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Gustavo Moreno T19 AULA 15: Hemorragias Anteparto: As hemorragias no 3º trimestre costumam atingir cerca de 3% das gestantes** As principais causas desses sangramentos são decorrentes de placenta prévia (PP) e de deslocamento prematuro da placenta (DPP) Outras causas de sangramento de 3º trimestre são mais raras Manejo inicial: Diagnóstico preciso Estabilização hemodinâmica – devido ao sangramento Toda paciente diagnosticado com sangramento vaginal no 3º trimestre da gestação deve realizar um minucioso exame vaginal por meio do exame especular e inspeção para descartar qualquer lesão nessa região como causa do sangramento. O toque vaginal, caso a paciente não tenha US mostrando que a placenta não é prévia, deve ser evitado. Placenta Baixa ⇒ Proibido Tocar*** (pode piorar a situação) Exame especular pode fazer Causas de sangramento no 3º trimestre: Causas Obstétricas: Deslocamento prematuro de placenta – mais grave Placenta prévia – mais comum Ruptura uterina Vasa prévia Ruptura do seio marginal Placenta circunvalada ou bilobada Síndrome de HELLP Feto morto retido Modificações plásticas do colo Causas não obstétricas: Homeopatias Patologias cervicais – erosão, ectopia, pólipos, displasias, carcinomas Patologia vaginais – lacerações, vaginites, varizes Deslocamento Prematuro de Placenta – DPP: (P) Incidência: 1 a 2 de cada 100 nascimentos Grande impacto sobre a mortalidade materna – 1 a 2% Grande impacto sobre a mortalidade perinatal – 40 a 80% Incidência de nascimentos prematuros – 5,1% Obs: retirar o mais rápido possível o bebe!! Etiologia: HAS – principal causa** Pré-eclâmpsia / eclâmpsia Multiparidade DPP anterior Uso de cocaína e crack Desnutrição materna / deficiência do ácido fólico Trombofilias Brevidade do cordão absoluta ou relativa – por circulares Trauma materno – automobilístico, agressão física Descompressão uterina rápida – ruptura de membranas em pacientes com polidrâmnio, após parto de primeiro gemelar Implantação placentária sobre anomalia uterina / mioma Rupreme pré-termo – maior com corioamnionite ou oligoidrâmnio associado. Diagnóstico: Clínico Na maioria das vezes, o quadro clínico manifesta-se por: Sangramento vaginal Dor abdominal de intensidade variável – sintoma mais frequente (contração uterina) Contrações e hipertonia uterina (útero lenhoso) Padrão cardíaco fetal não reativo (bradicardia) Ocorre hemorragia externa em 80% das vezes e sinais de hemorragia interna sem apresentar exteriorização em 20% Nas formas leve pode haver somente achado ecográfico casual. Pode haver sinais de hipovolemia materna Pode haver coagulopatia de consumo, CIVD Pode haver útero de couvelair ou útero típico da CIVD (aspecto de marmorácero, fazendo atonia que evolui para histerectomia) ou hipotonia uterina… Conduta: Medidas gerais: Reposição volêmica Avaliar necessidade de transfusão sanguínea Quantificar diurese Coletar exames laboratoriais – hemograma, gasometria, ureia e creatinina, fibrinogênio, TAP, KPTT, plaquetas TAP e KPTT prolongados, fibrinogênio abaixo de 150 e plaquetas abaixo de 100.000 confirmam o diagnóstico de CIVD. No parto: Via de parto mais rápida Pode usar ocitocina e amniotomia para abreviar o parto vaginal Se houver óbito fetal preferir parto vaginal se a paciente estiver com quadro estável Placenta Prévia: Consiste na implantação e no desenvolvimento da placenta no segmento inferior do útero, previamente ao feto Ocorre em cerca de 4 em cada 1000 partos A placenta prévia é diagnosticada em 1 a 6% das US realizadas entre 10 e 20 semanas de gestação No 3º trimestre, 90% desses casos se resolvem, persistindo a placenta prévia em 0,1 a 0,4% Etiologia: Cesáreas prévias Multiparidade Idade acima de 40 anos Após abortos, curetagens, biópsias (qualquer procidmento ou algo que cause cicatriz uterina) Endometrites anteriores Tabagismo Classificação → feita pelo US Completa → cobre todo o colo do útero / placenta cobre totalmente o orifício cervical interno, conhecida também como oclusiva total ou centro-total. Parcial → cobre parcialmente o orifício cervical interno. Centro parcial Marginal → a borda da placenta alcança a borda do orifício cervical interno Lateral ou baixa → a implantação encontra-se no segmento inferior Diagnóstico: Quadro clínico da PP, na maioria das vezes é típico. O principal sintoma é a hemorragia, com características peculiares: de último trimestre, sem causa aparente, indolor, reincidente, progressiva, com início de cessar súbitos A perda sanguínea normalmente não é intensa, mas as vezes é encontrada uma grande quantidade de sangue vivo rutilante e coagulado O diagnóstico de PP confirma-se com US*** Conduta: O manejo da paciente com PP depende da quantidade de sangramento, da IG do tipo de placentação, da apresentação fetal e da presença ou não de trabalho de parto. Expectante: Em gestações com menos de 36 semanas, a paciente deve ser hospitalizada, instituída uma via parenteral com infusão de fluidos e mantido repouso no leito até que a hemorragia seja estabilizada A avaliação do bem-estar é obrigatória devido ao risco de hipósxia fetal. Ativa: Com 36 semanas ou mais de gestação, indica-se a interrupção da gravidez* A cesariana é a via de escolha na PP A incisão pode ser segmentar transversa, mesmo nas anteriores Acretismo Placentário: Uma das causas de morte materna* É uma placenta grudada no útero que não pode ser tirada pelo risco enorme de sangramento e da paciente chocar pela hemorragia extensiva O acretismo placentário é caracterizado por adesão patológica da placenta em relação à parede uterina. Pode ser classificado como: -Acreta: aderência patológica -Increta: invasão do miométrio -Percreta: atinge a serosa, chegando a perfurá-la, atingindo órgãos vizinhos Incidência vem aumentando nos últimos anos Fatores de risco: Cicatriz uterina anterior Multiparidade Cesariana de repetição Placenta prévia em gestação anterior Curetagem uterina prévia Endometrite Diagnóstico → US obstétrico, Doppler , RM Prognóstico: Mortalidade materna está descrita nesses casos como sendo de 7% Se o diagnóstico for muito suspeito, a paciente deve ser aconselhada a respeito dos riscos e atendida em centro terciário Conduta: Placentas incretas e percretas podem evoluir para ruptura uterina. Nesses casos, recomenda-se a incisão mediana da parede abdominal e a incisão uterina feita fora da área placentária O manejo inclui a remoção cirúrgica do útero e dos tecidos envolvidos, com decisões rápidas e prudentes Em casos de placentação percreta, especialmente naquelas que apresentavam um grande envolvimento de tecidos adjacentes, pode-se optar pelo tratamento conservador, deixando a placenta in situ; Todo paciente com acretismo vai fazer histerectomia *** Ruptura uterina: Entende-se por ruptura uterina a separação completa de todas as camadas uterinas com saída de parte ou de todo o feto da cavidade uterina. A ruptura pode ocorrer antes ou durante um trabalho de parto Embora grande parte das rupturas ocorre em cicatrizes uterinas prévias, podem ocorrer casos de rupturas espontâneas. Fatores de risco: Uso de misoprostol ou de ocitocina em pacientes com cirurgias anteriores ou úteros superdistendidos**** (Contra indicação de misoprostol ⇒ cicatriz uterina prévia e trabalho de parto) ** Obs – Não usar misoprostol!!!! Superdistensão uterina Idade > 35 anos Insistência do parto via baixa em casos de desproporção feto-pélvica não diagnosticada Uso inadequado do fórcipe Trabalho de parto após cesariana Intervalo pequeno entre gestações Placentação anormal Manobras intrauterinas intraparto Sinais de iminência de rotura uterina: Contrações excessivamente dolorosas, taqui e hipersistolia Palidez, sudorese, agitação Distensão segmentar: (P) Sinal de Bandl** → anel fibromuscular transversal no segmento inferior – útero em ampulheta.*** Sinal de Frommel** → Ligamentos redondos retesados e hipercontraídos. Tratamento: Cesariana de emergência A demora na retirada do feto pode corresponder a um aumento da mortalidade fetal A morbidade materna dependerá do grau dehemorragia e do pronto tratamento do choque. Vasa Prévia: É a condição em que os vasos de inserção velamentosa transitam no segmento inferior, adiante da apresentação fetal Obs - São ‘’vasos soltos’’ que não é o cordão, nem é a placenta, mas se romper, o bebê vai a óbito A vasa prévia é rara, ocorre em 1 a cada 3000 nascimentos, ms com alta taxa de mortalidade fetal (33 - 100%), pois o sangramento é eminentemente fetal e não materno Obs – pode ocorrer um óbito fetal Diagnóstico: Toque digital dos vasos junto a bolsa amniótica Visualização à amnioscopia O uso de doppler colorido transvaginal Conduta → cesariana (indicação absoluta)