES; SCORZA, 2016). 82 UNICESUMAR A pele constantemente expostaa radiações ultravioletas e radiações ionizantes, ozônio e poluentes ambientais pode aumentar o estresse oxidativo, levando um processo degenerativo mais precoce, assim o envelhecimento extrínseco ocorre principalmente pela exposição contínua e excessiva à radiação solar, sendo denominado fotoenvelhecimento. A radiação ultravioleta apresenta o espectro eletromagnético emitido pelo sol e compreende os comprimentos de onda de 100 a 400 nanômetro. Ela é dividida em três faixas levando-se em consideração suas características de propagação efeitos fisiológicos (BORGES; SCORZA, 2016). A radiação UVA, de 320 a 400 nanômetros, é de penetração mais profunda, atingindo tecidos dérmicos e danificando queratinócitos da epiderme e fibroblastos da derme ao viajarem diretamente com a geração de radicais livres (BORGES; SCORZA, 2016). A radiação atua na ativação de fatores envolvidos na mutação do DNA, e é frequentemente a radiação UV que causa eritema. Dependendo da pele e da intensidade da radiação recebida, o eritema causado é mínimo quando comparado ao UVB, em que sua capacidade induzir eritema na pele humana é de, aproximadamente, 1000 vezes menor, pois penetra mais profundamente na derme, induz pigmenta- ção da pele, promovendo bronzeamento por meio da estimulação da melanina; é mais abundante e compreende 95% da radiação contra 5% da UVB, sendo uma radiação emitida desde o momento do nascer do Sol até o seu desaparecimento. Histologicamente, causa danos ao sistema vascular periférico, induz o câncer de pele, sempre dependendo do tipo de pele da frequência e da intensidade de exposição (BORGES; SCORZA, 2016). A exposição aos raios UVA desencadeia dois fatores: um está diretamente relacionado ao fotoen- velhecimento, outro à indução de produção de metaloproteinases da matriz, que são responsáveis pela degradação do colágeno e, geneticamente, indução ao aparecimento de câncer. A radiação UVB possui alta energia, tem penetração mais superficial e com grande frequência ocasiona queimaduras solares, também induz o bronzeamento da pele e é responsável pelo envelhecimento precoce. Essa exposição causa lesão no DNA, além de reduzir a resposta imunológica da pele, dessa forma, além de aumentar o risco de mutações letais que se manifestam em forma de câncer, sua atividade reduz a chance de uma célula maligna ser reconhecida e destruída pelo organismo (BORGES; SCORZA, 2016). É importante lembrar-se dos aspectos importantes nesse processo, como alguns fatores que aceleram o envelhecimento da pele, como o sol (radiação), e promover formas de tratamento que possam vir a evitar essa radiação direta, por exemplo, a utilização de filtro solar. Isso será de grande valia para orientar o seu paciente como primeiro integrante na sua lista de orientação de home care. 83 UNIDADE 3 A epiderme é o primeiro sistema de defesa cuja finalidade é absorver a maior parte dos raios ultravio- letas, principalmente o UVB, impedindo que alcancem as camadas mais profundas da pele, em que poderiam provocar efeitos danosos e irreversíveis, ela sofre um espaçamento de 24 a 36 horas após sua exposição à radiação solar. Nosso segundo sistema de defesa da pele é o suor, formado pelo ácido urocânico, possui uma alta absorção de UVB, porém sua atuação é transitória por causa da evaporação da água e da perda de suor na superfície da pele. O terceiro mecanismo de defesa da pele é a melanina, suas ações fotoprotetoras se faz por meio da absorção da radiação ultravioleta e da sua conversão em calor, que também realiza um bloqueio físico (BORGES; SCORZA, 2016). O sol degenera fibras elásticas e colágenas, tornando a pele flácida, desvitalizada, com a permea- bilidade de membrana celular alterada, tornando ineficiente absorção de água e nutrientes, deixando a pele com aspecto ressecado e com coloração ligeiramente amarelada, sua resposta imunológica diminui,, assim, a utilização diária de produtos contendo filtro solar é de fundamental importância, pois previne e/ou reduz os riscos nocivos da radiação solar na pele. A partir de todos esses danos ocasionados pelo sol, em 1975, o médico americano Thomas Fitzpatrick, da escola de medicina de Harvard, criou uma classificação para os tipos de pele, que está baseada na cor da pele e a sua reação à exposição solar (BORGES; SCORZA, 2016). Além do fotoenvelhecimento, podemos destacar outros fatores do envelhecimento extrínseco, como estresse ambiental, calor, frio e poluição, e as condições físicas individuais e nutricionais, como doenças associadas às condições psicológicas e os hábitos de vida de cada indivíduo. Além disso, outro fator de grande relevância no processo de envelhecimento da pele seria o tabagismo, grandes estudos mostram que o fumo possui mais de 4.000 substâncias nocivas, diminui a vascularização dos tecidos, diminui a síntese de fibras elásticas e de colágeno, além de estimular leucócitos, causando a liberação de radicais livres e aumentando o grau de envelhecimento (BORGES; SCORZA, 2016). Sabe-se que o envelhecimento cutâneo resulta da sucessão de círculos viciosos, em que se misturam fenômenos repetitivos, como o estresse oxidativo, a glicação proteica e a determinação da matriz extracelular dos tecidos conjuntivos, dentre as quais a derme é caracterizada pela presença de uma matriz extracelular, constituída, principalmente, de proteoglicanos, glicosaminoglicanos, fibras de colágeno, elastina e de glicoproteínas de estrutura. Estes constituintes se organizam de forma precisa para formar uma rede tridimensional que faz uma organização supramolecular que confere suas pro- priedades mecânicas e ativa suas atividades metabólicas (MOSER, 2018). A glicação ou cross-links é a reação não enzimática entre proteínas e a glicose ou ribose, que geram os produtos que se acumulam em maior número em quantidade no envelhecimento e no diabetes. Esses produtos são considerados marcadores das complicações crônicas das doenças ou, ainda, contri- bui para acelerar o fotoenvelhecimento e precipitar a apoptose dos fibroblastos, isso é que tem sido denominado glicação de colágeno, que colabora para sua degeneração e, consequentemente, alteração mecânica e térmica. Os mecanismos alternativos de formação dos “ages” inclui uma via chamada de estresse carbônico (MOSER, 2018). 84 UNICESUMAR A partir do nascimento, damos início ao processo de envelhecimento normal, que pode ser acelerado devido à influência de vários fatores internos e externos. O envelhecimento ocorre, de forma geral, acometendo todo o organismo. O interno é, de longe, o mais importante, uma vez que pode levar à falência de órgãos importantes para a manutenção da vida; o envelhecimento cutâneo resulta apenas em alterações estéticas, assim várias teorias tentam explicar por que envelhecemos e por que algumas pessoas manifestam esse processo de forma rápida e mais intensa do que outros, além de que algumas dessas teorias são mais conclusivas e outras ainda necessitam de mais estudos (RIBEIRO, 2010). A radiação ultravioleta que é um fator extrínseco, que contribui para o envelhecimento precoce da pele, um dos aceleradores do envelhecimento mais estudados e comprovados pelos cientistas (DAL GOBBO, 2010). As alterações de temperatura e as citações da literatura afirmam que tanto calor quanto frio po- dem influenciar na velocidade do envelhecimento da pele de maneiras diferentes, ou seja, as altas temperaturas são responsáveis pela desnaturação do DNA e proteínas, enquanto as baixas dificultam a circulação e induzem o ressecamento e descamação da pele (DAL GOBBO, 2010). A teoria dos radicais livres e as espécies reativas de oxigênio são compostos formados no organismo a partir de reações bioquímicas, sendo uma das teorias mais exploradas, pois, com o avanço da idade, pode ocorrer o aumento dessas moléculas paralelamente a uma diminuição da capacidade antioxidante natural do organismo. Sabemos que quantidades excessivas destes compostos podemreagir com os lipídios de membranas celulares e proteínas, inclusive enzimas e DNA, contribuindo para o desen- volvimento de certas alterações cutâneas, e possivelmente usar de canais livres ao atacar proteínas do tecido conjuntivo, por exemplo, induzindo a fibrose e esclerose (RIBEIRO, 2010). Classicamente, define-se como radical livre toda molécula que tem um elétron em sua órbita externa, ou seja, são moléculas altamente instáveis, assim como altamente reativas, possui uma vida média muito curta e, como sabemos, todas as moléculas de componentes químicos estáveis devem conter em sua órbita externa o número par de elétrons sem os quais serão componentes instáveis e de vida curta. Ela passa a buscar o elétron faltante, sacrificando outros componentes químicos que cedem o eletro, esse fenômeno é chamado óxido-redução. A produção dos radicais livres está vinculada à quebra da paridade da órbita externa das moléculas por agentes externos, poluição, raios ultravioletas, raio-x ou por reações internas do organismo (RIBEIRO, 2010). O tabaco e a poluição podem acelerar o envelhecimento ao produzirem radicais livres; os fumantes apresentam envelhecimento mais intenso, a probabilidade desses indivíduos desenvolverem rugas faciais podem até ser cinco vezes maior do que os não fumantes. O cigarro está associado ao aumento de elastose cutânea, que aumenta o envelhecimento facial e contribui para a característica da face do fumante. A contração de músculos labiais e faciais em torno dos olhos durante o ato de fumar e a ir- ritação promovida pela fumaça pode aumentar a formação de rugas nessas regiões (RIBEIRO, 2010). A perda rápida de peso leva à redução do volume de células graxas que suportam a pele facial, provocando um aspecto debilitado e flacidez nessa região. As diferenças e longevidade entre raças ou pessoas colaboram com a ideia da influência genética nos processos de envelhecimento. Segundo os adeptos da teoria genética, o processo de envelhecimento é geneticamente programado do nascimento até a morte; outro fator predominante no envelhecimento são as patologias e enfermidades graves, que podem refletir na velocidade e intensidade do envelhecimento (RIBEIRO, 2010). 85 UNIDADE 3 A cor da pele também influencia, as pessoas de pele negra envelhece de forma mais lenta do que as de pele branca, isso pode ser explicado pela presença de melanina, que funciona como um absorvedor de ultravioleta, minimizando essa radiação no envelhecimento cutâneo (DAL GOBBO, 2010). Vários estudos demonstraram que a restrição calórica em ratos e primatas não humanos tem pro- longado a vida desses animais e retardado aparecimento de várias condições patológicas associadas ao envelhecimento, provavelmente devido à diminuição e produção de radicais livres (RIBEIRO, 2010). O fator relacionado ao envelhecimento programado funcionaria como um relógio genético, que determina em que período da vida as células começam a se degenerar. A mutação mostra, dentro das teorias, que o envelhecimento é consequência de alterações espontâneas ou induzidas do DNA e que a radiação ultravioleta pode levar a essas mutações atuando direta ou indiretamente no DNA por meio da produção de radicais livres, e que o comportamento e os hábitos podem acelerar ou retardar a mortalidade, além de uma alimentação equilibrada, atividade física regular, consumo moderado de bebida e não fumar podem aumentar a expectativa de vida com ganho de 14 anos da idade crono- lógica (RIBEIRO, 2010). As mulheres têm um fator agravante no envelhecimento, o hormônio estrógeno, pois a tendência, com o passar dos anos, é o declínio, com isso a pele fica seca, sofre um afinamento da epiderme e redução da manutenção da barreira córnea, diminuição do colágeno na derme e formando rugas (RIBEIRO, 2010). Quando nos deparamos estruturalmente e anatomicamente com a formação da ruga, observamos como definição que as elas são sulcos ou pregas na superfície da pele que correspondem a um dos parâ- metros mais visíveis do envelhecimento cutâneo, elas resultam do processo natural de envelhecimento, das expressões faciais, exposição solar, excesso de tabaco, hidratação inadequada, entre outros fatores. Com o passar dos anos, a pele sofre uma acentuada diminuição da espessura da estrutura formada pela junção da derme com a epiderme, isso é explicado pela presença de invaginação nas papilas dérmicas que prendem essas duas camadas. Em indivíduos jovens, isso é bem pre- sente, porém estão perdidas nos idosos; essa junção dermo-epidérmica se torna mais achatada e frágil e suas fibras fragmentadas, prejudicando a atividade de diferenciação celular na camada basal e dificultando as trocas de nutrientes e oxigênio para as camadas superiores da epiderme, dando origem ao sucos e as linhas de expressão principalmente na face (BORGES; SCORZA, 2016). Na formação das rugas, a pele vai gradativamente perdendo elasticidade em razão da diminuição das fibras elásticas, do espaçamento e da rigidez das fibras colá- genas; a camada de dérmica se torna irregular, dando origem às rugas gravitacionais e diminuição das trocas metabólicas. A superfície da pele se torna ressecada, favorecendo o aparecimento das rugas de acordo com a profundidade, podendo ser classificadas em: superfi- ciais e profundas. As superficiais apresentam diminuição 86 UNICESUMAR ou perda das fibras elásticas na derme papilar, que desaparecem ao estiramento da pele; e as rugas profundas são decorrentes, principalmente, da ação solar e não desaparecem ao estiramento da pele (BORGES; SCORZA, 2016). Figura 1 - Ruga gravitacional saindo do ângulo da boca e indo em direção ao ângulo da mandíbula (inversão do triângulo facial) A pele apresenta as linhas de tensão, em que o tecido conjuntivo atua como um alicerce estrutural para epiderme. As modificações do colágeno elástico ao longo da vida estabelece uma base morfológica substancial para compreensão das adaptações bioquímicas e biomecânicas da pele; com o avançar da idade, a espessura da pele e suas propriedades viscoelásticas não dependem apenas da quantidade de material presente na derme, mas também de sua organização estrutural (BORGES; SCORZA, 2016). Assim, a pele está normalmente sob tensão e a direção e a força têm um caminho de acordo com sua localização no corpo. A pele é submetida e pode dar origem estática ou dinâmica às tensões. As estáticas são as naturalmente existentes na pele quando não há movimentação dos músculos da face e são dependentes das características estruturais dérmicas, essas tensões são exercidas pelas linhas de Langer. As tensões dinâmicas são causadas pelas combinações de forças relacionadas a ações musculares involuntárias, como movimento das articulações e a mímica facial; os músculos da mímica facial, por exemplo, inserem-se diretamente nas camadas profundas da pele; esta, ao se adaptar ao movimento provocado pela contração muscular por meio de formação de rugas e sulcos de acordo com a direção das fibras musculares, as linhas de Langer, descrevem as rugas cutâneas estáticas, predominantemente em determinado local e sem nenhuma referência e influência dinâmica do sistema músculo-esque- lético (BORGES; SCORZA, 2016). 87 UNIDADE 3 O processo de envelhecimento não segue rigorosamente uma linha cronológica, tampouco se demonstra em todos os indivíduos da mesma maneira. Entendemos que envelhecer não representa apenas essa grande cascata de reação fisiológica a que o corpo é submetido ao longo dos anos, mas sim a representação em que o indivíduo viveu (BORGES; SCORZA, 2016). Os mecanismos de formação da ruga mostra a diminuição de fibra elástica, rigidez do colágeno declínio do tecido conjuntivo, além da diminuição da oxigenação tecidual e desidratação excessiva, quanto mais um homem se assemelha à natureza, quanto melhor consegue compreender seu próprio corpo e defender os inimigos da saúde, mais aumenta a duração média desua vida. A expectativa de vida de até 100 anos não é mais uma utopia, entretanto, na pré-história, um homem de 25 anos era considerado um ancião, pois a média passava dos 18 anos. As dificuldades que se anteponha à sobrevivência de nossa espécie, o fenômeno biológico do envelhecimento, representam a última das três fases do ciclo vital do organismo, sendo as duas primeiras a infância e a maturidade. Envelhecer é um processo natural, que ocorre desde que nascemos, porém fica mais evidente após a terceira idade, a qualidade do envelhecimento está relacionado diretamente com a qualidade de vida, a qual o organismo foi submetido. Há duas décadas, acreditava-se que o processo de envelhecimento só seria motivo de controle ou tratamento, após os 60 anos, período de caracterização do envelhecimento, mas esse conceito se encontra superado atualmente. Hoje, sugere-se o acompanhamento das diferentes fases do envelhecimento por meio de medidas profiláticas ou curativas, com a finalidade de conservar a qualidade de vida do organismo (RIBEIRO, 2010). As rugas é o órgão humano que mais revela o envelhecimento. A pele não poupa qualquer tipo de componente: o colágeno, representante fundamental do tecido conjuntivo, torna-se gradualmente mais rígido; e a elastina outro componente do mesmo tecido, que vai perdendo a sua elasticidade natural devido à redução do número de fibras elásticas e também de outros componentes do tecido conjuntivo. O declínio das funções do tecido conjuntivo faz com que as camadas de gordura sob a pele não consigam manter-se uniformes e a degeneração das fibras elásticas, aliada a menor velocidade de tro- ca de oxigenação dos tecidos, provoca a desidratação da pele, apresentando como resultado as rugas (RIBEIRO, 2010). As linhas de tensão fornecem a base para o enrugamento da pele, elas ocorrem no corpo todo, porém somente quando a pele perde sua elasticidade com o avançar dos anos é que formam as rugas permanente. A função dessas linhas é fornecer à pele um grau de extensibilidade em direções corres- pondentes às demandas naturais da região (GUIRRO, E.; GUIRRO, R., 2004). Como classificação, as rugas ou linhas de expressão podem ser divididas em três categorias: • Rugas dinâmicas: são aquelas decorrentes do movimento muscular ou da expressão facial. • Rugas estáticas: aparecem mesmo na ausência do movimento e podem ser entendidas como fadiga pelo excesso de tensão. • Gravitacionais: são decorrentes do excesso de movimentação associado a ptose tissular e muscular. A irregularidade do panículo adiposo também promove rugas gravitacionais pela diminuição da sustentação do tecido (BORGES; SCORZA, 2016). 88 UNICESUMAR Essa classificação pode ser conforme avaliação clínica. A ruga profunda ocorre quando os sulcos ficam permanente e não sofrem modificações quando a pele é esticada, como ocorre nas rugas superficiais, essas são decorrentes essencialmente da ação solar e se apresentam, na maioria dos casos, na pele exposta; as rugas finas são encontradas, preferencialmente, na pele não exposta e são decorrentes do envelhecimento cutâneo cronológico (RIBEIRO, 2010). Os autores mostraram que, nas linhas profundas permanentes existem fibras grossas elásticas e tortuosas, além da elastose na derme, sendo que as alterações são restritas quase que exclusivamente à área das rugas. Nas rugas superficiais, há diminuição ou perda das fibras elásticas na derme papilar, mudança nas fibras finas e enroladas, não havendo diferença entre a área da ruga e a sua vizinhança, e observa-se que essas rugas podem ser classificadas em três categorias: dobras e rugas gravitacionais chamadas de ptose, rugas finas e rugas de expressão (KEDE; SABATOVICH, 2009). As rugas classificadas como linhas de expressão podem ser enquadradas em uma outra categoria, podendo ser chamada de rugas dinâmicas (linhas de expressão dinâmicas), estas são decorrentes de movimentos repetitivos dos chamados músculos da expressão facial e aparecem com o movimento. As rugas estáticas aparecem mesmo na ausência do movimento e podem ser entendidas como a fa- diga das estruturas que constituem a pele em decorrência da repetição do movimento, sabendo que ainda existe as rugas gravitacionais que, da mesma forma que as descritas anteriormente, decorrem da flacidez no envelhecimento facial que, em conjunto com diversas alterações, combinam com a ptose da estruturas da face – rugas estéticas que atingem as mesmas estruturas que as dinâmicas, como ao redor dos olhos, horizontais na fronte, testa, vertical sulco nasogeniano do nariz, ao lábio e pequenas rugas peribucais (BORGES; SCORZA, 2016). Figura 2 - Linhas de expressão dinâmicas 89 UNIDADE 3 Ao classificar o envelhecimento facial, as rugas são definidas como poucas lesões e são tão temidas como outras lesões; entretanto, o mecanismo exato de sua formação não é totalmente elucidado; as rugas são divididas em rugas superficiais, que são aquelas que desaparecem quando esticamos a pele, e as profundas e permanentes, incluindo os sulcos, que são aquelas que não desaparece quando esti- camos a pele. Veja a classificação das rugas em graus, como sugere alguns autores (RIBEIRO, 2010). • Grau I: ruga de expressão formada pela contração dos músculos faciais de expressão, sem alteração dermo-epidérmica. • Grau II: ruga fina ou ondulações com alterações dermo-epidérmica, deve-se ao adelgaçamento da epiderme e derme superior, configurando um tipo de tecido parecido com papel de cigarro, que se dobra com facilidade. • Grau III: dobras, pregas e rugas gravitacionais com alteração dermo-epidérmica e do subcu- tâneo, deve-se à queda da pele e dos músculos adjacentes, causadas pela força da gravidade. Muitos métodos têm sido descritos para auxiliar na avaliação das rugas para melhor planejamento do tratamento e previsão dos resultados, um deles é a classificação de Fitzpatrick, sendo a mais usada; entretanto não diferencia as rugas estáticas e dinâmicas, dificultando a previsão dos resultados após a terapia proposta. Outra classificação é a de que proporcionam também um meio objetivo de comparar a eficácia de diferentes tratamento para certos tipos de pele; entretanto, integram a cicatriz de acne, o enrugamento (KEDE; SABATOVICH, 2009). A classificação de Fitzpatrick apresenta que os sinais devem ser as alterações apenas na epiderme, e a maioria das anormalidades é de pigmentação e textura, inclusive efélides, sardas, lentigos e uma textura cutânea áspera grosseira, que é decorrente do aumento da espessura do estrato córneo, isso ao nível 1 (KEDE; SABATOVICH, 2009). Em uma avaliação a nível 2, os sinais clínicos devem ser as alterações na epiderme e na derme pa- pilar, estando, muitas vezes, relacionados à pigmentação anormal. Os pacientes com esse nível de lesão podem apresentar todos os mesmos sinais clínicos da lesão tipo 1, entretanto, as alterações texturais e pigmentares são mais acentuadas, além disso, esses pacientes podem ter ceratoses actinicas, manchas ou ceratoses seborreicas planas, é definido o aumento de rugas, que costuma ser observado na região lateral ao sulco nasolabial, em que a pele pode parecer atrófica e ondulada (KEDE; SABATOVICH, 2009). No nível 3, os sinais clínicos devem ser as alterações na epiderme e a derme papilar, sendo que e na derme reticular, neste nível, é mais grave estando associado a muitas das alterações clínicas dos níveis 1 e 2. Os pacientes apresentam acentuado enrugamento, em geral associado a uma pele espessa com textura e aparência de couro, assim como, muitas vezes, de coloração amarelada, textura granular e comedões abertos dispersos (KEDE; SABATOVICH, 2009). Esses níveis apresentam alterações quanto ao tipo de Glasgow, ou seja, no tipo 1, a lesão é conside- rada discreta, em que a descrição é sem rugas e as características fotoenvelhecimento precoce com discreta alteração na pigmentação e sem ceratose, rugas mínimas e idade do paciente20 ou 30 anos (KEDE; SABATOVICH, 2009). 90 UNICESUMAR Para essa mesma classificação em Glasgow, o tipo 2 apresenta moderada presença de rugas ao movimento, características do enve- lhecimento precoce a moderado, lentigos senis, ceratoses palpáveis, mas não visíveis na linha paralela ao sorriso, começando aparecer entre 30 e 40 anos, em geral, aspecto de cansado e a cicatrização discreta de acne (KEDE; SABATOVICH, 2009). No tipo lesão 3, há presença avançada de rugas em repouso, fotoenvelhecimento avançado e como característica apresenta dis- cromia, ceratoses visíveis, rugas presentes mesmo sem movimento, idade entre 50 ou mais, aspecto abatido e sempre cansado e cicatriz de acne que a maquiagem não encobre (KEDE; SABATOVICH, 2009). O tipo 4 é considerado grave, apenas rugas, as características de fotoenvelhecimento grave, pele amarelo acinzentada, lesão maligna cutânea anterior, ruga por toda parte sem pele, idade 60 ou 70 anos, a maquiagem não pode ser usada, pois endurece e quebra, apresenta cicatriz de acne grave (KEDE; SABATOVICH, 2009). Pensando em flacidez, os níveis apresentam da seguinte forma: a ptose, assim como a pele, torna-se delgada e menos elástica; o tecido subcutâneo muscular e ósseo articular também sofre alterações do tipo atrofia; a pele distrófica e elástica, por sua vez, não consegue acompanhar a redução do conteúdo, resultando um envoltório excessivo e, consequentemente, a flacidez. As ptoses podem ser classificadas em graus, como mostrado a seguir (KEDE; SABATOVICH, 2009). • Grau I: leve redundância da pele e das pálpebras, alteração do contorno facial com leve abaulamento submandibular. • Grau II: queda lateral das pálpebras superiores e formação de bolsa em pálpebras inferiores com redundância de pele, perda parcial do contorno facial com abaulamento acen- tuado acima do sucos nasogenianos, leve ptose de bolsa de Bichat e formação de duas asas pequenas na borda anterior do platisma até a fúrcula esternal. • Grau III: aumento das bolsas palpebrais inferiores e redundân- cia acentuada da pele, tanto das pálpebras superiores como das inferiores, perda total do contorno facial por ptose acentuada do sistema músculo aponeurótico superficial e do platisma. As rugas palpebrais seguem uma classificação própria em três graus e de acordo com as faixas etárias, ou seja, as rugas de primeiro grau ( grau I) ocorrem em pacientes na segunda década de vida, representa o tipo 91 UNIDADE 3 de ruga mais incipiente, localizam-se nas pálpebras superiores e, às vezes, ocasionam pequena linha próxima ao ângulo lateral do olho; as rugas de segundo grau ( grau II) aparecem na terceira e na quarta década de vida e são os casos mais frequentes; e as de terceiro grau ( grau III) ocorrem, geralmente, em pacientes da quinta década de vida em diante, existindo concomitantemente um excesso de tegumento (RIBEIRO, 2010). Além da classificação, as rugas podem apresentar algumas características na pele (superfície cutâ- nea), sendo mais pronunciadas nas áreas desnudas, o que mostra a importância da irradiação solar, do vento e do frio no agravamento da atrofia fisiológica naturalmente; o tipo genético de pele, fatores hormonais, nutricionais, vasculares, climáticos, intoxicação e tratamentos eventuais poderão influir no aspecto saudável ou no seu envelhecimento precoce, e as características senis da pele variam de acordo com os tipos (RIBEIRO, 2010). Na hipertrófica, a pele se apresenta mais grossa, infiltrada e flácida, além de distendida, com co- loração amarelo parda, apresenta tendência a rugas profundas. Quando a pele se caracteriza por ser fina, seca e rica em manchas pigmentares é considerada atrófica (RIBEIRO, 2010). Nesse processo do envelhecimento, as alterações em cada região serão perceptíveis de acordo com a idade, ou seja, na região frontal, as rugas glabelares e transversais; na região orbital, presença de ptose das pálpebras, bolsas gordurosas palpebrais; na região nasal, rugas transversais da raiz nasal, queda da ponta nasal, exacerbação do ângulo nasolabial; na região malar e terço médio da face, apagamento da eminência malar e depressão do sulco nasolabial, ptose facial pregas e rugas em geral; região bucal presença de rugas periorais e queda do ângulo labial; região do mento apresenta apagamento da linha mandibular e prega submandibulares “mento de bruxa”, correspondendo à queda deste, flacidez da pele na região cervical e acúmulo de tecido adiposo entre a mandíbula e o osso hióide, pregas transversais profundas linhas e rugas verticais desde a margem da mandíbula até o terço superior do tórax (KEDE; SABATOVICH, 2009). Também observamos que, de 20 a 25 anos, linhas orbiculares são visualizadas com a expressão; de 45 a 55 anos, rugas periorbiculares frontais e glabelares, acentuação do sulco nasogeniano, pregas transversais na região do pescoço e formação de bolsas gordurosas nas pálpebras inferiores; e, por fim, acima de 55 anos, há acentuação das rugas e pregas, atenuação da eminência malar, depressão do sulco nasolabial e ptose facial (KEDE; SABATOVICH, 2009). No envelhecimento por regiões, pode-se observar: região frontal, entre 25 e 28 anos, em que surgem as primeiras rugas frontais devido à ação dos músculos em conjunto; aos 40 anos essas rugas se apro- fundam horizontalmente, após as rugas frontais aumentam, não só na profundidade, como também em número, principalmente no centro desta região (KEDE; SABATOVICH, 2009). A ruga frontal glabelar se formam verticalmente nesta área, aparece entre 30 e 40 anos pela con- tração dos músculos corrugadores do supercílios e uma parte do músculo depressor do supercílio; as horizontais surgem mais tardiamente, a partir do 50, ao nível da raiz da pirâmide nasal, pela ação do músculo prócero e parte dos músculos depressores do supercílio (KEDE; SABATOVICH, 2009). A região orbitária é formada pelo complexo órbito óculo palpebral e, a partir dos 30 anos, já se observa mudanças relacionadas ao envelhecimento, com atrofia subcutânea muscular, que altera a fenda palpebral, salientando as gorduras intraorbitária, como uma pseudo-herniação por meio das estruturas relaxadas, exteriorizando-se sobre a forma de bolsas gordurosas, isso a partir dos 40 anos (KEDE; SABATOVICH, 2009). 92 UNICESUMAR Os músculos da face na espécie humana é, sem dúvida, os que apresentam a capacidade de expressar os estados emocionais por alteração da expressão facial. Fazem parte dos músculos da face: os músculos da mímica ou da expressão facial e da mastigação, lembrando que esses músculos são conhecidos como dérmicos, já que são fixados no esqueleto em apenas uma de suas extremidades, sendo a outra inserida na camada profunda da pele, diferentemente do que ocorre com outros músculos (KEDE; SABATOVICH, 2009). Diante desses músculos da mímica facial, podem ser citados o músculo frontal, o corrugador do supercílio, os músculos orbicu- lares dos olhos, o músculo orbicular da boca, músculo depressor do ângulo da boca, o músculo depressor do lábio inferior, músculo levantador do ângulo da boca, o músculo levantador do lábio supe- rior e da asa do nariz, o músculo zigomático menor e o zigomático maior e o músculo mentual (KEDE; SABATOVICH, 2009). Pensando em tratamento, o primeiro cuidado que vem em nossa mente são os cosméticos que, hoje, graças a tecnologias empregadas na fabricação de ativos cosméticos, apresentam uma variedade de ativos para melhorar a pele envelhecida e retardar o envelhecimento deste órgão, sabemos que uma boa formulação cosmética deve ser trabalhada em diferentes linhas, por exemplo: ajudando a diminuir radicais livres, formando e hidratando a camada córnea, clarean- do manchas senis e, principalmente, melhorando o metabolismo dermo-epidérmico, com o objetivo de atenuar as rugas e marcas de expressão (RIBEIRO, 2010). Caro(a) aluno(a), convido você a vir conosco e ouvireste podcast, no qual trataremos sobre a fisiopatologia do envelhecimento, a anatomia da pele envelhecida, os cosméticos antienvelhecimento e alguns tratamentos inovadores. Um dos tratamentos cosméticos mais eficazes são os antioxi- dantes, pois possuem funções muito benéficas ao organismo para proteção contra os radicais livres, sendo sua função fornecimento de elétrons no intuito de reduzir a velocidade de iniciação à pro- pagação dos processos oxidativos, minimizando as moléculas e as estruturas celulares. Ao falar de Cosméticos antienvelhecimento, deve-se pensar em ativos que irão combater essas moléculas altamente reativas. Existe uma série de compostos antirradicais livres que poderão ser esco- lhidos com base em estudos de eficácia, custos e compatibilidade com as formulações em desenvolvimento. Os ativos antirradicais 93 UNIDADE 3 livres se destinam à prevenção, cujos efeitos não são facilmente e nem imediatamente visíveis (RI- BEIRO, 2010). Os radicais livres produzidos no organismo são neutralizadas por enzimas ditas protetoras ou an- tirradicais livres e por cátions de hidrogênio produzidos durante o processo de respiração celular, que pode levar a acidose e a morte celular se não forem neutralizados algumas enzimas antirradicais livres, sendo elas a de superóxidos dismutases, porque produzem a neutralização dos radicais superóxidos e o radical hidroperóxido (RIBEIRO, 2010). Principais agentes de defesa antioxidante no envelhecimento não enzimático são as vitaminas e curcumina, vitamina C, flavonoides, proteínas do plasma. Estes são alguns do ativos utilizados para reparo (MOSER, 2018). Atualmente, existe uma gama de agentes antioxidantes exógenos utilizados com a finalidade de inibir a formação de radicais livres, sendo possível citar: vitaminas E, A e C; minerais, como selênio, magnésio e manganês; e alimentos, como cebola e alho, além dos medicamentos. O ciclo metabólico da formação dos radicais livres é formado por três etapas, chamadas, sucessivamente, de iniciação, propagação e a etapa de finalização, eles produzem efeitos deletérios, atuam sobre diferentes compo- nentes celulares para, de uma forma ou de outra, destruírem integridade celular e condicionar, dessa maneira, a isquemia inicial, e posterior necrose, o que vai dar início a processos degenerativos dentre as organelas. Os componentes celulares que maior atrativo representam para os radicais livres são as proteínas e os ácidos nucleicos, moléculas componentes do citosol e os lipídios da membrana celular. Dentre os componentes do tecido extracelular que são vítimas dos radicais livres, destacam-se, principalmente, o colágeno e o ácido hialurônico (RIBEIRO, 2010). Outro ativo cosmético que não poderá faltar são os fotoprotetores, que é um dos fatores principais, pois a exposição ao sol acelera o processo do envelhecimento da pele e, portanto, os cosméticos com filtros solares ou fotoprotetores são fundamentais para retardar a manifestação do envelhecimento. Os produtos formulados com esta finalidade devem conter filtros protetores da radiação UVA e UVB, com boa atuação em ambos os espectros; além disso, o uso desse tipo de produto deve ser uma prática constante e não esporádica (RIBEIRO, 2010). Ressaltamos, ainda, que a diminuição da espessura da derme é atribuída ao decréscimo da capacidade proliferativa das células dérmicas, e as alterações na rede de colágeno e elastina predominam sobre sua síntese. Esse mecanismo ocorre em virtude da presença abundante das metaloproteinases, enzimas que aumentam no envelhecimento e se caracterizam como proteases capaz de degradar os compo- nentes proteicos da derme, predominantemente colágeno tipo I e III e elastina. Os proteoglicanos, fibronectina e outras proteínas da matriz extracelular, como colágeno e elastina, são responsáveis pela sustentação e pela elasticidade da pele, sua desorganização com o aumento da idade causa o aspecto da pele envelhecida (BORGES; SCORZA, 2016). Claro que, ao falarmos de envelhecimento, esses dois ativos não poderão ficar fora de ser explicados, sendo eles a vitamina C, que é uma substância de ação antioxidante que protege a pele contra a ação dos radicais livres, sua aplicação tópica estimula a neocolagênese (formação de um novo colágeno) e favorece o tratamento de hipercromias (manchas) (AZULAY, 2011). 94 UNICESUMAR O ácido hialurônico tem ação umectante, hidratante e fixador de teor hídrico celular. Esses benefí- cios, associados à eletroterapia, promovem um estímulo antienvelhecimento, alguns exemplos desses equipamentos é a luz pulsada, a microcorrentes, a radiofrequência, entre outros (AZULAY, 2011). Para os tratamentos com equipamentos eletrotermofototerápicos,é necessário que sejam utilizadas terapias apropriadas para revitalização cutânea, com o objetivo de ativar a produção de fibras colágenas e elásticas pelos fibroblastos, melhorar a circulação sanguínea e tonificar a musculatura, assim podem ser utilizados equipamentos que realizam ionização, eletroestimulação muscular, microcorrente ou bioestimulação com esferas, com agulhas ou com caneta. Uma outra opção seria a vacuoterapia ou, até mesmo, a massagem manual facial e as máscaras específicas para cada tipo de pele que contribui para melhorar a aparência e estimular a oxigenação local (AZULAY, 2011). O tratamento das rugas apresenta uma conotação mais preventiva, curativa, visto que o envelheci- mento apresenta caráter fisiológico. As rugas não podem ser evitadas embora existam medidas para retarda-las por meio de procedimentos que incrementam a circulação superficial local; desta forma, melhorando a nutrição e metabolismo, assim como o aumento do tônus muscular, proporcionando uma melhora no aspecto geral da pele, retardando o envelhecimento precoce (AZULAY, 2011). Existem outras terapias com resultados, como a radiofrequência, que é um equipamento eletrote- rápico utilizado em estética que emite ondas eletromagnéticas que agem nas camadas mais profundas da pele, derme papilar e reticular, e produzem uma retração de colágeno por meio de seu aquecimento, promovendo sua modelação e melhorando sua flacidez cutânea com o aumento da circulação san- guínea na região e como efeito tardio, estimulam os fibroblastos que tendem a sintetizar novas células de colágeno, resultando em uma pele mais hidratada, firme e com diminuição das linhas (BORGES; SCORZA, 2016). As formas de esfoliação mecânica (peeling de diamante e peeling de cristal) promove uma micro- dermoabrasão, ou seja, uma esfoliação controlada das camadas da epiderme, por meio de vários tipos de ventosas diamantada, grânulos de óxido de alumínio, com diferentes granulometria associada ao aparelho de vácuo, sendo indicada para tratamento de sequela de acne, cicatrizes hipertróficas, que- loides e queimaduras, linhas de expressão superficial e profunda, hipercromias e peles seborreicas; no envelhecimento, estimula o “turnover “ (BORGES; SCORZA, 2016). A eletroestimulação é um equipamento em que a técnica utiliza corrente que promovem a con- tração muscular por meio de excitação do conjunto neuromuscular. Agem contraindo e relaxando o músculo, dando mais resistência e firmeza muscular, deixando a área menos flácida (SOUZA, 2005). O eletrolifting visa a atenuação das rugas e linhas de expressão, consiste em um eletrodo ativo especial em forma de agulha fina, que faz uma concentração de energia, e o eletrodo passivo que, normalmente, é do tipo placa (lembrando que é uma corrente galvânica, por isso os 2 eletrodos) (SOUZA, 2005). Outro recurso com grande eficácia e bem utilizado é a Luz Intensa Pulsada, que é um equipamento que produz flashes de calor que atua diretamente em estruturas, alvo da pele, permite ser utilizada em várias alterações dermatológicas, entre elas o envelhecimento. A luz intensa pulsada tem se mostrado muito eficaz no tratamento para envelhecimento cutâneo, mas por ser recente, não se conhece os efeitos alongo prazo, sabe-se que existe algumas recomendações para que não seja utilizada em histórico de câncer de pele, com determinadas drogas, doenças com sensibilidade a luz, entre outros (SOUZA, 2005). 95 UNIDADE 3 A carboxiterapia é uma técnica utilizada em disfunções estéticas, caracteriza-se pelo uso terapêutico do gás carbônico medicinal, com 99,9% de pureza, administrado de forma subcutânea (percutânea), tendo como objetivo a vasodilatação periférica e melhora da oxi- genação tecidual, com isso, a agressão com gás agulha estimula o reparo tecidual com produção de colágeno (BORGES; SCORZA, 2016). O microagulhamento, ou também conhecido como terapia in- dutora de colágeno, é utilizada para tratar disfunção estética que precisa de reposição de colágeno (sequela de acne, flacidez, alopecia etc.) esse procedimento melhora a aparência geral da face (BOR- GES; SCORZA, 2016). Agora, caro(a) aluno(a), imagine-se em uma situação de atendi- mento e você, como Tecnólogo em Estética e Cosmética, na avalia- ção de uma paciente, observa a presença de linhas de expressão está- tica e dinâmica generalizada e algumas regiões com ptose. Depois de todo o caminho que percorremos, como você iniciaria o protocolo de tratamento? Qual a ordem de tratamento você elaboraria? Sim, é importante que você, futuro(a) profissional, durante o atendimento ou até mesmo durante a avaliação, considere todos os aspectos do envelhecimento, além de observar a ficha de anamnese e avaliar os possíveis tratamentos para essa alteração. Ademais, é importante estudar o envelhecimento para com- preender a anatomia e fisiologia da pele, a formação do colágeno e elastina, trabalhando e buscando formas que amenizam e retardam o aparecimento das características dessa alteração ou que retarda cada vez mais seu aparecimento. Como fundamento do envelhecimento, o profissional precisa estar apto ao diagnóstico, avaliação e planejamento de tratamento e, se for o caso, uma indicação de orientação de outro profissional. Por fim, para que você seja um(a) profissional de destaque/re- nome, a sua formação deve ser baseada sempre nos conhecimentos da fisiopatologia do envelhecimento e tudo o que esta apresente de alteração nessa pele, além de prevenção no tratamento do en- velhecimento. 96 M A P A M EN TA L Caro(a) aluno(a), a construção de um Mapa Mental ajuda muito na compreensão dos conteúdos abordados. Dessa forma, a partir dos conceitos centrais desta unidade, é essencial que você preencha o Mapa Mental com informações, como frases de ligação, que se associam a esses conceitos. Envelhecimento cutâneo Características principais da pele Branca Negra Amarela A G O R A É C O M V O C Ê 97 1. Avaliando a anatomia antes e depois do envelhecimento, descreva, em poucas palavras, quais as alterações ocorridas na camada dérmica e hipodérmica nesse processo. 2. Sabendo que, durante o processo do envelhecimento, o aparecimento das rugas é um fator que aflige e requer soluções, explique como ocorre sua formação, em seguida, classifique essa alteração. 3. Diante de todas as alterações decorrentes do processo de envelhecimento, enumere três formas de tratamentos, cosméticos ou eletroterápicos que possam amenizar esse processo. C O N FI R A S U A S R ES P O ST A S 98 1. A derme, durante o envelhecimento, diminui a produção de colágeno e elastina, as células fibroblastos diminui a quantidade e muitas sofrem o processo de amadurecimento, ou seja, tornam-se fibrócitos. As glicosaminoglicanas diminuem significamente o ácido hialurônico, deixando a pele com aspecto flácido e desvitalizado, aumenta a quantidade de radicais livres e enzimas destruidoras de células, como as pro- teases que destrói células neoformadas, pois os vasos se tornam tortuosos, e a nutrição da epiderme ficará comprometida, pois as papilas dérmicas tendem a sofre uma retificação, dificultando a passagem de nutrientes para epiderme. 2. As rugas ocorrem da diminuição do tecido conjuntivo proveniente da derme mais a diminuição de forma- ção de colágeno e elastina, diminuição do líquido intersticial (ácido hialurônico) e a rigidez do colágeno e da elastina. Sua classificação ocorre em superficial, profunda, estática e dinâmica. 3. Vários são os recursos que poderão ser utilizados para essa resposta, podendo, inclusive, ser associado cosmético e equipamento, você, aluno(a) ao elaborar seu protocolo em clínica, sempre avalie o paciente para fazer a melhor opção de tratamento. Uma opção seria a utilização de cosméticos, como: vitamina C, ácido hialurônico, associados à Luz intensa pulsada, carboxiterapia (agredir para formação de reparação tecidual e, consequentemente, formação de colágeno) e radiofrequência, quando a pele já está em uma fase mais flácida, pois ela degrada o colágeno antigo e forma colágeno mais novo. R EF ER ÊN C IA S 99 AZULAY, R. D. Dermatologia. 5. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. BORGES, F. dos S.; SCORZA, F, A. Terapêutica em Estética, Conceitos e Técnicas. 1. ed. São Paulo: Editora Phorte, 2016. DAL GOBBO, P. Estética facial essencial: orientação para o profissional de estética. São Paulo: Atheneu Ed- itora, 2010. GLOGAU, R. G. et al. Aesthetic and anatomic analysis of the aging skin. Seminars in Cutaneous Medicine and Surgery, v. 15, n. 3, 1996, p. 134–138. GUIRRO, E.; GUIRRO, R. Fisioterapia dermato-funcional: fundamentos, recursos, patologias. 3. ed. São Paulo: Manole, 2004. KEDE, M. P. V.; SABATOVICH, O. Dermatologia Estética. São Paulo: Atheneu, 2009. MOSER, I. Peeling, Como eu faço? Londrina: Midiograf II, 2018. RIBEIRO, C. de J. Cosmetologia aplicada a dermoestética. São Paulo: Pharmabooks Editora, 2010. SOUZA, V. M. de. Ativos dermatológicos: Guia de ativos dermatológicos utilizados na farmácia de manipulação para médicos e farmacêuticos. São Paulo: Pharmabooks, 2005. 100 M EU E SP A Ç O 4 OPORTUNIDADES DE APRENDIZAGEM Hiperpigmentações Dr. Lilian Rosana dos Santos Moraes Me. Lilian Lucy dos Santos Nesta unidade, você terá a oportunidade de conhecer os pigmentos do cor- po humano e o que ocorre quando estes saem de sua harmonia, gerando o que chamamos de hipermelanoses ou hiperpigmentações. Ainda, serão abordadas todas as hiperpigmentações trabalhadas em Estética Facial, como melasma, hiperpigmentações pós-inflamatórias, melanoses solares e lentigos actínicos. 102 UNICESUMAR Cuidar da pele, às vezes, pode ser um desafio. Você, aluno(a), conhece alguém que sofre de manchas no rosto, prejudicando sua autoestima e que não encontra uma solução? Até mesmo, você pode ter sofrido ou ainda sofre com este acometimento, não é mesmo? Caro(a) aluno(a), diante da nossa realidade de um país tropical e que as pessoas não fazem uso de proteção solar e apresentam os mais variados tipos de hipermelanoses (hipercromias), imagine como será importante saber trabalhar com essa afecção cutânea! Lembrando que todo e qualquer tipo de marcha transforma a autoestima das pessoas, levando a quadros até mesmo de síndromes depressivas. Dessa forma, você, como futuro(a) profissional, deverá utilizar todos os recursos estéticos faciais para tratar essas hipermelanoses, tanto em seu consultório quanto no home care, proporcionando um melhor bem-estar e orientando a melhor forma de prevenção a longo prazo. Pare agora e olhe para um espelho. Você percebe algum tipo de mancha em sua pele da face? Se sim, sabe quando e como esta aparece? Sugiro uma atividade neste mo- mento. Faça uma pesquisa na Internet, primeira- mente por meio de ima- gens em sua biblioteca virtual e pelo Google, e depois fotografe algumas manchas de pessoas de sua convivência, além das suas manchas, se houver, e compa- re-as para verificar as características que dife- renciam ou assemelham esses tipos de manchas. 103 UNIDADE 4 Ao realizar a pesquisa pelas imagens das manchas, acredito que surgiram várias dúvidas quanto às características entre essashipermelanoses, porém quanto as mais comuns como o melasma e as hi- perpigmentações pós-inflamatórias ficam fácil de diferenciá-las. Quando encontramos uma mancha bilateral com bordas assimétricas, ou seja, irregulares em região centro facial, ou malar de origem hereditária, ou com algum histórico hormonal, identificamos como o melasma. As hiperpigmentações pós-inflamatória são manchas mais arredondadas, podem ser de coloração avermelhadas ou marrom, não aparecem bilateralmente e são de origem após algum processo oxidativo ou após algum processo inflamatório, sem origem hormonal ou hereditária. Depois dessa descrição, ficará fácil para você, caro(a) aluno(a), identificar os tipos mais comum presente em consultório e, desta forma, fazer esse registro em seu Diário de Bordo. Por fim, a hipermelanose com maior procura e incidência e dificuldades de tratamentos e re- sultados será o melasma. Ainda, alguns pontos deverão ficar claros dessa afecção: • Etiologia multifatorial (não definida). • Características mista (presença de pigmentos epidérmicos e dérmicos). • Localização bilateral. • Tratamento com pouco agressão (“devagar e sempre”). D IÁ R IO D E B O R D O 104 UNICESUMAR No contexto atual, o Brasil é um país em que a procura por cosméticos clareadores vem crescendo cada vez mais, eles apresentam a função de melhorar imperfeições em peles hiperpigmentadas, ou seja, com coloração heterogênea. Ainda, existem locais no mundo, como países europeus e asiáticos, que a pele ideal e que representa a beleza é a pele branca, por ser sinônimo de status; em países tropicais, o interesse por peles mais escuras ocorre, porém homogênea e sem presença de manchas, o problema é que nem sempre isso é possível, visto que 90% das pessoas com idade superior a 50 anos procuram tratamentos para hiperpigmentações em regiões, como rosto, colo e mãos. A definição de melanose em pele vem da junção de vários fatores relacionados, como a formação da melanina, a hemoglobina dos vasos e os carotenoides da epiderme, mais precisamente do estrato córneo. Essa somatória dos pigmentos na melanose apresenta uma coloração heterogênea, irregular, ou seja, intercalando áreas com tonalidades normais com áreas hiperpigmentadas (RIBEIRO, 2010). Existem culturas encontradas, por exem- plo, no Ocidente que visa o bronzeamento como representante de beleza e saúde, porém, aos profissionais que estudam diretamente o poder da radiação so- lar sobre a pele, entende os riscos que ela pode trazer tanto exaltando o envelhecimento como trazendo riscos à saúde, com alterações celu- lares macro e microscópicas (MO- SER, 2018). No primeiro momento, a pele en- cara o eritema, conhecido como “ver- melhidão”, isso ocorre por um aumento de produção de grânulos de pigmento e pela sua expansibilidade na epiderme; em seguida, ocorrerá o bronzeamento que poderá ocorrer de forma uniforme ou não, esse excesso de exposição poderá acarretar, entre outros malefícios, uma diminuição da imunidade do indivíduo com aparecimento de até patologias corriqueiras, um exemplo clássico é a herpes (MOSER, 2018). Esse excesso de exposição à radiação pode apre- sentar como sequela final uma alteração celular, ou seja, alteração em padrão de crescimento em células epidérmicas, alterando, inclusive, o momento do desprendimento dessas células ao juntar-se aos queratinócitos (MOSER, 2018). 105 UNIDADE 4 Ao estudar as hipermelanoses, que também poderão ser definidas ao longo da unidade como hiperpigmentações, o nosso pigmento poderá ser alterado por muitas patologias, lembrando que todas deverão ser estudadas, entre as mais comuns estão os melanócitos hiperativos, medicamentos fotorreativos, bactérias específicas da pele com ações fotorreatividade e fotossensibilidade, hiperatividade hormonal, resistência vascular periférica e a presença de insulina aumentada (MOSER, 2018). Hoje, existe uma demanda de 40 tipos de patologias que pode- rão ser agravadas pela exposição à radiação ultravioleta, entre elas encontramos as doenças genéticas xeroderma pigmentoso, o albi- nismo, as desordens metabólicas, as porfirias, as doenças induzidas por drogas fototóxicas ou fotoalérgicas, doenças fotoimunologicas, doenças degenerativas e neoplásicas, as urticárias solares e o lúpus eritematoso (MOSER, 2018). Sabendo que a melanina tem sua formação a partir de uma reação bioquímica que envolve o aminoácido tirosina e a enzima tirosina- se, essa reação é conhecida como melanogênese e ocorre dentro da organela melanossomas, que, por sua vez, é formada no interior dos melanócitos, a partir do Complexo de Golgi (RIBEIRO, 2010). Lembrando que o organismo humano apresenta três tipos de pigmento, sendo a melanina a substância mais importante na deter- minação da cor da pele humana, porém os outros compostos também podem contribuir para a cor da pele, sendo eles os carotenoides e a própria hemoglobina, porém, quando estudamos e traçamos os objetivos dos tratamentos das hipermelanoses, o pigmento que se destaca é a melanina (MOSER, 2018). Anatomicamente, a célula produtora de melanina é conhecida como melanócito, sendo localizada na epiderme, na camada basal, totalizando cerca de 2000 ou mais células epidérmicas por milímetros quadrados, localizadas mais na cabeça, e cerca de 1000 no restante do corpo, sua finalidade principal é que seu pigmento absorve a energia vinda dos raios solares e das luzes artificiais, evitando danos a outras células. Contudo, a ação de absorção varia de acordo com a cor da melanina produzida pela célula, ou seja, quanto mais escura for, mais função de absorção terá (SOUZA, 2005). 106 UNICESUMAR A reação bioquímica conhecida como melanogênese é um processo complexo que ocorre nos seres humanos, nas camadas mais profundas, entre basal e espinhosa, podendo ser induzido por forças externas, como as radiações. Ele faz a multiplicação dos melanócitos, e as manchas desenvolvidas é uma forma que a pele encontrou de proteção, ou também os fatores genéticos, sabendo, hoje, que mais de 375 genes estão envolvidos diretamente com a formação da coloração da pele; outro fator que pode interferir na formação é o hormonal, principalmente a junção do estrógeno e a progesterona, que estimulam a coloração tanto em face quanto em região genital (AZULAY, 2011). A melanina – pigmento tão importante na pele humana – é dividida em duas formas diferentes: a eumelanina e feomelanina, isso ocorre devido às diferenças raciais, apresentando tonalidades desiguais nas peles humanas, devido à quantidade de síntese de melanina que acontece a nível de melanossomas nos melanócitos e seus subtipos. Dessa forma, a eumelanina é um pigmento deno- minado marrom a preta, sendo um polímero alcalino e insolúvel, enquanto a feomelanina é um pigmento amarelo a vermelho, sendo alcalino e solúvel. A pigmentação da pele é indispensável para prevenir os danos que poderão ser provocados ao DNA das células epidérmicas, essa proteção deverá ocorrer porque o pigmento dessas células absorve a energia e transforma em calor, sendo menos tóxica às células que os raios UVB. Quando estudado em detalhe a síntese da melanina, obser- vamos vários mecanismos, neste caso, os melanossomas são os responsáveis pela coloração cutânea nessa reação bioquímica, em que a tirosina sofre atuação da tirosinase que se transforma em L-dopa e, posteriormente, em dopaquinona, neste ponto em diante, dentro da reação, se houver incorporação da glutationa ou da cisteína a dopaquinona, forma eumelanina (AZULAY, 2011). O pigmento eumelanina absorve e dispersa os raios ultra- violetas, principalmente o UVB, atenuando e suavizando a sua absorção na pele, diminuindo, assim, os danos ocasionados pelo Sol, desta forma, os fototipos altos tendem a se queimar menos e bronzear mais quando comparados aos fenômenos químicos. O pigmento feomelanina tem maior facilidade de permeação da radiação ultravioleta e das luzes visíveis,podemos perceber que o tipo de pele e o produto usado no rosto, caso não seja adequado, poderá agravar a disfunção estética, como no caso de Mariana. Além do mais, caro(a) aluno(a), em anos de profissão, já atendi vários pacientes que relataram ter passado por profissionais que nunca avaliaram sua pele com toque, por exemplo, ou que não sabiam o tipo de pele que tinham, muito menos tinham indicado ou orientado sobre os ativos específicos para o tipo de pele da cliente, isso porque, provavelmente, não ti- nham conhecimento adequado do sistema que estavam tratando ou não tinham dado conta da nobreza do conhecimento da anatomia do sistema tegumentar. Agora que você já está um pouco mais familiarizado(a) com o tema, vamos fazer um exercício sobre os tipos de pele? Pegue um pedaço de guardanapo de papel macio e, dentre as pessoas de sua família ou de sua convivência, observe a pele do rosto de quatro pessoas de idades diferentes, sendo um adolescente durante a puber- dade, na faixa etária de 12 a 14; um jovem entre 25 a 30 anos; uma pessoa de 40 a 50 anos; e um idoso acima de 70 anos. A avaliação deve ser realizada com a pessoa deitada. Coloque o guardanapo aberto, cobrindo todo o rosto de cada um deles, e anote se o lenço ficou engordurado. Caso ele fique, a pessoa tem a pele do tipo oleosa. Se o papel ficar oleoso apenas nas regiões da testa nariz e queixo (Zona-T), a pele é mista. Se o guardanapo não apresentar gordura em lugar algum, a pele será seca ou normal. Para diferenciar essas duas, você observará que as pessoas de pele seca sentem o desconforto do papel ou um ressecamento e descamação da pele. Anote, no seu Diário de Bordo, o tipo de pele de cada uma 13 UNIDADE 1 D IÁ R IO D E B O R D O das quatro pessoas e já indique hidratantes para cada tipo de pele, como sérum, loção oil-free, aqua gel, hidratante com ação antioleosidade ou gel para aqueles tipos de pele oleosa, evitando o excesso de sebo. Para os de pele mista ou normal, indique e anote em seu Diário de Bordo aqueles hidratantes que possuem a textura em gel, com ácido hialurônico em sua composição. Para os que tem a pele seca, indique a anote hidratantes que possuem nutrientes para o equilíbrio da pele com proteção para a barreira natural da pele e que não obstrua os poros. Depois de sua observação, registre, no Diário de Bordo, as diferenças que você notou na pele da face entre as idades em relação aos seguintes fatores: • Oleosidade. • Presença de acne. • Presença de rugas profundas e superficiais. • Manchas escuras (hiperpigmentação). • Manchas brancas (hipopigmentação). • Flacidez de pele (tissular). • Flacidez muscular. Sabemos que a Estética Facial está relacionada ao estudo da pele e seus anexos e, por meio desses es- tudos, podemos compreender e melhorar as afecções da pele facial. Sendo assim, reflita comigo sobre os pontos-chave dessa situação. • A estética facial permite que compreendamos a fisiologia da pele, bem como suas características de absorção. • O entendimento de estética facial favorece os tratamentos mais eficazes para afecções faciais. 14 UNICESUMAR Anteriormente, tivemos um contato inicial com o termo Estética Facial. No entanto, nesse momento, aprofundaremos nossos estudos nas questões que envolvem esse conceito. O mercado atual mostrou que a estética facial tem crescido muito e, com ela, os cosméticos que prometem a fonte de rejuvenescimento, porém sabemos que não são todos os ativos cosméticos que apresentam estudos comprovados e resultados científicos sobre um órgão tão importante como a pele humana (MOSER, 2018). Considerada como um revestimento do organismo sendo indispensável à vida, apreciada na es- tética e também em todas as outras ciências, a pele isola os componentes orgânicos do meio exterior e constitui-se em complexa estrutura de tecidos de várias naturezas, dispostos e inter-relacionados de modo a adequar-se harmonicamente, ao desempenho de suas funções (MOSER, 2018). Em sua apresentação, varia ao longo da sua extensão, sendo flexível e elástica, porém dependendo da região rígida (característica importante em estética), determinada por inúmeros fatores em ordem genética, como melanina, espessura de camadas, conteúdo de vasos sanguíneos e linfáticos (RIBEIRO, 2010). Apresenta vários tipos celulares com inúmeras funções, entre elas: queratinócitos, mastócitos e células dendríticas que agem como proteção contra os agentes agressores internos e externos, protegendo o organismo contra as injúrias teciduais. Além disso, a pele apresenta a constituição de matéria orgânica altamente flexível, autorrenovável e extremamente especializada, estruturalmente uma combinação de quatro tecidos fundamentais: o epitelial, o muscular, o conectivo e o nervoso (RIBEIRO, 2010). Suas alterações são constantes, apresentando funções como: regulação orgânica, barreira mecâni- ca, regulação térmica, sensitiva e sexual, percepção de estímulos, tais como dolorosos, pressóricos e mecânicos (KEDE; SABATOVICH, 2009). A pele atua formando a barreira protetora, prevenindo a penetração de agentes tóxicos e de micror- ganismos do meio ambiente, devido à impermeabilidade cutânea apresentada na camada epidérmica formada pela presença de óleo, água e sais (KEDE; SABATOVICH, 2009). A barreira representada pela camada epidérmica auxilia a retenção de água, prevenindo o resseca- mento da pele, devido ao fator de hidratação natural e lipídios, destacando a composição de substâncias do fator natural de hidratação da pele: 40% por aminoácido, 12% lactato, 12% de sal sódico do ácido pirrolidona carboxílico, que é o PcNa e 7% de ureia. Entre os três lipídios encontrados na capa córnea, 40 a 65% são as ceramidas e o restante são ácidos graxos e colesterol (KEDE; SABATOVICH, 2009). Além disso, essa barreira atua como agente contra os microrganismos e agentes de invasão, graças à formação de anticorpos que protegem a pele de infecções. Caso isso ocorra, a reação imunoló- gica do indivíduo é ativada a partir das células de Langerhans contidas na epiderme e na derme (RIBEIRO, 2010). 15 UNIDADE 1 Contudo, a pele recebe a radiação solar desde que em doses equilibradas (20 minutos nas primei- ras horas do dia ou no fim da tarde) como um coadjuvante na síntese de vitamina D3, auxiliando na atividade imunológica do organismo (GUIRRO, E.; GUIRRO, R., 2004). Ao tratar da anatomia da pele, esse epitélio apresenta espessura variável, diferenciando em pele fina e espessa. A pele espessa é encontrada somente na palma das mãos, na planta dos pés e em algumas articulações, como joelho e cotovelo; todo o restante do corpo humano é protegido por pele fina. Nas pálpebras, a anatomia é considerada muito fina, destacando que a idade cronológica, o sexo e a cons- tituição individual podem atuar sobre a espessura dessa camada. Citamos como exemplo a estrutura, homens apresentam pele mais espessa do que as mulheres, e as crianças a pele fina como a dos idosos (KEDE; SABATOVICH, 2009). A integridade da pele depende de seus anexos que são formados por: pelos, unhas, glândulas se- báceas e glândulas sudoríparas. Dentro dessa definição anatômica, a formação das unhas ocorre por meio da união dos folhetos, a camada córnea e a camada lúcida, que são intensamente cornificados (GUIRRO, E.; GUIRRO, R., 2004). Quanto à anatomia dos folículos pilosos, eles se apresentam na superfície da pele, exceto na palma das mãos e na planta dos pés, nos lábios e na região urogenital interna. Como descrição, o folículo é uma haste rodeada de revestimento epitelial contínuo com a camada epidérmica, a glândula sebácea e o músculo eretor do pelo. A cor do pelo ocorre em razão da presença de melanócitos que se encontram entre as células epiteliais da raiz do folículo, produzindo o pigmento melanina, durante o processo do envelhecimento, as células produtoras do pigmento tendem a se danificar e parar o processo de pigmentação, aparecendo, assim, os pelos brancos (GUIRRO, E.; GUIRRO, R., 2004).promovendo a for- mação dos radicais livres e causando danos ao DNA celulares, 107 UNIDADE 4 com isso acelera o fotoenvelhecimento e promove toxicidade, assim, explica que as pessoas com fototipo baixo apresenta risco epidérmico, necessitando de utilização de ativos fotoprotetores e antirradicais livres para suprir essa necessidade(AZULAY, 2011). A melanina pode ser de 2 tipos: pigmentação melânica, que é a cor determinada pelos genes, não dependendo de exposição aos raios solares, considerada a cor da pele saudável, indispensável na fotoproteção, minimizando os efeitos nocivos ao DNA celular e ao câncer de pele; o outro tipo de pigmentação é denominado de melanina facultativa, sendo mais intenso, resulta na exposição solar ou patologias experimentais, reflete a capacidade que a pele tem de bronzeamento quando exposta à radiação (SOUZA, 2005). Outro fator inteiramente relacionado com a coloração da pele é o envelhecimento, devido ao fato que várias mudanças e alterações estão relacionadas e esse fenômeno e são causadas ao fotoenvelhe- cimento, sendo a afecção que mais reflete a exposição acumulativa ao sol, a reação direta é que os melanócitos envelhecidos possuem, depois de anos expostos à radiação ultravioleta, uma atividade funcional elevada, produzem cada vez mais melanina e de forma irregular ou heterogênea (SOUZA, 2005). Todos os tratamentos faciais relacionados à inflamação para, depois, um reparo tecidual precisa estar extremamente contro- lados, pois as inflamações produzem a secreção do mediador interleucinas 1, que pode estimular a produção de fatores pelos fibroblastos da derme e queratinócitos, estimulando a proliferação dos melanócitos, seguido de indução a um aumento da ativi- dade da enzima tirosinase nos melanócitos, consequentemente, aumento da produção de melanina (SOUZA, 2005). O pigmento biológico melanina é o principal envolvido na pigmentação cutânea, com diferentes concentrações nas colorações da pele, define-se como uma defesa da pele contra os efeitos danosos das radiações ultravioletas, além de ser capaz de absorver e refletir raios solares e captar espécies reativas de oxigênio. Essa melanina apresenta características antioxidantes, protegendo o DNA contra os efeitos carcinogênicos e mutagênicos (AZULAY, 2011). A formação da melanina ocorre, porém, nas desordens pig- mentares, ou seja, nas colorações heterogêneas ocorre uma de- sordem quanto a formação do pigmento, apresentado de forma não uniforme nas camadas da pele (RIBEIRO, 2010). 108 UNICESUMAR Existem vários tipos de melanose, que podem se manifestar a nível de epiderme e derme. Quando ocorre a nível de epiderme, a produção do pigmento ocorre pelos melanócitos ativos no local, exemplos clássicos desse tipo de pigmentação são as sardas, as H.P.I (hiperpigmentação pós-inflamatória). As melanoses que acometem a derme são denomina- das hipermelanose dérmicas, que ocorrem com au- mento de produção de melanina sem modificação no número dos melanócitos ativos, por exemplo: o bronzeamento e o lentigo (RIBEIRO, 2010). Essa forma de hiperpigmentação é predomi- nantemente em fototipos mais altos, como citado anteriormentem sendo que a melanogênese foi estimulada e o tratamento será de maior com- plexidade quando o pigmento estiver situado na derme, devido à quebra da membrana basal do melanócito no processo de fagocitose e a liberação do conteúdo na derme, dificultando a chegada de cosméticos tópicos nesta região (MOSER, 2018). Quando falamos de hipermelanose epidérmi- ca, os mecanismos incluem o aumento na produ- ção do pigmento e também o tamanho da orga- nela melanossoma, além de diminuição acelerada da renovação dos queratinócitos da epiderme, isso reflete em manchas localizadas ou difusas, podendo ter particularidades anatômicas, como face, no caso da afecção melasma, e mãos, em caso de melanose denominada acral (RIBEIRO, 2010). No caso das hipermelanoses dérmicas, sua res- posta de pigmentos vem dos pigmentos transfe- ridos da epiderme, os casos mais comuns são as sardas, que é uma mancha pequena, apresentando diâmetro inferior a 0,5, com que normalmente apa- rece a partir dos 3 anos de idade, em áreas expostas ao sol e especificamente em pessoas de peles e olhos claros, em que a maior características não é o au- mento dos melanócitos, mas sim da produção do pigmento pelos melanossomas (RIBEIRO, 2010). Ao citarmos as sardas, afecções nas hipermela- noses genéticas, temos que fazer uma relação direta aos Fitzpatrick, além de existir uma alta probabili- dade ao desenvolvimento ao câncer de pele devido aos baixos fototipos (MOSER, 2018). Outra manifestação de hipermelanose dérmi- ca e a mais frequente é o cloasma ou melasma, sendo uma alteração de pigmentação, caracte- rizado por manchas castanhas claras ou escuras, com bordas irregulares, podendo ocorrer em lo- cais como a face, o colo e, raramente, nos braços, porém sempre em áreas expostas ao sol. Suas características são simétricas, observando uma predisposição em regiões centro facial, malar, lábios superiores e queixo. Essa afecção é mais comum em mulheres, e a maior frequência são os latinos e asiáticos, sendo também não consi- derada uma afecção hereditária, em que pode ser alterada por excesso de radiação solar, gravidez, alguns medicamentos, incluindo o estrógenos e a progesterona juntos (RIBEIRO, 2010). A formação da melanina se trata de uma reação bioquímica que ocorre na célula do melanó- cito, localizado na camada basal, cujo objetivo é a produção do pigmento melanina, sendo estimulado pela enzima tirosinase. Ainda, a hipermelanose epidermal ocorre por aumento na produção do pigmento, e tam- bém por aumento do tamanho do melanossoma no melanócito. Na hipermelanose dermal, ocorre a transferência do pigmento da epiderme à derme, dificultando seu tratamento, que é o que ocorre, por exemplo, quando tratamos do melasma. 109 UNIDADE 4 Durante a gestação, observa-se que essa hi- perpigmentação tem uma ligação direta com a alteração hormonal, pois os hormônios es- timuladores da melanogênese (MSH) são se- melhantes ao ACTH, que apresenta alteração a nível sérico pelo estrógeno e progesterona durante o período gestacional; essa hiperpig- mentação poderá apresentar uma regressão no pós-parto espontaneamente (RIBEIRO, 2010). Na gestação, essas alterações pigmentares podem ocorrer em até 90% das gestantes, po- rém com maior incidência e fototipos mais altos, sendo que, no início, essas pigmentações ocorrem na região areolar e a linha alba, tam- bém podem aparecer nas genitálias, períneo, axilas e face interna das coxas (MOSER, 2018). Esse pigmento conhecido como melasma tem início no segundo trimestre da gestação, sendo mais comum também a partir da se- gunda gestação e, nesses casos, o aparecimento mais comum é o tipo centro facial, seguido do malar e mandibular (MOSER, 2018). Nossa pele apresenta uma proteção natural, com bactérias que fazem parte da flora facial. Principalmente quando essa microbiota fica alterada e gera processos inflamatórios, estes servem de “gatilho” para o processo de hiper- pigmentação, devido ao fato de desencadear o estresse oxidativo e, por consequência, são capazes de estimular a síntese da melanina. A etiologia dessa afecção de hipermelanose é multifatorial e ainda não é bem definida, porém existem alguns fatores ligados ao seu desenca- deamento, como: a exposição solar juntamente com fatores genéticos e hormonais endógenos ou até exógenos, como reposição hormonal (MOSER, 2018). No melasma, observa-se que os melanócitos presentes na região se encontram com a ativida- de aumentada significativamente, apresentando mais melanossomas, aumentando sua produção, além de apresentar mais células ativas nas ca- madas da pele (epiderme e derme) (BORGES; SCORZA, 2016). 110 UNICESUMAR Quanto às concentrações de pigmento nas camadas, o me- lasma se distribui da seguinte forma: na epiderme, a melaninase concentra com acúmulo na camada basal; e na derme, esse pigmento é encontrado nos macrófagos em regiões médias dessa camada (RIBEIRO, 2010). Histologicamente, observamos que a afecção melasma não ocorre somente com o aumento da síntese dos melanossomas e também com a atividade cíclica das células melanocítica, obtendo como resposta o acúmulo dos melanossomas na epi- derme. Além disso, o melasma pode ser dividido, histologi- camente, em epidérmico, quando apresenta um depósito de pigmento nas camadas basais e suprabasais e, até mesmo, nas camadas córneas; e dérmico, quando observam-se células de defesa os macrófagos carregadas de melanina nas camadas su- perficiais e profundas da derme (KEDE; SABATOVICH, 2009). Essa avaliação quanto à histologia dessa afecção ocorre por meio de uma Luz apropriada denominada Luz ou Lâmpada de Wood, é específica por conter um filtro de óxido de níquel que analisa a profundidade da pigmentação. Esse exame deve ser realizado com a pele no escuro e com uma distância de 15 cm da área a ser avaliada; os resultados obtidos são analisados da seguinte forma: quando a pigmentação fica acentuada, significa que a mancha está na epiderme; se a mancha ficar atenuada, está na derme, quando comparados a uma pele com coloração normal. Isso ocorre devido ao fato que a maior parte da luz é absorvida e apenas uma pequena quantidade torna aos olhos, consequentemente a pele parece enegrecida (KEDE; SABA- TOVICH, 2009). A exposição solar durante a “instalação” ou formação do melasma pode gerar o eritema, que será definido como uma reação vascular, sendo extremamente prejudicial, pois resultará em inflamações subdérmicas que poderá piorar a hipermela- nose melasma (BORGES; SCORZA, 2016). 111 UNIDADE 4 Não podemos esquecer o fator crônico apre- sentado por essa disfunção, por isso, torna-se extremamente complexo sua abordagem. O fato deve-se, também, por vários fatores envolvidos, diversas etiopatogenias. Estudos mostram que, no inverno, a hipermelanose se cronifica e, em períodos do verão, ela se exacerba. Isso afirma uma das teorias aceitas descritas que a radia- ção ultravioleta estimula a oxidação dos lipídios da membrana plasmática celulares, formando radicais livres que estimulam os melanócitos a formarem melanina, provocando a hiperpig- mentação cutânea (MOSER, 2018). Outra forma de alteração na pigmentação da pele são as hiperpigmentação pós-inflamatória, em que a principal incidência são as pessoas de pele escura seguida de algum “tipo” de inflama- ção, como acne, dermatites ou traumas, inclusive estéticos não preparados, que poderão persistir por vários meses, isso devido à liberação de um mediador inflamatório denominado citocinas, que estimula a melanogênese (RIBEIRO, 2010). As hiperpigmentações por reações fototóxi- cas ou fitofotodermatite são hiperpigmentações causadas pelo contato com substâncias fotos- sensibilizantes associadas à exposição solar, são manchas que evolui com resposta inflamatória, podendo até gerar uma bolha, posterior a uma hiperqueratose e hiperplasia melanocítica, que leva à hiperpigmentação, também poderá ocor- rer pelo uso de medicação sistêmica fotossensi- bilizante ou uso tópico, ou alimentos, ou plantas e associação ao sol (RIBEIRO, 2010). Quando relatamos as hipermelanoses a lenti- gos, descrevemos as manchas pequenas, circuns- critas, de coloração castanho-escura ou negra, normalmente encontradas em áreas expostas ao sol, elas podem ser denominadas de manchas senis, seu aparecimento ocorre devido ao acúmu- lo de danos causados pelo sol ao longo da vida, geralmente aparecem depois dos 50 anos, sendo que o pigmento é encontrado na camada basal, apresentando-se de forma bem intensa e ativando mais melanócitos ativos (RIBEIRO, 2010). Essas hipermelanoses podem ser conhecidas como lentigos actínicos, ou senis, e são oriun- dos da exposição solar, por isso chamados tam- bém de lentigos solares, mais comum em peles com fototipos baixos, são observados a partir dos 30 anos de idade, suas lesões aparecem de forma rasa, de coloração marrom e uniforme, mais evidente em dorso das mãos e lateral da face, com aumento expressivo do número de melanócito ativos, porém de origem benigna (MOSER, 2018). Ao se tratar de melanose periorbital, as pri- meiras manchas que tratamos serão as olheiras, porém sabemos que elas se apresentam de for- ma hereditária e adquirida, assim, quando de origem genética, essa melanose não apresenta reversão. Como definição hipermelanose, lo- calizada na região periocular, ocasionada pelo aumento da melanina na epiderme, apresentan- do resultados aos cosméticos somente a nível superficial, as melhoras são obtidas somente com recursos médicos (RIBEIRO, 2010). 112 UNICESUMAR Quando os pigmentos são de origem da hemoglobina, essa hipermelanose poderá ser dividida em duas categorias: oxihemoglobi- na, definida como pigmentação vermelha que mantém a homogeneidade da cor da pele; e a desoxi-hemoglobina, identificada pela cor azul, definida como uma hemoglobina desoxigenada, que também está relacionada com as hiperpig- mentações periorbitais. Contudo, essas hiperme- lanoses, independentemente de sua origem, não vêm apresentado resultados na terapia cosmética (BORGES; SCORZA, 2016). Quando a hipermelanose tem sua origem genética, observa-se uma herança do tipo au- tossômica dominante, aparecendo ainda na in- fância ou na adolescência apresentando uma tendência nos indivíduos turcos, hindus e ibé- ricos (MOSER, 2018). Essa pigmentação não apresenta mudança na coloração da pele, porém a pálpebra fica mais es- cura com a presença da dilatação dos vasos; a hi- percromia ocorre devido ao acúmulo de hemos- siderina; e em decorrência do extravasamento dérmico sanguínea, decorre a transformação do grupo Heme da hemoglobina com liberação de íons ferro, originando a formação de radicais li- vres que estimulam os melanócitos a aumentar a produção do pigmento (MOSER, 2018). Alguns fatores podem contribuir para a piora do quadro ou até o aparecimento da hipermela- nose periorbital, sendo eles: o tabagismo, o álcool, a respiração bucal, noites mal dormidas, alguns medicamentos vasodilatadores (colírio), anti- concepcionais, quimioterápicos, antipsicóticos. A presença de algumas patologias podem causar essa hipermelanose, algumas seriam: retenção hí- drica, edema palpebral, tireopatia, nefropatias, cardiopatias e pneumopatias. Uma das formas de tratamento que poderiam amenizar os aspectos estéticos incluem a suspensão de fatores desenca- deantes, estimulação para remoção da hemossi- derina pré formada e utilização fotoproteção com hidratação (MOSER, 2018). Quando se trata de hiperpigmentação perior- bital, predominantemente melânica, acomete indi- víduos mais velhos, aparentemente com fototipos mais elevados, porém também pode ocorrer em fototipos mais baixos, e sua ocorrência se deve ao fato da exposição excessiva à radiação solar. Sabe- mos que as causas da hipermelanose periocular é multifatorial, podendo ser influenciada por vários fatores, inclusive, de condições anatômicas, por se tratar de uma região delicada com espessura e estrutura muscular diferenciada em pálpebra, com proeminentes sulcos e depressões que facilita a hiperpigmentação (MOSER, 2018). Como vimos, entender profundamente sobre as hipermelanoses, saber suas características e suas diferenciações é extremamente impor- tante para o profissional tecnólogo em Esté- tica e Cosmética. Sendo assim, convido você, caro(a) aluno(a), a ouvir o nosso podcast, que trata sobre as hipermelanoses mais comuns e de mais difícil tratamento nos consultórios de estética facial. https://apigame.unicesumar.edu.br/qrcode/3408 113 UNIDADE 4 Os tratamentos visando o clareamento das hipermelanoses de várias etiologias precisam ser tratadas em várias frentes, sendo que o primeiro objetivo será a penetração de radiação sobre essa pele, com a utilização de filtrossolares e, depois, utilizar cosméticos com ativos que apresentem ações clareadoras, entre elas a inibição da tirosinase, agir sobre a diminuição dos melanócitos funcionais e das reações inflamatórias, acionar a ação antioxidante dos pre- cursores da melanina na reação da melanogênese e promover a esfoliação dos queratinócitos carregados em melanina, que atuam na epiderme (RIBEIRO, 2010). Em todo tratamento cujo objetivo é o clareamento da hipermelanose, principalmente o me- lasma, o cosmético terá que atuar em todas as “frentes” de ação dentro do melanócito. Você, aluno(a) consegue lembrar de todas para elaboração de seu cosmético clareador? Observamos que alguns princípios ativos são que sua ação está diretamente ligada a controlar a pig- mentação da pele, é obtido sinteticamente por biotecnologia ou também em extratos de plantas, sendo capazes de inibir enzima tirosinase, obten- do, com essa ação, uma melhoria até mesmo na qualidade de vida dessas pessoas (MOSER, 2018). Ao proporcionar os tratamentos para hiper- pigmentação ou hipermelanose, os resultados irão depender do tipo e intensidade dessa man- cha, os cuidados mais efetivos visam na utilização do protetor solar e de ativos que serão competi- dores e inibidores da tirosinase, além de procedi- mentos estéticos, como peeling químico e que favorecerá a permeação dos ativos cosméticos e dos ativos despigmentantes (MOSER, 2018). Como nosso objetivo é a melhora dos qua- dros de hipermelanose, existem recomendações quanto aos tratamentos clareadores, ou seja, esse tratamento deverá ser seguido de orienta- ções e precauções para que não haja intercor- rências, sendo importante lembrar o paciente que o resultado dependerá da continuidade do uso no home care para ser mais eficaz; a manu- tenção se faz necessária e o tratamento não tem prazo para terminar, ele seguirá por período de manutenção (SOUZA, 2005). Durante todos os tratamentos de aplicação em home care, a pele deverá estar higienizada e hidratada, para melhor penetração dos ativos. Antes, para preparação do tratamento, a reco- mendação é a realização da limpeza de pele, em que poderá ser incluído um peeling quími- co para facilitar a “abertura” ou “diminuição” da aca córnea da pele, porém não exceder o processo inflamatório que deverá estar sempre controlado, evitando estímulo de melanogênese (KEDE; SABATOVICH, 2009). 114 UNICESUMAR Não é recomendável a aplicação em peles em menores que 12 anos, gestantes ou lac- tentes, nem em peles inflamadas com quei- maduras solares ou bronzeadas (KEDE; SA- BATOVICH, 2009). A indicação quanto ao uso do filtro solar se faz indispensável pelo menos 2 a 3 vezes ao dia com nível adequado de proteção de UVA e UVB, além de utilizar chapéu ou qualquer recurso à exposição demasiada ao sol, mes- mo em período de outono e inverno (KEDE; SABATOVICH, 2009). Para promover calmaria na pele ao utilizar algum clareador que promover alto grau de aquecimento, utilizar compressas com água fria e não fazer uso de soro ou água oferecidas pela indústria (SOUZA, 2005). A avaliação realizada pelo profissional é de pro- funda importância para eficácia e otimização dos resultados alcançados, além de que o profissional não deverá, jamais, prometer o que não poderá cum- prir, pois dependendo da localização do pigmento, os cosméticos não alcançam e o tratamento deverá seguir de outra forma, como microagulhamento ou procedimentos injetáveis (SOUZA, 2005). REALIDADE AUMENTADA Caro(a) aluno(a), com todos esses conhecimentos adquiridos, você precisa entender e compreender a importância dos fatores que interferem na síntese de melanina, assim, conseguirá compreender cada tipo de melanose, suas característica e como são formadas. Após você, como profissional, entender todos os mecanismos formadores das manchas, conseguirá elaborar tratamentos, tanto preventivos como amenizadores das mais variadas manchas, utilizando os recursos cosméticos associados aos recurso eletroterápico, otimizando cada vez mais os resultados e orientando pa- cientes a continuar seus tratamentos a home care para cada vez mais contribuir com a melhora dos seus tratamentos, essa é a importância desse conhecimento. Caro(a) aluno(a), vamos construir, agora, um Mapa Mental para ajudar na organização e compreensão dos conteúdos abordados até aqui. Sendo assim, a partir dos conceitos centrais da unidade, preencha o Mapa com informações, como frases de ligação, que se associam a esses conceitos. É importante que você dê continuidade ao Mapa Mental, pois essa prática irá te ajudar a memorizar os principais pontos estudados. Tratamento com peeling químico para melasma 115 M A P A M EN TA L TR AT A M EN TO S: PR EV EN ÇÃ O ? TI PO S D E H IP ER M EL A N O SE S SÍ N TE SE D E M EL A N IN A ? H IP ER M EL A N O SE S A G O R A É C O M V O C Ê 116 1. Paciente do sexo feminino, 38 anos, chega na clínica de estética em busca de um tratamento estético apresentando um quadro de envelhecimento instalado, com linhas de expressão está- tica e dinâmica, rugas superficiais e algumas melanoses solares, usa filtro solar algumas vezes na semana e não utiliza nada específico home care, sua ingesta hídrica não passa de 1,5 litros de água dia. De acordo com essa situação clínica, analise as alternativas e assinale qual seria a melhor opção de tratamento para essa paciente. I) Após a avaliação, seria proposto uma hidratação para, posteriormente, o tratamento de peeling químico. II) Avaliação, hidratação e tratamentos indutores de colágeno. III) Peeling químico, como ácido glicólico, e tratamentos indutores de colágeno. IV) Somente tratamentos agressores, como carboxiterapia, peelings e radiofrequência. a) Apenas I e II estão corretas. b) Apenas I e III estão corretas. c) Apenas II e III estão corretas. d) Apenas III e IV estão corretas. e) Apenas I e IV estão corretas. 2. Segundo Ribeiro (2010), a principal função da melanina é conferir proteção à pele contra os raios solares. Os melanócitos são células que produzem a melanina, uma substância responsá- vel pela coloração da pele e pela fotoproteção, porém seu excesso pode causar desequilíbrio e manchas. Diante dessa afirmação, avalie as asserções e razões que seguem, assinalando a alternativa correta. AFIRMAÇÃO I) Em estudos realizados, o melasma é uma patologia que recruta os melanócitos ativos e aumenta a produção da síntese melânica. PORQUE II) Um dos tratamentos utilizados para manchas em geral seria a associação dos tipos diferentes de peeling (físico, químico e mecânico), e esses tratamentos teriam uma frequência de 7 a 15 dias de intervalo. a) As duas questões estão corretas, porém a II não é a justificativa da I. b) As afirmações I e II estão corretas e a II justifica a I. c) As duas afirmações estão incorretas. d) A afirmação I está correta, porém a II está incorreta. e) A afirmação I está incorreta e a II está correta. A G O R A É C O M V O C Ê 117 3. Segundo Kede e Sabatovich (2011), as manchas são variações da cor na pele devido a alterações na quantidade de melanina. São chamadas as manchas hipercrômicas as alterações mais escuras em relação a pele, e hipocrômicas as alterações mais claras. Sobre o exposto, analise as sentenças a seguir e assinale a alternativa correta. I) As sardas ou efélides são manchas hipocrômicas. II) Os lentigos actínicos são manchas hipercrômicas comum em dorso de mãos. III) Melasmas são manchas decorrente, normalmente, de fatores hormonais e apresentam caráter hipercrômico. IV) As manchas solares são alterações decorrentes da exposição solar e envelhecimento, apre- sentando um caráter hipocrômico. a) Apenas as afirmativas I e III. b) Apenas as afirmativas II e III. c) Apenas as afirmativas III e IV. d) Apenas as afirmativas I e IV. e) Apenas as afirmativas II e IV. C O N FI R A S U A S R ES P O ST A S 118 1. A. Em todas as situações, a pele deveráser avalia- da, e antes de qualquer procedimento, devemos hidratar a pele para depois iniciar os tratamentos despigmentantes, assim a pele estará protegida e também terá melhor permeação dos cosméticos aplicados. 2. E. Normalmente, os tratamentos com peelings pre- cisam ter uma frequência de, no mínimo, 15/15 dias para não haver uma grande agressão de estrato córneo, gerando muita inflamação e futura mela- nogênese. 3. B. Essa alternativa está correta, pois essa questão descreve simplesmente as definições apresentadas, e as outras alternativas apresentam as definições descritas de forma contrária de como elas são. R EF ER ÊN C IA S 119 AZULAY, R. D. Dermatologia. 5. ed. rev. e atual. Rio de Janeiro: Guanabara Koogan, 2011. BORGES, F. dos S.; SCORZA, F, A. Terapêutica em Estética, Conceitos e Técnicas. 1. ed. São Paulo: Editora Phorte, 2016. KEDE, M. P. V.; SABATOVICH, O. Dermatologia Estética. São Paulo: Atheneu, 2009. MOSER, I. Peeling, Como eu faço? Londrina: Midiograf II, 2018. RIBEIRO, C. de J. Cosmetologia aplicada a dermoestética. São Paulo: Pharmabooks Editora, 2010. SOUZA, V. M. de. Ativos dermatológicos: Guia de ativos dermatológicos utilizados na farmácia de ma- nipulação para médicos e farmacêuticos. São Paulo: Pharmabooks, 2005. 120 M EU E SP A Ç O _Hlk55307572 _GoBack Sistema Tegumentar: a Pele e seus Anexos Acne Envelhecimento Hiperpigmentações _Hlk55318881 _GoBack _Hlk55392438 _Hlk55397241 _GoBackEste anexo apresenta como função básica a proteção contra o calor e o frio, além de proteger contra as partículas estranhas do meio ambiente, cada parte do pelo é composta de duas ou três camadas de queratina que é uma proteína altamente organizada estruturalmente. Anatomicamente, existem dois tipos de pelo: os velus, que são curtos e pigmentados, além de muito finos, eles apresentam distri- buição em toda a superfície corporal; e os pelos terminais que são mais longos e grossos, apresentam mais pigmentos e são encontrados no púbis, na face, nas axilas, nas pálpebras, no couro cabeludo, nos braços e nas pernas (RIBEIRO, 2010). As glândulas sebáceas são encontradas em todas as regiões do corpo, sendo anexadas aos pelos, apresentam-se numerosas e menor volume em regiões em que os pelos são abundantes. Sua localiza- ção ocorre na derme e sua excreção são lipídios que apresentam uma ligeira ação bactericida. Junto à sudorípara, conservam a temperatura corpórea e protegem o organismo contra a proliferação de bactérias (GUIRRO, E.; GUIRRO, R., 2004). Tratando somente das glândulas sudoríparas, elas são encontradas, praticamente, em todo o corpo, variando em número dependendo de cada região e apresentando diminuição com a idade, sua excre- ção é uma mistura de fluido de cloreto de sódio, com traços de ureia, sulfatos e fosfatos (RIBEIRO, 2010). Localiza-se na derme, por meio do folículo piloso e do poro, e entre suas funções básicas estão a eliminação de líquidos formados por água e ureia, e o controle da transpiração. Isso ocorre por dois tipos de glândulas: a écrina, produtora do suor inodoro e controlada pelo sistema nervoso central, e a apócrina, que apresenta uma produção ligeiramente viscosa com odor fétido (RIBEIRO, 2010). 16 UNICESUMAR Anatomicamente, as glândulas sudoríparas écrinas, encontradas por toda a pele, apresentam-se mais numerosas na testa, no couro cabeludo, nas axilas, nas palmas das mãos e nas plantas dos pés, localiza-se a partir da epiderme com sua secreção situada na junção derme e epiderme, sua co- municação com o meio externo ocorre por meio do ducto. As glândulas apócrinas são em pequeno número na infância, porém apresentam ativas na puberdade, sua concentração ocorre na região pubiana e axilar (RIBEIRO, 2010). Estrato córneo Estrato lúcido Estrato granuloso Célula dendrítica Estrato espinhoso Melanócito Estrato Basal Membrana Basal Derme Figura 1 - Estrutura da Epiderme É importante lembrar que a pele apresenta o potencial hidrogeniônico (pH) ácido, que é o resultado de concentrações das substâncias hidrossolúveis contidas na camada córnea das secreções sudoríparas e sebáceas, bem como o pH do ácido carbônico, que chega à superfície da pele por difusão pela junção dermoepidérmica. Dermatologicamente, o pH pode neutralizar pequenas quantidades aplicadas de agentes tópicos ácidos ou alcalinos na superfície cutânea (KEDE; SABATOVICH, 2009). Ao retornar a anatomia da pele descrevendo sobre sua composição química, a pele apresenta um pH fisiológico, sendo que o pH da pele é ácido, apresentando em valores de 5.5 a 6.5 com variações topográficas. Por exemplo, um sabonete, para ser considerado suave, precisa ter pH igual ou menor que 7. Em tratamentos à base de peeling químico, por exemplo, a pele chega a atingir um pH de até 2.5, podendo favorecer uma irritação cutânea (GUIRRO, E.; GUIRRO, R., 2004). A pele apresenta subdivisões de camadas, sendo composta por três camadas de tecidos: uma su- perior: a epiderme; uma intermediária: a derme, ou cório; e uma profunda: a hipoderme ou tecido celular subcutâneo (RIBEIRO, 2010). Descrição da Imagem: a figura apresenta uma estrutura microscópica da epiderme em camadas, sendo da mais superficial para a mais profunda. Inicia-se com o estrato córneo, o estrato lúcido e o estrato granuloso, seguido pela célula dendrítica e o estrato espinhoso. Em seguida, a imagem apresenta o melanócito e, por fim, o estrato basal, a membrana basal e a derme. 17 UNIDADE 1 Caro(a) aluno(a), devemos aprofundar os conhecimentos das camadas da pele para entender como ocorrem por meio de suas camadas e seus anexos a presença de uma de suas principais características, que é a absorção. Já pensou como profissional nesta função da pele? Pois, en- tão, ela permite que a pele receba os cosméticos que farão a diferença em seus tratamentos. A primeira camada considerando de fora para dentro, sendo a mais superficial, é a epiderme. Ela é formada por epitélio estratificado pavimentoso queratinizado, apresenta variações topográficas desde 0,04 mm nas pálpebras até 1,6 mm nas regiões palmoplantares; a espessura, na maior parte do organismo, é avascular, assim depende da derme, sendo dividida em cinco camadas distintas que continuamente são substituídas, e apresenta cinco tipos de células. Uma das células é o queratinócito, também chamado de corneócito, que constitui cerca de 80% da população de células da epiderme e é responsável pela constante renovação ou descamação da camada (RIBEIRO, 2010). A nível celular de formação dessa camada, os outros constituintes celulares que pertencem a essa camada são: as células de Langerhans, que é de 2 a 8% e pertencem ao sistema imunológico; as células de Merkel, 3%, que funcionam como um tipo de receptor tátil; e os melanócitos, de 5 a 10%, responsável pela produção do pigmento melanina (RIBEIRO, 2010). A célula produtora do pigmento mais importante do corpo humano se localiza nessa camada, conhecida como melanócitos, promove o pigmento da pele devido à liberação da melanina, definida como pigmento endógeno, cuja função é a absorção dos raios ultravioletas e auxiliar no escurecimento da pele, podendo se distinguir em dois tipos: eumelanina, pigmento de cor escura, e a feomelanina, de cor vermelha (KEDE; SABATOVICH, 2009). Quando ocorre a falta do pigmento melânico patologicamente, por exemplo, no albinismo, nossa pele perde uma de suas funções essenciais que é dispersão da luz natural e da luz artificial. Existem outros pigmentos para auxiliar na coloração do humano, que são considerados como exógenos: os carote- noides, que garantem a tonalidade amarela no nível epidérmico pela ação de certos alimentos, e a oxi hemoglobina, presente em arteríolas e capilares contidos na derme papilar, e que garante a coloração vermelha, além da hemoglobina produzida na pele que caracteriza a cor azul (MOSER, 2018). A nível químico, essa camada apresenta um pH ácido em todas as suas camadas, sendo a maior na camada córnea, apresentando um pH entre 5.4 e 5.6; a camada espinhosa possui um pH de 6.9; e a camada basal ou germinativa tem pH de 6.8, isso devido seu alto poder mitótico e metabólico (MOSER, 2018). A epiderme, como citado anteriormente, apresenta uma subdivisão em cinco camadas distintas e com características diferentes e próprias, principalmente, a nível de formação (RIBEIRO, 2010). A seguir, as camadas estão descritas de dentro para fora. 18 UNICESUMAR • Camada basal: a mais profunda da epiderme, constituída por 2 tipos de células, as células basais e os melanócitos. Apresenta grande capacidade mitótica, é responsável pela renovação da epiderme, num período de 21 a 28 dias; as células apresentam uma superfície estratificada apoiada na membrana basal. Definida como estrato germinativo, é a camada mais profunda da epiderme, sendo localizada próximo à derme, suas células são as basais, também conhecidas como germinativas, e os melanócitos. Ela apre- senta uma única fileira de queratinócito que pode ser chamado de células germinativas, que apresenta um formato cúbico ou cilíndrico, que ficam dispostos um ao lado do outro, a maioria com capacidade de multiplicação, ou mitose. Dessas células, 10% são células-tronco, 50% são células amplificadoras e 40% são células pós-mitóticas, que se movem para a periferia da epiderme na camada basal. As célu- las iniciam o processo de diferenciação celular, ou seja, sofrem uma série de alterações bioquímicas e morfológicasque resultam na produção de células mortas que serão retiradas da superfície cutânea e, naturalmente, substituída por novas células – esse processo pode ser definido também como “tunover celular” (RIBEIRO, 2010). Sua função é a produção de novas células que se deslocam para as camadas mais superficiais da pele, esse processo caracteriza o processo de formação dos estratos adjacentes espinhoso, granuloso e córneo. Quando as células se afastam da fonte de nutrição, elas começam a morrer e sofrem a queratinização, esse ciclo mitótico da célula é por volta de 28 dias, desse modo, a queratina endurece e impermeabiliza parcialmente a epiderme, garantindo a manutenção da pele. • Camada espinhosa: suas células apresentam aspecto espinhoso, é a função, a manutenção e a ligação entre as células da epiderme e, consequentemente, entre o atrito. Também conhecida como estrado de Malpighi, apresenta como característica uma espessura diferenciada, situando acima da camada basal, formado por fileiras de células de queratinócitos, variando seu número de acordo com fatores endógenos e exógenos. Os formatos celulares são em poliedros, que, ao deixarem o estrato basal, passam importantes transformações morfológicas moleculares e histoquímicas. Nessa camada, os queratinócitos têm aparência de células com espinhos na sua superfície (RIBEIRO, 2010). • Camada granulosa: nessa camada, a principal característica é a presença de grânulos de que- rato-hialina, sua apresentação anatômica segue em direção à epiderme. À medida que esses grânulos aumentam de tamanho, o núcleo dessas células se desintegram e ocorre a apoptose celular do estrato granuloso, esses grãos de queratina liberados serão constituídos por profi- lagrina, que se converte em filagrina, que é uma proteína que proporciona resistência a essa camada (RIBEIRO, 2010). • Camada lúcida: é uma camada presente somente em áreas de pele espessa, não sendo ob- servada com facilidade. Essa camada pode ser denominada de transição, pois se situa entre os estratos granuloso e córneo, presentes na pele da planta dos pés e palma das mãos. Observa-se que, nessa fase, as células se encontram anucleados e formam uma faixa clara e homogênea (RIBEIRO, 2010). • Camada córnea: essa é a camada mais superficial que estamos em contato pelo meio externo, suas células são anucleadas, apresentam membranas celulares espessas, e o citoplasma corres- 19 UNIDADE 1 ponde a um sistema de um filamento de queratina. As células são ligadas e chamadas de cor- neificadas, apresentam como característica a proteção do organismo contra os microrganismos e a perda de água, suas células são diferenciadas, sendo achatadas e não apresentando núcleo, têm espessura variável de acordo com a localização anatômica, podendo atingir até 1,5 mm de espessura. Os queratinócitos localizados nessa camada promovem o processo de maturação e descamam essa camada (RIBEIRO, 2010). Essa camada apresenta, fisiologicamente, de 10 a 30% de água, caso esse valor estiver abaixo dos 10%, essa camada está desidratada, ou seja, o equilíbrio de hidratação e lubrificação na camada superficial da epiderme reflete luminosidade e suavidade da pele (RIBEIRO, 2010). Logo abaixo da epiderme, temos a 2ª camada anatômica, denominada de derme ou o cório. Como tecido compreende denso estroma fibroblástico, no qual se situam as estruturas vasculares, nervosas e os órgãos anexiais da pele, glândulas sebáceas, sudoríparas e folículos pilosos (KEDE; SABATOVICH, 2009). Essa camada é formada, especialmente, de tecido conjuntivo e se comunica com a 3ª camada da pele. Localizam-se nessa camada as fibras elásticas, reticulares e fibras colágenas, sua nutrição ocorre por vasos sanguíneos, vasos linfáticos e nervos. Observa-se também que essa camada apresenta variações de espessura de acordo com as partes do corpo (GUIRRO, E.; GUIRRO, R., 2004). Pode ser definida como camada intermediária ou, também, de sustentação da pele e apresenta um pH alcalino. Quanto à origem embrionária é do mesoderma e, histologicamente, apresenta tecido conjuntivo propriamente dito, pelo qual a epiderme se fixa. Além disso, essa camada é constituída por células denominadas fibroblasto, responsável pela síntese de fibras de colágeno, elastina e por enzimas, como colagenase. Outras células também compõem essa camada, sendo elas: os macrófagos, os linfócitos e os mastócitos que desempenham a defesa imunológica dessa estrutura intermediária (BORGES; SCORZA, 2016). A derme é altamente vascularizada por vasos sanguíneos e linfáticos, apresenta em sua anatomia estruturas nervosas sensoriais e musculatura lisa. É dividida em duas camadas: a camada superficial ou papilar, formada por tecido conjuntivo propriamente dito do tipo frouxo, sendo localizada ime- diatamente abaixo da epiderme, e a camada reticular, ou profunda, composta de tecido conjuntivo propriamente dito do tipo denso, não modelado, e situada profundamente em relação à camada papilar (BORGES; SCORZA, 2016). A derme papilar apresenta como característica a maior quantidade de matriz extracelular, no entanto, menos colágeno e elastina; as fibras de colágeno e elastina estão arranjadas de maneira mais dispersa e orientadas perpendicularmente em direção à superfície; os vasos sanguíneos contidos nessa camada, embora abundante, são pequenos e com diâmetro de capilares. Contudo, a maior parte da derme é formada da camada reticular, sendo constituída de fibras de colágeno longas e espessas e fibras de elastina, geralmente assumindo um arranjo longitudinal paralelo à superfície cutânea (BORGES; SCORZA, 2016). Essa camada demonstra uma significativa variação estrutural em diferentes regiões do corpo, em que uma região mais espessa se localiza na região do dorso com quase 4 mm. A superfície posterior do corpo é quase sempre mais espessa do que a anterior, e as partes laterais mais espessa que as posteriores (BORGES; SCORZA, 2016). 20 UNICESUMAR Em relação às células encontradas na camada dérmica, uma delas é o fibroblasto, sendo a mais presentes nessa camada, é essencialmente responsável pela produção dos elementos fibrilares, como colágeno e elastina, e não fibrilares, como as glicoproteínas, proteoglicanas e o ácido hialurônico con- tidos na derme. O colágeno que é produzido por essa célula atua na reparação tecidual em qualquer tipo de trauma sofrido na derme, e influencia a função celular dos fibroblastos próximos à ferida, pro- movendo migração dessas células em direção à área lesada, produzindo grande quantidade de matriz colagenase. Sabemos que fatores ambientais, químicos e físicos podem induzir a perda da capacidade proliferativa e da função dos fibroblastos e até sua morte, ou também, por outro lado, pode ocorrer aumento exacerbado na produção de suas funções, fato que induz as fibroses cicatriciais (BORGES; SCORZA, 2016). Figura 2 - Fibroblasto da Derme O colágeno é uma glicoproteína formada pelos aminoácidos glicina, prolina e hidroxiprolina, formando três cadeias polipeptídicas, sendo considerada a principal e mais abundante proteína que compõem o tecido conjuntivo, fazendo parte de uma família com mais de 20 tipos de colágeno em nosso orga- nismo, descritos na literatura. Corresponde a 75% do peso seco da derme e esse valor diminui cerca de 1% a cada ano em ambos os sexos, principalmente do colágeno tipo I (BORGES; SCORZA, 2016). Na pele, o colágeno está distribuído da seguinte forma: tipo I, III, IV e VII, sendo em maior quan- tidades do tipo I e III, estando presentes na derme papilar predominantemente nas fibras colágenas do tipo III, consideradas a segunda forma mais abundante de colágeno na pele, compreendendo cerca Descrição da Imagem: na figura, à esquerda, temos uma representação de várias camadas da pele humana, em que o ponto de atenção é o fibroblasto, que é localizado na derme. À direita, é possível verificar microscopicamente um exemplo de fibroblasto. 21 UNIDADE 1 de 10 a 15% da matriz extracelular. Nessa camada,existe maior número de fibroblastos e capilares do que na derme reticular, e sua fibra colágena é mais fina, não se agrupando em feixes, como acontece na derme reticular, isso quer dizer que a pele é menos consistente quando comparada com a porção reticular. Observa-se que, na camada de derme reticular, os feixes de colágeno tipo I representa de 80 a 85% da produção da matriz na pele jovem (BORGES; SCORZA, 2016). Ao ocorrer qualquer intercorrência, a proteína do colágeno tipo I, por exemplo na exposição à radiação solar, será atribuída uma perda de mais de 59% desse nível, pois o sol agride a matriz, au- mentando as enzimas capazes de degradar a proteína. Essas são denominadas de metaloproteinases, além de resultar na produção de colagenase gelatinase e estromelisina, como também na degradação da elastina (KEDE; SABATOVICH, 2009). Em procedimentos de estética facial, quando aplicamos, por exemplo, um equipamento de der- moabrasão, a pele reage com a neocolagenase, ou seja, aumento do colágeno tipo I; outra forma de observar a formação de colágeno e elastina (neocolagenase e a neoelastase) pode ocorrer a partir de liberação de proteínas denominadas proteínas de choque térmico, que são ativadas com indução de elevadas temperaturas na pele, por exemplo, aplicação da radiofrequência ou laser, que contribuem para o desencadeamento de uma cadeia inflamatória, resultando na produção do colágeno tipo I (BORGES; SCORZA, 2016). Pele jovem Pele envelhecida Colágeno Envelhecimento Descrição da Imagem: na figura, temos três desenhos de faces femininas, e cada face está representando uma fase de envelhecimento da pele: a primeira face disposta à direita apresenta uma pele bem jovem com uma representação microscópica da presença de colágeno. Na segunda face, localizada ao centro da imagem, temos uma pele de média idade e um pequeno gráfico apresentando o caimento do nível de colágeno nesta fase. A imagem é finalizada com a terceira face disposta à esquerda, indicando uma pele madura, com uma representação microscópica dos baixos índices de colágeno. Figura 3 - Diminuição do colágeno com a evolução da idade 22 UNICESUMAR O colágeno apresenta uma distribuição quanto sua localização ana- tômica, ou seja, sua micro organização presente na derme papilar apresenta um papel, um padrão tensional característico e distinto, denominado de linhas de Langer ou linhas de tensão da pele. As linhas de tensão foram descritas por um anatomista chamado Kar- lange, que verificou que os feixes de fibras de colágeno na derme se apresentavam em todas as direções anatômicas para produzir um tecido resistente em um local específico e concluiu que a maioria das fibras da pele segue a mesma direção (BORGES; SCORZA, 2016). O colágeno tipo IV é encontrado na zona da membrana basal, formando uma trama entre as camadas da pele (epiderme e a der- me); o tipo VII forma fibrilas de ancoragem na junção dermo-epi- dérmica, algumas pesquisas demonstram que a ligação aquecida entre a derme e a epiderme afeta o colágeno tipo VII, podendo levar também à formação de rugas (GUIRRO, E.; GUIRRO, R., 2004). Devido à produção dessa proteína de colágeno depender da célula de fibroblasto, devemos lembrar que existem fatores que levam a perdas da capacidade proliferativa e da função dos fibro- blastos, se por um lado o fibroblasto pode sofrer perdas em suas funções, por outro pode ocorrer aumento exacerbado na produção de suas células, fato que induz as fibroses cicatriciais (GUIRRO, E.; GUIRRO, R., 2004). Ressaltamos, na derme, a produção da elastina, outra proteína presente nessa camada, que faz parte dessa elástica, e apresenta al- guns exemplos funcionais, sendo sua capacidade de ser tracionada ou distendida e recuar a sua forma fisiológica normal, e a com- pressibilidade que a capacidade da pele tem de suportar forças de compressão, isso ocorre pela alta viscosidade da derme, fornecida pelas macromoléculas de glicosaminoglicanas e proteoglicanas (BORGES; SCORZA, 2016). Essa proteína, produzida pelos fibroblastos, apresenta como função a elasticidade e resistência ao desgaste cutâneo. A fibrina é outro componente elástico que permite resistência e suporte para deposição da elastina. Além dos componentes elásticos principais, o sistema elástico é formado por três tipos de fibras: de oxitano, presentes em disposição perpendicular na derme papilar; jovens fibras de que se fixa a um complexo horizontal de fibras na derme reticular denominadas maduras; e fibras elásticas mais maduras, essas não têm nome próprio, que são espessas e encontradas na derme reticular profunda (AZULAY, 2011). 23 UNIDADE 1 Como vimos, saber profundamente sobre a pele da face é extrema- mente importante para o profissional tecnólogo em Estética e Cos- mética. Sendo assim, convido você, caro(a) aluno(a), a ouvir o nosso podcast, que trata sobre a anatomia da pele facial, os fototipos cutâneos de cada indivíduo e a interação dos anexos com as afecções faciais. Esse tecido pode ser degradado e pode levar ao acúmulo de massas amorfas e grosseiras, além ao aumento significativo das glicosa- minoglicanas. Se ocorrer a redução do colágeno, o resultado será a hipertrofia da derme papilar, e esse aumento da consistência da pele é uma manifestação clínica denominada elastose, que resulta em enrugamento profundo da pele que é comum em pessoas que passam tempo prolongado e repetido à luz solar (AZULAY, 2011). Temos que ressaltar que a derme envia a nutrição para epiderme por meio das papilas dérmicas, essas junções permitem assegurar a aderência entre a epiderme e a derme, além de propiciar as trocas metabólicas necessárias para pele. Essas papilas, quando se pene- tram na epiderme em direção à superfície, apresentam uma série de cristas que estão separadas por sulco, constituindo, dessa maneira, as impressões digitais (GUIRRO, E.; GUIRRO, R., 2004). Toda a camada dérmica é “banhada” por uma substância viscosa denominada de substância fundamental amorfa, cuja característica é promover a resistência e compressão sobre o tecido, esse gel é altamente hidrofílico de macromoléculas, nomeadas de glicosa- minoglicanas, proteoglicanas e de glicoproteínas, que oferecem firmeza e turgor da pele (BORGES; SCORZA, 2016). A substância fundamental como também outros componen- tes do tecido conjuntivo têm propriedade de tixotropia, ou seja, a capacidade de passar do estado líquido para o estado de gel e vice-versa. Quando o tecido conjuntivo dérmico sofre um aumento de temperatura por meio de um recurso termoterápico, o grau de viscosidade e a resistência da pele diminui proporcionalmente ao ganho do nível de calor; em contrapartida, com a queda de tem- peratura, a viscosidade aumenta, diminuindo a maleabilidade à elasticidade, como também a compressibilidade da pele (GUIRRO, E.; GUIRRO, R., 2004). A 3ª camada da pele, mais profunda, a hipoderme, compõe-se de tecido adiposo, sendo o tecido no qual a pele descansa, está conectada com a fáscia dos músculos subjacentes e pode ser definida também como tela subcutânea, tendo uma variada camada de tecido adiposo (RIBEIRO, 2010). 24 UNICESUMAR Como composição anatômica, essa camada se dispõem em duas camadas, em que a mais superficial é denominada de areolar, sendo composta por adipócitos globulares e volumosos, e a outra camada em disposição vertical, em que os vasos sanguíneos são numerosos e delicados (GUIRRO, E.; GUIRRO, R., 2004). Como definição, essa camada recebe o nome de panículo adi- poso, ou seja, uma camada profunda localizada abaixo da der- me e acima da aponeurose muscular, sendo constituída por um agrupamento de células adiposas que armazenam gordura e estão separadas por finos septos conjuntivos, que é um tecido conjuntivo frouxo, em que se encontram os vasos e os nervos, as células adi- posas chamadas de adipócitos são originadas a partir das células embrionárias mesenquimais, que produziram as células lipoblastos (BORGES; SCORZA,2016). Essa camada apresenta como função principal o isolamento térmico, além de promover a proteção contra traumas mecânicos, realiza armazenamento calórico, modela superfície corporal de homens e mulheres e preenche o espaço entre os tecidos. Ela é responsável pelo metabolismo de hormônios que controlam o rit- mo da lipólise, como ACTH, insulina, catecolaminas, entre outros (RIBEIRO, 2010). Existe uma diferença considerável entre a espessura da cama- da hipodérmica feminina e a masculina, ou seja, essa regulação é controlada por hormônios andrógenos e estrógenos, como também pelos adrenocorticais na fase da puberdade; na mulher, a distri- buição se concentra na região do glúteo, na região bitrocantéri- co, chamada de culote nos quadris, nos flancos e nos joelhos; nos homens, a disposição da gordura se concentra na área abdominal (AZULAY, 2011). Os adipócitos dessa camada feminina, quando comparada à masculina, possuem desigualdade estrutural quanto à disposição em seus septos conjuntivos ao redor das células de gordura; quando aumentam seu volume de gordura corporal, o corpo feminino res- ponde com uma expressão celular mais pronunciada na superfície cutânea, em que as células femininas se dispõe justapostas por fibras conjuntivas paralelas; nos menino, as células se encontram justapos- tas e sustentadas por fibras cruzadas, como rede, o que dificulta o aumento de tamanho da célula de gordura. Outro fato é que o tecido adiposo masculino representa de 10 a 14% da massa corpórea; em contrapartida a menina prepondera com; aproximadamente; 18 a 20% da massa corporal (RIBEIRO, 2010). 25 UNIDADE 1 A pele é um dos componentes do sistema tegumentar mais utilizados em estética facial, o qual apresenta como uma de suas principais características o grande poder de absorção de cosmé- ticos. Dessa forma, conseguimos grandes resultados nos tratamentos de afecções cutâneas. Logo abaixo da camada de adipócitos pertencentes à camada hipodérmica, encontramos os mús- culos da face, que, nesse caso, é predominantemente lisa e involuntária. Dentre os mais estudados estão o músculo eretor do pelo que refere estímulo de acordo com a mudança da temperatura ambiental e corporal, promovendo o que chamamos de arrepio (BORGES; SCORZA, 2016). Como em todos os sistemas, existe um sistema de irrigação que, nesse caso, a pele depende de dois plexos arteriais que a suprem, um localizado entre a derme e a hipoderme, e o outro entre as camadas papilar e reticular. A função circulatória desses plexos permite a nutrição da epiderme por meio de difusão e controle da temperatura do corpo, por meio da dilatação de seus vasos, assim o fluxo sanguí- neo aumentado serve como facilitador para perda de calor em condições quentes, e o fluxo sanguíneo diminuído serve para minimizar a perda de calor em condições de frio (RIBEIRO, 2010). A circulação da pele acontece por meio de dois entrelaçamentos, sendo o primeiro chamado de plexo superficial e o outro de plexo profundo. Anatomicamente, o plexo mais superficial está disposto logo abaixo das papilas dérmicas, conhecido por plexo subpapilar, que tem a função primordial de suprir a necessidade circulatória da derme. Abaixo está o plexo profundo, localizado na junção da hipoderme com a derme, denominado plexo cutâneo. A vista disso, esses plexos estão dispostos paralelos à superfície cutânea e ligados por vasos comunicantes situados perpendicularmente (BORGES; SCORZA, 2016). Tratando da sensibilidade cutânea da pele, como tato, dor, calor e frio, essas serão captadas por vários receptores especializados, que estão localizados em regiões diferentes da pele. Por exemplo, no caso dos receptores da dor, eles são representados pelas terminações nervosas livres, que se distribuem por baixo das células da camada profunda da epiderme; as sensações táteis estão a cargo dos corpúsculos de Paccini, de Meissner e da rede de fibras que circundam os folículos pilosos; na sensação do frio intervêm os corpúsculos de Krause e na de calor os de Ruffini (MOSER, 2018). A pele humana, de acordo com sua distribuição anatômica e quantidade de anexos, principalmente quanto à quantidade de glândulas sebáceas, terá uma classificação, também denominada de biotipo, que é importante, pois, para cada biotipo, será atribuído uma forma de tratamento e um cosmético específico. Apresentaremos, de acordo com as características, os biotipos (classificação) da pele humana. Para isso, antes de qualquer procedimento, é necessário observar as características da pele, utilizar exame visual, palpação tátil, lupa, podendo ou não ser realizada a higienização da face, colo e pescoço. 26 UNICESUMAR A mais utilizada é diferenciada de acordo com suas características (RIBEIRO, 2010). • Pele eudérmica (normal): caracteriza-se por apresentar secreção sudorípara e sebácea equilibradas, coloração e tex- tura normais, boa elasticidade, boa hidratação e óstio finos. • Pele alípica (seca): caracteriza-se por apresentar textura fina, opaca, secreção sebácea insuficiente ao contato com cosméticos abrasivos, tendência ao aparecimento de linhas de expressão e óstios pouco visíveis. • Pele lipídica (oleosa): caracteriza-se por apresentar óstio dila- tados, hiperatividade das glândulas sebáceas, aspecto brilhante, espessa com tendência a lesões como comedões e millium. • Pele mista: caracteriza-se por apresentar oleosidade e ós- tios visíveis na região do nariz, testa e mento (zona T); nas laterais da face a pele apresenta eudérmica ou alípica, pode apresentar também uma tendência oleosa ou seca. Para cada biotipo apresentado com suas características, um cos- mético será o ideal, e assim teremos que observar como cada pele reagirá seguindo as permeações tópicas desses cosméticos, ou seja, sabemos que um dos grandes desafio dos cosméticos é vencer a barreira cutânea imposta pela epiderme e que sejam aproveitados suas características nas camadas mais internas (RIBEIRO, 2010). Ativos cosméticos dependem das suas propriedades físico-quí- micas para atravessar a barreira da epiderme e serem absorvidos pela pele. Sabe-se que os produtos hidrossolúveis são os que conse- guem penetrar com maior facilidade na epiderme, essa penetração ocorre por meio de filamentos de queratina e é diretamente pro- porcional ao grau de hidratação da pele. Os ativos lipossolúveis à penetração ocorre por meio de lípides, encontrados na queratina da epiderme, e sua permeação será tão maior quanto menor for o grau de viscosidade e a volatilidade do produto (MOSER, 2018). Para observar a melhor absorção, um fator importante é a pilo- sidade, portanto, observa-se que ocorre a absorção por meio dos folículos pilosos, assim, uma região com maior quantidade de pelos terá maior absorção que uma região de pele glabra (RIBEIRO, 2010). A volatilidade e a viscosidade da formulação também influem na penetração do produto, além de que o tamanho da molécula também tem grande influência; ativos menos voláteis e menos viscosos tendem a ter uma penetração maior; ativos com tamanho molecular menor também terão maior aproveitamento do que ativos com moléculas muito grande (MOSER, 2018). 27 UNIDADE 1 28 UNICESUMAR O tempo de exposição da pele ao produto e temperatura também são importantes, quanto maior o tempo de exposição, maior a penetração. O mesmo vale para temperatura do local em que se aplica o produto (RIBEIRO, 2010). A permeação cutânea tem sido conceituada como a passagem de ingredientes de formulações aplicadas na pele por meio da camada córnea (MOSER, 2018). A permeação cutânea não pode ser evitada, porém pode ser modificada pelos ingredientes da for- mulação, devido ser uma interação físico-química entre dois sistemas (produto versus membrana de absorção), modulados por uma barreira (camada córnea). A presença de adjuvantes na formulação, como promotores de absorção cutânea (alteradores da permeabilidade cutânea) e veiculação de ativos em sistemas de liberação (lipossomas, nanopartículas,nano e micro emulsões, entre outros) influen- ciam o grau de permeação cutânea do ingrediente, essa permeação dependerá do tempo de contato do produto com a pele, da concentração dos ingredientes estudados e da área de contato, conforme descrito pela Lei de Fick (RIBEIRO, 2010). De acordo com a avaliação da permeação dos ativos na pele e da grande complexidade que envolve parâmetros relacionados à avaliação do risco, alguns conceitos se tornam importantes (RIBEIRO, 2010). • Perigo: propriedade intrínseca de um ingrediente, é um potencial de causar um dano, sem relação com a dosagem ou a exposição. • Dano: é a lesão ou reação causada pelo ingrediente ou associação de ingredientes de um produto. • Risco: é a probabilidade de ocorrência do dano, em função do nível de exposição. Risco cos- mético é a probabilidade de ocorrência de uma das reações descritas a seguir. • Irritação: processo inflamatório que ocorre na área de contato com o produto, podendo ocor- rer após a primeira aplicação (irritação primária) ou com a continuidade de uso (irritação acumulada). É determinada por um dano tecidual agudo ou crônico de intensidade variada. É dependente da concentração dos ingredientes no produto final, da formulação como um todo, quantidade aplicada, frequência e modo de aplicação. • Sensibilização: processo inflamatório que envolve mecanismo imunológico, do tipo celular, com tempo de contato variável, de alguns dias ou mesmo de alguns anos, até que o organismo reconheça um ou mais ingredientes como alergênicos. É uma resposta que não ocorre nas pri- meiras aplicações, a não ser que o indivíduo já se encontre sensibilizado a um dos ingredientes do produto, podendo aparecer em outra área, diferente da aplicação. As respostas de irritação e sensibilização do ponto de vista clínico são semelhantes, caracterizadas pela ocorrência de um ou mais dos seguintes sinais clínicos: eritema, edema, pápula e pústula. Diferenciam-se pelo fato de a irritação ser dose dependente, enquanto a sensibilização não. O indivíduo, uma vez sensibilizado, desenvolverá a reação a toda exposição aos ingredientes. • Sensações de desconforto: são reações comuns a cosméticos, caracterizadas por sintomas subclínicos que podem sinalizar uma irritação: ardência, prurido/coceira, dor, pinicação, entre outros. • Efeito sistêmicos: resulta da passagem de quaisquer ingredientes do produto para a corrente circulatória, independentemente da via de aplicação. O risco sistêmico é avaliado a partir dos dados relativos aos ingredientes. 29 UNIDADE 1 De acordo com a qualidade da pele e a forma que o ativo cosmético “entra” na pele, utilizamos termos diferenciados dentro da cosmeto- logia, assim, definimos alguns termos para melhor identificar como utilizar cada um dentro da nossa profissão. Quando o ativo cosmético atinge seu alvo, porém, para isso, a pele precisa ser preparada antes, o termo correto é penetração, uti- lizamos muito esse termo quando usarmos, por exemplo, a técnica de microagulhamento em estética (AZULAY, 2011). A permeação é um termo utilizado para cosmético em que os ativos atingem somente a epiderme, não ultrapassando a camada córnea queratinizada da pele, a permeação de produtos depende, inicialmente, do tamanho da molécula do ativo, bem como da espes- sura da camada córnea. A permeação pode acontecer via intercelu- lar, transcelular ou transfolicular, quando desejamos que esse ativo ultrapasse a camada córnea e atinja a derme, a substância deverá ser capaz de promover glicação da camada córnea (AZULAY, 2011). O termo absorção é utilizado para fármacos e medicamentos, e ocorre quando o ativo atinge a corrente sanguínea e, a partir daí, passa a agir de forma sistêmica, desta forma, não usamos em estética, pois não utilizamos para aplicar cosméticos (BORGES; SCORZA, 2016). A melhor absorção se usa as bases transdérmicas, sendo uma emulsão O/A, que faz a permeação de fármacos por meio das ca- madas da pele (estrato córneo, epiderme, derme e hipoderme) até a liberação do fármaco na corrente sanguínea, tendo o efeito desejado (BORGES; SCORZA, 2016). A presença de promotores de permeação na fórmula permite que fármacos sejam capazes de atravessar as principais barreiras da pele, pois estes agentes atuam abrindo espaços entre as células ou, até mesmo, facilitando a difusão de fármacos por meio delas, sen- do, portanto, eficazes na administração de fármacos até a corrente sanguínea (BORGES; SCORZA, 2016). Sabemos, hoje, que uma das melhores formas de melhorar a penetração e a permeação dos ativos na pele é pela hidratação, bem como manter a pele sem sinais do envelhecimento. A hidratação na face é a maior representante da idade e da saúde, enquanto os olhos são considerados como a janelas da alma, a face é o seu qua- dro, nenhuma outra parte do corpo demonstra o passado histórico pessoal de modo tão convincente (AZULAY, 2011). 30 UNICESUMAR Em uma face, as rugas se formam bem antes do restante do cor- po e servem como indicadores de idade e estilos de vida; a cor e a luminosidade relativa da pele representam a saúde geral e o estado emocional, bem como a falta de hidratação geral, tanto de dentro para fora como de fora para dentro (RIBEIRO, 2010). A pele da face pode ser classificada de apagada à luminosa; a face espalha as alterações agudas de bem-estar, por exemplo, indivíduos com complicações cardíacas têm aparência cinzenta, enquanto a raiva ou o constrangimento podem ser expressos com a face aver- melhada, assim a face representa o estado físico atual do indivíduo (AZULAY, 2011). A pele facial possui constituição fisiológica peculiar com inú- meras glândulas sudoríparas e uma derme relativamente fina, é densamente constituída por glândulas sebáceas e o ponto principal de contato para estímulo sensorial possui alta inervação, sendo mais sensível que a pele de outros locais do corpo. Apele que cobre a face também permite sutilidades de expressões faciais e forma- ção de todas as áreas do corpo com o maior e o mais alto nível de hidratação (RIBEIRO, 2010). Para determinar a área do corpo hidratada de modo mais cons- ciente, foi calculada a proporção de perda transepidérmica de água em relação à hidratação de superfície cutânea, e as menores propor- ções foram encontradas na testa e nas regiões malares (BORGES; SCORZA, 2016). O objetivo fisiológico da hidratação facial é restaurar a elasti- cidade e a flexibilidade desse sistema, restaurando sua função de barreira; além disso, a reintrodução de umidade no sistema permite o funcionamento adequado de enzimas de descamação e restaura o ciclo natural de renovação da pele. Kligman e Laden definiram hidratantes como substâncias ou produto aplicados topicamente que superam os sinais e sintomas de pele seca (RIBEIRO, 2010). Na estética, a hidratação deve alcançar uma pele macia em todo aspecto luminoso e saudável, conforme a avaliação subjetiva. Além de que o uso regular de hidratantes faciais diminui e previne sinais de envelhecimento, especialmente quando formulado com proteção solar de amplo espectro, para o uso durante o dia. Como a face é uma das áreas mais sensíveis do corpo, o hidratante facial deve atender aos requisitos estéticos, além de abranger uma ampla gama de atributos de desempenho protetores (BORGES; SCORZA, 2016). 31 UNIDADE 1 Há expectativa de que um hidratante diminui o ressecamento, melhora a aparência da pele opaca, a suavidade e a maciez da pele e aumente sua nutrição, além disso, essas expectativas devem ser alcançadas por um hidratante com presença mínima e com qualidades sensoriais. Um hidratante formulado de modo adequado pode suplementar a função de lipídios epidérmicos endógenos e restaurar a função de barreira epidérmica (BORGES; SCORZA, 2016). A pele precisa continuar seu processo natural de renovação e descamação em uma taxa normal. Para que isso ocorra, fazem parte várias categorias básicas de ativos, sendo eles: os umectantes, como a glicerina que atraie conserva a umidade, facilitando a hidratação; os emolientes, geralmente os lipídios ou óleos, que melhoram a flexibilidade e proporcionam um efeito secundário de maciez à pele e às membranas de mucosa; os ingredientes oclusivos que criam uma barreira hidrofóbica para reduzir a perda de água da pele; os emulsificantes que trabalham para unir substâncias e os elementos importantes nas misturas de água e óleo empregados em fórmulas hidratantes; e os conservantes, que evitam o colapso prematuro dos componentes que fazem parte da formulação básica de qualquer cosmético hidratante (AZULAY, 2011). São enormes a formulação de um hidratante de aceitável efetivo para face, que possibilita que ocorra os processos naturais da descamação da pele e que mantenha a função de barreira saudável enquanto atingir altos padrões de estética, sendo considerado tanto uma arte como uma ciência (KEDE; SABATOVICH, 2009). Na manifestação da pele seca, provavelmente ocorre a participação de um componente genético ou, ainda, a influência de fatores ambientais e comportamentais, por exemplo o hábito de fumar e beber, o stress, a idade e o sexo (AZULAY, 2011). O comprometimento da função da barreira córnea leva à perda de água por meio da pele, isso pode aumentar a liberação de citocinas que induz a um processo inflamatório, prejudicial (AZULAY, 2011). A pele humana hidratada se apresenta suave ao toque, macia e uniforme, o mesmo não pode ser dito da pele seca, que perde a sua viscosidade, tornando-se áspera, opaca e, às vezes, descamativa. Normal- mente, as peles secas estão associadas a menor presença de lipídios secretados pela glândula sebácea, enquanto a hidratada pode estar acompanhada de uma maior presença deste lipídio (AZULAY, 2011). A hidratação cutânea varia de acordo com os seguintes fatores: unidade externa, transporte de água nas camadas mais inferiores da pele para superfície cutânea, velocidade de evaporação da água e velocidade de queratinização (AZULAY, 2011). O sebo que será liberado pelas glândulas sebáceas, formulado por ácido graxo, triglicerídeo, es- caleno e cera, forma um filme lipofílico sobre a camada córnea, que dificulta a saída e evaporação da água da superfície da pele (AZULAY, 2011). A redução da secreção sebácea faz com que a pele se torne mais seca. As crianças têm que apresentar a pele seca até a puberdade, em parte devido a menor secreção do sebo, o mesmo pode ser observado no envelhecimento, quando ocorre a redução da secreção sebácea (SANTOS, 2013). A hidratação da camada córnea corre entre a junção dos lipídios e os corneócitos, e o fator natural de proteção forma 30% dessa camada, que corresponde também à degradação das proteínas intrace- lulares localizadas nos grânulos de querato hialina, os queratinócitos da camada granular associados a outros componentes umectantes da pele (SANTOS, 2013). 32 UNICESUMAR Ao depararmos com uma pele seca, algumas manifestações clínicas se tornam importantes como: prurido, queimação, sensação de pinçamento, sensação de estiramento da pele, descamação em aglome- ramentos de corneócitos, diminuição da flexibilidade da camada córnea, aumento das rugas e marcas de expressão, aspereza ao toque e possível presença de vermelhidão, por isso a grande importância de manutenção da hidratação (SANTOS, 2013). Os ativos cosméticos destinados à pele seca exercem suas ações por meio mecanismos: oclusão, umectação, hidratação ativa ou umectação ativa; somando a estes mecanismos básicos, há possibilidade de recomposição de lamelas na camada córnea e indução da formação de aquaporinas (SOUZA, 2005). Aquaporinas são uma família de 12 proteínas transmembranares que formam canais de água res- ponsáveis pelo transporte de água e pequenas moléculas de soluto na pele, elas se encontram, princi- palmente, nos queratinócitos basais e suprabasais (SOUZA, 2005). Essas proteínas exibem permeabilidade à água e ao glicerol, podendo ser diminuídos sobre expo- sição ao sol. No envelhecimento, a redução destas proteínas na pele têm sugerido ser responsável pela alteração do equilíbrio cutâneo e a diminuição de uma camada córnea hidratada (SOUZA, 2005). Bem, caro(a) aluno(a), observamos, durante toda a unidade, que o estudo da pele e suas particula- ridades se faz de grande valia para toda a profissionalização da sua parte profissional, como também parte introdutória às outras unidades e as afecções que irão surgir em seu consultório. Claro que, para seu conhecimento específico, cada vez mais se fez necessário aprofundamento e leitura de técnicas, cursos, periódicos e tudo que irá enriquecer seu conhecimento, isso será somente uma base para um mundo de conhecimento que está apenas começando. Você sabe que a Estética e Cosmética é uma área auxiliar da medicina voltada ao estudo aprofun- dado, prevenção, diagnóstico e tratamento das mais diversas afecções que acometem a face? Para isso, para que você seja um(a) profissional de destaque e renome, sua formação deve ser ba- seada nos conhecimentos de anatomia e fisiologia das mais variadas afecções que acometem a pele. Isso contribuirá significativamente para que você esteja preparado(a) para o atendimento eficaz dos mais variados casos que possam aparecer em sua carreira como Tecnólogo(a) em Estética e Cosmética. 33 M A P A M EN TA L Caro(a) estudante, aqui, encerramos mais uma etapa de conteúdo desta disciplina tão importante para a sua formação. Aprendemos muitas coisas, entre elas o con- ceito básico de tegumentar, bem como discutimos sobre o maior órgão de nosso corpo, que é a pele. Desmistificamos assuntos relacionados à hidratação da pele e, até mesmo, à atuação do(a) profissional e como o(a) esteticista pode atuar no campo facial, contribuindo com outros profissionais para um bom resultado de seus clientes. Sendo assim, proponho que, diante do Mapa da Empatia a seguir, preencha os campos com base em suas experiências no decorrer desta unidade. Para facilitar, deixei alguns comandos/exemplos iniciais que vão te guiar para completar o seu Mapa da Empatia, vamos lá? O QUE PENSA E SENTE? O QUE FALA E FAZ? O QUE VÊ?O QUE OUVE? Acho que vou gostar mais desta área de atuação. Estética Facial é muito difícil? A maioria dos pacientes de Estética Facial são aqueles com acne. A Estética Facial, nos tratamentos contra o envelhecimento, é um nicho de mercado. Estética Facial é a minha paixão. QUAIS SÃO AS DORES? QUAIS SÃO AS NECESSIDADES? Produtos bons para usar na clínica, nos tratamentos de Estética Facial. Preciso estudar mais. 34 M A P A M EN TA L A G O R A É C O M V O C Ê 35 1. O sebo que será liberado pelas glândulas sebáceas forma um filme lipofílico sobre a camada córnea que dificulta a saída e evaporação da água da superfície da pele, segundo Azulay (2011). Sendo assim, responda o que acontece se ocorrer a redução da secreção sebácea na pele? 2. A permeação cutânea tem sido conceituada como a passagem de ingredientes de formulações aplicadas na pele por meio da camada córnea e é descrita como um processo que não pode ser evitado. Explique, com suas palavras, este trecho de texto. 3. A epiderme apresenta um pH ácido em todas as suas camadas, sendo maior na camada córnea. Diante disso, indique o pH de duas camadas da epiderme. C O N FI R A S U A S R ES P O ST A S 36 1. A redução da secreção sebácea faz com que a pele se torne mais seca. 2. A permeação cutânea tem sido conceituada como a passagem de ingredientes de formulações aplicadas na pele por meio da camada córnea (MOSER, 2018). 3. A permeação cutânea não pode ser evitada, porém pode ser modificada pelos ingredientes da formulação, devido ser uma interação físico-química entre dois sistemas (produto versus membrana de absorção) mo- dulados por uma barreira (camada córnea). A presença de adjuvantes na formulação, como promotores de absorção cutânea (alteradores da permeabilidade cutânea) e veiculação de ativos em sistemas de liberação (lipossomas,