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Psicopatologia - Unidade I - Fundamentos epistemológicos

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Psicopatoloçjia
e Semiologia
dos Transtornos
Mentais
Paulo Dalgalarrondo
Médico pela Faculdade de Ciências Médicas (FCM) da UNICAMP, Campinas, Brasil.
Mestre em Medicina pela FCM-UNICAMP.
Doutor em Medicina pela Universidade de Heidelberg, Alemanha.
Professor Doutor do Departamento de Psicologia Médica e Psiquiatria da FCM-UNICAMP.
ARlfVED
E D I T O R A
PORTO ALEGRE, 2000
Introdução geral à
semiologia psiquiátrica
T Tm dia escrevi que tudo é autobiografia, que
LJ a vida de cada um de nós a estamos con-
tando em tudo quanto fazemos e dizemos, nos
gestos, na maneira como nos sentamos, como
andamos e olhamos, como viramos a cabeça
ou apanhamos um objeto no chão. Queria eu
izer então que, vivendo rodeados de sinais, nós
próprios somos um sistema de sinais.
José Saramago {Cadernos de Lanzarote, 1997)
•
O QUE E SEMIOLOGIA
PSIQUIÁTRICA
Por semiologia médica entende-se o estudo
dos sintomas e sinais das doenças, estudo este
que permite ao profissional de saúde identifi-
car alterações físicas e mentais, ordenar os fe-
nômenos observados, formular diagnósticos e
empreender terapêuticas. A semiologia ou se-
miótica, tomada em um sentido geral, é a ciên-
cia dos signos, não se restringindo, portanto, à
medicina. É campo de grande importância para
o estudo da linguagem (semiótica linguística),
da música (semiologia musical), das artes em
geral e de todos os campos de conhecimento e
atividades humanas que incluam a interação e a
comunicação entre dois interlocutores pelo uso
de um sistema de signos.
Embora esteja intimamente relacionada à lin-
guística, a semiologia geral não se restringe a
ela, posto que o signo transcende a esfera da
língua; são também signos os gestos, as atitu-
des e os comportamentos não-verbais, os sinais
matemáticos, os signos musicais, etc. De fato,
a semiologia geral como ciência dos signos já
fora admitida pelo linguista suíço Ferdinad de
Saussure [1916] (1970), que afirmou: "Pode-
se, então, conceber uma ciência que estude a
vida dos signos no seio da vida social; [...] cha-
má-la-emos de semiologia (do grego semeion,
"signo"). Ela nos ensinará em que consistem
os signos, que leis os regem".
Charles Morris (1946) discrimina três cam-
pos distintos no interior da semiologia: ^semân-
tica, responsável pelo estudo das relações entre
os signos e os objetos a que tais signos se refe-
rem, a sintaxe, que compreende as regras e leis
que regem as relações entre os vários signos de
um sistema de signos e, finalmente, a pragmá-
tica, que se ocupa das relações entre os signos
e os usuários, os sujeitos que utilizam concreta-
mente os signos.
O signo é o elemento nuclear da semiologia;
ele está para a semiologia assim como a célula
está para a biologia e o átomo para a física. O
signo é um tipo de sinal. Define-se sinal como
qualquer estímulo emitido pelos objetos do mun-
do. Assim, por exemplo, a fumaça é um sinal do
fogo, a cor vermelha do sangue, etc. O signo é um
sinal especial, um sinal sempre provido de signifi-
cação. Assim, na semiologia médica sabe-se que
a febre pode ser um sinal/signo de uma infecção,
ou a fala extremamente rápida e fluente pode ser
um sinal/signo de uma síndrome maníaca. A se-
miologia médica e psicopatológica trata particu-
larmente dos signos que indicam a existência de
sofrimento mental, transtornos e patologias.
Os signos de maior interesse para a psico-
patologia são os sinais comportamentais obje-
20 PAULO DALGALARRONDO
tivos, verificáveis pela observação direta do pa-
ciente, e os sintomas, isto é, as vivências subje-
tivas relatadas pelos pacientes, suas queixas,
aquilo que o sujeito experimenta e, de alguma
forma, comunica a alguém. Sá Júnior (1988)
apresenta uma definição de sintoma e sinal um
pouco diferente; discrimina os sintomas objeti-
vos (observados pelo examinador) dos sintomas
subjetivos (percebidos apenas pelo paciente). Os
sinais, por sua vez, são definidos como dados
elementares das doenças que são provocados
(ativamente evocados) pelo examinador (sinal
de Romberg, sinal de Babinski, etc).
Segundo o linguista russo Roman Jakobson
[1962] (1975), já os antigos estóicos desmem-
braram o signo em dois elementos básicos; sig-
nans (o significante) e signatum (o significa-
do). Assim, todo signo é constituído por estes
dois elementos; o significante, que é o suporte
material, o veículo do signo, e o significado, ou
seja, aquilo que é designado e que está ausente,
o conteúdo do veículo.
De acordo com o filósofo norte-americano
Charles S. Peirce [1904] (1974), segundo as re-
lações entre o significado (conteúdo) e o signi-
ficante (suporte material) de um signo teremos
três tipos de signos: o ícone, o indicador e o
símbolo. O ícone é um tipo de signo no qual o
elemento significante evoca imediatamente o
significado, isto devido a uma grande semelhan-
ça entre eles, como se o significante fosse uma
"fotografia" do significado. O desenho esque-
mático no papel de uma casa pode ser conside-
rado um ícone do objeto casa. No caso do indi-
cador ou índice a relação entre o significante e
o significado é de contiguidade; o significante
é um índice, algo que aponta para o objeto signi-
ficado. Assim, uma nuvem é um indicador de que
haverá chuva, a fumaça é um indicador do fogo.
O símbolo é um tipo de signo totalmente di-
ferente do ícone e do indicador; aqui o elemen-
to significante e o objeto ausente (significado)
são totalmente diferentes em aparência e sem
relação de contiguidade. Não há nenhuma rela-
ção direta entre eles, a relação é puramente con-
vencional e arbitrária. Entre o conjunto de le-
tras agrupadas "C-A-S-A" e o objeto casa não
existe qualquer semelhança (visual ou de qual-
quer outro tipo), é uma relação totalmente
convencional. Por isso, o sentido e o valor de
um símbolo dependem necessariamente das
relações que ele mantém com os outros sím-
bolos do sistema simbólico total; depende, por
exemplo, da ausência ou presença de outros
símbolos que expressam significados vizinhos
ou antagónicos a ele.
DIMENSÃO DUPLA DO SINTOMA
PSICOPATOLÓGICO: INDICADOR E
SÍMBOLO AO MESMO TEMPO
Os sintomas médicos e psicopatológicos
têm, enquanto signos, uma dimensão dupla. Eles
são tanto um índice (indicador) como um sím-
bolo. O sintoma enquanto índice indica uma dis-
função que está em outro ponto do organismo
ou do aparelho psíquico, porém aqui a relação
do sintoma com a disfunção de base é, em certo
sentido, de "contiguidade". A febre pode cor-
responder a uma infecção que induz os leucóci-
tos a liberar certas citocinas que, pela ação des-
tas no hipotálamo, produzem o aumento da tem-
peratura. Assim, o sintoma febre tem uma de-
terminada relação de "contiguidade" com o pro-
cesso infeccioso de base.
Além de tal dimensão de indicador, os sin-
tomas psicopatológicos, ao serem nomeados
pelo paciente, pelo seu meio cultural ou pelo
médico, passam a ser "símbolos linguísticos"
no interior de uma linguagem. No momento
mesmo em que recebe um nome, o sintoma ad-
quire o status de símbolo, de signo linguístico
arbitrário, que só pode ser compreendido den-
tro de um sistema simbólico dado, em um de-
terminado universo cultural. Assim, a angústia
manifesta-se (e realiza-se) ao mesmo tempo
como mãos geladas, tremores e um aperto na
garganta (que indicam, por exemplo, uma dis-
função no sistema nervoso autónomo), e, ao ser
tal estado designado como "nervosismo", "neu-
rose", "ansiedade" ou "gastura", passa a rece-
ber um determinado significado simbólico e
cultural (por isso convencional e arbitrário), que
só pode ser adequadamente compreendido e
interpretado tendo-se como referência um uni-
verso cultural dado, um sistema de símbolos
determinado.
A semiologia psicopatológica, portanto, cui-
da especificamente do estudo dos sinais e sinto-
PsiCOPATOLOGIA E SEMIOLOGIA DOS TRANSTORNOS MENTAIS 21
mas produzidos pelos transtornosmentais, sig-
nos que sempre contêm essa dupla dimensão. A
semiotécnica, por sua vez, refere-se aos proce-
dimentos específicos de observação e coleta dos
sinais e sintomas, assim como de interpretação
de tais sintomas. No caso dos transtornos men-
tais, a semiotécnica concentra-se na entrevista
direta com o paciente, com seus familiares e de-
mais pessoas que com ele convivem. A coleta
desses sinais e sintomas requer a habilidade su-
til em formular as perguntas mais adequadas
para o estabelecimento de uma relação produti-
va e a consequente identificação dos signos da
doença mental. Aqui é fundamental o "como" e
"'quando" fazer as perguntas, assim como o
modo de interpretar as respostas e a decorrente
formulação de novas perguntas. Fundamental,
sobretudo, para a semiotécnica em psicopatolo-
gia, é a observação minuciosa, atenta e perspi-
caz do comportamento do paciente, o conteúdo
de seu discurso e o seu modo de falar, sua mími-
ca, postura, vestimenta, a forma como reage, seu
estilo de relacionamento com o entrevistador,
com outros pacientes e com seus familiares.
SINDROMES E ENTIDADES
NOSOLÓGICAS
Na prática clínica, os sinais e sintomas não
ocorrem de forma aleatória; surgem em certas
associações, certos clusters mais ou menos fre-
quentes. Definem-se, portanto, as síndromes
como agrupamentos relativamente constantes e
estáveis de determinados sinais e sintomas. En-
tretanto, ao se delimitar uma síndrome (como
síndrome depressiva, demencial, paranóide,
etc), não se trata ainda da definição e da identi-
ficação de causas específicas e de uma nature-
za essencial do processo patológico. A síndro-
me é puramente uma definição descritiva de um
conjunto momentâneo e recorrente de sinais e
sintomas.
Denominam-se entidades nosológicas, doen-
ças ou transtornos específicos os fenômenos
mórbidos nos quais se podem identificar (ou
pelo menos presumir com certa consistência)
determinados fatores causais (etiologia), um
curso relativamente homogéneo, estados termi-
nais típicos, mecanismos psicológicos e psico-
patológicos característicos, antecedentes gené-
tico-familiares algo específicos e respostas a
tratamentos mais ou menos previsíveis. Em psi-
copatologia e psiquiatria trabalha-se muito mais
com síndromes do que com doenças específi-
cas, embora muito esforço tenha sido (há mais
de 200 anos!) empreendido no sentido de iden-
tificar entidades nosológicas precisas. Cabe lem-
brar que a identificação de entidades nosológi-
cas específicas não tem apenas um interesse
científico ou académico (valor teórico); ela ge-
ralmente viabiliza ou facilita o desenvolvimen-
to de procedimentos terapêuticos e preventivos
mais eficazes (valor pragmático).
Definição de psicopatologia
T Tm fenómeno é sempre biológico em suas
KJ raízes e social em sua extensão final. Mas
nós não nos devemos esquecer, também, de que,
entre esses dois, ele é mental.
Jean Piaget
Campbell (1986) define a psicopatologia
como o ramo da ciência que trata da natureza
essencial da doença mental - suas causas, as
mudanças estruturais e funcionais associadas a
ela e suas formas de manifestação. Entretanto,
nem todo estudo psicopatológico segue, a rigor,
os ditames de uma ciência sensu strictu. A psi-
copatologia, em uma acepção mais ampla, pode
ser definida como o conjunto de conhecimen-
tos referentes ao adoecimento mental do ser
humano. É um conhecimento que se esforça por
ser sistemático, elucidativo e desmistificante.
Como conhecimento que visa ser científico, não
inclui critérios de valor, nem aceita dogmas ou
verdades a priori. O psicopatólogo não julga
moralmente o seu objeto, busca apenas obser-
var, identificar e compreender os diversos ele-
mentos da doença mental. O psicopatólogo re-
jeita qualquer tipo de dogma, seja ele religioso,
filosófico, psicológico ou biológico; o conhe-
cimento que busca está permanentemente su-
jeito a revisões, críticas e reformulações.
O campo da psicopatologia inclui um gran-
de número de fenômenos humanos especiais,
associados ao que se denominou historicamen-
te doença mental. São vivências, estados men-
tais e padrões comportamentais que têm, por um
lado, uma especificidade psicológica (as vivên-
cias dos doentes mentais têm uma dimensão pró-
pria, genuína, não sendo apenas "exageros" do
normal), e têm também, por outro lado, cone-
xões complexas com a psicologia do normal (o
mundo da doença mental não é um mundo to-
talmente estranho ao das experiências psicoló-
gicas "normais").
A psicopatologia tem boa parte de suas raí-
zes na tradição médica (na obra dos grandes clí-
nicos e alienistas do passado), que propiciou,
nos últimos dois séculos, a observação prolon-
gada e cuidadosa de um grande número de doen-
tes mentais. Em uma outra vertente, a psicopa-
tologia nutre-se de uma tradição humanistica (a
filosofia, a literatura, as artes, a psicanálise) que
sempre viu na "alienação mental", no pathos
do sofrimento mental extremo, uma possibi-
lidade excepcionalmente rica de reconheci-
mento de dimensões humanas que sem o fe-
nómeno "doença mental" permaneceriam des-
conhecidas. Apesar de se beneficiar das tra-
dições neurológicas, psicológicas e filosófi-
cas, a psicopatologia não se confunde com a
neurologia das chamadas funções corticais
superiores (não se resume, portanto, a uma
ciência natural dos fenômenos associados às
zonas associativas do cérebro lesado), nem
com uma hipotética psicologia das funções
mentais desviadas. A psicopatologia é uma
ciência autónoma, não é nem um prolonga-
mento da neurologia nem da psicologia.
KarlJaspers (1883-1969), um dos principais
autores da psicopatologia moderna, afirma que
esta é uma ciência básica, que serve de auxílio
à psiquiatria, que é, por sua vez, um conheci-
PSICOPATOLOGIA E SEMIOLOGIA DOS TRANSTORNOS MENTAIS 23
mento aplicado a uma prática profissional e so-
cial concreta.
Jaspers é muito claro em relação aos limites
da psicopatologia: embora o objeto de estudo
da psicopatologia seja o homem na sua totali-
dade ("nosso tema é o homem todo em sua en-
fermidade " -Jaspers, 1913), os limites da ciên-
cia psicopatológica consistem precisamente em
que nunca se pode reduzir inteiramente o ser
humano a conceitos psicopatológicos. O domí-
nio da psicopatologia, segundo ele, estende-se
a "todo fenómeno psíquico que se possa apre-
ender em conceitos de significação constantes
e com possibilidade de comunicação". Assim,
a psicopatologia, enquanto ciência, exige um
pensamento rigorosamente conceituai, que seja
sistemático e que possa ser comunicado de modo
inequívoco. Na prática profissional, entretanto,
participam ainda opiniões instintivas, uma in-
tuição pessoal que nunca se pode comunicar.
Assim, a ciência psicopatológica é tida como
uma das abordagens possíveis do homem men-
talmente doente, mas não a única e exclusiva.
Em todo indivíduo oculta-se algo que não
se pode conhecer, pois a ciência requer um pen-
samento conceituai sistemático, pensamento que
cristaliza, que torna evidente, mas também que
aprisiona o conhecimento. Quanto mais concei-
tualiza, afirma Jaspers, "quanto mais reconhe-
ce e caracteriza o típico, o que se acha de acor-
do com os princípios, tanto mais reconhece que,
em todo indivíduo, oculta-se algo que não pode
conhecer". Assim, a psicopatologia sempre per-
de, obrigatoriamente, aspectos essenciais do ho-
mem, principalmente nas dimensões existenci-
ais, estéticas, éticas e metafísicas. O filósofo
Gadamer (1990) afirma que, "diante de uma
obra de arte, experimentamos uma verdade ina-
cessível por qualquer outra via; é isso o que
constitui o significado filosófico da arte. Da
mesma forma que a experiência da filosofia,
também a experiência da arte incita a consciên-
cia científica a reconhecer seus limites ".
Dito de outra forma, não se pode compreen-
der ou explicar tudo o que existe em um ho-
mem por meio de conceitos psicopatológicos.Assim, ao se diagnosticar Van Gogh como es-
quizofrênico (ou epiléptico, maníaco-depressi-
vo, ou qualquer que seja o diagnóstico formu-
lado), ao se fazer uma análise psicopatológica
de sua biografia, isso nunca explicará totalmente
a vida e a obra de Van Gogh. Sempre resta algo
que transcende à psicopatologia, e, mesmo, à
ciência, e que permanece no domínio do misté-
rio.
FORMA E CONTEÚDO DOS SINTOMAS
Quando se estuda os sintomas psicopatoló-
gicos costuma-se enfocar dois aspectos básicos;
a. forma dos sintomas, isto é, sua estrutura bási-
ca, relativamente semelhante nos diversos pa-
cientes (alucinação, delírio, ideia obsessiva, la-
bilidade afetiva, etc.) e seu conteúdo, ou seja,
aquilo que preenche a alteração estrutural (con-
teúdo de culpa, religioso, de perseguição, etc).
O conteúdo é, geralmente, mais pessoal, depen-
dendo da história de vida do paciente, de seu
universo cultural e personalidade prévia ao
adoecimento.
Quadro 2.2 Temores que frequentemente
se expressam no conteúdo
dos sintomas psicopatológicos
Temores centrais
do ser humano
Formas comuns de
lidar com tais temores
Morte Religião/mundo místico
Continuidade pelas
novas gerações
Ter uma doença grave
Sofrer dor física ou moral
Miséria
Vias mágicas/medicina/
psicologia, etc.
Falta de sentido
existencial
Relações pessoais
significativas
Mundo da cultura
24 PAULO DALGALARRONDO
De modo geral, os conteúdos dos sinto- giosidade, etc. Esses temas representam uma
mas estão relacionados aos temas centrais da espécie de "substrato" que entra como ingre-
existência humana, temas como a sobrevivên- diente fundamental na constituição da expe-
cia e a segurança, a sexualidade, os temores riência psicopatológica. Nesse sentido, ver os
básicos (morte, doença, miséria, etc), a reli- Quadros 2.1 e 2.2, na página 23.
Conceito de normalidade
em psicopatologia
é loucura: ser cavaleiro andante
ou segui-lo como escudeiro?
De nós dois, quem o louco verdadeiro?
O que, acordado, sonha doidamente?
O que, mesmo vendado,
vê o real e segue o sonho
de um doido pelas bruxas embruxado ?
Carlos Drummond de Andrade
(Quixote e Sancho de Portinari, 1974)
O conceito de normalidade em psicopatolo-
gia é questão de grande controvérsia. Obvia-
mente quando se trata de casos extremos, cujas
alterações comportamentais e mentais são de in-
tensidade acentuada e longa duração, o deline-
amento das fronteiras entre o normal e o pato-
lógico não é tão problemático. Entretanto, há
muitos casos limítrofes nos quais a delimitação
entre comportamentos e formas de sentir nor-
mais e patológicas é bastante difícil. Nesses
casos, o conceito de normalidade em saúde
mental ganha especial relevância. Aliás, o pro-
blema não é exclusivo da psicopatologia, mas
de toda a medicina; tome-se como exemplo a
questão da delimitação dos níveis de tensão ar-
terial para a determinação de hipertensão ou de
glicemia, na determinação do diabete. Este pro-
blema foi brilhantemente estudado pelo filóso-
fo e médico francês Georges Canguilhem
(1978), cujo livro O normal e o patológico tor-
nou-se indispensável nesta discussão.
O conceito de normalidade em psicopatolo-
gia implica também na própria definição do que
é saúde e doença mental. Estes temas têm des-
dobramentos em várias áreas da saúde mental,
como, por exemplo, em:
1. Psiquiatria legal ou forense: A determi-
nação de anormalidade psicopatológica pode ter
importantes implicações legais, criminais e éti-
cas, podendo definir o destino social, institu-
cional e legal de uma pessoa.
2. Epidemiologia psiquiátrica: Neste caso,
a definição de normalidade é tanto um proble-
ma como um objeto de trabalho e pesquisa. A
epidemiologia, inclusive, pode contribuir para
a discussão e o aprofundamento do conceito de
normalidade em saúde.
3. Psiquiatria cultural e etnopsiquiatria:
Aqui o conceito de normal é tema sumamente
importante, de pesquisas e debates. De modo
geral, o conceito de normalidade em psicopato-
logia impõe a análise do contexto sociocultu-
ral; necessariamente exige o estudo da relação
entre o fenómeno supostamente patológico e o
contexto social no qual tal fenómeno emerge e
recebe este ou aquele significado cultural.
4. Planejamento em saúde mental e políti-
cas de saúde: Nesta área, é necessário estabe-
lecerem-se critérios de normalidade, principal-
mente no sentido de se verificarem as deman-
das assistenciais de determinado grupo popu-
lacional, as necessidades de serviços, quais e
quantos serviços devem ser colocados à dis-
posição desse grupo, etc.
5. Orientação e capacitação profissional:
Por exemplo, na definição de capacidade e ade-
quação de um indivíduo para exercer certa pro-
fissão, manipular máquinas, usar armas, dirigir
26 PAULO DALGALARKONDO
veículos, etc. Pensemos no caso de indivíduos
com déficits cognitivos e que desejam dirigir
veículos, indivíduos psicóticos que querem po-
der portar armas ou pessoas com crises epilép-
ticas que manipulam máquinas perigosas, etc.
6. Prática clínica: Não menos importante é
a capacidade de se discriminar, no processo de
avaliação e intervenção clínica, se tal ou qual
fenómeno é patológico ou normal, se faz parte
de um momento existencial do indivíduo ou é
algo francamente patológico.
CRITÉRIOS DE NORMALIDADE
Há vários critérios de normalidade e anor-
malidade em medicina e em psicopatologia. A
adoção de um ou outro depende, entre outras
coisas, de opções filosóficas, ideológicas e prag-
máticas do profissional. Apresentam-se em se-
guida os principais critérios de normalidade uti-
lizados em psicopatologia:
1. Normalidade como ausência de doença:
O primeiro critério que geralmente se utiliza é
o de saúde como "ausência de sintomas, de si-
nais ou de doenças". Lembremos aqui do velho
aforismo médico que diz: A saúde é o silêncio
dos órgãos. Normal, do ponto de vista psico-
patológico, seria, então, aquele indivíduo que
simplesmente não é portador de um transtor-
no mental definido. Tal critério é bastante fa-
lho e precário, pois, além de redundante, ba-
seia-se em uma "definição negativa", ou seja,
define-se a normalidade não por aquilo que
ela supostamente é, mas, sim, por aquilo que
ela não é, pelo que lhe falta.
2. Normalidade ideal: A normalidade aqui é
tomada como uma certa "utopia". Estabelece-se
arbitrariamente uma norma ideal, o que é supos-
tamente "sadio", mais "evoluído". Tal norma é,
de fato, socialmente constituída e referendada.
Depende, portanto, de critérios socioculturais e
ideológicos arbitrários, e, no mais das vezes,
dogmáticos e doutrinários. Exemplos de tais
conceitos de normalidade são aqueles baseados
na adaptação do indivíduo às normas morais e
políticas de determinada sociedade (lembremos
do macartismo nos Estados Unidos e no pseu-
dodiagnóstico de dissidentes políticos como
doentes mentais na antiga União Soviética).
3. Normalidade estatística: A normalidade
estatística identifica norma e frequência. E um
conceito de normalidade que se aplica especial-
mente a fenômenos quantitativos, com determi-
nada distribuição estatística na população geral
(como peso, altura, tensão arterial, horas de
sono, quantidade de sintomas ansiosos, etc). O
normal passa a ser aquilo que se observa com
mais frequência. Os indivíduos que se situam,
estatisticamente, fora (ou no extremo) de uma
curva de distribuição normal, passam, por exem-
plo, a ser considerados anormais ou doentes. É
um critério muitas vezes falho em saúde geral e
mental, pois nem tudo o que é frequente é ne-
cessariamente "saudável", assim como nem tudo
que é raro ou infrequente é patológico. Tome-
mos como exemplo fenômenos como as cáries
dentárias, a presbiopia, os sintomas ansiosos e
depressivos leves, o uso pesado de álcool, fe-
nômenos esses que podem ser muito frequen-
tes, mas que evidentemente não podem, aprio-
ri, ser considerados normaisou saudáveis.
4. Normalidade como bem-estar: A Orga-
nização Mundial da Saúde (OMS) definiu, em
1958, a saúde como o completo bem-estar físi-
co, mental e social, e não simplesmente como
ausência de doença. É um conceito criticável
por ser muito vasto e impreciso, pois bem-estar
é algo difícil de se definir objetivamente. Além
disso, esse completo bem-estar físico, mental e
social é tão utópico que poucas pessoas se en-
caixariam na categoria "saudáveis".
5. Normalidade funcional: Tal conceito irá
assentar-se sobre aspectos funcionais e não ne-
cessariamente quantitativos. O fenómeno é con-
siderado patológico a partir do momento em que
é disfuncional, provoca sofrimento para o pró-
prio indivíduo ou para seu grupo social.
6. Normalidade como processo: Neste caso,
mais do que uma visão estática, consideram-se
os aspectos dinâmicos do desenvolvimento
psicossocial, das desestruturações e reestru-
turações ao longo do tempo, de crises, de mu-
danças próprias a certos períodos etários. Este
conceito é particularmente útil em psiquiatria
infantil e de adolescentes, assim como em psi-
quiatria geriátrica.
7. Normalidade subjetiva: Aqui é dada maior
ênfase à percepção subjetiva do próprio indiví-
duo em relação ao seu estado de saúde, às suas
PSICOPATOLOGIA Ii SEMIOLOGIA DOS TRANSTORNOS MENTAIS 27
vivências subjetivas. O ponto falho deste crité-
rio é que muitos indivíduos que se sentem bem,
"muito saudáveis e felizes", como no caso de
pessoas em fase maníaca, apresentam de fato
um transtorno mental grave.
8. Normalidade como liberdade: Alguns au-
tores de orientação fenomenológica e existen-
cial propõem conceituar a doença mental como
perda da liberdade existencial (Henri Ey, por
exemplo). Desta forma, a saúde mental vincu-
lar-se-ia às possibilidades de transitar com graus
distintos de liberdade sobre o mundo e sobre o
próprio destino. A doença mental é constrangi-
mento do ser, é fechamento, fossilização das
possibilidades existenciais. Dentro desse espí-
rito, o psiquiatra gaúcho Cyro Martins afirma-
va que a saúde mental poderia ser vista, até cer-
to ponto, como a possibilidade de dispor de
"senso de realidade, senso de humor e de um
sentido poético perante a vida", atributos esses
que permitiriam ao indivíduo "relativizar" os so-
frimentos e limitações inerentes à condição hu-
mana e, assim, desfrutar do resquício de liber-
dade e prazer que a existência nos oferece.
9. Normalidade operacional: É um critério
assumidamente arbitrário, com finalidades prag-
máticas explícitas. Define-se a priori o que é
normal e o que é patológico e busca-se traba-
lhar operacionalmente com tais conceitos, acei-
tando-se as consequências de tal definição prévia.
Portanto, de modo geral, pode-se concluir
que os critérios de normalidade e de doença em
psicopatologia variam consideravelmente em
função dos fenômenos específicos com os quais
trabalhamos e, também, de acordo com as op-
ções filosóficas do profissional. Além disso, em
alguns casos pode-se utilizar uma associação de
vários critérios de normalidade ou doença, de
acordo com o Objetivo que se tem em mente.
De toda forma, essa é uma área da psicopatolo-
gia que exige uma postura permanentemente
crítica e reflexiva dos profissionais.
Principais escolas de
psicopatologia
Umas das principais características da psico-patologia, enquanto campo de conhecimen-
to, é a multiplicidade de abordagens e referen-
ciais teóricos que ela tem incorporado nos últi-
mos 200 anos. Tal multiplicidade é vista por al-
guns como "debilidade" científica, como prova
de sua imaturidade. Os psicopatólogos são criti-
cados por essa diversidade de "explicações" e
teorias, por seu aspecto híbrido em termos epis-
temológicos.
Dizem alguns que, quando se conhece real-
mente algo, tem-se apenas uma teoria que ex-
plica cabalmente os fatos; quando não se co-
nhece a realidade que se estuda, constroem-
se centenas de teorias conflitantes. Discordo
de tal visão; querer uma única "explicação",
uma única concepção teórica, que resolva to-
dos os problemas e dúvidas de uma área tão
complexa e multifacetada como a psicopato-
logia, é impor uma solução simplista e artifi-
cial, que deformaria o fenómeno psicopato-
lógico. A psicopatologia é, por natureza e
destino histórico, um campo de conhecimen-
to que requer o debate constante e aprofun-
dado. Aqui o conflito de ideias não é uma
debilidade, é uma necessidade. Não se avan-
ça em psicopatologia negando e anulando di-
ferenças conceituais e teóricas; avança-se,
sim, por meio do esforço de esclarecimento e
aprofundamento de tais diferenças, em um
debate aberto, desmistificante e honesto.
A seguir, são apresentadas algumas das prin-
cipais correntes da psicopatologia, dispostas ar-
bitrariamente, por motivos estritamente didáti-
cos, em pares antagónicos:
PSICOPATOLOGIA DESCRITIVA
VERSUS PSICOPATOLOGIA DINÂMICA
Para a psiquiatria descritiva interessa fun-
damentalmente a forma das alterações psíqui-
cas, a estrutura dos sintomas, aquilo que carac-
teriza a vivência patológica como sintoma mais
ou menos típico. Para a psiquiatria dinâmica
interessa o conteúdo da vivência, os movimen-
tos internos dos afetos, desejos e temores do in-
divíduo, sua experiência particular, pessoal, não
necessariamente classificável em sintomas pre-
viamente descritos. A boa prática em saúde
mental implica uma combinação hábil e equili-
brada de uma abordagem descritiva, diagnosti-
ca e objetiva e uma abordagem dinâmica, pes-
soal e subjetiva do doente e sua doença.
Assim, logo na introdução de seu tratado de
psiquiatria, Bleuler afirma que:
Quando nm médico se defronta com a gran-
de tarefa de ajudar urna pessoa psiquica-
mente enferma vê à sua frente dois cami-
nhos: ele pode registrar o que é mórbido.
Irá, então, a partir dos sintomas da doença,
concluir pela existência de um dos quadros
mórbidos impessoais que foram descritos.
[...] Ou pode trilhar outro caminho: pode
escutar o doente como se fosse um amigo
de confiança. Neste caso, dirigirá a sua
atenção menos para constatar o que é mór-
bido, para anotar sintomas psicopatológi-
cos e a partir disto chegar a um diagnóstico
impessoal, e mais para tentar compreender
uma pessoa humana na sua singularidade e
PsiCOPATOLOGIA E SEMIOLOGIA DOS TRANSTORNOS MENTAIS 29
co-vivenciar suas aflições, temores, desejos
e expectativas pessoais.
PSICOPATOLOGIA MEDICA VERSUS
PSICOPATOLOGIA EXISTENCIAL
A perspectiva médico-naturalista trabalha
com uma noção de homem centrada no corpo,
no ser biológico como espécie natural e univer-
sal. Assim, o adoecimento mental é visto como
um mau funcionamento do cérebro, uma desre-
gulação, uma disfunção de alguma parte do
"aparelho biológico". Já na perspectiva existen-
cial, o doente é visto principalmente como "exis-
tência singular", como ser lançado a um mundo
que é apenas natural e biológico na sua dimen-
são elementar, mas que é fundamentalmente his-
tórico e humano. O ser é construído pela expe-
riência particular de cada sujeito, na sua rela-
ção com outros sujeitos, na abertura para a cons-
trução de cada destino pessoal. A doença men-
tal nessa perspectiva não é vista tanto como dis-
função biológica ou psicológica, mas, sobretu-
do, como um modo particular de existência, uma
forma trágica de ser no mundo, de construir um
destino, um modo particularmente doloroso de
ser com os outros.
PSICOPATOLOGIA
COMPORTAMENTAL-COGNITIVISTA
VERSUS PSICOPATOLOGIA
PSICANALÍTICA
No enfoque comportamental, o homem é vis-
to como um conjunto de comportamentos ob-
serváveis, verificáveis, regulados por estímulos
específicos e gerais, bem como por certas leis e
determinantes do aprendizado. Associada a essa
visão, a perspectiva cognitivista centra atenção
sobre as representações cognitivas conscientes
de cada indivíduo. As representações conscien-
tes seriam vistas como essenciaisao funciona-
mento mental, normal e patológico. Os sinto-
mas resultam de comportamentos e representa-
ções cognitivas disfuncionais, aprendidas e re-
forçadas pela experiência sociofamiliar.
Em contraposição, na visão psicanalítica, o
homem é visto como ser "determinado", domi-
nado, por forças, desejos e conflitos inconscien-
tes. A psicanálise dá grande importância aos afe-
tos, que, segundo ela, dominam o psiquismo; o
homem racional, autocontrolado, senhor de si e
de seus desejos, é, para ela, uma enorme ilusão.
Na visão psicanalítica os sintomas e as síndro-
mes mentais são considerados formas de expres-
são de conflitos, predominantemente incons-
cientes, de desejos que não podem ser realiza-
dos, de temores a que o indivíduo não tem aces-
so. O sintoma é visto, nesse caso, como uma
"formação de compromisso", um certo arranjo,
entre o desejo inconsciente, as normas e as per-
missões culturais e as possibilidades reais de
satisfação desse desejo. A resultante desse
emaranhado de forças, dessa "trama confliti-
va" inconsciente é o que identificamos como
sintoma psicopatológico.
PSICOPATOLOGIA CATEGORIAL
VERSUS PSICOPATOLOGIA
DIMENSIONAL
As entidades nosológicas ou transtornos
mentais específicos podem ser compreendidos
como entidades completamente individualizá-
veis, com contornos e fronteiras bem demarca-
dos. As categorias diagnosticas seriam "espé-
cies únicas", tal qual espécies biológicas, cuja
identificação precisa seria uma das tarefas da
psicopatologia. Assim, entre a esquizofrenia e
os transtornos afetivos bipolares e os delirantes
haveria, por exemplo, uma fronteira nítida. Tra-
tar-se-ia de entidades ou categorias diagnosti-
cas diferentes e discerníveis na sua natureza
básica. Em contraposição a essa visão "catego-
rial", alguns autores propõem uma visão "di-
mensional" em psicopatologia, que seria hipo-
teticamente mais adequada à realidade clínica.
Haveria, então, dimensões como, por exemplo,
o espectro esquizofrênico, que incluiria desde
formas muito graves, tipo "demência precoce"
(com grave deterioração da personalidade, em-
botamento afetivo, muitos sintomas residuais),
formas menos deteriorantes de esquizofrenia,
formas com sintomas afetivos, chegando até
um outro pólo, de transtornos afetivos, in-
cluindo formas com sintomas psicóticos até
formas puras de depressão e mania.
30 PAULO DALGALARRONDO
Algumas polaridades dimensionais em psi-
copatologia seriam, por exemplo:
Esquizofrenia deficitária/Esquizofrenia be-
nigna/ Psicoses esquizoafetivas/ Transtor-
nos afetivos com sintomas psicóticos/Trans-
tornos afetivos menores.
ou
Depressões graves (estupor, psicótica)/De-
pressão bipolar/ Depressões moderadas/
Distimia/ Personalidade depressiva/ De-
pressão subclínica
PSICOPATOLOGIA BIOLÓGICA
VERSUS PSICOPATOLOGIA
SOCIOCULTURAL
A psicopatologia biológica enfatiza os aspec-
tos cerebrais, neuroquímicos ou neurofisiológi-
cos das doenças e sintomas mentais. A base de
todo transtorno mental são alterações de meca-
nismos neurais e de determinadas áreas e circui-
tos cerebrais. Nesse sentido, o aforismo do psi-
quiatra alemão Griesinger resume bem esta pers-
pectiva: "Doenças mentais são (de fato) doen-
ças cerebrais". Em contraposição, a perspecti-
va sociocultural visa estudar os transtornos men-
tais como comportamentos desviantes que sur-
gem a partir de determinados fatores sociocul-
turais, como a discriminação, a pobreza, a mi-
gração, o estresse ocupacional, a desmoraliza-
ção sociofamiliar, etc. Os sintomas e síndromes
devem ser estudados, segundo tal perspectiva,
no seu contexto eminentemente sociocultural,
simbólico e histórico. É nesse contexto de nor-
mas, valores e símbolos culturalmente construí-
dos que os sintomas recebem seu significado e,
portanto, poderiam ser precisamente estudados
e tratados. Mais que isso, a cultura, nessa pers-
pectiva, é elemento fundamental na própria de-
terminação do que é normal ou patológico na
constituição dos transtornos e nos repertórios
terapêuticos disponíveis em cada sociedade.
PSICOPATOLOGIA OPERACIONAL-
PRAGMÁTICA VERSUS
PSICOPATOLOGIA FUNDAMENTAL
Na visão operacional-pragmática, as defini-
ções básicas dos transtornos mentais e dos sin-
tomas são formuladas e tomadas de modo arbi-
trário, em função de sua utilidade pragmática,
clínica ou para pesquisa. Não se questiona a na-
tureza da doença ou do sintoma ou os funda-
mentos filosóficos ou antropológicos de deter-
minada definição. É o modelo adotado pelas mo-
dernas classificações de transtornos mentais; o
DSM-IV norte-americano e a CTD-10, da OMS.
Por outro lado. o projeto de psicopatologia fun-
damental, proposto pelo psicanalista francês
Pierre Fedida, objetiva centrar a atenção da pes-
quisa psicopatológica sobre os fundamentos de
cada conceito psicopatológico. Além disso, tal
psicopatologia dá ênfase à noção de doença
mental enquantopathos, que significa sofrimen-
to, paixão e passividade. O pathos, nos diz Ber-
linck (1977), é um sofrimento-paixão, que ao
ser narrado a um interlocutor, em determinadas
condições, pode ser transformado em experiên-
cia e enriquecimento.
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Prisma da Saúde Pública 
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PELO PR1S1'rA b.A.:--SiúDE ·P(TBLIC.A" 
INTRODUÇÃO 
P. :ira rocias as l:)essoas. a saúàe menr=-.!. a saúde õsi~a e a sociai·consri1:-..1em tio.s áe Yià:i estre:umeme emreiaçaàos e profundameme interàependemes. ;\ 
mediàa que cresce :i. compreensão desse reiacionamemo, torna-se caàa vez mais 
evjcieme que a saúàe mental é indispensáYel para o bem-estar ge:rai dos L."ldividuos, 
socíeàades e países. 
. L2menta>·elmenre. na maior parte do mundo, longe esci <le ser atribuída â saúde 
-=nql e :ios tt:lllsrornos mentais a mesma importância dada à saúàe iisíca. Em · 
:z disso. eles fü:arn em gerai ignorados ou'negligenciados. De.-iáo em pa..'"te :i isso, 
muncio esci padecenào de uma crescente carga de ttansrornos mentais e um 
.·.::sceme "desnível cie tratamento". Hoje, cerca de 450 milhões àe oessoas sofrem 
: :;ins;.:; rr:os ÍT:•;:-:.:is C!! '.fle·C~)ra6t.::~enro; mas apenas uma oeouena 1ninon,:1 àefas 
re(.et::e mc:.a::';0õtÕiame;to m~s oas1co. Nos países em àese~voi\"lmemo. e aeL"üiaa 
ãi'IrJ:iotia das pessoas com o:ansto:r:nos mentais graves a tarefa de carregar como 
puderem o seu ràrdo,.pan:iculá.r àe depressão, demência, esquizofrenia e dependência 
cie suosràncí:i.s. Em termos ?lobaís. muirós se transformam em YÍümaS por C:lUSa 
su.1 cioenc1 e se conver;:em em ai\·os àe esriema e discrirninacio. 
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Pronxeimeme ocon:erio outros aumenros do número de àoemes. devi.do ao 
en-:eil:ecu-nemo da população. ao agravamento dos problemas sociais e à in~uietação 
á:il. Os transtornos memais iâ reoresemam auatro das dez orincioaís causas àe 
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:ncap:;.ciuçào em rodo o mundo. Esse crescente ônus vem a represemar um cusro 
enorme em termos de soirimenm hum.a.nó, incapacidade e preiuizos económicos. 
Emoora. segundo esrimari...-as. os transtornos: mentais e de corr.porramenm 
responà:im por 12~ :, da carga munciial de àoenças, as verbas. orç::unenr.arias para .1 
saúáe :nemal na m:úor!a cios p:Usés representam menos de 1 %) dos seus gasros 
totais .:::n s:a.tide ... -\ ré:. cio entre 1 cargà ·de doenças e o gasto com doencas e 
Y'Ísin:imeme ciesoroporcionai. ~fa..is àe 40°/i:> âos oaíses carecem cie ooücicas de 
~.iúà.:: rnem:ü e ~ais- ce .30~'() não rem programas ~essa esiera. ·.:.fois de .90~./o dos ? 
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::r;em:i:$ e com?orr2:r:en.t:ns no mesmo ni•·êi àas demais doenc:J.s. criando 
;:!?:!'jr"ic:.i::Tos orooiem:J.s êconõmicos oara os pacemes e suas iamili:is. E assim. o 
::~fríme::m c;minu1 e <'.)S probier::i.:is dumem~. 
rüo ocorre~ ~ecesstci:aàe. :~ finpm:í~rrc:ia cia satide mem.ai .:! reconhecida 
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·.: · ganhôu um foco rnais.niridó em virtude àe muitos e enormes P.r~gressos n:as ciências . , , . . : t · : 
~ .... ,~,,. biolóSicase compori:amenws.:~os;.po.r.sua:>-ez, áumenu:ram a nossa·maneira de-..,. . ,,,, .. ,.... ; 
· · · ·.compreender o·funciohamenro. ~tal·e o profu.t-ido.reiacioo.amento em:re:saúde ~ .1 
··., .f9:~n~ fisica e social.pessa no•--a c~ncepçio emex:ge·uma: nova ~spe?Jl<;:a.· ·~ .·. :,; -: -- .. f . l 
. Sabemos noie que a: maioria ·das doenças mentais e fisicas é influenciaàa .por 
: . ..(uma combinação de·f~tores·biológicos;-psico1ógic!=>S.e sóciais.(ver:figura 1._1). ..: , .. ,, .t 
1 Sabemos que os rians~omos.ment2is rêm sua base.no cérebro; Sabemos.que eles· . t, · 
afetlll71 pessoas de .todas as idades., em todos os países. e. que causam sofrimento às .. e 
familias e comunidades, tanto como aos indivíduós. ·E saoemos que, na maioria · 
dos caseis, pociem ser ~osócados e trar:.ados de uma forma eferi.va em .rdad.o t 
ao cusrõ. Como resultado de ~Õsso entendiffienro, os portadores de- tiánstbn;_Õs.:.. · -. ...:. ~ .... · 4 · . 
mentais e comportamentais rêm hoje uma nova esperança de lei..·ar ·vidas plenas e 4 
proàuriv-as ·nas respectivas comunidades. 
Figur;; 1.1 Interação de fatores biológicos, psicossociais e sociais no desenvolvimento 
de transtornos mentais 
• j ... 
fatores 
bíológii:;os 
·~::; ,:·;· . Fatores 
psicolôgJC.DS 
Este relarório apresenra informações referentes ;;.o estado atual dos 
conhecimentos sobre os·transtomos mentais e -comoon:a::r.e=ir:lls. sobre ::i. sua 
. maemrude e o seu ónus, sobre estrarêsrias de cr:itam~mo· eierivas e estratégias 
destinadas a iorciecer a saúde mem:ai m~dianre politic:is e 0 cesenvoh;menro de 
sen;_ç:os. 
.. O rei::t~ôrio mestra claramente aue os governos rêm rano resoonsabilidaàe oeh 
!IJ saúde mermtl corno· oe!a saúde fisica' cie se:S cidadãos. Cma óas orinaoais mensa~ens 
ao's go\-ernos é 1 àe-o~e ~s-~silos oara doemes mentais. onàe :Üncia ~xisrem. áe~·em 
:s.6~..&:chades e-suD-sci~Jicles·peh ~ü-bem or1:<anizaáa. com oase na comúnidaàe 
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·.com foros de prisão. A enorme maior.a àos.porr.adores«àe·transtornos·mentais 
. não é violenta.: SÓmenté. um:i· pe~éri.a. pro?orção dos· transtornos. mem:ais e àe . 
'Comportamento esci associada com aumento do. riscó·de violência., e.a probabilidade 
·: desSa violência pode ser dím.fuuíàa por se.i:viços abtangemes de saúde inem:al. 
. . , Como gesrores finais de qualquer sisiem:a de saúde, os govemoiprecisam assumir .. · ---· · 
a respol,lsabilidade por. assegurar a elaboração .. e implementação àe· policicas àe, ·· :'' 
·saúde mental. Esre relarório recomendá estratégias em que os países·devem 
. em?enhar-se. inclusive a integração do í:raramenro e dos serviços de saúde mental 
no sistema geral de saúde, e especialmente na atenção primária. Esre ênfoque esrá 
sendo aplkado com êxito c;m vários países. Em muims partes do mundo, porém, 
muito mais ainda esci por fazer. 
P.AR.:\ COiYfPREENDER A SAÚDE MENTAL 
Esrud.iosos de ciireremes culruras àão diferentes definicões.â saticie menul. Os 
conceitos de saúde rne"nl abr;apgt>m émre 011c:as coisas.~ bem-esU.r subierivõ.""a 
auro-eã.cácia percebiàa. a autonomia. a comoetência, a deoendência inrenreraciopaL 
e a 1ut0-rea11zacão ào oorencfa.l imeiecrual e emocional da oessoa. Por uma 
pexspecriva rransculrural, é quase impossível definir saúàe men!3l àe uma forma 
-'1!f!pleta. De modo e:enL oorérn concorda-"'.-QllªPm ao ;,,ra de qne "aúde mental. 
_,,{ <;t.{go m.aís çl.o qJJ.e. a au<:ência de wp<:romos mentais. -
É ímporrame _r:ompree:nder a saúde· mental e," de modo mais geral, o 
.o.mcíon:u:nemo mental, porque_ ...-em dai a base sobre a qual se formará uma 
compreensão ma.is complera dó desenvolviee-::"t::~.dos rram::-::>::.::1; rr;..,.;J.:.~•1::: _e;. 
comportamentais. 
Nos últimos anos, novas infornl.ações dos C:ar:Q!?CJS da neurociência e da meciicina 
do comport:amemo r.rouxera.m expressivos avanços à ::ios5a maneira de Yer o 
funcionamento mental. Esci se tomando caàa vez mais claro que o funcionamentó · 
:ne.:::3.l rem um suosrraro üsioiógico e esti inàissoci:av-eime.nre ligado com o 
·"·~êionamemo físico e soci:ll e com os resuit:.ados àe saé..qe. 
- \".-\..~ÇOS NA NEt:ROCIÉ~CL~ 
. O Relatório sobre a J~a1ide 110 ,\f1mao 2001 ::marece num momento emooieanre àa 
história. das n.eurociénoas. Estas consriru~ um ramo da ciência aue· se deàica i 
ana~o~b. fisioloeia. bioauímic;a e biologia molecular do sist~ma nen:oso. 
esoeciaimeme no ~ue se r~Íere :lo compo~enro e à aprendizag:em .• --\sancos 
espeuculares na bioÍogn molecuiar estio proporcionando ~a visão 'ma.is compiera 
àos o!ocos .de gue são formadas as células nervosas {_neurônios). Esses anncos 
comi .. "1uarão proporcionando uma plai::aforma critica para a análise !?'.enérica das 
doe:::.sas humanas e conr:ribuirào para novos enioques em busca de cratamemos. 
_-1. comoreerisão àa esa:umra e do iuncionamenro àó cérebro .evoluiu nos últimos . 
· 500 anos rFigura J .2· .. -~ mediàa atie orossegue a revolução molecuiar. ferramentas 
· coffi..::;. -~ nc~;cuna::rer:: ;;; :i 1K1.:rbfüÍologia- estão oern:.jtindo aos in;-estü:::idores 
ODSC::!:"·.":ll'.. o Luricion~emo. do céreo::o h~ano YÍ'l.-o~ enquanro sente e pensa.' e saà'.l.S 
em co_mbína~:io com a neurociencia co~tiva. :lS têcrucas de imai?;em rorn:im c:i.ci:i 
\·ez mais possi\•el icien1?iic:1r as panes e~peciii.cas ào cérebro usad;s para diiúenres 
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Como era compreendido o cérebro em 1945 . Como é compreendido o cérebro hoje em dia 
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O cérebro. tein a responsabiliciade de compinar informações genec.cas, 
molecuiares ·e bioquim.icas com lniormações proceciemes do· mundo. Como taL é 
um órgão exuemarI?:eme _complexo. Dentro deles há ô.ois ripas àe céluias: neurô,nios 
e neurógiias. Os néurónios são responsáveis pelo env:io e recei:iimemo de impuisos 
ou sinaíS m:r...-ósos. Coletivamente, e.."Ciste mais de um biihão de neuronios no" cérebro, 
comoreenàenci.o .. r::-.ii!:ilres de tii::-os ciiferemes: Cacia um àeles comu..'1Íca-se com 
outr;s neurôruos pÓr: ;;;eio àe esi..'"U·a.:.::as es!?ecíaiizaóas Eienorni.nsàas sinapses. .\fais 
de cem ciiierenres proàutos ouímicos cerebrais. àenominaàos neurotransmissores. 
comurucam-se au;Yés das s~apses. ~o torai, prova-.:eimenre e:cistem mais àe l 00 
. triihões àe sinaoses no cérebro. Circuiws ÍJ:lrm::fr:los DOr -ce::rn:n:1.e; ·OU rr...ilh:;.res de 
-,~ ... • ' t - ... ~ ' • " . - .. ' ' - ... • . 
n<!urotucos aao 1ue:ar a comoiexos orocessos rneni:ai.s e comoorurnem::us. 
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... - pode ser r.ambém influenciado por iarores.:ambíem:ais como.a nutrição.da gesrame · · 
· .. -;. e o !JS() ,de-.subs~cms :(:ilcool-. i:aba!=o.e;;<~~P::as::s4~scincús·p.sii:oarivas) ou úxposiçio.:.;, ·, ;, ·, :: .. '· 
. · .. a radiações. Após:º parra edu~11'te·~=~"-idâ .. eiperiências de.todos; os ripos rém-. . .. 
o ·poder não só,~e J:'ro?uiii:. coo:í~cà~ã~ !,Ilie4.iâ~. ~ue; r.ic:urônicis .c?Il1?.·també~~., •' , .', , : .. 
· .d.e. àesenca.àear- p.tbceSsqs~· m·OlecüJarCs~ ~~e.,~~Oàe.iari1: ·as ~conexõe·s .sinâ?ricas · ~~. -_~ · · ·· 
>(Hym.an 2000).·Esse p.rocesso,,?escrito coino·.plasricidade,.sinápricà;moàific:i:. ,~ · '' · 
: .. lire;'llimen!.'e;:< a. esuurura·ffsié:a:- éio:-cérebro: Podem. ser· criadas "·Siriapses.:- n~v:as~·:" 
. -removidas .. sinapses -•~clhas; iorcilecidas :.ou ~enfraciuecidas; sinapses-.existenres.; O· 
resuirado é a modiiicação ào processamento de informações dentro do·cii:cuiro· 
para acomodar ·a nova experiência .... 
;\Iues do nascimento, na ínfància e 'durame roda a vida adulta, os gene~~ .. 
participam numa serie cie interações inextricáveis. Cada am de aprendizagem· 
processo que depende ramo de determinados circuiros como da regulação de 
·determinados genes-modifica fisicamente o cérebro. De fato. o nocivel suçesso 
eYolurivo do cérei:>ro humano esrà no iaro de que. denrro de certos iim.ites. eie se 
· m:mrém ?i:istico àuranre maa a ·dçh. O recente ciescoor...memo àe oue a olasric:ci:icie 
S.Ín:ÍOoCa e VltaÜCÍa reoresern::a uma reviravolta das teorias anreriÔres. segundo :iS 
quais seria e:scirica a esuurura do cerebr? humano ('•er Caixa L 1). 
Caixa 1.1 O cérebro: uma nova cornpreensãÓ ganha Prêmio Nobel 
_. O Prêmío.Nqta d.e Psicologia ·· pooem resuitaremtranstornos ·· : atuam outrarmedicaçóes. gem i:· oa memona. Ele 
e Me<:iicina 'J~ ·20ÓO foi menui1sedecomportamenro. especialmente as drogas·. oescobr:u que o cesenvolv1, 
outorgado acs oroiesscres :~ses achados já ievaram ao usadas no tratamento ca memo aa memona de longo 
AMa Carísson. Paui Greengaro aoerieiçoamento ae novos esouizofrenia. e levou ao. · prazo exige uma muoança 'la 
:: Er~c KanceL por s~u<i. !!" .. ::;;i..:-:v-::·cn"':?: 4'.'-tic~:::s. 
·=~~·:oonm~n:o:.: s::p;; ;..;:,n)7 .. ··.~· i:. ~eSQlll.$.d ae ·ffo.rv.id 
H ceiutas cere.:::rar~ sf' comu · .. Carissón reve1ou que a 
tl'Cam umas e:;;;: as outras: cooamma e um transmissor 
.Suas pesouisa~ ~eiac1onam-se 
com a mmsoução de sinais no 
~1stema .;ervcs:::. oue ocorre 
,-..;s Sir;acse~ ·~ornes a: 
con7ato entte c.:::.;ias. cf:reora1st 
:Ossas oescooe:.as são cruciais 
no avanço ca cc!":':or~nsão ao 
func1or.amer.::: normal co 
cere~ro e oe e~:-::: :>ert!.!"i'o.ações 
cessa uansc:.ção oe sinais 
cereorai que aiuaa a controlar, 
cs mCV1men10s e aue a éoença 
ce ?a r1:1hson esra re1ac1onaca 
c:i;:;i a ~arêncsa oe ocoam1na. 
:Õf:'l v1r:uoe oesse oescoon· 
menrn. existe hoje um 
mnamento eficaz (L-DOPAl 
para o pari:1nson1smo. O 
•raoaiho de Carlsson 
oemonstrou também como 
aperfeicoamemo de uma r:o,·a 
g~ração de annaepress1vos 
encazes. 
Paul Greengard descocnu 
como a dooamma e varies 
outros: neurotransmissores 
exercem sua iniiuénc:a ::;; 
:s;naose. Sua oesau1:;a ve 1c 
::s<:;arecer o mecantsmo ~e:::· 
cuai atuam vanos meo1ca· 
memos psrcoatívos. 
Enc Kande1 mostrou cc:r:o 
muoanças na. função srnaorn::a 
estão no centro da apremm:a· 
Por norá...-e'.s aue renham sido :is descobertas ·feitas até agora: a netirociência 
:iinàa esri na ::::i:i~ci:i.. Pm~ressos fururos trado WJU comore~nsào. m~s comoieu 
de como o cér.ebro. est:i re:::i.cíonado cem. complexo; processos menr;1s e 
. córr.!'on:ame::::::is. lnO'l:acões no campo de estudo das im~ens cerebrais perminrio. 
iunramenre co:::i esrudos neuroos1cológ:icos e e.!erronsioi60co-;. n:;~iz;i.r ;::,~·, ten~::;,,, 
reai o rraba:iho éo ~isrem:i ner~·oso. T;;_s imai?:ens éomoi~;;..r-:e~~o ~Õm a cres~e~~c 
c.1p:1~iciaâe ~e .:-e::mr.ar o ~ue ocorre em gra;,cie número àe ·neurônios ad mes::nu 
re:npo: ciessa :::::neir:i. seci possn:eí àeciirar a sua linguagem. Outros anncos base:i:-
sc:-:1 o no oro::::resso da :::ene:ic:i. li esd. disoonin~i no àominió oúbiico 
'e:n n:;r::,:: ; \~!."•:CF.T:i.c~· / Í'lITT!llS '·' urri anteoroie;O de ie•:amamemo a:l sdaüêr:ci:: 
- .. . . . ._ .. ' ~ 
Zifftese oe prc:e!::a! .:1 • .,. t:..;o~ 
íevar tamcem a riuoariças r.a 
forma e funç5c oa smapse. 
Essas cesau1sas. aurnentanoc 
a comoreensão cos mec;:rns· 
mos cereorats cn:cia1s oara :: 
:::oss10111oace :::; ::;cerieicoa· 
;.;ento o: nc' .. ~s ;inos a~ 
mea1camentos cara memorar 
o iunc:onamemc oa memória. 
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. .- . . • ·" __ : moleculares ·do :desenvoh-íme.aro; da w.aromia,. da ·fisido.!ria_·e· do ·comoorram:emo ; .. 
· : .... ", .. ,~· ;·,:<.e:Ji. ge~~ct de·~.camundo.~gos .~terados·:geneócamente.~- Q!fase~·i:od~s ·os· genes·_ 
.. :· .· • pluiíanos. rê~,gene_,_análpgo no-. camundongo; Essa: 1:onserv:a:ção .:da .rünção dos 
· =.·: .:· ·'.=:·''.genes ·encre· seres· h~anos'e camundongos parece ü,idica:r qut!:·?s·mo~~1p~ . .b~e,ados 
' : -··: naqudes: roedore_s:: traião".:vislumbres·éfundamenciis ,da ·fisiologia: e· da::pa-rologia 
.-; '. .humanas (O'Brien .. et. aL· 1999)::Ao redor~do mundo; muil:os:labo.ratórios·estão 
.. envolvidos. na· inserção ou remoção sistemática ·de genes ideniiiicados. e outros 
.. _·esci~ empenbadÔs em projetos de geração r211domizada de mutações em· todo o 
genoi:nado camundongo: Esses enfoqÜes ajudarão aligar os gene"'fcoftiãSüã:açãõ' "· 
nas células, nos órgãos e em organismos inteiros. 
· A furegração dos resultados da$ pesquisas com ~euroimagem e neurofisiologia· 
com os da biologia molecular devem levar a wna :compreensão maior da base da 
. função mental normal e :mormal, bem como ao desenvohd.memo de traramemos 
m::..is eriozes. 
;\ V.-\.;.°"ÇOS ~A .MEDIONA DO COMPORT.f..ME..'-;10 
- Têm-se verificado avanços não somenre na nossa compreensão do 
. fur.cionamenro mental como também no conhecimento de·como essas funções 
influenciam a saúde ôsica. A ciência moderna esci descobrindo que, embora seja 
· oper.arivameme conveniente;:· para: fins de discUS-são, sepãhr a, saúd~ mental da 
saúde F.sica.. isso conscitui uma ficção criada pela linguagem'. Sabe-se que a maibria 
<hs doenÇas "mentais" e "fisicas" é influenciaàa por uma combinação de fatores -
biológicos, ?sicoVigicos e sociais. .-\d,.m~~- .::~:c-:!i-~-;e-:.e .. 11oje em dia que os 
penslimentC'.i, cs· senciment?'i e o co:npoi:-.:;;.-o.e~'"" -:::creem s1gniiicativo impacto 
na saúde fuica. Da mesma iorma, m:onhece-se que a saúde fisica exerce conside..rã,-d 
influência sobr::: a saúde e o bem-esr.ar.mental.· 
'A medicina do comporumento é uma ampla área interdisciplinar que tem por 
cenu:o a inregracão ào5 connecimenros das ciências comoon::amenu.is. os1cossoc.iaís 
e oiomêdic~ p~rrinemes à compreensão da saúàe e cia~ doenças. }.;;s úirimós .::o 
( 
anos. wn crescente cci:po de provas do campo da medicina· comportamenr!!.l 
demonstrou a existência de uma conexão fundamem:al entre saúde mental e saúde 
\ física ('rer C:úxa 1.2). Pesquisas já demonstraram, por exemplo, que mulheres com 
câncer àe inama aYançado que participam em terapia de grupo àe apoio vivem 
.-'"j. 
signiõc:!m·ameme mais do que as que não parricip:i,m em terapia de grupo (Spiegel 
er al 1989); que a depressão anreapa a inc.idênci1 de doença caràiaca (Ferkerich et 
- ai. 2000); ~ . que a aceiração realista da própria m(;me e
1
sci associada com um 
decréscimo do temoo de sobre.,.".ivéncia na AlDS. mesmo depois de levada em 
conta roda u.'11a séri~ de previ.sares de mortalidade (Reeà et aL J. 99..i:,. 
De aue forma o fi.mcionamemo mental e o iisicd exercem ~fluência um sobre 
- o óuo:o~ .~s pesqú.isas indiéarn dois principais caminhos peios quais a saúde me'ntal 
e 1 saúde õsica se influenciam reciprocamente ao·passa.r do ·tempo: .O orimeiro 
C:l..'TlIDOO cna\·e é O c:.uninho direro: ar.r:iYé;S' àos sistemas tlSiOiÓ~!:OS. C'2_~0 ·o 
!uncionamemo neuroendócrino e imunitirio. O segundo c:imínho pnm::irio 
acomoanna o comoonamemo para a saúde. Emende-se oor comoort:imemo oar:i._ 
:l saúde urrl:l lli:rlpf~· série de :1t:ividades, WS COffiO ·COffi~! COffi S~nsatez, pra;car · 
exer&.i;:io.s ~~ .e don1'.Í1' adea,µads...rre:nre, "e\n:ir:t n i.~:110. ::i.~~!'> --:-~ -
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A dor oersistente ;é um grav~.~·c'.Arn~ricas, exà.ininoÚ~a.réfação; '.«de um esrado decot crõn1êe: ·' rei:~b~ram ~àois ·::-dias· .de 
"problema óe saú.oe oúÍllica: · . ;:ntre-· &:r é;benÍ-estar,t Os • , .. Um .recente:,estuào. cie ·" .tremaffieiTto-iormal ·por um-·-··· 
responsavei por inoescmiveis _resuJtados .f!lOst_raram. qu~ o :·:afenç~o.: pr!má~iai àe.'255: ~ C!inico famiÚarizadÓ com o·: · ... 
. sofrimentos·· e 'pe.n:fa .. de· número.de pessoas com dor,.; pess:oas.com· dor: nas .ccSta·s-.:;- tratarrrenta"defdor nas· costas 
prodimviciade em todo o persistente. tinha mais de ·.f. mostrou oueuma inÚ?Nencão: · e: com o programa· de uata-
mundo. Emoó'ra vari~m as- · · ouarro· vezes mais. pr0babili- . : de. grupo .habiiita.do .sob a ·menta. Não se manifestou 
estimativas especifícas.· há oade de" sofrer ansiêdâde ou direção de leigos diminui as problema signíficauvo com os 
concordârma na se"rnido de transtornos depressivos do preocupações, reduzindo a l!á~_es 1:i9~~Âia; su.a_ce.pa.d-. 
queaóorcrónicaedebilit.ante ·c':l_e as que não'tínham dor. "íncãpacidade.2 Ainteivenção daae de implementar as 
e. óispendiosa. situa nó o-se ·Essa re!ação foi observada em baseou-se num modelo de imervenções foi -considerada 
entré ás oez prmc1pais razões todos os centros de estudo, auromanejo de doençàs diana de nota. Esse estudo 
de consultas por mcr::ivos de independentemente da crônicas e consistiu em qua~ro indica oue profissionais fora 
saúde e ausências ao trabalho localização geográfica. Outros .aulas de duas horas. uma vez · óa área da saude podem 
por motivo oe doença. 
Um receme es1u;:;o da 
:;~ .. 1S soore 5-t..c. 7 ~~ssoas em 
; 3 c;:ntros oe es;uoo srwaocs 
na As1a. Ainca:Eurooa e nas 
· · ;esruaos indicaram aue oc;orre 
:nteração emre a mtensidaae 
.:;a oor. a mcaoaddade e a 
ans1eaaaerdeoressão. levando 
a mamies:ração e" persisrénóa 
por semana. com l O-! 5 
pamc1oames por crasse. ;:: s 
líderes ieigos, aue nnnam 
tambem dor cróri1ca ou 
recorreme nas. cos;:as. 
oroduz1r cem ê.xno 1111erven-
ções comoom1mema1s estrui:u-
r a o as. fato que se afigura 
promissor cara aoricações em 
outras areas patológicas. 
Gtt0t9e O er ai. C19'981 ?'~:s.11!nt oõrn and ~J ... befn9; ; Worid Heatth C~am?.et4".ln Sn.oy IP nnmary ore.. Jeurr~i oi Ul'f: Ar.wtna.n lvfedaf Assocumon. 280(2); 14 i~ 
: s ~. 
'Von.Korff e! á/, 0 SSSl. ,>. tinot>r.;rzeo 1r.a1 ot a ~1 person-led self-management group 1ntervennon for bat,k i:a:n i::a=tsm ~nmary ~re. S,,,ne. 23123): 2608·261 S. 
Embora seiam diferent~s. os caminhos fisiológicos e· comportamentais não são 
inàependemes uns dos outros. à:it.dó que o comportamento saudávd :pode aÍet:tr a 
fisiologia (por exem:plo, rumar e levar uma vida secenrir;, ?, àecrescun 1; 
fün.c.:;na::r:::.:ato do sistema imune!. ao oasso aue o funcionamento fisiológico poàe 
atetar o componan1emo saudável ípo~ e:{em"plo, o cansaç:o Íe•·:i. ao esqu';:cm;emo 
de regimes médicos l. O que ::-escira é um modelo abrangente de saúde: menol e 
física. no EJuai os Yários comoonentes se imer"relacionam e int1ue::ic11m 
rec1proc:imeme. 
-· CtZlllZJWO JlSlO/Ogico 
:Sum modelo de saúde imegrado e baseado em fatos concretos. a saúde mem:ü 
:nduíndo emoç:ões e p:i.drões áe pensamenro) projeta-se como dererm.iname cb\"e 
àa satiàe gerai. O esta.cio aieci.-o angustiado e deprimido, por eiemoio. inicia uma 
cascara de muciancas adversas no iuncionamemo·endócrino e imuniràrio e cri:i. 
uma susceoribilidade maior a um:i série de doem:as tisicas. Sabe-se. por exempio. 
~ue c:xisre urna reb.do entre o estresse e o desem·oivúnem:o do resfriado comum 
{Cohen fl at'. 1991 i e que o estresse retarda " fechamento àe reridàs (Kieicor-
Glaser ~l ai. 1999\ 
Embora iunda esreiam sem resoosta muitas pere:um:as sobre os mecanismos 
especiiícos àess::.s reiacões. é eYide;re que a saüde ~en~ debilii:ada ciesempe~i::a 
sürniiic'.).ci·1io caoei na diminuicio ào Í:.lncionamemo imune. no deseni;oh-imemo 
d -. 9"' .... _ ~"';. ··,_-..:... • ..: ........ , ~""'..::--- .. -e ceri..J.S 00<.:a .. Ç-S ._ u .. .:.. OJvlte..:--\..;.0. .. ..:.1.1.J..i.·2.~ 
.. ~ .. 
.: 
-~-
r 
-·-· ~.: .. ' 
·' 
. _ . Caiia. 1 ·.3 Adesão às re<:óméridaÇóes do médkó·. 
, . ' . ' . . . ,.. .. ~ ·. ...... ·. 
__ ·; .. ·'· i . 
. Os ::;ac!entes ,nem. semore:~: disruririvo· o::réaime: medico;:;;;-; adesã~;às·:..,.ecotnenda.çõesr •. ·o. tratainênto.da:ansieciade e . 
. .. - ' -~ ". _, - ...... -.·- . . ,. 
· seguem ou .. aderem ·as reco·.-;: menores ~c<e.s:prooabiiidades-::~~ médicas~ 1~ .. :. Oi:.'.!!;pac1em1n"·d<r.·depressão::em · paciemes ., .. 
rr.enc.ações de seus .. oroveoo- , de· a,Qesãp,.-:Ô"qr.;·parte· :da_·:, .óeprimido:tem três vezes mais.· :: diabéticos-.-: redunda .; em 
res ce ater.cão de saúde; Uma.; . paciente. ·,oútros· fatarés•._,;·probabilídades· cie. não seauír'<; melhoria.:· dos ···resultado; 
:.·. '·- '.-e-J,~Ó àa °cíbliografia· indicaF··;·imponantes"na: adesão:·ao·,~•oq!gin'lemédico'doque-:::hão-"'i:memais eJisicos . .&.õ· · '·. ··. 
que a usxa média de adesão·· mnamemasáoasapndõesde}'·.deprimido;!:!ssos1gnifica;por. ..Ofqne .. reiacion!lmemo . 
... ,, 
..... ' . para 'trarar:nento farmacoió ....... comunJcação dos·provedores~l:(~.~ex:emplo,: que o~~oiabético··;_ êntre"'depressâ<? e falta:- de 
gico ''::le longa duração é 'óec .. · as convicções~do. pacientei:~óeprimido:tem mais probabí-'" observància inciica que, estes.-
pouco: mais ~e 50%.•ao oasso , : quanto a utilidâde do.regime .:·"lidades de. seguir. i;m .regime,.; pac;ent~s;. espeoairnente. os · 
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ooservância de modificaçõés cidade de obter medica- : hiperglicemia mais freqúerne menta, devem passar por 
~o enilo de vida, corno mentas ou outros tratamentos e maior incapacíóade e arcar .. triagens freqyentes .e. se 
.;1tera-çãodo regime aiimentar. -. rec:omenoados a·c:usto razoàVel. com cusfos de atenção de nécessãrió; recetl'éfüãtamêr\to' " · 
porexemolo.i:mgeral,ouanto Adeoressãodesempenha saúde mais altos cio que os ~ar:uiepressão.f-/ír.-O"~ ~ 
mais aemorado. c:ompiei:o ou imoonante oaoeJ na não- diabéticos não deprimidos.u 1 
o M..t'dõ .. 
>;..Mat1ec MR. et al f2000l. Ceoresst0n rs a risi:: iàetet Ítlf" noncomr:»iance with. meoical tteatment. Arch!Y't! of lnremal Mf'O'etne. .! 60: 210i .. i ~ !::i. 
·::~l'l.Onows1:1 PS er ai. (2000). Oeores1"0n ano 01a1>e1es: 1mpact o! ceores>M! symotoms on ""'1ele!'IC.e. foru:-Jon. ana com. Atcn""" ci Internai Meeiohe. l 50Ç327 ~-
;:as. -
: ~t;e~tem ~C f!' a.~.:. !200~1 =-:::·~~! ·.• .. T:~ oe!X'essien are 1eu tu::e!!" to fouow re-::omm~a'i10n$ ao reoute orc.tac ns-: cvnnçr "Ke...ev trem a rTM>Caroiaf infa:a1on . 
..:.r:n1.,ecTmrem31ti.~1c.::.e.~::cc :e-.:; •ê~8-~i.i"E 
_::.:r.an ~J e! ai. 09!?St ::: .. !'Cls ot .an:;:a2oram cnt::!uCO'.ie reouiaU.on m ci.abetes: res-ültS of a doubfe-chnd~ t:!:Jceoo .. conuoi~ 1nat [;µ.aNtes Cõ;-.e:. 1818>: 11 ?3-i i :!9 • 
.. -;.!::'\an PJ~! i!t t1997' E.:O:~:s or ne:irfotyor.e ~ eeoress«:,n ano i;r:..cemac ccn1.T011n C~oetes: rest.t1rs e: a .c;ooo~e-tw1nc. :>~Ceo<:-almro~ tna.1 . .Ps,.-cnosomanr: 
:/~'Of'lf. 5Ç!3); 241~250 
_nman PJ ei õl~ 12000i. ;::i.:o:i.eune 'ior oeor~wrí 1n 0W'f.oet1cs: .a ranoamized doubl~ind ~ei:>0--contreue-::s tnai~ D1at>efeS C61P. lJlSt 6,9~623. 
O caminha do co11iportamento saudável 
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É particularmente importante· a compreensão àos determinantes do 
comporr:unenro sauà;h-el. devido ao papd que esse com?Ortamenro deser.:.penha 
n::. ".!~re<:minacão do estado geral de saúde. As doenças nfo i:ransr!'issiv>!!~. -:::>;,10 :is 
<ic!'!nc~s c::rdl.u\."asc-..4ares e o cãncer. cobram U..'11 eoorme.uiburo em saiice e viàas 
·~m rod~·o mundo. ~1uii:as'deh<s \":Ín.culam-se esrreitarm:me:ifon:nas pouco s.audá:1;eis 
àe componamemo. como o uso çle álcool e uoaco, regime :ilime~ur deficiente e 
\•ià:i sedenr:íri:i. O componamemo sauàá•·d é também um cios princip'ais 
derer:run:inres à.a ~ropag:ação àe doenças a::i.nsmissiYe:s. incius1...-e .-\IDS, por \-Íá 
cie ?Ô.ricas sexuais inse?Uras e o uso de agu.L."'las rupociérm::c:i.s comuns. Gi:anée 
numero de doenças poáe ser eY1taào com um comporr:unemo saudável. I' 
O compon.amento saudáYel de' cada inàiviàuo depende muiro da saúde memaí 
dlquefa pessoa .. Assim, por exemplo, as doenças menr.a.is e o estresse psicológico 
1 
aferam o comportamento saudável. Indicações recemes mosir...ram que .os jovens 
com ttansrornos psiquiárricos. corno a depressão e a,de!'enàéncía cie substâncias. 
por e.'\ernplo, têm mais probabiliàaàes de praric::.r formas àe comporwnemó sexual J 
de :i.ii:o risco. em comparacão com os que não ;:êm transt0mos ps.iqwâtricos. Isso 
os coioca em risco de uma série àe doencas sexualmeme uansmissh·eís, indush·e 
:\lDS. (Ranrakha t: ::L 2000l. ~ias oi:zrros famres · t:ambém inüuenciam o comoo~::unemo sauàá\·el. As criancas e os aàoiescemes wrenàem oda exoeriênci;;. ~J\ 
direr'í peh i.'1ior111aÇ~~ e pel~ .oos.e~·aç~o cios ~urros. e ~s.sa aprenduage~ a.reta· o \ :.,_'".::: 
comportamento sauáa•·e!. fo. se ·demonsrrou. Dor exe::nmo. cue o uso ce aro_g:is '\í\ 
:imes cios i 5 anos de idade ::i.cu~:i ::.ir;; :lSS6ci:i.dc_; cem 1) ci:sen·.-oi,-ímenro cio ;;.o:iso ' 
<.hs drogas e do ákooi na iciacie :.du!ra :'hiie 1995':. fotiuê:'lc1as ambientais como 1 
,.pobrez; ou :is· norm:is socierirfa.s e cu1rurais r:i...-noém :i.ieram o corri."port:ur:.emo 
sauci:ixeL 
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-~:~:·)j~~~~:?:~I::''.?~±~"~#:i:;t~~~~?~~~3ff~~~t~~~~d;~~~~~'~.i.ll~~J~ftt~::~~~~t~~~~~~~~~~~:.:~:~;~~~f :"::r;r,::_:~·'X:~~-~~ 
·:· 1·: . ..,_, •· Por ser ainàa recente essa "ooserração.científica; q l"Úiculé(entte saúàe merital e:.;';-::;;..:J:::>: .:~-:··~-.-.: · .. : . ,,, . , 
·. ,,;'.;-~:í.úde iisica aiÍlqa nfo foi inreira.meni:e reconheçiqo nem levên{ã.açÕes"no·sisrem'i'>"• '<···;.-,:::'·'-''."':-. ::'"_-:-.'. . :._ : :·' 
•de arem;::io de.saúde. Os indícios. porém.:,não.déi.um àmnda: .a:saúde·mem:al esti •· ··.-.. --:.e•: :;.: ;;: 
· funàamehre viricuiaàa com os :resulí:adós·de saúdé-fisica. ~ · · '· : ·• ··""··---. ·· ·· • • ·' 
-~ C01fPORT..-\.L\fENTAIS 
Embora a promoção da sa.úde mental posiciva pa.Ia": rodos os qi.embros da 
sociedade seja eviãenrememe uma mera imponanre, ainci.a há muito que aprender 
. sobre como aànlri.r esse "l;iierivo. Por ou:cro lado; é:riste~ hoíe mteni-encões eõ.cazes 
para roda uma ;éi:ie cie p~oblemas àe saúde mental. Dad~ o granà~ número de 
pessoas aferaàas por transtornos . mentais e comportamentais, muiras ·das quais 
nunca receoem rr:uamemo. bem como o fardo resulr.:ante dos t.tansrornos não 
r:--:màos. esre relatório se concentra nos transtornos mentais e comportament:iis . 
. :._,:s cio C!'..le no conceim m.:ús :i.m?io àe saúàe mem:a.L 
Os rransmrnos mé:m.is e àe comporramemo são uma série àe disr..íroíos 
àerinidos oeia CJ.:miiica::do EuatiIIica Internacional de Domei:.! e Problemas. de Saúde 
. CocreÚJtos (éID-lO!. É::nbora os sinromas •·ariem considera.-dmente. tais dnsrornos 
e:ernlmenre se c:irac1erizam por uma· combinacão de idéias, ·emocões_. 
- . . .::---
C 0 .!_11 P O r t:l me nt o e rei.aciomunemos :µ1~rmais com oua:as pessoas. São exemplos a 
esquizofrenia, a depressão, o retardo mental e os ttansromos de>'Ídos· ao uso de 
~ubsuncias osÍcoari;·as. Ctna consiàeracão mais detalhada dos transtornos mentai's 
· :e com!'o~emo aparece no; Capírulos 2 e 3. O ronti;;u~m que vai das flutuações 
· · ~ ::::lls de humor aos Ú-.:i.nsrornos mentais e comoorramentais é ilustrado na Ffa:ura 
. -
·. para o caso de sin·:>r[la~-_d-:?ressiv.:;>s~ ···.: ~,._,, · ..... ,_ . 
A seo:uacio arciüciai dos fatores osicolóe::i~ôs ~'soêi.a:is rem constituído tremendo 
,Jusuc~lo' a uma ..-erdadeira comoreensão dos transtornos mentais e de 
comooí:t:amem:o. ~a \-erda:de. esses transtornos são semefaintes a·mwms doenças 
úsicas. peio rato de resuíurem cie uma cômpiexa interação ée ::odos aqueies iatores. 
Por muitos anos. os ciem:isus àiscuriram a iin?ornincia reiaci\":l. àos _íarores genén(oJ 
rersuJ tâlorn a111Ílíe1:taú no desenYofrímemo de rransrornos mentais e àe 
corrioorumemo. _-\ e\;dencia cientifica moderna indica aue os uansrornos mem:ais 
e co~morrament::ús resuii:.am de iai:ores emiíictJs e ambienrai.r. çu. noutras oaianas. da 
:nreracio à:i. bioio211 com, iamres sociais. O cén::bro não rer1éte simoiesmeme o 
dese~roiar dererminísra de com:,:>lexos programas genético~. nem é o 
comoorramento humano mero resuirado do dererminismo ambiental. Tá àesàe 
::.me; do nascimem:o e oor ioda a ~;da. os· qenes e o meio ambiente estão e~vohiàos 
. -
num:i serie de compie:-:as mr~racões. Essas interações são cruciais· para o 
desem;ohimemo. e eYolucào dos transtornos mentais e comoonameno.is. . 
' . . "" 
:\ cíência mociern:l esci mostrando. bor exemnio. aue :l CXDOSÍd.O a estreSSOreS. 
curante oàesem·oh-i.menro iniciai esci associada com a hiner-reari't'idade cereor:i.i 
oersmenre t: o aumeruo àa orooabilidaàe de cieoressão. nu.-na iase oosterior ci.:i, 
-,,é:;. ;Heim ~r .u: 20(1()\. E orormssor.o fato de se haver. :r.osiraào que :i rer;oi:i 
· :::om:iorr::i:-::ient:Ü '!?::ira ::r:ms~ornos obsess1...-o-compµlsíi.-os resulta em ~udanc::is. :'l:l 
func:i.o cefri:fr::ti que pociém ser ooserYaci.as usanào récnicas é;;: registro àe UD:l!fen.s 
e cue sJ.o ill'Jais aos aue se ooàem obter méàiante o uso àe :e:::mia meciic::;.memosa 
·E~srer :'r ,~,: 199.'.!}-_::\:fo o~si:am:e. o ciescoorimemo àe ge::es .;s,>Qci-irins com !.!:n 
1;.imento cio riscõ''i::le rr:mstarnos commuar:i ?roporc:onanáo insrrumer!tOS 
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: .. :. ·:~.; .. ;;::;.,-;:.as: C.2.US.3.S': esoecit'bis'.':'dOS.Ú:rmstornos~mém:ais'oe· compori:àmenuus:;.fuas. as· 
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com:riburções da:,neurpciê!l~a;..'da gen,érica; da·psicoicgiue .. da soció!O~~ enrre 
. '" •. • :"-:!. çiuiras, desemoeiiha;::ani",.i.inoorÍante ·inoeL inform,arivo ·da· .noss.a. maneira• de 
... , '.~bb:ii)r~~hdei~~~âI~~ompÍ~~~~reiaÇõis.:.Uma,:apreciaç~o.:.cienrificamente .. 
iimàamem:.ada das.inteÍ"acões .entre os diferentes farores comribuici poderosamente 
··para ú~dicar a·Ígnorm'cia e·pôr"paradeiro aos maus-tratos.infligidos àS>pessoas· 
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.· co·m es~és problemas. :· ,·. · " ., 
... ·· Fi~ura i .3 O continvum dos sintomas depr~ssivos na população 
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: sustentada : sustentàda ' · 1 
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Flutuações ~!,. 
o humor norma 
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Humor deprimido . Episódio depressivo 
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Episôdios depressivos 
l\ium eo1sódio cieoress1vo t1pico. a oessoa sofre oeóressão oo numor. redução 
~e ener91a e aiminuíção da auviaac'e. /. e 3oaooaae oe aore<:iar. mostrar 
,,..;:ere.tSe e concemracão e reduz1ca. : <:é:m:im cansacó ácemuado aoos um 
mmimo oe ésforço. Geraimente. o sono é 1'erturoaoÓ e o aoeme á1minu1. A 
autoestima e a confiança em si mesmo cuase sempre são reouz1das e mu11as 
vezes estão oresentes as íoéias de cuioa e peuca vai1a. 
Deoendenco do número e da gravidade o::>s sintomas. um eoisodio deoress1vo 
coce ser oescmo como brando. mooeraao ou grave: 
Episódio depressivo brando 
Geralmeme. estão presentes áoís cu três oos s1momas acima. A oessoa e. via 
ae re9ra. afügida por eies. mas provave1meme poaera prosse9u1r com a maior 
carte oas suas atív1daaes. 
Episódio depressivo moderado 
1 .. Geralrne.,te. estão presentes quauq ou mais aos sintomas acuna e a oesse;a 
1 orovaveimeme ;em grànae difirulaace oarà. continuar com suas anvidaoes 
! norm~tS~ -
. ! Episó.dfodepressivo gr~ve· · 
!, : :.s::;p;~ ;:;m oue ocorrem. de forma marcam e e !)l!:rrt:rcaco~a. v.:r,cs c::s 
s:r:r-:lmas ai::1ma. geralmente com cerca ce au1oemma e 1ce:;is oe oouca valia 
,::;u cwca. São comuns oensamentos e ª'ºs.swcioas . 
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.·e essas associacões são.'ex.uni.rtaàas no.Caoírulo 2:- · ·" ' · ... · ·· · 
-; .. Tá foi dem;rÍs~ad~~1~socia~ã6 ·dos ·~ansrornos·menÍ:a.is e-comoortamem:ais 
· .. · ··· · ~om oenu.rbacões &/comuruê:aê".di neiu:at-!:10 interior de 'ciro:ritoS-' esoécificos .. ,Na . 
·' esauizofr~ anoimaliàaàes nâ ·maturado dos circuitos ·new:ais, podem oroduzi:c 
~:·, alteracões·derecciveis na paroiogja no nível das células ·e donecidos'· ITT"osws as. 
· . auais i:esuitanrno orocessaaienro incorrem ou mal adaomt:lvo deinforinacões 11.e"Wis 
e· Lleberman 2000). Na ::depressão;. contudo, é. possível que. não, ocorram 
anormalidades anatômicas àísti.nras,. e o risc_o de doença pode ser devido ames a 
variacões na resoohsividade dos· circuitos ne.w:ais (Berke_e Hvman 2000). Estas, 
por ~ua vez, p~dem ret1erir alrer2.ções quàse impercepóvefs na esu:u~a, na. 
localização ou nos níveis de expressão de proteínàs c:.ricas para a função normal. 
Certos a:ansmrnos mentais, como a dependência de substâncias psicoari:v-as, por 
exempio, podem ser encaracios em !'arre como resuir.ado âe plascicidaàe sinápói:a 
«nal adaptativa. :\our.ras paia>ras, aiteracões das conexões sinãoncas. resui:ames 
. :uer cia acio• óe cirogas, qúer â:a experiência. podem produzrr alreracões cie ~on~o 
prazo no pensamemo, na.emoçao e no componamento. 
Paraleb.mente âo progresso na neurociência, ocorreram avanços na genéóc:i.. 
Quase rodos os r.r:msmrnos mentais e compoJ:t3:filentais gr2:ires comuns escio 
associados com um signíficatfro componente de risco genético. Esroàos do modo 
de transmissão de transtqrnos·mentais entre diversas gerações de familias.extensas 
e estudos q~ comparanro risco.de transtornos mem:aís em gêmeos monozigóricos 
(idênricosi, em oposição a gêmeos ciizigócicos (fraternais), le·1raram, porém, ã.· 
-:onclusão de gue ó risco das formas comuns de transtornos mentais é ger1:ericameme 
:omplexo .. Os. rra~_st0q10s menra1s e comporramenrais àeYem-st. 
:e:.iomi..-;ar,h:'Tie:Í<.:J;jn.:·_i:ici.o ~e múlriplos genes de risco com i:àrores an:ibient.ais. 
' .iemaÍ:>, e possi·•el que 3. preàisposição genérica ao desenvoiv-imenw àe 
oc:rerminado ciisrúrbio mem:ai ou com!,)Ortamemaí se maniiesre somente em pessoas 
suieins a cenos estressares ~ue àesencadeiam a pawiogia. Os exemplos de iarores 
:imbiem:ais ooáeri:im abramre:: éesáe i exoosido a subscincias osícoa1:h-as no esr'.l.do 
.. .._ L , ' ~ 
fet:ii are :i àesnurric:io. iniec::::i.o_ pe:::rurbac:io ào ambiente r·amiliar. 2b:màono. · 
isolZllemo e trauma. 
f.HORES PSICOLÓGICOS ~~·'r..4.fi ·ce-
Eristem rambém farores psicológicos. individuais que se relacionam com :i 
manifeso.çfo de transtornos memais e comportamentais. Cm .imporrame achado 
e.corrido no sécuio X..\: e C!Ue deu· iorma à compreensã!' atuai .é a imporcir1c1a 
ciecisin ào rei:i.cionamemo com os oais e outros oroYedores de arencào àurame a 
íniincfa .. O cuídaào afrruoso. aremo ~ estável permi~e ao lactente e à c~ça pe~uena 
'àesem·oh·er·n~rmaimente r.:.nções como·ª linguagem. o inreiecto e a reguiacão 
emocionai. O ma.logro poàc: ser causado Pºf problemas de saúde mem:il. cioenc:i 
ou morre cie um proYecior cie :uençào. ·_-\ criança pode iicar separada do proveàor. 
·devido :l !,'ODiez:l,.guerra ·ou ciesioc:imen:rn popt)..iacional. A cri:mca pocie c:n:ecer 
' de arencão por não na\·er·se::>icos soc1;:;is dis~Gfli\-:.:is fú! •:Omunidaàe maior. Sei:i 
ouai ior :; CZ..l!SJ esoecir!ca. a c::anca i:'rma.é.2 ée .:iiero oor parre cie seus cuíà2àores 
;:~m m:lls· brboabÜidacies cie r:-ianiie;tar transtornos ~en~s e comoonamemrus. · 
sei:i dur~;;e ::i lniinci::i ou n~1 fase posterior da .... .-:iàa. _-\ compro•·ad; àesse ::c:.haào 
foi à:id:i nor bctenres aue \-ÍYiam- e:::i insriru.ícões aue não .,o,r~.rn.~ 
p_n-ei de ;s::::."Tiufd"t!io sur'icien;:e. Embora receb~ssen; nutrid; aàeguacb e :uencio 
37 
.... ·."' ·'. 
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f;'f~~é\t~L~L>:;~·l'ii=~:~~:r=~~Jf ~~:t=!i:ri>.n~d~~;l:t;> J,~~ 
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· · · ... .. ;·,aàapi:arivamenre a:ocoú::ências,eso:essames. Emcerros.easos~.veiliicaram-se.r.ambém

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