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ANATOMIA E FISIOLOGIA DA 
PELE 
 
 A pele ou tegumento, é o mais importante 
elemento de proteção do organismo contra todo e 
qualquer tipo de agressão física e biológica. É o 
maior órgão do corpo humano, sendo indispensável 
para um bom funcionamento dos processos fisio 
lógicos do organismo. A mesma está sujeita a 
agressões que podem levar a alterações na sua 
constituição, o que caracteriza uma ferida, levando a uma possível incapacidade 
funcional (MORAIS; OLIVEIRA; SOARES, 2008). 
 Formando o sistema tegumentar, temos a pele e seus anexos, que são os 
pelos, as unhas, as glândulas sebáceas e sudoríparas. Saber sobre a sua 
constituição e função é necessário para que se possa avaliar uma lesão, 
diagnosticar, planejar e tratar, realizando assim, uma assistência efetiva e de 
qualidade. 
 Considerando a histologia humana, a pele é composta de epitélio 
estratificado pavimentoso queratinizado, tecido conjuntivo e tecido conjuntivo 
frouxo, com células adiposas, conforme as camadas anatômicas epiderme, 
derme e hipoderme respectivamente (MONTANARI, 2016). 
 No que diz respeito à anatomia, a pele representa de 8 a 16% do peso 
corpóreo total e pode atingir até 2m² de extensão em um indivíduo adulto, o que 
lhe confere a denominação de maior órgão do corpo humano. É constituída de 
três camadas: a epiderme, mais externa; a derme, segunda camada; e a 
hipoderme ou tecido celular subcutâneo, que, para alguns autores, não faz parte 
das camadas da pele, servindo apenas como interface para unir as demais 
camadas da pele e os tecidos profundos. 
 
EPIDERME A epiderme é formada pelo epitélio pavimentoso estratificado e 
queratinizado, com espessura variável de 0,04 a 1,5 mm, e é dividida em cinco 
camadas: basal ou germinativa, espinhosa, granulosa, lúcida e córnea, descritas 
no quadro 01, da camada mais interna para a externa. A sua constituição é 
formada basicamente por queratinócitos, representando cerca de 80% da sua 
constituição. Essas células são considerados nativas da epiderme e apresentam 
como elemento constitutivo os melanócitos, produtores de melanina, cuja função 
é de proteger a pele contra os raios ultravioleta; as células de Langerhans, que 
fazem parte do sistema imunológico; as células de Mérkel, especializadas em 
sensações mecanoreceptoras e comumente encontradas nas palmas das mãos, 
nos pés e nos lábiose que se destacam como receptores extremamente valiosos 
para localizar a pressão constante sobre a pele. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 DERME: A derme é a segunda camada da pele, formada por tecido conjuntivo, 
cuja espessura varia de 1 a 4 mm, sendo considerada a camada mais expessa 
da pele. A sua constituição é formada conforme a região anatômica, é 15 a 40 
vezes maior do que a da epiderme. É composta de fibroblastos (responsáveis 
pela formação de colágeno e proteínas de elastina); colágeno (dão resistência a 
pele); e fibras elásticas (responsável pelo rechaço cutâneo) os quais totalizam 
cerca de 95% deste tecido. Encontramos também vasos sanguíneos; folículos 
piloso; vasos linfáticos; terminações nervosas (Vater-Pacini, corpúsculos de 
Meissner, corpúsculos de Krause, corpúsculos de Ruffini, meniscos de Merkel-
Ranvier, os quais cada um é responsável por uma sensação); órgãos sensoriais, 
glândulas sebáceas e sudoríparas. 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
1) Corpúsculos de Paccini: captam especialmente estímulos vibráteis e táteis. 
São formados por uma fibra nervosa cuja porção terminal, amielínica, é envolta 
por várias camadas que correspondem a diversas células de sustentação. A 
camada terminal é capaz de captar a aplicação de pressão, que é transmitida 
para as outras camadas e enviada aos centros nervosos correspondentes; 
2) Discos de Merkel: de sensibilidade tátil e de pressão. Uma fibra aferente 
costuma estar ramificada com vários discos terminais destas ramificações 
nervosas. Estes discos estão englobados em uma célula especializada, cuja 
superfície distal se fixa às células epidérmicas por um prolongamento de seu 
protoplasma. Assim, os movimentos de pressão e tração sobre epiderme 
desencadeiam o estímulo. 
3) Terminações nervosas livres: sensíveis aos estímulos mecânicos, térmicos e 
especialmente aos dolorosos. São formadas por um axônio ramificado envolto 
por células de Schwann sendo, por sua vez, ambos envolvidos por uma 
membrana basal; 
4) Corpúsculos de Meissner: táteis. Estão nas saliências da pele sem pêlos 
(como nas partes mais altas das impressões digitais). São formados por um 
axônio mielínico, cujas ramificações terminais se entrelaçam com células 
acessórias; 
5) Bulbos terminais de Krause: receptores térmicos de frio. São formados por 
uma fibra nervosa cuja terminação possui forma de clava. Situam-se nas regiões 
limítrofes da pele com as membranas mucosas (por exemplo: ao redor dos 
lábios e dos genitais). 
 
A derme se divide em duas camadas: a derme papilar, ou perianexal, e a 
reticular. A derme papilar ou perianexal é uma camada fina, composta de 
colágeno fino, fibras elásticas delicadas e capilares imersos em abundante 
substância fundamental, formada por um gel viscoso, que está diretamente 
ligado à resistência mecânica da pele. É composta de mucopolissacarídeos, 
como os hialuronidatos e os condroitinossulfatos, considerados como os mais 
importantes. É responsável por aumentar a superfície de contato, visando ao 
aporte sanguíneo adequado para manter os nutrientes na epiderme. A Derme 
reticular é uma camada grossa, constituída de fibras de colágeno, uma proteína 
fibrosa, que atua como a principal proteína estrutural do organismo e é 
encontrada nos tendões, nos ligamentos e nos revestimentos dos ossos, 
representando 70% do peso seco da pele paralelas à superfície; 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
 
HIPODERME: Também chamada de tecido subcutâneo, é 
considerada a terceira camada da pele sendo formada por 
 células gordurosas, os adipócitos. É um tecido 
conjuntivo frouxo, cuja função é de armazenar 
gordura (energia), contribuir para impedir a perda de 
calor; constituir reserva de material nutritivo e conferir 
proteção contra traumas mecânicos, protegendo e amortecendo 
possíveis traumas. Subjacente à mesma, encontramos outras 
estruturas, como a fáscia muscular, os músculos, articulações, 
cartilagens, tendões e ossos. 
 
ANEXOS: Os anexos cutâneos residem em invaginações da epiderme para o 
interior da derme e são representados pelos folículos pilosos, pelos, unhas e 
pelas glândulas sebáceas e sudoríparas. 
Os folículos pilosos são invaginações tubulares epidérmicas, revestidas 
por células epiteliais e constituídas de filamentos intermediários basicamente de 
queratina (pelos e cabelos), que crescem de modo cíclico e aleatório. Diversos 
fios se encontram em fases diferentes em um mesmo período de tempo. 
Os pelos fazem parte do anexo da pele, são chamados de filamento 
córneo, e são constituídos por células queratinizadas. Possuem uma raiz imersa 
na hipoderme e uma haste que atravessa a derme e a epiderme e aflora na pele 
sob a forma de um filamento córneo livre. Tem como funções: manter o calor, 
auxiliar a função táctil e proteção. Algumas de suas denominações especiais 
são: Hircos, Vibrissas, Púbios, Barba, Bigode, Cílios, Sobrancelhas, Cabelos. 
Eles recobrem quase todo o corpo, exceto as palmas das mãos, as plantas dos 
pés, a face ventral dos dedos e dos artelhos, a face interna do prepúcio, a 
glande e a parte interna da genitália externa feminina. 
 
As unhas são placas de queratina, de 
natureza córnea que recobrem a face dorsal da 
falange distal de cada dedo. Também chamadas 
de placas ungueais, são derivações da epiderme 
primitiva, cujo crescimento inicia durante o final 
do segundo mês de desenvolvimento 
embrionário por invaginação da epiderme. Sua queratinizaçãocomeça no 
terceiro mês de vida e só termina por volta do quinto mês de gestação. Tem 
como função proteger e de dar suporte à ponta dos dedos, conferindo e dando 
firmeza às pontas dos dedos 
As glândulas sudoríparas, existem dois tipos: as écrinas e as apócrinas. 
As écrinas têm ductos que se abrem diretamente sobre a pele, para manter a 
termorregulação, e são estimuladas pela inervação colinérgica do sistema 
autônomo, onde excretam diversos íons, com sudoração diária de 500 a 750 ml, 
em res�posta aos estímulos térmicos e emocionais. Já as glândulas apócrinas 
são as chamadas odoríferas, que ficam na derme profunda, associadas às 
unidades pilossebáceas e estimuladas pela inervação adrenérgica do sistema 
autônomo e dos hormônios sexuais. 
As glândulas sebáceas, são glândulas piriformes (quanto à forma), 
holócrinas (quanto a 
secreção), e lipídicas (quanto 
a natureza química). São 
encontradas em todos os 
pontos da superfície corpórea, 
exceto nas regiões palmares, 
plantares e dorsais do pé. Não 
são isoladas e acompanham e 
compartilham a abertura 
comum na pele com os 
folículos pilosos; produzem 
uma substância conhecida 
como sebo, composto de 
triglicerídeos, ácidos graxos, 
éster de cera, colesterol e ésteres de colesterol. A secreção das glândulas 
sebáceas lubrifica a pele, evitando seu ressecamento, e apresentam um poder b 
actericida e dificulta a evaporação. 
 
 
 
 
FERIDAS 
 
De acordo com Bachion; 
Nakatani (2011), sinônimo de 
lesão tecidual, deformidade ou 
solução de continuidade, a ferida 
pode atingir desde a epiderme, até 
mesmo estruturas profundas, 
como fáscias, músculos, 
aponeuroses, articulações, 
cartilagens, tendões, ossos, 
órgãos cavitários e qualquer outra estrutura do corpo. Desenvolvem-se como 
consequência de uma pressão ao tecido vivo por agentes físicos, químicos, 
térmicos ou biológicos, como também a distúrbios clínicos ou fisiológicos, 
podendo ser causadas por fatores extrínsecos (incisão cirúrgica e lesões 
acidentais por corte, trauma) e intrínsecos (feridas produzidas por infecção, 
úlceras crônicas e vasculare s, defeitos metabólicos e neoplasias). 
As feridas são caracterizadas por qualquer interrupção na estrutura 
anatômica e funcional normal da pele ocasionadas por: traumas, processos 
inflamatórios, degenerativos, circulatórios, por distúrbios do metabolismo ou por 
defeito de formação. São modificações da estrutura e do funcionamento da pele, 
resultante de um processo patológico que se iniciou interna ou externamente em 
órgãos envolvidos (CAUDURO et al., 2018). 
Quanto à classificação das feridas podem ser pela sua origem ou pelo 
tipo do agente causal, analisando o grau de contaminação, onde este terá 
importante papel, pois orientará no tratamento com antibióticos, pelo tempo de 
traumatismo, pela profundidade das lesões (SANTOS et al., 2017). As feridas do 
tipo agudas são mais fáceis de ser tratar, pois estas respondem ao tratamento e 
cicatrizam sem maiores complicações, já as feridas crônicas não respondem tão 
facilmente aos tratamentos, estas duram mais ou necessitam de recidivas 
frequentes (MORAES et al., 2008). 
Úlceras crônicas são aquelas que não respondem ao tratamento inicial 
ou, que persistem apesar de cuidados adequados. Estima-se que a sua 
incidência deve aumentar à medida que a população envelhecer, afetando assim 
o estilo de vida, através do sofrimento e da baixa qualidade de vida (QV) dos 
seus portadores. Sua etiologia está associada a diversos fatores como: doença 
venosa crônica, doença arterial periférica, neuropatias, hipertensão arterial, 
trauma físico, neoplasias e alterações nutricionais (MIOT et al., 2009). 
A insuficiência venosa crônica (IVC) é definida como uma irregularidade 
do funcionamento do sistema venoso, desencadeada pelo não funcionamento 
correto de válvulas associada ou não a uma obstrução do fluxo venoso. A IVC 
tem impacto socioeconômico considerável nos países ocidentais devido à alta 
prevalência, e ao alto custo no tratamento, aonde a sua prevalência vem 
aumentando com a idade, acometendo de 2 a 7% da população (BARROS 
JUNIOR, 2003). 
Dentre as úlceras 
vasculares tem-se destaque as 
Úlceras Venosas (UV) que são 
feridas crônicas, correspondendo 
a aproximadamente 80% a 90% 
das úlceras encontradas nos 
membros inferiores, resultantes 
da IVC. São relativamente 
comuns na população adulta e 
ocasionam um significante 
impacto social e econômico, 
devido às incapacidades que a mesma gera no seu portador, à natureza 
recorrente que é própria e comum, e ao tratamento prolongado, o que faz com que 
os seus portadores venham necessitar do cuidado constante dos profissionais, assim 
como dos serviços de saúde. Todos esses fatores causam importante ônus aos 
sistemas de saúde e previdenciário além de interferir na qualidade de vida do 
paciente, seja pelos altos custos com tratamento ou pela possibilidade de faltas 
ao trabalho e perda do emprego, além de diminuição do prazer nas atividades 
cotidianas (BARBOSA; CAMPOS, 2010; ABBADE; LASTÓRIA, 2006). 
 A European Pressure Ulcer Advisory 
Panel - EPUAP e National Pressure Ulcer 
Advisory Panel – NPUAP (2009a) conceituam 
lesão por pressão (LPP) como sendo uma 
extensão em que se tenha a morte celular de 
etiologia isquêmica, sendo desenvolvida 
quando um tecido mole é comprimido entre uma 
proeminência óssea e uma superfície dura, por 
um aprazado tempo. Embora estas lesões 
ocorram mais frequentemente em áreas de proeminências ósseas (sacra, 
trocânteres, tuberosidades isquiáticas, calcâneos e maléolos laterais), elas 
podem desenvolver-se em qualquer lugar em que haja compressão tissular que 
cause isquemia e hipóxia (DEALEY, 2008; GOMES; MAGALHÃES, 2008). 
 O seu desenvolvimento está relacionado a fatores extrínsecos, como a 
pressão, o cisalhamento, a fricção e a umidade; e intrínsecos. Dentre os fatores 
extrínsecos encontra-se como fatores intrínsecos temos: a idade, o estado 
nutricional, incontinência, hipertermia, anemia, tabagismo, a perfusão tecidual, 
perda da sensibilidade, diminuição da força muscular ou mobilidade, o uso de 
alguns medicamentos, doenças crônicas e doenças cardiovasculares 
(CREMASCO et al., 2009; SILVA et al., 2010). 
 Levando em consideração que é mais fácil e menos oneroso, prevenir do 
que tratar, toda a equipe de saúde é responsável por realizar ações tidas como 
essenciais para evitar o seu desenvolvimento, tais como: a mobilização e o (re) 
posicionamento adequado do paciente a cada duas horas, podendo ser 
intensificada a mudança de decúbito de acordo com o escore de risco do 
paciente (Escala de Braden), os cuidados com a pele por meio de uso de 
técnicas apropriadas de higiene, utilização de creme hidratante, a utilização de 
colchões que redistribuem a pressão nas proeminências ósseas, a indicação e o 
monitoramento das condições nutricionais e ingestão hídrica, entre outros 
(SILVA et al., 2010). 
 De acordo com Wocns (2010), faz-se necessária e essencial se ter uma 
visão holística do usuário, tendo como foco a identificação dos indivíduos em 
risco para o desenvolvimento das mais diversas ulcerações, atrelado à 
implementação de um plano de cuidados específicos; somados à implementação 
de estratégias e programas efetivos na prevenção e tratamento. Nesse contexto, 
faz-se necessário redesenhar o atual modelo de saúde, levando em 
consideração as bases inovadoras de gestão e práticas eficazes, norteadas 
pelos princípios do Sistema Único de Saúde, com o intuito de acolher às 
necessidades da população no que concerne à promoção da saúde, prevenção, 
tratamento e reabilitação, tanto no individual quanto no coletivo (CHAYAMITI; 
CALIRI, 2010). 
A restauração dessas feridas passa por um processo dinâmico que inclui 
vários níveis de organização temporal ou sequencial e funcional, envolvendo a 
interação entre células e sistemas mensageiros, sendo divididoem três fases: 
inflamatória, proliferativa e de remodelação. Assim que o endotélio é lesionado, 
inicia-se a fase inflamatória, ocorrendo como primeira resposta a liberação de 
substâncias vasoconstritoras. Depois, a fim de alcançar a homeostasia tem-se 
um estímulo, desencadeando vários processos de coagulação. Os processos 
ocorridos na fase inflamatória levam ao desbridamento e limpeza da ferida, que 
uma vez desbridada, inicia-se a fase proliferativa. Durante a segunda fase 
ocorre à formação do tecido de granulação, presença de novos vasos 
sanguíneos, e a presença de uma substancia pelo alicerce da ferida- o colágeno. 
Na fase de remodelação atuam os fibroblastos que produzem o colágeno e o 
depositam de maneira organizada (OLIVEIRA et al., 2016). 
De acordo com a história, alguns estudos evidenciaram que o tratamento 
de feridas iniciou bem antes de Cristo. Torniquetes, suturas, bem como, 
cauterização de feridas hemorrágicas foram os primeiros registros dos métodos 
utilizados como forma terapêutica. Durante a pré-história, extratos de plantas, 
água, neve, gelo, frutas, lama entre outros eram considerados agentes 
cicatrizantes no tratamento de lesões (BRITO et al., 2013). 
Com a evolução das civilizações outros métodos passaram a ser 
utilizados. Grande marco retratado nessa época foram os estudos de plantas 
desenvolvidas pelos monastérios, assim como, a importância de manter a ferida 
limpa e remoção dos corpos estranhos e tecido necrosado, além da necessidade 
do controle da hemorragia, por meio de compressões locais, cauterizações e 
ligaduras dos vasos (FREITAS et al., 2011). 
Dessa maneira, o tratamento de feridas é uma prática milenar que 
durante anos foi se desenvolvendo com o objetivo de encontrar melhores formas 
de cicatrização. Trata-se de um processo dinâmico e complexo, que requer uma 
técnica correta para realização do curativo através do tratamento que envolverá 
aspectos sobre a etiologia da lesão, avaliação clínica e sistêmica do indivíduo e 
avaliação da ferida e do tratamento apropriada (SAMPIETRO, 2016). Sendo 
assim é necessário a utilização de métodos clínicos e cirúrgicos, sendo, o 
curativo, o tratamento clínico mais frequente utilizado para auxiliar a reparação 
tecidual, onde a escolha do material adequado decorre do conhecimento tanto 
fisiopatológico como bioquímico dos mecanismos de cicatrização e reparação 
tissular (CAUDURO et al., 2018). 
O curativo é definido como um meio terapêutico que consiste na limpeza 
e aplicação de material sobre uma ferida para sua proteção, absorção e 
drenagem, com o intuito de melhorar as condições do leito da ferida e auxiliar 
em sua resolução. Curativos pode ser, em algumas ocasiões, o próprio 
tratamento definitivo; em outras, apenas uma etapa intermediária para o 
tratamento cirúrgico (BRUM et al., 2015). Dessa forma, existem no mercado 
inúmeros materiais de curativo que podem ser utilizados nas diferentes etapas 
de tratamento das feridas: higienização, desbridamento, diminuição da 
população bacteriana, controle do exsudato, estímulo à granulação e proteção 
da reepitelização (SILVA et al., 2011). . 
No Brasil, as feridas acometem a população de forma geral, independente 
de sexo, idade ou etnia, determinando um alto índice de pessoas com alterações 
na integridade da pele, constituindo assim, um sério problema de saúde pública. 
Porém não há dados estatísticos que comprovem este fato, devido o registro 
desse atendimento ser escasso. Contudo, o surgimento de feridas onera os 
gastos públicos e prejudica a qualidade de vida da população (CAUDURO et al., 
2018). 
Nos Estados Unidos, cerca de 6,5 milhões de pessoas apresentam 
feridas, e aproximadamente 25 bilhões de dólares são gastos anualmente para 
tratar complicações de saúde relacionadas às lesões. Vale salientar que essas 
feridas provocam considerável impacto ao individuo, uma vez que, determina 
dor, imobilidade, incapacidade, alterações psicoemocionais relacionadas à 
autoestima e a imagem do individuo, mudanças sociais advindas de 
hospitalizações e afastamento do convívio social (VIEIRA; OLIVEIRA; 
VALENTE, 2013). 
Atualmente, o tratamento de feridas recebe atenção especial dos 
profissionais da área de saúde, com destaque para atuação dos enfermeiros, 
que muito têm contribuído para o avanço e o sucesso nos portadores dessas 
lesões. É nítido a busca pela globalização da assistência, visualizando a cura ou 
cicatrização, a melhora da condição clínica e social dos indivíduos, a 
racionalização e maior eficiência dos procedimentos direcionados ao tratamento 
de lesões, com a consequente otimização do atendimento (SEHNEM et al., 
2015). 
A área da enfermagem desde os seus primórdios tem a prática de tratar o 
ser enfermo acometido por feridas como parte de suas rotinas diárias, o que com 
o passar dos anos, devido à importância foi se aprimorando cada vez mais. É 
interessante notar que a prática da autonomia, ou seja, o fazer com qualidade e 
responsabilidade proporcionam não só resultados positivos ao tratamento 
desenvolvido, mas também satisfação por realizar tal ação. Sendo uma parte da 
enfermagem que evolui constantemente quanto ao saber técnico-científico, é 
primordial o envolvimento profissional em conjunto com o poder de ação de 
todos os que compõem a equipe (SILVA et al., 2011). 
Sabe-se que o profissional de enfermagem possui um papel fundamental 
no que se refere ao cuidado holístico do paciente, uma vez que tem maior 
contato com o mesmo, acompanha a evolução da lesão, orienta e executa o 
curativo, bem como detém maior domínio desta técnica, em virtude de ter na sua 
formação componente curriculares voltado para esta prática e da equipe de 
enfermagem desenvolvê-la como uma de suas atribuições (SANTOS et al., 
2017). 
Segundo o Conselho Federal de Enfermagem, a partir da Resolução 
567/2018, cabe ao enfermeiro, dentro da equipe de enfermagem, as seguintes 
atividades: avaliação, prescrição e execução dos curativos. Supervisão e 
coordenação da equipe de enfermagem na realização dos mesmos e nas 
atividades de prevenção. Sendo o enfermeiro responsável pela realização dos 
cuidados mais complexos, com um pensamento clinico e a capacidade de 
decisão imediata relacionada aos problemas com lesões na pele (COFEN, 
2018). 
Como o profissional de enfermagem está diretamente relacionado ao 
tratamento de feridas, seja em serviços de atenção primária, secundária ou 
terciária, deve resgatar a responsabilidade de manter a observação intensiva 
com relação aos fatores locais, sistêmicos e externos que condicionam o 
surgimento da ferida ou interfiram no processo de cicatrização. Para tanto, é 
necessária uma visão clínica que relacione alguns pontos importantes que 
influenciam neste processo, como o controle da patologia de base (hipertensão, 
diabetes mellitus), aspectos nutricionais, infecciosos, medicamentosos e, 
sobretudo, o rigor e a qualidade do cuidado educativo. Vale salientar, ainda, a 
importância da associação dos curativos que serão utilizados a partir da 
sistematização do tratamento e de acordo com os aspectos e evolução da ferida 
(SANTOS et al., 2017). 
Assim, a assistência aos pacientes com feridas envolve desde questões 
biofisiológicas até emocionais, devendo ser prestada de maneira integral, o que 
é possível através da sistematização da assistência de enfermagem, uma vez 
que o enfermeiro possui amparo legal que respalda suas ações na prescrição de 
medicamentos e coberturas utilizados na prevenção e cuidado às pessoas com 
feridas (CAUDURO et al., 2018). 
 
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