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DAYANA UHDRE
BLOCKCHAIN: INTRODUÇÃO, 
RISCOS JURÍDICOS E 
TRIBUTAÇÃO DE CRIPTOATIVOS
Aula 01
PROTEÇÃO DE DADOS: 
LGPD & GDPR 
P Ó S - G R A D U A Ç Ã O 
L L M I N T E R N A C I O N A L E M
D I R E I TO 
PAR A 
MELHOR AR 
O MUNDO_
3
LGPD & GDPR
PARTE 1
Olá, pessoal, tudo bem? Sou Dayana Uhdre e hoje eu vou iniciar com vocês o nosso módulo sobre 
blockchain, criptoativos e além, olhando os riscos jurídicos envolvidos com operações com esses 
ativos digitais, digamos assim, em um primeiro momento. Como jurista que sou, eu vou falar, ob-
viamente, dos riscos jurídicos, mas antes de a gente iniciar, deixa eu me apresentar para quem não 
me conhece e já deixo aqui meus contatos - todos os contatos. Gente, fiquem à vontade para me 
adicionar, para conversar, trocar ideias. Eu sou Dayana Uhdre, como já comentei, sou procuradora 
de Estado, professora, mas no fundo mesmo eu sempre falo que eu sou uma grande curiosa. E essa 
curiosidade me fez ingressar nesse universo e estudar esse assunto, que é um assunto que eu gosto 
muito e que acredito, de verdade, que tem o grande potencial de romper os modelos de relações 
sociais e econômicas que a gente vivencia hoje. Por isso a importância de a gente começar a olhar e 
entender de que forma as nossas relações jurídico-sociais serão afetadas e de que forma nós pode-
remos nos posicionar diante dessas mudanças que estão acontecendo. Então, é a curiosidade que 
me trouxe até aqui e assim a gente vai indo. 
Vamos iniciar! O meu propósito com vocês aqui durante o nosso curso vai ser trazer instrumentos 
para que vocês estejam aptos a mapear os riscos jurídicos relacionados com os criptoativos, tá? E 
quando a gente fala “riscos jurídicos relacionados com criptoativos” temos que entender os riscos 
jurídicos relacionados a operações econômicas com criptoativos. Em um segundo momento, com-
preendendo um pouco esse cabedal tecnológico e esse instrumento que esse cabedal tecnológico 
propiciou, que são criptoativos, a gente tentar analisar de forma crítica as propostas regulatórias 
que estão em pauta aqui no Brasil e então, terem instrumentos para terem uma análise crítica do 
que está acontecendo já. 
E, mais do que isso, porque vocês vão perceber ao final dessa nossa jornada aqui, dessa conversa 
que a gente vai ter, que no fundo nós estamos construindo o Sistema Jurídico e as interpretações 
jurídicas que nós vamos utilizar com esse ferramental tecnológico. 
4
P r o t e ç ã o d e D a d o s : L G P D & G D P R
Então, no fundo, é também como propósito chamar vocês na construção dessa página jurídica que 
está em branco, que é o tema relacionado aos criptoativos, assim como em outros temas relaciona-
dos à inovação.
BLOCKCHAIN E RISCOS JURÍDICOS
Então vamos lá. Quando a gente fala em blockchain e criptoativos, o que normalmente vem à men-
te, que está bem claro nessa nuvem de palavras, é Bitcoin. Bitcoin, criptomoedas, investimento, 
trade, ou seja, a ideia de blockchain ainda está muito atrelado, digamos, à sua origem, que é, de 
fato, Bitcoin. Foi o Bitcoin que originou o boom, trouxe à superfície a blockchain, que é o cabedal 
tecnológico que possibilitou o Bitcoin a ser o instrumento que permitia a troca diretamente entre 
as pessoas. Então, a gente ainda vê que a ideia de blockchain ainda está muito conexa a de Bitcoin e 
a de criptomoedas, mas a gente vai ver durante o curso, na verdade, que é muito mais que isso, tá? 
Muito mais que isso. 
Porque, no fundo, onde o blockchain está, o ambiente em que o blockchain está inserido, é de uma 
mudança de paradigma das relações sociais. E o Direito, como uma ciência que regulamenta as re-
lações sociais, compreender o contexto que nós estamos vivenciando, entender o contexto em que 
a blockchain veio ou para que ela veio é importante para que vocês comecem a ter um olhar mais 
crítico ao que está acontecendo. 
5
P r o t e ç ã o d e D a d o s : L G P D & G D P R
Então, antes de a gente ingressar de verdade no que é blockchain, o que são Bitcoins, vamos dar um 
passinho atrás e compreender o ambiente de mudanças que nós estamos vivenciando. Eu brinco 
que a roda está girando, ou seja, a mudança no nosso paradigma social e econômico está mudando. 
E entender isso é importante para gente poder olhar de forma crítica todas essas mudanças, não só 
com o blockchain, como outras mudanças que estão acontecendo com utilização de ferramentais 
tecnológicos. 
Primeiro ponto: a gente vive hoje a era da tecnologia da informação, que a gente chama de Revolu-
ção 3.0 que é a era da internet; a gente, na verdade, só está aqui hoje graças à internet, então a 
gente chama de Revolução 3.0 que é a revolução da teoria da comunicação e informação. Que é, 
digamos, hoje, no nosso dia a dia, praticamente a internet. Hoje nós já não saímos mais sem os nos-
sos smartphones, o tempo todo com celular, a gente às vezes sai sem qualquer outra coisa, nossa 
carteira, nossa identidade digital, está tudo nos nossos smartphones, ou seja, a gente já vivencia 
essa revolução da tecnologia da informação e comunicação no dia a dias, os tablets, “www”, que 
nos conecta ao mundo. E parênteses aqui é: nós estamos falando de conexão de informações e o 
que nós vivenciamos hoje de forma acelerada na internet é a troca de informações, nós estamos 
conectados e interconectados trocando informações. E essa informação é importante e vocês vão 
entender daqui a pouquinho porque eu fiz esse gancho. 
Então, hoje nós vivenciamos a mu-
dança de paradigma de hábitos, 
nós hoje, por exemplo, vamos fa-
zer compras na internet, é muito 
comum a gente fazer pesquisas 
iniciais para ver qual é, enfim, a 
loja mais econômica ou eventual-
mente até comprar pela internet. 
Isso mudou nossos hábitos, coisas 
que início da década de 90 a gente 
não vivenciava. Quantas empresas 
se extinguiram nesse meio tempo 
por conta da Revolução 3.0, que é 
a revolução da Tecnologia da Informação e da Comunicação. Só que o que nós estamos vivenciando 
agora é um pouquinho diferente, é o que a gente chama de Revolução 4.0 e é aqui que se insere a 
blockchain. E qual é a característica dessa Revolução 4.0? A gente começa a ver, na verdade, uma 
fusão entre o real e o digital. 
6
P r o t e ç ã o d e D a d o s : L G P D & G D P R
Então, cada vez mais, a gente vê uma interconexão, uma fusão, entre o que é real e a tecnologia 
de certa forma influenciando na realidade e a realidade trocando informações com o digital, ou 
seja, com certa fluidez. E aqui nós começamos a falar de internet das coisas, ou seja, dispositivos 
que captam informações, mandam para um local que vai processar essas informações, onde vai ser 
transmitindo, e, eventualmente, tem todo um Data Analytics para, enfim, dar um output de qual 
poderia ser a melhor solução naquele caso concreto. 
A Inteligência Artificial está nesse ambiente de realidade aumentada. Não foi incomum na pande-
mia e aqui eu tive colegas que trabalham em fintechs, esse pessoal ligado à tecnologia, e eles co-
mentarem comigo que as reuniões de equipes deles aconteciam em videogames, então eles com-
binavam o jogo, um horário e iam fazer as reuniões em ambiente de videogame. Ou seja, a gente 
começa a ver que há realmente essa fluidez entre o real e o digital. A realidade aumentada, agora 
com esses óculos, está cada vez mais nos trazendo a impressão de que o virtual está no real de fato. 
E a nossa blockchain, que é o nosso assunto de hoje, também está dentro dessa Revolução 4.0. E 
por que a blockchain está tão no hype? Por que se fala tanto da blockchain? Porque, no fundo, a 
proposta dela é ela ser a internet do valor. 
E aqui eu faço o gancho que eu fiz no momento anterior, quando eu comentei que a internet, a 
Revolução 3.0, nos traz a possibilidade de trocar informações. E essa é a grande mudança que a in-
ternet, a Revolução 3.0, nos trouxe, nos conectar trocando informações. A blockchain vem para ser, 
digamos assim, a revolução da internet do valor. Por quê? Porque agora a gente começa a pensarD a d o s : L G P D & G D P R
Então, a gente já começa realmente a ver que a gente saiu da ideia de você ter uma moeda di-
gital descentralizada, toda essa estrutura do Bitcoin para chegar hoje na moeda oficial utilizando 
esse mesmo arcabouço tecnológico; então no fundo a tecnologia é só uma ferramenta, como vocês 
podem perceber, com designs adequados no caso da CBDC para o fim de ser uma moeda oficial. 
Então, a mesma ferramenta ou o mesmo tipo de ferramenta que veio para ser um grito de indepen-
dência, de empoderamento do indivíduo com o Bitcoin, é o mesmo cabedal tecnológico que está 
sendo utilizado hoje para fins de a gente estar emitindo uma moeda oficial, o e-real, por exemplo, 
entre outros. Então é muito interessante a gente ver esse caminhar, como de fato a própria tecnolo-
gia é a política, no sentido de que as pessoas que utilizam ainda tenham intenções específicas; e aí 
sim utilizam para aquela finalidade. 
Então quando a gente fala da CBDC, eu vou falar um pouquinho mais sobre isso, porque realmente 
está muito na ordem e vai ser algo que vai mudar, e acho que é esse que é o ponto, vai mudar não 
só a facilidade que nós temos hoje de fluxos de moeda, como com o PIX e a gente sentiu isso no 
Brasil. Alguns outros países não têm PIX por aí, mas eu acho que vai mudar muito, vai facilitar muito 
essa troca, não só no Brasil, mas como conversão em outras moedas estrangeiras, se todas forem 
digitais; fica tudo muito mais fácil, inclusive menos custoso o câmbio entre outros. 
Mas mais que isso, a gente ingressar na era da CBDC vai permitir o florescimento inclusive do ecos-
sistema de criptos. Por quê? Porque muitos dos smart contracts precisariam ter dinheiros digitais 
para poder estar atrelados à entrega. Então os smart contracts em que eu determino que se a pes-
soa entregar o projeto no dia tal, eu vou pagar tal, para poder fazer isso no ambiente do blockchain 
eu teria que ter o quê? O cripto que vai estar fechado ou fechado no fundo para daí sim transferir. 
Se eu tenho a moeda oficial, isso me traz muito mais segurança e garantia e nos trazer certo estímu-
lo para desenvolver cada vez mais os smart contracts, por exemplo. 
Então eu acho que ingressar na área da CBDC é importante não só do ponto de vista de facilidade 
de troca monetária, mas ela vai, de certa forma, impulsionar o próprio mercado de criptos e do de-
senvolvimento dos projetos em criptos. Então por isso é interessante acompanharmos isso, porque 
acho que vai ser uma mudança bem significativa aí no nosso dia a dia e no dia a dia dos empresários 
também que queiram, eventualmente, ingressar nesse mercado. 
Então, não se trata da CBDC, vol-
tando, mas se vai ter e quando vai 
ter. Esse relatório aqui do final do 
ano de 2020 do BIS, que é o banco 
central dos bancos centrais, diga-
mos assim, eles já nos deram a no-
tícia de que 80%, mais ou menos 
dos bancos centrais, já estão com 
projetos em CBDCs, a maioria ob-
jetivando atender tanto atacado, 
ou seja, tanto as instituições fi-
nanceiras tradicionais, utilizando a 
CBDC, quanto o grande público, e 
poucos protos pilotos e a maioria ainda na parte de experimentação, pensando em provas de con-
ceitos entre outros. Mas isso está vindo muito rapidamente. Mas isso era em 2020 e nós já estamos 
em 2021. Provavelmente a gente já está começando a ver algumas coisas agora em 2021 e em 2022 
a gente vai ver com grande força de projetos saindo da prova de conceito e entrando mesmo nos 
protopilotos, vendo como isso funcionaria no dia a dia. 
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P r o t e ç ã o d e D a d o s : L G P D & G D P R
Mas antes, uma polêmica, só para vocês entenderem um pouquinho o contexto - aqui é um mo-
mento fofoca, digamos assim - por que tanta pressa em desenvolver a CBDC? Se vocês pararem 
para pensar, a CBDC começou a ser veiculada, falar sobre isso em 2019, mais ou menos. Por que tão 
rápido? Por que com pressa agora, dentro de dois anos, todos os bancos centrais do mundo estão 
envolvidos nisso? E é interessante a gente ver como esses movimentos de desenvolvimento do 
indivíduo e querendo de certa forma romper os status quo versus a necessidade ter o status quo, 
é bem emblemático aqui. Não sei se vocês sabem, mas todo o mundo fala que o que fomentou, o 
que catalisou mesmo o desenvolvimento desse projeto da CDBC foi o Projeto DIEM. O DIEM era o 
antigo Projeto Libra, que foi encabeçado pelo Facebook e entre outras grandes empresas e qual era 
o propósito do Projeto Libra? Ele vinha para ser uma stablecoin; ele vinha para ser uma stablecoin 
atrelada em outros cestos, para poder permitir ou, de certa forma, trazer uma maior usabilidade 
dos criptos ao grande público. 
Então o Projeto Libra veio para tentar, de certa forma, ser a moeda privada, stable, colateralizada 
em ativos. No caso eram os cestos de moedas oficiais, então era um cesto de Fiat, colateralizado 
por Fiat Currencys, e a ideia era você trazer isso para o grande público; nós estamos falando de um 
Facebook. 
E qual que é o ponto aqui? Qual é a visão de negócio que foi feita aqui nesse projeto? Quem enca-
beçou o Projeto Libra, hoje é o DIEM. Primeiro, o ponto é que se o mundo é globalizado, a moeda 
também deve ser globalizada. E o Facebook está no mundo todo, então você criar uma moeda pri-
vada, que tem uma estabilidade lastreada em outras moedas oficiais possibilitaria, de fato, termos 
uma moeda mundial. Por quê? Porque hoje, se a gente parar para pensar, 1.7 bilhões de pessoas 
estão “desbancarizadas”, o que significa 31% do globo. E ainda, a gente começa a pensar nas ope-
rações financeiras, de três a cinco dias para uma operação transacional; hoje, às vezes, é um pouco 
menos, mas se você quer mandar um valor para fora, demora de três a cinco dias úteis para você 
finalizar essa transação. Alto custo; nós estamos falando de 7% de custo de envio do valor do que 
você está transferindo; é alto, não é? E, mais que isso, 85% das transações do mundo ainda são em 
dinheiro, ou seja, o que dificulta a globalização e a inserção em mercados globais. 
Então, com esses gaps, digamos assim, a visão foi: vamos criar uma moeda digital, estabilizada em 
valores, em moedas Euro, Dólar, Libra, entre outras, para trazer certa estabilidade do valor e as pes-
soas que têm acesso a Facebook ou WhatsApp, poderiam utilizar essas criptos para transacionar, 
ou seja, daria muito mais acesso inclusive a pessoas que não são bancarizadas a esse tipo de troca 
monetária.
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P r o t e ç ã o d e D a d o s : L G P D & G D P R
E aí nós tivemos um grande problema, porque nós estamos falando de big techs. E aí big techs en-
trando no mercado que até então era altamente regulado, normatizado, políticas públicas, Estado, 
bancos, que têm todo um compliance, que tem toda uma regulação muito séria e muito rígida para 
cumprir, de repente a gente começa a ver alguém com a ânsia de trazer uma stablecoin, uma mo-
eda que é estável, lastreada a outros cestos de ativos, que tem uma potencialidade de atingir um 
público mundial. Então, nós estamos falando, por exemplo, do Facebook In, você está falando de 
2.7 bilhões das pessoas que poderiam ser atingidos potencialmente por esse negócio. 
O Google tem 3.2, Apple 1.61; e os bancos para você ver como realmente tem poucos bancarizados. 
Então, diante disso tudo, o que aconteceu? As instituições financeiras ficaram preocupadíssimas, 
porque se uma big tech como essa ingressa no mercado monetário, que é monopólio dos Estados, 
você fazer a legislação de quantas moedas você vai emitir, quem serão os agentes intermediários 
autorizados, entre outras coisas, se um big tech entrar, digamos, na porta lateral e tomar um mer-
cado ou fazer iniciativas de algo que era primazia do Estado? Isso vai e ofende a própria soberania 
estatal, porque você tem um risco de quebrar com toda uma política monetária estabelecida no 
mundo, em vários países do mundo. 
Então, obviamente, que isso criou certa resistência dos bancos centrais; refrearam esse projeto, 
então foram realmente colocados muitosbaldes de água fria nesse projeto, porque o impacto e a 
potencialidade de romper algo que é tão importante para os Estados, que é a soberania, que é o 
monopólio da moeda, estava realmente arriscado nesse caso. 
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P r o t e ç ã o d e D a d o s : L G P D & G D P R
Então, a gente teve preocupações relacionadas ao direito concorrencial, ou seja, o Facebook seria o 
dono do dinheiro, digamos assim, poderia ser o dono do dinheiro do mundo; que se todo o mundo 
adere à moeda e só utiliza a moeda do Facebook, o Facebook é o dono não só da moeda como de 
várias outras coisas. Então tem toda uma questão de concorrencial de vários mercados envolvidos 
também por isso, soberania financeira dos Estados e a preocupação principal dos bancos centrais, 
porque eles perderiam a soberania e o monopólio da política monetária e a própria privacidade 
dados, porque isso poderia transformar o Facebook e as empresas que estavam nesse conglomera-
do nos donos de toda a política monetária do mundo, dos dados de todo o mundo e isso seria algo 
realmente perigoso, um monopólio perigoso. 
Então, por conta disso, foi feito toda uma pressão e deu esse passinho atrás e aí as CBDC também 
começaram a entrar em cena, porque é como se fosse uma contrapartida, um contragolpe dos Esta-
dos, porque “Ah, então você quer criar uma moeda digital mundial? Vamos nós nos anteciparmos, 
criarmos as nossas moedas soberanas que se intercambiam de uma forma mais fácil no mundo”. 
E a gente começa a ver também outras investidas para democratizar o acesso também ao Sistema 
Financeiro. A gente começa a ver movimentos de contragolpe do Estado ao golpe inicial, ou inten-
tado do Facebook, que realmente tinha todos esses pontos que eram preocupantes mesmo. 
E as CBDC? Voltando às CBDC, en-
tendido o contexto e até por que 
ela veio como contragolpe a essa 
intenção monopolista do Face-
book, quais são as cartas de inten-
sões das CBDCs? Eu falo o que diz, 
qual é a propaganda, o marketing 
das CBDCs? Elas vêm, segundo os 
Estados que estão realizando os 
projetos, para melhorar a eficiên-
cia dos pagamentos. Então o Bra-
sil está na vanguarda dos sistemas 
financeiros do mundo, mas nem 
todo o mundo tem sistema financeiro tão bom quanto o brasileiro para fingir eficiência dos meios 
de pagamento. Para melhorar a eficiência dos meios de pagamento, reduzir os custos de transa-
ção e principalmente os transfronteiriços. Lembra que eu comentei que 7%, mais ou menos, do 
valor das operações em custo de transação em operações transfronteiriças? A gente também tem 
por objetivo melhorar a integridade dos sistemas de pagamentos internos, ou seja, você melhorar 
como é feito o pagamento no próprio país. Como eu falei, nem todo o mundo é Brasil. Hoje nós te-
mos um sistema muito bom que é o PIX, hoje podemos fazer isso 24 horas por dia, fazer pagamen-
tos, mas nem todos os países do mundo tem o PIX, muito pelo contrário, o Brasil, como eu disse, ele 
é um vanguardista nesse ponto de sistemas internos, um Sistema Financeiro interno bem robusto e 
tecnológico. Estimular a inovação financeira; nós estamos falando aqui de cenário mundo. 
Melhorar o acesso aos serviços financeiros também e, para alguns bancos centrais, a CBDC seria 
um meio para conter o uso cada vez maior, de diminuição do volume de uso do dinheiro físico, 
porque aqui, só para vocês entenderem, o Brasil não é o caso; no Brasil a gente tem ainda muitas 
pessoas utilizando o dinheiro físico nas suas transações e os países como disse, em 35% ainda são 
operações realizadas em dinheiro físico, mas em muitos países desenvolvidos, cada vez menos as 
pessoas usam dinheiro físico. 
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P r o t e ç ã o d e D a d o s : L G P D & G D P R
Eu vou dar um exemplo que aconteceu comigo. Em 2019, eu estava fazendo a minha parte em uma 
pesquisa, durante o meu doutorado, lá em Amsterdã, no IBFD e aí fui almoçar em um restaurante 
ali perto. Eu tinha euro, em dinheiro, fui pagar, a mulher não aceitou o meu dinheiro em euro, ela 
só aceitava cartão. Por quê? Porque eles já não usam quase dinheiro lá em Amsterdã, então para 
vocês verem que é algo realmente preocupante para os bancos centrais. Por quê? Porque muitas 
das emissões e dos valores que eles emitem de volumes monetários, estão atrelados a políticas 
monetárias e financeiras aqueles bancos centrais. 
Então se as pessoas não estão utilizando mais aquela moeda física, acaba de alguma forma, mudan-
do a primazia aos intermediários, a quem faz somente o crédito em casos intermediários, financei-
ros, daí desde os cartões de créditos, bancos, etc. Então isso pode impactar na política monetária 
que foi inicialmente estabelecida pelos bancos centrais. Então, por conta dessa preocupação, esses 
países veem na CBDC uma possibilidade de poderem retomar essa primazia e esse controle mais 
adequado das suas políticas monetárias e financeiras e da política de pagamento daquele país. En-
tão a CBDC também não deixa de ser útil para própria política monetária daqueles países. 
Só que quais são os poréns? Está bonita a Carta de Intenção, mas quais são os poréns? Começamos 
a aula anterior sobre aplicabilidades da Tecnologia Blockchain e aí eu estou tentando trazer para 
vocês um panorama, tanto da perspectiva monetária, do tipo como a blockchain, no aspecto mo-
eda, o ecossistema blockchain no aspecto moeda desenvolveu, desde o Bitcoin, e em um segundo 
momento eu vou falar um pouco da tecnologia mesmo, de como a Tecnologia Blockchain começou 
a ser tirada em outros usos aí interessantíssimos. Estou tentando trazer esse panorama geral de 
como evoluir o ecossistema para tornar hoje algo realmente gigante, mas você pode se perguntar 
por que nós estamos vendo tudo isso nesse momento? Porque só com essa consciência do tama-
nho do projeto e das potenciais aplicações e aplicabilidades e, por conseguinte, das operações ou 
transações com criptos ou que utilizam criptos, a gente vai poder entender os riscos relacionados, 
os riscos jurídicos relacionados a isso tudo. 
Então é importante que vocês entendam que a mudança é muito maior, porque nós estamos falan-
do de uma mudança em toda uma infraestrutura social, em todas as relações sociais e econômi-
cas. Então, retomando as aplicabilidades. Eu falei aplicabilidades olhando um viés monetário e, no 
viés monetário, eu comentei com vocês das gerações de moedas criptográficas. Bitcoin 1ª geração; 
stablecoins, 2ªgeração; e o que caracteriza a stablecoins é justamente estar atrelados a um cesto 
de valores ou a um Fiat, ou seja, a um cesto de moedas oficiais ou a uma commodity ou, eventual-
mente, a outras criptos ou até um sistema que tenta trazer uma maior perenidade no valor daquela 
cripto, diferentemente do Bitcoin que é altamente volátil de 1ª geração. 
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P r o t e ç ã o d e D a d o s : L G P D & G D P R
E com uma moeda criptográfica de 3ª geração, nós estamos falando de CBDCs que são as moedas 
digitais, oficiais dos bancos centrais, que é o que está hoje na ordem do dia e isso está ganhando 
uma repercussão e uma amplitude mundial; então todos os países do mundo estão correndo atrás 
da sua CBDC, então é algo que vocês têm que estar de olho também. 
E entrando em CBDC, eu comentei com vocês que praticamente todos os países do mundo, 80% 
dos bancos centrais estão, de fato, investigando e trazendo projetos nesse sentido. Comentei que 
a origem e a agilidade em desenvolver as CBDC foi muito como um contra-argumento, como uma 
contramedida à intenção das big techs e aqui capitaneadas, sobretudo pelo Facebook de criar a sua 
stablecoin, o que poderia, de fato, prejudicar toda uma política monetária e financeira instituída 
pelos bancos centrais. 
Então como uma contramedida disso, um contra-argumento a esse tipo de intenção, a gente come-
ça a ver realmente o eclodir dos projetos em CBDC pelo mundo afora. E comentei rapidamente, no 
final da aula anterior, quais eram as cartas de intenções ou o porquê da CBDC, qual era o marketing 
que se fazia; os próprios bancos centrais em relaçãoà CBDC como algo - e até posso retomar aqui 
no slide anterior - só para realmente fixar isso bem. 
Melhorar a eficiência dos pagamentos, reduzir os custos de transação principalmente os transfron-
teiriços, que eu comentei que é são altíssimos, nós falamos aí de 7% quase dos custos do que está 
sendo transferido de transação, melhorar a integridade dos sistemas de pagamentos internos que 
nem todos tem PIX, nem todos são Brasil, como eu comentei, estimular a inovação financeira, me-
lhorar o acesso aos serviços financeiros e dar um serviço financeiro mais proveitoso e mais eficien-
te e que seja, de certa forma, mais adequado ao que hoje os consumidores de serviços financeiros 
desejam. 
E, para alguns bancos centrais - que não é o caso do Brasil, porque aqui nós ainda temos bastante 
dominância do dinheiro físico - mas em alguns países nós temos um decréscimo na utilização de 
moedas correntes, físicas, pelos seus cidadãos e isso pode estar repercutindo de forma ruim na po-
lítica monetária instituída por aqueles países. 
Então, eles vêm a CBDC como um instrumento que vai auxiliá-los a, de certa forma, realmente con-
trapor os riscos que a utilização decrescente de moedas físicas tem imposto a eles, há esse cumpri-
mento das políticas monetárias que eles traçaram. E isso é o marketing, coisa bonita. E agora nós 
vamos entender uns poréns. Quais são os poréns? Quais são os cuidados? Quais são os pontos de 
atenção que tem que se ter quando os Estados falam em CBDC?
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P r o t e ç ã o d e D a d o s : L G P D & G D P R
Primeiro, ele tem um risco potencial de desestabilizar o Sistema Financeiro e de Pagamentos. Por-
que hoje todo nosso Sistema Financeiro e de Pagamentos é erigido com políticas centrais e o cum-
primento dessas políticas centrais pelos agentes intermediários e eles, inclusive, são quem fomen-
tam toda a parte de empréstimos, direito a crédito, entre outras questões. Então a gente tem toda 
uma política instituída. 
Se a gente coloca outro aparato como é o caso diretamente do Banco Central, um CBDC, isso pode 
desestabilizar toda essa infraestrutura de acesso a crédito, a empréstimos entre outras funcionali-
dades que o Sistema Financeiro permite hoje, porque as pessoas vão tender a preferir CBDC; é mais 
garantido, é mais certo do Banco Central. Então a adesão, conforme o tipo design que se dê a essa 
CBDC ou a introdução das CBDC nos sistemas internos, podem, sim, prejudicar toda uma política 
e todo esse sistema mesmo erigido pelos intermediários, que é um sistema financeiro e de paga-
mentos que tem todos esses intermediários que estão erigidos no nosso Sistema e que têm as suas 
funções. Eles facilitam, eles permitem acesso a crédito, eles intermediam pagamentos, então eles 
têm toda uma funcionalidade que é importante e que tem que ser realmente tomado cuidado. 
Ainda, como eu comentei, dependendo do design, há possibilidade dos particulares deterem con-
tas no Banco Central. E aí nós começamos a ter problema da desintermediação dos bancos, a ques-
tão de saques e os efeitos sistêmicos disso. Então a gente começa a ver que, dependendo do design 
que eu coloco, eu posso sim ter conta diretamente no Banco Central, saco os valores que eu tenho 
no banco tradicional, o que pode levar à bancarrota desses bancos e pode trazer um efeito sistêmi-
co muito ruim de crise financeira e de dificuldade de acesso a crédito, por exemplo. 
Então são cuidados que têm que se ter na implementação da CBDC. E outras questões que são mais 
aí de pontos de vista técnicos, seriam a escalabilidade, porque vamos falar de inúmeras, milhares 
de transações por segundo. E a primeira pergunta é? nós temos infraestrutura tecnológica em blo-
ckchain hoje que permita tal volume e em tal velocidade essas operações? 
E aqui nós temos que tomar cuidado, que a gente está ainda no momento de estar melhorando isso, 
essa escalabilidade das blockchains, seja por utilização de outros ferramentais como sidechains, por 
exemplo, mas não dá para garantir que hoje nós tenhamos uma ferramenta tecnológica em blockchain 
que dê conta do número de transações que não se quer. Nós estamos falando de todo o mundo utili-
zando a mesma infraestrutura. Então se tem o primeiro ponto: a escalabilidade disso. Segundo ponto: 
interoperabilidade entre sistemas distintos. Por quê? Porque estaremos falando, eventualmente, de 
eu estar transacionando. Eu vou viajar e eu vou ter que ter uma interoperabilidade com o sistema, por 
exemplo, europeu, ou americano, ou africano, ou asiático. 
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P r o t e ç ã o d e D a d o s : L G P D & G D P R
Então essas questões técnicas também têm que ser olhadas e têm que ser estudadas de uma forma 
compartilhada com os governos; então não é à toa que se fazem fóruns, normalmente capitanea-
dos muito, em grande número pelo BIS para que as pessoas, os agentes responsáveis, os bancos 
centrais, estejam de fato alinhados e que eles consigam desenvolver e caminhar de uma forma que 
consigam conversar mais, na sequência, inclusive entre os seus sistemas. Então é algo que tem que 
ser tomado cuidado, porque nós vivemos em um mundo global, portanto, isso tem que ser real-
mente levado em consideração. 
Então, diante disso, tudo o que a 
gente tem que pensar é que é mui-
to interessante esse ferramental 
monetário vindo, um criptoativo 
oficial, esse é o grande ponto hoje 
que os bancos centrais estão de 
fato debruçados: é o design. Como 
eu vou implementar essa ferra-
menta que me traz muitas vanta-
gens, mas de forma que isso não 
desestabilize o sistema instituído e 
nem dificulte políticas ou acessos a 
créditos a investimentos etc.? En-
tão realmente temos que dar muita importância – eu brinco que é o dever de casa dos bancos centrais 
– e é o design que vai ser dado a esse CBDC, porque cada jurisdição tem ênfase em atingir propósitos 
diferentes. Então o design de cada um dos países vai ser um pouquinho diferente. Temos que primei-
ro entender qual é o design, qual é o propósito que eu quero atingir? Qual é o design para eu atingir 
tal? O Brasil, provavelmente, não terá um propósito inicial de melhorar a eficiência interna dos meios 
de pagamento, porque nós temos meios de pagamento muito eficientes no Brasil. Nós temos outras 
falhas de acesso ao Sistema Financeiro, por exemplo, entre outras questões que são os nossos gaps; 
o nosso design vai ter que ser pensado nesse sentido e, obviamente, não desestabilizando também o 
sistema instituído. Outro ponto de se pensar na hora de fazer o design é se nós vamos implementar o 
que a gente chama de CBDC de atacado ou de varejo. CBDC de atacado é basicamente você utilizar o 
cripto para fins das liquidações interbancárias, então ele fica restrito no clube Financeiro. 
Então os intermediários financeiros quando forem fazer as compensações interbancárias utilizam 
CBDC para minimizar os custos de transação disso. Isso é o CBCD, por exemplo, de atacado. O de 
varejo é aquele que vai ser acessível ao grande público. Nós teremos as nossas carteiras de e-real, 
por exemplo, então, quando for estabelecer esse sentido de se vai ser de um lado ou de outro, eu 
tenho que pensar, se for no de varejo, que é o que tem sido a maior parte dos projetos, inclusive o 
brasileiro vai ser nesse sentido, qual vai ser o papel dos atuais intermediários financeiros? Porque 
nós temos que pensar que os intermediários, os bancos eles têm as suas funções e têm a sua im-
portância no exercício dessas funções, como eu disse, de acesso ao crédito, de acesso a investimen-
to, entre outras coisas. 
Então como compatibilizar tudo isso? É algo que, na definição de se vai ser por varejo ou atacado, 
tem levado em consideração. E qual vai ser a tecnologia que vai ser utilizada, porque não necessa-
riamente terá que ser utilizada a blockchain. Poderá se pensar em outras tecnologias mais centra-
lizadas, em que poderíamos falar de simplesmente adaptar algumas tecnologias que nós já temos, 
então também são pontos que estão aí e nós vamos estar assistindo para ver qual seráa resolução 
aqui no Brasil; se vai ser blockchain ou se não vai ser. 
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Então, são questões que estão aí na ordem do dia e que vamos ficar aguardando para ver. A título 
de curiosidade e conhecimento, nós temos já cases de utilização da CBDC no mundo, que são inte-
ressantes e que deram certo. Cito três: o Projeto Ubin, que não tem mais, já acabou, que foi feito 
como um convênio de colaboração entre os bancos, entre Singapura, Inglaterra e Canadá. O objeti-
vo aqui era verificar se as liquidações entre câmbios diferentes, transfronteiriças, se eram possíveis, 
se daria erro, se seria mais efetivo, mais barato e mais rápido. 
Eu falo que o Projeto acabou no sentido que ele tinha um propósito inicial como ser um projeto pi-
loto para ver se funcionava e funcionou muito bem, então ele fez em várias linguagens, vários tipos 
de infraestruturas, de protocolos diferentes. Em todos eles teve resultados muito bons, onde você 
tinha maior segurança, maior resiliência, maior efetividade, menor custo de transação na realiza-
ção dessas liquidações, dessas transferências transfronteiriças mesmo, internacionais, de valores. 
O outro caso que é o que está se desenvolvendo e que é quem está na vanguarda disso é o Yuan 
Digital, da China. 
A China é o país hoje que tem a maior infraestrutura do ponto de vista governamental em blo-
ckchain; eles têm realmente muita coisa, são muito avançados e instituíram primeiramente em al-
gumas localidades em específico, em algumas províncias, mas hoje já está um pouco mais ampla 
essa adesão, essa capilaridade do Yuan Digital, mas eles estão realmente bem avançados. 
Na China já estão fazendo o uso do Yuan Digital e o que facilita muito a adesão disso é que lá mui-
tas dos pagamentos já eram feitos em aplicativos, no chat entre outros; e lá menos do que aqui 
na América, do lado ocidental do mundo, não se tem tantas discussões relacionadas ao direito de 
privacidade, porque a partir do momento em que nós temos uma infraestrutura de criptos em blo-
ckchain, a pessoa que tem o que emite, ela teria acesso a todo tráfego daquele cripto oficial, a 
quem pertence, em que hora pertence, tendo acesso a tudo que acontece. Então esse tipo de situa-
ção cultural versus opção tecnológica e investir de fato em blockchain, coloca a China realmente na 
vanguarda disso e o Yuan Digital lá realmente está bastante avançado e com perspectiva, eventual-
mente, daqui a pouco, de que a ideia deles se expanda para o mundo também. 
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P r o t e ç ã o d e D a d o s : L G P D & G D P R
Outro caso interessante e agora já olhando um pouco aqui para a realidade um pouco menos desen-
volvida, as Bahamas tem hoje implementado o SandDollar. Bahamas é interessante por quê? Porque 
tinha condições ideais de temperatura e pressão para implementar esse projeto? Bahamas tinha 
temperaturas ideais de e pressão. Por quê? Bahamas é um arquipélago composto de centenas de 
ilhas e estou falando em quatrocentas ilhas, se eu não me engano. E você emitir moeda física, trans-
portar e alimentar essas quatrocentas ilhas é muito custoso, então o custo era muito alto de transa-
ção para as Bahamas fazerem isso. Outro dado das Bahamas é que a maior parte - acho que 75%, se 
eu não me engano - dos 75% aos 85% dos habitantes estão incluídos digitalmente, eles têm celula-
res, têm acesso a meios digitais. 
Então, tendo em consideração essas condições de temperatura e pressão, digamos, de ser um arqui-
pélago, ser custoso, de uma plataforma, fomentar ou alimentar o mercado financeiro físico de todos 
esses arquipélagos, porque é muito caro para isso, mas o fato de eles serem bastante inclusos na 
era digital, estarem bastante incluídos na era digital, tornou as Bahamas um caso icônico para tentar 
implementar a CBDC. E eles implementaram o SandDollar; é sucesso, porque, a adesão é muito mais 
fácil e estão realmente já utilizando essas CBDC. Então, esses casos são os casos que valem a pena. 
Eventualmente, quem tiver curiosidade, pesquisar, que são os primeiros e todos com bastante su-
cesso. Então, as perspectivas são bastante positivas.
E a pergunta que se faz: “então, seria o fim das moedas privadas?”. Porque olha que interessante, 
esse movimento de pêndulo mesmo. Nós estamos desconfiados do status quo; nós indivíduos, se-
res individuais, estamos desconfiados do status quo. Os intermediários de confiança em 2008 nos 
mostraram que não eram de confiança, queríamos uma moeda privada, um Bitcoin. Esse Bitcoin veio 
com o propósito de ser a moeda privada que me permita fazer troca, diretamente entre as partes, 
sem precisar dos intermediários de confiança. Só que a gente viu que, na prática, ela é altamente vo-
látil, então está mais para investimentos; e a gente viu o nascimento de outras moedas criptográficas 
privadas, as chamadas stablecoins que tinham o propósito, de fato, de serem as moedas de troca 
privadas. E aí nós vemos, no passo seguinte, como uma resposta a uma investida, nessa 2ª geração 
de stablecoins, de uma grande, um gigtech, investida essa que poderia, de fato, ser disruptivo e ser 
altamente destruidor da mentalidade, do paradigma que nós temos atuais no Estado, porque eu 
estou falando de um gigtech, tendo uma stablecoin que poderia ser transferida mundialmente, com 
todo o mundo no mundo, muito mais pessoas, do que pessoas que estão bancarizadas, estavam no 
Facebook, no Instagram, no WhatsApp. 
Vieram os Estados em um movimento de retrocesso: vamos fazer uma stablecoin para daí sim dar 
essa resposta e permitir esse acesso mais fácil às pessoas. E aí a pergunta que se faz hoje é: nesse 
movimento de moeda privada contra o sistema versus e agora o sistema contra as moedas privadas, 
a tecnologia do sistema quanto às moedas privadas, as CBDC dariam fim às moedas privadas porque, 
por exemplo, tem [INAUDÍVEL] Forbes que diz que o Bitcoin ficaria obsoleto com a criação do Dólar 
digital. Então a ideia é: será que, de fato, vai matar os Bitcoins e os criptos todos a criação do CBDC? 
É uma pergunta de US$ 1milhão ou de alguns bilhões de dólares, realmente eu não sei, mas eu não 
creio que seja algo que exclua um do outro porque o Bitcoin hoje não está sendo utilizado tanto mais 
como um meio de troca, mas mais como investimento, como produto financeiro. 
Então eu acho que, talvez, nós vamos vivenciar a era em que nós vamos ver produtos, moedas 
privadas, criptográficas, criptografadas ou criptomoedas, fazendo às vezes de vários produtos fi-
nanceiros e estando, de fato, correndo paralelamente no mercado ao CBDC. Então não sei se é o 
fim, acredito que não, mas essa é uma opinião pessoal minha, mas é mais interessante que é uma 
reflexão que a gente já começa a ver também isso tudo. Nós estamos falando em uma escala de 
poucos anos, o Bitcoin em 2008 veio o White Papper, em 2009 foi a primeira operação com Bitcoin. 
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Nós não estamos falando em relação a 2021, nós estamos falando de onze anos. Só que de fato o 
boom que explodiu essas moedas foi em 2018/2019. Então, em dois anos, nós estamos vendo tudo 
isso acontecer diante dos nossos olhos. É bem interessante ver a mudança que isso está fazendo e 
com qual apetite está vindo tudo isso de mudança.
Fechei, encerrei o capítulo moe-
da, vamos ver as aplicabilidades 
de tecnologia, do cabedal como 
o uso em alguns cases de tecno-
logia. E quais são os pontos-chave 
da Tecnologia Blockchain que tor-
na ela tão interessante? Primeiro: 
confiabilidade em informações e 
processos, em situações em que 
há muitos partícipes de origens 
distintas e não confiáveis. Criar 
trilhas auditáveis, rastreáveis e 
refutáveis de informações; e aí a 
gente pode estar falando que, conforme o design, a gente tenha dados, seja acesso a dados, tanto 
os privados ou graus de compartilhamento. A que chamo a atenção aqui? Nós estamos falando de 
dados, de informações. E eu já ventilei isso nas aulas anteriores, o grande ponto da blockchain é 
queauditáveis, rastreáveis, irrefutáveis. Agora 
com essas melhorias tecnológicas, a fim de dar acesso parcial ou por graus aos dados, não precisa 
prestar toda informação o tempo todo. Eu posso colocar quais são os graus de acesso às informa-
ções e posso, inclusive, pensar em utilizar isso para compliance, de início, por meio de smart con-
tracts. Muitas coisas, realmente, podem ser feitas com esse ferramental tecnológico. E quais são as 
aplicabilidades? Como eu disse e 
volto a reiterar: ponto-chave, se-
gurança e compartilhamento mais 
eficientes de informações e regis-
tros. Com esse ponto-chave, nós 
começamos a ver aplicabilidades 
em identidades; mencionei há 
pouco, identidades digitais ou/e 
identidade digitais identidades, 
auto soberanas, é um caso. 
 • Registro de ativos, hoje a gen-
te pode imaginar, por exem-
plo: eu sou detentora de um 
ativo, vamos supor, uma propriedade intelectual, eu poderia muito bem fazer o registro da sua 
propriedade intelectual em uma blockchain que garantiria que aquela propriedade intelectual 
é minha, e ela seria, de forma irrefutável, imodificável, entre outras coisas. O grande gap é: dar 
validade jurídica a um registro desse jaez; então eu teria que reconhecer valor jurídico nisso, 
mas do ponto de vista tecnológico ele seria muito útil e traria de uma forma unívoca porque se 
poderia atrelar, por exemplo, aquele registro daquela liberdade intelectual a um cripto especí-
fico, um NFT, um Non Fungible Tokens, de modo que a pessoa que for proprietária daquele Non 
Fungible Tokens, já seria presumido que é a proprietária daquela propriedade intelectual que 
está lá registrada no dia tal, na blockchain tal. 
 • Registro de dados de saúde de logística. Em logística temos projetos interessantíssimos, por 
exemplo, em toda infraestrutura de transporte, em que você vai ter todo o registro de tudo que 
está acontecendo, desde a pessoa que faz a o transporte de navios, rodoviário, entre outros, e 
aplicada a isso toda uma questão de logística de transporte atrelado a isso; então se começa, 
realmente, a ver muitos projetos nesse sentido, de utilizar realmente a blockchain para congre-
gar as informações. Você, obviamente, aplica outros ferramentais de data analytics e realmen-
te você consegue ter input de informações interessantíssimas para melhorar a logística daquele 
empreendimento. 
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 • Votação é um caso também que tem sido pensado para utilizar a blockchain para fins de regis-
tro, a questão toda de como você preservar a intimidade e realmente o sigilo de quem está vo-
tando, mas ao mesmo tempo garantindo a higidez e a segurança do voto que está sendo reali-
zado. A título apenas de curiosidade mesmo, nas últimas eleições do ano de 2020, que tivemos 
eleições no âmbito municipal, alguns municípios no Brasil tiveram os projetos pilotos para fins 
de votação. Eu sou de Curitiba. Curitiba também foi uma dessas cidades escolhidas e nós tive-
mos projetos que tinham por objetivo possibilitar a revisão de votações em blockchain. Então, 
vai saber se daqui a alguns anos a gente não vai poder fazer uma votação diretamente no nosso 
celular, no conforto da nossa casa, com a segurança de que está tudo muito bem registrado e 
adequadamente auditável em blockchain.
 • RegTech; esse é algo interessante para os governos; a gente começa a pensar em utilizar o 
cabedal tecnológico para fins de implementação de regulação. Eu dei o exemplo agora dessa 
questão do IVA, do Imposto sobre Valor Agregado que é tributação indireta, tributação sobre 
o consumo em que a gente começa a pensar em ter uma infraestrutura de blockchain para 
registro das notas fiscais emitidas das operações de consumo atrelado à transferência de valo-
res daquelas notas fiscais com retenção automatizada do tributo devido, ou seja, começamos 
a pensar em um compliance by design, que a própria infraestrutura tecnológica permite que 
não tenha mais como não se pagar tributo; ele mesmo vai reter o tributo devido e vai reter os 
valores que são do ente competente a receber esse tributo. Então se começa a pensar nesse 
sentido de utilizar o cabedal tecnológico para fins de implementar regulações a normativas 
jurídicas. Também representação de titularidade, você ter realmente a blockchain ou os crip-
toativos, os tokens, como gênero, como representando a titularidade de algo. E aqui está vindo 
muito a questão dos NFT, que já está na última crise da onda, como uma grande tendência, em 
que a gente começa a atrelar a propriedade de algo a esses NFT. Você tem que tomar cuidado, 
porque dependendo do tipo de negócio estruturado, não te dá direito aos direitos autorais. 
E aqui eu falo da parte financeira dos direitos autorais, repercussões econômicas do direito 
autoral, por quê? Porque muitas das pessoas estão fazendo a NFT de memes, que não foram 
elas que fizeram esses memes; então às vezes a gente está vendo que é mais uma questão de 
saber que você está ostentando que você pagou um valor tanto para, em tese, ser o dono da-
quela obra de arte, mais ou menos isso. Isso é uma saída, mas a outra é, como tem sido visto, 
por exemplo, músicos que lançam músicas, singles, então eles atrelam à NFT essa participação, 
eventualmente no aferimento, na repercussão econômica desses direitos sobre essa produção 
intelectual e aí eles podem vender isso para fins de ir atrelando, tipo, quem tiver direito vai ter 
uma participação disso, ele se autofinancia inicialmente; e quem tiver isso em NFT, vai ter uma 
participação também todo ano ou vendendo - não sei qual exatamente a sequência de tem-
po que isso vai acontecer – mas vai ter direito a participações de recebimento desses valores 
também, participação parcial, nisso. Então, a gente começa realmente a perceber a utilização 
desses NFT, nesse sentido, muito fortemente também. 
Quer saber mais sobre o ecosystema Crypto? 
Se vocês quiserem saber mais sobre isso, deixo depois o material com vocês, mas, por exemplo, 
vocês podem colocar até no Google, visual capitalism e cripto, lá vocês conseguem ver um ecos-
sistema gigante visualmente, como é o ecossistema do cripto. Mas, de toda maneira, eu dei esse 
overview a vocês, das aplicabilidades da blockchain. E aqui do aspecto tecnológico, só que a domi-
nância, a predominância, ainda é do mercado financeiro. Nós vimos em aulas anteriores, e eu fiz 
questão de falar que nós vemos um avanço desse mercado de criptos em várias áreas, mas a domi-
nância ainda é no mercado financeiro. Por uma questão até óbvia, começou sendo moeda. 
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Então, ele está realmente no mercado financeiro, onde tem mais produtos nesse ecossistema. E aí 
eu trago para vocês alguns exemplos do que já está acontecendo aqui no Brasil para fins de produ-
tos com criptos voltado para o mercado financeiro que, como eu disse, é o que está predominante; 
é o que ainda é dominante atualmente. E aí a gente começa a ver um primeiro passo não de disrup-
tura completa com um sistema instituído, mas um processo de fusão entre o mercado tradicional 
com o cripto. E o exemplo desse caso, de uma aplicabilidade prática no Brasil é dos usou ETF. Os 
ETF, que é o caso, por exemplo, do hash, Hash11, foi o primeiro ETF aqui no Brasil.
Antes de qualquer coisa, o que é um ETF? É um índice de ações. Então na verdade o que 
você faz? Você replica no fundo as ações, um fundo de ações. Você entende que índices 
de ações, por exemplo, o Índice Ibovespa que tem várias ações o Bova11, você replica esse 
índice que é o Ibovespa, você faz um fundo replicando essas ações e as pessoas investem 
nesse fundo que replica esse índice de ações. No caso do Hash11, ele está replicando - e a 
gente já vai ver - um fundo que eu acho que é Crypto Nasdaq; ele replica as ações lá que 
estão no Crypto Nasdaq para fins de você investir nisso. 
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Ele é um fundo de investimento, mas na verdade depende da estratégiaque tem; tem si-
milaridade com os passivos, mas no fundo ele tem mais por objetivo espelhar um índice, 
então ele é um fundo de investimento que espelha o índice, para justamente você ter uma 
rentabilidade mais segura e mais fácil.
Então, o ETF do hash realmente replica, como comentei com vocês, o fundo é do Nasdaq, acho que 
é Crypto Nasdaq, se eu não me engano. E quais são os criptos que se fazem parte dessas ações da 
Nasdaq? Bitcoin, dominância de 66.82%, o Tron, Litecoin, Chainlink, Bitcoin Cash, Uniswap, Filecoin 
e Stellar. A gente começa a ver aqui que realmente são os principais criptos e alguns, inclusive, já 
DeFi, que hoje eu vou falar um pouquinho com vocês sobre isso. Mas a gente começa a ver que es-
tão sendo ofertados produtos financeiros em que a gente vê uma fusão do tradicional com o mer-
cado cripto, seja um fundo que replica um fundo de ações, um fundo de índice, digamos assim, co-
meçamos realmente a ver esse movimento inicial, não tanto de disruptura, mas vemos mais uma 
questão que os próprios órgãos, os próprios entes estabelecidos abraçarem a tecnologia blockchain 
e consolidam produtos nesse sentido, ofertando nesse sentido. 
Hoje eu estava vendo a reporta-
gem, vindo pra cá, que temos um 
player agora, BTG Pactual que vai 
entrar de vez na questão de crip-
tos, dar acesso a criptos, ou seja, 
o mercado tradicional aderindo 
ao mercado cripto, então isso vai 
ser cada vez mais corrente. É real-
mente um movimento que pensou 
“eu não tenho mais volta”. Só que 
nós estamos falando só do come-
ço, da pontinha do iceberg. 
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O mercado financeiro, como eu disse que é, tem a dominância dos produtos. Vimos, em um primei-
ro momento, as criptomoedas sendo um pouco disruptivos com o que estava havendo. Vimos, na 
verdade, a replicação e isso que é interessante ver, a replicação do universo tradicional no mundo 
cripto. Vou tentar ser mais didática nesse ponto. Em um primeiro momento veio o Bitcoin; com o 
Bitcoin, com o interesse, com o aumento do interesse no Bitcoin, começamos a ver as exchanges, as 
intermediárias que facilitavam o encontro entre quem queria comprar e quem queria vender crip-
tomoedas. E o que faz isso? É um papel de intermediação; nós replicamos o mercado tradicional, ou 
seja, algo que já existia no mercado normal, que era ter os intermediários que facilitariam a troca, 
então eu pego o fundo de alguém e depois eu empresto pra outro. Agora o intermediário é a ex-
change, então no fundo acabamos transmutando a realidade para o mundo digital, até pela ques-
tão de ser mais fácil o ser humano se adaptar a algo que lhe é similar, só que ele com o propósito de 
“disromper”. Só que, antes de disromper, ele veio e é aderido no primeiro momento de adesão, só 
que replicando um pouco o ecossistema do que tínhamos no mercado tradicional.
Hoje o que nós estamos vendo é um segundo momento, é o segundo passo. Qual é esse segundo 
passo? O segundo passo é o mercado tradicional mesmo, com os players tradicionais estarem abra-
çando, abarcando e trazendo tecnologia e criptoativos para o mundo real, que é esse movimento do 
ETF e que é o movimento, por exemplo, da BTG Pactual entre outros bancos fora do Brasil que têm 
realmente já atrelando inclusive seus saldos em criptos; nós temos algumas fintechs mundo afora, 
por exemplo, a Revolut que eventualmente atrela o seu fundo, o seu saldo em cripto também. 
Agora, o que nós estamos começando a ver cada vez mais forte - há um ou dois anos a gente estava 
falando sobre isso, mas eu acho que está ganhando tendência e corpo de mercado - é a tendência do 
DeFi, que é o Decentralized Finance. E o interessante aqui é que o Bitcoin veio para ser a disruptura; 
a ideia dele, a proposta, a promessa dele era disromper como a gente faz trocas monetárias. Então 
em vez de ter um intermediário de confiança, um Estado, eu tenho a minha moeda privada e faço 
essa troca diretamente entre as partes por meio de uma moeda privada. Então eu vim para disrom-
per o Sistema Monetário. Aqui eu começo a falar do Sistema Financeiro. Então a ideia é descentrali-
zar e trazer, digamos assim, para uma forma descentralizada todo o mercado financeiro. Então se Bi-
tcoin foi só a moeda, ou seja, o iniciozinho, aqui nós estamos falando do mercado, do ecossistema do 
mercado financeiro como um todo, de forma descentralizada. Então a ideia do DeFi é tirar todos os 
intermediários, de todas as operações financeiras e não apenas as operações monetárias como foi a 
promessa do Bitcoin. 
Então, aqui no DeFi o foco é criar 
uma nova arquitetura financeira 
mundial em que as regras locais, 
intermediárias e lógicas de ne-
gociação, são definidas por sof-
twares e funcionam de maneira 
direta, distribuída e transparente. 
Então note aqui, essa grande ten-
dência agora no Sistema Financei-
ro, que está sendo permitida pela 
Tecnologia Blockchain é isso. É ter, 
de fato, uma infraestrutura finan-
ceira, não mais regionalizada, interoperável, mas mundial, em que eu possa transacionar de forma 
que eu quiser, com as pessoas que eu quiser, em qualquer local do mundo, consoante às lógicas 
daquele sistema e não mais as lógicas das regras locais. 
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Então, começamos a ver outro movimento de disruptura muito mais profundo, porque quando eu 
falo Sistema Financeiro, estou falando de toda a questão de câmbio, empréstimos, investimentos e 
tudo isso é pensar em um ecossistema mundial que permita às pessoas investirem, estarem ofer-
tando eventualmente produtos para qualquer pessoa do mundo, consoante e lógicas estabelecidas 
no sistema de forma automatizada, transparente. 
E aqui eu faço uma primeira diferenciação das fintech; DeFi não é fintech, porque fintech que vem 
de Financial Technology, tem qual propósito? Ela vem para melhorar a prestação dos serviços da 
forma como eles são. Então as fintech observam as legislações que estão hoje em trâmite, elas 
não vêm disromper. Elas vêm, de fato, para melhorar e para minimizar os custos de transação, ou 
melhorar acesso a crédito, ou melhorar a acesso a serviços financeiros das pessoas que até então 
tinham dificuldades de acesso, mas ela não vem para abaixar nada, não vem para disromper nada. 
Já o DeFi vem. O propósito da DeFi é: “abaixo os intermediários locais, vamos criar um ecossistema 
descentralizado, baseado nas regras tecnológicas”, para que a gente possa ter um sistema financei-
ro mundial, de forma distribuída. 
E aqui a gente começa a realmente falar: não há regulador, não há regulado, ou seja, se não é re-
gulador é mundial, está fluido, está no sistema, não tem regulado. Não temos base geográfica, não 
temos restrições de uso, não tem que observar o Know Your Costumer, a legislação antilavagem de 
dinheiro, compliance, todo aparato legal que as arquiteturas financeiras atuais locais e globais têm 
que observar, ou seja, as estruturas financeiras locais e que são internacionais também têm que 
observar, então é algo que é potencialidade versus problemas e riscos. 
E aqui eu falo os riscos jurídicos para os órgãos, para os Estados, como para as pessoas que vão estar, 
eventualmente, transacionando nesse ambiente. Podem pensar: “mas qual é a vantagem?”. A ideia 
do DeFi é tornar o acesso aos serviços financeiros mais fácil, global, ou seja, com menores custos e 
transparentes, porque hoje, por exemplo, se você vai tomar um empréstimo para um financiamento 
imobiliário, você vai ter que apresentar documentação em várias instituições financeiras a fim de ve-
rificar qual delas tem uma taxa menor; então você não sabe quais são os critérios, mas você tem que 
passar por todo esse processo burocrático para fim de verificar qual dos bancos consegue ter uma 
taxa menor de financiamento para você. Você não sabe quais são os critérios que se utilizam. 
E mais, você não sabe se o teu colega que eventualmente ganha a mesma coisa que você, tem o 
mesmo tempo de estar no banco, de realmente ser clientedo mesmo banco que você, se ele vai 
ter os mesmos juros que você, ou se ele vai ter um juros menor; você não sabe. Então é como se 
falasse: “olha, se você quer tomar um empréstimo aqui na rede DeFi, Decentralized Finance, você 
simplesmente tem que entregar um cripto e, no momento que você entregar esse cripto, para fingir 
pegar um empréstimo em outra cripto, ou até em Fiat, ou seja, em moeda corrente, eles já vão falar 
qual vai ser o juro. Estava transparente, então qualquer um que entrar com aquele valor, vai ter a 
mesma aplicabilidade de juros de forma transparente e é clara para qualquer um ver. 
Então a gente começa a ver que essa questão da transparência, da globalização e de acesso aos mer-
cados mundiais é muito positivo e muito interessante. Mas, por outro lado, nós estamos falando de 
algo que não está conectado a lugar nenhum, que em tese vai observar as regras pré-definidas no 
próprio protocolo, no sistema, ou seja, nós estamos falando, de uma certa forma, de o próprio algo-
ritmo estar implementando as regras que foram organizadas ou que foram inicialmente codificadas 
pelas pessoas. O próprio sistema fazendo isso de forma automatizada e sem a necessidade de você 
estar observando no primeiro momento todas as normativas, que são bastante pesadas e têm sua 
razão de serem pesadas, porque nós estamos falando de Sistema Financeiro, estamos falando do 
coração da Economia e nenhuma dessas legislações, em tese, se aplica nesse ecossistema. 
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Então, de fato, é bastante preocupante para os governos principalmente e para quem eventual-
mente tiver que assessorar pessoas que transacionam nesse mercado. Vai ser um desafio gigante, 
como eu dei o spoilerzinho. Nós estamos falando de um sistema que objetiva ser inclusivo, transpa-
rente, rápido, eficaz e eficiente. Então a ideia é essa mesma, é eu poder ter acesso de forma 24 ho-
ras por dia, sete dias por semana, 
365 dias por ano, a serviços finan-
ceiros, em qualquer lugar do mun-
do, de forma transparente, ágil, 
rápido, eficiente, sem realmente 
ter muito intermediário e todos 
esses custos de transação a esses 
intermediários relacionados. Nor-
malmente esses protocolos estão 
sendo desenvolvidos junto à rede 
do Ethereum, mas interessante é 
entender, mas poderíamos utilizar 
outra estrutura? Poderíamos, mas 
a maioria está no Ethereum. Exemplos de DeFi, de protocolos DeFi, é Uniswap, é um exemplo de 
DeFi que realmente está ganhando bastante envergadura e é bem interessante de acompanhar, o 
projeto da Uniswap, e é isso que eu acho que vocês têm que ficar de olho. 
O mercado de cripto, o ecossistema de cripto, realmente avançou muito. Então, só retomando, a 
gente começou entendendo primeiro toda a mudança do ser humano no mundo, em ser no mun-
do, como esse grito de independência e você realmente ser um ser individual no mundo repercutiu 
na formalização do cripto.
O primeiro cripto, que foi o Bitcoin, tinha por ideia de ser um empoderamento do ser, ou seja, 
um grito de independência ao Estado, ideia de coletividade, porque ele não é mais confiável, “eu 
confio apenas em mim e criei meu próprio banco, eu sou meu próprio banco”. O Bitcoin veio com 
esse propósito: “eu sou meu próprio banco, eu faço as minhas trocas monetárias”. Aí, entendido 
qual era o propósito do Bitcoin, a gente entender um pouquinho como foi estruturada a tecnolo-
gia para atingir esse objetivo, e a gente viu que foram várias composições tecnológicas, entendi-
das quais foram as composições tecnológicas, nós percebemos que a blockchain do Bitcoin é uma 
blockchain, nós temos outros designers e infraestruturas possíveis que permitiram o florescer de 
inúmeros projetos. 
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Desses inúmeros projetos, hoje, atualmente, que estão aí em voga, vimos que temos, sim, um 
lado financeiro, principalmente o sistema mercado financeiro, que é o que está tendo realmente 
mais projetos e que tem mais potencialidade de ter uma disruptura muito forte; e vimos de ou-
tras áreas. 
E no sistema financeiro, que é onde eu me baseei um pouquinho, que eu mostrei um pouquinho 
para vocês esse movimento, um primeiro momento eu replico o tradicional no digital, utilizando 
os exchanges, por exemplo, para fins de intermediação das trocas; em um segundo momento, o 
mercado tradicional, onde abarco e abranjo as criptos, oferecendo-as para o mundo real, o caso 
dos fundos de ETFs e o caso, por exemplo, que eu falei da notícia da BTG Pactual; e eu agora come-
ço a pensar em outro movimento muito forte, está começando a disromper completamente, que 
é o DeFi, que você realmente descentralizaria toda a parte financeira, abaixo aos intermediários 
financeiros em todo um ecossistema financeiro, com probabilidade de ser mundial, automatizado 
e transparente. O que vai ser muito desafiador, tanto para nós que estamos juristas, pensando em 
como regular isso, como para o regulador que, de certa forma, também não tem a noção de como 
ou por que caminho andar. 
Depois desse grande overview aí no mercado e no ecossistema de criptos, entendendo a origem, 
entendendo do ponto de vista crítico o valor, a motivação humana por trás disso tudo, no fundo, 
porque, no fundo, a tecnologia é uma ferramenta para dar vazão aos anseios humanos, então en-
tendendo um pouquinho tudo que motivou, quais foram os anseios humanos, como foi erigida essa 
tecnologia, como se desenvolveu, as potencialidades que a gente começou a verificar, os pontos 
fortes, e aí, começando a tomar consciência; digamos que a coisa foi ampliando, de que no fundo 
nós estamos falando - e eu realmente penso isso – do momento em que nós começamos a olhar 
e pensar na tokenização da Economia. Então a gente vai utilizar os criptos como uma ferramenta 
que nos possibilita fazer trocas de valores de forma mais rápida, eficiente e mundial. Nós estamos 
vivenciando essa transformação, e acredito muito fortemente nisso, que realmente é isso que nós 
estamos, em última análise, vivenciando. Tokenização da Economia, ou seja, nós começamos a las-
trear, inclusive, o que é real, há representações digitais do que é real para transacionar isso de for-
ma inteiramente digital. 
Então, por exemplo, [INAUDÍVEL] de um imóvel, eu atrelo a um token, e esse token eu faço todas 
as transações na internet e a pessoa que está com aquele token, em tese, a gente pressupõe que 
ela é a dona da quele imóvel. Isso é factível do ponto de vista tecnológico, o ponto é como você 
trazer isso para o ponto de vista jurídico, como você fazer isso implementar porque você tem to-
dos os condicionamentos jurídicos para tanto. Mas o que talvez seja mais - pelo menos penso eu 
- interessantíssimo, é que dentro dessa ideia de tokenização da Economia, nós podemos começar 
a pensar em mercados globais mesmo. Porque se eu tenho um token que atrela a uma proprieda-
de, eu posso, em tese, vender esse meu token, que está atrelado a uma propriedade, a qualquer 
pessoa no mundo. 
Então, a pergunta maior agora para nós juristas é: será que a gente terá um movimento em que os 
países terão uma convergência de diretrizes normativas tais, e de troca de informações e de acor-
dos multilaterais tais, que a gente possa chegar a esse mundo ideal ou será que nós teremos muitas 
dificuldades no meio do caminho? Isso a gente vai assistir, mas que do ponto de vista tecnológico é 
para isso que, no fundo, se caminha; é você globalizar não só a parte de cultura e de informações, 
é você começar a globalizar a troca de valores. Da mesma forma que a internet veio para globalizar 
o acesso à informação, o blockchain está vindo para globalizar as trocas de valores. Então, é essa a 
potencialidade da blockchain, em última análise. E a gente pôde ver um pouquinho disso e de seus 
usos nas aulas anteriores. 
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O que eu quero falar com vocês nesse momento, que eu acho que é importante, para fins até de 
estruturação da linguagemé: o que são token, o que são coins, por exemplo, Criptomoedas, Crip-
toativos? Porque a gente escuta falar muito sobre isso, mas o que quer dizer um ou outro? Tem di-
ferença? Não tem diferença? É tudo a mesma coisa? São sinônimos? Não são? Então vamos tentar 
entender um pouquinho isso aqui nesse momento. 
Quando nós falamos de criptoativos nós estamos falando, normalmente, da camada de aplicação 
daquele protocolo. Todo protocolo blockchain tem a camada do protocolo em que você, na verda-
de, vai questionar qual vai ser a linguagem que eu vou utilizar, como que eu vou erigir, a parte inicial 
realmente de formar a engenharia de como eu vou dar vida àquele código. Tem a camada de ne-
tworking, ou seja, em que eu realmente tenho toda a parte de codificação e que começo a erigir e 
dar andamento e construção àquela minha arquitetura inicial, e uma camada de aplicação, que é 
onde eu vejo isso realmente sendo utilizado, sendo aplicado. 
Então, os criptos, eles normal-
mente estão na camada de apli-
cação, por quê? Porque aqui que 
eu começo a utilizar o cripto, ele é 
a parte do sistema da blockchain 
que nos permite, realmente, dar 
aplicabilidade ao que ela veio, ela 
foi erigida por um propósito, a 
aplicabilidade dela é operaciona-
lizada por meio dos criptoativos. 
Então, é a camada de aplicação 
que nós estamos falando. 
O que então é criptoativo? Token? Criptomoedas etc.? Primeiro ponto: nós não temos um con-
senso internacional quanto à nomenclatura a ser utilizada. 
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Então não tem um consenso do ponto de vista político, ainda que em âmbitos de acordos, que de-
termine o que é um, o que são, o que seria a criptomoeda, criptoativos, tokens. Mas se a gente olhar 
e analisar os principais reports de várias instituições renomadas e importantes em várias facetas do 
mundo, então eu falo do OCDE, penso no FATCA [INAUDÍVEL], penso em outros órgãos, um BIS, entre 
outros, a gente começa a ver que há certa similitude e tendência de utilizar alguns termos. Então, por 
exemplo, nós começamos a pensar e falar em criptoativo como gênero, que abarca todo e qualquer 
ativo que também tem uma proteção criptográfica e criptomoedas uma espécie. A ideia de gênero 
e espécie, nesse caso, está definida conforme a função que é exercida. 
O que eu quero dizer com isso? Que a criptomoeda é o criptoativo que exerce a funcionalidade de 
moeda naquele protocolo. E aqui, em funcionalidade de moeda, eu estou falando da moeda no 
seu sentido econômico, em que esse cripto exerça uma das funções afetas às funções monetárias, 
que seria uma troca de valores, unidade de conta ou reserva de valor. Então, se esse cripto exerce 
uma das três funções, principalmente de troca de valores, ela vai ser uma criptomoeda, porque nós 
identificamos pela função que aquele cripto exerce naquele protocolo, então é um criptoativo, es-
pécie criptomoeda. Então criptoativo, a ideia é, realmente, ser uma coisa mais genérica, de gênero, 
se referindo à amplitude criptos.
Mas eu coloco aqui a nossa pro-
posta, que é a que está no meu li-
vro, está até aqui a capinha dele. 
Eu brinco que são nomenclaturas 
que pega ou não pega, então qual 
é a minha proposta? A proposta 
é que a gente utilize, na verdade, 
o termo token como gênero de 
tudo. E a gente comece a chamar 
de criptoativos apenas os tokens 
que estão nativos a blockchain, 
que nasceram em blockchain, por-
que eu quero dar ênfase ao aspec-
to da criptografia, ou seja, são ativos que só existem na forma criptográfica e dar ênfase a isso. E ati-
vos tokenizados como a outra subespécie de tokens seriam aqueles que representam ativos físicos 
que passaram pelo processo de tokenização. 
Então, a minha proposta era ter token como gênero maior, criptoativos como esses token que são 
nativos à blockchain, ou seja, só existe no ambiente da blockchain, caso do Bitcoin e ativos tokeni-
zados aqueles tokens que representem valores, bens, que passaram pelo processo de tokenização, 
ou seja, foram ativos tokenizados. Coins - que não é uma proposta minha, mas que eu li sobre e está 
em alguns dos textos no meu livro - que há quem se refira quando a gente fala de tokens que não 
foram emitidos, que foram minerados, por exemplo. O Bitcoin seria um criptoativo coin, por quê? 
Porque ele é minerado, ele não é algo que foi emitido, diferente de algumas ofertas iniciais, alguns 
initial coin offers, que a gente teve muitas ofertas iniciais de vários tokens, que são emitidos inicial-
mente, ou seja, não é o sistema que a gente valida e é remunerado pelo sistema, que é a ideia de 
mineração. 
Aqui não, eu já emito um título representativo de algo, um cripto que representa algo e por emitir 
isso, ele não seria coin. Mas esse eu acho que é uma coisa só por perfumaria, não é algo que você 
vê corriqueiramente, sabe? É um ou outro artigo que fala sobre isso. Então, o que é forte mesmo é 
token, criptoativo e criptomoedas. 
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Entendendo que na generalidade das pessoas elas utilizam criptoativos ou tokens como gênero e 
criptomoeda como espécie de criptoativo que exerce a funcionalidade de moeda, e eu proponho 
como gênero, a parte do gênero, é como se eu desmembrasse em dois subgêneros: token como gê-
nero maior, o subgênero criptoativo quando nós falamos de tokens que são nativos da blockchain. 
Só existem na blockchain e só existem nesse ambiente virtual e ativos tokenizados quando nós es-
tamos falando de tokens que na origem eram ativos do mundo real que passaram por um processo 
de tokenização. A função que vai exercer na blockchain, e aí a gente pode chamar de criptomoeda 
se exercerem a função de criptomoeda, é uma proposta minha, que não pegou. Então, hoje, o que 
a gente pode falar, que está no mainstream é token, criptoativo como gênero e criptomoeda como 
subespécie. 
Mas vamos entender um pouquinho mais sobre essa questão de ativo tokenizado, token, cripto-
moeda etc. Vamos avançar mais nisso aqui. A gente tem que olhar o que eu estou falando em dois 
momentos de catalogação: um primeiro momento da catalogação é quando a gente vai olhar e ve-
rificar aquele criptoativo. Você olha aquele criptoativo que, vamos supor, existe no mundo virtual, 
no mundo do blockchain. A pergunta que você vai fazer é: esse criptoativo tem ou detêm alguma 
similitude ou ele está atrelado a um bem do mundo real? Ele tem alguma correspondência com o 
mundo real? Se a resposta for sim, nós vamos falar de um ativo tokenizado, um ativo que passou 
pelo processo de tokenização. Por exemplo: um ativo, um token, que representa a propriedade 
imobiliária do imóvel. Nesse caso aqui a pergunta é: “esse token representa algo do mundo real?”. 
A resposta é sim, representa o título de propriedade de um imóvel do mundo real. 
Então, a gente vai poder falar que é um ativo tokenizado, foi um ativo que passou pelo processo da 
tokenização. Então você tem, de fato, uma referibilidade ao mundo exterior. Se a resposta for não, 
se você falar: “Não, esse cripto só existe aqui no mundo digital”, que é o caso do Bitcoin, não existe 
o Bitcoin real, não é algo que passou por um processo. Não, ele é nativo da blockchain, ou seja, ele 
nasceu blockchain, ele nasceu cripto, então nós falamos que é um token, um criptoativo nativo da 
blockchain. Esse é um momento de classificação, em um primeiro momento. 
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Então vocês vão ouvir muito falar hoje, está muito em alta: “Ah, tokenização de ativos”; mas o que 
é essa tal de tokenização de ativos? É isso. É você ter ativos do mundo real que vão passar pelo pro-
cesso de tokenização e vão ter representações digitais ao final. 
Então, esse momento de classificação é isso, eu olhar se tem referibilidade ou não com o mundo 
exterior. Segundo passo, segundo momento, é agora eu olhar esse cripto ou esse no token no ecos-
sistema blockchain. E a pergunta que eu faço nesse momento é: “qual é a função que esse cripto 
estáexercendo nesse blockchain?”. E aí a gente vai poder falar em criptomoedas, se ele exercer fun-
cionalidade de moeda, como eu disse, ou seja, ele ser meio de troca, reserva de valor ou unidade 
de conta, criptomoeda, utility token, se ele exerce, dá direito, acesso a um bem ou serviço da plata-
forma e um secutiry token se ele representa valores imobiliários. É isso, basicamente. 
Um parênteses: o que são esses tais NFTs? NFTs nada mais são do que Non Fungible Token; o que 
significa? São tokens unívocos, são tokens que são únicos, eu identifico, ele é aquele único token, 
então ele tem um número que é só dele e ele não pode ser replicado. Ele está sendo muito utilizado 
nessa ideia, como eu estou falando, de tokenização de ativos. Eu começo a atrelar ativos que eu 
quero que sejam unívocos a uma representação unívoca no mundo digital. 
Então, NFT nada mais é do que isso, do que um token unívoco, que representa o que lastreia algo. 
Hoje, normalmente, ele está atrelado a direitos relacionados a direitos autorais, direitos que te-
nham repercussões financeiras dos direitos autorais. Ele está atrelado às repercussões financeiras 
de direitos autorais, mas como é um mecanismo, ele pode não ser direito autoral, ele pode ser 
qualquer outra coisa como, por exemplo, poderia muito bem pensar em um NFT como atrelado a 
imóveis, a uma prioridade de um imóvel em específico, para fins de registro, eventualmente cartó-
rio de imóveis a longo prazo, então. É só para vocês entenderem que é um mecanismo, que é um 
Non Fungible Token, que na verdade está atrelado a algo do mundo real, que é uma representação 
de algum ativo do mundo real. No caso, normalmente, hoje está atrelado a representar direitos 
econômicos, está relacionado a direitos econômicos do direito autoral. 
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Para fins jurídicos, quando a gente está falando, e isso que é importante, é aquela segunda parte. 
Aliás, a primeira também é, porque, no fundo, quando se fala de tokenização de algum ativo, nós 
temos que observar toda a normativa relacionada àquele ativo para fins de criptografar aquilo, tra-
zer isso para o mundo do blockchain. 
Então esse é um cuidado que tem que se ter. Mas por que eu falo que esse segundo é importante? 
Porque quando nós falamos de classificar, a gente tem vários critérios, a classificação pode ser di-
ferente conforme os critérios que a gente utilize. Para o ambiente jurídico, ou seja, tentando iden-
tificar o legal, o status o legal disso, a classificação que é importante é essa, é da função que aquele 
cripto exerce naquele caso, naquele ecossistema. Por quê? Porque se ele exercer uma funcionali-
dade de moeda, ele vai ser uma criptomoeda, ou seja, ele vai, eventualmente, poder chamar toda 
uma legislação regente do mercado monetário, por exemplo. 
Vou dar um exemplo para vocês. Agora com a ideia de que El Salvador colocou como moeda oficial 
o Bitcoin, a pergunta que foi feita é: tendo em conta que agora o Bitcoin é uma moeda, porque El 
Salvador reconheceu como moeda oficial? A gente poderia pensar que agora o Bitcoin é uma moe-
da estrangeira e pagar IOF quando eventualmente a gente a adquire? Porque agora ela é uma moe-
da estrangeira, e câmbio é quando você troca a moeda nacional por moeda estrangeira. E aí a gente 
começa a tentar ter que investigar se seria o caso ou se não seria o caso. Vou deixar essa pergunta 
para a aula que a gente vai falar rapidamente sobre isso, mas são problemas e são questões que 
estão no mundo jurídico já. 
O que é um security token? É um token ou um criptoativo que exerce a funcionalidade de valor 
imobiliário. E por que é importante identificar isso? Porque se a gente está com um projeto, isso vai 
acontecer, em que eu realizo operações com cripto em que esse cripto tem a função, está atrelado à 
ideia de um valor imobiliário, de um contrato de investimento, então eu tenho que observar toda a 
legislação regente do mercado de capitais aqui, por exemplo. Então é importante, do ponto de vista 
jurídico, você identificar qual é a natureza ou qual é a funcionalidade - eu prefiro utilizar o termo 
“funcionalidade” - desse cripto. 
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E o utility token, que é o “coringão”, não é um security, não é uma criptomoeda, normalmente vai 
dar acesso a um bem ou a um serviço do mundo real. Aqui nós vamos ter que observar as legisla-
ções regentes daquelas operações. Então, eventualmente, o Direito do Consumidor; um exemplo 
que pode ser dado aqui: vamos supor que eu tenho uma empresa de sapatos e que eu quero fazer 
uma edição limitada de alguns sapatos. Então, eu emito alguns tokens atrelando que quem adquirir 
esses tokens vai ter acesso preferencial a essa minha edição limitada ou vai ter acesso a um par da 
minha edição limitada. 
Então é para poder até dimensionar quantas pessoas vão adquirir aquilo. Então o que acontece 
nesse caso? Eu posso caracterizar esse cripto como representando uma mercadoria e antecipação 
de pagamento, e aí eu teria, de certa forma, o quê? Que pagar ICMS relacionado a isso. Então, vo-
cês começam a perceber que você identificar qual é a função que ela exerce naquele ecossistema, 
do ponto de vista jurídico, tem toda a razão de ser, porque nós vamos, a partir dessa identificação, 
eventualmente pensar em legislações onde acabaram-se os legislativos que podem estar aplicáveis 
àquele caso concreto. 
Então, no fundo, quais são as per-
guntas que têm que ser feitas para 
catalogar inicialmente? Primeiro, 
esse cripto, nesse ecossistema, 
ele está sendo meio de troca? Se 
sim, ele é amplamente usado? Se 
sim, ele é uma criptomoeda. Se 
não, a segunda pergunta é: é um 
contrato de investimento, tal qual 
está na Legislação de Mercado de 
Capitais? Aí, se a resposta for não, 
a gente vai falar que ele vai ser um 
utility token; se a resposta for sim, 
ele vai ser um security token. Então, são essas perguntas base que vocês têm que se fazer. E com 
isso, eu encerro a aula de hoje. Nna sequência, a gente vai falar um pouquinho sobre regulação, e 
aí, de fato, entrar nesses aspectos jurídicos desse cabedal tecnológico e das suas aplicabilidades.
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P r o t e ç ã o d e D a d o s : L G P D & G D P R
AULA 4
Olá pessoal, tudo bem? Voltando ao nosso tema, na nossa jornada aí pelo mundo cripto, e o ecos-
sistema de cripto e blockchain. Hoje, nós vamos começar a olhar e verter o nosso olhar para o que 
interessa de fato pra nós juristas que é a parte de regulação, os desafios regulatórios, os desafios 
jurídicos. E a primeira pergunta que normalmente se faz é: “regular algo que veio pra ser disruptivo 
ao status quo, inclusive à regulação?”. 
E esse eu brinco que é o primeiro grande questionamento e que tem sua razão de ser, porque, 
afinal de contas, nós de fato estamos falando de uma tecnologia que vem pra disromper o status 
quo. Mas por outro lado, nós seres humanos temos a necessidade de ter segurança, nos sentirmos 
seguros, sabermos que as nossas iniciativas vão ter quais tipos de consequência e ter uma previsibi-
lidade dessas consequências. Então, a tendência é que a gente busque de que forma a gente pode 
ter um pouco mais de segurança ao entorno desse desenvolvimento tecnológico e de que forma 
nós podemos nos posicionar nesse ecossistema. 
Então, quando nós falamos de regulação, as dificuldades são inúmeras. Por quê? Porque em um pri-
meiro momento, quando nós pensamos hoje em sociedade, em Direito, porque o Direito nada mais 
é do que um sistema normativo que tem por objetivo trazer, estabelecer os standards regulatórios 
dos indivíduos de uma determinada sociedade. 
Então, quando nós pensamos nesse panorama do que o Direito vem a ser, ou qual é a função do Di-
reito nesse contexto social, a premissa que nós temos hoje e que fundamenta o “erigimento” de to-
dos os nossos sistemas jurídicos, é de uma sociedade ou de um mundo da forma como eu acabei de 
mostrar nesse mapa aqui, em que a gente começa a identificar sistemas jurídicosem trocas, não de informações, mas trocas de valores pela internet, o que potencializa o mercado 
global de troca de valores. E quando eu falo de “valores” aqui, eu estou falando de dinheiro, Bitcoin, 
troca de valores monetários, como eu estou falando de troca de valores, eventualmente, de pro-
priedades, aí eu falo de imóvel ou de obras de arte, como eu posso estar falando de empréstimos 
ou trocas de do mercado financeiro de uma forma ampla, ou seja, esse é a grande promessa da blo-
ckchain; ela ser a nossa internet do valor, ela nos interconectar agora, o mundo e possibilitar troca 
de valores de forma global, desintermediada. 
Então, no fundo, é essa a grande promessa da blockchain, que faz ela realmente ter esse frenesi em 
torno disso. E, mais que isso, eu comento por que eu falo que eu acredito muito que a blockchain vai 
permitir uma troca de paradigmas e que nós já estamos vivenciando isso; é porque diante de uma 
ideia de eu poder trazer valores para a internet, trocar de valores para a internet, eu vou começar a 
falar de uma mudança da economia, eu vou começar a falar de uma tokenização da economia. 
O que significa isso? O que eu te-
nho no mundo real vai ter repre-
sentações digitais por meio de 
tokens, que vão ser transigíveis, ou 
seja, para poder transacionar na 
internet, então, no fundo é essa 
a grande revolução que nós esta-
mos vivenciando por meio, enfim, 
do início, da pontinha do iceberg 
que é a blockchain. Isso vai mudar 
nossos hábitos com certeza, da 
mesma forma que a internet mu-
dou os nossos hábitos por troca de 
informações. Imagine quando nós falarmos de trocas de valores, vai mudar com certeza e espero 
que nós possamos estar presenciando isso em primeira fila, se tudo der certo. 
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P r o t e ç ã o d e D a d o s : L G P D & G D P R
E eu brinco que, como se não bastasse tudo isso, essa revolução tecnológica, vem a pandemia e 
acelera tudo, põe fogo no parquinho, porque perspectiva de digitalização, de inclusão digital, que 
até então a gente tinha a perspectiva, elas tiveram que ser antecipadas. Vejamos o caso, por exem-
plo, agora, do auxílio, na pandemia, que teve toda a força-tarefa, para que pessoas que até então 
não tinham nenhum acesso a cadastro junto a instituições bancárias até - e as bancárias que, em 
tese, são mais fluidas, são mais públicas - poderem ter o seu cadastro para receber o seu auxílio. 
Então, a gente começa a ver que, de certa forma, a pandemia foi um catalisador das mudanças e 
nós estamos vivenciando isso de uma forma mais veloz do que já estava vindo. 
Só que o ponto, na verdade, e aqui eu gostaria de ficar um pouquinho, é que o buraco é mais em-
baixo, porque até agora eu falei o que está na mídia, no grande mainstream, e nós estamos vivendo 
uma revolução tecnológica. De fato, estamos. A Revolução 3.0, a Revolução 4.0, foi acelerada pela 
pandemia. Só que, no fundo, o buraco é mais embaixo. Nós, como juristas, temos que tentar enten-
der esse contexto global, olhar o contexto de uma forma já ampla. 
Por que o buraco é mais embaixo? Porque, no fundo, nós não estamos vivenciando uma revolução, 
a revolução tecnológica, nós estamos vivenciando três revoluções paralelas e concomitantes, que 
se retroalimentam umas das outras. Nós estamos vivenciando sim a revolução tecnológica, então 
nós vemos aí o avanço da internet, das redes sociais, do mobile, do cloud computing, do Big Data, 
da impressora 3D, até a blockchain, a robótica, nano genética, a nanotecnologia e assim sucessiva-
mente. Só que nós também estamos vivenciando uma revolução humana, o ser humano não é o 
mesmo que era no início do sec. XX, no início do sec. XIX, ou até na década de 70, 80. 
Nós mudamos, nós não somos os mesmos seres humanos, enquanto seres existentes no mundo. 
E aí nós começamos a ver mudanças dos comportamentos sociais. As pessoas estão envelhecendo 
mais, estão optando ou não por ter filhos, estão casando mais tarde. As pessoas acabam, de certa 
forma, preocupadas com questões que até então não eram tão importantes como terrorismo, ou 
seja, coisa que a gente não via há alguns anos anteriores. A gente começa a pensar em imigrações, 
então, hoje nós transacionamos ou nós fluímos o mundo de forma muito mais tranquila. 
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Se hoje a pessoa quer morar fora, trabalhar um tempo fora, ela não precisa fincar raízes definitivas 
em um outro lugar fora, é muito mais tranquila essa transição. Então hoje nós temos os nômades, 
o pessoal que trabalha ainda no ambiente digital - que são os nômades digitais - que eles podem 
trabalhar em qualquer lugar do mundo e vivem experienciando novos lugares. 
Então, a gente começa a ver essa possibilidade que é até da nossa vontade humana. E mais que isso 
também, a gente começa a vivenciar uma revolução econômica, então nós começamos a ver mu-
danças nas relações e nos comportamentos econômicos, o que é natural, porque se o ser humano 
mudou e se eu tenho um ferramental tecnológico que me possibilita muitas coisas, as minhas tran-
sações, as minhas relações econômicas vão ser diferentes. 
E aí a gente começa a falar, por exemplo, de Economia Circular, hoje está muito em alta, a Economia 
Solidária, plataformização da Economia, então a gente começa a ver que são três revoluções, na 
verdade, que são paralelas, mas que são intrinsecamente conexas, porque se o ser humano mudou, 
e o ser humano é que, de certa forma, movimenta tudo, então a tecnologia vem para satisfazer 
anseios humanos; anseios humanos que também se manifestam em relações sociais e econômi-
cas. Então, no fundo, se o ser humano mudou, eu fiz um ferramental tecnológico que me permite 
atingir propósitos que eu, ser humano que mudei, tenho, naturalmente as relações econômicas vão 
mudar também. 
Porque elas vão dar o quê? Vão ser a manifestação do meu querer humano utilizando a tecnologia 
para que eu atinja esse desiderato de forma mais efetiva e eficaz. Por exemplo, hoje a gente fala 
muito de Smart Grid, ou seja, eu tenho no ser humano a preocupação com o meio ambiente, que 
é uma preocupação global e é algo que o ser humano se preocupa muito hoje, que não era uma 
preocupação que se tinha alguns anos atrás, utilizo o ferramental tecnológico para melhorar a efici-
ência do meu sistema de distribuição de energia, que é o Smart Grids, e isso, obviamente, tem im-
plicações em tudo isso, ou seja, eu, humano, me preocupei, utilizei o ferramental tecnológico para 
melhorar as operações econômicas no que se refere à energia elétrica. 
Então, no fundo, é esse caldo, é esse vulcão de coisas que nós estamos vivenciando e o Direito está 
aqui para tentar regular as relações sociais que estão no meio desse cabedal aí, eu falo “esse vuco-
-vuco” mesmo - desculpe o termo, mas eu falo - não tem termo melhor para falar dessa miríade aí 
de coisas que a gente está vivenciando. 
E olhando para o ser humano, que 
é o nosso foco, diante disso tudo, 
como eu disse, é quem movimen-
ta. O ser humano mudou, utiliza 
o ferramental tecnológico para 
atingir seus propósitos e isso re-
dunda em modificações nas rela-
ções econômicas. O ser humano. 
O ser humano, a gente fala hoje, e 
não sou eu que falo, porque quem 
sou eu? Estou me baseando aqui 
no Zygmunt Bauman, que a gente 
fala hoje que nós estamos viven-
ciando a Era do Narcisismo. O ser humano, na verdade, e eu estou falando isso porque faz todo 
o sentido dentro do contexto da tecnologia blockchain que surgiu, o que isso quer dizer, a Era do 
Narcisismo? 
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O ser humano mudou no mundo, como eu comentei, mas ele mudou de uma forma muito profun-
da; a ideia hoje que nós temos de ser humano é: “eu sou um ser único” e por ser um ser único, eu 
vou atrás dos interesses que façam sentido para mim. Então a gente hoje tem uma ideia muito de 
“eu pertenço a mim mesmo e o mundo, vou me colocar no mundo conforme os interesses que eu, 
indivíduo, e isso é muito forte, tenho e vou me posicionar nesse sentido”.a determinadas 
territorialidades e a determinadas sociedades com determinados valores. Então a gente sempre 
atrela os sistemas jurídicos à ideia de soberania que está atrelada à ideia de valores, de uma dada 
nação, que está em última análise atrelado a uma determinada territorialidade. 
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Então quando nós pensamos em sociedade brasileira, por exemplo, nós pensamos em indivíduos 
que habitam no Cone Sul, no território da América do Sul, que têm valores que são semelhantes às 
pessoas que vivem nesse ambiente territorial, que seriam: nós brasileiros somos muito conhecidos 
pela alegria, por de certa forma ter o jeitinho brasileiro, entre outros pontos. E o que eu quero dizer 
com tudo isso? Quero dizer que a ideia de Direito ela está atrelada a um indivíduo ou a uma socie-
dade composta de indivíduos de mentalidade dos séculos anteriores. 
Porque eu comentei no início lá do nosso curso que se a gente parar pra pensar o indivíduo do sé-
culo XXI e que está imerso nessas revoluções tecnológicas, ele não é mais o mesmo indivíduo do 
século XIX, do início do século XX. Só que o nosso Direito está fundamentado na premissa de que 
nós indivíduos somos os indivíduos do século XIX e do século XX porque ele trata de nós indivíduos 
como pessoas pertencentes a uma determinada comunidade, a uma determinada nação. E essa 
ideia de pertencimento à coletividade é algo que era inerente aos indivíduos que eram, digamos 
assim, contemporâneos ao século XIX e ao século XX, quando foram erigidos os sistemas jurídicos 
atuais. 
Então, a partir do momento que a gente começa a perceber que toda a nossa infraestrutura e o 
nosso sistema jurídico, as premissas em que ele foi assentado, não são mais as premissas do indivi-
duo do século XXI, a gente começa realmente a ter essas questões de problemas e de dificuldades 
de implementação e de aplicação do sistema posto às realidades modernas, desse homem moder-
no ou pós-moderno. 
Então, a gente começa a realmente ver que os desafios são gigantes. E não bastasse essa ideia de 
a gente já está partindo de premissas que já não mais existem, a gente tem um sistema que está 
erigido em premissas que não mais são as premissas do indivíduo atualmente, do ser social atual, 
nós temos também o que a gente pode chamar de problemas de entendimento. Por quê? Porque 
no fundo a gente está falando de sistemas que são, de certa forma, erigidos para serem aplicados 
em uma determinada territorialidade versus o indivíduo que mudou, que é um ser único, unívoco e 
que é um cidadão do mundo e não mais o cidadão de um determinado território apenas, e aí como 
a gente vai conseguir avançar, como eu disse, a realmente esses problemas de entendimento. Por 
quê? Porque a gente começa a ter de um lado, o Direito que regulamenta determinados posiciona-
mentos em determinadas territorialidades, ou seja, nós atrelamos à ideia de direito a uma deter-
minada soberania, a um determinado território, versus o ser que mudou, século XXI, que é um ser 
que é libertário no sentido de que eu vou buscar o que faz sentido para a minha satisfação, para os 
meus anseios, eu sou um ser do mundo. 
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Então, a gente começa a ver que de um lado nós temos um sistema que tenta normatizar e que está 
atrelado à territorialidade versus um indivíduo que é um ser do mundo, muito esse ser do mundo 
possibilitado pelo avanço tecnológico. E aí a gente começa a ter realmente esses problemas de dis-
sonâncias cognitivas, no sentido de que como se aplica um direito que foi erigido num sistema para 
um indivíduo que já não mais é o indivíduo padrão ou o indivíduo paradigma, o indivíduo modelo 
em que foi realmente sistematizado o ordenamento jurídico?
E aí, eu falo: a gente realmente tem um desafio gigante. E como a gente pode tentar começar a 
compreender isso? Não digo que temos respostas nesse momento, vamos ver que a gente não 
tem, a gente tem muito mais questionamentos que respostas. Mas eu entendo que a tomada de 
consciência disso é muito importante, compreender que o ser mudou. 
E que o ser hoje que nós temos, 
de certa forma, que dar essas res-
postas – e nós eu digo aqui Estado 
– nós temos que dar respostas de 
diretrizes comportamentais, ele é 
um indivíduo diferente daqueles 
em que está assentado o nosso 
sistema jurídico. E eu reitero, a 
gente tem que entender que o ser 
hoje, o indivíduo, ele não é mais o 
ser que se conecta com uma cole-
tividade. Ele se conecta com co-
munidades diferentes conforme 
os interesses pessoais dele. Então não é um indivíduo que pertence a uma determinada comunida-
de, que ele se identifica em um determinado território, determinados valores e ponto. Não. O indi-
víduo de hoje é um cidadão do mundo que se identifica, sim, com a comunidade em que ele prova-
velmente nasceu, mas ele se identifica com inúmeras outras comunidades que se reorganizam com 
outras pessoas de diversas nacionalidades, conforme os interesses que são de fato convergentes. 
Então, a gente tem que ter isso em consideração e entender que no fundo nós começamos a ter 
que colocar, no ponto de vista jurídico e regulatório, os anseios e a individualidade e o indivíduo no 
centro. A ideia não é mais do indivíduo de certa forma ser subjugado - não é nem subjugado a pa-
lavra -, mas ele ter que observar ou servir ao Estado a que ele pertence, ou seja, a ideia de comuni-
dade muito forte. Aqui a ideia é ao contrário, o Estado é que tem que prestar serviços ao indivíduo 
porque no fundo ele é uma pessoa que está atrelada aquilo pelos interesses, para que ele de fato se 
sinta pertencente àquela comunidade. Então o foco jurídico e de regulação e de posturas adminis-
trativas regulatórias tem que ser diferente.
Tem que partir dessa concepção, porque no fundo é isso que eu falo, nós vivemos esse momento 
em que, no fundo, eu tenho que entender que o governo é que me serve. Se eu não vejo, por 
exemplo, isso é algo que está muito latente, se eu não vejo uma resposta adequada, um investi-
mento adequado dos tributos que eu pago, eu não sinto que há legitimidade em eu estar pagan-
do esses tributos. Ou seja, a ideia de que não é mais eu ter que pagar para que o Estado possa satis-
fazer as necessidades do Estado que eu entendo que são importantes por uma guerra ou etc. Não. 
Eu tenho que sentir de que forma o Estado me presta serviços para que eu sinta a legitimidade em 
estar sendo cobrado esse valor de mim. Então você vê que o foco mudou, o ser humano mudou. Eu 
sempre olho os meus quereres, os meus direitos, os meus interessas, as minhas coisas, as minhas 
experiências. 
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Então a gente começa a realmente ver que a gente é hoje um indivíduo, esse indivíduo a que o jurídi-
co tem que dar respostas de segurança e de previsibilidade é um agente que é diferente do ser social 
do século XIX e XX em que foram esquematizados os sistemas jurídicos e que foram erigidos esses sis-
temas jurídicos. Então, o indivíduo hoje é o indivíduo global. Ele não está localizado especificamente 
em um determinado território. Nós vimos agentes, os nômades digitais, que é cada vez mais comum 
as pessoas buscarem ter uma liberdade profissional e se estabelecerem em qualquer país do mundo 
e trabalhar à distância. Eu hoje não pertenço exatamente, ainda que eu tenha nascido, por exemplo, 
no Brasil, eu não preciso necessariamente pertencer à comunidade brasileira, estar no território bra-
sileiro. Eu posso ser uma brasileira nascida no Brasil, mas morar em qualquer outro país do mundo. 
Então, eu busco muito mais o que é interessante, o que faz sentido para mim, para as minhas expe-
riências, as oportunidades que eu entendo que fazem sentido para mim. A gente começa a ver que 
tudo isso foi, como eu estava falando, possibilitado pelo avanço tecnológico. Porque nós temos 
também que entender que a globalização não é apenas a tecnologia. Tecnologia é um movimento 
queacelerou a globalização, mas a globalização começou lá quando nós começamos a pensar nas 
navegações, em que se começou a sair dos seus territórios específicos e começamos a avançar e 
descobrir outros mares, outros territórios. Ali nós começamos a ter as trocas e você sair do seu ter-
ritório e você avançar no mundo. Só que com a tecnologia e com a diminuição desses custos e da 
facilidade de acesso, obviamente isso se tornou mais acelerado. Hoje nós pensamos em viajar pra 
fora, é muito mais tranquilo e factível do que era há 20 anos e mais barato. Hoje a gente começa a 
pensar, perceber que sim, o avanço tecnológico simplesmente fomentou e ele acelerou tudo isso, 
mas a globalização começou quando a gente começou a sair do âmbito dos nossos territórios. 
E diante de todo esse panorama 
que a gente está falando, a gente 
olhando para o blockchain e co-
meça a pensar: “ok, entendi que o 
indivíduo é diferente, que o ser hu-
mano não é mais o mesmo, mas ao 
mesmo tempo em que o ser huma-
no não é mais o mesmo no sentido 
de que eu não sou mais um ente 
amorfo pertencente a uma comu-
nidade em que estava assentado o 
erigimento dos sistemas jurídicos, 
eu entendo que isso não existe. 
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Mas por outro lado, também compreendo que o ser humano tem uma necessidade nata de se-
gurança psíquica, de a gente poder de fato ter certa previsibilidade do que vai acontecer”. Isso é 
uma característica humana até neurológica, então isso é realmente algo que não vai ser afastado, a 
gente não consegue conviver com o caos, ok, entendo que temos esses dois momentos. Ou seja, a 
gente precisa ser normatizado, regulamentado. Com premissas diferentes provavelmente, ok, isso 
eu concordo. Agora, olhando para mundo do blockchain, em que a gente começa a perceber que no 
fundo nós temos um grande livro-registro de informações que, por serem apenas registros de infor-
mações, e aqui eu estou colocando como modelo, olhando o paradigma da blockchain do Bitcoin, 
porque nós vimos que nós temos vários tipos de infraestruturas de blockchain. 
Mas olhando o modelo, o arquétipo da blockchain do Bitcoin, nós estamos falando de registros que 
estão em todo lugar e em lugar nenhum. Porque ele não existe em lugar nenhum, ele não é tan-
gível, ele não tem, por exemplo, como é no caso de um ativo tokenizado, atrelar esse token a um 
determinado ativo que tem uma determinada referibilidade de tempo e espaço. Aqui eu não tenho, 
eu tenho só o registro de que algum Satoshi saiu de uma carteira X, Y, Z e foram pra carteira W, D, 
não sei o quê. Ou seja, registros em todo lugar e lugar nenhum. Como é que eu vinculo a uma posse 
disso aqui? Quais vão ser os meus nexos de chamamento de jurisdição? 
Então, a gente começa a perceber que tem muitos desafios aqui. E mais, posse do quê? Do cripto? 
Participação em uma rede? Mas é participação em uma rede, essa rede eventualmente pode ser 
alguém que não existe em lugar nenhum, como é o caso do Bitcoin, uma comunidade amorfa. Não 
temos ninguém como, diferente do Ethereum que tem uma fundação, o Bitcoin não tem; protocolo 
Bitcoin. 
Então, a gente começa a ver que temos bastantes desafios aqui. Esses são os desafios de regular 
versus as pessoas que não querem que seja regulado, porque a gente tem que entender que ain-
da que seja uma natureza capitalística humana ter a segurança, tem pessoas que entendem que a 
segurança não vai vir do Estado, que são as pessoas que de certa forma, principiaram o movimen-
to da blockchain, que são os cypherpunks. 
Então, vimos no início da aula, lá no início do curso, que os cypherpunks na verdade entenderam 
que o Estado não era o intermediário, que os intermediários estatais não eram intermediários de 
confiança, no contexto da crise americana, portanto eles se empoderaram, fizeram o empodera-
mento de si, e falaram “não, nós seremos os nossos próprios bancos porque nós não confiamos no 
Estado”. Ou seja, eu entendo que a confiança, a segurança é dada por mim mesmo, mais individual, 
de grito de individualidade é impossível nesse ponto de vista. 
Então a gente começa a perceber que conforme esse olhar que são das pessoas que realmente não 
querem estar sujeitas a nenhuma regulação estatal, eles começam a fazer toda uma infraestrutura, 
inclusive que a gente pode falar que é o Bitcoin, que nem ativo é. Ele não pode nem ser confisca-
do, ele não tem uma existência sequer digital, porque quando nós pensamos em um arquivo de 
música, um download de música, a música existe em arquivos digitais que a gente consegue fazer 
o download. O Bitcoin não existe. O que existe são registros de que aquela unidade, aquele token, 
está sendo transferido de um para outro. Mas o token em si ele é inexistente, então eu não consigo 
apreender. 
O que realmente a gente começa a ver é o nível de abstração a que os caras realmente chegaram. E 
questões de ordem prática mesmo, se eu vendo todo o meu patrimônio no Brasil, compro em crip-
tos, gravo a chave na minha cabeça, vou pra outro país e lá eu readquiro, abro e vendo para adquirir 
outras coisas. Isso é ilegal, é legal, é evasão? 
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São esses tipos de questões que nós estamos aí enfrentando e olhando, porque no fundo são muitas 
coisas ao mesmo tempo e são muitos desafios, mas compreender os desafios e compreender os ra-
dicais que realmente tendem a realmente buscar subterfúgios para não se submeter à regulação tra-
dicional estatal mesma, digamos assim, versus o Estado querendo de certa forma trazer regramentos 
para grande a maioria da população, olhando para esses desafios, olhando para a mudança de para-
digma do indivíduo, tudo isso é o que está na ordem do dia. Então, realmente é de explodir a cabeça. 
Hoje, se a gente parar pra pensar, como regular as novas tecnologias? Como regular as relações que 
estão acontecendo? E aqui eu falo do blockchain porque, como eu comentei, ele é pra disromper o 
status quo, da forma como nós selecionamos valores. É de fritar os miolos, eu falo, porque real-
mente a gente começa a ir de um lado e para o outro. Mas por outro lado, o indivíduo precisa de 
segurança. Só que nós temos o movimento de quem vai está disrompendo porque na verdade ele 
quer fugir dessa regulação. Então tudo isso, todos esses fatores que estão aí envolvidos, quando 
nós pensamos em regular esse tipo de operações nesse tipo de ambiente, são questões que nós 
temos que levar em consideração.
Mas como eu disse, a regulação é 
necessária sim, porque – eu até 
trouxe essa frase que não é mi-
nha – porque let’s be honest: hu-
man nature needs checks and ba-
lances, ou seja, a natureza 
humana precisa, sim, ter real-
mente regramentos de posso, 
não posso. Eu preciso ter norma-
tivas, nós precisamos nos direcio-
nar. Isso é, como eu disse, para a 
grande maioria dos seres huma-
nos, natural. A gente realmente 
quer sair e saber que eu vou sair e que eu não vou ser assassinado a troco de nada porque eu vivo 
de repente em um caos, na lei do mais forte, por exemplo. Então o Direito é importante porque ele 
é o fator de estabilidade e reconhecimento jurídico que traduz esses códigos, ou seja, os códigos de 
conduta e aqui os códigos inclusive, por que não os códigos tecnológicos, o código, os softwares, 
em fatos concretos, no sentido em que eu consigo dar efeitos jurídicos e consigo dar uma garantia e 
uma segurança de regramento de como meu comportamento tem que ser naquela dada socieda-
de. Isso é importante, a gente vai continuar tendo. Só que falar de regulação, no fundo, e eu acho 
que aqui a gente começa a tentar 
achar fios de meada de perspecti-
vas possíveis. Regular é em última 
análise editar regras, assegurar a 
aplicação de regras e reprimir in-
frações às regras. Então a gente 
tem que buscar, e acho que esse é 
o olhar, e eu digo que um dos 
meus objetivos com vocês, como 
eu falei lá no início, era provocá-
-los e chamá-los a estar construin-
do essa nova página em branco do 
direito,que de fato é. 
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Quando nós pensamos em regular esse contexto, esse tipo de operações nesse ecossistema, a gen-
te tem que voltar o pé atrás. O que é regular, afinal de contas? Regular é a gente estabelecer stan-
dards de comportamentos que devem ser observados. É eu de certa forma garantir que eu consiga 
assegurar que isso vai ser observado, inclusive essa garantia é por meio da repressão às infrações a 
essas regras. Então é disso que no fundo nós estamos falando. 
Então a função da regulação estatal, no fundo, é corrigir eventuais falhas de mercados e induzir a 
comportamentos desejados. O que eu quero dizer é que o Estado vai vir, ou ele vai de certa forma 
influenciar, ou ele vai agir no momento em que os standards, ou as relações travadas naturalmente 
pelos partícipes daquele ecossistema não funcionarem mais. Quando nós pensamos em regulação 
estatal, porque nós podemos ter vários tipos de regulação, como a gente já vai ver, nós entendemos 
e temos que ter a premissa de que o Estado não vai regular tudo. E nesse ambiente, eu diria que é 
muito difícil a gente ter a pretensão de regular tudo. 
Então é um primeiro momento, é uma primeira aproximação a esse problema. A regulação esta-
tal não vai regular tudo. Porque qual é a função da regulação? Regulação agora de forma ampla, 
é eu ter regras, eu ter de certa forma a garantia de que essas regras serão observadas sob pena 
de ter repressão a infrações a essas regras. O Estado, ao seu turno, digamos uma regulação mais 
estatal, mais forte, vai vir pra quê? Vai vir em um momento em que os próprios partícipes daquele 
ecossistema não deram conta e não conseguiram estabelecer standards normativos tais e regras 
de condutas e de observância dessas condutas tais que acarretam em falhas de mercado, ou seja, 
comecem a ter problemas nos valores que essa sociedade entende como coerentes e induzir even-
tualmente comportamentos que a gente entenda que sejam coerentes àqueles valores sociais. 
Então eu venho agir quando nós partícipes do ecossistema não conseguimos dar conta e começa-
mos a ter o que a gente pode chamar de externalidades negativas. Ou seja, é trazer realmente efei-
tos que não são coerentes àquela sociedade. E aí vem o Estado agir por meio de tentar corrigir isso, 
seja por meio de repressão ou até eventualmente de estímulo a comportamentos que sejam dese-
jáveis e que sejam coerentes com o sistema de uma forma ampla. Só que nós temos também que 
entender que isso tem que ocorrer em um ambiente global e eu acho que esse é o grande desafio 
nesse momento, que os vários ordenamentos, e eu falo dos vários ramos do direito, têm passado. 
Porque isso nós compreendemos e isso é natural e inerente, a gente consegue compreender, desde 
as nossas primeiras aulas iniciais de direito que ok, o direito vem para normatizar comportamentos 
que a sociedade entende que são relevantes socialmente, ou seja, nós acordamos isso. Só que hoje 
nós estamos falando de novos acordos, de um direito que não deixa de ser global, porque se o indi-
víduo não é mais aquele pertencente a uma determinada territorialidade, ele é um sujeito global, 
nós temos que entender que o direito vai ter que responder a esse anseio de eu ser um cidadão do 
mundo. A gente tem uma camada a mais aqui, de começar a entender que os standards vão mudar 
e que os novos acordos vão ser firmados, e que sim, o Estado vai agir quando os partícipes parti-
culares não conseguem agir no sentido de cumprirem comportamentos de forma que não interfira 
no ambiente maior, macro, da sociedade, ou seja, não traga externalidades negativas. Só que mais 
que isso, nós temos que entender que hoje nós vamos falar de uma aplicação normativa ou de uma 
ingerência estatal não mais fechada, ou não mais centrada, ou não mais limitada a um dado territó-
rio. Por quê? Porque as operações são mundiais. 
Então de nada adianta, por exemplo, eu, Estado brasileiro, determinar que uma exchange, colocar 
uma normativa que as exchanges estrangeiras prestem informações relacionadas a operações com 
criptos em que brasileiros estejam envolvidos. O que eu quero dizer com nada adianta? Porque ok, 
eu posso colocar isso lá na lei, a lei aceita tudo. 
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O ponto é: eu tenho poder de ter jurisdição, de exigir isso de um empreendimento que está em ou-
tro país? Não tenho. E aí começamos a entender o porquê que cada vez mais os standards ganham 
espaço, ou fóruns de debates internacionais que tentam estabelecer diretrizes que devam ou que 
se aconselha fortemente, que sugere fortemente que seja adotada pelos outros países, por todos 
os países. Por quê? Porque aí nós começamos a estabelecer standards normativos mundiais. 
Então se eu pudesse falar pra vocês hoje qual é a minha impressão da tendência mundial, digamos 
assim, quando a gente fala de normatização – e eu não falo só das novas tecnologias, não, eu falo 
de todos os ramos do direito – é que a globalização realmente representa o esfacelamento do Es-
tado. Por quê? Porque como eu disse, o Estado está atrelado à ideia de territorialidade e sobera-
nia territorial. Se eu começo a não ter mais indivíduos que sejam pertencentes a uma comunida-
de territorial e sim pertencentes a um mundo, eu começo a quebrar e começo a disromper essa 
premissa em que foi assentado o direito. 
Então, a globalização de certa forma vem e questiona essa ideia de soberania estatal. Só que da 
mesma forma que ela questiona e há quem fale na morte do Estado, a gente tem que entender que 
não há de se falar em morte completa, porque no fundo nós temos necessidades de regramentos, 
normatizações. 
Então o que nós vamos começar a pensar é como erigir um sistema jurídico e de regulação estatal 
coerente com a realidade atual? Eu acho que esse é o grande ponto. E como isso tem sido enfren-
tado, assim, em uma tendência como eu disse hoje, se eu olhar macro? Com estabelecimentos de 
standards, de fóruns de debates, mundiais. Então cito, o CDE, por exemplo, BIS, Facta, entre outros 
fóruns, por excelência, intergovernamentais e que também adotam pessoas que não são governos 
propriamente ditos, e nesses ambientes eles têm tentado estabelecer diretrizes normativas que 
eles aconselham fortemente a serem aderidas pelos países partícipes desses fóruns. 
Então é nesse movimento que eu entendo que a gente começa a pensar e por isso é importante 
começar a realmente entender que o Direito já transbordou as suas fronteiras e nós precisamos 
de certa forma também responder a esses anseios de que ele tem que transbordar suas próprias 
barreiras. Compreendendo no fundo que nós podemos estar falando e de fato é o que acontece, 
quando a gente pensa em regulação nesse ambiente, nós temos que entender: regulação de forma 
ampla. Então você estabelecer normas de comportamento, garantir que essas normas de compor-
tamento serão observadas e punir isso, e aí nós podemos estar falando – já avançando um pouqui-
nho aqui.
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Até uma autorregulação, ou seja, os próprios agentes do mercado se autorregulam para fins de 
implementar diretrizes que aquele ecossistema entende que são coerentes. E aí nós temos, diga-
mos assim, uma possibilidade regulatória. Como nós podemos não ter regulação alguma e sim-
plesmente a lei da livre oferta e demanda, que se tiver externalidades negativas, pode realmente 
chamar aí a intervenção do Estado, da mesma forma que se a autorregulação não der conta e tiver 
externalidades negativas, também pode chamar a intervenção do Estado, e essa intervenção do 
Estado pode se dar de forma em que a gente pode chamar de corregulação, ou seja, nós temos 
o Estado e agentes partícipes do ecossistema do mercado conversando e de uma certa forma en-
trando em acordos, tendo o que a gente pode até chamar de uma regulação policêntrica, que é o 
caso da internet. 
Hoje a internet é regulada tanto por agentes ou representantesdo Estado, quanto por agentes dos 
próprios representantes técnicos ou até do mercado. Ou seja, nós temos realmente uma regulação 
policêntrica, o que significa que temos players tanto estatais quanto privados e a regulação pública 
propriamente dita, ou seja, só o Estado que normatiza, que estabelece as regras para aquelas situ-
ações, para aquele ecossistema em específico. Sempre voltando, buscando realmente implementar 
valores que a sociedade entenda coerentes ou estancar sangramentos ou externalidades negativas 
que tenham sido identificados. 
Só que o estabelecimento desse tipo de standards regulatórios ou normativos, no atual cenário, 
tem bebido de uma nova fonte jurídica que eu acabei de mencionar no final da aula anterior. E 
essa fonte jurídica é justamente essas discussões em standards, em fóruns, diretrizes em fóruns 
internacionais em que partícipes do mercado, acadêmicos, agentes governamentais se reúnem 
em fóruns de debate, de discussões, e começam a estabelecer algumas diretrizes, algumas orien-
tações que todos acabam aderindo ou estando de acordo, e essas diretrizes ou esses standards, 
tem uma influência de persuasão muito forte tanto na interpretação das normas internas, por-
que a gente vai buscar de uma certa forma orientações ou inspiração no que ta sendo tratado lá 
fora, como eventualmente inclusive vai inspirar as modificações legislativas internas. 
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E a gente vê esse movimento de modificação ou de beber de fonte externa em todos os ramos do 
direito. Eu vou dar o exemplo do tributário que é onde, na verdade, eu venho e que é a minha ex-
pertise maior. No âmbito do direito tributário, essa ideia exerce um papel de liderança nos debates, 
tanto a tributação direta quanto a tributação indireta. Então, se a gente for pensar hoje em refor-
mas tanto do sistema de tributação direta quanto indireta, nós temos até como Estado que quer 
aderir ao CDE, ao grupo do G20 que está atrelado ao CDE – aliás, estarmos, sermos membros ao 
CDE – nós temos que observar esses standards. E esses standards têm de certa forma impulsionado 
e estimulado as reformas de vários sistemas pelo mundo. O sistema da União Europeia, por exem-
plo, de IVA, de tributação indireta, é realmente hoje, se a gente parar pra pensar, ele foi modificado 
tendendo a abarcar as diretrizes do CDE relacionadas à como se lidar com os riscos que a digitaliza-
ção da economia trouxe para o comércio “transfronteiriço”. Por que é importante a gente entender 
isso? Porque nós estamos falando de dificuldades que são mundiais. 
Como se tributar o comércio “transfronteiriço”, ou seja, não está mais no meu território? Como eu 
vou estabelecer diretrizes para que se cumpra, que paguem um tributo na jurisdição em que foi 
feito o consumo? Então a ideia é que os países para fins de poder de fato se equipararem do ponto 
de vista de trocas de informações ou até ter diretrizes semelhantes para fins de harmonia de um 
sistema mais global que possibilite até a factibilidade mesmo de implementações de normas para 
quem está nesse ambiente, e os Estados de certa forma também terem uma cooperação maior 
para fins de trocas de informações ou até de exercer o poder de coerção, de certa forma em favor 
de outra. A gente tem que ter uma harmonia dos sistemas e isso está sendo buscado em debates, 
em fóruns de discussões respeitados ou mundialmente reconhecidos. Então a gente começa real-
mente a ver esse movimento em todos os âmbitos do Direito. E obviamente, no que se refere ao 
direito de novas tecnologias e de blockchain, a gente começa a perceber esse tipo de debates. Hoje 
nós temos debates, por exemplo, da parte de governança da blockchain, da infraestrutura de blo-
ckchain, que está sendo muito semelhante aos debates que foram feitos na época da internet. 
Então, a gente começa a ver que 
temos debates mundiais de pesso-
as que estão ligadas a instituições 
que representam expertise tec-
nológica, para estabelecer stan-
dards, para garantir que as infor-
mações, os vários protocolos do 
blockchain sejam interoperáveis, 
que os dados que são imputados 
a gente consiga saber a origem, dê 
segurança tal como é a internet, a 
gente começa a ver isso também 
se alastrando no que se refere a 
blockchain. A gente começa de fato a ver esse movimento de estabelecimento de standards, de 
diretrizes através de debates mundiais com vários players, que vão influenciar tanto a aplicação do 
direito no âmbito interno quanto eventualmente até estimular reformas internas para fins de aderir 
a essas diretrizes internacionais. Então é esse o movimento que a gente começa a ver no âmbito 
jurídico em vários ramos e no Direito tecnológico faz mais sentido ainda porque nós estamos fa-
lando de operações que são naturalmente, tendencialmente, “transfronteiriças”. E mais, como eu 
comentei, no que se refere à tecnologia, a gente ainda começa a pensar em regulação exógena e 
endógena. E aí a gente começa a falar de exógena ou endógena conforme a gente utilize as cama-
das, eventualmente até tecnológicas, para implementar diretrizes normativas. 
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O que eu mencionei en passant nas aulas anteriores como RegTech, que é você utilizar o arcabouço 
tecnológico, o código, para automatizar o cumprimento de normas jurídicas. E aí nós falamos de 
regulação endógena, ou seja, de dentro do próprio sistema. E a exógena é a tradicional que nós co-
nhecemos, que é agentes de fora, seja uma autorregulação ou uma corregulação ou uma regulação 
pública propriamente dita, que são pessoas que estabelecem diretrizes que devem ser cumpridas 
para aqueles partícipes daquele ecossistema. Então a regulação está fora, não está codificado, não 
está no código. Isso é um ponto que a gente também começa a pensar quando falamos de regula-
ção dessas tecnologias. Ainda nós vemos, no que se refere à regulação, nesse contexto de regular 
blockchain, regular operações com criptoativos e variações na forma. 
O que significa variações na forma? Nós temos países que vão regular, países que não vão regular, 
que vão proibir ou que não vão fazer nada, só vão dar aconselhamentos, enfim, a gente vê varia-
ções na forma e na intensidade também. Mas de que intensidade? Vai vir com força total, vai ser no 
sentido de que vai ser todos os âmbitos que vão ser normatizados ou vão ser só alguns específicos 
nichos; ou Direito do Consumidor, Direito Tributário ou Direito de Mercado de Capitais. Então a gen-
te vê todos esses movimentos, as respostas dos Estados para tentar trazer um pouco de baliza a isso 
tudo. Mas, e é algo que a gente vai ver, que sempre o que está por trás da premissa é eu tentar esta-
belecer de que forma eu vou atingir o cumprimento de determinações que são coerentes aos valores 
que eu entendo socialmente relevantes. E esses valores socialmente relevantes já não são mais vincu-
lados ao território. Como eu disse, a gente começa a ver quais são os valores socialmente relevantes 
em âmbitos mundiais. Então, são essas as tendências e as mudanças que a gente pode começar a ver 
quando falamos de regulação nesse ambiente aí de inovação e de novas tecnologias, ok?
Vamos falar um pouquinho mais sobre essas possibilidades de regulação endógena e exógena. É 
interessante, porque da mesma forma que a tecnologia que vem para, digamos assim, chacoalhar 
o status quo, e que vem nos desafiando em como estabelecer novos standards, como normatizar 
tudo isso, é a mesma tecnologia que pode nos auxiliar inclusive a implementar políticas regulató-
rias e normativas mais facilmente, de forma mais eficaz, efetiva, e que não dê muito mais margem 
a não se cumprir. 
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E aí nós começamos a pensar em utilizar o cabedal tecnológico para, de certa forma, estabelecer 
standards normativos. E aí quem começou a falar um pouquinho sobre essa implicações – e eu 
poderia falar entre a camada normativa do código e a camada normativajurídica - foi o Lawrence 
Lessig nesse livro, “Code as Law”. No fundo o que ele tenta trazer e chamar a nossa atenção que 
eu acho que é o maior ponto de interesse desse livro, é ao fato de que quando nós nos sujeitamos 
a alguns sistemas tecnológicos, a alguns aplicativos, alguns programas tecnológicos, no fundo nós 
nos sujeitamos às normas que estão naquele sistema estabelecidas. 
Então quando eu, por exemplo, vou utilizar o Instagram, que é uma ferramenta que muitos milhões 
de pessoas no mundo utilizam, eu tenho que observar as normas que estão estabelecidas, que co-
dificaram aquele aplicativo, de maneira que se eu quiser fazer algo diferente eu não consigo. Então 
se eu quero postar, por exemplo, um stories, eu tenho que clicar no botão, eu tenho que cumprir as 
determinações que são codificadas. O que ele chama a atenção é que no fundo, quando nós aderi-
mos a sistemas de códigos, ou realmente estamos imersos ou utilizamos ferramentas tecnológicas, 
nós estamos sujeitos, estamos observando as normas, as regras que foram estabelecidas naquele 
sistema. Então há uma faceta regulatória do código. E é interessante a gente ver isso porque a 
gente aprende nos nossos anos iniciais de direito que nós temos vários ambientes normativos. Nós 
temos o ambiente normativo religioso, moral, dos costumes, e temos o ambiente regulatório ou 
normativo jurídico. 
Agora nós podemos falar que nós temos um novo domínio de âmbito normativo que é o tecnológi-
co, que é o código. O código tem uma faceta normativa. E se a gente parar para pensar que nós so-
mos cada vez mais um indivíduo e uma sociedade que estão imersos na tecnologia, a gente começa 
a perceber que se trata inclusive de um viés ou de uma estrutura normativa que tem muita impor-
tância na forma como nós nos comportamos hoje. O olhar crítico nesse sentido é entender que sim, 
que há essa relação de mútua implicação entre o direito e o código, entre outros ramos também 
normativos. Mas o código, ou a faceta normativa do código, tendo em consideração a importância, 
a relevância que tem na sociedade atual, ela realmente tem um papel enorme e gigante. E esse é o 
ponto que a gente começou a olhar: ok, então nós temos que entender que sim, o código também 
tem uma faceta normativa. E de que forma nós podemos utilizar essa visão normativa para fins de 
termos comportamentos que sejam considerados socialmente adequados? Eu acho que essa é a 
provocação que foi feita em um primeiro momento, e aí a gente começa a pensar como a gente 
pode regular o código. Regulando o código, ou seja, trazendo eventualmente inclusive diretrizes 
para como se deve regular o código, pra tentar cumprir com valores ou evitar externalidades nega-
tivas a valores considerados socialmente relevantes.
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Um pouquinho além, ainda dentro dessa ideia de regulação endógena, nós temos esse que já é um 
clássico de quem gosta de blockchain, que é “Blockchain and the Law”, da Primavera de Filippi e do 
Aaron Wright, que ele fala de Lex Cryptographia, ou seja, ele começa a falar, além da dimensão nor-
mativa do código e de que nós temos que eventualmente estabelecer diretrizes pra quem for codifi-
car ter observância das normas, a gente pode na verdade ir além. A gente pode inclusive codificar ou 
estabelecer códigos, regras, porque códigos nada mais são do que: “se acontecer isso, então é aquilo”. 
No fundo são diretrizes de observância de que implementada uma condição, vai ter a consequên-
cia. Então dentro dessa lógica a gente pode começar a pensar em estabelecer normas, regras, esses 
códigos, que cumpram regulações, determinações jurídicas. E aqui eu começo a pensar em utilizar 
o cabedal ferramental tecnológico para fins de estabelecer regramentos jurídicos, cumprimento de 
regramentos jurídicos, porque ele começa a perceber autoexecutável dos códigos, ou seja, eu posso 
começar a customizar de que forma eu vou executar determinados códigos – então se determinada 
condição para acontecer, então a consequência vai ser observada de forma automática. 
Então como eu posso, e aí esse é o ponto, utilizar isso para implementar de forma até automatizada 
normas jurídicas. E aí a gente começa a falar Law is Code, a Lex Cryptographica, ou seja, eu realmente 
utilizar esse tipo de smart contract, na linguagem que a gente fala no ambiente do ecossistema cripto, 
utilizar smart contract para implementação automática de normas jurídicas. Então, um exemplo que 
tem sido pensado e eu já comentei isso com vocês nas aulas anteriores, para fins de recolhimento 
automatizado de tributo indireto sobre o consumo, o IVA. A gente tem pensado em estabelecer to-
das as notas fiscais, por exemplo, emitidas em um determinado território, pelos agentes partícipes 
daquela cadeia de consumo, elas vão estar em blockchain. Estando essas notas fiscais em blockchain, 
nós conseguimos atrelar o número daquela nota fiscal ao pagamento que vai fazer referência a essa 
nota fiscal. Então, quando a instituição financeira for pagar esse empreendedor, ele emite a nota fiscal 
e manda eventualmente a ordem para o adquirente pagar e o adquirente vai emitir a ordem de pa-
gamento pela instituição financeira daquela nota fiscal, falando “olha, pagar a nota fiscal número tal”. 
Então como está tudo interconectado em blockchain, ao fazer isso o que automaticamente vai ser fei-
to? A instituição financeira ao ver ou ao ter o dado daquela nota fiscal, ela vai saber qual foi o valor da 
compra, qual é o agente que deverá ser o competente para receber aquele tributo, então ele vai reter 
o valor do tributo e vai só remeter para o vendedor o saldo e aquele tributo que foi retido vai reverter 
para os cofres públicos de forma automatizada. Tudo isso por meio da tecnologia blockchain. Então a 
gente começa a pensar em automatização de recolhimento de tributos utilizando a infraestrutura de 
smart contracts em blockchain, por exemplo. A gente começa realmente a ver esse tipo de possibili-
dade e projetos pilotos nesse sentido. A Arábia Saudita é uma que está com projetos nesse sentido aí, 
vendo se realmente é eficaz e como isso realmente aconteceria na prática.
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E aí como eu falei, a gente está no fundo falando de RegTech. A gente começa a pensar justamente 
– e aí há quem fale que vai substituir os sistemas tradicionais. Eu acho que no atual estado da arte 
não, porque como eu comentei com vocês a ideia de automatização de cumprimento de normas 
tem uma lógica muito até fechada. Então cumpridos os requisitos, vai acontecer a consequência. E 
no mundo do Direito nós temos ainda âmbitos de áreas cinzentas e zonas grises que precisam de in-
terpretação, então no atual estado da arte, não sei daqui a pouco, porque como a gente sempre está 
falando, a tecnologia está evoluindo de uma forma muito abrupta e muito rápida, mas no atual estado 
da arte nós precisamos em alguns âmbitos que são um tanto quanto de zonas cinzas, zonas grises, a 
gente precisa, sim, de interpretação de um pouco mais de robustez, de argumentação. 
Mas eu acho que a gente vai ver cada vez mais em alguns pontos que a gente consegue automatizar 
o cumprimento de deveres nesse tipo de lógica, automatizar a gestão disso e o cumprimento disso, 
eu acho que é uma ferramenta que cada vez mais vai ganhar espaço no âmbito de regulação estatal 
mesmo. E aqui o único ponto que eu comento que nós temos, que é uma barreira e aí é uma questão 
desses gaps para gente de fato conseguir ter bons resultados, que é a barreira de comunicação entre 
engenheiros e juristas. Por quê? Porque os engenheiros não falam a língua jurídica, mas são eles, ou 
engenheiros ou quem vai codificar porque às vezes não tem exatamente um engenheiro, mas quem 
vai codificar tem que entender a mensagem e qual é o comando e qual é o regramento que a gente 
está querendo implementar. E aí a gente tem que começar a pensar em como diminuir essas barreiras 
de comunicação entre o codificador,o técnico que vai codificar, a pessoa que entenda disso versus o 
jurista. Como o jurista vai se fazer entender pra ele e como ele vai se fazer entender para o jurista. É 
um desafio aí que esse gap é algo que a gente vai ter que enfrentar pra fins de avançar mesmo, no 
desenvolvimento desse tipo de ferramenta que me parece bastante interessante e sedutora. 
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Mas vamos lá, agora exógena. A regulação exógena, ao seu turno, é aquela que eu comentei em 
que a gente pensa em agentes externos trazendo direcionamentos normativos para os partícipes 
daquele ecossistema, daquele sistema. 
E aí o ponto que chama a atenção e que é o ponto de preocupação é: ok, eu posso estabelecer 
normas fora daquele ecossistema, mas o desafio agora vai ser como eu faço pra que esses par-
tícipes daquele ecossistema, daquele mercado, observem as regras que eu estabeleci aqui fora? 
E aí nós começamos a ter como primeiro problema e primeiro ponto de atenção que se tem que 
escolher: quem serão os pontos de acesso regulatório? 
Então, eu tenho que pensar quem são as pessoas que vão fazer cumprir aquelas determinações 
porque isso vai fazer moldar inclusive quais vão ser as normas que eu vou fazer. E aí tem um livro 
da Michelle Fink, que ela identifica esses pontos de acesso regulatório, que seriam os provedores 
de acesso à internet, porque afinal de contas nós estamos falando de uma tecnologia que se es-
cora, ou que está em uma “sobrecamada” da internet, que nos permite de fato essa interconec-
tividade mundial. 
Temos eventualmente os mineradores, quando é o caso dos validadores das operações, então 
quem valida as operações em blockchain poderiam ser os potenciais pontos de acesso, ou seja, 
as pessoas que observariam e fariam cumprir as determinações regulatórias. Nós podemos focar 
e olhar para os desenvolvedores de software de base, ou seja, quem vai fazer, quem vai codificar, 
poderiam ser pontos de acesso regulatório. Os usuários finais, ou seja, todo mundo que está par-
ticipando do ecossistema. 
Aí se pensa também nos novos e nos antigos intermediários, então, por exemplo, os novos: os 
exchanges no ecossistema do cripto, a gente pode pensar em trazer esses intermediários novos 
do sistema como potenciais destinatários das normas de regulação, como eles vão cumprir o que 
nós vamos determinar, como eles vão nos auxiliar, nós Estado, a observar as normas que são co-
erentes a esse sistema. 
Ou os antigos intermediários, hoje cada vez mais nós estamos vendo os antigos intermediários 
entrando no mercado cripto, seja por meio de adesão a fundos, seja por meio de formando em-
presas dentro do conglomerado que vão transacionar, fazer exchanges de criptos, então a gente 
começa realmente a ver essa também adesão, como a gente comentou nas aulas anteriores, dos 
atores tradicionais a esse novo mercado nascente. E o próprio governo, na condição de partici-
pante do blockchain. 
A gente pode pensar no governo estabelecendo uma blockchain, criando uma grande blo-
ckchain, uma blockchain as a service, ou seja, uma infraestrutura de blockchain, e como ele é 
o dono da blockchain, ele tem acesso regulatório ao que ele quiser naquele ecossistema. Por 
exemplo, no caso da China. A blockchain da China e o governo acaba realmente tendo bastante 
ingerência nesse sentido. 
Então a gente tem que pensar nesses pontos de acesso regulatório. Alguns a gente já começa a 
ver em alguns regramentos e aqui no Brasil propostas de regramentos e no mundo, que normal-
mente estão voltados aos intermediários, novos intermediários ou os antigos, que estão partici-
pando. Alguns pelos usuários finais, mas o ponto dos usuários finais é a dificuldade de você fisca-
lizar todo mundo que participa. E alguns mineradores também estão já na ordem de potenciais 
destinatários dessas regras jurídicas.
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As abordagens possíveis dentro dessa regulação exógena, e aí eu falo que são de tudo um pouco, 
eu posso desde o que a gente chama de moral suasion, do tipo “quem avisa amigo é”, mais ou 
menos nesse tom, que foi o tom que aconteceu de início, em muitos países pelo mundo e no Brasil 
foi o que aconteceu inicialmente. O Banco Central inicialmente estabeleceu alguns comunicados 
falando “olha, moedas virtuais não são moedas eletrônicas”, ou seja, não é o real que a gente tran-
saciona de forma eletrônica. Então, não está sob a minha tutela, então tem que tomar cuidado, é 
arriscado, ou seja, dar aquele aviso de quem avisa amigo é. Nós vemos também outro movimento 
muito forte que foi o de proibição. Em alguns países foi proibida qualquer atividade relacionada à 
cripto. A China foi assim em um primeiro momento com mineradores, depois começou a fazer um 
cerco maior até para uso dos criptos. Nova York num primeiro momento também não foi muito 
aderente e depois estabeleceu uma normativa bastante pesada para fins de quem quisesse estar 
lá transacionando cripto em Nova York. 
A gente viu também, por exemplo, a Bélgica em um primeiro momento, mas depois foi flexibilizado. 
Houve alguns movimentos de proibição pelo mundo e alguns cercos. Normalmente países que não 
são tão democráticos acabaram em um primeiro momento de fato proibindo e alguns até agora 
estão proibidos. A China é um caso que até hoje realmente não pode. 
E aí a gente vê também um movimento de regulação mesmo desde reguladores, o que a gente 
fala, regulando agentes específicos do mercado, então eu trato normativas que vão atingir ou que 
vão ser direcionadas para os agentes do mercado, as exchanges, por exemplo, ou os mineradores, 
então eu estabeleço quais vão ser as regras que esses intermediários novos vão ter que observar 
agora nesse mercado aí nascente. 
Outros países não estabeleceram normas específicas para os partícipes no mercado, eles simples-
mente deram orientações de interpretação das legislações existentes, então falando “olha, se você 
está transacionando com cripto no país – no primeiro momento foi o que aconteceu com a Suíça 
– se você está fazendo uma emissão inicial de token aqui na Suíça, você pode estar sujeito a todo o 
regramento relacionado ao mercado de capitais da Suíça”. 
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Então ele começa com outro movimento de estabelecer interpretações da legislação existente. E 
uma outra possibilidade era uma regulação geral de tudo. Regulação “geralzona”, digamos assim, 
no sentido de que eu vou normatizar tudo de tudo em relação a esse mercado, o que é muito difícil 
porque eu posso estabelecer o que são principais. 
Então, basicamente a gente vê esses movimentos de abordagens possíveis na regulação exógena, 
que é um “quem avisa amigo é”, um aconselhamento moral; eu estabeleço regras normativas ape-
nas para alguns partícipes do mercado, eu simplesmente estabeleço interpretações jurídicas que já 
estão postas e tento aplicar nessas novas operações ou eu faço uma regulação geral de tudo ou eu 
proíbo tudo.
Então, esse mapa está um pouquinho desatualizado porque eu não achei nenhum que fosse tão 
didático mais atual. Ele é de 2018, 2019, mas só pra terem uma ideia em um primeiro momento, 
do mapa do mundo quanto a estados que regularam, regulamentaram de forma específica ou al-
guns pontos específicos do mercado cripto, os que não fizeram nada no sentido de não ter uma 
regulação específica, no máximo uma orientação de quem avisa amigo é, ou coisas genéricas, mas 
nenhum documento jurídico em específico, que são as que estão em amarelo, e as que estão em 
vermelho são as que proibiram, que como eu comentei, geralmente são países que não são tão 
democráticos. 
A gente vê que, óbvio, mudou um pouco isso hoje, mas em um primeiro momento os países, prin-
cipalmente Austrália, ali da Oceania, e Europa, Estados Unidos e Canadá, tiveram, digamos assim, 
uma dominância, um maior início de aceitação e de regulação dessa inovação tecnológica. O Brasil 
continua no amarelo, a gente vai verisso na sequência; o Brasil ainda está com algumas propostas 
legislativas, mas de concreto, nós não temos praticamente nada aqui ainda.
E quanto à intensidade da regulação, a gente começa a ver que tem vários tipos de possibilidades 
que tendem a acontecer. 
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Nós temos as pessoas que veem o novo falando “olha, deixa isso em um primeiro momento fluir 
naturalmente porque normatizar e regulamentar demais a inovação tecnológica pode de certa for-
ma refreá-la, e pode dificultar o avanço tecnológico”. 
Então a gente também, os Estados, têm que ter essa ponderação e ter essa sabedoria e equilíbrio 
em quando agir e o quanto agir; deixar acontecer naturalmente. E aí tem o pessoal que, digamos 
assim, está sendo prejudicado com esses avanços tecnológicos no mercado tradicional, que são 
os the old, que começam a questionar: como assim eles vão pagar menos tributo? Como assim 
eles não vão ter que observar essa normativa que nós temos que observar? E aí nós vemos mo-
vimentos muito naturais de terem sandbox, do tipo “ok, vamos tentar entender o que está acon-
tecendo”. Esse novo que está vindo para auxiliar e melhorar a eficiência do velho, que é o que a 
gente está vendo aqui no Brasil, inclusive esse movimento, nós temos em um primeiro momento 
a orientação de “deixa eu observar o que está acontecendo, deixa eu monitorar o que está acon-
tecendo, deixa acontecer naturalmente”. Digamos, o contra-argumento ou a rebeldia, ou de cer-
ta forma, o esperneio dos agentes tradicionais, seja bloqueando contas correntes de exchange 
entre outras coisas. 
E nós vemos hoje um movimento de sandbox que está aí com prazo, foi estendido nesse momento 
pela CVM, que está [INAUDÍVEL], e que tem a ideia justamente de começar a entender e ver de que 
forma essa inovação pode auxiliar no mercado tradicional. E basicamente para poder fazer isso, 
nós temos sempre muito assessoramento olhando sempre grupos de estudo, tentando entender e 
tentando essa convergência. 
Então, a gente começa a ver que as diretrizes, as orientações iniciais para que a gente atinja uma 
regulamentação adequada, partem de um estudo inicial, de uma experimentação, de um ambiente 
de debate e discussões abertas, transparentes e de confiança. A gente começa a ver que da mesma 
forma que a gente vê as fontes estrangeiras influenciando o interno, o próprio movimento interno 
nosso, da grande maioria dos países, também tende a replicar essa ideia de “vamos entender o que 
está acontecendo”, vamos conversar, vamos experimentar para daí sim a gente começar a entender 
que tipos de modificações nós vamos fazer e em que grau nós vamos fazer. É interessante ver tudo 
isso. Então é tudo isso de regulação, exógena, endógena, qual é a intensidade, quais são as aborda-
gens possíveis e etc. É tudo isso que está na ordem do dia.
Mas no fundo, eu acho que o que a gente tem que ver hoje e que eu acho que é importante, é a 
regulação que está avançando no mundo. Por quê? Porque nós estamos falando de um mercado 
que hoje é bilionário, trilionário - o mercado de cripto é trilionário, nós estamos falando aí de 2,4 
ou 2,5 trilhões de dólares que hoje é o valor de mercado dele. 
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Então, os países estão sim avançando, só que de que forma eles tão avançando? Acho que essa é a 
pergunta que a gente tem que se fazer. De que forma? Ok, eu entendi que são essas as possibilida-
des, entendi que tem vários debates nesse sentido, mas de fato o que nós temos hoje de regulação 
pelo mundo? Quais são as tendências de regulação pelo mundo? E eu vou dar um olhar pra vocês, 
macro, ok? E volto a fazer o gancho com o que eu falei na aula anterior. Por quê? Porque no fundo 
nós temos que no primeiro ponto entender que estamos falando de operações econômicas huma-
nas, feitas por humanos, que têm repercussões jurídicas. Então nós estamos falando de operações 
com criptoativos, nós não estamos 
falando da blockchain, nós não es-
tamos falando do Bitcoin, nos es-
tamos falando de operações que 
são feitas com Bitcoins ou cripto-
moedas no ambiente de blo-
ckchain. Então, no fundo o nosso 
foco é sempre em operações, são 
as operações humanas. E o ponto 
é que essas operações humanas 
são operações humanas e econô-
micas também e têm uma reper-
cussão jurídica. E de que forma 
elas têm essa repercussão jurídica? Como que eu, Estado, vou entrar ou ingressar ou até tentar re-
gular isso? Qual é o momento que em que eu entro, que eu intervenho? Eu acho que essa é a per-
gunta que se faz. Então, nós estamos falando de operações e é isso que a gente não pode deixar de 
ter em mente. A gente está priorizando, então a ideia dos países pelo mundo é priorizar o seu in-
gresso, a sua intervenção. Porque volto e faço gancho com o que eu falei nas aulas anteriores, regu-
lação estatal ela vem, ela ganha espaço quando o dia a dia ou as transações ou os acertamentos in-
ternos não deram conta e estão trazendo externalidades negativas para aquele ecossistema jurídico 
daquele sistema jurídico. Então eu não estou observando os valores daquela sociedade. 
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Então quando eu, de certa forma, não estou coerente, ou não estou em consonância com aquele 
ordenamento jurídico, aí sim eu, Estado, começo, a intervir nesse momento. Por isso que o que 
a gente vê pelo mundo é uma priorização das suas intervenções, priorizações essas que vão ter 
por foco tentar diminuir ou minimizar as externalidades negativas que as principais operações com 
cripto têm despertado. 
Então é esse o olhar que a gente tem olhado assim como uma tendência macro. Se vocês forem 
olhar regulações pelo mundo, eles sempre vão estar buscando lidar ou minimizar, ou de que forma 
eu posso diminuir o que está acontecendo, essas externalidades negativas das principais operações 
com cripto. Então, eu vou estar sempre olhando de que forma eu vou minimizar o risco jurídico que 
essas operações estão trazendo para o sistema, para os valores instituídos nesse sistema jurídico, 
nesses sistemas jurídicos de forma ampla. Isso que é o interessante da gente ver.
E que riscos jurídicos são esses? Eu vou até pôr todos, que assim a gente consegue ter uma visão 
já macro inicial. Basicamente, o ponto é o ecossistema avançando. E essas operações com cripto-
ativos estão trazendo pontos de atenção de problemas ao Estado, mas por quê? Porque eles estão 
avançando e estão não observando valores que são socialmente instituídos há muito tempo. E é 
aqui nesse momento que eu tenho que intervir. 
E quais são essas principais operações, e quais são os principais riscos que já foram detectados nes-
se caminhar do mercado cripto, nesse evoluir do mercado cripto até então? Os principais pontos 
são: primeiro, mais uma vez, mercado financeiro é onde tem a dominância como a gente já viu nas 
aulas anteriores das operações com criptos. É no mercado financeiro que a maior parte dos pro-
bleminhas, dos BOs acontece. Primeiro BO, o caso Silk Road, ou seja, a gente começou a verificar a 
utilização de criptos para fins de aquisição e cometimento de crimes, e aqui nós tivemos o que, uma 
preocupação dos agentes de polícia mesmo porque era uma atitude criminosa, e desde privação de 
divisas até financiamento ao terrorismo, tráfico de drogas etc. 
E aqui como os países começaram a pensar: como que nós vamos aplicar a legislação antilavagem 
de dinheiro, e de know your customer nesse mercado nascente? Porque no fundo faltou isso, por-
que se eu não tenho todo esse tipo de compliance, eu intermediário, eu acabo possibilitando o 
cometimento desse tipo de situação que foi o que aconteceu. No caso Silk Road. Outro ponto que 
começou a chamar atenção por conta do volume de operações e dos problemas e externalidades 
negativas que começaram a trazer, foram os pontos de você utilizar os criptos como pirâmides. 
Como esquemas ponzi, ou seja, você está colocando em risco toda a rigidez da economiapopular, 
você, de certa forma, está prejudicando a economia popular ao estar aliciando, ou seja, estar tra-
zendo para os seus esquemas fraudulentos valores de pessoas, ofertadas ao público. 
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E aí nós começamos a ter toda uma preocupação inclusive da parte da CVM, no sentido de que “poxa, 
vocês estão fazendo ofertas públicas de valores de forma fraudulenta sem observar a legislação da 
CVM” então isso aqui também merece atenção e nós temos que endereçar, temos que lidar com esse 
risco que está nascendo aqui. E mais que isso, nós também tivemos a preocupação principalmente 
quando nós estávamos falando do caso do Diem, da Stablecoin, do Facebook, capitaneada pelo Face-
book, utilizar o cripto como realmente valor monetário. Ou seja, você vai substituir a moeda, todo o 
sistema monetário que está hoje em voga e isso foi um ponto de preocupação dos agentes estatais. 
Então o Bacen começou a olhar pra isso de uma forma mais preocupante, porque você está trazendo 
uma DigTech que pode impactar toda uma política monetária instituída em uma determinada sobe-
rania. Então foi um outro ponto de atenção que os bancos centrais do mundo começaram a ter. Além 
das operações de você estar utilizando esses criptos para fins de câmbio, entre outras operações, 
que tem a preocupação de evasão de divisas, de tributação ou não tributação dessas [INAUDÍVEL] de 
riqueza. Outro ponto foi a questão das bolhas dos ICOs, você fazer ofertas, emissões iniciais em pro-
jetos que não tinham uma rigidez adequada e você vai dar isso para o público. Mais uma vez, a CVN 
se preocupou porque se eu estou fazendo ofertas públicas de valores imobiliários, ou por captação de 
poupança pública à revelia do que diz a normativa das CVMs, - aqui eu ponho CVMs, mas entendam 
aqui como autoridades de valores imobiliários pelo mundo. Então basicamente são esses os principais 
riscos que o mundo começou a detectar, falando “olha, o mercado é nascente, ok vamos observar”, 
e conforme as principais transações, operações desse mercado começaram a acontecer, alguns BOs 
começaram a acontecer, BOs esses que significavam externalidades negativas aos valores instituídos e 
essas principais externalidades negativas que foram o foco da regulação pelo mundo. 
E é isso que a gente fazendo, digamos assim, tentando fazer em uma linguagem mais palatável, 
que os legisladores pelo mundo começaram a tentar lidar. E quais são os riscos que começou-se a 
perceber nesse mercado que chamaram a atenção dos legisladores pelo mundo e que realmente 
foram o foco de tensão e que têm sido o foco de tensão pelos últimos anos? Primeiro risco, que 
eu já comentei, na verdade recapitulando o slide anterior, a utilização desses criptos para fins crimi-
nosos, e aí desde evasão de divisas, lavagem de dinheiro, financiamento ao tráfico e ao terrorismo. 
Segundo risco, captação pública de valores e a proteção dos investidores. Então aquela questão de 
emissões iniciais, esquemas ponzi, esquemas de pirâmides, são atrelados a esse segundo risco que 
começou a ser detectado. Terceiro risco, a rigidez do sistema financeiro e monetário, principalmen-
te no caso do [INAUDÍVEL], e aí a gente viu que a resposta foi muito a se obedecer, mas no ponto 
de vista regulatório houve sim essa preocupação de que forma a gente vai possibilitar a utilização, 
por exemplo, desses criptos e de modo que ele não influencia e não traga riscos à nossa rigidez do 
sistema financeiro, monetário e político instituídos. 
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E um quarta preocupação é a tributação dessas manifestações de riqueza. Então, basicamente, se 
a gente fizer um overview no mundo, nos últimos anos as regulações ou os diplomas regulatórios 
legislativos pelo mundo, visam minimizar esses riscos principais. Por quê? Porque faz sentido. O 
Estado só vai intervir quando a gente começa a perceber que há externalidades negativas nas tran-
sações particulares e é isso que está acontecendo. A gente viu que começou essas operações par-
ticulares começaram a ter externalidades negativas aos sistemas, aos valores jurídicos protegidos 
então é nesse momento que a gente vai intervir. E aí a gente vai intervir de que forma? Tentando 
minimizar ou de que forma a gente pode lidar para fins de minimizar ou até estancar esses riscos 
nessas operações aqui no ecossistema cripto. 
Então o mundo todo no fundo está observando, está modificando suas legislações a fim de lidar 
com esses riscos principais. E é esse o olhar que eu acho que é interessante vocês terem, no fundo 
são esses os riscos, principalmente falo que os dois primeiros são os mais preocupantes em um 
primeiro momento, que é você utilizar para fins criminosos, e aí tem toda uma questão de comple-
mentar toda a política de compliance, de know your customer e a legislação antilavagem de dinhei-
ro no âmbito dos criptos, e o segundo ponto de preocupação maior é essa captação pública. E aí a 
gente começa a ver, por exemplo, a Suíça em um primeiro momento falando que quem fazer emis-
sões iniciais de tokens, se tiver esse token para representar o direito a um contrato de investimento, 
ou seja, ter direito de participação em um lucro futuro de um empreendimento em que o terceiro 
seja realmente o único que trabalhe, que eu não tenha esforço nenhum, que é mais ou menos a 
ideia de um contrato de investimento, tem que observar a legislação de mercado de capitais da Su-
íça. Hoje foi modificada a legislação da Suíça e isso tem uma legislação específica. Então, a gente vê 
que é sempre o entorno disso que está hoje caminhando os países pelo mundo a regulamentação.
No Brasil, eu falo que a gente não avançou muito na verdade. Ainda que se tenha algumas iniciati-
vas aqui e “acolá”, a gente não avançou muito, porque em um primeiro momento a gente começou 
a perceber que é competência de quem? Ou de “quens”? E aí eu já falo, é de todo mundo na verda-
de, porque depende de que operação nós estamos falando, mas no primeiro momento houve “olha 
o Banco Central não é minha competência”; a CVM entendeu em um primeiro momento que não 
se tratavam de ativos financeiros e, portanto, não estava sob sua competência regular. A Receita 
Federal em um primeiro momento não sabia o que era aquilo, mas tributou porque entendeu que 
era um ativo e como tal deveria ser tributado. O Congresso, que em tese é quem teria, deveria fazer 
a votação propositura de normas pra trazer standards nesse mercado, caminha em passos lentos, 
digamos assim. Nós temos aí propostas de 2015 que até hoje não terminaram, estamos falando aí 
de 6 anos de propostas legislativas que não tiveram seu curso final até hoje.
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Então, o que nós temos aqui no Brasil de segurança jurídica? A gente não tem, não. Uma das coisas 
que a gente discutia muito é qual é a natureza jurídica dos ativos. 
E aí não há, eu acho que esse que é 
o ponto, não há jurídica dos ativos, 
não dá pra falar com o criptoativo, 
o Bitcoin é moeda ou é um ativo fi-
nanceiro ou é um outro bem, por-
que no fundo a gente chama que 
é um termo que acabou ganhando 
bastante aceitação, dos estudiosos 
dessa área, a gente diz que ele tem 
uma natureza camaleônica. O que 
significa isso? Significa que no fun-
do a gente tem que olhar a opera-
ção. É dentro daquela operação, 
qual é a funcionalidade que aquele cripto exerce, voltando nas aulas anteriores. Então o nosso olhar 
é: qual é a função que esse cripto exerce nessa operação em específico. E aí, nós vamos poder estar 
de fato identificando qual é a natureza jurídica, aqui entendam qual é o eventual regramento jurídico 
aplicado porque ela vai está de fato exercendo uma natureza em específico naquele caso concreto. 
Então é esse o olhar que tem que se ter, não tem uma resposta pronta, então a gente sempre tem que 
olhar a operação. Por isso que eu falo, é a operação jurídica que a gente tem que olhar. Qual é a fun-
ção que aquele criptonaquele caso concreto, porque eu posso ter cripto, o mesmo cripto, que depen-
dendo da operação econômica e negocial, vai ter funções diferentes e vai se encaixar em perfis diga-
mos de utility token, secutiry token, de forma diferente, conforme a operação que esteja em causa. 
Em primeiro momento, não há uma resposta pronta. Ah, como é que tributa o Bitcoin? Depende. De-
pende qual é a operação que esse Bitcoin está envolvido? É esse olhar que a gente tem que ter, é na 
operação. Entender qual é, digamos assim, a funcionalidade ou a principal funcionalidade.
E eu falo principal porque às ve-
zes acontece de ter mais de uma, 
funcionalidade híbrida. Então va-
mos ver o que nós já tivemos. Pri-
meiro ponto, Banco Central, como 
eu comentei, ele fez dois comuni-
cados. O que nós temos de cripto 
do Banco Central. Um em 2014, 
ou seja, lá quando começou a ex-
plodir isso em que ele disse que 
Bitcoin ou moedas virtuais não são 
moedas eletrônicas, então ele não 
é moeda, então não está sob sua 
tutela, não é sob sua competência. No segundo comunicado, em 2017, em que falou que proibiu 
operações com moedas virtuais que implicassem transferências internacionais de valores. Por que 
isso? Era uma época em que as pessoas começavam a utilizar os criptos, as moedas e principalmen-
te os Bitcoins pra fins de fazer câmbio. Então, eu adquiria Bitcoin no Brasil, mandava pra fora em um 
exchange lá fora e vendia por dólar ou por euro. E aí eu passava ao largo dos agentes intermediários 
de câmbio e eu não teria que pagar o IOF relacionado a essas operações. 
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P r o t e ç ã o d e D a d o s : L G P D & G D P R
Então por conta dessa popularização, digamos assim, desse tipo de operação o Banco Central esta-
beleceu esse comunicado. E é interessante que não só foi esse o ponto como eu falei, que foi essa 
a justificativa desse comunicado em 2017, como está lá bem explícito, que só poderia fazer opera-
ções de câmbio agentes autorizados a tanto pelo Bacen, ou seja, foi justamente esse o mote desse 
comunicado inicial. 
Então, o que a gente tem no Banco Central é isso, em um primeiro momento falando que não é mo-
eda e que se for utilizado pra fins de câmbio não pode, quem pode fazer câmbios são só os agentes 
autorizados a tanto pelo Banco Central, então não deixa de ser certa proibição de utilização desses 
criptos para fins de realização de câmbio. Só que o engraçado é que isso foi em 2017, hoje em 2020 
nós temos o quê? Nós temos notícias de que o Banco Central vai emitir nosso CBDCs, então a gente 
vê né, como é um pulo interessante no tempo, então de um primeiro momento no vamos refrear, 
estamos reticentes, não é moeda, ao ponto de ok, é uma tecnologia interessante, PIX nesse meio 
tempo veio, e agora umas CBDCs provavelmente em breve também vai acontecer. 
Então, no fundo, há certa resposta regulatória que não deixa de ser ao abarcar e ao implementar 
cripto oficial. Não deixa de ser, de certa forma, algo que visa a se beneficiar e eventualmente me-
lhorar a eficiência do nosso sistema monetário nacional. 
CVM teve, digamos assim, duas 
manifestações principais. Um 
ofício circular de 2018 em que 
ela orientou que os ativos, que 
as criptomoedas, não são ativos 
financeiros e que, portanto, não 
estariam sob a sua competência e 
nem poderiam ser objeto de fun-
dos de investimentos. Por quê? 
Porque quem regulamenta os fun-
dos de investimento é a CVM. Se 
a CVM entende que as criptomo-
edas não são ativos financeiros, 
elas não podem estar em fundos de investimentos que são regulados pela CVM. Então, é meio 
que se estivessem proibidos fundos de investimentos em criptos no Brasil. Só que na sequência, 
no ofício circular 11 de 2018, que também teve reviramento semelhante na instrução normativa 
555 da CVM, ela orientou que ok, o que eu estou falando é que de forma direta, você não pode 
investir em fundos. Você não pode ter criptos em fundos brasileiros, mas nada impede que fundos 
brasileiros tenham cotas em fundos estrangeiros e esses fundos estrangeiros tenham criptos em 
seus cestos. 
Então, autorizou de forma indireta a realização, a construção de fundos no Brasil só que de forma 
indireta, então fundos brasileiros podem ter participações em fundos internacionais e esses fun-
dos internacionais podem ter em seus cestos de ativos criptos. E isso possibilitou o que a gente vê 
hoje, esses fundos aqui ofertados aqui no Brasil. Foi justamente essa brecha, digamos assim, da 
CVM. E portaria 48 de 2019, sandbox, que ainda não é um sandbox que está implementado total-
mente. Foi aberto o período pra inscrição, teve o deferimento de algumas inscrições, foi reaberto 
prazo para oferta de novas inscrições ou orientações e vamos aguardar, mas é um sandbox que 
todo mundo está aguardando porque acho que vai ser bastante interessante e temos [INAUDÍVEL] 
em criptos para fins, criptos em Tecnologia Blockchain para gente ver como isso vai melhorar o 
ecossistema. 
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P r o t e ç ã o d e D a d o s : L G P D & G D P R
Então, é interessantíssimo de a gente estar vendo. Então a CVM está nesse pé, então a gente está 
naquele ambiente ainda de sandbox, de debater um pouco e entender essa inovação tecnológica 
que no ambiente de negócios é permitido. Sandbox para quem não sabe, é essa questão de caixi-
nha de areia, no sentido de que vamos – significado é caixa de areia mesmo – vamos fazer testes 
em uma área segura transparente e de confiança que se daqui ao final desse período de sandbox 
for algo que eu regulador entendo que é relevante para o mercado, que tem valor, eu posso eventu-
almente até modificar minha legislação para fins de abranger e trazer e englobar essa inovação no 
mercado interno. Então, nós estamos nesse pé, vamos ver o que que vai acontecer.
Como é que está a Receita Federal? A Receita na verdade tem uma orientação, teve uma única ma-
nifestação no imposto de renda nas manifestações sobre perguntas e respostas de 2017 - se eu não 
me engano, 2016 - em que ela entendeu o seguinte, ela na verdade tem uma interpretação, ela fez 
uma orientação de como deveria se interpretar a legislação do imposto de renda para fins de ope-
rações com criptomoedas. E lá no imposto de renda de pessoa física, ela estabeleceu que as pesso-
as que realizem a alienação, operações com criptos que em um mês alienaram valores equivalentes 
ou superiores a R$ 35 mil, deverão recolher, sujeitar ao imposto de renda pelo ganho de capital, 
recolhendo a alíquota de 15% normalmente que até 5 milhões são 15% e pagando até o último dia 
do mês seguinte àquele em que realizou a operação. 
Então, por exemplo, se eu adquiri um cripto, um Bitcoin por R$ 10 mil hoje em setembro de 2021 - 
que não é o caso, mas vamos supor. Vendi esse cripto em novembro de 2021 por R$ 40 mil. R$ 40 
mil foi minha operação em novembro. R$ 40 mil é um valor acima de 35 mil? É um valor de aliena-
ção? É. É maior que 35 mil. Qual é o valor de lucro que eu tive aqui? Eu comprei por 10, vendi por 
40, então eu tenho 30 mil de mais-valia. Sobre esses 30 mil, eu vou ter que aplicar a alíquota de 
15% e pagar o imposto de renda pelo ganho de capital até o último dia do mês seguinte àquele que 
eu fiz a operação; no caso se foi em novembro, até final de dezembro eu tenho que pagar o imposto 
de renda sobre o ganho de capital. 
Então, o que a Receita Federal fez foi: interpretar a legislação do imposto de renda, ganho de 
capital, pessoa física para operações com criptos feitas por pessoas físicas, ela só interpretou a 
legislação, foi isso que ela fez. E aí para dar, digamos cumprimento, efetividade a essa interpre-
tação, ela publicou a IN, instrução normativa 1888 de 2019 que hoje a gente pode falar que é 
o único diploma normativo no nosso sistema que trata de cripto, é o único sistema do diploma 
normativo de regras que trata disso, estabelecendo que as exchanges têm o dever instrumental, 
que significa dever acessório de informar as operações que acontecem pra fins de que a Receita 
possa fiscalizar isso. 
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P r o t e ç ã o d eD a d o s : L G P D & G D P R
Então, essa INN 1888, a gente vai falar um pouquinho mais na sequencia, ela na verdade é só um 
dever instrumental, um acessório do tipo “olha, tendo em vista que eu interpreto que essas opera-
ções estão sujeitas ao imposto de renda de ganho de capital, portanto vocês exchanges brasileiras 
têm o dever de me informar as operações pra que eu fiscalize se está acontecendo ou não está 
acontecendo”.
Então, no Brasil, basicamente o que nós temos é isso, ok? E eu vou na sequência falar um pouqui-
nho de como a gente lida com tudo isso nesse momento e quais são as tendências e perspectivas 
com as propostas legislativas.
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P r o t e ç ã o d e D a d o s : L G P D & G D P R
PARTE 5
Então pessoal, como vimos na aula anterior, no Brasil, nós não temos muitas orientações. Na verda-
de, não temos nenhuma. 
Em relação a isso, temos dois comunicados do Bacen, um ofício e uma instrução da CVM, mais re-
lacionada à questão de ter criptos em fundos. Na Receita Federal do Brasil há apenas interpretação 
em relação às operações com pessoas físicas, e a INN 188 para fins de implementar ou dar efeti-
vidade a essa interpretação da Receita Federal. Então, no fundo, nós não temos nada. Portanto, a 
pergunta que a gente faz nesse momento é: ok, tendo em vista a ausência de regramentos no Bra-
sil, como que a gente faz? Se o meu cliente chega para mim e pede orientações para fins de algum 
empreendimento em cripto, como eu devo não me portar? E eu falo para vocês que a questão aqui 
é voltar às origens do que comentamos da parte de identificar as funcionalidades que aqueles crip-
tos exercem naquela operação, no caso concreto, e a partir dessa identificação das funcionalidades 
e em classificação inicial, tentar entender, captar ou mapear possíveis regramentos jurídicos que 
possam ser aplicados de forma analógica, digamos assim. Então, se eu identificar que aquele token, 
naquele caso concreto, é um security token, é um valor imobiliário, eu vou chamar toda legislação 
regente daquele espécime, ou seja, dos valores imobiliários ao caso concreto. 
Por exemplo, se eu quero fazer uma emissão inicial de um token e essa emissão inicial é atrelada a 
quem possui o token, esta tem o direito a um percentual, uma participação no lucro futuro do em-
preendimento que eu estou organizando e estruturando. Então, dentro dessa concepção, eu estou 
ofertando um valor imobiliário e, como na oferta inicial de um valor imobiliário, eu tenho que estar 
sujeita a toda a legislação da CVM notadamente em que se fala de IPO, dependendo do valor, eu 
posso até fazer um crowdfunding. Mas o ponto é observar esses regramentos, essas normativas 
jurídicas, tá? E é assim que vocês terão que caminhar nesse ecossistema no Brasil atualmente, ou 
seja, você tem que identificar o cripto, qual a funcionalidade que este cripto está exercendo naque-
le caso concreto e tentar chamar a legislação aplicável ao caso.
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P r o t e ç ã o d e D a d o s : L G P D & G D P R
Outro exemplo, vamos supor, agora eu identifico que eu estou emitindo um token e que esse token 
vai dar direito ao recebimento de um par exclusivo da minha coleção, o que está acontecendo no 
fundo? No fundo, eu estou fazendo uma compra antecipada de um bem ou de uma mercadoria, 
que pode estar sujeita, inclusive, a recolhimento do ICMS, porque eu estou atrelando um token a 
um bem, é um bem que eu vou produzir e vender para o consumidor, portanto, dentro dessa hi-
pótese, nós podemos estar identificando esse cripto como um utility que, no caso concreto, está 
exercendo a funcionalidade de uma mercadoria e aí, estará sujeito a todas as incidências relaciona-
das a esse fato jurídico. Então, é nesse ambiente de certa forma de interpretação e de aplicação de 
hipóteses a fatos concretos, que a gente tem que caminhar. 
Hoje, se a gente parar para pensar, um jurista que milita nas novas tecnologias, ou que quer militar nas 
novas tecnologias, ou que intente, mesmo de fato, ele é (eu brinco) um grande mapeador de riscos, 
e por quê? Porque ele vai ter que entender a operação, qual é o core business, qual é a função que 
aquele cripto, aquele token vai exercer naquele caso concreto e, compreendendo isso, eu vou buscar 
ou mapear quais são as regulações ou os diplomas legislativos que podem ser aplicáveis ao caso. No 
fundo, é com esse olhar que vocês terão que caminhar nesse caminho das relações tecnológicas. 
Neste contexto, eu até trago aqui as perguntas básicas que terão que ser feitas num primeiro mo-
mento. Verificando se é criptomoedas, security tokens ou utility tokens, se é meio de troca, se 
é contrato de investimento, para vocês poderem ir mapeando, então, no fundo, os juristas são 
grandes mapeadores de riscos jurídicos. 
Nós temos que entender a operação que está em pauta e identificar qual é a funcionalidade que 
aquele cripto exerce naquele caso concreto, para daí, começar a mapear quais são os eventuais 
diplomas legislativos que se aplicam a esse caso concreto. Hoje, é dessa forma que temos que nos 
colocar, quando falamos sobre como orientar os clientes com operações que envolvam criptoati-
vos. Portanto, temos que entender, de fato, do negócio, entender qual é o core business, qual é o 
propósito do cliente e qual é a função daquele cripto naquele caso concreto.
Na maior parte dos casos concretos, ele irá exercer, para daí você poder ter uma orientação consoan-
te às interpretações de inferências, no sentido de que, dado esse fato concreto, quais são as hipóteses 
de incidências inseridas no meu ordenamento jurídico que se encaixam nesse caso em específico. En-
tão, é esse o papel, de certa forma, de mapeador de risco mesmo, do advogado que milita nessa área 
de novas tecnologias e, especialmente, de criptoativos. No fundo, você será um grande mapeador de 
risco, deverá compreender os negócios e entender qual é a funcionalidade que aquele cripto exerce 
naquele caso concreto, para então, poder dar a orientação jurídica relacionado a isso. 
É interessante perceber, que a gente volta às perguntas bases, no sentido de que, para poder des-
trinchar em uma primeira abordagem, uma ferramenta que pode nos auxiliar nas inferências jurídi-
cas é fazer a pergunta inicial: é um meio de troca para ser amplamente usado? Ele vai ser uma crip-
tomoeda? E, sendo uma criptomoeda, você vai ter o cuidado, eventualmente, de verificar se é uma 
criptomoeda com alguma outra aplicabilidade em específico e aí, podemos falar, por exemplo, de 
uma criptomoeda que tem por função ser simplesmente uma forma de investimento em um outro 
bem, ou simplesmente uma moeda de troca naquele ecossistema de comunidade.
Agora, não sendo um meio de troca, a segunda pergunta, do ponto de vista de regulação jurídica hoje 
é: esse cripto nessa operação tem as características, ele está exercendo a função de um contrato de 
investimento? Se sim, eu vou trazer à baila a regulação da CVM, porque ele vai ser um security token e 
é aqui que a gente começa a ver maiores embates nas transações ou nos projetos em criptos. Identifi-
car se ele é um security token e, portanto, chamar a competência da regulação da CVM.
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Por exemplo, uma emissão inicial de um token que eu quero adquirir, eu faço a oferta pública inicial 
e dou a esse token, a quem adquirir, o direito de participação no lucro futuro do meu empreen-
dimento (valor imobiliário). Então, se eu pretendo fazer uma emissão desse jeito, eu tenho que 
observar a legislação de IPO do CVM ou até de crowdfunding deles, dependendo dos valores en-
volvidos. Agora, se não é o caso, se eu estou emitindo um token, que tem por objetivo, de quem o 
adquirir, ter acesso a um bem de uma coleção, uma mercadoria que eu vou criar, eu estou utilizan-
do esse cripto como um utility, no qual, ele vai ter a representação de uma mercadoria e, portanto, 
toda a legislação relacionada, inclusive ao pagamento do imposto de ICMS, por exemplo, por ser 
uma mercadoria, seria incindívelEntão a gente fala que nós vivemos a Era do Narcisismo, em que ser humano até então atrelada à 
ideia de coletividade de eu não ser individual, mas eu ser uma parte de um coletivo todo, ou seja, 
eu sou um brasileiro, eu sou da nação americana, eu sou da nação europeia, eu sou da nação afri-
cana, a ideia do ser humano até séculos anteriores era pertencer a uma coletividade, eu era parte 
de um todo. Hoje o ser humano tem a ideia de “eu sou um ser individual”, por isso nós falamos 
que a gente vive a Era do Narcisismo; então eu busco muito a satisfação dos meus anseios. E essa 
mudança de chave de se colocar no mundo do ser humano faz todo o sentido, por quê? Porque se 
a tecnologia vem para dar vazão ou possibilitar que o ser humano atinja os seus desejos, o que ele 
tenciona, natural que a gente comece a utilizar a tecnologia para atingir os meus desejos humanos 
enquanto indivíduo individualizado no mundo. 
Então a gente começa a ver isso e isso tem toda uma repercussão jurídica, inclusive, porque o Direi-
to está atrelado à ideia de coletividade. Então, se a gente começa a pensar na origem disso tudo, a 
gente começa a ver que o problema é muito mais embaixo, então a gente começa realmente a ter 
que pensar uma mudança de paradigma disso. 
Quando a gente pensa em sociedade hoje, a gente pensa em uma sociedade assim, fluida, em que 
a gente se organize, se “retro-organiza”, conforme nossos interesses em comunidades que fazem 
sentido para gente. 
Então, por exemplo, eu posso muito bem ser brasileira, comunidade do Brasil, mas, ao mesmo tem-
po, pertenço a uma comunidade de estudantes da Europa, e aí eu estou com uma outra comuni-
dade, que tem outras pessoas de várias nacionalidades, que estão lá nessa comunidade, como eu 
posso fazer parte de uma comunidade que faça proteção ambiental, em que vai ter pessoas de 
outras nacionalidades, ou seja, a gente se conecta e se interconecta de forma organizada, orgânica 
e fluida, conforme os nossos interesses. E isso é interessante para a gente começar a pensar, como 
a sociedade mudou, porque o ser humano mudou, e o ser humano mudando, utilizando tecnologia 
para poder dar vazão aos seus anseios, a gente começa a ver que o buraco é muito mais embaixo e 
o Direito, de certa forma, enquanto garantia de segurança jurídica nas operações que a gente leva a 
cabo no social, ela tem que olhar para isso. 
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P r o t e ç ã o d e D a d o s : L G P D & G D P R
E o meu objetivo, nesse primeiro panorama, é te dar um olhar crítico e um choque de “Opa”; não é 
só revolução tecnológica, no fundo nós estamos falando de uma mudança de paradigma muito 
mais profundo, porque o ser humano mudou no mundo, e logo, o Direito vai ter que dar vazão a 
isso também. E aí, como eu disse, nesse contexto, talvez por conta desse contexto, que veio o que a 
gente chama de blockchain. 
E é importante não apenas nesse 
contexto e que eu reitero: o ser 
humano utiliza tecnologia a seu fa-
vor para as finalidades que fazem 
sentido, então, no fundo, a blo-
ckchain tem - e a gente vai ver - 
por objetivo, dar vazão aos an-
seios de individualização do ser no 
mundo, e isso é muito interessan-
te a gente entender, do por que 
ela surgiu, por que ela é tão dis-
ruptiva ao status quo. 
Mas, como eu falo, a tecnologia 
é um ferramental, é uma ferra-
menta. E, como ferramenta, ela 
vem para atingir um propósito 
específico. 
Então, o que eu quero falar com 
isso? Que o que a gente não pode 
deixar de ter em mente que as blo-
ckchain - ou blockchains, no plural, 
que a gente vai ver que, na verda-
de, a gente fala em blockchains no 
plural - elas estão atreladas as ide-
ologias, às pessoas que a construíram, que têm alguns objetivos em específico, e a blockchain vai fa-
zer com que as pessoas atinjam esses objetivos. Então, eu reitero: o ser humano mudou. Eu tenho a 
ideia de ser um ser indivíduo no 
mundo, ou seja, eu, enquanto ser 
individual no mundo. E a tecnolo-
gia blockchain veio, como vocês 
vão ver, para fazer sentido e atingir 
esse desiderato de eu ser um ser 
único e unívoco, e independente 
no mundo, ter concretude. Então, 
a tecnologia é uma ferramenta que 
traz, que objetiva trazer ou que re-
sulta em atingir objetivos de pes-
soas que a realizaram. A gente 
nunca pode deixar de ter esse 
olhar crítico, de quem é a pessoa que está por trás dessa criação, qual é o objetivo que essas pessoas 
têm e por que elas estão te dando essa ferramenta para esse objetivo. 
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P r o t e ç ã o d e D a d o s : L G P D & G D P R
É esse olhar crítico que nós temos que ter em todos os projetos quando a gente fala de blockchain, 
entender qual é o mote, qual é o objetivo, o que motiva aquelas pessoas e qual é o objetivo que 
aquelas pessoas têm para com aquela tecnologia. 
E aí nós vamos começar a entender qual era o objetivo do Bitcoin. E vamos começar do início, por-
que nada melhor para entender a tecnologia blockchain do que a gente voltar no início e entender 
o que motivava as pessoas a construir o Bitcoin, e aí a estruturar a blockchain do Bitcoin, e depois 
de entender como isso pôde ser dissipado para outras aplicabilidades. Então, voltando ao início, 
contando aquela historinha inicial: o ano era 2008, quando tudo começou. O que nós tínhamos em 
2008? Crise Americana, todos aqueles escândalos envolvendo as instituições financeiras, ou seja, 
os intermediários de confiança do Sistema Financeiro, se mostraram não muito confiáveis. 
Dentro dessa ideia, o que começaram a pensar as pessoas que tinham essa ideia de “eu sou um 
indivíduo no mundo e não tenho mais ideia de coletividade, eu vou fazer os meus interesses, que 
fazem parte do que eu quero, dar vazão a isso”? Então, dentro dessa ideia de crise de confiança, 
porque as instituições financeiras e os intermediários de confiança representavam o Estado, se eu 
não confio no Estado que, em tese, deveria me garantir ou ser o garantidor de um monte de coisas, 
eu não posso confiar no Estado, eu tenho que confiar em mim mesmo. E nessa ideia de “confiar em 
mim mesmo”, a gente começa a ver que as pessoas que tinham esse objetivo de “eu confio em mim 
mesmo e não em uma instituição que, coletivamente, representa algo que eu não confio, porque 
não é tangível, porque eu estou olhando justamente para o que é o meu interesse”, começamos a 
ter um movimento de criar coisas ou se reorganizar coisas que já eram criadas para esse objetivo. 
12
P r o t e ç ã o d e D a d o s : L G P D & G D P R
Porque qual era o ponto aqui do Bitcoin? A gente começou a entender que a atividade bancária, 
ou seja, de trocas financeiras, trocas monetárias - para ser mais específica - são necessárias, mas 
os bancos, os intermediários não são. Com essa ideia em mente e tendo em consideração a crise 
de confiança em que se estava naquele momento, naquele contexto imerso, a crise de confiança 
nas instituições financeiras, intermediárias de confiança, os indivíduos que tinham uma política de 
empoderamento do ser, do indivíduo, do “eu sou único no mundo e não preciso estar atrelado a ne-
nhuma coletividade”, empoderamento do indivíduo, do ser humano mesmo, indivíduo; “vou criar 
um mecanismo para que eu possa fazer as trocas financeiras, monetárias, mais especificamente, de 
forma direta entre as partes sem os intermediários que não são confiáveis. E de que forma eu vou 
fazer isso?”, veio por meio da blockchain. 
Mas qual era o propósito do Bitcoin, então? Qual era a ideia inicial? Era, e aqui eu coloco até o whi-
te paper, que a Bitcoin é a Peer-to-Peer Electronic Cash System, na verdade, a proposta do Bitcoin 
nada mais era do que ser dinheiro eletrônico. E eu chamo atenção para o cash por quê? Porque 
qual era a proposta do pessoal que começou e que trouxe esse ferramental, o Bitcoin, que deu 
nascimento ao Bitcoin para o mundo, qual era o propósito deles? Era replicar para o mundo digital 
as mesmas propriedades do dinheiro em cash, e cash aqui como dinheiro, cédulas financeiras, de 
Real, de Dólar, ou seja, a cedulazinha que a gentenesse caso. É esse o raciocínio jurídico que vocês terão de fazer e é 
isso que temos para o momento.
Mas nós temos perspectivas? Sim, nós temos perspectivas e aqui eu trago à baila as propostas das 
leis, as principais propostas de leis que estão em trâmite hoje no Congresso Nacional. 
Nós temos três projetos na Câma-
ra e três projetos no Senado. O PL 
nº 2303 de 2015 e o nº 2060 de 
2019. Temos também dois projetos 
de 2019 no Senado (3825 e 3949), 
que são todos semelhantes. Além 
destes, temos mais recentemen-
te o 4207 de 2020 no Senado e o 
2140 de 2021 na Câmara. E por que 
eu estou falando picadinho assim? 
Porque, se a gente olhar estas pro-
postas numa primeira análise, ve-
remos que, tanto o 2303 de 2015 
na Câmara, quanto o 2060 de 2019 e o 4207 de 2020 do Senado, eles estão vocacionados mais para 
regulamentar a realidade cripto de uma forma mais macro. O que eu quero dizer com isso? Eles ten-
tam lidar com aqueles quatro riscos jurídicos mapeados de uma forma mais ampla, olhando todos 
esses potenciais riscos e formas de minorá-los. Já os PLs 3825 e 3949 de 2019 do Senado Federal são 
duas propostas legislativas com o objetivo de normatizar ou estabelecer standards normativos aos 
intermediários do mercado, principalmente exchanges quando estou diante de criptoativos. 
A ideia dessas propostas legislativas, de uma forma en passant, inicial, é aplicar muitos dos regra-
mentos e dos standards, que são hoje aplicáveis às instituições financeiras, também para os inter-
mediários aqui do mercado cripto, para as exchanges. E o 2140 de 2021 é uma proposta apresen-
tada pelo deputado Alexandre Frota, no qual, simplesmente está pedindo um prazo de até 6 meses 
(180 dias) para que os agentes responsáveis pelas regulações, pelas operações com criptos, que 
tenham um caráter monetário ou valor imobiliário, emitam legislações nesse sentido, isto significa 
que, está quase obrigando, determinando, principalmente o Banco Central e CVM, que editem di-
plomas legislativos e que regem operações que estão sob os seus guarda-chuvas, no prazo de até 
180 dias. Então assim, numa primeira abordagem é basicamente isso que essas propostas legislati-
vas tratam. Mas, vamos olhar com um pouquinho mais de cuidado algumas dessas propostas.
Antes de a gente iniciar a análise de uma forma global dessas propostas, eu não vou entrar uma 
por uma, mas vou tentar analisar com a régua, se essas propostas enfrentaram ou não os riscos 
jurídicos envolvidos. Então, antes de eu entrar com essa análise, com essa régua, um parêntese, 
sobre o objeto regulado. O que eu quero dizer com isso? Quando olhamos as propostas legislativas 
na parte que diz do objeto regulado, já começamos a ter um problema de caos terminológico. 
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Nós vemos a utilização de vários termos, de vários conceitos diferentes, tentando normatizar uma 
mesma realidade. E isso pode ser problemático, porque, no fundo, vamos precisar de uma certa dire-
triz mais clara de qual é o âmbito 
de abrangência desses nortes regu-
latórios, dessas normas jurídicas. 
Se nós temos várias propostas le-
gislativas, que podem dar a enten-
der que são de âmbitos diferentes 
e que, às vezes, até se sobrepõem, 
de fato, teremos que ter um cuida-
do para analisar essas propostas de 
forma integral e harmoniosa. Neste 
sentido, eu chamo a atenção para 
esse ponto, por exemplo, vemos o 
uso de termos tais como “moedas 
digitais”, “moedas virtuais”, “criptomoedas”, “fichas digitais representativas de bens e direitos”, 
“tokens virtuais”, criptoativos, e mais, vemos também nessas propostas, às vezes, quando damos o 
conceito do que seriam esses tokens uma unidade de fato ou com a representação digital. 
E qual é o ponto aqui? Eu comentei com vocês que o Bitcoin não existe nem como uma unidade di-
gital, então, se eu coloco que eu estou regulando criptoativos, que são considerados unidades digi-
tais, em tese, eu poderia defender que o Bitcoin está fora do âmbito de regulação, porque o Bitcoin 
não é uma unidade, o Bitcoin é a representação de uma unidade, ou seja, eu represento que aquilo 
existe porque, no fundo, acreditamos que aquilo existe, mas o que temos, de fato, na blockchain do 
Bitcoin são os registros das operações. 
Tudo isso significa a representação de algo que nós acreditamos e que, no fundo, só existe de forma 
abstrata. Então, esse tipo de cuidado tem que ser tomado, porque eu posso ter produtos que não 
sejam criptomoedas, que não sejam unidades, sejam apenas representações de algo. Da mesma 
forma, eu entendo que seria mais coerente, até dentro desse movimento, de nós bebermos das 
fontes estrangeiras, termos um sistema mais harmonioso com os outros sistemas do mundo e utili-
zar os termos que estão correntes no mundo, como o “token” ou “criptoativos” como gênero, crip-
tomoedas e security token ou utility tokens como espécies. 
Usando estas nomenclaturas, podemos ser harmoniosos com o que já está sendo tendência mun-
dial e, assim, ser coerente a esse movimento com uma certa padronização, com diretrizes mais am-
plas para lidar com problemas globais. Então, seria melhor se fôssemos nesse sentido, realmente 
observar as fontes estrangeiras que estão sendo debatidas nesses fóruns de excelência e de discus-
sões, e a gente aderir a isso. E aí, um último ponto que eu acho que merece atenção, no que se refe-
re na parte de nomenclatura e de definições, quando eles vão comentar essas propostas, vão falar 
de intermediários, ou seja, as plataformas eletrônicas que intermediam as operações com criptos, 
eles fazem referência no conceito apenas às pessoas jurídicas. Dizem que, apenas as pessoas jurí-
dicas poderiam ser plataformas, o que pode ser problemático em um primeiro momento, porque 
pessoas físicas também exercem essas atividades. 
Em tese, poderiam defender que, como elas são pessoas jurídicas, elas estariam ao largo da regula-
ção estatal, o que pode ser um problema e mais que isso, a gente também iria contra as tendências 
internacionais. Por exemplo, feita no âmbito do GAFI, que têm as recomendações para fim, inclusi-
ve dos outros países no que se refere a criptos, se aplicam inclusive aos intermediários de pessoas 
físicas ou jurídicas. 
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Então, é um ponto de atenção, que eu acho que merece ser revisitado pelo legislador e que pode, 
sim, eventualmente, dar margem para debates e discussões, porque refere-se às plataformas ou 
intermediários apenas como se pessoas jurídicas fossem, quando na realidade, a gente pode ter 
pessoas físicas realizando esse tipo de operação e transação.
De qualquer forma, reitero mais uma vez, a gente sempre tem que ter em conta, quando a gente 
for analisar, que as normas legislativas visam disciplinar não é o token, não é o criptoativo, não é o 
Bitcoin, não é o Ethereum, não é o Nightcoin, não é o Uniswap, não é nada disso. 
O que a gente está olhando, sempre, são as operações realizadas com esses tokens e quais são as 
implicações jurídicas que eles têm. Então, no fundo, a regulação sempre é como essa operação 
pode ter algum risco para os valores sociais estabelecidos e como nós vamos lidar com isso. Por 
isso é importante a análise, entendo eu, que é instrumental quando ingressamos nesse tipo de ter-
reno, onde temos como instrumento sempre a lupa dos riscos envolvidos. 
Neste sentido, para eu poder aliar e verificar se o nosso sistema, de fato, se as nossas propostas legis-
lativas abarcaram e lidaram com os principais riscos envolvidos no âmbito do ecossistema da cripto, 
com os riscos que as principais operações com criptos despertam, é preciso voltar o olhar para os ris-
cos identificados versus o que nossos diplomas legislativos ou propostas tratam, para então, poder ter 
um olhar crítico no sentido de que “opa, trabalhou com isso, não trabalhou com isso, precisa melhorar 
aqui, precisa melhorar acolá...”, e esse tipo de análise sempre à luz de fontes estrangeiras e olhando 
o que estásendo debatido no mundo, nos fóruns lá fora e que o Brasil, inclusive, participa dos fóruns.
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Então, relembrando os riscos que a gente vai lidar e que, em tese, nossas propostas legislativas de-
veriam olhar: 
 • Utilização das criptos para fins criminosos. E aí eu falo desde evasão de divisas, lavagem de di-
nheiro, financiamento ao tráfico, ao terrorismo;
 • Captação pública de valores, proteção dos investidores;
 • Higidez do sistema financeiro e monetário;
 • Tributação dessas manifestações de riqueza. 
Então, é utilização criminosa, captação pública de valores e proteção ao investidor, higidez do siste-
ma financeiro e monetário e tributação de manifestações de riqueza, são esses quatro riscos princi-
pais que as operações com criptos têm despertado e que devem ser endereçadas pelos países.
Vamos começar a análise aqui. Primeiro, as nossas propostas legislativas lidaram com o risco de 
utilização dessas criptomoedas para fins criminosos? E aqui, eu digo que, de uma forma geral, 
sim. 
É previsto, por exemplo, que as exchanges enquanto intermediárias das transações, vão ter que 
implementar as obrigações relacionadas à know your customer, tais como fazem hoje as institui-
ções financeiras tradicionais, o mercado tradicional e também, as exchanges deverão reportar ao 
Conselho de Controle da Atividade Financeira do Bacen, ou seja, o COAF, eventuais operações que 
consideram suspeitas, tal qual as instituições financeiras fazem hoje, pois, justamente, o objetivo 
aqui é ampliar os pontos de acesso ao combate a esse tipo de crime. 
Ainda é interessante pontuar, que alguns projetos de leis, algumas propostas, inclusive nesse pon-
to, eu falo que entram em contradição com o conceito inicial de plataformas digitais, elas dão a 
entender que as pessoas físicas que exercem a função de intermediárias ou de plataformas, inter-
mediárias das transações, também vão podem ser considerados como exchanges, ainda que não 
se caracterizem como exchanges, elas vão ter que cumprir esse tipo de compliance. Então, eu per-
gunto: não é mais fácil, ao invés de falar: “olha, as pessoas físicas não são exchanges, mas elas vão 
ter que cumprir isso”, do que, simplesmente, falar que as pessoas físicas ou jurídicas que exercem 
atividade de intermediação terão que cumprir isso? 
Se a gente tivesse lá no conceito de intermediários, colocado a pessoa física também como uma 
intermediária desse mercado, não teria esse tipo de previsão, de certa forma, até artificial. 
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Vai contra, como eu disse, a orientação do GAFI, e ela acaba trazendo mais problemas porque, se 
ela estabelece esse tipo de previsão, de que para isso, as pessoas físicas têm que observar, quer di-
zer que os demais deveres relacionados às intermediadoras, pessoas jurídicas, ela não teria porque 
é pessoa física? Então, são pontos que, talvez, merecessem ser revisitados e modificados quando, 
realmente, a gente estabelecer esses diplomas legislativos oficiais.
Ainda no que se refere à utilização desses criptos para fins criminosos, vemos a tipificação de al-
guns ilícitos nessas propostas de leis. Por exemplo, a emissão de criptos de forma fraudulenta, a 
utilização fraudulenta desses criptoativos. Ainda, eles encaixam algumas atividades no crime de 
falsificação de moedas, até crimes contra a economia popular e contra o sistema financeiro nacio-
nal. Eles colocam algumas modificações nas leis penais que regem esses tipos de crimes para abar-
car operações com criptos também. E é interessante, como eu disse, que essa recomendação, inclu-
sive, é coerente às recomendações do GAFI e aqui, falo especificamente da recomendação nº 15, 
que trato que o legislador brasileiro está fazendo coro às orientações internacionais nesse ponto. 
Portanto, ainda que ele tenha ido contrário à orientação do GAFI, no que se refere aos intermediá-
rios, em não colocar as pessoas físicas no conceito de intermediário de início, no que se refere à 
criminalização de algumas condutas com criptos, ela está indo em coerência, em consonância às 
orientações internacionais firmadas em fóruns internacionais, que é o GAFI nesse caso.
Segundo risco: captação pública 
de valores e a necessária prote-
ção dos investidores. As propos-
tas legislativas lideram com esse 
risco? E eu falo que sim, e vou 
falar que é o risco que mais teve 
diplomas ou maior números de 
artigos nas propostas legislativas 
tiveram. 
Sobre isto, o que a gente percebe 
é uma tendência, na qual, esses 
vários diplomas, essas várias pro-
postas legislativas, essas várias regras e artigos que estão nessas propostas legislativas, têm por 
objetivo, trazer dispositivos que minoram quais riscos? Minorar os riscos de assimetrias informacio-
nais, riscos de fraude, seja fraude na emissão, seja na custódia e liquidação dos mesmos. 
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Mas, o que são assimetrias informacionais? Qual é a grande tônica, quando falamos de regulação do 
mercado? Sobre o acesso de grandes investidores, por que as pessoas que querem adquirir, ofertar 
títulos públicos ou fazer ofertas públicas de valores, têm que apresentar toda uma questão de infor-
mações a quem vai investir (aos investidores)? Por que tem essa preocupação da CVM? Porque nós 
temos, o que a gente chama de assimetrias informacionais. Isto significa que, o empreendimento o 
qual estou ofertando participações, títulos meus, tenho todas as informações do meu empreendi-
mento, ou seja, eu detenho as informações. A pessoa que vai adquirir isso de mim não detém as infor-
mações que eu detenho. Por isso, eu faço as normativas específicas que visam que esse empreendi-
mento, que quer captar valores, preste todas as informações possíveis e imagináveis para o investidor 
e, quando ele aderir, quando ele investir capital em mim, ele tenha as informações necessárias. 
Também a diminuição dessa assimetria informacional. O que seria isso? É deter todas as informa-
ções, no qual, o outro fica sem acesso às informações. Então, a regulação vem para tentar trazer 
para um ponto de equilíbrio mais adequado para fins de tomadas de decisões. 
Neste contexto, a ideia no mercado cripto é replicar essa racionalidade que a gente tem no merca-
do de valores imobiliários tradicional, também no mercado cripto, diminuir a assimetria informa-
cional e trazer mais informações para os investidores do mercado cripto. Segundo ponto de aten-
ção: evitar esse cometimento de fraudes, no qual, vemos dia após dia nos jornais especializados do 
mercado cripto, como os esquemas Ponzi, fraudes entre outras coisas.
E como as propostas legislativas buscaram implementar esse tipo de cautela? Eu comento que, os 
projetos da Câmara são mais genéricos e não falam muita coisa, eles só dizem que a emissão de 
criptos vai ter que observar a legislação subjacente à natureza do que está sendo emitido. Basica-
mente é o seguinte: se eu estou emitindo, por exemplo, um token que representa participação no 
lucro futuro do meu empreendimento, é um valor imobiliário, ou seja, a natureza dele é de ser um 
valor imobiliário, portanto, tem que observar a legislação de valores imobiliários. Se eu emito um 
utility token, utilizando o exemplo citado, mas que esse utility vai dar direito a um bem, a uma mer-
cadoria, do ponto de vista de uma edição limitada, ele vai observar a legislação relacionada a em-
preendimentos que são para o mercado consumidor, tributação e etc, mas, não vai ter ingerência, 
aqui, nesse segundo caso, utility token, da CVM. Então, basicamente, é isso que dizem as propostas 
da Câmara. Já as do Senado tratam isso de forma mais detalhada, mais minuciosa, então, traz mais 
detalhamentos de como a gente vai lidar com isso.
E como as propostas do Senado li-
dam com isso? Os dois principais, 
o 3825 e o 3949, estabelecem en-
tre os artigos 3º e 13º, inúmeras 
previsões que visam minorar os 
riscos relacionados à economia 
popular,ou seja, captação pública 
de valores e gestão temerária de 
valores alheios. Nos dois projetos, 
vemos, pelo menos, 10 artigos tra-
tando disso nas duas propostas 
principais do Senado. 
E como eles tentam minimizar esses riscos? Primeiro ponto: eles colocam que compete ao Banco 
Central, autorizar o funcionamento das exchanges, assim como fiscalizá-las e até sancioná-las tal 
qual hoje é feito com instituições financeiras tradicionais. 
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A ideia, de uma certa forma, é trazer alguns dos regramentos e balizas da regulação das instituições 
financeiras aqui para o mercado de cripto, regulando as exchanges. Ainda, a gente vê exigência de 
previsões que o Bacen emita normativas que determinem a identificação dos empreendedores en-
volvidos nos projetos, na gestão dos criptoativos, os limites operacionais mínimos, ou seja, estabe-
lecendo quais são os limites de operação mínimos para que você seja autorizado a estar funcionan-
do, você gestor de criptoativo, exchange ou criptoativo, e valores mínimos de capital integralizado e 
patrimônio líquido dos empreendimentos. 
Ainda determina que o Bacen estabeleça em normativas, que deverá haver a segregação entre os 
recursos aportados pelos clientes e os que pertencem à exchange para fins de não haver mistura e 
confusão nesses ativos. Além de que, as exchanges deverão deixar alguns valores líquidos, seja re-
almente liquidação imediata, em valores semelhantes aos que eles têm de ativos dos clientes, para 
fins de garantir, de fato, que haja uma liquidez imediata integral desses agentes. Se eu quiser pedir, 
eu cliente, saque.
Outro ponto que essas propostas legislativas trouxeram, foi minimizar justamente as assimetrias 
de informações, ou seja, todos os projetos devem estabelecer o dever das exchanges, prestar 
informações aos seus clientes sobre a natureza, complexidade das operações e serviços e isso 
numa linguagem clara, objetiva e acessível, além de tentar, de fato, explicar quais são os riscos 
que as pessoas estão tendo ao se envolverem com esse tipo de operações. 
Diante destas propostas, a ideia é realmente trazer um ambiente com mais equilíbrio de informa-
ções, de quem está ofertando projetos ou criptos versus quem está adquirindo. E ainda, eles deter-
minam o esclarecimento ao público, de que esse tipo de investimento não configura, não está sob 
o guarda-chuva, sob a tutela do fundo garantidor de créditos, ou até sob a tutela do Banco Central. 
Isto quer dizer que, elas devem, realmente, trazer todas as informações para quem adquirir criptos, 
de que é uma operação de altíssimo risco e que não tem garantia como fundo garantidor, como 
algumas operações de renda fixa têm. Além disso, tem que ter a informação de que é arriscado e 
perigoso em uma linguagem clara e acessível, tentando, justamente, trazer para o conhecimento 
do investidor que vai aportar valores em criptos, que ele tenha realmente um pouco mais de ciên-
cia do que está fazendo.
A gente vê ainda, que a proposta 4707 estabelece, nos artigos 3º, 4º e 7º, dispositivos que auto-
rizam apenas pessoas jurídicas a emitirem tokens. Ou seja, não está permitindo pessoas físicas. E 
mais, ela determina que deva haver uma compatibilidade entre a atividade da pessoa jurídica que 
emite e a natureza do token. 
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O que isso quer dizer? Quer dizer o seguinte: se eu sou uma empresa, por exemplo, uma vendedora 
de sapatos, uma fabricante de sapatos, eu posso emitir tokens desde que esses tokens deem direi-
tos ou tenham natureza relacionados à minha atividade principal, que é sapatos. Então, é um token, 
por exemplo, que dá acesso a uma linha exclusiva da minha coleção e aí, ok, estou coerente, posso 
de fato emitir. Mas, prevê também, que eu posso ter empreendimentos que são estruturados ape-
nas para emitir tokens de outras pessoas. E, sendo esse o caso, ou seja, eu sou uma empresa que 
estou me formando para ser um empreendimento que só vai emitir tokens para outros, ou seja, eu 
vou fazer a emissão de tokens para outros empreendimentos, eu teria que ter alguns condicionan-
tes, como ser constituída por meio de uma sociedade anônima ou cotas de responsabilidade limita-
da, ter um valor de capital social mínimo de R$ 100 mil, manter segregados os valores que são de 
terceiros dos que são do empreendimento e mais, as pessoas que vão exercer o efetivo poder de 
gerência e controle desse empreendimento, que vão emitir tokens para outras empresas, elas têm 
que ter reputação ilibada, isso está na proposta legislativa, e competência técnica necessária para o 
desempenho das funções. Então, a ideia é realmente diminuir o risco de cometimento de fraudes e 
trazer um pouco mais de seriedade e maturidade ao mercado de criptos.
Relativamente aos últimos dois 
riscos, que são o de higidez do 
sistema financeiro e monetário e 
tributação, eu trouxe um slide só, 
porque, de fato, são os riscos que 
menos dispositivos tiveram nas 
propostas legislativas. E, basica-
mente, o que eles fizeram nas pro-
postas legislativas? Praticamente 
falaram o seguinte: “olha, no que 
se refere às políticas monetárias e 
financeiras e higidez disso, eu vou 
entregar o filho para o Banco Cen-
tral, porque o filho é teu, então Bacen, a tua responsabilidade de legislar é tua, então, você deve 
fazer isso”. Por outro lado, sobre a tributação, o que diz? Diz que, a tributação com operações de 
criptos está sob a tutela da Receita Federal do Brasil, é ela que regulamenta isso. 
Portanto, as propostas legislativas praticamente entregam os filhos aos seus pais ou às suas mães, 
digamos assim. 
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E aqui, eu abro um parêntese no que se refere à parte de tributação e faço críticas, duas princi-
pais:
 • Ainda, que de regra geral, as propostas legislativas entregam para a Receita Federal o dever 
de normatizar e regular a parte tributária das operações, tem um dispositivo no artigo 13º de 
uma das propostas legislativas, que traz uma modificação na lei de imposto de renda de pes-
soa jurídica, tentando plasmar, identificar ou consolidar a interpretação que está lá na Receita 
Federal para fins de pessoas físicas, também para as pessoas jurídicas. Repetindo, a gente 
viu há pouco, que hoje, no atual estado da arte, o imposto de renda de pessoa física, lá nas 
perguntas e respostas, tem a orientação da Receita Federal que diz: “olha, pessoa física que 
operacional, que realiza operações com cripto, se dentro de um mês, você ultrapassar a R$ 35 
mil, você deve recolher imposto de renda sobre o ganho de capital”. É essa a orientação. E o 
que diz a proposta legislativa? Diz que essa orientação que está para pessoa física, será para 
pessoa jurídica também. 
 • Na verdade, isto pode ser problemático, porque nós vamos começar a tratar situações diferen-
tes de uma forma unívoca, que não é coerente, inclusive, ao princípio da isonomia, porque, se 
eu tenho empreendimentos que vão ser tributados pelo lucro real ou pelo lucro presumido e 
que exercem uma atividade X e a outra que faz isso só faz com cripto, vai ter uma tributação 
diferente, sendo que faturam o mesmo ganho ou têm o mesmo lucro, não faz sentido. Eu acho 
que é algo que não andou muito bem pelo legislador. 
 • Segunda crítica do ponto de vista da tributação: as propostas legislativas falaram apenas que a 
Receita Federal do Brasil deve legislar operações com criptos. Mas nós estamos em um sistema 
jurídico, onde a tributação é partilhada entre os entes federais. Nós somos um Estado Federal, 
o que significa que tanto Estados, quanto União, quanto municípios, legislam e têm competên-
cia tributária. Portanto, não é apenas a Receita Federal do Brasil que vai legislar sobre isso. Os 
estados e municípios, nos âmbitos das suas competências – desculpe o pleonasmo – mas eles 
têm toda a competência mesmo de implementar e legislar em operações com criptos ou não 
criptos desde que esteja dentrodo seu âmbito de incidência, de suas materialidades possíveis. 
Então, andou mal nesse sentido, porque nós não percebemos, que no fundo, quem vai legislar 
não é apenas a União, mas os estados e municípios também.
Mas, de uma forma geral, as pro-
postas legislativas no Brasil li-
daram, sim, com os riscos mais 
prementes que estão aí, no radar 
do mundo, só que a gente preci-
sa avançar nisso. Como eu disse, 
nossa primeira proposta legisla-
tiva é de 2015, nós estamos em 
2021, nesse momento são seis 
anos e não temos leis, não temos 
nenhuma diretriz normativa mais 
séria aqui no Brasil.
Hoje, para que o mercado, de fato, amadureça, ele está demandando cada vez mais segurança e um 
sinal disso, por exemplo, é a atual e recente empreitada da Abcripto, uma associação que congrega 
vários partícipes do mercado. 
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Ela fez uma proposta de autorregulação, que tem por objetivo justamente lidar com os riscos de 
compliance relacionados à lavagem de dinheiro e cometimento de crimes, para que as suas asso-
ciadas implementassem por elas mesmas esses tipos de políticas para minimizar esse tipo de risco. 
Ou seja, os próprios players querem mais segurança, exigem mais segurança e estão, de uma certa 
forma, se organizando para isso. 
Eu acho que o Estado também avança nestas discussões, porque segurança jurídica é o coração 
para que esse mercado floresça e atinja sua máxima potencialidade. E eu acho e reitero, que só va-
mos atingir isso, de uma forma eficiente, adequada e que cumpra o seu desiderato, se houver um 
diálogo entre administração e administrados. Pois, é um mercado altamente volátil, é um mercado 
altamente dinâmico, o avanço é exponencial e rápido, então, não há como a gente achar que as 
coisas não vão demandar compreensões mútuas, porque, de um lado, é preciso entender o merca-
do e ter uma relação de transparência, de compreensão, de abertura ao novo e, do outro, os admi-
nistrados de transparência, de prestar informações, de confiança para que a gente consiga estabe-
lecer e caminhar em standards normativos que sejam flexíveis, que deem segurança e que 
preservem os valores considerados relevantes naquela sociedade, mas a gente tem que avançar. 
E o último tópico que eu quero 
tratar com vocês, é a tributação 
de criptos. Relembrando, nós es-
tamos falando de criptoativos, ou 
seja, uma miríade de coisas, ou 
ativos criptográficos. Também es-
tamos falando de tokens, cripto-
moedas, mas por que estamos fa-
lando disso? Por que, quando 
estamos falando no fundo de tri-
butação de criptoativos, nós te-
mos que olhar para a mudança do 
ecossistema e a tributação é so-
bre os criptoativos, ou seja, todas as categorias, todas essas camadas e todas essas espécies que 
nós estamos falando. E mais, reitero, nós estamos falando de operações. 
Então, quando a gente fala de tri-
butação de criptoativos ou de crip-
tomoedas, nós estamos tentando 
identificar qual é a tributação ca-
bível às operações com esses crip-
toativos ou com essas criptomoe-
das, ou seja, com essas operações. 
Aqui, mais uma vez, vamos dar 
uma olhada de como o mundo 
tem lidado com isso, por quê? Da 
mesma forma que o raciocínio foi 
para regulação, onde nós estamos 
falando de operações com criptos, a atenção dos legisladores, por serem operações, estão desa-
fiando o status quo, que estão indo contra ou desafiando valores que são relevantes para aquela 
sociedade e que, por isso, reclamam ou chamam a atenção do Estado. A mesma coisa acontece na 
tributação. 
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Nós estamos falando de principais operações, onde temos, primeiro, o roadmap, ou seja, roadmap 
são as principais operações hoje realizadas com criptos, que chamam a atenção das administrações 
pelo risco de não pagamento de tributo. Portanto, a ideia é olhar as principais operações que estão 
sendo realizadas no atual estado da arte e identificar de que forma podemos orientar a tributação 
dessas operações ou fazê-las efetivas. É, mais uma vez, priorizar o risco de não pagamento destas 
principais operações E, priorizando, hoje, a gente vê que são quatro as principais atividades realizadas 
com criptos que chamam a atenção das administrações fiscais, para fins de tributação desses criptos: 
1. A utilização desses criptoa-
tivos ou ativos digitais como 
meio de trocas;
2. A segunda classe de riscos 
mais prementes é esses crip-
toativos sendo utilizados 
como uma classe de investi-
mentos;
3. Trade ou troca de criptoativos;
4. Empréstimo, que está muito 
em alta com o DeFi, no qual, o 
empréstimo é o principal tipo de transação que acontece no âmbito do DeFi hoje. São emprés-
timos, mas temos também as atividades de mineração e emissão de tokens, que são atividades 
muito realizadas com criptos e podem chamar a atenção da tributação. 
Então, recapitulando o que eu disse até agora. Nós estamos olhando quais são as principais opera-
ções com cripto feitas hoje no mercado e identificando os pontos que chamam a atenção para fins 
de tributação dessas operações. E quais são as principais operações? Os criptoativos como meio de 
troca, como investimento, como trade e empréstimo, mineração e emissão de tokens. 
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São as principais operações realizadas no ecossistema de cripto e que podem chamar a tributação. 
E isso quem mapeou não fui eu, esse eu peguei dessa fonte do relatório da PWC de 2020, da Tax 
Report, em que ele traz todos esses dados e esse olhar que é superinteressante.
E como o mundo tem lidado com esses principais riscos jurídicos? Aí, é interessante pensar que o 
Bitcoin, o iPaper foram apresentados como unidade em 2008. A primeira operação com Bitcoin foi 
feita em janeiro de 2009. As primeiras orientações, as primeiras publicações, as primeiras guidelines, 
diretrizes de como os agentes de mercado deveriam tributar operações com criptos, começaram a 
ser veiculadas em 2014. Quase cinco anos depois do lançamento do Bitcoin. Mas foi apenas em 2017, 
muito num ambiente que a gente viu um boom dos ICOs (Initial Coin Offerings), ou STO (Security 
Token Offerings), ou seja, as emissões iniciais de tokens, os ICOs bilionários, que houve uma preocu-
pação de olhar de forma vertida para o mercado de cripto, ou seja, o investimento em projetos iniciais 
insipientes de bilhões de dólares. Coisas que em IPOs não se fazia, não se conseguia. 
Diante desse contexto, houve uma preocupação muito grande dos agentes, dos fazendários, prin-
cipalmente, e aí, nesse momento, vemos realmente um incremento no número de orientações de 
como se tributar operações com esses tipos de criptos. Mas, até 2020, quando foi feito esse relató-
rio, que também é do PWC (outubro de 2020), nós tínhamos mapeado no mundo apenas 23 orien-
tações. Ou seja, 23 países orientavam os partícipes do mercado como eles deveriam tributar as 
operações com criptoativos. Então, se a gente parar para pensar, que o mundo é muito maior que 
isso, 23 é muito pouco. Muitos poucos países realmente fizeram alguma orientação nesse sentido 
do ponto de vista da tributação.
Só que, quando a gente olha na parte de qualidade, piora e piora muito. 
 • O primeiro corte: principais operações com criptos que demandam riscos e que demandam 
orientações de tributação;
 • Segundo corte: número de orientações que tratam de tributação;
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 • Terceiro corte: como essas orientações lidaram com aqueles riscos inicialmente mapeados, e 
aí a gente vê que a qualidade é muito ruim. A grande maioria dos países trata de forma muito 
limitada. Então, vemos que há uma deficiência, um gap muito grande. 
Quando eu falo em qualidade, estou falando, na verdade, qual foi o percentual das orientações 
que foram emitidas e que lidaram com essas operações principais. Por exemplo, as operações 
com ganho de capital pela compra e venda de criptoativos por indivíduos, a grande maioria das 
orientações,61% lidaram com isso. Ao passo que 39% não lidaram com isso. 
Essa é a primeira operação, a primeira transação mais básica, a transação padrão, o paradigma inicial 
do Bitcoin é esse. Se essa operação tradicional não é tratada por todos os sistemas, já é um ponto de 
preocupação. Mas é tratado por 61%, ou seja, pela maioria. Mas, conforme começamos a ver as ope-
rações que acontecem em um caminhar mais recente, vemos diminuir o número de orientações que 
lidam com isso. Por exemplo, eventualmente é perda e ganho na compra e venda de criptoativos por 
negócios. Se você utiliza cripto e tem prejuízo, você pode realizar esse prejuízo, utilizar isso na compra 
da tua apuração do imposto de renda? Poucos países trataram disso, só 59%. Da mesma forma, a tri-
butação direta da atividade de mineração, 52% tratou disso. Em relação ao trading, quando fazemos 
trades de tokens de pagamento, a gente faz re-trade, ou seja, eu faço permuta, eu troco um cripto por 
um outro cripto que tenha, por função, ser um meio de pagamento: 48% tratou disso. Na tributação 
indireta da atividade de mineração: 37% tratou disso, e assim vamos. Initial coin offering, só 28%. 
No que diz respeito à questão da tributação direta ou indireta em troca de tokens de security, não 
mais os tokens de pagamento, as criptomoedas, o percentual é de apenas 26%. Tributação de hard 
forks, só 24%. Hard forks é quando a comunidade entende que aquele protocolo da forma como 
está, precisa passar por uma adaptação, por uma modificação, por um upload. Se toda a comunida-
de concorda com isso e não há uma ruptura abrupta com o protocolo, com o código, então a gente 
fala que é um soft fork, ou seja, só foi uma atualização daquele software, daquele protocolo. Agora, 
quando há um embate em questões estruturais, de modo que a nova atualização vai se romper 
com a atualização anterior e há uma cisão na comunidade, a gente fala que é um hard fork. 
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É como se, de uma certa forma, eu abrisse uma nova via em que os dois sistemas vão correr de for-
ma paralela, daí é um hard fork. 
Esse tipo de operação em criptos pode dar nascimento a um outro tipo de criptoativo que é a aplicabi-
lidade desse novo fork. Foi o caso, por exemplo, que aconteceu com o Bitcoin cash, onde tivemos um 
hard fork. Quem tinha Bitcoin acabou tendo Bitcoin cash também, ou seja, acabou ganhando espon-
taneamente por uma cisão do sistema de novos criptos. E essa aquisição originária vai dar direito ou 
vai ser tributável para o imposto de renda em qual momento? Esse é o tipo de orientação que não se 
tem, mas que deveria se ter. Quando vemos lá para baixo, por exemplo, a tributação dos non-fungible 
tokens e dos tokenized assets, tributamos de que forma? A gente tributa os NFTs? Esses NFTs vão ser 
considerados tokens, criptoativos ou criptomoedas? Vão ser tributados de que forma? Ou os ativos 
tokenizados vão ser identificados ou vão ser tributados de uma forma específica como um ativo finan-
ceiro mesmo? Ou a gente tem que olhar a sua repercussão lá fora? Não tem orientação. Então, vemos 
que, realmente, são poucos os países que trouxeram uma orientação e, mesmo os que trouxeram 
uma orientação, não tratam das principais operações que hoje já estão sendo realizadas no mercado.
Então, o diagnóstico desse panorama mundo é que as orientações sempre estão muito atrás da 
indústria, ou seja, a velocidade de mudanças e do avançar da indústria é muito maior e as orien-
tações sempre vêm a reboque. Tanto é que, mesmo que a bolha dos ICOs, ou seja, das emissões, 
foi em 2017, 2018, as orientações mais recentes não tratam disso e nós estamos falando de três ou 
quatro anos depois. Isto mostra que a gente sempre está atrasado. 
Então, as orientações dessas ICOs são raras, da mesma forma as orientações de mineração, de 
como tributar as atividades de mineração direta ou indiretamente não é algo que está na maioria 
das orientações, e isso é algo que já vem com o Bitcoin desde o início e não tem, até hoje, uma 
orientação. 
Em resumo, realmente vemos que sempre há um atraso. Há na verdade uma estimativa de três ou 
quatro anos de atraso. As empresas vão avançando e incrementando novas operações e só três ou 
quatro anos depois é que começam a ter algumas diretrizes e algumas orientações gerais para tra-
tar de operações que já estão há um tempo consolidadas no mercado, e isso traz uma insegurança 
muito grande para quem quer empreender nesse segmento. Isso é desafiador para as startups, 
porque elas começam a se inserir e estar presentes em um mercado bastante incerto, inseguro e 
altamente arriscado.
100
P r o t e ç ã o d e D a d o s : L G P D & G D P R
PARTE 6
E como estamos no Brasil, relativamente à tributação?
Como comentamos há pouco, 
a única coisa que nós temos no 
Brasil é a orientação da Receita 
Federal do Brasil nas perguntas e 
respostas do imposto de renda de 
pessoa física, onde ela orienta que 
as operações em que haja aliena-
ção de criptos no valor de uma re-
ferência mês, acima de R$ 35 mil 
deverá ser tributado pelo imposto 
de renda a ganho de capital. 
Então, não tendo orientação, qual 
é o ponto? Na verdade, nós temos que olhar para esse ambiente e tentar depurar as operações que 
estão em cena, ou seja, entender a operação que está em análise e, dentro dessa ótica, verificar se 
essa operação se encaixa em alguma previsão hipotética ou normativa de natureza tributária no 
ordenamento jurídico brasileiro. No fundo, temos que fazer um juízo realmente de ingerência, no 
sentido de olhar para essa operação e perguntar: ela é uma operação que tem ressonância ou que 
tem previsão hipotética? Se for sim, eu vou aplicar ao fazer a incidência dessa norma essa situa-
ção hipotética. Do contrário, não sendo uma situação que tenha de fato, ou que tenha um quê de 
chamar a aplicação da legislação tributária, pois nós temos o princípio da legalidade, aí não vai ser 
tributado. 
Neste sentido, mais uma vez, na cena tributária, o papel do advogado é ser um mapeador de riscos, 
tentando entender a operação que está em análise, entender qual é a função daquele cripto na-
quela operação e tentar identificar, se é ou não, o caso de incidências tributárias naquelas hipóte-
ses que estão realmente sendo analisadas. 
Na verdade, a gente tem que iden-
tificar se, de fato, nós estamos 
diante de operações, as quais já 
fazíamos, pois, a captação pública 
de valores é algo que a gente já faz 
há algum tempo e o que diferencia 
é que agora, nós temos um instru-
mento diferente. Ou se, de fato, 
nós vamos estar diante de novas 
operações, que até então, não 
eram existentes, como é o caso 
das atividades de mineração. Até 
agora, não tínhamos o minerador 
de criptoativos como atividade financeira, portanto, esse tipo de atividade vai, sim, demandar um 
raciocínio jurídico de inferência jurídica tributária, quando a gente está falando de tributos, um 
pouco mais rebuscada. 
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P r o t e ç ã o d e D a d o s : L G P D & G D P R
Então, voltando, o que nós temos de tributação no Brasil? É aquela orientação da Receita Fede-
ral, de que, se pessoas físicas alienarem criptos em um mês de referência em operações, e aqui 
reitero, operações de R$ 35 mil, não é a mais-valia, não é o lucro que é acima de R$ 35 mil, é a 
operação. Ou seja, se eu fiz uma operação de R$ 35.001,00 ou várias operações que somaram mais 
de R$ 35 mil em um mês de referência, eu vou ter que apurar qual foi a minha mais- valia, ou seja, 
qual foi o valor que eu declarei de custo de aquisição versus o valor que eu vendi, que eu alienei. 
E essa mais-valia vai ser tributada pelo ganho de capital. É uma interpretação, como eu comentei 
com vocês, que a Receita Federal deu essas operações. Isto significa que, eu olhei essa operação e 
interpretei dessa forma e, desta forma, apliquei a legislação do imposto de renda a ganho de capital 
nessas operações.
Para cumprir essa orientação oficial, a Receita Federal do Brasil emitiu a instrução normativa1888 
de 2019, que estabelece o dever assessório ou instrumental das exchanges brasileiras, de informa-
rem todas as operações com criptos que ocorreram nas suas plataformas. 
Então, toda e qualquer operação em exchanges brasileiras são informadas na Receita Federal do 
Brasil. Essa mesma instrução normativa estabeleceu o dever de, no caso de operações com criptos 
feitas diretamente entre as partes, ou seja, operações P2P, peer to peer, em que eu alienei um crip-
to para um conhecido meu (não passou por nenhum exchange), nesse caso, sou eu, pessoa física, 
que devo reportar a operação à Receita Federal. Mas, eu só vou reportar, se essa operação for su-
perior a R$ 30 mil em um mês. Da mesma forma, sou eu, pessoa física, que deverei reportar para 
a Receita Federal operações que sejam superiores a R$ 30 mil em um mês, caso eu as realize em 
exchange internacional estrangeira. 
Desta forma, a gente verifica, regra geral das exchanges brasileiras, o dever de informar toda e qual-
quer operação de qualquer valor para a Receita Federal, e o dever dos particulares em informar 
operações acima de R$ 30 mil, se fizerem essas operações em exchanges estrangeiras ou direta-
mente entre as partes. É isso que nós temos de orientação oficial, no que se refere a tributação 
hoje no Brasil. 
Só que isso seria suficiente? Nos 
parece que não. Mas, antes de 
entrar nesse “seria ou não sufi-
ciente”, um parêntese: essa ideia 
de a gente reportar e fazer todo 
o regime do ganho de capital das 
operações com criptos, pelo re-
gime do ganho de capital, do im-
posto de renda no ganho de capi-
tal, isso se aplica inclusive quando 
nós estejamos fazendo com moe-
das estrangeiras. O que eu quero 
dizer com isso? Nesses casos, eu 
tenho que olhar a origem do dinheiro inicial. Eu tenho que olhar se a origem do euro que eu adquiri 
esse cripto tem, por fonte inicial uma remessa do Brasil, para lá, ou seja, tem uma fonte brasileira 
de renda? Se for sim, aí a gente tem que fazer toda a questão de converter essas operações. No mo-
mento em que você vende, você tem que fazer todo o cálculo em reais, e o que eu quero dizer com 
isso? Você tem que fazer a conversão do preço de aquisição para real, o preço de venda para real, 
para daí poder apurar o ganho de capital em real. 
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P r o t e ç ã o d e D a d o s : L G P D & G D P R
Diferentemente se a fonte for estrangeira, ou seja, se eu adquirir, se eu sou um professor, ganho di-
nheiro em dólar, ganhei minha remuneração em euro, enfim, e com essa fonte estrangeira eu adquiri 
cripto, quando eu for declarar o ganho de capital aqui no Brasil, eu vou fazer a apuração do ganho em 
moeda estrangeira e, ao final, eu vou converter o valor apurado para reais e isso pode dar diferenças 
no câmbio, por isso, é esse tipo de cuidado que tem que ter no que se refere a moedas estrangeiras. 
Mas, como eu disse, será que essa orientação seria suficiente? E eu falo que não. Por quê? Primei-
ro, nós estamos falando só de uma orientação para ganhos de capital de pessoas físicas. E, ainda 
que, para a pessoa física, as perguntas que se faz são: 
 • Se eu faço daytrade desse cripto, qual vai ser a metodologia do cálculo desse ganho de capital? 
 • Eu vou utilizar a metodologia do first in, first out, last in, last out? 
 • Ou eu vou fazer uma média ponderada, tal qual é no trading de ações? 
Não tem essas orientações específicas. Mas o que seria o first in, first out, last in, last out? Eu coloco 
como preço de aquisição o primeiro cripto que eu adquiri e o primeiro cripto com o preço de venda, 
o primeiro que eu alienei, e o last in, last out é o último, o último que eu adquiri e o último que eu 
alienei. E a média ponderada é igual ao estoque de ações, 
A orientação hoje tem sido dada para quem é contador, especializado nessa área, e profissionais 
que conversam com esses profissionais, o mais seguro é realizar a metodologia da média ponderada 
do estoque de ações, porque a gente consegue ter o valor médio desses criptos. Mas não tem uma 
orientação específica, portanto, vemos um gap aqui, que falta um pouco mais de esclarecimentos 
para os daytradistas, digamos assim. Só que, para pessoa jurídica, nós não temos nenhuma orienta-
ção. Por isso, eu já falo que não é nada suficiente. E como tem sido para a pessoa jurídica? Atualmen-
te, a gente tem orientado as pessoas jurídicas a identificar se a atividade que essa empresa exerce e 
esse cripto relacionado a essa atividade, seria um ativo operacional ou não operacional e, portanto, 
metodologias de apuração de ganhos tal qual regime de ganho de lucro real, lucro presumido, con-
forme seja ou não um ativo operacional. É assim que vamos fazer todas essas diferenciações. 
Mas, qual é o problema aqui? O ponto é que, como a gente viu, uma das propostas legislativas em 
trâmite hoje no Congresso propõe a alteração da legislação do imposto de renda de pessoa jurídica, 
da mesma forma que, a interpretação das pessoas físicas que realizam operações com criptos, es-
tariam sujeitas ao imposto de renda a ganho de capital, o mesmo raciocínio seria aplicado nas pes-
soas jurídicas, não diferenciando as atividades, não diferenciando se é regime de lucro presumido, 
lucro real, se é um ativo operacional, ou se não é. 
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P r o t e ç ã o d e D a d o s : L G P D & G D P R
Ou seja, sempre nessas diferenciações, que para mim, parecem necessárias, é um ponto de aten-
ção, pois não sei se vai passar ou se não vai e, se passar, eu acredito que dará muitas questões de 
interpretação e de discussões, até mesmo por uma questão de isonomia com atividades semelhan-
tes que estejam acontecendo aí. Isso é um ponto de atenção, tá?
Outro ponto muito comum no 
mercado cripto, e que não tem 
orientação nenhuma: as chama-
das permutas. O que seria permu-
ta? Seria o seguinte: eu adquiri um 
Bitcoin hoje a R$ 20 mil (não é o 
caso, vale muito mais hoje). Da-
qui a seis meses, esse Bitcoin está 
valendo R$ 60 mil. Aí, eu peguei 
esse R$ 60 mil (Bitcoin) e troquei 
por algumas Nightcoins ou Ethe-
reums que estavam por esse valor, 
ou seja, eu peguei o R$ 60 mil, que 
equivale ao meu Bitcoin inicial e troquei por Ethereum. A pergunta que se faz é: nesse momento, 
em que eu faço essa permuta, ou seja, eu vendo meus Bitcoins e adquiro Ethereum, aqui, eu pode-
ria caracterizar essa permuta como ganho de capital? Essa operação de permuta daria ensejo para 
eu identificar como ganho de capital? E por que está sendo discutido isso? Porque o decreto do im-
posto de renda estabelece que, na apuração do ganho de capital, são consideradas operações que 
importem alienação a quaisquer títulos de bens ou direitos, ou a cessão, ou a promessa de cessão 
de direitos à sua aquisição tais como permuta. Isto significa que a permuta é considerada alienação 
para fins de imposto de renda pelo ganho de capital. 
Neste caso, quais são as interpretações? Tem uma orientação também no Decreto do imposto de 
renda que, quando fazemos permutas de imóveis sem torna – torna é quando você dá o imóvel e 
dá mais um valor em dinheiro – a orientação, no caso de permuta de imóveis, quando não há torna 
é só uma permuta e não é caso de imposto de renda. Quando há torna, ou seja, você deu o imóvel 
mais um valor em cima, sobre o valor que você deu em cima, você vai pagar, eventualmente, o ga-
nho de capital, onde você vai apurar o quanto de percentual aquela torna versus o valor inicial do 
imóvel equivale. 
Mas, no que se refere a outros bens, como ações e tal, a gente não tem uma orientação específica. 
Nós temos, de um lado a Receita Federal entendendo que as permutas de [INAUDÍVEL], por serem 
equiparáveis à alienação, elas estariam sujeitas à apuração do ganho de capital, significando que, se 
eu tenho um cripto ou uma ação que valia 10 e depois eu permuto por outras ações, no qual, esse 
valor que eu permuto por outras ações vale 100, eu teria que apurar o ganho de capital sobre 90. 
Então, ela entende que, como tem essa previsão no Decreto, na Legislação do imposto de renda, oqual o imposto de renda só excepciona os bens imóveis, todos os demais estariam inseridos na inci-
dência, estariam no âmbito de incidência do imposto de renda por conta da permuta.
Por outro lado, nós temos posicionamentos do CARF, do órgão de julgamento do Tribunal Administra-
tivo, que julga recursos de natureza fiscal tributária, que só haveria de fato disponibilidade da renda, 
no momento em que você realiza aquele rendimento. Vou tentar ser mais clara, o CARF tem posicio-
namentos dos dois lados, inclusive posicionamentos no sentido de que, até ações pagariam imposto 
de renda mesmo tem torna, indo em coerência com a fazenda. Mas, também tem posicionamentos 
indicativos, inclusive doutrinadores, que falam o seguinte: vamos dar um passinho para trás. 
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P r o t e ç ã o d e D a d o s : L G P D & G D P R
Para eu poder falar de tributação pelo imposto de renda, eu tenho que ter aferimento de renda. O 
que é o aferimento de renda? É ter a disponibilidade econômico jurídica daquele valor. Antes disso, 
eu tenho uma potencialidade, eu não tenho de fato um rendimento, um aferimento de renda pas-
sível de tributação. 
Então, o que se defende é que, enquanto eu não realizo isso, ainda que de forma bastante forte, 
esse rendimento tal como a aquisição de um imóvel, de um automóvel, eu não posso falar que 
eu tenho disponibilidade econômica daquele bem. E, portanto, não tenho renda passível de tri-
butação. 
O raciocínio que se faz aqui, no ponto de vista dos criptoativos é que, quando eu faço a permuta 
do Bitcoin por Ethereum, é muito volátil, pois eu não tenho a disponibilidade econômica e ju-
rídica daquele bem. Eu não tenho rendimento passível de tributação. Diferentemente do caso 
em que eu comprei por R$ 20 mil um Bitcoin, depois ele está valendo R$ 80 mil, eu adquiro um 
veículo, o qual, como eu gastei, eu tenho disponibilidade econômica num bem, num patrimônio 
consolidado. 
Antes dessa “conexão” com o real, eu não tenho essa disponibilidade econômica, de forma que, eu 
não posso falar de aferimento de renda. Eu concordo com esse raciocínio, porque, enquanto a gen-
te não tem algo tangível e palpável, no sentido de realmente ter uma disponibilização econômica 
disso, de fato, eu consigo exercer, gastar e ter isso no meu patrimônio, onde eu não tenho, de fato, 
uma renda aferível para fins de imposto de renda.
Em resumo, no Brasil, só temos orientações no que se refere ao imposto de renda de pessoa física 
e, ainda que só circunscrevendo a imposto de renda, nós temos um monte de gaps. Isto quer dizer, 
que o Brasil lidou só com o primeiro daqueles riscos iniciais de operações principais mapeadas pela 
PWC. Eu coloquei o segundo como uma seta como uma potencialidade, caso a proposta legislativa 
passe. Do contrário, nós só temos o primeiro âmbito, e nós estamos falando de um ativo, de um 
criptoativo que tem pelo menos 11 ou 12 anos de existência. 
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P r o t e ç ã o d e D a d o s : L G P D & G D P R
Mas, nós temos muitos problemas e muitos debates que já estão na ordem do dia. Primeiro ponto: 
o IOF não foi tratado, não foi nem veiculado. Eu só estou falando agora de pontos de reflexões para 
a gente pensar. Por que o IOF está sendo debatido? Porque o IOF incide sobre operações de câmbio 
e no que se refere aos [INAUDÍVEL] de tokens, valores imobiliários. Então, a pergunta que se faz é: 
se, ao adquirir, por exemplo, Bitcoin e depois vender esse Bitcoin por real ou por dólar, seria opera-
ções de câmbio? A ponto de, eventualmente, chamar na intendência do IOF câmbio, por exemplo? 
É algo que tem sido debatido e que ganhou muito mais notoriedade recentemente.
Quando falamos de câmbio, é a 
permuta de moedas de diferen-
tes espécies, digamos, uma moe-
da que é considerada estrangeira 
versus uma que é considerada na-
cional, ou seja, fazemos permutas 
de diferentes espécies, mas de 
mesma natureza. E qual é o ponto 
que começa a chamar a atenção? 
Nesse caso, em que a gente fala de 
cripto, entendemos que cripto se-
ria um instrumento financeiro ou 
uma moeda estrangeira? 
No fundo, moeda estrangeira pode ser algo que também se refira àquilo, ou que represente valor 
de uma moeda estrangeira. Isso não foi debatido só no Brasil, lá fora também foi debatido e a Eu-
ropa entendeu que sim, que se poderia entender o Bitcoin como um instrumento financeiro sujeito 
ao câmbio, no caso, na Europa é o IVA, mas estaria isento por uma dispensa legislativa. Esse é o 
caso da Europa, mas e no Brasil? 
A gente poderia pensar que o Bitcoin teria característica de ser uma moeda estrangeira e a fins de 
autorizar a cobrança do IOF câmbio? E o primeiro ponto que foi debatido: a gente pode falar, no 
cenário brasileiro, que Bitcoin é moeda? E o primeiro ponto que se pergunta é: depende. Se eu en-
tender a moeda apenas no sentido jurídico do termo, de que moeda é o que a legislação entende 
e reconhece como moeda, num primeiro momento não. Porque nenhum país, até então, tinha uti-
lizado o Bitcoin como moeda oficial. Mas eis que vem El Salvador e nos mexe com esse paradigma, 
porque El Salvador agora adotou Bitcoin como moeda oficial. 
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E aí, qual a adoção de El Salvador no sentido, agora, jurídico mesmo? A gente poderia falar que Bi-
tcoin é moeda estrangeira para autorizar a cobrança de IOF câmbio ou não? 
Do ponto de vista econômico, a gente poderia também defender e tem gente que defende, que no 
Brasil, Bitcoin é moeda sim. Porque do ponto de vista econômico, moeda é algo que serve como 
meio de troca bastante difundido, unidade de conta e reserva de valor. Normalmente é mais meio 
de troca, unidade de conta e reserva de valor está atrelado a essa função principal que é meio de 
troca. Então, se a gente compreender que o Bitcoin está num processo de adesão majoritário, do 
ponto de vista econômico, poderia ser defensável que ele seja moeda também. 
Eu não concordo com esse posicionamento, porque eu acho que temos que ter uma aceitação mí-
nima e, realmente, tem uma questão de conseguir atrelar o valor às unidades daquele cripto, então, 
saber quanto que vale tantos Satoshis, como eu sei que R$ 10,00 são R$ 10,00, é coisa intuitiva, no 
qual, não temos isso ainda, por esta razão, eu acho que não é moeda do ponto de vista econômico. 
Mas juridicamente, agora com El Salvador, coloca-se a incógnita, porque, se eu tenho um país estran-
geiro que reconhece Bitcoin como moeda, isso significa que, automaticamente, vai ser uma moeda 
estrangeira e que a gente poderia cobrar IOF? E acho que não, e por quê? Porque, eu acho que tem 
que ser pelo nosso sistema jurídico atual. O Bacen é que reconhece quais são as moedas consideradas 
estrangeiras, até por uma questão de equilíbrio da balança de pagamentos e do fluxo de moedas. 
Então, enquanto o Bacen não reconhecer o cripto como uma moeda estrangeira, ainda que outros 
países reconheçam (El Salvador ou qualquer outro país), apenas quando o Estado brasileiro identifi-
car isso como de fato uma moeda estrangeira e colocar isso dentro do seu controle de fluxo de pa-
gamentos, de balanças, de balanças de pagamentos, aí poderemos falar de moeda estrangeira no 
sistema brasileiro. Mas é um assunto bem interessante e, como eu disse, é um argumento, mas não 
quer dizer que a gente não poderia tentar entender por outro lado, mas eu acho que esse avanço 
do Bitcoin em El Salvador veio para balançar essas estruturas. 
Ainda no que se refere a IOF, o IOF 
é valor mobiliário, mas o que é va-
lor mobiliário? Aqui eu trago o Ar-
tigo 25 do Decreto 6306, que de-
fine o que são valores mobiliários. 
E eu chamo atenção para o Inciso 
9º, que é a Cláusula aberta a qual 
identifica o nosso contrato de in-
vestimento no sistema brasileiro. 
O que seriam valores mobiliários 
de uma forma genérica? Seriam 
qualquer outro ativo, contrato de 
investimento ou ativo ofertados, 
quaisquer títulos ou contratos de investimento coletivo, ou seja, quaisquer títulos ofertados pu-
blicamente que gerem direitode participação, de parceria ou de remuneração, inclusive resultante 
de prestação de serviços, cujos rendimentos advêm do esforço do empreendimento de terceiros. O 
que quero dizer com isso? Quando tem algum título, algum contrato, algo que é ofertado publicamen-
te e que dê direito, cujo objeto desse título é dar direito de participação ou qualquer outra remune-
ração, parceria e tal, em um empreendimento, em valores que vão decorrer ou que vão vir do esforço 
de terceiros, ou seja, eu vou receber rendimentos que não vão ser oriundos do meu esforço, mas por-
que, eu estou investindo dinheiro em um título público, que foi publicamente ofertado e, com o esfor-
ço dessas pessoas, é que eu vou ser remunerado, isso é contrato de investimento e é valor mobiliário. 
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P r o t e ç ã o d e D a d o s : L G P D & G D P R
Sobre isso, nós vimos que pode ser um security token. E, se um criptoativo for da espécie security 
token, poderia estar sujeito ao IOF valores mobiliários? Eu entendo que sim. Entendo que poderia 
sim, caso se caracterize como um security token. No que se refere a criptomoedas, espécie – lem-
bra, criptoativos, criptomoedas, security e utility – só a título de curiosidade, nós tivemos um julga-
mento do STJ, num conflito de competências em que, na verdade, era a questão daqueles esque-
mas Ponzi e etc., mas o ponto que se identificou é que a conduta investigada não se acomodaria 
aos crimes, inclusive contra a ordem, não seriam crimes que, eventualmente, poderiam ser contra 
a economia popular, porque não estaria dentro do conceito de valores mobiliários. Mesmo se eu 
ainda identificasse como valor mobiliário, eu poderia tipificar essa conduta, inclusive, como penali-
zação e crimes contra a economia popular. 
Neste caso, qual era o ponto? O objeto era criptomoedas, não era security tokens e é essa a diferen-
ça que tem que ter. Por isso, eu volto a falar: não temos uma resposta pronta, temos sempre que 
analisar a operação e identificar a natureza jurídica naquele caso concreto. Então, nesse caso, era 
uma criptomoeda, não era um security token, não era uma criptomoeda, não era valor mobiliário, 
está fora do âmbito de incidência desse tipo de tipificação penal. Mas, se fosse um security token, 
um token emitido com esses direitos, como um contrato de investimento, aí sim seria um valor mo-
biliário que estaria inclusive sujeito ao IOF valor mobiliário. 
E, ainda dentro desse mercado, 
outros novos negócios também 
têm desafiado o raciocínio jurídico 
tributário. As exchanges são inter-
mediárias, que têm por função, 
ser uma plataforma que aproxi-
ma compradores e vendedores 
de criptoativos. É um serviço de 
intermediação. Estariam elas su-
jeitas a alguma tributação? A res-
posta é sim, elas fazem um serviço 
de intermediação, que é uma ati-
vidade prevista na lista anexa da 
Lei Complementar que rege o ISS. Então, elas exercem atividades de intermediação e são sujeitas a 
recolhimento do ISS. Mas, se essas exchanges adquirirem e revenderem criptos dentro do seu core 
business, eu poderia estar atrelando essas criptomoedas a mercadorias? A resposta é que neste 
momento, não. 
Eu digo que neste momento não, porque isso foi objeto de consulta, inclusive, na Secretaria de 
Fazenda do estado de São Paulo, no qual, se entendeu que as criptomoedas, nesse caso, ainda que 
integrasse o core business, elas são seriam revendidas para o consumo, elas não têm por objetivo 
serem consumidas, elas simplesmente têm outras finalidades. E, por faltar essa intenção de consu-
mo, elas estariam fora do âmbito de incidência do ICMS. Mas, e se a gente não estivesse falando de 
criptomoedas, se nós estivéssemos falando de um utility token, que tem a natureza de uma merca-
doria, como por exemplo, o exemplo que eu citei da venda de sapatos, enfim, e emito tokens que 
dão acesso a algumas dessas unidades exclusivas dos meus calçados. Nesse caso, esse token está 
representando um bem que vai ser consumido, ou seja, um sapato. Portanto, diferentemente das 
criptomoedas, que foi o caso analisado pela Secretaria de Fazenda do estado de São Paulo, nesse 
caso de utility token (de sapato), aí sim, entendo eu, caberia se falar em ICMS, porque nós estaría-
mos olhando para a operação com esse cripto e nessa operação, ele teria a natureza de mercadoria. 
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Outro ponto que tem chamado a atenção e aos debates: airdrops, hard forks, ou seja, aquelas do-
ações iniciais, você ganha espontaneamente um cripto, aparece na sua carteira, ou porque um dos 
protocolos sofreu um hard fork, seja porque alguém emitiu e começou a doar inicialmente esses 
tokens para a comunidade. A gente poderia falar de imposto de renda e de doação? Esse é o deba-
te, porque, no fundo, a gente pode falar de doação. Mas doação de um sistema em um hard fork 
para a pessoa? Em que momento eu vou poder verificar isso, alienar? Então, são movimentos que 
são difíceis, não tem uma orientação nesse sentido. 
Eu poderia entender que os valores oriundos de airdrops ou de hard forks pagariam imposto de 
renda no momento em que eu realizo. Porque é no momento da realização, que eu tenho disponi-
bilidade jurídica ou econômica desses valores e coloco como preço de aquisição zero. Agora, quan-
do eu estou falando da entrada desses criptos como doação, qual vai ser a base de recebimento? 
Em tese, eu estou recebendo algo que tem, inicialmente, um valor zero de mercado. Se criei, hoje, 
se o airdrop caiu hoje, o hard fork caiu e ingressou hoje no meu patrimônio, em tese, ele tem um 
valor zero. Então, nesse caso, eu poderia falar de doação? Até poderia, mas de doação com valor de 
zero? Ou eu teria algum outro mecanismo de critério para identificar que houve, de fato, uma doa-
ção? Ou ainda identificar quem foi o donatário, que eventualmente, saber a origem, se tem algum 
valor específico, ou não? Então, são desafios, os quais não temos respostas. 
E fico por aqui, dentro dessa nossa jornada aí pelo mundo de universo de ciclos jurídicos e ecossis-
tema cripto.
Então é isso pessoal, agradeço a atenção e a parceria nessa jornada! Reitero e deixo aqui os meus 
contatos. Foi um prazer fazer parte dessa caminhada junto com vocês e fico à disposição se quise-
rem se conectar, tirarem dúvidas e conversarem comigo. Obrigada!tem física, lá em mãos. 
E quais são as propriedades do cash, gente? O cash eu posso transacionar sem conhecer a outra 
pessoa, diretamente com a outra pessoa, pagamentos irreversíveis e título ao portador. Por exem-
plo, se eu vou até uma panificadora comprar um bolo, eu vou lá comprar o bolo, aí eu entrego a 
nota, a pessoa me entrega o bolo, ok? E eu não preciso saber qual é o nome dela, qual é a residên-
cia, qual é o antecedente criminal, quanto que ela tem na conta etc., ou seja, eu consigo transacio-
nar de forma direta. Eu entreguei a nota, se a moça do bolo derrubar a nota, perder no meio do 
balcão, vai ser irreversível. Então você está falando em reversibilidade. A ideia do Bitcoin foi o quê? 
Foi replicar essa propriedade do cash, dinheiro, cédula, para o mundo digital, por isso que a gente 
fala que o Bitcoin é a moeda digital. 
Eu acabei de falar para vocês que o Bitcoin veio para ser o quê? Qual a proposta? Qual era o propó-
sito dele? Qual era o objetivo dos realizadores e idealizadores do Bitcoin? Replicar as propriedades 
do dinheiro em cash, das cédulas, para o mundo digital; ele ser a moeda digital, ou seja, possibi-
litar transações diretamente entre as partes, sem intermediários, com pagamentos irreversíveis, 
e aquele cripto, no caso o Bitcoin, ele representaria o verdadeiro título ao portador. No primeiro 
momento, você poderia pensar assim: “Tá, mas a questão de transacionar moedas, em ambiente 
digital, você ter valores monetários digitais, será realmente que seria uma novidade?”. 
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E aí a gente começa a pensar, por exemplo, que não, vocês acham que só em 2008, com a internet 
já se desenvolvendo desde 1990, a gente não teve outras ideias ou outras propostas de a gente 
ter uma moeda digital virtual? Nós tivemos, por exemplo, dois projetos, o Digi Cash e o E-gold. 
Mas qual que era o ponto aqui? O ponto é que a gente não conseguia tirar os intermediários de 
confiança. 
Vou tentar trazer exemplos para poder tornar isso mais claro. Quando nós realizamos operações de 
trocas de valores, por exemplo, eu vou mandar uma remessa de valor para a minha irmã, em outro 
Estado. Eu estou nesse momento no Paraná e vamos supor que a minha irmã estaria em São Paulo; 
vou fazer uma transferência de valores para ela porque, enfim, estou devendo para ela. O que eu 
tenho que fazer hoje? Eu tenho que emitir uma ordem de pagamento para o meu banco, o banco 
vai autorizar se eu tiver saldo e vai falar: “Ok. Autorizo”; o banco da minha irmã, a seu turno, vai 
receber aquela ordem e vai creditar na conta dela o valor que eu transferi. 
O que eu quero dizer é que os bancos, nesses momentos, são os intermediários que fazem a con-
tabilização e o registro dessas transações, para que não haja replicação de valores, ok? Então, a 
funcionalidade desse intermediário de confiança é isso, é registrar as operações que estão aconte-
cendo. Isso é importante, porque se eu tinha 100 e mando 50, ele tem que falar que agora eu tenho 
50, e a minha irmã que, vamos supor, tinha 200, agora tem 50, tem 250. Aqueles 50 saíram daqui e 
foram parar lá, então a gente não tem uma duplicação de valores, a gente tem um registro de onde 
o valor saiu e aonde ele chegou. Simples assim, para isso que servem as instituições financeiras, de 
uma forma, assim, bem básica e bem inicial. 
O ponto é: se a gente coloca isso para o mundo inteiramente digital, como é, por exemplo, mandar 
um e-mail, você anexar um e-mail, mandar um e-mail, qual é o problema? O problema é que a gen-
te vai ter replicação desses valores se a gente não tiver alguém que faça esse controle. Então, se eu 
mando um e-mail para a minha irmã com uma foto de uma viagem nossa, a partir do momento que 
eu mandei a foto para ela, eu tenho duas fotos e não mais uma, eu tenho a foto que está na minha 
caixa de saída e já tem a foto que está na caixa de entrada do e-mail da minha irmã. Se ela mandar 
para outra pessoa, a gente vai estar replicando uma mesma foto várias vezes, que não tem proble-
ma algum isso na internet, a gente replicar documentos. 
Mas quando nós falamos de valores, tem um problema muito grande, porque é como se eu pudes-
se estar falando que um dinheiro que até então era um, daqui a pouco são dois, são três, ou seja, 
não tem o controle do valor, e aí, quando você não tem controle do valor, a coisa perde o valor. 
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Então, os outros projetos antes do Bitcoin, tinham esse ponto; o ponto de: Ok, eu tenho moeda 
digital, que é criada por um ente privado. Só que eu preciso ainda ter o controle de quantas unida-
des estão circulando, então, eu tinha que ter o controle de que eu emiti, sei lá, dez de cash. Então 
essas dez eu tenho que ter o controle de onde estão, e quem que faz esse controle? As próprias 
empresas, ou seja, eu ainda tinha intermediários de confiança, só que agora intermediários que 
não eram acreditados pelo Estado, eram intermediários que tinham esse projeto, então a gente não 
conseguia tirar o ponto do intermediário de confiança, alguém intermediando e registrando tudo 
que estava acontecendo nesse fluxo de valores. 
E da mesma forma, se a gente for pensar, do ponto de vista de ser intangível, de ser digital, o di-
nheiro hoje, a maior parte, já é digital. A gente hoje faz operações basicamente com números na 
tela. Esse mapinha aí, onde está esse verdinho, é a quantidade de valores de notas que são de fato 
impressas versus os valores que estão hoje sendo transacionados no mercado financeiro. E a gente 
começa a perceber que, na verdade, se todo mundo fosse querer sacar o seu dinheiro no banco, 
quase ninguém ia conseguir sacar seu dinheiro do banco porque, realmente, é muito pouco o que, 
de fato, está correndo aí no mercado fisicamente, a cédula física. E também a gente hoje tem todas 
as formas de meios de pagamento digitais. Mas nós estamos falando sempre de intermediários re-
gistrando, fazendo a contabilização disso.
E essa é a grande novidade do Bitcoin, porque ele vem para ser um dinheiro digital, o e-money aqui, 
descentralizado. Em que eu não tenho mais a figura dos intermediários de confiança, ou seja, um 
agente centralizador que vai fazer o registro das operações. É essa a grande novidade do Bitcoin. E 
aqui a gente fala descentralização de tudo - da rede, da contabilidade e do consenso.
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Rede; o que eu quero dizer com rede? Todos os pontos, todos os nós das redes, eles estão interco-
nectados entre si, é o que a gente chama de distributed ledger technology, está tudo distribuído, 
está tudo realmente em rede, naquela ideia de todo mundo se conversar com todo mundo, todo 
mundo sabe da vida de todo mundo, mais ou menos isso, a ideia é mais ou menos essa do Bitcoin, 
é uma vigilância mútua e de todo mundo olhando para todo mundo, tudo que todo mundo está 
fazendo. 
A contabilidade distribuída. Trazendo o exemplo da instituição financeira, hoje, como eu comentei, 
quando eu emito uma ordem de pagamento para transferir um valor para minha irmã, fora do meu 
Estado, eu emito uma ordem de pagamento para o meu banco e o meu banco, vendo que eu tenho 
saldo, vai autorizar que eu repasse, vai falar o quê? “A Dayana tem saldo, então ela pode sim fazer 
essa transferência” e aí o banco da minha irmã, a seu turno, vai falar: “Ok, recebi essa ordem” e vai 
creditar o valor na conta da minha irmã. 
Então, quem faz, primeiro tem esses backgrounds, é o meu banco, que sabe a minha informação, só 
ele sabe quanto que eu tenho na minha conta bancária, o banco da minha irmã não sabe, ou seja, 
é centralizado, e vice-versa, o banco da minha irmã sabe o quanto que ela tem na conta bancária. E 
só meu banco faz a contabilidade dos clientes dela, no caso o meu, e só o outro banco faz a conta-
bilidade dos clientes dele. Óbvio que, eventualmente, tem que bater, com toda questão no Banco 
Central. 
Mas o que eu quero dizer é: no sistema atual,as redes, as informações, estão centralizadas e da 
mesma forma a contabilidade está centralizada nesses entes, que são os intermediários de confian-
ça. Com a blockchain e com o Bitcoin a ideia é: está tudo descentralizado, é como se todas as ins-
tituições financeiras, todas as instituições bancárias hoje, toda rede, fossem pontos e tivesse todo 
mundo acesso a todo mundo, todas as pessoas que tivessem conta no Brasil poderiam ser conhe-
cidas, todo mundo saberia quanto que cada um tem na sua conta, qual é a conta de todo mundo, 
seria tudo uma coisa aberta. 
Essa é a ideia da blockchain, na verdade, é você ter acesso a quanto que a minha irmã, a Dayana, a 
Maria, o José - nomes fictícios aqui - entre outros, têm nas suas carteiras, é como se todo mundo 
soubesse do que está acontecendo no sistema. E, da mesma forma, se eu faço a transferência para 
a minha irmã em uma carteira, é como se, automaticamente, o sistema falasse: “Ok. Tendo em vista 
que a Dayana transferiu, todos os pontos que contabilizam isso também automaticamente recebe-
riam backups disso automático”, então a contabilidade é feita por todo mundo e é distribuído, todo 
mundo sabe tudo que está acontecendo, ou seja, tudo distribuído mesmo. 
E é interessante que, a partir do momento que tudo é distribuído, tanto a contabilidade quanto o 
sistema, isso traz maior resistência a ataques. Por isso que a gente fala que ela é uma rede segura. 
Por quê? Porque a ideia é: se quiser mudar uma informação e um hacker acessar algo e tentar mu-
dar uma informação, ele teria que ser mais rápido que todos os pontos da rede ao mesmo tempo. 
Então, ele teria que ter, de certo, uma capacidade computacional, dependendo do tamanho da 
rede, tão grande, que é muito caro para ele atacar, porque nós temos como se fossem backups au-
tomáticos em todos os outros pontos, ele teria que ser muito rápido, a ponto de ter uma força tal 
de mudar as informações em todos os pontos em que estão registradas essas operações, porque se 
é distribuído, então todos os pontos têm o backup disso, então ele teria que mudar todos os ponti-
nhos, o que é muito difícil, o que torna realmente a rede da blockchain muito mais segura. 
A grande novidade do Bitcoin foi justamente essa descentralização. Ele veio para ser o e-money, 
digamos assim, descentralizado. E descentralizado de tudo; da rede, da contabilidade e o consenso. 
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Então quando nós falamos descentralização de rede, nós estamos falando dessa infraestrutura 
mesmo, de todos os nodes, ou pontos, do sistema estão interconexos um com o outro, é como se 
um pudesse estar em conexão e estivesse interconectado com os outros demais pontos da rede. E 
quando nós falamos de contabilidade é isso; a contabilidade, ou seja, o registro que acontece em 
um dos pontos automaticamente está replicado em todos os demais. Isso possibilita como se a gen-
te pudesse pensar em um Big Brother, como se todos os pontos da rede conseguissem saber tudo 
que está acontecendo no sistema, de forma automatizada, e há backups praticamente automáticos. 
Então, no exemplo que eu dei, que é o que acontece hoje da instituição financeira, é como se a 
gente pensasse o seguinte: hoje, como é que funciona a instituição financeira? Se eu vou transferir 
um valor para a minha irmã - como eu dei como exemplo na aula anterior - que está em São Paulo, 
então a ideia era, vamos supor, se eu vou fazer essa transferência, eu vou emitir uma ordem para 
a minha instituição financeira, a instituição financeira é centralizada, ela tem os dados e ela tem o 
backup das informações dos clientes dela; ela vai mandar a ordem para o banco da minha irmã. 
A instituição financeira da minha irmã, ao seu turno, vai ter o backup de todos os clientes deles, vai ter 
as informações, vai creditar na conta da minha irmã e vai ter lá o registro disso tudo. Então, nós pensa-
mos players que estão em redes centralizadas, ou seja, não estão interconectados entre si, e registros 
e contabilidade também centralizadas, e não distribuídas. Com a blockchain do Bitcoin a ideia é que 
tudo esteja interconectado, é como se todas as instituições financeiras estivessem na rede e todas 
elas tivessem um registro de forma pública para todos os sistemas, todo mundo soubesse todo o sal-
do bancário de todo mundo que está interconectado em todo o sistema financeiro brasileiro. 
Então a ideia realmente é de transparência e, de certa forma, distribuição e resiliência, porque se 
todos têm acesso a tudo, todos têm um backup de tudo, todo mundo tem como se fosse uma cópia 
de todas as operações, a contabilidade daquele momento, então um momento zero, a situação, ou 
seja, o panorama, a fotografia do sistema é essa, e todo mundo tem um backup, uma cópia dessa 
informação, isso torna o sistema muito mais resiliente, por quê? Porque se eu, hacker, quiser alte-
rar a informação, eu vou ter que ser tão rápido ou mais rápido do que todos os partícipes da rede. 
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Eu vou ter que, na verdade, modificar essa informação em todos os pontinhos da rede. Isso torna a 
blockchain – como vocês já devem ter ouvido falar - uma rede mais segura que o normal, porque, 
no fundo, o ponto de ataque é mais dificultoso, porque eu tenho que ser mais rápido e atacar todos 
os pontos onde tem essas informações. 
Um parêntese aqui, ainda sobre contabilidade. Quando nós falamos de contabilidade, nós quere-
mos falar de registro. Vamos voltando, reiterando o que a gente falou há momentos anteriores: a 
ideia dos intermediários de confiança, e aqui eu estou falando, por exemplo, do sistema financeiro 
e monetário, que é o quê? Fazer o registro das operações que estão realizando com aqueles valo-
res, a contabilidade disso, então é uma contabilização. A blockchain do Bitcoin, e depois as outras 
demais blockchains, são nada mais do que grandes livros registros razões; elas registram, são li-
vros razões que registram as operações que estão acontecendo naquele protocolo. Só que a forma 
como esse registro é feito é que dá nome a blockchain. 
Então, o registro, ou seja, a contabilização de todas as operações que acontecem naquele siste-
ma é feita de que forma? Ela é feita na forma de blocos. Então a forma como eu registro, faço a 
contabilidade dessas transações, é por meio de blocos, e cada um desses blocos tem uma iden-
tidade, uma digital, que a gente dá um nome de hash. Esse hash é específico e identifica aquele 
bloco. O bloco seguinte, depois de um certo tempo, ou seja, o próximo bloco de transações que 
aconteceram na rede, vêm com outro hash, o hash desse bloco dois. Só que o hash do bloco dois 
contém o hash do bloco um, formando o que a gente denomina de “cadeia de blocos”, ou seja, 
blockchain. 
Então, a origem do nome blockchain vem, na verdade, da forma como é realizada a contabilidade, a 
contabilização das operações que aconteceram naquele sistema. Então a gente, na verdade, tomou 
a parte pelo todo, porque a blockchain é muito mais ampla que isso, mas foi um nome que colou, 
digamos assim, o blockchain colou, pegou. Mas o que é o blockchain? Blockchain nada mais é, do 
ponto de vista bem técnico, a forma como as informações são registradas no sistema, no caso, por 
meio de cadeias de bloco. E a importância desses hashs é tal, ou seja, desses digitais é tal que, jus-
tamente, como o bloco seguinte contém a digital do bloco anterior, formando essas cadeias de blo-
cos. Se eu, hacker, tento de alguma forma modificar a informação de um bloco, no bloco anterior, 
que acontece? Automaticamente a digital daquele bloco muda e o bloco seguinte vai falar: “Opa, 
estão tentando modificar, porque não está mais batendo com a digital que eu tinha aqui”. 
Então é como se essa questão de identificação por meio de hash, criptografia versus essa cadeia 
de blocos, possibilitasse o quê? Uma maior segurança, inclusive, para fins de as informações que 
se contém ali serem mais hígidas. 
Então, a gente começaa ver: hi-
gidez do sistema, ou seja, nós te-
mos mais backups, backups auto-
máticos, que fazem com que seja 
mais difícil você hackear; e mais 
uma questão de dificuldade de 
alteração dos dados do próprio 
bloco, porque é como se os ou-
tros, os demais, de certa forma, 
denunciassem que “alguém está 
tentando mexer aqui”. 
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Então a gente começa a ver alguns dos indícios e o porquê se fala que a blockchain é realmente um 
mecanismo de registro de informações seguras, auditáveis e rastreáveis. Por que rastreáveis tam-
bém? Porque nós estamos falando de cadeia de blocos, então se os blocos estão concatenados eu 
consigo sempre estar rastreando o bloco anterior e fazer toda a parte de rasteio das informações. E 
eu comentei da centralização, distribuição da rede, da contabilidade e vimos como é que a contabi-
lidade é feita por meio de blocos. Assim é como a informação é registrada no sistema e o consenso 
também é distribuído. Ou seja, tudo democratizado aqui, na rede do blockchain do Bitcoin. O que 
eu quero dizer com consenso? Hoje, quando eu vou transferir um valor, voltando ao exemplo que 
eu já peguei de fazer uma transferência de valor para a minha irmã, quem vai validar, ou seja, quem 
vai me autorizar a fazer isso vai ser a instituição financeira. A gente fala que hoje nós temos um 
consenso que é mais unilateral, digamos assim, então a instituição financeira vai olhar meu saldo 
bancário. Eu tendo saldo bancário, ela vai validar e falar: “Ok, eu valido e você pode realizar a sua 
transferência” e aí ela vai contabilizar o valor que eu estou mandando para a minha irmã. 
Então se eu tinha R$ 100 na minha conta, eu estou mandando R$ 50, ela vai falar: “Ok, você tem 
saldo, vou diminuir 100, vou agora colocar 500 e vou mandar a ordem de 50 para o banco da sua 
irmã”. Ou seja, quem valida, quem me autoriza a fazer isso hoje, é o banco, uma validação unila-
teral, única, unívoca. Com a ideia do Bitcoin, a blockchain do Bitcoin, a ideia é um consenso dis-
tribuído descentralizado. O que eu quero dizer com isso? A ideia é que se todos os partícipes da 
rede estão em uma grande rede, pontos em que todo mundo sabe tudo que está acontecendo, a 
contabilidade daquele momento de todos os pontos é como se fosse uma grande votação. E essa 
votação, quando a maioria atingir a votação de validação, aí sim nós podemos falar que você pode 
e está realizada a sua operação. 
Então, a ideia é mais ou menos isso, imagine que nesse caso, ainda utilizando a instituição financeira, 
vamos fazer a abstração de que todas as contas bancárias, todos os saldos bancários, todas as contas 
bancárias do Brasil, estivessem em uma grande rede de blockchain. Então todo mundo sabe o que 
todo mundo tem na conta bancária de todo mundo, é como se fosse um grande Big Brother mesmo. 
Então o que acontece? Se a Dayana, nessa situação hipotética, está querendo transferir esses R$ 50 
para a irmã dela, o que vai acontecer? É como se, como eu, a minha irmã, você, Maria, João, todo 
mundo tem a sua, digamos assim, as informações e qual é o cenário naquele momento, é como se 
todos nós entrássemos em votação, e quando nós tivéssemos 50% mais 1 da rede aprovando, de 
fato, “a Dayana tem R$ 100 na conta, então ela pode fazer isso”; ou seja, todo mundo fazendo o que 
hoje uma instituição faz, então de uma forma coletivizada, quando nós atingirmos essa maioria e 
aí sim é validado e eu posso realizar a transferência dos valores, ela é consolidada. Então a ideia é, 
inclusive, de distribuição de consenso.
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Só que, o que é que se tem que ter em mente? Nós estamos falando de consenso de máquinas, nós 
não estamos falando de pessoas votando. E como nós estamos falando de consenso de máquinas, 
nós estamos falando de linguagem de algoritmos. Então, quando a gente fala em consenso na rede 
blockchain, nós estamos falando de linguagens, que são vários os consensos, linguagens, algorit-
mos possíveis. 
Os mais comuns são o proof of 
work, que é da blockchain do Bi-
tcoin, que nada mais são do que - 
eu brinco - máquinas que estão 
aqui; isso aqui é um proof of work, 
são máquinas, galpões de máqui-
nas processando 24 horas por dia, 
sete dias por semana, 365 dias por 
ano, processando, tentando resol-
ver problemas matemáticos muito 
complexos, para fins de validar as 
operações no protocolo do Bitcoin 
e para receber, ele tem como re-
muneração, como consequência, você ser remunerado por Bitcoins. Isso é o proof of work. Mas nós 
temos outros, como por exemplo, o proof of stake, em que você, de certa forma, imobiliza ou colo-
ca valores que você tenha na rede, então quem tem mais valores daquele cripto tem mais chance 
de validar a operação, mas também se tentar ir contra o sistema, o próprio sistema, você perde o 
seu dinheiro, então você não tem incentivo algum de hackear o sistema que você tem bastante mo-
edas. Então a ideia do proof of stake é um pouquinho diferente, que também está ganhando noto-
riedade, mas nós temos milhares, como eu comentei aqui. Voltando ao slide anterior só para vocês 
verem, nós temos vários tipos de linguagens. 
O proof of autorithy hoje a gente 
tem utilizado muito para fins de 
blockchains pensando para fins de 
administração pública, por exem-
plo, em que você já pré-autoriza 
quem vão ser os validadores, você 
já sabe quem vão ser as pessoas 
que vão validar, mas, assim, a ideia 
é o protocolo, o sistema, ter um al-
goritmo que valide as transações. 
De forma mais distribuída tam-
bém. É isso basicamente. Então, 
só para tentar fechar o raciocínio e 
vocês entenderem como é que fun-
ciona uma transação de Bitcoin, na 
blockchain do Bitcoin. Vamos supor 
que eu determine, ou emita, uma 
transferência de alguns satoshi - os 
satoshis são unidades de Bitcoin - 
para a minha irmã - hoje realmente 
peguei minha irmã para Cristo. 
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Então o que vai acontecer? Eu vou mandar e vou transmitir: “Olha, eu quero mandar esses valores 
para a minha irmã”. Então, feita essa ordem, a gente fala que é como se essa ordem inicial fosse 
para um certo limbo. Ele é transmitido para todos os pontos da rede, todo mundo ali da rede falan-
do: “Olha, tem essa emissão, essa ordem de emissão de satoshis”. 
Então eles vão, na verdade, olhar verificar se posso ou não fazer isso, vão começar a validar isso 
e a partir do momento que eles chegaram a um consenso no sentido, tipo assim: “Ok, de fato a 
Dayana tem, a transação realmente é hígida, ela tem saldo”. Essa transação que eu determinei 
vai ser adicionada a outras tantas que estavam nesse período ali, nesse gap. Imagina que meu 
pedido fosse transmitido como tantos outros e, em um determinado espaço de tempo, essas 
operações são juntadas, são agrupadas em um bloco. Então elas foram validadas e foram junta-
das, agrupadas, em um bloco. 
A partir do momento que é feita essa validação dessas operações nesse bloco, esse bloco é adi-
cionado na cadeia, ou seja, é o próximo bloco da rede, e aí a minha transação com a minha irmã 
é realizada de forma efetiva. 
Então é isso que eu acho que é im-
portante vocês entenderem; que 
às vezes a operação como Bitcoin 
não vão acontecer no mesmo mo-
mento que você mete a ordem. 
Porque nós temos as taxas, o trá-
fego etc., então às vezes pode 
demorar um pouco para você, de 
fato, ver a transação e a conclusão 
da emissão de um ponto para ou-
tro daqueles satoshis. 
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P r o t e ç ã o d e D a d o s : L G P D & G D P R
E eu falo isso não é nem só na rede blockchain, mas outras criptos também. A gente às vezes demo-
ra dependendo do congestionamento da rede um pouquinho mais, por quê? Porque, no fundo, é: 
eu estou mandando um monte de ordem, eu e outras pessoas, um monte de ordem naquela rede, 
vai para um local, sendo transmitido, então conforme o tempo vão sendo agrupadas algumas ope-
rações, e quando aquela operação é agrupada, forma o bloco, ingressano bloco, na consequência 
do bloco anterior, e aí a transação, de fato, é consolidada, mas pode demorar um tempo, porque 
tem tantas outras operações na frente e, às vezes, está sobrecarregado o sistema, mas a ideia é 
mais ou menos isso. 
E assim se conclui uma transação na blockchain do Bitcoin. Só que, percebam, a gente está falan-
do até então, nesse momento, de dinheiro digital, de ser o e-money, de você trazer, transmutar, 
porque a gente até agora está falando da blockchain do Bitcoin, primeira aplicabilidade. Origem do 
blockchain que veio com Bitcoin. 
Então, nós estamos falando nesse projeto que o propósito era o quê? Era ele ser uma moeda digital 
que permitisse que as pessoas trocassem dinheiro, moeda, de forma direta sem intermediários de 
confiança. 
Então, dentro do propósito da blockchain do Bitcoin que era esse, eu permitir transferências de 
valores monetários diretamente entre as partes sem intermediários, para atingir isso, eu construí 
todo esse cabedal tecnológico que a gente chama de blockchain, que consiste de DLT, ou seja, uma 
rede distribuída, uma contabilidade distribuída; todo mundo tem acesso a tudo e contabiliza e um 
consenso distribuído. E que a contabilidade dessas operações é feita na forma de cadeias de blocos. 
Eu estruturei todo esse cabedal tecnológico para que eu atingisse o propósito do quê? De possi-
bilitar a transferência de valores monetários diretamente entre as partes, sem intermediários. Só 
que, qual é o ponto chave aqui? É a contabilidade. É o registro. No fundo, o grande xis da questão é: 
qual era a função dos intermediários? Fazer a contabilidade. Por isso eles existem. Então, qual era o 
ponto chave? Eu tirar o registro desses intermediários e transmutar isso para todos os participes da 
rede, ou seja, eu distribuir e tornar isso mais democrático. 
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Então, dentro dessa ideia de registro de transações, no caso transações monetárias, o que começou a 
se ver foi qual foi o movimento natural? Opa, se eu posso utilizar uma tecnologia como essa para fazer 
um registro distribuído de valores monetários, eu posso muito bem fazer isso para registro de outras 
coisas que tenham valores para mim. E aqui começamos a falar que a brincadeira da blockchain evo-
luiu, porque começou-se a perceber que a gente poderia utilizar esse mesmo arcabouço tecnológico 
para registrar coisas diferentes, poderíamos ir muito além do que apenas o registro de troca de valo-
res, que era o objetivo da blockchain do Bitcoin. E aqui nós começamos a ver o que eu falo que é o iní-
cio e o despertar do ecossistema blockchain. E aqui só para vocês terem uma ideia, a gente começa a 
ver a utilização desse cabedal tecnológico em outros projetos, para outros propósitos. Sempre com a 
ideia, naturalmente, de registro de algo. Então, a gente começa a pensar, por exemplo, na blockchain, 
aplicação no setor financeiro, ainda é o mercado dominante, que é esse azulzinho aí, ele é, de fato, o 
mercado dominante porque foi onde ingressou primeiro e é onde ele tem mais potencial de disrom-
per porque, querendo ou não, o mercado financeiro é um mercado altamente centralizado, sempre 
foi, por uma questão até de segurança, de acreditar nos partícipes do mercado. 
Então a gente vê ainda uma aplicabilidade, uma dominância, da utilização do blockchain no mercado 
financeiro, mas começamos a ver crescimento em outros mercados. A gente começa a ver, por exem-
plo, a utilização de projetos de blockchain no setor corporativo, no Governo; o Governo tem, e a gente 
vê muitas iniciativas fortes fora do país e a Europa está muito forte em construir uma infraestrutura de 
blockchain europeia. China nem se fala na questão de avanço que ela tem. A gente começa a ver, de 
fato, um ecossistema ao entorno dessa ferramenta tecnológica que pode ser utilizada para um monte 
de outras coisas e está sendo utilizada em projetos de vários outros setores e isso é fantástico. 
Obviamente, a gente está vivendo ainda uma fase que eu falo de inovação tecnológica. E como toda 
fase de inovação tecnológica, que eu gosto desse ciclo de Gartner, a gente tem toda a parte da eu-
foria com a tecnologia, mas depois tem várias desilusões, até a gente de fato chegar ao platô de 
produtividade. E aí, se a gente parar para olhar, e aqui eu chamo a atenção, nós temos todos esses 
utilizações da tecnologia blockchain em todos esses setores, que eu coloquei de custódia, de estraté-
gia de tokenização, de stablecoins, business model - isso em 2019, eu não achei ele mais atual ainda. 
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Mas o que é interessante de ver, por exemplo, essa questão da tokenização, que até então estava 
no início, eu posso te falar que já está mais para perto da ponta hoje, a gente realmente vê que são 
as grandes tendências hoje, a tokenização das coisas é uma grande tendência atual, no mercado 
atual, que está crescendo de forma muito, muito, muito intensa, nos últimos tempos. Até se vocês 
me seguirem nas minhas redes sociais, eu fiz há pouco tempo uma série de posts comentando 
sobre os volumes e sobre os valores envolvidos nessas tendências atuais, porque as exchanges, as 
criptomoedas, vieram na primeira onda e nós já estamos vivendo uma segunda onda no ecossiste-
ma blockchain. Posso falar que a tokenização é, de fato, uma grande tendência, assim como o DeFi 
é outra grande tendência e os NFTs são outra grande tendência; então são tendências que a gente 
está vendo. 
Essa imagem era de 2019, então hoje já está um pouquinho diferente, mas, de fato, se a gente pen-
sar no que está de mais maduro e que tem uma maior aplicabilidade hoje, o projeto que está mais 
realmente no dia a dia no ecossistema. É a parte de digital assets, a troca de Criptoativos, os ICOS, 
os exchanges, são realmente ainda o mercado que, digamos, foi o primeiro a se desenvolver e hoje 
é o que está mais maduro, mas nós vemos muitas outras coisas vindo. 
Aqui eu trago desse ano, 2021, um radar dos startups no Brasil em que a gente começa a ver star-
tups que estão realizando projetos em blockchain, ou com criptos, no Brasil. Então, a dominância, 
como eu comentei, é de serviço financeiro, então todo esse círculo em rosa são projetos relaciona-
dos ao mercado financeiro, Criptoativos no mercado, no Sistema Financeiro. Mas a gente começa a 
ver aplicabilidade em outros setores, ali do lado, ali nos outros ciclos, nas outras cores. 
A gente vê projetos de blockchain no agronegócio, em sustentabilidade, por exemplo, créditos de 
carbono, você, de certa forma, tokenizar créditos de carbono para facilitar, eventualmente, a troca 
disso e democratizar, inclusive, o investimento em crédito de carbono. Em serviços, em RH, Logís-
tica, Seguros, Saúde, Gestão, a gente começa a ver, falando no cenário Brasil, projetos em todos 
esses sentidos, não só no Sistema Financeiro, mas principalmente Sistema Financeiro e em outros 
nichos também projetos nesse sentido. 
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E tudo isso é possível, essa miríade de projeto porque a gente pode estar falando de Arquitetura 
Blockchain. As Arquitetura Blockchain são como se fossem formas que eu posso dar, o design que 
eu posso dar, àquela blockchain, para que ela atinja o meu propósito inicial. Então hoje nós fala-
mos de arquiteturas ou de tipos de blockchain. E aí nós falamos de blockchain fechadas ou abertas, 
conforme os dados que estão registrados naquelas blockchains. Lembrem-se: blockchain são livros 
registros, ou seja, livros razões que registram informações, essa é a grande característica da blo-
ckchain. Então, conforme o design que eu dou, ou seja, se eu quero que essas informações que eu 
registrei estejam abertas a todo mundo ou não, eu falo “aberto” ou “fechada”. Se as informações 
estiverem abertas a todos, eu posso estar falando ainda de uma blockchain pública, permissionada 
ou não permissionada. Então aberta ou pública, permissionada ou não permissionada.Fechada, a 
seu tempo, é no sentido de que não vai ser pública, por quê? Porque os dados estão fechados para 
quem participa da rede. 
Então, partindo da blockchain aberta. Blockchain aberta ou pública permissionada significa o quê? 
Que todo mundo vai ter acesso à informação, mas nem todo mundo vai poder escrever e modificar 
as informações, ou seja, vai poder fazer a contabilidade ou dar o input de modificação das informa-
ções àquela. Exemplo de aplicação disso, em que nós podemos falar de uma blockchain aberta, ou 
seja, a leitura das informações é para qualquer um, só que a escrita não, só vai poder escrever ou 
só quem vai poder participar, escrever ou modificar as informações, é quem for autorizado pelo sis-
tema. Um caso de uso disso é muito, por exemplo, na Índia ou na China, em que a gente tem muito 
problemas de intoxicação alimentar por uma questão de transporte das mercadorias. 
Então, hoje como é que funciona? Dependendo da cadeia, dependendo do supermercado, da rede, 
eu posso, se for um chinês, chegar até o mercado, com meu celular pegar um produto, uma carne, 
por exemplo, que está embalada, que tem o QR, adicionar esse QRCode e esse QRCode vai me dar 
acesso às informações toda a cadeia de transporte daquela carne até chegar ali para eu adquirir; 
quanto que saiu, da onde que saiu, quanto tempo demorou de tráfego, qual é a temperatura do 
caminhão frigorífico. Eventualmente, eu consigo ter mais informações e poder comprar de forma 
mais segura o que eu estou adquirindo. 
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P r o t e ç ã o d e D a d o s : L G P D & G D P R
Então esse é um caso, por exemplo, de uma blockchain pública, ou seja, eu, consumidor, tenho essas 
informações, mas permissionado, porque quem vai dar os inputs, as informações daquela blockchain, 
é a pessoa que, por exemplo, sei lá, é do matadouro; ou, se foi importado, o exportador, o importador, 
quem fez o desembarace aduaneiro, quem fez o transporte; no momento que chegou, digamos assim, 
no atacadista, depois foi para o varejista, então são todas essas partícipes da cadeia que vão dar os 
inputs, que vão dar as informações, mas qualquer um vai poder ver; por isso o blockchain público, ou 
aberta, permissionada. a não permissionada é o caso da blockchain do Bitcoin e do Ethereum, que são 
as duas principais hoje. O que significa que é democrático ao extremo, qualquer um entra, qualquer 
um vê, qualquer um participa, está aberto para quem quiser. De fato, é, digamos, a blockchain clássi-
ca, a primeira e que são as mais conhecidas do público. Temos também, pensando em blockchains fe-
chadas, ou seja, as informações só estão para quem está naquela blockchain, só para quem participa 
daquele protocolo, só para quem realmente está no clube, digamos assim. 
Então na blockchain fechada nós podemos pensar em um grupo, ou seja, um consórcio de empre-
sas que se unem para uma finalidade específica, e elas é que têm acesso às informações, à escrita e 
ao uso daquela blockchain, e a gente começa a pensar, por exemplo, no caso da Corda, a gente teve 
uma associação de empresas, um consórcio de empresas, então é uma blockchain que é fechada, 
mas ela é formada por várias empresas, o consórcio de empresas, ou eu posso pensar, e já tem 
casos, de blockchain inteiramente fechada por exemplo, ou seja, é só uma empresa; eu sou só um 
grupo empresarial, não tem outras empresas que estão comigo em parceria, sou só eu, único, e eu 
tenho a minha blockchain. 
E isso é muito útil, por exemplo, para grandes cadeias mundiais que têm que fazer toda a parte de 
logística e de registro e de controle de tudo que está acontecendo de entrega dos seus produtos, 
roupa, vestuário, entre outras coisas, então a gente começa a pensar em blockchains fechadas, são 
informações sensíveis, que são informações importantes para o negócio, e por isso estão fechados 
para ele, mas, tendo em vista a complexidade da cadeia e partícipes envolvidos, é feito em blo-
ckchain esse tipo de controle. Por conta desses designs todos é que a gente começa a pensar em 
vários projetos em blockchains.
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P r o t e ç ã o d e D a d o s : L G P D & G D P R
E aqui eu falo que, inclusive, a própria Tecnologia Blockchain tem evoluído também. Então a gente 
começa a, cada vez mais, trazer mais funcionalidades na Tecnologia Blockchain para fins de possibi-
litar esses projetos, sidechains, entre outras coisas. E a gente começa a ver que tudo isso tem real-
mente possibilitado esse desenvolvimento e esse ar, realmente florescer, desse ecossistema, com 
tantos projetos aí, aqui, acolá e que cada vez está sendo mais interessante. Então, o que eu quero 
dizer, no fundo, é que são blockchains no plural que nós estamos falando. E eu já vou falar um pou-
quinho mais disso na aula que vem e a gente já vai continuar esse papo que já está muito, muito 
legal. Então, até daqui a pouquinho.
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PARTE 2
Então pessoal, como eu estava falando, é graças a essa miríade de possibilidades de design da in-
fraestrutura da blockchain que a gente pode estar falando de tantos projetos e de tanta efervescên-
cia. Da mesma forma, é o desenvolvimento das próprias ferramentas tecnológicas que melhoram 
a performance e a eficiência e resolvem problemas de escalabilidade. E entre outros problemas de 
interoperabilidade, escalabilidade das redes que estão aí sendo estruturadas, que a gente começa 
a falar, de fato, em tantos projetos, em tantas possibilidades de aplicação. E como eu comentei, no 
fundo, nós não estamos então falando mais de uma blockchain, porque quando falar de blockchain, 
blockchain é gênero, mas que aplica várias espécies. 
Então, a gente pode estar falando de blockchains, no plural e que hoje a gente comenta, inclusive, 
que são blockchains de gerações de blockchains; então, geração de blockchains de 1ª, 2ª, 3ª, 4ª, 
então não são só os Direitos Fundamentais que têm gerações, hoje a gente já pode falar que blo-
ckchains também têm. Então, a Bitcoin é a primeira que era a blockchain que a gente hoje fala mais 
simples, porque ela tinha por objetivo ser simplesmente um livro registro que traz a contabilidade 
das transações, dos registros das operações que são realizados com essa criptomoeda, no caso, o 
Bitcoin. A blockchain do Bitcoin, em um primeiro momento o propósito era só esse, fazer o registro 
das transações com Bitcoin. Simples assim. A Blockchain 2.0 que é também a blockchain mais famo-
sinha hoje, vem com outra proposta, ela vem para tentar trazer um pouquinho além, trazer uma 
infraestrutura que facilitasse a ampliação da utilização desse sistema e é aqui que nós começamos 
a falar do que a gente convencionou chamar de smart contracts, que podem ou não ser contratos 
conforme o que esteja estipulado lá. 
Aqui nós começamos a pensar em um estruturar uma blockchain de infraestrutura para que outras 
pessoas possam fazer aplicabilidades, então a gente chama de DABS (Desenvolvimento de Aplica-
ções em Blockchains) e nessa infraestrutura do Ethereum e smart contracts. 
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E aí, a gente pensa na chamada Blockchain 2.0, de 2ª geração. Os estudiosos falam também Blo-
ckchain 3.0 já trazendo a ideia de que nós temos um pouco mais de avanços tecnológicos, nós esta-
mos mais focados em tentar suprir os gaps que já foram identificados nesses momentos iniciais. En-
tão nós começamos a pensar em como fazer uma blockchains que possibilita a interoperabilidade 
entre outras blockchains, que consiga de certa forma melhorar a escalabilidade e consensos. 
E aí, a gente começa a pensar no uso dessas blockchains para outros ramos, não só para fins de smart 
contacts ou usos mais privados, mas começamos a pensar, por exemplo, em regtech. Você utilizar a 
blockchain para fins de aplicação da regulação estatal e as CBDC estão aqui também. A gente começa 
a pensar na utilização da blockchain para fins de estruturar uma moeda soberana, oficial soberana, 
um cripto oficial, digamos assim e a gentecomeça a pensar no Blockchain 4.0 mais como uma ideia de 
acoplar outras tecnologias como inteligência artificial, melhorar ainda mais a escalabilidade entre ou-
tras questões de infraestrutura da blockchain e, mais que isso, tornar isso de fato amigável às pessoas. 
Eu acho que a grande barreira nesse momento é a gente, de fato, trazer isso de uma forma mais ami-
gável. Apesar de que há quem fale, e eu concordo, que nós daqui a pouco já estaremos utilizando 
blockchain e nem saberemos que estamos usando blockchain, mas talvez tornar mais amigável o aces-
so a esses tipos de mercados mais centralizados. Esse é o grande propósito da Blockchain 4.0 e daqui 
a pouco teremos 5.0, 6.0, porque a tecnologia realmente é muito rápida e não para.
E quais são as aplicabilidades dis-
so? Veja bem, nós entendemos o 
contexto socioeconômico, como o 
ser humano mudou, como isso im-
pulsionou, e inclusive, isso é a força 
motriz por trás do início do Bitcoin. 
E aí a gente entendeu que o Bitcoin, 
na verdade, teve por propósito ser 
o dinheiro digital, trazer para o 
meio digital a troca de valores mo-
netários. A gente ouviu como a in-
fraestrutura da blockchain do Bi-
tcoin foi erigida para poder atingir 
esse propósito de ser o dinheiro digital, ou seja, deixa de ser um grito de empoderamento do ser, você 
ser dono do seu próprio dinheiro, que era esse o propósito do Bitcoin. Aí olhando a tecnologia nós 
começamos a falar: “olha, mas você viu que isso aqui vai ser aplicado para registro de um monte de 
outras coisas?” e aí nós vimos que, para isso poder ser realmente possível, nós falamos de design, de 
infraestrutura etc. 
Agora, vamos olhar um pouqui-
nho sobre as aplicabilidades de 
fato, que essa tecnologia pode 
ter – eu brinco que isso é o infi-
nito e além. Então agora, nesse 
momento, a ideia é entender um 
pouco como avançou e qual foi o 
caminhar do ecossistema de crip-
to até então. Vamos lá. E só para 
fins didáticos, gente, eu faço um 
disclaimer. 
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Então é interessante a gente ver que, na verdade, a tecnologia blockchain meio que foi para dois 
lados: de um lado a gente viu o desenvolvimento da faceta da moeda, porque o Bitcoin veio para 
ser a moeda privada, a moeda particular que me permita fazer trocas de forma descentralizada. 
Então nós vemos todo um avançar das moedas, das criptomoedas, como essa funcionalidade prin-
cipal de troca e depois vemos outra aplicabilidade da tecnologia como a própria tecnologia. E aí nós 
vemos outras aplicabilidades que são voltadas ao mercado financeiro ou monetário. E é isso que eu 
vou falar um pouquinho com vocês agora. Entendendo um pouquinho moeda. 
A gente fala de gerações, de moe-
das, o Bitcoin é a criptomoeda, ou 
a moeda criptográfica de 1ª gera-
ção. Ela não é atrelada a nada, ela 
não tem laço em nada. E qual era 
o problema aqui? É algo que vocês 
já devem ter visto muito nos jor-
nais, muito noticiado, a alta vola-
tilidade dos valores e, de fato, é 
altamente volátil. Nós saímos de 
US$ 50 mil /US$53 mil, para US$ 
30 mil em poucos meses. Agora 
voltamos aí à faixa de US$ 40 mil 
/US$42 mil. Realmente vemos uma alta volatilidade, ou seja, o valor dele realmente flutua muito 
e isso é porque no fundo estamos falando de um mercado que é pura especulação, no sentido 
de oferta e demanda, não tem outra coisa que não oferta e demanda. Obviamente, volta e meia 
a gente vê notícias que influenciam essa opinião da oferta e demanda, mas o fato é que o merca-
do do Bitcoin, o Bitcoin, não é atrelado a valor nenhum; ele realmente está atrelado à confiança 
que se tem naquele cripto, naquele cabedal, naquele ferramental tecnológico. E realmente é 
especulação pura. E por conta disso, qual era a grande crítica? Ora, se eu crio uma moeda digital 
criptográfica, que é o Bitcoin, que tem por propósito ser o dinheiro digital, me possibilitar trocas 
de valores, do tipo, eu quero adquirir algo, entrego o Bitcoin e vice-versa, que no fundo, como eu 
comentei, é esse o propósito do Bitcoin, se esse é o propósito, se eu tenho uma alta volatilidade, 
ele acaba não me servindo para o que ele veio e esse era o grande problema. 
O Bitcoin, se a gente parar para pensar, foi utilizado não como um meio de troca, para você comprar 
um café, comprar uma pizza etc. - apesar de que teve quem comprou pizza, a pizza mais cara do 
mundo - mas o propósito dele a gente não vê sendo implementado na prática. O que a gente vê é 
sendo utilizado para especulação, para investimento e no fundo, por conta dessa volatilidade. En-
tão, ele não atingiu o propósito que era de fato ser uma moeda, um meio de troca. Porque moeda, 
o que é moeda? Quando nós falamos de moeda aqui, nós não estamos falando do que o direito 
reconhece como moeda. Isso é moeda no sentido jurídico. Nós estamos falando aqui de moeda 
em sentido econômico, que exerça funções de meio de troca, reserva de valor e unidade de conta, 
principalmente meio de troca; é a principal função monetária. 
Então o Bitcoin não atingiu o propósito de ser um meio de troca, porque ele é muito volátil e isso 
e dificulta e inviabiliza esse meio de trocas. Para fins de tentar minimizar esses efeitos ruins, nós ti-
vemos o que a gente chama de moedas criptográficas de 2ª geração que é o que a gente chama de 
stablecoins. Qual é a ideia aqui? A ideia aqui é que a gente comece a emparelhar, ou seja, a gente 
começa a atrelar o cripto a uma cesta de valores. Então, no fundo, você tenta minimizar a volatilida-
de atrelando o cripto, essa cripto, essa criptomoeda a uma cesta de ativos. 
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E aí nós podemos atrelá-los tanto, como falei, “colateralizado”, eles chamam de colateralização, ou 
seja, atrelamento, vinculação à Fiat, e Fiat aqui é moeda oficial, a gente chama Fiat Currency, ou 
seja, a moeda que a gente confia que é dos governos soberanos. Então, por exemplo, o USD Tether 
é atrelado ao dólar, então a gente acaba atrelando ele a moedas soberanas, no caso, o dólar. 
Podemos atrelar esse cripto a commodities, a bens que são, de certa forma, valiosos para nós; o 
caso do PAX Gold que é atrelado a ouro. Podemos pensar também em stablecoins que são colate-
ralizadas em outras criptomoedas; é o caso da DAI, em que a gente começa a tentar montar uma 
cesta de criptoativos para tentar fazer com que a moeda, a DAI no caso, não tenha tanta volatilida-
de, porque ela tenta de certa forma estar atrelada a várias criptos. Nós também podemos falar que 
ela é não colaterilizada, mas aí seria um pleonasmo, tipo uma contradição, porque se o stablecoin 
deve ser colateralizada, então não colateralizada não seria stablecoin. A ideia aqui é um pouquinho 
diferente, na verdade, é no sentido de que ela é um stablecoin. Por quê? Porque eu vou colocar no 
próprio sistema, no próprio protocolo, mecanismos para que ela se auto ajuste, questão de oferta e 
demanda, conforme o valor que esteja sendo transacionado. 
Então, a ideia aqui é que eu não colateralizo com nada, eu não tenho nenhum outro bem que vai 
estar atrelado a ele, mas o próprio sistema se auto encarrega de ele mesmo emitir mais ou ele liqui-
dar mais conforme valores e conforme esteja realmente a oferta e demanda no mercado para fins 
de tentar trazer, estabilizar um valor nesse sentido. E a última geração, que é atualmente a que está 
aí no mainstream, que é a CBDC, são Central Bank Digital Currency, ou seja, as moedas digitais dos 
bancos centrais. E é o que interessa para a gente ver, que tanto a 1ª geração Bitcoin quanto a 2ª o 
Stablecoin - nós estamos falando de empreendimentos ou de iniciativas eminentemente privadas 
- que têm por objetivo, enfim, atingir vários propósitos. Agora, na CBDC, nós estamos vendo que a 
gente não está mais falando de moedas privadas, nós começamos a falar de moeda oficial pública, 
que vem para, de certa forma ser, digamos assim – e a gente fala que é o e-Yuan, que tem na China 
– o e-real aqui no Brasil. 
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P r o t e ç ã o d ede participação, de parceria ou de remuneração, inclusive resultante 
de prestação de serviços, cujos rendimentos advêm do esforço do empreendimento de terceiros. O 
que quero dizer com isso? Quando tem algum título, algum contrato, algo que é ofertado publicamen-
te e que dê direito, cujo objeto desse título é dar direito de participação ou qualquer outra remune-
ração, parceria e tal, em um empreendimento, em valores que vão decorrer ou que vão vir do esforço 
de terceiros, ou seja, eu vou receber rendimentos que não vão ser oriundos do meu esforço, mas por-
que, eu estou investindo dinheiro em um título público, que foi publicamente ofertado e, com o esfor-
ço dessas pessoas, é que eu vou ser remunerado, isso é contrato de investimento e é valor mobiliário. 
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P r o t e ç ã o d e D a d o s : L G P D & G D P R
Sobre isso, nós vimos que pode ser um security token. E, se um criptoativo for da espécie security 
token, poderia estar sujeito ao IOF valores mobiliários? Eu entendo que sim. Entendo que poderia 
sim, caso se caracterize como um security token. No que se refere a criptomoedas, espécie – lem-
bra, criptoativos, criptomoedas, security e utility – só a título de curiosidade, nós tivemos um julga-
mento do STJ, num conflito de competências em que, na verdade, era a questão daqueles esque-
mas Ponzi e etc., mas o ponto que se identificou é que a conduta investigada não se acomodaria 
aos crimes, inclusive contra a ordem, não seriam crimes que, eventualmente, poderiam ser contra 
a economia popular, porque não estaria dentro do conceito de valores mobiliários. Mesmo se eu 
ainda identificasse como valor mobiliário, eu poderia tipificar essa conduta, inclusive, como penali-
zação e crimes contra a economia popular. 
Neste caso, qual era o ponto? O objeto era criptomoedas, não era security tokens e é essa a diferen-
ça que tem que ter. Por isso, eu volto a falar: não temos uma resposta pronta, temos sempre que 
analisar a operação e identificar a natureza jurídica naquele caso concreto. Então, nesse caso, era 
uma criptomoeda, não era um security token, não era uma criptomoeda, não era valor mobiliário, 
está fora do âmbito de incidência desse tipo de tipificação penal. Mas, se fosse um security token, 
um token emitido com esses direitos, como um contrato de investimento, aí sim seria um valor mo-
biliário que estaria inclusive sujeito ao IOF valor mobiliário. 
E, ainda dentro desse mercado, 
outros novos negócios também 
têm desafiado o raciocínio jurídico 
tributário. As exchanges são inter-
mediárias, que têm por função, 
ser uma plataforma que aproxi-
ma compradores e vendedores 
de criptoativos. É um serviço de 
intermediação. Estariam elas su-
jeitas a alguma tributação? A res-
posta é sim, elas fazem um serviço 
de intermediação, que é uma ati-
vidade prevista na lista anexa da 
Lei Complementar que rege o ISS. Então, elas exercem atividades de intermediação e são sujeitas a 
recolhimento do ISS. Mas, se essas exchanges adquirirem e revenderem criptos dentro do seu core 
business, eu poderia estar atrelando essas criptomoedas a mercadorias? A resposta é que neste 
momento, não. 
Eu digo que neste momento não, porque isso foi objeto de consulta, inclusive, na Secretaria de 
Fazenda do estado de São Paulo, no qual, se entendeu que as criptomoedas, nesse caso, ainda que 
integrasse o core business, elas são seriam revendidas para o consumo, elas não têm por objetivo 
serem consumidas, elas simplesmente têm outras finalidades. E, por faltar essa intenção de consu-
mo, elas estariam fora do âmbito de incidência do ICMS. Mas, e se a gente não estivesse falando de 
criptomoedas, se nós estivéssemos falando de um utility token, que tem a natureza de uma merca-
doria, como por exemplo, o exemplo que eu citei da venda de sapatos, enfim, e emito tokens que 
dão acesso a algumas dessas unidades exclusivas dos meus calçados. Nesse caso, esse token está 
representando um bem que vai ser consumido, ou seja, um sapato. Portanto, diferentemente das 
criptomoedas, que foi o caso analisado pela Secretaria de Fazenda do estado de São Paulo, nesse 
caso de utility token (de sapato), aí sim, entendo eu, caberia se falar em ICMS, porque nós estaría-
mos olhando para a operação com esse cripto e nessa operação, ele teria a natureza de mercadoria. 
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P r o t e ç ã o d e D a d o s : L G P D & G D P R
Outro ponto que tem chamado a atenção e aos debates: airdrops, hard forks, ou seja, aquelas do-
ações iniciais, você ganha espontaneamente um cripto, aparece na sua carteira, ou porque um dos 
protocolos sofreu um hard fork, seja porque alguém emitiu e começou a doar inicialmente esses 
tokens para a comunidade. A gente poderia falar de imposto de renda e de doação? Esse é o deba-
te, porque, no fundo, a gente pode falar de doação. Mas doação de um sistema em um hard fork 
para a pessoa? Em que momento eu vou poder verificar isso, alienar? Então, são movimentos que 
são difíceis, não tem uma orientação nesse sentido. 
Eu poderia entender que os valores oriundos de airdrops ou de hard forks pagariam imposto de 
renda no momento em que eu realizo. Porque é no momento da realização, que eu tenho disponi-
bilidade jurídica ou econômica desses valores e coloco como preço de aquisição zero. Agora, quan-
do eu estou falando da entrada desses criptos como doação, qual vai ser a base de recebimento? 
Em tese, eu estou recebendo algo que tem, inicialmente, um valor zero de mercado. Se criei, hoje, 
se o airdrop caiu hoje, o hard fork caiu e ingressou hoje no meu patrimônio, em tese, ele tem um 
valor zero. Então, nesse caso, eu poderia falar de doação? Até poderia, mas de doação com valor de 
zero? Ou eu teria algum outro mecanismo de critério para identificar que houve, de fato, uma doa-
ção? Ou ainda identificar quem foi o donatário, que eventualmente, saber a origem, se tem algum 
valor específico, ou não? Então, são desafios, os quais não temos respostas. 
E fico por aqui, dentro dessa nossa jornada aí pelo mundo de universo de ciclos jurídicos e ecossis-
tema cripto.
Então é isso pessoal, agradeço a atenção e a parceria nessa jornada! Reitero e deixo aqui os meus 
contatos. Foi um prazer fazer parte dessa caminhada junto com vocês e fico à disposição se quise-
rem se conectar, tirarem dúvidas e conversarem comigo. Obrigada!

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