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Maira Bertó Puntel, 2024
Técnica Cirúrgica Veterinária
20/08/2024
Conceitos iniciais em cirurgia:
➔ Cirurgia: especialidade da ciência, caracterizada por procedimentos menos ou mais invasivas,
executadas metodicamente, conforme técnicas desenvolvidas e postuladas, com finalidade
diagnóstica, terapêutica e estética;
Classificação dos procedimentos cirúrgicos:
➔ Quanto a perda sanguínea:
◆ Cruenta: ocorre muita perda sanguínea (Ex.: enucleação em grandes animais);
● Perda de líquido e grande exposição de tecidos, também pode ser considerado uma
cirurgia cruenta (Ex.: mastectomia radical);
◆ Incruenta: praticamente sem perda sanguínea (Ex.: enucleação em pequenos animais,
remoção de fragmento para biópsia de pele);
◆ A perda de sangue varia de acordo com o paciente/espécie e de acordo com a técnica
cirúrgica empregada;
◆ Exenteração de globo ocular, chamada erroneamente de enucleação, consiste em
remover o globo ocular e anexos, enquanto a enucleação é a remoção somente do globo
ocular;
➔ Quanto à finalidade:
◆ Estética: alguns procedimentos estão em desuso por questões éticas (caudectomia,
onicectomia - remoção das unhas);
● Plástica/reparadora: pacientes oncológicos ou que sofreram algum trauma (cirurgias
plásticas reparadoras para tratamento de alguma patologia);
◆ Terapêutica: tratamento de doenças, como lesões e deformidades internas ou externas e
extirpação de tecidos lesados;
● Ex.: caudectomia para remoção de uma neoformação na cauda (caudectomia
terapêutica);
◆ Diagnóstica: elucidação do diagnóstico (está caindo em desuso);
● Realizada quando não se chega a um diagnóstico com exames clínicos e
complementares;
Maira Bertó Puntel, 2024
● O paciente é encaminhado para uma laparotomia (acesso a cavidade abdominal
pelo flanco) ou celiotomia (acesso a cavidade abdominal pela linha média/linha alba)
exploratória;
➔ Quanto ao campo de ação:
◆ Geral: cirurgias mais simples e frequentes, porém negligenciadas;
● Ex.: OVHs (ovariohisterectomia), herniorrafia simples (correção de uma hérnia);
◆ Especial: divisão para atender os vários sistemas orgânicos;
● Ex.: ortopédicas, oftálmicas, torácicas, oncológicas, neurológicas…
● Profissional focado em cirurgia naquela área;
➔ Quanto ao porte e complexidade:
◆ Pequeno porte/simples: nem sempre precisa ser realizado em bloco cirúrgico;
● Ato operatório mais simples;
● Superficial ou de pequena profundidade (coleta de tecido para biópsia superficial de
pele, dermorrafias - sutura simples na pele);
◆ Médio porte: realizada somente em centro cirúrgico (evitam contaminações secundárias);
● Duração de poucas horas, cirurgias mais frequentes;
● Ex.: OVHs, nodulectomia;
◆ Grande porte/complexa:
● Exigem equipamentos especiais (não estão no kit básico de cirurgia);
● Exige equipe treinada (auxiliares, instrumentadores, anestesista…);
● Cirurgias com durações mais longas (cirurgias torácicas, neurológicas ou
transplantes);
● Cirurgia que envolve um determinado sistema, precisa de mais cuidado e atenção
(Ex.: lobectomia - remoção de um lobo pulmonar afetado por um neoplasma,
pericardiectomia - remoção de um segmento do pericárdio);
➔ Quanto a presença de agentes microbianos:
◆ Estima-se que a cada hora 35 a 60 mil bactérias caem sobre o campo operatório durante
a cirurgia, quanto maior o tempo de duração, maior aumenta a contaminação dos tecidos,
ocorre a diminuição das defesas naturais por isquemia e ressecamentos dos tecidos
expostos;
◆ Limpa/asséptica (não contaminadas):
● Incisões realizadas em pele íntegra/sadia, sem nenhuma lesão;
● Risco de infecção = 0 - 4,4%
● Antibiótico profilático (feito 30 minutos antes da cirurgia, para evitar possíveis
infecções) é controverso (quando o procedimento é classificado previamente como
limpo);
Maira Bertó Puntel, 2024
● Não pode envolver trato respiratório, digestório e genito-urinário (OVHs não é
considerada uma cirurgia limpa pois envolve o trato genito-urinário, mesmo a incisão
sendo em pele íntegra e em um animal saudável);
● Ex.: biópsia cutânea (quando a pele estiver íntegra, sem lesão), procedimento
ortopédico, com abertura de uma cavidade articular, em um paciente saudável
(artrotomia);
◆ Pouco/limpa contaminada:
● Risco de infecção: 4,5 - 9,3%
● Antibiótico profilático é controverso (somente quando houver quebra de alguma
técnica asséptica);
● Envolve trato respiratório, digestório e genito-urinário;
● Animais hígidos, saudáveis, com incisão em pele íntegra;
● Ex.: enterectomia (ressecção de um segmento intestinal), com posterior anastomose
de alças intestinais (não necessita de antibiótico se o procedimento for realizado de
forma correta, sem quebra de técnicas assépticas);
◆ Contaminada:
● Risco de infecção: 5,8 - 28,6%
● Antibiótico profilático é indicado, juntamente com o manejo local da ferida;
● Feridas somente contaminadas (presença de tecido de granulação saudável), ainda
não há infecção (presença de pus + cultura e antibiograma (coleta do tecido por
biópsia) - carga de bactérias maior do que 10/5);
● Quando há presença de pus, pode-se iniciar uma terapia antimicrobiana com
antibióticos de amplo espectro até que o resultado da cultura e antibiograma saia;
◆ Suja/infeccionadas:
● Infecção presente;
● Terapia com antibiótico (coleta de amostra de tecido por biópsia, mandada para
cultura e antibiograma - indica qual o antibiótico ideal para o tratamento) é indicada,
associada ao manejo local da ferida;
➔ Quanto a necessidade do procedimento cirúrgico:
◆ Eletiva: risco de vida baixa;
● Paciente classificado em ASA I (anestesio);
● Procedimento cirúrgico que pode ser agendado/programado;
● Pouco ou nenhum risco ao paciente;
● Ex.: tratamento periodontal, orquiectomia, OVHs;
◆ Urgência/urgente:
● Necessária ser programada e efetuada nas próximas horas ou dias;
● Requer estabilização do paciente e exames complementares para posterior
planejamento do procedimento cirúrgico;
Maira Bertó Puntel, 2024
● Alto risco de vida;
● Ex.: fraturas, piometra, cesariana, efusão pericárdica, torção/volvo gástrico;
◆ Emergência/emergencial: paciente precisa de cirurgia imediatamente, o procedimento
cirúrgico é crucial para salvar o paciente;
● Ex.: ruptura de tecidos, como baço, fígado, rins, que cursam com hemorragia
catastrófica, pneumotórax hipertensivo (ruptura de lobo pulmonar);
● O animal é estabilizado dentro do centro cirúrgico;
● Risco de óbito é eminente, com ou sem a intervenção;
● Altíssimo risco de vida;
● Antibiótico profilático é realizado no transoperatório, quando o paciente já está no
centro cirúrgico;
● Manejo asséptico ocorre de forma diferente na cirurgia, a prioridade é salvar a vida
do animal;
26/08/2024
➔ Quanto a possibilidade de cura:
◆ Curadora ou definitiva: OVHs para tratamento de piometra;
◆ Paliativa: impossibilidade de cura, realizada para melhorar a qualidade vida do paciente;
➔ Exercícios:
◆ Um animal que sofreu ferimento por objeto perfurante na região abdominal ventral, com
perfuração de alças intestinais e com evolução de mais de 6 horas (número de unidades
formadoras de colônia provavelmente está > que 10/5) após o trauma, tem a cirurgia
contaminada em que classe de contaminação? Suja/infectada. (tratamento com
antibioticoterapia e manejo local da ferida);
◆ Paciente hígido que será submetido a procedimento de herniorrafia umbilical, tem a
cirurgia classificada em que classe de acordo com a presença de agente microbiano?
Limpa. (só envolve sistema musculoesquelético, é sempre considerada limpa, sem
necessidade de antibiótico profilático);
◆ Paciente hígido, que será submetido a cirurgia de ovariectomia eletiva, tem a cirurgia
classificada em que classe de acordo com a presença de agentes microbianos? Limpa
contaminada. (antibiótico profilático é controverso);
◆ Paciente atropelado há dois dias, com lesão de laceração cutânea em membro pélvico,
sem corrimento purulento e será submetido a procedimento de reparação, tem a cirurgia
classificada em qual classe? Contaminada. (quando a ferida está infectada, primeiro se
realiza uma antibioticoterapia,gatas
(+ 90% são malignos);
◆ Cadelas castradas, que continuam entram em cio, podem ter síndrome do ovário
remanescente (um ovário completo ou partes dele, restaram após a cirurgia);
◆ Considerações gerais:
● Controle nutricional (tendência a obesidade - diminuição do metabolismo basal,
animal engorda, mesmo consumindo a mesma quantidade de alimento de antes
da cirurgia - recomenda-se remodelar a alimentação do animal);
● Infantilismo vulvar (órgão não se desenvolve completamente) e vulvovaginite (+
comum em castrações muito precoces - ocorre pela retenção de urina nos tecidos
que não se desenvolveram como deveriam);
◆ Considerações pré-operatórias:
● Estabilização dos animais com enfermidades sistêmicas;
○ Castração pode ser utilizada como tratamento e controle de algumas
doenças sistêmicas, como doenças endócrinas (diabetes - controle glicêmico
é mais fácil em pacientes castrados, pois as variações hormonais diminuem),
animais epiléticos (alguns animais tem convulsões no cio), doenças
parasitárias cutâneas (demodicose);
● Antibioticoterapia profilática ou terapêutica: em animais hígidos, as feridas são
limpa contaminadas, sem recomendação de antibiótico profilático, porém em
casos de piometra, pode se utilizar o antibiótico de forma profilática (uso de
antibiótico que age contra E. coli - bactéria mais comum na piometra - o ideal é
realizar cultivo e antibiograma);
○ Quando a piometra estiver somente focal no tecido uterino, o antibiótico é
profilático, mas em casos mais intensos, onde já há alastramento da
infecção, o tratamento pode variar;
○ Piometra localizada no útero somente, ainda é considerada uma cirurgia
limpa contaminada, quando a infecção passe a ser sistêmica a classificação
muda;
● Exames complementares: eritrograma e leucograma, avaliação cardíaca
(eletrocardiograma e outros exames em caso de pacientes com alteração
cardíaca), bioquímicos (ureia, creatinina, ALT e FA);
● Jejum hídrico e alimentar: varia de acordo com o paciente;
○ Em animais jovens o jejum é menor (2-4 horas), pacientes adultos (6-8
horas);
Maira Bertó Puntel, 2024
○ jejum hídrico não é mais utilizado;
● Tricotomia abdominal ampla: em caso de complicações, pode ser necessário
aumentar o acesso;
➔ Celiotomia retroumbilical: linha média abaixo da cicatriz umbilical (2-8 cm);
◆ Tamanho varia de acordo com o tamanho do paciente e experiência do cirurgião;
◆ Quanto menor a incisão, melhor para o paciente;
◆ Acessa pele e subcutâneo, com a pinça Allis se prende o subcutâneo ou o folheto
externo do M. reto (diminui o contrato da parede com os tecidos) > com a lâmina
de bisturi se realiza uma pequena incisão na linha média > aumenta a incisão com
a Mayo reta (tecido mais grosseiro) > com o dedo segue o contorno da parede
abdominal até sentir as vértebras > faz um gancho com o dedo ou gancho de
Snook (incisão é menor - técnica minimamente invasiva) e volta para a superfície,
puxando o corno uterino para fora da cavidade > puxando o corno, se traciona o
ovário para fora da cavidade;
◆ Rompe o ligamento suspensor com o dedo > facilitando o tracionamento do ovário
(aumenta o espaço embaixo do ovário para realização da técnica das 3 pinças -
ligadura circular + ligadura transfixante);
Maira Bertó Puntel, 2024
◆ Vasos ovarianos se localizam no mesovário;
◆ Divulsão do mesométrio e colocação das três pinças (triplo clampeamento - 3
pinças localizadas distalmente ao ovário) > secciona entre a segunda e a terceira
pinça;
◆ Quando, mesmo rompendo o ligamento suspensor do ovário não pode ser tracionado, se
realiza a técnica das três pinças modificada, coloca-se duas pinças proximais e uma pinça
na altura do ligamento próprio do ovário;
◆ Sempre uma ligadura circular e uma transfixante, fio absorvível monofilamentar, 3-0 a 0
(fio sempre o menos calibroso possível para aquele paciente - diminui a quantidade de
corpo estranho);
◆ Bolsa ovariana em cadelas é maior (maior acúmulo de gordura), gatas tem essa
bolsa pouco desenvolvida, facilitando a visualização do ovário;
◆ Exposição da bifurcação uterina (tração caudal) > triplo clampeamento do corpo
do útero, cranial a cérvix > dupla ligadura (circular e transfixante);
◆ Em animais com corpo uterino muito calibroso, por vezes a pinça não pressiona os
vasos uterinos (veias e artérias uterinas), nesses casos a ligadura é feita
diretamente sem utilizar as pinças (evita sangramento);
◆ Ressecção do útero;
◆ Omentopexia é realizada em casos de animais doentes (piometra) > fixa o
momento sobre o coto uterino, evita a formação de aderências em outros órgãos,
em animais saudáveis não é necessário, pois o omento tende naturalmente a se
aderir ao coto;
◆ Com gases, verifica se há sangramento;
◆ Síntese: camada muscular, subcutâneo e pele;
Maira Bertó Puntel, 2024
● Musculatura: padrão contínuo simples, ou padrões isolados (sultan -
colchoeiro em cruz), fio PDS (absorvível monofilamentar), ácido poliglicólico
(absorvível multifilamentar) e em últimos casos se usa nylon;
● Subcutâneo: contínuo simples, colchoeiro horizontal contínuo, com o mesmo
fio da musculatura, porém com calibre de fio menor;
● Pele: colchoeiro horizontal (Wolff) com fio nylon, com calibre menor do que
no subcutâneo (demanda menos resistência para fechamento - subcutâneo
já deixa a pele muito unida);
◆ Quando as pinças são muito pequenas, para realização da técnica das 3 pinças,
tanto na região dos ovários, quanto no corpo uterino, utiliza-se uma de cada lado,
totalizando 6 pinças;
➔ Ovariohisterectomia em gatas:
◆ Acesso na linha média: divide a área da cicatriz umbilical até púbis em 3 partes, incisão é
realizada no segundo terço (acesso mais caudal - corpo uterino da gata se localiza mais
caudal do que na cadela, dificultando a exposição do corpo do útero);
◆ Incisão mediana retro umbilical no segundo terço, com 1 a 4 cm de extensão (varia de
acordo com o animal e com o cirurgião);
◆ O restante da técnica é igual a realizada em cadelas;
◆ Em gatas o processo é mais fácil;
◆ Bolsa ovariana menor, visualização do ovário é mais fácil;
➔ Cuidados pós operatório: colar elizabetano, roupa cirúrgica;
◆ Antibiótico deve ser avaliado dependendo do paciente;
◆ Analgesia (utilizando analgésico, ou antiinflamatórios, ou associando os dois - varia de
acordo com o dano tecidual);
◆ Cuidados com a ferida: higienização com NaCl 0,9% duas vezes ao dia;
◆ Retirada dos pontos cutâneos: após 7-10 dias (quanto menos tempo puder deixar melhor
- felinos demorar um pouco mais do que cães para retirar os pontos;
➔ Complicações:
◆ Hemorragia intra e pós-operatória (complicação mais grave);
◆ Deiscência, seroma (aceso maiores);
◆ Granulomas de pedículo e coto uterino (ocorre quando se utiliza um fio inadequado para
realização da hemostasia - geralmente materiais que não são cirúrgicos);
◆ Aderências intraperitoneais;
◆ Ligadura acidental de ureter (acontece muito, no momento da hemostasia dos vasos
ovarianos ou uterinos o ureter é englobado junto, urina se acumula no ureter e
parênquima renal, levando a formação de hidroureter e hidronefrose, levando a
nefrectomia);
Maira Bertó Puntel, 2024
● Se localiza no retroperitônio (⅔ craniais) no ⅓ caudal ele sai do retro peritônio,
teoricamente ligaduras acidentais de ureter ocorrem aqui;
◆ Incontinência urinária (mais comum em castrações muito precoces - 6-8 semanas);
◆ Síndrome do ovário remanescente (resta tecido ovariano e o animal continua
manifestando o cio);
◆ Piometra de coto uterino (infecção no coto remanescente - está ligada a síndrome do
ovário remanescente);
15/10/2024
OVARIECTOMIA
➔ Técnica em cadelas:
◆ Somente remoção dos ovários, mesmas indicações da ovariohisterectomia;
◆ Acesso cirúrgico por celiotomia retroumbilical e técnica de exposição igual a OVH (incisão
pode ser mais cranial e menor);
◆ Acesso mais próximo à cicatriz umbilical;
◆ Hemostasia com dupla ligadura (circular e transfixante);
◆ Realização de janela no mesovário/mesométrio > passagem do fio de sutura para ligadura
dos vasos (liga embaixo - circular + transfixantecom técnica das 3 pinças e na altura do
ligamento próprio se faz mais uma ligadura - pode ser circular ou transfixante) > retira o
ovário, restando apenas o corno uterino;
◆ Em animais jovens, após a retirada dos ovários, o útero diminui muito seu tamanho,
quase desaparecendo;
◆ Finalização do procedimento: inspeção dos cotos para averiguar possível hemorragia,
reposicionamento na cavidade abdominal, síntese da parede abdominal, redução do
espaço morto e síntese cutânea (igual a da ovariohisterectomia);
◆ A chance do paciente apresentar ligadura acidental de ureter é maior na
ovariohisterectomia (ureter sai do retroperitônio);
◆ Complicações: hemorragias intra e pós-operatória, síndrome do ovário remanescente,
mesmas complicações da ovariohisterectomia;
◆ Mesmos cuidados pós-operatórios da OVH;
EPISIOTOMIA:
➔ Incisão para abertura do canal vulvo-vaginal (+ realizada em grandes animais);
➔ Utilização: auxílio em parto distócico para o feto sair de forma mais fácil, ressecção de tumores,
acesso ao meato urinário (principalmente em pequenos animais), ressecção de hiperplasia
vaginal, correção de laceração e estenose vaginal, sondagem uretral complicada e auxílio ao
parto;
Maira Bertó Puntel, 2024
➔ Considerações pré-operatórias: jejum alimentar (período irá variar de acordo com o animal),
anestesia (bloqueio epidural) tricotomia perineal e na base da cauda;
➔ Técnica: sutura em bolsa de tabaco no ânus (evita contaminação no campo operatório -
paciente relaxar os esfíncteres durante a anestesia), sondagem uretral (risco grande de
lesionar meato uretral durante o procedimento), posicionamento de pinças gastrointestinais
(Doyen - atraumática) em cada lado da vulva do paciente para hemostasia profilática e incisão
entre pinças;
◆ Grandes animais geralmente ficam em posição quadrupedal e em pequenos o decúbito é
dorsal;
➔ Incisão: entre a vulva e o anus (menos próximo do ânus possível);
➔ Incisão de pele com bisturi > subcutâneo deve ser seccionado com tesoura mayo > abre o
canal vulvo-vaginal > vizualização do meato uretral (lesões no meato uretral causam uma
inflamação intensa > levando a obstrução > ruptura de trato urinário);
➔ Técnica de síntese: sutura da camada mucosa, submucosa e muscular (padrão contínuo
simples, fio absorvível sintético, 3-0 a 4-0 - podem ser fios mais finos, pois a região não possui
muita tensão) > pele (ponto isolado simples, com fio inabsorvível, 3-0) > ao final da cirurgia
retira a sutura em bolsa de tabaco;
➔ Complicações: sutura pode ser maior do que o necessário, causando estenose do canal
vulvo-vaginal, quando isso ocorre, os animais podem ter dificuldades no parto novamente,
levando novamente a necessidade da realização de uma episiotomia (não é indicado, pois na
região se forma tecido conjuntivo fibroso, cada vez vai diminuindo mais o tecido, podendo
ocorrer estenose novamente);
➔ Cuidados pós-operatórios: colar elizabetano, opióides, AINES, cuidados com a ferida (limpeza
com solução fisiológica) e retirada dos pontos cutâneos em 7-10 dias;
➔ Complicações: estenose vulvo-vaginal, lesão iatrogênica ao meato urinário, hemorragia,
deiscência da ferida e infecção no períneo;
EPISIOPLASTIA:
➔ Procedimento reconstrutivo, retirar o excesso de pregas cutâneas ao redor da vulva, que
causam dermatite perivulvar e infecções urinárias recorrentes (ocorrência comum em casos de
hipoplasia vulvar, quando se realiza castração muito precoce);
➔ Posicionamento cirúrgico: decúbito esternal, com os membros pélvicos estendidos
caudalmente, bolsa de tabaco no anus e tricotomia em toda região perineal;
➔ Acesso somente a pele e subcutâneo;
Maira Bertó Puntel, 2024
➔ Corte em meia lua, retirando o excesso de pele/prega cutânea > síntese de subcutâneo e pele
> podem se realizar um ponto às 12, as 3 e as 9 (auxilia a manter a simetria);
TÉCNICAS CIRÚRGICAS DO APARELHO REPRODUTOR MASCULINO
ORQUIECTOMIA EM FELINOS
➔ Indicações: inibição na atração por fêmeas em estro, alterações comportamentais
(temperamento mais calmo, sociável, reduz brigas por território e acasalamento), prevenção de
doenças testiculares (dermatites escrotais, neoplasias testiculares e lacerações em bolsa
escrotal ou testículo);
➔ Considerações pré-operatórias: procedimento eletivo (antibiótico profilático não é indicado) ou
terapêutico (antibioticoterapia pode ser realizada, dependendo da condição do paciente);
◆ Jejum: alimentar (4, 6, 8 horas - animais maiores devem ter jejum maior);
◆ Tricotomia da região do prepúcio, bolsa escrotal e períneo;
➔ Anestesia: geral associado a bloqueios locais (bloqueio do cordão espermático) ou
loco-regional (epidural - mais usado em grandes animais);
➔ Técnica fechada:
◆ Não há abertura da túnica albugínea/vaginal;
◆ Incisão na bolsa escrotal bilateralmente (pode ser feita em cada bolsa escrotal ou na rafi
mediada - incisão única);
◆ Ruptura romba por tração do ligamento testicular (exposição do cordão espermático);
◆ Ligadura do cordão espermático (pode-se realizar a técnica das 3 pinças - ligadura dupla,
fio absorvível sintético, 3-0 a 5-0 ou ligadura com o próprio cordão espermático);
◆ Ferida cirúrgica permanece aberta (cicatrização rápida - cicatrização por segunda
intenção);
➔ Em animais de maior porte a técnica aberta é mais indicada, por conta do maior calibre dos
vasos;
➔ Técnica aberta:
◆ Incisão na bolsa escrotal;
◆ Incisão na túnica albugínea/vaginal > ruptura do ligamento da cauda do epidídimo
(exposição do testículo);
◆ Secção do ligamento da cauda do epidídimo;
◆ Ligadura do plexo pampiniforme com o ducto deferente ou técnica das 3 pinças;
◆ Ferida cirúrgica permanece aberta;
➔ Cuidados pós-operatório: colar elizabetano, uso de antibiótico deve ser avaliado dependendo
do paciente e analgésicos (antiinflamatórios ou analgésicos fracos);
Maira Bertó Puntel, 2024
➔ Complicações: hemorragia do cordão espermático, funiculite (inflamação do cordão
espermático), infecção local/abscessos, dor moderada a grave;
ORQUIECTOMIA EM CANINOS:
➔ Indicações: inibição da atração por fêmeas no estro, diminuição da marcação territorial,
prevenção de enfermidades dos tratos reprodutor (neoplasmas, dermatites escrotais, doença
prostática benigna/hiperplasia), tratamento de doença prostática benigna;
➔ Considerações pré-operatórias: jejum sólido um pouco maior do que o gato, o restante é
semelhante ao gato, tricotomia no prepúcio, bolsa escrotal e períneo (tricotomia maior);
➔ Anestesia: geral associada aos bloqueios locais (cordão espermático e linha de
incisão)/locorregionais;
➔ Técnica fechada:
◆ Não abre túnica vaginal;
◆ Acesso cutâneo mediado pré-escrotal (entre a bolsa escrotal até o osso peniano);
◆ Incisão não deve ser aprofundada, pois pode afetar pênis e uretra;
◆ Empurra os testículos cranialmente a incisão > realiza a incisão para o testiculo
exteriorizar > com gaze se faz a ruptura romba por tração do ligamento testicular >
ligadura com técnica das 3 pinças e fios (fio absorvível sintético - 0 a 3-0);
◆ Síntese: redução do espaço morto (fio absorvível 3-0) e pele (náilon - 3-0);
◆ Indicada em casos de neoplasias, evita a disseminação de células tumorais;
◆ Técnica menos segura no quesito da hemostasia (túnica vaginal está no entorno do plexo
pampiniforme e epidídimo - podendo deixar a ligadura ruim);
◆ Indicada para animais com até 12-15Kg, salvo em casos neoplásicos;
➔ Técnica aberta:
◆ Única diferença é que abre a túnica vaginal;
◆ É necessário romper o lig. da cauda do epidídimo para expor com mais facilidade o plexo
pampiniforme;
◆ Síntese da túnica (sultan, Wolff);
◆ Síntese de subcutâneo e pele;
22/10/2024
CRIPTORQUIDECTOMIA
➔ Realizada em pacientes criptorquidas (ausência dos testículos na bolsa escrotal);
➔ Testiculo pode estar localizado no subcutâneo, preso no anel inguinal ou na cavidade
abdominal;
➔ Palpa a bolsa escrotal > subcutâneo e após cavidade abdominal;
➔ Testículos também podem estar atrofiados, impedindo a palpação;
Maira Bertó Puntel, 2024
➔ Muito comum equinos serem criptorquidas;
➔ Quando os testículosse encontram na cavidade abdominal, o diagnóstico é realizado através
de ultrassom na região pélvica e abdominal;
➔ Se até 3 ou 4 meses o testiculo não desce para bolsa escrotal, dificilmente ele irá descer
posteriormente, seria o ideal realizar a castração do animal (não passar a herança para os
demais e não haver formação de neoplasia no testículo criptorquida);
➔ Testículos atrofiados dentro da cavidade, podem ser confundidos com linfonodos mesentéricos;
➔ Técnica:
◆ Mesma técnica de orquiectomia de um paciente hígido (se houver suspeita de neoplasia,
deve-se realizar a técnica fechada - diminui o risco de disseminação de células tumorais
para os tecidos saudáveis);
◆ Abertura rompe o ligamento;
◆ Exposição do testículo > técnica das 3 pinças > ligadura circular e transfixante > redução
do espaço morto > síntese do subcutâneo e pele;
◆ Quando o testículo está na cavidade, é necessário acessar a cavidade abdominal
(testículo fica muito próximo ao anel inguinal e a vesícula urinária - põe a mão embaixo da
bexiga e tenta localizá-lo, não há túnica vaginal ao seu redor - nesses casos se aplica a
técnica aberta);
◆ Se não for possível a visualização, se traciona a bexiga para fora e teoricamente os
testículos estariam em baixo;
ORQUIECTOMIA COM ABLAÇÃO DA BOLSA ESCROTAL
➔ Indicação: remoção de neoplasias testiculares e escrotais (sertolioma e mastocitoma escrotal);
➔ Neoplasias penianas e prepuciais (TVT, fibrossarcomas, carcinoma espinocelular e
mastocitoma);
➔ Remoção do testículo e bolsa escrotal juntos;
➔ Técnica:
◆ Incisão elíptica (deixa a síntese mais fácil), contornando a bolsa escrotal;
◆ Disseca a bolsa escrotal > ressecção da bolsa escrotal;
◆ Orquiectomia fechada e remoção de todo conjunto, bolsa escrotal e testículos;
◆ Redução do espaço morto e dermorrafia (não deve-se aprofundar muito a agulha no
momento da síntese, pois pode ocorrer apreensão acidental de uretra e pênis em
algumas espécies);
➔ Bolsa escrotal pode ser utilizada para fechar feridas, próximas a região escrotal perineal
(animal deve ser castrado e a após é realizada a mobilização da bolsa escrotal);
➔ Uretrostomia (próxima a região escrotal - uretra é maior nessa região, evita a ocorrência de
estenose do meato uretral): criação de um novo óstio da uretra (cirurgia reconstrutiva, em caso
de remoção de possa escrotal, testiculo, penis e prepúcio), paciente muitas vezes ainda
consegue manter a consciência urinária após a cirurgia;
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➔ Cuidados pós-operatórios: colar elizabetano, antibioticoterapia (depende do caso do animal),
analgésicos (antiinflamatórios ou analgécidos fracos - avaliados de acordo com o animal) e
cuidados com a ferida (limpeza dos pontos com soro fisiológico BID, pontos devem ser
removidos após a cicatrização completa);
➔ Complicações: hemorragia de cordão espermático, infecção de funículo espermático, infecção
local, abscesso, dor moderada a grave e deiscência da ferida cirúrgica;
TÉCNICAS CIRÚRGICAS APLICADAS AO APARELHO DIGESTÓRIO
BAÇO
Revisão anatômica:
➔ Se localiza na região hipocondríaca esquerda em contato com a parede abdominal ventral;
➔ Irrigação sanguínea: artéria esplênica, originada da celíaca, que vem da aorta;
◆ Ramos da artéria gastroepiplóicas (curvatura maior e fundo gástrico), gástricas curtas e
pancreáticas
➔ Drenagem sanguínea: veia porta;
➔ Inervação: ramos simpáticos (constrição esplênica - aumento da volemia e do hematócrito)
➔ Barbitúricos e fenotiazínicos fazem vasodilatação e esplenomegalia;
➔ Afecções cirúrgicas do baço:
◆ Benignas: hemangioma e lipoma (cirurgia mais conservadora);
● Patogenia: efeito de ocupação abdominal (esplenomegalia), podendo gerar
compressão de grandes vasos e compressão de diafragma;
◆ Malignas: hemangiossarcomas, sarcomas esplênicos;
● Patogenia: esplenomegalia, perda de peso, anorexia (síndrome paraneoplásica,
metástase), CID, hemoperitônio (choque em casos de ruptura tumoral- até 70% do
casos de hemoperitônio);
◆ Placa siderótica: depósito de minerais sobre o baco (achado incidental - não causa
nenhuma alteração significativa);
◆ Omento é importante, pois quando há pequenas rupturas no baço, o omento tenta fazer a
hemostasia desses locais, formando aderências;
◆ Neoplasmas esplênicos são diagnosticados através do histórico do paciente, exame físico
(palpação abdominal possibilita a palpação do baço - mais fácil em gatos do que em
cães);
● Esplenomegalia, consistência firme;
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● Conteúdo fluido abdominal (sangue);
● Taquicardia, mucosas pálidas e hemorragias;
● Deve-se tomar cuidado durante a palpação, pois se for um tumor (hemangioma ou
hemangiossarcoma), a palpação pode causar ruptura e posterior hemorragia e
hemoperitônio;
◆ Abdominocentese é sempre realiza ao lado da cicatriz umbilical (normalmente do lado
direito, pois o baço está do lado esquerdo);
◆ Animais com sangue livre na cavidade devem ser operados imediatamente, e associada a
hemoterapia;
◆ Deve-se fazer o hemograma do paciente (anemia, trombocitopenia e leucocitose em
algumas situações);
◆ Imagem: pode se utilizar radiografias (metástases torácicas - muito comum haver
metástase em parênquima pulmonar e abdominais) e ultrassonografia abdominal;
◆ Tratamento clínico: somente durante a estabilização do paciente, até ele estar apto a ir
para cirurgia (fluidoterapia, hemoterapia, suporte nutricional e oxigenoterapia - se
necessário, dependendo da condição em que o paciente se apresenta);
◆ Tratamento cirúrgico de neoplasias: esplenectomia total (não há diagnóstico prévio das
tumorações, sendo necessária a realização da esplenectomia total para evitar recidivas);
● Em casos de diagnóstico prévio de neoplasia benigna, pode se realizar a
esplenectomia parcial;
◆ Jejum alimentar (varia de acordo com o paciente de 4 a 12 horas), tricotomia abdominal
ampla, estabilização (reposição volêmica, hídrica, eletrolítica e ácido básica);
ESPLENECTOMIA TOTAL
➔ Acesso pré-retroumbilical (inicia antes da cicatriz umbilical e vai até um pouco depois - varia de
acordo com o paciente e de acordo com o tamanho do baço - deve-se fazer aberturas maiorias,
para evitar laceração do baço tumoral durante a retirada da cavidade) > clampeamento
proximal e distal dos vasos próximo ao hilo, secção entre as pinças (vasos pequenos, sem
muito fluxo, somente uma ligadura circular é suficiente para hemostasia) > ligadura dos ramos
> tomar cuidado com os ramos gastroepiplóicos, gástricos curtos e pancreáticos (irrigam outros
locais);
29/10/2024
➔ Quando há lesões no baço, como tumores, ao longo do tempo vão ocorrendo pequenas
rupturas, que tem como consequência a formação de aderências com o peritônio, que podem
dificultar a cirurgia;
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➔ Em casos de aderências, pode haver dano aos vasos do estômago, o que pode levar a uma
gastrectomia devido a necrose de áreas do tecido, por conta da falha na vascularização;
➔ Quando ocorre prejuízo a vascularização do estômago, o órgão fica com uma cor mais
pálida/azulada e em casos mais graves pode se apresentar enegrecido, perda de motilidade;
◆ Nesses casos, deve-se sempre realizar a remoção das porções afetadas, para evitar que
ocorram rupturas gástricas posteriormente;
➔ Quando os vasos que saem do baço são ligados muito profundamente, ocorre lesão no
estômago (curvatura maior), por conta do dano a gastroepiplóica e as gástricas curtas e vasos
que irrigam o lobo esquerdo do baço;
➔ Energia bipolar controlada: equipamento faz a bioimpedância do tecido e libera somente a
quantidade de energia necessária para fazer a hemostasia daquele tecido;
➔ Em cirurgias laparoscópicas no momento da retirada do baço, se utilizam
protetores/ampliadores de parede abdominal para evitar que possíveis células tumorais do
baço entrem em contato com a parede abdominal;
➔ Cuidados pós-operatórios:
◆ Analgésicos (AINEs ou opióides);
◆ Curativos locais;
◆ Em casos de ruptura de neoplasia, deve-se realizar hemoterapia, reposição volêmica,
fluidoterapia e suporte nutricional;
◆ Quimioterapia(doxorrubicina, ciclofosfamida e vincristina - propiciam de 141-179 dias de
sobrevida) - mais utilizada em casos de hemangiossarcoma;
➔ Complicações pós-operatórias:
◆ Hemorragia (pouco comum);
◆ Pancreatite isquêmica por ligadura ou torção dos vasos pancreáticos;
◆ Necrose e ulceração gástrica por ligadura acidental (muito profunda) de ramos arteriais
gástricos curtos ou gástricos epiplóicos;
◆ Queda de imunidade (afeta mais animais jovens);
➔ Prognóstico:
◆ Em neoplasias benignas, a cirurgia é curado e em neoplasias malignas 80 a 100% dos
pacientes vem a óbito nos 12 primeiros meses após a cirurgia, geralmente por conta de
metástases;
◆ Para diagnóstico e estadiamento, pode-se solicitar ultrassonografia para pesquisa de
metástase abdominal;
◆ Radiografia de tórax para pesquisa de metástase pulmonar;
➔ Torção esplênica aguda:
◆ Com ou sem torção de estômago (+ comum);
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◆ Sinais clínicos de choque: caráter emergencial (torção esplênica aguda);
◆ Patogenia: ocorre oclusão do retorno venoso > esplenomegalia > infarto esplênico >
acúmulo de toxinas (óxido nítrico, radicais livres e citocinas) > choque;
◆ Nesses casos o animal deve ir imediatamente para cirurgia (caso de emergência);
◆ Não deve-se desfazer a torção para que não ocorra a liberação das toxinas ali presentes;
◆ Mais comum a ocorrência de torção esplênica crônica ou torção esplênica aguda
associada a torção gástrica;
◆ Na torção crônica os animais apresentam anorexia, vômito, oclusão parcial do retorno
venoso e estrangulação de ramos pancreáticos;
◆ Fatores predisponentes:
● Pacientes de grande porte com tórax profundo;
● Sinais clínicos: distensão abdominal, taquicardia, desidratação, congestão de
mucosas, sinais de choque, dispneia e vômito;
● Ocorrência está relacionada a frouxidão ligamentar dos ligamentos que sustentam o
baço ou algum evento traumático;
◆ Tratamento:
● Clínico: estabilização do paciente, fluidoterapia, antibioticoterapia;
● Cirúrgico: esplenectomia total;
◆ Cuidados pós-operatórios: analgésicos, hemoterapia quando necessário, suporte
nutricional, fluidoterapia, curativos locais e antibioticoterapia (sempre deve-se utilizar
profilático);
➔ Traumatismo esplênico:
◆ Lacerações ou perfurações;
◆ Traumas contusos: hematoma subcapsular (geralmente são achados incidentais de
ultrassom, não tem relevância quando não há hemorragia);
◆ Atropelamentos e traumatismos abdominais;
◆ Diagnóstico:
● Histórico, exame físico (mucosas pálidas e taquicardia), paracentese (sangue -
coleta próximo à cicatriz umbilical, voltado para o lado direito - evita o parênquima
esplênico que fica mais voltado para do lado esquerdo) e ecografia;
◆ A intervenção cirúrgica pode varias de esplenectomia total, parcial ou esplenorrafia
(sutura da cápsula do baço);
◆ Pacientes esplenectomizados podem ter uma trombocitose, umanto muito significativos
das plaquetas, levando à necessidade de intervenção farmacológica para diminuição da
contagem de plaquetas, a fim de evitar um quadro de trombose;
◆ Tratamento clínico: estabilização do animal (hemoterapia, fluidoterapia, oxigenioterapia e
antibiótico profiláctico);
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➔ Esplenectomia parcial:
◆ Considerações pré-operatórias: jejum, tricotomia, estabilização, antibiótico profilático;
◆ Técnica:
● Celiotomia pré-umbilical ou pré-retroumbilical (varia de acordo com o tamanho do
animal e do baço);
● Exposição do baço;
● Vasos devem ser ligados somente na porção que será retirada;
● Com o dedo indicador e polegar se esmagar o baço, restando somente a cápsula
esplênica, pois a pouca foi movida para frente e para trás;
● Clampeamento dos segmento comprometido com o auxílio de pinças;
● Secção do tecido e remoção da porção afetada;
● Síntese em dois planos: hemostasia do parênquima (padrão contínuo simples -
englobando cápsula e polpa) > cápsula esplênica (padrão contínuo simples -
somente envolvendo a cápsula);
● Omentalização para evitar a formação de aderências;
○ Ambos padrões com fio absorvível sintético monofilamentar, n° 2-0 a 4-0;
● Nesses casos, a hemorragia é mais comum, devido a secção no parênquima
esplênico;
◆ Complicações:
● Hemorragias intra-operatórias, infecção, peritonite, deiscência da ferida e hérnia
incisional, evisceração;
SISTEMA DIGESTIVO:
➔ Principais cirurgias do sistema digestivo:
◆ Esofago cervical, torácico cranial e toracido caudal;
◆ Estômago;
◆ Intestino delgado (duodeno, jejuno e íleo);
◆ Intestino grosso (cólon);
◆ Reto;
➔ A abertura do esofago é pouco comu, pois a remoção de corpos estranho geralmente é feita
por endoscopia;
Técnicas gástricas do estômago:
➔ Nomenclatura cirúrgica:
◆ Gastrotomia: abertura;
◆ Gastrostomia: comunicação;
◆ Piloroplastia: reconstrução do piloro;
◆ Gastrectomia parcial: remoção de um segmento do estômago;
◆ Gastroduodenostomia: comunicação do estômago com o duodeno;
Maira Bertó Puntel, 2024
◆ Gastropexia: fixação do estômago;
➔ Anatomia:
◆ Cárdia, fundo, corpo, curvatura maior, curvatura menor, antro piloro (pexias são realizadas
nessa região) e piloro;
◆ Vascularização: aorta, A. celíaca, A. esplênica que dá origem a gastroepiplóica, gástrica
direita e esquerda, gástricas curtas (comumente causam hemorragia em casos de torção
gástrica);
➔ Gastrotomia:
◆ Indicações: remoção de corpos estranho gástricos (não é muito utilizado, pois o
procedimento de eleição é a endoscopia), neoplasias (identificação e biópsia, endoscopia
também é mais indicada nesses casos), úlceras gástricas (gastrotomia não é mais
empregada), perfuração ou ruptura (traumatismos);
◆ Considerações pré-operatórias: exame clínico e complementar, correção hídrica e
eletrolítica, jejum (sólido - 12 horas - avaliar o caso do paciente, casos de corpo estranho
é necessário realizar a retirada o quanto antes, por´me me casos de biópsia, pode-se
realizar o jejum tranquilamente), esvaziamento do conteúdo por intubação orogástrica,
abordagem emergencial (dilatação com trocater) e antibiótico profilático (varia de acordo
com o paciente, em caso de pacientes hígidos, não há necessidade de antibiótico
profilático pois a ferida é considerada limpa contaminada);
◆ Técnica cirúrgica:
● Celiotomia exploratória;
● Estômago se localiza a esquerda da linha média;
● Acesso pré-retroumbilical, caudal ao processo xifóide em direção à cicatriz umbilical;
● Prevenção de contaminação com suturas de apoio/reparo (fio de nylon 2-0 a 3-0,
envolvendo 1cm de tecido, para evitar que o tecido se rasgue - tracionamento do
estômago o mais longe possível da cavidade para realização da abertura -
perfuração em estocada), uso de compressas úmidas (manutenção da umidade),
exposição do órgão e posicionamento de compressas, designação de material sujo
(entrou em contato com a mucosa gástrica) e não contaminado;
● Punço incisão em estocada e abertura da incisão com tesoura (Metzembaum);
● Corpo estranho móvel: incisão no centro do corpo gástrico, entre a curvatura maior e
menor;
● Corpo estranho fixo: incisão próximo ao corpo estranho;
● Após a incisão, pode-se lavar e aspirar o conteúdo gástrico (não é necessário em
todos os casos) > remoção do corpo estranho > síntese;
● Síntese em duas camadas: mucosa e submucosa - camada que mais dá
sustentação a sutura (padrão contínuo simples - fio absorvível sintético e
Maira Bertó Puntel, 2024
monofilamentar) > seromuscular (Cushing/Lambert - padrões invaginantes - fio
absorvível sintético);
● Após a sutura se realiza a omentalização (evita aderências, tampona o
extravasamento de conteúdo em casos de deiscência e auxilia na cicatrização);
05/11/2024
➔ No TGI o estômago é sempre a melhor opção para abertura > quando há corpos estranho no
estômago e em outras regiões, se eles ainda estiverem móveis, devem ser movidos para o
estômago para serem retirados;
➔ Corpos estranhos lineares são os mais complicados para remoção > corpo estranho linear vai
passando pela mucosa e vai se aderindo a parede > se realizam várias enterotomias para
remoção de diversos segmentos;
➔ Corpos estranhosmoveis no esofago, devem ser retirados através do acesso ao centro do
corpo do estômago (ponto menos vascularizado e mais distante de estruturas nobres);
➔ Considerações pós-operatória: controle da dor (animais com dor tem diminuição da motilidade,
resultando em anorexia, vômito, distensão e deiscência);
◆ Evitar AINEs, podem causar úlceras no TGI;
◆ Dipirona/escopolamina (muito utilizado em TGI, alivia cólicas e distensões);
◆ Protetor gástricos: ranitidina, omeprazol, protetores de mucosa (variam de acordo com
cada caso);
◆ Fluido;
◆ Cuidados com a ferida cirúrgica (limpeza com soro fisiológico BID);
◆ Antibiótico é indicado de acordo com o caso;
◆ Nutrição parenteral (administrada por via intravenosa) em animais que estão em anorexia
ou em pacientes que não podem ser alimentados por via oral;
◆ Alimentação pastosa (após 24 horas) e alimentação normal (após 3 dias);
GASTROPEXIA:
➔ Fixação do estômago na parede abdominal;
➔ Evita torção e vólvulo gástrico (evitar novamente ou de forma profilática - em animais que
possuem pré-disposição);
◆ Algumas raças possuem predisposição a desenvolverem torção (raças grandes com tórax
profundo);
➔ Técnicas: incisional (+ realizada), flap muscular, circuncostal e sonda de gastrostomia;
➔ Indicações: tratamento de dilatação gástrica, para evitar torções, fixação do estômago pós
torção, fixação profilático do estômago em raças que tenham predisposição a torção/vólvulo
gástrico;
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➔ Considerações pré-operatórias: a torção gástrica é um caso de emergência;
◆ Descomprimir o estômago (sondagem orogástrica, pode ser feita com o animal acordado
ou trocaterização - feito com cateteres ou trocartes), estabilizar o paciente, eleger o
melhor momento para cirurgia, jejum não deve ser realizado em casos de urgência e
emergência, é aplicado somente quando a cirurgia for profilática;
◆ É necessário fazer a descompressão antes de distorcer o estômago;
➔ Gastropexia incisional:
◆ Localizar o antro pilórico;
◆ Incisão seromuscular na região do piloro, de 5-8cm (varia de acordo com o tamanho do
animal);
◆ Profundidade correta revela a rugosidade da camada da mucosa gástrica;
◆ Local da gastropexia na parede abdominal deve ser no lado direito;
● Caudal a última costela, 6-10cm lateralmente à linha média;
● Lateral a linha média e caudal à última costela;
◆ Fazer uma incisão no peritônio e músculo transverso do abdômen (tamanho semelhante a
incisão no estômago) - para que haja a fixação correta (muscular gástrica fica em contato
com a muscular do abdome - M. transverso - aumentando a aderência);
◆ Sutura as bordas com padrão contínuo simples, fio monofilamentar inabsorvível;
➔ Gastropexia por flap muscular:
◆ Incisão seromuscular com retirada de alça;
◆ Na parede abdominal se fazem duas incisões para passagem do flap;
➔ Gastropexia circuncostal;
◆ Faz o flap no estômago e passa ele pela última costela e sutura;
GASTROSTOMIA
➔ Indicações: alimentação enteral (fratura de mandíbula, enfermidades esofágicas e
suplementação nutricional em casos de neoplasia);
➔ Quando se realiza a passagem de sonda para alimentação, obrigatoriamente é necessário
realizar uma gastropexia (deve-se evitar que haja espaço entre a sonda e a parede abdominal -
pode haver extravasamento de conteúdo);
➔ Criação de um óstio, ligação do estômago ao meio externo;
➔ Sonda de Foley: possui um balão, que é inflado após a colocação da sonda com solução -
deixa ele mais rígido;
➔ Técnica:
◆ Acesso por celiotomia pré-umbilical ou pré-retroumbilical dependendo do tamanho do
animal;
Maira Bertó Puntel, 2024
◆ Retira o estômago da cavidade > sonda deve ser passada por uma incisão paralela a
incisão principal, que deve ser em um local próximo ao da pexia;
◆ Inserir uma pinça hemostática na cavidade abdominal, empurrando contra a cavidade
abdominal > no local onde ela aponta, deve se realizar a incisão e passagem da sonda no
local;
◆ Sutura seromuscular em bolsa de tabaco no estômago sem fechar > no meio da sutura se
faz uma punço incisão com o bisturi e se passa a sonda para dentro do estômago > inflar
o balonete para fixação da sonda > fecha a bolsa de tabaco (não deve-se apertar muito
para que não ocorra oclusão da sonda);
◆ Puxa a sonda e o estômago gruda na parede abdominal > se realizam suturas unindo a
parede abdominal ao estômago na região do antro pilórico ao entorno da sonda (evita
extravasamento de conteúdo gástrico - animais podem desenvolver peritonite);
◆ A sonda deve permanecer o mínimo 7-10 dias para que ocorra fixação do estômago com
a parede abdominal para que não haja extravasamento de alimento;
◆ Ferida fecha por segundo intenção após a retirada;
◆ Para fixação da sonda na pele, se fixa com sutura em bailarina;
◆ A sonda foley pode ser danificada pela ação do ácido clorídrico, podendo ocorrer sua
ruptura, em casos de necessidade de sondagem por mais tempo, a sonda utilizada deve
ser específica para gastrostomia, pois ela é feita de um material mais resistente;
◆ Para retirada, se desfaz a bailarina, desinsuflar o balonete e retira a sonda > ferida
cicatriza por segunda intenção;
◆ Bolsa de tabaco deve ser feita com fio absorvível;
TÉCNICAS CIRÚRGICAS INTESTINAIS
➔ Enterotomia (abertura);
➔ Enterostomia (comunicação do intestino com o meio externo);
➔ Enterectomia (remoção de um porção do intestino, seguida por enteroanastomose);
➔ Colostomia (abertura do cólon);
➔ Colectomia (remoção de um segmento do cólon) e colopexia (fixação do cólon);
➔ Anatomia: mesentérica caudal e cranial irrigam o intestino delgado;
ENTEROTOMIA
➔ Indicação: remoção de corpos estranhos a partir do duodeno caudal, corpos estranhos lineares,
obstruções (bezoares, impactações), remoção de neoplasmas, biópsias, trauma e colcoação de
sonda para alimentação;
➔ Pré-operatório: localização da lesão (exames complementares - ultrassom é mais efetivo),
administração de antibióticos e fluido varia de acordo com a doença dos pacientes (carga
microbiana é maior, aumentando a probabilidade de ocorrência de contaminação - antibiótico
profilático é utilizado na maioria dos casos), jejum alimentar de 16 horas;
Maira Bertó Puntel, 2024
➔ Acesso cirúrgico: celiotomia retro-umbilical ou pré-retrointestial;
◆ Incisão de pele, incisão na parede abdominal > colocação de compressas na laparotomia
com soro fisiológico para manter o tecido hidratado;
◆ Exteriorizar e isolar áreas do intestino desejada;
◆ Ordenham o conteúdo intestinal oral e aboral;
◆ Ocluir o lúmen de ambos os lados do intestino (isolar o local acessado);
● Cample intestinal com pinças (usadas em animais maiores, em animais menores
pode haver esmagamento do tecido), oclusão com os dedos, gaze tortinha ao redor
do intestino e colocação de pinça na gaze para ela não distorcer;
● Pontos de reparo ajudam a exteriorizar a alça intestinal;
● Pode haver prolapso de mucosa, em casos muito acentuados, algumas porções
podem ser removidas;
◆ Incisão em todas as camadas na borda antimesentérica (lado contralateral dos vasos - se
houver hemorragias, não é necessário pinçar os vasos, pois elas são autolimitantes);
◆ Remoção do corpo estranho e rafia;
◆ Sutura em uma camada com pontos isolados simples com 2mm de borda envolvendo
todas as camadas, com fio monofilamentar absorvível sintético de calibre fino (3-0 a 5-0);
◆ Para testar se não há vazamentos, se administra solução fisiológica no lúmen intestinal e
averiguar se há extravasamento de líquido(agulha deve ser inserida com um túnel
seromuscular antes de entrar na luz - evita extravasamento de líquido pelo perfuração
provocada pela agulha);
◆ Camada submucosa é responsável pela maior resistência a tensão;
◆ Após a síntese deve-se trocar o instrumental que teve contato com a mucosa intestinal
luvas cirúrgicas, pois estes estão contaminados;
◆ Omentalização (omentopexia) da síntese intestinal;
◆ Sutura da cavidade abdominal, subcutâneo e pele;
ENTERECTOMIA:
➔ Indicação: neoplasmas, úlceras perfurantes totais, obstrução intraluminal com necrose,
intussuscepção comnecrose (obstrução estrangulada - uma porção do intestino invagina
dentro da outra - intussuscepto e intussusepiente);
➔ Intussuscepção pode ocorrer por hipermotilidade intestinal (provocada por parasitos, doenças
infectocontagiosas - parvovirose, corpos estranhos, neoplasias);
11/11/2024
➔ Quando ocorrem pequenas intussuscepção, elas podem se desfazer no momento do preparo
operatório;
Maira Bertó Puntel, 2024
➔ Pré-operatório:
◆ Localização da lesão com auxílio de ultrassonografia ou raio-x (ultrassom é mais claro);
◆ Antibióticos devem ser avaliados de acordo com o animal;
◆ Jejum: sólido de 16 horas (varia de acordo com o paciente) - nem sempre será eficiente,
pois podem haver obstruções que impedem o esvaziamento do intestino;
◆ Antiinflamatórios devem ser evitados, pois podem causar úlceras;
◆ Diagnóstico de viabilidade intestinal (conferir se há perfusão sanguínea no segmento
afetado, sentir pulso no ramo local da artéria mesentérica, coloração da alça intestinal e
administrar fluoresceína - administração IV > passa luz UV, indica se há perfusão ou não);
◆ Peristaltismo também pode ser avaliado;
➔ Acesso cirúrgico: celiotomia exploratória;
➔ Técnica cirúrgica:
◆ Expor o segmento doente > isolar o segmento afetado > ordenha o conteúdo intestinal >
pode-se utilizar campo plastico para não haver contaminação da área e compressas
úmidas;
◆ Ocluir os lumens dos dois lados a fim de isolar o local a ser acessado (dedos, camples
intestinais, gaze torcida);
◆ Deve-se ocluir ambos os lúmens;
◆ Ligadura dos vasos mesentéricos da região que irá ser retirada;
◆ Após a remoção do segmento afetado, se faz a enteroanastomose;
◆ Inicia-se uma sutura com padrão isolado simples, unindo as duas bordas, coloca um
ponto nos 2 vértices;
◆ Após a anastomose intestinal, trocam-se os instrumentais, pois estão contaminados;
◆ Confere se há hemorragia ou vazamento e pode-se realizar a omentalização;
◆ Pode haver estrangulamento nas alças intestinais por compressão;
◆ Borda antimesentérica praticamente não tem vasos;
◆ Para união do segmento maior com o menor, pode-se aumentar o segmento menor e
diminui o segmento maior;
◆ Pontos devem iniciar na borda mesentérica;
◆ Quanto menor o diâmetro, menor deve ser o fio de sutura;
◆ Fio absorvível monofilamentar sintético, agulha cilindrica com a ponta cônica;
◆ Após a síntese da alça, deve-se fazer a síntese do mesentério;
➔ Pós operatório:
◆ Antibiótico irá variar de acordo com cada caso;
◆ Anti-inflamatórios e analgésicos;
◆ Alimentação: 24h (pequenas quantidade de água ou alimento muito líquido), 24 a 48h
(alimento muito líquido) > 48h (dieta pastosa) > 3 a 4 dias (dieta normal);
➔ Colecistoduodenostomia: anastomose da vesícula biliar no duodeno (incisão na vesícula
biliar e incisão no intestino, ligadura com os dois);
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COLONTOMIA:
➔ Indicações: impactações (fecaloma - a colostomia é feita somente em últimos casos, sempre se
tenta tratamentos conservadores antes - mudança de dieta, enema, amolecedores fecais),
biópsias - mais fácil a coleta com colonoscopia (neoplasias, doença inflamatória crônica -
precisa de coleta de todas as camadas do cólon);
➔ Abertura do cólon;
➔ Considerações pré-operatórias:
◆ Localização da lesão, exames pré-operatórios, estabilização do paciente, jejum (em casos
de fecaloma, não causa muita alteração) e enema;
➔ Técnica cirúrgica:
◆ Acesso por celiotomia, geralmente abaixo da cicatriz umbilical (retroumbilical);
◆ Exteriorização do cólon (lado esquerdo do abdômen);
◆ Ordenhar o conteúdo para longe do local da enterotomia (salvo em casos de fecaloma);
◆ Incisão em todas as camadas (punção);
◆ Todos os materiais que entraram em contato com a luz do órgão, devem ser descartados;
◆ Retirada do fecaloma e lavagem da víscera;
◆ Síntese (PIS, única camada, com fio sintético absorvível monofilamentar com agulha
cilíndrica e ponta cônica);
◆ Pode-se fazer duas camadas (PIS + invaginante) em cólons grandes e dilatados,
principalmente grandes animais, porém isso pode causar uma estenose no colo,
causando uma nova retenção fecal;
◆ Importante utilizar campos plásticos e utilizar gazes umedecidas, para evitar o
ressecamento da víscera;
◆ Incisão em estocada e ampliação com tesoura, mas em casos de conteúdo muito duro,
pode ser feita toda incisão com bisturi;
◆ Após a síntese deve-se trocar luvas e instrumental para fazer a limpeza e omentalização;
➔ Considerações pós-operatórias:
◆ Alimentação pastosa nos 3-5 primeiros dias;
◆ Analgésicos e antiinflamatórios, protetores gástricos;
➔ Prolapso retal:
◆ Prolapso de anus ou reto;
◆ Tenesmo (esforço excessivo);
◆ Geralmente causado por verminoses e disúria (urolitíase);
◆ Pode haver ressecamento do segmento, e por dano vascular ocorre edema (pode ser
reduzido com açúcar - puxa água, retirando o líquido do edema, compressa de gelo ou
solução/água gelada - causam vasoconstrição - só se utilizam essas técnicas quando o
tecido ainda estiver viável);
Maira Bertó Puntel, 2024
◆ Tratamento:
● Redução manual do prolapso e sutura em bolsa de tabaco (fica no paciente de 2 a 4
dias - luz não é fechada por completo - colocar seringa no reto e fecha a bolsa de
tabaco até o limite da seringa);
● Deve-se descobrir a causa e tratar a causa após a redução;
● Em prolapsos retais recidivante, deve-se fazer a colopexia (fixação do cólon na
parede abdominal - prevenindo que um prolapso retal ocorra novamente);
◆ Em casos de tecido inviável, deve-se se fazer uma ressecção e anastomose intestinal fora
da cavidade;
● Se expõe um pouco mais o reto > faz pontos de reparo, para evitar que o tecido
volte para cavidade no momento da ressecção > ressecção e síntese > devolve para
cavidade;
● Quando a ressecção é feito muito próxima ao esfíncter, o animal pode ficar
incontinente fecal;
COLOPEXIA
➔ Indicações: Prevenção de recidivas de prolapso retal, redução de tensão após herniorrafias
perineais;
➔ Técnica cirúrgica:
◆ Semelhante a gastropexia incisional;
◆ Incisão na borda antimesentérica do cólon, seromuscular > após se faz uma incisão na
parede abdominal lateral esquerda, peritônio e M. transverso do abdômen > leva o colo
até a parede abdominal > fixação com ponto contínuo simples> cirurgia limpa (não invade
a luz do órgão);
◆ Fixação deve ser feita sob tensão, pois se ficar muito frouxa, o cólon pode prolapso de
novo;
◆ Omentalização, para evitar aderências;
◆ Fio pode ser absorvíveis ou inabsorvíveis;
➔ Considerações pós-operatórias:
◆ Analgésicos, alimentação pastosa os 3-4 primeiros dias para evitar a tensão no local e
cuidados com a ferida cirúrgica;
12/11/2024
TÉCNICAS CIRÚRGICAS APLICADAS AOS TRATO URINÁRIO
Revisão anatômica:
➔ Trato urinário superior: rins e ureteres;
➔ Trato urinário inferior: vesícula urinária e uretra;
Maira Bertó Puntel, 2024
➔ Rim direito sempre fica mais cranial do que o esquerdo;
➔ Rins se localizam no espaço retroperitoneal, ambos rins e boa parte dos ureteres ficam abaixo
do peritônio;
➔ No polo cranial de ambos os rins, ficam as glândulas adrenais;
➔ Vasos frenicos abdominais passam por cima das glandulas adrenais;
➔ Em alguns animais, podem haver ramificações da artéria renal;
➔ Veia ovariana esquerda desemboca na veia renal esquerda;
➔ Rim esquerdo se localiza sob o cólon descendente;
➔ Rim direito se localiza sob o duodeno proximal;
➔ São envolvidos por quantidade variável (peso dos animais) de gordura peri-renal;
➔ Ureteres se saem do retroperito mais caudal, se inserem na vesícula urinária no trigono vesical
(2 ureteres e uretra);
➔ Vesícula vazia fica na cavidad pélvica, qaundo repleta se localiza em região abdominal caudal;
➔ REgião dorsolateral da vesícula é onde chegam os vasos sanguineos e nervos;
➔ Lesão nos nervos pode resultar em incontinecia urinária;
➔ Estabilização do paciente: hidrtadação do paciente, e correção de desequilibrios
eletroliticos/ácido básico;
➔ Manejo clínico e coservador: fluidoterapia, sondagem e cistocentese (diagnóstico e tratamento);
➔ Exames clínico e laboratoriais: ultrassom,raio-x, tomografia, ureia e creatinina, hemograma,
urinálise, endoscopia de trato urinário (pode chegar até os rins);
Acesso cirúrgico aos rins e ureteres:
➔ Celiotomia mediada: região proxima ao xifóide, caudal a cicatriz umbilical;
➔ Laparotomia paralombar: não permite ampla inspeção;
➔ Celiotomia mista: celiotomia + acesso paracostal (dor e outras complicações);
◆ Causa um trauma maior no animal, devido a maior manipulação dos tecidos;
BIÓPSIA RENAL
➔ Indicações: eoplasmas renais, doença glomerular cronica ou doença renal idioopatica;
➔ Técnica:
◆ Acesso renal + agulha de trucut (agulha de biópsia);
◆ Biopsia renal guidada por laparoscopia;
◆ E em ultimos casos se utiliza uma celiotomia exploratória;
NEFROTOMIA:
➔ Abertura do rim;
➔ Indicação: remoção de cálculos renais (urólitos localizados nos cálices renais ou na pelve
renal);
➔ Causa uma lesão renal, e uma pequena parcela será irreversível;
◆ 1° semana: 60-70% de perda de função;
◆ 2° semana: 20-40% de perda de função;
Maira Bertó Puntel, 2024
◆ Nunca deve-=se operar os dois rins ao mesmo tempo, isso pode levar a uma insuficiencia
renal, que pode culminar na morte do paciente;
➔ Técnica:
◆ Isola-se o órgão alvo e coloca compressas úmidas para evitar que ocorra ressecamento
do tecido;
◆ Incisão no peritônio/fáscia renal;
◆ Liberação lateral e retroflexão medial (exposição do aspecto lateral do hilo renal);
◆ Dissecar os vasos real, deve ser realizdo com muito cuidado, para nã ocorrer a secção
dos vasos;
◆ Campelmanto (Buldog - cumple vascular - aperta abre e fecha quando colocada no vaso -
atraumática, fecha o vaso sem esmagar) da veia e artéria renal temporariamente
(importante para que não ocorram hemorragias durante a cirurgia);
◆ A oclusão também pode ser feita com um torniquete utilizando gase;
◆ Incisão longitudinal até a pelve renal;
◆ Cálculo coraliforme, tem o formato dos calculos renais;
◆ Após o clampeamento renal, deve-se se fazer o procedimento em menos de 20-30
minutos (em pacientes normotérmicos), para evitar lesão isquemica permanente;
◆ Síntese renal: fio absorvível sintético monofilamentar com agulha não traumático, calibre
do fio deve ser fino, pois não há muita tensão na ferida, padrão de sutura Wolff ou
contínuo simples (pode se fazer mais que um padrão, para auxiliar na hemostasia);
◆ Após se sutura a capsula renal, em équenos animais é mais dificl, pois ela rasga com
facilidade, se começar a rasgar, não é necessário continuar a sutura;
◆ Após, se faz a liberação dos camples, é normal que ocorram sangarmentos, indica que
ele está sendo reperfundido;
◆ Após, se faz a nefropexia (evitar torção do pedículo renal e desconforto no paciente);
◆ Omentalização, para evitar a aderencias de outras estruturas n rafia;
➔ Complicações:
◆ Avulsão dos vasos renais, pode culminar em nefrectomia;
◆ Hemorragia renal;
◆ Insuficiencia renal aguda (nunca operar os dois rins ao mesmo tempo - se opera primeiro
o o rim que está pior);
NEFRECTOMIA PARCIAL
➔ Indicação: cisto renal localizao, tumor bem localizado;
➔ Técnica:
◆ Acesso, exposição e hemostasia são as mesmas utilizadas na nefrotomia;
◆ Ressecção parcial e após hemostasia da extremidade afetada (transfixação em 2-3
pontos - fio com agulha reta longa);
◆ Ligadura dos segemtos, retirada do local afetado e liberação dos camples;
◆ Síntese da capsula renal;
Maira Bertó Puntel, 2024
◆ Omentalização (no caso de cistos e abscesso renais, é fundeamental fazer a
ometalização, para que não ocorra reincidiva da lesão);
➔ Complicações: avulção dos vasos renais, hemorrgia renal e insuficiencia renal aguda;antes de realizar a cirurgia de reparação - cicatrização por
segunda ou terceira intenção);
Maira Bertó Puntel, 2024
Nomenclatura básica empregada em cirurgia:
➔ Nome de uma pessoa credenciada após ter desenvolvido ou modificado um procedimento (Ex.:
operação Zeep, ou a modificação de Zeep, ambos procedimentos para a ressecção lateral do
conduto auditivo externo do cão);
➔ Nomes descritivos, formados por uma combinação de sufixo gregos ou latinos com termos
anatômicos (Ex.: o radical ou prefixo indica o órgão em referência e o sufixo indica o
procedimento cirúrgico);
PREFIXOS ÓRGÃOS SUFIXOS INDICA O TIPO
Adeno Glândula Tomia Secção/abertura/inc
isão
Cisto Bexiga Ectomia Retirada/remoção
Cole Vesícula Ostomia Ligação/abertura de
boca/comunicação
por tempo maior
Colo Cólon Rafia Sutura
Colpo Vagina Pexia Fixação
Entero Intestino Plastia Plástica - dar nova
forma
Espleno Baço Punctura Perfuração
Gastro Estômago Centese Punção
Histero Útero Cele Hérnia
Mio Músculo
Nefro Rim
Neuro Nervo
Oftalmo Olhos
Ovário Ovário
Orqui Testículo
Oteo Osso
Oto Ouvido
Maira Bertó Puntel, 2024
Pneumo Pulmão
Procto Reto
Rino Nariz
Salpingo Trompa
Teno Tendão
Traqueo Traqueia
Veno Veia
Quando o prefixo acaba com vogal e o sufixo inicia com vogal, se retira a vogal do sufixo;
➔ Incisão no tórax: toracotomia (toracotomia intercostal - acesso pelas costelas ou toracotomia
por esternotomia mediana - serra o esterno ou toracotomia transdiafragmática - acesso pelo
diafragma);
➔ Incisão no estômago: gastrostomia;
➔ Remoção parcial ou total do baço: esplenectomia (parcial ou total);
➔ Criação de uma nova abertura no cólon: colostomia;
➔ Gastropexia: fixação do estômago (muito utilizado em casos de torção gástrica);
➔ Ovariectomia: remoção dos ovários (remoção de um ou de ambos);
➔ Enterorrafia: sutura do intestino;
➔ Ovariohisterectomia: remoção de útero e ovários;
➔ Nefrectomia: remoção dos rins (parcial - remoção de um pedaço de uns dos rins e total -
remoção completa do rim);
➔ Nomenclatura - Epônimos:
◆ Técnica de sutura; Wolff, contínuo simples (Kirchner);
◆ Posicionamento: cefalodeclive (Trendelemburg);
◆ Sinal clínico/síndrome: hiperadrenocorticismo (síndrome de Cushing),
hipoadrenocorticismo (síndrome de Addison);
◆ Procedimento cirurgico: Billroth I (gastroduodenectomia pós-pilorectomia), Billroth II
(gastrojejunostomia pós-gastrectomia parcial);
◆ Instrumentais: pinça Halsted, Kelly, Doyen, Metzembaum;
➔ Nomenclaturas inapropriadas:
◆ Emprego errôneo de termos;
◆ Laparotomia é diferente de celiotomia, ambas acessam a cavidade abdominal, porém o
acesso é realizado em locais diferentes;
Maira Bertó Puntel, 2024
◆ É errado falar profilaxia dentária, o certo é tratamento periodontal;
27/08/2024
Profilaxia da infecção em cirurgia:
➔ Prevenção de um processo infeccioso em um procedimento cirúrgico;
➔ Fatores que contribuem para a infecção cirúrgica:
◆ Feridas (tipos de feridas e tratamento adequado para cada tipo);
◆ Bactérias (comensais - mais fácil de tratar ou prevenir uma infecção, microrganismos
resistentes ou não comensais - dificultam o tratamento e prevenção da infecção);
◆ Perfusão tissular (o quanto de sangue e oxigênio que está chegando em determinado
local - o risco de infecção aumenta quando a perfusão tissular é ruim, como nas
extremidades distais dos membros);
◆ Duração do procedimento (quanto mais longo o procedimento, maior será a carga
bacteriana que se deposita sobre o campo cirúrgico, aumentando o risco de infecção);
◆ Imunossupressão (paciente com imunossupressão têm um maior risco de ocorrência de
infecção, pois suas barreiras imunes estão suprimidas);
◆ Corpo estranho (pode ser vindo de traumas ou da cirurgia, podem ser sondas, drenos,
fios de sutura);
➔ Para utilizar um antibiótico de amplo espectro, é necessário levar em conta os sistemas
afetados e os microrganismos que habitam aquele sistema (ideal é sempre realizar cultura e
antibiograma, para saber qual o antibiótico é mais adequado para o animal);
➔ Fatores de risco peri-operatórios para a infecção:
◆ Degermação feita de forma incorreta (deficiência na lavagem de mãos do cirurgião);
◆ Tricotomia com lâmina de gilete, barbear, navalha (isso provoca microlesões na pele,
propiciando um ótimo ambiente para a carga bacteriana se aderir, ou ocorre a exposição
de microrganismos mais profundos da pele para a superfície, aumentando o risco de
infecção);
◆ Tricotomia realizada mais de duas horas antes do procedimento (mesmo com o tricótomo,
podem ocorrer lesões, por conta disso é sempre ideal realizar a tricotomia mais próximo
da cirurgia possível - menos de duas horas antes do procedimento);
◆ Desinfecção/antissepsia (diminuição da carga bacteriana da pele do paciente) ineficaz da
pele do paciente (tempo e antisséptico);
◆ Qualquer tipo de quebra da técnica cirúrgica asséptica (luva rasgada, encostar as luvas
no gorro ou na máscara - ambos não estão estéreis);
➔ Contaminação intra-operatória:
Maira Bertó Puntel, 2024
◆ Uso excessivo de eletrocautério (quando menos for utilizado, melhor - facilita
procedimentos, pois cauteriza pequenos vasos de forma muito rápida utilizando energia
elétrica, quando a carga elétrica utilizada for muito alta, pode destruir os tecidos e levar a
uma necrose, facilitando a contaminação microbiana);
◆ Procedimento cirúrgico prolongado (na cirurgia limpa a taxa de contaminação duplica a
cada hora de intervenção);
◆ Presença de próteses, drenos e outro corpo estranho;
◆ Duração da hospitalização pré-operatória (sempre preconizar a chegada do paciente no
dia da cirurgia e se tudo ocorreu bem no procedimento, o ideal é ir pra casa no mesmo
dia);
● Na cirurgia limpa, 1 dia corresponde a um risco de 1,2%;
➔ Fatores de risco do doente para infecção:
◆ Isquemia de tecidos;
◆ Hematoma (deve ser tratado, pois o sangue é muito bom para a proliferação bacteriana);
◆ Seroma (acúmulo de líquido inflamatório (não altera a cor da pele, mas fica com aspecto
flutuante) - ocorre por conta de uma grande manipulação dos tecidos durante o
procedimento cirúrgico, gerando uma grande dissecação de tecidos, no momento da
sutura, sobra espaço morto residual, que é ideal para que ocorra acúmulo de líquido
inflamatório, se esse líquido se mantiver no local e ocorrer uma contaminação, ele pode
se tornar infeccioso, se tornando um líquido purulento - deve-se drenar seroma e reduzir o
espaço morto com bandagens);
◆ Espaço morto;
➔ A presença de dois fatores peri-operatórios ou do doente, para os procedimentos limpos,
aumento o risco de infecção em 8%;
➔ Debridamento = retirada de tecido morto (auxilia a acelerar o processo de cicatrização e evitar
que ocorra infecção no tecido);
➔ Quando a formação de coágulos em feridas ou em cavidades, ele sempre deve ser retirado,
pois é um ótimo meio para proliferação de bactérias > após a retirada do coágulo, o vaso
sanguíneo que originou o coágulo deve ser suturado;
➔ Quando houver a presença de corpos estranhos, eles devem ser sempre retirados (Ex.: fios de
sutura presentes em tecido morto, tem grande chance de haver formação de biofilmes ao redor
do fio, gerando grande contaminação naquele tecido);
➔ Caso clínico 1: canino, fêmea, 6 anos, ovariohisterectomia realizada a 5 dias, com ferida
suja/infectada e deiscência da ferida, com conteúdo purulento, com tecido subcutâneo e
muscular opaco, lembrando um tecido morto;
Maira Bertó Puntel, 2024
◆ Para o tratamento de uma ferida infectada deve-se realizar antibioticoterapia com
antibióticos de amplo espectro e manejo local da ferida (desbridamento, lavagem da ferida
com soro fisiológico para redução da carga microbiana, retirada dos fios de sutura);
◆ O ideal para o tratamento de um caso como esse, o ideal seria limpar e desbridar a ferida,
retirar os fios de sutura e manter a ferida aberta por alguns dias e após realizar nova
sutura para cicatrização (pouquíssimos hospitais operam dessa forma, devido a
dificuldade de deixar o abdômen do animal aberto);
◆ As causas para contaminação deuma ferida operatória podem ser a lambedura, seroma
que fez com que os pontos se abrissem, má higienização pré-operatória (tricotomia mal
feita), ambiente em que o animal vive;
◆ Todo o novo tratamento da ferida é realizado no bloco cirúrgico, com todos os
equipamentos esterilizados;
◆ Açúcar (poder bactericida, bacteriostático - puxa água das células e ajuda a diminuir a
carga microbiana no local) pode ser uma opção para realizar o tratamento de feridas
abertas, auxiliando na redução dos sinais infecciosos e inflamatórios;
➔ Caso clínico 2: canino, fêmea, 1 mês, SRD, interação animal (mordida), atendimento quase
imediato;
◆ Ferida limpa e limpa contaminada são provocadas pelo veterinário em pele íntegra,
portanto, essa ferida provocada por outro animal, é classificada como contaminada;
◆ Antibiótico profiláctico (antibiótico de amplo espectro focado para o local que ocorreu a
lesão) + manejo local;
➔ Caso clínico 3: canino, fêmea, 1 ano e 5 meses, golden, anorexia e algia abdominal, animal
ingeriu um corpo estranho e encaminhado para procedimento cirúrgico, o corpo estranho
estava estagnado em uma porção do intestino, com um leve ruptura;
◆ Foi realizada uma enterectomia (remoção de um segmento intestinal) com
enteroanastomose (união das alças remanescentes);
◆ Animal apresentou líquido livre na cavidade, possivelmente uma peritonite;
◆ É necessário um aspirador cirúrgico, para aspirar o líquido livre na cavidade e evitar a
contaminação do campo;
◆ O peritônio estava extremamente avermelhado, aumento da circulação sanguínea no
local, sinal de um intenso processo inflamatório;
Definições e conceitos:
➔ Assepsia: é o conjunto de manobras e técnicas que realizados de forma metódica e ordenada,
visam diminuir a quantidade de microrganismos e minimizar os riscos de infecção (técnica
asséptica - controle da assepsia);
➔ Quando não ocorre a assepsia de forma correta, ocorre uma quebra da técnica asséptica;
➔ Nível de esterilização: crítico (equipamentos ou implantes que entram no tecido estéril do
sistema vascular), semi crítico (não penetra no corpo, só tem contato com pele ou membrana
Maira Bertó Puntel, 2024
mucosa), não crítico (instrumentais que entram em contato com membranas mucosas ou pele
íntegra, não necessariamente em procedimento cirúrgico);
Nível de esterilidade Definição
Requisitos para
esterilização, limpeza e
manuseio
Exemplos
Crítico Equipamentos ou implantes
que entram no tecido estéril do
sistema vascular
Requer esterilização
(manusear com técnica
estéril)
Implantes, cateteres,
instrumentos cirúrgicos,
material de sutura
Semicrítico Equipamentos que não
penetra no corpo, só entra em
contato com a pele ou
membranas mucosas
Requer desinfecção de
alto nível (esterilização
geralmente não mantida
durante o procedimento)
Vaginoscópios,
colonoscópios, alguns
instrumentos
odontológicos, tubos
endotraqueais
Não crítico Instrumentos que entram em
contato com as membranas
mucosas ou pele intacta não
diretamente associadas à
cirurgia
Limpeza terminal,
recomendada entre
pacientes (desinfecção
apropriada em alguns
casos)
Sondas de ultrassom,
manguitos de pressão
arterial, estetoscópios,
oxímetros de pulso
◆ Esterilização:
◆ Antissepsia: conjunto de métodos empregados para impedir a proliferação de
microrganismos patogênicos por determinado tempo (empregado para TECIDOS VIVOS -
pele e mucosas);
● Redução da carga microbiana da pele antes de um procedimento cirúrgico;
● Iodo (iodóforos, derivados de iodo), álcool (etílico ou isopropílico), clorexidina
(principais anti-sépticos);
● Clorexidina: amplo espectro sobre as bactérias (mais contra gram +);
○ Ação parcial sobre fungos;
○ Pouca ação contra vírus e bacilo da tuberculose;
○ Início da ação 15 segundos após a aplicação;
○ Exerce ação residual de até 6-8 horas após a aplicação (redução de carga
microbiana por mais tempo);
○ Antissepsia de mãos/antebraço do paciente e do cirurgião (degermação - iodo
deixa a pele + ressecada);
○ Age na presença de matéria orgânica (iodo não possui essa capacidade);
○ Clorexidina sabão degermante (1 a 4% de concentração), utilizada para
degermação do cirurgião e antissepsia prévia do paciente;
○ A antissepsia definitiva é feita com o clorexidine alcoólico 0,5%;
○ Em membranas mucosas, a concentração deve ser menor (0,12-0,2%), em
solução aquosa, nunca alcoólica;
● Polivinilpirrolidona-iodo (PVP-I):
Maira Bertó Puntel, 2024
○ Boa ação contra bactérias, fungos e vírus, inclusive o bacilo da tuberculose;
○ Início de ação rápido, porém com pouca ação residual;
○ Iodo resseca mais a pele, provocando mais irritação;
○ 10% de uso tópico;
○ Antissepsia do paciente: álcool, PVP-I, álcool (passa álcool > passa iodo >
retira o excesso de iodo com álcool);
○ Degermante: escovação e higienização (apresentação em menor concentração
- iodo degermante);
○ Iodo pode ser tóxico para felinos, a utilização deve ser evitada;
◆ Desinfecção: é o processo empregado para redução da carga microbiana dos ITENS
INANIMADOS que entram em contato com o paciente;
● Instrumental cirúrgico, sonda, endoscópio;
● Níveis de desinfecção (tempo de exposição ao desinfetante - em contato com o
desinfetante);
○ Baixo: não elimina micobactérias e alguns vírus;
○ Intermediário: elimina o bacilo da tuberculose;
○ Alto: elimina todos os microrganismos, exceto esporos microbianos;
● 1 - Higienização: primeira etapa do processo;
○ Remove a matéria orgânica, diminui a carga bacteriana;
○ Emprego de detergentes tensoativos e enzimáticos (coloca o instrumental
submerso no detergente - ajuda a eliminar a matéria orgânica);
○ Limpa os instrumentais e seca;
● 2 - Desinfecção: utilização de desinfetantes - glutaraldeído, ácido peracético, virkon
(superfícies), formaldeído (ortoftalaldeído 0,55% - derivado do formol);
02/09/2024
○ Glutaraldeído a 4%: corrosivo, irritante, tóxico e teratogênico/carcinogênico;
◆ Nunca colocar as mãos em contato com o glutaraldeído (sempre usar
luvas ao manusear);
◆ Indicado para endoscópios (sempre usar o mesmo desinfetante por toda
vida útil do equipamento) e instrumentos frágeis, que não possam ser
esterilizados por calor;
◆ Glutaraldeído vem em pó, é misturado com água e os instrumentais são
submersos nesse líquido, por no mínimo 30 minutos, após isso se retiram
os instrumentais, usando luvas estéreis e se lava novamente os materiais
com soro fisiológico (glutaraldeído não deve entrar em contato com a pele
do animal, os resíduos do desinfetante devem ser removidos muito bem);
◆ Validade da solução após aberta: 14-28 dias (material não é
biodegradável);
Maira Bertó Puntel, 2024
○ Ácido peracético:
◆ Corrosivo, irritante, biodegradável;
◆ Indicado para endoscópios e instrumentos frágeis que não possam ser
esterilizados pelo calor;
◆ Tempo de exposição: 10-15 minutos para uma desinfecção de alto nível;
◆ Validade da solução após aberta: 30 dias;
◆ Custo mais elevado que o glutaraldeído;
○ OPA - Ortoftaldeído:
◆ Tempo de desinfecção: 10 minutos (para esterilização, o tempo pode
variar);
◆ Produto pronto para uso, não requer ativação;
◆ Desinfecção de alto nível;
◆ Artigos semi críticos (entram em contato somente com a pele e mucosas),
inclusive endoscópios, que não podem ser submetidos ao calor;
● 3 - Esterilização: destruição total de microrganismos, inclusive esporos, de objetos
utilizados na cirurgia (inanimados e pequenos = instrumental cirúrgico, sondas,
cateteres, fios de sutura, roupas de paramentação, luvas - itens críticos - entram em
contato com os tecidos estéreis do paciente);
○ Fatores que afetam o processo de esterilização: assim que o material sai da
sala de cirurgia (área limpa do bloco), ele já vai para área de lavagem (evita
contaminações cruzadas);
◆ Remoção da matéria orgânica (água sabão ou detergente enzimático -
sangue seco impossibilita a exposição do agente) > tempo de exposição
aos desinfetantes (tempo varia de acordo com o desinfetante utilizado) >
temperatura;
○ Cuidados prévios: material deve estar higienizado e seco (material deve serembalado (a embalagem deve ser feita de material que possibilite o acesso ao
agente esterilizante - papel grau cirúrgico - material se mantém estéril por até 1
ano) antes de ser colocado na autoclave);
◆ Empacotamento: papel grau cirúrgico (após a utilização deve ser
descartado) ou TNT cirúrgico (mantém estéril por 15 dias - microporos do
TNT se fecham quando a autoclave atinge determinada temperatura, não
pode ser reutilizado);
○ Métodos:
◆ Calor seco: flambagem e estufa (não é + permitida como método de
esterilização - é mais utilizada para secar o equipamento, mas nunca
esterilizar);
● Estufa diminui a vida útil do material, após algumas vezes, o material
fica opaco e pode quebrar;
Maira Bertó Puntel, 2024
● Estufa não tem os vapores que entram nas ranhuras dos
equipamentos para esterilizados por completo;
◆ Calor úmido: autoclave;
● Alguns equipamentos são verticais (programação é feita de forma
manual) e outros horizontais (mais automatizados);
◆ Substâncias químicas: desinfetantes e antissépticos (tempo de exposição
aos agentes é muito longo);
◆ Radiação: raios gama, ultravioleta (métodos mais caros);
➔ Estufa: calor seco, sem umidade - método antigo;
◆ Para esterilização, deixar o material na estufa por 60-65 minutos a 160° (derrete ou
queima alguns materiais);
➔ Autoclave: calor úmido, vapor d'água (penetra melhor nas ranhuras dos instrumentais,
fazendo um esterilização completa);
◆ 121° (plásticos: 15 minutos, instrumental e panos: 30 minutos);
◆ 134° (endoscópio rígido/flexível: 5 minutos);
● Quando for semi novo, optar pelos desinfetantes;
➔ Substâncias químicas: utilizadas em instrumental delicado, que perde o fio facilmente;
◆ Vida útil do material diminui muito (desinfetantes são corrosivos);
◆ Tintura de iodo, glutaraldeído a 4% (8-10 horas de exposição), ácido peracético (30-40
minutos de exposição) e formalina (mínimo 20 horas de exposição);
◆ Utilizar substâncias químicas em casos de necessidade, o ideal é sempre esterilizar (Ex.:
quando for realizar + que uma cirurgia a campa, leva o material esterilizado e após o
primeiro uso, faz a esterilização com produtos químicos para a próxima cirurgia);
➔ Óxido de etileno: gás;
◆ Pode ser utilizado para a maioria dos equipamentos médicos (inclusive os mais
delicados);
◆ É extremamente inflamável e explosivo;
◆ Apresenta efeitos carcinogênico, teratogênicos e dermatológicos;
◆ Exige equipamentos (câmaras de óxido de etileno) e cuidados especiais (não atinge mais
de 60°);
◆ Alto custo;
◆ Não causa grandes danos ao animal (reesterilização de fios de sutura);
◆ + utilizado em hospitais humanos;
CENTRO CIRÚRGICO:
Maira Bertó Puntel, 2024
➔ Espaço físico hospitalar, equipado adequadamente, onde são realizadas as intervenções
cirúrgicas;
➔ Setor cirúrgico:
◆ 1 - Sala de preparo de pacientes: pacientes após MPA são direcionados para esta sala,
onde se realiza tricotomia, acesso e fluidoterapia e após o paciente é levado para a sala
de cirurgia;
◆ 2 - Sala de antissepsia e paramentação: pias, torneiras com dispensador automático de
anti séptico e de água (no momento da lavagem de mãos antes da cirurgia, o cirurgião
não deve encostar em nada, existem botões no chão, próximo aos joelhos ou sensores
automáticos nas torneiras para dispensar água e antisséptico);
◆ 3 - Sala de lavagem e esterilização dos materiais: lavadora, centrífuga, autoclave, estufa,
seladora (materiais saem de lá prontos para irem para o bloco cirúrgico);
◆ 4 - Unidade de recuperação anestésica: pacientes saem da sala de cirurgia e vão para
essa sala para serem acompanhados (é muito comum que os animais tenham uma leve
hipotermia após o procedimento cirúrgico - precisa ser recuperado muito bem para voltar
pra internação ou ir para casa);
◆ 5 - Sala cirúrgica
➔ Centro cirúrgico:
◆ Área suja (onde ocorre a paramentação - pijama, gorro e máscara) > área limpa;
◆ Vestimenta: pijama cirúrgico, gorro, máscara, propé;
◆ Sala de lavagem e paramentação: pias e torneiras adequadas, torneiras e
compartimentos para sabão, degermante e antisséptico (dispositivos para manuseio com
o pé, joelho ou cotovelo);
◆ Piso, parede, teto e outras superfícies precisam ser lisos, não porosos, não inflamáveis,
resistentes e com cantos arredondados, cores claras, não pode ter aberturas (frestas e
janelas) e não ter cortinas;
◆ Sistema de ventilação: 20 trocas de ar por hora, remoção de gases anestésicos (animal
com anestesia inalatória, elimina a substância quando expira, juntamente com o gás
carbônico - a equipe pode ser anestesiada, causa dor de cabeça);
◆ Iluminação: lâmpadas halógenas/xenon;
◆ Temperatura: 16,5-20° (conforto para a equipe, porém o animal pode entrar em
hipotermia);
● Temperaturas maiores podem aumentar o risco de infecção;
◆ Umidade: 50 a 55%;
◆ Equipamentos na sala de cirurgia (está dentro do bloco): mesa de cirurgia (automática -
pantográfica), equipamento de anestesia inalatória, monitor multiparamétrico, aspirador
cirúrgico, saída comum de gases, descarpac, mesas para instrumental, foco de teto ou de
chão;
➔ Equipe cirúrgica:
◆ Cirurgião, auxiliar, instrumentador e volantes;
Maira Bertó Puntel, 2024
➔ Degermação: antissepsia da mãe e antebraço da equipe cirúrgica (reduzir ao máximo o número
de microrganismos existentes);
◆ Na última década foram desenvolvidos três principais aspectos para antissepsia:
● 1 - Não usar escovas - somente na palma da mão e dedos/unhas (esfregar);
○ Essa prática não é mais recomendada porque os estudos determinam que
esfregar com uma escova, pode resultar em aumento da contaminação
bacteriana (exposição de microrganismo mais profundos na pele);
● 2 - Introdução do álcool (antissépticos para lavagem das mãos com veículos
alcoólicos);
● 3 - Redução na duração da preparação;
◆ Sequência para degermação: lavagem inicial das mãos (água e sabão) > escovação das
mãos e antebraço (mãos sempre elevadas acima do cotovelo - cuidar para não encostar
em nada - inicia a lavagem pelas mãos, unhas, dedos, interdígitos, dorso, palma,
antebraço) > enxágue das mãos e antebraços, com água corrente > enxágue das mãos e
antebraço com antisséptico > em outra sala, terá uma compressa para secar as mãos,
começando pelas dedos e por último o antebraço > capote (só tocar na parte de dentro do
avental) e luvas (só tocar na parte de dentro das luvas) > após a paramentação, deixar as
mãos erguidas na altura do peito;
◆ Remover anéis, pulseiras, relógios, unhas rentes, sem esmalte e cutículas sadias, pele de
mãos e antebraço precisa estar íntegra;
◆ Uma esfregação de 5-7 minutos para o primeiro caso do dia, seguida por lavagens de 2-3
minutos entre as lavagens subsequentes;
Tempos fundamentais da cirurgia - I
➔ Princípios de Halsted - cirurgia asséptica e atraumática:
◆ William Stewart Halsted, responsável pela criação de diversas técnicas cirúrgicas
fundamentais utilizadas até hoje, além de instrumentais utilizados até hoje;
◆ Introduziu o uso das luvas de borracha para prática de cirurgia (uma enfermeira de sua
equipa tinha dermatite de contato com alguns materiais utilizados na cirurgia, por conta
disso Halsted desenvolveu as luvas para que a enfermeira usasse, após isso elas foram
melhoradas e utilizadas em toda equipe);
◆ Princípios de Halsted:
● 1 - Aproximação sem tensão (aproximação de tecidos sem tensão da ferida - quando
há muita tensão, pode ocorrer deiscência da ferida, geralmente por isquemia e
necrose);
● 2 - Movimentos mínimos e precisos;
● 3 - Dissecar somente o indispensável;
● 4 - Hemostasia precisa;
Maira Bertó Puntel, 2024
● 5 - Reduzir a exposição dos tecidos ao mínimo (incisões devem ser mínimas);
● 6 - Manipulação suave;
● 7 - Uso de instrumentos e técnicas corretas;
● 8 - Uso de compressas embebidas em solução fisiológica morna (quando há muito
tecido exposto, ele pode ficar ressecado, compressas com soro fisiológico morno
para umedecer a área);
➔ Todo procedimento cirúrgico envolve 3 tempos básicos:
◆ Incisão ou excisão de tecidos: DIÉRESE (separação tecidual - cateterismo);
◆ Prevenção/tratamentode hemorragias: HEMOSTASIA (técnica das três pinças);
◆ Uso de suturas, nós e outros materiais, para restauração da estrutura anatômica e
sustentação dos tecidos durante a cicatrização: SÍNTESE;
➔ DIÉRESE:
◆ Conjunto de manobras manuais ou instrumentais, que visa dividir os tecidos;
◆ Classificação: diérese cruenta (perda sanguínea aparente) e diérese incruenta (pouca ou
nenhuma perda sanguínea);
◆ Diérese cruenta:
● Arrancamento (tração/contra-tração):
○ Ex.: arrancar massas tumorais - torção dos pequenos vasos que estão entre a
pele e os tecidos abaixo, isso geraria uma hemostasia dos vasos, porém
causar muita dor e desconforto no pós-operatório (o ideal é sempre dissecar os
vasos);
● Curetagem:
○ Cureta - pequena colher (instrumental cirúrgico, utilizado para remoção de
tecidos superficiais);
○ Ex.: retirar fibrose, necrose… (curetagem de tecido fibroso que está aderido ao
osso em cirurgias ortopédicas);
● Debridamento:
○ Remover debris (restos celulares - tecido morto inviável);
○ Empregado em feridas para eliminar o debris (remoção de tecidos necrosados
em feridas de queimadura ou infecção);
○ Pode ser feito com curativos;
○ Desbridamento biológico - remoção com pomadas (colagenase - em feridas
contaminadas e infectadas);
○ Remover tecido inviável para deixar a ferida melhor, reavivar as bordas para
melhorar o tecido de granulação (epitélio novo cresce da periferia para o
centro);
Maira Bertó Puntel, 2024
● Divulsão:
○ Afastamento de tecidos sem secção (separar os tecidos sem seccionar);
○ Ex.: musculatura do flanco, em grandes animais (várias camadas);
○ Abertura do peritônio sem cortar (usa a tesoura de forma contrária);
● Exérese: remoção/retirada de estrutura;
○ Ex.: neoplasias (exérese de tumor cutâneo);
○ Existem exéreses mais simples que outras (algumas têm a aproximação do
tecido feito de forma fácil e outras as margens ficam muito distantes,
dificultando a sutura);
○ Dependendo da localização, pode levar outros nomes (Ex.: mandibulectomia);
○ Quando há tumores em regiões distais de membros, a recuperação é mais
difícil, por conta da irrigação no local;
○ Flap - realizado a fim de fechar feridas muito grandes, puxando tecidos e vasos
de outras áreas para fechar o local da ferida;
03/09/2024
● Fratura/osteoclasia: realizada com fio serra, serra ossos;
○ Fraturas podem ser provocadas pelo próprio cirurgião (realizada de várias
formas - serra de ossos, formão e martelo);
○ Separação de tecido ósseo;
○ Ex.: luxação de patela - deve ser feita a correção de lesões ósseas, nestes
casos se realizam fraturas ósseas para após colocar o osso no lugar correto;
● Liberação de aderências:
○ Aderências podem surgir após remoção de tumores e em outras cirurgias mais
invasivas;
○ Geram desconforto no paciente;
○ Adesiólise = desfazer aderências;
○ Pacientes pode apresentar incômodo por conta de aderencias meses após a
cirurgia;
● Punção:
○ Cistocentese (punção na bexiga), toracocentese (punção no tórax);
○ Podem ser feitas com agulhas, drenos…
● Punço-incisão:
○ Ex.: drenagem de abscesso, cistotomia, ruminotomia (punção no rúmen), feita
com objetos cortantes - bisturi;
● Incisão propriamente dita (bisturi):
○ Manobra cirúrgica de maior importância, presente em praticamente todas as
intervenções cirúrgicas;
Maira Bertó Puntel, 2024
○ Eletrocirurgia deve ser utilizada de forma pontual (pode dificultar a cicatrização
- vasos que irrigam a ferida, são cauterizados);
○ Usos pontuais, apenas alguns vasos, nunca em tecidos muito grandes;
➔ Instrumental básico de diérese:
◆ Bisturi: cabos número 3,4 e 7;
● N° 3: comporta as lâminas da primeira dezena (10 a 15);
● N° 4: comporta lâminas da segunda dezena (20 a 24 - lâminas maiorias e mais
utilizadas);
● N° 7: lâminas da primeira dezena (cabo mais longo - utilizado em cirurgias
realizadas em tecidos mais profundos);
○ Lâmina 11 (incisões pontuais e pequenas) e lâmina da segunda dezena são
mais parecidas (21, 22, 24);
● Empunhadura do bisturi: TIPO LÁPIS;
○ Maior equilíbrio da mão;
○ A mão repousa sobre o corpo do animal, maior sustentação, movimentos são
mais precisos;
○ Empregado para inscrições breves e precisas;
○ Há menor contato da lâmina de corte com o tecido;
● Empunhadura do bisturi: TIPO ARCO DE VIOLINO;
○ Incisões mais amplas, usa o movimento do braço, maior contato da borda de
corte da lâmina com o tecido;
○ Maioria das incisões são feitas dessa forma;
○ Mais amplitudes de movimento;
● Empunhadura de bisturi: TIPO FACA (palmat);
○ Maior pressão para incisão dos tecidos;
○ Menor precisão;
○ Usa movimentos do braço;
○ Celiotomia e laparotomia em grandes animais;
● O ideal é fazer um incisão magistral = incisão única no tecido;
● Anfractuosidade = irregularidades na pele - ocorre quando no momento da incisão,
precisamos passar o bisturi várias vezes para ter a incisão completa (dificultam a
cicatrização);
◆ Tesouras:
● Tesoura reta: proporciona maior rendimento mecânico que as tesouras curvas,
usada em tecidos densos e secções retas (Ex.: celiotomia);
● Tesoura curva: oferece as vantagens de maior visibilidade/mobilidade. Usada em
ferimentos profundos, cavidades corporais e secções curvilíneas (Ex.: secção de
Maira Bertó Puntel, 2024
tecido em abdômen de um equino - maior seguridade para não causar lesões
iatrogênicas);
● Tipo de ponta:
○ Romba (preferível a qualquer outro instrumento para divulsão);
○ Pontiaguda (maior chance de lesão iatrogênica nos tecidos - não recomendada
para dissecação de tecidos, nem incisão profunda);
● Forma da lâmina:
○ Reta x curva (ideal ter as duas);
● Tipo de corte:
○ Simples ou serrilhada (simples é mais utilizada);
○ Empunhadura da tesoura: tripé de base ampla (dedo e quarto dedo) - para a
maximização das forças;
○ Ex.: Metzenbaum (não deve ser utilizada para cortar fios, nem seccionar
tecidos densos, deve ser utilizada para dissecações e secção de tecidos mais
delicados), mayo (secção de tecido mais denso - ampliação de celiotomia) e
standard (cortar fios ou seccionar tecidos muito densos);
○ Incisões com tesouras: mais aplicável em incisões curtas (ampliação de
incisões - não deve ser utilizada na pele diretamente, isso pode esmagar os
tecidos, prejudicando a cicatrização);
◆ Ampliação de uma celiotomia com as lâminas da tesoura semifechadas,
diminui o risco de lesão iatrogênica;
◆ Pinças de preensão: ajudam a separar tecidos (auxiliam na diérese e na síntese);
● Pinças elásticas, de dedo, ou de dissecção:
○ Pinça de dissecação anatômica padrão (standard);
○ Pinça de dissecação padrão com dente (“dente de rato”);
○ Pinça Adson (com e sem dente);
○ Pinça Adson-Brown (possui vários pequenos dentinhos - reduz o trauma nos
tecidos);
○ Pinça de cushing é utilizada para cirurgias mais delicadas (menos traumáticas
que outras pinças - cirurgias oftálmicas);
○ Pinça deBakey (pinça atraumática - preensão de tecidos sem causar traumas -
utilizada em tecidos delicados - ex.: enterotomia);
● Pinças com cremalheira (auto-estáticas):
○ Auxiliam na dissecação dos tecidos, na diérese;
○ Pinça Allis: apreender a fáscia/aponeurose muscular ou gordura > elevar >
punço-incisão para celiotomia (pinça traumática - não se pega pele com ela);
○ Pinças Babcock e Doyen: atraumática - utilizadas em intestinos (utilizadas em
tecidos mais frágeis, apreende sem esmagar (quando o tecido é esmagado,
Maira Bertó Puntel, 2024
pode ocorrer isquemia, que pode virar necrose e após ocorrer a ruptura do
tecido) - intestinal);
○ Pinça Collin (pega a gaze para realizar antissepsia do paciente);
○ Pinça Duval (pouca utilidade - área maior, para apreender tecidos maiores -
tecidos que serão retirados);
◆ Diérese incruenta:
● É a manobra de secção dos tecidos sem que ocorra perda sanguínea aparente;
● Ex.: eletrocirurgias (calor faz com que ocorra desnaturação de proteínas,
coagulando os vasos sanguíneos) e laser (secção de tecidos sem perda sanguínea
aparente);
● Ex.: colecistectomia (remoção da vesícula biliar);
● Hemostasia pode ser realizada com clipes de titânio;
Temposfundamentais da cirurgia - II
➔ HEMOSTASIA:
◆ É o conjunto de manobras manuais e/ou instrumentais que visam deter ou prevenir uma
hemorragia, ou impedir a circulação do sangue em uma determinada área por tempo
limitado ou permanentemente;
◆ Importância da hemostasia: o sangramento máscara o campo operatório, reduzindo a
precisão e eficiência operatória;
◆ A presença de sangue no campo, nas luvas, instrumentais, panos de campo, fornece
meio ideal para o crescimento bacteriano e aumenta a possibilidade de infecção;
◆ Em casos de vasos menores, uma compressão com gaze já resolve a hemorragia, porém
em casos de hemorragia de vasos maiores, o vaso deve ser identificado e suturado;
◆ Deve-se irrigar os tecidos, para remover coágulos ou limpar a área;
◆ Vasos com sangramento ativo, mesmo que pequenos, tendem a formar hematomas ou
seroma no pós operatório, o que diminui a oxigenação tecidual, predispondo infecção no
pós operatório;
◆ Após a remoção do coágulo, o local deve ser lavado com solução fisiológica e somente
após a limpeza deve ser feita a síntese, reduzindo o espaço morto, para impedir a
formação de seroma;
◆ A hemorragia pós operatória impede a coaptação apropriada das bordas da ferida,
retardando a cicatrização, aumentando a probabilidade de infecção e deiscência de ferida
cirúrgica;
◆ Hemorragia prolongada pode levar a choque hipovolêmico e óbito;
Maira Bertó Puntel, 2024
◆ Hemorragia pode causar uma taquicardia compensatória (pressão está muito baixa pela
perda sanguínea), mucosas pálidas, TPC aumentado;
◆ Formação de coágulos pode dissecar tecidos > remoção feita de forma cirúrgica > reiterar
o coágulo > fazer a hemostasia do vaso que deu origem ao coágulo (pode ser realizada
anastomose ou fechamento completo do vaso) > lavar o local com soro fisiológico >
realizar a síntese e reduzir o espaço morto;
10/09/2024
Classificação da hemorragia:
➔ Quanto a localização:
◆ Externa: sangue flui diretamente para o exterior;
● Em casos de sangramento ativo, somente a compressão do local é suficiente para
estancar a hemorragia;
● Em sangramentos mais graves, deve-se identificar o vaso que deu origem a
hemorragia, pinçar o vaso e sutura-lo;
● Quando há sangramento difuso (capilares/vasos menores) a compressão é
dificultada pela extensão do sangramento, mas inicialmente se utilizam compressas
estéreis, para ganhar tempo hábil para o planejamento do que fazer;
● Hemorragias externas são de mais fácil tratamento;
◆ Interna: percepção e controle são mais desafiadores;
● Interstício: equimoses, petéquias, sufusões;
● Espaço morto: hematoma, seroma;
● Cavidade: hemotórax, hifema, hemoabdomen;
● Hemorragias internas tendem a ser mais discretas (Ex.: animal com baço tumoral,
que se rompe, isso irá gerar uma hemorragia interna, que em alguns casos pode
demorar para ser detectada);
➔ Quanto ao vaso:
◆ Arterial: sangue de cor vermelha, fluxo rápido, forte e sincronizado com o pulso;
◆ Venoso: sangue de cor vermelho escuro e com fluxo mais lento;
◆ Capilar: Perda sanguínea lenta, superficial, geralmente difuso;
● Vasos de difícil localização e pinsação, a hemostasia é feita com energia ou
compressão;
◆ Outros: hemorragias mistas;
Maira Bertó Puntel, 2024
➔ Tipos de hemostasia:
◆ Preventiva/profilática: compressão dos vasos com torniquetes;
◆ Temporária: tamponamento com gaze ou compressão digital;
◆ Definitiva: aplicada definitivamente ao vaso, ligadura, transfixação ou eletrocoagulação;
◆ Ligamentos temporário em pacientes normotérmicos (durante a anestesia, os animais
podem ter hipotermia, levando a diminuição desses tempo):
● Aorta torácica: 5-10 minutos;
● Artéria hepática: 30 minutos;
Métodos de hemostasia:
➔ Físicos:
◆ Compressão circular: hemostasia auxiliar/temporária;
● Ex.: remoção de massa tumoral em algum membro;
● Torniquete;
● Bandagens elásticas;
● Evitar deixar por longos períodos, especialmente em extremidades (até 30-60
minutos, mais que isso, pode haver lesão isquêmica > necrose > deiscência de
sutura);
◆ Compressão digital: pressão exercida pelos dedos sobre o vaso;
◆ Pinças hemostáticas:
● Temporária: apreensão do vaso e ligadura;
● Definitiva: torção, faz a hemostasia somente com a pinça (Ex.: pinçar os vasos e
deixar as pinças por um tempo - eficiente em vasos pequenos);
◆ Instrumental cirurgico de hemostasia:
● Pinças com travamento automático: Hartmann-Halsted, Halsted (mosquito), Kelly
(serrilhada até a metade da mandíbula), Crile (serrilha em toda mandíbula),
Rochester-pean, Kocher, Mixter (ponta de 90°) - todas essas pinças são traumáticas,
não devem ser utilizadas em casos de hemostasia temporária;
● Pinças com travamento por mola (atraumáticas): utilizadas em cirurgias que
necessitam de hemostasia temporária, cample bulldog (oclui o vaso sem causar
esmagamento);
Maira Bertó Puntel, 2024
○ Existem camples vasculares com cremalheira e ranhuras (ranhuras
atraumáticas - não lesam o vaos) - existem em várias angulações;
◆ Técnica para aplicação das pinças hemostáticas:
● Sempre a menor pinça possível (mais delicada) capaz de efetuar a hemostasia;
● Utilizar a ponta da pinça (pinças curvas são mais versáteis) - preensão da menor
quantidade de tecido possível;
● Vasos pequenos a curvatura é usada com a ponta para baixo, se realiza a torção do
vaso;
● Vasos mais calibroso, pinça com a ponta para cima, necessitam de sutura para fazer
a hemostasia;
◆ Ligaduras:
● Sempre que possível realizar duas ligaduras, sobretudo nos cotos arteriais (circular
e transfixante);
● Tipos:
○ Circulares - vaso é circulado com o fio, funciona bem para vasos menores, com
fluxo de sangue pequeno (nó de cirurgião);
○ Transfixantes - transfixa o vaso com o fio, agulha passa por dentro do vaso, faz
um meio nó (permite que o fio corra de forma melhor) e fecha o nó do outro
lado (primeiro se realiza a circular a após a transfixante, pois como a
transfixante perfura o vaso, pode haver sangramento, quando se faz a circular
antes, evita o sangramento);
○ Quando o fio tem muita memória (nylon) deve-se realizar mais meios nós;
○ As pinças são também são úteis para esmagar os tecidos adjacentes, como a
gordura, para que no momento da sutura, o nó seja fechado com mais
segurança, fixando bem o vaso;
● Angiotripsia: oclusão por esmagamento, feita com pinças ou com o emasculador
(grande pinça hemostática que esmaga o tecido e faz a hemostasia por
esmagamento - após a hemostasia o tecido o próprios instrumental secciona o
tecido);
● Coagulação: eletrocirurgia (desnatura proteínas e coagula o vaso);
○ Diatermia monopolar (modo “coagulação”);
○ Diatermia bipolar convencional (só existe modo coagulação);
○ Energia bipolar controlada: aparelho faz a leitura de quanto é necessário para
cauterizar o tecido (mais segura, dissipa menos calor para os tecidos em volta);
○ Energia ultrassônica: energia muito segura, é possível coagular vasos de até
7mm de diâmetro;
Maira Bertó Puntel, 2024
○ Princípio: passagem de corrente elétrica do eletrodo positivo para os tecidos e
finalmente ao eletrodo neutro, levando a um superaquecimento dos tecidos e
coagulação por desnaturação das proteínas teciduais;
○ Energia monopolar: colocada uma placa em contato com o paciente (eletrodo
neutro - placa fixada com gel de ultrassom no paciente) e uma caneta (eletrodo
positivo) que é utilizada para fazer a hemostasia dos tecidos;
○ Energia bipolar: não há necessidade de placa, pois ela tem duas pazinhas
(uma sendo o eletrodo neutro e outra o positivo), método mais seguro, pois a
energia não precisa passar pelo paciente;
○ Quanto menos for utilizada, melhor, pois podem haver danos colaterais;
○ Clipes de titânio: são muito eficientes na hemostasia, não costumam causar
reação no paciente e agilizam o procedimento cirúrgico;
○ Clipes de poliamida são mais seguros (é possível clipar vasos maiores de
forma mais segura);
➔ Químicos:
◆ Utilizados em cirurgias de pequenas proporções;
◆ Ex.: casqueamento em ruminantes e equinos (a utilização de pinças não é possível);
◆ Utiliza-se percloretode ferro para fazer a hemostasia, associado a compressão local
(hemorragias superficiais externas);
◆ Cera óssea: utilizada para fazer a hemostasia de sangramentos ósseos;
● Composto estéril de cera de abelha, parafina e palmitato de isopropila - tampona
pequenas ranhuras de onde estão saindo os sangramentos;
➔ Biológicos:
◆ Cola de fibrina: utilizados em órgãos parenquimatosos;
● Composto formado por fibrina humano e protrombina bovina;
● Polimerização ocorre de forma muito rápida (obstrução mecânica);
◆ Gelatina: em lâminas finas e flexíveis, esponjas (demora muito tempo para absorver o
sangue - pode contribuir para causar um processo infeccioso);
◆ Adrenalina de uso tópico: vasoconstrição periférica (sangramentos difusos na periferia -
Ex.: sangramentos nasais de equinos) - sempre tomar cuidado, pois podem haver efeitos
sistêmicos da adrenalina;
➔ Importância de remoção do sangue acumulado: remoção de coágulos intracavitários, evitar
formação de aderências, evitar contaminação;
Maira Bertó Puntel, 2024
➔ Remoção do sangue acumulado: absorção com compressas e gases em superfície, e nas
cavidades a absorção pode ser feitas com compressas e aspiradores;
➔ Aspiradores: existem vários modelos e várias ponteiras diferentes (possibilitam deixar o campo
cirúrgico mais limpo);
17/09/2024
TEMPOS FUNDAMENTAIS DA CIRURGIA - III
➔ Síntese: conjunto de manobras, manuais ou instrumentais destinado a reestabelecer, por meio
de fios ou outros materiais, a forma e a função dos tecidos, acidental ou voluntariamente
lesados;
➔ Em algumas feridas, a cicatrização por primeira intenção é dificultada, por conta do tamanho do
tecido que foi recortado;
➔ Fechamento por primeira intenção: aproximar as bordas e realizar a síntese sem que os tecidos
fiquem tensionados;
➔ A síntese deve ajudar a reduzir o espaço morto;
➔ A síntese deve ser planejada, sempre tentar fazer o fechamento da pele por primeira intenção
(em casos de tecido voluntariamente lesados);
➔ Condições para o sucesso da síntese:
◆ Seleção do fio e da agulha adequado para cada tipo de tecido e finalidade;
◆ Assepsia correta dos tecidos e dos materiais de sutura (nível crítico de esterilização -
entra em contato com tecidos estéreis do paciente);
◆ Redução do espaço morto;
◆ Atenuar/diminuir a tensão nas bordas de uma ferida (pode ser diminuído somente
mudando o padrão de sutura);
◆ Bordas de feridas limpas e sem anfractuosidades (sem irregularidades - deve-se remover
as bordas irregulares, deixando a ferida o mais retilínea possível, para facilitar a
cicatrização);
◆ Ausência de corpos estranhos em tecidos necróticos (restos de sangue, coágulo, fios -
devem ser sempre retirados);
◆ Evisceração: quando o tecido dos órgãos abdominais entram em contato com o meio
externo;
◆ Eventração: paciente tem deiscência de sutura, porém somente na camada muscular,
órgãos não são expostos ao meio externo;
➔ Instrumentos cirúrgicos relacionados a síntese:
◆ Agulhas, porta-agulhas, auxiliares (pinça de dissecação, tesoura para cortar fio), fio de
sutura, grampos cutâneos (síntese cutânea), colas (cianoacrilatos - corte de unhas ou
feridas muito pequenas) ou adesivas teciduais;
Maira Bertó Puntel, 2024
◆ Agulhas:
● Fundo (conectada ao fio - atraumático ou cego/fechado/rombo ou falso/francês),
corpo e ponta;
● Algumas agulhas tem o diâmetro muito parecidos com o do fio, são consideradas
traumáticas ou menos traumáticas;
● Algumas agulhas possuem o diâmetro maior que o do fio, são consideradas
traumáticas (ex.: agulha passa na vesícula urinária, fio é menor em diâmetro, não
tampa o furo completamente, podendo ocorrer extravasamento de líquido, levando a
uma peritonite);
● Em órgãos ocos, sempre deve-se utilizar agulhas atraumáticas;
● Corpo: cilíndricos (presente em agulhas atraumáticas, geralmente tem a ponta
cônica, não oferece boa fixação para o porta agulha - utilizadas em tecidos mais
delicados) ou triangulares (agulhas cortantes (ponta triangular) - utilizadas em
tecidos + densos, como a pele de bovinos);
● Formatos das agulhas: retas, curvas, semi retas, combinadas e especiais (agulha
em “S” - síntese de pele de bovinos e deschamps - fio metálico, cerclagem, muito
utilizado em cirurgia ortopédica);
○ Irá influenciar na angulação da mão para perfuração do tecido e retirada da
agulha do tecido;
Maira Bertó Puntel, 2024
◆ Porta agulha: Mathieu, Mayo-hegar, Olsen-hegar (tesoura junto com o porta agulha),
richter (delicado) e castroviejo (oftálmico - pequeno, empunhadura com os dedos);
◆ Auxiliares: pinças de preensão ou dissecção (standard/anatômica) e com dente
(“dente-de-rato”);
● Tesoura para fio: standard;
● Tesouras para fios metálicos;
● Pinça allis (aproximação de fáscias e aponeuroses);
◆ Fios:
● Material sintético ou derivado de fibra animal ou vegetal, flexível, com diâmetro muito
reduzido em relação a seu comprimento;
● É utilizado para contenção ou fixação de estruturas orgânicas ou elementos usados
em cirurgia por meio de suturas e nós;
● Grande variedade de fios;
● Vários calibres (12-0 é o mais fino e 7 é o mais grosso - quanto mais zeros, + fino é
o fio);
Maira Bertó Puntel, 2024
● Quanto mais fino o fio, mais caro ele é;
● Diâmetro dos fios é conferido em USP;
Maira Bertó Puntel, 2024
Maira Bertó Puntel, 2024
● Quanto à origem:
○ Naturais de origem animal (seda - bicho da seda e categute - submucosa da
serosa do intestino de bovino, 90% é colágeno);
○ Naturais de origem vegetal (algodão);
○ Sintéticos (sabe melhor a reação que o tecido irá ter a esse material e como irá
prosseguir seu uso): aço inoxidável/titânio, PDS - polidioxanona (+ se aproxima
do ideal), nylon, ácido poliglicólico, poliglactina 910, poliglecaprone 25,
poliéster, poligliconato, poligliconato 6211;
● Quanto a absorção/assimilação pelo organismo:
○ Absorvíveis: hidrólise ou fagovitose (catigu), poliglactina 910, ácido poliglicólico,
PDS;
○ Inabsorvíveis: sempre irão acompanhar o paciente, seda, algodão, nylon,
polipropileno e poliéster;
○ Tecidos apresentam períodos de cicatrização diferentes (tecido muscular,
subcutâneo e pele cicatrizam rápido, pode-se utilizar fios absorvíveis para
coaptação do tecido);
○ Alguns fios absorvíveis, demoram mais dias para serem absorvidos, podem ser
utilizados em tecidos que levam um tempo maior para cicatrizar;
○ Tecido nervoso periférico e tendões são sempre suturados com material
absorvível, pois demoram muito tempo para cicatrizar;
● Quanto ao número de filamentos:
○ Fios monofilamentares (PDS, poliglecaprone 25, náilon e polipropileno);
○ Fios multifilamentares - formados pelo emaranhado de vários fios (seda,
algodão, poliéster, ácido poliglicólico, poliglactina, categute);
○ Catgut cromado é revestido por sais de cromo;
Propriedades dos fios de sutura:
➔ Características físicas:
◆ Coeficiente de atrito/arrasto: quanto maior o coeficiente de atrito, maior será o dano
causado ao tecido (quando o fio passa pelo tecido, ele arrasta o tecido - fio
multifilamentar, tem maior coeficiente de atrito);
● Monofilamentar: menor coeficiente de atrito (utilizado em tecidos mais delicados);
◆ Capilaridade: processo pelo qual ocorre o transporte de fluidos e bactérias para o interior
do fio, quanto maior a capilaridade, maior o risco de infecção (multifilamentar tem maior
Maira Bertó Puntel, 2024
capilaridade, agrega mais fluido e microrganismos - não deve ser utilizado em ambientes
contaminados);
● Para sutura de órgãos ocos e feridas contaminadas se utiliza fio monofilamentar;
◆ Diâmetro do fio: padrão USP (united states pharmacopeia);
● Quanto maior o diâmetro, maior a resistência à tração (o polímero também influencia
na resistência à tração - nylon (0) tem menos resistência a tração do que o
poliglactina (2-0));
● Quanto mais 0, mais fino é o diâmetro;
● Sempre utilizar o fio de menor diâmetro possível (menos corpo estranho e menos
agressão ao tecido);
● Para sutura de pele em pequenos se utiliza 0, 2-0, 3-0 e em grandes animais, 0, 1, 2
e 3;
◆ Força tênsil: força que o fio conseguesuportar antes de romper, exercida no sentido do
seu comprimento;
● Relacionado ao diâmetro e o material do fio (fios de origem sintética tem maior
resistência e fios multifilamentares também possuem mais força tênsil);
◆ Elasticidade: capacidade que o fio tem que retomar a sua forma original e tamanho
originais após serem tracionados;
◆ Plasticidade: capacidade que o fio tem de manter-se sob nova forma após ser tracionado;
◆ Memória: relacionada a elasticidade e plasticidade;
● Quanto maior a memória, mais difícil é o manuseio;
● Fios com mais memória, tem maior possibilidade de causarem deiscência da ferida
(fio se abre com o passar do tempo);
● Fios monofilamentares costumam ter mais memória (varia de acordo com os
polímeros);
◆ Reações teciduais dos principais fios de sutura: fios de origem vegetal tem a maior
capacidade de causar reação no paciente (os que menos promovem reação tecidual são
o aço, inabsorvível e a polidioxanona, absorvível);
➔ Classificação das suturas:
◆ Continuidade:
● Separadas/interrompidas: a cada nó o fio é cortado, oferece maior segurança
(pontos são isolados, se um deles se romper, os outros se mantêm intactos), mais
empregada externamente;
○ Padrões: ponto interrompido simples, wolff, sultan, donatti, lambert, swift,
gambee;
Maira Bertó Puntel, 2024
● Suturas contínuas: feitas com um único fio, sem interrupção em órgãos, músculos,
etc (quando rompidas, toda a sutura se desfaz);
○ Contínuo simples, colchoelo contínuo, reverdin, lambert continuo, cushing,
conel;
● Combinadas/mistas: sutura contínua pode ser reforçada com pontos separados para
maior segurança;
◆ Quanto a função/biomecânica do nó:
● Inversora, invaginante, eversora, de aposição/coaptação, de sobreposição
(imbricação);
◆ Complicações:
● Síntese mal sucedida: deiscência (quando a sutura não é capaz de manter as
bordas unidas até a cicatrização da ferida - pode ser causado por pouca resistência
do fio, problemas de execução do nó e calibre inadequado do fio);
● Infecções: depende da intervenção e da área operatória (material inadequado - fios
multifilamentares em situação não recomendadas);
24/09/2024
ACESSOS CIRÚRGICOS ABDOMINAIS
➔ Região abdominal cranial (epigástrica):
◆ Diafragma, estômago (parte do cárdia, fundo e corpo gástrico), fígado e vesícula biliar;
➔ Região abdominal média (mesogástrica):
◆ Baço, pâncreas, intestino delgado, rins (rim direito é mais cranial que o esquerdo), parte
do intestino grosso (cólon transverso, cólon ascendente), rúmen (em bovinos e ovinos) e
glândulas adrenais (adrenal esquerda se localiza abaixo de um lobo hepático);
◆ Vasos frênicos abdominais dividem as glândulas adrenais no meio;
◆ Presença de linfonodos ligados a cadeia mesentérica;
◆ Omento;
◆ Cornos uterinos e ovários (ovário direito mais cranial);
➔ Região abdominal causal (hipogástrica):
◆ Vesícula urinária, vagina, ureteres, corpo uterino, colon descendente e linfonodos (região
com menor concentração de órgãos);
Classificação dos acessos cirúrgicos abdominais:
➔ Quanto ao local/ângulo:
Maira Bertó Puntel, 2024
◆ Mediana:
● Pré-umbilical - acima da cicatriz umbilical (região hipogástrica);
● Retroumbilical - depois da cicatriz umbilical;
● Pré-retroumbilical;
● Xifopubiana - celiotomia exploratória;
● Acesso menos traumáticos, não ocorre divulsão da musculatura, feita na linha
média/linha alba;
● Em animais muito grandes ou animais obesos, o acesso a linha média pode ser
dificultado, podendo transformar a incisão mediana em paramediana (no momento
da sutura será necessário aproximar os folhetos musculares dos dois lados -
deixando a cirurgia + demorada e difícil - folheto externo do músculo reto abdominal
é o que fornece maior sustentação);
● Músculo não sustenta a sutura, o que sustenta são os folhetos, músculo deve ser
deixado de fora no momento da sutura (há grande risco de deiscência se o músculo
for suturado junto);
◆ Paramediano: lateral a linha média (divulsão da musculatura - músculo reto abdominal);
◆ Paracostal: paralelo a última costela;
◆ Paralombar: paralelo ao processo transverso das vértebras;
● Acesso pelo flanco;
● Interfere na musculatura;
● Devemos somente divulsionar a musculatura, sempre evitar ao máximo a secção
(ocorrem sangramentos mais exagerados);
● Pele > subcutâneo > folheto externo > M. oblíquo abdominal externo > M. oblíquo
abdominal interno > M. transverso do abdômen > peritônio (em pequenos animais é
uma estrutura muito delgada (quando suturado, a probabilidade de formação de
sinéquias aumenta), já em suínos e equinos é uma estrutura + espessa, podendo
ser suturada após a finalização do procedimento cirúrgico);
● Incisão de pele e divulsão dos músculos;
● Em incisões maiores, é necessário seccionar pelo menos um grupamento muscular,
levando a sangramentos mais intensos;
◆ Paraprepucial: (paramediano) - machos, prepúcio deve ser rebatido;
Princípios cirúrgicos gerais:
➔ Tricotomia: no máximo duas horas antes da cirurgia;
➔ Anestesia geral;
➔ Drenagem vesical e monitoramento do débito urinário;
➔ Antissepsia e colocação dos panos de campo (1° campo impermeável - plástico ou TNT e 2°
pano de campo);
Maira Bertó Puntel, 2024
➔ Preparo de cães machos:
◆ Antissepsia e proteção do prepúcio (clorexidina aquoso - 0,12-0,2% ou PVP-I diluído a
0,5% em NaCl 0,9%);
◆ Antissepsia prévia - clorexidina degermante a 0,2%;
◆ Antissepsia definitiva - clorexidina alcoólica a 0,5%;
◆ Em membranas mucosas se utiliza clorexidina aquosa;
➔ Preparo de cavalos e touros:
◆ Animais retêm mais matéria orgânica no prepúcio, que pode ser removida com água e
sabão antes da realização da antissepsia definitiva;
◆ Antissepsia e proteção do prepúcio (clorexidina aquoso - 0,12-0,2% ou PVP-I diluído a
0,5% em NaCl 0,9%);
◆ Antissepsia prévia - clorexidina degermante a 0,2%;
◆ Antissepsia definitiva - clorexidina alcoólica a 0,5%;
◆ Clorexidina é melhor, pois o iodo não age tão bem na presença de matéria orgânica;
◆ Posicionamento: posição quadrupedal (troncos/bretes) ou decúbito lateral (cordas nos
membros);
➔ Incisão na pele:
◆ Bisturi (a frio): incisão única magistral (única passagem da lâmina de bisturi que incida
pele e subcutâneo, deixando a fáscia exposta);
◆ Bisturi elétrico: (monopolar, função de corte - utilizado no tecido subcutâneo, evitar usar
na epiderme) - nunca utilizar na pele, pois isso dificulta a cicatrização (em humanos pode
haver formação de colóide);
◆ Nas fêmeas a incisão é completamente retilínea, em machos a incisão fica curvilínea pois
é necessário rebater o prepúcio - somente na pele (após se acha a linha média e se
acessa ela de forma retilínea);
◆ Em machos deve-se ligar os vasos prepuciais (ligadura ou eletrocautério);
➔ Hemostasia:
◆ Clampeamento dos vasos, torção ou ligadura;
◆ Em vasos muito pequenos pode-se fazer a apreensão e torção do vaso;
◆ Bisturi elétrico para coagular os vasos;
➔ Quanto menor a incisão melhor (pode variar de acordo com o local e a estrutura que quer ser
realizada);
➔ Após oa cesso a cavidade abdominal, se colocam compressas na laparotomia e se deposita
solução fisiológica morna nessa compressas;
➔ Com as compressas é possível isolar o órgão alvo, evita derramamento de conteúdo
contaminado;
➔ Irrigar as vísceras com o soro fisiológico (evita que a serosa fique ressecada - prejudicial para
cicatrização);
➔ Esticar a pele com a mão, facilita a realização de uma incisão magistral;
Maira Bertó Puntel, 2024
➔ Linha média é mais grossa na altura da cicatriz umbilical, e abaixo da cicatriz umbilical, ela
costuma ficar mais delgada;
Acesso cirúrgico a calha/gota direita
➔ Ovários e úteros costumam repousar nessas calhas > puxa duodeno proximal direito (próximo
ao pâncreas) para cima na cavidade > calha fica livre > facilita a visualização do ovário dentro
da calha e goteira paralombar esquerda fica livre através da tração do cólon ascendente para
cima;
Celiorrafia (sutura da linha média ventral):
➔ ⅔ cranial do abdome - incluir folhetos do M. oblíquo externo, M. oblíquo interno e M. retoabdominal;
➔ ⅓ caudal do abdômen - apenas o folheto externo da bainha do M. reto abdominal (se aproxima
somente o folheto externo);
➔ Evitar inclusão excessiva de peritônio (em pequenos animais, que possuem o peritônio +
delgado, não é necessário sutura, pois isso por contribuir para formação de sinéquias);
➔ Nunca deve-se suturar o tecido muscular diretamente, muito comum a ocorrência de necrose e
deiscência;
➔ Padrões de sutura: Contínuos (reverdin, entrelaçado de ford) ou interrompidos (colchoeiro em
cruz/sultan, PIS alternados com pontos de relaxamento (em grandes animais);
➔ Material de sutura (fios): monofilamentar absorvível sintético > multifilamentar absorvível,
sintético > não-absorvível, monofilamentar > categute (deve ser evitado);
➔ Em casos de peritonite/contamina, jamais empregar fio multifilamentar (fio com maior
capilaridade - microrganismos podem se inserir no interior do fio) e/ou absorvível (cicatrização
está inadequada, pode demorar mais tempo para cicatrizar) para celiorrafia (risco eminente de
deiscência e eventração/hérnia incisional eu evisceração/deiscência da sutura cutânea)
◆ Nesse caso seria recomendado a utilização de um fio não absorvível monofilamentar
como o náilon;
➔ Calibre de fios:
◆ Pequenos animais: pacientes pequenos 3-0 e animais maiores até 1;
◆ Grandes animais: de 0 a 4 (maior tensão sob a sutura);
◆ Quanto menor o calibre do fio, melhor (coeficiente de arrasto, maior probabilidade de
ocorrerem respostas por conta de ser um corpo estranho e quanto maior o diâmetro do
fio, menor será a segurança do nó);
◆ Segurança do nó é melhor em fios calibrosos;
➔ Intervalo entre suturas:
Maira Bertó Puntel, 2024
◆ Pontos próximos diminuem a tensão, porém aumentam a probabilidade de ocorrência de
isquemia;
◆ Distância ideal: impedir a passagem das vísceras (teste da pinça em pequenos animais,
em grandes esse teste não é eficiente);
◆ Geralmente de 3 a 10 milímetros entre uma sutura e outras;
◆ De 5 a 10 mm da borda da ferida;
➔ Redução do espaço morto:
◆ Síntese do subcutâneo;
◆ Fio absorvivel, sintetico e monofilamentar, calibre (2-0 a 4-0) - calibre sempre deve ser
menor (pode-se utilizar o mesmo fio que foi utilizado na camada muscular, porém com um
calibre menor, a sustentação proporcionada pelo tecido subcutâneo não é tão intensa
como a muscular);
➔ Síntese cutânea:
◆ Fio não absorvível monofilamentar;
◆ 2-0
◆ Quantos menos força for demandado para fechar a pele melhor, para evitar a isquemia;
◆ Fio mais utilizado é o náilon;
◆ Padrões: interrompidos (PIS, colchoeiro horizontal - aproximação e versão dos tecidos,
quando se aperta muito ou pega muito tecido) e contínuos;
Laparorrafia (flanco)
➔ Calibre dos fios de 0 a 3 (menor do que os utilizados na linha média, linha média sustenta mais
peso);
➔ O processo será o mesmo de uma celiotomia, os mesmos fios e mesmos padrões de sutura;
➔ Sugestão:
◆ 1° plano: peritônio (padrão contínuo simples, reverdin ou sultan);
◆ 2° plano: transverso do abdômen + oblíquos abdominais externo e interno (PCS, reverdin
ou sultan);
◆ 3° plano: redução do espaço morto;
◆ 4° plano: síntese cutânea;
➔ Cuidados pós-operatórios:
◆ Devem ser prescritas ao paciente para diminuir o risco de infecção;
◆ No final da cirurgia deve ser realizada a limpeza da ferida (nunca utilizar água oxigenada
na ferida, se for utilizar, só utiliza no entorno - interfere na cicatrização), com solução
fisiológica;
◆ Se faz curativo com gaze e micropore;
◆ Deve ser feita a limpeza no mínimo duas vezes ao dia - a cada 12 horas (tutor precisa
visualizar a ferida, para no caso de alguma complicação no local, o animal ser atendido o
mais cedo possível);
Maira Bertó Puntel, 2024
◆ Utilizar colar elizabetano ou roupa cirurgia (deixam o animal mais confortável);
◆ Analgesia: AINES e opióides (varia de acordo com o procedimento e como foi o
procedimento);
◆ Higienização: BID com soro fisiológico (evitar antissépticos, prejudicam a cicatrização);
◆ Retirada dos pontos cutâneos (o quanto antes reiterar melhor, a avaliação da cicatrização
do animal deve ser levada em conta - evitar deixar por muito tempo, pois é um corpo
estranho que pode contribuir para infecção);
➔ Grandes animais:
◆ Praticamente os mesmos passos de higienização;
◆ Grandes animais também possuem roupas cirurgicas;
➔ Complicações:
◆ Infecções locais, que podem cursar com sinus ou celulite (inflamação do tecido
subcutâneo) - podem ocorrer coleções de líquido e ocorrer a fistulação (ponto de
drenagem);
◆ Seroma (tecido muito manipulado ou não diminuição do espaço morto);
◆ Deiscência;
◆ Eventração ou hérnia incisional;
◆ Evisceração;
◆ Peritonite > pode levar a choque séptico e óbito;
08/10/2024
TÉCNICAS CIRÚRGICAS APLICADAS AO SISTEMA REPRODUTOR
➔ Revisão anatômica:
◆ Macho felino:
● Íntimo contato da bolsa escrotal com o prepúcio (incisão não pode ser feita na região
pré-escrotal);
● Pele da bolsa escrotal é mais espessa que a do cão (+ frágil e + vascularizada);
● Próstata é menos desenvolvida do que no cão;
● Incisão na bolsa escrotal diretamente para realização da orquiectomia;
● Felinos possuem glândulas bulbouretrais;
◆ Macho canino:
● Região pré-escrotal mais delimitada;
● Acesso para orquiectomia na região pré-escrotal;
● Próstata mais desenvolvida (há ocorrência de várias doenças);
Maira Bertó Puntel, 2024
◆ Fêmea canina:
● Ovário direito á mais cranial que o ovário esquerdo;
● Artérias ovarianas são originadas da aorta;
● Veia ovariana esquerda para veia renal esquerda;
● Veia direita drena para veia cava;
● Ureter e rins passam por baixo (espaço retroperitoneal) do peritônio, próximo ao
trígono vesical o ureter sai debaixo do peritônio e fica mais exposto;
● Ligamento próprio do ovário, une tecido ovariano com o corno uterino;
● Ligamento suspensório fixa de uma forma mais rígida o ovário a parede abdominal,
se inserindo na fáscia do m. transverso na altura da 12°, 13° costela (rompido
durante a ovariohisterectomia - complicações ocorrem por uma falha na exposição
dos ovários, por conta da falha na ruptura do ligamento);
● Duodeno proximal na altura do pâncreas - calha direita;
● Cólon descendente (próximo ao baço) - calha esquerda;
Técnicas cirúrgicas do aparelho reprodutor feminino:
➔ Ovariohisterectomia (OVH):
◆ Remoção do útero e ovários;
◆ Indicação:
● Coibição do cio, prevenção de neoplasmas mamários (depende da idade da
castração - quando a cadela é castrada antes de entrar em cio - pequeno porte 6
meses e grande porte 10-12 meses - a chance do desenvolvimento de tumor de
mama é de 0,05%, castração após o primeiro cio, o risco de tumor de mama sobe
para 8%, castração antes do 2° cio, chance de tumor sobe para 26%, conforme se
passam os cios, a probabilidade de desenvolver tumor de mama aumenta);
● Prevenção de enfermidades ovarianas/uterinas (piometra, ovário policístico,
neoplasias, torção, prolapso, histerocele - herniação do tecido uterino);
● Pseudogestação/pseudociese (maioria dos animais apresentam doença ovariana,
como cistos);
● Em gatas, castrar antes do primeiro cio, reduz em 91% a chance de apresentar
tumor de mama, após o primeiro cio;
● Castração precoce é feita a partir dos 4 ou 5 meses (raças pequenas), para evitar
que ocorra o primeiro cio, em raças de grande porte é indicado que os animais
sejam castrados com um ano aproximadamente (evita a ocorrência de doenças
musculoesqueléticas - retardamento nas linhas de crescimento, ossos crescem por
mais tempo, levando a ocorrência mais facilitada de doenças musculoesqueléticas);
● Tumores de mamas normalmente acometem animais mais velhos (6-8 anos),
quando ocorrem em animais mais jovens, geralmente são benignos;
Maira Bertó Puntel, 2024
● Tumores de mama estão relacionados com estrógeno e progesterona, quando se
retira útero e ovários, a chance de desenvolvimento reduz;
● Castração em animais muitos jovens (2-3 meses), pode facilitar a ocorrência de
incontinência urinária no pós-operatório;
● Tumor mamário é o mais frequentes em cadelas e o 3° mais frequente em