OS RECURSOS PARA O BOM ADESTRAMENTO

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OS RECURSOS PARA O BOM ADESTRAMENTO
No começo do séc.XVII, a “correta disciplina” era a arte do “bom adestramento”. A disciplina “fabrica indivíduos, ela é a técnica específica de um poder que toma os indivíduos ao mesmo tempo como objetos e como instrumentos de seu exercício. O sucesso do poder disciplinar se deve sem dúvida ao uso de instrumentos simples: o olhar hierárquico, a sanção normalizadora e sua combinação num procedimento que lhe é específico, o exame. 
A VIGILÂNCIA HIERÁRQUICA
O jogo do olhar
Observatórios ( visíveis aqueles sobre quem se aplicam)
Vigiar o espaço exterior – domínio do espaço interior
A vigilância torna-se um operador econômico decisivo
A SANÇÃO NORMALIZADORA
Pequeno mecanismo penal
Micropenalidade do tempo (atrasos, ausências, interrupções das tarefas).
Da atividade (desatenção, negligência, falta de zelo).
Da maneira de ser (grosseria, desobediência).
Dos discursos (tagarelice, insolência).
Do corpo (atitudes “incorretas”, gestos não-conformes, sujeira).
Da sexualidade (imodéstia, indecência).
A punição tem um caráter de reduzir os desvios. Sua função é corretiva, é a retidão.
O castigo não é a vingança, mas o exercício, a repetição.
O jogo da disciplina estabeleceu-se a partir da dicotomia gratificação-sanção.
O EXAME
O exame combina as técnicas da hierarquia que vigia e as da sanção que normaliza.
E um controle normalizante, uma vigilância que permite qualificar, clasificar e punir.
Estabelece sobre os indivíduos uma visibilidade através da qual eles são diferenciados e sancionados.
Em todos os dispositivos de disciplina o exame é ritualizado.
Nele vêm-se reunir a cerimônia do poder e a forma da experiência, a demonstração da força e o estabelecimento da verdade.
O nascimento do exame como uma instituição ligada a processos administrativos acarretou uma gigantesca gama de novos procedimentos.
Tudo passou a ser hierarquizado e comparado.
Tudo passou a ser estatístico.
Não só pessoas, mas também instituições passaram a ser quotidianamente examinadas e comparadas.
A vigilância hierarquizada, a sanção normalizadora e o exame foram os recursos para o bom adestramento. Seu braço executor foi o regime disciplinar. Apesar de não ser perceptível como as grandes transformações políticas, esse movimento tomou conta de todas as instituições e suas conseqüências são perceptíveis a partir de um exame genealógico das instituições.
O PANOPTISMO
Jeremy Bentham concebe a figura arquitetural do Panóptico que consiste num anel permeado de celas vazadas para dentro e para fora. No centro do anel há uma torre com janelas por toda a sua volta o que permite a quem está na torre ver perfeitamente a silhueta daqueles que estão ocupando as celas do anel.
Concebida para que os presos sejam vistos, independemente de estarem ou não sendo vigiados, esta construção proporciona algumas vantagens à vigilância.
O poder deixa de ser a visita indiscreta diante da qual se representa e passa a ser total.
Ele passa a ocupar um espaço onde toda representação se torna inútil dada sua onipresença.
O efeito mais importante do Panóptico é induzir (no detento, ou louco, ou operário, etc.) um estado consciente e permanente de visibilidade que assegura o funcionamento automático do poder.
Fazer com que a vigilância seja permanente em seus efeitos, mesmo se for descontínua em sua ação.
Poder devia ser visível e inverificável.
Ele pode ser utilizado como máquina de fazer experiências, modificar o comportamento, treinar ou retreinar os indivíduos.
Experimentar remédios e tentar seus efeitos, tentar diversas punições sobre os prisioneiros - segundo seus crimes e temperamentos – e procurar as mais eficazes.
O Panóptico funciona como uma espécie de laboratório de poder. Graças a seus mecanismos de observação ele ganha em eficácia e em capacidade de penetração no comportamento dos homens. 
O Panóptico, ao contrário, deve ser entendido como um modelo generalizável de funcionamento; uma maneira de definir as relações de poder com a vida cotidiana dos homens. 
Pode ser bem representado como um puro sistema arquitetural e óptico.
É uma figura de tecnologia política que se pode e se deve destacar de qualquer uso específico.
É polivalente em suas aplicações; serve para emendar os prisioneiros, mas também para cuidar dos doentes, instruir os escolares, guardar os loucos, fiscalizar os operários, fazer trabalhar os mendigos e ociosos.
O crescimento da produção exigia uma organização, o que pressupunha, naturalmente controle e disciplina.
Exigia um mecanismo mais leve, mais fácil ocupando menos gente para operá-lo e principalmente, mais eficaz.
Arquitetura e poder uniram-se na construção de máquinas de controle cada vez mais perfeitas.
Ligada à explosão demográfica do século XVVII e ao crescimento do aparelho de produção, a dominação política do corpo que ela realiza responde à necessidade de suas utilizações racionais, intensas, máximas em termos econômicos. Mas, por outro lado, e isso é um aspecto bastante importante da análise – o corpo só se torna força de trabalho quando trabalhado pelo sistema político de dominação característica do poder disciplinar.
Não se explica inteiramente o poder quando se procura caracterizá-lo por sua função repressiva. O que lhe interessa basicamente não é expulsar os homens da vida social, impedir o exercício de suas atividades, e sim gerir a vida dos homens, controlá-los em suas ações para que seja possível e viável utilizá-los ao máximo, aproveitando suas potencialidades e utilizando um sistema de aperfeiçoamento gradual e contínuo de suas capacidades. Objetivo ao mesmo tempo econômico e político: aumento do efeito de seu trabalho, isto é, tornar os homens força de trabalho dando-lhes uma utilidade econômica máxima; diminuição de sua capacidade de revolta, de resistência, de luta, de insurreição contra as ordens do poder, neutralização dos efeitos de contra-poder, isto é, tornar os homens dóceis politicamente. Portanto, aumentar a utilidade econômica é diminuir os inconvenientes, os perigos políticos, aumentar a força econômica e diminuir a força política. 
Todo conhecimento seja ele científico ou ideológico, só pode existir a partir de condições políticas que são as condições para que se formem tanto os sujeitos quanto os domínios de saber. A investigação do saber não deve remeter a um sujeito de conhecimento que seria sua origem, mas as relações de poder que lhe constituem. 
Não há saber neutro.
Todo saber é político.E isso não porque cai nas malhas do Estado, é apropriado por ele, que dele se serve como instrumento de dominação, descaracterizando seu núcleo essencial. Mas, porque todo saber tem sua gênese em relações de poder.
Sociedades de soberania –açambarcar; decidir sobre a morte, alavancas, roldanas
Sociedades disciplinares séc.XVIII,XIX- apogeu no séc. XX
Máquinas energéticas
Disciplina – longa duração - infinita e descontínua
Confinamento - moldes - distintas moldagens
Confinamentos disciplinares
Regime de prisões – penas substitutivas ( pequenas delinqüências)
Família-escola-caserna-fábrica-hospital-prisão
Exame-não se parava de recomeçar
Concentrar-distribuir no espaço -ordenar no espaço -compor no espaço-tempo
Palavras de ordem
Assinatura, número de matrícula, posição na massa, relógio,etc.
Sociedades de controle – controle – modulação ( moldagem auto-deformante)
Empresa
Formação permanente controle contínuo, avaliação contínua, ação da formação permanente 
Controle contínuo
Nunca se termina nada
Cifra-senha - acesso à informação
Dividuais-divisíveis
Mercados-amostras
Informática e computadores
Utilização de coleiras eletrônicas, chips, etc.
Capitalismo XIX - concentração - produção-propriedade-fábrica-meio de confinamento
Capitalista - proprietário dos meios de produção, proprietário de outros espaços (casa do operário, a escola)
Mercado - especialização - colonização-redução dos custos de produção
Compra a matéria prima e vende produtos acabados
Capitalismo atual-sobre-produçãoCompra produtos acabados ou monta peças destacadas
Vende serviços
Compra ações - regime de empresa - novas maneiras de tratar o dinheiro
Produto – dispersivo
O marketing – instrumento de controle social
Curto prazo – rotação rápida - contínuo/ilimitado