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Resumo Crítica Textual/ Ecdótica I Nayane Lima - Os termos “Crítica Textual”, “Ecdótica” e “Filologia” não apresentam um consenso entre os teóricos da área. Podemos pensar a história de um texto, a partir da brincadeira do telefone sem-fio lembrada por César Nardelli em Introdução à Crítica Textual. A mensagem sofre modificações ao longo do percurso e dificilmente volta ao seu receptor da mesma maneira. “Pode-se dizer que se passa, mutatis mutandi, a mesma coisa na transmissão de textos escritos. A cada cópia que se faz de um texto, a constituição deste muda seja por ato involuntário, seja por ato voluntário de quem o copia.” (CAMBRAIA, p.1) - A Crítica Textual pode ser considerada: resgate do texto autoral final, estudo da história da transmissão dos textos e também estudo do processo de criação autoral. Ela tem por objetivos: averiguar a autenticidade dos textos, a fidedignidade da sua transmissão e restituí-los a suas formas genuínas. As modificações podem ser feitas pelos próprios autores, o que consideramos variantes do autor, ou por terceiros voluntariamente ou involuntariamente. A principal diferença entre a Crítica Antiga e a Moderna é que, enquanto a primeira apresenta originais (manuscritos e texto final) ausentes, a segunda os possui. - A Crítica Textual possui como algumas das suas principais contribuições: a recuperação do patrimônio cultural, a transmissão de um texto, em estudos linguísticos e literários, pois é importante que esses sejam feitos a partir de textos livres de deturpações. - O acesso aos seus conceitos é extremamente necessário aos alunos e pesquisadores da área de Letras, para que eles compreendam todo o percurso que um texto pode ter ao longo do tempo, que cada edição é destinada a um público e também, ao lidarem com as diversas modificações encontradas em muitos livros até didáticos (como a mudança no poema “Trem de ferro” de Manuel Bandeira, onde a palavra virge foi alterada para virgem e também a mudança do título de um texto de Monteiro Lobato de “O burro e o sábio” por o “O burro e o elefante”), tornam-se mais preocupados com a escolha de uma obra e com a elaboração de trabalhos acadêmicos. - A Ecdótica, conforme afirma o Professor Leodegário de Azevedo Filho, é mais abrangente que a Crítica Textual, pois o termo representa não apenas o processo de restituição da forma genuína de um texto, mas também os procedimentos técnicos para apresentar o texto ao público. - O termo Filologia é encontrado como: “estudo comparativo de línguas”, “história de um povo por meio de textos”, como Crítica Textual e também como “estudo global de um texto”, ou seja, de seus aspectos linguísticos, sócio-históricos, literários, etc. “A Filologia concentra-se no texto, para explicá-lo, restituí-lo à sua genuinidade e prepará-lo para ser publicado. (...) A restauração do texto, numa tentativa de restituir-lhe a genuinidade, envolve um conjunto de operações muito complexas mas hoje estabelecidas com relativa precisão: é a crítica textual ou Edótica, que também foi conhecida e praticada pelos filólogos alexandrinos. (...) A explicação do texto, a sua restituição à forma original através dos princípios da crítica textual, e a sua organização material e formal com vistas à publicação, constituem aquilo que podemos chamar de função substantiva da Filologia.” ( SPINA, Segismundo. Introdução à Edótica. P. 76) - A Filologia e a Linguística são ciências auxiliares. A primeira utiliza-se da segunda para uma pesquisa diacrônica do significado. - Tipos de edições monotestemunhais: Fac-similar ou Mecânica: grau zero de mediação. Há apenas a reprodução através da imagem de um testemunho. É consultada por especialistas. Diplomática: grau baixo de mediação. É uma transcrição rigorosa dos elementos presentes no modelo. São mantidas abreviações, pontuação, separação vocabular, etc. É importante para a leitura, pois os manuscritos são normalmente difíceis de compreender. Diplomática-Interpretativa: grau médio de mediação. Há o desenvolvimento de sinais abreviativos e retirada de falhas óbvias de cópia. Interpretativa: grau máximo de mediação. “Não se pode deixar de esclarecer que, neste tipo de edição, a uniformização é essencialmente gráfica: não se uniformizam variantes fonológicas, morfológicas, sintáticas e lexicais. É evidente, porém que certas uniformizações (de pontuação, paragrafação, etc.) acabam por fixar apenas uma das leituras possíveis do testemunho, razão pela qual esse tipo recebe justamente o nome de interpretativa. Como se vê, sua maior qualidade- a acessibilidade- determina igualmente seu maior defeito- a subjetividade.” (CAMBRAIA, p. 97) - Tipos de edições politestemunhais: Crítica: confronto de testemunhos com o objetivo de reconstituir a última forma do autor. “Uma edição crítica é muito superior a uma edição interpretativa, pois nesta só se pode recorrer à conjectura (suposição baseada no juízo do crítico textual) como instrumento de restituição da forma genuína do texto, ou seja, toda intervenção fundamenta-se apenas em uma decisão subjetiva do crítico.” (CAMBRAIA, p. 104) Genética: tem por objetivo registrar as diferenças presentes entre as redações de um texto e a forma final do autor. Através dela, podemos observar todo o percurso de criação do texto pelo autor. - Etapas de elaboração de uma edição crítica: Recensio: levantamento das fontes de um texto seja da tradição direta (testemunhos manuscritos ou impressos) ou da indireta (citações, traduções, paráfrases, etc.). Collatio: comparação dos diversos testemunhos a fim de localizar lugares-críticos, ou seja, para encontrarmos as variantes. Estemática: filiação de edições em famílias. Emendatio: há a realização de correções do texto. - Partes fundamentais de uma Edição Crítica: Introdução: a tradição do autor, sua biografia e os procedimentos realizados na elaboração da edição. Texto Crítico: texto base trabalhado pelo filólogo. Aparato Crítico: registro das variantes autorais e/ou de terceiros, observações e comentários explicativos ou exegéticos. Ele pode ser negativo, ou seja, são registradas somente as variantes não adotadas no texto crítico, e positivo, ou seja, apresenta as variantes de todos os testemunhos adotados e não adotados no texto crítico. - Tipos de transcrições: Diplomática: É uma transcrição rigorosa dos elementos presentes no modelo. São mantidas abreviações, separação vocabular, etc. Crítica atualizada: a grafia das palavras é atualizada, podemos continuar as frases na mesma linha e nomes próprios podem ser ou não modificados. Crítica moderadamente conservadora: se há mudança de som, a grafia da palavra não é modificada. Crítica Conservadora: somente a grafia é mantida. Bibliografia: CAMBRAIA, César Nardelli. Introdução à Crítica Textual. São Paulo: Martins Fontes, 2005. SPINA, Segismundo. Introdução à Edótica. 2ª ed. São Paulo: EDUSP/Ars Poetica, 1994.
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