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Modulo 01- Humanização da Saúde
1. SUS e o pacto pela saúde
2. APS X Redes de Saúde
3. PNH e a Humanização
4. A gestão hospitalar em sua amplitude
5. Propostas de implementação e funcionamento da PNH nos cuidados de saúde
6. Tipos de comunicações, percepções e experiências na humanização
7. Jornada do paciente X Humanização
Aspectos Teóricos da Humanização e da Bioética
Ao estudar a Bioética, estuda-se também a biologia, a medicina, a filosofia, o direito, as ciências exatas, as ciências políticas e o meio ambiente, pois a Bioética é multidisciplinar e abrange diversas áreas além daquelas relacionadas diretamente com o SUS, buscando a melhor forma de resolver intercorrências causadas pelo avanço da tecnologia, da genética e pela própria evolução dos valores e direitos do ser humano, tal como a prestação de um cuidado humanizado, tornando-se tendência da Bioética, atualmente muito estudada e discutida na área da saúde.
 
O Ministério da Saúde toma como sua a responsabilidade de promover a Humanização dentro do SUS, sendo este, um processo complexo que envolve diversas políticas públicas e diretrizes internas, sendo um diferencial na forma de atendimento direto entre usuários e profissionais da saúde. O termo Humanização é um dos termos mais difundidos e estudados atualmente, estando presente em diversas áreas do saber e segmentos da sociedade: no ambiente educacional, no mundo corporativo, no universo filosófico e religioso, principalmente na área da saúde.
 
Ao pesquisar sobre a origem da Bioética, é possível encontrar diferentes opiniões quanto a sua criação e diferentes conceitos quanto ao seu objetivo. A etimologia da palavra “Bioética” surgiu da junção das palavras “bio”, a qual significa “vida” no idioma grego, com a palavra “ética”, sendo uma vertente da filosofia ética, a qual, tem por objetivo analisar práticas desenvolvidas nas ciências da vida, medicina e cuidados de saúde, não tendo nenhuma exclusividade com a área da Enfermagem, pois trata-se de uma ciência transdisciplinar relacionada com a Biologia, o Direito, a própria Ética, a Medicina e pode incluir questões religiosas.
 
Ética e Moral estão relacionadas, porém são diferentes. A moral se fundamenta na obediência a normas, costumes ou mandamentos culturais, hierárquicos ou religiosos. Já a ética, busca fundamentar o modo de viver pelo pensamento humano, assim sendo, a Ética não se resume à Moral, que geralmente é entendida como costume ou hábito, mas busca a fundamentação teórica para encontrar o melhor modo de viver. Ética é, portanto, uma Doutrina Filosófica que tem por objeto a Moral no tempo e no espaço, sendo o estudo dos juízos de apreciação referentes à conduta humana. Transdisciplinar é aquilo que diz respeito ao que está simultaneamente entre as disciplinas e além de toda disciplina. Tal como a Humanização, a qual não é uma expressão exclusiva da área da saúde, sendo um conceito bastante amplo, relativo e subjetivo, abrangendo diversas áreas do saber, tais como nas Ciências Exatas, nas Ciências Humanas, nas Ciências da Saúde, nas Ciências Sociais, dentre outras áreas do conhecimento. 
 
A Humanização promove condições mais oportunas e mais humanas para os colaboradores de empresas prestadoras de determinado serviço, bem como para os usuários de seus serviços e produtos propriamente ao utilizarem os mesmos. No que diz respeito a origem da Bioética, a palavra “Bioética” foi utilizada pela primeira vez em 1927, quando o autor alemão Fritz Jahr fez uma publicação definindo este termo como “Reconhecimento de obrigações éticas, não apenas com relação ao Ser humano, mas para com todos os seres vivos. Outra origem paralela da Bioética é encontrada na língua inglesa, a qual pode ser atribuída a André Hellegers no ano de 1970, tal origem não possui nenhuma conexão com a anterior. Por este pesquisador, o termo “Bioética” foi utilizado para denominar os estudos que estavam sendo propostos na área de reprodução humana e genética. 
 
No ano de 1998, o oncologista Van Rensselear Potter redefiniu a Bioética como sendo uma “nova ciência ética”, combinando humildade, responsabilidade e uma competência interdisciplinar, intercultural, a qual potencializa o senso de humanidade e é capaz de dar respostas à relação entre Homem e natureza, que possuía como objetivo principal, garantir a perpetuação da espécie humana. A Humanização é considerada uma vertente da Bioética, a qual surgiu gradativamente, não tendo uma data específica, nem um local ou pesquisador que apresentou a respectiva terminologia. Como processo, entende-se que ela foi surgindo aos poucos, ou seja, paulatinamente, como uma reflexão ou crítica. O princípio de “dignidade e respeito à vida humana” pode ser uma definição clássica de Humanização, enfatizando a dimensão ética na relação entre profissionais de saúde e pacientes.
 
Além disso, alguns conceitos cunhados no cotidiano da atual sociedade que apresenta a Humanização como: Conduta axiológica (conduta ligada aos valores da sociedade); Gestão participativa na saúde (gestão na qual a comunidade pode participar de forma democrática); Cuidado na assistência à saúde (adoção de medidas de manutenção, recuperação e prevenção da saúde). O Ministério da Saúde, juntamente com a Política Nacional de Humanização, protagonizou a cartilha HumanizaSUS, a qual expõe que a Humanização ocorre por meio dos seguintes valores: autonomia; protagonismo; corresponsabilidade; estabelecimento solidário de vínculos; criação de redes de cooperação e participação coletiva na gestão, estes valores são destinados aos usuários, trabalhadores e gestores. Para Stigar et al., a Humanização surgiu como uma resposta a todo o “stress” da saúde, a tensão, a insatisfação e o sofrimento tanto dos profissionais da área quanto dos pacientes, diante de fatos sociais e fenômenos que configuram o que chamamos de violência institucional na Saúde. 
 
Segundo Garrafa, a popularização da Bioética deu-se através do livro Bioethics: bridge to the future, escrito pelo cancerologista e bioquímico norte americano Van Rensselaer. Potter em 1971, o qual escreveu exclusivamente para o campo biomédico, tratando a Bioética como uma nova ciência de sobrevivência humana e ambiental. Outro filósofo que faz uma relação entre animais e seres humanos, aplicando um conceito de Estatuto Moral, é o filósofo Peter Singer, defendendo que ambos devem possuir respeito pela vida e pela liberdade, devido a sua capacidade física em sentir dor. No livro “Libertação Animal” o filósofo Peter Singer defende que todo Ser humano e animais têm Estatuto Moral (exceto embriões), mas não as plantas. Todos os seres humanos reagem à dor, mas isso não quer dizer que tenham a mesma escala de Estatuto Moral, pois Singer define que o Estatuto moral do animal é mais baixo do que o do Homem, pois os animais possuem menor complexidade e capacidade intelectual.
 
Para Souza, refletir à respeito de Bioética significa “repensar as principais convenções e os atos que levaram a civilização a chegar aonde está” e que “a Bioética entra em cena para a defesa da vida”, o que é dito baseado em Hans Jonas , o qual propôs que devemos agir “de tal maneira que os efeitos de tua ação sejam compatíveis com a permanência de uma vida humana autêntica” e que não devemos pôr em perigo a continuidade indefinida da humanidade. No entender de Hans Jonas, as ações humanas deveriam ser realizadas pensando nas possíveis consequências que tais ações causariam as futuras gerações além de nossa existência, o autor Souza caracteriza isso como um pensamento de reciprocidade, afinal, “o futuro não nos dará nada em troca pelo nosso bem proceder responsável de hoje”. 
 
A obra de Hans Jonas foi publicada há mais de quatro décadas e até os dias atuais, seus pensamentos estão relacionados a estudos de Bioética e Humanização e ainda válidas, porque, apesar da temática de Humanização não ter sido um tema muito estudado naquela época, os princípios da Humanização e os conceitos de Jonas são semelhantes em vários aspectos, como a sua preocupação comnecessita e busca um atendimento de qualidade e humanizado. O estudo da temática humanização do atendimento em saúde é de essencial relevância, uma vez que a constituição de um atendimento calcado em princípios como a integralidade da assistência, a eqüidade, a participação social do usuário, dentre outros, demanda a revisão das práticas cotidianas, de modo a valorizar a dignidade do profissional e do usuário. 
Humanização é uma expressão de difícil conceituação, tendo em vista seu caráter subjetivo, complexo e multidimensional. Inserida no contexto da saúde, a humanização, muito mais que qualidade clínica dos profissionais, exige qualidade de comportamento. Dicionários da língua portuguesa definem a palavra humanizar como: tornar humano, civilizar, dar condição humana. Portanto, é possível dizer que humanização é um processo que se encontra em constante transformação e que sofre influências do contexto em que ocorre, só sendo promovida e submetida pelo próprio homem. O Sistema Único de Saúde (SUS) carrega em suas entranhas os princípios e diretrizes daquilo que poderia ser a grande política de humanização da assistência à saúde no país, garantindo acesso universal, gratuito e integral, retirando o caráter de mendicância e transformando a saúde em direito. Contudo, as filas enormes, inúmeras e cotidianas nas portas dos serviços de saúde mostram a distância da proposta humanizadora do SUS e a realidade de saúde no país.
Existem muitas falhas na organização do atendimento, a serem apontadas. Por exemplo, as longas esperas e adiamentos de consultas e exames, a deficiência de instalações e equipamentos, a despersonalização, a falta de privacidade, a aglomeração, a falta de preparo psicológico e de informação, bem como a falta de ética por parte de alguns profissionais. A humanização do atendimento implica em transformações políticas, administrativas e subjetivas, necessitando da transformação do próprio modo de ver o usuário de objeto passivo a sujeito; do necessitado de caridade àquele que exerce o direito de ser usuário de um serviço que garanta qualidade e segurança, prestado por trabalhadores responsáveis. No entanto, falar de humanização da assistência em saúde para os profissionais da área, quando sistematicamente têm sido retirada e impedida a humanidade desses trabalhadores, com uma sobrecarga de atividades e funções, jornada dupla ou tripla de trabalho, dificuldade da conciliação da vida familiar e profissional, baixos salários e precárias condições de trabalho, gerando desgaste físico e emocional, pode soar irônico. As instituições não oferecem um ambiente adequado, recursos humanos e materiais quantitativos e qualitativos suficientes, o que desmotiva o profissional para uma mudança de atuação. 
Deve-se ressaltar que a humanização implica também investir no trabalhador para que ele tenha condições de prestar atendimento humanizado. Além disso, a arquitetura, o acabamento, as dimensões, as salas de estar das unidades de serviço são alguns itens importantes no que diz respeito à parte física, muito influente no preparo de um ambiente humano. E o que se vê na maioria das Unidades de Saúde são espaços físicos improvisados, inadequados e em péssimo estado de conservação, afetando negativamente a recepção dos usuários, bem como interferindo na qualidade dos atendimentos, impedindo ou até mesmo impossibilitando, a privacidade dos procedimentos. Por sua vez, a padronização é um fato constatado no cotidiano das práticas de saúde, o que pode levar à rigidez e impessoalidade da relação. Ademais, o modelo utilizado predominantemente no atendimento à saúde ainda estabelece que o profissional possui autoridade, pois é detentor de conhecimento e habilidades. Nesse contexto, o profissional assume a responsabilidade pela tomada das decisões, as pessoas deixam de ser o centro das atenções com facilidade, sendo transformadas em “objeto” do cuidado e fonte de lucro, ficando dependentes e passivas à espera do “poder científico” que os profissionais de saúde julgam ter. 
O “comércio” da doença acaba se sobrepondo à dignidade das pessoas. Falar em humanização da assistência em saúde coletiva implica pensar em tornar os serviços resolutivos e de qualidade, tornando as necessidades de saúde dos usuários responsabilidade de todos os atores sociais envolvidos no processo de trabalho. A equipe de saúde deve refletir e discutir como tem sido a sua prática em todos os momentos da relação com o usuário. Da portaria ao consultório, da copa à sala de procedimentos, do jardim à visita domiciliar. Porém, para que se alcance esses objetivos são necessários recursos humanos e materiais suficientes. Sabe-se que na avaliação do público, há maior valorização da forma do atendimento, da capacidade demonstrada pelos profissionais de saúde para compreender suas demandas e suas expectativas, o que chega a ser mais valorizado que a falta de médicos, a falta de espaço nos hospitais, a falta de medicamentos. Nota-se, dessa forma, a insatisfação dos usuários no que diz respeito, sobretudo, aos aspectos de relacionamento com os profissionais de saúde. Diante da necessidade de mudanças no atendimento do SUS, o Ministério da Saúde criou a Política Nacional de Humanização (PNH) ou Política de Humanização da Atenção da Gestão em Saúde no SUS (HumanizaSUS). 
A partir dessa proposta, a Humanização passa a ser definida como uma política, e não mais como programa, norteando princípios e modos de operar no conjunto das relações dos diferentes atores da rede SUS. Com a implementação da PNH, o Ministério da Saúde espera consolidar quatro marcas específicas: redução das filas e tempo de espera; conhecimento por parte dos usuários dos profissionais que cuidam de sua saúde; garantia de informações ao usuário por parte das unidades de saúde e garantia de gestão participativa das unidades de saúde aos seus trabalhadores e usuários, assim como educação permanente aos trabalhadores. Atualmente, muitos estudos têm sido realizados com o intuito de abordar aspectos da humanização no contexto das hospitalizações, porém, sabe-se que essa problemática, ou seja, a falta de humanização no atendimento, também é bastante evidenciada no nível primário de atenção à saúde nas unidades de saúde. 
 
 
Atividade extra
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/humanizasus_documento_gestores_trabalhadores_sus.pdf
 
 
Referência Bibliográfica
 
CASATE, J. C.; CORRÊA, A. K. Humanização do atendimento em saúde: conhecimento veiculado na literatura brasileira de enfermagem. Rev. Latino-American. Enferm. Jan-Fev; 13 (1): 105-11, 2005.  
RIZZOTO, M. L. F. As políticas de saúde e a humanização da assistência. Rev. Bras. Enferm.Mar-Abr; 55 (2): 196-9, 2002. 
FORTES, P. A. C. Ética, direitos dos usuários e políticas de humanização da atenção à saúde. Saúde e Sociedade. Set-Dez; 13 (3): 30-5, 2004.
PESSINI, L.; PEREIRA, L. L.; ZAHER, V. L.; SILVA, M. J. P. Humanização em saúde: o resgate do ser com competência científica. Mundo Saúde. Abr-Jun; 27(2): 203-5, 2003.
BENEVIDES, R.; PASSOS, E. A humanização como dimensão pública das políticas de saúde. Rev Ciênc. Saúde Coletiva. Jul-Set; 10 (3): 561-71, 2005.
TEIXEIRA, R. R. Humanização e atenção primária à saúde. Rev Ciênc. Saúde Coletiva, 10 (3): 585-97, 2005.
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Tipos de Comunicações, Percepções e Experiências na Humanização
A comunicação pode ser entendida como prática social que advém da interação entre seres humanos, expressa por meio da fala (aspecto verbal), escrita, comportamentos gestuais, distância entre os participantes, toque (aspectos não verbais). Nos serviços de saúde, os encontros entre os trabalhadores e os usuários do Sistema Único de Saúde (SUS) são intermediados pela comunicação, objeto de análise desta revisão. Muitas barreiras dificultam a comunicação, que gera significados relevantes tanto para o trabalhador de saúde como para o usuário, sendo objeto de vários estudos que abordam essa temática. Essas dificuldades decorrem de linguagens e saberes diferentes, nem sempre compartilhados entre os interlocutores,limitações orgânicas do receptor ou emissor (afasias, déficit auditivo, déficit visual), imposição de valores e influência de mecanismos inconscientes. Acrescidos a esses fatores, diferenças de ordem sociocultural e o estágio de desenvolvimento cognitivo e intelectual dos diversos atores sociais influenciam a comunicação.
 
Com a regulamentação do SUS, em 1988, novos arranjos na relação entre trabalhador e população passaram a fazer parte da atenção à saúde, destacando-se a universalidade, a equidade, a integralidade e a participação comunitária na organização e gestão dos serviços. A definição de ação comunicativa feita por Habermas (2003) indica que o falante diz algo dentro de um contexto dinâmico, referindo-se não somente ao mundo objetivo (como a totalidade daquilo que é ou poderia ser o caso), mas ao mesmo tempo ao mundo social (totalidade das relações interpessoais reguladas de forma legítima) e ao mundo próprio, inerente a cada ser em particular (totalidade das vivências manifestadas, as quais têm um acesso privilegiado). A esse respeito, o teórico separa as vivências comunicativas humanas sob influência de três mundos: o da Ciência – onde a verdade é factual; o da Moral – ligado às regras e normas sociais (próprias de cada grupo social); e o das Artes – associado ao mundo subjetivo dos sentimentos, das emoções e das percepções estéticas.
 
A partir da relevância da comunicação como instrumento laboral dos trabalhadores de saúde e da necessidade de implementação da comunicação dialógica, pautada na relação de troca e intercâmbio de saberes que deve ocorrer nos cenários do SUS.
O ato comunicativo é destacado como processo de compartilhamento e ajuda entre o trabalhador de saúde e o usuário assistido, de forma a estabelecer um processo de ajuda ao indivíduo e à família. No contexto da assistência curativa, vários estudos abordaram essa temática com indivíduos hospitalizados, emergindo nessa abordagem a comunicação como: instrumento que propicia uma recuperação mais rápida, efetivada por meio das linguagens verbal e não verbal; e ferramenta que promove a humanização das relações por meio da troca de informações, validação das mensagens e interação com as famílias dos pacientes hospitalizados. Além dessas abordagens, outros estudos focalizam a comunicação com cuidadores e crianças no âmbito da assistência curativa e outros abordam esse aspecto em nível ambulatorial, mencionando principalmente as contribuições do pediatra, do anestesista e do enfermeiro. 
O processo comunicativo é definido como um ato caracterizado não por relações de poder, mas por atitudes de sensibilidade, aceitação e empatia entre os sujeitos, em um universo de significações que envolvem tanto a dimensão verbal como a não verbal (postura e gestos). Nesse processo, é relevante o interesse pelo outro, a clareza na transmissão da mensagem e o estabelecimento de relações terapêuticas entre trabalhadores e usuários. Além de propiciar uma relação terapêutica, a comunicação deve propiciar condições para práticas de promoção da saúde, tornando o usuário/cuidador autônomo à negociação diante do tratamento e das condições que favorecem o autocuidado e/ou o cuidado da criança sob sua responsabilidade. Essa perspectiva será gerida a partir da busca do intercâmbio de saberes, do diálogo e do entendimento entre o trabalhador da saúde e o usuário. 
O encontro produzido entre os trabalhadores e os indivíduos, seja em unidades de saúde ou no ambiente hospitalar, pode ser caracterizado como processo convergente entre o cuidador e o ser cuidado, sendo importante a utilização de todos os sentidos para reconhecer e interpretar os sinais emitidos pelo usuário, a influência de sua história de vida e cultura, os meios empregados para a transmissão das mensagens, a situação e o momento em que o processo comunicativo está acontecendo e as expectativas e as emoções dos interlocutores. Esse ato social possui diversas funções de acordo com os objetivos, aspirações e crenças dos partícipes. É utilizado para fornecer informações, persuadir, gerar mudanças de comportamento, ensinar, aprender e discutir os mais variados assuntos, sendo considerado um nó crítico para os trabalhadores de saúde. Existe a valorização do seu potencial terapêutico, embora se reconheçam as dificuldades no estabelecimento de uma relação dialógica, competente e eficaz.
A comunicação terapêutica é definida como a habilidade do trabalhador de saúde em ajudar as pessoas a enfrentar situações temporárias de estresse, conviver com outras pessoas, ajustar-se à realidade, superar os bloqueios, favorecer o tratamento e o desenvolvimento dos pacientes, tornando-os ativos no processo de cuidar. Pela definição apresentada, é uma comunicação voltada para usuários que se encontram em situações temporárias ou permanentes de doença, que os tornam mais ou menos dependentes de uma assistência direta por parte dos trabalhadores de saúde e de sua família, os quais necessitam de processos que favoreçam a sua recuperação, incluindo-se neste conjunto, a comunicação. 
O tema comunicação em saúde tem despertado interesse particularmente com o estabelecimento de relações horizontais e democráticas, a humanização da assistência, o protagonismo do indivíduo assistido e o controle social. Entretanto, algumas barreiras dificultam a sua concretude da forma ideal. A (des)comunicação constitui uma dessas barreiras, que se efetiva por meio de filtros perceptivos os quais podem mudar a mensagem para ouvir o que o receptor deseja, bem como expressar mensagens contraditórias de forma não verbal, pela postura corporal assumida.
Outro impasse que dificulta a comunicação efetiva está nas raízes históricas das práticas de educação em saúde voltadas para a população, as quais têm tido ênfase predominante na transmissão de informações com o objetivo de impor comportamentos a serem adotados pelos indivíduos. Essa perspectiva vincula-se a um modelo de atenção à saúde focado na doença e na fragmentação das ações, resultando na adoção de uma postura autoritária e coercitiva. Como consequência dessas práticas, há um distanciamento entre os projetos educativos dos serviços de saúde e as necessidades de cuidado da população.
Acredita-se que os aspectos comunicacionais entre trabalhadores de saúde que integram as equipes, tanto no ambiente hospitalar como nos cenários de atenção primária, precisam ser investigados na procura dos problemas que permeiam as inter-relações. Do mesmo modo, também deve-se buscar estratégias que articulem saberes em prol de melhorias nas condições de vida da população. 
A competência comunicacional no exercício da profissão não é inata, devendo ser abordada nos currículos dos cursos da área de saúde já que demanda aprendizagem contínua e precisa ser sintonizada entre todos os membros da equipe. Deve abranger não somente a capacidade de se fazer claro, mas principalmente escutar de forma acolhedora, não fornecendo apenas um entendimento conceitual, mas considerando os indivíduos na sua subjetividade. As questões que dificultam a comunicação dialógica entre os trabalhadores de saúde e usuários do SUS estão presentes também na própria compreensão do que ambos atores entendem por comunicação. Relevante destacar que a habilidade da comunicação constitui uma das cinco competências gerais estabelecidas pelas Diretrizes Curriculares Nacionais (DCN) para os cursos da área da saúde (Brasil, 2001), sendo pontuado que os profissionais da área devem ser acessíveis e manter a confidencialidade das informações a eles confiadas, na interação com outros profissionais de saúde e o público em geral.
A comunicação envolve comunicação verbal, não verbal e habilidades de escrita e leitura; o domínio de pelo menos uma língua estrangeira e de tecnologias de comunicação e informação. Desse modo, a conversão da comunicação em instrumento necessário à conjuntura da assistência à saúde constitui um desafio a ser respondido a partir das demandas dos usuários, do intercâmbio e da relação com outros profissionais, visando um cuidadointegral.
 
Atividade extra
Referência Bibliográfica
BRAGA, E. M.; SILVA, M. J. P. Comunicação competente: visão de enfermeiros especialistas em comunicação. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v. 20, n. 4, p. 410-414, 2007.
BRASIL. Ministério da Saúde. Sistema Único de Saúde: princípios e conquistas. Brasília, DF: Ministério da Saúde, 1997. 
BRASIL. Ministério da Educação. Conselho Nacional de Educação. Diretrizes curriculares nacionais do curso de graduação. Brasília, DF, 2001. Acesso em: 25 maio 2011.
CARDOSO, A. S.; NASCIMENTO, M. C. Comunicação no Programa Saúde da Família: o agente de saúde como elo integrador entre a equipe e a comunidade. Ciência & Saúde Coletiva, Rio de Janeiro, v. 15, p. 1509-1520, Suplemento, 2010. 
DE MARCO, M. A. et al. Laboratório de comunicação: ampliando as habilidades do estudante de medicina para a prática da entrevista. Interface: Comunicação, Saúde e Educação, Botucatu, v. 14, n. 32, p. 217-227, 2010.
FIEDLER, R. C. P. A teoria da ação comunicativa de Habermas e uma nova proposta de desenvolvimento e emancipação do humano. Revista da Educação, Guarulhos, v. 1, n. 1, p. 93- 100, 2006.
LEONELLO, V. M.; OLIVEIRA, M. A. C. Construindo o diálogo entre saberes para ressignificar a ação educativa em saúde. Acta Paulista de Enfermagem, São Paulo, v. 22, p. 916-920, Número especial, 2009. 
OLIVEIRA, A. et al. A comunicação no contexto do acolhimento em uma unidade de saúde da família de São Carlos, SP. Interface: Comunicação, Saúde, Educação, Botucatu, v. 12, n. 27, p. 749-762, 2008.
OLIVEIRA, M. E. et al. Um ensaio sobre a comunicação no cuidado de enfermagem utilizando os sentidos. Enfermería Global, Murcia, v. 8, n. 1, p. 1-7, 2006. 
PEREIRA, A. L. F. As tendências pedagógicas e a prática educativa nas ciências da saúde. Cadernos de Saúde Pública, Rio de Janeiro, v. 19, n. 5, p. 1527- 1534, 2003.
ROSSI, P. S.; BATISTA, N. A. O ensino da comunicação na graduação em medicina: uma abordagem. Interface: Comunicação, Saúde, Educação, Botucatu, v. 10, n. 19, p. 93-102, 2006.
SHIRATORI, K. A influência da comunicação não verbal no cuidado de enfermagem. Revista Brasileira de Enfermagem, Brasília, DF, v. 58, n. 4, p. 434-437, 2005.
SILVA, L. M. G. et al. Comunicação não-verbal: reflexões acerca da linguagem corporal. Revista Latino-americana de Enfermagem, Ribeirão Preto, v. 8, n. 4, p. 52-58, 2000.
 
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Jornada do Paciente X Humanização
Ajornada do paciente, que também pode ser chamada de experiência do paciente,  inclui toda a vivência dos usuários dos serviços de saúde, desde a percepção da doença ou disfunção até a sua fidelização, ou seja, são as várias etapas de aproximação do paciente com o atendimento.  A importância de conhecer os passos dessa jornada é estar pronto para oferecer as melhores soluções para cada desafio encontrado, que são muitos, tanto para o paciente quanto para os profissionais. Neste texto, vamos abordar o conceito de jornada do paciente e suas principais etapas: conscientização sobre o estado de saúde; consulta de avaliação; exames complementares; adesão ao tratamento; mudança de hábitos e fidelização.
Jornada do paciente é uma adaptação para área da saúde da expressão “jornada do cliente”, conhecida no mundo do marketing. Esta expressão, aliás, tem sua origem na “jornada do herói” – conceito desenvolvido pelo antropólogo Joseph Campbell. A jornada do cliente caracteriza toda experiência do consumidor, do primeiro contato ao pós-atendimento. Essa jornada possui três grandes etapas: aprendizado/descoberta, consideração da solução, e decisão de compra. É preciso traçar estratégias para cada um destes níveis.
Transpondo para a área da saúde, o seu paciente apresenta necessidades diferentes em cada etapa do tratamento. A primeira etapa desta jornada é a percepção/descoberta dos sintomas, seguida pelas considerações das possibilidades de tratamento até chegar o momento em que o paciente entra de fato em contato com a clínica, consultório ou serviço de saúde. 
Muito utilizado no marketing, esses conceitos de jornada são oriundos de observações sobre os processos de enfrentamento e tomada de decisão. Da mesma forma, o conceito de jornada do herói, utilizado em literatura, é valioso para analisarmos vivências comuns em diferentes indivíduos e refletirmos sobre os desafios vivenciados por cada ser individualmente. Porém, apesar da individualidade, alguns padrões de comportamento podem ser encontrados no paciente: negação da doença, barganha, dificuldade de adesão ao tratamento, falta de motivação, pressa ou desesperança, culpabilização da clínica, entre outros. Reconhecer esses padrões e entender como naturais do processo, podem te auxiliar na elaboração de estratégias de atendimento para atender/superar as expectativas dos seus pacientes. 
 
Informação / Acolhimento 
As primeiras etapas da jornada do paciente são muito significativas para o todo o processo, afinal, são nesses momentos iniciais que o paciente tomará as primeiras decisões e conceberá novas idéias sobre a situação que vivencia. Ao perceber que seu corpo apresenta algo incomum e indesejado, o paciente pode buscar informações na internet, aplicar tratamentos caseiros ou  entrar em contato com um profissional de saúde.
Uma estratégia usada pelos profissionais atualmente, é produzir material com informações confiáveis e relevantes e disponibilizá-las em sites ou redes sociais para que potenciais pacientes tenham acesso. Caso seja necessário agendar um atendimento, o cliente (possível futuro paciente) irá considerar o atendimento com o profissional que forneceu boas informações e minimizou as suas dúvidas. Portanto, você pode ajudá-lo durante a etapa de conscientização sobre o estado de saúde através da internet, antes mesmo de ter um primeiro contato oficial com o paciente.
Em seguida, o paciente pode optar por agendar uma consulta de avaliação na sua clínica. Geralmente, ele chega até você com muitas incertezas e até mesmo com informações distorcidas oriundas de fontes não confiáveis. Além disso, em casos de  doenças mais graves ou aquelas cujos sintomas são incômodos, o paciente pode chegar ansioso ou com algum outro distúrbio associado. Por isso, você precisa compreender a importância do acolhimento. Afinal, ao sentir o desconforto de uma doença, o que o paciente menos deseja é um atendimento com atrasos ou julgamentos, seja pontual e empático em todos os momentos.
 
Otimização / Gestão
Uma das maneiras de garantir atendimento adequado - e no horário - e também contribuir para a administração do seu negócio (clínica, consultório ou afim), é utilizar ferramentas e apps disponíveis, como por exemplo, o prontuário eletrônico. E qual a relação de um prontuário eletrônico com a jornada do paciente?  O prontuário registra parte da jornada do paciente relacionada ao seu consultório. Além de ser um documento com valor jurídico, é um método de acompanhamento do histórico clínico. Por isso, utilize o que há de melhor na tecnologia e economize consumo de materiais de papelaria, tempo com o preenchimento manual dos documentos e espaço físico para armazenamento. Os benefícios não são somente para o profissional, mas também para o paciente, que poderá ter acesso ao prontuário sempre que solicitar e com maior agilidade. 
 
Indicações / Parcerias
Após o atendimento inicial, muitas vezes, é necessária realização de exames complementares. Nesse momento, o paciente precisa tomar uma nova decisão e pode precisar da sua ajuda. Para pacientes que não são da área da saúde ou que não costumam consultar com frequência, é um desafio escolher uma clínica radiológica ou um laboratório e as indicações do profissional levam tranquilidade ao paciente, que confia no profissional. Por isso, é importante que você faça parcerias com empresas de excelência. Afinal, o atendimento prestado por essas empresas também vai interferir na avaliação que o paciente fará de sua clínica. Lembre-se que, para ele, todos os procedimentos integram uma mesma jornada: a busca por resolver seu problema de saúde. 
 
Hábitos/ Pós-atendimento
Mudança de hábito envolve comprometimento e disciplina e, em qualquer situação, demanda energia. Em uma condição de doença, distúrbio ou disfunção, mudar hábitos pode exigir ainda mais do paciente: alterar hábitos alimentares, praticar exercícios físicos, impor regras aos horários de dormir e acordar visando melhorar a qualidade do sono, entre outros, pode ser exaustivo. Para auxiliar seu paciente nessas mudanças, você pode preparar um guia de pós-atendimento, explicando a importância de adequar cada uma dessas variáveis, indicando as principais alterações necessárias e sugerindo que o paciente se adeque aos poucos, para que estas mudanças não sejam fonte de estresse. Indique educadores físicos, nutricionistas, fisioterapeutas, psicólogos, ou qualquer outra especialidade que seja importante para um trabalho amplo e multidisciplinar. 
 
Fidelização
A jornada do paciente, iniciada lá atrás aos primeiros sinais e sintomas de qualquer disfunção, deve passar por um atendimento/tratamento que vise a resolução do problema apresentado da melhor maneira possível. Entre os objetivos do profissional de saúde, além do principal de prestar um atendimento amplo e humanizado, é fidelizar este paciente. A fidelização, essencial para os negócios, indica confiança do paciente no atendimento recebido. Esta fidelização pode ocorrer com agendamento de novas consultas e/ou consultorias e também através da divulgação/indicação da sua clínica para familiares e amigos.  Assim como uma imagem positiva provocada no paciente atua como uma alavanca para o negócio, a imagem negativa compromete o crescimento e a aquisição de novos clientes. Portanto, esteja atento à experiência que o indivíduo terá em toda a sua jornada enquanto paciente e você, enquanto profissional, avalie criticamente cada um dos pontos apresentados, visando melhorar cada vez mais a experiência do seu paciente.
 
 
Atividade extra
Jornada do Paciente - Engajamento/Ferramentas tecnológicas
Jornada do paciente - Clínica/Consultório
 
 
Referência Bibliográfica
da Costa Barros, Julia Correia, et al. "A inteligência artificial a caminho da visão da experiência do paciente." Brazilian Journal of Development 6.4 (2020): 18321-18335.
Santos HB. Indicadores de avaliação da qualidade Hospitalar e de satisfação do usuário. Rev. baiana saúde pública. 2017; acesso 15 de setembro de 2019; 40(1):98-108. Disponível em: https://doi.org/10.22278/2318-2660.
Valter Machado. Jornada do paciente. Disponível em: Amplimed - jornada do paciente
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image1.pngo respeito e a continuidade da vida humana e com os avanços tecnológicos. 
 
O princípio da beneficência se fundamenta em fazer o bem e evitar o mal, ou seja, aumentar os benefícios e diminuir riscos potenciais, para Vasconcelos et al. a beneficência faz parte da obrigação moral de promover o bem e agir em benefício do próximo. A não maleficência pode ser interpretada como a obrigação de não infligir dano intencional, sendo responsabilidade dos profissionais de saúde causar o menor prejuízo ou agravo possível ao paciente. Autonomia é o poder que cada paciente possui de tomar decisões sobre si mesmo e qual tratamento cada paciente gostaria de escolher, cabendo aos profissionais da saúde apresentar a cada paciente, informações sobre as opções de tratamento que são adequadas, sem influenciar ou manipular sua escolha. De acordo com Silva, a autonomia substitui o conceito de “paternalista”, no qual as escolhas do paciente eram deixadas de lado e cabia ao médico tomar todas as decisões do tratamento. O princípio de justiça muitas vezes é complementado com o princípio da equidade, conforme descreve o autor Vasconcelos et al., pois trata da distribuição justa de benefícios sociais, visando os seres humanos como iguais, de acordo com suas necessidades e capacidades, respeitando de forma imparcial o direito de cada paciente.
 
No ano de 2000, com a regulamentação da Política Nacional da Humanização, a Humanização expandiu-se para outros setores do ambiente hospitalar além daqueles relacionados com a obstetrícia e maternidade, devido aos objetivos desta política, como: difundir a cultura de Humanização no SUS; melhor a eficácia e qualidade no atendimento ao paciente usuário do SUS; promover capacitação para os colaboradores do SUS sobre um novo conceito de assistência que valorize a vida humana e a cidadania. Ao estudar a Política Nacional de Humanização, Stigar et al. apresentaram que novos Paradigmas são necessários para a área da saúde, sendo a Humanização um destes Paradigmas, a qual se estabeleceu no Brasil não apenas como um conceito, mas sim como um movimento que visa, de maneira geral, tornar digna a assistência à saúde para todos os cidadãos. Sabe-se que o termo “Humanização” é um termo universal e presente em diversos campos além da área da saúde, por isso, seu conceito é bastante amplo e pode ser compreendido e aplicado de diferentes formas dentro dos serviços de saúde.
 
A concepção do que cada hospital ou serviço de saúde compreende por Humanização e qual sua aplicação na prática deveria ser explícita para todos os usuários daquele serviço. Na Humanização podem estar presentes sinais como a indiferença à dor apresentada e relatada pelo paciente, no relacionamento profissional de saúde-paciente ou profissional-família, ou seja, na atual realidade do SUS, sempre a relação humana e a prática da Humanização está presente, deixando claro nos pacientes a sua insatisfação e interferindo no processo de cura, em um ambiente que deveria ser destinado ao cuidado integral. O Brasil define-se como um país laico por não pertencer a nenhuma ordem religiosa e desta forma, seus serviços públicos, incluindo o SUS, não possuem em suas políticas e regulamentações, nenhum tipo de especificação e exigência ao se tratar de espiritualidade e religião, por isso, o ato de respeitar os desejos, crenças e ideologias relacionados a espiritualidade de cada paciente pode ser considerado um ato de Humanização, por ir além do simples ato de desempenhar as atividades profissionais de acordo com as regulamentações e exigências das instituições de saúde. Os quatro princípios fundamentais da Bioética, os quais já foram definidos anteriormente, pertencem a definição clássica de Bioética, porém, o autor Hossne, incluiu vários outros pontos pertinentes que devem ser estudados, chamando-os de “pontos de referência”, os quais incluem a: vulnerabilidade, solidariedade, prudência, altruísmo, alteridade, responsabilidade, confidencialidade, privacidade, dignidade, integridade, equidade, dentre outros. 
 
O processo de Humanização que envolve a educação dos profissionais da saúde pode ser encontrado no Paradigma das Virtudes, o qual foi criado com base na tradição grega aristotélica associada a estudos filosóficos, este Paradigma possui seu foco “nos profissionais da saúde, como agente, integrando com o paciente o seu processo decisório”. Sabe-se que a Bioética é um tema amplo e transdisciplinar, abrangendo diversas áreas do saber e como o foco deste trabalho é a Bioética Clínica e a Humanização, apresentamos os principais Paradigmas da Bioética, os quais fazem, de certa forma, alguma referência direta ou indireta para com a Humanização. Também sabe-se que a Humanização é uma vertente da Bioética e ambas estão interligadas, sendo impossível falar de Humanização sem citar a Bioética.
 
 
 
Atividade extra
Link: https://www.youtube.com/watch?v=qpg5wQSPbNw. 
 
Livro:  bioética, cuidado e humanização organizadores: leo pessini, luciana bertachini e christian barchifontaine. Centro universitário São Camilo, edições loyola, 3 volumes.
Bioética, cuidado e humanização é uma publicação que conta com a colaboração multidisciplinar de autores nacionais e internacionais, consagrados nas suas respectivas áreas de cuidado especializado, no contexto da saúde e da reflexão ética e bioética mundial. Esta obra articula-se em quatro momentos marcantes de reflexão. Os três primeiros referem-se às três questões já sugeridas pelo título – Bioética, cuidado e humanização. O quarto momento apresenta tributos de gratidão que são colocados em destaque alguns heróis do cuidado da vida humana e cósmico-ecológica. Esteticamente, apresentamos o conteúdo do projeto editorial em três volumes: Volume I – Bioética: das origens à contemporaneidade (Parte I); Volume II – Sobre o cuidado respeitoso (Parte II); e Volume III – Humanização dos cuidados de saúde e tributos de gratidão (Parte III).
 
 
Referência Bibliográfica
1. Brasil. Ministério da Saúde. HumanizaSUS. Brasília, 2010.
2. Goldim JR. Bioética: origens e complexidade. Revista do Hospital de Clínicas de Porto Alegre, 2006:26(2),86-92.
3. Vaitsman J, Andrade GRB. Satisfação e responsividade: formas de medir a qualidade e a Humanização da assistência à saúde. Ciência & Saúde Coletiva, 2005;10(3): 599-613.
4. Stigar R, Hauer RD, Moraes SH, Piemonte MR, Souza SJP, Ruthes VR. A política nacional de humanização como novo paradigma de gestão nos processos de saúde. Revista gestão & Saúde, 2016; 14(1):22-30.
5. Garrafa V, Martorell LB, Nascimento WF. Críticas ao principialismo em bioética: perspectivas desde o norte e desde o sul. Saúde e Sociedade, 2016;25(2):442-451.
6. Potter VR. Bioética: ponte para o futuro. Stevens Point: Universidade de Wisconsin, 1971.10. 11.
7. Singer P. Libertação animal. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010.
8. Souza W. “O Princípio responsabilidade” em Hans Jonas. Um desafio para a bioética numa contínua transcendência. Atualidade Teológica. Ano XIV, 2010;35:172-194.
9. Jonas H. O Princípio Responsabilidade. Rio de janeiro: Contraponto, 2006.
10.  Vasconcelos MF, Costa, SFG, Lopes MEL, Abrão FMS, Batista PSS, Oliveira RC. Cuidados paliativos em pacientes com HIV/AIDS: princípios da bioética adotados por enfermeiros. Revista Ciência & Saúde Coletiva, 2013:18 (9).
11. Silva JAC, Dias ACS, Machado AA, Fonseca RMM, Mendes RS. A importância da autonomia como princípio bioético. Revista Paraense de Medicina, 2012:26(2).
12. Ortona CC, Fortes PAC. Jornalistas que escrevem sobre saúde conhecem a Humanização do Atendimento?. Saúde e Sociedade, 2012:21(4),909-915.
13. Hossne WS. Dos referenciais da bioética: a vulnerabilidade. Bioethikos, 2009. 3(1) 41-51.
14. Khun T. A Estrutura da revolução cientifica, São Paulo, Perspectiva, 1996.
15. Conti, Paulo Henrique Burg e Souza, Paulo Vinícius Sporleder de. Bioética e seus paradigmas teóricos. Revista Bioética [online]. 2021, v. 29, n. 4, pp. 716-726. Disponível em: 
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SUS e o Pacto pela Saúde
Omodelode atenção à saúde no Brasil resultou, desde o seu início, de trocas e apropriações de experiências entre europeus, índios e africanos, particularmente no que tange à prática médica. Com o processo de expansão marítima europeia, iniciado nos séculos XV e XVI, ocorreu um significativo aumento na circulação de mercadorias e contatos entre os povos, mas também houve uma verdadeira “união microbiana” com um novo trânsito de doenças entre territórios distintos. Com a chegada dos portugueses à Terra de Santa Cruz, um mundo novo e desafiante se formava em relação às enfermidades. Aqui, juntaram-se à malária, doença tropical, até então desconhecida para os europeus, aquelas trazidas pelos colonizadores, como peste bubônica, cólera e varíola e, posteriormente, com a chegada dos africanos, a filariose e a febre amarela. Um cenário preocupante foi-se desenhando, pois era frágil o conhecimento acerca da transmissão e do controle ou tratamento dessas novas doenças. Diferentes intervenções ou visões sobre as moléstias surgiam a cada momento. A diversidade racial, presente no Brasil desde a sua colonização, possibilitava um leque de opções de tratamentos, pois os índios, os colonizadores e posteriormente os negros, eram detentores de conhecimentos próprios para lidar com as enfermidades. Essas culturas, a partir de suas cosmovisões, ofereciam procedimentos terapêuticos peculiares para as moléstias que ocasionalmente os acometiam. Também da Europa, os Jesuítas trouxeram a prática médica da disciplina e do isolamento para o tratamento dos doentes. Os portugueses não demoraram a implantar o modelo das Santas Casas de Misericórdia. As primeiras apareceram na capitania hereditária de São Vicente, em 1543, por Braz Cubas e em Salvador, em 1549, por iniciativa de Tomé de Souza. Na medida em que avançava a colonização, foram criadas outras unidades semelhantes pelos Senhores chamados “homens bons”, associados às Irmandades da Misericórdia, sociedades civis constituídas por pessoas de posses, geralmente católicas, que se propunham a realizar determinadas obras sociais.
No entanto, o cenário era de descaso para com a saúde. A mão de obra nesse início de colonização advinha da escravização indígena. Dessa forma, a assistência à saúde praticamente não apresentou mudanças com a chegada da nova mão de obra escrava, oriunda do continente africano. As pessoas adoeciam e morriam em suas casas, em instituições filantrópicas ou simplesmente ao léu, como morrem os animais. A vinda da família Real e os primeiros incrementos na área da saúde, o trópico atraía a atenção do colonialismo, mas os empreendimentos comerciais eram ameaçados pelas doenças transmissíveis endêmicas e epidêmicas, sendo raros os médicos que atuavam junto à população. Em meados do século XVII, uma profunda crise demográfica ocorreu no Brasil devido a uma epidemia de sarampo, abalando a incipiente economia colonial. Após esse fato, as epidemias passaram a receber a atenção governamental, sobretudo em razão dos prejuízos causados à política econômica, pois os navios estrangeiros passaram a evitar os nossos portos com medo do contágio. Dos primórdios ao surgimento do SUS, nesse sentido, as primeiras ações de saúde pública no Brasil colônia foram proteção e saneamento das cidades, principalmente as portuárias; controle e observação das doenças e doentes, promovendo uma prática mais eficaz no controle das moléstias.
Essas ações denotavam a preocupação com a saúde da cidade e dos produtos que eram comercializados, pois a assistência ao trabalhador se resumia na prática da quarentena, para evitar a propagação das doenças. A transferência da família Real para o Brasil, em 1808, ocorreu em um período em que o mundo científico evoluía, inclusive a medicina. Nesta área, foram importantes os avanços no estudo da anatomia e a descoberta do microscópio, que precedeu a revolução pasteuriana. Nesse contexto, foram dados os primeiros passos da medicina tropical com a criação de Faculdades de Medicina em Salvador e no Rio de Janeiro, cidades portuárias que recebiam o maior número de navios e de escravos. As iniciativas na Saúde Pública com o advento da República, em 1889, marcam o início de um novo ciclo na política de Estado, com o fortalecimento e a consolidação econômica da burguesia cafeeira. O aparecimento de uma nova organização social, a partir de fatores como, por exemplo, os primeiros sinais de industrialização em algumas cidades, a chegada de imigrantes europeus e o princípio da migração de pessoas do campo para as cidades, obrigou o governo a melhorar o atendimento da saúde. Nesse período, também ocorreu a chamada normatização médica, que regulamentou o ensino e a prática médica, em conformidade com o modelo europeu. Esta medida resultou em maior controle sobre as práticas populares de cura, na substituição gradual dos religiosos das direções dos hospitais gerais, e na construção de hospitais públicos para atender doenças consideradas nocivas à população, como as mentais, a tuberculose e a hanseníase. No governo de Rodrigues Alves (1902-1906), tendo Oswaldo Cruz à frente, as iniciativas de saneamento e urbanização foram seguidas de ações específicas na saúde, sobretudo no combate a algumas doenças epidêmicas. Foram tomadas medidas importantes, algumas drásticas, mas que representaram avanços no combate às epidemias, as quais se espalhavam facilmente pelas cidades. Nesse contexto, nasceu um Código Sanitário que previa a desinfecção, inclusive domiciliar, o arrasamento de edificações consideradas nocivas à saúde pública, a notificação permanente dos casos de febre amarela, varíola e peste bubônica, e a atuação da polícia sanitária. As instituições de saúde se organizavam a partir do modelo campanhista, de inspiração bélica, para combater as epidemias. Por isso, não é de se estranhar o teor extremamente autoritário das práticas de saúde. Para desinfetar, percorriam ruas e visitavam casas, inclusive promovendo a queima de roupas e colchões. Exigiam limpeza, reformas, interditavam prédios, removiam doentes.
Naturalmente, os alvos preferidos das visitas eram as áreas mais pobres e de maior densidade demográfica. Também constava, nessa estratégia sanitária, a campanha de vacinação obrigatória, que foi estopim de uma revolta popular, pelo caráter autoritário do processo. Este movimento ficou conhecido como a Revolta das Vacinas, ocorrida no Rio de Janeiro, em 1904. Na segunda fase do movimento sanitarista de Oswaldo Cruz, entre 1910 e 1920, o foco foi a zona rural. As preocupações se resumiam no saneamento rural e no combate a três endemias rurais acintosas: ancilostomíase, malária e mal de Chagas.
Esse programa levou às expedições de médicos sanitaristas pelo país e proporcionou melhor conhecimento da situação de saúde no território nacional e da necessidade de se desenvolver uma política de Estado nessas áreas. Apesar do fim conflituoso, Oswaldo Cruz conseguiu êxito diante dos problemas epidemiológicos e colheu informações valiosas para seu sucessor, Carlos Chagas, o qual pôde estruturar uma campanha rotineira de educação e ação sanitária. Em 1923, foi realizada a reforma sanitária. Dos primórdios ao surgimento do SUS brasileira, com a criação do Departamento Nacional de Saúde, estão ligados ao Ministério da Justiça, as revoltas populares e o surgimento das Caixas de Aposentadorias e das Pensões (CAPs). Em 1923, diante de revoltas populares, movimentos anarquistas e comunistas, o chefe de polícia, Eloy Chaves, propôs uma lei que regulamentava a formação de Caixas de Aposentadorias e Pensões (CAPs). No entanto, eram restritas a algumas organizações trabalhistas mais atuantes política e financeiramente, como os ferroviários e os marinheiros, ligados à produção exportadora.
Foi um marco na história da Previdência Social no Brasil, pois os funcionários poderiam ter direito à aposentadoria por invalidez ou por tempo de contribuição, bem como à pensão por morte e à assistência médica. O governo Getúlio Vargas e os primeiros Institutos de Aposentadoria e Pensão. Nos anos 30, sobo governo de Getúlio Vargas, as CAPs foram transformadas nos Institutos de Aposentadoria e Pensões (IAPs). André Luiz de Oliveira. Na década de quarenta, em plena guerra mundial, o governo brasileiro, em convênio com o americano, estruturou o Serviço Especial de Saúde Pública (SESP). A Saúde pública nos anos 50 teve acontecimentos significativos no âmbito da saúde como a criação do Ministério da Saúde em 1953 e a reorganização dos serviços de controle das endemias rurais no Departamento Nacional de Endemias Rurais. Tratou-se, portanto, de uma política de saúde pública com ênfase na prevenção de doenças transmissíveis, aliada a uma política de saúde previdenciária restrita aos contribuintes da previdência e seus dependentes. Essa nova configuração de atuação do Estado na saúde pública resultou em um importante instrumento de controle do espaço de circulação dos produtos e do trabalho. O Estado passou a contar com: postos de trabalho, indústrias (de medicamentos, de equipamentos), ensino profissional, hospitais, ambulatórios e outros organismos. Há de se ressaltar também, nesse período, que o avanço da industrialização nacional gerou uma massa operária que deveria ser atendida pelo sistema de saúde. Tal fato exigiu uma expansão rápida e progressiva dos serviços de saúde, e dada a impossibilidade de o Estado suprir as demandas cada vez mais crescentes, abriu-se espaço para os convênios-empresas. A assistência tornou-se mais cara e o hospital passou a ser o principal ponto de referência para a busca de um atendimento em saúde – modelo hospitalocêntrico. Em 1966, ocorreu a unificação dos IAPs com a criação do Instituto Nacional de Previdência Social (INPS). Esta medida unificou os benefícios para os trabalhadores em geral, independentemente de sua filiação profissional. Em 1974, foi criado o Fundo de Apoio ao Desenvolvimento Social (FAS), que distribuiu recursos para investimento na expansão do setor hospitalar. Em 1977, criou-se o Instituto Nacional de Assistência Médica da Previdência Social (INAMPS), órgão que passou a coordenar todas as ações de saúde no nível médico-assistencial da Previdência Social. Outro fato importante foi a repercussão da Conferência Internacional de Assistência Primária à Saúde, realizada em 1978 na cidade de Alma-Ata (no atual Cazaquistão). Entre os temas tratados estavam: a participação comunitária, a cooperação entre os diferentes setores da sociedade e os cuidados primários de saúde, além de forte oposição à privatização e mercantilização da medicina sob o comando da Previdência Social. Os propositores de reformas no atendimento público de saúde reivindicavam a universalização do direito à saúde. Com a influência vinda da experiência dos países socialistas, a Organização Mundial de Saúde (OMS) passou a enfatizar também as enormes desigualdades na situação da saúde entre os países desenvolvidos e subdesenvolvidos, baseando-se ainda nos seguintes pontos: as ações de saúde devem ser práticas, exequíveis e socialmente aceitáveis; a saúde deve estar ao alcance de todas as pessoas e famílias e em locais acessíveis à comunidade; a comunidade deve participar ativamente na implantação e na atuação do sistema de saúde; por último, o custo dos serviços deve ser compatível com a situação econômica da região e do país. O processo de redemocratização da saúde pública no Brasil. Assim, a saúde passava a assumir um sentido mais abrangente, resultante das condições de alimentação, habitação, educação, renda, meio ambiente, trabalho, transporte, emprego, lazer, liberdade, acesso a serviços de saúde, dentre outros fatores. Nesse contexto, foi realizada a VII Conferência Nacional de Saúde em 1980, que apresentou como propostas a reformulação da política de saúde e a formulação do Programa Nacional de Serviços Básicos de Saúde (Prev-Saúde). Já em 1981, com a nomeação do Conselho Consultivo de Administração da Saúde Previdenciária (Conasp) e seu posterior diagnóstico, que apontava uma rede de saúde ineficiente, desintegrada e complexa, indutora de fraude e de desvio de recursos, foram então elaboradas algumas propostas operacionais básicas para a reestruturação do setor, dentre elas o Programa de Ações Integradas de Saúde (Pais).
Posteriormente, em 1983, esse programa foi redefinido como Ações Integradas de Saúde (AIS), que revelou ser a estratégia mais importante para a universalização do direito à saúde e significou uma proposta de “integração” e “racionalização” dos serviços públicos de saúde e de articulação destes com a rede conveniada e contratada. Dos primórdios ao surgimento do SUS comporia um sistema unificado, regionalizado e hierarquizado para o atendimento. A segunda metade da década de 80 foi marcada por uma profunda crise de caráter político, social e econômico, tendo enormes repercussões sobre a saúde da população, agravando as condições de vida, aumentando o desemprego, a desnutrição e a mobilidade dos grupos sociais menos protegidos. No governo da Nova República, em 1985, com o crescimento do movimento social que defendia a democratização da saúde e difundia a proposta da reforma sanitária (PAIM, 2003), alguns dos reformistas passaram a ocupar cargos de expressão no âmbito político institucional do Estado (Ministério da Saúde, Inamps, Fiocruz). O Ministério da Saúde convocou gestores de saúde e, pela primeira vez, técnicos e usuários para a VIII Conferência Nacional de Saúde (1986).
Considerado um marco histórico da política de saúde brasileira, esta conferência aprovou, por unanimidade de seus 4.000 participantes, as diretrizes da universalização da saúde e do controle social efetivo com relação às práticas estabelecidas, e assim ficaram delineados os princípios norteadores do que viria a ser o Sistema Único de Saúde – SUS. O relatório desta Conferência de Saúde também destacou o conceito ampliado de saúde como direito de todos e dever do Estado. A VIII Conferência Nacional de Saúde e o surgimento do SUS. Não obstante a VIII Conferência Nacional de Saúde ter-se constituído em divisor de águas dentro do movimento de reforma sanitária no país, e tendo sido realizada em um momento propício com o advento da Nova República, com a eleição indireta de um presidente não militar e a perspectiva de uma nova constituição. No entanto, por iniciativa do MPAS/Inamps, foi constituído o Sistema Unificado e Descentralizado de Saúde (SUDS), ocorrido em 1987, o que representou a ponte para a construção do SUS. Dessa forma, avançou na política de descentralização da saúde e do orçamento, permitindo uma maior autonomia dos Estados na programação das atividades no setor. Além disso, prosseguiu-se nas estratégias de hierarquização, regionalização e universalização da rede de saúde, antes centralizadas no Inamps. Como este novo processo, ocorria no período das discussões da Assembleia Nacional Constituinte (1987 e 1988), o relatório da VIII Conferência Nacional de Saúde, que foi tomado como base para a discussão da reforma do setor. As proposições mais importantes desse relatório foram assumidas pela “Constituição cidadã”, de 1988, dando origem ao SUS. Esse sistema pode ser definido como: o conjunto das ações e dos serviços de saúde, públicos e privados, contratados ou conveniados com o poder público. É o sistema de atenção à saúde de todos os brasileiros.
 
 
Atividade extra
https://www.youtube.com/watch?v=L7NzqtspLpc
 
 
Referência Bibliográfica
BAPTISTA, T. W. F. História das Políticas de Saúde no Brasil: a trajetória do direito à saúde. Capítulo 1 - Políticas de saúde: a organização e a operacionalização do SUS). FIOCRUZ e Escola Politécnica de Saúde Joaquim Venâncio. Organizadores: Gustavo Corrêa Matta e Ana Lúcia de Moura Pontes, 2007.
COSTA e SILVA, C. M.; MENEGHIM, M. C.; PEREIRA, A. C.; MIALHE, F. L. Educação em saúde: uma reflexão histórica de suas práticas. Rio de Janeiro, Revista Ciência e Saúde Coletiva, vol. 15, n. 5, p. 2539-2550,  2010.
FORTES, P. A. C. SUS, um sistema fundado na solidariedade e na equidade, e seus desafios. Vida Pastoral. Ed. Paulus: São Paulo, ano 52, n. 276, p.22-27, 2011.
HOCHMAN, G.; FONSECA, C. M. O. O que há de novo? Políticas de saúde pública e previdência, 1937-45. In: PANDOLFI, D. (Org.). Representando o Estado Novo. Rio de Janeiro, Fundação Getúlio Vargas, 1999.
MENDES, E. V. Distrito Sanitário: o processo social de mudança das práticas sanitárias do Sistema Único de Saúde. São Paulo, Rio de Janeiro: Hucitec, Abrasco, 1993.
OLIVEIRA, J. A. A. TEIXEIRA, S. M. Fleurj. Previdência Social: 60 anos de história da Previdência no Brasil. Rio de Janeiro, 1985.
PÔRTO, A. O sistema de saúde escravo no Brasil do século XIX: doenças, instituições e práticas terapêuticas. Rio de Janeiro, v. 13, n. 4, p. 1019-27, 2006.
RONCALLI, A. G. O desenvolvimento das políticas públicas de saúde no Brasil e a construção do Sistema Único de Saúde. In: Pereira AC, organizador. Odontologia em saúde bucal coletiva: planejando ações e promovendo saúde. Porto Alegre: Artmed, p. 28-49, 2003.
SCLIAR, M. História do conceito de saúde. PHYSYS: Revista Saúde Coletiva. Rio de Janeiro, 17 (1): 29-41, 2007.
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APS X Redes de Saúde
O Conselho Nacional de Secretários de Saúde define a Atenção Primária como sendo um conjunto de intervenções de saúde no âmbito individual e coletivo que envolve: promoção, prevenção, diagnóstico, tratamento e reabilitação. É desenvolvida por meio do exercício de práticas gerenciais e sanitárias, democráticas e participativas, sob a forma de trabalho em equipe, dirigidas a populações de territórios (território processo) bem delimitadas, das quais assumem responsabilidade. Utiliza tecnologias de elevada complexidade e baixa densidade, que devem resolver os problemas de saúde de maior frequência  e  relevância  das  populações.  É  o  contato  preferencial  dos usuários com o sistema de saúde. Orienta-se pelos princípios da universalidade, acessibilidade (ao sistema), continuidade, integralidade, responsabilização, humanização, vínculo, equidade e participação social. A Atenção primária deve considerar o sujeito em sua singularidade, complexidade, integralidade e inserção sociocultural, e buscar a promoção  de sua saúde, a prevenção e tratamento das doenças e a redução dos danos ou sofrimentos que possam estar comprometendo suas possibilidades de viver de modo saudável. A Atenção Primária é aquele nível de um sistema de serviços de saúde que oferece a entrada no sistema para todas as novas necessidades e problemas, fornece atenção sobre a pessoa (não direcionada para a enfermidade) no decorrer do tempo, fornece atenção para todas   as condições, exceto as muito incomuns e raras, e coordena ou integra a atenção fornecida em outro lugar ou por terceiros. A Atenção Primária à Saúde deve cumprir três funções especiais: Resolução: visa resolver a grande maioria dos problemas de saúde da população; Organização: visa organizar os fluxos e os contrafluxos dos usuários pelos diversos pontos de atenção à saúde, no sistema de serviços de saúde; Responsabilização: visa responsabilizar-se pela saúde dos usuários em quaisquer pontos de atenção à saúde em que estejam.
A Atenção Primária à Saúde (APS) deve ser orientada pelos seguintes princípios: primeiro contato; longitudinalidade; integralidade; coordenação; abordagem familiar; enfoque comunitário. A  APS deve ser a porta de entrada, ou seja, o ponto de entrada de fácil acesso ao usuário para  o sistema de serviços de saúde.
 
O acesso foi definido como “o uso oportuno de serviços de saúde para alcançar os melhores resultados possíveis em saúde”. A acessibilidade possibilita que os cidadãos cheguem aos serviços, ou seja, é o elemento estrutural necessário para  a primeira atenção. Portanto, o local de atendimento deve ser facilmente acessível e disponível para não postergar  e afetar adversamente o diagnóstico e manejo do problema de saúde.
 
O acesso pode ser classificado em sócio-organizacional e geográfico. O primeiro diz respeito aos recursos que facilitam ou atrapalham (barreiras) os esforços dos cidadãos de chegarem ao atendimento. O segundo envolve as características relacionadas à distância e ao tempo necessário para alcançar e obter os serviços.
 
A acessibilidade pode ser analisada através da disponibilidade, comodidade e aceitabilidade do serviço pelos usuários: A disponibilidade diz respeito à obtenção da atenção necessária ao usuário e sua família, tanto nas situações de urgência/emergência quanto de eletividade. A comodidade está relacionada ao tempo de espera para o atendimento, a conveniência de horários, a forma   de agendamento, a facilidade de contato com os profissionais, o conforto dos ambientes para atendimento, entre outros. A aceitabilidade está relacionada à satisfação dos usuários quanto à localização e à aparência do serviço, a aceitação dos usuários quanto ao tipo de atendimento prestado e, também, a aceitação dos usuários quanto aos profissionais responsáveis pelo atendimento. O acesso à atenção é importante na redução da morbidade e mortalidade.
 
Evidências demonstram que o primeiro contato, pelos profissionais da APS, leva a uma atenção mais apropriada e melhor resultados de saúde e custos totais mais baixos. A longitudinalidade deriva da palavra longitudinal e é definida como “lidar com o crescimento e as mudanças de indivíduos ou grupos no decorrer de um período de anos”. É uma relação pessoal de longa duração entre profissionais de saúde e usuários em suas unidades de saúde, independente do problema de saúde ou mesmo da existência de algum problema. Está associada a diversos benefícios: menor utilização dos serviços; melhor atenção preventiva; atenção mais oportuna e adequada; menos doenças preveníveis; melhor reconhecimento dos problemas dos usuários; menos hospitalizações; custos totais mais baixos.
 
Os maiores benefícios estão relacionados ao vínculo com o profissional ou equipe de saúde e ao manejo clínico adequado dos problemas de saúde, através da adoção dos instrumentos de gestão da clínica e diretrizes clínicas e gestão de patologias.
 
A integralidade exige que a APS reconheça as necessidades de saúde da população e os recursos para abordá-las. A APS deve prestar, diretamente, todos os serviços para as necessidades comuns e agir como um agente para a prestação de serviços para as necessidades que devem ser atendidas em outros pontos de atenção.
 
A integralidade da atenção é um mecanismo importante porque assegura que os serviços sejam ajustados às necessidades de saúde da população. Para tanto, faz-se necessário:o diagnóstico adequado da situação de saúde da população adscrita; o atendimento pela unidade básica de saúde, prevenção de doenças e agravos, restauração e manutenção da saúde, para dar conta dos problemas mais comuns ou de maior relevância; A organização das redes de atenção à saúde, para prestar atendimento às demais necessidades: a identificação de outros pontos de atenção necessários, o sistema de apoio (diagnóstico e terapêutico), o sistema logístico (transporte sanitário, central de agendamento de consultas e internamentos, prontuário eletrônico, etc.).Coordenação é, portanto, um estado de estar em harmonia numa ação ou esforço comum.É um desafio para os profissionais e equipes de saúde da APS pois, nem sempre têm acesso às informações dos atendimentos de usuários realizados em outros pontos de atenção e, portanto, há dificuldade de viabilizar a continuidade do cuidado. A essência da coordenação é a disponibilidade de informação a respeito dos problemas de saúde e dos serviços prestados. Os prontuários clínicos eletrônicos e os sistemas informatizados podem contribuir para a coordenação da atenção, quando possibilitam o compartilhamento de informações referentes ao atendimento dos usuários nos diversos pontos de atenção, entre os profissionais da APS e especialistas.
 
Remete ao conhecimento, pela equipe de saúde, dos membros da família e dos seus problemas de saúde.
 
Na história da humanidade, as organizações familiares vêm se diferenciando por meio dos tempos (dependendo do contexto socioeconômico, dos valores, dos aspectosculturais e religiosos da sociedade, em que se encontram inseridos) fazendo com que haja mudanças no conceito, na estrutura e na composição das famílias.
 
No Brasil, atualmente, tem-se adotado um conceito ampliado, e a família é reconhecida como um grupo de pessoas que convivam sob o mesmo teto, que possuam entre elas uma relação de parentesco primordialmente pai e/ou mãe e filhos consanguíneos ou não, assim como as demais pessoas significativas que convivam na mesma residência, qualquer que seja ou não o grau de parentesco.
 
Para o Ministério da Saúde, a família é entendida como o conjunto de pessoas ligadas por laços de parentesco, dependência doméstica ou normas de convivência, que residem na mesma unidade domiciliar. Inclui empregado (a) doméstico (a) que reside no domicílio, pensionistas e agregados.
 
No Brasil, a centralização na família é implementada com base na estratégia de Saúde da Família, desde 1994. Essa estratégia é entendida como uma reorientação do modelo assistencial, operacionalizada mediante a implantação de equipes multiprofissionais em unidades básicas de saúde.
 
Essas equipes são responsáveis pelo acompanhamento de um número definido de famílias, localizadas em uma área geográfica delimitada. As equipes atuam com ações de promoção da saúde, prevenção, recuperação, reabilitação de doenças e agravos mais frequentes, e na manutenção da saúde desta comunidade.
 
A centralização na família requer mudança na prática das equipes de saúde, através da abordagem familiar. A equipe de saúde realiza várias intervenções personalizadas ao longo do tempo, partindo da compreensão da estrutura familiar.
 
A abordagem familiar deve ser empregada em vários momentos, por exemplo, na realização do cadastro das famílias, quando das mudanças de fase do ciclo de vida das famílias, do surgimento de doenças crônicas ou agudas de maior impacto. Essas situações permitem que a equipe estabeleça, de forma natural, um vínculo com o usuário e sua família, facilitando a aceitação da investigação e da intervenção, quando necessária.
 
A associação da equipe com o usuário e sua família é um requisito básico para a abordagem familiar e fundamenta- se no respeito à realidade e às crenças da família, por parte da equipe de saúde. A APS com orientação comunitária utiliza habilidades clínicas, epidemiológicas, ciências sociais e pesquisas avaliativas, de forma complementar para ajustar os programas para que atendam as necessidades específicas de saúde de uma população definida. Para tanto, faz-se necessário:definir e caracterizar a comunidade; identificar os problemas de saúde da comunidade; modificar programas para abordar esses problemas; monitorar a efetividade das modificações do programa.
 
No Brasil, os agentes comunitários de saúde reforçam a orientação comunitária e possibilitam maior vínculo entre  as equipes de saúde e as respectivas comunidades. A orientação comunitária diz respeito também ao envolvimento da comunidade na tomada de decisão em todos os níveis de atenção. No país, este princípio tem se viabilizado através do controle social, com instituição de conselhos locais e municipais de saúde, além das conferências de saúde.
 
Um dos problemas centrais da crise dos modelos de atenção à saúde contemporâneos consiste no enfrentamento das condições crônicas na mesma lógica das condições agudas, ou seja, por meio de tecnologias destinadas a responder aos momentos agudos dos agravos – normalmente, momentos de agudização das condições crônicas, autopercebidos pelas pessoas – através da atenção à demanda espontânea, principalmente, em unidades de pronto atendimento ou de internações hospitalares de urgência ou emergência. E desconhecendo a necessidade imperiosa de uma atenção contínua nos momentos silenciosos dos agravos quando as condições crônicas, insidiosamente, evoluem.
 
Segundo a Organização Mundial de Saúde, um sistema de Atenção Primária incapaz de gerenciar, com eficácia, o HIV/Aids, o diabetes e a depressão, vai tornar-se obsoleto em pouco tempo. Hoje, as condições crônicas são responsáveis por 60% de todo o ônus decorrente de doenças no mundo. No ano 2020, será responsável por 80% da carga de doença dos países em desenvolvimento e, nesses países, a aderência aos tratamentos chega a ser apenas de 20%. Por esse motivo, no sistema integrado, a Atenção Primária deve estar orientada para a atenção às condições crônicas, com o objetivo de controlar as doenças/agravos de maior relevância, através da adoção de tecnologias de gestão da clínica, tais como as diretrizes clínicas e a gestão de patologias.
 
O Sistema Único de Saúde (SUS) é uma conquista do povo brasileiro e de várias lutadoras e lutadores da área da saúde. A conquista da regionalização como uma diretriz do SUS e eixo estruturante do Pacto de Gestão é de enorme importância para os desafios postos na atualidade para a eficiência do sistema e da prestação dos serviços. Infelizmente, hoje o atual modelo de gestão do SUS encontra-se esgotado  cada vez mais evidente a dificuldade em superar a intensa fragmentação das ações e serviços de saúde e qualificar a gestão do cuidado no contexto atual. Pensando em uma saída para essas problemáticas, principalmente da peregrinação muitas vezes ocorrida da dificuldade tanto dos usuários, como dos gestores e dos trabalhadores e trabalhadoras do SUS em se trabalhar de forma correta o pilar das referências e contra-referências, em 2010 foi pactuada na Comissão Intergestora Tripartite as “diretrizes para a organização da Rede de Atenção à Saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS)” estabelecida pela Portaria Nº 4279, de 30 de dezembro de 2010. As redes de atenção à saúde (RAS) é definida como arranjos organizativos de ações e serviços de saúde, de diferentes densidades tecnológicas, que integradas por meio de sistemas de apoio técnico, logístico e de gestão, buscam garantir a integralidade do cuidado. A RAS tem como objetivo promover a integração sistêmica, de ações e serviços de saúde com provisão de atenção contínua, integral, de qualidade, responsável e humanizada, bem como incrementar o desempenho do Sistema, em termos de acesso, equidade, eficácia clínica e sanitária; e eficiência econômica.
 
 
Atividade extra
https://www.youtube.com/watch?v=0N_9KKu15oM
 
 
Referência Bibliográfica
 
BRASIL. Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística. Pesquisa nacional por amostra de domicílios. Rio de Janeiro: IBGE, 1998.
CONSELHO NACIONAL DE SECRETÁRIOS DE SAÚDE - CONASS. Atenção Primária. Seminário para a estruturação de consensos. Caderno de informação técnica e memória de Progestores. Brasília: CONASS, 2004. (CONASS Documenta, 2).
DONABEDIAN, A. Aspects of medical care administration: specifying requirements for  health  care.  Cambridge,  MA: Harvard University Press, 1973.
MENDES, E. V. Atenção primária à saúde. Mimeo, 2002.
MENDES, E. V. As redes de atenção à saúde. Belo Horizonte (MG): Escola de Saúde Pública de Minas Gerais; 2009.
MINISTÉRIO DA SAÚDE - BRASIL. Portaria nº 4.279, de 30 de dezembro de 2010. Publicada no DOU de 31/12/2010, seção I, página 89. Estabelece diretrizes para a organização da rede de atenção à saúde no âmbito do Sistema Único de Saúde (SUS). Brasília (DF): Ministério da Saúde; 2009.
MILLMAN, M. Access to health care in America. Washington, DC: National Academy Press, 1993.
ORGANIZAÇÃO MUNDIAL DE SAÚDE. Cuidados inovadores para condições crônicas: componentes estruturais de ação. Relatório mundial. Brasília: OMS, 2003.
STARFIELD, B. Atenção primária: equilíbrio entre a necessidade de saúde, serviços e tecnologias. Brasília: UNESCO; Ministério da Saúde, 2002.
 
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PNH e a Humanização
Em março de 2003, foi lançada pelo Ministério da Saúde, a Política Nacional de Humanização - PNH ou HumanizaSUS, durante o XXº Seminário Nacional dos Secretários Municipais de Saúde e I Congresso Brasileiro de Saúde e Cultura de Paz e Não Violência, realizado em Natal/RN (17 a 20 de março/ 2003). Em março de 2004, foi pactuada na Comissão Intergestores Tripartite (CIT), queé composta por representantes do Ministério da Saúde, do Conselho Nacional de Secretários Estaduais e do Conselho Nacional de Secretários Municipais. Para a PNH, no campo da Saúde, a humanização diz respeito a uma aposta ético-estético-política: ética, porque implica a atitude de usuários, gestores e trabalhadores de saúde comprometidos e corresponsáveis; estética, porque acarreta um processo criativo e sensível de produção da saúde e de subjetividades autônomas e protagonistas; política, porque se refere à organização social e institucional das práticas de atenção e gestão na rede do SUS. O compromisso ético-estético-político da humanização do SUS se assenta nos valores de autonomia e protagonismo dos sujeitos, de corresponsabilidade entre eles, de solidariedade dos vínculos estabelecidos, dos direitos dos usuários e da participação coletiva no processo de gestão. A Política Nacional de Humanização (PNH) se estrutura a partir de princípios, métodos, diretrizes e dispositivos. A PNH possui três princípios que se desdobram como política pública de saúde: 1) a transversalidade, que visa aumentar a comunicação intra e intergrupos; transformando as relações e comunicações entre os sujeitos envolvidos no processo de produção de saúde; 2) a indissociabilidade entre atenção e gestão, alterando os modos de cuidar tornando-os inseparáveis dos modos de gerir, afirmando a inseparabilidade entre a clínica e a política, bem como a integralidade do cuidado e a integração do processo de trabalho; e 3) protagonismo, corresponsabilidade e autonomia dos sujeitos e coletivos, que afirmam que trabalhar implica na produção de si e do mundo, e que as mudanças na gestão e na atenção só são eficazes quando produzidas pela afirmação da autonomia dos sujeitos envolvidos. Quando falamos de método, nos referimos à forma como a PNH é conduzida. Neste caso, podemos mencionar o método de “tríplice inclusão”: 1) inclusão dos diferentes sujeitos (gestores, trabalhadores e usuários) com o objetivo de produzir autonomia, protagonismo e corresponsabilidade; 2) inclusão dos analisadores sociais, avaliando os fatores que desestabilizam os modelos tradicionais de atenção e de gestão, acolhendo e potencializando a mudança; e 3) inclusão do coletiva, como movimento social organizado, ou como experiência singular dos trabalhadores de saúde. É importante que haja orientações sobre como conduzir tal política, e é nesse ponto que entram as diretrizes da PNH, que orientam e expressam o método da inclusão por meio de: clínica ampliada; co-gestão; acolhimento; valorização do trabalho e do trabalhador; defesa dos direitos do usuário; fomento das grupalidades, coletivos e redes; e a construção da memória do SUS que dá certo. Essas orientações (diretrizes) norteiam o trabalho da PNH.
Por fim, existem os dispositivos da PNH, que operam nas práticas de produção de saúde e visam promover mudanças nos modelos de atenção e gestão, são eles: grupo de trabalho de humanização (GTH) e câmara técnica de humanização (CTH); colegiado gestor; contrato de gestão; sistemas de escuta qualificada para usuários e trabalhadores da saúde (ouvidoria, pesquisas de satisfação, etc.); vista aberta e direito à acompanhante; programa de formação em saúde do trabalhador (PFST) e comunidade ampliada de pesquisa (CAP); equipe transdisciplinar de referência e de apoio matricial; projetos co-geridos de ambiência; acolhimento com classificação de riscos; projeto terapêutico singular e projeto de saúde coletiva; projeto memória do SUS que dá certo.
A PNH é uma política nacional que busca qualificar o modo de atenção e gestão na rede do SUS, incluindo trabalhadores, usuários e gestores. Ela pode ser implantada em qualquer unidade/serviço ou secretaria de saúde. Atualmente, existem experiências de implantação em todos os estados do Brasil de forma diversificada, pois a PNH pode atuar em todas as políticas do SUS, aumentando o grau de comunicação entre os grupos (de gestores, trabalhadores e usuários do serviço de saúde) e dentro desses grupos. Dependendo da região possui mais ou menos dispositivos da PNH já implantados ou em processo de implantação. Ela depende da decisão política e também da adesão dos trabalhadores, gestores e usuários do SUS para existir.
A PNH possui um grupo de consultores que apoia essa implantação de forma sistemática nos estados, atendendo às demandas por meio de apresentação da política, participação em fóruns para debates e oficinas de formação sobre os dispositivos. Esse apoio institucional ocorre em parceria com a instituição que apresentou a demanda à PNH, visando à construção coletiva da organização do serviço, com base nos princípios, diretrizes e dispositivos da PNH. Além disso, existe também a Rede HumanizaSUS, que agrega usuários, gestores, trabalhadores da saúde de todo o país, preocupados com as discussões em torno do sistema público de saúde.
 
 
Atividade extra
https://www.youtube.com/watch?v=GE2v0GmESdg&t=65s
http://bvsms.saude.gov.br/bvs/publicacoes/politica_nacional_humanizacao_pnh_folheto.pdf
 
 
Referência Bibliográfica
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. HumanizaSUS: Documento base para gestores e trabalhadores do SUS / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. – 4. ed. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2008. 72 p. : il. color. (Série B. Textos Básicos de Saúde) ISBN 978-85-334-1444-0 1. SUS (BR). 2. Política de saúde. 3. Condições de trabalho. I. Título. II. Série
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Acolhimento nas práticas de produção de saúde / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. – 2. ed. – Brasília: Editora do Ministério da Saúde, 2009. 44 p. : il. color. – (Série B. Textos Básicos de Saúde)
Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Atenção à Saúde. Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. Ambiência / Ministério da Saúde, Secretaria de Atenção à Saúde, Núcleo Técnico da Política Nacional de Humanização. – 2. ed. – Brasília : Editora do Ministério da Saúde, 2009. 32 p. – (Série B. Textos Básicos de Saúde) ISBN 85-334-1137-5 1. SUS (BR). 2. Política de saúde. 3. Prestação de cuidados de saúde. I. Título. II. Série.
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Estrutura básica de Gestão da Humanização
Por muitas décadas o hospital era considerado somente como um depósito de enfermos que não possuíam recursos financeiros para fazer um tratamento particular, ou seja, o hospital tinha como finalidade mais o social do que o terapêutico e não se falava em humanização hospitalar. Mas nos tempos atuais os pacientes/clientes estão percebendo a necessidade de se sentirem mais acolhidos e estar em um ambiente mais humanizado. As instituições de saúde tanto as públicas como as privadas estão se adaptando a essas novas exigências do mercado. 
O aspecto humano dentro das instituições hospitalares é considerado um diferencial, cuidados especiais com os pacientes/clientes vai melhorar seu bem estar, mas para que isso aconteça precisamos ter uma gestão hospitalar que esteja preocupada com esse processo de humanização. Hoje a gestão contemporânea está voltada para uma administração participativa. Com inovação nas relações humanas, confiando que o indivíduo é capaz de atuar como agente de mudança dentro de seu local de trabalho. Neste tipo de gestão os profissionais são vistos  como atores principais da instituição e estas quando deixam de administrar pessoas e passam a administrar com as pessoas demonstram reconhecer a criatividade e habilidades mentais de sua equipe.
Para Santos, o administrador eficaz precisa penetrar na realidade das coisas, ter equilíbrio e habilidades pessoais, adquirir técnicas para decidir sabiamente, interpretando os sinais, as informações e as situações. Dessa forma, o processo de humanização implica basicamente na evolução do homem,já a humanização na saúde é uma mudança na gestão dos sistemas de saúde e de seus serviços. É através dessa mudança que será alterado o modo como os usuários e trabalhadores da área da saúde vão interagir entre si. Portanto a humanização na área da saúde tem como principal objetivo fornecer um melhor atendimento dos pacientes e melhores condições de trabalho para as equipes envolvidas. 
Segundo Elias “por humanização entendemos a valorização dos diferentes sujeitos implicados no processo de produção da saúde: usuários, trabalhadores e gestores” (2015;p.02). Em 1990, a Lei 8.080, que regulamentou o SUS, determinou a criação de comissões intersetoriais subordinadas ao Conselho Nacional de Saúde. No mesmo ano, a Lei 8.142 definiu duas instâncias colegiadas: as Conferências de Saúde e os Conselhos de Saúde. Os Conselhos de Saúde – constituídos em 50% por representantes dos usuários e em 50% por representantes do governo, prestadores de serviços e profissionais de saúde – são órgãos deliberativos encarregados de normatizar, recomendar, promover diligências, formular estratégias e controlar a execução da política de saúde. 
As decisões devem ser referendadas pelos níveis estadual e municipal de saúde e as suas principais estratégias de ação são a negociação política, a ação judicial e o acionamento do Ministério Público quando as resoluções não são cumpridas.Nos últimos tempos estamos vivendo um processo de redemocratização do país onde destacamos a forma definitiva na sociedade brasileira o ideal democrático e participativo de toda a população. Nesse modelo de sociedade surge o Sistema Único de Saúde que tem como objetivo principal de atender a demanda do povo que tanto carecia de uma assistência digna de saúde sob uma forma de gestão participativa onde os usuários, trabalhadores e gestores poderiam ter uma participação efetiva e direta no novo modelo de saúde pública global, ou seja, é um projeto que consagra os princípios da universalidade, equidade e integralidade da atenção à saúde de toda a população brasileira. Dessa forma, quando um gestor em saúde assume sua função no setor público deve estar informado referente a cultura organizacional que é pregada no âmbito de sua organização. 
A gestão em saúde pública é considerada muito complexa e exige habilidades e uma qualificação contínua para que se possa atender a legislação que consta do Direito Administrativo. Segundo a Lei 8.080/90 e a Lei 8.142/90 (Lei Orgânica da Saúde).  O  Sistema de saúde requer uma sensibilidade aguçada do gestor e técnico em saúde, devendo estar preparado para uma medicina preventiva e curativa e para um cliente que está inserido em um ambiente democrático e globalizado. Hoje os desafios para um gestor em saúde são diversos, este precisa ter em mente que estamos trabalhando com vidas, é necessário ser ético. Também precisa ser levado em conta todas as peculiaridades da região onde está inserida a organização de saúde e atender os aspectos legais, éticos e morais da gestão pública sem com isso prejudicar a qualidade dos produtos adquiridos e consequentemente dos serviços que são prestados na área da saúde. 
O nosso mercado hoje está sempre em busca da excelência na qualidade dos serviços prestados dentro da área da saúde e isso se deve porque o nosso cliente está a cada dia mais esclarecido e exigente. Uma vez o profissional de saúde bastava ser um técnico competente para obter o reconhecimento do paciente, da família do mesmo, da equipe de trabalho e da instituição, mas hoje estes especialistas estão cada vez mais sendo cobrados para serem gestores eficientes e eficazes e precisam trabalhar sempre com foco nos resultados. Portanto o sistema de saúde vive um momento transformador, onde requer uma sensibilidade aguçada do gestor técnico em saúde devendo estar preparado para uma medicina preventiva e curativa e para um cliente que está inserido em um ambiente democrático e globalizado, onde o avanço tecnológico permite o acesso à informação, tornando-o crítico na qualidade do serviço prestado pelo órgão responsável pela promoção, proteção, recuperação e reabilitação da saúde da população. Sendo assim, a administração pública tem como interesse a coletividade e procura fazer a defesa do bem comum que são fundamentados nos princípios de legalidade, impessoalidade, moralidade, publicidade, finalidade, indisponibilidade e igualdade conforme o Art. 37 da Constituição da República Federativa do Brasil, de 05 de outubro de 1988, que norteiam a gestão pública. 
Podemos dizer que o governo é a atividade política e discricionária e com conduta independente, administração é atividade neutra normalmente vinculada à lei ou norma técnica, é conduta hierarquizada, quanto a gestão esta implica o atendimento aos seguintes parâmetros básicos: tradução de missão, realização do planejamento e controle; administração de recursos humanos, materiais, tecnológicos e financeiros; isenção de cada unidade organizacional no foco de organização; e tomada de decisão diante de conflitos internos e externos. Com isso, podemos dizer que a busca de competências dos gestores públicos na área da saúde é cada vez maior, hoje o gestor deve estar atento para suas relações comerciais, deve também observar os interesses que estão embutidos nas negociações para com isso poder preservar o patrimônio público e a segurança nacional brasileira.
O gestor em saúde também precisa levar em conta que uma unidade de saúde tem que atender às normas da vigilância epidemiológica, sanitária e ambiental. E segundo a Biblioteca Virtual de Saúde (2008) “as políticas públicas de saúde correspondem a todas as ações de governo que regulam e organizam as funções públicas do estado para ordenamento setorial”. As atividades de gestão em saúde é muito importante para gerência dos recursos humanos dentro da instituição para que o gestor em saúde tenha a possibilidade de administrar o trabalho dos profissionais envolvidos com as atividades de assistência à saúde, planejamento e atividade administrativa. A gestão dos recursos humanos vem sendo considerada ao lado da descentralização, uma das questões mais complexas e que vem sofrendo maior processo de desregulamentação dentro da política de reforma do país e do estado. Muitas são as dificuldades nessa área, o que representa um desafio a ser superado pela gestão das três esferas do governo, uma vez que a produção de serviços de saúde depende não somente de materiais e estruturas física e tecnológica, mas também de profissionais qualificados e motivados para transformar insumos em resultados. O gestor em saúde é responsável pela busca constante de melhoria, articulando de maneira eficiente com recursos a serem utilizados, mantendo o equilíbrio e atendendo as necessidades básicas do paciente e de sua equipe de profissionais.
Através dessa percepção o gestor hospitalar vai obter um retorno de todos os investimentos feitos na instituição. Para que o gestor hospitalar possa exercer sua função é necessário saber coordenar as atividades para atingir objetivos, promover programas de capacitação dos profissionais para que os mesmos acompanhem as inovações nas áreas da saúde, administração hospitalar além de promove a motivação do pessoal de modo que os colaboradores exerçam suas funções com entusiasmo. O gestor hospitalar precisa conhecer os aspectos éticos e legais que envolvem a instituição onde trabalhamos com o seguinte princípio: que saúde é um direito de todos onde a dignidade da pessoa seja respeitada e que o atendimento seja garantido de forma eficiente e humanizado. Portanto, a grande tarefa do gestor hospitalar é procurar aliar as funções com os recursos disponíveis dentro da instituição. O histórico do hospital serve como justificativa para a importância da humanização hoje, porque com o desenvolvimento da medicina o hospital vem assumindo novas características superando a distinção que existia entre atendimento curativo e preventivo. Hoje o hospital deve atuar em  todos os  serviços de saúde, ou seja, desde a prevenção até a reabilitação.Isso foi expresso por Campos (1995) quando fez referência ao conceito de hospital definido pelo Ministério da Saúde como: [ ] parte integrante de uma organização médica, social, cujo função básica consiste em proporcionar à população assistência médico-sanitária completa, tanto curativa como preventiva, sob quaisquer regimes de atendimento, inclusive o domiciliar, e cujos serviços externos irradiam até o âmbito familiar, constituindo-se também em centro de educação, capacitação de recursos humanos e de pesquisas em saúde, bem como de encaminhamentos de pacientes, cabendo-lhe supervisionar e orientar os estabelecimentos de saúde a ele vinculados tecnicamente.
O hospital é considerado um prestador de serviços no campo assistencial, na prevenção e restauração da saúde, devendo proporcionar meios para pesquisas e ensino em todas as atividades que estão relacionadas à saúde e sua gestão. No terceiro milênio Mezzomo (2003) cita que a Organização Mundial de Saúde – OMS: “diz que o hospital é parte integrante de um sistema coordenado de saúde cuja função é dispensar à comunidade completa assistência médica, preventiva e curativa, incluindo serviços extensivos à família em seu domicílio e ainda um centro de formação dos que trabalham no campo da saúde e para as pesquisas biossociais”. Podemos dizer que o hospital é considerado o retrato da fragilidade física dos indivíduos, mas ao mesmo tempo é considerado um espaço de busca e luta contra os males e problemas. E aqui vemos claramente a fraqueza e a força do ser humano na luta para vencer a morte, com isso o lado da humanização pode fazer falta. Portanto, humanizar no hospital e muito mais que tornar humano é ação solidária que promove o cuidar. Com isso, o processo de humanização em saúde implica na evolução do homem e na forma de gestão dos sistemas de saúde e seus serviços, mudando a forma como os trabalhadores e usuários interagem entre si, ou seja o principal objetivo da humanização da saúde e fornecer um bom atendimento aos seus usuários e melhores condições de trabalhos para seus profissionais.
Dessa forma, o Ministério da Saúde através de seu Programa Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar – PNHAH salienta que o desenvolvimento científico e tecnológico vem trazendo uma série de benefícios para a assistência hospitalar e diz que: “humanizar em saúde é resgatar o respeito à vida humana, levando-se em conta as circunstâncias sociais, éticas, educacionais e psíquicas, presente em todo o relacionamento humano” (Brasil. 2000). Esse programa nacional de humanização da assistência hospitalar procura englobar ações integradas para uma melhoria na qualidade dos serviços prestados e o aprimoramento das relações interpessoais dentro do ambiente hospitalar. O desenvolvimento das ações propostas pela Política de Humanização da Assistência à Saúde (PHAS) tem como princípios fundamentais o respeito às especificidades de cada instituição, estimula a cooperação entre as mesmas pela troca de experiências produzidas, que visam a qualificação do serviço público de saúde. Essa política de humanização da assistência à saúde nos oferece uma diretriz que contempla todos os projetos de caráter humanizador que são desenvolvidos nas instituições de saúde, onde estimula a criação e sustentação permanente de espaços de comunicação e divulgação que facilite e estimule o diálogo, o respeito, a livre expressão e a solidariedade. Sendo assim a humanização é um direito institucionalizado pela Constituição Brasileira em seu Artigo 196 (Brasil, 1988) onde afirma que a saúde é direito de todos e dever do Estado, garantindo políticas sociais e econômicas que visem à redução do risco de doença e de outros agravos ou acesso universal igualitário às ações e serviços para sua promoção, proteção e recuperação. Com isso a política de humanização se tornou mais intensa tendo como sua base os preceitos constitucionais. Este programa diz que não é suficiente apenas olhar para o paciente, mas também está preocupado com a humanização das condições de trabalho dos profissionais que atuam dentro dos hospitais, mas aponta diferentes parâmetros para a humanização da assistência hospitalar em três grandes áreas sendo elas: acolhimento e atendimento dos usuários; trabalho dos profissionais e lógicas de gestão e gerência. Segundo o Ministério da Saúde: “Os funcionários que se sentem respeitados pela instituição prestam atendimento mais eficiente” (BRASIL, 2000). O Plano Nacional de Humanização da Assistência Hospitalar que foi dirigido aos hospitais da rede pública tem como objetivos: fortalecer e articular todas as iniciativas de humanização já existentes na rede hospitalar pública; melhorar a qualidade e a eficácia da atenção dispensada aos usuários da rede hospitalar brasileira credenciadas ao SUS; modernizar as relações do trabalho no âmbito dos hospitais públicos, tornando as instituições mais harmônicas e solidárias, de modo a recuperar sua imagem pública junto a comunidade; capacitar os profissionais dos hospitais para um novo conceito de atenção à saúde que valorize a vida humana e a cidadania; conceber e implantar novas iniciativas de humanização nos hospitais que venham a beneficiar os usuários e os profissionais de saúde; estimular a realização de parcerias e trocas de conhecimento e experiências nesta área; desenvolver um conjunto de indicadores e parâmetros de resultados e sistemas de incentivos ao tratamento humanizado e por fim difundir uma nova cultura de humanização na rede hospitalar credenciada ao SUS. O significado da proposta de humanização não inclui somente as atribuições técnicas das equipes profissionais, mas na capacidade de compreender o paciente enquanto ser humano com suas crenças, desejos, valores e suas perspectivas quanto ao tratamento. Dessa forma, a humanização e a valorização dos diferentes sujeitos implicados na produção da saúde sendo eles, os usuários (pacientes), trabalhadores (médicos, enfermeiros, técnicos) e seus gestores. 
 
 
Atividade extra
Gestão Hospitalar: Da organização ao serviço de apoio diagnóstico e terapeutico/Anísio Moura, Airton Viriato – Barueri – SP: Manole, 2008.
 
 
Referência Bibliográfica
 
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CAMPOS, T. C. P. Psicologia Hospitalar. São Paulo: EPU, 1995.
CASETE, J. C.; CORREA, A. K. Humanização do atendimento em saúde: conhecimento vinculado na literatura brasileira de enfermagem. Revista Latina Americana Enf. 2005; 13(1):105-11.
ELIS, C. S. O conceito de humanização no atendimento hospitalar. Revista Acadêmica. Pág. 1-17. 
Humaniza SAÚDE. Política de Humanização de Assistência à Saúde – PHAS. Disponível em: .
LOUZADA, S. S. S.; STANG, F.; CALABREZ, M. Administrar e humanizar no hospital. Revista FACEVV. 2º semestre de 2008, número 1.
MACEDO, L. J. J.; CARVALHO, J. B.; COUTINHO, H. R. M. O Gestor em saúde no setor público. Disponível em: .
MEZZOMO, A. A. et al. Fundamentos da Humanização hospitalar: uma visão multiprofissional. São Paulo: Local. 2003.
PINOCHET, L. H. C.; GALVÃO, C. R. Aspectos humanos na gestão hospitalar. O mundo da saúde, São Paulo: 2010;34(4):498-507.
SANTOS, C. S. Introdução à Gestão Pública. São Paulo. Editora Saraiva. 2006.
SCALCO, S. V.; LACERDA, J. T.; CALVO, M. C. M. Modelo para avaliação da gestão de recursos humanos em saúde. Cad. Saúde Pública, Rio de Janeiro, V.26, n. 3, p. 603-6014, mar. 2010. Disponível em: .
 
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Propostas de Implementação e Funcionamento da PNH nos Cuidados de Saúde
Muito se tem discutido a respeito da humanização no atendimento hospitalar devido, principalmente, à vulnerabilidade do paciente e ao confronto entre tecnologia e humanização. No entanto, os estudos têm dado pouca ênfase à relevância dessa temática nos atendimentos de atenção básica, onde o sujeito não é, muitas vezes, um cliente adoecido, mas que da mesma forma