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06Aula - Teoria Geral do Direito Societário 2. doc-1


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AULA 6 – Teoria Geral do Direito Societário. 
Constituição das sociedades: Contrato social. 
A sociedade empresária nasce do encontro de vontades de seus sócios. 
Este encontro de vontades será concretizado em um contrato social ou estatuto, em que se definirão as normas da sociedade formada. Assim, existem sociedades contratuais (sociedade em nome coletivo, em comandita simples e limitada) e sociedades estatutárias (que estudaremos mais adiante).
O contrato social é uma espécie bastante peculiar de contrato. As normas gerais de direito civil, pertinentes aos contratos, não podem, pura e simplesmente, ser aplicadas à disciplina do contrato social.
Para ser válido, o contrato social deve obedecer a duas ordens de requisitos. 
Requisitos genéricos – agente capaz, objeto possível/lícito e forma prescrita e não defesa em lei. É a redação do art. 104 do CC:
Art. 104. A validade do negócio jurídico requer:
I - agente capaz;
II - objeto lícito, possível, determinado ou determinável;
III - forma prescrita ou não defesa em lei.
Sobre o inciso I do citado artigo cabe um esclarecimento, a contratação de sociedade por menor, desde que devidamente representado ou assistido, é admitida em lei, mas ele não pode ser o administrador e o capital social tem que estar totalmente integralizado. 
Art. 974. Poderá o incapaz, por meio de representante ou devidamente assistido, continuar a empresa antes exercida por ele enquanto capaz, por seus pais ou pelo autor de herança.
§ 3o  O Registro Público de Empresas Mercantis a cargo das Juntas Comerciais deverá registrar contratos ou alterações contratuais de sociedade que envolva sócio incapaz, desde que atendidos, de forma conjunta, os seguintes pressupostos: 
I – o sócio incapaz não pode exercer a administração da sociedade;
II – o capital social deve ser totalmente integralizado; 
III – o sócio relativamente incapaz deve ser assistido e o absolutamente incapaz deve ser representado por seus representantes legais. 
Com relação ao objeto, a lei não permite que o objeto seja ilícito, por exemplo, uma empresa que comercialize drogas 
Por fim, sobre a forma, o contrato deve ser escrito, particular ou público, e excepcionalmente oral.
Requisitos específicos – todos os sócios devem contribuir para a formação do capital social, seja com bens, créditos ou dinheiro; e todos os sócios participarão dos resultados, positivos ou negativos, da sociedade.
Acentue-se que a lei não veda a distribuição diferenciada dos lucros entre os sócios, nem a distribuição desproporcional à participação de cada um no capital social. É vedada a exclusão do sócio na repartição.
OBS.: O contrato social deverá prever as normas disciplinadoras da vida social. Qualquer assunto que diga respeito aos sócios e à sociedade pode ser objeto de acordo de vontades entre os membros da pessoa jurídica empresária. 
É claro que nem tudo poderá ser previsto e exaustivamente regrado, mas, desde que não contemple solução ilegal, repudiada pelo direito, o contrato social poderá dispor sobre qualquer tema de interesse para os sócios.
Algumas cláusulas contratuais são necessárias para a completa regularidade da sociedade empresária. Um contrato social omisso quanto a essas cláusulas não pode ser registrado. Já há outro grupo de cláusulas contratuais que não são indispensáveis ao registro do contrato social (exemplo, sobre a continuidade da sociedade em caso de falecimento de um dos sócios). A sua inexistência não impede o registro da sociedade empresária.
As essenciais estão elencadas no art. 997, I a IV e VI do CC: 
Art. 997. A sociedade constitui-se mediante contrato escrito, particular ou público, que, além de cláusulas estipuladas pelas partes, mencionará:
I - nome, nacionalidade, estado civil, profissão e residência dos sócios, se pessoas naturais, e a firma ou a denominação, nacionalidade e sede dos sócios, se jurídicas;
II - denominação, objeto, sede e prazo da sociedade;
III - capital da sociedade, expresso em moeda corrente, podendo compreender qualquer espécie de bens, suscetíveis de avaliação pecuniária;
IV - a quota de cada sócio no capital social, e o modo de realizá-la;
VI - as pessoas naturais incumbidas da administração da sociedade, e seus poderes e atribuições;
Existe mais uma formalidade, para fins de obtenção do registro na Junta Comercial, que é a necessidade do visto de um advogado para a validade de todos os atos e contratos constitutivos de pessoas jurídicas.
O ato constitutivo da sociedade empresária pode ser objeto de alteração, de acordo com a vontade dos sócios ou por decisão judicial.
Sociedade em nome coletivo. 
É o tipo societário em que todos os sócios respondem ilimitadamente pelas obrigações sociais. Todos, assim devem ser pessoas naturais. Qualquer um deles pode ser nomeado administrador da sociedade e ter seu nome civil aproveitado na composição do nome empresarial.
Sociedade em comandita simples. 
É o tipo societário em que um ou alguns dos sócios, denominados “comanditados”, tem responsabilidade ilimitada pelas obrigações sociais, e outros, os sócios “comanditários”, respondem limitadamente por essas obrigações. 
Somente os sócios comanditados podem ser administradores. 
Vale alertar que os sócios comanditários podem ser pessoas físicas ou jurídicas. Não podem administrar ou praticar atos de gestão, mas podem receber poderes especiais de procurador para realização de negócios determinados. Os sócios comanditados devem ser necessariamente pessoas físicas e o nome empresarial da sociedade só poderá valer-se de seus nomes civis.
A divisão de lucros é proporcional as cotas que possuem independente dos sócios serem comanditados ou comanditários.
Sociedade em conta de participação. 
Possuem características bem próprias, seja por sua despersonalização, seja por seu caráter de sociedade secreta ou oculta.
Quando duas ou mais pessoas se associam para um empreendimento comum, poderão fazê-lo na forma de sociedade em conta de participação, ficando um ou mais sócios em posição ostensiva e outro ou outros em posição oculta. Por não ter personalidade jurídica, a sociedade em conta de participação não assume em seu nome nenhuma obrigação.
É o sócio ou sócios ostensivos que assumem, como obrigação pessoal, as obrigações da sociedade. E sendo responsabilidade pessoal, não há limitação ou subsidiariedade. 
Os sócios ostensivos respondem ilimitadamente que em nome próprio assumirem e os sócios ocultos ou participantes não respondem senão perante os sócios ostensivos conforme o que foi pactuado (limitada ou ilimitadamente, depende do contrato).
E por que é dita secreta? Porque o contrato entre os sócios não pode ser registrado no registro de empresas. O ato constitutivo dessa sociedade pode ser registrado no Registro de Títulos e Documentos para resguardo dos interesses dos contratantes. Só que esse registro não confere personalidade jurídica a sociedade.
Não tem nome empresarial porque é despersonalizada e secreta.
Alguns doutrinadores preferem dizer que essa não é uma sociedade empresária, mas tão somente um contrato de investimento.
Sociedade limitada. 
É o tipo societário de maior presença na economia brasileira. Deve-se isso a duas de suas características: a limitação da responsabilidade e a contratualidade.
A sociedade limitada pode ser pluripessoal ou unipessoal. Nesse último caso, é chamada, na lei de “empresa individual de responsabilidade limitada” (EIRELI). Está disciplinada em capitulo próprio no CC, arts. 1.052 a 1.087. Entretanto outros diplomas legais também se aplicam a essa sociedade.
O limite da responsabilidade dos sócios é o total do capital social subscrito e não integralizado. Os sócios tem responsabilidade solidária pela integralização do capital social. Resumindo, se o contrato social estabelece que o capital está totalmente integralizado, os sócios não tem nenhuma responsabilidade pelas obrigações sociais. Falindo a sociedade, e sendo o patrimônio social insuficientepara a liquidação do passivo, a perda será suportada pelos credores.
A administração da sociedade cabe a uma ou mais pessoas, sócias ou não, designadas no contrato social ou em ato separado. Pode ser administrada por não sócio independente de previsão no contrato social. O mandato pode ser por prazo determinando ou indeterminado. Lembrando que todos os atos devem ser arquivados na Junta Comercial.
Sociedade por ações.
São duas as sociedades por ações: a sociedade anônima e a sociedade em comandita por ações. 
A sociedade anônima é uma sociedade de capital. Os títulos representativos da participação societária (ações) são livremente negociáveis. Nenhum acionista pode impedir o ingresso de quem quer que seja no quadro associativo.
O capital social deste tipo societário é fracionado em unidades representadas por ações. Os seus sócios são chamados de acionistas. A responsabilidade deles limita-se ao que falta para integralização das ações de que sejam titulares, nesse caso, o preço de emissão das ações que adquirir ou subscrever. O preço de emissão é fixado pelos fundadores, quando da fundação da companhia, e pela assembléia quando do aumento do capital social.
Por fim, temos a sociedade em comandita por ações, à qual se aplicam todas as normas relativas à sociedade anônima, com as alterações previstas nos art. 1.090 e 1.092 do CC. 
O acionista diretor da sociedade ou gerente tem responsabilidade ilimitada. Somente acionistas podem fazer parte da diretoria. 
Sobre o nome empresarial, a sociedade pode adotar firma ou denominação, sendo que, no caso de firma não poderá compor seu nome empresarial aproveitando o nome civil de acionista que não seja diretor.
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