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1 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
2 
 
SUMÁRIO 
1 INTRODUÇÃO ............................................................................................ 3 
2 DISTÚRBIOS DA FALA E DA LINGUAGEM .............................................. 4 
3 DESENVOLVIMENTO DA COMUNICAÇÃO .............................................. 5 
4 DISTÚRBIOS DA COMUNICAÇÃO NA INFÂNCIA .................................... 9 
5 LINGUAGEM ORAL .................................................................................. 13 
6 TRANSTORNOS DA LINGUAGEM .......................................................... 21 
6.1 A dislalia e suas origens ..................................................................... 22 
6.2 Disfemia ............................................................................................. 25 
6.3 Afasia ................................................................................................. 27 
6.4 Apraxia ............................................................................................... 35 
6.5 Avaliação na Apraxia de Fala ............................................................. 37 
6.6 Intervenção Clínica Fonoaudiológica ................................................. 38 
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS .......................................................... 40 
 
 
 
3 
 
1 INTRODUÇÃO 
Prezado aluno! 
 
O Grupo Educacional FAVENI, esclarece que o material virtual é semelhante 
ao da sala de aula presencial. Em uma sala de aula, é raro – quase improvável - um 
aluno se levantar, interromper a exposição, dirigir-se ao professor e fazer uma 
pergunta, para que seja esclarecida uma dúvida sobre o tema tratado. O comum é 
que esse aluno faça a pergunta em voz alta para todos ouvirem e todos ouvirão a 
resposta. No espaço virtual, é a mesma coisa. Não hesite em perguntar, as perguntas 
poderão ser direcionadas ao protocolo de atendimento que serão respondidas em 
tempo hábil. 
Os cursos à distância exigem do aluno tempo e organização. No caso da nossa 
disciplina é preciso ter um horário destinado à leitura do texto base e à execução das 
avaliações propostas. A vantagem é que poderá reservar o dia da semana e a hora 
que lhe convier para isso. 
A organização é o quesito indispensável, porque há uma sequência a ser 
seguida e prazos definidos para as atividades. 
 
Bons estudos! 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
4 
 
2 DISTÚRBIOS DA FALA E DA LINGUAGEM 
 
Fonte: alphafono.com.br 
Os distúrbios da fala e da linguagem são doenças prevalentes na infância, 
passíveis de prevenção e tratamento quando diagnosticados precocemente. Os 
pediatras, como profissionais responsáveis pela saúde da criança, são os primeiros 
a avaliar o desenvolvimento infantil e, muitas vezes, são questionados sobre os 
aspectos comunicativos da criança. Assim, conhecimentos oriundos da 
Fonoaudiologia são abordados no presente artigo com o objetivo de orientar o 
público de pediatras a respeito do desenvolvimento e dos distúrbios da comunicação 
em crianças. 
A comunicação é um meio pelo qual o indivíduo recebe e expressa a 
linguagem, sendo um elemento essencial para a socialização e integração na 
comunidade. Portanto, os distúrbios da comunicação causam impacto direto 
sobre a vida social da criança e sobre o sucesso acadêmico e ocupacional, 
sendo reconhecidos como importantes questões de saúde pública. (PRATES, 
2011, p, 1). 
Os distúrbios da comunicação constituem algumas das doenças infantis mais 
prevalentes, manifestando-se como atraso ou desenvolvimento atípico envolvendo 
componentes funcionais da audição, fala e/ou linguagem em níveis variados de 
gravidade. Na maioria das vezes esses distúrbios são percebidos pelos pais, que 
referem que a criança tem dificuldade para falar ou que não fala, é dificilmente 
compreendida, incapaz de dizer alguns sons corretamente ou que gagueja. Sabe-se, 
por exemplo, que crianças com atraso no desenvolvimento da linguagem irão 
 
5 
 
apresentar, na idade escolar, importantes e persistentes anormalidades 
neuropsicológicas, entre elas os transtornos específicos de aprendizagem. 
O fonoaudiólogo é o profissional habilitado para identificar, diagnosticar e tratar 
indivíduos com distúrbios da comunicação oral e escrita, voz e audição. Entretanto, 
nesse processo, é fundamental a participação de outros profissionais que 
acompanham o desenvolvimento infantil, como pediatras, educadores, psicólogos, 
terapeutas ocupacionais, agentes comunitários de saúde, entre outros. De maneira 
geral, pediatras e professores são os primeiros profissionais solicitados a opinar e 
orientar, por serem mais presentes no acompanhamento do desenvolvimento infantil. 
Mas tal intervenção só ocorrerá em bom nível técnico com a presença direta ou 
indireta de um fonoaudiólogo. 
3 DESENVOLVIMENTO DA COMUNICAÇÃO 
 
Fonte: tuasaude.com 
Antes de iniciar a apresentação do desenvolvimento da fala e da linguagem, é 
importante retomar a diferença entre esses dois conceitos. Linguagem é o sistema 
simbólico usado para representar os significados em uma cultura, abrangendo seis 
componentes: fonologia (sons da língua), prosódia (entonação), sintaxe (organização 
das palavras na frase), morfologia (formação e classificação das palavras), semântica 
(vocabulário) e pragmática (uso da linguagem). A fala é o canal que viabiliza a 
expressão da linguagem e corresponde à realização motora da linguagem. Em outras 
 
6 
 
palavras, a linguagem significa trocar informações (receber e transmitir) de forma 
efetiva, enquanto que a fala refere-se basicamente à maneira de articular os sons na 
palavra (incluindo a produção vocal e a fluência). 
Desta forma, no desenvolvimento inicial da comunicação, é importante 
observar o vocabulário; a extensão frasal (número de palavras utilizadas); a 
complexidade sintática das frases; a entonação; a articulação de cada um 
dos fonemas (sons) da língua; as trocas presentes na fala da criança; o uso 
da linguagem pelo discurso e pela iniciativa comunicativa; bem como a 
fluência de fala (número de rupturas ou disfluências na fala e velocidade de 
fala). (PRATES, 2011, p, 1). 
De acordo com Prates, desde o nascimento a criança se comunica através do 
choro, olhar e gestos. A criança pequena é capaz de discriminar vozes, diferenciar 
padrões de entonação, gestos e movimentos corporais, que são bases para o 
desenvolvimento comunicativo e de linguagem. É a partir da interpretação do adulto 
que os comportamentos inatos adquirem significado para a criança e, posteriormente, 
são reproduzidos intencionalmente por ele. Assim, o contato mãe-criança por meio do 
olhar e melodia da fala são pré-requisitos para o desenvolvimento comunicativo. Além 
disso, a amamentação, além de ser um importante momento de trocas entre mãe e 
filho, assume destacado papel no desenvolvimento e maturação dos órgãos 
fonoarticulatórios, possibilitando, futuramente, a complexa tarefa de articulação dos 
sons da fala. Nos primeiros meses de vida a criança apresenta vocalizações 
automáticas como, por exemplo, choro, grito e sons primitivos que, além de 
assumirem papel comunicativo, são fundamentais para o exercício do trato vocal. O 
balbucio e o sorriso iniciam-se a partir do segundo mês de vida e, apesar de ainda 
reflexos, expressam satisfação ou prazer. Aos quatro meses transformam-se em jogo 
vocal, quando a criança amplia seu repertório incluindo sons consonantais e, mais 
tarde, produções silábicas, mas ainda sem intenção comunicativa. No primeiro ano de 
vida descobre a própria voz e sua capacidade de se comunicar e, no final deste, inicia 
a produção das primeiras palavras com valor de enunciado, enquanto seu vocabulário 
aumenta progressivamente. Por volta dos dois anos é capaz de manter conversação 
com turnos e aos três já está pronta para manter uma conversa coesa. Na Tabela 1 é 
possível observar39 
 
diferentemente, na apraxia de fala, o destaque maior da abordagem terapêutica está 
em conseguir resgatar os gestos articulatórios na produção correta da fala, 
preconizando um enfoque fonético, a fim de produzir de maneira correta os fonemas 
e palavras (SOUZA e PAYÃO, 2008). 
A evolução no tratamento da apraxia da fala é muito lenta e por isso requer 
um terapeuta que seja experiente e empenhado, e também que o paciente 
seja disposto a realizar todos os exercícios apresentados a ele, e que ocorra 
a imitação de tais durante horas e de forma intensiva, ocorrendo esse 
processo diariamente A intervenção precoce em quaisquer alterações na fase 
da aquisição da linguagem, inclusive na suspeita de Apraxia, é de extrema 
importância, para se obter resultados mais significativos (GIUSTI, 2019, apud 
KEITEL, 2019, p. 7). 
 Ainda conforme a autora, a criança com Apraxia, também conhecida como 
Síndrome do Déficit de programação Fonológica, necessita de terapia individual, 
realizada pelo profissional fonoaudiólogo com experiência nessa área. Pode ser 
encaminhada também para outros profissionais, como terapeutas ocupacionais, 
psicólogos, neuropediatras, para ser submetida a avaliações minuciosamente 
voltadas para todos os aspectos de fala, da linguagem e da motricidade oral, incluindo 
as habilidades práxicas. 
Os resultados da terapia Fonoaudiológica em crianças com a apraxia de fala 
podem ser obtidos à longo prazo; considerando-se outros fatores, como a gravidade 
do caso e a idade da criança, o paciente tem melhoras significativas nas habilidades 
comunicativas. Além da terapia individual, deve ser considerado o apoio da família e 
da escola: os professores necessitam receber orientações para que o processo de 
aprimoramento seja o mais breve possível, já que apraxia de fala pode acarretar 
grandes dificuldades que irão persistir na idade adulta. (GIUSTI, E. 2019). 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
40 
 
8 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS 
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7 
 
TABELA 1 
 
PRATES, 2015, p. 2 
 
Os primeiros anos de vida da criança são determinantes para o 
desenvolvimento adequado da linguagem. Em ambiente comunicativo e a 
partir da interação com a família, a criança adquire as bases para um 
desenvolvimento sadio da linguagem, no que diz respeito à sua forma, 
conteúdo e uso. A aquisição normal da linguagem é dependente de uma série 
de fatores como o contexto social, familiar e histórico pré, peri e pós-natal do 
indivíduo, suas experiências, capacidades cognitivas e orgânico-funcionais. 
A integridade auditiva é um pré-requisito para esse processo, bem como as 
estruturas envolvidas na produção de fala. (PRATES, 2011, p, 2). 
 
8 
 
É por meio da audição que a criança tem acesso à linguagem oral, sendo capaz 
de detectar, identificar, discriminar, reconhecer os sons da fala para, posteriormente, 
compreendê-los e produzi-los. Nos primeiros anos de vida, pela função auditiva, a 
criança se familiariza com a estrutura da língua materna e organiza informações 
linguísticas necessárias ao desenvolvimento da linguagem oral. Durante o 
desenvolvimento da fala a criança adquire o inventário fonético, articulação dos sons 
e os organiza de acordo com as regras linguísticas da língua materna. Para isso, a 
criança experimenta diversos processos fonológicos na tentativa de aproximar a sua 
produção de fala à do adulto para que, aos quatro anos, já tenha condições de produzir 
e utilizar adequadamente todos os sons da língua materna. A Tabela 2 exibe as 
possíveis trocas que ocorrem na fala da criança e os prazos finais para que tais 
processos sejam eliminados. 
 
TABELA 2 
 
PRATES, 2015, p. 3 
 
9 
 
Aos cinco anos a criança assimila as principais regras gramaticais e está 
pronta, linguisticamente, para se comunicar como um adulto e iniciar o aprendizado 
formal da linguagem escrita. As habilidades e capacidades linguísticas continuam a 
se desenvolver quantitativamente ao longo da vida e, para que a criança seja 
competente nessa tarefa, é necessário que, no período crítico de desenvolvimento de 
linguagem, tenha condições orgânicas e psicoemocionais. Da mesma forma, é 
fundamental que a criança esteja inserida em um ambiente estimulador e rico em 
experiências linguísticas e de comunicação. 
A partir dos seis anos tem início o aprendizado da linguagem escrita, cuja base 
neurobiológica tem componentes inatos menos fortes do que a linguagem oral. Para 
que esse aprendizado ocorra de maneira adequada é fundamental que a criança já 
tenha concluído, em termos de qualidade, o desenvolvimento da linguagem oral e 
perceba e manipule os componentes sonoros da fala (palavras, sílabas e fonemas), 
ou seja, tenha consciência fonológica. Portanto, se a Distúrbios da fala e da linguagem 
na infância criança tiver atraso ou alteração no desenvolvimento de qualquer 
subsistema da linguagem (semântico, fonológico, morfossintático, prosódico e 
pragmático), poderá ter problemas na aquisição e desenvolvimento da linguagem 
escrita. 
4 DISTÚRBIOS DA COMUNICAÇÃO NA INFÂNCIA 
 
Fonte: terra.com.br 
 
10 
 
A etiologia dos distúrbios da comunicação pode envolver fatores orgânicos, 
intelectuais/cognitivos e emocionais (estrutura familiar relacional), ocorrendo, na 
maioria das vezes, inter-relação entre todos esses fatores.15 
De acordo com a "American Speech, Language and Hearing Association", os 
distúrbios da comunicação podem ser conceituados como impedimentos na 
habilidade para receber e/ou processar um sistema simbólico, observáveis 
em nível de audição (sensibilidade, função, processamento e fisiologia); 
linguagem (forma, conteúdo e função comunicativa); e processos de fala 
(articulação, voz e fluência). (PRATES, 2011, p, 3). 
Esses distúrbios podem variar em gravidade; ser de origem desenvolvimental 
ou adquirida; resultar numa condição de déficit primário (doenças de manifestação 
primária ou idiopáticas) ou secundário (doenças de manifestação secundária, 
decorrentes de manifestação maior) e, ainda, ocorrer isolados ou combinados. 
Na Tabela 3 são destacados os principais distúrbios da comunicação 
diagnosticados em crianças e adolescentes, bem como suas principais 
características. 
TABELA 3 
 PRATES, 2015, p. 4 
 
11 
 
 
Para Prates (2011), os distúrbios de desenvolvimento da fala e da linguagem 
(oral e escrita) de causa idiopática em crianças e adolescentes são aqueles que não 
ocorrem em conjunto com outras anormalidades, tais como: deficiência mental, 
paralisia cerebral, deficiências auditivas e outras. Tais distúrbios, idiopáticos ou 
secundários, podem ser acentuados por influências externas, como, por exemplo, 
diferenças culturais, instrução insuficiente ou inapropriada. 
De maneira geral, os estudos epidemiológicos em distúrbios da comunicação 
apresentam os valores de prevalência e incidência quanto à idade, sexo, nível 
socioeconômico e diagnóstico do distúrbio da comunicação. Desta forma, observa-se 
que, a partir dos três anos, a prevalência de distúrbios idiopáticos da comunicação 
eleva-se até os oito anos de idade, sendo que a fase crítica vai dos quatro aos seis 
anos, decrescendo a partir dos sete anos; mais alta prevalência no sexo masculino; 
predomínio geral dos distúrbios articulatórios e/ou fonológicos; predomínio de 
alteração do desenvolvimento da linguagem em crianças menores de três a quatro 
anos, transtorno fonológico dos quatro aos oito anos e alteração na linguagem escrita 
a partir dos nove anos. Em relação aos fatores socioeconômicos, os estudos revelam 
que pais com baixo nível educacional têm mais chances de ter filhos com problemas 
de linguagem e podem ter mais dificuldades para perceber e relatar tais problemas. 
As alterações no desenvolvimento da fala e da linguagem podem causar 
sérios problemas no desenvolvimento cognitivo e socioemocional na idade 
escolar ou adolescência. Estudos demonstram que a detecção de tais 
alterações aos dois a três anos reduz 30% a necessidade de 
acompanhamento terapêutico (fonoaudiologia, psicologia, educação 
especial, entre outros) aos oito anos de idade. Da mesma forma, reduz 33% 
o número de crianças com problemas na linguagem escrita. Tais dados 
reforçam a importância do pediatra na detecção precoce dos atrasos e 
desvios no desenvolvimento da fala e da linguagem. (PRATES, 2011, p, 1). 
De acordo com Prates (2011), muitos distúrbios da comunicação que ocorrem 
na infância poderiam ser evitados ou minimizados por meio de medidas simples de 
estimulação de linguagem, orientação aos familiares e identificação precoce. Sabe-se 
que as dificuldades de aprendizagem estão intimamente relacionadas à história prévia 
de alteração no desenvolvimento da linguagem. Desta forma, a identificação precoce 
dessas alterações no curso normal do desenvolvimento pode prevenir posteriores 
consequências educacionais e sociais desfavoráveis. 
 
12 
 
Alguns sinais de possíveis alterações podem ser detectados na criança ainda 
muito pequena, como ausência de contato de olhos; não reação a sons como telefone 
e campainha; não reação quando chamada pelo nome; volume de televisão muito alto; 
ausência de fala ou fala incompreensível; vocabulário restrito; dificuldade de interação 
social e agressividade. Aneja indicou alguns sinais de alerta para desordens da 
linguagem na criança, tais como: nenhuma palavra emitida até os 18 meses; não 
colocação de duas palavras juntas aos dois anos; ausência de desempenho imitativo 
e simbólico aos dois anos; não formação de sentenças aos três anos; discurso 
incompreensível aos três anos. Para Oller et al., o balbuciar que normalmente é 
produzido por volta dos 10 meses de idade, quando atrasado, pode prognosticar 
desordens da fala. 
Sabe-se que o input linguístico que a criança recebe antes dos três anos de 
idade está fortemente relacionado com o subsequente desenvolvimento cognitivo ede linguagem. Estudo recente mostra a importância da conversa entre adultos e 
crianças para o desenvolvimento inicial da linguagem. Tal estudo ressalta que a 
conversa entre adultos e crianças é determinante para o adequado desenvolvimento 
de fala e linguagem, pois, interagindo com adultos, a criança tem oportunidade de 
errar e ser corrigida, além de praticar e consolidar o conteúdo recém-adquirido. De 
maneira oposta, a grande exposição da criança à televisão está relacionada a atrasos 
no desenvolvimento da linguagem, pois contribui para a redução das oportunidades 
de interação entre ela e o adulto. Ela precisa de oportunidades para vivenciar o 
aprendizado da linguagem, com interações ricas com adultos e outras crianças, em 
que o adulto é responsável por fornecer o modelo adequado de fala. Assim, orienta-
se que pais e educadores conversem com as crianças de maneira simples, porém 
correta e adequada em forma e conteúdo para a idade. É importante, nessa interação, 
que a criança tenha oportunidade de expressar e manifestar seus desejos. Assim, o 
adulto deve deixá-la falar e perguntar o que quer em vez de tentar adivinhar. Além 
disso, como forma de estimulação da linguagem, a família e educadores devem ser 
orientados a brincar com as crianças utilizando músicas, livros, desenhos de colorir, 
faz-de-conta, etc. A criança aprende brincando e suas atividades de vida diária, como 
tomar banho e comer, podem ser momentos de interação prazerosos e ricos em 
aprendizagem. 
 
13 
 
Para avaliar se a criança se encontra dentro do esperado para o 
desenvolvimento da fala e da linguagem, é fundamental que o pediatra complemente 
sua observação com as informações e/ou queixas da família e/ou da escola, uma vez 
que estudos recentes salientam que a detecção inicial dos distúrbios da comunicação 
em crianças é realizada principalmente por pais e educadores. Assim, o pediatra, ao 
deparar com queixas de familiares referentes ao desenvolvimento da comunicação da 
criança, como atraso na aquisição da fala, vocabulário pobre, trocas articulatórias ou 
dificuldades escolares, deve imediatamente investigar o desenvolvimento global da 
criança, bem como o histórico familiar para tais alterações e o ambiente comunicativo 
em que a mesma está inserida. Em muitos casos, é necessário investigar fatores 
orgânicos como alterações auditivas e neuropsicológicas. O pediatra deve estar 
atento aos sinais de risco de deficiências auditivas na infância, como história de 
prematuridade, complicações pré, peri e pós-natais, hereditariedade, otites médias 
recorrentes, hospitalizações, traumatismos cranianos, entre outros. Após tais 
investigações, que deverão ser realizadas em curto espaço de tempo, é fundamental 
encaminhar a criança para avaliação completa de linguagem, realizada pelo 
fonoaudiólogo e equipe interdisciplinar, quando for o caso. 
5 LINGUAGEM ORAL 
 
Fonte: amenteemaravilhosa.com.br 
 
14 
 
A linguagem é um fator importante para o desenvolvimento e aprendizagem do 
indivíduo, sendo através dela que podemos nos comunicar de forma mais rápida e 
efetiva com nossos semelhantes. A linguagem é constituída por sistemas que atuam 
de forma inter-relacionada: fonética, fonologia, sintaxe, semântica, pragmática, 
morfologia e prosódia. Esses sistemas são extremamente importantes para efetivar a 
comunicação e contribuir para o aperfeiçoamento linguístico das crianças, sendo que, 
dias após o nascimento, o bebê já se comunica com a mãe através do olhar, do choro, 
demonstrando assim um dos sistemas da linguagem, a pragmática, que se refere a 
intenção comunicativa que o bebê demonstra para com a mãe (MOUSINHO et al, 
2008). As crianças que apresentam Apraxia de Fala na Infância não apresentam 
dificuldades com esses sistemas, pois demonstram intenção comunicativa, 
compreendem a linguagem, entendem muito bem o que escutam, conseguem 
organizar o que querem dizer, porém no momento da linguagem expressiva, 
apresentam dificuldade na precisão dos movimentos a serem realizados para o ato da 
fala. 
 A aquisição da linguagem se inicia muito cedo através da linguagem não verbal 
quando o bebê utiliza o toque, o choro, o olhar, os gestos e o balbucio para se fazer 
entender, sendo que essa fase se mantém até por volta dos 11 meses. Aos 12 meses 
o bebê fala suas primeiras palavras, que são constituídas pelos fonemas labiais /p/, 
/b/ e /m/. 
Conforme o mesmo se desenvolve, ele aprende cada vez mais fonemas e 
consequentemente expande seu vocabulário, sendo que, aos dois anos a 
criança deve estar realizando a emissão de frases simples. Contudo, fonemas 
como as consoantes líquidas /r/, /l/, /lh/ são mais difíceis de serem 
pronunciados, sendo os últimos a serem adquiridos (MOUSINHO et al, 2008 
apud KEITEL, 2019, p. 5). 
Por volta dos cinco anos de idade, a fala da criança já deve estar semelhante 
à do adulto. Crianças com a Apraxia de Fala na Infância demoram mais a falar, 
podendo apresentar alterações nessas fases como consequência da dificuldade no 
ato motor voluntário necessário para a emissão das palavras. 
A Apraxia Desenvolvimental de Fala compreende algumas dificuldades 
específicas que podem ser variáveis de acordo com cada criança, ou variar até na 
mesma criança conforme o avanço da idade ou de acordo com o contexto no qual ela 
está inserida; de modo geral o contexto educacional, familiar ou quaisquer outros 
ambientes devem ser atenciosamente analisados. 
 
15 
 
A DAS é um distúrbio raro e há o pressuposto de um déficit apráxico na fala. 
Observa-se uma redução no ritmo de fala com segregação de sílaba, 
associada à percepção de isocromia ou tempo similar, sílabas e palavras 
segregadas ou não co-articuladas, consideradas como correlatos prevalentes 
nos quadros de apraxia da fala. O déficit rítmico pode ser altamente 
específico, comparado com o prejuízo no acento, que pode prevalecer em 
outros tipos de distúrbios comunicativos (SOUZA, 2008, apud KEITEL, 2019, 
p. 5). 
De acordo com Hall (2007), a execução da fala é grandemente requintada 
devido as estruturas anatômicas envolvidas no processo do desenvolvimento 
linguístico. Quando o processo neural de integração das vias neurais acontece de 
forma eficiente, resultam em um importante processo linguístico que de forma natural 
contribui para que a criança desenvolva a linguagem oral. 
 Para a autora supracitada, na apraxia, a realização dos processos neurais 
responsáveis pela fala ocorre de forma irregular fazendo com que a execução dos 
músculos da face, da boca, da língua, do palato e faringe operem de forma 
desarmoniosa ocasionando a apraxia articulatória. 
Como a Apraxia Desenvolvimental é uma alteração ligada diretamente com a 
linguagem oral, quaisquer alterações apresentadas durante a produção da fala no 
processo linguístico depois dos dois anos de idade, pode ser um sinal indicativo do 
quadro apráxico; porém, é preciso indicar alguns meses de terapia diagnóstica para 
confirmação do quadro clínico; antes deste período não é possível diagnosticar uma 
criança com Apraxia Verbal do Desenvolvimento, porque ainda não conseguirá 
compreender as instruções especificadas para cumprir as tarefas essenciais para o 
diagnóstico, pois a criança antes dos dois anos de idade ainda está sujeita ao 
aperfeiçoamento da aquisição da linguagem (SOUZA e PAYÃO, 2008). 
Na mesma perspectiva, Giusti (2019), considera que a Apraxia 
Desenvolvimental se manifesta de forma clara após os dois anos de idade, porém, as 
dificuldades apresentadas pelo apráxico se manifestam ainda quando bebê. Entre 
elas podem ser observados: bebês que são considerados “quietos”; vocalizam e 
balbuciam pouco; repertório limitado de vogais (dificuldade em produzir as vogais) e 
de consoantes; variabilidade de erros (a criança pode apresentar diferentes “trocas na 
fala”); fala de difícil compreensão; maior número de erros quanto maior a 
complexidade silábica ou discursiva(quanto mais extensa a palavra, maior será a 
dificuldade); instabilidade na produção da fala (tem dia que a fala está pior, ou melhor); 
alteração prosódica (melodia da fala é diferente/”estranha”). 
 
16 
 
Ainda conforme a autora supracitada, outros sinais, são: fala que pode ser 
monótona; déficits no tempo de duração dos fonemas, pausas (podem apresentar 
prolongamentos, hesitações). “Lentidão” para falar; procura do ponto articulatório (a 
criança fica procurando o ponto articulatório, por exemplo, ao falar “pato”, pode falar 
“bato” “cato” “lato” até chegar no “pato”; pobre inventário fonético. 
Conforme a percepção dos pais, costuma-se ter como demandas: pais têm a 
impressão de que a criança não sabe o que fazer com a boca, parece desconhecer 
os movimentos necessários para a fala (não movimenta adequadamente a língua); 
atraso no aparecimento das primeiras palavras (os pais relatam que demorou a 
começar a falar); alterações em outros aspectos da linguagem oral (como por 
exemplo, vocabulário pobre, dificuldade para produzir frases mais elaboradas, para 
relatar fatos, etc); pode apresentar além da dificuldade motora na fala, outras 
dificuldades, como na coordenação motora fina, para se alimentar, mastigar, se vestir, 
para andar de bicicleta (os pais podem perceber uma inabilidade motora geral) 
(GIUSTI, 2019). 
6 DISTÚRBIO ESPECÍFICO DA LINGUAGEM (DEL) / TRANSTORNO DO 
DESENVOLVIMENTO DA LINGUAGEM (TDL) 
 
Fonte: clinicaproorl.com.br 
O Distúrbio Específico de Linguagem (DEL) hoje chamado de Transtorno do 
Desenvolvimento da Linguagem (TDL) é um comprometimento no desenvolvimento 
 
17 
 
da linguagem, que pode atingir uma ou mais áreas da linguagem, como a fonologia 
(sons da língua), o léxico (vocabulário) e a sintaxe (estrutura). Acomete cerca de 7% 
da população mundial e é mais comum em meninos do que em meninas. 
O DEL manifesta-se de modo muito diversificado em cada caso e é um 
quadro que pode ser modificado. O diagnóstico é realizado a partir da 
exclusão de todas as outras causas prováveis de atraso de linguagem, como 
alterações auditivas, ausência/escassez de estímulos, alterações sensoriais, 
lesão neurológica, déficit intelectual, transtornos psiquiátricos ou ainda 
Transtorno do Espectro Autista. Idealmente, devem ser consultados os 
médicos otorrinolaringologista e neurologista, bem como um profissional 
fonoaudiólogo e um psicólogo para a conclusão diagnóstica. (GARCEZ, 2016, 
p. 2). 
Diante disso, pode-se verificar que, na verdade, a criança com DEL / TDL 
apresenta todas as condições orgânicas e ambientais favoráveis ao seu pleno 
desenvolvimento, mas ainda assim não desenvolve a linguagem como o esperado 
para sua faixa etária. Alguns estudos mencionam que o desenvolvimento da 
linguagem é atrasado cerca de 12 meses em crianças com DEL / TDL, quando 
comparadas com crianças com desenvolvimento típico da linguagem. 
Sua causa ainda é desconhecida, mas os estudiosos seguem, principalmente, 
duas teorias na busca de compreender o quadro. A primeira teoria indica que crianças 
com DEL / TDL possuem um comprometimento no processamento auditivo, 
especialmente na percepção e diferenciação de aspectos linguísticos, trazendo para 
essa criança prejuízos de compreensão e emissão. Já o segundo modelo, postula que 
as crianças com DEL / TDL, na verdade, apresentam um distúrbio na organização 
cerebral para o processamento e construção de informações linguísticas, isto é, 
haveria uma “falha” no funcionamento cerebral específico da linguagem. 
De acordo com Garcez (2016) as principais características presentes em um 
caso de DEL / TDL. 
1. Emissão tardia das primeiras palavras; 
2. Aquisição lenta da linguagem; 
3. Dificuldade de construir frases, mesmo frases simples; 
4. Alterações nos sons da fala não esperados para a faixa etária (veja 
nossos posts sobre desenvolvimento típico da linguagem); 
5. Organização atípica de frases (Exemplo: “Duda bola qué”) 
6. Dificuldades com o uso de verbos; 
7. Dificuldade no uso de preposições e artigos (Exemplo: “a casas das dois”) 
8. Prejuízo no uso de flexão verbal ou nominal (Exemplo: Ela fui?) 
9. Vocabulário pobre ou reduzido para a faixa etária; 
10. Dificuldade para construir um relato pessoal, contar de forma coerente 
como foi seu dia; 
11. Compreensão de informações implícitas no discurso ou texto; 
 
18 
 
12. Fala muitas vezes ininteligível; 
Dificuldade significativa para aprender a ler e escrever. (GARCEZ, 2016, p. 
3). 
Por ser um déficit de difícil diagnóstico, existem várias hipóteses sobre a 
manifestação de DEL / TDL na fase de aquisição da linguagem pelas crianças. Alguns 
estudiosos adotam uma abordagem mais cognitiva, sem levar em conta a gramática 
da língua, assumindo que outras habilidades, não só a habilidade linguística, podem 
afetar a compreensão ou produção da fala por parte das crianças. Outro grupo de 
estudiosos adota uma abordagem relacionada estritamente ao mecanismo gramatical 
no desempenho linguístico da criança. 
DEL / TDL como déficit de processamento: Dentre o grupo das hipóteses que 
utilizam uma abordagem cognitivista, destaca-se a Hipótese da Superfície de Leonard. 
Segundo Leonard (1998), as crianças teriam dificuldade de percepção em relação a 
certos fenômenos da língua, portanto, esta dificuldade de percepção interferiria na 
compreensão e produção da fala por parte da criança, indicando que a criança não 
consegue produzir, pois não consegue compreender ou perceber determinados 
aspectos da língua. Essa hipótese seria, então, uma espécie de combinação de 
dificuldades de percepção com dificuldades gramaticais. Segundo Silveira (2002), 
[...] esta hipótese admite que a criança não utiliza a marca de passado - ed 
nos verbos do inglês, por exemplo, por uma mera questão de percepção e 
afirma que este problema perceptual se deve à tonicidade das sílabas. Ainda 
tomando, por exemplo, a língua inglesa, as crianças portadoras de DEL não 
percebem a utilização desse morfema, pois -ed constitui uma sílaba fraca, i.e, 
de baixa substância fônica. SILVEIRA, 2002, apud PASSOS, 2015, p. 44). 
DEL / TDL como déficit no mecanismo linguístico: No grupo dos estudos que 
tratam o DEL / TDL como uma deficiência linguística, encontramos como base para 
pesquisa a Teoria Gerativa de Chomsky, pois esta teoria se preocupa com a questão 
da aquisição da linguagem e estuda os diferentes tipos de mecanismos envolvidos no 
processamento da linguagem pelos seres humanos. No Programa Minimalista, 
elaborado por Chomsky (1995) o sistema de linguagem é visto como um sistema 
computacional com operações estruturadas que resultam na compreensão ou 
produção da fala. 
“Programa Minimalista [...] É antes um programa, uma metodologia, que visa 
a estudar e entender o modelo dos Princípios & Parâmetros, adotado a partir 
de Chomsky (1981). Dessa forma, todas as noções apontadas como sendo 
proposta do Programa Minimalista inserem-se também no modelo teórico dos 
 
19 
 
Princípios e Parâmetros” (LIMA & HERMONT, 2010, apud PASSOS, 2015, p. 
44). 
O sistema computacional da linguagem, então, fornece informações 
necessárias para o processamento da língua. A um arranjo de itens lexicais aplicam-
se operações do sistema computacional, a saber, Merge, Agree, Move – as quais 
compõem, estabelecem relações de concordância e movimentam elementos de sua 
posição básica de interpretação semântica para sua posição superficial de 
materialização fonológica. As operações são deflagradas a partir da presença de 
traços gramaticais (formais) que compõem, conjuntamente com os traços semânticos 
e os fonológicos, os itens lexicais que alimentam uma derivação sintática. Ao se 
exaurir um arranjo de itens lexicais, tem-se o momento de envio (spell-out) da 
estrutura para os sistemas de desempenho, por meio de níveis de representação – LF 
– forma lógica (semântica) e PF – forma fonológica. Esse modelo de língua adotado 
no minimalismo deixaclara a relação entre sintaxe – considerado componente central 
da gramática – semântica e fonologia, conforme ilustra a figura a seguir: 
 
 
(Chomsky, 1999/200, apud PASSOS, 2015, p. 45). 
Além disso, na metodologia adotada no Programa Minimalista, nota-se uma 
preferência pelas operações mais simples, que envolvam poucas representações 
operacionais, ao invés de operações complexas que envolvam um número maior de 
informação e, consequentemente, de operações e movimentos sintáticos. A ideia é 
que este sistema computacional esteja disponível no estado inicial de aquisição da 
 
20 
 
linguagem e com a exposição à língua, as crianças receberiam input para disparar as 
operações deste sistema de linguagem adequadas à sua língua específica. 
Baseando-se nessa nova metodologia, elaborada a partir do modelo de 
Princípios e Parâmetros da Teoria Gerativa, foram elaboradas hipóteses sobre o 
Déficit Específico da Linguagem, como um déficit no mecanismo de processamento, 
i.e, um déficit em algumas operações desse sistema computacional. 
Uma das hipóteses relacionadas ao DEL / TDL como um mecanismo linguístico 
é a Hipótese do Déficit Representacional de Relações Dependentes. Elaborada por 
Van der Lely (1998), esta hipótese propõe que as crianças portadoras do DEL / TDL 
tenham problemas com operações que exijam movimentos de elementos. Após 
inúmeras reformulações, Van der Lely conclui que o DEL pode ser resultado de um 
processo denominado Economia II, em que a escolha do movimento seria livre: há o 
movimento de traços quando o alvo atrai o traço do item lexical - facilitando a 
checagem de traços ou fazendo com que o movimento de traços não ocorra - 
consequentemente, não há checagem de traços. Essa hipótese leva em conta o 
Programa Minimalista que associa ao mecanismo de derivação das sentenças da 
língua um sistema computacional. 
 Outra hipótese seria a Hipótese da Complexidade Computacional elaborada 
por Jakubowicz (Jakubowicz, 2003; 2006). Esta hipótese indica que; 
[...] as crianças portadoras do DEL possuiriam deficiências com itens 
funcionais da língua, i.e, a criança seria capaz de selecionar categorias 
sintaticamente importantes ou semanticamente motivadas. Essas relações 
representariam certo grau de complexidade na língua, que, segundo 
Jakubowicz, seriam adquiridas tardiamente no processo de aquisição de 
linguagem das crianças portadoras de DEL ou seriam, simplesmente, 
omitidas pelas mesmas. (JAKUBOWICZ, 2003; 2006, apud PASSOS, 2015, 
p. 45). 
As hipóteses sobre o DEL / TDL ora enfatizam questões cognitivas, ora 
linguísticas. De fato, é importante salientar que as crianças DEL/ TDL não apresentam 
comprometimentos cognitivos específicos, o que diferencia o DEL de Síndromes como 
a de Down e a de Williams. 
“Persiste, contudo, grande controvérsia a respeito de qual seria a maneira 
mais adequada de explicar as manifestações do déficit. Parte dessa 
controvérsia pode estar vinculada à heterogeneidade da população de 
sujeitos com DEL. É possível que algumas propostas teóricas dêem conta 
somente de subgrupos específicos de sujeitos com DEL, não mostrando, 
necessariamente, uma incompatibilidade” (Silveira, 2002, apud PASSOS, 
2015, p. 46). 
 
21 
 
7 TRANSTORNOS DA LINGUAGEM 
 
Fonte: aparelhoauditivo.com 
Levando em consideração que a linguagem é um meio sistemático de 
comunicação, para que os seres humanos consigam interagir, observa-se que podem 
surgir dificuldades em diferentes campos da vida do indivíduo, seja no campo social 
seja no intelectual. Geralmente, tais barreiras se apresentam por algo que é 
classificado, de um modo geral, como Transtornos de Linguagem. 
 Assim, vale acrescentar que existem diferentes tipos de Transtornos de 
Linguagem, embora especialistas afirmem ser mais frequente a presença destes 
associados a transtornos psicológicos. Dessa forma, muitas crianças, que apresentam 
problemas ou dificuldades na aquisição da linguagem, possuem problema nos 
segmentos de leitura e escrita e nos relacionamentos interpessoais, o que 
consequentemente poderá afetar o rendimento escolar. 
Um estudo recente, realizado por pesquisadores da Universidade Tuiuti do 
Paraná - UTP e Faculdade Assis Gurgacz- FAG, no ano de 2016, demonstra que os 
fatores que motivaram os pais a realizar os encaminhamentos de seus filhos à clínica 
centram-se na preocupação em relação ao fato de não avançarem no processo de 
apropriação da linguagem escrita. Isso acontece, especialmente, no que se refere aos 
seus aspectos formais, ou seja, a dificuldades relacionadas à sistematização do uso 
de letras, à conversão grafema-fonema/fonema-grafema e à produção gráfica 
(MAZZAROTTO et al, 2016). 
 
22 
 
Mas quais seriam as causas para a ocorrência de tais transtornos? Fontes 
(2017, p. 1) nos informa: 
As etiologias das alterações da linguagem e da fala podem envolver aspectos 
genéticos, degenerativos, lesionais, ambientais e/ou emocionais. Alguns 
autores classificam os transtornos com base em dois tipos de fatores que 
podem alterar e incidir desfavoravelmente na evolução da comunicação e da 
linguagem: fatores orgânicos, sejam eles genéticos, neurológicos ou 
anatômicos e fatores emocionais. (FONTES, 2017, apud MESQUITA, 2018, 
p. 220). 
Há ainda autores que dizem que tais fatos podem resultar mais no adulto, 
embora os fatores mencionados sejam integrados. Já na criança, considera-se que 
tais diferenciações estejam ultrapassadas, pois o efeito de qualquer fator orgânico ou 
psicológico tem repercussão sobre um conjunto de processos psicológicos que 
possuem influência direta na aquisição da linguagem. Após a definição e o 
detalhamento das causas do transtorno de linguagem, faz-se necessário explanar 
sobre os tipos de transtornos. Estes podem ser classificados em pelo menos três 
principais, como Dislalia, Disfemia e Afasia. 
7.1 A dislalia e suas origens 
 
Fonte: orientacionandujar.es 
Ao se produzir o som da fala, existe todo um processo que vai desde a 
respiração, sinapses neurais até a articulação da boca (língua e dentes) e, na escrita, 
 
23 
 
é produzido da maneira que falamos. Dessa forma, se existe algum distúrbio no 
processo da fala, por conseguinte, a produção da escrita poderá ser afetada. 
 Um dos distúrbios da fala é a dislalia que, de acordo com Menezes, Souza e 
Silva (2013, p. 67) consiste em; 
 “(...) um distúrbio que acomete a fala, caracterizado pela dificuldade em 
articular as palavras, provocando fala errônea das palavras, acontecendo a 
omissão ou troca de letras. ” (SILVA, 2013, apud BUENO, 2018, p. 2). 
 
Souza e Fontanari (2015) explicam que esse distúrbio é bastante comum na 
sociedade e que pode interferir no aprendizado da escrita. Eberhart e Cauduro (2013, 
p.10) esclarecem que: 
Na dislalia surge uma alteração na fala, onde há imprecisão articulatória 
afetando padrões de produção de sons da língua, relacionados às fases de 
programação e ou execução neuromotora. Esta ocorre quando a criança está 
começando a falar. (EBERHART, 2013, apud BUENO, 2018, p. 2). 
Nota-se que as definições dos autores são convergentes, pois concebem a 
dislalia como uma disfunção de linguagem perceptível na pronúncia inadequada das 
palavras em decorrência de alterações do aparelho fonador. 
A dislalia ainda é subdividida em quatro tipos: 
1. Evolutiva: ocorre quando criança e tende a desaparecer ao logo do 
desenvolvimento; 
2. Funcional: é a mais frequente. Existem diversos tipos, sendo os de maior 
ocorrência a omissão, substituição, distorção ou acréscimo de letras. Na 
omissão alguns sons não são pronunciados. Exemplo: “Aela aanha” 
(Aquela aranha). No acréscimo ou distorção há a introdução de som. 
Exemplo: “Atelântico” (Atlântico). Quando há a troca de sons, é chamado 
de substituição. Exemplo: “Quelo o calo” (Quero o carro). 
3. Audiógena: a criança possui deficiência auditiva, o que leva ao erro na 
pronúncia; 
4. Orgânica: causada por lesõesno encéfalo, anomalias ou alterações na 
boca, impossibilitando a pronúncia correta das palavras. Um indivíduo 
com distúrbio de articulação pode ser considerado, de acordo com a 
classificação e quadro clínico, um portador de necessidade especial. 
 
24 
 
A etimologia da palavra dislalia vem do grego, o termo “dys” que significa 
dificuldade e “lalien”, do verbo falar (LIMA, 2008). Em conformidade com o processo 
histórico explicado por Cabrera (1999), os transtornos da fala antigamente eram 
diagnosticados como “dislabia”. Entretanto, nos anos 30 do século XIX, o suíço 
Schulter utilizou o termo “dislalia” para distingui-lo do termo “alalia” que se refere à 
ausência de linguagem. 
A dislalia pode caracterizar-se de quatro formas diferentes, tais como: 
evolutiva, que desaparece durante o desenvolvimento; funcional, se 
desenvolve devido as distorções dos sons com as letras; audiógena, acarreta 
erros nas pronúncias por deficiência auditiva ou até por lesões no encéfalo e 
orgânica, provoca uma estrutura de comunicação incorretas (SOUZA, & 
FONTANARI, 2015, apud BUENO, 2018, p. 2). 
Estudos conduzidos por fonoaudiólogos demonstram que na dislalia ocorre, 
normalmente, a substituição do som /R/ por /L/”, pois ocorre “(...) alteração de padrões 
articulatórios que conduzem a realizações sonoras do sistema linguístico. ” (LIMA, 
2008, apud SOUSA, 2016, p. 7). Esse distúrbio manifesta-se na pronúncia de palavras 
de formas diferentes, seja ela, por omissão, substituição, acréscimo e/ou por 
deformação dos fonemas, como por exemplo, /Aela aanha/ (Aquela aranha), 
/Atelântico/ (Atlântico), /Tota-Tola/ (Coca-cola), /balata/ (barata), /pobrema/ 
(problema), /Framengo/ (Flamengo) /socollo/ (socorro). (NASCIMENTO, CARVALHO, 
COSTA, & BASTOS, 2007). 
Compreende-se, então, que os erros mais comuns na dislalia são fonéticos e 
fonológicos, acontecendo, respectivamente, por distorções ou anomalias no processo 
auditivo ou neuromuscular, assim como por problemas na habilidade de planejar ou 
executar o sistema articulatório seletivo, com sistema próprio e sistemático 
(JAKUBOVICZ, 1997). 
Para explicar o fenômeno das dislalias, Winitz (1969 apud JAKUBOVICZ, 1997) 
levantou algumas hipóteses em relação à família, ao desenvolvimento físico, às 
anormalidades orgânicas e às dificuldades perceptuais que podem ocorrer nessas 
crianças. 
De fato, a criança repete sons incorretamente emitidos pelos pais, que podem 
ser ocasionados pela idade, conflitos, defeitos de fala ou físicos. Porém, o 
adulto (à princípio) não percebe os erros nas articulações da criança. Essa 
incorreção na fala pode ocasionar doenças cerebrais ou atraso no 
desenvolvimento físico / mental / linguístico ou ausência de treino completo 
da articulação de modo suficiente. Até mesmo, podem ocorrer perdas, 
 
25 
 
dificuldades e memórias auditivas, discriminação fonética e de análise dos 
sons (WINITZ, 1969 apud JAKUBOVICZ, 1997). 
 Ripper (1963 apud JAKUBOVICZ, 1997), após um estudo sobre os erros 
constantes nas dislalias, percebeu erros no contato, velocidade, estrutura, duração ou 
direção, força e sonorização do contato da língua. Isso devido a criança dislálica 
apresentar respiração e pressão intra-oral dos movimentos de forma incorreta, bem 
como os mecanismos velofaríngeos não funcionando ou funcionando de forma 
deficitária. 
Compreende-se, então, que a dislalia é avaliada como um procedimento que 
envolve o organismo humano e que acarreta distúrbios na fala, bem como a 
possibilidade de distúrbios na escrita. A troca de sons aponta essa má articulação nas 
palavras, que pode prejudicar o desenvolvimento da criança. Sendo assim, é muito 
importante que a articulação da criança seja avaliada para realizar as intervenções 
necessárias, evitando maiores prejuízos futuros. 
7.2 Disfemia 
 
Fonte: fonoonline.com.br 
De todas as desordens da comunicação humana, a gagueira é a mais 
desafiante. Aqueles que se dedicam ao seu estudo e tratamento, em determinado 
momento, se veem perplexos e, às vezes, até impotentes, diante dos inúmeros 
aspectos e variantes que influenciam na comunicação do indivíduo gago. 
 
26 
 
Disfemia mais popularmente gagueira é definida como um distúrbio da 
comunicação verbal, manifestada por quebras involuntárias na fluência e ritmo 
da fala É codificada na Classificação Estatística Internacional de Doenças e 
Problemas Relacionados à Saúde sob o código F98.5, sendo assim considerada 
como distúrbio ou transtorno de fluência da fala. 
[...] a gagueira é caracterizada como uma desordem no ritmo da fala, na qual 
o indivíduo sabe precisamente o que quer falar, mas não consegue reproduzir 
o som devido a uma repetição, prolongamento ou bloqueio involuntário. 
(OMS,1977, apud PEREIRA; SIERENS; BORSEL, 2007, P. 2) 
A gagueira apresenta sintomas característicos de debilidades nos aspectos 
temporais e sequenciais da fala, que contêm repetições de palavras inteiras 
monossilábicas, repetições de partes das palavras, prolongamentos de sons 
audíveis ou bloqueios. 
Outros autores acrescentaram características adicionais à fala do portador de 
gagueira, como hesitações, pausas desnecessárias, inserção de pequenas 
expressões, comportamental, associadas de batidas de mãos nas pernas, tremor de 
lábios, batidas de pés nos chãos, movimentos anormais de ombros, pescoço, 
cabeça e sentimentos negativos com relação à produção da fala (JUSTI; DUARTE, 
2016). 
Como características da gagueira, é possível caracterizar as repetições 
(repetição de sons, palavras ou frases); prolongamentos (consoantes prolongadas 
além de sua extensão); bloqueios (ocorrem quando uma consoante é bloqueada 
no percurso de sua produção, sendo que nenhum som é emitido, ou então, 
emite-se um som distorcido. Há interrupção do fluxo expiratório e, portanto, da 
emissão vocal); substituições e abstenções (um som ou uma palavra diferente é 
escolhido em vez daquele que está causando o problema); movimentos 
concomitantes (trejeitos faciais, bater de pés, movimentos oculares, bater de mãos 
nas pernas, trejeitos de cabeça entre outros); contato visual pobre; respiração (mal 
coordenada com fonação e expressão); extensão do tórax, pescoço e dos músculos 
faciais (BARBOSA, 2005). 
Os sintomas centrais da gagueira incluem: três ou mais repetições de sons, 
silabas ou partes de palavras, prolongamentos audíveis ou silenciosos e 
bloqueios em que ocorre a interrupção do fluxo do ar ou pausas tensas. Tais 
podem comprometer a saúde mental das pessoas que gaguejam, levando-as 
fobias, ansiedade generalizada, além da redução de oportunidades de 
 
27 
 
convívio social e ocupacional (ANDRADE et al., 2014, apud SANTOS, 2018, 
p. 2). 
A terapia fonoaudiológica para o tratamento da gagueira consiste na utilização 
de exercícios com o objetivo de ensinar um novo modelo de produção de fala e 
favorecer a fluência. Para melhor compreender e tratar a pessoa que gagueja, é 
preciso construir um raciocínio dialético que articule sua dimensão biológica com a 
realidade social, na qual o gago está inserido (CARVALHO et al., 2013). 
Sendo assim, o fonoaudiólogo vai trabalhar com o paciente: relaxamento, 
postura corporal, respiração, articulação da fala, velocidade, pausas durante a fala, 
coordenação pneumofonoarticulatória, entre outros (RIBEIRO, 2003). 
Em outro enfoque, existe, também, a visão psicossocial da gagueira que leva 
em consideração não apenas o aspecto orgânico funcional, mas também o significado 
afetivo e emocional da fala gaguejada. Assim a psicologia auxilia tanto a família e ao 
paciente quanto ao fonoaudiólogo, na compreensão das dificuldades pelas quais 
ambos estão passando (OLIVEIRA; GARGANTINI, 2003). 
7.3 Afasia 
 
Fonte: fonoaudiologiabh.com.br 
Todo ser humano faz uso da linguagem para falar, entender, ler, escrever, fazer 
gestos,entre outras atividades, porém, se como resultado de uma lesão cerebral uma 
ou mais áreas do cérebro responsáveis pela linguagem pararem de funcionar 
 
28 
 
apropriadamente, a pessoa pode apresentar dificuldades para falar o que gostaria, e, 
sendo assim, não pode mais fazer uso da linguagem. Esta dificuldade é chamada de 
afasia (Afasia – A (= não) fasia (= falar). 
A afasia é a perda parcial ou total da capacidade de expressar ou compreender 
a linguagem falada ou escrita. É o resultado de danos às áreas do cérebro que 
controlam a linguagem. As pessoas podem ter dificuldade de ler, escrever, falar, 
compreender ou repetir a linguagem. 
A afasia é grosso modo definida como uma alteração de linguagem e 
processos a feitos a ela, decorrente de uma lesão cerebral adquirida (em 
geral, no hemisfério esquerdo). Distintas etiologias, como acidentes 
vasculares cerebrais, traumatismos cranioencefálicos e tumores podem 
causar afasia, que pode ser acompanhada de sinais neurológicos (por 
exemplo, a hemiplegia) e distúrbios cognitivos (como apraxias, agnosias, 
amnésias) de distintas ordens e graus de severidade. (GUARINELLO, 2007, 
apud FERREIRA, 2015, p. 4). 
Em pessoas destras e cerca de dois terços das canhotas, a função da 
linguagem é controlada pela metade esquerda do cérebro (hemisfério cerebral 
esquerdo). No outro terço dos canhotos, grande parte da função da linguagem é 
controlada pela metade direita. 
Assim, na maioria das pessoas, a função da linguagem é controlada pelas 
seguintes áreas do cérebro: 
1. Parte do lobo frontal esquerdo chamada de área de Broca 
2. Parte do lobo frontal esquerdo chamada de área de Wernicke 
3. A parte posterior inferior do lobo parietal esquerdo (próxima à área de 
Wernicke) 
4. As conexões entre essas áreas 
A lesão em qualquer parte dessas áreas interfere em, pelo menos, alguns 
aspectos da função da linguagem. Normalmente, a escrita e a fala são afetadas da 
mesma forma. 
A afasia geralmente resulta de problemas que não causam danos progressivos, 
como os seguintes: 
1. Acidente vascular cerebral 
2. Traumatismo craniano 
3. Infecção cerebral (encefalite) 
4. Nesses casos, a afasia não piora. 
 
29 
 
Mas se ela resulta de uma doença progressiva (como um tumor cerebral em 
expansão), a afasia pode piorar progressivamente. Conforme o tumor cresce, o 
mesmo pode fazer mais pressão em áreas do cérebro que controlam a função da 
linguagem e, assim, prejudicar a capacidade de expressar ou entender a linguagem. 
Alguns tipos de demência também podem causar afasia que piora progressivamente. 
Um indivíduo é considerado afásico quando, do ponto de vista linguístico, o 
funcionamento de sua linguagem, após lesão cerebral, não leva em conta 
determinados recursos de produção ou interpretação. 
Por derivar de uma lesão cerebral de extensão e gravidade variadas, não é raro 
que as afasias sejam acompanhadas também de outras dificuldades de origem 
neurológica, como paralisia parcial de braços e pernas ou alterações da atividade 
gestual. Embora sua incidência entre as sequelas de doenças neurológicas, na 
verdade, não seja pequena, a falta de informação a respeito das afasias ainda é 
bastante grande em nosso meio. Por esse motivo, muitas vezes, nos deparamos com 
a falta de objetividade no entendimento e enfrentamento das afasias. 
Crianças que estão se desenvolvendo normalmente podem perder 
habilidades de linguagem, devido a dano cerebral. Este distúrbio de 
linguagem adquirido é conhecido como afasia infantil. A afasia, em crianças, 
é mais frequentemente causada por um dano cerebral traumático, mas pode 
também ser causada por um derrame, doença infecciosa, tumor e 
convulsões. Semelhante à afasia em adultos tipicamente as crianças 
adquirem déficit de linguagem após danos ao hemisfério esquerdo. (ARAM 
apud BOONE; PLANTE, 1994, p. 206). 
Na infância, as crianças podem desenvolver afasia desenvolvimental, que 
ocorre quando a criança ainda não adquiriu uma capacidade linguística, mas por um 
motivo externo perde a capacidade de desenvolver essa competência. Ou ainda, a 
Afasia adquirida, quando a criança já dominava uma determinada competência 
linguística e devido a um fator externo perde essa capacidade. A grande diferença 
entre a afasia infantil e no adulto é que nesta não existem afasias desenvolvimentais, 
como há em crianças. 
Muitas crianças com afasia apresentam problemas em compreender a 
linguagem falada, apesar da audição e da inteligência normais. Os problemas 
de compreensão incluem dificuldade de entender frases complexas, seguir 
instruções e ler. Já que ler, escutar e seguir instruções são atividades 
escolares frequentes, não é surpreendente que crianças com afasia 
experimentem dificuldades acadêmicas. (CRANBERG, apud BOONE; 
PLANTE, 1994, p. 207). 
 
30 
 
A afasia pode ser observada em criança que: ouve a palavra mais não a 
interioriza com significado; demora a compreender o que é dito; apresenta gestos 
deficientes e inadequados; confunde palavras ou frases; tem dificuldade de evocação, 
exteriorizada por ausências de respostas ou tentativas incompletas para achar a 
expressão ou emissões que a substituem. Assim, a Afasia se caracteriza, mais 
especificamente, por falhas na compreensão e na expressão verbal, relacionadas à 
insuficiência de vocabulário, má retenção verbal, gramática deficiente e anormal, 
escolha equivocada de palavras. 
As pessoas com afasia têm dificuldade em expressar ou compreender a 
linguagem. Mas a natureza e o grau de dificuldade variam. A variedade reflete a 
natureza complexa da função da linguagem. Os principais tipos de afasia são: Afasia 
de Broca ou Expressiva (Motora), Afasia de Wernicke ou Receptiva (Sensorial) e 
Afasia global. 
Afasia de Broca (expressiva): 
A afasia expressiva (ou de Broca) é uma deficiência que envolve 
fundamentalmente a fala do paciente; a compreensão que o paciente tem da 
fala de outros permanece relativamente intacta. Este tipo de afasia está 
associado à lesão nas regiões frontais do hemisfério esquerdo que controlam 
a produção da fala, particularmente a região chamada de área de Broca. 
(SPRINGER, 1998, apud FERREIRA, 2015, p. 6). 
Se a área de Broca estiver lesionada, as pessoas conseguem em geral 
entender o significado das palavras e saber como elas desejam responder. No 
entanto, elas têm dificuldade em encontrar as palavras ao falar. Articulam as palavras 
lentamente e com grande esforço, às vezes interrompidas por imprecações, mas o 
que dizem faz sentido a elas. Também não há ritmo e ênfase normais da fala. Elas 
têm dificuldade em repetir frases. A maioria das pessoas afetadas também são 
incapazes de escrever palavras. 
Um paciente com afasia de Broca fala muito pouco. Quando a fala é tentada, 
há uma hesitação – o paciente tem dificuldade de exprimir as palavras. Há 
uma ausência de pequenas partes gramaticais da fala e de uma inflexão 
característica. Tal fala é frequentemente chamada de fala telegráfica ou 
agramatismo. (SPRINGER, 1998, FERREIRA, 2015, p. 6). 
Crianças que apresentam afasia motora mostram-se inicialmente, quase 
mudas, sendo necessário estimulá-las a falar pelo menos pequenas palavras. A fala 
tem constantemente distúrbios articulatórios e anomalias de ordem fonética. A 
 
31 
 
compreensão verbal está conservada, porém, a dificuldade maior é de compreender 
e aprender o todo. A leitura, frequentemente, está perturbada. Os distúrbios de escrita 
são constantes e frequentes. 
A afasia também pode envolver a perda da capacidade de compreender as 
palavras escritas (alexia), a perda da capacidade de recordar ou dizer os nomes dos 
objetos (anomia) algumas pessoas com anomia não conseguem lembrar nem parte 
da palavra. Outras têm uma palavra em mente, mas não conseguem pronunciá-la. 
Pessoas com anomia tendem a falar fluentemente, mas utilizam frases que não 
significam nada ou dizem o que significam de uma forma não clara. A maioria das 
pessoascom afasia tem anomia. Esse tipo de afasia é chamado de afasia anômica. 
Afasia de Wernicke (receptiva): 
A afasia receptiva (ou de Wernicke) é o distúrbio em que o paciente tem 
grande dificuldade para entender a fala. Está associada a uma lesão na 
região posterior do primeiro giro temporal, ou área de Wernicke. A fala de um 
paciente com afasia receptiva é muito mais fluente do que a de um afásico 
expressivo, mas, dependendo da extensão da lesão, pode variar entre ser 
levemente estranha e completamente sem sentido. Frequentemente, os 
pacientes usam palavras inadequadas (parafasia) ou não existentes 
(neologismos). Em alguns casos, os sons produzidos pelo paciente parecem 
uma perfeita gíria ou uma “salada de palavras”, embora o ritmo e o fluxo da 
fala pareçam estar preservados. (SPRINGER, 1998, apud FERREIRA, 2015, 
p. 7). 
Ainda nas palavras de Springer (1998), a afasia de Wernicke ou Sensorial é a afasia 
de compreensão mais grave definida por um conjunto de características bastante 
específicas. Estando essa área comprometida, os sujeitos teriam dificuldades para 
compreender a linguagem verbal, já que haveria uma interrupção das fibras nervosas 
das conexões, bloqueando a chegada das informações às áreas associativas. 
 Neste caso, estão comprometidas tanto a compreensão como a expressão, 
entretanto sem a existência de dificuldades na articulação das palavras. A expressão 
é marcada por discurso fluente e abundante, fala logorréica (rápida) e jargonafásica 
(jargão) e pelo grande número de neologismos, o sujeito fala sem considerar o 
interlocutor. 
As pessoas por ela afetadas podem construir frases longas, sem sentido 
algum, adicionando palavras desnecessárias e até inventando outras. Apresentam 
grandes dificuldades de entendimento da linguagem falada e, muitas vezes, ignoram 
os seus próprios erros. 
 
32 
 
Os pacientes com afasia de Wernicke podem com facilidade produzir sons 
falados, mas estes não fazem sentido. Além disso, a fala de outras pessoas 
não é compreendida, apesar de a capacidade de ouvir se manter normal. As 
pessoas com afasia de Wernicke parecem não ter conhecimento de seu 
distúrbio e a substituição de palavras, chamada parafasia, é comum. A 
pessoa pode dizer “capitão de escola” em vez de dizer “diretor”. A área 
correspondente a afasia de Wernicke também é importante para a imagem 
corporal e para a compreensão das relações do self, isto é, de si e do 
ambiente em que o paciente vive. (CIORNARI, 2005, apud FERREIRA, 2015, 
p. 7). 
Se a área de Wernicke estiver lesionada, as pessoas têm dificuldade em 
compreender a linguagem e a escrita. Costumam falar fluentemente e com um ritmo 
natural, mas as frases saem formuladas com palavras confusas (por vezes referida 
como salada de palavras). Podem não saber que estão falando coisas sem sentido. 
A maioria das pessoas afetadas também é incapaz de ler palavras. Elas escrevem 
como falam — de forma fluente, mas incompreensível 
Perda de quase toda a capacidade de compreender, falar ou escrever a 
linguagem (afasia global): 
A afasia global ocorre quando os lobos temporal esquerdo e frontal (incluindo 
áreas de Broca e Wernicke) estão lesionados. O indivíduo talvez possa verbalizar 
imprecações, pois o lado direito do cérebro, que controla as emoções, não está 
lesionado. 
Os pacientes com afasia global apresentam um profundo problema de 
entendimento e de fala. As funções de leitura e de fala também estão 
completamente ausentes. Embora tais pacientes possam ser orientados 
quanto a tempo e a lugar, sua fala sem sentido, perseverante, torna a maior 
parte da comunicação impossível. (BOONE; PLANTE, 1994, apud 
FERREIRA, 2015, p. 8). 
É considerado o tipo de afasia mais grave, geralmente acompanhada de outros 
comprometimentos neurológicos e motores. 
Na afasia global existe a incapacidade de usar a linguagem de qualquer 
forma. As pessoas com afasia global não podem produzir fala compreensível, 
compreender a linguagem falada, falar fluentemente, ler ou escrever. Nosso 
procedimento é falar de modo simples, sem pressa, repetir a pergunta 
quantas vezes for necessário, usando ferramentas necessárias para motivar 
o paciente e fazê-lo de interessar estabelecendo um diálogo de 
entendimento. (CIORNAI, 2005, apud FERREIRA, 2015, p. 8). 
Uma pessoa com uma afasia severa frequentemente entende apenas as 
palavras mais importantes de uma sentença. No entanto, entender o mundo à sua 
volta somente através do significado de poucas palavras, pode causar 
 
33 
 
desentendimentos, pois a combinação de palavras com o conhecimento geral de 
mundo não é suficiente para a compreensão correta da mensagem transmitida. 
Quanto ao diagnóstico é feito uma avaliação por um médico, testes 
padronizados de função cerebral, exames por imagem, como a tomografia 
computadorizada ou imagem por ressonância magnética 
Normalmente, os médicos podem identificar a afasia, ao conversar com a 
pessoa e ao fazer algumas perguntas. No entanto, precisam ter certeza de que os 
problemas aparentes com a linguagem, não são causados por problemas com a 
audição ou com a visão ou por problemas musculares ou nervosos, que afetam a fala 
ou a escrita, incluindo a disartria. A disartria é um problema de fala, que afeta os 
nervos e os músculos que controlam a capacidade de falar — a capacidade de 
pronunciar fisicamente sons e palavras. A afasia é uma disfunção da linguagem, 
indicando um problema no cérebro e que afeta a compreensão, reflexão e descoberta 
da palavra. 
Os médicos avaliam o quão fluentemente as pessoas falam, se é difícil começar 
a falar, e se as pessoas têm dificuldade em encontrar as palavras, nomear os objetos 
ou repetir frases. Os médicos também verificam como as pessoas entendem o que é 
dito a elas, por exemplo, se elas conseguem entender e executar um comando. As 
pessoas são convidadas a escrever e ler em voz alta. 
Um neuropsicólogo ou fonoaudiólogo pode aplicar testes padronizados de 
função cerebral (testes neuropsicológicos). Podem ajudar os médicos a identificar a 
afasia que causa apenas sintomas sutis. Esses testes também ajudam os médicos a 
planejar o tratamento e a determinar como provavelmente será a recuperação. 
São feitos exames de diagnóstico por imagem, como a tomografia 
computadorizada (TC) ou a imagem por ressonância magnética (RM), para descobrir 
qual o tipo de lesão cerebral que causou a afasia. Podem ser realizados outros testes 
de acordo com a causa suspeita. 
Já a recuperação de uma pessoa é influenciada pelo seguinte: 
1. A causa, tamanho e localização da lesão 
2. A extensão com que a linguagem é comprometida 
3. A resposta ao tratamento 
4. Em menor grau, a idade, educação e saúde geral da pessoa 
 
34 
 
Crianças menores de 8 anos de idade frequentemente recuperam a capacidade 
de utilizar a linguagem, mesmo quando o cérebro foi gravemente lesionado. Para 
pessoas acima de 8 anos, a maior parte da recuperação ocorre nos primeiros 3 meses, 
mas elas podem continuar a melhorar até certo grau em até um ano. 
É importante lembrar que a reabilitação bem-sucedida do afásico é auxiliada 
pelo desenvolvimento e encorajamento da comunicação. A dimensão 
linguística é apenas uma parte da comunicação. O processo de reabilitação 
requer os esforços de médicos, fisioterapeutas e terapeutas ocupacionais, 
enfermeiras, psicólogos e fonoaudiólogos – todos trabalhando com o paciente 
e com a sua família. (BOONE; PLANTE, 1994, apud FERREIRA, 2015, p. 10). 
O tratamento de certas causas de afasia pode ser muito eficaz. Por exemplo, 
se um tumor provoca inchaço no cérebro, os corticosteroides podem reduzir o inchaço 
e melhorar a função da linguagem. A afasia devido a algumas outras causas (como 
um acidente vascular cerebral) pode diminuir mais lentamente ou apenas 
parcialmente quando é tratada. 
Os fonoaudiólogos podem ajudar as pessoas que desenvolvem afasia após o 
dano cerebral devido a doenças que não causam lesão progressiva.A terapia é 
geralmente iniciada logo que as pessoas são capazes de participar. Quanto mais cedo 
a terapia é iniciada, mais eficaz ela é, mas também é útil mesmo quando iniciada 
tardiamente. 
Se as pessoas com afasia não recuperam as habilidades básicas de linguagem, 
elas poderão ser capazes de se comunicarem por meio de um livro ou de um 
dispositivo de comunicação, como uma placa com imagens ou símbolos de palavras 
mais utilizadas ou atividades diárias, ou ainda um dispositivo baseado em computador 
com um teclado e um visor de mensagens. 
 
35 
 
Teste de uma pessoa com afasia: 
 
(HUANG, 2019, p. 5) 
7.4 Apraxia 
 
Fonte: vero.com.br 
 
36 
 
A Apraxia é uma desordem neurológica caracterizada por provocar uma 
perda da capacidade de executar movimentos e gestos precisos, mesmo que 
o indivíduo deseje e tenha capacidade física para fazê-lo. A Apraxia de Fala 
caracteriza-se como um conjunto de alterações articulatórias e prosódicas 
que ocorrem sem que exista prejuízos musculares (CATRINI et al, 2015, apud 
KEITEL, 2019, p. 5). 
Conforme o autor, a explicação mais coerente relaciona-se a um déficit na 
programação motora dos movimentos para se obter uma fonação ajustada juntamente 
com uma articulação apropriada da língua. Acerca da classificação, considera-se a 
Apraxia de Fala na Infância (desenvolvimental) e a Apraxia de Fala Adquirida. 
A Apraxia de Fala na Infância é definida como um transtorno da articulação no 
qual há comprometimento da capacidade de programar voluntariamente a posição da 
musculatura dos órgãos fonoarticulatórios e a função dos movimentos musculares 
para a produção de fonemas e palavras. Essas dificuldades de programação de 
posição e sequência dos movimentos ocorrem, apesar de sistemas motores, 
sensoriais, das habilidades de compreensão, atenção e cooperação encontrarem-se 
preservados (SOUZA e PAYÃO, 2008). 
Ocorre desde o início do desenvolvimento da linguagem do bebê, 
caracterizando-os como bebês silenciosos, lentos, que diferenciam pouco os 
sons, tendo a primeira vocalização bem como as combinações de palavras 
iniciando-se tardiamente (PAYÃO et al, 2011, apud KEITEL, 2019, p. 2). 
Ainda de acordo com esses autores, as crianças fazem uso prolongado de uma 
única palavra para vários significados, utilizam gestos e outros métodos não-verbais 
em demasia, além de “perda de palavras”, ou seja, a criança produz certa palavra, e 
tempos depois não consegue mais fazê-la da forma original. 
Assim, conforme os autores supracitados, em um paciente apráxico, um 
movimento pode ser realizado automaticamente, mas não voluntariamente. Essa 
dificuldade não é acompanhada por fraqueza ou lentidão significativa, ou 
incoordenação desses músculos nos movimentos reflexos ou automáticos. 
A apraxia desenvolvimental da fala é uma condição clínica, na qual ocorre uma 
inconsistência na precisão dos movimentos necessários para a produção de fonemas. 
O indivíduo apráxico ainda em desenvolvimento pré lingual, manifesta sinais 
inadequados para o desenvolvimento linguístico normal. Mesmo a criança tendo um 
raciocínio claro sobre a fala, não consegue emitir as palavras devido à dificuldade para 
realizar a programação das posturas específicas dos órgãos fonoarticulatórios 
 
37 
 
(OFA’s), os quais são responsáveis pela produção de sons pretendidos, na ordem e 
sequência adequadas (SOUZA e PAYAO, 2008). 
Os comandos motores que atingem os órgãos fonoarticulatórios para um 
dado fonema são, em várias circunstâncias, dependentes do contexto 
fonético, do ritmo e da entonação de fala. Pode-se afirmar, então, que cada 
emissão fonêmica é um fenômeno ímpar, não havendo um conjunto finito de 
comandos motores pré-estabelecidos (RODRIGUES, 1989, apud KEITEL, 
2019, p. 3). 
Os movimentos de lábios, língua e mandíbula são indiferenciados no início da 
infância, sendo necessário o seu refinamento conforme a criança se desenvolve; 
quando isso não ocorre, a mesma pode apresentar alterações na fala que levam aos 
prejuízos no relacionamento emocional, social e consequentemente escolar (SOUZA 
e PAYÃO, 2008). 
Já a Apraxia de Fala Adquirida ocorre em sua maioria em adultos, sendo 
causada por uma lesão na área de Broca ou córtex sensório motor do hemisfério 
esquerdo dificultando os movimentos responsáveis pela fala mesmo que o indivíduo 
possua um sistema muscular intacto (SOUZA e PAYÃO, 2008). Os autores explicam 
ainda, que a apraxia pode vir acompanhada ainda de afasia, desorganização lógica 
para pensamento ou percepção, desorganização na escrita, agrafia entre outros, pois 
o lado esquerdo do cérebro também é responsável pelo controle dessas habilidades. 
Uma pesquisa realizada com 25 pacientes que haviam sofrido um Acidente Vascular 
Encefálico (AVE), demonstrou que somente possuíam distúrbio no planejamento 
motor dos movimentos articulatórios aqueles que tiveram a região da ínsula, 
especificamente no giro pré-frontal esquerdo atingidos, ou seja, essa região parece 
ser especializada para o planejamento motor da expressão oral. 
7.5 Avaliação na Apraxia de Fala 
A Apraxia de Fala tem muito impacto sobre a realização das atividades, 
podendo acarretar muitos obstáculos para a criança, como manipular objetos ou até 
mesmo na expressão de gestos que direcionam a comunicação. Dessa forma, 
acabam se tornando dependentes de cuidados especiais por conta da impossibilidade 
de articulação correta, tornando-se um grande empecilho na vida da criança 
(WETTER; POOLE e HAALAND, 2005). 
 
38 
 
O grau do comprometimento apresentado pelo paciente é um dado muito 
importante a ser considerado, quando se trata de diagnóstico de apraxia da fala, uma 
vez que esse distúrbio da comunicação pode apresentar-se em diferentes graus, 
desde o mais leve, o qual se caracteriza como um distúrbio articulatório, até o mais 
severo, quando há ausência total ou quase total da fala. 
Para que ocorra uma avaliação apropriada das apraxias, é de grande 
importância identificar sua presença para poder classificá-la de forma correta, 
considerando-se as falhas cometidas pelo paciente, e com bases nas 
informações, conhecer todos os mecanismos que estão envolvidos no déficit 
(POLITIS; RUBINSTEIN, 2007, apud KEITEL, 2019, p. 7). 
Contundo, conforme apontado em estudos de revisão teórica, há uma confusão 
nos termos que são realizados por distintos autores, visto que o mesmo conceito é 
utilizado para explicar diferentes tipos de apraxias (KOSKI; IACOBONI e MAZZIOTTA, 
2002). É provável que essa condição ocorra porque indivíduos com apraxia podem ter 
dificuldades distintas, e, portanto, diferentes tipos de alterações práxicas podem ser 
descritas, baseando-se na dissociação dos déficits. 
Um dos modelos da neuropsicologia cognitiva bastante difundido para a 
construção de instrumentos que apresentam a avaliação das habilidades práxicas é o 
sugerido por Rothi, Ochipa e Heilman (1991). De acordo com esse modelo, podem 
ser vistos os movimentos que são mediados por distintos subsistemas, a execução, 
imitação e compreensão de tais movimentos podem serem vistos nesse modelo. Para 
os autores parece haver dois tipos de léxicos relacionados à ação: entrada (memória 
dos movimentos reconhecidos) e a saída (realização dos movimentos). 
7.6 Intervenção Clínica Fonoaudiológica 
Na apraxia desenvolvimental, existe um consenso da existência de déficit no 
controle motor voluntário dos órgãos fonoarticulatórios para a produção da fala. 
Contudo, essa perspectiva linguístico-fonológica não é eficaz na intervenção clínica 
fonoaudiológica, pois a abordagem fonológica acaba se baseando no input receptivo, 
que irá facilitar os movimentos que serão necessários para que ocorra o controle da 
fala. Nesse caso, as práticas dos gestos essencialmente articulatórios não são 
suficientemente reforçadas nessa perspectiva terapêutica. Na abordagem fonológica, 
há concomitância de vários fonemas que são estimulados simultaneamente;

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