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Segurança do trabalho Modelos normativos de gestão de saúde e segurança do trabalho Os modelos normativos de gestão servem de guia para a implantação e a implementação dos programas de saúde e segurança do trabalho. Em muitos casos, a gestão de saúde e segurança do trabalho é utilizada nos processos de tomada de decisão das empresas, mesmo que de modo inconsciente no dia a dia, quer seja na compra de equipamento, na expansão do negócio ou simplesmente na seleção de novo mobiliário. Isso acontecerá muito ao longo de sua prática profissional quando você refletir sobre a importância e/ou a necessidade de adquirir um equipamento de proteção coletiva, por exemplo, com relação ao custo que isso terá para empresa, mas em contrapartida você também conseguirá mensurar os benefícios que esse equipamento terá para a saúde e segurança dos trabalhadores. A aplicação de sistemas de gestão da segurança e saúde no trabalho (SGSST) baseia-se em critérios de saúde e segurança no trabalho (SST), em normas e em comportamentos. Podemos visualizar estes critérios e normatizações nas normas regulamentadoras, na Associação Brasileira de Normas Técnicas, bem como nas publicações realizadas pela Organização Internacional do Trabalho e da Secretaria do Trabalho. Estes critérios têm como objetivo proporcionar um método de avaliar e de melhorar comportamentos relacionados à prevenção de incidentes e de acidentes no local de trabalho, pela gestão efetiva dos perigos e de riscos no local de trabalho. Trata-se de um método lógico e gradual de decidir o que é necessário fazer, como fazer melhor, de acompanhar os progressos no sentido dos objetivos estabelecidos, de avaliar a forma como é feito e de identificar áreas a aperfeiçoar. Veremos a seguir o ciclo PDCA. O PDCA, cuja sigla significa planejar, desenvolver, checar e agir, é uma metodologia muito importante quando se pensa em desenvolver ações de saúde e segurança do trabalho. Ele nos permite acompanhar as ações desenvolvidas, entendendo quais são suas consequências (positivas ou negativas) e corrigir eventuais não conformidades. Clique ou toque para visualizar o conteúdo. Planejar Quando aplicada a SST, “planejar” envolve o estabelecimento de uma estrutura que permita que a empresa atinja determinados objetivos considerando sua situação atual de SST.. Nesse sentido, o planejamento inclui a captação de recursos, a aquisição de competências e a organização do sistema, a identificação de perigos e a avaliação de riscos. Planejar no dia a dia do técnico em segurança do trabalho Identificar a situação atual e aonde se quer chegar Definir objetivos e prioridades Estabelecer metas e prazos para alcançá-los Estabelecer como você irá medir seus avanços e conquistas Pensar em ações para realizar suas metas e objetivos Descrever esse plano – isso permite que você identifique as etapas necessárias para alcançar seu objetivo Aprender e trocar informações a todo momento Desenvolver A etapa “desenvolver” refere-se à implementação e à operacionalidade do programa de SST. Desenvolver no dia a dia do técnico em segurança do trabalho Colocar em prática seu plano de ação Seguir as etapas conforme o planejado na etapa anterior Registrar as informações para que você possa medir seus avanços Gerenciar seu tempo com foco em suas metas e objetivo Checar A etapa “checar” destina-se a medir a eficácia anterior e posterior ao programa. Checar no dia a dia do técnico em segurança do trabalho Verificar se as ações que foram planejadas estão sendo cumpridas Considerar os pontos fortes de suas ações e quais seriam as oportunidades de melhorias para as situações atuais Caso não tenha obtido os resultados esperados, identificar as causas que geraram isso Focar nas soluções dos problemas identificados lá na etapa do planejamento Com o desenvolvimento de ferramentas e programas que reduzem os riscos de acidentes no trabalho, a gestão dos programas proporciona melhoria contínua, racionalização e confiabilidade de projetos, processos e produtos, bem como de serviços, proporcionando redução de acidentes e doenças ocupacionais, minimização dos custos de processos, motivação e aumento da qualidade de vida dos trabalhadores, melhoria da imagem da organização e incremento da sua competitividade e lucratividade. Assim, podemos evidenciar os aspectos preventivos e os benefícios que a implantação e a implementação dos programas podem proporcionar ao ambiente de trabalho. Agir Finalmente, a etapa “agir” fecha o ciclo com uma análise do sistema no contexto de uma melhoria contínua e do aperfeiçoamento do sistema para o ciclo seguinte. Agir no dia a dia do técnico em segurança do trabalho Aprimorar o que era bom e realizar melhorias ao seu plano de ação. Com a análise dos resultados em mãos temos condições de identificar se o objetivo foi atingido. Logo, metas mais audaciosas devem ser estabelecidas e o ciclo recomeçado. Caso contrário, desenvolva novas ações de melhorias, focadas na realidade da situação, capazes de resolver e, por conseguinte, prevenir as causas dos problemas. Corrigir as deficiências ou imprevistos identificados. O plano de ação deve ser revisado e adaptado às novas circunstâncias. O processo de implantação de um sistema de gestão agrega valor à cultura organizacional por meio de sua percepção de proteger o ambiente, de identificar no processo produtivo as áreas problemáticas, de registrar e documentar os principais problemas encontrados no ambiente de trabalho, além de fazer todo o esforço no sentido de obter melhorias. Esse trabalho fortalece a empresa enquanto equipe e promove a confiabilidade do sistema produtivo. Quando sua gestão é realizada de maneira consciente e responsável, se torna uma estratégia empresarial para enfrentar o sério problema social e econômico dos acidentes e doenças relacionadas ao trabalho, e ainda pode ser usado pelas empresas como um fator para aumento da competitividade. O técnico em segurança do trabalho deve estimular e promover ações que fomentem esses programas no ambiente de trabalho. Temos muito ganhos ao implementar o sistema de gestão, já que ele permite o alinhamento das necessidades dos colaboradores com a política e as diretrizes de segurança, transmissão de mais confiança para os clientes internos e externos e diminuição da susceptibilidade da empresa com relação aos passivos trabalhistas e de fiscalização. É claro que para obter-se sucesso na implementação deste sistema precisamos de uma participação ativa de todas as partes que constituem a empresa. Quando falamos de sistema de gestão, estamos nos referindo a todas ações e áreas que precisam estar envolvidas nesse sistema. Diante disso, a Organização Internacional para a Normalização (ISO), ao nomear as seguintes normas, fortalece o sistema de gestão: Sistema de gestão da qualidade (série ISO 9000) Sistema de gestão ambiental (série ISO 14000) Sistema de gestão de saúde e segurança ocupacional (série ISO 45000) Sistema de gestão de responsabilidade social (ISO 26000) A seguir, veja a aplicação do ciclo PDCA na estrutura da norma de sistema de gestão de saúde e segurança ocupacional (ISO 45001). Os números apresentados entre parênteses indicam as cláusulas das normas envolvidas em cada um dos momentos desse ciclo. Clique ou toque para ampliar a imagem. (objetos/figura_1.png) Figura 1 – Aplicação do ciclo PDCA na estrutura da norma de sistema de gestão de saúde e segurança ocupacional (ISO 45001) Fonte: ISO 45001:2018 https://alt-638e5f8fa10ff.blackboard.com/bbcswebdav/pid-11811699-dt-content-rid-283461779_1/institution/Senac%20RS/_cursos_tecnicos/TST/UC07/conteudos/03_modelos_normativos/objetos/figura_1.png https://alt-638e5f8fa10ff.blackboard.com/bbcswebdav/pid-11811699-dt-content-rid-283461779_1/institution/Senac%20RS/_cursos_tecnicos/TST/UC07/conteudos/03_modelos_normativos/objetos/figura_1.png https://alt-638e5f8fa10ff.blackboard.com/bbcswebdav/pid-11811699-dt-content-rid-283461779_1/institution/Senac%20RS/_cursos_tecnicos/TST/UC07/conteudos/03_modelos_normativos/objetos/figura_1.pngimagem da norma ISO 45001, que mostra o ciclo PDCA de acordo com as cláusulas da norma. No externo do ciclo estão questões internas e externas (cláusula 4.1), contexto da organização (cláusula 4) e necessidades e expectativas de trabalhadores e outras partes interessadas (cláusula 4.2). No item do escopo do sistema de gestão há um ciclo, no qual o “P” (plan) representa o planejamento (cláusula 6), o “D” (do) representa suporte (cláusula 7) e operações (cláusula 8), o “C” (check) representa a avaliação de desempenho e o “A” (act) representa melhoria (cláusula 10). Junto ao item “C” há os resultados pretendidos do sistema de gestão de saúde de segurança ocupacional. Como se pode ver, esse é um processo cíclico, que deve se repetir nas organizações para que seja possível monitorar o que ocorre nessas organizações e melhorar o desempenho do sistema de gestão, para que seja coerente com a política e com os objetivos de SST propostos. Com o lançamento da ISO 45001, em 2018, as empresas que já contavam com sistemas de gestão baseados na OHSAS 18001 devem migrar para a nova norma, pois a certificação fornecida pela OHSAS (Occupational Health and Safety Assessment Series) será descontinuada. A segurança e a saúde no trabalho estão intimamente ligadas ao cumprimento das exigências contidas na legislação nacional de SST, e é justamente essa legislação que respalda a implantação e a implementação dos programas de saúde e segurança. Fica bem claro ao longo das normas e da descrição dos programas de saúde e segurança estudados até o momento que é dever da alta direção mostrar forte liderança e comprometimento com as atividades de SST na organização, assim como tomar as providências necessárias para estabelecer um sistema de gestão da SST. No sistema, deve-se incluir os principais elementos de política, organização, planejamento e implementação, avaliação e ação para melhorias na gestão destes programas, que ocorre de maneira cíclica e requer constante atualização e movimento para ajustar conforme as necessidades e a realidade do ambiente de trabalho. Esse movimento requer a utilização de algumas ferramentas que proporcionam a melhoria da eficiência da gestão dos riscos da segurança e saúde do trabalho, relacionados com todas as atividades da organização. O SGSST é baseado na política da SST estabelecida pela organização e deve incluir os seguintes aspectos: Conhecimento do contexto da organização e das expectativas das partes interessadas Definição de lideranças e responsabilidades Planejamento de ações para abordar riscos e oportunidades Identificação de requisitos legais aplicáveis Estabelecimento de objetivos de saúde e segurança do trabalho Definição de recursos necessários Estabelecimento de práticas e procedimentos Avaliação das medidas de controle Realização de auditorias do processo Implantação de melhorias Após a empresa ter bem estabelecida a política da SST, a organização deve estruturar um sistema de gestão que englobe desde a estrutura operacional até a disponibilização dos recursos, passando pelo planejamento, pela definição de responsabilidades, pelas práticas, pelos procedimentos e pelos processos. Nesse momento, é fundamental mapear todos os processos, rotinas e ações desenvolvidas ao longo do processo produtivo, de modo que siga a política da SST da organização, a qual deve ser assegurada pela gestão, devendo ser revista periodicamente e sempre que necessário. O sistema deve ser orientado para a necessidade de realizar a gestão dos riscos. Nesse momento já temos mapeado os perigos e a avaliação e o controle de riscos, uma que esses programas precisam ser conduzidos de modo que não afetem a saúde e segurança dos trabalhadores. A OIT identifica que a gestão dos riscos no ambiente de trabalho seja o fator essencial para a saúde e segurança dos trabalhadores, pois, segundo este órgão internacional, a gestão dos programas é o método mais efetivo para promover a prevenção, implementar a saúde e as medidas de segurança que incluem o conceito de melhoria contínua, com o objetivo de criar um mecanismo estruturado e abrangente para uma ação conjunta entre a administração e os trabalhadores na execução das medidas de segurança e saúde. Destaca-se que qualquer empresa pode ter sistema de gestão, não apenas as grandes corporações. Pequenas empresas também podem e devem se comprometer com a gestão de saúde e segurança de seus trabalhadores. Nesse momento, é preciso fazer uma retomada aos inúmeros programas de prevenção estudados no decorrer do curso e a importância de conhecer o ambiente e o processo de trabalho, os riscos oriundos das atividades e principalmente a representatividade que o conjunto de programas de saúde e segurança traz à vida do trabalhador, pois as empresas estão cada vez mais preocupadas em atingir e demonstrar uma atuação sólida na área de saúde e segurança do trabalho por meio do controle dos seus riscos, levando em consideração a sua política de segurança e seus propósitos enquanto instituição. Os estudos mostram que as empresas têm desenvolvido e implantado sistemas de gestão que aumentam a qualidade de seus produtos e serviços, possibilitando o desenvolvimento sustentável, o que consequentemente melhora as condições de vida dos trabalhadores, aumenta a lucratividade e a competitividade, transformando as pressões de mercado em vantagens competitivas (OLIVEIRA, 2010). Com isso, podemos ter a certeza de que, ao implementar e implantar os programas de prevenção de saúde e segurança nos ambientes de trabalho, o técnico em saúde e segurança do trabalho ganha um grande aliado em seus resultados e índices satisfação. É neste cenário que os sistemas de gestão da segurança e saúde do trabalho têm sido cada vez mais objeto de atenção dos gestores, que os têm adotado como forma de gerar vantagens com relação à concorrência. Segurança e saúde no trabalho deficientes custam dinheiro e os estudos estão mostrando e comprovando a relação direta entre gestão da SST na empresa e a melhoria do desempenho e da rentabilidade. Todos perdem quando a SST é negligenciada, entretanto, todos podem se beneficiar de melhores políticas e práticas. Segundo o informativo da Agência Europeia para a Segurança e Saúde no Trabalho, obter níveis adequados de saúde e segurança no trabalho é um bom negócio. Clique ou toque para ampliar a imagem. (objetos/informativo1.png) Figura 3 – Informativo – níveis de SST Fonte: . Informativo: Bons níveis de SST são um bom negócio Segurança e saúde no trabalho deficientes custam dinheiro às empresas. As empresas com padrões mais elevados em matéria de segurança e saúde no trabalho são mais bem-sucedidas e mais sustentáveis. https://alt-638e5f8fa10ff.blackboard.com/bbcswebdav/pid-11811699-dt-content-rid-283461779_1/institution/Senac%20RS/_cursos_tecnicos/TST/UC07/conteudos/03_modelos_normativos/objetos/informativo1.png https://alt-638e5f8fa10ff.blackboard.com/bbcswebdav/pid-11811699-dt-content-rid-283461779_1/institution/Senac%20RS/_cursos_tecnicos/TST/UC07/conteudos/03_modelos_normativos/objetos/informativo1.png https://alt-638e5f8fa10ff.blackboard.com/bbcswebdav/pid-11811699-dt-content-rid-283461779_1/institution/Senac%20RS/_cursos_tecnicos/TST/UC07/conteudos/03_modelos_normativos/objetos/informativo1.png A cada euro investido em SST, existe um retorno de 2,2 euros, e a relação custo- benefício do reforço da segurança e da saúde no trabalho é favorável. (objetos/informativo2.png) Figura 4 – Informativo – os benefícios do SST Fonte: . Informativo: Bons níveis de SST são um bom negócio Os benefícios econômicos para as empresas são significativos: https://alt-638e5f8fa10ff.blackboard.com/bbcswebdav/pid-11811699-dt-content-rid-283461779_1/institution/Senac%20RS/_cursos_tecnicos/TST/UC07/conteudos/03_modelos_normativos/objetos/informativo2.pnghttps://alt-638e5f8fa10ff.blackboard.com/bbcswebdav/pid-11811699-dt-content-rid-283461779_1/institution/Senac%20RS/_cursos_tecnicos/TST/UC07/conteudos/03_modelos_normativos/objetos/informativo2.png https://alt-638e5f8fa10ff.blackboard.com/bbcswebdav/pid-11811699-dt-content-rid-283461779_1/institution/Senac%20RS/_cursos_tecnicos/TST/UC07/conteudos/03_modelos_normativos/objetos/informativo2.png O sistema de gestão de segurança e saúde demonstra como você pode atuar efetivamente na implantação e na implementação dos programas necessários para promover a saúde e a segurança no ambiente de trabalho, assim como a importância dos níveis adequados de SST e seus benefícios econômicos para as empresas são significativos. (#topo) Aumenta a produtividade dos trabalhadores Reduz o absentismo Reduz as indenizações Cumpre os requisitos dos contratantes dos setores tanto público como privado