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UNIVERSIDADE CATÓLICA DO SALVADOR - UCSAL FACULDADE DE DIREITO DIREITO PROCESSUAL CIVIL III Tema 08. Pagamento ao credor: em dinheiro, adjudicação e usufruto. Procedimento. PAGAMENTO AO CREDOR: Em dinheiro, adjudicação e usufruto. Terminada a fase instrutória do processo de execução, o que somente é possível quando o Juízo se encontra garantido pela penhora, no caso de devedor solvente (quando o ativo é superior ao passivo), e desde quando está concluído o procedimento executivo por sentença, que julgue improcedentes os embargos, quando houver, passa-se à fase final do processo executório, denominada de fase do pagamento ao credor. Nesta fase, e para efetivação do cumprimento da obrigação ou seja, a satisfação do crédito do credor, verificam-se as seguintes hipóteses: a) a penhora recaiu sobre dinheiro; b) os bens penhorados foram convertidos em dinheiro, pela venda, ou alienação antecipada, e nas várias modalidades, como pela arrematação (alienação); c) o credor resolve receber bens em pagamento do seu crédito; ou d) pagamento parcelado por meio do usufruto das rendas de bem imóvel, ou de empresa, penhorados. O produto da alienação, na conversão dos bens em dinheiro, decorre das diversas formas: - arrematação em praça ou leilão; - venda antecipada de bens; - venda de ações em bolsa; e - venda mediante lanço por escrito. O produto, por essas formas de alienação, é o dinheiro que será levantado pelo credor, para satisfazer a obrigação, do devedor, que corresponde ao crédito daquele, representado por título ou títulos executivos. Está evidente que, quando a penhora recai em dinheiro, desnecessário se tornam as providencias de alienação judicial, bastando que o juiz, a requerimento, autorize o respectivo levantamento, pelo credor (art. 709). O cumprimento da obrigação se efetiva, assim, por meio do dinheiro ou dos bens, consoante dispõe o CPC: “art. 708 - O pagamento ao credor far-se-á: I. pela entrega do dinheiro; II. pela adjudicação dos bens penhorados; III. pelo usufruto de bem imóvel ou de empresa”. Pagamento em dinheiro Faz-se o pagamento em dinheiro, quando este foi o objeto da penhora, ou quando esta recaiu sobre bens ou valores e, posteriormente, convertidos em dinheiro. Há casos em que recai sobre o mesmo bem, ou bens, várias penhoras. Aí a preferência é do credor singular, que primeiro requereu, ou promoveu a execução devendo lhe ser satisfeito o crédito integralmente com o produto da execução, segundo a regra do art. 709. Isto, desde que não haja “sobre os bens alienados qualquer outro privilégio ou preferência, instituído anteriormente à penhora”. Portanto, no caso do pagamento em dinheiro, consoante preleciona Moacyr Amaral Santos, há duas situações a considerar: “a) o credor é um único e inexiste, em ralação aos bens alienados, qualquer outro privilégio ou preferência, do qual terceiro seja titular, instituído anteriormente à penhora; e b) vários são os credores, com multiplicidade de penhora sobre os mesmos bens, ou sobre estes existe qualquer privilégio ou preferência, instituído anteriormente à penhora”. (obr. cit., pág. 349) No primeiro caso, a solução é simplificada, bastando que requeira e o juiz defira, para que o dinheiro seja levantado para “satisfação integral do crédito” do credor, mediante expedição do mandado de levantamento e, nos autos, o Exequente dará quitação da quantia paga (art. 709, parágrafo único). Havendo sobra, esta será restituída ao devedor; havendo falta, seguir-se-á com a execução. No segundo caso, o levantamento do dinheiro, a título de pagamento, somente poderá ocorrer depois de instituído e concluído um processo de conhecimento incidente que é intercalado, nessa fase, ao processo de execução, “em cujos autos se desenvolvem e é julgado”. É, na verdade, um concurso de credores, aí denominado de concurso de preferência, a requerimento de um dos credores. A matéria específica é disciplinada pelos arts. 709 e seguintes do CPC, merecendo destaque os: “art. 711. Concorrendo vários credores, o dinheiro ser-lhes-á distribuído e entregue consoante a ordem das respectivas prelações; não havendo título legal à preferência, receberá em primeiro lugar o credor que promoveu a execução, cabendo aos demais concorrentes direito sobre a importância restante, observada a anterioridade de cada penhora. art. 712. Os credores formularão as suas pretensões, requerendo as provas que irão produzir em audiência; mas a disputa entre eles versará unicamente sobre o direito de preferência e a anterioridade da penhora. art. 713. Findo o debate, o juiz decidirá.”. Adjudicação A matéria está disciplinada pelo art. 685 - A do CPC. “Art. 685-A. É lícito ao exequente, oferecendo preço não inferior ao da avaliação, requerer lhe sejam adjudicados os bens penhorados. §1°- Se o valor do crédito for inferior ao dos bens, o adjudicante depositará de imediato a diferença, ficando esta à disposição do executado; se superior, a execução prosseguirá pelo saldo remanescente. §2°- Idêntico direito pode ser exercido pelo credor com garantia real, pelos credores concorrentes que hajam penhorado o mesmo bem, pelo cônjuge, pelos descendentes ou ascendentes do executado. §3°- Havendo mais de um pretendente, proceder-se-á entre eles à licitação; em igualdade de oferta, terá preferência o cônjuge, descendente ou ascendente, nessa ordem. §4°- No caso de penhora de quota, procedida por exequente alheio à sociedade, esta será intimada, assegurando preferência aos sócios. §5°- Decididas eventuais questões, o juiz mandará lavrar o auto de adjudicação. ”. Doutrinariamente, Convém o exame do pensamento de Luiz Guilherme Marinoni: “A adjudicação O art. 647 prevê, como primeira forma de expropriação, a adjudicação. Corresponde ao recebimento do bem penhorado pelo exequente, descontando-se o valor da execução do valor da coisa. Trata-se de forma de pagamento da dívida executada, pelo qual há transferência direta de patrimônio do devedor para o credor. A responsabilidade patrimonial, poder-se-ia dizer, é linear, autorizando o credor a tomar parte do patrimônio do devedor por conta da dívida não paga. No sistema em vigor, a adjudicação tem preferência sobre os demais mecanismos (art. 685-C e 686 do CPC). No regime anterior – com exceção da execução fiscal -, a adjudicação somente podia ser requerida uma vez frustrada a alienação judicial, por não ter nenhum interessado oferecido lance válido para a aquisição do bem. Isto tornava a possibilidade de adjudicação praticamente inútil, já que a ausência de interessados na aquisição do bem em hasta pública constitui evidencia da sua falta de valor de mercado. Ou seja, nesta caso o exequente somente adjudicava o bem se realmente não tivesse outra opção. Com a nova sistemática, cresce a importância da adjudicação. A entrega do bem penhorado para o credor, por meio da adjudicação, simplifica a execução, além de permitir-lhe ficar com o bem em troca da dívida ou aliená-lo fora do processo. Ou melhor, o exequente não é obrigado a se contentar com o valor obtido a partir da alienação judicial do bem, podendo incorporá-lo ao seu patrimônio ou vendê-lo na forma que lhe aprouver, sem a presença da jurisdição. (obr. cit., pág. 314) Usufruto O pagamento ao credor, em processo de execução pode ser feito também por meio de usufruto de móvel ou imóvel. A matéria está disciplinada nos arts. 716 a 724 do CPC: “Art. 716. O Juiz pode conceder ao exequente o usufruto de móvel ou imóvel, quando o reputar menos gravoso ao executado e eficiente para o recebimento do crédito. Art. 717. Decretado o usufruto, perde o executado o gozo do móvel ou imóvel, até que o exequente seja pago do principal, juros, custas e honorários advocatícios. Art. 718. O usufruto tem eficácia, assim em relação ao executado como a terceiros, a partir da publicação da decisão que o conceda. Art. 719. Na sentença, o juiz nomeará administrador que será investido de todos os poderes que concernemao usufrutuário. Parágrafo Único – Pode ser administrador: I – o credor, consentindo o devedor ; II – o devedor, consentindo o credor. Art. 720. Quando o usufruto recair sobre o quinhão do condomínio na co-propriedade, o administrador exercerá os direitos que cabiam ao executado. Art. 721. É licito ao credor, antes da realização da praça, requerer lhe seja atribuído, em pagamento do crédito, o usufruto do imóvel penhorado. Art. 722. Ouvido o executado, o juiz nomeará perito para avaliar os frutos e rendimento do bem a calcular o tempo necessário para o pagamento da dívida. § 1º. Após a manifestação das partes sobre o laudo, proferirá o juiz a decisão; caso deferido o usufruto de imóvel, ordenará a expedição de carta para a averbação do respectivo registro. § 2º. Constarão da carta a identificação do imóvel e cópias do laudo e da decisão. § 3º (Revogado) Art. 723. Se o imóvel estiver arrendado, o inquilino pagará o aluguel diretamente ao usufrutuário, salvo se houver administrador. Art. 724. O exequente usufrutuário poderá celebrar a locação do móvel ou imóvel, ouvido o executado.” Para conclusão do tema, Convêm mais uma vez, examinarmos o pensamento de Marinoni: “As formas de satisfação do credor Após a penhora e avaliação, caminha-se para a expropriação do patrimônio penhorado, para que o exequente tenha finalmente satisfeito o seu direito. Após a penhora e a avaliação, o executado terá oportunidade para apresentar a sua defesa – chamada de impugnação -, que, em regra, não deve ser recebida no efeito suspensivo à impugnação em casos excepcionais, quando, além de relevantes os seus fundamentos, o prosseguimento da execução for ‘ manifestadamente suscetível de causar ao executado grave dano de difícil ou incerta reparação’ (art. 475-M). Porém, ainda que concedido o efeito suspensivo, o exequente poderá requerer o prosseguimento da execução prestando caução suficiente e idônea (art. 475M, §1º). Assim, a execução caminhará para a expropriação dos bens quando não for apresentada a impugnação, quando a impugnação não for atribuído efeito suspensivo e, ainda, quando, embora concedido o efeito suspensivo, o exequente requerer o prosseguimento da execução oferecendo e prestando caução. De acordo com o art. 647 do CPC, são admitidas quatro formas de expropriação: a adjudicação, a alienação por iniciativa particular, a alienação em hasta pública e o usufruto de bem móvel ou imóvel. Apenas no ultimo caso não há a transferência da propriedade do bem penhorado. O usufruto de móvel ou imóvel se limita a expropriar, temporariamente, o direito ao uso e aos frutos do bem, pagando-se o exequente com a renda produzida. Nos demais casos, a expropriação implicará a transferência compulsória dos bens penhorados. Na adjudicação, a transferência e feita ao próprio credor, lembrando uma ‘dação em pagamento’, com o abatimento do valor correspondente ao bem do débito executado. Nos demais caso, há alienação a terceiro, revertendo contrapartida em dinheiro para o pagamento do exequente. Na realidade, estas não são as únicas formas de satisfação do credor, em que pese o elenco aparentemente taxativo do preceito legal. Tratando-se de penhora de dinheiro, por exemplo, nenhum desses caminhos será seguido, limitando-se o juiz a autorizar o exequente a levantar o montante devido. No caso de penhora de direito ou ação do devedor, o procedimento de satisfação do credor se dará, em regra, pela sub-rogação no direito penhorado (art. 673 do CPC). Realizada a sub-rogação, se o credor não lograr receber o crédito do devedor, poderá prosseguir na execução, penhorando outros bens do devedor (art. 673, § 2º, do CPC). Entretanto, se o credor manifestar expressa recusa na sub-rogação, proceder-se-á a alienação judicial do direito, na forma adiante estudada recebendo o exequente o valor correspondente até o limite de seu crédito (art. 673, § 1º, do CPC)”. (idem págs. 311/312) _____________________________________________________________ APOSTILA DE RESPONSABILIDADE DO PROFº. LUIZ SOUZA CUNHA. AUTORES CITADOS E CONSULTADOS: Moacyr Amaral Santos Direito Processual Civil 3º Vol. 12ª - Edição - 1988 José Frederico Marques Manual de Direito Processual Civil 4º Vol. - 7ª Edição - 1987 Humberto Theodoro Júnior Curso de Direito Processual Civil Vol. II - 14ª Edição - 1995 Luiz Guilherme Marinoni Execução (Curso de Processo Civil) Vol. 3 - Revista dos Tribunais – 2006/2007 Atenção: A apostila é, tão somente, um resumo da matéria que pode ser aprendida pelo aluno. Ela deve servir de guia do ensino-aprendizado, sob orientação pedagógica. Esta apostila se destina, pois, exclusivamente ao estudo e discussão do texto em sala de aula, como diretriz do assunto, podendo substituir os apontamentos de sala de aula, a critério do aluno. Consulte a bibliografia anteriormente indicada além de outros autores. Atualizada em novembro/2010 �PAGE �5� DPC3��_T8_Pagamento ao credor
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