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Estomia Significa Stoma = abertura ou boca ● A estomia, abertura artificial criada entre órgãos internos e meio externo, consiste na exteriorização da parte do sistema respiratório, digestório e urinário por procedimento cirúrgico; ● A pessoa com estomia passa pela experiência da alteração da imagem corporal, enfrenta grandes transtornos na vida pessoal e de relações. > Estomia Intestinal . → Eliminação de efluentes: não é fezes!!!! → Indicações: ● Obstruções intestinais: agenesias anorretais, megacólon congênito, neoplasias, volvo, doença diverticular, colite isquêmica; ● Perfurações do cólon: Neoplasias, doença inflamatória intestinal (Doença de Crohn, retoculite ulcerativa), doença diverticular, colite isquêmica; ● Traumas: Penetrante (arma branca ou fogo), fechado e empalação; ● Fístulas: Anorretais, reto-vaginais, reto-vesicais; ● Proteção de anastomoses de alto risco: Colorretais, colo-anais e íleo-anais; ● Desvio de trânsito intestinal devido a lesão por pressão. . TIPOS E CLASSIFICAÇÃO DOS ESTOMAS INTESTINAIS: ● Temporários (transitórios) ● Definitivos (permanentes) Quanto ao modo de exteriorização na parede abdominal: 1. Em alça (duas bocas): Há exteriorização de toda a alça abertura apenas de sua parede anterior, ficando duas bocas unidas pela parede posterior; 2. Terminal (uma boca): Exterioriza-se a alça já seccionada com apenas uma boca. > Intestino Delgado . → ILEOSTOMIA: É efetuada ao nível do intestino delgado, onde se exterioriza o íleo pela parede abdominal, formando um novo trajeto para a saída das fezes. - Fezes líquidas para semilíquidas > Intestino Grosso . → COLOSTOMIA: a. Ascendente: É realizada com a parte ascendente do cólon (lado direito do intestino grosso) - Fezes semilíquidas, pastosas; b. Transversa: É realizada com a parte descendente do cólon (lado esquerdo do intestino grosso) - Fezes pastosas c. Terminal (Hartman): Apresenta boca única Para realizá-la puxa-se um segmento do intestino pela parede abdominal externa, fazendo a eversão desse segmento e suturando-o à pele. O intestino distal é removido na cirurgia ou fechado por sutura para dentro da cavidade abdominal d. Estomia em alça: Apresenta duas bocas unidas. Libera-se o omento numa pequena extensão e a alça é tracionada para fora do abdome. Um pino (haste) de apoio é passado para servir de suporte para a alça intestinal mantendo em posição sobre a superfície abdominal e impedindo a sua retração. e. Colostomia perineal: Amputação abdominoperineal do reto + 3 miotomias (distantes 8 a 10cm) na camada seromuscular do cólon sigmoide, (delicadas para não provocar lesão na mucosa. Miotomias são reparadas sem transfixar a mucosa criando 3 válvulas colônicas; Fixa a porção distal do cólon no períneo. • Irrigação da colostomia (500 a 1500mL). Intervalo 24 horas - regula a atividade do intestino. PRÉ, TRANS E PÓS-OPERATÓRIOS: ● Surge a ideia da terminalidade da vida; ● Explicar antes sobre a estomia/ fezes/ gases/ odores; ● Permitir que o paciente se expresse - lidar com as perdas ao longo do tratamento; ● Escutar, ser sensível e encaminhar; ● Sentimentos conflituosos: Querer x Necessitar; ● Acolhimento - escuta; ● Dar opções dos tipos de estomias; ● CATEGORIA DE DEFICIÊNTE FÍSICO; ● Discutir o caso com a equipe interdisciplinar; ● Enfrentamento: Alteração da imagem corporal, psicológica, trabalho, família, vida sexual, reversão não é mágica! → Pré operatório: ● Avaliação pré-operatória (ambulatório/ consultório ou unidade de internação); ● Autocuidado: ● Histórico de enfermagem e exame físico (Diagnósticos e intervenções) ● Conhecimento acerca do diagnóstico e perspectivas de tratamento cirúrgico complementar; ● Antecedentes familiares relacionados ao diagnóstico e doenças associadas; ● Presença de antecedentes alérgicos (pele- necessidade de realização do teste de sensibilidade aos adesivos de fixação da bolsa coletora à pele); ● Hábitos de eliminação e alterações causadas pela doença; ● Medicamentos de uso contínuo; ● Atividades da vida diária relacionadas ao autocuidado (higiene pessoal, alimentação e vestuário); ● Atividades sociais, de trabalho e de lazer; ● Estado emocional; ● Escolaridade (aprendizagem e compreensão) → Antes de colocar a estomia: ● As informações devem ser dadas aos poucos ao paciente; ● Visita pré-operatória por pessoa com estomia (Reabilitada e treinada para tal); ● Mostrar imagens; . Cuidados Pré Operatório: 1. Preparação psicológica/ orientação do paciente e cuidador (autocuidado); 2. Escolha de um local plano do abdome que permite o acoplamento seguro da bolsa; 3. Escolha de um local de estoma que vá ficar visível para o paciente cuidar. O local deve ser longe de proeminências ósseas, cicatriz umbilical e de pregas cutâneas. 4. Fazer teste de sensibilidade aos adesivos de fixação do equipamento coletor a pele periestoma (antecedentes alérgicos, imunodeprimidos): 1cm2 - lombar ou face interna da coxa - 24 a 48h - avaliar sinais demonstrativos de sensibilidade; 5. Realizar preparo do cólon (lavagem): O paciente não pode se alimentar / Medicações. Sempre ir com um acompanhante! 6. Demarcação: Deixar espaço para aderência! DEMARCAÇÃO: - 4 a 5 cm da cicatriz umbilical e outras, rebordo costal, crista ilíaca, linhas da cintura; - Fácil visualização; - Tipo de estoma; - Músculo reto abdominal; - Espaço para aderência do dispositivo; - Avaliar todas as posições. Cuidados Pós-Operatório 1. Ensinar e auxiliar desenvolvimento do autocuidado (familiar); 2. Prevenir / detectar complicações na estomia ou pele periestoma; 3. Avaliação do estoma e o fornecimento do sistema de bolsa adequado que proteja a pele e contenha a drenagem e o odor; 4. Avaliar e registrar a cor do estoma a cada 4 horas (garantir que esteja rosa - cor da mucosa oral e sem sangramento excessivo); 5. O equipamento deve ser transparente no pós op. para enxergar as características do efluente drenado (fezes) (volume/aspectos); Pós-Operatório Mediato ● Realizar a primeira troca do equipamento coletor (48 a 72h) - enfermeiro; ● Desenvolver trabalho com nutricionista; ● Orientar retorno à vida diária. → Plano de Alta - Enfermeiro ● Avaliar o aprendizado; ● Fornecer equipamento coletor em quantidade suficiente; ● Fornecer manual da instituição; ● Encaminhá-lo aos recursos da comunidade → Avaliação da Estomia ● Localização (tipo de estomia, características e tipo de efluente eliminado); ● Cor e umidade (vermelho vivo, úmida, brilhante, com a cor da mucosa oral) ● Integridade; ● Forma (Arredondada, oval ou irregular); ● Diâmetro; ● Altura (altura da estomia em relação a parede abdominal) Local: Íleo Cólon direit o Cólon esqu erda Sigm óide Consistê ncia: Líqu ida Semilíq uida Pastos o Sólida Colostomi a Ileostomia Flatos : Presente Ausente ou presente Elevado: Normal: Baixo: Volume Igual ou maior que 100mL/ 24h 500ml/ 24h a 800mL / 24h Menor 500mL/ 24h → Cuidados Pós-Operatório COMPLICAÇÕES: ● Decorrentes do mal funcionamento e/ou por falhas nos equipamentos coletores ou em suas trocas; ● Podem ser: ● Imediatas: Nas primeiras 24h de pós-operatório - (isquemia ou necrose da alça exteriorizada, sangramento, retração, infecção, edema, edema, dermatite periestomal) ● Tardias: Após alta hospitalar (estenose e obstrução, prolapso, hérnia periestomal, fístulas) 1) NECROSE: ● Ocorre diminuição do fluxo sanguíneo, hipóxia tecidual e necrose. ● As causas envolvem: Suturas extremamente rentes à pele e apertadas, infecções maltratadas e obstruções no canal da estomia (estenose). 2) SANGRAMENTOS OU HEMORRAGIAS: ● Perda de sangue subcutâneo que pode ser decorrente da homeostasia inadequada na confecção da estomia. 3) RETRAÇÃO: ● Causas: Exteriorização insuficiente ou má fixação da alça intestinal, aumento ponderal, remoção precoce do bastão de sustentação da alça, ocorrência prévia de descolamento muco cutâneo ou necrose e infecção crônica da pele periestoma. 4) EDEMA: Aumento do tamanho da estomia, apresenta-se túrgido,brilhante e ligeiramente pálida; 5) DESLOCAMENTO MUCOCUTÂNEO: Ruptura total ou parcial da linha de sutura entre a estomia e a parede abdominal; ● Pode ocorrer por: Cicatrização pobre, tensão excessiva na linha de sutura entre a pele e o estoma, infecção superficial, desnutrição, corticoterapia e DM. 6) ESTENOSE: Estreitamento do orifício da estomia, tanto em nível cutâneo ou em fáscia, dificultando a passagem das fezes; ● Pode ocorrer por: Técnicas cirúrgicas inadequadas, presença de processos inflamatórios repetidos e ganho excessivo de peso. 7) PROLAPSO DE ALÇA: Saída parcial ou total da alça intestinal pela própria estomia (acima de 5 cm) ● Mais comum em estomias em alça, principalmente em cólon transverso. ● Colocar “bolsa” para tampar 8) HÉRNIA PERIESTOMAL: Saída de vísceras pelo trajeto da estomia; ● Decorrente da confecção de um orifício abdominal grande; ● Pacientes obesos/ aumento da pressão intra-abdominal; ● Localização da estoma com incisão operatória (musculatura frágil) 9) DERMATITE: Irritação da pele ao redor da estomia causada pelo fluido intestinal a) Dermatite irritativa/ química: Inflamação por contato com efluentes; entre o equipamento e a estomia ● Sintomas: Dor e eritema b) Dermatite alérgica: Componentes ou materiais que sensibilizam a pele. Ex: sabonete, adesivo, cremes e pomadas. ● Sintomas: dor e eritema, história clínica de alergia. c) Dermatite por trauma mecânico: Ocorre devido a retirada brusca e sem cuidados do equipamento coletor ou lesões decorrentes de técnicas abrasivas de limpeza. ● Sintomas: Rubor, sangramento e dor moderada a grave. PREVENÇÃO DA DERMATITE: Medir o tamanho adequado com o molde, lavar, secar bem, usar creme barreira/ pasta / pó pra estomia *Hidrocoloide + pó + equipamento (cada caso um caso) d) Lesão por pressão: Decorrente do uso de cintos de fixação de estomia, roupas apertadas, prática de esporte e esforços demasiados; ● Sintomas: Dor, sangramento, fuga de efluente. e) Infecção: Causada por fungos, visto a umidade da área e a temperatura. Ex: Candida albicans. ● Sintomas: Prurido intenso e rubor local. INSTRUMENTO SACS T= Topografia A pele periestoma é definida pela área de 7,5cm de toda a borda da estomia. AVALIAÇÃO DA PELE: 1. Pele normal sem complicações periestoma: ausência completa de qualquer mudança na pele; 2. Eritema ou irrigação: Pele hiperemiada, com rubor congestivo, mas preserva sua integridade; 3. Erosão: Perda da camada superficial da pele ou perda localizada da epiderme; 4. Pústula: Elevação superficial da epiderme, de tamanho variável, contendo pus em seu interior. 5. Úlcera: É a erosão profunda da epiderme com invasão da epiderme e derme. 6. Dermatite: a) LEVE: Complicações de pele suave, envolvendo apenas uma parte da pele (geralmente 0,1 - 0,5 cm ao redor da circunferência do estoma); ● Sem necessidade de ajuste do dispositivo ou tratamento adjuvante. b) MODERADA: Presença de mudança de pele (ex: aparecimento de úlcera em região periestoma) envolvendo uma área maior que 2cm; ● Há necessidade de alteração dos dispositivos e início de um tratamento adjuvante c) GRAVE: Presença ou lesão ulcerativa com perda total da espessura da pele. ● Há necessidade de alterar os dispositivos e início de um tratamento adjuvante. . EQUIPAMENTOS COLETORES E INDICAÇÕES DE USO Levar em conta: Segurança, proteção, conforto, economia, praticidade, necessidades, características, pele periestoma e efluente. (Considerar desde o contorno do abdome, atividades ocupacionais, destreza motora, acuidade visual e o aprendizado) ● Número de peças: 1 ou 2; ● Adulto ou Pediátrica/ neonatal; ● Fechado ou Drenável; ● Transparente / Translúcido / Opaco; ● Tecnologias: Carvão (minimiza odor) / Haste com encaixe para cinto; ● Sistema de fechamento: Conectores plásticos, clamp ou velcro; ● Acoplamento adesivo; ● Placas planas: indicadas para estomias com protrusão; ● Placas convexas: indicada para estomias planas, retraídas ou localizadas entre dobras da pele ou gordura, ou em superfície abdominal irregular; ● Pré cortada, recortável com pré corte, recortável sem pré corte, moldável com pré corte; → Adjuvantes de proteção e segurança: ● Lenço removedor; ● Barreira protetora (pasta/ pó/ spray); ● Cinto elástico; ● Protetor de colostomia: é composto por uma bolsa protetora opaca com proteção absorvente interna; ● Filtro de carvão ativado integrado; ● Placa de resina sintética plana, recortável em diâmetros variados. ● Oclusor de colostomia: Dispositivo tipo tampão, formado por um cilindro flexível de tamanhos variados composto de espuma de poliuretano de cerdas abertas comprimido por uma película hidrossolúvel → PROIBIDO: ● Furar o equipamento coletor com palitos de dente para que não acumule ar; ● Colocar folhas aromáticas; ● Utilizar produtos como álcool, éter ou benzina na remoção dos resíduos da parte adesiva. → QUANDO TROCAR? ● Sempre que observar a saturação (ponto máximo de durabilidade do equipamento) da barreira adesiva - aspecto esbranquiçado (aspecto que cola o equipamento perde a cor); ● Infiltração e vazamento do efluente; ● Com más condições de uso; ● Tempo superior a 3 dias; ● Equipamento coletor fechado: Deve ser trocado assim que o conteúdo atingir ⅓ da sua capacidade → DURABILIDADE Equipamento de uma peça: 3 a 5 dias; Equipamento de duas peças: 3 a 7 dias; → CUIDADOS COM O EQUIPAMENTO COLETOR: ● Usar sempre o equipamento adequado ao tipo de estomia; ● O tamanho do recorte da placa deve corresponder ao tamanho da estomia; ● Guardar os equipamentos em lugar arejado, limpo, seco e fora do alcance da luz solar. → ESVAZIAMENTO: ⅓ da capacidade preenchida 1. Realizar Higienização das mãos; 2. Abra a pinça e esvazie o conteúdo (obs.: deitado - deve utilizar um recipiente para uso próprio ou em saco de lixo) 3. Limpeza do interior da bolsa com água (utilizar frasco de desodorante limpo ou chuveirinho - uso exclusivo) 4. Limpe a ponta da bolsa com pano úmido; 5. Feche o Clamp. → REMOÇÃO DO EQUIPAMENTO COLETOR: 1. Reúna todos os materiais necessários; 2. Higienize as mãos; 3. Coloque o paciente em decúbito dorsal e deixe-o bem confortável; 4. Sugira à pessoa que escolha uma posição que seja confortável; 5. Esvazie todo conteúdo do equipamento coletor; 6. Molhe um tecido limpo, macio ou gazes em água e sabonete, levante a parte adesiva da bolsa; 7. Segure firme a parede abdominal, mantendo-a esticada e vá passando em todo adesivo microporoso e descolando lentamente a bolsa; 8. No banho, deixe a água cair até que o adesivo microporoso esteja completamente molhado; 9. Retire lentamente, coloque o material em um saco de lixo e descarte. → PROIBIDO: ● Retirar o equipamento aderido em um período inferior a 24h; ● Caso o paciente apresente excesso de pelos na pele que fique coberta pelo adesivo, não usar lâminas ou creme depilatórios - Realizar tonsura; ● Não aplicar álcool, desodorantes, cremes, óleos ou outras soluções na pele. → HIGIENIZAÇÃO: 1. Lave a estomia e a pele ao redor com água e sabonete com movimentos delicados e suaves; 2. Enxágue bem a pele e a estomia retirando resíduos de efluentes e sabonete; 3. Enxague delicadamente a pele com uma toalha macia com leves toques; 4. O ideal é que não se utilize SF 0,9% devido a desidratação da mucosa. → TROCA DO EQUIPAMENTO COLETOR: 1. Meça o tamanho (diâmetro) da estomia com o medidor ou com o plástico estéril do invólucro do pacote de gazes; 2. Coloque a medida sobre a parte adesiva do equipamento coletor, demarque a área a ser cortada; 3. Corte sobre a demarcação realizada na etapa anterior; 4. Molhe os dedos com água e alise para que não fique restos do adesivo pontilhado; 5. Equipamento coletor pré-cortado, escolha uma com a abertura adequada à estomia, de forma que a pele próxima a estomia fique totalmente coberta; 6. Feche o equipamento coletor; 7. Retire o papel da parte adesiva; 8. Cole a bolsa na pele começando da parte inferior e deslizando os dedos sobre o adesivo em movimentos circulares,até que toda a placa fique em contato direto com a pele periestomal; ● Não deixe pregas ou bolhas de ar; ● Certifique-se que a placa esteja bem adaptada; ● Encaixe o equipamento coletor na placa; ● Retire o ar de dentro do equipamento e coloque o clamp para fechar; Atenção, fazer avaliação da estomia a cada troca do equipamento! → CUIDADOS COM A PELE: ● Exponha a pele ao redor da estomia ao sol da manhã, de 15 a 20 min por dia. Protegendo a estomia com gaze umedecida; ● NÃO utilize substâncias agressivas a pele como álcool, colônias, tintura de benjoim, mercúrio, mertiolate, pomadas e cremes. Pois podem ressecar a pele, ferindo-a e causando reações alérgicas.