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Descolamento Prematuro da Placenta (DPP) O descolamento prematuro da placenta é definido como a separação prematura da placenta da decídua durante ou após 20 semanas de gestação. Os principais achados clínicos são sangramento vaginal e dor abdominal, frequentemente acompanhados por contrações uterinas, sensibilidade uterina e um padrão não tranquilizador da frequência cardíaca fetal. A causa imediata do descolamento prematuro da placenta é a ruptura de vasos maternos na decídua basal. O acúmulo de sangue separa a decídua, descolando uma fina camada da decídua com sua inserção placentária. O vaso materno rompido pode ser uma artéria ou uma veia. Fatores de risco ● Descolamento anterior ● Hipertensão ● Traumas abdominais ou acidentes ● Pré-eclâmpsia ou eclâmpsia ● Anormalidades uterinas estruturais ● Hábitos de vida - uso de drogas, tabagismo e alcoolismo ● Fatores genéticos Sinais e sintomas Descolamento oculto: contrações uterinas sem ou com mínimo sangramento vaginal e dor abdominal. Toda ou a maior parte do sangue fica retido entre as membranas fetais e a decídua em vez de escapar pelo colo do útero e pela vagina. Descolamento total: apresenta abrupto início de sangramento vaginal, dor abdominal ligeira a moderada e contrações uterinas. A dor nas costas pode ser um sintoma adicional proeminente quando a placenta está na parede posterior do útero. O útero geralmente está firme e pode estar rígido e sensível. Um descolamento grave pode estar associado a um sangramento vaginal leve/clinicamente insignificante quando um grande volume de sangue é retido atrás da placenta. Consequências Maternas: relacionadas à severidade do descolamento da placenta. ● Perda sanguínea excessiva ● Choque hipovolêmico ● Lesão renal aguda ● Falência de múltiplos órgãos Fetais: relacionados à severidade do descolamento da placenta. ● Morbidade e mortalidade perinatal aumentada ● Hipoxemia ● Baixo peso ao nascer ● Prematuridade Diagnóstico Clínico: baseado nos sinais e sintomas e anomalias no BCF ou óbito fetal. Imagem: coágulos retro placentários podem ser achados no ultrassom. Tratamento Avaliação inicial e estabilização da paciente. O manejo depende se o feto foi a óbito ou não, do BCF e da IG. Parto precoce, transfusão sanguínea, analgesia adequada e monitorização materna e fetal. Parto por cesárea é indicado em casos de instabilidade hemodinâmica materna ou deterioração dos sinais vitais, coagulopatia e reações à transfusão sanguínea. Hemorragia maciça: ABCD ● Avaliar vias aéreas e respiração. Iniciar a oxigenoterapia a 10/15 L/min. ● Garantir 2 acessos calibrosos, prova cruzada e laboratório (hemograma com contagem de plaquetas, tipagem sanguínea, coagulograma). Estabelecer monitorização e reposição volêmica. ● Avaliar o feto e decidir sobre o parto. Placenta Prévia Placenta prévia refere-se à presença de tecido placentário que se estende de forma parcial ou total sob o segmento inferior do útero. A localização anormal da placenta pode resultar em sangramento uterino grave anteparto, intraparto e/ou pós-parto. Outras sequelas incluem a necessidade de parto cesáreo e um alto risco de parto prematuro. Fatores de risco ● Cesárea anterior ● Multiparidade ● Idade materna avançada ● Gestação múltipla ● Antecedentes pessoais ● Curetagens prévias ● Gemelaridade Diagnóstico Sangramento vaginal no final do 2º trimestre ou no início do 3º trimestre, indolor, com coloração vermelho-vivo. Achado assintomático na ultrassonografia entre 18 e 20 semanas de gestação. Não se deve realizar o exame do toque até se conhecer a localização exata da placenta. Tratamento Depende da presença e intensidade do sangramento vaginal e da IG. Pré-termo: sangramento discreto a moderado ● Internação ● Repouso no leito ● Vitalidade fetal ● Corticoterapia Sangramento profuso: ● Internação ● Reserva de hemocomponentes ● Avaliação hemodinâmica com reposição SN ● Cesárea de urgência Vasa Prévia Os vasos sanguíneos fetais da placenta ou do cordão umbilical atravessam a abertura interna do colo do útero, abaixo do bebê. Essa condição pode fazer com que esses vasos sanguíneos se rompam durante o trabalho de parto ou o parto. O diagnóstico pré-natal de vasa prévia é baseado na identificação de vasos fetais membranosos que passam através ou próximos do orifício cervical interno por exame de ultrassom transvaginal em tempo real com Doppler colorido. A ressonância magnética pode ser usada para esclarecer o diagnóstico ultrassonográfico quando há incerteza diagnóstica e a confirmação afetará o manejo da gravidez. Conduta No pré-parto deve-se confirmar o diagnóstico. Repouso pélvico. Avaliar o crescimento fetal e realizar os exames necessários. Monitorização. Administração de corticosteroides antenatais até 34 semanas de gestação. As gestantes com vasa prévia devem realizar cesárea, para diminuir os riscos de ruptura, compressão, hipoxemia e exsanguinação. Parto programado: cesárea a partir de 36 semanas. Cesárea de emergência em casos de ruptura pré-parto das membranas, desacelerações variáveis persistentes e sangramento vaginal acompanhado de taquicardia fetal. Acretismo placentário A placenta se adere anormalmente à parede uterina, penetrando muito profundamente. Dependendo da profundidade da invasão, essa condição pode ser classificada em três tipos: Acreta: vilosidades placentárias se aderem ao miométrio. Increta: vilosidades placentárias penetram no miométrio. Percreta: vilosidades placentárias passam através do miométrio e se estendem aos órgãos adjacentes, como a bexiga. Fatores de risco ● Placenta baixa ou prévia ● Cesária prévia ● Fertilização in vitro ● Curetagem ● Cirurgias uterinas prévias ● Histórico pessoal ● Anomalias uterinas ● Multiparidade ● Idade materna avançada Sinais e sintomas Achados ultrassonográficos obstétricos (múltiplas lacunas placentárias, ruptura da linha da bexiga, afinamento miometrial, vascularidade anormal). Hemorragia profusa e com risco de vida que ocorre no momento da tentativa de separação manual da placenta. Pode haver hematúria. Quando se tenta remover a placenta após o parto, a falta de um plano normal de clivagem entre a placa basal da placenta e a parede uterina resulta em hemorragia grave. Condutas Pré-natal: correção da anemia (se presente), administração de corticosteroides. Evitar exame pélvico e atividade física vigorosa. Consideração de hospitalização no terceiro trimestre em caso de sangramento vaginal ou contrações. Parto: planejamento do parto, com equipe multidisciplinar adequada. Pode ser necessário a histerectomia simultânea. Deve ser planejada e informada à paciente previamente. Para pacientes estáveis, recomenda-se o parto entre 34 e 37 semanas. Pelo menos dois cateteres intravenosos de grande calibre (calibre 14) devem ser colocados perifericamente. O monitoramento arterial invasivo é comumente realizado.