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RLVS – G4b T2 RODÍZIO SAÚDE INTEGRAL DO ADULTO E SAÚDE MENTAL – 9° Período AULA 6 Prof.: Josué MÓDULO NEFROLOGIA SÍNDROMES GLOMERULARES: formas de manifestação das doenças dos glomérulos. 1. Glomerulonefrite aguda ou síndrome nefrítica (MAIS COMUM); 2. Glomerulonefrite rapidamente progressiva - GNRP; 3. Síndrome nefrótica; 4. Alterações urinárias assintomáticas: hematúria glomerular isolada, proteinúria isolada; 5. Doenças glomerulares trombóticas; SÍNDROME NEFRÍTICA Resulta de lesão da membrana basal e/ou capilares glomerulares. Maior incidência na infância e adolescência (o protótipo da sd. nefrítica é a glomerulonefrite pós- estreptocócica). ETIOPATOGÊNESE COMUM: deposição de imunocomplexos → ativação do sistema complemento → destruição dos capilares glomerulares. SINAIS E SINTOMAS: • HEMATÚRIA MACIÇA: dimorfismo eritrocitário (células hemáticas na urina com formatos distintos) + cilindros hemáticos; o O dimorfismo eritrocitário é um marcador – como há sangramento do capilar, as hemácias passam para os túbulos do néfron e ao interagirem com um pH diferente e com substâncias de membrana de outras células, as hemácias adquirem formatos únicos. o Ocorre também união das hemácias com as proteínas dos túbulos renais (Tamm-Horsfall), formando os cilindros hemáticos. • Edema → leva à HAS; • Oligúria (geralmente 1 semana; ▪ Hipocomplementemia persistente (redução do complemento ≥ 8semanas); ▪ Proteinúria nefrótica; ▪ Evidências clínicas ou sorológica de doença sistêmica (ex. lúpus); ▪ Ausência de evidência de infecção estreptocócica; ▪ Complemento normal; ▪ Evidência de GNPR (anúria, azotemia – aumento de compostos nitrogenados); o Achados da biópsia: padrão proliferativo difuso/depósitos subepiteliais/padrão granular (imunocomplexos não se depositam de forma regular, havendo maior depósito em algumas regiões); • TTO: o Restrição salina e hídrica (trata o edema e a HAS). o Se ausência de resposta à restrição hidrossalina → diurético de alça (furosemida). o Anti-hipertensivo: se necessário (não respondeu ao diurético) → IECA (diminui proteinúria e fornece proteção renal). o Antibioticoterapia (se infecção persistente): penicilina G benzatina; ▪ É raro ter infecção ativa. o Casos graves (oligúria persistente e refratária): diálise (muito raro que ocorra). • Costuma ser uma doença benigna, autolimitada;queixe de urina acastanhada após fazer atividade física intensa. o Proteinúria; o Sd. nefrítica ou nefrótica. • Diagnóstico: o Aumento de IgA sérica. o Biópsia (em caso de dúvida diagnóstica): proliferação mesangial leve ou crescente. • TTO: depende da apresentação clínica (se é sd. nefrítica ou nefrótica). o Hematúria pura → acompanhamento ambulatorial. o Proteinúria/HAS → IECA. o Presença de crescentes glomerulares, azotemia → IECA, corticoterapia, ciclofosfamida, plasmaferese. GNPR pauci-imune: • Forma mais comum no idoso. • Etiologias: granulomatose de Wegener/granulomatose com poliangiite (mais comum), idiopática. o Granulomatose com poliangiite – vasculite que cursa com formação de granulomas em pequenos vasos. • Clínica típica da GNPR – hematúria significativa e perda rápida da função renal. • ANCA (anticorpo anticitoplasma de neutrófilos) positivo. • Biópsia: padrão proliferativo segmentar e focal necrosante. • TTO: corticoterapia. SÍNDROME NEFRÓTICA DEFINIÇÃO: Sinais e sintomas que ocorrem quando há aumento expressivo da permeabilidade do glomérulo a proteínas → PROTEINÚRIA MACIÇA. • Glomérulo se torna incapaz de reter macromoléculas; Há dano aos podócitos: • Perda da barreira elétrica → proteinúria seletiva (perda somente de albumina). • Perda de barreira física → proteinúria não seletiva (perda de albumina, proteínas anticoagulantes, imunoglobulinas, transferrina). CARACTERÍSTICAS: • Proteinúria nefrótica (> 3,5g/dia). o Perda de albumina → perda da pressão coloidosmótica → edema grave (anasarca). o Perda de antitrombina III → hipercoagulabilidade → fenômenos tromboembólicos. ▪ Perda de proteínas anticoagulantes gera maior risco de trombose, ou seja, maior risco de AVEi, IAM, TEP enquanto a síndrome persistir. RLVS – G4b T2 o Perda de transferrina → gera anemia hipocrômica e microcítica (anemia ferropriva); o Imunoglobulinas (IgG) → maior risco de infecção por pneumococo/S. pneumonia (germes capsulados). • Hipoalbuminemia. • Edema. • Hiperlipidemia. o A perda de albumina estimula o fígado a produzir mais proteínas, dentre elas às lipoproteínas, o que favorece a hiperlipidemia. • Lipidúria (presença de cilindros graxos, como os ovalados que apresentam gordura isolada, que se dissociou das proteínas de Tamm-Horsfall). • Oligúria não é um achado comum. • Função renal tende a ser PRESERVADA; DIAGNÓSTICO: • Clínica: edema generalizado, histórico de fenômenos tromboembólicos e infecções recorrentes. • Laboratorial: proteinúria maciça, lipidúria, dislipidemia, anemia ferropriva, hipoalbuminemia. ETIOLOGIA: • Primária: o doença por lesão mínima o glomeuroesclerose focal e segmentar; o glomerulopatia membranosa; o glomerulonefrite membranoproliferativa; o glomerulonefrite proliferativa mesangial; • Secundária: o Glomeruloesclerose diabética; o Glomeruloesclerose amiloide (na amiloidose). Nefropatia por lesão mínima • Mais comum em crianças do que adultos; predomina de 2 a 6 anos; • Intensa proteinúria, sem que haja alteração morfológica significativa (não há lesão significativa evidente). • Resulta de fusão ou apagamento dos processos podocitários → altera fenda de filtração. o Microscopia óptica sem achados; somente visualiza alterações na microscopia eletrônica. • Pode ser primária ou manifestação secundária de linfoma de Hodgkin e abuso de AINES. • Apresentação clínica clássica, geralmente iniciada após episódio viral (infecção de vias aéreas superiores) ou picada de inseto. • ATENÇÃO: quadro possui fases de remissão e recaídas com proteinúria intensa. o Na remissão ocorre melhora da proteinúria. Na remissão ocorre proteinúria maciça. • Laboratorial: hematúria microscópica (sem cilindros), proteinúria, cilinúria; redução de IgG, sem consumo de complemento. o Linfócitos T secretam citocinas que agem sobre podócitos impedindo secreção de poliânions. • Indicações de biópsia renal: o Adultos; o Pacientes que não respondem ao tratamento; o Recidivas frequentes; o Curso atípico com consumo de complemento; o Hematúria macroscópica; RLVS – G4b T2 o HAS. • Tratamento: o Quadro apresenta, no geral, evolução favorável (autolimitado). o Imunossupressão: ▪ Corticoides → remissão em 8 a 12 semanas; ▪ Ciclosporina/ciclofosomida se resposta inadequada ou recidivante (≥ 4 recidiva/ano); Glomeruloesclerose focal e segmentar (GEFS) • Esclerose capilar parcial (segmentar) de alguns glomérulos (focais). o Acomete alguns segmentos de capilares em apenas algumas regiões do rim (focal). • Pode ser idiopática ou secundária (HAS, DM, linfoma, anemia falciforme, obesidade, LES etc.); o É a principal nefropatia idiopática. • Aumento da incidência nas últimas décadas, sendo importante nefropatia no adulto. • Pico de ocorrência: 25 a 35 anos; • Clínica: o GEFS primária é abrupta, com apresentações típicas da síndrome nefrótica. o GEFS secundária é insidiosa → pode ter proteinúria subnefrótica. o Frequentemente gera HAS e hematúria macroscópica. o Proteinúria não seletiva. • Tratamento: o Corticoterapia – gera remissão completa entre 40 e 60% dos casos. o Ciclosporina: indicado se recidiva ou que não respondem adequadamente a corticoides. o IECA para reduzir proteinúria (proteinúria causa dano tubulo-intersticial) e impedir progressão para DRC. Outras síndromes nefróticas • Glomerulonefrite proliferativa mesangial: proliferação de mesangio, com deposição de IgA, IgM, IgG e C3; • Glomerulonefrite membranosa: formação de imunocomplexos conjuntos ao antígeno da membrana basal, gerando danos em endotélio e membrana; pode ser secundária a neoplasias, sífilis, LES e medicamentos; • Glomerulonefrite membranoproliferativa: espessamento do capilar, tendo como causa hepatite C, endocardite, LES etc.; combina elementos de síndrome nefrótica e nefrítica. LESÃO RENAL AGUDA (INJÚRIA RENAL AGUDA/IRA) CONCEITO CLÍNICO: Redução súbita da função renal devido a lesão estrutural ou disfunção renal, ocasionando retenção de escórias nitrogenadas e outras substâncias habitualmente excretadas pelos rins. • Critério laboratorial: o Aumento de 0,3 mg/dL ou mais na creatinina sérica em 48 horas; ou o Oligúria (0,5 mL/kg/h) por mais de 6 horas; ou o Elevação de 1,5 x da creatinina sérica em relação a linha base conhecida ou presumida nos últimas 7 dias. DEFINIÇÕES: RLVS – G4b T2 • Azotemia: aumento da retenção de escórias nitrogenadas (ureia, creatinina, ácido úrico e amônia) em decorrência de disfunções renais; o Inicialmente ocorre o aumento da creatinina na IRA; o aumento de ureia é mais tardio. • Uremia: sinais e sintomas resultantes da retenção de espécies nitrogenadas, surgindo, geralmente, com TFG 4 semanas ❖ Insuficiência renal (estágio final) = DRC (doença renal persiste por > 3 meses) A insuficiência renal é aguda quando perdura por até 12 semanas, ainda podendo ser revertida. Após esse período, trata-se de doença renal crônica (DRC), em que a perda não pode ser revertida. CLASSIFICAÇÃO ANATÔMICA: • LRA pré-renal; • LRA renal; • LRA pós-renal; LRA pré-renal Envolve condições que reduzem a perfusão sanguínea renal (devido à queda do volume circulante efetivo). Em virtude do menor fluxo de sangue que chega nos rins, ocorre diminuição da TFG e destruição da arquitetura renal (se persistente). Caracteriza-se clinicamente pela reversibilidade, uma vez restaurado o fluxo renal. RLVS – G4b T2 • Causas: o Redução do débito cardíaco: IC, desidratação, hemorragias, vômitos, sudorese intensa, poliúria; o Hipoalbuminemia e vasodilatação esplâncnica:cirrose; ▪ Sd. hepatorrenal → vasodilatação importante da v. esplênica, reduzindo a resistência vascular sistêmica e armazenando maior volume, o que gera redução do fluxo sanguíneo p/ os rins. o Vasodilatação generalizada (menor volume circulante efetivo): sepse; o Medicamentos: IECA, BRA e AINES; ▪ Medicações que interferem no sistema renina-angiotensina-aldosterona (SRAA). o Nefropatia isquêmica: estenose bilateral da artéria renal. LRA renal • Causas: o Necrose tubular aguda (NTA): ▪ Isquêmica (evolução da LRA pré-renal que não foi resolvida / choque, sepse, pós- operatório); ▪ Rabdomiólise (hipercalemia é um importante marcador); ▪ Medicamentos: aminoglicosídeos, aciclovir, metrotexato, cocaína, contraste iodado (gera vasoconstrição); ▪ Venenos: etilenoglicol, bothrops (jararaca) o NIA (nefrite intersticial aguda): ▪ Pode ser desencadeada por doenças autoimunes (LES, AR), por medicações (AINES, antibióticos). o GNRP. *Aminoglicosídeo – causa IRA poliúrica (gera volume urinário > 2000 ml/24h) LRA pós-renal Envolve condições que obstruem o fluxo de saída de urina; precisa ser bilateral ou atingir a uretra ou unilateral se o paciente tiver rim único (pois 1 rim funcionante é suficiente p/ manter o organismo). • Causas: o Hiperplasia prostática benigna (HPB) - obstrui a passagem de urina pela uretra prostática; o CA de próstata (obstrui a passagem de urina pela uretra prostática); o Doenças retroperitoneais; o Cálculos renais bilaterais ou uretral; o Necrose papilar; o CA de cólon, bexiga etc.; o Linfomas. SINTOMAS DE LRA: • TFG: o Anúrica: ≤ 100 ml/dia (se 4,0 e Ur > 120 (não é obrigatório). o Náuseas, vômitos, mal-estar, anorexia, prurido, sangramentos, encefalopatia urêmica, pericardite urêmica. • Pode ocorrer hipervolume: o Edema pulmonar, HAS, edema de MMII, anasarca; • Pode ocorrer desequilíbrio hidroeletrolítico e ácido-base: o Hiponatremia dilucional; o Hipercalemia → arritmias; o Acidose metabólica; • Normalmente ocorre com TFG 12 semanas). • TFG 7,45 = alcalose; • 2º. Bicarbonato (22-26) e PaCO2 (35-45) o se acidose: ▪ HCO3 45 respiratória; o se alcalose: ▪ HCO3 > 26 metabólica; ▪ PaCO2(ex. Diazepam), acidose urêmica; o Tratamento: tratar causa, diálise s/n, suspender medicação causadora, bicabornato 60 a 100 mEq se pH ∆HCO3+ → alcalose metabólica co-existente; • BE alterada: • Resposta compensatória não se dá como o previsto;