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Mastocitos e outros alergenos

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Introdução 
As reações alérgicas são manifestações bastante comuns do nosso sistema 
imunológico, podendo afetar tanto recém-nascidos como os mais idosos. Em 
nosso organismo, uma gama imensa de células está sempre pronta para nos 
defender dos mais diversos tipos de “ameaças”, como microorganismos 
(bactérias, vírus, protozoários), moléculas estranhas, toxinas e outros tipos de 
substâncias que possam porventura causar dano ao nosso corpo. 
Nosso sistema de defesa 
 
Para entender a fisiologia da reação alérgica, é importante relembrar 
rapidamente como o sistema imune funciona. Em termos genéricos, as células 
do sistema imunológico – os leucócitos – estão o tempo todo monitorando a 
circulação sanguínea e cada um dos nossos vários órgãos, com intuito de 
assegurar a integridade do nosso organismo. Em nossas células há uma “marca 
de identificação” – os HLAs – que possibilita ao sistema imunológico diferenciar 
o que faz do que não faz parte do nosso corpo. Assim, quando uma molécula 
estranha (que não tem a “marca de identificação” igual a das nossas células) 
entra no nosso corpo, os leucócitos são mobilizados para o combate a esse 
agente estranho. As células do sistema imunológico estão ilustradas na figura a 
seguir: 
 
Fisiologia da alergia 
A alergia é o exemplo mais comum de reação de hipersensibilidade tipo I, ou 
hipersensibilidade imediata. Para que o indivíduo desenvolva algum tipo de 
reação, é preciso que haja uma primeira exposição à substância estranha – 
nesse caso, o alérgeno – para que o sistema imune “aprenda” que deve se 
defender dessa substância. Assim ocorrem várias reações que levarão às 
células produzirem anticorpos específicos contra o alérgeno. É possível 
estabelecer certa seqüência de eventos desde a primeira exposição à substância 
irritante até a manifestação dos sintomas: 
 
1- Algumas pessoas têm propensão maior a desenvolver alergia a certos 
compostos do que outras. Quando esses indivíduos são expostos pela primeira 
vez a um alérgeno, os linfócitos B são estimulados a produzir anticorpos do tipo 
IgE específicos contra essa substância. 
 
2- Os anticorpos produzidos vão se ligar em receptores para IgE nos 
mastócitos/basófilos. É dessa ligação que consiste a sensibilização: a partir 
dessa, os mastócitos do indivíduo estarão “armados” e, caso o alérgeno penetre 
no organismo novamente, eles serão ativados para combatê-lo. 
 
3- No caso de uma segunda exposição, ocorrerá a ligação do alérgeno no 
anticorpo do mastócito, o que leva à sua ativação. A ativação dos mastócitos 
produz três respostas: primeiro, ocorre degranulação (liberação dos conteúdos 
dos grânulos); além disso, há síntese e secreção de mediadores lipídicos e de 
citocinas¹. 
Além dos casos de reação a substâncias, em algumas pessoas os mastócitos 
reagem anormalmente em resposta a variações extremas de temperatura, ou 
ainda a exercício extremo. Nesse caso, não há atividade mediadora das células 
do sistema imune, nem de anticorpos IgE, e a reação é chamada de “alergia não-
atópica”. 
 
Ação dos mediadores dos mastócitos 
 
Dentre as substâncias liberadas pelos mastócitos na degranulação, pode-se 
destacar a histamina, a qual provoca vasodilatação e aumento da 
permeabilidade dos vasos; além da histamina, ocorre liberação de proteases, 
que podem lesar o tecido local¹. O mastócito sintetiza e libera prostaglandinas 
(promovem vasodilatação), leucotrienos (provocam contração de músculo liso) 
e citocinas. As citocinas são pequenas moléculas protéicas capazes de atrair 
leucócitos para o local onde está ocorrendo a reação alérgica. Os leucócitos 
atraídos serão responsáveis pela reação de fase tardia¹, a qual ocorre mais tarde 
em relação à reação alérgica. Essa reação é caracterizada basicamente pela 
lesão tecidual ocasionada pelo processo inflamatório que os leucócitos 
recrutados provocam, além da ação das enzimas proteolíticas liberadas pelos 
mastócitos. 
Síndromes e Alérgenos Comuns 
As alergias podem ter diferentes manifestações clínicas, que variam muito de 
acordo com características próprias dos indivíduos, e de acordo com o alérgeno 
ao qual o indivíduo é exposto. O tipo de manifestação pode variar desde edema 
cutâneo (como nas alergias de pele), urticárias, aumento de secreção nasal, até 
formas mais graves como o choque anafilático. A rinite alérgica, por exemplo, é 
uma reação que ocorre quando alérgenos são inalados, e toda a reação 
inflamatória ocorre na mucosa nasal, provocando aumento da produção de 
secreções mucosas, o que caracteriza os sintomas da rinite. 
Poucos sabem que a própria asma brônquica é um tipo de alergia. No caso da 
asma, alérgenos inespecíficos são também inalados, e acabam estimulando os 
mastócitos dos brônquios a liberarem, entre outras substâncias, leucotrienos. 
Como já estudado, os leucotrienos provocam contração da musculatura lisa, e 
nos brônquios são responsáveis pela obstrução das vias aéreas que leva à 
dificuldade respiratória em intensidades variadas. 
 
 
As alergias alimentares seguem a mesma linha fisiológica de desencadeamento: 
algumas moléculas que compõe alimentos podem provocar sensibilização e 
ativação de mastócitos. Cada indivíduo pode ter alergia a determinado alimento. 
Dentre os principais alimentos que podem provocar reação alérgica estão o 
amendoim, frutos do mar (crustáceos), leite, ovos, glúten, entre outros. Nessas 
pessoas, a liberação de histamina pelos mastócitos provoca aumento da 
atividade peristáltica, resultando principalmente em diarréia, podendo haver 
também outras manifestações cutâneas associadas. 
 
Em se tratando de doença, casos extremos também podem acontecer. No caso 
da alergia, a manifestação mais séria é a anafilaxia sistêmica. A anafilaxia é 
caracterizada por vasodilatação generalizada e conseqüente queda da pressão 
arterial, com edema e dificuldade para respirar. A reação anafilática pode ser 
desencadeada mais comumente por venenos de insetos, como abelhas, 
formigas, ou alimentos. Além desses, medicamentos como a penicilina e seus 
derivados tem em sua composição moléculas que se ligam a anticorpos, 
podendo ativar a degranulação de mastócitos em todo o corpo, desencadeando 
de modo semelhante a reação anafilática. Quantidades muito pequenas do 
antígeno podem provocar uma reação muito importante no indivíduo sensível. 
Pouco tempo após a exposição ao alérgeno o indivíduo pode apresentar coceira, 
urticária, seguida por rápida dificuldade de respirar. Pode haver ainda cólicas 
abdominais, vômitos e obstrução da laringe. A morte pode ocorrer antes mesmo 
de uma hora após a exposição ao alérgeno. 
 
Tratamento 
 
O tratamento das reações alérgicas tem como objetivo inibir a ativação e 
degranulação dos mastócitos, com intuito de que não ocorra a reação 
inflamatória mediada por essas substâncias. Podem ser usados anti-
histamínicos, que bloqueiam a ação da histamina. No caso de uma reação 
inflamatória tardia importante, os corticóides têm papel importante na prevenção 
de danos para o indivíduo. No caso da anafilaxia, é importante intervir 
rapidamente com um agente vasoconstritor, como a epinefrina.

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