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EEB JOSÉ MARIA CARDOSO DA VEIGA RUA NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO, 448 ENSEADA DE BRITO - PALHOÇA/SC – CEP 88138-000 FONE: (48) 36655729 A ERA VARGAS 1930-1945 Enquanto o mundo mergulhava em uma grave crise econômica provocada pela quebra da Bolsa de Nova York, o Brasil entrava em um longo período de 15 anos sob comando da polêmica figura de Getúlio Vargas. GOVERNO PROVISÓRIO:Assim que chegou ao poder com a ajuda da ALIANÇA LIBERAL dos MILITARES e de grande parte dos TENENTISTAS, Getúlio Vargas precisou por ordem no caos em que estava a República Além de ter muito cuidado com acordos políticos, seu governo tinha que pensar em algo para estabilizar a economia, abalada. pela Crise de 1929. Para isso, iniciou um GOVERNO PROVISÓRIO, acabou com a Constituição de 1891, fechou Câmaras Municipais e Assembleias Legislativas dos estados e substituiu todos os governadores por interventores escolhidos por ele mesmo. Com essas decisões, Vargas tentava fortalecer o Estado e centralizar o poder em suas mãos. PRIMEIRAS MEDIDAS Em novembro de 1930, Vargas criou o MINISTÉRIO DA EDUCAÇÃO E SAÚDE e o MINISTÉRIO DO TRABALHO, INDUSTRIA E COMERCIO. O primeiro aperfeiçoava o ensino público e instituiu a base para a criação de universidades. Com a segunda, criava leis trabalhistas e regulava o trabalho, conferindo oito horas de jornada diária, férias e aposentadoria. Futuramente essas leis seriam conhecidas como CONSOLIDAÇÃO DAS LEIS DO TRABALHO (CLT). A criação desses ministérios coincidia com as reivindicações dos operários e das classes médias urbanas. Assim, Vargas conseguiu o apoio de grande parte dessas pessoas. Naquela época, havia uma superprodução de café, mas a Crise de 1929 fez cair seu consumo no mundo. Se todo aquele café entrasse no mercado, seu valor despencaria Então, o que o governo fez? Entre 1931 e 1944, comprou os excedentes e os queimou! Assim diminuía a oferta da mercadoria e aumentava seu preço de exportação. Cerca de 80 milhões de sacas de café foram destruídas nesse período. CONSTITUIÇÃO de 1934: Os paulistas se irritaram com a nomeação de um tenentista pernambucano para ser interventor em São Paulo. As elites queriam um interventor paulista que os conhecesse e favorecesse. Além disso, reclamavam da centralização do poder presidencial e a criação de uma nova Constituição para que o jogo parlamentar voltasse. O movimento reivindicando a criação de uma nova Constituição resultou na REVOLUÇÃO CONSTITUCIONALISTA, em 1932. As oligarquias paulistas, junto a militares e populares tomaram o estado e se posicionaram contra o governo federal. Voluntários de outros estados, como Paraná e Rio de Janeiro, foram para São Paulo apoiar a causa. Após três meses travando batalha contra forças governistas, os constitucionalistas foram derrotados em setembro de 1932. A Revolução Constitucionalista foi um aviso e Vargas prestou bastante atenção. Ainda em 1932, seu governo aprovou um novo Código ELEITORAL que estendeu o voto para as mulheres, criou a Justiça Eleitoral para evitar fraudes e instituiu o voto secreto. Um ano depois, em 1933, Vargas convocou uma Assembleia Constituinte, que foi encarregada de escrever uma nova Constituição e, depois, eleger um presidente. A nova constituição saiu em 1934. Nela estava assegurando o sistema federativo e presidencialista, a existência dos poderes Executivo, Legislativo e Judiciário, e o voto feminino e secreto para todos. Além disso, incorporou as leis trabalhistas de então e tornou o ensino primário gratuito e obrigatório. O GOVERNO CONSTITUCIONAL (1934-1937): Em 1934, Getúlio Vargas foi eleito presidente pela Assembleia Constituinte. Seu mandato seria de 4 anos, terminando em 1938 e sem direito a reeleição. Devido ao cenário internacional da década de 1930, em que os extremismos políticos e ideológicos se acentuavam, Vargas teria que ponderar suas decisões de politica externa. Na Europa cresciam o governo fascista de Benito Mussolini, na Itália e o nazista de Adolf Hitler, na Alemanha. Do lado oposto, a socialista União Soviética aumentava seu poder. Já na América, os Estados Unidos figuravam como uma nação muito rica, capitalista e oposta tanto aos nazifascistas quanto aos socialistas. Ainda que Vargas fosse simpático aos governos nazifascistas, teve que lidar com a pressão americana (que estendia sua influência pelas Américas) e com a polarização de movimentos políticos dentro do Brasil. Ação Integralista Brasileira e Aliança Nacional Libertadora: Criada em 1932, a AÇÃO INTEGRALISTA BRASILEIRA (AIS) era sumamente fascista, inspirada nos governos de Mussolini e Hitler. Formada por religiosos, grandes proprietários e empresários e por grupos das classes médias urbanas, seu lema era “Deus Pátria e Família”. Anticomunistas e antiliberais para instaurar uma ditadura nacionalista. Criada em 1935, a ALIANÇA NACIONAL LIBERTADORA (ANL) tinha como líder Luis Carlos Prestes. Reuniu em torno de si grupos das classes médias urbanas, militares de baixa patente, ex-tenentistas, estudantes e muitos operários, todos com ideias socialistas liberais democratas ou comunistas. Anti-integralistas e anti fascistas, defendiam um governo democrático, a nacionalização de empresas estrangeiras e a reforma agrária. O crescimento da ANL foi rápido. Reuniu entre 70 mil e 100 mil integrantes em menos de quatro meses quando foi declarada legal pelo alarmado presidente Vargas. Em novembro de 1935, alguns integrantes da ANL e os dirigentes do PCB iniciaram insurreições armadas em vários estados do Brasil para destituir Vargas e promover uma revolução de cunho comunista. Vargas decretou estado de sítio e sufocou o evento conhecido como INTENTONA COMUNISTA. Muitos líderes foram presos e torturados. Seu principal líder, LUIS CARLOS PRESTES foi condenado à prisão. A esposa de Prestes, a judia alema OLGA BENARIO, foi enviada gravida para a Alemanha de Hitler em 1936, morrendo em um campo de concentração nazista em 1942. Com a derrota da Intentona Comunista, Vargas endureceu seu governo. O Plano Cohen: Em 1937, o mandato de Getúlio Vargas estava próximo do fim. No entanto, ele não pretendia sair do governo. Junto com as Forças Armadas, Vargas arquitetava formas de permanecer no poder. Em setembro, o militar integralista OLÍMPIO MOURÃO FILHO inventou um documento que revelava um plano dos comunistas de realizar uma nova insurreição armada. O autor seria um agente comunista internacional chamado Cohen. Por isso, o documento ficou conhecido como PLANO COHEN. A farsa foi amplamente divulgada pelo governo como verdadeira e serviu para que Vargas endurecesse seu regime sob o pretexto de proteção contra um golpe de Estado comunista. Em novembro Vargas anunciou por rádio o cancelamento das eleições seguintes e tirou os efeitos legais da Constituição de 1934. Mais que isso, fechou o Congresso Nacional com tropas do Exército, acabou com o Poder Legislativo e retirou a autonomia dos estados. Contra o suposto golpe de Estado do Plano Cohen, uma farsa criada por militares e integralistas, Vargas deu, ele mesmo, o seu e de Estado, instaurando uma ditadura ESTADO NOVO (1937-1945) A ditadura, com inspirações do fascismo italiano, foi nomeada pelos governantes de ESTADO NOVO. O poder político estaria concentrado no presidente da República e a população veria o fim das liberdades individuais, a repressão política e a censura à imprensa. Além de apoiar a instauração da ditadura, os integralistas ajudaram Vargas a perseguir comunistas. No início do Estado Novo, Vargas extinguiu os partidos políticos no Brasil, provocando também o fim da AIB. Em maio de 1938, integralistas revoltados atacaram o Palácio Guanabara, residência de Getúlio, numa tentativa de golpe de Estado, mas fracassaram. Vargas, que não pretendia dividir o poder, aproveitou o evento para persegui-los e prender seus líderes. Em 1939 o governo criou o DEPARTAMENTO DE IMPRENSA E PROPAGANDA (DIP) que tinha função dupla. Primeiro, fazia a censura dos meios de comunicação em geral, como programas de rádio, livros, jornais e cinema. Segundo, formulava a propagandaoficial do Estado Novo, criado a imagem de Getúlio Vargas como "pai dos pobres”, bom e justo, mas também rigoroso. Naquela época o rádio era a maior mídia no Brasil. Todos tinham um em casa e passavam horas ouvindo as radionovelas. Por isso, ele foi usado pelo governo para pronunciamentos do presidente. O DIP também era encarregado de filtrar as notícias, a fim de levar ao povo apenas as favoráveis ao Estado. Com tanto controle, a repressão também era enorme. FILINTO MÜLLER, um admirador do nazismo e comandante da polícia política de Vargas, foi responsável pela perseguição e prisão de muitas pessoas, como os grandes escritores Graciliano Ramos, Érico Veríssimo e Jorge Amado. Várias também foram torturadas. INDUSTRIALIZAÇÃO: No período do Estado Novo, Vargas prezou pelo crescimento industrial no Brasil, através de um Estado que planejava intervinha e controlava a economia. Porém, mais do que isso, investiu na INDÚSTRIA DE BASE uma medida necessária, pois as importações de produtos industrializados da Europa sofreram uma queda devido ao início da Segunda Guerra Mundial em 1939. Assim, o governo conseguiu aumentar a base industrial do país, criar mais fábricas e melhorar as já existentes. OPOSIÇÃO e APOIO: Por seu caráter ditatorial, o Estado Novo se tornou alvo de críticas mais fortes. Já em 1943, surgiu o MANIFESTO DOS MINEIROS, um documento formulado pelas oligarquias de Minas Gerais exigindo o fim da ditadura a volta das eleições e uma nova Constituição. A UNIÃO NACIONAL DOS ESTUDANTES (UNE) insurgia em vários estados, também exigindo o fim da ditadura. Além disso, em 1945 houve o 1º Congresso Brasileiro de Escritores que reuniu artistas estudantes, jornalistas etc, juntos pelo fim do Estado Novo. Em 1945, Vargas teve que ceder. Ele anistiou os presos políticos como Luis Carlos Prestes, convocou uma Assembleia Constituinte e anunciou eleições. Para essa eleição, a regra era que ele não se candidatasse. Os partidos puderam voltar a se organizar. Surgiram então a UNIÃO DEMOCRÁTICA NACIONAL (UDN), partido formado por setores das classes médias altas, oligarcas, industriais banqueiros, o PARTIDO SOCIAL DEMOCRATICO (PSD), composto por alguns coronéis e os interventores dos estados aliados a Vargas, e o PARTIDO TRABALHISTA BRASILEIRO (PTB), formado por líderes de sindicatos ligados a Vargas. Ate o PARTIDO COMUNISTA BRASILEIRO (PCB), antes tornado ilegal,agora voltava as lutas politicas. Nesses últimos anos, Vargas viu o fortalecimento dos militares com interesses contrários aos dele. Em resposta a isso, ele se aproximou dos movimentos populares na tentativa de equilibrar a balança política e ganhar o apoio dos trabalhadores. Líderes do PTB, e até mesmo alguns integrantes do PCB apoiaram a permanência de Vargas na presidência. Várias manifestações de rua clamavam "Queremos Getúlio”. O movimento que ficou conhecido como QUEREMISMO, alarmou os opositores políticos, que tinham receio de mais um golpe de Vargas para continuar no poder, como o de 1937. FIM do ESTADO NOVO: Prevendo mais um golpe de Estado de Vargas para se manter no poder, os militares não perderam tempo. No fim de 1945, os generais GÓIS MONTEIRO e EURICO GASPAR DUTRA, candidato à presidência pelo PSD, exigiram que Getúlio Vargas renunciasse. Vargas teve que recuar, sendo deposto. Nas eleições de dezembro, Gaspar Dutra foi eleito presidente. Estava terminado o Estado Novo.