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GUILHERME SOARES DE CASTRO CONFLITO ENTRE ARMÊNIA E AZERBAIJÃO Vitória 2024 GUILHERME SOARES DE CASTRO CONFLITO ENTRE ARMÊNIA E AZERBAIJÃO Dissertação apresentada como res.posta ao caso prático do curso de Mestrado em Direito da Fundação Universitária Iberoamericana, como requisitido para a obtenção de aprovação ao modulo de Direito Internacional Humanitário. Orientador: Profª. Dra. Erika Barony e o Prof. Dr. Luan Christ Rodrigues Vitória 2024 GUILHERME SOARES DE CASTRO CONFLITO ENTRE ARMÊNIA E AZERBAIJÃO Dissertação apresentada como resposta ao caso prático do curso de Mestrado em Direito da Fundação Universitária Iberoamericana, como requisitido para a obtenção de aprovação ao modulo de Direito Internacional Humanitário. BANCA EXAMINADORA ____________________________________ Orientadora: Profª. Dra. Erika Barony Fundação Universitária Iberoamericana ____________________________________ Prof. Dr. Luan Christ Rodrigues Fundação Universitária Iberoamericana Vitória, 11 de agosto de 2024. Castro, G.S. (2024). Conflito entre Armênia e Azerbaijão: Dissertação de Mestrado em Direito da Fundação Universitária Iberoamericana. RESUMO A Armênia e o Azerbaijão são duas repúblicas que integravam a URSS, cujo conflito teve origem em uma parte do território que cada uma considera como próprio. Dentro do conflito armado ambas as repúblicas acusaram-se mutuamente de atacarem alvos e a população civil. Por um lado, a Armênia acusou o Azerbaijão de atacar a população civil no território e alvos não militares, como instalações comerciais em geral, incluindo aquelas que comercializam produtos alimentícios, hospitais devidamente identificados, além de médicos e pacientes em tratamento nos hospitais civis mencionados terem sido atacados. Por outro lado, o Azerbaijão acusa a Armênia de matar famílias azerbaijanas no alto das colinas de Nagorno-Karadaj, uma situação que provocou o deslocamento da população para outros lugares. A pesquisa da Anistia Internacional expressa em seu site denunciou que: são utilizadas bombas de fragmentação em bombardeios contra os alvos e a população civil; decapitação e mutilação pelo exército azerbaijano. Também estão circulando vídeos nos quais é possível ver: pessoas com insígnias da cruz vermelha de equipes de saúde capturando e assassinando um guarda de fronteira azerbaijano; em outro vídeo, aparecem soldados armênios cortando a orelha de um soldado azerbaijano e arrastando outro soldado pelas ruas, amarrado pelos pés a um veículo militar; ambos os soldados estão supostamente mortos, sem terem sido examinados por um médico. Os corpos dos soldados mencionados são cremados sem identificação. Também são exibidos vídeos que mostram soldados azerbaijanos chutando, espancando e torturando prisioneiros armênios amarrados e com os olhos vendados Palavras-chave: Conflito entre Armênia e Azerbaijão Castro, G.S. (2024). Conflito entre Armênia e Azerbaijão: Mémoire de Maîtrise en Droit de la Fondation Universitaire Ibéro-Américaine. RÉSUMÉ L'Arménie et l'Azerbaïdjan sont deux républiques issues de l'Union soviétique, dont le conflit trouve son origine dans une partie du territoire que chacune considère comme étant la sienne. Dans le cadre de ce conflit armé, les deux républiques se sont mutuellement accusées d'attaquer des cibles et des populations civiles. D'une part, l'Arménie a accusé l'Azerbaïdjan d'attaquer la population civile sur le territoire ainsi que des cibles non militaires, telles que des installations commerciales en général, y compris celles qui commercialisent des produits alimentaires, des hôpitaux dûment identifiés, en plus des médecins et des patients en traitement dans les hôpitaux civils mentionnés qui auraient été attaqués. D'autre part, l'Azerbaïdjan accuse l'Arménie d'avoir tué des familles azerbaïdjanaises sur les hauteurs de Nagorno-Karadaj, une situation qui a entraîné le déplacement de la population vers d'autres endroits. L'enquête d'Amnesty International exprimée sur son site a dénoncé l'utilisation de bombes à fragmentation lors de bombardements contre des cibles et la population civile, ainsi que des décapitations et mutilations commises par l'armée azerbaïdjanaise. Des vidéos circulent également dans lesquelles on peut voir : des personnes portant les insignes de la croix rouge des équipes médicales capturer et assassiner un garde- frontière azerbaïdjanais ; dans une autre vidéo, des soldats arméniens apparaissent en train de couper l'oreille d'un soldat azerbaïdjanais et d'en traîner un autre dans les rues, attaché par les pieds à un véhicule militaire ; les deux soldats seraient morts, sans avoir été examinés par un médecin. Les corps des soldats mentionnés sont incinérés sans identification. Des vidéos montrent également des soldats azerbaïdjanais frappant, battant et torturant des prisonniers arméniens ligotés et les yeux bandés. Mots-clés : Conflit entre l’Arménie et l’Azerbaïdjan 1 INTRODUÇÃO ................................................................................................... 13 1.1 Formatação ........................................................................................................ 13 2 DESENVOLVIMENTO: ...................................................................................... 13 2.1 O que expressa o DIH sobre a situação dos mortos de uma parte do conflito mantidos em poder pela outra parte? ................................................................. 13 2.1.1 Tratamento dos Mortos no Contexto do DIH ...................................................... 14 2.1.2 Obrigações Adicionais sob o Protocolo Adicional I ............................................. 14 2.1.3 Perspectivas Jurídicas e Éticas .......................................................................... 15 2.2 Os militares capturados são prisioneiros de guerra? Qual é o fundamento legal? 15 2.2.1 Definição e Status de Prisioneiros de Guerra ..................................................... 15 2.2.2 Direitos dos Prisioneiros de Guerra .................................................................... 15 2.2.3 Obrigações das Partes em Conflito .................................................................... 16 2.2.4 Fundamentação Legal ....................................................................................... 16 2.3 O uso de emblemas por militares é proibido. Forneça o fundamento legal. ....... 16 2.3.1 Fundamento Legal ............................................................................................. 17 2.3.2 Importância da Proibição ................................................................................... 17 2.4 O que é expresso sobre munições de fragmentação que impactam alvos e a população civil? ................................................................................................. 18 2.4.1 Proibição e Regulação Internacional .................................................................. 18 2.4.2 Fundamento Adicional no Direito Internacional Humanitário .............................. 19 2.4.3 Consequências Humanitárias e Jurídicas .......................................................... 19 2.5 O que é expresso sobre o ataque aos hospitais civis e à equipe médica hospitalar? ......................................................................................................... 19 2.5.1 Proteção dos Hospitais Civis .............................................................................. 20 2.5.2 Proteção do Pessoal Médico ..............................................................................20 2.5.3 Princípios de Distinção e Proporcionalidade ...................................................... 20 2.5.4 Violação e Responsabilidade Jurídica ................................................................ 21 3 CONCLUSÃO .................................................................................................... 21 REFERÊNCIAS ................................................................................................. 23 13 1 INTRODUÇÃO Este trabalho é composto por um questionaario indicado pela Fundação Universitária Iberoamericana, como requisitido para a obtenção de aprovação ao modulo de Direito Internacional Humanitário. O caso apresentado sobre o conflito entre a Armênia e o Azerbaijão envolve questões complexas relacionadas ao Direito Internacional Humanitário (DIH). Para elaborar uma resposta detalhada e fundamentada em termos legais, com base nas normas do DIH e outras referências legais pertinentes, é necessário abordar cada uma das perguntas formuladas. 1.1 FORMATAÇÃO: A American Psychological Association (APA) não possui normas específicas para a estruturação de trabalhos acadêmicos, como monografias, dissertações e teses. O Sistema Integrado de Bibliotecas (SiBi) indica a utilização das normas ABNT para a estrutura dos trabalhos e,se desejar, a APA para o uso em citações, referências, quadros, gráficos e tabelas. Fonte: Arial, tamanho 11, ao longo de todo o texto, incluindo Referências, Notas de Rodapé, Tabelas, etc. Espaçamento: entre linhas 1,5 Alinhamento: justificado. Este arquivo já está formatado conforme as regras acima descritas. 2 DESENVOLVIMENTO 2.1 O que expressa o DIH sobre a situação dos mortos de uma parte do conflito mantidos em poder pela outra parte? O Direito Internacional Humanitário (DIH), também conhecido como o "direito dos conflitos armados" ou "direito da guerra", estabelece um conjunto de normas que visam proteger as pessoas que não participam ou deixaram de participar das hostilidades, como os mortos em combate. A questão da situação dos mortos de uma parte do conflito mantidos 14 em poder pela outra parte é abordada principalmente nas Convenções de Genebra de 1949, que são a base do DIH moderno, e nos seus Protocolos Adicionais. 2.1.1Tratamento dos Mortos no Contexto do DIH O DIH impõe obrigações específicas às partes em conflito quanto ao tratamento dos mortos. De acordo com o Artigo 15 da Primeira Convenção de Genebra de 1949, as partes envolvidas no conflito devem adotar todas as medidas possíveis para "procurar e recolher os feridos e os doentes" e "proteger os mortos contra a pilhagem". Esse artigo estabelece a obrigatoriedade de respeito pelos corpos dos mortos, independentemente de a quem pertençam. Além disso, o Artigo 16 da mesma convenção exige que as partes no conflito façam todos os esforços possíveis para "identificar os mortos", o que inclui a coleta de informações que possam auxiliar na identificação, como documentos, chapas de identificação e quaisquer outros meios disponíveis. Esses dados devem ser enviados à parte adversária para garantir que os corpos possam ser identificados e, se possível, repatriados para seus países de origem ou devolvidos às suas famílias. O Artigo 17 da Primeira Convenção de Genebra determina que, no caso de sepultamento ou cremação, os corpos devem ser honrados de forma digna, preferencialmente de acordo com os ritos religiosos da pessoa falecida. Além disso, deve-se proceder ao enterro individual em sepulturas devidamente marcadas e documentadas para facilitar a futura exumação e identificação. 2.1.2 Obrigações Adicionais sob o Protocolo Adicional I O Protocolo Adicional I às Convenções de Genebra de 1977, que se aplica a conflitos armados internacionais, reforça essas obrigações. Conforme o Artigo 34, as partes em conflito devem registrar informações relativas ao local de sepultamento dos mortos para assegurar que, após o término das hostilidades, os corpos possam ser recuperados, identificados e repatriados, se solicitado. O protocolo também exige que as partes forneçam acesso às organizações humanitárias, como o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV), para auxiliar na busca, recuperação e identificação dos mortos. O CICV desempenha um papel crucial em monitorar a conformidade com estas normas e em facilitar o intercâmbio de informações entre as partes conflitantes. 15 2.1.3 Perspectivas Jurídicas e Éticas A proteção e o respeito pelos mortos são princípios fundamentais do DIH, refletindo a dignidade humana que deve ser mantida mesmo na guerra. Violação dessas normas, como a mutilação de corpos ou o impedimento da identificação e repatriação dos mortos, pode constituir uma grave violação do DIH, podendo ser classificada como crime de guerra sob o Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional (TPI) . 2.2 Os militares capturados são prisioneiros de guerra? Qual é o fundamento legal? No contexto dos conflitos armados internacionais, o status de "prisioneiro de guerra" (PoW, na sigla em inglês) é atribuído aos militares capturados pela parte adversária, e isso é amplamente regulado pelo Direito Internacional Humanitário (DIH). Este status está fundamentado na Terceira Convenção de Genebra de 1949, que estabelece os direitos e obrigações tanto dos prisioneiros de guerra quanto das potências detentoras. 2.2.1 Definição e Status de Prisioneiros de Guerra Conforme a Terceira Convenção de Genebra de 1949, mais especificamente no Artigo 4, os militares capturados de uma das partes em conflito são considerados prisioneiros de guerra. Esta definição inclui membros das forças armadas regulares, milícias e outros corpos voluntários que pertençam a uma das partes em conflito, desde que estejam sob o comando de uma autoridade superior, usem um distintivo fixo que os identifique à distância, portem armas abertamente e conduzam suas operações de acordo com as leis e costumes de guerra. Além disso, a convenção também abrange pessoas que acompanham as forças armadas sem serem membros diretos, como jornalistas de guerra e contratantes civis, desde que capturados pelo inimigo durante o exercício de suas funções. 2.2.2 Direitos dos Prisioneiros de Guerra Os prisioneiros de guerra têm direitos específicos garantidos pelo DIH. Estes direitos são projetados para assegurar que, apesar de estarem em poder da potência inimiga, eles sejam tratados com humanidade e respeito, preservando a sua dignidade. Entre os direitos mais importantes estão: 16 1. Tratamento Humano: Conforme o Artigo 13 da Terceira Convenção de Genebra, os prisioneiros de guerra devem ser sempre tratados com humanidade. Qualquer ato de violência, intimidação, insultos ou tratamento degradante é proibido. 2. Assistência Médica e Saúde: Os prisioneiros têm direito a assistência médica e cuidados de saúde, comparáveis aos oferecidos às próprias tropas da potência detentora (Artigos 30-32). 3. Correspondência e Comunicação: Os prisioneiros de guerra têm o direito de se comunicar com seus familiares e receber pacotes de ajuda humanitária (Artigos 70- 77). 4. Processo Justo: Se acusados de crimes, os prisioneiros de guerra têm direito a um julgamento justo, de acordo com os princípios do devido processo legal estabelecidos na convenção (Artigos 82-108). 2.2.3 Obrigações das Partes em Conflito A potência detentora tem várias obrigações em relação aos prisioneiros de guerra, como a obrigação de respeitar suas vidas, dignidade e integridade física e mental. Além disso, devem ser protegidos contra atos de violência, represálias e serem mantidos em condições adequadas, tanto no que se refere à alimentação quanto ao alojamento. 2.2.4 Fundamentação Legal A base legal para o tratamento dos militares capturados como prisioneiros de guerra está no DIH, especialmente nasdisposições da Terceira Convenção de Genebra. O Protocolo Adicional I às Convenções de Genebra de 1977 também reforça essas normas, ampliando a proteção aos combatentes capturados em conflitos armados internacionais. A aplicação dessas normas é reforçada pelo Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional (TPI), que em seu Artigo 8 classifica a violação grave dos direitos dos prisioneiros de guerra como crimes de guerra. Isso inclui, por exemplo, a tortura, os tratamentos desumanos ou o assassinato de prisioneiros de guerra. 2.3 O uso de emblemas por militares é proibido. Forneça o fundamento legal. O uso indevido de emblemas de proteção por militares, como a Cruz Vermelha e o Crescente Vermelho, é expressamente proibido pelo Direito Internacional Humanitário (DIH). Esses emblemas são reconhecidos internacionalmente como símbolos de proteção e neutralidade, usados para identificar e proteger unidades médicas, hospitais de campanha, e veículos de transporte de feridos durante conflitos armados. O uso incorreto ou abusivo 17 desses emblemas pode constituir uma grave violação das normas do DIH e ser considerado um ato de perfídia, que é proibido pela legislação internacional. 2.3.1 Fundamento Legal A proibição do uso indevido de emblemas protetores está claramente estabelecida na Primeira Convenção de Genebra de 1949 e em seus Protocolos Adicionais: 1. Primeira Convenção de Genebra (1949): O Artigo 53 desta convenção estabelece que o uso do emblema da Cruz Vermelha ou do Crescente Vermelho é restrito às entidades autorizadas, como serviços médicos das forças armadas e organizações de socorro oficialmente reconhecidas. Qualquer uso não autorizado, especialmente em situações de combate, é estritamente proibido. 2. Protocolo Adicional I às Convenções de Genebra (1977): O Artigo 37 do Protocolo Adicional I expande essa proibição, especificando que o uso indevido de emblemas de proteção em combate pode ser considerado uma perfídia. A perfídia é definida como o ato de enganar o adversário para levá-lo a acreditar que tem direito à proteção sob o DIH, levando-o a baixar a guarda para ser atacado. O uso de emblemas de proteção com o intuito de enganar o inimigo, portanto, é uma violação grave e constitui crime de guerra. 3. Convenção sobre a Proibição ou Restrição do Uso de Certas Armas Convencionais (1980): Esta convenção, em seus protocolos, também aborda o uso de sinais e emblemas, reforçando a proibição de uso indevido em contextos específicos, como em operações militares que poderiam confundir os combatentes. 2.3.2 Importância da Proibição A razão fundamental para essa proibição é a preservação da confiança e da eficácia dos emblemas de proteção. Esses emblemas são designados para garantir que instalações e veículos médicos, bem como pessoal de saúde, possam operar sem serem alvo de ataques, mesmo em meio a conflitos armados. O uso indevido enfraquece essa proteção e pode levar à desconfiança e ao aumento da violência contra aqueles que deveriam ser protegidos sob o DIH. Além disso, a violação dessa norma pode ter consequências graves, tanto no campo de batalha quanto em termos legais. O uso indevido de emblemas pode ser julgado como crime de guerra no âmbito do Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional (Artigo 18 8), especialmente se resultar em morte, ferimentos graves, ou se for feito para facilitar operações militares enganosas. 2.4 O que é expresso sobre munições de fragmentação que impactam alvos e a população civil? As munições de fragmentação, também conhecidas como bombas de fragmentação, são armas explosivas que se dispersam em múltiplos projéteis menores, chamados submunições, sobre uma área extensa. Essas submunições podem atingir indiscriminadamente tanto alvos militares quanto civis, e muitas vezes não explodem imediatamente, permanecendo como perigosos resíduos explosivos de guerra. O uso dessas armas tem sido objeto de severas críticas e restrições no Direito Internacional Humanitário (DIH), principalmente devido ao seu impacto devastador sobre a população civil. 2.4.1 Proibição e Regulação Internacional A principal base legal para a proibição e regulação do uso de munições de fragmentação encontra-se na Convenção sobre Munições de Fragmentação de 2008 (também conhecida como Convenção de Oslo). Esta convenção é um tratado internacional que proíbe o uso, produção, armazenamento e transferência de munições de fragmentação, estabelecendo ainda obrigações claras para a destruição dos estoques existentes e a limpeza das áreas contaminadas. 1. Proibição de Uso e Produção: O Artigo 1 da Convenção sobre Munições de Fragmentação proíbe os Estados-partes de usarem, desenvolverem, produzirem, adquirirem, estocarem, conservarem ou transferirem munições de fragmentação. Esta proibição visa prevenir os efeitos indiscriminados dessas armas, que são altamente perigosas para civis durante e após o conflito. 2. Proteção de Civis: O Artigo 2 define munições de fragmentação como aquelas que liberam múltiplas submunições explosivas, e especifica que essas armas têm um impacto indiscriminado, especialmente em áreas civis. Como resultado, o uso de tais munições viola princípios fundamentais do DIH, como o princípio da distinção entre combatentes e civis, e o princípio da proporcionalidade, que proíbe ataques que causem perdas civis excessivas em relação à vantagem militar concreta e direta prevista. 3. Obrigações de Remoção e Assistência: A convenção também estabelece obrigações para os Estados-partes em relação à limpeza das áreas contaminadas e 19 assistência às vítimas. O Artigo 4 obriga os Estados a realizarem a remoção e destruição das submunições não explodidas, enquanto o Artigo 5 exige que sejam prestados serviços de assistência médica e reabilitação às vítimas, bem como programas de reintegração social e econômica. 2.4.2 Fundamento Adicional no Direito Internacional Humanitário Além da Convenção de Oslo, o Protocolo Adicional I às Convenções de Genebra de 1977 fornece uma base legal adicional para a restrição ao uso de armas que tenham efeitos indiscriminados, como as munições de fragmentação. O Artigo 51 deste protocolo proíbe ataques que não sejam dirigidos a alvos militares específicos ou que empreguem métodos ou meios de combate que não possam ser dirigidos contra um objetivo militar específico, o que inclui o uso de armas de largo alcance ou de efeito dispersivo em áreas densamente povoadas. Além disso, o Artigo 35 do mesmo protocolo reforça a proibição do uso de armas que causem danos supérfluos ou sofrimentos desnecessários, aplicável também às munições de fragmentação, dadas suas consequências persistentes e indiscriminadas. 2.4.3 Consequências Humanitárias e Jurídicas O uso de munições de fragmentação em conflitos armados tem sido amplamente condenado por organizações humanitárias, como o Comitê Internacional da Cruz Vermelha (CICV) e a Anistia Internacional, devido ao elevado número de vítimas civis e à prolongada ameaça que representam após o término dos combates. As submunições que não explodem no momento do impacto transformam-se em minas terrestres não detonadas, continuando a causar mortes e mutilações muitos anos após o fim dos conflitos. Sob o Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, o uso de armas que causam efeitos indiscriminados e desproporcionais em áreas civis pode ser considerado crime de guerra, reforçando a responsabilidade legal dos comandantes militares e líderes políticos que autorizam o uso dessas armas. 2.5 O que é expresso sobre o ataque aos hospitais civis e à equipe médica hospitalar? O ataque a hospitais civis e à equipe médica hospitalar é expressamente proibido pelo Direito Internacional Humanitário (DIH), que visa proteger as pessoas e instalações que não participam diretamente das hostilidades em conflitos armados. O DIHestabelece uma 20 série de normas e princípios que garantem a inviolabilidade de instalações médicas e o tratamento seguro e imparcial de feridos e doentes, independentemente de sua afiliação. 2.5.1 Proteção dos Hospitais Civis A proteção dos hospitais civis é uma das principais preocupações do DIH, refletida tanto nas Convenções de Genebra quanto em seus Protocolos Adicionais. O Artigo 18 da Quarta Convenção de Genebra de 1949, relativa à proteção de pessoas civis em tempos de guerra, estabelece que os hospitais civis organizados para fornecer cuidados aos feridos, doentes, enfermos e parturientes não devem ser objeto de ataques em nenhuma circunstância. Estes hospitais devem ser respeitados e protegidos pelas partes em conflito, desde que não sejam usados para cometer atos prejudiciais ao inimigo fora de suas funções humanitárias. O Protocolo Adicional I às Convenções de Genebra de 1977 reforça essa proteção. O Artigo 12 do protocolo afirma que as unidades e estabelecimentos médicos civis, inclusive hospitais, não podem, em nenhuma hipótese, ser objeto de ataque. Eles são considerados bens protegidos, e qualquer violação dessa proteção pode ser classificada como uma grave violação do DIH. 2.5.2 Proteção do Pessoal Médico Além das instalações médicas, o DIH também garante a proteção do pessoal médico envolvido no atendimento de feridos e doentes. O Artigo 20 da Primeira Convenção de Genebra de 1949 assegura que o pessoal médico, seja militar ou civil, deve ser respeitado e protegido em todas as circunstâncias. Este artigo é complementado pelo Artigo 15 do Protocolo Adicional I, que proíbe qualquer forma de violência, intimidação ou represália contra o pessoal médico. A proteção conferida ao pessoal médico estende-se também àqueles que estão em trânsito para realizar suas funções, assim como ao uso de emblemas de proteção, como a Cruz Vermelha ou o Crescente Vermelho, que devem ser respeitados por todas as partes em conflito. 2.5.3 Princípios de Distinção e Proporcionalidade Dois princípios fundamentais do DIH, a distinção e a proporcionalidade, são particularmente relevantes quando se trata de ataques a hospitais civis e equipes médicas. O princípio da distinção obriga as partes em conflito a diferenciar entre combatentes e não 21 combatentes, assim como entre alvos militares e civis. Hospitais civis e pessoal médico são considerados não combatentes e, portanto, não podem ser alvos legítimos de ataques militares. O princípio da proporcionalidade complementa esse entendimento, estabelecendo que os ataques não devem causar danos colaterais excessivos em relação à vantagem militar concreta e direta esperada. Um ataque que cause danos significativos a hospitais ou ao pessoal médico sem uma vantagem militar substancial seria considerado desproporcional e, portanto, ilegal sob o DIH. 2.5.4 Violação e Responsabilidade Jurídica Os ataques intencionais a hospitais civis e ao pessoal médico são classificados como crimes de guerra sob o Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional (Artigo 8). Isso inclui ataques deliberados contra unidades médicas e instalações que não estejam sendo usadas para fins militares. A responsabilidade por tais atos pode recair sobre comandantes militares e líderes políticos que ordenam ou permitem tais ataques. Além disso, o Conselho de Segurança das Nações Unidas, através da Resolução 2286 (2016), condenou veementemente os ataques contra instalações e pessoal médico em zonas de conflito, destacando a importância de respeitar e proteger os serviços de saúde. 3 CONCLUSÃO Em síntese, o DIH estabelece obrigações claras e rigorosas sobre o tratamento dos mortos no contexto dos conflitos armados. As partes em conflito devem garantir o respeito, a identificação e a devolução dos corpos, preservando sua dignidade e facilitando o luto e a justiça para os familiares. A não observância dessas obrigações pode resultar em graves consequências jurídicas internacionais. Noutro ponto, os militares capturados em conflitos armados internacionais são reconhecidos como prisioneiros de guerra conforme o DIH. Este status garante-lhes um conjunto abrangente de direitos e proteções legais, os quais devem ser rigorosamente respeitados pelas partes em conflito. A violação desses direitos não só constitui uma infração grave das Convenções de Genebra, como também pode levar a responsabilizações jurídicas internacionais. Além disto, o uso de emblemas de proteção por militares em situações não autorizadas é uma violação clara das normas do Direito Internacional Humanitário. Essa 22 prática é proibida porque compromete a neutralidade e a proteção dos emblemas, que são vitais para a segurança dos serviços médicos e dos civis em tempos de guerra. As bases legais para essa proibição estão bem estabelecidas nas Convenções de Genebra, nos Protocolos Adicionais e no Estatuto de Roma, que juntas formam a espinha dorsal do DIH e do direito penal internacional. Ademais, as munições de fragmentação são amplamente proibidas pelo Direito Internacional Humanitário devido ao seu impacto devastador e indiscriminado sobre a população civil. A Convenção sobre Munições de Fragmentação de 2008, junto com as normas consagradas nos Protocolos Adicionais às Convenções de Genebra, estabelece uma proibição rigorosa e obrigações para mitigar as consequências dessas armas. O não cumprimento dessas normas pode resultar em graves consequências humanitárias e jurídicas, incluindo a responsabilização por crimes de guerra. Por fim, o DIH protege de forma robusta os hospitais civis e as equipes médicas em tempos de guerra, reconhecendo a sua importância crucial para o atendimento humanitário. Qualquer ataque contra essas instalações ou pessoal é uma violação grave das normas internacionais e pode ser considerado um crime de guerra. As partes em conflito têm a obrigação de garantir que as operações militares sejam conduzidas de maneira a evitar danos a esses bens protegidos e a manter o respeito pela dignidade humana. 23 REFERÊNCIAS Convenção de Genebra relativa à Melhoria da Situação dos Feridos e Doentes das Forças Armadas em Campanha, 12 de agosto de 1949. Protocolo Adicional às Convenções de Genebra de 12 de agosto de 1949, relativo à Proteção das Vítimas dos Conflitos Armados Internacionais (Protocolo I), 8 de junho de 1977. Estatuto de Roma do Tribunal Penal Internacional, 17 de julho de 1998. Convenção de Genebra relativa ao Tratamento dos Prisioneiros de Guerra, 12 de agosto de 1949. Convenção sobre a Proibição ou Restrição do Uso de Certas Armas Convencionais, 10 de outubro de 1980. Convenção sobre Munições de Fragmentação, 30 de maio de 2008. Comitê Internacional da Cruz Vermelha. (2021). Cluster munitions and international humanitarian law. Disponível em: ICRC Convenção de Genebra relativa à Proteção de Pessoas Civis em Tempo de Guerra, 12 de agosto de 1949. Conselho de Segurança das Nações Unidas. Resolução 2286 (2016), S/RES/2286 (2016), 3 de maio de 2016.