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Inconfidência e Sentença do Tiradentes

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Inconfidência Mineira
Introdução 
A Inconfidência Mineira foi um dos mais importantes movimentos sociais da História do Brasil. Significou a luta do povo brasileiro pela liberdade, contra a opressão do governo português no período colonial. Ocorreu em Minas Gerais no ano de 1789, em pleno ciclo do ouro.
No final do século XVIII, o Brasil ainda era colônia de Portugal e sofria com os abusos políticos e com a cobrança de altas taxas e impostos. Além disso, a metrópole havia decretado uma série de leis que prejudicavam o desenvolvimento industrial e comercial do Brasil. No ano de 1785, por exemplo, Portugal decretou uma lei que proibia o funcionamento de industrias fabris em território brasileiro.
Causas 
 Neste período, era grande a extração de ouro, principalmente na região de Minas Gerais. Os brasileiros que encontravam ouro deviam pagar o quinto, ou seja, vinte por cento de todo ouro encontrado acabava nos cofres portugueses. Aqueles que eram pegos com ouro “ilegal” (sem ter pagado o imposto”) sofria duras penas, podendo até ser degredado (enviado a força para o território africano).
Com a grande exploração, o ouro começou a diminuir nas minas. Mesmo assim as autoridades portuguesas não diminuíam as cobranças. Nesta época, Portugal criou a Derrama. Esta funcionava da seguinte forma: cada região de exploração de ouro deveria pagar 100 arrobas de ouro (1500 quilos) por ano para a metrópole. Quando a região não conseguia cumprir estas exigências, soldados da coroa entravam nas casas das famílias para retirarem os pertences até completar o valor devido.
Todas estas atitudes foram provocando uma insatisfação muito grande no povo e, principalmente, nos fazendeiros rurais e donos de minas que queriam pagar menos impostos e ter mais participação na vida política do país. Alguns membros da elite brasileira (intelectuais, fazendeiros, militares e donos de minas), influenciados pela idéias de liberdade que vinham do iluminismo europeu, começaram a se reunir para buscar uma solução definitiva para o problema: a conquista da Independência do Brasil. 
Os Inconfidentes 
O grupo, liderado pelo alferes Joaquim José da Silva Xavier, conhecido por Tiradentes era formado pelos poetas Tomas Antonio Gonzaga e Cláudio Manuel da Costa, o dono de mina Inácio de Alvarenga, o padre Rolim, entre outros representantes da elite mineira. 
A idéia do grupo era conquistar a liberdade definitiva e implantar o sistema de governo republicano em nosso país. Sobre a questão da escravidão, o grupo não possuía uma posição definida. Estes inconfidentes chegaram a definir até mesmo uma nova bandeira para o Brasil. Ela seria composta por um triangulo vermelho num fundo branco, com a inscrição em latim: Libertas Quae Sera Tamen (Liberdade ainda que Tardia). 
Os inconfidentes haviam marcado o dia do movimento para uma data em a derrama seria executada. Desta forma, poderiam contar com o apoio de parte da população que estaria revoltada. Porém, um dos inconfidentes, Joaquim Silvério dos Reis, delatou o movimento para as autoridades portuguesas, em troca do perdão de suas dívidas com a coroa. Todos os inconfidentes foram presos, enviados para a capital (Rio de Janeiro) e acusados pelo crime de infidelidade ao rei. Alguns inconfidentes ganharam como punição o degredo para a África e outros uma pena de prisão. Porém, Tiradentes, após assumir a liderança do movimento, foi condenado à forca em praça pública.
Embora fracassada, podemos considerar a Inconfidência Mineira como um exemplo valoroso da luta dos brasileiros pela independência, pela liberdade e contra um governo que tratava sua colônia com violência, autoritarismo, ganância e falta de respeito. 
SENTENÇA DE TIRADENTES – PENA CAPITAL
Acusação de crime – lesa-majestade. (atentar contra vida do rei ou de seus representantes).
Prisão dos incontinentes em 1789 – o processo de prolongou até 1792 – quando foi divulgada pelo Tribunal de Relação do Rio d Janeiro a sentença para os revoltosos.
Onze foram condenados a morte, outros aos degredo perpétuo na África.
Recurso - contaram Réus com a clemência da Soberana D. Maria, que liberou do enforcamento todos os participantes do movimento – exceto Tiradentes.
Pergunta-se: Qual a motivação de apenas um revolucionário ser condenado à morte, que particparam do “quase levante”? Conclui-se que Tiradentes, entusiasta da Inconfid~encia e dono de idéias mais radicais, como a proclamação da república e a abolição da escravidão, além de não fazer parte da elite colonial, acabou por ser o escolhido para dar exemplo ao povo do que não se deve fazer: conspirarr contra a Coroa. Ocorre que o tiro saiu pela culatra, já que de”justiçado” Tiradentes se transformou em mártir da luta contra o jugo da Metrópole e um dos baluartes da defesa da república.( Rodrigues Maciel José Fabio – Hist´ria do Direiro, 4ª ed. Ed. Saraiva, pág.140)
 Segue, então a comentário e senteça:
"Ante a divulgação da sentença, a população mostrou-se perturbada, horrorizada até, já que a execução, mesmo não revestida da crueldade que recomendavam as leis da época, era a mais estarrecedora que a cidade do Rio de Janeiro já tinha visto."
A Inconfidência Mineira foi abordada em incontáveis estudos, mas nem sempre existe concordância acerca de suas reais motivações. Alguns defendem que o movimento buscava a independência das Capitanias de Minas e do Rio de Janeiro. Outros apontam uma atuação mais regional, atribuindo o levante ao descontentamento da população de Vila Rica em relação ao governo português. Há também os que argumentam que a luta era para instaurar a república na Colônia, e outros afirmam que a principal intenção era instaurar uma monarquia local. Não abordaremos esses meandros históricos; nossa discussão se limitará à sentença que cominou a pena capital para Joaquim José da Silva Xavier, mais conhecido como "Tiradentes".
Após a prisão dos inconfidentes, em 1789, sob a acusação de crime de lesa-majestade (atentar contra a vida do rei ou de seus representantes), estendeu-se o processo até 1792, quando foi divulgada pelo Tribunal da Relação do Rio de Janeiro a sentença estipulada para os revoltosos. Onze foram os condenados à morte, sendo os outros condenados ao degredo perpétuo na África. Sem sucesso nos embargos apresentados ao tribunal, contaram os réus com a clemência da Soberana, que liberou do enforcamento todos os participantes do movimento, à exceção de Tiradentes. Qual o motivo de apenas um revolucionário ter sido condenado à morte, entre tantos que participaram ativamente do "quase" levante? Analisemos a sentença concedida ao principal condenado para chegar à respectiva conclusão.
Na véspera do Natal de 1790, chegou à cidade do Rio de Janeiro uma alçada composta por três ministros, desembargadores da Suplicação, cujo intuito era dar andamento, de forma unificada, ao julgamento dos revoltosos. Depois de vastos interrogatórios e depoimentos, decidiu-se, em janeiro de 1792, que fossem sentenciados e condenados, com pena última, os cabeças da conspiração e os que começaram e mantiveram os conventículos; que os sacerdotes réus fossem sentenciados segundo a qualidade de seus crimes; que outras penas fossem impostas àqueles que souberam e não denunciaram tamanha perfídia. Após ansiosa espera, divulgou-se a sentença, relatando que na Capitania de Minas alguns vassalos da Rainha, animados do espírito de ambição, formaram infame plano para se subtrair à sujeição e obediência devida à Soberana, pretendendo desmembrar e separar parte do Estado para formar uma república independente, cuja capital seria a vila de São João Del-Rei. Sua bandeira teria por armas três ângulos, em alusão à Santíssima Trindade, cujo mistério era da maior devoção de Tiradentes. Fundariam uma universidade em Vila Rica, o ouro e os diamantes teriam livre exploração, seriam formadas leis para o governo da república e a cabeça do Governador da Capitania seria cortada. Ainda de acordo com a sentença, mostrou-se que, entre os chefes da conjuração, o primeiro a suscitaras idéias de república foi o réu Tiradentes. Com base nesses e em outros fundamentos formulou-se a seguinte condenação:
"(...) Portanto condenam ao Réu Joaquim José da Silva Xavier, por alcunha o Tiradentes, Alferes que foi da tropa paga da Capitania de Minas, a que com baraço e pregão seja conduzido pelas ruas públicas ao lugar da forca e nela morra morte natural para sempre, e que depois de morto lhe seja cortada a cabeça e levada a Vila Rica, aonde em lugar mais público dela será pregada, em um poste alto até que o tempo a consuma, e o seu corpo será dividido em quatro quartos, e pregado em postes pelo caminho de Minas no sítio da Varginha e das Cebolas, aonde o Réu teve as suas infames práticas, e os mais nos sítios de maiores povoações até que o tempo também os consuma; declaram o Réu infame, e seus filhos e netos tendo-os, e os seus bens aplicam para o Fisco e a Câmara Real, e a casa em que vivia em Vila Rica será arrasada e salgada, para que nunca mais no chão se edifique e não sendo própria será avaliada e paga a seu dono pelos bens confiscados e no mesmo chão se levantará um padrão pelo qual se conserve em memória a infâmia deste abominável Réu (...)".
Outros dez revoltosos também foram sentenciados à pena capital. Mesmo o réu Claudio Manoel da Costa, que se matou no cárcere, teve declarada infame a sua memória e infames seus filhos e netos, tendo seus bens sido confiscados para o Fisco e a Câmara Real.
Ante a divulgação da sentença, a população mostrou-se perturbada, horrorizada até, já que a execução, mesmo não revestida da crueldade que recomendavam as leis da época, era a mais estarrecedora que a cidade do Rio de Janeiro já tinha visto. Após a Relação não aceitar os embargos apresentados pela defesa, dez dos onze condenados à forca conseguiram a clemência da Rainha, sendo a respectiva pena comutada para degredo. Tiradentes foi o único que não obteve clemência...
A atrocidade foi cometida num sábado. Tiradentes foi enforcado na cidade do Rio de Janeiro no dia 21 de abril de 1792. Logo depois foi esquartejado, e seus quartos espalhados pela estrada real, sendo a cabeça exposta na praça central de Vila Rica, atual Ouro Preto, onde hoje se encontra um monumento em sua memória. Os juízes que condenaram Tiradentes e assinaram a sentença foram: Sebastião Xavier de Vasconcellos Coutinho (Chanceler da Rainha); Antônio Gomes Ribeiro; Antônio Diniz da Cruz e Silva; José Antônio da Veiga; João de Figueiredo; João Manoel Guerreiro de Amorim Pereira; Antônio Rodrigues Gayoso e Tristão José Monteiro.
Chega-se à conclusão de que Tiradentes, entusiasta da Inconfidência e dono das idéias mais radicais, como a proclamação da república e a abolição da escravidão, além de não fazer parte da elite colonial, acabou por ser o escolhido para dar exemplo ao povo do que não se deve fazer: conspirar contra a Coroa. O tiro acabou saindo pela culatra, já que de "justiçado" Tiradentes se transformou em mártir da luta contra o jugo da Metrópole e um dos baluartes da defesa da república.
Com a proclamação da independência do Brasil, foi necessário buscar uma unidade nacional estável. A jovem Nação necessitava de motivos culturais e históricos que reafirmassem o sentimento nacional. Durante a monarquia a Inconfidência Mineira foi esquecida, já que seu principal mártir, Tiradentes, representava a defesa da república. Na segunda metade do século XIX, quando a monarquia era questionada pelos que viam na república a melhor saída para o sistema de governo do Brasil, a figura de Tiradentes foi resgatada como o grande herói nacional. Com a proclamação da República, em 1889, a Inconfidência Mineira ganhou destaque; nela não só tínhamos o embrião da independência como também o da república, representado pelas idéias atribuídas a Tiradentes.

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